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Em janeiro eu viria fazer a palestra de abertura da Casa às sextas, mas uma virose
“daquelas” me colocou no estaleiro por mais de um mês. Naquele dia ia abrir
desejando um forte e solene Feliz Ano Novo, cheio de alegria e empolgação, para
logo perguntar: novo por quê? O que muda com o ano? Nada, uma simples troca de
um número no calendário.
Eu e minhas enteadas somos do signo de sagitário, logo uma delas anunciou que
esse era o ano de Júpiter, o nosso ano, portanto. Estamos entrando em maio e
esses dias ela me falou que o ano está muito difícil, que ela estava decepcionada,
afinal, esse não seria o nosso ano? Ano de Júpiter, pô!
O que pode ser novo? O que pode mudar? De onde vêm as mudanças? A gente fica
aqui só esperando .... daqui a pouco Jesus dá um jeito nessa bagunça, nesse caos.
Ouvi falar que vai encostar um planeta aí e levar tudo o que não presta, aí sim,
vamos estar em um planeta maravilhoso, mundo de regeneração. Finalmente o
Brasil poderá ser a tão propalada, Pátria do Evangelho, Coração do mundo!
Sob trevas, sejamos luz! Esse foi o título que dei a essa fala de hoje.
Em outra palestra que apresentei aqui, bem antiga, falei sobre a luz que nós
podemos ser, pequenos pontos de luz sob a densa nuvem cinza e pesada que
empana o azul da nossa Terra.
No ano passado, precisamente em fevereiro, a Odete fez uma palestra e citou esses
pontos de luz fazendo uma comparação com as pequenas luzes que vemos à noite
do avião. Pontos de luz ou pontos de trevas, o que queremos ser? O que estamos
fazendo para sermos pontos de luz?
Para me preparar para hoje assisti a várias palestras de várias religiões, como faço
sempre. O que foi preconizado de que no futuro todas as religiões se encontrariam é
visível quando se faz esse passeio por outras crenças, as coisas batem, no fundo
estão todos dizendo as mesmas coisas. Mas as religiões de modo geral pregam o
“espere em Deus “e “é assim porque Deus quer”. A responsabilidade pelo que nos
acontece é de Deus, mas aqui no espiritismo não, aqui nós temos que fazer. Há o
nosso, o que compete a nós e há o de Deus. O de Deus só vem se fizermos a nossa
parte, não somos filhos mimados daqueles para quem o Pai resolve tudo. O nosso
Deus nos educa, nos dá espaço e liberdade para crescermos.
Então vamos começar falando das nossas responsabilidades aqui. Nós podemos
resumir em 3 os compromissos e responsabilidades que temos enquanto
encarnados na Terra. Lendo as 5 obras que formam a base da codificação espírita
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nós podemos concluir o que eu vou dizer agora, embora dessa forma não esteja
escrito em nenhum lugar:
Para mim fica uma questão, que é como exercitarmos essa lei de amor, amando o
nosso próximo como a nós mesmos, quando estamos submersos em um mundo
conturbado que nos induz a julgar, a odiar, a criticar e consequentemente a não
respeitar o nosso semelhante?
Então vamos tentar entender um pouco o que, de fato, do ponto de vista espiritual, é
o Brasil.
Pois o que me ajudou muito a entender foi a desmitificação do que diz a obra de
Chico Xavier, psicografia Humberto de Campos, Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho.
Ele diz que inicialmente teve um entendimento de que os espíritos queriam dizer que
nós tínhamos como missão evangelizar o mundo. Ele disse que tinha essa ilusão,
ilusão, aliás que é difundida de maneira até irresponsável, e por isso não conseguia
entender porque tanta corrupção, desigualdade social e demais mazelas que
acometem o Brasil, mas estudando cuidadosamente a obra de Chico Xavier, deteve-
se especialmente na parte em que Ismael (espírito que governa o Brasil) tem uma
conversa com Jesus e Jesus pede a ele que se dirija às regiões tenebrosas do
mundo extra-físico com a sua bandeira, Deus, Cristo e Caridade, e recolha naquelas
regiões todos os espíritos que falharam nas Cruzadas, na noite de São Bartolomeu,
na Revolução Francesa, na Inquisição, e em todos os movimentos tristonhos
ocorridos na Terra ao longo de mais de mil anos, e que ele reúna todos esses
espíritos e os traga para o Brasil.
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Haroldo conta que quando finalmente pode se deter nesse ponto, ele entendeu que o
Brasil é o grande hospital de Jesus, é para cá que Jesus traz os doentes da alma
para poder trata-los. É aqui que Jesus recebe aqueles espíritos que estão em
dificuldade com a lei Divina, para, através do clima espiritual do Brasil, das condições
físicas, climáticas e da geografia nestas terras, esses espíritos possam ser
sensibilizados e tenham uma oportunidade de refazer seu destino.
Nós todos somos doentes da alma, então temos que encarar o Brasil como um
hospital, ele é a pátria do Evangelho porque ele é o hospital de Jesus. E Haroldo diz
que é estranho alguém entrar em um hospital e reclamar que ali tem muito doente!
Nós temos corrupção, violência, porque temos doentes que estão aqui para serem
tratados.
Aplicar a lei do amor, doutrina do Cristo, ao nosso país e aos que ainda não
encontraram esse caminho, os que estão sob as trevas, é uma maneira de
agradecer ao Criador pela chance que estamos tendo de construir a nossa própria
regeneração.
Haroldo nos diz que se imaginarmos o Brasil como a pátria que vai ensinar o
evangelho, que vai pregar o evangelho para o mundo, aí ferrou, porque essa não é a
proposta do Cristo. Aqui é um local de acolhimento, somos um país ainda jovem, em
formação, quem vem para cá tem a oportunidade de servir, aprender, e assim
melhorar.
O Brasil, nos diz Haroldo, foi e é pátria do evangelho para os milhares de espíritos
que já fizeram aqui a sua redenção. A pergunta é: e será para nós? E como isso será
possível em meio a esse caldeirão de atrocidades, violência, corrupção, egoísmo?
O Brasil não foi destinado a “receber santos, mas a regenerar seres”, nos diz
Haroldo Dutra. O Brasil não é para os sãos, é para os doentes. Aqui está reunido o
que há de pior, porque aqui é o hospital do Cristo.
Essa é a nossa luz. A luz que nasce do amor incondicional, que é o amor crístico.
Não estamos fora do hospital, estamos dentro dele. Vou repetir as perguntas do
Haroldo Dutra, para que vocês fiquem com elas:
Agradeço mais uma vez esse silêncio que nos proporciona tanta harmonia. Vamos
manter a vibração para a sessão que começa agora.