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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

FJM
Nº 70079582821 (Nº CNJ: 0323494-78.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO E CULTURAL. TOMBAMENTO.
MODIFICAÇÃO NA FACHADA DO IMÓVEL
SEM AUTORIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS
COMPETENTES. EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO
DE FAZER. TERMO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA FIRMADO ENTRE A EMBARGANTE
E O MINISTÉRIO PÚBLICO.
DESCUMPRIMENTO. INCIDÊNCIA DE MULTA.
REDUÇÃO DO QUANTUM ARBITRADO.
CABIMENTO, NO CASO CONCRETO.

APELO PARCIALMENTE PROVIDO.

APELAÇÃO CÍVEL 22ª CÂMARA CÍVEL

Nº 70079582821 (Nº CNJ: 0323494- COMARCA DE BAGÉ


78.2018.8.21.7000)

JULIA DE FATIMA LEMOS SILVA, APELANTE;

MINISTÉRIO PÚBLICO, APELADO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima


Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade,
em dar parcial provimento ao apelo.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente),


os eminentes Senhores DES. LUIZ FELIPE SILVEIRA DIFINI E DES.
MIGUEL ÂNGELO DA SILVA.

Porto Alegre, 29 de novembro de 2018.

DES. FRANCISCO JOSÉ MOESCH,


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Presidente e Relator.

R E L AT Ó R I O

DES. FRANCISCO JOSÉ MOESCH (PRESIDENTE E RELATOR)

Trata-se de recurso de apelação interposto por JÚLIA DE


FÁTIMA LEMOS SILVA, porquanto inconformada com a sentença proferida
nos autos dos embargos à execução de obrigação de fazer propostos em
face do MINISTÉRIO PÚBLICO, cujo dispositivo restou assim redigido:

“ISTO POSTO, julgo improcedentes os embargos à


execução propostos por JULIA DE FÁTIMA LEMOS SILVA
contra o MINISTÉRIO PÚBLICO. Condeno a parte
embargante ao pagamento das custas processuais, ficando
suspensa sua imposição por litigar ao abrigo de AJG. Sem
condenação em honorários advocatícios em razão do
disposto no artigo 128, §5º, inciso II, letra a, da Constituição
Federal.

Com o trânsito em julgado, desapense-se e arquive-se com


baixa na distribuição, juntando cópia da sentença e da
certidão de trânsito em julgado nos autos da execução de
obrigação de fazer n.° 004/1.18.0000832-5.”

Em suas razões recursais, a apelante alega que não está


atacando a sua voluntariedade ou não ao firmar o TAC, mas as razões que
levaram a existir o mencionado termo, que se mostram ilegais, uma vez
que não observados os requisitos exigidos em lei. Afirma que o
tombamento e/ou proteção histórica através de inventário pelo IPHAN e
IPHAE, não respeitou as formalidades previstas na legislação. Aduz que
para haver a intervenção e restrição na propriedade do particular pelo
Poder Público somente é admitida se realizado o respectivo procedimento
válido do tombamento, previsto em nível federal no Decreto nº 25/37, na
esfera estadual na Portaria 02 da Secretaria da Cultura e na Lei Municipal
nº 2.839/92, o que não ocorreu. Refere que a Portaria nº 02 da Secretaria
da Cultura que dispõe sobre os procedimentos necessários para o

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tombamento no âmbito do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do


Estado do Rio Grande do Sul, em seu art. 5º diz que a proposta de
tombamento deve se dar depois de estudo minucioso, no qual inclui o
pedido, a descrição detalhada do objeto, a área a ser tombada, a
identificação dos proprietários, a apreciação do mérito do valor cultura,
entre outros. Sustenta que no caso, no processo de tombamento n
001351-1100/11-8, há apenas a proposta de tombamento de área de
perímetro antigo da cidade de Bagé, denominada poligonal, bem como
dos imóveis protegidos identificados por endereço, sem especificar quem
eram os proprietários dos bens que sofreriam a restrição imposta, bem
como a avaliação de mérito, quanto ao valor cultura de cada bem
considerado individualmente. Ressalta que de acordo com o art. 10 da
Portaria citada, o processo deveria ser encaminhado à Assessoria Jurídica
da Secretaria da Cultura, para fins de observância da legalidade e
motivação do ato administrativo e, sendo o caso, elaborar a notificação
aos proprietários dos bens sobre os quais iriam recair a restrição, sob
pena de nulidade. Defende que como não foi realizada a notificação
pessoal dos proprietários, o processo de tombamento é nulo. Assevera
que nenhum dos proprietários tombados na cidade de Bagé restaram
notificados pessoalmente, sendo todas as notificações incluídas em edital
genérico. Assinala que embora tenha adquirido seu imóvel em 2015, após
o tombamento, além de não ter sido informado pelos anteriores
proprietários, até porque eles também não sabiam, não constou
averbação no registro de imóveis. Salienta que o inventário se deu com
total desconhecimento de seus proprietários que não podiam presumir
que o seu bem está protegido. Aponta a desproporcionalidade da
exigência de demolição da reforma feita em sua residência, pois não só
impossível em termos econômicos, como também a família não tem
condições de fazer e desfazer a construção em curto espaço de tempo.
Argumenta que conforme as fotografias constantes dos autos, a fachada
original e outras após as modificações realizadas, não houve alteração a

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ensejar a presente execução. Ressalta que seu imóvel não consta no livro
tombo nacional, pois não observados os requisitos para tombamento.
Requer o provimento do recurso, com a procedência do pedido de
extinção da execução.

Foram apresentadas contrarrazões.

Neste grau de jurisdição, o Ministério Público manifesta-se


pelo conhecimento e desprovimento do recurso.

Vieram os autos conclusos.

É o relatório.

VOTOS

DES. FRANCISCO JOSÉ MOESCH (PRESIDENTE E RELATOR)

Recebo o recurso, porquanto cabível e tempestivo,


preenchendo os requisitos previstos nos arts. 1.003, § 5º, e 1.010 do CPC.

Inicialmente, cumpre salientar que o Ministério Público é


uma instituição defensora dos direitos individuais indisponíveis, coletivos
e difusos, sendo seu dever promover “o inquérito e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos” (art. 129, III, CF). Conforme art. 5º, § 6º, da
Lei n.º 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública, os compromissos de
ajustamento de conduta têm eficácia de título executivo extrajudicial.
Logo, o Termo de Ajustamento de Conduta que foi descumprido e
embasou a execução possui força de título executivo extrajudicial.

Cinge-se a controvérsia dos autos ao descumprimento do


TAC firmado entre as partes para que reparados os danos causados ao
patrimônio cultural em razão de obra realizada pela ora apelante,
proprietária do imóvel, alegando a embargante, nulidade do Termo, uma
vez que embasado em processo de tombamento nulo.

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A embargante firmou Termo de Compromisso de


Ajustamento de Conduta, em 16/11/2016, no qual consta (fls. 41-42 dos
autos em apenso):

“TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA


Considerando a obra realizada na fachada do imóvel
localizado na Rua Gomes Carneiro, nº 729, prédio sob
proteção histórica de inventário, pelo IPHAN e IPHAE,
conforme documentos anexos:
Considerando que a obra realizada não possuía qualquer
autorização dos órgãos competentes;
Considerando o valor do ambiente histórico e cultura do
imóvel para o Município de Bagé;
(...)
CLÁUSLA PRIMEIRA: A ajustante compromete-se à
obrigação de fazer, consistente na apresentação, ao
COMPREB e ao IPHAE, de projeto de recuperação da
fachada do imóvel, no prazo de 30 (trinta) dias;
CLÁUSULA SEGUNDA: A ajustante compromete-se à
obrigação de fazer consistente na execução de todas
as obras que se fizerem necessárias visando à
recomposição da fachada do imóvel, no prazo de 60
dias, após a aprovação da obra pelo COMPREB e pelo
IPHAE e após a obtenção do alvará municipal;
CLÁUSULA TERCEIRA: A ajustante compromete-se ao
pagamento de medida compensatória, com força dos artigos
24, inciso VII; 37, §§ 5º e 6º e 225, caput, todos da
Constituição Federal; artigo 14, §1º, da Lei n 6.938/81,
correspondente a um (01) salário mínimo nacional, com
parâmetro no artigo 12 da Lei nº 9.605/98; a ser revertido
em favor do FUNCAB – Fundo de Proteção Cultural e
Ambiental Bageense, (...).
CLÁUSULA QUARTA: A ajustante compromete-se à
obrigação de fazer, consistente na manutenção e
conservação da fachada, conforme nível de proteção
estabelecido pelo IPHAE;
CLÁUSULA QUINTA: O presente compromisso de ajustamento
não isenta o ajustante de se submeter a eventuais
exigências do COMPREB e do IPHAE a respeito das obras a
serem aprovadas e executadas;
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CLÁUSULA SEXTA: O inadimplemento das obrigações


constantes neste ajuste sujeita a ajustante à multa
diária de R$ 300,00, por dia de atraso, valor a ser
revertido em favor do Fundo de Proteção Cultural e
Ambiental Bageense.
(...).” (grifei)

Pois bem.

Quanto à proteção do patrimônio histórico e artístico


nacional, dispõe o Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937:

Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o


conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e
cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por
seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico,
bibliográfico ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão
considerados parte integrante do patrimônio histórico o
artístico nacional, depois de inscritos separada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que
trata o art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente
artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos
naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
conservar e proteger pela feição notável com que tenham
sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria
humana. (sic)

E a Constituição Federal estabelece, no que importa:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens


de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;

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II - os modos de criar, fazer e viver;


III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
§1º O Poder Público com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por
meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação

Sobre a competência para a proteção dos bens de valor


histórico e cultural, a Constituição Federal igualmente prevê:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios:
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou
cultural;

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal


legislar concorrentemente sobre:
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico;

Art. 30. Compete aos Municípios:


IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural
local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e
estadual.

Por fim, em relação à possibilidade de tombamento global,


destaco o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA. FUNÇÃO MEMORATIVA DO DIREITO DE


PROPRIEDADE. TOMBAMENTO GLOBAL. RESTAURAÇÃO DE
IMÓVEIS PERTENCENTES AO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA
HUMANIDADE. OMISSÃO NA PROTEÇÃO. PROCESSUAL CIVIL.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF.
ALÍNEA "C". NÃO DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. ARTS.
17 E 19 DO DECRETO-LEI 25/1937.
1. Trata-se, originariamente, de Ação Civil Pública, proposta
pelo Ministério Público, que resultou na condenação dos réus
a procederem ao início da restauração completa de três
imóveis tombados, integrantes do patrimônio histórico,
arquitetônico e cultural de São Luís (MA), que lentamente se
deterioraram e desabaram.
FALTA DE PREQUESTIONAMENTO 2. É inadmissível Recurso
Especial quanto à questão (arts. 475-J e 461, § 4º, do Código
de Processo Civil) que não foi apreciada pelo Tribunal de
origem. Incidência das Súmulas 282 e 356/STF.
EFEITOS DO TOMBAMENTO 3. Emanação da função
memorativa do direito de propriedade, o tombamento,
voluntário ou compulsório, produz três órbitas principais de
efeitos. Primeiro, acarreta afetação ao patrimônio histórico,
artístico e natural do bem em tela, com a consequente
declaração sobre ele de conjunto de ônus de interesse
público, sem que, como regra, implique desapropriação, de
maneira a assegurar sua conservação para a posteridade.
Segundo, institui obrigações concretas - de fazer, de não
fazer e de suportar - incidentes sobre o proprietário, mas
também sobre o próprio Estado.
Terceiro, abre para a Administração Pública e para a
coletividade, depositárias e guardiãs em nome das gerações
futuras, a possibilidade de exigirem, em juízo, cumprimento
desses deveres negativos e positivos, inclusive a
restauração do bem ao status quo ante, sob regime de
responsabilidade civil objetiva e solidária, sem prejuízo de
indenização por danos causados, até mesmo morais
coletivos.
4. "O ato de tombamento, seja ele provisório ou definitivo,
tem por finalidade preservar o bem identificado como de
valor cultural, contrapondo-se, inclusive, aos interesses da
propriedade privada, não só limitando o exercício dos
direitos inerentes ao bem, mas também obrigando o
proprietário às medidas necessárias à sua conservação"
(REsp 753.534/MT, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda
Turma, DJe 10/11/2011).

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5. Vigora no Brasil proibição legal absoluta de destruição,


demolição e mutilação de bens tombados (art. 17, caput, do
Decreto-lei 25/1937), vale dizer, um regime de preservação
plena, universal e perpétua. Aos que violam a proibição
legal, além dos remédios e cominações previstos no Decreto
25/1937 e da responsabilidade civil objetiva e solidária,
aplicam-se sanções criminais e, no caso de contribuição
ativa ou passiva de servidor público, penas disciplinares e as
previstas na Lei da Improbidade Administrativa. Irrelevante,
em âmbito de defesa, o "jogo de empurra", tão comum,
como pernicioso, entre União, Estados e Municípios.
6. A notificação ao Poder Público, pelo proprietário do bem
tombado, de que não dispõe de recursos para realizar obras
de conservação e reparação (art. 19 do Decreto-Lei
25/1937), não o libera para simplesmente abandonar a coisa
à sua própria sorte e ruína, sobretudo porque o
ordenamento coloca à sua disposição mecanismos gratuitos
para forçar a ação do Estado, bastando provocar o Ministério
Público ou a Defensoria Pública.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA 7. Como bem decidiu o
Tribunal de origem, são responsáveis solidariamente pela
preservação de imóvel urbano em situação de risco, em face
ao abandono e descaso e pelos danos causados ao
patrimônio histórico e cultural, todo aquele a quem incumbe
protegê-lo ou quem, direta ou indiretamente, contribua para
o desrespeito, entre os quais se incluem o proprietário,
mesmo que locador, e o Poder Público.
TOMBAMENTO GERAL 8. Segundo a jurisprudência do STJ,
quanto à natureza das obrigações que do ato decorrem,
inexiste distinção entre tombamento individualizado e global
(também chamado geral ou de conjunto): "Não é necessário
que o tombamento geral, como no caso da cidade de
Tiradentes, tenha procedimento para individualizar o bem
(art. 1º do Decreto-Lei n. 25/37). As restrições do art. 17 do
mesmo diploma legal se aplicam a todos os que tenham
imóvel na área tombada" (REsp 1.098.640/MG, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 25/6/2009).
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA 9. A
divergência jurisprudencial deve ser comprovada, cabendo
ao recorrente demonstrar as circunstâncias que identificam
ou assemelham os casos confrontados, com indicação da
similitude fático-jurídica entre eles. Indispensável a
transcrição de trechos do relatório e do voto dos acórdãos
recorrido e paradigma, realizando-se o cotejo analítico entre
ambos, com o intuito de bem caracterizar a interpretação
legal divergente. O desrespeito a esses requisitos legais e
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regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do


RI/STJ) impede o conhecimento do Recurso Especial com
base no art. 105, III, "c", da Constituição Federal.
10. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nesta parte,
não provido. (REsp 1359534/MA, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe
24/10/2016)

Com efeito, apesar dos argumentos trazidos pela ora


recorrente, tenho que não merece reparo a douta sentença proferida
quanto à validade do TAC celebrado e a necessidade de seu
cumprimento, no que segue parcialmente transcrita:

“No mérito, há que se analisar a alegação da embargante,


acerca da nulidade do TAC firmado, em decorrência da
nulidade do processo de tombamento envolvendo o imóvel
da autora, localizado na Rua Gomes Carneiro, nº 729, pela
ausência de notificação dos proprietários dos bens
inventariados.

O Parquet, por seu turno, sustenta a validade do TAC


porquanto o imóvel da autora foi inventariado pelo IPHAN,
aduzindo a importância histórica do imóvel pela sua
“arquitetura de linguagem eclética simplificada e tipologia
de porta e janela”.

Pois bem, a Constituição Federal de 1988, inovadora em


diversos temas de suma importância para a população
brasileira, demonstrou grande preocupação com a
preservação do patrimônio histórico e cultural de nosso país,
prevendo que constituem patrimônio cultural brasileiro,
entre outros, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico, incumbindo ao Poder Público, com a
colaboração da comunidade, protegê-los por meio de
inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação. (artigo 216, inciso V, e §1º) 1.

1
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
(...)
§ 1º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
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Nesse sentido, também o artigo 23, incisos III e IV, da


Constituição Federal estabelece que é competência
administrativa comum da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios proteger os documentos, as obras e outros bens
de valor histórico, artístico e cultural, impedindo a evasão, a
destruição e a descaracterização.

Por sua vez, a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul


tem previsão semelhante no seu artigo 222, assim dispondo:
“O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
protegerá o patrimônio cultural, por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamentos, desapropriações e outras
formas de acautelamento e preservação.”

Já os artigos 24, VII e VIII, e 30, I, II e IX, ambos da CF/1988,


estipulam competência legislativa concorrente dos
Municípios para legislar em âmbito local sobre proteção ao
patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico, bem como a responsabilidade por danos
causados a tais bens.

Outrossim, a Lei nº 10.257/2001, que instituiu o denominado


Estatuto da Cidade, incluiu dentre as diretrizes gerais da
política urbana a proteção, preservação e recuperação do
meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural,
histórico, artístico, paisagístico e arqueológico (artigo 2º,
inciso XI).

Por sua vez, o instituto do tombamento é o meio legal mais


conhecido e eficaz de proteção ao patrimônio histórico e
cultural em nosso país, sendo regulamentado pelo Decreto-
Lei nº 25/1937, podendo ser executado pela União, Estados
e Municípios, bem como recair sobre diversas espécies de
bens, materiais ou imateriais, móveis ou imóveis, inclusive
sobre um conjunto inteiro de prédios urbanos.

A principal restrição imposta pelo tombamento é impedir a


realização de qualquer obra que possa resultar em
modificação substancial do bem, devendo a intervenção ser
precedida necessariamente de autorização do órgão estatal
responsável pelo tombamento, por força do disposto no

cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de


outras formas de acautelamento e preservação.
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artigo 17 do Decreto-Lei nº 25/1937, que no Estado do Rio


Grande do Sul é o denominado Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico do Estado - IPHAE.

Já o inventário, instituto igualmente previsto na Lei Maior e


na Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, que serve
para proteção do patrimônio de valor histórico, “foi
finalmente alçado, em nosso país, a instrumento jurídico de
preservação do patrimônio cultural, ao lado do tombamento,
da desapropriação, dos registros, da vigilância e de outras
formas de acautelamento e preservação (art. 216, § 1º).
Sob o ponto de vista prático o inventário consiste na
identificação e registro por meio de pesquisa e
levantamento das características e particularidades de
determinado bem, adotando-se, para sua execução, critérios
técnicos objetivos e fundamentados de natureza histórica,
artística, arquitetônica, sociológica, paisagística e
antropológica, entre outros.
Os resultados dos trabalhos de pesquisa para fins de
inventário são registrados normalmente em fichas onde há a
descrição sucinta do bem cultural, constando informações
básicas quanto a sua importância, histórico, características
físicas, delimitação, estado de conservação, proprietário etc.
Assim, o inventário tem natureza de ato administrativo
declaratório restritivo porquanto importa no
reconhecimento, por parte do poder público, da importância
cultural de determinado bem, daí passando a derivar outros
efeitos jurídicos objetivando a sua preservação, como será
adiante abordado”.2

Feitos tais registros, depreende-se, da documentação


acostada no feito em apenso (nº 004/1.18.0000832-5) e nos
presentes embargos, que o imóvel da autora foi inventariado
e, tombado em nível estadual.

No ponto, há que salientar que o IPHAE, no exercício de suas


competências, por meio do Processo Administrativo nº 1351-
1100/11-8, além de inventariar bens situados neste
município, acabou por tombar grande área que abrange o
centro do Município de Bagé, abrangendo a rua em que está
localizado o imóvel da autora (fls. 17/24).

2
https://jus.com.br/artigos/11164/o-inventario-como-instrumento-constitucional-de-protecao-ao-
patrimonio-cultural-brasileiro
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No âmbito do Município de Bagé, a Lei Municipal nº


2.839/1992, modificada pela Lei Municipal nº 4.811/2009,
criou o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio
Histórico, Cultural e Ambiental do Município de Bagé
(COMPREB), cujo órgão tem caráter deliberativo,
normatizador, fiscalizador e de assessoramento, estando as
suas vastas atribuições na proteção do patrimônio histórico
e cultural relacionadas no artigo 2º.

Portanto, não há nenhuma dúvida de que é obrigação legal


do Poder Público, em suas três esferas, zelar pela
conservação do patrimônio histórico e cultural, o que
compreende a adoção de diversas medidas, dentre as quais
o tombamento.

Pois bem, no caso dos autos, a parte


embargante/executada, firmou TAC com o MP, assumindo
obrigações de fazer no sentido de executar obras para
recomposição da fachada do imóvel tombado.

Agora, em sede de embargos, alega a nulidade do


tombamento, pretendendo, com isso, anular desconstituir o
título executivo.

Entretanto, entendo que o presente feito não é adequado


para a análise da referida alegação, a qual, mesmo que
fosse reconhecida, não levaria, automaticamente à nulidade
de obrigação assumida perante o Ministério Público, de
forma consciente, por partes capazes e com discernimento
para entender as obrigações que estavam assumindo. Além
disso, qualquer análise acerca da nulidade ou não do ato de
tombamento depende da participação do ente público que
praticou tal ato, não sendo o Estado do RS parte no presente
feito. Outrossim, não veio aos autos o processo
administrativo que deu origem ao tombamento, de modo a
vislumbrar-se qualquer ilegalidade que pudesse acoimar o
ato de nulo, ônus que competia à embargante.

Aliás, sequer há alegação de qualquer vício de


consentimento por parte da embargante, que pudesse levar
à nulidade da obrigação livremente assumida pela mesma.

Não se pode olvidar, repito, que a autora, proprietária do


imóvel, por livre e espontânea vontade, firmou o TAC, junto
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ao Ministério Público, instrumento o qual está aparelhando a


execução de obrigação de fazer em apenso, não havendo
motivos para que seja reconhecida a sua nulidade,
porquanto revestido de todos os requisitos do ato jurídico,
conforme prevê o art. 104, do Código Civil 3.

Portanto, não há que se falar em nulidade do termo de


ajustamento de conduta firmado pela autora, mostrando-se
válido como título executivo extrajudicial, na forma do artigo
784, IV, do CPC.

O que a parte embargante pretende, ao discutir o conteúdo


do TAC, é exercer um suposto direito unilateral de
arrependimento, inexistente no caso em apreço.

Note-se, outrossim, que o tombamento, até que se venha a


revogar o mesmo ou a declarar a sua nulidade, pela via
adequada, é válido e hígido, sendo que o imóvel de
propriedade da autora está dentre os bens inventariados e
depois tombados pelo ente público, cuja preservação é
devida, sendo que qualquer modificação deveria ter sido
precedida de projeto regularmente aprovado pelos órgãos
públicos competentes, o que não ocorreu no caso dos autos,
justificando a atuação do Ministério Público.

Outrossim, não vislumbro qualquer desproporcionalidade


nas medidas ajustadas, considerando a necessidade de
preservação do bem com as suas características originais,
que foram desfiguradas pela intervenção realizada pela
parte embargante.

Note-se que, se a mesma não tivesse condições de realizar


as obrigações que assumiu, não deveria ter firmado o TAC o
que fez, repito uma vez mais, de forma livre. Outrossim, não
se busca apenas proteção histórica ficta, mas também a
recomposição do imóvel às características arquitetônicas
originais, sendo tais características parte do patrimônio
cultural de uma cidade.

3
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
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Evidente, outrossim, da mera leitura do título, que a


obrigação assumida no TAC, de apresentação de projeto de
recuperação da fachada do imóvel, se trata de projeto apto
a repor o prédio às condições anteriores à intervenção
realizada, tanto que a cláusula segunda do TAC prevê a
obrigação de realizar as obras para a recomposição da
fachada. Por certo, tais obras deveriam obedecer o projeto
aprovado pelos órgãos de proteção ao patrimônio. Portanto,
o cumprimento da obrigação não abrange apenas a
apresentação de projeto, mas de projeto apto à aprovação
para recomposição do prédio, bem como a realização das
obras necessárias para tanto, o que não foi cumprido.

Não há como se reconhecer, portanto, o cumprimento da


obrigação assumida no TAC.

Por fim, entendo que o cumprimento de obrigação assumida


no TAC de forma espontânea, não pode ser afastada sob a
alegação de ausência de recursos financeiros que levariam a
afrontar o princípio da dignidade da pessoa humana. Com
efeito, a questão meramente patrimonial não é apta a ferir
tal princípio constitucional, na falta total de provas acerca da
alegada ofensa a tal princípio. O fato da parte autora ser
pessoa economicamente simples não significa que não
tenha condições de tomar as providências que assumiu,
ainda que de forma diferida no tempo, parcelada, ou por
outro meio, cujo ajuste pode ser buscado com a parte
autora. Entretanto, não há prova alguma de afronta ao
princípio da dignidade da pessoa humana.

Não há como, portanto, acolher os embargos à execução


apresentados.”

No caso, resta comprovado nos autos que o imóvel de


propriedade da embargante, foi inventariado e tombado a nível estadual,
conforme documentos das fls. 17-24; 47; 21 e 64 dos autos em apenso.

Por sua vez, ao ser instado a se manifestar sobre a


intervenção realizada no imóvel, o IPHAN informa, na data de 06/07/2017
(fl. 64 da execução):

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“(...)
- o bem foi inventariado pelo IPHAN e, portanto, foi tombado
a nível estadual;
- posteriormente e sem anuência deste Instituto, houve a
alteração da fachada tombada com a demolição da
esquadria e do gradil originais e tombados para a criação de
um acesso para o automóvel;
- foi submetida ao IPHAE nova proposta salientando a
intervenção recente de abertura de vãos e alteração das
esquadrais.
O nosso parecer, reiterando o posicionamento
anterior, é pela recomposição da fachada tombada
cumprindo as diretrizes do tombamento e de acordo
com as funções legais deste Instituto.
Não nos cabe, portanto, qualquer tipo de
flexibilização em particular que venha a criar um
precedente em relação ao todo, atitude esta que tem
sido defendida pela equipe técnica até o momento.
(...).” (grifei)

Portanto, tanto como destacado pelo Ministério Público,


como pelo próprio IPHAN, a obra realizada pela embargante não passou
pelo crivo de análise das autoridades competentes, o que se fazia
necessário, diante da condição especial do bem, comprovada nos autos.

Além disso, não há qualquer alegação quanto a vício de


consentimento da ora apelante, quando da assinatura do Termo de
Ajustamento, demonstrado o exercício de sua livre vontade em assumir a
obrigação.

Quanto à alegação de nulidade do processo que levou ao


tombamento do imóvel, como bem salientado pelo juízo, o escopo do
presente feito, inclusive no que tange à legitimidade do polo passivo da
ação, não se mostra adequado para tal análise.

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De igual forma, embora a embargante afirme a ausência de


condições financeiras para realizar a recuperação da fachada do imóvel,
deveria tê-lo feito antes que firmado o TAC, até para que fosse
flexibilizada a forma de cumprimento da obrigação. E também, como
destaco na sentença, pode ser buscado eventual ajuste nas condições
com o órgão ministerial, uma vez que o objetivo é a execução do
acordado entre as partes.

Contudo, no tocante ao valor da multa, tenho que mereça


redução, para que atendidos os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.

Dispõe o art. 537, §1º, I, do CPC:

“Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e


poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela
provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se
determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
modificar o valor ou a periodicidade da multa
vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
(...).”

A multa descrita tem por objetivo facilitar e tornar mais


efetivo o uso da execução específica das obrigações de fazer e não fazer,
como ocorreu no caso dos autos quando da assinatura do Termo de
Ajustamento de Conduta pelas partes.

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Outrossim, não se pode perder de vista que o mais


importante é o cumprimento da obrigação pelo devedor, não podendo a
multa ser desvirtuada de sua finalidade.

Dessa forma, o valor da multa fixada no TAC mostra-se por


demais expressivo – R$ 300,00 (trezentos reais) por dia de atraso. Assim
reduzo a multa para o valor de R$ 50,00 (cinquenta reais), por dia de
atraso, que se mostra mais adequado para a situação tratada.

Ante o exposto, dou parcial provimento à apelação, tão


somente para reduzir o valor fixado a título de multa por dia atraso, nos
termos da fundamentação supra. Por consequência, redimensiono a
sucumbência, devendo o embargante responder pelas custas, por
metade. Suspensa a exigibilidade, por litigar sob a gratuidade da justiça,
Sem honorários, por se tratar o embargado do Ministério Público.

DES. LUIZ FELIPE SILVEIRA DIFINI - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MIGUEL ÂNGELO DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. FRANCISCO JOSÉ MOESCH - Presidente - Apelação Cível nº


70079582821, Comarca de Bagé: "À UNANIMIDADE, DERAM PARCIAL
PROVIMENTO À APELAÇÃO."

Julgador(a) de 1º Grau: HUMBERTO MOGLIA DUTRA

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