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ARREPENDIMENTO

E
NOVO NASCIMENTO

Eu Jesus o Cristo!

DEREK PRINCE

DEREK PRINCE PORTUGAL


Não Eu, mas Jesus o Cristo!
ARREPENDIMENTO E NOVO NASCIMENTO

Copyright©: 2011 tradução portuguesa,


DP Portugal
O conteúdo deste livro é baseado em alguns
programas de rádio e numa pregação sobre
este tema.
Autor: Derek Prince
Tradução: Maria da Conceição Castro Cabral
Correção: Alda Silva
Redação: Christina van Hamersveld
Desenho Capa: DP Portugal

ISBN: 978-989-8501-19-6

DP Portugal
Caminho Novo lote X,
9700-360 Feteira AGH
Tel.: 295 663738 / 927992157
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
E-mail: derekprinceportugal@gmail.com

A versão Bíblica usada neste livro: Almeida Corrigida e Revisada


Fiel
Índice

Introdução: …………………...................…….................. 7

1. Arrependimento ……………....................................... 9

2. Porque temos que arrepender-nos? ....................... 21

3. O arrependimento deve preceder a fé …….............. 39

4. “Mas eu não preciso de me arrepender, pois não?” 47

5. Uma imagem do verdadeiro arrependimento…....... 63

6. O novo nascimento ………………….......................... 75

7. Quem tem o Filho ...…………............…….................. 88

8. Viver por Cristo .……………………….................……. 99


Não Eu, mas Jesus o Cristo!
INTRODUÇÃO

Há uma experiência espiritual específica


indispensável na vida de cada um de nós –
indispensável, isto é, se estivermos desejando
conhecer a verdadeira e duradoura paz
interior, e levar o tipo de vida que Deus
pretende para cada um de nós. É uma
experiência a que não podemos dar a volta e
para a qual não há nada que a substitua. Diria
mais ainda, é uma experiência que atualmente
não é compreendida pela maior parte das
pessoas pois raramente é explicada pela
maioria dos pastores. Será que já estão a
perceber qual é a experiência espiritual que
tenho em mente?
Resume-se numa palavra poderosa das
Escrituras: Arrependimento.

Arrependimento e em seguida, interligado a


ele, o Novo Nascimento, são os temas deste
livro.

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Não Eu, mas Jesus o Cristo!
CAPÍTULO 1

ARREPENDIMENTO

Há mais de dois mil anos atrás, Deus mandou


o seu filho Jesus Cristo para este mundo para
levar a salvação a toda a humanidade. Jesus é
o Salvador que foi predito repetidamente
pelos profetas durante séculos. O momento da
Sua vinda foi destinado por Deus já há muito
tempo, mas mesmo assim, antes de Jesus
poder vir para cumprir a sua missão, era
necessário vir outra pessoa preparar a Sua
vinda: João Baptista. O objetivo da sua vinda
era; preparar os corações do Povo de Deus
para receber o Messias e a Sua mensagem. No
deserto a mensagem de João foi bem simples,
ele pediu das pessoas uma única coisa:
Arrependimento (Mateus 3:2).

Há algo notável nisto tudo. Apesar da vinda de


Jesus como Messias ter sido destinada no
plano de Deus há muito tempo, Ele não podia
vir até os corações do povo de Deus terem sido
preparados para O receber. Esta preparação
foi através do arrependimento. Isto mostra
quão importante o arrependimento é. Jesus só
poderia vir, levar a Sua mensagem e cumprir a
Sua missão, após os filhos de Deus terem
preparado os seus corações pelo ato do
arrependimento. Este princípio também conta
para cada um, individualmente:

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apesar da vinda de Jesus na tua vida ter sido
destinada no plano de Deus há muito tempo,
Jesus só poderá vir e cumprir a Sua missão,
quando o teu coração estiver preparado pelo
ato do arrependimento.

Arrependimento é uma das doutrinas mais


importantes da fé Cristã – uma que muitas
vezes não é bem compreendida e
consequentemente não é bem praticada.
Muitos cristãos, confessos, têm problemas
com a sua fé. Procuram fé, pedem por fé nas
suas orações, escutam pastores para
descobrir como receber fé, vão a conferências
acerca de fé… mas no fundo o problema deles
não tem a ver com fé, mas sim com
arrependimento. Estou convencido que pelo
menos cinquenta porcento dos cristãos que
têm dificuldades em viver uma vida de fé, têm
um problema básico em comum: nunca
satisfizeram a exigência primária de
arrependimento.

Arrependimento é o primeiro passo


fundamental que qualquer pessoa tem que
dar, para voltar para Deus. No princípio do
evangelho de Marcos encontramos as
primeiras palavras que Jesus pregou.

De certeza que Jesus já tinha falado


pessoalmente com as pessoas, mas a Sua
primeira mensagem pública encontramos em
Marcos 1:14-15:

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E, depois que João foi entregue à prisão, veio
Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho
do reino de Deus, e dizendo: O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo.
Arrependei-vos, e crede no evangelho.

A primeira exigência concreta que Jesus fez


aos seus ouvintes não foi, crede, mas,
arrependei! Arrependei-vos, e crede no
evangelho. Ninguém alguma vez colocou na
Escritura uma ênfase maior na necessidade
de arrependimento do que O próprio Jesus.
Leiam, por exemplo, o que Ele diz em Lucas
13:1-5:

E, Naquele mesmo tempo, estavam presentes


ali alguns que lhe falavam dos Galileus, cujo
sangue Pilatos misturara com os seus
sacrifícios. E, respondendo Jesus, disse-lhes:
Cuidais vós que esses Galileus foram mais
pecadores do que todos os Galileus, por terem
padecido tais coisas? Não, vos digo; antes, se
não vos arrependerdes, todos de igual modo
perecereis. E aqueles dezoito, sobre os quais
caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que
foram mais culpados do que todos quantos
homens habitam em Jerusalém? Não, vos
digo; antes, se não vos arrependerdes, todos
de igual modo perecereis.

Aqui, o povo, ao falar com Jesus estava a


descrever ocorrências aparentemente
recentes na mente de todos, naquela altura –

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desastres dramáticos que tinham vindo sobre
dois grupos de pessoas.

O primeiro era o grupo de Galileus acerca dos


quais, os registos dizem que Pilatos tinha
misturado o seu sangue com o dos seus
sacrifícios. Não creio que tenhamos mais
nenhuns detalhes disponíveis, mas
aparentemente estas pessoas estavam
envolvidas num ato religioso de sacrifício. Por
alguma razão, Pilatos, o governador Romano
tinha-os executado enquanto eles estavam
oferecendo os seus sacrifícios, pelo que o seu
sangue se misturou com o sangue de animais
que tinham oferecido em sacrifício. O povo
daquele tempo deve ter achado isto uma forma
terrível de morrer: o facto de estar praticando
um ato religioso de sacrifício e de ser
executado ao fazê-lo. E então o povo que
estava a falar com Jesus, perguntou-Lhe,
“Estes Galileus fizeram alguma coisa
especialmente má para que este terrível
desastre tenha vindo sobre eles?”

Mas Jesus respondeu, “não, não


necessariamente,” e então Ele deu a volta à
questão e disse ao povo que lhe tinha
perguntado, “Mas a não ser que se
arrependam, também perecerão.”

O segundo incidente foi um desastre, no qual a


torre de Siloé caiu sobre um certo número de
pessoas matando-as. Agora, Siloé está
precisamente a sudeste da velha cidade de

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Jerusalém como a conhecemos hoje. Estive
nessa área recentemente e um guia apontou-
me a provável base daquela torre que tinha
desabado sobre aquelas pessoas de Siloé. Mas
o ponto da questão é que embora estes dois
grupos de pessoas tenham sofrido mortes
especialmente dramáticas, as quais podiam
ser vistas como uma espécie de julgamento de
Deus ou um destino sobre eles, Jesus diz, “Não
pensem que o vosso caso na sua essência seja
diferente do deles. Eles morreram porque não
se tinham arrependido, e se não vos
arrependeis, também perecerão.”
A palavra aqui traduzida por “perecerão” na
Bíblia raramente é usada para descrever a
morte física. Na realidade transmite uma outra
coisa; uma alma que é expulsa de presença de
Deus. Uma alma assim está perdida para
sempre. Jesus diz acerca dos Galileus que
morreram enquanto estavam oferendo
sacrifícios, que “estavam perdidos”. Isto
mostra claramente que religiosidade não
substitui arrependimento.

Religião não substitui arrependimento!

Existem milhares e milhares de pessoas que


obedientemente praticam a sua religião, mas
nunca se arrependeram verdadeiramente.
Religião não substitui arrependimento! Jesus
diz que estes homens perecerão, enquanto
estavam oferecendo os seus sacrifícios.
Porquê perecerão? Porque não se tinham
arrependido. O Senhor dá nos com isto uma

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lição prática com aviso, a qual conta para
todos nós individualmente. Se alguém não se
arrepender, perecerá. As únicas duas
escolhas que temos são: arrepender ou
perecer.

As únicas duas escolhas que temos são:


arrepender ou perecer.

Então Jesus continua nesse capítulo, nos


versículos seguintes com uma parábola que
está obviamente ligada a este tema de
arrependimento.

E dizia esta parábola: Um certo homem tinha


uma figueira plantada na sua vinha, e foi
procurar nela fruto, não o achando; E disse ao
vinhateiro: Eis que há três anos venho
procurar fruto nesta figueira, e não o acho.
Corta-a; por que ocupa ainda a terra
inutilmente?
E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a
este ano, até que eu a escave e a esterque; E,
se der fruto, ficará e, se não, depois a
mandarás cortar. (Lucas 13: 6-9)

O princípio básico é: “Se der fruto, deixá-la


viver – se não der fruto, corta-se.” É esta a
atitude de Deus em relação à vida de cada um
de nós. Deus espera bons frutos das nossas
vidas, e se esse bom fruto não aparecer, então
o julgamento de Deus manda cortá-la. Porque
iria gastar o solo? Façam lugar para algo mais

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produtivo em seu lugar. Assim, na parábola, a
frase “cavando à volta dela” e “fertilizando-a”
é uma forma dramática de representar a
última chamada urgente de Deus para o
arrependimento, e se não respondermos a
esta chamada então teremos de sofrer o
mesmo destino que a figueira. Enquanto estão
lendo estas palavras, a vossa vida poderá
estar nessa fase agora mesmo. Mas Deus diz,
“Cava à volta e fertiliza-a e dar-te-emos mais
um ano. E se no fim desse ano não houver
fruto, corta-a.” Arrepender ou perecer!
Deixem-me gravar essas palavras na vossa
mente.

Comparem esta mensagem com a do


precursor de Jesus, João Baptista, em Mateus
3:1-2:

E, naqueles dias, apareceu João o Baptista


pregando no deserto da Judéia, E dizendo:
Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos
céus.

Um pouco mais à frente no mesmo capítulo, o


povo foi até ele desde Jerusalém, de toda a
Judeia e de toda a região do Jordão.

E eram por ele batizados no rio Jordão,


confessando os seus pecados.
E, vendo ele muitos dos fariseus e dos
saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-
lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a

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fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos
de arrependimento; E não presumais, de vós
mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão;
porque eu vos digo que, mesmo destas
pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. E
também agora está posto o machado à raiz
das árvores; toda a árvore, pois, que não
produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
(Mateus 3:6-10)

Que declaração dramática. O machado já está


junto à raiz das árvores. A única forma de
escapar ao machado, é produzindo bom fruto.
Todas as árvores que não produzem bons
frutos serão cortadas e queimadas.

A mensagem de João era arrependimento. Os


Fariseus e Saduceus que eram muito
religiosos vieram até ele, mas João disse com
vigor, “Não se arrependeram. Não há fruto na
vossa vida que indique arrependimento. Não
me peçam para vos batizar. Eu exijo o fruto.” E
João foi o representante de Deus ao exigir
fruto, não folhas. Vê-se que a religião produz
muitas vezes grande quantidade de folhas,
mas Deus diz, “Eu exijo fruto. Quero
verdadeira justiça, amor, honestidade,
sinceridade, e fé perante Mim, um
compromisso real da vossa vida, tempo,
dinheiro – Não me deem apenas folhas
religiosas. Não estou interessado nelas, é o
fruto que eu procuro. E toda a árvore que não
der bom fruto, será cortada e queimada.”

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Religião produz folhas, mas Deus quer fruto.

Jesus vivia na terra e cumpriu as palavras dos


profetas sendo crucificado pela vontade do
Pai, enterrado e ressuscitado da morte. Após
a sua ressurreição Ele apareceu várias vezes
aos seus discípulos e ensinou-os. Ele diz-lhes
que a boa nova da sua morte, seu enterro e da
sua ressurreição teriam que ser anunciados a
todos os povos:

E disse-lhes: Assim está escrito, e assim


convinha que o Cristo padecesse, e ao
terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E
em seu nome se pregasse o arrependimento e
a remissão dos pecados, em todas as nações,
começando por Jerusalém. (Lucas 24: 46-47)

Vejam: a primeira coisa a ter que ser pregado


não é remissão dos pecados, mas
arrependimento! Depois de ressuscitar Ele
ordenou aos seus discípulos pregar
arrependimento e remissão dos pecados. Não
há nenhuma autoridade num evangelho que
ofereça remissão dos pecados sem
arrependimento.

Não há nenhuma autoridade num evangelho


que ofereça remissão dos pecados sem
arrependimento.

Iremos agora rever os acontecimentos no


primeiro dia de Pentecostes.

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No capítulo 2 de Atos, lemos acerca do
derramamento do Espírito Santo e acerca de
uma grande multidão de Judeus que ouviram
estes homens Galileus simples falar pelo
Espírito Santo de uma maneira bonita e
sobrenatural em línguas que eles próprios não
perceberam, mas que daqueles Judeus de
muitos países entenderam. Então o Pedro
levanta-se e prega a mensagem importante
com foco na pessoa e no trabalho de Jesus
Cristo: Seu ministério terreno, Sua morte, Seu
funeral e o testemunho da Sua ressurreição.
Em seguida, no Atos 2:36, o Pedro conclui:

Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel


que a esse Jesus, a quem vós crucificastes,
Deus o fez Senhor e Cristo.

Estas palavras têm um grande e convincente


impacto na audiência.

E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu


coração, e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, homens irmãos?
(versículo 37)

Isto é o que é uma pergunta clara! “Diga-nos o


que Deus quer de nós! Percebemos que
estamos mal, não estamos bem diante de
Deus, não estamos debaixo de Graça Dele.
Fomos cortados da Sua presença, mas
queremos voltar para Ele.

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Diga-nos o que temos que fazer para
endireitar os nossos erros!” A resposta do
Pedro:

… Arrependei-vos, e cada um de vós seja


batizado em nome de Jesus Cristo, para
perdão dos pecados; e recebereis o dom do
Espírito Santo;(versículo 38)

Esta ocasião foi a primeira vez que Pedro falou


como porta-voz de Deus e da igreja de Jesus
Cristo. E à primeira pergunta de pecadores
acerca do que hão de fazer, ele indica o
princípio fundamental: Arrependei-vos!
Também na mensagem de Paulo, o apelo ao
arrependimento aparece constantemente. Em
Atos 17, está a conversar com os intelectuais
da cidade Grega, Atenas. Ele mostra-lhes que
têm estado a adorar ídolos e imagens, que
foram enganados e eram extremamente
supersticiosos. A seguir ele fala-lhes da
seguinte condição de Deus:

Mas Deus, não tendo em conta os tempos da


ignorância, anuncia agora a todos os homens,
e em todo o lugar, que se arrependam;
(versículo 30)

Arrependimento é uma ordem universal e


geral! Deus diz a todas as pessoas, em todo
mundo, que se arrependam. É a única
condição pela qual não há nenhuma exceção.
Ele lembra aos líderes da igreja de Éfeso o seu

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ministério e a sua mensagem no tempo em que
estava com eles:

Como nada, que útil seja, deixei de vos


anunciar, e ensinar publicamente e pelas
casas, testificando, tanto aos judeus como aos
gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso
Senhor Jesus Cristo. (Atos 20:20,21)

Por outras palavras Paulo diz: “Não retive


nada, contei-vos a verdade plena, tudo o que
Deus nos pede. A minha mensagem não foi
primeiramente para que as pessoas
acreditassem, mas primeiro de tudo que se
arrependessem diante de Deus e então
acreditassem no Nosso Senhor Jesus Cristo.”
Mais uma vez, não há alternativa para o
arrependimento. Não se pode dar a volta a
isto. Arrependimento é o único fundamento da
verdadeira fé.

Arrependimento é o único fundamento da


verdadeira fé.

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CAPÍTULO 2

PORQUE TEMOS QUE ARREPENDER-NOS?

Vimos que a mensagem universal e recorrente


é: Arrepender ou perecer. Ninguém enfatizou
isto tanto como o próprio Jesus. Então não
podemos dar a volta ao arrependimento, é
exigido de todos nós. Já que é tão importante
para o nosso bem-estar e para o nosso destino
eterno convém saber bem, o que
arrependimento verdadeiramente quer dizer; o
que é que Deus verdadeiramente requer de
nós?
A primeira coisa que precisas compreender é
que o arrependimento não é uma emoção, mas
é uma decisão da vontade seguida pela ação
apropriada.

O arrependimento é uma decisão da vontade,


seguida pela ação apropriada.

Há tanta gente que pensa que tem de passar


por grandes manifestações emocionais e/ou
físicas para se arrepender. Muitas vezes os
sentimentos acompanham o arrependimento,
mas infelizmente, muitas vezes também existe
só o sentimento. E o sentimento sem
arrependimento, não é aceitável. Como
pregador já vi inúmeras pessoas ficarem
emocionadas. Muitas vieram à frente na igreja,
oravam e choravam baixinho ou mesmo alto,
mas sem haver verdadeira mudança.

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Não mudavam o seu estilo de vida, a sua
maneira de pensar. Talvez estavam
experimentando emoções mesmo fortes, mas
não havia
arrependimento e isto não é o suficiente para
Deus. O arrependimento é uma decisão da
vontade. Começa na vontade, não nas
emoções. Grande parte da religião
contemporânea está centrada nas emoções e
ignora a vontade, o que traz como resultado
não termos o fruto que Deus requer nas
nossas vidas.
Há duas palavras na Bíblia, normalmente
usadas para arrependimento. Uma em Grego
no Novo Testamento e outra em Hebraico, no
Antigo Testamento. É interessante reparar no
significado de cada uma delas. A palavra que
é usada em Grego significa literalmente
“mudar de ideias”. É uma palavra comum na
linguagem Grega. Arrependimento é mudar de
ideias: Vós estais vivendo de uma maneira
hoje, mas mudam de ideias e determinam que
vão viver de outra forma. É uma mudança em
todas as vossas intenções, e propostas de
vida. A palavra Hebraica do Antigo
Testamento significa “rodar” ou “dar a volta”.

A diferença entre Grego e Hebraico é


interessante; o Grego foca a experiência
interior, o Hebraico foca a ação exterior.
Vemos pois que arrependimento é uma
decisão da vontade, a pessoa muda de ideias,
dá a volta, começa a viver de modo diferente.
Sempre viveste seguindo certos padrões,

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hábitos, costumes, mas isto muda agora
radical e definitivamente. Mudaste de ideias,
vês as coisas duma outra maneira, numa outra
perspetiva. Aceitas outros padrões e esta
mudança interior, confirmas com atitudes. Tu
dás a volta. É uma mudança das tuas intenções
mais profundas e do teu alvo de vida.
Arrependimento é mudar a tua vida cento e
oitenta graus.

O arrependimento é uma decisão da vontade,


é uma mudança das tuas intenções mais
profundas e do teu alvo de vida.

É importante perceber que arrependimento é


algo que Deus pede de nós, mas também é
algo em que nós temos que dar os nossos
passos. Não está dependente das nossas
emoções. Muitas pessoas religiosas são
escravos das suas emoções: quando se
sentem bem pensam que estão bem, quando
se sentem solitárias, são solitárias; quando se
sentem derrotadas, são derrotadas. A saída
desta escravatura das emoções é um ato de
arrependimento: “Eu submeto-me a um outro
padrão; o padrão de Deus. As coisas são como
Deus diz que são, não importa o que digo,
acho ou sinto.” A pessoa que vive assim,
liberta-se de escravatura das emoções,
hábitos e tradições e estará livre dos hábitos e
padrões das pessoas à sua volta. Assim estas
coisas já não reinarão na sua vida.

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Recebeste um novo padrão, uma nova visão de
vida: a visão de Deus!

Talvez haja agora alguém a pensar: “Até sou


uma boa pessoa, não faço muitas coisas
erradas, vou com frequência para a igreja,
ajudo outras pessoas. O que me poderão
apontar? Devo arrepender-me de quê? O que
tenho de errado na minha vida? Em resposta a
estas perguntas lemos um texto o qual mais do
que qualquer outro da Bíblia, nos esclarece
porque todos precisam de se arrepender. Há
um problema básico na vida de cada um de
nós, do qual nenhum pode pretender estar
isento.

Todos nós andávamos desgarrados como


ovelhas; cada um se desviava pelo seu
caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos. (Isaías 53:6)

Este texto é uma profecia maravilhosa acerca


da morte expiatória do Senhor Jesus Cristo na
Cruz, que se realizou historicamente 700 anos
depois desta profecia ser pronunciada. A ideia
reconhecida e central deste capítulo
importante de Isaías é que todos nós voltámos
para o nosso próprio caminho. Aquela palavra
traduzida por iniquidade tem em si o
significado de rebelião. É, pois esse o
problema universal da raça humana. Todos
nós estávamos desgarrados, cada um de nós
voltou-se para o seu próprio caminho.

24
E voltar para o nosso próprio caminho é
descrito pela palavra “iniquidade” ou
“rebelião”. Não é algo banal ou insignificante.
Não é nada acerca do qual possamos decidir
se precisamos ou não. É iniquidade. É rebelião.
É seguir o nosso próprio caminho. É a culpa
universal da raça humana.

Há muitos pecados específicos que alguns de


nós não cometeram. Alguns nunca cometeram
homicídio; nem adultério; nem se
embebedaram. Pode haver alguns que nunca
mentiram, mas há uma coisa que todos nós
fizemos: todos voltámos para o nosso próprio
caminho. E é por isso que todos temos de nos
arrepender. É por isso que o requisito de Deus
acerca do arrependimento é absolutamente
universal, não há exceções.

Todos voltámos para o nosso próprio


caminho. E é por isso que todos temos de
nos arrepender.

É importante compreender que o nosso


caminho, não é o caminho de Deus. Nunca é.
Deus é bastante claro acerca disto. Um pouco
mais à frente, em Isaías 55:6-8 – é assim que
Deus fala:

Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar,


invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o
seu caminho, e o homem maligno os seus
pensamentos, e se converta ao SENHOR, que

25
se compadecerá dele; torne para o nosso
Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque
os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos os
meus caminhos, diz o
SENHOR.

Pelos vistos o tempo em que se pode encontrar


o Senhor tem os seus limites. Não haverá
sempre oportunidade para isto.

Aproveita esta oportunidade, o momento em


que o Espírito Santo te convence da
necessidade do arrependimento, aquele
momento em que o Senhor se deixa achar! E
Deus aqui deixa bem claro: Os nossos
caminhos não são os de Deus. Quando nos
voltamos para o nosso próprio caminho,
saímos do caminho de Deus. Não podemos
estar a percorrer o nosso caminho e o de Deus
ao mesmo tempo.

Não podemos estar a percorrer o nosso


caminho e o de Deus ao mesmo tempo.

Então, para que entremos no caminho de


Deus, temos de parar de percorrer o nosso
próprio caminho, dar a volta, enfrentar o
Senhor, e tomar um novo caminho. Isso é
arrependimento.
Em Isaías 55, o arrependimento está descrito
como: abandonar o nosso caminho e os nossos
pensamentos. Também aqui vemos a

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combinação dos lados interior e exterior do
arrependimento. O interior é o nosso
pensamento; o exterior é o nosso caminho. E
novamente, isto corresponde exatamente à
nossa definição de arrependimento. É uma
mudança interior da mente e da vontade,
seguida por uma alteração das ações e
comportamentos exteriores.
Um problema que muitos de nós têm é que por
vezes o nosso caminho pode ser um caminho
aparentemente certinho, muito religioso, mas
se a mudança de pensamento no nosso interior
faltou, este caminho engana e torna-se
perigoso. Há um versículo que fala disto em
Provérbios 14:12:

Há um caminho que ao homem parece direito,


mas o fim dele são os caminhos da morte.

Vejam pois, que o provérbio não fala acerca de


um homem que sabe que está no caminho
errado, mas de um homem que pensa que está
mesmo percorrendo o caminho certo, mas de
facto ele está no caminho que acaba na morte.
Porquê? Porque não entrou nele através do
arrependimento. E lembram-se que Jesus
disse, arrepender ou perecer! Este é o tipo de
homem que é religioso. Talvez farisaico, vá à
igreja, siga a Regra de Ouro ou talvez até
pense que em todos os aspectos é tudo o que
deveria ser. Ele percorre um caminho que lhe
parece ser o correto, mas afinal é o caminho da
morte. Como veem, o povo religioso é o maior
problema de Deus.

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Podem ler a Bíblia toda e verão que Deus tem
sempre mais problemas com o povo religioso
do que com os simples pecadores comuns sem
religião.
Está a reconhecer-se nisto? É piedoso, justo
aos seus próprios olhos, um membro fiel da
igreja e está caminhando certinho ao seu ver?
Então quero avisá-lo:

Se nunca se arrependeu, então nunca


experimentou a mudança total e assim o fim do
caminho que está a percorrer é a morte.

Quando alguém se arrepende de verdade, já


não entra mais em discussão com Deus. Se
ainda mantiver uma atitude e maneira de
pensar através de qual sempre ponha em
causa o que Ele diz, sempre rebate quando o
Espírito Dele te alerta para algo, é sinal que
ainda não houve verdadeiro arrependimento.
Assim também não terá verdadeira paz a
reinar no seu coração, nem terá harmonia
permanente na sua vida. A única solução é
arrependimento radical (“radical” vem do
“radix”, o que quer dizer raiz; radical então
quer dizer “de raiz” …).

Mude o seu pensar, tome uma decisão, volte-


se, e submeta-se ao Deus Todo-poderoso! Ele
mostrará o passo a seguir, porque
arrependimento não é a única coisa que Deus
deseja, mas é sim o insubstituível primeiro
requisito. Na Cruz Deus colocou toda a
rebelião de toda a humanidade, incluindo

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todas as suas consequências terríveis, sobre
Jesus. Esta é a razão da Sua morte.

Na Cruz Deus colocou toda a rebelião de


toda a humanidade, incluindo todas as suas
consequências terríveis, sobre Jesus.

Ele morreu como substituto do rebelde. Ele


morreu como alguém que tomou o meu e o seu
lugar. Agora Deus diz: “quero que te
arrependas. Retorna do teu próprio caminho.
Já expliquei que o arrependimento é uma
mudança interior que se deve expressar
através de ações exteriores. No Novo
Testamento, há um ato exterior específico que
está direta e primariamente associado ao
arrependimento. Esse ato é o de se ser
batizado. Isto começou com o ministério de
João Baptista que veio com a mensagem de
arrependimento. E o ato primário exterior que
ele exigia de todos os que responderam à sua
mensagem foi que eles fossem batizados.

Isto está registado em Marcos 1:4-5:

Apareceu João batizando no deserto, e


pregando o batismo de arrependimento, para
remissão dos pecados. E toda a província da
Judéia e os de Jerusalém iam ter com ele; e
todos eram batizados por ele no rio Jordão,
confessando os seus pecados.

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Reparem que a mensagem do João foi:
arrependei-vos. Cumprido este primeiro
requisito, o segundo passo era o batismo. O
mesmo se aplica a nós, o batismo é a evidência
exterior de que chegamos ao fim do nosso
próprio caminho. E quando passamos pela
água, estamos a passar daquele velho
caminho para um novo que é o caminho de
Deus e não o nosso. O mesmo já vimos em Atos
2:37-38. Aqui está descrito o que Pedro disse à
multidão convicta, mas não convertida,
quando responderam a uma intervenção
sobrenatural de Deus, através do Espírito
Santo no dia de Pentecostes, após lhes ter
pregado uma mensagem acerca de Jesus:

E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu


coração, e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, homens irmãos?

Muitas vezes tenho comentado que Deus


precisa de bastante tempo para levar as
pessoas ao lugar, onde querem saber o que Ele
quer que elas façam. Mas Ele não precisa
muito tempo para lhes dizer o que quer. E a
resposta vem sem rodeios, em linha reta e
clara no versículo seguinte:

E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um


de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo,
para perdão dos pecados; e recebereis o dom
do Espírito Santo;

30
Qual é o primeiro requisito de Deus?
Arrependimento, e depois? Ser batizado! A
evidência exterior da mudança interior. Não
vale a pena batizar-se sem primeiro se
arrepender. A única coisa que acontecerá é,
um pecador seco se tornar num pecador
molhado! Mas quando se tiver arrependido,
batize-se.

Batizar alguém que não se arrependeu, é


tornar um pecador seco num pecador
molhado!

Adicionando a este ato exterior de batismo há


certas espécies de ações que são apropriadas
a determinadas pessoas. Vejamos o que João
Baptista teve para dizer a vários grupos de
pessoas em Lucas 3:10-14:

E a multidão o interrogava, dizendo: Que


faremos, pois? E, respondendo ele, disse-lhes:
Quem tiver duas túnicas, reparta com o que
não tem, e quem tiver alimentos, faça da
mesma maneira. E chegaram também uns
publicanos, para serem batizados, e disseram-
lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele lhes
disse: Não peçais mais do que o que vos está
ordenado. E uns soldados o interrogaram
também, dizendo: E nós que faremos? E ele
lhes disse: A ninguém trateis mal nem
defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo.

31
Estas pessoas tinham-se arrependido, mas
queriam saber de como dar forma a isto. João
foi muito prático: Por exemplo, o homem com
duas túnicas teve de dar uma a alguém que não
tinha nenhuma. O cobrador de impostos teve
de ser justo e correto. O soldado teve de evitar
usar violência, teve de parar de oprimir as
pessoas e teve de se contentar com o seu
ordenado.
Contentar-nos com o que temos é algo que hoje
em dia pouca gente consegue, seja em que
área for. É algo de que muitas pessoas se
precisam arrepender: insatisfação!

Se repararmos bem, vemos que há muitas mais


áreas assim, gerais e impercetíveis, aonde há
necessidade de arrependimento mesmo nas
igrejas. Veja por exemplo a mexeriquice nas
igrejas. Provérbios 10:19, diz:

Na multidão de palavras não falta pecado, mas


o que modera os seus lábios é sábio.

Quando se fala muito é fácil dizer algo errado;


e isto descreve bem quão fácil o falar acerca
de alguém se poderá tornar em mexeriquice.
Talvez o propósito não é este, mas mesmo
assim isto estraga o ambiente e temos que
arrepender-nos disto. O arrependimento aí não
será completo até a pessoa reconhecer o seu
mexericar e acabar com ele.
Ou, veja o homem de negócio que aldraba a sua
declaração de IRS. Ele poderá frequentar a

32
igreja fielmente e dar ofertas para instituições
de caridade, mas o seu arrependimento não
será completo até preencher os papéis de IRS
com verdade.

Hoje em dia também há muitas pessoas que de


uma maneira ou outra se enredaram na
pornografia. A sua mente foi envenenada com
imagens sujas de revistas, filmes ou internet,
mas aparentemente vivem vidas retas e
respeitáveis.
Para uma pessoa com este problema,
arrependimento quer dizer: destruição de todo
o material pornográfico, não entrar nos sites
duvidosos ou quando entrarem numa loja
aonde se oferece material assim têm que virar
a cara ou sair, isto tudo baseado num profundo
arrependimento interior. Sem este
arrependimento, nenhum ato religioso terá
qualquer valor. Lembrem-se dos Galileus que
estavam oferecendo os seus sacrifícios!

Resumindo: a primeira demonstração exterior


do nosso arrependimento é o batismo. Mas na
vida de cada um de nós há áreas específicas
que Deus aponta e na qual Ele deseja uma
mudança de atitude. Deixe por esta razão Deus
falar pessoalmente consigo. Haverá uma
mudança específica que Ele deseja ver na sua
vida?

33
Arrependimento no Antigo Testamento

Também no Antigo Testamento encontramos


referências ao arrependimento,
nomeadamente em todas as instruções para a
iniciação do sacerdócio Levítico. No quarto
capítulo de Levítico fala-se de uma oferta pelo
pecado:

E trará o novilho à porta da tenda da


congregação, perante o SENHOR, e porá a sua
mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o
novilho perante o SENHOR. (Levítico 4:4)

O sacerdote tem que confessar os seus


pecados e em seguida matar o novilho. Isto é
arrependimento: matar o novilho. No momento
em que o sacerdote põe as mãos sobre o
novilho e confessa os seus pecados,
simbolicamente os seus pecados são
transferidos para o novilho, a oferta pelo
pecado. Identifica-se aí o novilho com o
pecado do sacerdote.

Assim ditava a lei no Antigo Testamento. Se o


sacerdote tivesse unicamente confessado os
seus pecados e posto as mãos sobre o novilho,
não teria resolvido o seu problema. Ele tinha
que matar o novilho; só depois de matar o
novilho teria acabado com o seu próprio
pecado.

34
Isto identificava o julgamento de Deus sobre o
seu pecado. Arrependimento é o matar do
novilho – o morrer para o pecado.

Rufus Mosely, um grande homem de Deus que


entretanto já está há anos com o Senhor, dizia
muitas vezes “estás perdoado no momento que
de facto parares com o teu pecado!” Muitas
pessoas entretanto já confessaram os seus
pecados e impuseram as suas mãos sobre o
novilho, mas ainda não pegaram na faca e
ainda não mataram o novilho. Tantas pessoas
ainda não estão dispostas a matar o novilho
porque ainda não quiseram identificar-se com
o julgamento de Deus sobre o seu pecado – que
é a morte. E sim, é verdade que o Senhor Jesus
levou estes pecados na sua morte, mas nós
temos que identificar-nos com ela e morrer
para o pecado.

O Senhor Jesus levou os nossos pecados na


sua morte, mas nós temos que identificar-nos
com ela e morrer para o pecado.

David sabia o que era arrependimento, em


muitos dos seus salmos falou do
arrependimento, como por exemplo no bem
conhecido Salmo 51. E nos últimos versículos
do Salmo 139 lemos:

Não odeio eu, ó SENHOR, aqueles que te


odeiam, e não me aflijo por causa dos que se
levantam contra ti? Odeio-os com ódio

35
perfeito; tenho-os por inimigos. Sonda-me, ó
Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece os meus pensamentos. E vê se há em
mim algum caminho mau, e guia-me pelo
caminho eterno. (versículo: 21-24)

Será que podemos como cristãos dizer uma


coisa assim: “Odeio-os com ódio perfeito”?
Alguns dizem que sim, outros que não. Mas
temos que ver o versículo seguinte para
perceber quais eram os inimigos a que David
se estava referindo. David não se preocupava
com os inimigos de Deus à volta dele, estava
preocupado com os inimigos de Deus dentro
do seu coração.

Por isto ele dizia: “Deus, se houver inimigos


Teus dentro de mim, então estes também são
os meus inimigos. Eu odeio-os, não os quero,
não quero nenhum compromisso ou paz com
eles. Nunca os hei de tolerar na minha vida.”
Inúmeras vezes tenho dito às pessoas, se
estiverem dispostos a tolerar o diabo, então
terão que tolerá-lo na sua própria vida.

E se escolher isto, ele de certeza desfrutará o


espaço que lhe der. Mas quando o odiar, ele
terá que sair!

Um dia, um jovem veio ter comigo e disse:


“irmão Prince, penso que tenho um demónio de
luxúria, mas honestamente até gosto. Acha
que Deus me poderá libertar?” No fundo ele

36
próprio já deu a resposta, mas respondi-lhe:
“de certeza que não. Deus nunca te libertará
dos teus amigos, mas somente dos teus
inimigos!” (veja Lucas1:71)
Conhece a expressão: “a quinta coluna”? Esta
expressão tem a sua origem na guerra civil de
Espanha no ano 1936. Durante esta guerra
houve um general que cercou uma certa
cidade. Um outro general perguntou pelos
seus planos: “Como pensa conquistar esta
cidade?” Ele explicou a sua estratégia: “tenho
quatro colunas a cercar a cidade; uma no
norte, outras no sul, oeste e leste.” Depois
duma breve pausa ele continuou e disse: “mas
penso que é a quinta coluna que me
conquistará a cidade.” Naturalmente o
segundo general perguntou: “mas aonde está
esta quinta coluna então?” O general
respondeu: “dentro da própria cidade.”
Seriam os próprios cidadãos, divididos
interiormente, que entregariam a cidade nas
mãos do inimigo. Se cristãos alguma vez forem
vencidos pelo inimigo, isto sempre será
através da quinta coluna. O diabo do lado de
fora nunca será capaz de vencer, porque ele
já foi completamente derrotado por Jesus
Cristo na Cruz. Mas se houver “uma quinta
coluna” no seu interior – divisão interior, uma
fortaleza do inimigo – então aí estará a
maneira de ele o vencer. Faça com que ele
perca esta quinta coluna; ele só poderá
manter a quinta coluna enquanto a tolerar na
sua vida. Aprenda por esta razão a dizer como
David:

37
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração;
prova-me, e conhece os meus pensamentos. E
vê se há em mim algum caminho mau, e guia-
me pelo caminho eterno. (Salmo 139: 23,24)

Se houver algo, nem seja a mínima coisa


prejudicial ou inútil na sua vida, declare-lhe
guerra. Isto é arrependimento em ação!

38
CAPÍTULO 3

O ARREPENDIMENTO DEVE PRECEDER A FÉ

Já vimos que a Bíblia dá grande ênfase à


importância do arrependimento. O
arrependimento até é o primeiro passo
essencial para a verdadeira fé. Muitas
pessoas estão em luta pela fé. Elas não sabem
como realmente podem atingir a fé
verdadeira, não entendem que o seu problema
é que têm de se arrepender primeiro. Isto é
absolutamente consistente na mensagem
geral do Novo Testamento. Vamos ver alguns
exemplos, primeiro, a mensagem de João
Baptista em Marcos 1:1-4:

Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho


de
Deus; Como está escrito nos profetas: Eis que
eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual
preparará o teu caminho diante de ti. Voz do
que clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas. Apareceu
João batizando no deserto, e pregando o
batismo de arrependimento, para remissão
dos pecados.

A tarefa específica de João, era preparar o


caminho para o Messias prometido que vinha
até ao povo de Deus, Israel. E reparem, que ele
tinha uma única mensagem – arrependimento!
O arrependimento prepara o caminho para

39
Deus vir para as nossas vidas. Muitas vezes,
Deus não pode vir para as nossas vidas até que
completemos o requisito do arrependimento;
vejamos pois a primeira pregação de Jesus, a
qual está registada um pouco mais à frente em
Marcos 1:14-15:

E, depois que João foi entregue à prisão, veio


Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do
reino de Deus, e dizendo: O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo.
Arrependei-vos, e crede no evangelho.

Tenham pois em atenção, que aqueles foram


os primeiros requisitos que Jesus deu na sua
primeira pregação em público. “Arrependam-
se – acreditem nas boas novas do Evangelho.”

Não tentem acreditar antes de primeiro se


arrependerem. Depois da Sua ressurreição,
falando aos apóstolos, Jesus reafirmou esta
ordem. Diz em Lucas 24:45-47:

Então abriu-lhes o entendimento para


compreenderem as Escrituras. E disse-lhes:
Assim está escrito, e assim convinha que o
Cristo padecesse, e ao terceiro dia
ressuscitasse dentre os mortos, E em seu
nome se pregasse o arrependimento e a
remissão dos pecados, em todas as nações,
começando por Jerusalém.

40
Reparem novamente na ordem –
arrependimento e perdão dos pecados. Antes
do perdão dos pecados está o
arrependimento. Sem arrependimento, não
poderá haver perdão para os pecados.

Sem arrependimento, não poderá haver


perdão para os pecados.

Olhemos também para a primeira mensagem


da Igreja no Dia de Pentecostes. Pedro, um
porta-voz tanto de Deus como da Igreja, disse
assim em Atos 2:37-38:

E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu


coração, e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E
disse lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um
de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo,
para perdão dos pecados; e recebereis o dom
do Espírito Santo;

Vejam o primeiro requisito – arrepender e ser


batizado.

Não há mais nenhum passo, ato, ritual, que


alguma vez possa substituir o verdadeiro
arrependimento. Isso tem de vir primeiro. E
assim, leiam também a mensagem de Paulo.
Em Atos 17:30-31, ele está pregando para os
homens de Atenas acerca da sua idolatria e
superstição. E isto é o que ele diz:

41
Mas Deus, não tendo em conta os tempos da
ignorância, anuncia agora a todos os homens,
e em todo o lugar, que se arrependam;
Porquanto tem determinado um dia em que
com justiça há de julgar o mundo, por meio do
homem que destinou; e disso deu certeza a
todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Reparem no mandamento de Deus. Ele manda


todas as pessoas e por todo o lado
arrependerem-se. “Toda a gente e por todo o
lado.” Não deixa espaço para nenhuma
exceção. Isto aplica-se a vós, a mim, a toda a
alma humana. A primeira coisa que temos de
fazer, de modo a conseguirmos comunhão com
Deus, é o arrependimento. E então, Paulo, mais
tarde, em Atos 20, descreve a mensagem que
levou para o mundo naquela época. Atos 20:21:

Testificando, tanto aos judeus como aos


gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso
Senhor Jesus Cristo.

A primeira coisa que temos de fazer, de modo


a conseguirmos comunhão com Deus, é o
arrependimento.

42
Arrependimento e fé

Lembrem-se que o primeiro passo antes de ter


fé é voltar-se para Deus, em arrependimento.
A palavra “volta” indica a natureza do
arrependimento – a decisão interior seguida
pela mudança exterior de vida. Este é um
preliminar essencial para a verdadeira fé.
Aplicando isto às vossas vidas: O princípio é
que sem arrependimento nunca conseguem
atingir a fé verdadeira.

Sem arrependimento nunca conseguem


atingir a fé verdadeira.

O primeiro requisito é sempre: arrepende-te e


depois, acredita. Isto está estabelecido de
uma forma consistente em todo o Novo
Testamento, desde o princípio até ao fim. Não
há mais nenhum princípio, que seja mais
consistentemente estipulado no Novo
Testamento do que este para atingir a
verdadeira fé; têm de seguir pelo caminho do
arrependimento. Têm de vivenciar essa
alteração interior da mente, seguida pela
vontade de alterar todo o vosso modo de vida.
Estarão talvez hoje lutando pela fé? Estão a
tentar acreditar? Já aconselhei, literalmente,
centenas de pessoas com vários tipos de
problemas espirituais, matrimoniais,
pessoais, e até emocionais.

43
E a minha conclusão é que provavelmente 50
porcento destes problemas, têm como origem
o fracasso dessas pessoas no que diz respeito
ao arrependimento. Elas estão tentando
acreditar, tentando levar uma vida Cristã,
tentando receber resultados de Deus, estão a
orar, vão à igreja, leem a sua Bíblia, e mesmo
assim os resultados não aparecem. Porquê?
Uma simples e clara razão, a de nunca se
terem arrependido. Como veem, têm de se
lembrar que a fé é um dom de Deus. Não podem
atingi-la a não ser que Deus vos dê essa fé. Isto
está registado com clareza por Paulo em
Efésios 2:8:

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;


e isto não vem de vós, é dom de Deus.

Então a fé é um dom de Deus. Deus pode dá-la


ou retê-la. E de acordo com os princípios
claros do Novo Testamento, vós não estais
qualificados para receber de Deus esse dom
da fé, o qual vos é necessário, se quiserem
tornar-se Cristãos verdadeiros a não ser que
se arrependam.

A fé é um dom de Deus, Deus pode dá-la ou


retê-la, vós não estais qualificados para
receber a fé a não ser que se arrependam.

Deixem pois que dê uma sugestão àqueles de


vós que estão em luta pela fé, lutando com
problemas emocionais, pessoais e

44
matrimoniais – verifiquem em que ponto está o
vosso arrependimento. Alguma vez se
arrependeram realmente? Alguma vez vieram
realmente até ao fim do vosso caminho,
fazendo as vossas próprias coisas, definindo
os vossos próprios padrões, reconhecendo
que o vosso caminho não é o de Deus,
pararam, deram a volta, enfrentaram Deus e
disseram, “Deus, peço perdão pela forma
como tenho vivido. Diga-me apenas o que quer
que eu faça e fá-lo-ei.” Digo-vos uma coisa,
uma pessoa que se tenha arrependido
verdadeiramente não tem lutas com Deus. Ela
apenas espera para ouvir e obedecer e verá
que Deus lhe dará o dom de fé. Esta ordem é
imutável na Bíblia. Não é primeiro a fé ou
somente a fé, mas primeiro o arrependimento
e depois a fé. Nos dias de hoje muitas pessoas
pensam que só a fé em si é que conta, e que
cada um acredita à sua maneira.

A verdade bíblica é que não há fé a não ser


baseada num ato consciente de
arrependimento.

45
Não Eu, mas Jesus o Cristo!
CAPÍTULO 4

“MAS EU NÃO PRECISO DE ME


ARREPENDER, POIS NÃO?”

No Capítulo 2 já expliquei a razão pela qual


todos nós precisamos de arrependimento, tal
como está registado em Isaías 53:6:

Todos nós andávamos desgarrados como


ovelhas; cada um se desviava pelo seu
caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos.

É esse, pois, o problema universal da raça


humana. Todos nós nos virámos para o nosso
caminho, o que é rebelião contra Deus. O
remédio para a rebelião é o arrependimento,
voltar para Deus, abandonar o nosso caminho,
e começar a percorrer o caminho de Deus.

Também vimos a ligação direta entre o


arrependimento e a verdadeira fé. Esta
mensagem é consistente em todo o Novo
Testamento, de modo que antes de podermos
exercer a verdadeira fé em Deus, temos de nos
arrepender primeiro. A ordem nunca muda em
sítio nenhum do Novo Testamento, desde a
mensagem de João Baptista diretamente para
a mensagem de Paulo ou até de Jesus para as
igrejas no livro do Apocalipse, o último livro do

47
Novo Testamento, a ordem é sempre primeiro
o arrependimento e depois então a fé.

E ainda, embora o ensinamento da escritura


respeitante ao arrependimento seja tão claro,
muitas vezes tenho encontrado pessoas,
geralmente religiosas, que não veem a sua
necessidade pessoal de arrependimento. Elas
tendem a usar algumas frases como estas,
“Não fiz nada errado. Sou tão bom como as
outras pessoas. Não vejo de que é que tenho
de me arrepender.” Vamos ver o que a
Escritura tem para nos dizer acerca de tais
declarações e de pessoas que pensam assim.

Numa certa altura convidaram-me para falar


acerca da carta aos Romanos. Tentei resumir
da melhor maneira o julgamento de Deus
sobre o comportamento humano, e li alguns
versículos:

Como está escrito: Não há um justo, nem um


sequer. Não há ninguém que entenda; Não há
ninguém que busque a Deus. Todos se
extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.
Não há quem faça o bem, não há nem um só.
Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus; (Romanos 3:10-12, 23)

Quando continuei e enfatizei que todos somos


culpados e que ninguém tem uma desculpa
(válida) perante Deus, uma senhora aproximou
se de mim e entrou em discussão comigo

48
acerca disto. Depois de algumas frases
introdutórias ela diz: “Sabe senhor Prince, eu
penso que…” Interrompi-a até algo
bruscamente e disse: “Não importa o que a
senhora pensa, nem o que eu penso. Importa o
que Deus diz…” Muitos de nós dão muito valor
ao o que “eu” penso – até se realmente
arrependerem. A Bíblia diz:

“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus


replicas? Porventura a coisa formada dirá ao
que a formou: Por que me fizeste assim? ”

Quem somos nós para entrar em discussão


com Deus? O apóstolo Tiago diz:

Por isso, rejeitando toda a imundícia e


superfluidade de malícia, recebei com
mansidão a palavra em vós enxertada, a qual
pode salvar as vossas almas. (Tiago 1:21)

Temos que rejeitar ou livrar-nos de toda


imundície e pecado ou como outras traduções
dizem: livrar nos do mau comportamento e da
maldade. Quando é que uma criança é mal-
comportada? Quando responde com falta de
respeito, quando contraria e diz: “Sim, mas, eu
acho…”

Um outro exemplo é o do homem que veio ter


comigo para conselho pastoral. Mais tarde
pensei que ele simplesmente precisou de
desabafar e que eu era o ouvido mais por

49
perto. Quando comecei a aconselhá-lo
baseado na Bíblia acerca da situação na qual
ele se encontrava, ele dizia constantemente:
“sim, mas…” Até eu dizer a ele: “enquanto
continuar a dizer, 'sim, mas…', a Palavra de
Deus não o poderá ajudar.”

Livre-se de toda maldade, livre-se do hábito de


querer ter a última palavra e aceite com
mansidão a Palavra de Deus plantada em si. A
semente não brotará se não lhe der espaço.
Far-lhe-á bem livrar-se do seu próprio
caminho, da sua opinião, da vontade, dos seus
critérios: isto é o que é arrependimento!

Falta de perdão

Voltando à Escritura, em Atos 17:30, na


mensagem de Paulo ao homem de Atenas. Ele
fala assim:

Mas Deus, não tendo em conta os tempos da


ignorância, anuncia agora a todos os homens,
e em todo o lugar, que se arrependam;

“Todos os homens em todo o lugar” inclui-vos!


E sou também incluído, não deixa ninguém
fora. Se estão a dizer, “Bem, não preciso de
arrepender me,” estão a contrariar Deus. Deus
diz que têm de se arrepender. Conseguem ver
como é um grande pecado querer corrigir
Deus, dizendo, “Deus, estás a falar-me de algo
que não preciso fazer.”? Esta é uma atitude

50
muito perigosa para se ter. Deus diz, “Tens de
te arrepender.” Eu preciso de me arrepender,
todos nós temos de nos arrepender. Como
sabem, a maioria das pessoas tem as suas
cegueiras. Há certas áreas nas suas vidas
onde têm por vezes grandes pecados ou falhas
que nem conseguem ver. É por isso que temos
de olhar para o espelho das Escrituras e ver o
que Deus mostra acerca de nós próprios ou
acerca do modo como nós nos vemos.
Vou dar-vos três exemplos de cegueira típicos
da vida das pessoas. A primeira é falta de
perdão. Uma passagem algo longa em Mateus
18 mostra isso (versículos 21-35):

Então Pedro, aproximando-se dele, disse:


Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas,
até setenta vezes sete. [Então Ele conta esta
parábola para ilustrar este princípio.]
Por isso o reino dos céus pode comparar-se a
um certo rei que quis fazer contas com os seus
servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe
apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
[em valor contemporâneo, eram alguns
milhões de dólares que ele devia.]; E, não
tendo ele com que pagar, o seu senhor
mandou que ele, e sua mulher e seus filhos
fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para
que a dívida se lhe pagasse. Então aquele
servo, prostrando-se, o reverenciava,
dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e
tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo,

51
movido de íntima compaixão, soltou-o e
perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele
servo, encontrou um dos seus conservos, que
lhe devia cem dinheiros [São apenas alguns
dólares no dinheiro de hoje], e, lançando mão
dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me
deves. Então o seu companheiro, prostrando-
se a seus pés, rogava lhe, dizendo: Sê
generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele,
porém, não quis, antes foi encerrá lo na prisão,
até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus
conservos o que acontecia, contristaram-se
muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o
que se passara. Então o seu senhor,
chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo
malvado, perdoei-te toda aquela dívida,
porque me suplicaste. Não devias tu,
igualmente, ter compaixão do teu
companheiro, como eu também tive
misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor
o entregou aos atormentadores, até que
pagasse tudo o que devia. [E este é o
comentário de Jesus:] Assim vos fará,
também, meu Pai celestial, se do coração não
perdoardes, cada um a seu irmão, as suas
ofensas.

Aplicando isto a nós: o primeiro servo


representa cada um de nós na nossa relação
com Deus, o nosso mestre. Temos para com
Ele uma imensa dívida – milhões de dólares –
os quais não temos esperança de poder a vir
pagar. Mas voltamo-nos para Deus e Ele com a
Sua misericórdia, perdoa nos toda a dívida.

52
Mas então o que fazemos nós em relação aos
outros? Saímos e quando encontrarmos
alguém que nos deva alguns insignificantes
dólares dizemos, “Não te vou perdoar. Tens de
me pagar. Não te oferecerei perdão.” Jesus
avisa-nos de que se lidarmos com os outros
dessa forma, então isso fará com que Deus
tenha de lidar assim connosco, que Ele reterá
o Seu perdão para connosco, porque nós
temos retido o nosso perdão para com os
outros.

Há três lições importantes para aprendermos


com esta parábola.

A primeira é que falta de perdão é malvadez. O


Senhor disse ao servo, “Servo malvado.”
Tenho pregado em grandes congregações de
Cristãos – às vezes com algumas centenas de
pessoas – quando pregava sobre a
necessidade de perdoar aos outros e
perguntava, no fim, quantas pessoas
reconheciam as suas necessidades de
perdoar, geralmente metade da congregação,
pelo menos, levantava as mãos. Eram pessoas
sinceras, religiosas, mas aparentemente
ainda com ressentimentos, amargura e falta
de perdão nas suas vidas. Tinham esta
cegueira, mas através do espelho da Palavra
de Deus reconheceram o terrível pecado de
falta de perdão que havia nas suas vidas.

53
Não se tinham apercebido das terríveis
consequências que isto (o não perdoar)
implicaria para eles.

A segunda lição é que a falta de perdão atrai a


ira de Deus. O mestre ficou zangado com
aquele servo. O não perdoar coloca-nos fora
de Graça de Deus e assim entrega-nos à lei e
ao julgamento.

A terceira lição é que o não perdoar nos põe


nas mãos de atormentadores.

Durante muitos anos da minha vida como


pregador, eu perguntava-me porque tantos
Cristãos passavam por tantas formas de
tormento – espiritual, mental, emocional e
físico. Pensei, “Como pode ser isto?” E então
Deus mostrou-me este princípio. Se não
perdoarem aos outros, o meu julgamento
sobre eles será entregá-los nas mãos dos
atormentadores, e ninguém os pode tirar de lá,
até que se submetam às Minhas condições de
perdoarem os seus semelhantes. Quando
encontramos a palavra tormento ou
atormentadores na Bíblia pensamos
normalmente logo no castigo final no inferno.
Apesar de falta de perdão pôr em risco a
salvação da alma, no fundo é que o tormento,
causado por isto, já começa nesta vida.
Pessoas amargas e zangadas têm uma vida de
tristeza (pranto), deceção, frustração e dores
(ranger de dentes). Ninguém te poderá libertar

54
das mãos dos atormentadores – poderes
espirituais que te torturam mental e até
fisicamente – até teres cumprido as condições
de Deus: perdoa o teu semelhante. Conheço
médicos de família que em casos específicos
prescreveram: 'perdão' como medicamento
contra dores e doenças crónicas. À luz de
Bíblia – uma receita perfeita!

Omissão

Outra cegueira é o que eu chamaria de


“pecados da omissão”. Leiam o que Tiago diz
no capítulo 4:17:

Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz,


comete pecado.

Por vezes somos pecadores não por termos


feito algo, mas por não termos feito nada.
Quando eu era responsável por treinar
estudantes Africanos, em África há alguns
anos atrás, costumava contar lhes esta minha
parábola. Falava-lhes de dois homens. Um
homem estava sem trabalho, e a sua mulher e
os seus filhos estavam a morrer de fome, e
então ele saiu e foi roubar pão para alimentar
a família.

E eu perguntava-lhes, “foi isto um pecado?


Roubar foi pecado?” E eles respondiam, “sim”.
Eu disse que havia outro homem, e geralmente
exemplificava-o como sendo um professor

55
porque os meus alunos ambicionavam tornar-
se professores. Ele usava o seu melhor fato e
caminhava atravessando uma ponte sobre um
rio e viu uma criancinha a cair à água e a
afogar-se. Ele podia ter saltado para salvar a
criança, mas não quis estragar o seu belo fato.
Assim deixou a criança afogar-se. Eu
perguntava, “foi isto um pecado?” Claro que
todos disseram, “sim”. E eu perguntava de
novo, “Bom, o que é que ele fez?” E eles
respondiam, “Nada.” E eu novamente dizia,
“Aqui está, como podem ver, por vezes não
fazer nada é um terrível pecado.” Pois ele sabe
o bem que deve praticar e não o faz. Isso é
pecado. E os meus alunos concordavam
sempre comigo: que o homem que roubou o
pão para alimentar os seus filhos esfomeados
foi muito menos pecador do que o homem que
não quis estragar o seu fato novo para salvar
uma criança.

Poderão ser como essa pessoa? Num mundo


em que todos se estão afogando à vossa volta,
onde há necessidades desesperadas,
necessidades espirituais e materiais. Estão
apenas a preservar os vossos fatos novos,
andando por aí na vossa autojustiça? Talvez
Deus nunca conseguiu mostrar-vos o pecado
que isto é.

56
Auto justiça

O terceiro caso típico de cegueira que quero


abordar apenas brevemente, é auto justiça ou
farisaísmo. Leiam esta parábola de Jesus em
Lucas 18:9-14:

E disse também esta parábola a uns que


confiavam em si mesmos, crendo que eram
justos, e desprezavam os outros: Dois homens
subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o
outro, publicano. [O Fariseu era um homem
religioso; o coletor de impostos era um
pecador que todos desprezavam.] O fariseu,
estando em pé, orava consigo desta maneira
[como é típico e egoísta]: Ó Deus, graças te
dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda
como este publicano. Jejuo duas vezes na
semana, e dou os dízimos de tudo quanto
possuo. O publicano, porém, estando em pé,
de longe, nem ainda queria levantar os olhos
ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus,
tem misericórdia de mim, pecador! [E é este o
comentário de Jesus:]
Digo-vos que este [coletor de impostos]
desceu justificado para sua casa, e não aquele
[o fariseu]; porque qualquer que a si mesmo se
exalta será humilhado, e qualquer que a si
mesmo se humilha será exaltado.

O pecado básico do Fariseu foi o orgulho. Ele


estava tão satisfeito com a sua própria
religião, as suas práticas religiosas, a sua auto

57
justiça. E o que era típico nele é que ele tinha
o seu conjunto de regras que ele cumpria.
Eram regras tiradas da palavra de Deus, mas
era um conjunto muito incompleto. Tinham
sido adaptadas para sua própria
conveniência. Havia certas coisas que ele
fazia, mas havia outras que ele não fazia.
Baseava a sua justiça nisso. Sabem como isto
é típico das pessoas religiosas. Há multidões
de pessoas religiosas cuja justiça consiste em
manter um conjunto de regras da sua própria
escolha. Será que é um deles? Percebe que
isto não é aceite por Deus? É um problema
mesmo grave quando se é cego neste ponto de
auto justiça!

Numa certa altura estava numa igreja


pentecostal na América, falando numa sexta-
feira à noite acerca de libertação de
demónios. Um dos ouvintes era a esposa do
pastor e ela não aceitava muito bem o que eu
estava ensinando. Muito mais tarde ela
contou-me que na altura sentia-se capaz de
me 'matar'. “Odiava-te do fundo do meu
coração, só me apetecia levantar e sair”,
disse-me ela. No sábado de manhã dava um
estudo Bíblico na mesma congregação, e ela
estava novamente presente. O estudo Bíblico
não tinha nada a ver com libertação, mas no
fim da reunião a senhora veio ter comigo e
disse: “Senhor Prince, eu preciso de
libertação”. Entretanto tinha aprendido que
desespero é um requisito prévio para a
libertação, então disse-lhe: “Isto é bom,

58
libertação é para pessoas desesperadas, quer
dizer se for desesperada Deus virá ajudar.” A
senhora enfatizou: “preciso libertação agora”.
Eu só disse: “Louvado seja o Senhor!”, mas
não lhe ofereci ajuda. Assim a senhora dirigiu-
se para o palco, ajoelhou-se e começou a orar.
A oração dela tornou-se cada vez mais alto,
até toda a igreja conseguiu ouvir o que ela
disse. As palavras dela surpreenderam-me:
“Não há nenhuma gota de sangue azul nas
minhas veias. Não há nenhuma GOTA de
sangue azul nas minhas veias. Não há
NENHUMA GOTA DE SANGUE AZUL nas
minhas veias!”. Britânico que sou, estou
habituado ao orgulho dos britânicos, mas não
sabia que isto, também na América poderia
estar tão presente, quer dizer, escutei
impressionado pela maneira dela orar.

Ela teve um encontro pessoal com Deus lá no


palco. Ninguém orou por ela, nem eu. Mais
tarde ela contou-me: “sempre fui educada com
o pensamento que os meus antepassados
tinham vindo à América com o “Mayflower” (o
navio que partiu da Inglaterra em direção às
Américas em 1620, transportando mais de 100
passageiros, que ficariam conhecidos como
Padres Peregrinos, e que pertenciam aos
fundadores da América). Pensei que era
alguém especial. Eu tinha uma história
especial, pela qual me sentia superior aos
outros. Mas enquanto falou, senti como Deus
me apontou o meu orgulho.” Deus colocou o
Seu dedo em algo que criou uma barreira entre

59
Ele e ela. O orgulho dela no seu passado, na
sua ascendência. Deus levou esta orgulhosa
senhora batista para uma igreja pentecostal,
aonde Deus expôs este orgulho perante todos
os ouvintes presentes. Mas enquanto ela fez
isto, recebeu imediatamente libertação e o
jugo de inacessibilidade e orgulho sobre a vida
dela foi quebrado.

Em Lucas 11:20 Jesus disse:

Mas, se eu expulso os demónios pelo dedo de


Deus, certamente a vós é chegado o reino de
Deus.

Paralelamente, em Mateus 12:28, Ele disse:

Mas, se eu expulso os demónios pelo Espírito


de Deus,….

Daqui aprendemos que o Espírito de Deus é o


dedo de Deus. O Espírito não é como uma mão
grande que cobre uma área grande. Não, Ele é
como um dedo, que somente aponta aquela
coisa que tem que ser tocada. Quando o
Espírito tocar a área de rebelião na nossa vida
e nós nos humilharmos perante Ele, virá a
inovação. A partir daí Deus pode novamente
indicar-nos o rumo certo. Na vida de todos há
coisas que Deus quer remover. Ele quer tocar
em áreas nas nossas vidas, no nosso carácter,
com o Seu dedo, o Espírito Santo. Não precisa

60
ser algo grande, mas é a tal coisa. A Bíblia
disse:

Porque qualquer que guardar toda a lei, e


tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado
de todos. (Tiago 2:10)

Talvez estejamos completamente disponíveis


para obedecer a Deus, menos naquela área –
assim estamos em rebelião contra Deus e
temos de nos arrepender. Deixe que o dedo de
Deus lhe aponte as cegueiras na sua vida,
assim poderá arrepender se e verá melhor!

61
Não Eu, mas Jesus o Cristo!
CAPÍTULO 5

UMA IMAGEM DO VERDADEIRO


ARREPENDIMENTO

Olhemos agora para uma imagem muito bonita


do verdadeiro arrependimento; o que é para
mim uma das mais belas e comoventes histórias
de toda a Bíblia. É uma parábola, mas é uma
história muito vívida. Encontra-se em Lucas
15:11-24. É geralmente chamada a parábola do
Filho Pródigo, mas no fundo aqui há dois filhos
e ambos com um papel importante nesta
história.

E disse: Um certo homem tinha dois filhos; E o


mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a
parte dos bens que me pertence. E ele repartiu
por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o
filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma
terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens,
vivendo dissolutamente. E, havendo ele
gastado tudo, houve naquela terra uma grande
fome, e começou a padecer necessidades. E
foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela
terra, o qual o mandou para os seus campos, a
apascentar porcos. E desejava encher o seu
estômago com as bolotas que os porcos
comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando
em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai
têm abundância de pão, e eu aqui pereço de
fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e
dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;

63
Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze
me como um dos teus jornaleiros. E, levantando
se, foi para seu pai; e, quando ainda estava
longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima
compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao
pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai,
pequei contra o céu e perante ti, e já não sou
digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse
aos seus servos: Trazei depressa a melhor
roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão,
e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado,
e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; Porque
este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se
perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-
se.

É a mais bela imagem que eu conheço do


verdadeiro arrependimento.
O filho que voltou as costas ao seu pai e à sua
casa, reclamou a sua herança, foi-se embora e
gastou-a. Viu-se na vergonha, na pobreza, em
situação de extrema necessidade, e então
tomou no seu intimo aquela decisão vital:

“Levantar-me-ei e voltarei para o meu pai.”

Isto é verdadeiro arrependimento – a decisão


interior de mudança. Sabemos que foi
verdadeiro arrependimento, porque no
versículo a seguir diz, “Então, levantou-se e
foi.” Ele tomou a decisão interior. Ele
transformou-a numa ação exterior, e esse foi o
ponto de viragem na sua vida. Foi onde o
caminho descendente terminou, e o caminho de

64
regresso à paz e ao lar e a prosperidade abriu-
se para ele.

No versículo 12, podemos ler que o filho mais


novo disse ao pai, “Dá-me a minha parte da
herança.” Ele era como tanta gente de hoje. Ele
queria os seus direitos. Sabem o que descobri?
Que as pessoas que exigem os seus direitos
geralmente acabam em erro. Essa atitude - “Dá
me a minha parte. Dá-me o que me é devido.” É
um ponto de partida para o caminho errado.
Cuidado amigos, uma atitude reivindicativa
causar-lhe-á grandes problemas. Então está
escrito acerca do filho: tornando em si [ou
como na tradução NVI] caindo em si. No meio
da sua vergonha, pobreza, repentinamente viu
a realidade. Tinha vivido num mundo de sonho.
Ele tinha tido imagens românticas sobre o que
a vida lhe iria oferecer.
Tantos e tantos jovens de hoje são assim.
Formam uma falsa impressão nas suas mentes,
daquilo que a vida tem para oferecer e onde
encontrar a verdadeira felicidade. E por vezes,
é uma longa e difícil estrada até chegarem ao
ponto de cair em si próprios e virem ao
arrependimento. Reparem na decisão do filho,
“Levantar-me-ei.” Gosto destas palavras,
“levantar-me-ei.” Ele não diz que derramou
muitas lágrimas, ou que correu em direção ao
altar de uma igreja. Mas tomou uma decisão
interior; “Levantar-me-ei,” e pôs-se em ação,
ele foi de volta para o pai! Isto é
arrependimento! É tão bom saber que, baseado
no que Jesus fez por nós na Cruz, em qualquer

65
momento da nossa vida – não importa quão
fundo no poço estamos ou quantas vezes já
caímos – podemos tomar esta decisão:
“levantar-me-ei…”.

Repara também como o arrependimento dele


inclui verdadeira humildade. Ele estava
disposto dizer ao pai: Já não sou digno de ser
chamado teu filho; faze-me como um dos teus
jornaleiros (empregados). Levantou-se e foi;
deu à vida uma volta de 180 graus. Ele tinha
voltado as costas ao pai e ao seu lar, voltou
agora as costas para os porcos e a sua face
para o seu pai. Deus não pode verdadeiramente
avançar connosco enquanto não chegarmos a
este ponto – a confrontação com a verdade.

Deus não pode verdadeiramente avançar


connosco enquanto não chegarmos a este
ponto – a confrontação com a verdade.

É o momento em que vemos as coisas como


verdadeiramente são, incluindo a verdade
sobre nós mesmos – os erros que cometemos,
as mentiras que começámos acreditar, a base
errada da nossa atitude. No meio cristão há
tanta coisa abafada com clichés religiosos. Não
somos honestos connosco próprios, porque
temos para tudo palavras religiosas bonitas
que fazem as situações aparentar diferentes.
Dizemos coisas como: “Jesus te ajudará”, mas
não é sempre assim. Deus quer lidar com certas

66
coisas na tua e na minha vida, mas fará isto
sempre baseado no arrependimento.

Faz-me lembrar a história de um amigo nosso, na


altura que vivíamos na Florida. Este amigo vivia
num outro estado, tinha um bom emprego e era
alguém com muito talento. Num certo momento
ele esteve à beira dum colapso total pelo facto
ter perdido o emprego. Em desespero voltou-se
para Deus, aceitou o Jesus Cristo como seu
Senhor e foi salvo. Mesmo assim a sua vida
continuou uma ruína; em muitas áreas ele tinha
perdido a orientação e o arrependimento em si
só não o fez encontrar o rumo certo. Mudou-se e
chegou assim a viver perto de nós. Ele abriu um
consultório e entretanto vinha com frequência
falar connosco juntamente com a esposa. A
situação em casa não era feliz. Tinham uma filha
com a qual o relacionamento não era bom.
Estavam a ver como a rapariga escolheu um
caminho que não era bom para ela. Ao mesmo
tempo ele não ganhava o suficiente com o seu
novo consultório. Trabalhava muito mas
também fazia muitas dívidas e ficou cheio de
problemas. Um certo dia telefonou-me e disse
que queria falar comigo e com a minha esposa.
Eu estava bastante ocupado e no fundo não
tinha tempo, mas algo na voz dele fez-me querer
recebê-lo. Ele veio com a sua esposa e falando
chegámos a uma certa situação do passado, da
qual Deus lhe pediu para endireitar. O Espírito
Santo veio sobre ele, e ele rendeu-se. Era um
homem novo, forte e inteligente mas ele chorou
como uma criança pequena nos meus braços. E

67
Deus limpou esta situação (barreira) que tinha
havido até ali entre ele e Deus. Dentro de uma
semana toda a sua vida tomou rumo. Pouco
tempo depois ele mudou-se de novo, abriu um
novo consultório, a filha deles voltou para o
caminho certo… e num espaço de três meses
esta família foi transformada por completo.
Mas tudo começou naquele momento em que ele
permitiu a Deus limpar aquela situação
específica que ele até lá tinha escondido e
recusado a endireitar. Agora encontrou de novo
o caminho de volta para o plano de Deus para a
sua vida. Ele foi abençoado na sua família, no
seu trabalho e estava feliz e livre. Como conheci
algo do seu passado, tinha visto como Deus
estava a mexer com ele. Quando ele queria ir
para a esquerda, Deus empurrava-o para a
direita e quando ele se conformava com esta
direção, Deus obrigava-o novamente para a
esquerda… Deus assim o fez chegar a um ponto
de onde ele já não tinha mais saída. Ele já não
podia dar a volta a tal situação. Quando ele
expôs o assunto em público e se rendeu, foi
claro que era mesmo só isto o que Deus lhe
pediu: reconhecimento (do que estava mal) e
rendição.

É daquela maneira que Deus lida connosco.


Tenho acompanhado muitas pessoas
pastoralmente e tenho visto que há sempre um
ponto no qual alguém se opõe a Deus. Há a tal
coisinha que as pessoas não querem confessar,
aquele ponto em que não querem mudar, aquele
requisito que não querem cumprir. Aí Deus não

68
pode avançar connosco. Deus não entra em
negociação connosco.

Deus não entra em negociação connosco.

Não podemos chegar a um acordo com Deus. Há


só uma coisa a fazer; rendição(entrega),
obediência… arrependimento. Mesmo assim
Deus deixa a escolha para nós – Ele continuará
a incentivar-nos por causa do Seu amor por nós,
mas a decisão de nos entregar, é nossa.

Voltando à história do filho pródigo. Este jovem


nesta parábola chegou ao ponto de não ver mais
saída, tomou uma decisão: “fui um parvo e
estava mal, não vou fingir o contrário e voltarei.”
Ele de antemão decidiu o que dizer: “Pai,
pequei… não foste tu que eras demasiado
rigoroso, limitado ou religioso. Eu próprio
estava mal! E já não sou digno de ser chamado o
seu filho. Aceita-me como um dos teus
empregados.” Quando alguém se arrepender
verdadeiramente e lhe é pedido para limpar o
chão, ele limpa o chão. Alguém assim não
começa a discutir, não diz: “oh Deus, eu valho
mais que isto pois não?” Claro é possível que
quem o rodeia – tal qual o pai na história – reage
com graça e recebe o pecador arrependido com
festa e o honra de novo, mas a atitude típica da
pessoa que se arrepende é: não importa o que
os outros pensam.
Então o filho volta para o pai. Vejam só a reação
bonita do seu pai. E vejam bem a bela resposta

69
do pai. Quando ainda estava longe, o seu pai viu-
o. Como pôde ser isso? Penso que talvez o pai
descesse todos os dias e procurasse para ver se
o seu filho estava voltando. Está escrito que o
pai se encheu de compaixão. A palavra Grega
usada aqui, refere-se aos intestinos, ao nosso
interior, o centro das nossas emoções. O pai
dele reagiu de imediato e do mais fundo do seu
ser. Ele correu ao encontro dele lançou-se-lhe
ao pescoço e beijou-o. O pai sempre ansiou por
ele, mas não podia fazer nada até o filho dar o
primeiro passo de arrependimento.
Nunca foi atrás dele para trazê-lo. Com todo o
seu amor, teve de esperar até o filho tomar a
decisão correta e voltar por si próprio. E então
que grande explosão de boas vindas que ele
teve! O jovem disse: “Pai, pequei contra o céu e
diante de ti; já não sou digno de ser chamado
teu filho” mas o pai não o deixa dizer o resto. O
rapaz tencionava dizer: “trata-me como um dos
teus empregados”, mas antes de ele acabar a
frase, o pai dirigiu-se a ele como sendo o filho
honrado e querido da família.
É assim que Deus responde ao pecador
arrependido. Ele não continua a culpar-nos
pelos nossos pecados, não nos fala de todo o
dinheiro que desperdiçámos. Ele dá-nos
simplesmente o melhor que tem: a melhor
roupa, o anel, os sapatos nos nossos pés, o
bezerro cevado. Posso dizer isto: vale a pena
arrepender-se! Quem não se arrepende, perde
muito! De facto quem não se arrepende perde
as coisas verdadeiramente importantes da
vida.

70
Quem não se arrepende perde as coisas
verdadeiramente importantes da vida.

Leiamos o resto da parábola, quero que


vejamos a reação, agora do outro filho, o mais
velho. É assim que está em Lucas 15:25-32:

Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e


quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu
a música e as danças; e chegando um dos
servos, perguntou-lhe que era aquilo.
Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu
pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu
são e salvo.
Mas ele se indignou e não queria entrar.
Saiu então o pai e instava com ele. Ele, porém,
respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te
sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu;
contudo nunca me deste um cabrito para eu me
regozijar com meus amigos; vindo, porém, este
teu filho, que desperdiçou os teus bens com as
meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás
comigo, e tudo o que é meu é teu; era justo,
porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos,
porque este teu irmão estava morto, e reviveu;
tinha-se perdido, e foi achado.

O filho mais velho chega a casa um pouco mais


tarde e está zangado pelo facto do pai ter aceite
de novo este filho que desperdiçou tanto da sua
vida. O problema do irmão mais velho era: auto
justiça. Ele pensava que tinha estado sempre a

71
fazer as coisas corretas. No entanto nesta
situação, quando o irmão mais novo voltou para
casa, o que foi exposto do seu caráter? –
Rebelião. No seu coração tem uma atitude
rebelde para com o seu pai. Apesar da
aparência correta, no fundo ele é rebelde e
mostra pouco respeito pelas escolhas do seu
pai. Ele até o repreendeu. Também se vê isto
acontecer muitas vezes na igreja. Há pessoas
que voltam para Deus das quais nunca
imaginávamos possível, mas em vez de serem
recebidas com um simpático “Bem-vindo à casa
do Pai”, são recebidas com frieza, no fundo por
causa dum sentimento de julgamento por
pessoas que se pensava que iriam ficar
contentes. Muitas pessoas religiosas precisam
tanto do arrependimento como os pecadores
do mundo. Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas, cada um se desviava pelo seu
caminho; … (Isaías 53:6) e não raramente um
caminho religioso. Temos as nossas próprias
regras e maneiras. É muitas vezes mais difícil
para uma pessoa religiosa se arrepender do
que para alguém que não pratica nenhuma
forma de religião. Que maneiras especiais Deus
tem de pôr as coisas a nu, as que estão
realmente nos nossos corações e vidas que
muitas vezes são tapadas com uma aparência
exterior de justiça e obediência. Reparem
novamente na atitude particular do pai
enquanto responde ao filho mais velho: “Meu
filho,” disse o pai, “estiveste sempre comigo. E
tudo o que eu tenho é teu. Mas tivemos de
celebrar e mostrar a nossa alegria porque este

72
teu irmão que estava morto e está novamente
vivo. Estava perdido e foi encontrado.” Oh, que
maravilhoso conhecimento da natureza
humana, naquela história. Vejam como o irmão
mais velho descreveu o mais novo. Ele disse ao
pai, “Este teu filho…” Mas o pai disse, “Este teu
irmão…” E assim disse, não te esqueças que ele
não é só meu filho, é o teu irmão.
Tens de ter uma atitude correta para com o teu
irmão, se quiseres ter uma atitude correta com
o teu pai. Quanto podemos aprender aqui
como cristãos! Quantos de nós precisam de se
arrepender por uma atitude errada para com
os nossos irmãos, a qual no fundo põe a nu a
nossa atitude interior de rebelião para com
Deus nosso Pai!

73
Não Eu, mas Jesus o Cristo!

74
CAPÍTULO 6

O NOVO NASCIMENTO

Agora que já temos uma boa ideia acerca do


arrependimento, avançamos com o tema no
fundo interligado a ele: o Novo Nascimento. Em
João 3 lemos uma passagem, na qual Jesus é
bem claro acerca do Novo Nascimento:

E havia entre os fariseus um homem, chamado


Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de
noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem
sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque
ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se
Deus não for com ele. Jesus respondeu, e disse-
lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um
homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te
digo que aquele que não nascer da água e do
Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O
que é nascido da carne é carne, e o que é
nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes
de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz,
mas não sabes de onde vem, nem para onde vai;
assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
(João 3:1-8)

Por três vezes nestes versículos, Jesus enfatiza


esta experiência, o “novo nascimento”, o ser

75
“nascido de novo”. Ele diz, “Se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”
Não pode então entrar no reino de Deus. E
assim, “Não se admirem com o que eu vos disse,
pois têm de nascer de novo.”
Acredito que foi inspiração das Escrituras o
facto de que esta conversa de Jesus, como está
aqui registada, aconteceu com Nicodemos.
Porque, se alguma vez houve um homem bom,
cuja religião e posição no mundo lhe poderia ter
garantido um lugar no céu, esse homem foi
Nicodemos. Ele foi um homem religioso, um
Fariseu. Era um homem muito educado, e foi
professor. Ele tinha uma alta posição social, era
um governante, e membro de uma raça que
tinha sido escolhida por Deus para abençoar o
mundo, a raça Judaica. Resumindo, ele era
religioso, educado, da alta sociedade, Judeu
por nascimento. E mesmo assim, foi exatamente
a este homem que Jesus deu ênfase à
necessidade do novo nascimento.

Agora, Jesus usa, tal como as Escrituras, uma


série de expressões diferentes. (Nem em todas
as traduções isto fica claro) A palavra que foi
traduzida “de novo” significa literalmente “de
cima” e é usada algures no Novo Testamento,
com o significando “desde o princípio”. E, numa
outra parte das Escrituras, encontramos a
expressão “nascido do Espírito”. Juntaremos
agora estas expressões para ficarmos com uma
ideia mais completa.

76
--“Nascido outra vez,” ou pela segunda vez, um
segundo nascimento.
--“Nascido de novo,” um novo começo.
--“Nascido de cima,” algo que desce dos céus.
--“Nascido do Espírito,” um nascimento ou
experiência espiritual.

Quer dizer, assim estamos a falar dum segundo


nascimento que significa um novo começo, o
qual vem dos céus e que implica uma
experiência espiritual.

Jesus disse que isto é essencial. Não há


caminho para o céu que não seja através do
novo nascimento.

Não há caminho para o céu que não seja


através do novo nascimento.

Nicodemos, apesar de todas as suas


qualificações, não conseguia de modo algum,
compreender o que Jesus falava. Ele disse,
“Como pode um homem nascer de novo? Pode
entrar de novo no útero de sua mãe e nascer?”
Estava pois a pensar em termos de um
nascimento natural, voltando para o útero de
sua mãe. Jesus respondeu, que isto era um
nascimento da carne, e que produzia carne.

Mas que estava agora a falar acerca de um


nascimento do Espírito, do qual o resultado é
espiritual. E Ele fez esta distinção, “Aquele que
nascer da carne, é carne. Aquele que nascer do

77
Espírito, é espírito.” E então com ênfase disse,
“…o necessário é mesmo nascer de novo…”
Com o objetivo de ajudar Nicodemos a
compreender o que Ele está dizendo, deu-lhe
um exemplo de coisas naturais. Disse, o vento,
não o vês; ninguém alguma vez viu o vento.
No Grego, a palavra “vento” é também a palavra
para sopro, a palavra para espírito, pneuma,
pode ser traduzida por vento, sopro ou espírito.
Assim quando Jesus fala do vento, usa vento
como padrão, ou a imagem do Espírito Santo na
natureza. Diz, o “vento sopra onde quer.”
Ninguém pode controlar o vento. Ninguém pode
dizer ao vento para soprar aqui ou ali.

Não podem ver o vento, mas podem ouvir o seu


som. E quando ele vem, não sabem de onde
veio, nem para onde vai. Mas, quando o vento
sopra, há evidências de que está a soprar.
Saem num dia ventoso, olham para o céu, e as
nuvens estão todas correndo numa direção. As
árvores estão todas vergadas na mesma
direção. As suas folhas abanam. As folhas
caem; são todas sopradas para a mesma
direção. Há pó nas ruas, é soprado e voa. Tudo
indica, para onde quer que olhem, de que o
vento está em atividade. Não podem ver o
vento, mas podem ver os resultados da sua
atividade.
Então Jesus disse, “E assim é com todos os que
nascem do espírito.” O Espírito por Si próprio é
invisível, não O podem prender. Não podem
fazê-Lo trabalhar conforme as vossas regras.
Ele não obedece a regras religiosas, mas

78
quando está em atividade podemos observar as
evidências. Não veem o Espírito, mas veem a
evidência Dele. As coisas que Ele faz são a
evidência de que ele está laborando. Temos de
ter isto em mente. Um pouco mais adiante,
veremos mais claramente o tipo de evidências.

O Espírito Santo não obedece a regras


religiosas.

Esta experiência é essencial, Jesus, o


verdadeiro Autor e Fundador da Fé Cristã,
declara enfaticamente que ninguém pode ver
ou entrar nos céus, fora desta experiência. Se
nos intitulamos Cristãos, ou se levarmos os
ensinamentos de Jesus a sério, é obviamente
da maior importância perguntarmos a nós
próprios; como pode um homem voltar a
nascer? O que é preciso fazer para se nascer
de novo, nascer de cima, nascer do Espírito?
Tenho conhecido centenas e centenas de
membros de igrejas e Cristãos professos que
nunca conseguiram dar qualquer resposta
adequada a esta questão – Como pode uma
pessoa nascer de novo?
Para responder de acordo com a Escritura,
quero voltar ao evangelho de João, primeiro
capítulo e ler os versículos 11,12 e 13. Falando
de Jesus, no versículo 11 está escrito:

Veio para o que era seu, e os seus não o


receberam.

79
Acredito que “o que era seu” se está referindo
ao povo Judeu. Ele veio como Judeu para o seu
próprio povo, nasceu e foi educado como Judeu
e cumpriu a lei como Judeu. Mas no seu todo,
como povo, não O receberam. Assim o próximo
versículo traz a questão ao nível mais individual,
a resposta individual:

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o


poder [mas uma melhor tradução seria
“autoridade”] de serem feitos filhos de Deus,
aos que creem no seu nome;
O versículo 13 sintetiza o resultado do versículo
12: Os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus.

Agora, se retirarmos a parte do meio do


versículo 13, ficamos com a declaração de que
estas pessoas nasceram de Deus. E isso dá-nos
mais uma expressão para o novo nascimento:
“nascido de Deus.” Assim, temos agora cinco
formas diferentes de descrever a mesma
experiência:

Nascido outra vez, nascido de novo, nascido de


cima, nascido do Espírito, nascido de Deus.
Estes versículos, em João 1:12-13 são tão
importantes porque nos revelam o caminho a
seguir. O que é que uma pessoa deve fazer para
poder receber o novo nascimento – para nascer
de Deus? O versículo 12 diz-nos – “Mas, a todos
quantos O [Jesus Cristo] receberam, aos que
creem no Seu nome, deu-lhes o poder

80
[“autoridade, privilégio, oportunidade”] de se
tornarem filhos de Deus.” Isto é uma transação
de fé; é através de acreditarmos no Seu nome.
O resultado é: eles “nasceram de Deus.” Qual o
caminho para uma pessoa se tornar um filho de
Deus? O que traz o novo nascimento à vida da
pessoa? A resposta é muito clara, muito
simples e ao mesmo tempo muito importante:
receber Jesus Cristo. Mesmo assim, hoje
encontro milhares e milhares de membros da
igreja que se intitulam Cristãos, que não sabem
o que é recebê-Lo, Jesus Cristo, através de
uma experiência pessoal.
Na verdade, durante muitos anos, eu próprio
encontrava-me nessa categoria. Fui educado
na igreja do estado na Bretanha, batizado em
bebé, fiz a confissão de fé (crisma), fui à igreja
com frequência, por muitos anos todos os dias
(quando frequentei a escola e o colégio).
Repeti o Credo, disse as orações e até li as
lições na igreja, mas nunca O tinha recebido,
Jesus Cristo. Tinha tentado ser Cristão, e falhei
miseravelmente.
Quanto mais tentava, mais falhava. Deixem-me
dizer-vos que ninguém pode ser Cristão por
tentativas ou com esforço. As tentativas não
vos levarão lá.

Ninguém pode se tornar cristão


esforçando-se.

Finalmente, o meu falhanço foi tal, que desisti


de tudo e decidi que o Cristianismo não era
para mim. Conheci Jesus no plano intelectual.

81
Acreditei em Jesus, mas na prática houve uma
coisa que faltou. Eu nunca tinha recebido Jesus
pessoalmente. Receber Jesus não é um
sacramento, não é uma ordenança, é sim uma
transação pessoal e direta entre Cristo e a
pessoa. E é esta transação que nos traz o novo
nascimento. “Tantos quantos O receberam,
(João 1:12, KJV) nasceram de Deus.” Somente
aqueles que O receberam, mais ninguém, mas
todos aqueles que O receberam nasceram de
Deus.

O apóstolo João no versículo 13 elimina outras


possibilidades. Ele diz quais as coisas que não
são iguais ao novo nascimento. E vale a pena
olhar com uma certa atenção para isso. Não é
“de sangue”. Por outras palavras, não é uma
descendência física natural. Os vossos pais não
vos podem fazer Cristãos. Os vossos pais
podem ser os melhores Cristãos do mundo, mas
o novo nascimento não é transmitido de pais
para filhos, por herança natural. Não é “do
sangue”. Em segundo lugar, não está na
“vontade da carne.” Não é o resultado de
alguns apetites ou desejos carnais. Não é uma
expressão do desejo carnal. E em terceiro
lugar, não tem a ver com a “vontade do
homem”. Não é por força de vontade humana.
Não podem tornar-se Cristãos exercendo a
vossa vontade de fazer o que Deus requer. Ser
bonzinho, manter os mandamentos, ir à igreja,
todo esforço da vontade humana não dá
resultado, não traz o novo nascimento. Há só

82
uma forma de se experimentar o novo
nascimento: recebendo O, Jesus Cristo.

Há só uma forma de se experimentar o novo


nascimento: recebendo-O, Jesus Cristo.

É uma transação pessoal, entre a pessoa e


Jesus Cristo. E quando uma pessoa abre o seu
coração pela fé, a Jesus Cristo, e convida
Cristo a entrar e tomar o controlo da sua vida, e
aceitar o domínio de Jesus Cristo sobre a sua
vida, então o Espírito Santo, o espírito de Deus
estabelece o “novo nascimento.” O vento
sopra!
Hei de sempre lembrar-me, há alguns anos em
Londres, Inglaterra, quando eu estava
pastoreando uma congregação, uma senhora
jovem chegou da Dinamarca. A minha esposa é
dinamarquesa por nascimento, e nós tínhamos
um número razoável de pessoas da Dinamarca,
que vieram visitar-nos na nossa casa. Esta
jovem mulher era uma boa Luterana
Dinamarquesa; um membro da Igreja Luterana
do Estado da Dinamarca, uma mulher virtuosa
e com moral. Ela não sabia nada, o que quer que
fosse, sobre o novo nascimento. Um dia
começámos a falar sobre o novo nascimento,
ela arregalou os olhos, e consegui ver o
interesse a crescer nela. E ela disse, “bem
nunca ouvi falar nisto, jamais alguém me
ensinou acerca disto.” Ela perguntou, “Como
pode uma pessoa voltar a nascer?” E eu
comecei a explicar-lhe os ensinamentos de

83
Jesus em João 3, e a seguir em João 1, acerca
do ato de receber Jesus pessoalmente. Disse-
lhe que é algo que não se pode ver, mas quando
se faz, o Espírito de Deus vem para a nossa vida
e é como o vento. Não se consegue ver o vento,
mas pode-se ver os resultados do que o vento
faz. Não se pode ver o Espírito, mas conseguem
ver-se e sentir os resultados do que o Espírito
faz. Então sabe-se que o Espírito está a laborar.
Perguntei-lhe claramente e sem rodeios,
“Queres nascer de novo?” e ela disse, “Sim,
quero.” Então dei-lhe instruções, o mais
detalhado que pude. Evidenciei o ponto da
compreensão clara da Palavra de Deus, e a
vontade de agir sobre ela. Perguntei-lhe, “Será
que se ajoelharia comigo?” Estávamos na
nossa sala. “diga esta pequena e simples
oração depois de mim.” Conduzi-a numa oração
a Jesus Cristo, confessando os seus pecados,
professando a sua fé na morte de Jesus Cristo
em nome do pecado dela. E então, convidou
Jesus, específica e pessoalmente, para vir para
a sua vida e para o seu coração. Ela fez a
oração e disse ámen. Lá estávamos nós
sentados em duas cadeiras na sala de estar. Os
Dinamarqueses em geral são pessoas pouco
emotivas. Eles não cedem facilmente à emoção,
mas enquanto olhava para ela, vi duas grandes
lágrimas saltaram-lhe dos olhos e correram
pela face. Ela estava um pouco embaraçada.
Pegou na sua bolsa, tirou dois lenços de assoar,
limpou as lágrimas, e antes que pudesse
acabar o que estava fazendo, já havia mais
duas. Então olhou para mim de uma forma

84
embaraçada, e disse, “Não sei porque estou a
chorar” disse ela, “geralmente nunca choro.” E
eu respondi que lhe podia explicar porque
estava a chorar. O vento começou a soprar! O
Espírito está laborando, Ele tocou em algo no
seu interior que não tinha sido tocado antes. É
apenas a sua resposta natural ao trabalho do
Espírito Santo no seu coração.
Aquela jovem teve uma bela experiência com
Deus, de um modo muito calmo e sem muito
drama. No entanto a sua vida foi
completamente mudada. Ela tornou-se uma
verdadeira filha de Deus!

Quero compartilhar algo acerca do meu próprio


novo nascimento. Na altura era filósofo de
profissão, ligado a uma universidade e
estudava a Bíblia como um trabalho filosófico.
Com a ajuda da razão e da mente, tentei
encontrar o meu caminho no meio de tantas
verdades acerca de Deus e da vida que li na
Bíblia. Mas quanto mais eu usava o meu
raciocínio e refletia, menos compreendia. Já
tinha lido e estudado centenas de livros, mas
com a Bíblia fiquei espantado. Foi o único livro
que já tinha lido que não fazia sentido nenhum.
Não conseguia analisá-la, nem decompô-la e
não conseguia descobrir a verdadeira
mensagem dela.
Cheguei ao fim das minhas capacidades para
poder compreender e interpretá-la. Não tinha
saída, tive que enfrentar e confrontar Jesus
Cristo pessoalmente pelo Espírito Santo.
Desisti do tentar e lutar na minha própria força,

85
larguei as minhas ambições e permiti a Jesus
Cristo entrar na minha vida. Naquela altura não
tinha conhecimento dogmático acerca da
salvação, não sabia recitar versículos bíblicos
e não conhecia termos evangélicos como 'ser
salvo' ou 'novo nascimento'. Mas dentro de mim
houve uma incomparável e completa revolução.
Toda a minha maneira de pensar, os meus
desejos, a minha atitude, os meus prazeres, as
minhas ambições pessoais… tudo foi
transformado. No fundo eu parecia ser um
espetador, enquanto as mudanças se
realizaram dentro de mim. Fiquei surpreendido
e chocado. Isto foi a coisa mais revolucionária
que já alguma vez aconteceu na minha vida.
Não era tanto uma experiência emocional, foi
algo muito mais profundo do que as minhas
emoções.
Foi a rendição do meu coração, da minha
vontade e da minha vida a Cristo, pelo Santo
Espírito. Nunca é demais enfatizar, que o novo
nascimento não ocorre através do compreender
intelectualmente o cristianismo. O novo
nascimento tem tudo a ver com um
relacionamento vivo com Jesus Cristo, pelo
Espírito Santo.

86
Não Eu, mas Jesus o Cristo!
CAPÍTULO 7

QUEM TEM O FILHO TEM…

A mensagem de João acerca do novo


nascimento é clara e simples. Mesmo assim
muita gente não a compreende bem. Na sua
primeira epístola, em 1 João 5: 10-13, o
apóstolo escreve o seguinte:

Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem


o testemunho; …

Quando acreditarem em Jesus Cristo, o Filho


de Deus, do modo como é descrito no Novo
Testamento, têm uma testemunha interior, a
certeza desta verdade. É o testemunho do
Espírito Santo dentro de si. Saberão que Deus
existe. Mas:

…quem a Deus não crê mentiroso o fez,


porquanto não creu no testemunho que Deus
de seu Filho deu.

A única coisa capaz de vos manter afastados


da fé em Jesus – e assim do novo nascimento
– é não acreditar. Se recusarem o testemunho
que Deus dá no evangelho e no Novo
Testamento do Seu Filho Jesus Cristo, então
não podem receber esta experiência. No
entanto o testemunho de Deus é muito claro:
E o testemunho é este: que Deus nos deu a
vida eterna; e esta vida está em seu Filho.

88
Agora há várias palavras em Grego, para a
palavra vida. A palavra usada aqui é zoe, esta
palavra zoe é usada na Bíblia só quando se
refere à vida que vem de Deus – vida divina,
eterna; uma vida que o homem não tem
apenas pela natureza.

Quem tem o Filho [F maiúsculo, o Filho de


Deus], tem a vida [zoe – vida divina e eterna];
quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.

Há uma grande divisão na Palavra de Deus


entre o “ter” e o “não ter” da vida eterna.
Daqueles que receberam Jesus Cristo, têm o
Filho de Deus, e têm Nele a vida eterna. Os
outros que não receberam Jesus Cristo não
têm o Filho de Deus e não têm a vida eterna.

Todo o mundo é dividido nestas duas


categorias: daqueles que têm e dos que não
têm. A seguir lemos no versículo 13:

Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes


no nome do Filho de Deus, para que saibais
que tendes a vida eterna, e para que creiais no
nome do Filho de Deus.

É muito interessante comparar o evangelho de


João com a primeira epístola. Em João 20:30-
31, ele escreve o seguinte:

Jesus, pois, operou também em presença de


seus discípulos muitos outros sinais, que não

89
estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
escritos para que creiais que Jesus é o Cristo,
o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome.

João aqui diz que escreve o seu evangelho,


para que aqueles que o lessem, acreditassem
em Jesus Cristo, e que assim tivessem vida
eterna e divina. Mas esta epístola leva-nos a
um patamar mais além. Ela não só tem o
objetivo de levar aqueles que a leem a crer e
assim receber a vida eterna, mas também a
terem a certeza que têm a vida eterna. E é esta
a vontade de Deus: que todo o crente tenha
vida eterna e que tenha a certeza disto.

E é esta a vontade de Deus que todo o crente


tenha vida eterna e que tenha a certeza
disto.

E gostaria de tornar isto numa questão muito


pessoal. Tem vida eterna? E sabe que a tem?
Agora eu sou suficientemente corajoso para
dizer que tenho a vida eterna, e sei que a
tenho. Sabe porque que sei que a tenho?
Porque recebi Jesus Cristo e Nele tenho vida
eterna!

Poderão dizer-me que é uma afirmação muito


ousada e presunçosa de se fazer, mas tenho
esta ousadia porque acredito no testemunho
de Deus. Porque é este o testemunho que
Deus deu sobre o Seu Filho: “Quem tem o Filho

90
tem a vida.” Até tenho coragem de dizer mais:
as pessoas que não tiverem coragem de dizer
isto, acreditam mais em si próprias do que em
Deus! Também está escrito: “Aquele que não
crê em Deus, fez Dele um mentiroso.” Recusar
o testemunho que Deus dá do Seu Filho Jesus
Cristo, é chamar a Deus mentiroso. Se eu tiver
de escolher, eu preferia ser ousado por
aceitar o testemunho que Deus deu do Seu
Filho, do que ser ousado por rejeitar o
testemunho de Deus, fazendo assim de Deus
um mentiroso!

Para mim, o nível mais alto de ousadia é fazer


de Deus Todo-poderoso um mentiroso,
recusando o testemunho que Ele deu do Seu
Filho Jesus Cristo. Mesmo assim há muitos fiéis
que não têm coragem de aceitar a certeza da
vida eterna em Jesus Cristo. Vejam por favor o
engano que o inimigo de Deus desta maneira
conseguiu induzir no pensar daquelas
pessoas. A vontade de Deus é que saibais que
baseado na fé no Seu Filho Jesus, tendes
recebido vida eterna e divina! Em Romanos
8:16, Paulo diz:

O mesmo Espírito testifica com o nosso


espírito que somos filhos de Deus.

Então, quando recebemos Jesus Cristo pela fé,


temos Nele a vida eterna, tornamo-nos filhos
de Deus e temos o testemunho do Próprio
Espírito Santo que é o Espírito da verdade, de
que somos filhos de Deus. Isso é o novo

91
nascimento. É recebendo Jesus Cristo, a vida
eterna Nele, sabendo que têm a vida eterna ao
terem o testemunho do Espírito, para esse
efeito. O resultado é uma firme certeza, uma
confiança plena do destino da nossa alma.
Pode ser plena porque Deus nos garantiu.
Deus tornou possível, nós não apenas
desejarmos, esperarmos ou imaginarmos isto.
Podemos ter a certeza que temos a vida
eterna.

Durante muitos anos, eu costumava pregar


regularmente nas ruas de Londres, e juntava
um grupo muito heterogéneo de pessoas que
ficavam de pé a ouvir-me. Depois quando
acabava tentava conversar mais com algumas
delas. Se mostrassem interesse óbvio,
geralmente fazia lhes esta pergunta, “É
Cristão?” E tinha uma série de repostas
diferentes umas das outras. Depois de um
certo tempo, quase que já conseguia prever
as respostas que teria. Seria algo como isto.
Se eu perguntasse, “É Cristão?” eles diriam,
“Bem, espero que sim!” ou “Acho que sim,” ou
“Não sei” ou ainda “Tento ser.” E eu provocá-
las-ia um pouco e diria, “Não é estranho que
não saibam? Ou só tentam ser, ou esperam
ser, ou pensam que são, eu diria.” Suponham
que vos faria outra pergunta. Suponham que
eu perguntava, “É casado?” respondia,
“Espero que sim”? Ou “penso que sim”? Ou
“tento ser, Ou “não sei”. Claro que não! “Bem,”
disse eu, “Como é que sabe que é casado, mas
aparentemente não sabe se é Cristão?” E eu

92
pô-los-ia, é claro, frente a frente com este
facto – que o casamento é um acordo
celebrado entre duas pessoas. É uma relação
pessoal que se confirmou e estabeleceu.
Quando duas pessoas se casam, o oficial do
registo civil pergunta à mulher, “Queres que
este homem seja legalmente o teu marido? A
mulher responde, “Sim”; segue-se o mesmo
procedimento com o homem e assim a relação
confirma-se e fica estabelecida.
Para se tornar Cristão, é da mesma forma. É
uma relação pessoal com Jesus Cristo que se
confirma numa decisão pessoal: Desejo Jesus
Cristo como meu Salvador. Recebê-Lo-ei.
Em muitos casos para os meus ouvintes assim
ficou claro que, ser cristão é ter uma relação
pessoal, que começa com a nossa resposta ao
pedido de Deus para iniciarmos esta relação
com Ele.

Ser cristão é ter uma relação pessoal, que


começa com a nossa resposta ao pedido de
Deus para iniciarmos esta relação com Ele.

Em Apocalipse 3:20, temos uma imagem, bem


bonita, e dada pelo próprio Jesus, que
descreve isto. Os capítulos de abertura de
Apocalipse têm sete cartas para as sete
igrejas Cristãs na província da Ásia. A última
destas igrejas foi a de Laodicéia. Para esta
igreja, Deus dirigiu estas palavras:

93
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir
a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua
casa, e com ele cearei, e ele comigo.

É bastante interessante que Jesus tenha


dirigido estas palavras a uma igreja Cristã
professa. Aparentemente Jesus ainda não
estava dentro da igreja, Ele estava do lado de
fora batendo à porta, tentando entrar. Será
que poderia acontecer a mesma coisa com
muitas igrejas cristãs de hoje? Embora eles
professem fé em Jesus Cristo, na verdade Ele
não está dentro, mas sim fora desejando ser
admitido na igreja. Porque somente quando
Ele for admitido poderá receber o
reconhecimento que Ele merece. E só assim,
Ele poderá realizar os seus planos para com
aquela igreja.

Quero que percebam que a resposta desejada


por Deus, não é uma resposta coletiva, é uma
resposta individual.

“Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,


entrarei em sua casa, cearei com ele, e ele
Comigo.” Jesus exige uma resposta
individual. “Se alguém ouvir a minha voz.”

Como conseguimos ouvir a voz de Jesus


Cristo? Pelo Espírito Santo, pela Palavra de
Deus, pela pregação de evangelho. Jesus diz
que quando ouvir a voz Dele, e se abrir a porta

94
do seu coração, da sua vida, da sua
personalidade, Ele promete entrar.

Ele é um cavalheiro, e não forçará a Sua


entrada, não virá sem ser convidado. “Se
alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, eu
entrarei.” é uma relação interativa duas
pessoas. Então Jesus diz, “Cearei com ele, e
ele Comigo.” Pensando bem nisto, é algo
mesmo interessante. Jesus diz, “O que quer
que seja que tenhas para me oferecer, na tua
mesa, comerei contigo. E se Me ofereceres da
tua ceia, oferecer-te-ei da Minha.” A
experiência exige uma entrega de si mesmo e
daquilo que têm para Jesus. Mas é uma boa
troca, porque se convidarem Jesus a entrar, e
Lhe derem o que tiverem, Ele entrará e dar-
vos-á o que Ele tiver. E é na realidade uma
excelente troca. Mas primeiro, têm de convidá-
Lo e entregar-Lhe o que têm. Jesus não entra
sem ser convidado, e não pegará no que têm.
Ele pede uma resposta voluntária, mas se O
convidarem a entrar, Ele entrará. E ao entrar
traz com Ele a vida eterna.

“Quem tem o Filho, tem a vida. Ele que não tem


o Filho de Deus, não tem vida.”

Pelos ensinamentos e o padrão do Novo


Testamento, esta é a maneira pela qual se
recebe a vida eterna e a certeza dela.
Convidando Jesus a entrar na sua vida, nasce
de novo e recebe a vida eterna. Isto também

95
está muito claramente explicado, em Romanos
6:23:

Porque o salário do pecado é a morte, mas o


dom gratuito de Deus é a vida eterna, por
Cristo Jesus nosso Senhor.

Recebemos de Deus a vida eterna em Cristo


Jesus, Nosso Senhor.

Neste versículo confrontam-se duas coisas:


Salário e Graça. O salário é a recompensa
devida pelos trabalhos prestados. Se
trabalham 15 horas, a cinco dólares por hora,
têm de receber 75 dólares. É o vosso
ordenado. A graça é um dom gratuito. Embora
o King James (tradução inglesa) só fale em
“dom”, é um dom gratuito. Agora, graça é o que
é gratuito, não garantido, não merecido e
recebido pela fé. Assim temos, cada um de
nós, duas alternativas: o salário, a devida
recompensa pelo trabalho prestado; ou o dom
gratuito, o dom da graça. O qual é gratuito,
imerecido, não se pode trabalhar por ele, tem
de ser recebido pela fé. Conclusão: a vida
eterna é um dom, não se pode trabalhar para
adquiri-la. Ninguém consegue ser
suficientemente bom para alcançá-la. Todas
as vossas idas à igreja, as vossas orações,
todas as vossas leituras da Bíblia, todos os
vossos bons trabalhos, não vos qualificarão
para este dom. Têm de o receber pela fé, no
nome do Senhor Jesus Cristo. Assim, para
receberem a vida eterna, têm de receber o

96
Próprio Jesus. Nele está a vida. É o dom de
Deus em Cristo. “Ele que tem o Filho, tem a
vida.”!

97
Não Eu, mas Jesus o Cristo!
CAPÍTULO 8

VIVER POR CRISTO

Quando tiverem recebido Jesus Cristo, Ele


permanecerá dentro do vosso coração. E isto
não é somente importante para a vida eterna
mas também para a sua vida como cristão
aqui na terra. Necessitamos a contínua
presença de Jesus Cristo na nossa vida. Em
Efésios 3:17, o apóstolo Paulo ora pelos
crentes:

Para que Cristo habite pela fé nos vossos


corações;

Pela fé recebem-No e pela fé Ele vive no vosso


interior. Ele mantém-se dentro de vós, torna-
se na vossa vida. A vossa própria vida dá lugar
à vida e presença de Jesus Cristo. Em Gálatas
2:20, Paulo fala acerca da transação, o fim do
modo de vida antigo e o princípio de uma nova
vida. Ele transmite-a de um modo muito vivido
e personalizado:

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não


mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que
agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de
Deus, o qual me amou, e se entregou a si
mesmo por mim.

Paulo diz, a minha vida antiga estava sob a


sentença de Deus, era uma vida de rebelião e
pecado. Mas Jesus morreu em meu lugar, Ele

99
entregou-Se à Cruz, por mim. E pela Sua
morte, Ele expiou o meu pecado, pagou a
minha pena, morreu por mim, morreu no meu
lugar. Agora, vejo-me como morto. Quando,
pela fé, O vejo na Cruz, digo, fui eu quem
esteve crucificado ali. “Fui crucificado com
Cristo.” A vida antiga acabou. A vida de
pecado, de vergonha, que não me trouxe
qualquer paz, nem felicidade, terminou na
Cruz. Uma nova vida começou, mas agora não
é a minha vida, é a vida de Cristo, em mim. E
depois continua a dizer: a vida que agora vivo,
na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus. Nem
é pela minha fé, ou pelos meus poderes, ou
pelo poder da minha vontade. Mas é pela
indulgência de Deus, vivendo a Sua vida
através de mim. Eu rendo-me a Ele e ao Seu
Senhorio. Eu permito que Ele assuma o
controlo em mim. Eu conto com a Sua
presença.

Lembro-me de uma senhora idosa que era


muito conhecida por ter uma vida vitoriosa de
verdadeira justiça Cristã. Alguém, uma vez,
perguntou-lhe, “Irmã, o que faz quando é
tentada?” E ela respondeu, “Quando o diabo
me bate à porta, deixo que seja Jesus a
atender.”

Como veem, este é o fim do “eu próprio”. A


minha capacidade, justiça, religião,
terminaram. Uma nova vida começou, a nova
vida que não é minha mas, é Cristo vivendo a
Sua vida em mim. As coisas que não podia
fazer, agora posso. Todas as possibilidades

100
de Deus tornaram-se as minhas em Cristo. Em
Filipenses 4:13, o apóstolo Paulo faz a mais
extraordinária declaração:

Posso todas as coisas naquele que me


fortalece.

Mais especificamente, posso fazer todas as


coisas através da presença de Cristo em mim,
fortalecendo-me. O que não podia fazer antes,
porque tentava fazê-lo pelo poder da minha
vontade e com a minha própria força e
capacidade, agora posso fazer. Porque não
estou confiante em mim mesmo, mas sim na
presença da pessoa de Jesus Cristo em mim.
Cristo tornou se a minha vida. Um outro aspeto
muito importante do novo nascimento é que só
poderemos entrar na vida nova através da
morte da vida antiga. Este princípio encontra-
se descrito por exemplo em 1 Pedro 2:24. Esta
verdade tem toda a lógica; Antes de poder
começar uma vida nova, primeiramente tem
que chegar ao fim a vida anterior.

Antes de poder começar uma vida nova,


primeiramente tem que chegar ao fim a vida
anterior.

Falando de Jesus na cruz, Pedro diz:

Levando ele mesmo em seu corpo os nossos


pecados sobre o madeiro [a cruz], para que,
mortos para os pecados, pudéssemos viver

101
para a justiça; e pelas suas feridas fostes
sarados.

Através da morte de Jesus Cristo na Cruz,


pelos meus pecados, morri para o pecado. O
pecado já não me controla nem regula a minha
vida. Terminou no preciso momento da morte
na Cruz.

A partir do momento que O recebi, estou vivo


para Deus, estou vivo para a justiça, através de
Jesus Cristo vivendo em mim. Ele é a minha
vida, a minha justiça.

Em 1 Coríntios 1:30, o apóstolo Paulo fala


sobre o que se tornou disponível para nós, em
Cristo. Ele diz:

Mas vós [os crentes] sois dele [de Deus], em


Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus
sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção;

Tudo o que preciso para a minha vida está


agora disponível para mim, em Cristo. Eu
recebi-O, entreguei a minha vida a Ele. Ele
tornou-se a minha vida. Ele é a minha
sabedoria, justiça, santidade e redenção.
Qualquer necessidade que eu tenha, é-me
resolvida através de Cristo. Não através de
alguma forma exterior de adoração, mas pelo
facto de Ele habitar em mim. Devido a ter o Seu
lugar no meu coração e na minha vida, Ele
controla-me e faz-me ser capaz de viver a vida

102
que não poderia viver sem Ele. Jesus disse aos
Seus discípulos:

Eu sou a videira, vós as varas; quem está em


mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer. (João 15:5)

Quando Ele vive em nós, a Sua vida divina flui


através de nós, pelo Espírito Santo. O Espírito
Santo torna-se a fonte da nossa vida, a fonte
da nossa força. Em Romanos 8:10, lemos:

E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade,


está morto por causa do pecado, mas o
espírito vive por causa da justiça.

O corpo, aqui, é claro que não significa o meu


corpo físico, mas significa a natureza antiga,
carnal, rebelde. Quando Cristo vem habitar
nele, esse velho corpo está morto. É
reconhecido como morto com Cristo na Cruz.
E em seu lugar, tenho uma nova vida, a qual me
é dada com base na justiça de Cristo, atribuída
a mim. O Espírito é vida pela justiça. A troca é
a seguinte: é a vida através da morte, e é uma
nova vida através da morte de Cristo. Eu aceito
a Sua morte em meu lugar. Já disse que
quando Cristo morreu, eu morri. Isso pôs fim à
vida antiga. Ele pagou a minha pena por mim.
Ele morreu a minha morte e acabou com o
domínio do pecado. Quando Ele se levantou
dos mortos, tornou-Se um Salvador vivo.
Quando O recebo pela fé na Sua vida de
ressurreição e plenitude, Ele torna-se a minha
vida. É Cristo vivendo em mim. A minha vida de

103
luta, esforço e religião no sentido do dever e
luta religiosos, e no manter das regras e
ordenanças, requisitos humanos, acaba.
No seu lugar há agora uma vida que é uma
oferta, um dom. Uma vida que é livre. Uma vida
que é pura, justa e eterna. Jesus disse em João
10:10:

O ladrão não vem senão para roubar, matar e


destruir…

O ladrão é um dos títulos do diabo. O diabo é o


ladrão das vidas. Mas Jesus disse:

Eu vim para que tenham vida e a tenham em


abundância.

Esta vida de maior abundância que Jesus


promete, vem pelo novo nascimento. É por
recebermos Jesus. É através da presença de
Jesus no coração e na vida.

O próprio Paulo tinha experimentado na sua


própria vida a tremenda mudança que o novo
nascimento traz. A motivação na vida de Paulo
já não era a lei. Ele tinha vivido abaixo da lei,
tempo suficiente. Por causa do novo
nascimento a vida dele tinha mudado radical e
completamente. Acerca disto ele escreve:

Porque o amor de Cristo nos constrange,


julgando nós assim: que, se um morreu por
todos, logo todos morreram. E ele [Cristo]
morreu por todos, para que os que vivem não

104
vivam mais para si, mas para aquele que por
eles morreu e ressuscitou.(2 Coríntios 5:14-15)

Agora a motivação de Paulo (ele sentiu-se


constrangido por) era a vida divina de Cristo
nele. Ele apercebeu-se deste amor porque
entendeu que Jesus Cristo tinha morrido por
ele e por todos. Quando reconhecemos que
Ele morreu e ressuscitou por nós, já não
pertencemos a nós próprios, já não somos
senhores das nossas vidas. Nós vivemos para
Ele, que morreu e ressuscitou dos mortos. A
seguir Paulo diz:

Assim que daqui por diante a ninguém


conhecemos segundo a carne, e, ainda que
também tenhamos conhecido Cristo segundo
a carne, contudo agora já não o conhecemos
deste modo. ( 2 Coríntios 5:16)

Como podem ver, esta revelação de Jesus


Cristo não é a do Cristo histórico. Não é de
Cristo quanto homem, ou até quanto
professor. Mas é a revelação dada pelo
Espírito Santo através da Palavra de Deus, de
Jesus que morreu e ressuscitou dos mortos. É
a revelação do Cristo ressuscitado. Não dada
pelos sentidos naturais, mas pelo Espírito de
Deus através das Escrituras. É por esta razão
que Paulo diz que mesmo eles, os apóstolos
que o conheceram na carne, já não O
conhecem segundo a carne. O nosso
conhecimento sobre Ele, hoje, a nossa
compreensão, o nosso contacto, é pelo
Espírito Santo. Quando Jesus ascendeu do

105
Monte das Oliveiras dez dias antes de
Pentecostes, foi o último contacto que os
discípulos tiveram com Ele através dos seus
sentidos físicos. Dez dias mais tarde, o
Espírito Santo veio e criou contacto direto
com Ele, com o ressuscitado, Cristo, que
ascendeu e tinha sido glorificado. E a partir
desse dia até agora, o conhecimento de Jesus
Cristo não é pela carne. Não é o Cristo
histórico. Não é o professor que andava pelas
ruas da Galileia e de Jerusalém, pregando o
Sermão da Montanha e ensinando as
parábolas. O conhecimento de Cristo hoje é
pelo Espírito Santo do Senhor Jesus Cristo
ressuscitado. É um contacto pessoal, direto,
através do Espírito Santo com Jesus Cristo. E
esta é a experiência que transforma e muda a
vida das pessoas.

O contacto pessoal, direto, através do


Espírito Santo com Jesus Cristo é a
experiência que transforma e muda a vida
das pessoas.

Isso traz vida em vez de morte, justiça em vez


de pecado e vitória em vez de derrota. Este é
o contacto revolucionário de transformação
da vida. Por isso Paulo diz:

Assim que, se alguém está em Cristo, nova


criatura é; as coisas velhas já passaram; eis
que tudo se fez novo. (2 Coríntios 5:17)

106
Vejam esta diferença entre uma criação (a
primeira), a sua forma de vida e a outra vida
renovada. Sob a antiga ordem a nossa
herança foi de Adão. Foi uma herança natural,
uma vida na carne. Mas a nova criação é de
Deus: é trazida para o interior do ser pelo
contacto pessoal e direto com Jesus Cristo
através do Espírito Santo. E na nova criação
as coisas antigas estão mortas, todas as
coisas se tornaram novas, pelo novo
nascimento.

Haverá um momento em que o Espírito de


Deus revelará Cristo. Um momento em que a
Palavra de Deus se torna numa voz que nos
fala, não será mais, apenas letras negras num
papel branco, mas uma voz viva.

E quando esse momento chegar, somos


confrontados com Cristo. Deus pede que
tomemos uma decisão, que abramos a porta,
que submetamos a nossa vontade, e que
digamos:

“Senhor Jesus Cristo, eu reconheço-O agora


como o Filho de Deus, daquele que morreu na
Cruz pelos meus pecados e que ressuscitou. E
pela fé recebo-O agora como meu salvador
pessoal e reconheço-O como meu Senhor.
Entra no meu coração e dá-me a vida eterna.
Serei Seu a partir de agora.”

107
Pai, nós te agradecemos por esta mensagem
clara acerca da salvação, oramos por todos os
que possam ler esta mensagem. Para que a
todos os quais que nunca receberam Jesus,
possa ser dado a graça de abrir os seus
corações e recebê-Lo, em nome de Jesus,
Amém!

108
Sobre Derek Prince 1915 - 2003
Derek Prince nasceu na Índia, filho de pais
britânicos. Teve formação escolar em Grego e
Latim no Colégio de Eton e na universidade de
Cambridge, na Inglaterra. Com 24 anos ele foi
professor na Universidade Kings, em
Cambridge, onde ensinou filosofia moderna e
clássica. Na segunda guerra mundial foi
obrigado a entrar no exército Britânico e foi
colocado no Norte de África. Levou consigo a
Bíblia como material de estudo filosófico, a qual
leu em alguns meses. Numa noite quando
estava sozinho numa barraca foi confrontado
pela Palavra com a realidade de Jesus Cristo.
Com este encontro com Jesus Cristo ele chegou
a duas conclusões:
• Primeiro: Jesus Cristo está vivo
• Segundo: a Bíblia é um livro que traz a
verdade, que é relevante e sempre atual.

Estas conclusões alteraram totalmente o curso


da sua vida.
Desde esta data dedicou a sua vida a estudar e
ensinar a Palavra de Deus. Entretanto adquiriu
reconhecimento internacional como um dos
ensinadores da Bíblia mais importantes desta
época. O que faz o seu ministério ser único não
é a sua educação de alto nível nem a sua
inteligência mas o seu ensino direto, atual e
simples.

109
O Programa de rádio “Hoje com Derek Prince” é
transmitido diariamente em vários países (por
exemplo em Chinês, Espanhol, Russo,
Mongoliano, Arábico e mais). Os estudos dele,
mais de 40 livros em mais de 100 línguas, 400
CD´s e 150 DVD´s tiveram grande influência nas
vidas de muitos líderes cristãos em todo o
mundo.
Em Setembro de 2003 depois duma vida longa e
frutífera, Derek Prince faleceu com a idade de
88 anos. Derek Prince Ministries, continuará a
distribuir por todo o mundo o ensino dele
através dos diversos meios que dispõe, entre os
quais: livros, cartas de ensino, cartões de
proclamação, áudio, vídeo e conferências.
Existem no entanto, objetivos bem definidos no
DPM:
- Fazer chegar estes meios a locais onde
ainda não conhecem a Palavra de Deus
- Contribuir para o fortalecimento da fé
dos cristãos que vivem em comunidades cujo
poder político não permite a liberdade de
expressão e circulação da Palavra Divina.

110
DEREK PRINCE MINISTRIES

“Se não conseguires explicar um princípio


duma maneira simples e em poucas palavras,
então tu próprio ainda não o percebes
suficientemente.”

Esta frase de Derek Prince caracteriza


o seu ensino bíblico. Estudos simples e claros
que pretendem direcionar o leitor para os
princípios de Deus, tornando assim possível
uma maior abertura para reflexão e tomada de
posição perante a sua escolha.
Os estudos de Derek Prince têm ajudado
milhões de cristãos em todo mundo a
conhecerem intimamente Deus e a porem em
prática os princípios da Bíblia no dia-a-dia das
suas vidas.
DP Portugal deseja cooperar nesta edificação
do corpo de Cristo:
... com o fim de preparar os santos para o
serviço da comunidade, para a edificação do
corpo de Cristo, até que todos cheguemos a
unidade da fé e ao pleno conhecimento do
Filho de Deus, ao homem adulto, à medida
completa da estatura de Cristo. (Efésios 4: 12
e 13)
O nosso alvo é fortalecer a fé dos cristãos no
Senhor Jesus Cristo, através do ensino bíblico
de Derek Prince, com material (livros, cartas de

111
ensino, cartões de proclamação e mais tarde
CD´s e DVD´s) na sua própria língua!

Em mais de 100 países o DPM está ativo, dando


a conhecer o maravilhoso e libertador
evangelho de Jesus Cristo. Esperamos que
também se sinta envolvido e encorajado na sua
fé através do material por nós (DP Portugal)
fornecido.
A nossa principal atividade neste momento é
traduzir e disponibilizar trabalhos do Derek
Prince em Português. Como por exemplo:

Cartas de ensino: Distribuição gratuita 4 vezes


por ano de cartas de ensino orientadoras e
edificadoras sobre temas diversos da Bíblia.
Deseja saber mais sobre os materiais
disponíveis e/ou receber as cartas de ensino
gratuitas? Informe-nos! Ficamos à espera do
seu contacto através de:
Derek Prince Portugal:
Caminho Novo lote X,
9700-360 Feteira AGH
Terceira, Açores.

Tel.: (00351) 295 663738 / 927992157

E-mail:derekprinceportugal@gmail.com

Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt

112
OUTROS LIVROS POR DEREK PRINCE (em
Português):

. Bênção ou Maldição

. Como passar da maldição para Bênção

. O Plano de Deus para o seu dinheiro

. Curso Bíblico autodidata

. Proteção contra o engano

. O Remédio de Deus para a rejeição

. Expulsarão demónios

. Maridos e pais

. A Troca Divina

. O Poder da Proclamação

. Quem é o Espírito Santo?

. A Chave para um casamento duradouro.

. Graça ou Nada.

. O Fim da Vida terrena… e AGORA?

113
. Os Dons do Espírito.

. Guerra Espiritual

. Orando pelo governo

. Os Alicerces da Fé Cristã (uma série de três


volumes)

. Os Dons do Espírito

. A Redescoberta da Igreja de Deus

. O Destino de Israel e da Igreja

. A Cruz é Crucial

Cartões de proclamação:

. A Troca Divina

. Digam-no os remidos

. Somente o Sangue

. O Poder da Palavra de Deus

114
. O meu Deus proverá

. Eu obedeço à Palavra

. Emanuel, Deus Connosco

. Graça, a Imerecida Prenda

. O Espírito Santo em mim

115

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