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ESCLARECENDO UM BURACO NEGRO

Paulo Rodrigo Marques

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus Monte Castelo

Departamento de Física

Resumo: este artigo tem como objetivo abordar noções básicas sobre os buracos negros.
Estes objetos não passavam de meras especulações teóricas até o sec. XX quando foram
utilizados para explicar a existência de quasares (objetos mais luminosos do universo).
Atualmente, buracos negros tem sua existência comprovada devido ao recente feito científico
de fotografar tal objeto. De certa forma esses objetos ainda causam muitas dúvidas, o que
desperta a curiosidade de muitas pessoas que decidem estudá-los.

Palavras-chave: Buracos negros, Teoria da Relatividade, Astrofísica.

Abstract: This article aims to address the basics of black holes. These objects were nothing
more than theoretical speculations until the sec. XX when they were used to explain the
existence of quasars (brighter objects in the universe). Today, black holes have their proven
existence due to the recent scientific achievement of photographing such an object. In a way,
these objects still cause many doubts which arouse the curiosity of many people who decide
to study them.

Keywords: Black holes, Theory of relativity, Astrophysics.


1 INTRODUÇÃO

O ano de 1905 é conhecido como “o ano do milagre de Einstein”. Esta é uma referência ao
ano do milagre de Newton que em 1666 desenvolveu a teoria da gravitação universal. Mas
qual milagre Albert Einstein teria feito para ser comparado a Isaac Newton? Teria sido o fato
de que sozinho Einstein publicou estudos revolucionários num curto intervalo de tempo? Ou
teria sido o fato de que ele criou uma teoria que revolucionou tudo o que se compreendia
sobre o universo naquela época?

A teoria da Relatividade de Einstein é um trabalho excepcional que trouxe ao mundo uma


nova forma de compreender como tudo funciona. Se engana quem pensa que foi este o
trabalho pelo qual Einstein recebeu o famoso prêmio Nobel. A explicação do efeito fotoelétrico
foi o que lhe rendeu tal prêmio. Porém, ainda assim a sua teoria da relatividade é considerada
sua maior obra.

Nesta teoria ele mostrou que espaço e tempo estão interligados e que são relativos, ou seja,
dependem do referencial de um observador. No começo, sua teoria era restrita apenas a
referenciais não inerciais, não acelerados, mas uma década depois ele generalizou esse
conceito para qualquer referencial. Assim, Einstein mostrou que a gravidade era uma
deformação no tecido espaço-temporal e com isso desencadeou uma serie de outros
trabalhos baseada nesta afirmação.

Um desses trabalhos foi o estudo de buracos negros, objetos de grandes peculiaridades no


nosso universo. Eles são os entes cósmicos mais intrigantes que se tem conhecimento. E
mesmo com tudo que se sabe a respeito deles, ainda sabe-se muito pouco.

A recente fotografia de um buraco negro é um feito extraordinário se levarmos em conta a


tecnologia usada para tal façanha. Mas tal feito é resultado de estudos que começaram a
muito tempo atrás numa época em que um objeto como um buraco negro era inimaginável.
Mas foi a teoria de Einstein junto de muitos outros trabalhos relevantes que tornaram então a
fantasia da existência de um buraco negro algo real e que agora mais que comprovada a
existência mediante a uma foto do que seria infotografável.

Mas para entender como funciona um buraco negro é preciso entender como se deu a sua
existência e o contexto da época.

2 A SOLUÇÃO DE SCHWARZSCHILD

Karl Schwarzschild nasceu em 9 de outubro de 1873 na cidade de Frankfurt, Alemanha. Ele


foi um brilhante estudante e precocemente demonstrou interesse para a Matemática e as
Ciências Naturais. seus dois primeiros trabalhos científicos, sobre mecânica celeste, foram
publicados antes dos 18 anos, enquanto ainda estudava em uma universidade da sua cidade
natal. Nessa época, aventurava-se como autodidata junto a um amigo dois anos mais velho,
Paul Epstein, que viria posteriormente se consagrar como um grande matemático, em
diversos tópicos de Matemática superior e astronomia, incluindo a observação do céu com
telescópios.
Em 1915 a Alemanha encontrava-se em meio uma guerra, a I Guerra
Mundial. Schwarzschild foi convocado para lutar como oficial do exército alemão na frente
russa. Ele adoeceu, foi hospitalizado e foi quando recebeu uma cópia do trabalho de
Einstein. Colocou-se a trabalhar e desenvolveu os trabalhos que deram origem a seus dois
artigos sobre relatividade. É no segundo artigo que aparece pela primeira vez a quantidade
“rS”, conhecida como raio de Schwarzschild. Nesse mesmo período Einstein trabalhava em
uma explicação para o movimento do planeta mercúrio a partir da teoria da
Relatividade. Ele desenvolveu um trabalho que provou ser perfeitamente compatível com as
observações. Com isso Einstein deveria descrever o equivalente em sua Teoria da
Relatividade Geral para campo gravitacional do sol. Suas equações, porém, eram mais
complicadas que a Gravitação Universal de Newton. Foi então que Schwarzschild encontrou
uma solução exata para a equação demasiadamente complicada de Einstein. Esta
solução era o equivalente na Relatividade Geral ao potencial na Gravitação Universal.

A solução de Schwarzschild continha uma curiosidade matemática. Se pensarmos na


aceleração gravitacional produzida por um corpo de massa “M” a uma distância “r” do seu
centro, podemos obtê-la facilmente usando a fórmula de Newton. Entretanto, a solução
encontrada por Schwarzschild permitia uma pequena correção na equação de Newton. Com
essa correção, podemos manipular a equação de modo a obter um denominador nulo.
O então, famoso, raio de Schwarzschild é o valor para o qual um corpo de massa “M” está
confinado em um raio de modo a gerar uma singularidade prevista pela relatividade, já que
essas equações levam em conta o caráter relativístico de Einstein. Em outras palavras, dada
uma massa “M”, o raio de Schwarzschild é o tamanho que essa massa tem que ter para gerar
uma singularidade. No nosso caso, torna-se um buraco negro.

Por muito tempo essa singularidade foi somente considerada uma curiosidade matemática. O
próprio Einstein não concebia tal solução. Em um artigo publicado em 1939, disse que “o
resultado essencial
dessa investigação é o claro entendimento de porque as “singularidades de
Schwarzschild” não ocorrem na realidade física”.

Então por muito tempo esse resultado foi interpretado simplesmente como um resultado sem
meandros físicos. Porém, anos mais tarde ele ganharia um significado.

3 A MORTE DE ESTRELAS

Essencialmente, para que sejam formados os buracos negros, é preciso que matéria se
confine a um tamanho muito compacto de forma a ter densidade quase infinita. Assim, esse
ponto de densidade estupenda causa um furo no tecido espaço-temporal por conta de sua
gravidade exuberante. Um bom exemplo seria o nosso Sol. Para que o Sol se transformasse
em um buraco negro, toda sua massa deveria esta compactada em uma esfera de raio 2,9
km. Nosso planeta terra, por outro lado só poderia ser um buraco negro se sua massa fosse
confinada a uma esfera de 8,8 milímetros. Na época de Einstein, objetos com densidades
descritas acima eram inconcebíveis. Mas já havia trabalhos que mostravam que existiam
estrelas mais densas que o sol. Sirius é a estrela mais brilhante do céu. Ela está a uma de 8,6
anos-luz da terra. Isto quer dizer que mesmo que se nos dirigíssemos para onde se localiza
Sirius com velocidade igual à da luz, levar-se-ia 8,6 anos para percorrer essa distância. Em
1844 Friedrich William Bessel estudou a posição de Sirius e concluiu que ela é dupla, devendo
ter uma companheira formando um sistema binário com período de 50 anos. Essa conclusão
foi confirmada em 1862 por Alvan Graham Clark. Em 1915 astrônomos concluíram que se
tratava de uma anã branca, a primeira estrela descoberta de uma classe que depois se
mostrou bastante numerosa. A natureza dessa estrela permaneceu um mistério até que
Subrahmanyan Chandrasekhar (1910- 1995) publicou seu famoso trabalho sobre a máxima
massa de uma anã branca, após longa controvérsia, em 1931 (quando ele tinha 21 anos de
idade; 52 anos mais tarde receberia o Prêmio Nobel de Física por isso). Segundo ele, a massa
de uma anã branca nunca pode ser maior do que 40% acima da massa do Sol. Esse resultado
foi confirmado com exatidão por todos os trabalhos teóricos e observacionais que se
seguiram, até os dias de hoje.
O processo natural de criação de buracos, até onde se sabe, é a partir da morte de estrelas
e depende geralmente do tamanho da estrela. Uma estrela é basicamente uma grande e
luminosa esfera constituída por poeira e gás. Dependendo do seu tamanho, uma estrela pode
ter vários destinos após seu período de existência, seu período de “vida”.

Independente do tamanho ou composição, o ciclo final de uma estrela até se tornar outro
objeto cósmico é em geral bem parecido. A estrela “queima” o seu combustível (em geral
hidrogênio) dentro do seu núcleo através do processo de fusão nuclear. A pressão interna
gerada por este processo vence a auto pressão gerada pela própria gravidade da estrela.
Com isso a estrela se expande até certo ponto. Mas, por estar criando átomos cada vez mais
pesados no processo de fusão, a auto pressão da sua própria gravidade comprime a estrela
até que seu núcleo entre em colapso e exploda e em alguns casos ocasionando o que os
astrofísicos chamam de supernova. Aqui, o tamanho da estrela pode interferir gerando o que
chamam de hipernova. O que sobra dessa explosão é uma parte do núcleo muito densa e
essa densidade vai depender do tamanho da estrela. O que acontece nos casos mais
extremos, os casos que nos interessam, é o nascimento de um buraco negro. Tendo a estrela
uma massa necessariamente grande, no final do seu ciclo de existência a sua própria
gravidade a comprime até seu núcleo colapsar, como foi explicado. Porém, o que restou do
núcleo é uma esfera tão densa tem o tamanho ou as vezes ultrapassa o limite do raio de
Schwarzschild. A deformação espacial gerada pela gravidade desse objeto é tão intensa que
nem mesmo a luz, que é a entidade física com maior velocidade existente no universo, pode
alcançar a então velocidade de escape e com isso fica “presa” naquela região. Em outras
palavras, nem mesmo a luz pode escapar de um buraco negro.

4 NÃO SE APROXIME DEMAIS...

Ao contrário do que muitas pessoas leigas pensam, um buraco negro não é um aspirador
cósmico que sai sugando tudo no universo. Os objetos que orbitam um buraco negro estão
sobre a mesma influencia gravitacional exercida pela estrela fundadora do buraco negro, ou
seja, os objetos orbitando um buraco negro não são sugados por ele. Por exemplo, se o sol
se tornasse um buraco negro a única diferença que perceberíamos seria a não emissão de
luz e calor.

Contudo, o objeto que se aproximar demais de um buraco negro terá um fim catastrófico. Isso
porque ao adentrar numa região próxima da singularidade, região essa denominada horizonte
de eventos, qualquer objeto que possua massa é incapaz de retornar dessa região. Em alguns
casos, buracos negros têm uma força gravitacional tão intensa que ao ultrapassar o limite do
horizonte de eventos objetos são puxados de forma muito violenta. Ocorre então o que os
astrofísicos denominam “espaguetificação”. Um objeto que passa por uma espaguetificação
sofre um alongamento vertical e uma compressão horizontal em formas estreitas e alongadas
tal como um fio de espaguete, daí o nome. Na maioria dos casos, o campo gravitacional é tão
intenso que nenhum objeto consegue manter sua integridade física, não importa a dureza de
seus componentes.
A matéria então é sugada de forma espiralada para dentro da singularidade de forma a criar
um disco em torno do buraco negro. A este disco damos o nome de “disco de acreção”. Por
estar sobre influência de um intenso campo gravitacional, a matéria sofre uma rotação tão
rápida que as partículas que a compões começam a colidir gerando bastante calor e luz
nessas colisões. Dessas colisões, também, muitas vezes são emitidas radiações nas faixas
de onda de rádio e raios-X e raios-gama. Dependendo da intensidade dessas emissões
podemos ter o que chamam de quasares, os objetos mais brilhantes do universo.

5 A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM DE UM BURACO NEGRO

É irônico que quasares os objetos mais brilhantes do universo estejam associados a buracos
negros, objetos escuros. É irônico também o fato de fotografar, que do grego significa algo
como “desenhar com luz”, um buraco negro. E por que é tão importante o registro desse objeto
cósmico?

Como foi visto, buracos negros não emitem luz, disco de acreção em torno dele é que emite
luz. Então o objetivo do projeto Event Horizon Telescope era fotografar a sombra do buraco
negro por causa do disco de acreção ao seu redor. Algo que em tese parece simples, mas
não é. A resolução para conseguir uma foto razoável é a equivalente a resolução necessária
para conseguir observar daqui da terra uma pegada deixada por Neil Armstrong na superfície
da Lua. Para colocar em perspectiva, um telescópio com essa resolução teria que ter o
tamanho do planeta terra. Então o que o projeto propôs foi utilizar os dados coletados por
vários telescópios ao redor do globo. A quantidade total de dados gerados por 5 dias de
observação por todos esses telescópios foi algo em torno de 4 milhões de gigabytes.

Mas a importância desse feito não se da por conta da tecnologia utilizada ou pelo marketing
gerado em torno desse projeto. A importância desse grandioso passo no avanço da ciência é
a demonstração de que a partir de estudos, teorias, especulações e observação, a ciência
pode prever aquilo que é imprevisível, aquilo que é inconcebível a mente humana. Cada vez
mais é mostrado que o estudo e a dedicação podem trazer grandes feitos para humanidade.

6 CONCLUSÃO

Buracos negros foram evoluindo durante o sec. XX de meras especulações teóricas até
objetos reais consolidados. Curiosamente, a forma desses objetos continuou apenas no
imaginativo, ou seja, teorizava-se como eles deveriam ser. Mas em nenhum momento da
história, após a consolidação destes, houve descrença por parte da comunidade acadêmica.
Pelo contrário, quando uma teoria é comprovada pela sociedade acadêmica, acredita-se
fielmente nela até que seja provado o contrário. Este é um grande princípio da ciência, a
máxima de que contra fatos não há argumentos. Isto não significa que a ciência é imutável,
isto significa que a ciência se constrói e reconstrói com base no que já foi comprovado e
preenchendo lacunas que faltam no conhecimento. A ciência tem o poder de revolucionar uma
sociedade.
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