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ENSAIO SOBRE O PENSAMENTO PÓS-MODERNO

1
Anderson dos Reis Conceição

RESUMO
Nosso proposito é discutir, sumariamente, o pensamento pós-
moderno e compreender sua relação teórica e política com as
novas configurações da ordem capitalista. Para tal, realizamos
o esforço de compreender os movimentos da razão moderna e
sua decadência a partir da consolidação do projeto político e
sociocultural burguês. Analisamos a recusa de compreensão
da totalidade pelo pensamento pós-moderno, nesse
sentido,sinalizar sua oposição às categorias centrais do
método crítico e da razão moderna, e o abandono radical de
suas categorias de análise da realidade concreta.

Palavras-Chave: Modernidade, Razão, Pensamento Pós-


moderno, Capital.

ABSTRACT

Our purpose is to discuss, briefly, the post-modern thinking and


understand its theoretical and political relationship with the new
settings of the capitalist order. To this end, we made the effort
to understand the movements of modern reason and its decline
from the consolidation of the bourgeois political and
sociocultural project. We have analyzed the understanding of
rejection of all the post- modern thought, in this sense, signal
their opposition to the central categories of the critical method
and modern reason and the radical abandonment of its
categories of analysis of concrete reality.

Key words: Modernity, Reason, Thinking Postmodern, Capital.

1
Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA); e, Mestrando em
Serviço Social do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da UFPA. Email:
andersonreis_ufpa@yahoo.com.br
1. INTRODUÇÃO

Este trabalho se propõe, sem qualquer ideia de esgotamento,


compreender a dinâmica do pensamento pós-moderno, e de que forma este
está vinculado (ou não) aos processos recentes de transformação da ordem
capitalista, no século XX e XXI. Antes, porém, necessariamente realiza o
esforço de entender a razão moderna desenvolvida no cerne da consolidação
do projeto social burguês, tida naquele momento histórico como a possibilidade
e capacidade revolucionária do homem de mudar a realidade social.
Veremos como iluminismo conduz o pensamento ao ideal de
modernidade, no qual a razão e a ciência se opõem ao “conhecimento”
teológico, e, nos moldes do projeto da burguesia revolucionária,o homem livre
é capaz de pensar e transformar a realidade social, a construção de uma
dialética racional de um ser socialcomplexo.
As importantes construções teórico-filosóficas da razão moderna,
assim como foram indiscutivelmente uteisà consolidação da ordem burguesa,
também se mostraram capazes de conduzir o homem (o trabalhador) à
apreensão das relações sócio-históricas e político-econômicas que consolidam
a ordem capitalista;portanto, constituíram tendências de superação da própria
ordem capitalista. A partir daí, com os novos processos sociais (em especial a
divisão social do trabalho) o que há é uma ruptura ideológica (decadência) da
razão, o abandono da capacidade do pensamento. Que Marx, a partir da
formulação do método crítico/dialético, retomará de modo a criar uma
articulação do pensamento para compreender a ordem do capital e suas
contradições, em especial as contradições de classe.
Nosso estudo fundamenta-se a partir de pesquisa e análise
bibliográfica acerca do tema, que de antemão indicamos possuir caráter
divergente de análise em sua maioria, entre outras coisas, ocorre certamente
em decorrência da polivalência do próprio pensamento pós-moderno.
Contudo,há certas similitudes indiscutíveis nas abordagens feitas desse
pensamento.
As transformações no bojo da ordem capitalista, a partir do século
XX, a mundialização do capital, as flexibilizações e fragmentações do processo
produtivo, demarcam uma suposta crise da razão e das teorias macrossociais.
Essa afirmação é categoricamente propagada na crítica realizada pelo
pensamento pós-moderno. Eles, os pós-modernos, voltam-se radicalmente
contra categorias centrais do método dialético e da razão crítica. Demarca-se,
em especial, a recusa da totalidade e o caráter fragmentário e efêmero do
pensamento, que inevitavelmente demonstra-se semelhante às características
próprias do momento histórico atual da organização produtiva do capital.
Portanto, realizamos o esforço de compreender o caráter da análise e as
categorias do pensamento pós-moderno.

2. MODERNIDADE, RAZÃO E DECADÊNCIA.

As construções e elucubrações do pensamento humano nunca


estiveram desvinculadas da realidade, nem mesmo quando se constituía dos
“fundamentos” teológicos que forjavam verdades “inalcançáveis” pelo
pensamento do homem, e que a tudo explicava, pois do(pelo) “conhecimento”
teológico se construía e/ou por ele era limitado.
O iluminismo trouxe à sociedadedo século XVIII a modernidade,
fundada na capacidade da razão (pensamento), e na ciência. O projeto
progressista da modernidade revelou a capacidade do homem livre, a razão
como ato ontológico desse homem; e o desenvolvimento do pensamento com
dimensão emancipatória. Neste sentido, foi que a modernidade iluminista
esteve entrelaçada com o projeto revolucionário da burguesia. O pensamento
progressista, iluminado pela razão moderna, opunha-se aoconhecimento
“social” teológico, à organização feudal e àmonárquica.A capacidade da ciência
é resultado da razão do homem livre eautônomo. Como afirma Coutinho (2010,
p. 22),
Na época em que a burguesia era o porta-voz do
progresso social, seus representantes ideológicos podiam
considerar a realidade como um todo racional, cujo
conhecimento e consequente domínio eram uma
possibilidade aberta à razão humana.
Para o autor(idem),nesse determinado período histórico, tanto no
campo econômico-social quanto no cultural, o capitalismorepresentava uma
revolução na história da humanidade.Esse aspecto revolucionário esteve
constituído por um caráter racional dos processos histórico-sociais, ainda que a
compreensão do real estivesse como uma totalidade submetida à leis,e
revelasse ainda um caráter idealista dessa racionalidade, mas já reconhecendo
a historicidade dos processos objetivos.Ainda Coutinho (2010, p. 12), afirma
que entre os que pensavam e formulavam teoricamente aquele momento era
possível observar “[...] o nascimento de uma nova dialética racional, que
apresentava – sobre a dialética primitiva dos gregos – o inegável mérito de se
constituir sobre o reflexo de um ser social bem mais complexo e articulado”.O
pensamento da filosofia burguesa, nesse momento histórico, passa a
reconhecer a ação humana na formação das condições objetivas da sociedade.
São de Hegel as formulações essenciais da tradição progressista da
razão moderna, capaz de compreender os movimentos do real. É inclusive a
partir do pensamento hegeliano que Marx retomará e avançará em suas
construções sobre a razão progressista, inclusive o resgate do ser social e sua
ontologia. Coutinho (2010, p. 14 grifos do autor), ao falar dos méritos de Hegel
resume-os em três:

O humanismo, a teoria de que o homem é um produto de


sua própria atividade, de sua história coletiva; o
historicismo concreto, ou seja, a afirmação do caráter
ontologicamente histórico da realidade, com a
consequente defesa do progresso e do melhoramento da
espécie humana; e, finalmente a Razão dialética, em seu
duplo aspecto, isto é, o de uma racionalidade objetiva
imanente ao desenvolvimento da realidade (que se
apresenta sob a forma da unidade dos contrários), e
aquele das categorias capazes de apreender
subjetivamente essa racionalidade objetiva, categorias
que englobam, superando, as prove do “saber imediato”
(intuição) e do “entendimento” (intelecto analítico).
Não é certamente nosso objetivo, nesse ensaio, o esforço de
construir com maiores desdobramentos análise acerca das ambiguidades de
algumas categoriashegelianas, como, por exemplo, a ambivalência de sua
concepção ontológica, “[...] uma corretamente encaminhada a apreender a
objetividade processual do ser (a ‘verdadeira’ ontologia) e outra, centrada na
unidade identitária entre racionalidade objetiva e racionalidade subjetiva (a
‘falsa’ ontologia) [...] (LUKÁCS, 1976 apud NETTO, 2004, p. 30). Nosso
empenho nesse momento é, mesmo que sumariamente, apresentar as
importantes construções do pensamento moderno progressista; e, inclusive,
assinalar como o programa sociocultural e ideológico da modernidade permitiu
a consolidação da ordem social burguesa. A filosofia burguesa progressista,
nesse momento histórico, reconhece a ação humana na formação da
objetividade social. E constitui o confronto entre a não razão do absolutismo
feudal e o reino da razão imbuído no projeto capitalista democrático
(COUTINHO, 2010).
Com o projeto da modernidade o processo de consolidação da
ordem burguesa construiu elaborações teórico-filosóficas que desenvolveram a
racionalidade, inclusive com direções à apreensão das relações sócio-
históricas e político-econômicas.Tendencialmente, essa apreensão se mostrará
mais tarde como possibilidade de superação da própria ordem capitalista. Ao
falar sobre este aspecto Neto (1994, p. 32), afirma que “[...] é a esta tendência
que, em termos histórico-culturais, deve-se creditar a hipertrofia prática do
comportamento instrumental e a redução teórica da razão à racionalidade
analítica”.
Há, portanto, a partir da consolidação do projeto social,político e
econômico da burguesia, uma decadência ideológica do pensamento, da razão
burguesa. Pois ao passo que reconhece a potencialidade da razão do homem
no sentido de apreender os processos que constituem a realidade objetiva,
tende a “[...] deformar ideologicamente varias categorias desse processo”
(COUTINHO, 2010, p. 16). Está claro que os processos objetivos da realidade
social da ordem desenvolvida pela burguesia são fundados na exploração e
divisão do trabalho, e emanam contradições na vida social. Era, e ainda é, real
a possibilidade de que o avanço da razão e do pensamento pelos
trabalhadores os conduziria ao processo de apreensão que ultrapassaria os
processos que sustentam a ordem burguesa, uma vez apreendida em seu
caráter transitório e histórico. Pois, como afirma Neto (1994, p. 32),

[...] efetivamente, se o desenvolvimento da razão


moderna é congruente com a (e mesmo indispensável à)
lógica da ordem burguesa enquanto promove a produção
de um modo desantropomorfizador de pensar a natureza,
é com ela colidente no que tange às implicações de duas,
pelo menos, das suas categorias nucleares: o historicismo
concreto e a dialética. Ambas, no limite, conduzem à
apreensão do caráter historicamente transitório da ordem
burguesa; dessa apreensão podem resultar
comportamentos sociopolíticos que põem em risco essa
ordem. [...]A ordem burguesa, propiciadora da razão
moderna, a partir de um dado patamar de
desenvolvimento termina por incompatibilizar-se com a
sua integralidade: por sua lógica imanente, deve
prosseguir estimulando o envolver da razão analítica (a
intelecção), mas deve, igualmente, obstaculizar os
desdobramentos da sua superação crítica (a dialética).
Os processos sociais da ordem capitalista, a divisão do trabalho, e
uma nova objetividade social permitiria apreender a totalidade da vida social,
por meio de novas categorias cada vez mais racionais, e que apontavam os
aspectos contraditórios próprios da nova ordem, a burguesa. A possibilidade de
que o homem (ser social) dotado de razão apreenda os processos dessa
ordem, e os “limites objetivos impostos pela vida imediata” (COUTINHO, 2010,
p. 18) impõem e determinam barreiras à razão moderna, uma decadência. A
decadência é constituída pelo fragmento do pensamento, que “retira” do
homem, do ser social, a compreensão da totalidade da realidade, o que impede
conhecer a essência da vida social, das contradições sociais e de classe.
Marx fez a crítica, não só buscando analisar o abandono ideológico
da razão moderna, mas o fez de modo a resgatar o ser social a constituição
teórica da ontologia desse ser social (o trabalho), além do caráter histórico da
totalidade concreta da vida social. A crítica da teoria desenvolvida por Marx
superará, inclusive, o idealismo da dialética hegeliana. A realidade é levada ao
pensamento para apreender suas determinações e não o inverso. A razão
crítica do ser social,em Marx, é revolucionária, capaz de pensar as
objetividades da realidade da vida social em sua totalidade histórico-concreta.
Na teoria social crítica elaborada por Marx, a realidade histórica é
um complexo de complexos, um complexo de múltiplas determinações. Nesse
sentido, a teoria crítica tratará de apreender o ser social, sua produção e
reprodução, dentro da totalidade sócio-historica da sociedade capitalista
(NETO, 1994). Buscar entender o porquê das contradições de classe, e os
complexos que determinam tal realidade social, de modo a serem superados
pelo ser social.

3. PENSAMENTO PÓS-MODERNO E A RENÚNCIA DA TOTALIDADE.

O pensamento pós-moderno, que se afirma como contrário,


negação, em relação às ideias e categorias da modernidade, de certo, assim
como a modernidade burguesa, constitui-se a partir de um momento histórico
da sociedade capitalista. Sabe-se, ainda, que a negação pós-moderna é
intensamente mais radical à teoria social crítica formulada por Marx, que
ultrapassou os equívocos e incongruências de algumas categorias teóricas do
pensamento moderno. A derrubada do Muro de Berlim teria representado o fim
do chamado Socialismo Real, para as criticas pós-modernas, e demarcandoum
suposto fim do socialismo e o sinal de fracasso da teoria social crítica e ideais
progressistas. “Essa crise que se dá no plano do pensamento e se expressa
com o avanço da chamada perspectiva pós-moderna cumpre uma função
legitimadora do capitalismo em sua nova fase financeirizada e mundializada”
(EVANGELISTA, 2007 apud DARDENGO, 2012 p. 281).
A essênciadinâmica do capitalismo faz com que seja igualmente
dinâmica a aparência ea essência da realidade social. O século XX é marcado
pela transitoriedade e multiplicidade de aspectos na estrutura da produção e
reprodução da vida social, dotada de fragmentações, dadas as novas
configurações materiais da vida social resultantes da mundialização do capital
e o advento do neoliberalismo. E não por acaso, a pós-modernidade é uma
linha de pensamento que acompanha esse novo movimento do modo de
produção capitalista, a acumulação flexível, que se constitui, entre outros
aspectos, pela fragmentação do próprio processo produtivo. Como vemos na
passagem do texto de Eagleton (1998, p.07), quando este trata da
determinação histórica concreta do pós-modernismo:

[...] ela emerge da mudança histórica ocorrida no


Ocidente para uma nova forma de capitalismo – para o
mundo efêmero e descentralizado da tecnologia, do
consumismo e da indústria cultural, no qual as indústrias
de serviços, finanças e informações triunfam sobre a
produção tradicional, e a política clássica de classes cede
terreno a uma série difusa de “políticas de identidade”.
A reflexão que fazemos está vinculada à compreensão do
pensamento pós-modernoembutido econstituído nessas condições específicas
do momento de acumulação e reprodução da ordem econômico-social do
capital, marcado pela efemeridade eflexibilidade;e, certamente,acaba por ser
um reflexo categórico dessas transformações. E como tal, recusa radicalmente
teorias e pensamentos totalizantes darealidade social, rechaçando a
capacidade de categorias como a universalidade, singularidade e
particularidade, próprias da teoria crítica marxiana. De acordo com, Evangelista
(2007 apud DARDENGO, 2012, p 282), “[...] a falta de sentido existencial levam
os defensores da perspectiva pós-moderna a criticar todas as metanarrativas
provenientes da ‘era das luzes’”.
A individualidade e a subjetividade são elementos fundamentais na
articulação desse pensamento. As respostas e “saídas” das contradições,que
superficialmente reconhece, é pelas diferenças, seja individual ou coletiva
(grupos). A categoria classe não entra em cena, e a leitura da realidade é feita
através dos indivíduos e não da sociedade; a ideia é de que somos individuais,
particulares.Não há aos pós-modernos possibilidade de análise da realidade
que considere elementos universais. Neste sentido, “[...] pautam-se pela
monocausalidade segregando os nexos pluricausais para explicar a dinâmica
social, servindo-se de uma ampla argumentação contra a compreensão da
totalidade da vida social” (EVANGELISTA, 2007 apud DARDENGO, 2012, p.
283).
Sobre a recusa da totalidade, Eagleton (1998 p. 20), faz uma
importante reflexão:
Talvez a antitotalidade refira-se aqui mais a uma questão
estratégica que teórica: pode muito bem haver algum tipo
de sistema total, mas, uma vez que nossas ações
políticas não conseguem combatê-lo como um todo, o
melhor conselho seria então que dançássemos conforme
a música e partíssemos para projetos mais modestos
porém mais viáveis. [...] Não buscar a totalidade
representa apenas um código para não se considerar o
capitalismo.
Ao negar a totalidade da vida social, rechaçam, da teoria crítica de
Marx, uma categoria central, “[...] seu caráter unitário e totalizante/totalizador,
embasado numa ontologia do ser social – a partir da crítica da economia
política – historicamente constituída no mundo do capital” (NETO, 2004 p. 239).
Neste sentido, o que se tem é um estudo que não considera as determinações
do real, pois a realidade, nesse pensamento, é constituída de fragmentos
aleatórios que jamais serão unificados, é caótica.
O caráter fragmentador e efêmero do pensamento pós-moderno faz
uma ideia de históriaentendida como aleatória e descontínua,além de empregar
“novas” formas de compreensão da realidade social direcionadas pela ideia de
espaço/tempo, dada a organização atual do capitalismo. Nas palavras de Terry
Eagleton (1998, p. 55),
A história do pós-modernismo, ao contrário, tende a ser
vividamais unidimensional, eliminando esse conceito
estratificado do tempo em benefício do curto prazo, do
contexto contemporâneo, da conjuntura imediata. [...] O
marxismo é bem mais pluralista nesse assunto, às vezes
examinando uma conjuntura histórica específico.
Muito ainda há de dúbio entre as formulações do pensamento pós-
moderno, que reclama da razão moderna um suposto veto às subjetividades
(sentimentos e sensações), esfera central na análise que faz da realidade
social, e que se afirmará na organização e posicionamento político.De certo é
que essas formulações, da cultura pós-moderna, revelam-se ao mesmo tempo
radical e conformista. Como afirma Eagleton (1998, p. 23),

A política do pós-modernismo, portanto, significou ao


mesmo tempo enriquecimento e evasão.Se eles lançaram
questões políticas novas e vitais, isto se dá, em parte,
porque bateram em retirada diante de impasses políticos
mais antigos — não por eles terem desaparecido ou se
solucionado, mas porque por ora se mostravam
intratáveis.
Constitui, sobretudo a partir dos anos 60 do século XX,novas
lutaspolíticas, separadas, deslocadas da luta de classes, relegando para
segundo plano os aspectos de totalidade, alémde não revolucionárias. No
cerne as lutas de gênero e étnicas/raciais, posteriormente outras foram
colocadas em cena, que apesar de constituírem em lutas importantes que
temos a travar na realidade social, quando fragmentadas e descoladas da
totalidade da vida social objetivanem de longe arranham a ordem capitalista. A
possibilidade máxima a alcançar, no âmbito da ordem burguesa, e sob seus
parâmetros, é uma falsa emancipação política.
O subjetivismo pós-moderno quebra radicalmente a possibilidade de
organização política crítica,e impede a compreensão da totalidade da vida
social. Obscurece a práxis ontológica do ser social, e veda a racionalidade
crítica do homem capaz de reconstituir o real, no pensamento, e revelar a
essência e com ela compreender as múltiplas determinações da realidade
social objetiva.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando o pensamento pós-moderno nega a razão moderna, em


especial, negaa teoria crítica e do método dialético elabora por Marx e sua
validade no processo de compreensão da realidade social, que continua a ser
de ordem capitalista, constrói barreiras no campo do pensamento que limitam
ao trabalhador o conhecimento da totalidade, de apreender os complexos
objetivos da realidade. O conhecimento da totalidade revela a essência das
contradições sociais, das contradições de classe. No entanto, “[...] Captar a
forma de uma totalidade exige um raciocínio rigoroso e cansativo, o que vem a
ser uma das razões de por que aqueles que não têm necessidade de fazê-lo
venham a se maravilhar com a ambiguidade e a indeterminação” (EAGLETON,
1998, p. 21).
Intencional ou não, dada a ambivalência política dentro do próprio
pensamento pós-moderno em relação à ordem do capital, as elaborações
desse pensamento e sua unânime oposição e negação da dialética, e do
caráter materialista e histórico da realidade social, atuam a legitimar os
processos de (re)produção da ordem do capital.Os complexos e as
determinações da realidade objetividade, material, da vida social são
obscurecidos com a superposição dada às subjetividades, às fragmentações e
ao efêmero. O que vimos foi exatamente como afirmou Coutinho (2010, p. 26),
ao falar dessa quebra da razão, que “por limitar-se à apreensão imediata da
realidade, ao invés de elaborar as categorias a partir de sua essência
econômica, que o pensamento da decadência serve ideologicamente aos
interesses da burguesia”.
A continuidade da compreensão e explicaçãoda sociedade
contemporânea pelas categorias de Marx, do método crítico, é válida porque o
modo de produção ainda é capitalista, e continua a reproduzir muitos
processos do século XIX. Faz-se necessário o estudo da história concreta, que
é carregada de contradições e determinações, estuda-la é compreender a
totalidade. Por outro lado, não entender os processos como um todo, na
totalidade, é não tercondições de construir contratedências.
Ao contrário do que afirmam os pós-modernos, de que a teoria
crítica não foi capaz de responder aos processos nascentes das
transformações da ordem capitalista do final do século XX, e agora no XXI, tais
transformações só nos levam reafirmar que somente o método crítico tem sido
capaz de compreender a complexidade do capitalismo contemporâneo. Por
isso, afirmamos categoricamente, que compreender essa realidade só é
possível pela utilização do método critico/dialético, do resgate da razão. De
forma a ultrapassar os sistemas abstratos e a aparência; destruir a pseudo-
concreticidade e desvendar o mundo real, descobrindo a essência pelo
movimento da dialética.
Por fim, não há como negar que as lutas políticas dos novos
movimentos sociais pela materialização de direitos sociais através das políticas
sociais são importantes, e podem exercer alguma tensão na ordem do capital.
Contudo, igualmente não se pode perder de vista a compreensão de que esse
movimento não supera as desigualdades sociais próprias do mundo capitalista,
e tão pouco é capaz de socializar os meios de produção e a riqueza
socialmente produzida. Resta o desafio de pensar e estabelecer lutas que não
recusem a totalidade da vida social, capaz de articular as lutas por direitos
sociais com lutas anticapitalistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUTINHO, C. N. O Estruturalismo e a miséria da razão. Rio de Janeiro:


Paz e Terra, 1974.
DARDENGO, A. M. Resenha do Livro Teorias social pós-moderna:
introdução crítica.Revista Argumento, Vitória (ES), v. 4, n.2, p. 279-284,
jul./dez. 2012.Disponível em:
https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4835001.pdf. Acesso em: 08 de Jan.
de 2017.
EAGLETON, T. As ilusões do pós-modernismo. Tradução, Elizabeth
Barbosa. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. (Prefácio; cap. 1; cap. 3) (p.
7-28; 51-71).

HARVEY, D. Condição pós-moderna. 10ª edição. São Paulo: Edições Loyola,


2001. p. 45-67.

NETTO, J. P. Razão, ontologia e práxis. Revista Serviço Social e Sociedade.


nº 44 , ANO XV. São Paulo: Cortez, 1994.
__________. De como não ler Marx de Sousa Santos. In: __________.
Marxismo impenitente: contribuição à história das ideias marxistas. São
Paulo: Cortez, 2004. p. 223-241.

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