GUIA DE CUIDADOS COM O

VIOLONCELO
AICHISON & MNATZAGANIAN SÃO ESPECIALISTAS DO
VIOLONCELO. Sediados em Ely, Cambridgeshore, providenciam os
violoncelistas com um serviço único e compreensivo, focando-se em
todos os aspectos dos cuidados com o violoncelo:

AJUSTE DO SOM. Luthier Robin Aitchison é conhecido pelo seu talento

na montagem e no ajuste do som dos instrumentos.

EXPERIMENTAÇÃO DE CORDAS. Serviço único de experimentação

de cordas, que dá aos instrumentistas uma oportunidade de testar uma
grande variedade de cordas de violoncelo. Sarah e Robin instalam as
cordas e aconselham os violoncelistas durante a experimentação. Este
serviço inclui um check-up completo a cada violoncelo. O custo é de 25
libras (gratuito para estudantes).

STOCK DE INSTRUMENTOS DE ALTA QUALIDADE. Excelentes

instrumentos para venda que foram completamente restaurados e
montados na nossa oficina. Também temos um serviço de “troca de
violoncelos” que ajuda os violoncelistas a encontrarem novas casas para
os seus instrumentos por uma modesta comissão de 10%. Robin
Aitchison aceita encomendas para novos instrumentos, que são cópias
cuidadosamente estudadas dos originais de luthiers como
G.B.Guadagnini ou Antonio Stradivarius

TAKE A BOW. Organizamos uma exposição bianual de arcos

contemporâneos, por mestres achetiers internacionais. O Take a Bow 2005
acontece entre 1 de Outubro e 15 de Novembro de 2005.

Para mais cópias do “Guia de Cuidados com Violoncelo”, ou para te

juntares à nossa mailing list, envia-nos um e-mail para:
sarah@aitchisoncellos.com ou telefona para o 01353 668559.
Por Robin Aitchison and Sarah Mnatzaganian
Tradução de José Pedro Sousa

7 CAMBRIDGE ROAD . ELY . CAMBS . CB7 4HJ 7 CAMBRIDGE ROAD . ELY . CAMBS . CB7 4HJ
TEL: 01353 668559 – EMAIL: info@aitchisoncellos.com TEL: 01353 668559 – EMAIL: info@aitchisoncellos.com
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A MONTAGEM DO VIOLONCELO
Uma montagem à medida terá
em conta a tua maneira de tocar e
a tua força física e pode melhorar
dramaticamente tanto o teu
conforto ao tocar como a resposta
do violoncelo.
A montagem de um violoncelo
engloba todas as partes do
instrumento que possam ser
adaptadas às necessidades
específicas do executante, o que
inclui cravelhas, cordas, pestana,
escala, braço, cavalete,
estandarte, espigão, barra
harmónica e cerdas. Se o
violoncelo tiver um cavalete e
uma alma aceitáveis, o ponto de
partida para uma montagem é
concentrarmo-nos no arco e nas
cordas. Experimentar cordas ou
encerdar o arco pode
revolucionar o som de um
violoncelo, tanto quanto a
colagem de pequenas
aberturas.
O segundo nível de
investigação é melhorar o
timbre e a resposta do
violoncelo colocando um
cavalete e uma alma
cuidadosamente desenhados.
Um bom luthier considerará
tanto a maneira de tocar do
violoncelista como o carácter do
violoncelo quando desenhar um
cavalete. A alma tem uma
influência tão profunda no
timbre e na resposta que em
Italiano é conhecida como
“anima”, e daí a “alma” do
“Uma montagem à medida pode melhorar drasticamente o teu
CUIDADOS DO DIA-A-DIA
instrumento. Um luthier vai O CAVALETE
“afinar” o corpo de um
violoncelo com a sua alma tão O cavalete ideal obtém-se a partir
cuidadosamente como o do melhor acer maduro. Ele
executante afina as cordas. É segura as tuas cordas numa
necessário ainda mais trabalho altura ideal acima da escala e
para uma montagem mais permite uma mudança limpa
profunda, que inclui a entre cordas. As cordas assentam
recolocação do braço para em sulcos cuidadosamente
corrigir problemas de elevação e esculpidos e lubrificados de entre
alinhamento, e a colocação de 1/3 e 1/2 do seu diâmetro, e as
uma nova barra harmónica, que cordas Lá e Ré são protegidas por
controla a rigidez e o movimento papel velino (pequenos bocados
do tampo de couro colados ao cavalete por
superior. debaixo das cordas mais agudas).
Os pés do cavalete são moldados
ao tampo superior do violoncelo,
e o cavalete permanece
perfeitamente na vertical de
maneira a que a potência do teu
arco é directamente transferida
para o corpo do instrumento.
Verifica o ângulo do cavalete
semanalmente. Dependendo de
como afinas o teu violoncelo, à
medida que as cordas deslizam
nos seus sulcos o cavalete vai
sendo arrastado na direcção das
cravelhas ou dos afinadores. Se o
cavalete não ficar totalmente
apoiado nos seus pés, notarás
uma mudança imediata na
resposta do violoncelo e o
cavalete vai começar a deformar-
se. Pode ser difícil descobrir um
cavalete ligeiramente curvado,
por isso podes pedir ao teu luthier
para cortar uma bitola de
madeira que encaixe
perfeitamente entre o final da tua
escala e o início do teu cavalete
correctamente posicionado.
conforto ao tocar”
Endireita o cavalete se necessário. Se
os sulcos das cordas estiverem
bem lubrificados e moldados às
tuas cordas, deverás conseguir
mover o cavalete debaixo da
tensão total das cordas. Se os
sulcos estiverem lubrificados mas
o cavalete não mexer, os sulcos
podem estar demasiado
apertados ou profundos, e
deverás pedir a um luthier que os
corrija. Se tudo estiver bem,
endireita o cavalete segurando-o
entre os polegares e os restantes
dedos, bem perto das cordas. Na
dúvida, pede ao teu luthier ou
professor para te demonstrarem a
técnica.
Com a devida prática, endireitar
o teu cavalete será rápido e
indolor e será parte integrante da
preparação antes de tocar, tanto
quanto pôr resina no arco.
Lubrifica os sulcos das cordas no
cavalete e na pestana friccionando
mina de lápis ou sabão seco nos
sulcos, pois isso minimiza a
fricção entre corda e cavalete.
Lubrifica novamente sempre que
mudares de corda. Tenta afinar
utilizando as cravelhas, já que o
cavalete está desenhado para
suportar um puxão nesta
direcção.
Está atento à posição do teu cavalete.
A posição do teu cavalete em
relação à alma afeta radicalmente
o timbre do teu violoncelo. Se o
teu violoncelo sofreu alguma
queda poderás ter de pedir ao teu
luthier que verifique o cavalete,
pois o verniz poderá não ter uma
marca dos pés do cavalete que
indique a posição original do
cavalete.
A ALMA
A alma perfeita é feita do melhor
abeto, cuidadosamente
selecionado, e habilmente
colocada de maneira a transferir a
vibração do cavalete e do tampo
superior para o tampo inferior do
instrumento.
As almas são colocadas e
ajustadas a cada violoncelista, já
que diferentes músicos têm
diferentes necessidades. Alguns
solistas utilizam muita pressão
no arco e precisam de um grande
suporte, por isso têm almas
relativamente longas. No entanto,
não há nenhuma regra pura e
dura; se usares velocidade do
arco ao invés de pressão para
criar um grande som, talvez
precises de uma alma menos
apertada.
Se a alma cair, solta a tensão das
cordas imediatamente, pois um
tampo superior não suportado
pode rachar ou distorcer sob
tensão.
A ESCALA
A escala ideal é côncava no seu
comprimento para dar um som
limpo e uniforme, e a sua
superfície é lisa permitindo uma
afinação precisa e umas quintas
perfeitas entre as cordas.
Para ver o tamanho da concavidade
numa escala, pressiona cada corda
em ambas as pontas da escala e
observa a distância entre o meio
da corda e a superfície da escala.
A concavidade deve ser rasa
debaixo da corda Lá, e cada vez
mais profunda em direcção à
corda Dó. Modo geral, essa
concavidade deve ter a mesma
profundidade e espessura da
corda Dó.
Verifica a união entre a escala e o
braço já que as escalas
ocasionalmente descolam-se em
alguns sítios. Neste caso, o braço
rapidamente vai empenar e a
altura das cordas vai aumentar
dramaticamente. Se a tua escala
te parecer áspera ou desigual,
pede a um luthier que to rebaixe.
A PESTANA
Uma pestana em perfeito
funcionamento é feita de maneira
a permitir uma transição suave e
gradual da corda entre o
cravelhal e a escala. Os sulcos
estão limados à forma exacta da
corda, permitindo que apenas um
terço da sua profundidade corra
dentro do sulco. A pestana deve
estar na altura correcta e deve
permitir um espaço mínimo entre
a corda e aquela ponta da escala.
Se trocares de tipo de corda, pede
a um luthier para comprovar que
as novas cordas vão caber nos
sulcos da pestana e do cavalete.
CRAVELHAS
Umas boas cravelhas devem
mexer facilmente sem escorregar
ou prender, porque cada buraco é
circular e cada cravelha é
uniformemente cónica, tratada
com uma pasta semi-lubrificante.
O buraco maior é um pouco mais
apertado na cravelha do que o
pequeno buraco, para permitir
algum controlo na afinação. Para
mais informação sobre cravelhas,
vê as “Curas para
Violoncelos”, na
página 19.
“Quanto mais potente for o violoncelista, mais
espaço as cordas precisam para vibrar.”
A ALTURA DAS
CORDAS
Se tudo estiver bem, sentir-te-ás
confortável com as cordas
debaixo dos teus dedos, mas elas
não vão zumbir nem fazer ruído
contra a escala quando tocares
fortíssimo.
A preferência da altura das
cordas depende do tipo de corda
que usas, do desenho da escala e
das necessidades do teu tipo de
execução. Modo geral, o ponto
central da tua corda deve estar a
cerca de 6mm da escala (na corda
Lá), e a 8.5mm (corda Dó) na sua
extremidade inferior.
Cordas de metal são colocadas
mais baixas (às vezes chegando
aos 4mm para uma corda Lá de
metal, por exemplo). Quanto
mais potente for o
violoncelista, mais espaço as
cordas precisam para vibrar.
Vê também as “Curas para
Violoncelos”, na página 20.
CORDAS
O ideal é que as tuas cordas
sejam novas e que o seu timbre
complemente e equilibre o
carácter do teu violoncelo.
Troca de cordas regularmente, já que
elas são quase sempre mais potentes e
flexíveis quando são novas.
Algumas cordas podem perder o
timbre mais rapidamente,
enquanto outras duram muito
tempo. Cordas diferentes
também demoram tempos
diferentes até estarem “rodadas”.
Se tiveres mais apertado
economicamente, considera
trocar as cordas agudas mais
frequentemente do que as graves.
Alguns violoncelistas consideram
útil trocar só uma ou duas cordas
de cada vez, para evitar uma
sensação de desorientação e para
ter a certeza que nenhuma corda
nova vem com defeito.
suficientemente tensa para ser
afinada. Esta troca leva a corda a
“bloquear-se” a si mesma na
cravelha, e ajuda a evitar que
deslize.
A corda deve acabar contra a
parede do cravelhal, mas sem
estar esmagada contra ela. As
voltas devem distribuir-se de
maneira regular ao longo da
cravelha e não se devem cruzar
excepto quando trocámos de
direcção ao enrolá-la. Tem
cuidado para não afinar a corda
mais aguda do que o pretendido,
pois isso pode danificar a corda.
Experimenta várias cordas. A
escolha das cordas é fundamental
para a cor e qualidade do som
que produzes, tanto quanto a
escolha das colunas influencia a
performance de um sistema de
alta fidelidade.
RESINA
O melhor é evitar as resinas mais
baratas, já que elas oferecem
resultados muito pobres.
Utiliza resina regularmente e
moderadamente. Passa uma vez a
resina no arco para uma sessão
de estudo, e duas para um dia de
trabalho. Demasiada resina
produz um som áspero e gritante
e torna difícil a mudança de
arcada. Pouca resina torna difícil
tocar à corda e torna-se
impossível obter um bom
staccato.
Limpa a resina das cordas com um
pano depois de tocar. Se a resina se
acumular em cima das cordas, ela
vai interferir com a sua resposta
tímbrica. Se não conseguires
retirar a resina com um pano,
talvez necessites de usar uma
pequena quantidade de solvente
(perfume, álcool desnaturalizado)
num pouco de algodão. Antes de
tentar limpar a corda, protege o
tampo superior do violoncelo
com uma toalha seca e limpa.
Assegura-te que do algodão não
cai nem uma gota de solvente, já
que qualquer resquício irá
danificar o verniz. Deita
fora o algodão
imediatamente e lava
as mãos antes de
tocar no violoncelo
novamente.

Experimenta a “volta do luthier” ao Cada violoncelo é único e pode

colocar a corda. Coloca a ponta da
corda com a bola no estandarte
ou no esticador. Tendo cuidado
para não torcer a corda, enfia-a
no buraco da cravelha, deixando
apenas alguns milímetros da
ponta no outro lado.
Dá duas voltas à cravelha de
maneira regular, em direcção à
parte mais fina da cravelha, e
depois enrola-a sobre si mesma
rodando na direcção contrária
(em direcção à parte larga da
cravelha), até que a corda esteja
soar bem com combinações de
cordas de tipo diferente. A
escolha das cordas mais agudas é
especialmente importante, já que
um violoncelo muito escuro
precisará de cordas brilhantes
para ter boa dicção, enquanto um
violoncelo muito brilhante
precisará de cordas agudas mais
suaves e escuras. Se decidires
trocar de cordas, pede a um
luthier para ajustar os sulcos da
pestana e do cavalete.
“Utiliza resina regularmente e moderadamente.”
O ARCO
Se puseres o olho no botão e
olhares para a ponta, o arco deve
estar recto ou em alguns casos
vergado ligeiramente para a
direita. A noz deve encaixar
confortavelmente na vara, e o
mecanismo do botão deve
funcionar facilmente ao apertar e
desapertar as cerdas. Devemos
sentir-nos cómodos com o arco
na mão.
Encerda o arco regularmente. As
cerdas do arco gastam-se, às
vezes em poucas semanas no
caso de violoncelistas muito
ocupados. Cerdas novas e de boa
qualidade com uma camada
uniforme de resina transformam
completamente o som do teu
violoncelo.
Um bom archetier tomará o seu
tempo para selecionar cada cerda
para o teu arco, assegurando-se
que está limpa, direita e perfeita.
O molhe de cerdas selecionadas é
então atado e preso às pontas do
arco com uma cunha, de maneira
a formar uma cinta homogénea
de cerdas. Este trabalho é muito
hábil por isso uma boa troca de
cerdas não é particularmente
barata, mas os resultados valem a
pena. Más trocas de cerdas
podem danificar o teu arco ou
desfazerem-se a meio de uma
performance.
Deixa algum tempo para que as
novas cerdas estabilizem. Novas
cerdas não contêm muito a resina
ao início, e podem soar um pouco
ásperas. Aplica uma boa camada
uniforme de resina e prepara-te
para tocar uma hora para
Limpa a vara com um pano seco
para remover a resina que, caso
permitir que as cerdas contrário, se vai acumular no teu
estabilizem, ainda que quinze arco. Por norma, o arco deverá
minutos de acordes agressivos ser limpo quando é encerdado.
em cordas soltas sejam Evita tocar nas cerdas com as
normalmente suficientes para mãos, já que a a gordura dos teus
limpar o pior da aspereza das dedos vai atrair sujidade e vai
novas cerdas. impedir a resina de aderir às
cerdas.
Assegura-te que o teu arco é
confortável de se segurar. Muitos Mantém o arco num ambiente
violoncelistas preferem um estável e evita expô-lo à luz
encerdado curto, que deixe as directa (que encolhe as
cerdas somente um pouco soltas cerdas) e a alta humidade
quando o parafuso está (que estica as cerdas).
totalmente desapertado. Um
encerdado curto fará com que a
noz esteja perto da pele do arco
quando o arco estiver apertado e
também significará que o ponto
de equilíbrio da vara estará perto
da mão do instrumentista,
evitando que se sinta a ponta
muito pesada ao tocar.
Outra vantagem de um
encerdado curto é que aceita bem
a tendência das cerdas alongarem
com o uso.
Alguns violoncelistas põem uma
tira de couro na zona de contacto
do polegar, para proteger o
polegar da ponta afiada da noz.
Outros põem uma tira ou tubo de
borracha na vara para aumentar a
sua grossura, torná-la mais
confortável, e almofadar o
polegar. Todas estas técnicas
“Más trocas de cerdas podem-se desfazer a meio de
previnem que a unha do polegar um espectáculo.”.
cause danos na vara.
VERNIZ
O verniz é como a pele viva de
um instrumento e é parte integral
da sua estrutura e identidade.
Não só é bonito como protege a
madeira da humidade, abrasivos
e sujidade, e como tal deve ser
tratado com cuidado e respeito.
Sempre que possível, segura o
violoncelo no braço para evitar tocar
no verniz. Sempre que tocas no
verniz, removes um pouco de
verniz e depositas um
pouco de sujidade.
Manda retocar o verniz se estiver
muito gasto. Certas zonas do
violoncelo estão sujeitas a muito
desgaste, principalmente a
ilharga do lado das cordas
agudas e as bordas do tampo
superior quando pousamos o
violoncelo no chão. Se o teu
verniz estiver muito fino nestas
partes é importante que o
mandes retocar antes que as
áreas desprotegidas da
madeira se danifiquem ou
se desgastem.
“Negligência benigna é melhor do que um polidor.”
Não te preocupes com os pequenos
arranhões. Não sejas tentado a
camuflar os arranhões sozinho, já
que isso pode comprometer
futuros retoques do luthier.
Pequenos arranhões vão sendo
obscurecidos pela
sujidade, que pode
ser facilmente
removida se
mandares retocar
o verniz.
“Retoques «faça você mesmo» podem comprometer o
Negligência benigna é melhor do que
um polidor. É melhor limpar o
verniz com um pano seco e suave
e evitar polidores comerciais, a
maior parte dos quais ou remove
o verniz ou deixa um resíduo
permanente que se vai acumular
com o tempo.
Se o teu violoncelo estiver
intoleravelmente pegajoso ou
sujo, um bom luthier fará um
trabalho de limpeza cuidadoso e
informado. Se não resistires a
polir o teu violoncelo,
nós produzimos um
polidor seguro e
reversível (“Cello
Buff”) que pode ser
facilmente removido
por um luthier e não
danificará o teu
verniz.
trabalho futuro de um luthier.”
TEMPERATURA E HUMIDADE
Idealmente, guarda o teu
violoncelo dentro da caixa, numa
divisão de temperatura e
humidade moderadas. Os
seguros não cobrem danos
causados por mudanças
atmosféricas!
Se tu estiveres frio ou quente,
provavelmente o teu violoncelo
também está. A madeira encolhe
com o frio e com o ar seco, e
expande com o calor e com a
humidade. Mudanças
bruscas de temperatura
ou humidade provocam
rachadelas e as juntas coladas
podem abrir à medida que a
madeira expande ou
contrai. Verniz escuro e
caixas pretas
absorvem calor
muito rapidamente
por isso assegura-
te que o violoncelo
está longe da luz directa e
das fontes de calor, como
radiadores. Caixas brancas
mantêm os seus ocupantes
frescos nos dias quentes.
Em condições secas, usa um
humidificador (como um Dampit)
quando o violoncelo estiver na sua
caixa. Molha o humidificador,
espreme-lo bem e seca muito as
superfícies exteriores antes de o
inserir no f do violoncelo; se
estiver molhado pode
danificar o
verniz.
CAIXAS DE VIOLONCELO
Uma caixa de violoncelo ideal
tem uma carapaça forte e um
interior acolchoado que acomoda
o violoncelo e irá amortecer e
segurar o violoncelo se a caixa
colidir, cair ou for arrastada sobre
rodas.
A fita de segurança deve estar o
mais baixa possível no braço. A
cabeça e o braço devem estar
protegidos contra os golpes
“cervicais”, como se tivessem um
apoio de cabeça de um carro
colado atrás da voluta. O
violoncelo também deve estar
protegido contra arcos soltos com
uma capa especialmente
desenhada, ou um pouco de
seda.
Quando viajares de carro, usa um
cinto de segurança para o violoncelo.
Se possível, põe o violoncelo no
lugar do pendura, se necessário
virando-o de pernas para o ar
caso não caiba na zona das
pernas virado para cima. O teu
violoncelo, tal como qualquer
passageiro, sairá ileso de um
choque muito mais facilmente se
tiver o cinto de segurança e não
andar a voar de um lado para o
outro dentro do carro.
Deita sempre a caixa. As caixas de
violoncelo são instáveis quando
estão de pé, e os braços partem
facilmente dentro de caixas
fechadas que caem ao chão.

Se tirares o violoncelo de
casa em dias quentes ou frios,
mantém-no fechado na caixa
até chegares a um ambiente
estável. Se o violoncelo esteve
muito frio na viagem, deixa-o
aclimatizar durante várias
horas dentro da caixa quando
chegares a um ambiente “Se possível, põe o violoncelo no lugar do pendura.”
quente.

“Se tu estiveres frio ou quente, provavelmente o teu violoncelo também está.”


SEGUROS
A melhor solução é encontrar
uma seguradora especializada
em instrumentos musicais, como
a Allianz Cornhill 1. Não só
oferecem preços mais
competitivos como, caso algum
dia tenhas de reportar um
sinistro, são geralmente mais
cooperantes do que um seguro
doméstico já que compreendem
as necessidades de um músico e
os tecnicismos dos danos e das
reparações de instrumentos.
Assegura-te que a avaliação do teu
instrumento está actualizada e
proteje o teu instrumento, arco e
caixa através de um generoso valor
de substituição.
“A seguradora vai pedir-te para descreveres as circunstâncias exactas em que o instrumento se
danificou ou perdeu...
1
Esta seguradora não opera em
Portugal. Contudo, muitos
músicos são clientes da EXS
Uma avaliação generosa garante-
te que será relativamente fácil
encontrar um novo instrumento
caso o teu violoncelo seja
roubado ou destruído. Também
significa que se o teu instrumento
se danificar e com isso perder
valor, serás devidamente
compensado. Vale a pena
actualizar a avaliação do teu
instrumento a cada dois ou três
anos.
(www.exs-seguros.com), ou da
Lark Insurance
(www.larkinsurance.co.uk) (n.t.)
PARTICIPAR UM SINISTRO AO SEGURO
Se o teu violoncelo ou arco forem
roubados ou danificados, a
primeira coisa a fazer é telefonar
ao teu seguro. Eles vão pedir-te
para descreveres as
circunstâncias exactas em que o
instrumento se danificou ou
perdeu, para determinarem se CUIDADOS ANUAIS DO
estás ou não coberto pelos termos VIOLONCELO
e condições do teu seguro.
Danos causados pelo desgaste • Coloca cordas novas pelo
normal ou por condições menos uma vez por ano.
atmosférias (p.e. pelo calor das
luzes de palco, ou por exposição • Manda encerdar o teu arco
ao frio) não são normalmente pelo menos uma vez por ano
cobertos pelos seguros
especializados. • Leva o teu violoncelo a uma
revisão anual, tal como um
Também poderás não estar motorista leva o seu carro à
coberto caso o violoncelo seja mudança de óleo. O teu
roubado de um veículo a motor. luthier deverá verificar se não
As políticas dos seguros deverão há juntas descoladas ou
proteger-te contra acidentes rachas abertas, e verificar
pontuais, por exemplo quedas ou todos os aspectos da
choques. montagem do violoncelo,
Se a seguradora estiver de acordo para te assegurar que o
que os teus termos e condições instrumento está a trabalhar
cobrem as circunstâncias, vai no seu melhor.
enviar-te um formulário que
deverás completar e devolver • Para instrumentos muito
juntamente com uma declaração utilizados, o check-up anual é
do luthier informando o valor da também uma boa
reparação ou, em casos extremos, oportunidade para rebaixar a
avisando que esta seria
demasiado cara e que seria
melhor substituir o instrumento.
Se um instrumento for declarado
como perda total, geralmente a
seguradora irá recolhê-lo.
A-Z DAS CURAS PARA
VIOLONCELOS 3

AS CERDAS ESTÃO SUJAS 2

É melhor mandar encerdar do que tentar lavar cerdas sujas. A água pode
escorrer pelas cerdas e afrouxar as cunhas na ponta e no talão. 5

O ARCO TORCEU-SE NO SENTIDO DO COMPRIMENTO

1
• O arco pode ter sido mal encerdado (tensão desigual).
4
• Podes ter perdido muitas cerdas na zona do arco que fica virada para
nós.
• A madeira pode ter respondido a mudanças
atmosféricas/temperatura. Corrigir a curvatura de um arco é trabalho
para um archetier de alto nível.
1. Ajustador/Botão: peça decorativa na ponta da vara que está
presa ao parafuso.
O ARCO NÃO TEM “ATAQUE” E NÃO CONTÉM A RESINA
O teu arco talvez precise de ser encerdado. 2. Rosca do arco: a rosca do arco está fixada à noz, e o parafuso
atravessa o seu interior empurrando a noz contra o botão
quando apertamos o arco.
O ARCO TEM O BOTÃO MUITO PRESO
3. Encaixe: cortado na vara, permite que a rosca do arco
A rosca do arco talvez esteja a segurar a noz muito junto à vara. Para
percorra o parafuso à medida que apertamos e desapertamos
soltá-la, desmonta o arco. Se nunca fizeste isso, desaperta o botão
completamente e, segurando a noz com a mão esquerda, retira do arco o o arco.
botão juntamente com o parafuso. Tomando cuidado para não torcer as
cerdas do arco, pousa a vara numa superfície plana enquanto te ocupas 4. Parafuso: uma vara de metal parcialmente roscada que está
presa ao botão e engata na rosca do arco para apertar ou
da noz. (Ver diagrama na página seguinte).
desapertar o mecanismo.
A maneira mais segura de ajustar a rosca do arco é usar dois pequenos
5. Calha: um canal de metal na noz que desliza ao longo da
alicates. Não uses o próprio parafuso para rodar a rosca do arco, já que há
uma grande probabilidade de danificares a calha da noz. vara quando o arco é apertado ou desapertado.

Para afrouxar a tensão da noz contra a vara, roda suavemente a rosca do

arco no sentido anti-horário exactamente 180 graus. Depois recoloca a
noz na vara e aperta cuidadosamente o botão na vara.

O CAVALETE ESTÁ DEFORMADO

Pede ao teu luthier para endireitar o cavalete e tenta mantê-lo direito no
futuro! Se ainda assim o cavalete continuar a curvar, terás de pedir ao
luthier para te fazer um novo.

“Os zumbidos podem ser causados por praticamente qualquer parte do violoncelo.”
ZUMBIDOS
Além de zumbidos causados por elementos externos, tais como os botões
da roupa a vibrar contra o violoncelo ou mesmo alguma coisa na sala a
vibrar por simpatia, os zumbidos podem ser causados por praticamente
qualquer parte do violoncelo. Abaixo está uma lista dos zumbidos mais
comuns e das suas causas.
ZUMBIDOS NUMA SÓ CORDA
• Poderá haver algum enrolamento de corda frouxo – Nesse caso, troca
de corda.
• Uma corda calcada pode zumbir devido a um sulco demasiado grande
no cavaleto; uma corda solta que desaparece quando a corda é calcada
sugere um sulco demasiado grande na pestana.
ZUMBIDOS SÓ EM CERDAS NOTAS
A tua escala pode estar desnivelada e as cordas podem ficar presas nas
“lombas” quando tocas certas novas. Se sim, pede a um luthier que te nivele
a escala.
ZUMBIDOS INTERMITENTES
Zumbidos causados pelo perfilado ou por juntas descoladas podem
desaparecer com a humidade e voltar a aparecer com o tempo seco, à
medida que a cola amolece e endurece. Na dúvida, consulta um luthier.
OUTRAS CAUSAS HABITUAIS DE ZUMBIDOS
• O fio do estandarte está a vibrar contra o estandarte
• A escala está a descolar
• O botão do arco está solto – experimenta apertá-lo
• O papel velino do cavalete está solto
• O espigão está solto
• A ponta solta da corda na cravelha está a zumbir contra o cravelhal
• As pontas decorativas nas cravelhas estão soltas
• O tubo protector da corda está solto; remove-o ou empurra-o para
baixo, por cima da seda, até à ponta da corda.
• Rachas abertas (novas ou descoladas)
• Fraco contacto entre os pés do cavalete e o tampo superior
• Fio do estandarte a vibrar num buraco demasiado grande do
estandarte.
RACHAS
Não sejas tentado a tocar numa racha com os dedos, já que isso pode
depositar gordura ou estragar a borda do verniz e tornar a reparação
mais difícil. Leva o instrumento directamente a um luthier, já que as
rachas geralmente aumentam com o tempo. Se a racha for perto do
cavelete ou da alma, na frente ou na parte de trás, deverás libertar
imediatamente a tensão das cordas para retirar a tensão na racha.
Recolhe sempre todos os bocados de madeira solta/partida quando um
instrumento se danifica. Isto ajudará a conseguir uma reparação melhor e
irá reduzir significativamente o seu custo.
PROBLEMAS DE AFINAÇÃO EM CERTAS PARTES
A tua escala pode estar tão desgastada que sejam as próprias “lombas” a
calcar a corda, e não os teus dedos.
PERDA DE POTÊNCIA – O VIOLONCELO PERDEU CLARAMENTE
POTÊNCIA
• Junta aberta algures no violoncelo
• O cavalete pode estar curvado ou fora de sítio
• As cordas podem estar desgastadas e a precisar de substituição
• O teu arco pode precisar de ser encerdado
• A alma pode ter saído do sítio
AS CRAVELHAS ESCORREGAM
Tenta aplicar uma mistura de pasta para cravelhas, giz ou plasticina.
Caso contrário, consulta um luthier.
AS CRAVELHAS ESCORREGAM SÓ EM CERTAS POSIÇÕES
As cravelhas são ovais e só agarram em certos sítios. Conseguir que um
conjunto de cravelhas já existente funcione bem consome imenso tempo e
às vezes é mais apropriado colocar um conjunto de cravelhas bem
maduras do que reconfigurar cravelhas antigas. Se os buracos das
cravelhas estiverem muito gastos talvez precisem de ser alargados.
SABÃO
Para um excelente lubrificante de sulcos das cordas, corta uma barra de
sabão natural em pequenas tiras e deixa-as secar completamente num
local quente antes de as usar.
AS QUINTAS PERFEITAS ESTÃO DESAFINADAS ENTRE AS
CORDAS
A tua escala pode estar desgastada e a precisar de ser suavizada e
equilibrada, ou podes ter uma combinação de cordas com elasticidades
variáveis que torne difícil tocar quintas perfeitas afinadas.
AS CORDAS ESTÃO DESCONFORTAVELMENTE ALTAS EM
CERTAS POSIÇÕES
A altura das cordas na pestana ou no cavalete podem estar incorrectas ou
a tua escala pode estar desequilibrada.
SINTO AS CORDAS DESCONFORTÁVEIS NA PRIMEIRA/MEIA
POSIÇÃO
A tua pestana pode estar demasiado alta.
AS CORDAS PARTEM FACILMENTE
• Os sulcos das cordas na pestana ou no cavalete poderão ser muito
apertados, profundos ou pontiagudos, e estarem a trilhar a corda
naquele local.
• A tua escala pode estar áspera, fazendo com que as cordas se
desgastem rapidamente.
A ALTURA DAS CORDAS AUMENTOU SUBITAMENTE
Isto pode ser causado por mudanças atmosféricas extremas. Em
Inglaterra2 é muito provável que a tua escala se tenha descolado
parcialmente, fazendo com que o braço curve – ou que qualquer outra
parte importante do instrumento possa ter mexido. Consulta o teu luthier.
A ALTURA DAS CORDAS DIMINUIU SUBITAMENTE
O tampo superior do violoncelo pode ter respondido a uma mudança
atmosférica.
NOTAS COM LOBO SÃO UM PROBLEMA PERSISTENTE
Um luthier pode ajudar-te a experimentar posições do estandarte, ou
mudá-lo completamente. Há uma grande variedade de tira-lobos que
podes experimentar, cada um com os seus efeitos secundários. Cordas de
baixa tensão também podem ajudar se o executante gostar delas.
2
E em Portugal (n.t.)
 ANATOMIA DO VIOLONCELO
GUIA DE CUIDADOS COM O
Cravelhas
Cravelhal VIOLONCELO
Cabeça
Pestana
Para cópias gratuitas deste guia (em inglês/português/espanhol)
e-mail: sarah@aitchisoncellos.com
ou
telefone: 01353 668559
Braço
Uma versão mais detalhada do “Cello Care Guide” (em inglês) está
disponível em
www.aitchisoncellos.com

Ficaremos gratos pelo feedback, questões ou sugestões que possamos

utilizar para melhorar futuras edições deste guia.
Ilhargas

Escala

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construtores internacionais) (em inglês somente) por favor envia-nos
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Orla

Estandarte

Cordal

Sela Publicação original de Aitchison & Mnatzaganian, Fevereiro de 2005

Espigão © Robin Aitchison e Sarah Mnatzaganian 2005
Ilustrações por Michael Edwards
Tradução para português por José Pedro Sousa © 2016