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DOURADOS - MS
2019
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
MATO GROSSO DO SUL
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA PARA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL,
CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
DOURADOS – MS
2019
Docência na Educação Profissional, Científica e Tecnológica
1. Introdução
Sobre o tema tendências pedagógicas na prática escolar, segundo Libâneo (1992, p.2) elas
podem ser classificadas em pedagogia liberal e pedagogia progressista. A Pedagogia Liberal é
dividida em Tradicional, Renovada progressista, Renovada não diretiva e Tecnicista, enquanto que a
Pedagogia Progressista é dividida em Libertadora, Libertária e Crítico-social dos conteúdos.
De acordo com Libâneo (1992, p.2) a pedagogia liberal é um produto de um sistema
capitalista, que defende as liberdades e os interesses individuais, como a propriedade privada, e este
tipo de pedagogia é um produto desse sistema. A educação em nosso país, de acordo com o autor,
nos últimos 50 (cinquenta) anos tem sido marcada por essa tendência pedagógica. Ele afirma que a
pedagogia liberal tem a função de preparar os indivíduos para exercerem seus papéis sociais, de
acordo com suas aptidões individuais, mas não leva em consideração a desigualdade de condições
para se aprimorar estas mesmas aptidões.
Para Libâneo (1992, p. 3), a tendência liberal tecnicista tem como função a preparação de
mão-de–obra para indústria, e não desenvolve no indivíduo uma consciência política, o que é
necessário para se manutenção do Estado autoritário.
No tocante a pedagogia progressista, Libâneo (1992, p.8) afirma que em uma sociedade
capitalista, esse tipo de pedagogia não pode ser institucionalizada, pois é voltada para finalidade
sociopolítica da educação.
Segundo Libâneo (1992. p. 8), a pedagogia progressista é o instrumento de luta dos
professores. Na pedagogia progressista libertadora, conhecida como pedagogia Paulo Freire, a escola
é o instrumento de transformação social.
No tocante a este tema abordado durante a disciplina, aprendi que há diversas tendências
pedagógicas na prática escolar, e que aplicação de cada uma delas depende da ideologia político-
partidária que estiver comandando um país. No Brasil, a educação nunca foi um projeto de Estado,
mas de governo, por isso não se dá continuidade a projetos pedagógicos que contribuem para construir
uma sociedade mais justa e igualitária.
Para Ciavatta (2004, p. 2), a formação integrada é aquela que une a educação geral, com a
educação profissional de forma inseparável, com a finalidade de forma trabalhadores capazes de atuar
como cidadão.
De acordo com a autora, a formação integrada tem objetivo tornar íntegro o ser humano, ou
seja, não um mero executor, mas também um ser que saiba pensar, dirigir ou planejar. Busca uma
formação completa, na qual o indivíduo possa ter uma leitura de mundo, e também ser integrado a
uma sociedade política.
Segundo Ciavatta (2004, p.4), o conhecimento sempre foi reservado para as elites
governantes, e no Brasil não era diferente, pois por muito tempo o acesso à educação era privilégio
da elite branca, herança de uma cultura baseada na exploração de mão de obra escrava negra. Somente
no século XX, o analfabetismo torna-se objeto de políticas públicas de Estado. Mas há a separação
na qual a educação geral era para as elites dirigentes, e a educação voltada para o trabalho era
destinada aos órfãos e os desamparados. Separação entre ensino propedêutico votado para
universidade e a formação profissional voltado para quem fosse trabalhar na produção.
Ciavattta (2004, p. 4), cita em seu artigo que no Brasil a integração não é um valor:
“No Brasil, falta-nos uma base cultural que tome a integração como um
valor, tanto para criar através do desenho, da informática etc., como para remontar
artefatos tecnológicos, de modo a deixar de ver o trabalhador sempre como um
subalterno, um homem, uma mulher sujeitos à secular dominação.”
Ciavatta (2004, p.16) também afirma que a formação integrada deve ser um processo social,
no qual as diversas instâncias responsáveis pela educação, se proponham a formar o indivíduo não
somente para o mercado de trabalho, mas torná-lo um cidadão com senso crítico.
No que diz respeito a este tema, compreendi que o conhecimento, não só no Brasil, mas em
diversos países, foi reservada para as elites dirigentes. Que o ensino propedêutico era voltado para as
elites, pois os preparava para adentrar em uma universidade, enquanto que a formação profissional
era direcionada para a produção industrial. Porém, o ideal é que haja uma formação integrada, que
prepare o jovem para o mundo do trabalho, não somente como um “apertado de botão”, mas um
cidadão ciente de suas responsabilidades perante a sociedade.
Ao ingressar na escola aos 7 anos de idade, em 1978, tomei o primeiro contato com o ambiente
escolar. As aulas eram ministradas por uma única professora, que ensinava português, matemática e
ciências. Todos sentavam em carteiras, composta por uma mesinha e uma cadeira. Sentávamos em
fila, um olhando para nuca do outro, e o centro das atenções era a mestra. Os alunos estavam ali para
absorver as informações que eram ensinadas em sala de aula, e para complementar passava-se tarefas
para casa.
Éramos ensinado a aprender através do famoso “decoreba”, seja a cartilha ou tabuada. Quando
era tomada a lição e errávamos, sofríamos reprimenda por parte da professora, e também por parte
dos pais. A punição consistia em bolos de palmatória, quando se errava o que era perguntado. A
educação nesta época, para muitos alunos, não era uma boa experiência.
Ao ingressar no ensino ginasial, sexto ao nono ano do atual ensino fundamental, a única
modificação em relação aos primeiros anos, foi que a partir deste momento passei a ter uma professora
para cada disciplina que era ministrada, mas o formato de organização da sala era mesma, a exceção
era a aula de educação física que era realizada no pátio ou na quadra de esportes da escola.
No segundo grau, atual Ensino Médio, além de aprendermos sobre conhecimentos gerais,
tínhamos também disciplinas específicas da área de conhecimento técnico, pois o curso era
concomitante com alguma área técnica, no meu caso Eletrotécnica. Ao concluir o segundo grau-
técnico, recebi o diploma de técnico em Eletrotécnica, após 4 anos de curso.
Portanto, após realizar esse flashback, da minha vida pregressa como discente nas décadas de
70 e 80, e fazendo um reflexão utilizando-me dos assuntos aprendido na disciplina Organização do
trabalho pedagógico, chego à conclusão que durante este período escolar, estive submetido a um
ensino bancário e tecnicista, onda não havia espaço para discussões sobre quaisquer que fossem os
assuntos e nem para reflexões, onde o Professor era o ator principal e os alunos meros espectadores.
Formavam se indivíduos somente voltado para o trabalho, e não o cidadão consciente de seus direitos
perante a sociedade. Pouca coisa mudou de lá pra cá, com raras exceções é claro. Em pleno século
XXI, na maioria das escolas ainda se formam indivíduos sem a capacidade de ter o senso crítico.
Referências bibliográficas
LIBÂNEO, José Carlos. Tendências pedagógicas na prática escolar. In: Democratização da Escola
Pública – a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1992. cap 1. Disponível
em:<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAehikAH/libaneo>. Acesso em 13 de maio 2019.