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Curso de Condutores de
Visitantes em Unidades
de Conservação
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De onde veio o povo Kalunga
Os Kalungas são uma comunidade originalmente
formada por descendentes de quilombolas,
negros fugitivos da escravidão forçada pelos
brancos colonizadores do Brasil. Os primeiros
africanos que foram trazidos como escravos
para o país vinham da costa da África Ocidental.
Eram povos que aqui ficaram conhecidos como
negros guinés, minas, congos, cabindas,
benguelas e muitos outros nomes, que
geralmente designavam o porto de embarque de
onde tinham vindo e não o povo ou a civilização
a que pertenciam. Depois da costa ocidental
africana, vieram outros negros que ficaram
conhecidos como moçambiques e, por fim, do
noroeste africano os povos que foram chamados
de geges, nagôs e iorubás. Os escravos que
chegavam ao interior do Brasil vinham desses
diversos portos.
No entanto os Kalungas também se
miscigenaram com indígenas que
habitavam o centro oeste brasileiro.
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De onde veio o povo Kalunga
A história do povo Kalunga teve início no período
de mineração do Brasil Colônia (Ciclo do Ouro).
Em meados do século XVIII, época de grande
movimentação nas Minas Gerais, dos Goyazes e
dos Tocantins, os bandeirantes começaram a
explorar o interior do Brasil em busca de ouro.
Como as populações nativas não bastavam para
o trabalho, os colonizadores buscavam mão de
obra escrava diretamente nos portos de Santos,
Salvador e Rio de Janeiro, tal qual ocorria nas
lavouras de cana de açúcar.
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Como surgiu o Quilombo Kalunga
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Como surgiu o Quilombo Kalunga
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O Quilombo Kalunga
e a influência indígena
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O Quilombo Kalunga
e a influência indígena
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Curiosidades sobre
o nome Kalunga
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Curiosidades sobre
o nome Kalunga
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Curiosidades sobre
o nome Kalunga
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Curiosidades sobre
o nome Kalunga
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Curiosidades sobre
o nome Kalunga
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Curiosidades sobre
o nome Kalunga
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A Sussa Kalunga
A Sussa é uma das manifestações culturais mais tradicionais do povo
Kalunga, Surgiu no século XIX como homenagem à princesa Isabel, pela
Abolição da Escravatura. Para celebrar a liberdade, os negros dançavam e
cantavam ao som de instrumentos de percussão, feitos por eles mesmos
com árvores do cerrado e couro de gado.
É cantada e tocada pelos músicos foliões. Possui elementos das
chamadas “danças de rodas” e do batuque, com dançarinos ao centro,
sempre acompanhados pelos instrumentos de percussão. Assim como
outros ritmos de origem africana, se caracteriza pela presença de
pandeiros e tambores. Os casais dançam separados, se aproximando e se
afastando de acordo com as batidas da música. Na sequência, as
mulheres entram na roda e dançam como se provocassem os dançarinos,
que sapateiam a espera do chapéu para poderem entrar na roda e
desafiar a próxima.
As mulheres dançam em rodopios cadenciados entre passos que também
as aproximam e as afastam umas das outras, numa atitude de desafio.
Quem rodopia mais rápido e alegremente parece vencer essa “disputa”.
As vestimentas são bem coloridas com saias de chita e lenços na cabeça.
Normalmente dançam descalças.
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As folias kalungas
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As folias kalungas
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Como eram os partos
das crianças Kalungas
Os partos dos Kalungas eram feitos, em sua maioria, por parteiras. O
nascer, para muitos quilombolas, é um evento familiar e coletivo. É
um vasto conhecimento tradicional tido como “dádiva divina”, que se
traduz no uso de plantas medicinais e benzimentos. Passado por
gerações, o trabalho das parteiras representa a continuidade dos
ensinamentos dos ancestrais. As mulheres que atuam nos cuidados e
nos atendimentos às grávidas são vistas como lideranças pelos
Kalungas, tratadas como membros das famílias das mulheres a quem
prestam auxílio.
As parteiras tinham o orgulho em ajudar a dar à luz as crianças
Kalungas, as quais consideravam seus “meio filhos”. A última parteira
da comunidade do Engenho II, dona Joana Cezário de Torres, faleceu
recentemente com bem mais de cem anos e foi responsável pelo
nascimento de 70% dos moradores do povoado no século passado.
Ela contabilizava mais de duzentos “meio filhos”.
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Formas de subsistência
do povo Kalunga
Os primeiros quilombolas que chegaram às terras que hoje formam o território
Kalunga, tiveram que aprender a sobreviver na região para poderem continuar
livres. Para garantir o alimento, passaram a observar e a reconhecer o tempo
das chuvas, a natureza da terra e sua aptidão, os ciclos da lua, os usos
medicinais das plantas e os sinais da seca. Tudo isso era necessário para saber
regular o plantio das roças, por exemplo. Aprenderam a caçar para quando
faltasse a carne do gado que eles mantinham nos pastos e das galinhas criadas
na beira das casas. Essa adaptação deu origem a uma cultura de envolvimento
e preservação do meio ambiente. Atualmente, 93% do território Kalunga ainda
continua intacto.
Vivem até hoje da agricultura familiar, fazendo “roça de toco”, forma de manejo
agrícola que preserva o meio ambiente, do escambo e do comércio de farinha.
Com este dinheiro compram roupa, sal e óleo na cidade. A venda de gado é
outro negócio existente, mas é feito por poucos. A venda de carne acontece
dentro da comunidade, nas festas ou sob encomenda. As mulheres também
fazem cobertores de algodão para vender. Vendem também para fora produtos
como tapiti, peneiras, óleo de castanhas, artesanato, bruacas e frutas.
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Sítio Histórico e Patrimônio Cultural
Kalunga
O Quilombo Kalunga, formado há mais de 300 anos, foi constituído Sítio Histórico e
Patrimônio Cultural através de leis e decretos do Estado de Goiás entre os anos de 1.985 e
1.997, reconhecido como remanescente de quilombos pela Fundação Palmares em 2.000,
teve seu território reconhecido por um decreto presidencial em 2009, ocupa 261.999
hectares e abriga cerca de dez mil afrodescendentes. São vários núcleos de população nos
municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás: Vão de Almas, Vão do Moleque,
Prata, Diadema, Riachão, Ema, Contenda, Limoeiro, Tinguizal, Ribeirão de Bois, etc.
O principal povoado é a comunidade do Engenho II, localizada no município de Cavalcante, a
27 km do centro da cidade. Possui belíssimas cachoeiras como a Santa Bárbara, a cerca de 6
Km do povoado, considerada o cartão postal de Cavalcante. Além da Santa Bárbara, o
Engenho II ainda possui dois outros atrativos de grande porte e com diferentes
características: a cachoeira Capivara, a pouco mais de 1 Km do povoado, e a Candaru, a
cerca de 4 Km da comunidade, com uma queda d'água de 70 metros de altura.
O Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga é uma área protegida e 90% de seu território
continua intacto. Nas Vastas regiões de difícil acesso do vão de almas e do vão do moleque é
que se pode perceber a imensidão da área preservada pelos kalungas, que também
mantiveram sua cultura e seus costumes preservados. No entanto o território e seu povo é
alvo constante de grileiros, garimpeiros, madeireiros e outros que tentam explorar
ilegalmente as riquezas do Sítio Histórico.
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Resgate da História Kalunga
Pesquisa e texto e diagramação final: André Praude, Fotos dos Kalungas: Ion David
O texto final foi construído de forma participativa com a Comunidade Kalunga que contribuiu com
diversos detalhes que possibilitaram enriquecer e validar as informações.
Referências Bibliográficas:
BAIOCCHI, Mari de Nazaré. Kalunga, Povo da terra. Editora UFG, 2006.
BAIOCCHI, Mari de Nazaré. Kalunga - A Sagrada Terra. Editora UFG, 1996.
UNGARELLI, Daniella Buchmann. A comunidade quilombola kalunga do Engenho II: cultura, produção
de alimentos e ecologia de saberes. 2009. 92 f., il. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento
Sustentável - UNB, 2009.
OLIVEIRA, R. Uma história do povo kalunga. Brasília, DF: MEC; Secretaria
de Educação Fundamental, 2001.
Congresso Nacional. Câmara dos Deputados. Comissão de Legislação Participativa. Parteiras
Tradicionais: mães da pátria. — Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2008.
66 p. — (Série ação parlamentar; n. 350). Audiência Pública realizada pela Comissão de Legislação
Participativa no dia 31 de maio de 2006, para debater o Projeto de Lei nº 2.354, de 2003.
http://educacaoquilombolaeadiversidade.blogspot.com/2010/03/mas-por-que-eles-se-chamam-kalung
a.html
https://slavevoyages.org/
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