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Wesley J. Smith
Mas não diga isso aos autores do manifesto, que revoltantemente igualam o
tratamento dado aos chimpanzés aos males do Holocausto:
Portanto, os Pan não podem mais ser considerados “propriedade”, já que eles
definem sua propriedade e são seres hominídeos [humanos ou ancestrais dos
humanos] que deveriam viver em liberdade, tendo personalidade e identidade
como membros de uma comunidade com uma cultura e identidade de grupo
únicas. Eles devem poder viver suas vidas em paz e com propósito, tendo seus
interesses e objetivos, sem medo, traumas, torturas e o risco de morte na prisão.
Eles devem viver por meio da ação pessoal e proteção cultural, tendo um
cotidiano livre dentro de comunidades que contam com o apoio da sociedade.
Assim como há “direitos naturais dos seres humanos”, deve haver direitos
naturais de Homo/hominídeos.
Por favor! Chimpanzés não são civilizados como os seres humanos. Eles não
“definem suas propriedades”, não “têm objetivos” nem lutam para “alcançar seu
potencial pessoal” como fazemos ao exercermos nosso livre arbítrio. Eles vivem por
instinto e de acordo com suas habilidades biológicas, sobre as quais não têm
nenhum controle e contra as quais eles não têm nenhuma capacidade de se
rebelar.
E isso é absurdo:
Para fins históricos, um “álbum negro” será reunido com todas as atrocidades
pelas quais os chimpanzés passaram em laboratórios. Os dados serão reunidos
por meio da utilização da Lei de Liberdade da Informação.
Um animal não-humano inteligente, que pensa e faz planos e goza da vida como
os seres humanos, tem o direito à proteção da lei contra as crueldades arbitrárias
e as prisões impostas a ele? (...) Tratar um chimpanzé como se ele não tivesse o
direito à liberdade garantido pelo habeas corpus é considerar o chimpanzé como
um ser sem qualquer valor independente, como apenas um recurso para o uso
humano, uma coisa cujo valor consiste exclusivamente na sua utilidade aos
outros. Mas deveríamos começar a considerar o chimpanzé como um indivíduo
com um valor inerente, com o direito de ser tratado com respeito.
Para além de tais questões práticas, essas medidas gerariam resultados surreais:
seríamos obrigados a respeitar os direitos dos chimpanzés – talvez à custa dos
nossos direitos, já que eles seriam tratados como iguais sempre que houvesse um
conflito entre as nossas espécies. Mas eles não teriam as mesmas obrigações em
relação a nós, entre eles ou para com outros animais, já que não-humanos são, por
natureza, inerentemente incapazes de assumir responsabilidades morais.
Mas a maior ameaça imposta pelo rompimento da “barreira da espécie” (como isso
é chamado no léxico dos direitos dos animais) resultaria na desvalorização dos
direitos humanos. A cessão de direitos para além da esfera humana enfraqueceria o
conceito assim como a inflação desvaloriza a moeda. Como escreveu o filósofo
Mortimer Adler há muitos anos no livro The Difference of Man and the Difference It
Makes [A diferença do homem e a diferença que isso faz], o fim da barreira da
espécie exigiria que baseássemos os direitos em capacidades mensuráveis
subjetivas (reais ou antropomorfizadas), e não no valor moral único
e objetivo conferido aos seres humanos. Portanto, tornaríamos os direitos humanos
universais algo impossível de ser filosoficamente sustentado:
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/manifesto-cientistas-direitos-humanos-
chimpanzes-bonobos-holocausto/