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1. Introdução
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XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
2. Referencial teórico
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A Manutenção Produtiva Total – MTP (do inglês Total Productive Maintenance – TPM) é
uma metodologia que tem como objetivo implementar um senso de união e responsabilidade
entre os supervisores, operadores e técnicos de manutenção. A ideia é não se limitar a
simplesmente manter o equipamento funcionando, mas também estender e otimizar o seu
desempenho global (SOUZA, 2008).
Para Liker (2005), a principal ideia da TPM é fazer com que a produção e a manutenção
trabalhem conjuntamente, com troca de conhecimentos e com ações especificas. A TPM, ao
longo da sua utilização, moldou-se às novas atribuições e designações impostas pelas
necessidades do mercado, pela busca do avanço na automação industrial, melhoria da
qualidade, maior competitividade e maior consciência quanto à preservação ambiental e
conservação de energia. Nesse sentido, ao seu enfoque tradicional se incorporou o conceito
que atualmente é utilizado e que representa as necessidades atuais, podendo, então, ser
definida como a Manutenção da Produtividade Total, o que amplia a sua atenção, antes
exclusiva da divisão de manutenção, para os demais setores da empresa (GOUWS &
GOUWS, 1997).
Para Takahashi e Osada (1995), a TPM objetiva aumentar a produtividade do equipamento
existente, em geral sem a necessidade de investimentos adicionais. O investimento em
recursos humanos, tendo como resultado uma melhor utilização dos equipamentos, alta
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qualidade dos produtos e redução dos custos de mão de obra aumentando a disponibilidade do
equipamento, reduzindo consequentemente as grandes perdas mencionadas.
Segundo Souza (2009), as características da TPM estão concentradas no gerenciamento de
máquinas adequadas para cada atividade e no estudo e treinamento dos operários, o que
auxilia no crescimento e desenvolvimento da sua aptidão técnica permitindo-lhe uma melhor
definição de seu posto, atribuição adequada das tarefas e distinção de responsabilidades.
A implementação da TPM tem como objetivo o engajamento de todos os funcionários da
empresa sendo fundamental, o objetivo de reduzir a resistência por parte da produção
(NAKAJIMA, 1989). O autor define cinco pilares como fundamentais nesse processo: (i)
aumento do rendimento do equipamento; (ii) treinamento operacional; (iii) manutenção
autônoma; (iv) manutenção preventiva planejada e; (v) gerenciamento do equipamento. O
programa é implementado em quatro fases (preparação, introdução, implantação e
consolidação) que podem desdobrar em 12 etapas, cada etapa deve ser realizado de forma
clara e concisa para proporcionar uma implementação total do programa (SUZUKI, 1993).
Conforme Nakajima (1989), a implementação do programa de TPM em uma empresa é uma
tarefa complexa por envolver vários departamentos num mesmo projeto além de provocar
uma mudança na cultura interna. Além disso, a implementação da TPM traz vantagens para os
funcionários oferecendo treinamentos, valorizando suas opiniões conhecimento, aumentando
a vida útil dos equipamentos ocorrendo por meio da manutenção preventiva contribuindo para
um melhor gerenciamento da empresa.
3. Aplicação prática
A empresa estudada é uma das cinco maiores empresas de embalagens do mundo e a líder
global na produção de latas de alumínio produzindo embalagens para o mercado de bebidas,
cosméticos, alimentício e médico-hospitalares. Sua sede fica na Inglaterra, contando
atualmente com 22 fábricas em 90 países da Europa, Ásia e Américas.
O estudo de caso foi realizado na unidade de Viamão (RS). A unidade produz a lata de
alumínio com 350 ml de capacidade, com uma produção diária de 3,6 milhões de unidades,
atendendo o mercado do Sul do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. A unidade
possui 100 funcionários divididos nos setores de Produção, Manutenção, Recursos
Humanos/Segurança do Trabalho, PCP/Expedição, Financeiro e Lean Manufacturing. O
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processo de fabricação de latas consiste em uma sequência de máquinas em série, onde cada
máquina faz uma operação específica. Um fluxograma do processo encontra-se representado
na Figura 1.
Figura 1 – Processo de fabricação de latas de alumínio
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100%
100 97% 100%
94%
90%
90 86% 90%
Quantidade de falhas
83 81%
75%
80 80%
69%
70 70%
59%
60 60%
49%
50 50%
39%
40 35 40%
27% 31 30 29
30 30%
20 18 17 20%
14 13 13
10 9
10 10%
0 0%
rejeição de latas
Queda de latas
Falta de ajuste na
Obstrução Calha
Outros
Espaçamento
Conformação
Ferramental
amassamento no
Desgaste do
esteira do Presco
Blade Can Eject
Problema no
entrada da Waxer
Problema de
incrustação de
Flangeador
arranhões ou
Folga no
Travamento na
excessivas
corpo da lata
Pistão de
Base Reform
Light Tester
excesso na
material
de Saida
Fonte: Os autores (2014)
Na Figura 3 estão descritos os principais modos de falha que ocorreram em função das falhas
funcionais, além dos impactos produtivos gerados pelo tempo de reparo necessário para tornar
o equipamento operante.
A coleta de dados de falha no equipamento serviu de base para a equipe realizar o FMEA, a
fim de identificar todos os possíveis modos potenciais de falhas e determinar o efeito de cada
um sobre o desempenho do equipamento. O FMEA foi desenvolvido com a participação da
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Como a Variável de Entrada Qual será o Efeito de O Que poderá fazendo... novidade e...
Detecção
(X) ou Item analisado poderá cada Falha? Causar essa Falha? Hoje, o que se faz para Que novas Ações você
NPR
poderia recomendar para
falhar? Controlar as Causas, as
melhor Controlar as Causas,
Falhas ou amenizar o
as Falhas ou amenizar o
Efeito? Efeito?
•Pressão incorreta de ar • Quedas de latas • Reajustar a pressão •Implementar Check list diário
nas calhas de nos transportes de ar (entre 4 a 5 PSIG) operacional • Criação de LPP
Espaçamento e falhas no • Guias de Alimentação •Latas arranhadas • Ajustar ou polir as •Implementar check list diário
desalinhadas e com ou amassadas superfícies das guias operacional • Criação de LPP
carregamento de latas. • Treinamento Técnico
rebarbas 8 9 7 504 Operacional • Kaizen •
Analise de Falhas
Problema do Pistão de • Parada do Necker • Roletes com • Reaperto dos •Implementar Manutenção
Preventiva Mecânica • Criação
Conformação Folga Roletes ou de LPP • Treinamento Técnico
9 8 Substituição 8 576 Operacional • Kaizen •
Analise de Falhas
Foi realizada uma análise de confiabilidade para o modo de falha escolhido, segundo os
critérios estabelecidos no item anterior. Neste trabalho empregou-se o Software ProConf para
a análise dos tempos entre falhas. Através do teste de aderência verificou-se que os dados
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Este mesmo painel de gestão contém peças sobressalentes na parte inferior, reduzindo o
tempo de movimentação do operador disponibilizando as peças de reposição próximo ao
equipamento, tendo papel importante em agilizar o conserto e minimizando o tempo de
parada.
A lição ponto a ponto (LPP) e a instrução de trabalho são ferramentas utilizadas pela para
expor de forma clara e ilustrativa pontos de operação e manutenção que são considerados
críticos e necessitam ser padronizados para garantir uma melhoria no processo. Estas
ferramentas também têm a função de simplificar as atividades, proporcionando conhecimento
de forma prática, agilizando as execuções de forma correta desde a primeira vez, evitando
retrabalho e acondicionando informações para todos os funcionários e não só para um grupo
específico. Na Figura 8 está apresentado um exemplo de LPP e de uma instrução de trabalho
que foi adotada.
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Foram coletados dados de falha referentes ao primeiro semestre do ano de 2012 e realizou-se
uma nova análise de confiabilidade para o modo de falha associado à problemas no pistão de
conformação, a fim de avaliar os resultados após as ações de melhorias implementadas e
descritas no item precedente. A distribuição das falhas que ocorreram nesse novo período está
apresentada na Figura 10.
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100%
100 92% 96% 100%
87%
90 82% 90%
70% 76%
Quantidade de falhas
80 80%
64%
70 56% 70%
60 46% 60%
50 40 35% 50%
40 40%
21% 27
30 20 19 30%
16
20 12 12 11 10 10 20%
7 5
10 10%
0 0%
Folga no Ferramental
Problema de Espaçamento
Travamento na esteira do
Light Tester excesso na
Outros
Desgaste do Flangeador
Problema no Pistão de
Queda de latas excessivas
incrustação de material
rejeição de latas
Conformação
no corpo da lata
Presco
Waxer
Fonte: Os autores (2014)
Considerando o modo de falha estudado, verificou-se a aderência dos dados de falha com a
distribuição de Weibull (Figura 11), cujo comportamento da taxa de falhas está apresentado
na Figura 12.
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O valor de máxima verossimilhança obtido para o parâmetro de forma foi de 1,01, com
intervalo de confiança a 95% entre 0,4093 e 1,2596. Tanto o valor de máxima
verossimilhança como o intervalo de confiança indicam que o equipamento encontra-se na
fase de maturidade (vida útil) da curva da banheira. O valor de MTBF calculado foi igual a 29
dias, sendo condizente com a nova realidade do equipamento segundo informações prestadas
pelos setores de manutenção e produção da empresa.
Pode-se observar que na fase de maturidade as falhas prematuras não ocorrem mais, pois as
falhas que ocorriam foram solucionadas após a implementação das ações de melhorias que
foram implementadas no equipamento estudado, cujas ações tiveram reflexo positivo no
rendimento e performance do equipamento.
O plano de ação realizado no equipamento levou em consideração ações específicas e sem
necessidade de maiores investimentos com a participação da equipe de manutenção e os
operadores. Foram verificados os pontos fracos do equipamento, buscando a qualificação dos
operadores e técnicos e a melhoria da estrutura de manutenção a execução das manutenções
planejadas através do cronograma de manutenção. A implantação dessas ações teve como
objetivo a eliminação das perdas no equipamento e processo, a melhoria das condições
operacionais, o aumento da disponibilidade e a redução de custos são resultados atingidos
pela implementação das ações que foram incluídos no equipamento.
4. Considerações finais
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REFERÊNCIAS
DODSON, B.; NOLAN, D. Reliability engineering handbook. New York: Marcel Dekker, 2002.
HAHN, G.; SHAPIRO, S. Statistical models in engineering. New York: John Wiley & Sons, 1967.
LIKER, J. O Modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. Porto Alegre:
Bookman, 2005.
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MOUBRAY, J. Gerenciamento de Manutenção: um novo paradigma. São Paulo: SQL Systems Brasil Ltda.
1997. 210p.
NAKAJIMA, S. Introdução ao TPM – Total Productive Maintenance. São Paulo: IMC International, 1989.
PROCONF 98. Confiabilidade de Componentes. Software. Copyright© Maxxi Gestão Empresarial, Porto
Alegre, 1998.
RAUSAND, M.; HOYLAND, A. System reliability theory. N.York: Wiley Interscience, 2004.
REIS, L. O. R.; ANDRADE, J. J. O. Análise de falhas e da posição na curva da banheira de moldes empregados
em equipamentos de injeção. In: XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP, Anais...
Salvador, 2009.
RICHTER, E. Utilização do método OEE para análise e otimização da capacidade produtiva. TCC. Unijuí.
Santa Rosa, 2007.
SOUZA, A. Manutenção Produtiva Total: Metrologia e Instrumentação. São Paulo: Ed All Print, 2008.
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Apêndice A – Plano de ação implementado
Implementar Preventiva Operacional Pistões de Base - Conformação Equipe Manutenção 05/01/2012 15/01/2012
Implementar Preventiva Operacional Pistões de Base Reform Equipe Manutenção 05/01/2012 15/01/2012
Implementar Painel de Peças e Pistões Sobressalentes Necker Equipe Manutenção 02/04/2012 20/04/2012
Implementar Sistematica de Estoque de Peças dos Pistões do Necker Equipe Manutenção 15/03/2012 30/03/2012
Implementar Kaizen Pistões do Necker Equipe Manutenção 20/04/2012 01/05/2012
Implementar Gestão Visual Preventivas de Pistões do Necker Equipe Manutenção 02/03/2012 12/03/2012