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Rio de Janeiro
Dezembro de 2017
COMPARAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS PARA RECOMENDAÇÃO DE VÃO
LIVRE ADMISSÍVEL EM DUTOS RÍGIDOS SUBMARINOS
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto, Dr.-Ing.
________________________________________________
Prof. Daniel Alves Castello, D.Sc.
________________________________________________
Dr. Carlos Frederico Trotta Matt, D.Sc.
iii
Agradecimentos
Primeiramente a Deus por ter me dado força nos momentos em que eu pensei em
desistir. À minha esposa Lidiane pela compreensão e apoio nos momentos mais difíceis
ao longo desta etapa da minha vida.
Aos meus pais pelo fato de terem me ensinado, desde muito pequeno, a importância
dos estudos e da educação na vida de qualquer pessoa.
À Petrobras pela oportunidade de aprimorar meus conhecimentos em Engenharia
Mecânica.
A todos os professores do Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica
com quem tive contato durante o curso, que sabiamente cumprem a nobre missão de
ensinar.
Ao Professor Fernando pela disponibilidade, paciência e contribuições durante a
orientação.
Ao colega Bruno Givizies pelos ensinamentos em ANSYS, indispensáveis para a
conclusão deste trabalho.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Dezembro/2017
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
December/2017
vi
Sumário
Lista de Figuras ............................................................................................................... ix
Lista de Tabelas ............................................................................................................. xiv
Introdução ......................................................................................................................... 1
1.1 Motivação ............................................................................................................... 3
1.2 Objetivos ................................................................................................................. 3
1.3 Conteúdo da Dissertação......................................................................................... 4
Vãos Livres Submarinos................................................................................................... 5
2.1 Classificação de vãos livres de acordo com a DNV-RP-F105 ............................... 6
2.2 Mitigação de vãos livres ......................................................................................... 8
2.2.1 Entrincheiramento ........................................................................................... 8
2.2.2 Calçamento ...................................................................................................... 9
2.3 Recentes avanços na análise de vãos livres .......................................................... 12
Vibração induzida por vórtices em dutos submarinos .................................................... 15
3.1 Formação e desprendimento de vórtices ............................................................... 15
3.2 Parâmetros adimensionais..................................................................................... 19
3.3 Movimento in-line e cross-flow ............................................................................ 21
3.4 Forças atuantes no fenômeno de VIV ................................................................... 22
Recomendações Normativas........................................................................................... 25
4.1 Expressão analítica para frequência natural de vibração ...................................... 25
4.2 Amplitude de resposta .......................................................................................... 28
4.3 Tensões alternadas e vida útil a fadiga ................................................................. 30
Comportamento dinâmico de um vão............................................................................. 33
5.1 Viga de Timoshenko ............................................................................................. 33
5.2 Vibrações em sistemas de múltiplos graus de liberdade ....................................... 35
5.3 Conceitos da Teoria da Elasticidade ..................................................................... 37
5.4 Fadiga estrutural.................................................................................................... 38
Geração de tensões no tempo ......................................................................................... 48
Simulações numéricas e discussão ................................................................................. 62
7.1 Características dos dutos e vãos livres analisados ................................................ 62
7.2 Resultados de vida à fadiga na direção in-line...................................................... 65
7.2.1 Duto de 14,75”............................................................................................... 65
vii
7.2.2 Duto de 18,5”................................................................................................. 69
7.2.3 Duto de 20”.................................................................................................... 71
Conclusão ....................................................................................................................... 77
8.1 Sugestão para trabalhos futuros ............................................................................ 78
Referências Bibliográficas.............................................................................................. 79
Apêndice A – Resumo dos resultados das simulações realizadas .................................. 86
Apêndice B – Simulações realizadas nos vãos do duto de 14,75” ................................. 87
Apêndice C – Simulações realizadas para vãos do duto de 18,5” ................................ 100
Apêndice D – Simulações realizadas para vãos do duto de 20”................................... 112
viii
Lista de Figuras
ix
Figura 29 - Convergência da malha para duto 14,75” e L/D=60.................................... 51
Figura 30 - Convergência da malha para duto 18,5” e L/D=60...................................... 51
Figura 31 - Convergência da malha para duto 20” e L/D=60......................................... 52
Figura 32 - Amplificação da tensão normal em x para diferentes frequências............... 53
Figura 33 - Amplificação da tensão normal em y para diferentes frequências............... 54
Figura 34 - Amplificação da tensão normal em z para diferentes frequências. .............. 54
Figura 35 - Amplificação da tensão cisalhante xy para diferentes frequências. ............. 54
Figura 36 - Amplificação da tensão cisalhante xz para diferentes frequências. ............. 54
Figura 37 - Amplificação da tensão cisalhante zy para diferentes frequências. ............. 54
Figura 38 - Tensão máxima no ombro do vão. ............................................................... 55
Figura 39 - Exemplo de histograma de tensões in-line .................................................. 55
Figura 40- Tensões aleatórias geradas ao longo do tempo ............................................. 56
Figura 41 - Curvas de fadiga conforme DNV-C203. ..................................................... 58
Figura 42 - Convergência vida média duto 14,75” x tamanho amostra. ........................ 59
Figura 43 - Convergência vida média duto 18,5” x tamanho amostra. .......................... 59
Figura 44 - Convergência vida média duto 20” x tamanho amostra. ............................. 60
Figura 45 - Planilha de cálculo FatFree. ........................................................................ 61
Figura 46- Histograma de tensões cross-flow – duto 14,75” – vão 45m ........................ 64
Figura 47 - Amplificação de tensões cross-flow – duto 14,75” – vão 45m.................... 64
Figura 48- Tensões cross-flow no tempo – duto 14,75” – vão 45m ............................... 65
Figura 49 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 14,75” .... 66
Figura 50 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 14,75” ................. 66
Figura 51 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 45m .................................... 67
Figura 52 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 46m .................................... 68
Figura 53 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 18,5” ...... 69
Figura 54 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 18,5”. ................... 70
Figura 55 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 20”. ........ 72
Figura 56 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 56 m .............................. 73
Figura 57 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 56 m ................................. 73
Figura 58 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 68 m .............................. 74
Figura 59 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 72 m .............................. 75
Figura 60 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 76 m .............................. 75
Figura 61 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 20” ...................... 76
Figura B1 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 42m ................................... 87
x
Figura B2 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 42m ............................. 87
Figura B3 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 42m ......................... 88
Figura B4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 42m ....... 88
Figura B5 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 42m ................... 89
Figura B6 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 42m ...................................... 89
Figura B7 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 43m .................................... 90
Figura B8 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 43m ............................ 90
Figura B9 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 43m ......................... 91
Figura B10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 43m .... 91
Figura B11 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 43m .................. 92
Figura B12 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 43m ..................................... 92
Figura B13 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 44m .................................. 93
Figura B14 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 44m .......................... 93
Figura B15 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 44m ....................... 94
Figura B16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 44 m ... 94
Figura B17 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 44m ................. 95
Figura B18 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 44m .................................... 95
Figura B19 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 45m ........................ 96
Figura B20 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 45m .... 96
Figura B21 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 45m ................. 97
Figura B22 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 45m ..................................... 97
Figura B23 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 46m ........................ 98
Figura B24 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 46 m ... 98
Figura B25 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 46m ................. 99
Figura B26 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 46m ..................................... 99
Figura C1 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 51m ................................... 100
Figura C2 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 51m ............................ 100
Figura C3 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 51m ......................... 101
Figura C4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 51m ...... 101
Figura C5 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 51m .................... 102
xi
Figura C6 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 51m ....................................... 102
Figura C7 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 52m .................................... 103
Figura C8 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 52m ............................. 103
Figura C9 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 52m .......................... 104
Figura C10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 52m .... 104
Figura C11 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 52m .................. 105
Figura C12 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 52m ..................................... 105
Figura C13 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 53m .................................. 106
Figura C14 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 53m ........................... 106
Figura C15 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 53m ....................... 107
Figura C16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 53m .... 107
Figura C17 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 53m ................. 108
Convergência da malha – duto 18,5” – vão 53m ........................................................... 108
Figura C18 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 54m .................................. 109
Figura C19 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 54m ........................... 109
Figura C20 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 54m ........................ 110
Figura C21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 54m ...... 110
Figura C22 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 54m ................. 111
Figura C23 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 54m ..................................... 111
Figura D1 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 56m ....................................... 112
Figura D2 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 56m ......... 112
Figura D3 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 56m ...................... 113
Figura D4 - Convergência da malha – duto 20” – vão 56m .......................................... 113
Figura D5 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 60m ................................ 114
Figura D6 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 60m ............................ 114
Figura D7 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 60m ....................................... 115
Figura D8 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 60m ..........115
Figura D9 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 60m ......................116
Figura D10 - Convergência da malha – duto 20” – vão 60m ........................................116
Figura D11 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 64m .............................. 117
xii
Figura D12 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 64m ........................... 117
Figura D13 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 64m .................................... 118
Figura D14 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 64m ........ 118
Figura D15 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 64m ..................... 119
Figura D16 - Convergência da malha – duto 20” – vão 64m ....................................... 119
Figura D17 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 68m ..................................... 120
Figura D18 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 68m ........ 120
Figura D19 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 68m ..................... 121
Figura D20 - Convergência da malha – duto 20” – vão 68 m ...................................... 121
Figura D21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 72m ........ 122
Figura D22 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 72m ..................... 122
Figura D23 - Convergência da malha – duto 20” – vão 72m ....................................... 123
Figura D24 - Convergência da malha – duto 20” – vão 76m ........................................ 123
xiii
Lista de Tabelas
xiv
Capítulo 1
Introdução
1
Figura 1 - Duto rígido instalado no fundo do mar (Fonte:[4]).
Atualmente, a indústria utiliza a Recommended Practice DNV-RP-F105 como
referência para realização da análise de fadiga de vãos livres e determinação do vão livre
máximo admissível. De acordo com a DNV-RP-F105, fazendo determinadas
considerações, valores de frequência natural e tensões associadas aos modos de vibração
podem ser aproximados através de formulações analíticas. Entretanto, para que não sejam
obtidos resultados muito conservadores, devem ser buscadas análises alternativas [5].
Uma vez realizada a análise de cada vão livre, é obtido um valor de vida útil à fadiga
do vão. Sabendo-se o período de tempo estimado de operação do duto e a vida útil
calculada, deve-se recomendar ou não a correção de um vão livre, reduzindo o seu
comprimento e, consequentemente, aumentando sua frequência natural de vibração bem
como sua vida útil à fadiga. Caso o comprimento do vão medido por robô, durante
inspeção submarina, esteja comprometendo a integridade do duto, deverá ser utilizado
um método de correção ou mitigação no vão livre para que o comprimento do vão atinja
valores que permitam a operação do duto de forma segura. As correções são realizadas
com robôs ou com mergulho saturado, gerando altos custos o que pode impactar
fortemente a viabilidade da produção de petróleo em águas profundas, dado o baixo valor
do barril do petróleo nos últimos anos [6].
Justifica-se, portanto, o estudo de métodos alternativos à DNV-RP-F105 para
análise de vãos livres, a fim de que estimativas conservadoras de vida útil à fadiga de
dutos rígidos submarinos sejam evitadas, revendo desta forma, a realização de operações
de calçamento desnecessárias.
2
1.1 Motivação
Para que a produção de petróleo em águas profundas continue sendo uma atividade
lucrativa, as empresas do ramo deverão reduzir cada vez mais os custos operacionais,
especialmente aqueles ligados à manutenção, sem que a integridade das instalações de
produção sejam comprometidas. Intervenções submarinas nos sistemas de produção são
realizadas por embarcações especiais, recursos cuja diária chega a dezenas de milhares
de dólares [7].
Especificamente no casos dos dutos rígidos submarinos, utilizados para o
escoamento de parte da produção de hidrocarbonetos, é necessário que se busquem
metodologias alternativas à DNV-RP-F105 para realização de análises de vãos livres de
dutos, de modo que resultados conservadores, que impliquem em intervenções de
correção muito caras, sejam evitados.
Apenas entre os anos de 2011 a 2015, uma grande operadora de petróleo em águas
brasileiras realizou centenas de intervenções submarinas para correção do comprimento
de vãos livres, o que representou custos da ordem de dezenas de milhões de dólares.
Tendo em vista que as operações de calçamento de dutos rígidos submarinos são
muito caras, o desenvolvimento de metodologias alternativas à DNV-RP-F105 para
análise de fadiga de dutos em vão livre se faz necessário, para que resultados muito
conservadores sejam evitados.
1.2 Objetivos
O presente trabalho objetiva a criação de uma metodologia para cálculo de vida útil
à fadiga de vãos livres submarinos alternativa à formulação da Recommended Practice
DNV-RP-F105.
O estudo a ser realizado também possui alguns objetivos específicos, tais como:
3
1.3 Conteúdo da Dissertação
4
Capítulo 2
Os vãos livres submarinos são formados quando um duto rígido é lançado sobre
uma região onde o solo marinho possui relevo com ondulações consideráveis, fazendo
com que um trecho do duto não toque o solo [3]. Tal condição é indesejável porque pode
causar danos estruturais ao duto e, em função disso, muitos pesquisadores têm estudado
as implicações deste evento na vida à fadiga dos dutos, bem como soluções para
minimizar o problema através do uso de strakes, que são supressores de vórtices
instalados no duto para modificar o escoamento ao seu redor [8]. Os principais parâmetros
que definem um vão livre, como mostra a Figura 2, são os ombros, que são as regiões do
solo que apoiam o duto, o gap, que é a altura média entre o vão e o solo no trecho central
do vão, assim como o comprimento, que é a distância horizontal aparente do vão[5].
5
2.1 Classificação de vãos livres de acordo com a DNV-RP-F105
6
criadas curvas próprias para os vãos, similares à da Figura 5, para que resultados
imprecisos não sejam obtidos [5].
Destaca-se que solos mais rígidos (areia e argila rígida) favorecem a ocorrência de
vãos isolados, enquanto que solos mais macios favorecem a interação entre vãos.
Observa-se também que quanto maior o comprimento dos ombros do vão, menor será a
chance de ocorrer interação com um vão adjacente. Neste trabalho, serão analisados
apenas vãos isolados.
Os vãos livres podem ser classificados ainda em relação ao comportamento, que é
função da razão L/D, sendo L o comprimento do vão e D o diâmetro externo do duto, já
considerando todos os revestimentos. Pode-se dizer que este parâmetro é muito
importante para caracterização do comportamento de um vão livre, tendo em vista que
vãos curtos (L/D<100) apresentam comportamento típico de vigas, enquanto que vãos
longos (L/D>200) apresentam comportamento similar ao de cabos, conforme pode ser
verificado na Tabela 1 [5].
Tabela 1 – Comportamento do vão conforme L/D aumenta (Fonte [5]).
L/D Descrição de resposta
Pouca amplificação dinâmica.
Normalmente não é necessário fazer uma verificação de
(1)
L/D < 30 fadiga abrangente. Esperada resposta dinâmica
insignificante para cargas ambientais. Improvável de
ocorrer VIV.
Resposta dominada por comportamento de viga.
Comprimento de vão típico para condições operacionais.
30 < L/D < 100
Frequências naturais sensíveis às condições de contorno (e
força axial efetiva).
Resposta dominada por comportamento combinado de viga
e cabo.
100 < L/D < 200 Frequências naturais sensíveis às condições de contorno,
força axial efetiva (incluindo deflexão inicial e rigidez
geométrica).
Resposta dominada por comportamento de cabo.
L/D > 200 Frequências naturais governadas pela forma defletida e
pela força axial efetiva.
1) Para dutos aquecidos (resposta dominada pela força axial efetiva) ou sob
condições extremas de corrente (U c > 1,0 ‐ 2,0 m/s) este L/D pode não ser
válido
7
importante para realização da análise dinâmica do vão livre, tendo em vista que a
frequência natural de vibração de uma viga é diferente da frequência natural de vibração
de um cabo, o que pode implicar em resultados imprecisos.
No fundo do mar, correntes marítimas escoam ao redor dos dutos rígidos, podendo
causar efeitos indesejáveis como desprendimento de vórtices a partir de determinadas
velocidades de correntes [10], conforme será detalhado no Capítulo 3 deste trabalho.
Em função deste desprendimento periódico de vórtices, ocorre uma variação
periódica de pressão e forças em torno do duto, resultando em vibração no vão na direção
paralela e transversal ao escoamento das correntes marítimas. Para que não ocorra colapso
do duto por fadiga, é necessário que a frequência de desprendimento de vórtices assuma
valores os mais distantes possíveis das frequências naturais do duto, diminuindo, dessa
forma, a oscilação dinâmica [11].
Uma vez identificados vãos livres ao longo da rota de um duto que apresentam
comprimentos inaceitáveis, que podem trazer riscos à integridade durante o período de
operação em função da frequência natural estar próxima da frequência de desprendimento
de vórtices, é necessário corrigi-los reduzindo seu tamanho através de intervenções com
embarcações e robôs submarinos. Os tipos de operações são classificados em
entrincheiramentos e calçamentos [12].
2.2.1 Entrincheiramento
Trata-se de uma operação cujo objetivo é escavar trincheiras no leito marinho para
assentar o duto e, posteriormente, recobri-lo com o próprio solo. Esta escavação pode ser
realizada com jatos de alta pressão ou com pás, conforme pode ser verificado nas Figuras
4 e 5 [4].
8
Figura 4 - Ferramenta utilizada para entrincheiramento de duto (Fonte: [4]).
2.2.2 Calçamento
9
Tabela 2- Critérios para escolha da técnica de calçamento(Fonte: [12]).
10
Figura 7 - Suporte mecânico para calçamento de dutos (Fonte: [14]).
Existe ainda a técnica conhecida como rock dumping, que consiste em instalar
pedaços de rocha, em sua grande maioria ao lado do duto e, em pequenas quantidades
sobre o duto para reduzir o comprimento do vão [15].
Ressalta-se que, para implementação de todas as técnicas apresentadas, é necessária
a utilização de embarcações cuja taxa diária de disponibilidade é da ordem de dezenas de
milhares de dólares, fazendo com que tais operações sejam planejadas apenas quando
realmente a integridade do duto possa estar em risco.
11
2.3 Recentes avanços na análise de vãos livres
12
SOLLUND [22] demonstrou que a inclusão da topografia do leito marinho e efeitos
não lineares da interação duto-solo na análise estática têm efeito significante nos
resultados de análise modal para resposta cross-flow.
FORBES [23] analisou o efeito de cargas axiais na frequência natural de um duto
em vão livre e verificou que o efeito axial das restrições de vãos livres pode causar desvios
no cálculo da frequência natural do vão. FIROUZSALARI & SHOWKATI [24] também
analisaram, através de experimentos, o efeito axial de diferentes valores de pré-carga
aplicadas em seis tubos similares com diferentes comprimentos e seus testes indicaram
que a pré-carga influencia a resistência lateral e no comportamento de deformação dos
tubos.
SOLLUND et al. [25] avaliou o dano de fadiga induzido por ondas em múltiplos
vãos, através de um algoritmo criado para ser utilizado no domínio do tempo, que
considera forças hidrodinâmicas não lineares e a interação entre vãos adjacentes. Foi
proposta, neste mesmo trabalho, a aplicação deste algoritmo para avaliar as soluções para
a resposta dinâmica já conhecidas de múltiplos vãos e verificou-se que o algoritmo
proposto é capaz de fornecer melhores resultados no domínio da frequência para a vida a
fadiga de múltiplos vãos.
Em outro trabalho, SOLLUND et al. [26] desenvolveu um método semi-analítico
para análise de múltiplos vãos, fornecendo uma alternativa mais rápida e precisa a um
modelo de elementos finitos para vãos com grande probabilidade de interação com vãos
adjacentes. O método proposto inclui efeitos de força axial e curvatura inicial devido a
deformação estática. A influência da interação entre os vãos na frequência natural e
tensões associadas aos modos de vibração foi verificada, refletindo nos resultados da vida
útil à fadiga.
Recentemente, SHABANI [27], mostrou que através da teoria de probabilidade
de falhas (POF) é possível estimar a confiabilidade de um vão livre submarino. A
probabilidade de falha vãos com diâmetros diferentes foi calculada através do Método de
Confiabilidade de Primeira Ordem e do Método de Monte Carlo. Foi feita uma análise de
sensibilidade para determinação da contribuição de cada parâmetro na probabilidade de
falha e verificou-se que a metodologia pode ser aplicada para vãos onde a razão
comprimento do vão por diâmetro externo do duto é grande.
WU et al. [28], analisou a interação entre os movimentos de vibração de um vão,
investigando as trajetórias de resposta e os coeficientes de força hidrodinâmicos para
diferentes condições de escoamento. Foi verificado que os coeficientes de força
13
hidrodinâmicos estão associados com a trajetória ou com o ângulo de diferença de fase
entre as vibrações no sentido paralelo e transversal ao escoamento. A energia transferida
do escoamento para o duto está relacionada com trajetórias do duto anti-horárias na região
de excitação, enquanto que trajetórias horárias estão associadas com forças de
amortecimento hidrodinâmico.
ULVESETER [10], realizou a implementação de um modelo no domínio do
tempo para análise dinâmica de vãos livres, contendo não-linearidades como
amortecedores discretos no solo e molas discretas no solo, que são ativadas ou desativadas
no modelo a depender da resposta do duto. Os resultados foram comparados com os de
modelos lineares e verificou-se que o modelo com não-linearidades prevê tensões
menores nos ombros do duto, o que é favorável para a vida útil à fadiga. Constatou-se,
também, que a resposta do vão não é influenciada significativamente pelo amortecimento
do solo.
RAPOSO [29], afirmou em seu trabalho que para vãos livres de dutos em
operação, a falta de informações confiáveis sobre os vãos é o principal motivo baixas
vidas atualmente encontradas, o que indica a necessidade de melhorar a caracterização
dos vãos.
Recentemente, VELDED [30] discutiu os principais avanços na análise de vãos
livres com a revisão da DNV-RP-F105. Foram verificados avanços nas análises no
domínio da frequência para cálculo de fadiga causada por ondas. Foi desenvolvido um
novo modelo de resposta para vibração do vão na direção perpendicular ao escoamento,
causado apenas por ondas com baixos KC (coeficiente de Keulegan-Carpenter). Foi
incorporado também um novo método analítico para cálculo da resposta dinâmica de vãos
curtos sujeitos a condições extremas, além de ter sido detalhada a forma de aplicar o
documento para avaliação de fadiga e efeitos de cargas ambientais extremas em estruturas
que possuem membros curvos como spools, jumpers e manifolds. A abordagem para
distinção entre modelos com vãos isolados e múltiplos vãos interagindo entre si foi
alterada, indicando que para análise da interação de mais de dois vãos deve ser realizada
uma análise específica para cada caso. Foi adicionada também uma seção para servir de
guia na utilização e interpretação da tecnologia de medições com o uso de sensores em
vãos livres.
14
Capítulo 3
Prandtl mostrou, no início do século XX, que para um corpo imerso em um fluido
de pequena viscosidade, sobre uma pequena região adjacente à superfície existe uma
variação da viscosidade. Por outro lado, fora desta região, pode-se dizer que a influência
da viscosidade é pequena e desprezível, permitindo com que o escoamento possa ser
estudado como se o fluido fosse ideal, sem perda de exatidão nos resultados. Prandtl
denominou esta fina camada localizada nas proximidades do corpo que sofre influência
da viscosidade de camada limite [32].
A camada limite apresenta como característica a predominância de efeitos de
viscosidade, enquanto que fora dela não existe este efeito sobre o escoamento. Além
15
disso, seu comprimento e espessura são inversamente proporcionais à velocidade do
escoamento. Por fim, observa-se que em uma pequena distância da superfície do corpo
imerso a velocidade cresce de zero até a velocidade existente no escoamento, como pode
ser visto na Figura 9 [32].
16
Esta configuração é dependente do número de Reynolds (Re), que representa a
relação entre as forças de inércia e as forças viscosas [32]. Para escoamentos externos em
torno de um cilindro cujo eixo é perpendicular ao fluxo, o número de Reynolds é dado
pela fórmula abaixo, onde U é a velocidade do fluido, D o diâmetro externo do duto e
é a viscosidade cinemática do fluido:
17
A frequência de desprendimento de vórtices é a frequência na qual os vórtices se
desprendem formando a esteira de von Karman. No início do século XX, von Karman
mostrou que, se a razão entre a distância lateral e a longitudinal entre o centro de um
vórtice e outro fosse igual a 0,286, o padrão de vórtices alternados seria estável [35],
conforme mostrado na Figura 12.
18
Devido ao desprendimento de vórtices, surgem forças no sentido paralelo e
transversal ao fluxo de corrente, em função da variação de pressão no entorno do duto.
Caso a frequência de desprendimento de vórtices se aproxime de uma das frequências
naturais do duto, o mesmo começará a vibrar em ressonância. Este fenômeno de
ressonância é chamado de sincronização [11].
No contexto das vibrações induzidas por vórtices em dutos com vãos livres, os
parâmetros adimensionais hidrodinâmicos são o elo entre os dados ambientais existentes
no local onde o duto está instalado e o respectivo modelo utilizado para descrever o
fenômeno observado. Desta forma, destacam-se os parâmetros adimensionais listados a
seguir:
19
trabalho. Este parâmetro é calculado a partir da expressão a seguir, onde fw é a frequência
das ondas:
Este parâmetro nada mais é do que a razão entre a velocidade de corrente (Uc) e a
velocidade total do fluxo (Uc + Uw).
∗
6
2
7
onde me é a massa efetiva por unidade de comprimento, representada pela soma da massa
estrutural, massa adicionada e massa do fluido no interior do duto por unidade de
comprimento; é a massa específica do fluido, neste caso da água do mar e ζ é o
decremento logarítmico, dado por ζ =2πξT, onde ξT é o amortecimento total, constituído
pela soma dos amortecimentos estrutural, hidrodinâmicos e do solo na região dos ombros.
20
3.3 Movimento in-line e cross-flow
21
de desprendimento de vórtices. Da mesma forma que no movimento in-line, para as
vibrações cross-flow também pode ocorrer sincronização para determinados valores de
velocidade reduzida. [12]
1
8
2
1
9
2 4
0,65 ; / 10
29 4
/ 0,65 log / ; 10 / 10 10
13 13
1,05 ; / 10
/ . , . . . 11
O coeficiente básico de inércia, por sua vez, pode ser obtido a partir da figura a
seguir, retirada da DNV-RP-F105. Observa-se que ele é dependente do número de
23
Keulegan-Carpenter, bem como da taxa de velocidade de corrente, de acordo com gráfico
da Figura 16.
. . . 12
24
Capítulo 4
Recomendações Normativas
√ 1 13
onde C1 e C3 são coeficientes que dependem das condições de contorno do vão, CSF é o
fator de rigidez do concreto, EI é a rigidez à flexão do tubo de aço, me corresponde à
massa efetiva por unidade de comprimento, Leff é o comprimento efetivo do vão livre, S é
a carga axial efetiva, Pcr corresponde à carga crítica de flambagem, δ é a deflexão estática
e D é o diâmetro externo do duto incluindo todos os revestimentos.
Esta expressão é aplicável apenas se os seguintes limites forem respeitados:
25
140 14
0,5 15
2,5 16
,
17
onde kc é uma constante empírica da rigidez do concreto sendo igual a 0,25 para
revestimentos PP/PE e 0,33 para revestimentos de asfaltos e EIconc corresponde à rigidez
à flexão do trecho de duto revestido com concreto.
A massa efetiva por unidade de comprimento é a soma da massa estrutural incluindo
os revestimentos ( ), com a massa do fluido interno ( ) e a massa adicionada ( ).
18
19
4
1,6
0,68 / 0,8
1 5 / 20
1 / 0,8
26
Figura 17 - Variação do comprimento efetivo com o parâmetro de rigidez (Fonte[5]).
O parâmetro β é obtido a partir da expressão a seguir:
log 21
1
∆ 1 2 Δ 22
1 23
1
24
1 1
onde é o carregamento estático vertical, devido ao próprio peso do duto. Por fim, os
coeficientes das condições de contorno são obtidos a partir da Tabela 3 mostrada a seguir,
retirada da DNV-RP-F105 [5].
27
Tabela 3 - Coeficientes para cálculo de frequência natural (Fonte [5]).
2) 3)
Bi‐apoiado Bi‐engastado Vão isolado no solo
C1 1,57 3,56 3,56
C2 1,0 4,0 4,0
1) 1) 1)
C3 0,8 0,2 0,4
2
Ombros: 14,1 (L/Leff)
C4 4,93 14,1
Meio do vão: 8,6
4)
Ombros :
1
C5 1/8 1/12
18 / 6
Meio do vão: 1/24
C6 5/384 1/384 1/384
1) Note que C3= 0 é normalmente assumido para in‐line se não for
considerada a existência de corrente constante.
2) Para condição de contorno bi‐apoiado Leff deve ser substituído por L na
expressão acima, bem como na expressão da carga crítica de flambagem.
3) Para condição de contorno bi‐engastado, L/Leff =1, por definição.
4) C5 deve ser calculado usando a rigidez estática do solo no cálculo de
Leff/L.
Para obtenção da máxima amplitude de resposta nos modos in-line e cross-flow são
utilizados os modelos de resposta existentes na DNV-RP-F105 [5], que foram obtidos a
partir de dados disponíveis em testes experimentais de laboratório e uma quantidade
limitada de testes em escala real.
O modelo de resposta para vibração in-line relaciona a velocidade reduzida e o
parâmetro de estabilidade, definidos no item 3.2 deste trabalho com a amplitude de
resposta normalizada para um diâmetro conforme mostrado na Figura 18.
28
Figura 18 – Modelo de resposta in-line (Fonte:[5]).
Analisando a Figura 18, verifica-se que as amplitudes de resposta na direção in-line
tendem a diminuir à medida que o parâmetro de estabilidade aumenta, pois o mesmo é
diretamente proporcional ao amortecimento do sistema.
Os parâmetros de velocidade reduzida e estabilidade são corrigidos por fatores de
segurança relacionados à frequência natural do vão e ao efeito de amortecimento, para
construção das curvas do modelo de resposta in-line.
O modelo de resposta para vibração cross-flow, Figura 19, relaciona a amplitude de
vibração com os parâmetros de velocidade reduzida (VR), número de Keulegan Carpenter
(KC) e a taxa de velocidade de corrente no escoamento (α).
29
Figura 19 - Modelo de resposta cross-flow (Fonte:[5]).
2 / , 25
30
1 26
onde N representa o número de ciclos admissíveis, a , as interseções das curvas S-N com
o eixo log(N), m os coeficientes angulares das curvas S-N, é a amplitude de tensões
alternadas e é a interseção entre as duas inclinações das curvas S-N.
A vida útil da estrutura (T) é o inverso do dano acumulado ao qual o duto foi
exposto; portanto, considerando o somatório de dano imposto ao duto por todas as
velocidades de corrente e sua probabilidade de ocorrência, chega-se ao valor procurado
para os modos in-line e cross-flow:
31
1
,
29
∑
,
32
Capítulo 5
O trecho de duto em vão livre pode ser modelado como uma viga de Timoshenko,
que contempla em seu modelo efeitos da distorção de cisalhamento e da inércia de
rotação, que não estão presentes no modelo convencional de Euler-Bernoulli. Dessa
forma, conforme deduzido em [39], as equações diferenciais acopladas, que descrevem o
deslocamento transversal (y) e a rotação ( da seção ao longo do comprimento (x) de
uma viga de Timoshenko, são:
, , ,
, 30
, , ,
, 31
33
Para resolução das equações anteriores são necessárias 2 condições iniciais e 4
condições de contorno. Estas últimas estão diretamente relacionadas com as condições de
apoio existentes no ombro do vão, podendo ser representadas conforme a seguir:
- Condições iniciais:
,0 32
,0
33
0, 0 34
0, 0 35
, 0 36
, 0 37
0,
0 38
0,
0, 39
,
0 40
,
, 41
34
5.2 Vibrações em sistemas de múltiplos graus de liberdade
42
43
44
det 0 45
, 1, 2, … , 46
35
Existem diversos algoritmos para obtenção da frequência natural de vibração em
sistemas de n graus de liberdade. Conforme DIAS, 2015 [42] dentre os métodos
numéricos disponíveis, o mais utilizados em engenharia são: iteração inversa, iteração
por subespaços e os algoritmos baseados em Métodos de Lanczos. Em função de não ser
o objetivo deste trabalho, os métodos citados não serão detalhados nesta dissertação.
Considerando a aplicação de uma excitação harmônica no
sistema, onde é um vetor de amplitudes de força e é a frequência de excitação,
após a realização de determinadas considerações e substituições, chega-se à seguinte
resposta harmônica do sistema no estado estacionário:
47
49
50
36
5.3 Conceitos da Teoria da Elasticidade
, 51
- Deformações normais
52
53
54
- Deformações cisalhantes
55
56
57
37
Dessa forma, o tensor deformações ( pode ser definido como:
58
59
. . . . .
. . . . . .
60
. . . . . .
. . . . . .
. . . .
38
Ressalta-se que os níveis de tensão em que ocorrem as rupturas devido a
carregamentos cíclicos são bem menores do que os níveis de tensão que levam a ruptura
devido a carregamentos estáticos. Dessa forma, o fenômeno de fadiga ocorre em níveis
de tensão abaixo do limite de escoamento do material [48].
Pode-se classificar o fenômeno de fadiga a depender do número de ciclos em que o
componente estará submetido até a falha. Fadiga de Baixo Ciclo se caracteriza quando há
deformações plásticas cíclicas em alguma região do componente e a falha ocorrerá para
um número de ciclos (N) compreendidos entre 1<N<103. A Fadiga de Alto Ciclo, por sua
vez, se caracteriza por deformações elásticas cíclicas, fazendo com que a falha ocorra
após um número elevado de ciclos, em geral, N>103 [49].
Existem três métodos utilizados em projeto para prever a durabilidade de um
componente sujeito a cargas cíclicas: o Método ε-N, o Método da Mecânica da Fratura
Linear Elástica e o Método S-N [48].
O Método ε-N tem aplicação em problemas de fadiga de baixo ciclo, cobrindo a
deficiência dos modelos de tensão em descrever adequadamente dados na região de baixo
ciclo. Este método considera que a deformação cisalhante é a principal responsável pelo
fenômeno de fadiga na região de vida finita, respondendo, dessa forma, pela nucleação
de microtrincas [50].
Este método considera que a vida em fadiga é controlada por tensões e
deformações locais em torno de um concentrador de tensão. Até em componentes
submetidos a valores de tensão abaixo do limite de escoamento, podem aparecer regiões
de plastificação localizadas devido aos altos gradientes de tensão existentes nos
concentradores. Dessa forma, a zona de plastificação é controlada pela deformação
elástica do material envolvente [51].
O Método da Mecânica da Fratura parte da premissa que o material já possui uma
trinca que foi identificada. Dessa forma, o método é utilizado para prever quanto tempo
inicial a trinca demora para crescer até atingir a ruptura do material. Considerando um
material com uma trinca inicial ai, submetida a carregamentos cíclicos ao longo do tempo,
a trinca irá crescer a uma determinada velocidade (da/dN) até atingir um tamanho crítico
ac onde ocorre a ruptura, como pode ser visto na Figura 20 [48].
39
Figura 20 - Variação do comprimento da trinca com nº ciclos (Fonte [48])
No Método S-N, utilizado neste trabalho, compara-se o histórico de tensão (S) para
a parte mais crítica do componente com a resistência à fadiga, obtendo o número de ciclos
(N) que o mesmo poderá suportar até ocorrer a fratura por fadiga [52]. Este método é o
mais utilizado em função da existência de vasta quantidade de informações na literatura
sobre dados de fadiga, além de ser o método que melhor representa o fenômeno da Fadiga
de Alto Ciclo.
O método tensão-vida uniaxial tem sido utilizado para estimar a vida em fadiga de
componentes sob carregamentos cíclicos, de modo que haja pouca ou nenhuma
deformação plástica do material. Considerando um corpo de prova submetido a um
carregamento cíclico conforme parâmetros definidos pela norma ASTM-E 466 é possível
obter curvas de fadiga de diferentes espécimes. Durante o ensaio, a tensão em um
determinado ponto na superfície do material assume valores máximos (Smax) e mínimos
(Smin), que permitem a obtenção de grandezas como a amplitude de tensão alternada (Sa)
e tensão média (Sm), conforme Figura 21 [48]:
61
2
62
2
40
Figura 21 - Grandezas de um ciclo de tensão Fonte: 48
Se o carregamento for completamente alternado a tensão cíclica média é igual a
zero. Num ensaio de fadiga, o espécime é submetido a tensões cíclicas até que ocorra uma
fratura. No gráfico S-N, cada ponto da curva representa um ensaio realizado, onde o eixo
das abcissas corresponde ao número de ciclos (N) até a falha e o eixo das ordenadas é a
tensão alternada (Sa) aplicada. Quanto menor o range de tensões, maior o número de
ciclos que o corpo suporta até a falha por fadiga. A curva que interpola o maior número
de pontos é a curva S-N, Figura 22, que é representada pela relação de Basquim [48].
, . 2 63
/
64
41
Figura 22- Curva S-N (Fonte [48])
Para utilização das curvas S-N em engenharia é necessário corrigir a curva e o limite
de fadiga obtidos em um ensaio ( , , através do uso de fatores modificadores que
contemplam os efeitos encontrados no sistema em análise e que não estão no ensaio, tais
como o tipo de carregamento ( ), tamanho ( ), rugosidade superficial ( ),
corrosão ( ), confiabilidade ( ), temperatura ( , presença de tensão média )e
presença de entalhe , obtendo desta forma o limite de fadiga corrigido ( , para
a curva a ser utilizada [53]:
, , . . . . . . . . 65
42
Figura 23 - Curva S-N modificada (Fonte: [48])
Especificamente nos casos dos dutos rígidos, pode ser verificada a existência de
concentradores de tensão nos pontos de soldagem entre os diversos tubos de 12 m que
formam o duto, devido a imperfeições no processo de fabricação, à concentricidade, como
mostra a Figura 24. Em função disso, as tensões nominais ( ) observadas nesta
região do duto são amplificadas em tensões locais ( , através de concentradores de
tensão (SCF) que dependem da espessura do duto ( ) e da concentricidade ( ,
conforme mostrado a seguir [38]:
. 66
3 /
1 67
43
Figura 24 – Representação de imperfeição no alinhamento entre tubos (Fonte: [38])
44
carregamento é aplicado. O método leva em conta a hipótese que o novo histórico de
tensão gera a mesma vida a fadiga que o histórico aleatório.
O Método Rainflow se baseia na analogia de gotas de chuva caindo no telhado de
um pagode (casas de orações com vários andares encontradas no oriente) e escorrendo
para as bordas do telhado. O procedimento proposto por ele utiliza três pontos
consecutivos de um carregamento para determinar se um ciclo de tensão, que será
representado por um bloco de tensão, foi criado ou não. Considerando 3 pontos
consecutivos de tensão (S1, S2 e S3), que definem 2 amplitudes de tensão consecutivas
∆ | |e∆ | |, verifica-se que há formação de um ciclo se ∆
∆ , caso contrário não ocorre a formação de um ciclo [54].
Um pré-requisito para aplicação do método é rearranjar o histórico de carregamento
de forma que o carregamento se inicie com o pico ou vale mais profundo e que possua o
maior valor absoluto. Após isso, a regra de aplicação é utilizada para checar 3 pontos
consecutivos. Cada vez que um ciclo é formado, seus pontos são descartados e os pontos
remanescentes são conectados entre si. O procedimento é repetido até que não reste mais
nenhum evento de carregamento. A amplitude de tensão de cada ciclo gerado é usada para
a criação dos blocos de amplitude constante ao longo do tempo, que são utilizados para
cálculo de vida útil à fadiga [54].
Após aplicação do Método Rainflow e geração dos blocos de tensão na estrutura, é
necessário calcular o dano por fadiga causado por cada bloco de tensão. Através da Regra
de Palmgren-Miner, assume-se que cada bloco de carregamento, correspondente a um
determinado número de ciclos , causa um dano di à estrutura, sendo o dano total o
somatório dos danos di. Quando o dano atingir um valor crítico DPM, ocorre a falha por
fadiga.
68
De acordo com [55], o valor crítico do dano é uma variável aleatória que assume
valores entre 0,15 e 1,06 em projetos mecânicos.
Muitas estruturas encontradas na engenharia estão sujeitas a estados de tensão
multiaxial cíclicos que podem levar a falha por fadiga. De acordo com DE CASTRO e
MEGGIOLARO, 2009 [56], a utilização de critérios de fadiga uniaxiais em situações
onde existem estados multiaxiais de tensão podem levar erros e conservadorismos.
45
Tendo em vista que as estruturas encontradas no dia-dia possuem geometria
complexa, o Método dos Elementos Finitos é uma excelente ferramenta utilizada para
cálculo das tensões e deformações em diferentes pontos do objeto em análise [48]. Uma
das estratégias que pode ser adotada na análise de fadiga considera a hipótese de que há
pouca deformação plástica em fadiga de alto ciclo, inclusive na região do entalhe. Dessa
forma, as tensões são calculadas a partir de uma análise de elementos finitos linear elástica
e utilizadas para prever a vida a fadiga através de uma curva S-N [55].
De acordo com [50] um carregamento cíclico pode ser classificado como
carregamento proporcional, que se caracteriza pelo fato de não alterar a direção principal
do plano crítico, ou como carregamento não proporcional, cuja direção principal se altera
ao longo do tempo. Em função do tipo do carregamento, podem ser utilizadas diferentes
teorias de fadiga para cálculo da vida à fadiga do material. O plano crítico é definido
como o plano onde é mais provável ocorrer o crescimento de uma trinca em um material
devido à máxima amplitude de deformação normal ou máxima amplitude de deformação
cisalhante.
Conforme TAKAHASHI, 2014 [48], os modelos de fadiga multiaxial podem ser
baseados em tensão equivalente, plano crítico e tensão mesoscópica. Neste trabalho, será
utilizado um modelo de tensão equivalente, baseado na teoria de Von Mises que foi
originalmente desenvolvido para a determinação do limite de fadiga para metais
submetidos a carregamentos proporcionais. Os modelos baseados em tensão equivalente
partem do princípio que uma tensão equivalente causa o mesmo dano causado pela tensão
uniaxial em um estado de carregamento uniaxial.
De acordo com [55], o modelo de Von Mises Sinalizado consiste em converter as
tensões alternadas em uma tensão equivalente alternada, que é posteriormente comparada
com um valor de tensão uniaxial experimental. A tensão equivalente alternada ( , e
a tensão equivalente média de Von Mises ( , podem ser calculadas pelas expressões
a seguir, respectivamente:
1 , , , , , ,
, 69
√2 6 , , ,
1 , , , , , ,
, 70
√2 6 , , ,
46
onde , , , e , são as tensões normais alternadas, , , , e , são as tensões
cisalhantes alternadas, , , , e , são as tensões normais médias, , , , e
6
. , 0
| | 2
71
6
. , 0 0
| | 2
0, 0 0
max , ,
, 73
2
Conforme LEE, 2011 [55], o critério de Von Mises sinalizado prevê que a falha por
fadiga em um espécime padronizado ocorre se a tensão equivalente alternada for maior
do que a tensão de escoamento do espécime ( , é :
, , é 74
47
Capítulo 6
48
translações. Os valores de rigidez vertical (KV) e horizontal (KL) das molas foram obtidos
a partir das fórmulas indicadas a seguir, retiradas da DNV-RP-F105, que consideram o
módulo de cisalhamento do solo ( ) e coeficiente de Poisson do solo ( ) em que
o duto está instalado. Com relação às propriedades mecânicas do material utilizado na
fabricação do duto, considera-se que o mesmo é linear elástico, homogêneo e isotrópico.
0,88
75
1
0,76 1 76
49
Figura 27 - Exemplo de 1ª modo de vibração cross-flow
50
Figura 29 - Convergência da malha para duto 14,75” e L/D=60
51
Figura 31 - Convergência da malha para duto 20” e L/D=60
Uma vez realizada a análise modal e obtidos os modos de vibração do vão deve-se
aplicar os carregamentos externos ao duto, causados pelas correntes marítimas. Na
indústria, as operadoras dos campos de petróleo mantêm pontos de medição das correntes
nas áreas onde se encontram as instalações marítimas, para que os dados medidos ao
longo dos anos possam ser utilizados em diversas análises, dentre as quais as de vão-livre.
Em função da confidencialidade destes dados, o autor deste trabalho gerou a Tabela 4,
fazendo algumas modificações em dados reais, contendo velocidades de correntes
medidas, com o respectivo número de observações.
52
Tabela 4 - Velocidade de corrente x nº de ocorrências (gerado pelo autor)
Velocidade (m/s) Nº ocorrências
0,00‐0,05 70
0,05‐0,10 170
0,10‐0,15 200
0,15‐0,20 160
0,20‐0,25 140
0,25‐0,30 100
0,30‐0,35 70
0,35‐0,40 40
0,40‐0,45 30
0,45‐0,50 20
0,50‐0,55 10
0,55‐0,60 10
0,60‐0,65 10
0,65‐0,70 10
0,70‐0,75 10
53
Figura 33 - Amplificação da tensão normal em y para diferentes frequências.
Durante as análises verificou-se que o ponto mais crítico para o duto é a região dos
ombros, como mostra a Figura 38 e, por isso, pode-se dizer que as tensões de Von Mises
54
na região do ombro para o movimento in-line e cross-flow são as mais importantes para
o cálculo de vida à fadiga.
55
A partir do histograma de tensões da direção in-line, Figura 39, ou cross-flow, é
possível obter a probabilidade de ocorrência de cada uma das classes de tensão em cada
direção. A probabilidade acumulada das classes é utilizada como insumo para a realização
do sorteio da amplitude das tensões que serão observadas no duto ao longo do tempo,
conforme Tabela 5. Uma vez definida a amplitude dentro de cada hora, a tensão ainda
sofre alterações no módulo conforme a frequência do forçamento.
Dessa forma, a amplitude de tensão ao qual o duto estará submetido a cada período
de 1 hora é sorteada considerando as probabilidades de cada classe, semelhante a um dado
viciado. Assim, é possível gerar de forma aleatória blocos de tensão ao longo do tempo
atuando no vão livre, conforme pode ser visualizado na Figura 40.
56
A referência [38] foi utilizada para seleção da curva de fadiga aplicada no trabalho.
Conforme definição da DNV-RP-C203, inicialmente é necessário definir quais são as
características da geometria do corpo que passará pela análise de fadiga. Especificamente
para o caso de dutos rígidos submarinos, que são corpos tubulares unidos entre si através
de solda, deve ser utilizada a curva S-N categorizada como F. A depender da tolerância a
possíveis desalinhamentos durante a fabricação, a curva recebe uma nova classificação
em F1 ou F3. Para este trabalho, será utilizada a curva F3 da Tabela 6.
6
N > 10 ciclos
6 Concentrador de
N ≤ 10 ciclos Limite de fadiga
Curva S‐N 7 Expoente k tensão referente
a 10 ciclos
a curva S‐N
m1 m 2 = 5,0
B1 4,0 14,917 17,146 106,97 0
B2 4,0 14,685 16,856 93,59 0
C 3,0 12,192 16,32 73,10 0,15
C1 3,0 12,049 16,081 65,50 0,15
C2 3,0 11,901 15,835 58,48 0,15
D 3,0 11,764 15,606 52,63 0,2 1,00
E 3,0 11,610 15,35 46,78 0,2 1,13
F 3,0 11,455 15,091 41,52 0,25 1,27
F1 3,0 11,299 14,832 36,84 0,25 1,43
F3 3,0 11,146 14,576 32,75 0,25 1,61
G 3,0 10,998 14,33 29,24 0,25 1,80
W1 3,0 10,861 14,101 26,32 0,25 2,00
W2 3,0 10,707 13,845 23,39 0,25 2,25
W3 3,0 10,570 13,617 21,05 0,25 2,50
0,25 para SCF ≤ 10
T 3,0 11,764 15,606 52,63 1,00
0,30 para SCF > 10
57
As equações da curva de fadiga utilizadas neste trabalho, considerando que o
número de ciclos onde a curva S-N muda de inclinação é igual a 10 e que a tensão
no ponto em que ocorre a interseção entre as duas retas da curva S-N é igual a
51,9039 , são:
,
10 ,
, 77
10 ,
58
pode ser visualizado nas Figuras 42, 43 e 44, comprovando que a amostra de velocidades
é representativa para a obtenção dos resultados
59
Figura 44 - Convergência vida média duto 20” x tamanho amostra.
Tendo em vista que as tensões são geradas de forma aleatória, para cada cálculo de
dano realizado, obtém-se um valor diferente e, consequentemente, são obtidos valores
diferentes de vida útil a fadiga. Dessa forma, para obtenção da vida média à fadiga de
cada vão simulado neste trabalho, foi necessário realizar um determinado número de
simulações até que ocorresse a convergência da vida e do desvio padrão.
A Figura 45, mostrada a seguir, mostra a interface da planilha de cálculo FatFree
da DNV-RP-F105, utilizada para a realização de cálculos de vida útil à fadiga de vãos
livres.
60
Figura 45 - Planilha de cálculo FatFree.
61
Capítulo 7
62
cross-flow não se mostrou um problema em função da baixa amplificação das tensões.
Na Tabela 9 é apresentada a relação de vãos analisados.
Tabela 9 - Características dos vãos analisados
Vida DNV direção Vida DNV direção
Diâmetro nominal (pol) Comprimento do vão (m)
inline (anos) crossflow (anos)
14,75 42 2,0 30000000
14,75 43 1,6 30000000
14,75 44 1,3 7820000
14,75 45 1,1 10100
14,75 46 0,9 861
18,5 51 3,0 30000000
18,5 52 2,4 30000000
18,5 53 2,0 30000000
18,5 54 1,6 30000000
20 56 4,9 30000000
20 60 2,3 30000000
20 64 1,4 30000000
20 68 1,1 30000000
20 72 1,0 30000000
20 76 1,2 30000000
Para fins de comparação da metodologia deste trabalho com a da DNV, foi simulado
apenas para o vão de 45 m do duto de 14,75” a exposição às correntes marítimas na
direção cross-flow e não foram verificadas amplificações de tensão consideráveis, pois a
maior frequência de excitação nesta direção é 0,38 Hz e a frequência natural cross-flow é
1,13 Hz. A vida à fadiga média na direção cross-flow calculada pela metodologia deste
trabalho, considerando 1000 valores diferentes foi 4220000 anos, enquanto que pela DNV
10100 anos.
Esta diferença entre as vidas pode ser explicada pela diferença de frequências
naturais na direção cross-flow. O valor obtido pela DNV para este caso é de 0,767 Hz, o
que implica em maiores amplificações de tensão quando comparado com o modelo
desenvolvido neste trabalho. A diferença entre as frequências, por sua vez, pode ser
explicada pela diferença entre o modelo de viga utilizado neste trabalho e o modelo da
DNV-RP-F105, utilizados para representar o vão livre.
A seguir são apresentados o histograma de tensões na Figura 46, o carregamento
gerado ao longo do tempo na Figura 47 e amplificação de tensão a partir da frequência de
forçamento aplicada na Figura 48, todos gerados a partir da metodologia desenvolvida
63
neste trabalho. Os baixos valores de tensão observados em todos os gráficos refletem o
pequeno dano causado ao duto, o que implica em uma vida útil muito grande.
64
Figura 48- Tensões cross-flow no tempo – duto 14,75” – vão 45m
A seguir são apresentados os resultados obtidos para cada tipo de duto na direção
in-line, conforme variação de comprimento do vão.
65
Figura 49 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 14,75”
Conforme pode ser observado na Figura 50, a vida à fadiga na direção in-line,
calculada para os vãos de 42 e 43 m, é maior do que a vida obtida a partir da DNV. Isto
é explicado pela menor amplificação das tensões durante aplicação da metodologia
desenvolvida, pois as frequências calculadas são maiores que as obtidas pela DNV.
66
Por outro lado, para os vãos de 44, 45 e 46 m, a vida calculada pela metodologia
desenvolvida neste trabalho é menor do que a vida obtida pela FatFree, indicando que a
aplicação da norma para vãos de 14,75” cujo L/D é maior do que 110 pode trazer
resultados inconsistentes. Para os referidos vãos, a máxima frequência de forçamento
aplicada é 0,77 Hz, enquanto que as frequências naturais observadas são 0,802; 0,783 e
0,753 Hz, o que implica em grandes amplificações de tensão nos vãos, podendo chegar a
valores próximos de 800 MPa para o vão de 45m e próximos de 2000 MPa para o vão de
46 m, indicando a ocorrência de ressonância e fim da vida útil à fadiga na direção in-line,
conforme pode ser visualizado nas Figuras 51 e 52.
67
Figura 52 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 46m
Para todos os vãos, observou-se que os valores da vida média à fadiga calculados
para este diâmetro de duto, através da metodologia desenvolvida neste trabalho,
convergiram para valores maiores que o valor de vida in-line obtido através da FatFree
da DNV, após a realização de 1000 simulações. O resumo dos resultados obtidos nas
simulações realizadas neste trabalho pode ser encontrado no Apêndice A. A convergência
da vida média e a convergência do desvio padrão da vida dos vãos de 14,75” podem ser
encontradas no Apêndice B deste trabalho.
O histograma das tensões in-line cujas probabilidades foram usadas para gerar as
tensões aleatórias ao longo do tempo, a amplificação de tensão para cada frequência de
forçamento aplicada e a variação de tensões alternadas no ombro do vão em um
determinado período de tempo, referentes aos vãos do duto de 14,75” também podem ser
encontrados no Apêndice B. Para os vãos em questão, verifica-se que, quanto maior é o
comprimento do vão, menor é a frequência natural de vibração e, consequentemente, os
carregamentos aplicados estão mais próximos da frequência natural in-line, causando
maiores amplificações de tensão ao longo do tempo, o que resulta em menor valor de vida
útil a fadiga.
68
7.2.2 Duto de 18,5”
Nos vãos do duto de diâmetro nominal de 18,5” analisados, foi observado, para as
frequências naturais na direção in-line, um comportamento semelhante ao identificado
nos vãos do duto de 14,75”. As frequências in-line calculadas pela metodologia
desenvolvida neste trabalho são maiores do que as frequências in-line calculadas através
da DNV, conforme Figura 53. Verificou-se que a diferença entre as frequências também
aumenta, conforme ocorre o aumento do comprimento do vão, o que pode também ser
explicado pela aproximação do limite de aplicação da FatFree da DNV.
69
Para os vãos de 53 e 54 m, cujas frequências naturais de vibração obtidas pela
metodologia proposta são 0,696 Hz e 0,683 Hz, respectivamente, observou-se grande
amplificação das tensões, fazendo com que a vida útil a fadiga na direção in-line
assumisse valores próximos a zero, o que é coerente, uma vez que a amplificação dos
carregamentos é significativa. Por outro lado, não foi verificado o mesmo comportamento
para a metodologia da DNV, cujos valores de frequência naturais calculados foram 0,639
Hz e 0,610 Hz, para os vãos de 53 e 54 m, respectivamente.
Da mesma forma que foi verificado com o duto de 14,75”, para todos os vãos do
duto de 18,5”, observou-se que os valores da vida média à fadiga calculados para este
diâmetro de duto, através da metodologia desenvolvida neste trabalho, convergiram para
valores maiores que o valor de vida in-line obtido através da FatFree da DNV, após a
realização de 1000 simulações. A convergência da vida média e a convergência do desvio
padrão da vida dos vãos de 18,5” podem ser encontradas no Apêndice C deste trabalho.
O Apêndice C também contém o histograma das tensões in-line, cujas
probabilidades foram usadas para gerar as tensões aleatórias ao longo do tempo para os
vãos do duto de 18,5”, contém a amplificação de tensão para cada frequência de
forçamento aplicada e a variação de tensões alternadas no ombro do vão em um
70
determinado período de tempo. Observando estes gráficos, também verifica-se que,
quanto maior é o comprimento do vão, menor é a frequência natural de vibração e,
consequentemente, os carregamentos aplicados estão mais próximos da frequência
natural in-line, causando maiores amplificações de tensão ao longo do tempo, o que
resulta em menor valor de vida útil a fadiga, similar ao que foi verificado nos vãos do
duto de 14,75”.
Tendo em vista que os resultados para os vãos dos dutos de 14,75” e 18,5”
apresentaram comportamentos semelhantes, para o duto de 20” buscou-se analisar vãos
em uma faixa de L/D maior (105 a 142,5), de forma que o limite proposto pela DNV,
L/D<140, fosse extrapolado e os resultados comparados com os obtidos pela metodologia
desenvolvida. Dessa forma, inicialmente, foram calculadas as frequências naturais na
direção in-line dos vãos analisados com as duas metodologias e, semelhante ao que foi
verificado anteriormente, os valores da metodologia proposta neste trabalho são maiores
do que os valores obtidos a partir da FatFree. Pode ser verificado na Figura 55 que,
conforme o comprimento do vão aumenta, a diferença entre as frequências das duas
metodologias também aumenta e, para o maior vão simulado (L/D=142,5) a frequência
obtida pelo modelo deste trabalho é quase o dobro da frequência obtida pela FatFree,
confirmando que o modelo analítico da DNV já não representa bem o duto em vão livre
para essas condições.
71
Figura 55 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 20”.
72
Figura 56 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 56 m
73
Para os vãos de 68, 72 e 76 m, a vida a fadiga calculada pela metodologia proposta
é igual a zero, o que indica a necessidade de calçamento dos vãos para manutenção da
operação de forma segura. Esta situação está coerente quando se verifica a amplificação
das tensões no duto para diversos valores de frequência de forçamento, indicando a
ocorrência de ressonância, conforme pode ser observado nas Figuras 58, 59 e 60. Como
a frequência natural de vibração na direção in-line calculada pela metodologia proposta é
0,564; 0,541 e 0,515 e as maiores frequências de forçamento ocorrem na faixa de 0,55 a
0,56 Hz, ocorre uma grande amplificação de tensões nestes vãos.
74
Figura 59 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 72 m
75
em relação à vida a fadiga na direção in-line para estes últimos vãos é que o valor obtido
a partir da FatFree aumentou entre os vãos de 72 m (1,06 anos) e 76 m (1,15 anos),
indicando que o modelo da DNV é inconsistente para esta faixa de valores de L/D.
76
Capítulo 8
Conclusão
Neste trabalho foi apresentada uma metodologia para cálculo de vida à fadiga de
vãos livres de dutos rígidos submarinos, alternativa à RP-F-105 da DNV. Inicialmente,
foram criados modelos de vãos livres de dutos rígidos, sem amortecimento, encontrados
na indústria de óleo e gás, para realização de uma análise estática que teve como objetivo
a obtenção da condição deformada do duto e, em seguida, uma análise modal para
obtenção de suas frequências naturais de vibração na direção in-line e cross-flow.
Para todos os vãos simulados, observou-se que a frequência natural de vibração in-
line obtida pela metodologia desenvolvida neste trabalho é menor do que a frequência
obtida pela FatFree da DNV, devido a diferenças entre o modelo de viga deste trabalho
e o da DNV-RP-F105, utilizados para modelar os vãos.
Quando foram aplicados os carregamentos externos, com respectivas frequências
de vibração, causados pelas correntes marítimas, observou-se que a metodologia proposta
proporciona a obtenção de valores de vida a fadiga na direção in-line maiores do que a
metodologia da DNV, para vãos cuja frequência natural calculada com a FatFree é mais
próxima da maior frequência de forçamento que o duto pode estar submetido. Por outro
lado, para os casos onde a frequência natural in-line calculada pela metodologia proposta
é mais próxima da máxima frequência de forçamento que pode ocorrer, a vida a fadiga
obtida é menor do que a calculada pela DNV-RP-F105, devido à maior amplificação das
tensões nos ombros do vão.
Dessa forma, pode-se dizer que a metodologia desenvolvida neste trabalho é menos
conservadora que a metodologia da DNV para vãos onde foi observada menor
amplificação de tensão causada pelas correntes marítimas, permitindo a manutenção da
operação de dutos sem a necessidade de realização de calçamentos por mais tempo e, por
outro lado, preza pela segurança para vãos mais suscetíveis a carregamentos críticos,
indicando a necessidade de intervenções submarinas de forma mais objetiva.
77
8.1 Sugestão para trabalhos futuros
78
Referências Bibliográficas
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85
Apêndice A – Resumo dos resultados das simulações realizadas
86
Apêndice B – Simulações realizadas nos vãos do duto de 14,75”
87
Figura B3 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 42m
Figura B4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 42m
88
Figura B5 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 42m
89
Figura B7 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 43m
90
Figura B9 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 43m
Figura B10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 43m
91
Figura B11 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 43m
92
Figura B13 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 44m
93
Figura B15 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 44m
Figura B16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 44 m
94
Figura B17 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 44m
95
Figura B19 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 45m
Figura B20 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 45m
96
Figura B21 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 45m
97
Figura B23 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 46m
Figura B24 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 46 m
98
Figura B25 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 46m
99
Apêndice C – Simulações realizadas para vãos do duto de 18,5”
100
Figura C3 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 51m
Figura C4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 51m
101
Figura C5 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 51m
102
Figura C7 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 52m
103
Figura C9 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 52m
Figura C10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 52m
104
Figura C11 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 52m
105
Figura C13 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 53m
106
Figura C15 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 53m
Figura C16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 53m
107
Figura C17 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 53m
108
Figura C18 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 54m
109
Figura C20 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 54m
Figura C21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 54m
110
Figura C22 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 54m
111
Apêndice D – Simulações realizadas para vãos do duto de 20”
Figura D2 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 56m
112
Figura D3 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 56m
113
Figura D5 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 60m
114
Figura D7 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 60m
Figura D8 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 60m
115
Figura D9 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 60m
116
Figura D11 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 64m
117
Figura D13 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 64m
Figura D14 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 64m
118
Figura D15 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 64m
119
Figura D17 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 68m
Figura D18 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 68m
120
Figura D19 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 68m
121
Figura D21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 72m
Figura D22 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 72m
122
Figura D23 - Convergência da malha – duto 20” – vão 72m
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