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COMPARAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS PARA RECOMENDAÇÃO DE VÃO

LIVRE ADMISSÍVEL EM DUTOS RÍGIDOS SUBMARINOS

Rodrigo Magalhães Ribeiro

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa


de Pós-graduação em Engenharia Mecânica,
COPPE, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Mecânica.

Orientador: Fernando Augusto de Noronha


Castro Pinto
Castro Pinto

Rio de Janeiro
Dezembro de 2017
COMPARAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS PARA RECOMENDAÇÃO DE VÃO
LIVRE ADMISSÍVEL EM DUTOS RÍGIDOS SUBMARINOS

Rodrigo Magalhães Ribeiro

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO


LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________
Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto, Dr.-Ing.

________________________________________________
Prof. Daniel Alves Castello, D.Sc.

________________________________________________
Dr. Carlos Frederico Trotta Matt, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


DEZEMBRO DE 2017
Ribeiro, Rodrigo Magalhães
Comparação entre metodologias para recomendação de
vão livre admissível em dutos rígidos submarinos/ Rodrigo
Magalhães Ribeiro. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2017.
XIV, 123 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro
Pinto Pinto
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Mecânica, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 79-85.
1. Vãos livres submarinos. 2. Fadiga. 3. Vibrações
Forçadas. I. Pinto, Fernando Augusto de Noronha Castro.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Mecânica. III. Título.

iii
Agradecimentos

Primeiramente a Deus por ter me dado força nos momentos em que eu pensei em
desistir. À minha esposa Lidiane pela compreensão e apoio nos momentos mais difíceis
ao longo desta etapa da minha vida.
Aos meus pais pelo fato de terem me ensinado, desde muito pequeno, a importância
dos estudos e da educação na vida de qualquer pessoa.
À Petrobras pela oportunidade de aprimorar meus conhecimentos em Engenharia
Mecânica.
A todos os professores do Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica
com quem tive contato durante o curso, que sabiamente cumprem a nobre missão de
ensinar.
Ao Professor Fernando pela disponibilidade, paciência e contribuições durante a
orientação.
Ao colega Bruno Givizies pelos ensinamentos em ANSYS, indispensáveis para a
conclusão deste trabalho.

iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

COMPARAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS PARA RECOMENDAÇÃO DE VÃO


LIVRE ADMISSÍVEL EM DUTOS RÍGIDOS SUBMARINOS

Rodrigo Magalhães Ribeiro

Dezembro/2017

Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto

Programa: Engenharia Mecânica

Neste trabalho é apresentada uma metodologia alternativa à Recommended Practice


DNV-RP-F105, que atualmente é utilizada pela indústria de óleo e gás como a principal
referência para análise da vida útil à fadiga dutos rígidos submarinos em vãos livres.
Através de um modelo criado em elementos finitos, é feita uma análise estática e, na
sequência, uma análise modal para obtenção das frequências naturais e modos de vibração
de alguns tipos de vãos encontrados na indústria. Posteriormente, a resposta em
frequência do vão é obtida para cada valor de velocidade de corrente marítima ao qual o
duto está submetido, permitindo a criação do histograma das tensões alternadas
observadas nos ombros dos vãos. Dessa forma, são geradas tensões alternadas ao longo
do tempo possibilitando o cálculo da vida à fadiga, a partir do modelo de Von Mises
Sinalizado. Os resultados obtidos com a metodologia proposta, quando comparados com
os resultados obtidos pela DNV, indicam que existe ganho em alguns anos de vida para
alguns vãos analisados.

v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

COMPARISON BETWEEN METHODOLOGIES FOR RECOMMENDATION OF


ADMISSIBLE FREE SPANS IN SUBMARINE PIPELINES

Rodrigo Magalhães Ribeiro

December/2017

Advisor: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto

Department: Mechanical Engineering

This work presents an alternative methodology to the Recommended Practice


DNV-RP-F105, which is currently used by the oil and gas industry as the main reference
for the analysis of the fatigue life of subsea pipelines in free spans. Through a model
created in finite elements, a static analysis is made and, in the sequence, a modal analysis
to obtain the natural frequencies and modes of vibration of some types of free spans found
in the industry. Subsequently, the span frequency response is obtained for each sea current
velocity value to which the pipeline is subjected, allowing the creation of the histogram
of the alternating stress observed at the shoulders of the spans. In this way, alternating
stress are generated over time, making it possible to calculate fatigue life, using the Von
Mises Signalized model. The results obtained with the proposed methodology, when
compared to the results obtained by the DNV, indicate that there is gain in some years of
life for some analyzed free spans.

vi
Sumário
 
Lista de Figuras ............................................................................................................... ix 
Lista de Tabelas ............................................................................................................. xiv 
Introdução ......................................................................................................................... 1 
1.1 Motivação ............................................................................................................... 3 
1.2 Objetivos ................................................................................................................. 3 
1.3 Conteúdo da Dissertação......................................................................................... 4 
Vãos Livres Submarinos................................................................................................... 5 
2.1 Classificação de vãos livres de acordo com a DNV-RP-F105 ............................... 6 
2.2 Mitigação de vãos livres ......................................................................................... 8 
2.2.1 Entrincheiramento ........................................................................................... 8 
2.2.2 Calçamento ...................................................................................................... 9 
2.3 Recentes avanços na análise de vãos livres .......................................................... 12 
Vibração induzida por vórtices em dutos submarinos .................................................... 15 
3.1 Formação e desprendimento de vórtices ............................................................... 15 
3.2 Parâmetros adimensionais..................................................................................... 19 
3.3 Movimento in-line e cross-flow ............................................................................ 21 
3.4 Forças atuantes no fenômeno de VIV ................................................................... 22 
Recomendações Normativas........................................................................................... 25 
4.1 Expressão analítica para frequência natural de vibração ...................................... 25 
4.2 Amplitude de resposta .......................................................................................... 28 
4.3 Tensões alternadas e vida útil a fadiga ................................................................. 30 
Comportamento dinâmico de um vão............................................................................. 33 
5.1 Viga de Timoshenko ............................................................................................. 33 
5.2 Vibrações em sistemas de múltiplos graus de liberdade ....................................... 35 
5.3 Conceitos da Teoria da Elasticidade ..................................................................... 37 
5.4 Fadiga estrutural.................................................................................................... 38 
Geração de tensões no tempo ......................................................................................... 48 
Simulações numéricas e discussão ................................................................................. 62 
7.1 Características dos dutos e vãos livres analisados ................................................ 62 
7.2 Resultados de vida à fadiga na direção in-line...................................................... 65 
7.2.1 Duto de 14,75”............................................................................................... 65 
vii
7.2.2 Duto de 18,5”................................................................................................. 69 
7.2.3 Duto de 20”.................................................................................................... 71 
Conclusão ....................................................................................................................... 77 
8.1 Sugestão para trabalhos futuros ............................................................................ 78 
Referências Bibliográficas.............................................................................................. 79 
Apêndice A – Resumo dos resultados das simulações realizadas .................................. 86 
Apêndice B – Simulações realizadas nos vãos do duto de 14,75” ................................. 87 
Apêndice C – Simulações realizadas para vãos do duto de 18,5” ................................ 100 
Apêndice D – Simulações realizadas para vãos do duto de 20”................................... 112 

viii
Lista de Figuras

Figura 1 - Duto rígido instalado no fundo do mar . .......................................................... 2


Figura 2 - Parâmetros que definem um vão livre ........................................................... 5
Figura 3 - Critério para indicativo da interação de vãos .................................................. 6
Figura 4 - Ferramenta utilizada para entrincheiramento de duto ..................................... 9
Figura 5 - Operação de entrincheiramento . ..................................................................... 9
Figura 6- Groutbag instalado no vão livre . ................................................................... 10
Figura 7 - Suporte mecânico para calçamento de dutos .............................................. 11
Figura 8 – Manta de concreto para correção de vão livre ............................................. 11
Figura 9 - Formação de camada limite sobre uma superfície . ....................................... 16
Figura 10 - Desprendimento de vórtices em torno de um cilindro . ............................... 16
Figura 11 - Desprendimento de vórtices para diferentes Re .......................................... 17
Figura 12 - Esteira de von Karman ................................................................................ 18
Figura 13 - Correlação de Re com St. ............................................................................. 18
Figura 14 - Movimento in-line e cross-flow . ................................................................. 21
Figura 15 - Variação do coeficiente de lift com a razão e/D. ......................................... 22
Figura 16 - Coeficiente básico de inércia com a variação de KC ................................... 24
Figura 17 - Variação do comprimento efetivo com o parâmetro de rigidez .................. 27
Figura 18 – Modelo de resposta in-line . ........................................................................ 29
Figura 19 - Modelo de resposta cross-flow . .................................................................. 30
Figura 20 - Variação do comprimento da trinca com nº ciclos ..................................... 40
Figura 21 - Grandezas de um ciclo de tensão ................................................................ 41
Figura 22- Curva S-N ..................................................................................................... 42
Figura 23 - Curva S-N modificada ................................................................................. 43
Figura 24 – Representação de imperfeição no alinhamento entre tubos ....................... 44
Figura 25 - Blocos de tensão após aplicação do método rainflow ................................. 44
Figura 26 - Modelo criado para o duto em vão livre. ..................................................... 48
Figura 27 - Exemplo de 1ª modo de vibração cross-flow ............................................... 50
Figura 28 - Exemplo de 2ª modo de vibração cross-flow. .............................................. 50

ix
Figura 29 - Convergência da malha para duto 14,75” e L/D=60.................................... 51
Figura 30 - Convergência da malha para duto 18,5” e L/D=60...................................... 51
Figura 31 - Convergência da malha para duto 20” e L/D=60......................................... 52
Figura 32 - Amplificação da tensão normal em x para diferentes frequências............... 53
Figura 33 - Amplificação da tensão normal em y para diferentes frequências............... 54
Figura 34 - Amplificação da tensão normal em z para diferentes frequências. .............. 54
Figura 35 - Amplificação da tensão cisalhante xy para diferentes frequências. ............. 54
Figura 36 - Amplificação da tensão cisalhante xz para diferentes frequências. ............. 54
Figura 37 - Amplificação da tensão cisalhante zy para diferentes frequências. ............. 54
Figura 38 - Tensão máxima no ombro do vão. ............................................................... 55
Figura 39 - Exemplo de histograma de tensões in-line .................................................. 55
Figura 40- Tensões aleatórias geradas ao longo do tempo ............................................. 56
Figura 41 - Curvas de fadiga conforme DNV-C203. ..................................................... 58
Figura 42 - Convergência vida média duto 14,75” x tamanho amostra. ........................ 59
Figura 43 - Convergência vida média duto 18,5” x tamanho amostra. .......................... 59
Figura 44 - Convergência vida média duto 20” x tamanho amostra. ............................. 60
Figura 45 - Planilha de cálculo FatFree. ........................................................................ 61
Figura 46- Histograma de tensões cross-flow – duto 14,75” – vão 45m ........................ 64
Figura 47 - Amplificação de tensões cross-flow – duto 14,75” – vão 45m.................... 64
Figura 48- Tensões cross-flow no tempo – duto 14,75” – vão 45m ............................... 65
Figura 49 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 14,75” .... 66
Figura 50 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 14,75” ................. 66
Figura 51 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 45m .................................... 67
Figura 52 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 46m .................................... 68
Figura 53 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 18,5” ...... 69
Figura 54 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 18,5”. ................... 70
Figura 55 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 20”. ........ 72
Figura 56 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 56 m .............................. 73
Figura 57 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 56 m ................................. 73
Figura 58 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 68 m .............................. 74
Figura 59 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 72 m .............................. 75
Figura 60 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 76 m .............................. 75
Figura 61 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 20” ...................... 76
Figura B1 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 42m ................................... 87

x
Figura B2 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 42m ............................. 87
Figura B3 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 42m ......................... 88
Figura B4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 42m ....... 88
Figura B5 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 42m ................... 89
Figura B6 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 42m ...................................... 89
Figura B7 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 43m .................................... 90
Figura B8 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 43m ............................ 90
Figura B9 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 43m ......................... 91
Figura B10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 43m .... 91
Figura B11 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 43m .................. 92
Figura B12 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 43m ..................................... 92
Figura B13 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 44m .................................. 93
Figura B14 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 44m .......................... 93
Figura B15 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 44m ....................... 94
Figura B16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 44 m ... 94
Figura B17 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 44m ................. 95
Figura B18 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 44m .................................... 95
Figura B19 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 45m ........................ 96
Figura B20 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 45m .... 96
Figura B21 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 45m ................. 97
Figura B22 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 45m ..................................... 97
Figura B23 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 46m ........................ 98
Figura B24 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 46 m ... 98
Figura B25 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 46m ................. 99
Figura B26 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 46m ..................................... 99
Figura C1 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 51m ................................... 100
Figura C2 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 51m ............................ 100
Figura C3 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 51m ......................... 101
Figura C4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 51m ...... 101
Figura C5 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 51m .................... 102

xi
Figura C6 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 51m ....................................... 102
Figura C7 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 52m .................................... 103
Figura C8 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 52m ............................. 103
Figura C9 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 52m .......................... 104
Figura C10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 52m .... 104
Figura C11 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 52m .................. 105
Figura C12 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 52m ..................................... 105
Figura C13 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 53m .................................. 106
Figura C14 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 53m ........................... 106
Figura C15 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 53m ....................... 107
Figura C16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 53m .... 107
Figura C17 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 53m ................. 108
Convergência da malha – duto 18,5” – vão 53m ........................................................... 108
Figura C18 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 54m .................................. 109
Figura C19 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 54m ........................... 109
Figura C20 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 54m ........................ 110
Figura C21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 54m ...... 110
Figura C22 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 54m ................. 111
Figura C23 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 54m ..................................... 111
Figura D1 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 56m ....................................... 112
Figura D2 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 56m ......... 112
Figura D3 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 56m ...................... 113
Figura D4 - Convergência da malha – duto 20” – vão 56m .......................................... 113
Figura D5 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 60m ................................ 114
Figura D6 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 60m ............................ 114
Figura D7 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 60m ....................................... 115
Figura D8 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 60m ..........115
Figura D9 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 60m ......................116
Figura D10 - Convergência da malha – duto 20” – vão 60m ........................................116
Figura D11 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 64m .............................. 117

xii
Figura D12 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 64m ........................... 117
Figura D13 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 64m .................................... 118
Figura D14 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 64m ........ 118
Figura D15 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 64m ..................... 119
Figura D16 - Convergência da malha – duto 20” – vão 64m ....................................... 119
Figura D17 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 68m ..................................... 120
Figura D18 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 68m ........ 120
Figura D19 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 68m ..................... 121
Figura D20 - Convergência da malha – duto 20” – vão 68 m ...................................... 121
Figura D21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 72m ........ 122
Figura D22 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 72m ..................... 122
Figura D23 - Convergência da malha – duto 20” – vão 72m ....................................... 123
Figura D24 - Convergência da malha – duto 20” – vão 76m ........................................ 123

xiii
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Comportamento do vão conforme L/D aumenta .......................................... 7 


Tabela 2- Critérios para escolha da técnica de calçamento .............................................. 9 
Tabela 3 - Coeficientes para cálculo de frequência natural ............................................ 28 
Tabela 4 - Velocidade de corrente x nº de ocorrências ................................................. 53 
Tabela 5 - Amplitude de tensão x Probabilidade acumulada ......................................... 56 
Tabela 6 - Geometria em análise x seleção de curva de fadiga ..................................... 57 
Tabela 7 - Parâmetros das curvas de fadiga conforme DNV-RP-C203 ........................ 57 
Tabela 8 - Propriedades e características dos dutos ....................................................... 62 
Tabela 9 - Características dos vãos analisados ............................................................... 63
Tabela A1 - Resultados obtidos nas simulações..............................................................86

xiv
Capítulo 1

Introdução

O petróleo continua ocupando posição de destaque na matriz energética mundial


[1]. Entretanto, para que a indústria de óleo e gás possa se manter competitiva no atual
cenário econômico, cada vez mais será necessário otimizar os custos relacionados com a
implantação de novos projetos e com a manutenção da produção nas instalações já
existentes.
No Brasil, principalmente após a descoberta de reservas com tamanho considerável
na camada do Pré-Sal, a produção de petróleo caminha para locais cada vez mais distantes
da costa e para profundidades cada vez maiores, tornando a atividade de produção de óleo
e gás ainda mais complexa [2].
Grande parte do escoamento dos hidrocarbonetos produzidos, especialmente o gás,
se faz através da utilização de dutos rígidos submarinos desde quilômetros de distância
da costa até terminais terrestres. Durante a instalação dos dutos rígidos, em função das
irregularidades do leito marinho e da rigidez intrínseca do corpo tubular do equipamento,
trechos de duto ficam suspensos formando os chamados vãos livres, conforme mostrado
na Figura 1. Ao longo da vida útil de operação do duto, o trecho em vão livre se encontra
sujeito a ação de correntes marítimas e ondas, que podem induzir tensões cíclicas no duto,
caso ocorra o fenômeno da vibração induzida por vórtices (VIV), o que pode causar falha
por fadiga [3].

1
Figura 1 - Duto rígido instalado no fundo do mar (Fonte:[4]).
Atualmente, a indústria utiliza a Recommended Practice DNV-RP-F105 como
referência para realização da análise de fadiga de vãos livres e determinação do vão livre
máximo admissível. De acordo com a DNV-RP-F105, fazendo determinadas
considerações, valores de frequência natural e tensões associadas aos modos de vibração
podem ser aproximados através de formulações analíticas. Entretanto, para que não sejam
obtidos resultados muito conservadores, devem ser buscadas análises alternativas [5].
Uma vez realizada a análise de cada vão livre, é obtido um valor de vida útil à fadiga
do vão. Sabendo-se o período de tempo estimado de operação do duto e a vida útil
calculada, deve-se recomendar ou não a correção de um vão livre, reduzindo o seu
comprimento e, consequentemente, aumentando sua frequência natural de vibração bem
como sua vida útil à fadiga. Caso o comprimento do vão medido por robô, durante
inspeção submarina, esteja comprometendo a integridade do duto, deverá ser utilizado
um método de correção ou mitigação no vão livre para que o comprimento do vão atinja
valores que permitam a operação do duto de forma segura. As correções são realizadas
com robôs ou com mergulho saturado, gerando altos custos o que pode impactar
fortemente a viabilidade da produção de petróleo em águas profundas, dado o baixo valor
do barril do petróleo nos últimos anos [6].
Justifica-se, portanto, o estudo de métodos alternativos à DNV-RP-F105 para
análise de vãos livres, a fim de que estimativas conservadoras de vida útil à fadiga de
dutos rígidos submarinos sejam evitadas, revendo desta forma, a realização de operações
de calçamento desnecessárias.

2
1.1 Motivação

Para que a produção de petróleo em águas profundas continue sendo uma atividade
lucrativa, as empresas do ramo deverão reduzir cada vez mais os custos operacionais,
especialmente aqueles ligados à manutenção, sem que a integridade das instalações de
produção sejam comprometidas. Intervenções submarinas nos sistemas de produção são
realizadas por embarcações especiais, recursos cuja diária chega a dezenas de milhares
de dólares [7].
Especificamente no casos dos dutos rígidos submarinos, utilizados para o
escoamento de parte da produção de hidrocarbonetos, é necessário que se busquem
metodologias alternativas à DNV-RP-F105 para realização de análises de vãos livres de
dutos, de modo que resultados conservadores, que impliquem em intervenções de
correção muito caras, sejam evitados.
Apenas entre os anos de 2011 a 2015, uma grande operadora de petróleo em águas
brasileiras realizou centenas de intervenções submarinas para correção do comprimento
de vãos livres, o que representou custos da ordem de dezenas de milhões de dólares.
Tendo em vista que as operações de calçamento de dutos rígidos submarinos são
muito caras, o desenvolvimento de metodologias alternativas à DNV-RP-F105 para
análise de fadiga de dutos em vão livre se faz necessário, para que resultados muito
conservadores sejam evitados.

1.2 Objetivos

O presente trabalho objetiva a criação de uma metodologia para cálculo de vida útil
à fadiga de vãos livres submarinos alternativa à formulação da Recommended Practice
DNV-RP-F105.
O estudo a ser realizado também possui alguns objetivos específicos, tais como:

 calcular a frequência natural de vibração de vãos com diferentes características


através da metodologia proposta e comparar com os resultados obtidos pela
DNV;
 obter a vida útil a fadiga dos vãos analisados, comparando os resultados obtidos
através metodologia proposta com os resultados obtidos pela DNV.

3
1.3 Conteúdo da Dissertação

A presente dissertação estrutura-se na forma de oito capítulos, incluindo este


introdutório. O segundo capítulo apresenta um referencial teórico sobre vãos livres
submarinos, suas principais características e as técnicas de mitigação. O capítulo 3 aborda
o fenômeno de formação e desprendimento de vórtices, as forças presentes nas vibrações
induzidas por vórtices (VIV) e os movimentos esperados no duto quando o fenômeno
ocorre. O quarto capítulo explica como é a metodologia da DNV para determinação da
frequência natural de vibração do vão e amplitudes de tensão a partir dos modelos de
resposta. O quinto capítulo faz uma abordagem dos conceitos de viga de Timoshenko,
vibração em sistemas de múltiplos graus de liberdade, teoria da elasticidade e fadiga em
estruturas mecânicas, utilizados no desenvolvimento da dissertação. O capítulo 6
apresenta a metodologia alternativa à DNV desenvolvida neste trabalho. No capítulo 7,
são apresentados os resultados obtidos a partir das duas formulações e a discussão dos
mesmos. Por fim, o oitavo capítulo traz a conclusão do trabalho e as sugestões para
trabalhos futuros.

4
Capítulo 2

Vãos Livres Submarinos

Os vãos livres submarinos são formados quando um duto rígido é lançado sobre
uma região onde o solo marinho possui relevo com ondulações consideráveis, fazendo
com que um trecho do duto não toque o solo [3]. Tal condição é indesejável porque pode
causar danos estruturais ao duto e, em função disso, muitos pesquisadores têm estudado
as implicações deste evento na vida à fadiga dos dutos, bem como soluções para
minimizar o problema através do uso de strakes, que são supressores de vórtices
instalados no duto para modificar o escoamento ao seu redor [8]. Os principais parâmetros
que definem um vão livre, como mostra a Figura 2, são os ombros, que são as regiões do
solo que apoiam o duto, o gap, que é a altura média entre o vão e o solo no trecho central
do vão, assim como o comprimento, que é a distância horizontal aparente do vão[5].

Figura 2 - Parâmetros que definem um vão livre (Fonte [9]).


As características do vão são obtidas após o lançamento do duto através de inspeção
por robôs, permitindo obter com precisão as informações necessárias para realização de
análises em relação ao duto. Durante a vida útil, são realizadas inspeções ao longo da rota
do equipamento, permitindo acompanhar as características dos vãos durante a fase de
operação.
Um duto em vão livre está sujeito a vários tipos de carregamento, tais como o
próprio peso distribuído, cargas axiais de tração ou compressão resultantes da instalação,
pressões internas, pressões externas, tensões térmicas e forças hidrodinâmicas devidas,
principalmente, a correntes marítimas [9].

5
2.1 Classificação de vãos livres de acordo com a DNV-RP-F105

Os vãos livres podem ser classificados em relação à sua morfologia e em relação ao


seu comportamento, conforme explicado a seguir. Estes tipos de classificação irão
direcionar qual é a abordagem que deverá ser seguida durante diversas análises, dentre
elas a de fadiga.
Do ponto de vista morfológico, os vãos livres podem ser classificados como
isolados ou interativos. Se o comportamento estático e dinâmico de dois ou mais vãos
consecutivos não for afetado pelos vãos adjacentes, eles são considerados isolados. Por
outro lado, caso o comportamento seja afetado pela presença dos demais vãos, eles são
considerados interativos [5].
Para se chegar a esta classificação, é necessário conhecer o comprimento do vão
em análise (L), o comprimento dos vãos adjacentes (La), o comprimento do ombro que os
separa (Lsh) e o tipo de solo em que o duto se encontra [5].

Figura 3 - Critério para indicativo da interação de vãos (Fonte [5]).


Considerando apenas dois vãos que ocorrem em determinado tipo de solo, cujos
pontos definidos a partir das razões Lsh /L e La /L estiverem acima das curvas mostradas
na Figura 3, há um indicativo que pode ocorrer interação entre os mesmos. Por outro lado,
se os pontos estiverem abaixo da curva, não há indicativo de interação entre os vãos. Para
uma quantidade maior de vãos que podem interagir entre si, é necessário que sejam

6
criadas curvas próprias para os vãos, similares à da Figura 5, para que resultados
imprecisos não sejam obtidos [5].
Destaca-se que solos mais rígidos (areia e argila rígida) favorecem a ocorrência de
vãos isolados, enquanto que solos mais macios favorecem a interação entre vãos.
Observa-se também que quanto maior o comprimento dos ombros do vão, menor será a
chance de ocorrer interação com um vão adjacente. Neste trabalho, serão analisados
apenas vãos isolados.
Os vãos livres podem ser classificados ainda em relação ao comportamento, que é
função da razão L/D, sendo L o comprimento do vão e D o diâmetro externo do duto, já
considerando todos os revestimentos. Pode-se dizer que este parâmetro é muito
importante para caracterização do comportamento de um vão livre, tendo em vista que
vãos curtos (L/D<100) apresentam comportamento típico de vigas, enquanto que vãos
longos (L/D>200) apresentam comportamento similar ao de cabos, conforme pode ser
verificado na Tabela 1 [5].
Tabela 1 – Comportamento do vão conforme L/D aumenta (Fonte [5]).

L/D Descrição de resposta
Pouca amplificação dinâmica.
Normalmente não é necessário fazer uma verificação de 
(1)
L/D  < 30 fadiga abrangente. Esperada resposta dinâmica 
insignificante para cargas ambientais. Improvável de 
ocorrer VIV.
Resposta dominada por comportamento de viga.
Comprimento de vão típico para condições operacionais. 
30 < L/D  < 100
Frequências naturais sensíveis às condições de contorno (e 
força axial efetiva).
Resposta dominada por comportamento combinado de viga 
e cabo.
100 < L/D  < 200 Frequências naturais sensíveis às condições de contorno, 
força axial efetiva (incluindo deflexão inicial e rigidez 
geométrica).
Resposta dominada por comportamento de cabo.
L/D  > 200 Frequências naturais governadas pela forma defletida e 
pela força axial efetiva.
1) Para dutos aquecidos (resposta dominada pela força axial efetiva) ou sob
condições extremas de corrente (U c > 1,0 ‐ 2,0 m/s) este L/D pode não ser
válido

Na região de transição 100<L/D<200, os vãos apresentam comportamento


combinado de viga e cabo. A correta classificação em relação ao comportamento é muito

7
importante para realização da análise dinâmica do vão livre, tendo em vista que a
frequência natural de vibração de uma viga é diferente da frequência natural de vibração
de um cabo, o que pode implicar em resultados imprecisos.

2.2 Mitigação de vãos livres

No fundo do mar, correntes marítimas escoam ao redor dos dutos rígidos, podendo
causar efeitos indesejáveis como desprendimento de vórtices a partir de determinadas
velocidades de correntes [10], conforme será detalhado no Capítulo 3 deste trabalho.
Em função deste desprendimento periódico de vórtices, ocorre uma variação
periódica de pressão e forças em torno do duto, resultando em vibração no vão na direção
paralela e transversal ao escoamento das correntes marítimas. Para que não ocorra colapso
do duto por fadiga, é necessário que a frequência de desprendimento de vórtices assuma
valores os mais distantes possíveis das frequências naturais do duto, diminuindo, dessa
forma, a oscilação dinâmica [11].
Uma vez identificados vãos livres ao longo da rota de um duto que apresentam
comprimentos inaceitáveis, que podem trazer riscos à integridade durante o período de
operação em função da frequência natural estar próxima da frequência de desprendimento
de vórtices, é necessário corrigi-los reduzindo seu tamanho através de intervenções com
embarcações e robôs submarinos. Os tipos de operações são classificados em
entrincheiramentos e calçamentos [12].

2.2.1 Entrincheiramento

Trata-se de uma operação cujo objetivo é escavar trincheiras no leito marinho para
assentar o duto e, posteriormente, recobri-lo com o próprio solo. Esta escavação pode ser
realizada com jatos de alta pressão ou com pás, conforme pode ser verificado nas Figuras
4 e 5 [4].

8
Figura 4 - Ferramenta utilizada para entrincheiramento de duto (Fonte: [4]).

Figura 5 - Operação de entrincheiramento (Fonte: [4]).

2.2.2 Calçamento

Trata-se de uma operação que consiste em instalar um tipo de suportação na linha,


com o objetivo de que a mesma fique apoiada em um calço, reduzindo dessa forma o
comprimento do vão e eliminando o risco de vibração induzida por vórtices. Existem
diversas técnicas de calçamento tais como groutbag, suporte mecânico e manta de
concreto, entretanto, não há uma norma que determina qual delas deverá ser utilizada e a
escolha da técnica é feita com base na prática de construção e montagem. De acordo
BANDEIRA, 2012 [12], os principais critérios para escolha da técnica são a declividade
do solo e o tamanho do gap no ponto de calçamento, conforme pode ser visualizado na
Tabela 2.

9
Tabela 2- Critérios para escolha da técnica de calçamento(Fonte: [12]).

A seguir, são apresentadas algumas características básicas das principais técnicas


de calçamento citadas:

- Groutbag: trata-se do preenchimento de bolsas (bags) com cimento injetado através de


mangueiras, como mostra a Figura 6, sendo a operação realizada com auxílio de
mergulhadores e, em função disso, a utilização da técnica é mais comum em linhas
existentes em baixas profundidades [13].

Figura 6- Groutbag instalado no vão livre (Fonte: [12]).

- Suporte mecânico: trata-se de uma estrutura de aço, construída para realizar o


calçamento de vãos com gap’s relativamente grandes em águas progundas. Geralmente
são constituídos pelas sapatas que se apoiam ao leito marinho, pela sela que envolve o
duto, pelas pernas e pelo seu corpo (Figura 7). Ele é capaz de permitir o nivelamento do
duto em algumas condições de inclinação e altura dos vãos [12].

10
Figura 7 - Suporte mecânico para calçamento de dutos (Fonte: [14]).

- Manta de concreto (mattress): trata-se de um conjunto de blocos de cimento, unidos por


cabos flexíveis, que imprimem à manta alta flexibilidade (Figura 8). Sua vantagem,
quando comparada com o groutbag, é a maior área lateral para possíveis deslizamentos
do duto no plano de apoio [15].

Figura 8 – Manta de concreto para correção de vão livre (Fonte: [12])

Existe ainda a técnica conhecida como rock dumping, que consiste em instalar
pedaços de rocha, em sua grande maioria ao lado do duto e, em pequenas quantidades
sobre o duto para reduzir o comprimento do vão [15].
Ressalta-se que, para implementação de todas as técnicas apresentadas, é necessária
a utilização de embarcações cuja taxa diária de disponibilidade é da ordem de dezenas de
milhares de dólares, fazendo com que tais operações sejam planejadas apenas quando
realmente a integridade do duto possa estar em risco.

11
2.3 Recentes avanços na análise de vãos livres

A Recommended Practice DNV-RP-F105 é utilizada como referência para


realização da análise de vãos livres; entretanto, como ela pode levar a resultados
conservadores, recentemente, muitas pesquisas vem sendo realizadas sobre o tema.
SOLLUND [16] examinou dutos em vão livre carregados axialmente, com apoios
elásticos em suas extremidades e estabeleceu fórmulas analíticas explícitas da resposta
modal, com melhora na precisão e faixa de aplicabilidade quando comparadas às
expressões aproximadas que são usadas na indústria atualmente. DONG et al.[17]
analisou a resposta estrutural de um vão livre submetido a cargas induzidas por VIV,
carga axial efetiva, gravidade e empuxo com simulação numérica e por um método de
análise teórica, e também fez análises de flambagem local de vão livres com diferentes
comprimentos com base no critério de tensão de ruptura da DNV.
A aproximação Rayleigh-Ritz foi aplicada por VELDELD [18] em combinação
com um campo de deslocamento aproximado por uma série de Fourier para obter uma
solução semi-analítica de uma viga de Euler-Bernoulli inicialmente curvada em fundação
parcialmente elástica sujeita à força axial. A metodologia proposta para cálculo das
frequências naturais determinou resposta estática e harmônica com excelente precisão e
incluiu efeitos geométricos não lineares e efeito de rigidez do duto causado pela
deformação estática devido à gravidade. Baseado no teorema de Pi Buckingham,
SOLLUND [19] obteve novas soluções analíticas com boa precisão para vãos livres
pequenos suportados por solo com rigidez finita.
BAO [20] simulou um duto em vão livre como uma viga suportada, considerando
a interação não apenas do fluido dentro e fora do duto, mas os coeficientes elásticos de
sua suportação no solo. Utilizou o método da quadratura diferencial para analisar as
características naturais de um vão submarino e analisou os impactos de vários fatores na
frequência natural de um vão livre submarino como coeficientes elásticos do solo no fim
do vão, comprimento do vão, diâmetro externo, velocidade do fluido e pressão dentro do
duto, velocidade do fluido e amortecimento do mesmo fora do duto, densidade do fluido
e forças axiais. Da mesma forma, MANDAL [21] quantificou a influência de
especificações do duto como a razão diâmetro externo por espessura, camada de concreto
em torno do duto e condições de suporte como fixo-fixo, fixo-apoiado e apoiado-apoiado
na frequência natural. Em seu trabalho, foi verificado que a frequência natural do duto
aumenta se o valor da razão diâmetro por espessura diminui.

12
SOLLUND [22] demonstrou que a inclusão da topografia do leito marinho e efeitos
não lineares da interação duto-solo na análise estática têm efeito significante nos
resultados de análise modal para resposta cross-flow.
FORBES [23] analisou o efeito de cargas axiais na frequência natural de um duto
em vão livre e verificou que o efeito axial das restrições de vãos livres pode causar desvios
no cálculo da frequência natural do vão. FIROUZSALARI & SHOWKATI [24] também
analisaram, através de experimentos, o efeito axial de diferentes valores de pré-carga
aplicadas em seis tubos similares com diferentes comprimentos e seus testes indicaram
que a pré-carga influencia a resistência lateral e no comportamento de deformação dos
tubos.
SOLLUND et al. [25] avaliou o dano de fadiga induzido por ondas em múltiplos
vãos, através de um algoritmo criado para ser utilizado no domínio do tempo, que
considera forças hidrodinâmicas não lineares e a interação entre vãos adjacentes. Foi
proposta, neste mesmo trabalho, a aplicação deste algoritmo para avaliar as soluções para
a resposta dinâmica já conhecidas de múltiplos vãos e verificou-se que o algoritmo
proposto é capaz de fornecer melhores resultados no domínio da frequência para a vida a
fadiga de múltiplos vãos.
Em outro trabalho, SOLLUND et al. [26] desenvolveu um método semi-analítico
para análise de múltiplos vãos, fornecendo uma alternativa mais rápida e precisa a um
modelo de elementos finitos para vãos com grande probabilidade de interação com vãos
adjacentes. O método proposto inclui efeitos de força axial e curvatura inicial devido a
deformação estática. A influência da interação entre os vãos na frequência natural e
tensões associadas aos modos de vibração foi verificada, refletindo nos resultados da vida
útil à fadiga.
Recentemente, SHABANI [27], mostrou que através da teoria de probabilidade
de falhas (POF) é possível estimar a confiabilidade de um vão livre submarino. A
probabilidade de falha vãos com diâmetros diferentes foi calculada através do Método de
Confiabilidade de Primeira Ordem e do Método de Monte Carlo. Foi feita uma análise de
sensibilidade para determinação da contribuição de cada parâmetro na probabilidade de
falha e verificou-se que a metodologia pode ser aplicada para vãos onde a razão
comprimento do vão por diâmetro externo do duto é grande.
WU et al. [28], analisou a interação entre os movimentos de vibração de um vão,
investigando as trajetórias de resposta e os coeficientes de força hidrodinâmicos para
diferentes condições de escoamento. Foi verificado que os coeficientes de força

13
hidrodinâmicos estão associados com a trajetória ou com o ângulo de diferença de fase
entre as vibrações no sentido paralelo e transversal ao escoamento. A energia transferida
do escoamento para o duto está relacionada com trajetórias do duto anti-horárias na região
de excitação, enquanto que trajetórias horárias estão associadas com forças de
amortecimento hidrodinâmico.
ULVESETER [10], realizou a implementação de um modelo no domínio do
tempo para análise dinâmica de vãos livres, contendo não-linearidades como
amortecedores discretos no solo e molas discretas no solo, que são ativadas ou desativadas
no modelo a depender da resposta do duto. Os resultados foram comparados com os de
modelos lineares e verificou-se que o modelo com não-linearidades prevê tensões
menores nos ombros do duto, o que é favorável para a vida útil à fadiga. Constatou-se,
também, que a resposta do vão não é influenciada significativamente pelo amortecimento
do solo.
RAPOSO [29], afirmou em seu trabalho que para vãos livres de dutos em
operação, a falta de informações confiáveis sobre os vãos é o principal motivo baixas
vidas atualmente encontradas, o que indica a necessidade de melhorar a caracterização
dos vãos.
Recentemente, VELDED [30] discutiu os principais avanços na análise de vãos
livres com a revisão da DNV-RP-F105. Foram verificados avanços nas análises no
domínio da frequência para cálculo de fadiga causada por ondas. Foi desenvolvido um
novo modelo de resposta para vibração do vão na direção perpendicular ao escoamento,
causado apenas por ondas com baixos KC (coeficiente de Keulegan-Carpenter). Foi
incorporado também um novo método analítico para cálculo da resposta dinâmica de vãos
curtos sujeitos a condições extremas, além de ter sido detalhada a forma de aplicar o
documento para avaliação de fadiga e efeitos de cargas ambientais extremas em estruturas
que possuem membros curvos como spools, jumpers e manifolds. A abordagem para
distinção entre modelos com vãos isolados e múltiplos vãos interagindo entre si foi
alterada, indicando que para análise da interação de mais de dois vãos deve ser realizada
uma análise específica para cada caso. Foi adicionada também uma seção para servir de
guia na utilização e interpretação da tecnologia de medições com o uso de sensores em
vãos livres.

14
Capítulo 3

Vibração induzida por vórtices em dutos


submarinos

De acordo com KOUSHAN, 2009 [31], em águas profundas, a principal fonte de


tensões cíclicas de dutos com vãos livres é o fenômeno de vibração induzida por vórtices
(VIV), que ocorre devido ao fluxo de corrente em torno do corpo tubular. Tendo em vista
que as velocidades e acelerações das partículas de água em uma onda decaem
exponencialmente, conforme aumenta o valor da lâmina d’água, neste capítulo será dado
maior importância ao fenômeno de desprendimento de vórtices devido a correntes
marítimas.
A seguir, será detalhado como ocorre o processo de formação e desprendimento de
vórtices, os parâmetros adimensionais mais importantes no estudo do fenômeno, os tipos
de movimento oriundos do desprendimento que pode ser observado no duto, bem como
as forças observadas.

3.1 Formação e desprendimento de vórtices

Prandtl mostrou, no início do século XX, que para um corpo imerso em um fluido
de pequena viscosidade, sobre uma pequena região adjacente à superfície existe uma
variação da viscosidade. Por outro lado, fora desta região, pode-se dizer que a influência
da viscosidade é pequena e desprezível, permitindo com que o escoamento possa ser
estudado como se o fluido fosse ideal, sem perda de exatidão nos resultados. Prandtl
denominou esta fina camada localizada nas proximidades do corpo que sofre influência
da viscosidade de camada limite [32].
A camada limite apresenta como característica a predominância de efeitos de
viscosidade, enquanto que fora dela não existe este efeito sobre o escoamento. Além

15
disso, seu comprimento e espessura são inversamente proporcionais à velocidade do
escoamento. Por fim, observa-se que em uma pequena distância da superfície do corpo
imerso a velocidade cresce de zero até a velocidade existente no escoamento, como pode
ser visto na Figura 9 [32].

Figura 9 - Formação de camada limite sobre uma superfície (Fonte: [32]).

Para um escoamento externo em torno da superfície de um cilindro posicionado


transversalmente ao fluxo, observa-se que o campo de pressões não é constante e,
consequentemente, a velocidade das partículas de fluido aumenta entre A e B e diminui
entre B e C, conforme ilustrado na Figura 10. Verifica-se que ocorre uma diminuição na
pressão entre A e B, por outro lado, um aumento entre B e C que pode ser comprovado
pela equação de Bernouilli [33].
Em função da viscosidade do fluido, ocorre uma perda de energia cinética por
fricção ao longo da camada limite e, com isso, a energia resultante pode se tornar
insuficiente para resistir ao aumento de pressão necessário para se chegar à C. Com isso,
é observado um movimento contrário à passagem do fluido causando o descolamento da
camada limite no ponto de separação e a formação de um par de vórtices estacionário
[33].

Figura 10 - Desprendimento de vórtices em torno de um cilindro (Fonte: [33]).

16
Esta configuração é dependente do número de Reynolds (Re), que representa a
relação entre as forças de inércia e as forças viscosas [32]. Para escoamentos externos em
torno de um cilindro cujo eixo é perpendicular ao fluxo, o número de Reynolds é dado
pela fórmula abaixo, onde U é a velocidade do fluido, D o diâmetro externo do duto e
é a viscosidade cinemática do fluido:

Verifica-se que a configuração com um par de vórtices é mantida até,


aproximadamente, um número de Reynolds igual a 40. Conforme pode ser observado na
figura a seguir, para valores Re>40, a configuração se modifica e passa a ocorrer
desprendimento de vórtices maneira periódica e alternada, surgindo uma região
caracterizada por uma fileira dupla de vórtices, chamada de esteira de von Karman.
Quando Re atinge valores entre 40 e 200 observa-se que a região da esteira fica instável,
ocorrendo o desprendimento dos vórtices ainda de maneira laminar, conforme Figura 11.
A partir de Re maiores do que 200, o desprendimento passa a ser turbulento, assumindo
diferentes regimes até valores da ordem de 4x106 [34].

Figura 11 - Desprendimento de vórtices para diferentes Re (Fonte: [33]).

17
A frequência de desprendimento de vórtices é a frequência na qual os vórtices se
desprendem formando a esteira de von Karman. No início do século XX, von Karman
mostrou que, se a razão entre a distância lateral e a longitudinal entre o centro de um
vórtice e outro fosse igual a 0,286, o padrão de vórtices alternados seria estável [35],
conforme mostrado na Figura 12.

Figura 12 - Esteira de von Karman (Fonte: [35]).


A frequência angular de desprendimento de vórtices (ωs) é diretamente
proporcional ao número de Strouhal, (St) que se relaciona com o número de Reynolds
para cilindros estacionários com paredes lisas, através da curva experimental apresentada
na Figura 13:
.
2 2

Figura 13 - Correlação de Re com St (Fonte: [34]).

O número de Reynolds fica em torno de 105 em estruturas offshore sujeitas ao


fenômeno de VIV. Dessa forma, pode-se dizer que as vibrações induzidas por
desprendimento de vórtices em estruturas offshore ocorrem para um número de Strouhal
próximo de 0,2 [33].

18
Devido ao desprendimento de vórtices, surgem forças no sentido paralelo e
transversal ao fluxo de corrente, em função da variação de pressão no entorno do duto.
Caso a frequência de desprendimento de vórtices se aproxime de uma das frequências
naturais do duto, o mesmo começará a vibrar em ressonância. Este fenômeno de
ressonância é chamado de sincronização [11].

3.2 Parâmetros adimensionais

No contexto das vibrações induzidas por vórtices em dutos com vãos livres, os
parâmetros adimensionais hidrodinâmicos são o elo entre os dados ambientais existentes
no local onde o duto está instalado e o respectivo modelo utilizado para descrever o
fenômeno observado. Desta forma, destacam-se os parâmetros adimensionais listados a
seguir:

- Razão de esbeltez (L/D)

Seja L o comprimento do vão e D o diâmetro externo do duto, este parâmetro é utilizado


para determinar as características de resposta do vão, permitindo ter um indicativo de seu
possível comportamento como o de um cabo, uma de viga ou cabo/viga.

- Velocidade reduzida (VR)

Trata-se da razão entre velocidade do escoamento e a frequência natural de vibração do


duto, adimensionalizada pelo diâmetro externo do tubo. Este parâmetro é obtido pela
formulação a seguir, onde Uc é a velocidade de corrente, Uw é a velocidade das ondas do
mar e fv é a frequência natural de vibração de determinado modo:

De acordo com BLEVINS, 1994 [11] a razão entre a velocidade do escoamento e a


frequência de vibração representa, fisicamente, o comprimento da esteira de vórtices em
um ciclo.

- Parâmetro de Keulegan-Carpenter (KC)

Este parâmetro é mais utilizado em escoamentos oscilatórios, caracterizados pela


influência do efeito de ondas, que não será considerado nas análises realizadas neste

19
trabalho. Este parâmetro é calculado a partir da expressão a seguir, onde fw é a frequência
das ondas:

- Taxa de corrente na velocidade de escoamento (α)

Este parâmetro nada mais é do que a razão entre a velocidade de corrente (Uc) e a
velocidade total do fluxo (Uc + Uw).

- Intensidade de turbulência (Ic)

Este parâmetro mede o nível de turbulência do escoamento e é obtido pela expressão a


seguir:


6

onde σc é o desvio padrão das flutuações de velocidade do escoamento e Uc* é a


velocidade média do escoamento durante um período de amostragem de dez ou trinta
minutos.

- Parâmetro de estabilidade (Ksd)

Este parâmetro representa o amortecimento que o sistema oferece às amplitudes de


vibrações.

2
7

onde me é a massa efetiva por unidade de comprimento, representada pela soma da massa
estrutural, massa adicionada e massa do fluido no interior do duto por unidade de
comprimento; é a massa específica do fluido, neste caso da água do mar e ζ é o
decremento logarítmico, dado por ζ =2πξT, onde ξT é o amortecimento total, constituído
pela soma dos amortecimentos estrutural, hidrodinâmicos e do solo na região dos ombros.

20
3.3 Movimento in-line e cross-flow

As forças que surgem no duto no sentido transversal e longitudinal ao fluxo de


corrente permitem o movimento do duto no sentido paralelo à corrente, chamado de in-
line, assim como perpendicular, chamado de cross-flow [36], conforme apresenta a Figura
14.

Figura 14 - Movimento in-line e cross-flow (Fonte:[3]).

De acordo com SUMMER, 2006 [34], um cilindro submetido a correntes uniformes


pode experimentar forças de arrasto oscilatórias, podendo ser observados três padrões de
vibração in-line diferentes. O primeiro ocorre na região onde velocidade reduzida atinge
valores entre 1 e 2,5, a segunda ocorre na região onde a velocidade reduzida atinge valores
entre 2,5 e 4, enquanto que a terceira ocorre onde também há presença de movimentos
cross-flow.
Na primeira região de instabilidade, a frequência de excitação das forças in-line é
igual a três vezes a frequência de desprendimento de vórtices, enquanto que na segunda
e terceira região de instabilidade esta frequência de excitação é igual a duas vezes a
frequência de desprendimento [11].
Na terceira região de instabilidade, verifica-se que as vibrações in-line ocorrem
longe da região de sincronização da segunda região de instabilidade, ainda que as
amplitudes de vibração sejam maiores do que as encontradas na segunda região de
instabilidade [34].
Deve ser ressaltado que as amplitudes in-line são inferiores em uma ordem de
grandeza (10) quando comparadas com as amplitudes cross-flow [34], pois a força
necessária para iniciar as vibrações in-line é menor do que a requerida para iniciar as
vibrações cross-flow.
As forças de sustentação, que podem induzir na direção transversal ao escoamento
da corrente um movimento oscilatório chamado cross-flow, oscilam na mesma frequência

21
de desprendimento de vórtices. Da mesma forma que no movimento in-line, para as
vibrações cross-flow também pode ocorrer sincronização para determinados valores de
velocidade reduzida. [12]

3.4 Forças atuantes no fenômeno de VIV

Com o desprendimento de vórtices, que ocorre de forma alternada, observa-se que


os vórtices gerados exercem uma força oscilatória na direção transversal ao escoamento.
Esta força é chamada de força de sustentação ou força de lift (FL) [37], onde CL é o
coeficiente de lift, t é o tempo e é a densidade do fluido.

1
8
2

A força de sustentação é uma força oscilatória e transversal ao fluxo exercida no


duto que varia com a frequência de desprendimento de vórtices ( ). A força de
sustentação provoca um deslocamento transversal no cilindro, que corresponde à
amplitude de vibração da estrutura. A Figura 15 mostra a tendência dos valores para o
coeficiente de lift obtidos experimentalmente, para um cilindro submetido a ação de
correntes [34], considerando diversos valores para a razão gap/diâmetro do duto (e/D).
Verifica-se que, quanto maior for o gap, maior é o coeficiente de lift e, consequentemente,
a força de lift.

Figura 15 - Variação do coeficiente de lift com a razão e/D (Fonte [34]).


22
Para a direção paralela ao escoamento do fluido, verifica-se a existência da força de
arrasto, que é a pressão de água atuante na superfície do sólido, e da força de inércia. A
amplitude desta força de excitação paralela ao escoamento do duto ( ), que varia
ao longo do tempo com uma frequência de duas ou três vezes a frequência de
desprendimento de vórtices, é representada no problema em questão pela equação a
seguir, onde CD é o coeficiente de arrasto, CM é o coeficiente de inércia e é a aceleração
do fluido [3].

1
9
2 4

Tendo em vista que o coeficiente de arrasto é diretamente proporcional à força de


arrasto, ele possui grande influência no resultado. Para fins de cálculo utiliza-se o valor
médio temporal da componente de arrasto, que é determinado empiricamente, uma vez
que seu valor depende de várias condições físicas, como o valor do coeficiente de
Keulegan-Carpenter, a distância do duto ao solo e a existência de entrincheiramento ou
não. Em geral, utiliza-se um valor entre 0,7 e 1,2 para o coeficiente de arrasto [3]. De
acordo com a DNV-RP-F105 [5], o coeficiente básico de arrasto / é função da
rugosidade (k) da superfície externa do duto:

0,65 ; / 10
29 4
/ 0,65 log / ; 10 / 10 10
13 13
1,05 ; / 10

Para que o coeficiente de arrasto indicado na formulação acima possa ser


usado, devem ser aplicados no coeficiente básico de arrasto vários fatores de correção,
como o fator de correção relacionado com o número de Keulegan-Carpenter ( , ,o
fator de correção relacionado com efeitos de proximidade do duto com o leito marinho
, o fator de correção relacionado com o efeito do duto em trincheira ( )
e o fator de correção relacionado com o efeito de amplificação devido a vibrações cross-
flow ( ), conforme indicado pela DNV-RP-F105 [5]:

/ . , . . . 11

O coeficiente básico de inércia, por sua vez, pode ser obtido a partir da figura a
seguir, retirada da DNV-RP-F105. Observa-se que ele é dependente do número de

23
Keulegan-Carpenter, bem como da taxa de velocidade de corrente, de acordo com gráfico
da Figura 16.

Figura 16 - Coeficiente básico de inércia com a variação de KC (Fonte:[5]).


Da mesma forma que ocorre com o coeficiente de arrasto, para utilização do
coeficiente de inércia ( ) é necessário corrigir o coeficiente básico de inércia através do
fator de correção relacionado com efeitos de rugosidade ( ), fator de correção
relacionado com efeito da proximidade do duto com o leito marinho ( ) e fator de
correção relacionado com efeito do duto em trincheira ( ), todos descritos na
DNV-RP-F105 [5].

. . . 12

24
Capítulo 4

Recomendações Normativas

A DNV-RP-F105[5] é um documento elaborado pela DNV que propõe uma


metodologia de cálculo de vida a fadiga de vãos livres, desenvolvida a partir de modelos
empíricos, que permitem estimar a vida útil a fadiga em função do fenômeno de VIV. De
acordo com a prática recomendada, uma vez conhecidas as frequências naturais, os modos
de vibração e as condições ambientais a que o vão se encontra exposto, é possível
estabelecer, para uma faixa de tensões calculada e um número de ciclos de exposição, a
vida útil à fadiga dos vãos a partir da regra de Palmgren-Miner e, consequentemente,
definir o tamanho do vão livre admissível.

4.1 Expressão analítica para frequência natural de vibração

Para determinação da frequência natural de vibração, a DNV-RP-F105 [5] possui


uma formulação analítica que considera que o vão livre se comporta de acordo com a
teoria de Euler-Bernoulli de vigas, trabalha sob pequenos deslocamentos (regime linear)
e sua resposta não é influenciada pela instabilidade à compressão. Desta forma, a primeira
frequência natural ( pode ser calculada a partir da expressão a seguir:

√ 1 13

onde C1 e C3 são coeficientes que dependem das condições de contorno do vão, CSF é o
fator de rigidez do concreto, EI é a rigidez à flexão do tubo de aço, me corresponde à
massa efetiva por unidade de comprimento, Leff é o comprimento efetivo do vão livre, S é
a carga axial efetiva, Pcr corresponde à carga crítica de flambagem, δ é a deflexão estática
e D é o diâmetro externo do duto incluindo todos os revestimentos.
Esta expressão é aplicável apenas se os seguintes limites forem respeitados:

25
140 14

0,5 15

2,5 16

O fator de rigidez do concreto, CSF é dado pela expressão a seguir:

,
17

onde kc é uma constante empírica da rigidez do concreto sendo igual a 0,25 para
revestimentos PP/PE e 0,33 para revestimentos de asfaltos e EIconc corresponde à rigidez
à flexão do trecho de duto revestido com concreto.
A massa efetiva por unidade de comprimento é a soma da massa estrutural incluindo
os revestimentos ( ), com a massa do fluido interno ( ) e a massa adicionada ( ).
18

A massa adicionada é obtida a partir da expressão a seguir:

19
4

onde é a massa específica da água do mar e Ca é o coeficiente relativo à massa


adicionada, obtido a partir da relação entre o gap (e) e o diâmetro do duto (D).

1,6
0,68 / 0,8
1 5 / 20
1 / 0,8

O comprimento efetivo do vão livre é obtido a partir do comprimento do vão e do


parâmetro de rigidez relativo ao solo (β), conforme Figura 17, retirada da DNV [5].

26
Figura 17 - Variação do comprimento efetivo com o parâmetro de rigidez (Fonte[5]).
O parâmetro β é obtido a partir da expressão a seguir:

log 21
1

onde corresponde à rigidez estática horizontal do solo.


A carga axial efetiva é calculada a partir da expressão a seguir:

∆ 1 2 Δ 22

onde Heff é a carga residual de lançamento, Δpi é o diferencial de pressão interna de


operação e lançamento, Ai é a área do círculo interna, ν é o coeficiente de Poisson, As é a
área da seção transversal do aço, E é o módulo de elasticidade do aço, ΔT é o diferencial
de temperatura de operação e lançamento e αe é o coeficiente de expansão térmica.
A carga crítica de flambagem e a deflexão estática, por sua vez, são obtidos a partir
das expressões a seguir, respectivamente:

1 23

1
24
1 1

onde é o carregamento estático vertical, devido ao próprio peso do duto. Por fim, os
coeficientes das condições de contorno são obtidos a partir da Tabela 3 mostrada a seguir,
retirada da DNV-RP-F105 [5].

27
Tabela 3 - Coeficientes para cálculo de frequência natural (Fonte [5]).

2) 3)
Bi‐apoiado Bi‐engastado Vão isolado no solo
C1 1,57 3,56 3,56
C2 1,0 4,0 4,0
1) 1) 1)
C3 0,8 0,2 0,4
2
Ombros: 14,1 (L/Leff)
C4 4,93 14,1
Meio do vão: 8,6
4)
Ombros : 
1
C5 1/8 1/12
18 / 6
Meio do vão: 1/24
C6 5/384 1/384 1/384
1) Note que C3= 0 é normalmente assumido para in‐line se não for
considerada a existência de corrente constante.
2) Para condição de contorno bi‐apoiado Leff deve ser substituído por L na
expressão acima, bem como na expressão da carga crítica de flambagem.
3) Para condição de contorno bi‐engastado, L/Leff =1, por definição.
4) C5 deve ser calculado usando a rigidez estática do solo no cálculo de
Leff/L.

4.2 Amplitude de resposta

Para obtenção da máxima amplitude de resposta nos modos in-line e cross-flow são
utilizados os modelos de resposta existentes na DNV-RP-F105 [5], que foram obtidos a
partir de dados disponíveis em testes experimentais de laboratório e uma quantidade
limitada de testes em escala real.
O modelo de resposta para vibração in-line relaciona a velocidade reduzida e o
parâmetro de estabilidade, definidos no item 3.2 deste trabalho com a amplitude de
resposta normalizada para um diâmetro conforme mostrado na Figura 18.

28
Figura 18 – Modelo de resposta in-line (Fonte:[5]).
Analisando a Figura 18, verifica-se que as amplitudes de resposta na direção in-line
tendem a diminuir à medida que o parâmetro de estabilidade aumenta, pois o mesmo é
diretamente proporcional ao amortecimento do sistema.
Os parâmetros de velocidade reduzida e estabilidade são corrigidos por fatores de
segurança relacionados à frequência natural do vão e ao efeito de amortecimento, para
construção das curvas do modelo de resposta in-line.
O modelo de resposta para vibração cross-flow, Figura 19, relaciona a amplitude de
vibração com os parâmetros de velocidade reduzida (VR), número de Keulegan Carpenter
(KC) e a taxa de velocidade de corrente no escoamento (α).

29
Figura 19 - Modelo de resposta cross-flow (Fonte:[5]).

4.3 Tensões alternadas e vida útil a fadiga

Uma vez obtidas as frequências naturais de vibração, bem como as máximas


amplitudes de resposta para a direção in-line e cross-flow, a DNV também indica como
deve ser feito o cálculo das tensões alternadas para ambas as direções[5]. Para o modo in-
line, tem-se:

2 / , 25

onde é a tensão alternada na direção in-line, é a amplitude de tensões in-line,


/ é a máxima amplitude de resposta do VIV no modo in-line normalizada para um
diâmetro, , é um fator de correção de correntes igual a 1 para este trabalho, visto que
não será considerada a existência de ondas e é o fator de segurança a ser multiplicado
nas tensões alternadas ( 1,3 .
Enquanto a máxima amplitude de resposta normalizada para um diâmetro é obtida
a partir do modelo de resposta in-line, a amplitude de tensões pode ser calculada,
analiticamente, pela expressão a seguir:

30
1 26

onde é o diâmetro externo do tubo de aço e é o diâmetro externo incluindo todos os


revestimentos e a espessura da parede do duto.
Da mesma forma, para cálculo das tensões alternadas no modo cross-flow, deve-se
utilizar a expressão a seguir:
2 / 27

onde é a amplitude de tensões cross-flow, / é a máxima amplitude de resposta


do VIV no modo cross-flow normalizada para um diâmetro, é um fator de redução
devido ao amortecimento. A máxima amplitude de resposta do VIV é obtida a partir de
modelos de resposta existentes na DNV-RP-F105 e a amplitude de tensões é obtida a
partir da equação (27). Ressalta-se que, para obtenção da máxima amplitude da resposta
do VIV no modo in-line e cross-flow, é necessário utilizar os modelos de resposta
presentes na DNV-RP-F105 que utilizam como dado de entrada a velocidade reduzida,
que é a razão entre a velocidade de corrente e o produto da frequência natural do duto
pelo seu diâmetro. Os modelos de resposta já contemplam em sua formulação
propriedades de amortecimento estrutural e do solo.
Uma vez definidas as tensões alternadas para os modos in-line e cross-flow é
possível definir a vida à fadiga do duto em vão livre através da regra de acúmulo de
Palmgren Miner, com o uso das curvas S-N de projeto da DNV-RP-C203 – Fatigue
Design of offshore steel structures [38], que contém a amplitude de tensões alternadas e
o número de ciclos admissíveis.
,
28
,

onde N representa o número de ciclos admissíveis, a , as interseções das curvas S-N com
o eixo log(N), m os coeficientes angulares das curvas S-N, é a amplitude de tensões
alternadas e é a interseção entre as duas inclinações das curvas S-N.
A vida útil da estrutura (T) é o inverso do dano acumulado ao qual o duto foi
exposto; portanto, considerando o somatório de dano imposto ao duto por todas as
velocidades de corrente e sua probabilidade de ocorrência, chega-se ao valor procurado
para os modos in-line e cross-flow:

31
1
,
29

,

sendo, T a vida à fadiga, a frequência natural de vibração, é a probabilidade de


ocorrência de corrente para o ciclo de tensão e é o fator de uso definido pela DNV
[5]. Caso o duto esteja com sua vida útil a fadiga comprometida, recomenda-se a
diminuição do comprimento do vão livre através da instalação de um calço no duto, de
tal forma que o vão livre máximo admissível seja respeitado e o duto possa operar em
condições seguras.

32
Capítulo 5

Comportamento dinâmico de um vão

A seguir são apresentados os conceitos referentes a teoria de vigas de Timoshenko,


vibrações em sistemas de múltiplos graus de liberdade submetidos a forçamento
harmônico, teoria da elasticidade e fadiga. Estes conceitos são a base da metodologia
desenvolvida neste trabalho e descrita no Capítulo 6.

5.1 Viga de Timoshenko

O trecho de duto em vão livre pode ser modelado como uma viga de Timoshenko,
que contempla em seu modelo efeitos da distorção de cisalhamento e da inércia de
rotação, que não estão presentes no modelo convencional de Euler-Bernoulli. Dessa
forma, conforme deduzido em [39], as equações diferenciais acopladas, que descrevem o
deslocamento transversal (y) e a rotação ( da seção ao longo do comprimento (x) de
uma viga de Timoshenko, são:

, , ,
, 30

, , ,
, 31

onde κ é o fator de cisalhamento da viga, A é a área da seção transversal, G é o módulo


de elasticidade transversal, é a densidade do material da viga, E o módulo de
elasticidade do aço, I é o momento de inércia da área da seção transversal da viga e ,
é o carregamento estático vertical devido ao peso, distribuído no comprimento x da viga
ao longo do tempo.

33
Para resolução das equações anteriores são necessárias 2 condições iniciais e 4
condições de contorno. Estas últimas estão diretamente relacionadas com as condições de
apoio existentes no ombro do vão, podendo ser representadas conforme a seguir:

- Condições iniciais:

,0 32

,0
33

onde é a posição inicial e é a velocidade inicial da viga.

- Condições de contorno para vão bi-engastado:

0, 0 34

0, 0 35

, 0 36

, 0 37

- Condições de contorno para ombros do vão bi-apoiado em fundação elástica,


representada por molas lineares:

0,
0 38

0,
0, 39

,
0 40

,
, 41

onde é a rigidez do solo onde o duto está instalado.

34
5.2 Vibrações em sistemas de múltiplos graus de liberdade

Diferentes métodos podem ser utilizados para aproximar sistemas contínuos,


inclusive um duto rígido, como um sistema de múltiplos graus de liberdade. Um método
simples envolve substituir a massa ou inércia do sistema por um número finito de massas
concentradas ou corpos rígidos. A equação geral de um sistema com n graus de liberdade,
derivada a partir da utilização da 2ª Lei de Newton é [40]:

42

onde M, C e K são as matrizes de massa, amortecimento e rigidez de dimensão nxn,


enquanto que é o vetor das coordenadas do sistema, de dimensão nx1, e é
o vetor das forças externa aplicadas no sistema, de dimensão nx1.

Considerando um sistema sem amortecimento, a equação anterior assume a


seguinte forma [41]:

43

Para obter a solução da equação de movimento, após a realização de determinadas


considerações, que podem ser encontradas na referência [41], chega-se a um problema de
autovalores e autovetores:

44

A equação anterior possui solução não trivial apenas se o determinante dos


coeficientes for igual a zero, portanto:

det 0 45

O polinômio característico é de grau n e possui n raízes distintas chamadas de


autovalores. A raiz quadrada das raízes , ,…, são as frequências naturais do
sistema. Associado a cada uma das frequências há um vetor cujos componentes são
números reais, onde é uma solução do problema de autovalor e satisfaz:

, 1, 2, … , 46

Os vetores , 1, 2, … , , que também são chamados de autovetores, são os modos


naturais de vibração livre do sistema.

35
Existem diversos algoritmos para obtenção da frequência natural de vibração em
sistemas de n graus de liberdade. Conforme DIAS, 2015 [42] dentre os métodos
numéricos disponíveis, o mais utilizados em engenharia são: iteração inversa, iteração
por subespaços e os algoritmos baseados em Métodos de Lanczos. Em função de não ser
o objetivo deste trabalho, os métodos citados não serão detalhados nesta dissertação.
Considerando a aplicação de uma excitação harmônica no
sistema, onde é um vetor de amplitudes de força e é a frequência de excitação,
após a realização de determinadas considerações e substituições, chega-se à seguinte
resposta harmônica do sistema no estado estacionário:

47

Verifica-se que, se a frequência de excitação é igual a uma das frequências naturais,


ocorre o fenômeno da ressonância, onde o movimento e, consequentemente, as tensões
existentes na estrutura são amplificadas.
A resposta obtida com a equação anterior descreve o movimento dos graus de
liberdade ao longo do tempo. Entretanto, também é importante considerar a resposta do
sistema submetido a um forçamento harmônico no domínio da frequência, conforme
descrito a seguir.
Considerando a equação (43), assumindo que e
, a equação de movimento pode ser representada no domínio da frequência da
seguinte forma [44]:
48

onde são, respectivamente, o deslocamento e a força aplicada no


domínio da frequência. Dessa forma, tem-se a função resposta em frequência (FRF):

49

Portanto, a relação entre a resposta e a excitação para cada frequência do


sistema é [43]:

50

36
5.3 Conceitos da Teoria da Elasticidade

Quando submetidos à aplicação de um carregamento externo, os sólidos elásticos


se deformam. Um sólido elástico é dito deformável quando ocorrem deslocamentos
relativos entre dois pontos diferentes de um mesmo corpo [44]. Considerando um corpo
no espaço tridimensional, formado por um número n de pequenos elementos de massa
que possuem deslocamento nas direções x, y e z, pode-se definir o tensor gradiente de
deformação (ui,j) de cada elemento como:

, 51

A partir dos componentes deste tensor, são definidos os componentes do tensor de


deformações. Ele é formado por deformações normais ( , e deformações
cisalhantes ( , e [45], conforme a seguir:

- Deformações normais

52

53

54

- Deformações cisalhantes

55

56

57

37
Dessa forma, o tensor deformações ( pode ser definido como:

58

De posse das deformações de cada elemento de um sistema, é possível obter o


tensor de tensões ( ), que é composto por tensões normais ( , e cisalhantes
( , :

59

Para materiais no regime linear elástico, cada componente de tensão é uma


combinação linear dos componentes das deformações, conforme pode ser verificado a
seguir:

. . . . .
. . . . . .
60
. . . . . .
. . . . . .
. . . .

onde os componentes são os parâmetros necessários para caracterizar o material. Em


geral, este tensor é de quarta ordem e tem 81 componentes, entretanto, devido a condições
de simetria da estrutura cristalina do material, o mesmo pode ser simplificado para o caso
anterior, que possui 36 componentes [46].
Considerando em alguns problemas que os materiais são homogêneos e isotrópicos,
assume-se que o comportamento elástico não varia espacialmente e que o tensor deve ser
o mesmo para todas as rotações possíveis no sistema de coordenadas [44].

5.4 Fadiga estrutural

A aplicação repetida de carregamentos variáveis pode levar a um tipo de falha


mecânica chamado de fadiga, que se caracteriza pela nucleação, propagação lenta e
gradual de trincas que levam à ruptura súbita de um componente mecânico devido às
variações de tensão e deformação [47].

38
Ressalta-se que os níveis de tensão em que ocorrem as rupturas devido a
carregamentos cíclicos são bem menores do que os níveis de tensão que levam a ruptura
devido a carregamentos estáticos. Dessa forma, o fenômeno de fadiga ocorre em níveis
de tensão abaixo do limite de escoamento do material [48].
Pode-se classificar o fenômeno de fadiga a depender do número de ciclos em que o
componente estará submetido até a falha. Fadiga de Baixo Ciclo se caracteriza quando há
deformações plásticas cíclicas em alguma região do componente e a falha ocorrerá para
um número de ciclos (N) compreendidos entre 1<N<103. A Fadiga de Alto Ciclo, por sua
vez, se caracteriza por deformações elásticas cíclicas, fazendo com que a falha ocorra
após um número elevado de ciclos, em geral, N>103 [49].
Existem três métodos utilizados em projeto para prever a durabilidade de um
componente sujeito a cargas cíclicas: o Método ε-N, o Método da Mecânica da Fratura
Linear Elástica e o Método S-N [48].
O Método ε-N tem aplicação em problemas de fadiga de baixo ciclo, cobrindo a
deficiência dos modelos de tensão em descrever adequadamente dados na região de baixo
ciclo. Este método considera que a deformação cisalhante é a principal responsável pelo
fenômeno de fadiga na região de vida finita, respondendo, dessa forma, pela nucleação
de microtrincas [50].
Este método considera que a vida em fadiga é controlada por tensões e
deformações locais em torno de um concentrador de tensão. Até em componentes
submetidos a valores de tensão abaixo do limite de escoamento, podem aparecer regiões
de plastificação localizadas devido aos altos gradientes de tensão existentes nos
concentradores. Dessa forma, a zona de plastificação é controlada pela deformação
elástica do material envolvente [51].
O Método da Mecânica da Fratura parte da premissa que o material já possui uma
trinca que foi identificada. Dessa forma, o método é utilizado para prever quanto tempo
inicial a trinca demora para crescer até atingir a ruptura do material. Considerando um
material com uma trinca inicial ai, submetida a carregamentos cíclicos ao longo do tempo,
a trinca irá crescer a uma determinada velocidade (da/dN) até atingir um tamanho crítico
ac onde ocorre a ruptura, como pode ser visto na Figura 20 [48].

39
Figura 20 - Variação do comprimento da trinca com nº ciclos (Fonte [48])

No Método S-N, utilizado neste trabalho, compara-se o histórico de tensão (S) para
a parte mais crítica do componente com a resistência à fadiga, obtendo o número de ciclos
(N) que o mesmo poderá suportar até ocorrer a fratura por fadiga [52]. Este método é o
mais utilizado em função da existência de vasta quantidade de informações na literatura
sobre dados de fadiga, além de ser o método que melhor representa o fenômeno da Fadiga
de Alto Ciclo.
O método tensão-vida uniaxial tem sido utilizado para estimar a vida em fadiga de
componentes sob carregamentos cíclicos, de modo que haja pouca ou nenhuma
deformação plástica do material. Considerando um corpo de prova submetido a um
carregamento cíclico conforme parâmetros definidos pela norma ASTM-E 466 é possível
obter curvas de fadiga de diferentes espécimes. Durante o ensaio, a tensão em um
determinado ponto na superfície do material assume valores máximos (Smax) e mínimos
(Smin), que permitem a obtenção de grandezas como a amplitude de tensão alternada (Sa)
e tensão média (Sm), conforme Figura 21 [48]:

61
2

62
2

40
Figura 21 - Grandezas de um ciclo de tensão Fonte: 48
Se o carregamento for completamente alternado a tensão cíclica média é igual a
zero. Num ensaio de fadiga, o espécime é submetido a tensões cíclicas até que ocorra uma
fratura. No gráfico S-N, cada ponto da curva representa um ensaio realizado, onde o eixo
das abcissas corresponde ao número de ciclos (N) até a falha e o eixo das ordenadas é a
tensão alternada (Sa) aplicada. Quanto menor o range de tensões, maior o número de
ciclos que o corpo suporta até a falha por fadiga. A curva que interpola o maior número
de pontos é a curva S-N, Figura 22, que é representada pela relação de Basquim [48].

, . 2 63

onde , é o coeficiente de resistência à fadiga do espécime e bsp é a inclinação da curva


S-N obtida a partir de dois pontos, 1 e 2, quaisquer da curva, conforme a seguir:

/
64

41
Figura 22- Curva S-N (Fonte [48])

Para utilização das curvas S-N em engenharia é necessário corrigir a curva e o limite
de fadiga obtidos em um ensaio ( , , através do uso de fatores modificadores que
contemplam os efeitos encontrados no sistema em análise e que não estão no ensaio, tais
como o tipo de carregamento ( ), tamanho ( ), rugosidade superficial ( ),
corrosão ( ), confiabilidade ( ), temperatura ( , presença de tensão média )e
presença de entalhe , obtendo desta forma o limite de fadiga corrigido ( , para
a curva a ser utilizada [53]:

, , . . . . . . . . 65

Para maiores informações sobre os fatores de correção da curva S-N, consultar a


referência [48]. A Figura 23 ilustra como a curva S-N é alterada quando os referidos
fatores são considerados.

42
Figura 23 - Curva S-N modificada (Fonte: [48])

Especificamente nos casos dos dutos rígidos, pode ser verificada a existência de
concentradores de tensão nos pontos de soldagem entre os diversos tubos de 12 m que
formam o duto, devido a imperfeições no processo de fabricação, à concentricidade, como
mostra a Figura 24. Em função disso, as tensões nominais ( ) observadas nesta
região do duto são amplificadas em tensões locais ( , através de concentradores de
tensão (SCF) que dependem da espessura do duto ( ) e da concentricidade ( ,
conforme mostrado a seguir [38]:

. 66

3 /
1 67

43
Figura 24 – Representação de imperfeição no alinhamento entre tubos (Fonte: [38])

No dia-a-dia, em sistemas encontrados em campo, é comum encontrar estruturas


submetidas a cargas cíclicas com amplitudes variáveis, o que gera tensões de amplitudes
variáveis. Dessa forma, o carregamento de amplitude variável deve ser transformado em
carregamentos de amplitude constante, como o da Figura 25.

Figura 25 - Blocos de tensão após aplicação do método rainflow (Fonte: [48])

O método mais conhecido para este tipo de transformação é o Método Rainflow


[54] que, a partir do histórico de tensão, faz a contagem dos picos e vales, substituindo
por um novo histórico representado por um bloco de tensão que, por sua vez, está
associado a um valor de tensão alternada, tensão média e número de ciclos que o

44
carregamento é aplicado. O método leva em conta a hipótese que o novo histórico de
tensão gera a mesma vida a fadiga que o histórico aleatório.
O Método Rainflow se baseia na analogia de gotas de chuva caindo no telhado de
um pagode (casas de orações com vários andares encontradas no oriente) e escorrendo
para as bordas do telhado. O procedimento proposto por ele utiliza três pontos
consecutivos de um carregamento para determinar se um ciclo de tensão, que será
representado por um bloco de tensão, foi criado ou não. Considerando 3 pontos
consecutivos de tensão (S1, S2 e S3), que definem 2 amplitudes de tensão consecutivas
∆ | |e∆ | |, verifica-se que há formação de um ciclo se ∆
∆ , caso contrário não ocorre a formação de um ciclo [54].
Um pré-requisito para aplicação do método é rearranjar o histórico de carregamento
de forma que o carregamento se inicie com o pico ou vale mais profundo e que possua o
maior valor absoluto. Após isso, a regra de aplicação é utilizada para checar 3 pontos
consecutivos. Cada vez que um ciclo é formado, seus pontos são descartados e os pontos
remanescentes são conectados entre si. O procedimento é repetido até que não reste mais
nenhum evento de carregamento. A amplitude de tensão de cada ciclo gerado é usada para
a criação dos blocos de amplitude constante ao longo do tempo, que são utilizados para
cálculo de vida útil à fadiga [54].
Após aplicação do Método Rainflow e geração dos blocos de tensão na estrutura, é
necessário calcular o dano por fadiga causado por cada bloco de tensão. Através da Regra
de Palmgren-Miner, assume-se que cada bloco de carregamento, correspondente a um
determinado número de ciclos , causa um dano di à estrutura, sendo o dano total o
somatório dos danos di. Quando o dano atingir um valor crítico DPM, ocorre a falha por
fadiga.

68

De acordo com [55], o valor crítico do dano é uma variável aleatória que assume
valores entre 0,15 e 1,06 em projetos mecânicos.
Muitas estruturas encontradas na engenharia estão sujeitas a estados de tensão
multiaxial cíclicos que podem levar a falha por fadiga. De acordo com DE CASTRO e
MEGGIOLARO, 2009 [56], a utilização de critérios de fadiga uniaxiais em situações
onde existem estados multiaxiais de tensão podem levar erros e conservadorismos.

45
Tendo em vista que as estruturas encontradas no dia-dia possuem geometria
complexa, o Método dos Elementos Finitos é uma excelente ferramenta utilizada para
cálculo das tensões e deformações em diferentes pontos do objeto em análise [48]. Uma
das estratégias que pode ser adotada na análise de fadiga considera a hipótese de que há
pouca deformação plástica em fadiga de alto ciclo, inclusive na região do entalhe. Dessa
forma, as tensões são calculadas a partir de uma análise de elementos finitos linear elástica
e utilizadas para prever a vida a fadiga através de uma curva S-N [55].
De acordo com [50] um carregamento cíclico pode ser classificado como
carregamento proporcional, que se caracteriza pelo fato de não alterar a direção principal
do plano crítico, ou como carregamento não proporcional, cuja direção principal se altera
ao longo do tempo. Em função do tipo do carregamento, podem ser utilizadas diferentes
teorias de fadiga para cálculo da vida à fadiga do material. O plano crítico é definido
como o plano onde é mais provável ocorrer o crescimento de uma trinca em um material
devido à máxima amplitude de deformação normal ou máxima amplitude de deformação
cisalhante.
Conforme TAKAHASHI, 2014 [48], os modelos de fadiga multiaxial podem ser
baseados em tensão equivalente, plano crítico e tensão mesoscópica. Neste trabalho, será
utilizado um modelo de tensão equivalente, baseado na teoria de Von Mises que foi
originalmente desenvolvido para a determinação do limite de fadiga para metais
submetidos a carregamentos proporcionais. Os modelos baseados em tensão equivalente
partem do princípio que uma tensão equivalente causa o mesmo dano causado pela tensão
uniaxial em um estado de carregamento uniaxial.
De acordo com [55], o modelo de Von Mises Sinalizado consiste em converter as
tensões alternadas em uma tensão equivalente alternada, que é posteriormente comparada
com um valor de tensão uniaxial experimental. A tensão equivalente alternada ( , e
a tensão equivalente média de Von Mises ( , podem ser calculadas pelas expressões
a seguir, respectivamente:

1 , , , , , ,
, 69
√2 6 , , ,

1 , , , , , ,
, 70
√2 6 , , ,

46
onde , , , e , são as tensões normais alternadas, , , , e , são as tensões
cisalhantes alternadas, , , , e , são as tensões normais médias, , , , e

, são as tensões cisalhantes médias


Ressalta-se que a equação acima fornece apenas valores positivos para a tensão
média e não contabiliza o efeito das tensões compressivas. Para contornar este problema,
deve-se calcular a tensão de Von Mises sinalizada ( , ), através da fórmula de
Von Mises, conforme mostrado a seguir:
,

6
. , 0
| | 2
71

6
. , 0 0
| | 2
0, 0 0

onde , e são as tensões normais locais, , e são as tensões cisalhantes


locais, é a tensão principal máxima, é a tensão principal mínima.
Dessa forma, a amplitude da tensão de Von Mises sinalizada ( , ) e a média da
tensão de Von Mises sinalizada ( , ) de cada bloco de amplitude constante observado
ao longo do tempo, são calculados conforme as expressões a seguir:
max , ,
, 72
2

max , ,
, 73
2

Conforme LEE, 2011 [55], o critério de Von Mises sinalizado prevê que a falha por
fadiga em um espécime padronizado ocorre se a tensão equivalente alternada for maior
do que a tensão de escoamento do espécime ( , é :

, , é 74

47
Capítulo 6

Geração de tensões no tempo

Uma vez definidas as características do vão livre a ser analisado e as condições


meteoceanográficas às quais ele se encontra exposto, o principal objetivo do engenheiro
na análise de um duto é calcular a vida útil a fadiga do vão e para isso é necessário que
sejam geradas tensões no tempo, seguindo distribuições de probabilidade, que simulem a
exposição do duto a ação das correntes marítimas ao longo do tempo.
Dessa forma, a metodologia desenvolvida neste trabalho, propõe que inicialmente
o trecho de duto em vão livre seja modelado em um software de elementos finitos. Foi
criado um modelo 3D no ANSYS Workbench® constituído de 5 trechos de duto que foram
unidos em um corpo sólido, conforme Figura 26.

Figura 26 - Modelo criado para o duto em vão livre.

Os trechos 1 e 5, que representam as extremidades do duto, foram engastados para


impedir movimento de corpo rígido. Os trechos 2 e 4 representam os ombros do duto e
neles foram aplicadas molas na direção vertical e horizontal, para representar o contato
com o leito marinho, enquanto que o trecho 3 representa o vão livre propriamente dito.
Para esta modelagem foi utilizado o elemento PIPE288, que é baseado na teoria de
vigas de Timoshenko, sendo adequado para analisar estruturas tubulares delgadas. Trata-
se de um elemento em 3 dimensões que possui 6 graus de liberdade em cada nó, sendo 3
rotações e 3 translações (nas direções x, y e z).
As molas unidimensionais e uniaxiais que trabalham tanto em tração quanto em
compressão, são formadas por dois nós e 2 graus de liberdade correspondentes às

48
translações. Os valores de rigidez vertical (KV) e horizontal (KL) das molas foram obtidos
a partir das fórmulas indicadas a seguir, retiradas da DNV-RP-F105, que consideram o
módulo de cisalhamento do solo ( ) e coeficiente de Poisson do solo ( ) em que
o duto está instalado. Com relação às propriedades mecânicas do material utilizado na
fabricação do duto, considera-se que o mesmo é linear elástico, homogêneo e isotrópico.
0,88
75
1

0,76 1 76

As premissas adotadas para criação do modelo desenvolvido neste trabalho são:


- A seção transversal ao longo do comprimento do duto é uniforme;
- O material do duto é homogêneo e isotrópico;
- O modelo não possui amortecimento estrutural nem hidrodinâmico;
- As forças causadas pelas correntes marítimas são aplicadas nos nós;
- Não são consideradas cargas axiais aplicadas no vão;
- O peso próprio do duto é distribuído de maneira uniforme ao longo do vão;
- A pressão hidrostática é aplicada no duto;
- As condições iniciais consideram deslocamento e velocidade inicial igual a zero.
- As condições de contorno consideram a que os ombros do vão estão apoiados em uma
fundação elástica, representadas por molas lineares, conforme as equações (38), (39), (40)
e (41).
Após a criação do modelo, deve ser feita a discretização do mesmo em elementos
finitos através da criação da malha, de forma a torná-lo apto aos cálculos necessários para
a obtenção das grandezas de interesse. A qualidade dos elementos gerados, foi verificada
através da ferramenta Element Quality do ANSYS Workbench®.
Após a discretização da malha, foi aplicado ao modelo o peso próprio do duto e
carregamento externo referente à pressão hidrostática para obtenção da condição
deformada inicial do vão através de uma análise estática. Em seguida, foi realizada uma
análise modal para extração das frequências naturais e modos de vibração in-line e cross-
flow, conforme pode ser visualizado nas Figuras 27 e 28.

49
Figura 27 - Exemplo de 1ª modo de vibração cross-flow

Figura 28 - Exemplo de 2ª modo de vibração cross-flow.

As frequências naturais obtidas para vibração in-line e cross-flow através do modelo


criado são comparadas com as frequências obtidas com o modelo da DNV, para
verificação de consistência dos resultados obtidos. Conforme a DNV-RP-F015, um
modelo em elementos finitos pode ser considerado válido se a diferença entre as
frequências obtidas pelos dois modelos, para vãos cujo L/D=60, for de ±5%. Conforme
pode ser verificado pelas Figuras 29, 30 e 31, para diferentes diâmetros de duto os valores
de frequência natural do vão obtido pelo modelo de elementos finitos converge,
atendendo ao critério acima, conforme o número de elementos do modelo aumenta.

50
Figura 29 - Convergência da malha para duto 14,75” e L/D=60

Figura 30 - Convergência da malha para duto 18,5” e L/D=60

51
Figura 31 - Convergência da malha para duto 20” e L/D=60
Uma vez realizada a análise modal e obtidos os modos de vibração do vão deve-se
aplicar os carregamentos externos ao duto, causados pelas correntes marítimas. Na
indústria, as operadoras dos campos de petróleo mantêm pontos de medição das correntes
nas áreas onde se encontram as instalações marítimas, para que os dados medidos ao
longo dos anos possam ser utilizados em diversas análises, dentre as quais as de vão-livre.
Em função da confidencialidade destes dados, o autor deste trabalho gerou a Tabela 4,
fazendo algumas modificações em dados reais, contendo velocidades de correntes
medidas, com o respectivo número de observações.

52
Tabela 4 - Velocidade de corrente x nº de ocorrências (gerado pelo autor)
Velocidade (m/s) Nº ocorrências
0,00‐0,05 70
0,05‐0,10 170
0,10‐0,15 200
0,15‐0,20 160
0,20‐0,25 140
0,25‐0,30 100
0,30‐0,35 70
0,35‐0,40 40
0,40‐0,45 30
0,45‐0,50 20
0,50‐0,55 10
0,55‐0,60 10
0,60‐0,65 10
0,65‐0,70 10
0,70‐0,75 10

A partir de cada valor de velocidade de corrente, foram calculados os valores de


força de arrasto e força de lift causados pela corrente, bem como os diferentes valores da
frequência da força de arrasto e de lift, a partir da teoria apresentada no Capítulo 3 deste
trabalho. Os valores de força e frequência foram utilizados no modelo criado no ANSYS
para cálculo da resposta em frequência.
Os diferentes valores de força de arrasto e lift aplicados, com as respectivas
frequências de forçamento, geram tensões normais e cisalhantes no duto em vão livre que
são calculadas a partir da resposta em frequência, como mostram as Figuras 32, 33, 34,
35, 36 e 37.

Figura 32 - Amplificação da tensão normal em x para diferentes frequências.

53
Figura 33 - Amplificação da tensão normal em y para diferentes frequências.

Figura 34 - Amplificação da tensão normal em z para diferentes frequências.

Figura 35 - Amplificação da tensão cisalhante xy para diferentes frequências.

Figura 36 - Amplificação da tensão cisalhante xz para diferentes frequências.

Figura 37 - Amplificação da tensão cisalhante zy para diferentes frequências.

Durante as análises verificou-se que o ponto mais crítico para o duto é a região dos
ombros, como mostra a Figura 38 e, por isso, pode-se dizer que as tensões de Von Mises
54
na região do ombro para o movimento in-line e cross-flow são as mais importantes para
o cálculo de vida à fadiga.

Figura 38 - Tensão máxima no ombro do vão.


Com base nas tensões in-line e cross-flow calculadas a partir de cada valor de
velocidade de corrente gerado, deve ser obtido o histograma de tensões in-line e cross-
flow na região dos ombros do vão livre. Tentou-se ajustar uma possível função de
distribuição de probabilidades para as tensões com o software Expertfit, entretanto, não
se chegou a nenhuma distribuição conhecida.

Figura 39 - Exemplo de histograma de tensões in-line

55
A partir do histograma de tensões da direção in-line, Figura 39, ou cross-flow, é
possível obter a probabilidade de ocorrência de cada uma das classes de tensão em cada
direção. A probabilidade acumulada das classes é utilizada como insumo para a realização
do sorteio da amplitude das tensões que serão observadas no duto ao longo do tempo,
conforme Tabela 5. Uma vez definida a amplitude dentro de cada hora, a tensão ainda
sofre alterações no módulo conforme a frequência do forçamento.

Tabela 5 - Amplitude de tensão x Probabilidade acumulada


Classe de  Amplitude  Probabilidade 
amplitude (MPa) média(MPa) acumulada
0‐2 1 0,1
2‐4 3 0,2
4‐6 5 0,4
6‐8 7 0,6
. . .
. . .
. . .
198‐200 199 1

Dessa forma, a amplitude de tensão ao qual o duto estará submetido a cada período
de 1 hora é sorteada considerando as probabilidades de cada classe, semelhante a um dado
viciado. Assim, é possível gerar de forma aleatória blocos de tensão ao longo do tempo
atuando no vão livre, conforme pode ser visualizado na Figura 40.

Figura 40- Tensões aleatórias geradas ao longo do tempo

56
A referência [38] foi utilizada para seleção da curva de fadiga aplicada no trabalho.
Conforme definição da DNV-RP-C203, inicialmente é necessário definir quais são as
características da geometria do corpo que passará pela análise de fadiga. Especificamente
para o caso de dutos rígidos submarinos, que são corpos tubulares unidos entre si através
de solda, deve ser utilizada a curva S-N categorizada como F. A depender da tolerância a
possíveis desalinhamentos durante a fabricação, a curva recebe uma nova classificação
em F1 ou F3. Para este trabalho, será utilizada a curva F3 da Tabela 6.

Tabela 6 - Geometria em análise x seleção de curva de fadiga (adaptado de [38])

A DNV-RP-C203 recomenda também que seja definido o tipo de ambiente ao qual


o material estará sujeito a esforços cíclicos e, em função disso, foi selecionada a curva F3
para materiais em contato com água do mar e com proteção catódica. Os parâmetros da
curva F3, utilizada neste trabalho, foram retirados da Tabela 7.

Tabela 7 - Parâmetros das curvas de fadiga conforme DNV-RP-C203 (adaptado de [38])

6
N  > 10  ciclos
6 Concentrador de 
N  ≤ 10  ciclos Limite de fadiga 
Curva S‐N 7 Expoente k tensão referente 
a 10  ciclos
a curva S‐N 
m1 m 2  = 5,0
B1 4,0 14,917 17,146 106,97 0
B2 4,0 14,685 16,856 93,59 0
C 3,0 12,192 16,32 73,10 0,15
C1 3,0 12,049 16,081 65,50 0,15
C2 3,0 11,901 15,835 58,48 0,15
D 3,0 11,764 15,606 52,63 0,2 1,00
E 3,0 11,610 15,35 46,78 0,2 1,13
F 3,0 11,455 15,091 41,52 0,25 1,27
F1 3,0 11,299 14,832 36,84 0,25 1,43
F3 3,0 11,146 14,576 32,75 0,25 1,61
G 3,0 10,998 14,33 29,24 0,25 1,80
W1 3,0 10,861 14,101 26,32 0,25 2,00
W2 3,0 10,707 13,845 23,39 0,25 2,25
W3 3,0 10,570 13,617 21,05 0,25 2,50
0,25 para SCF ≤ 10
T 3,0 11,764 15,606 52,63 1,00
0,30 para SCF > 10

57
As equações da curva de fadiga utilizadas neste trabalho, considerando que o
número de ciclos onde a curva S-N muda de inclinação é igual a 10 e que a tensão
no ponto em que ocorre a interseção entre as duas retas da curva S-N é igual a
51,9039 , são:

,
10 ,
, 77
10 ,

As curvas apresentadas nos documentos da DNV apresentam uma confiabilidade


de 97,6%, pois são as curvas médias dos ensaios realizados menos dois desvios padrões.

Figura 41 - Curvas de fadiga conforme DNV-C203.

De posse da curva de fadiga definida pela DNV-C203, Figura 41, e do carregamento


de tensão gerado ao longo do tempo, conforme probabilidades definidas, é possível
calcular o dano causado por cada bloco de tensão, de forma que o somatório dos danos
gerados para um determinado período de exposição é o dano total causado pelo
carregamento. O inverso do dano causado é a vida útil do duto.
Para definir se a amostra dos valores de velocidade de corrente utilizados neste
trabalho é suficiente para a convergência da vida útil à fadiga e, para isso, foram
selecionados três vãos de dutos de diâmetros diferentes. Observou-se nos três casos que
a vida média à fadiga converge para determinado valor, inclusive para amostras de
tensões menores do que a utilizada neste trabalho, que possui 1050 valores, conforme

58
pode ser visualizado nas Figuras 42, 43 e 44, comprovando que a amostra de velocidades
é representativa para a obtenção dos resultados

Figura 42 - Convergência vida média duto 14,75” x tamanho amostra.

Figura 43 - Convergência vida média duto 18,5” x tamanho amostra.

59
Figura 44 - Convergência vida média duto 20” x tamanho amostra.
Tendo em vista que as tensões são geradas de forma aleatória, para cada cálculo de
dano realizado, obtém-se um valor diferente e, consequentemente, são obtidos valores
diferentes de vida útil a fadiga. Dessa forma, para obtenção da vida média à fadiga de
cada vão simulado neste trabalho, foi necessário realizar um determinado número de
simulações até que ocorresse a convergência da vida e do desvio padrão.
A Figura 45, mostrada a seguir, mostra a interface da planilha de cálculo FatFree
da DNV-RP-F105, utilizada para a realização de cálculos de vida útil à fadiga de vãos
livres.

60
Figura 45 - Planilha de cálculo FatFree.

61
Capítulo 7

Simulações numéricas e discussão

7.1 Características dos dutos e vãos livres analisados

Inicialmente, foram definidas as características dos dutos a serem analisados de


forma que alguns dos diâmetros de dutos mais encontrados na indústria fossem cobertos
nas análises. As características dos dutos utilizados nas simulações são apresentadas na
Tabela 8.

Tabela 8 - Propriedades e características dos dutos

Parâmetro Valor Unidade


Diâmetro nominal 14,75/18,5/20,0 Pol
Espessura de parede 1,25/1,5/2,0 Pol
Material Aço C-Mn -
Grau do aço X60 -
Módulo de elasticidade 207 GPa
Coeficiente de Poisson 0,3 -
Densidade do aço 7850 kg/m³
Tensão de escoamento 414 MPa
Tensão de ruptura 517 MPa
Lâmina d’água de 1200 m
instalação
Tipo de solo do apoio Areia -

Os vãos analisados neste trabalho foram selecionados a partir da pequena vida à


fadiga na direção in-line calculada FatFree. Para estes casos, a vida à fadiga na direção

62
cross-flow não se mostrou um problema em função da baixa amplificação das tensões.
Na Tabela 9 é apresentada a relação de vãos analisados.
Tabela 9 - Características dos vãos analisados

Vida DNV direção  Vida DNV direção 
Diâmetro nominal (pol) Comprimento do vão (m)
inline (anos) crossflow (anos)
14,75 42 2,0 30000000
14,75 43 1,6 30000000
14,75 44 1,3 7820000
14,75 45 1,1 10100
14,75 46 0,9 861
18,5 51 3,0 30000000
18,5 52 2,4 30000000
18,5 53 2,0 30000000
18,5 54 1,6 30000000
20 56 4,9 30000000
20 60 2,3 30000000
20 64 1,4 30000000
20 68 1,1 30000000
20 72 1,0 30000000
20 76 1,2 30000000

Para fins de comparação da metodologia deste trabalho com a da DNV, foi simulado
apenas para o vão de 45 m do duto de 14,75” a exposição às correntes marítimas na
direção cross-flow e não foram verificadas amplificações de tensão consideráveis, pois a
maior frequência de excitação nesta direção é 0,38 Hz e a frequência natural cross-flow é
1,13 Hz. A vida à fadiga média na direção cross-flow calculada pela metodologia deste
trabalho, considerando 1000 valores diferentes foi 4220000 anos, enquanto que pela DNV
10100 anos.
Esta diferença entre as vidas pode ser explicada pela diferença de frequências
naturais na direção cross-flow. O valor obtido pela DNV para este caso é de 0,767 Hz, o
que implica em maiores amplificações de tensão quando comparado com o modelo
desenvolvido neste trabalho. A diferença entre as frequências, por sua vez, pode ser
explicada pela diferença entre o modelo de viga utilizado neste trabalho e o modelo da
DNV-RP-F105, utilizados para representar o vão livre.
A seguir são apresentados o histograma de tensões na Figura 46, o carregamento
gerado ao longo do tempo na Figura 47 e amplificação de tensão a partir da frequência de
forçamento aplicada na Figura 48, todos gerados a partir da metodologia desenvolvida

63
neste trabalho. Os baixos valores de tensão observados em todos os gráficos refletem o
pequeno dano causado ao duto, o que implica em uma vida útil muito grande.

Figura 46- Histograma de tensões cross-flow – duto 14,75” – vão 45m

Figura 47 - Amplificação de tensões cross-flow – duto 14,75” – vão 45m

64
Figura 48- Tensões cross-flow no tempo – duto 14,75” – vão 45m

7.2 Resultados de vida à fadiga na direção in-line

A seguir são apresentados os resultados obtidos para cada tipo de duto na direção
in-line, conforme variação de comprimento do vão.

7.2.1 Duto de 14,75”

Para cada comprimento de vão do duto de diâmetro nominal de 14,75”, as


frequências in-line calculadas pela metodologia desenvolvida neste trabalho são maiores
do que as frequências in-line calculadas através da DNV, como pode ser visualizado na
Figura 49, indicando que o modelo estrutural de vão desenvolvido pode representar os
vãos de forma diferente do modelo da DNV. De acordo com o aumento do comprimento
do vão, verificou-se que a diferença entre as frequências também aumenta, o que pode ser
explicado pela aproximação do limite de aplicação da FatFree da DNV, conforme a
DNV-RP-F105, uma vez que para o vão de 46 m a relação L/D já é de 117.

65
Figura 49 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 14,75”
Conforme pode ser observado na Figura 50, a vida à fadiga na direção in-line,
calculada para os vãos de 42 e 43 m, é maior do que a vida obtida a partir da DNV. Isto
é explicado pela menor amplificação das tensões durante aplicação da metodologia
desenvolvida, pois as frequências calculadas são maiores que as obtidas pela DNV.

Figura 50 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 14,75”

66
Por outro lado, para os vãos de 44, 45 e 46 m, a vida calculada pela metodologia
desenvolvida neste trabalho é menor do que a vida obtida pela FatFree, indicando que a
aplicação da norma para vãos de 14,75” cujo L/D é maior do que 110 pode trazer
resultados inconsistentes. Para os referidos vãos, a máxima frequência de forçamento
aplicada é 0,77 Hz, enquanto que as frequências naturais observadas são 0,802; 0,783 e
0,753 Hz, o que implica em grandes amplificações de tensão nos vãos, podendo chegar a
valores próximos de 800 MPa para o vão de 45m e próximos de 2000 MPa para o vão de
46 m, indicando a ocorrência de ressonância e fim da vida útil à fadiga na direção in-line,
conforme pode ser visualizado nas Figuras 51 e 52.

Figura 51 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 45m

67
Figura 52 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 46m
Para todos os vãos, observou-se que os valores da vida média à fadiga calculados
para este diâmetro de duto, através da metodologia desenvolvida neste trabalho,
convergiram para valores maiores que o valor de vida in-line obtido através da FatFree
da DNV, após a realização de 1000 simulações. O resumo dos resultados obtidos nas
simulações realizadas neste trabalho pode ser encontrado no Apêndice A. A convergência
da vida média e a convergência do desvio padrão da vida dos vãos de 14,75” podem ser
encontradas no Apêndice B deste trabalho.
O histograma das tensões in-line cujas probabilidades foram usadas para gerar as
tensões aleatórias ao longo do tempo, a amplificação de tensão para cada frequência de
forçamento aplicada e a variação de tensões alternadas no ombro do vão em um
determinado período de tempo, referentes aos vãos do duto de 14,75” também podem ser
encontrados no Apêndice B. Para os vãos em questão, verifica-se que, quanto maior é o
comprimento do vão, menor é a frequência natural de vibração e, consequentemente, os
carregamentos aplicados estão mais próximos da frequência natural in-line, causando
maiores amplificações de tensão ao longo do tempo, o que resulta em menor valor de vida
útil a fadiga.

68
7.2.2 Duto de 18,5”

Nos vãos do duto de diâmetro nominal de 18,5” analisados, foi observado, para as
frequências naturais na direção in-line, um comportamento semelhante ao identificado
nos vãos do duto de 14,75”. As frequências in-line calculadas pela metodologia
desenvolvida neste trabalho são maiores do que as frequências in-line calculadas através
da DNV, conforme Figura 53. Verificou-se que a diferença entre as frequências também
aumenta, conforme ocorre o aumento do comprimento do vão, o que pode também ser
explicado pela aproximação do limite de aplicação da FatFree da DNV.

Figura 53 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 18,5”


A diferença entre as frequências obtidas se reflete em diferentes valores de vida útil
à fadiga in-line, calculadas a partir do modelo da DNV e da metodologia desenvolvida
neste trabalho, conforme pode ser visto na Figura 54. Para os vãos de 51 e 52 m, a vida a
fadiga obtida pela metodologia proposta é maior do que a obtida pela DNV em função da
menor amplificação de tensões observada, tendo em vista que o máximo valor de
frequência de forçamento aplicada é 0,61 Hz e, portanto, relativamente distante das
frequências calculadas.

69
Para os vãos de 53 e 54 m, cujas frequências naturais de vibração obtidas pela
metodologia proposta são 0,696 Hz e 0,683 Hz, respectivamente, observou-se grande
amplificação das tensões, fazendo com que a vida útil a fadiga na direção in-line
assumisse valores próximos a zero, o que é coerente, uma vez que a amplificação dos
carregamentos é significativa. Por outro lado, não foi verificado o mesmo comportamento
para a metodologia da DNV, cujos valores de frequência naturais calculados foram 0,639
Hz e 0,610 Hz, para os vãos de 53 e 54 m, respectivamente.

Figura 54 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 18,5”.

Da mesma forma que foi verificado com o duto de 14,75”, para todos os vãos do
duto de 18,5”, observou-se que os valores da vida média à fadiga calculados para este
diâmetro de duto, através da metodologia desenvolvida neste trabalho, convergiram para
valores maiores que o valor de vida in-line obtido através da FatFree da DNV, após a
realização de 1000 simulações. A convergência da vida média e a convergência do desvio
padrão da vida dos vãos de 18,5” podem ser encontradas no Apêndice C deste trabalho.
O Apêndice C também contém o histograma das tensões in-line, cujas
probabilidades foram usadas para gerar as tensões aleatórias ao longo do tempo para os
vãos do duto de 18,5”, contém a amplificação de tensão para cada frequência de
forçamento aplicada e a variação de tensões alternadas no ombro do vão em um

70
determinado período de tempo. Observando estes gráficos, também verifica-se que,
quanto maior é o comprimento do vão, menor é a frequência natural de vibração e,
consequentemente, os carregamentos aplicados estão mais próximos da frequência
natural in-line, causando maiores amplificações de tensão ao longo do tempo, o que
resulta em menor valor de vida útil a fadiga, similar ao que foi verificado nos vãos do
duto de 14,75”.

7.2.3 Duto de 20”

Tendo em vista que os resultados para os vãos dos dutos de 14,75” e 18,5”
apresentaram comportamentos semelhantes, para o duto de 20” buscou-se analisar vãos
em uma faixa de L/D maior (105 a 142,5), de forma que o limite proposto pela DNV,
L/D<140, fosse extrapolado e os resultados comparados com os obtidos pela metodologia
desenvolvida. Dessa forma, inicialmente, foram calculadas as frequências naturais na
direção in-line dos vãos analisados com as duas metodologias e, semelhante ao que foi
verificado anteriormente, os valores da metodologia proposta neste trabalho são maiores
do que os valores obtidos a partir da FatFree. Pode ser verificado na Figura 55 que,
conforme o comprimento do vão aumenta, a diferença entre as frequências das duas
metodologias também aumenta e, para o maior vão simulado (L/D=142,5) a frequência
obtida pelo modelo deste trabalho é quase o dobro da frequência obtida pela FatFree,
confirmando que o modelo analítico da DNV já não representa bem o duto em vão livre
para essas condições.

71
Figura 55 - Comparação entre as frequências in-line do 1º modo do duto de 20”.

A vida à fadiga na direção in-line, obtida pela metodologia desenvolvida neste


trabalho, dos vãos de 56, 60 e 64 é maior do que a vida obtida pela metodologia da DNV,
conforme pode ser observado na Figura 55. Isto se justifica pela menor amplificação de
tensões no modelo desenvolvido, para os valores de frequência de forçamento aplicados.
Em especial para o vão de 56 m, esta diferença é ainda maior, porque a máxima frequência
de forçamento que pode ser observada no duto (0,56 Hz), cuja probabilidade de
ocorrência é 0,1%, como mostra a Figura 57, ainda não causa amplificações de tensão
significativas, vide Figura 56, uma vez que a frequência natural calculada é 0,675 Hz
(Figura 55).
A amplificação de tensões identificada nos vãos de 60 e 64 m, a partir da aplicação
de um carregamento com frequência de forçamento tem comportamento semelhante ao
do vão de 56 m, entretanto a intensidade é maior, tendo em vista que suas respectivas
frequências naturais na direção in-line são menores. Os histogramas de tensão e gráficos
da amplificação de tensão x frequência de forçamento dos vãos de 60 e 64 m podem ser
encontrados no Apêndice D deste trabalho. A seguir, é apresentado o histograma de
tensão do vão de 56 m e o gráfico da amplificação de tensão x frequência de forçamento.

72
Figura 56 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 56 m

Figura 57 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 56 m

73
Para os vãos de 68, 72 e 76 m, a vida a fadiga calculada pela metodologia proposta
é igual a zero, o que indica a necessidade de calçamento dos vãos para manutenção da
operação de forma segura. Esta situação está coerente quando se verifica a amplificação
das tensões no duto para diversos valores de frequência de forçamento, indicando a
ocorrência de ressonância, conforme pode ser observado nas Figuras 58, 59 e 60. Como
a frequência natural de vibração na direção in-line calculada pela metodologia proposta é
0,564; 0,541 e 0,515 e as maiores frequências de forçamento ocorrem na faixa de 0,55 a
0,56 Hz, ocorre uma grande amplificação de tensões nestes vãos.

Figura 58 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 68 m

74
Figura 59 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 72 m

Figura 60 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 76 m


Conforme pode ser observado na Figura 61, os valores de vida à fadiga calculados
pela planilha de cálculo da DNV para os vãos de 68, 72 e 76 m assumem valores próximos
de 1 e não chegam a zero, indicando que o modelo da DNV já começa a apresentar
distorções a partir de valores de L/D igual a 127 (vão de 68 m). Outro resultado observado

75
em relação à vida a fadiga na direção in-line para estes últimos vãos é que o valor obtido
a partir da FatFree aumentou entre os vãos de 72 m (1,06 anos) e 76 m (1,15 anos),
indicando que o modelo da DNV é inconsistente para esta faixa de valores de L/D.

Figura 61 - Comparação entre as vidas in-line dos vãos do duto de 20”

76
Capítulo 8

Conclusão

Neste trabalho foi apresentada uma metodologia para cálculo de vida à fadiga de
vãos livres de dutos rígidos submarinos, alternativa à RP-F-105 da DNV. Inicialmente,
foram criados modelos de vãos livres de dutos rígidos, sem amortecimento, encontrados
na indústria de óleo e gás, para realização de uma análise estática que teve como objetivo
a obtenção da condição deformada do duto e, em seguida, uma análise modal para
obtenção de suas frequências naturais de vibração na direção in-line e cross-flow.
Para todos os vãos simulados, observou-se que a frequência natural de vibração in-
line obtida pela metodologia desenvolvida neste trabalho é menor do que a frequência
obtida pela FatFree da DNV, devido a diferenças entre o modelo de viga deste trabalho
e o da DNV-RP-F105, utilizados para modelar os vãos.
Quando foram aplicados os carregamentos externos, com respectivas frequências
de vibração, causados pelas correntes marítimas, observou-se que a metodologia proposta
proporciona a obtenção de valores de vida a fadiga na direção in-line maiores do que a
metodologia da DNV, para vãos cuja frequência natural calculada com a FatFree é mais
próxima da maior frequência de forçamento que o duto pode estar submetido. Por outro
lado, para os casos onde a frequência natural in-line calculada pela metodologia proposta
é mais próxima da máxima frequência de forçamento que pode ocorrer, a vida a fadiga
obtida é menor do que a calculada pela DNV-RP-F105, devido à maior amplificação das
tensões nos ombros do vão.
Dessa forma, pode-se dizer que a metodologia desenvolvida neste trabalho é menos
conservadora que a metodologia da DNV para vãos onde foi observada menor
amplificação de tensão causada pelas correntes marítimas, permitindo a manutenção da
operação de dutos sem a necessidade de realização de calçamentos por mais tempo e, por
outro lado, preza pela segurança para vãos mais suscetíveis a carregamentos críticos,
indicando a necessidade de intervenções submarinas de forma mais objetiva.

77
8.1 Sugestão para trabalhos futuros

A seguir, são listadas as sugestões para trabalhos futuros, visando à obtenção de


melhorias para a metodologia desenvolvida neste trabalho:

 Utilizar física acoplada no desenvolvimento do modelo no software de


elementos finitos, considerando a interação fluido-estrutura, para obter
resultados mais precisos nos cálculos das tensões encontradas nos ombros dos
vãos, ainda que o esforço computacional seja maior.
 Verificar a validade da aplicação desta metodologia em vãos que já possuem um
calçamento em seu interior e que a DNV recomenda a necessidade de novos
calçamentos.
 Realizar trabalhos experimentais e em campo para comparar os valores obtidos
com a metodologia proposta neste trabalho.

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85
Apêndice A – Resumo dos resultados das simulações realizadas

Tabela A1 – Resultados obtidos nas simulações

86
Apêndice B – Simulações realizadas nos vãos do duto de 14,75”

Figura B1 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 42m

Figura B2 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 42m

87
Figura B3 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 42m

Figura B4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 42m

88
Figura B5 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 42m

Figura B6 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 42m

89
Figura B7 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 43m

Figura B8 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 43m

90
Figura B9 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 43m

Figura B10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 43m

91
Figura B11 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 43m

Figura B12 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 43m

92
Figura B13 - Tensões in-line no tempo – duto 14,75” – vão 44m

Figura B14 - Histograma de tensões in-line – duto 14,75” – vão 44m

93
Figura B15 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 44m

Figura B16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 44 m

94
Figura B17 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 44m

Figura B18 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 44m

95
Figura B19 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 45m

Figura B20 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 45m

96
Figura B21 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 45m

Figura B22 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 45m

97
Figura B23 - Amplificação de tensões in-line – duto 14,75” – vão 46m

Figura B24 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 14,75” – vão 46 m

98
Figura B25 - Convergência da vida média in-line – duto 14,75” – vão 46m

Figura B26 - Convergência da malha – duto 14,75” – vão 46m

99
Apêndice C – Simulações realizadas para vãos do duto de 18,5”

Figura C1 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 51m

Figura C2 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 51m

100
Figura C3 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 51m

Figura C4 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 51m

101
Figura C5 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 51m

Figura C6 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 51m

102
Figura C7 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 52m

Figura C8 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 52m

103
Figura C9 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 52m

Figura C10 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 52m

104
Figura C11 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 52m

Figura C12 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 52m

105
Figura C13 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 53m

Figura C14 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 53m

106
Figura C15 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 53m

Figura C16 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 53m

107
Figura C17 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 53m

Convergência da malha – duto 18,5” – vão 53m

108
Figura C18 - Tensões in-line no tempo – duto 18,5” – vão 54m

Figura C19 - Histograma de tensões in-line – duto 18,5” – vão 54m

109
Figura C20 - Amplificação de tensões in-line – duto 18,5” – vão 54m

Figura C21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 18,5” – vão 54m

110
Figura C22 - Convergência da vida média in-line – duto 18,5” – vão 54m

Figura C23 - Convergência da malha – duto 18,5” – vão 54m

111
Apêndice D – Simulações realizadas para vãos do duto de 20”

Figura D1 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 56m

Figura D2 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 56m

112
Figura D3 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 56m

Figura D4 - Convergência da malha – duto 20” – vão 56m

113
Figura D5 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 60m

Figura D6 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 60m

114
Figura D7 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 60m

Figura D8 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 60m

115
Figura D9 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 60m

Figura D10 - Convergência da malha – duto 20” – vão 60m

116
Figura D11 - Histograma de tensões in-line – duto 20” – vão 64m

Figura D12 - Amplificação de tensões in-line – duto 20” – vão 64m

117
Figura D13 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 64m

Figura D14 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 64m

118
Figura D15 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 64m

Figura D16 - Convergência da malha – duto 20” – vão 64m

119
Figura D17 - Tensões in-line no tempo – duto 20” – vão 68m

Figura D18 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 68m

120
Figura D19 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 68m

Figura D20 - Convergência da malha – duto 20” – vão 68 m

121
Figura D21 - Convergência desvio padrão da vida in-line – duto 20” – vão 72m

Figura D22 - Convergência da vida média in-line – duto 20” – vão 72m

122
Figura D23 - Convergência da malha – duto 20” – vão 72m

Figura D24 - Convergência da malha – duto 20” – vão 76m

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