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3 de Setembro de 2019

A crise de noção do serviço público

Tratado como uma das categorias mais importantes para o estudo do


Direito Administrativo, o serviço público, além de sua dimensão e
importância para sociedade, busca definir o exato papel do Estado.

A Reforma do Estado Brasileiro decorrida da mudança do Estado Social


para o Estado Regulador introduziu no nosso Ordenamento Jurídico o ideal
neoliberal, que gradativamente se impõe aos países através do fenômeno da
globalização. O princípio da subsidiariedade encontrado na base do
Neoliberalismo prega que o Estado deve se ater a regular vida social,
deixando, pois, a atividade econômica ao mercado, ou seja, o Estado deve
ser visto como um Estado mínimo e não como um Estado interventor.

Neste contexto, se faz necessário observar que quanto maior o Estado,


maior será a a quantidade de serviços públicos que ele assume e menor a
parcela de atividade econômica em que o particular pode atuar. Em
contrapartida, no Estado Mínimo (modelo liberal e neoliberal) há uma
relação de proporcionalidade inversa: menor é o número de serviços
públicos e maior é a quantidade de atividade econômica que fica à
disposição do mercado.

A noção de serviço público nascida na França, no início do século XX, tinha


como um dos seus principais expoentes o administrativista Léon Duguit; o
qual defendia a tese de ser tal serviço a finalidade do Estado. O
administrativista francês repudiava a ideia da soberania como qualidade por
excelência do poder público e defendia que o Estado consistiria em um
conjunto desses serviços. Duguit afirmava que serviço público “é toda
atividade cuja realização deve ser assegurada, disciplinada e controlada
pelos governantes, porque a realização dessa atividade é indispensável à
efetivação e ao desenvolvimento da interdependência social e não se pode
realizar a não ser com a intervenção da força governamental”. (MEDAUAR,
2003, p. 528).

Gastón Jèze advoga em um sentido mais restrito: o serviço público


entendido como uma atividade ou organização do ente público, e não como
seu fim último; e que a idéia de serviço público consiste em um tipo de
procedimento de direito público. Os tribunais franceses adotaram essa, que
defende assegurar o Estado, por meios jurídicos, determinados
compromissos prestacionais ao público. Consequentemente, as
Constituições passaram a garantir tais serviços. A partir do final da segunda
década do século XX, com maior ênfase nos anos e décadas seguintes,
objetivando uma maior eficiência e a desburocratização das atividades
públicas, começou-se a submeter os serviços prestados pelo ente público
predominantemente econômicos ao regime privado, ao invés do regime
público característico. Paradoxalmente, a substituição do Estado liberal
para o Estado social fez crescer extraordinariamente o campo de atividades
abarcadas pelo ente político.

Foi chamada de "crise do serviço público", decorrida de um duplo fenômeno


político e econômico. Nada obstante, a noção se manteve porém passou a
admitir a prestação por entes privados nos serviços denominados públicos;
desintegrando-se da noção da prestação eminentemente estatal e de
exclusivo regime público.

Nem todos os serviços públicos, por sua própria natureza, eram passíveis de
serem delegados à iniciativa privada. Essa característica corroborou para
uma mutabilidade da concepção de serviço público ao longo dos períodos
históricos e trouxe a crise na noção de serviço público. Alguns critérios
foram estabelecidos pela doutrina a fim de trazer elementos à definição do
termo: o elemento material, pelo qual serviço público é toda prestação de
utilidade pública, destinada a satisfazer interesses coletivos; elemento
formal, pelo qual os serviços públicos submetem-se a um regime jurídico
que contempla princípios específicos, e o elemento subjetivo, pelo qual
serviço público seria aquele prestado direta ou indiretamente pelo Estado. A
crise da noção de serviço público, assim, se estabelece diante da falta de
uniformidade da presença desses elementos na identificação das atividades
consideradas como serviço público, bem como da admissão de certos
serviços ao regime da iniciativa privada.

A passagem do Estado Intervencionista para o Estado Regulador e o ideal


neoliberal, cujo princípio da subsidiariedade é uma das suas principais
características, tem como um dos seus objetivos o processo de
desestatização, a qual busca redefinir os limites do Estado para o mínimo
possível. Com isso, questiona-se se há uma nova crise do serviço público.

Alguns doutrinadores acreditam que não existe serviço público por


natureza. A qualificação de determinada atividade como serviço público é
uma escolha política, podendo ser encontrada na Constituição de cada país,
na lei, na jurisprudência e nos costumes presentes.

BIBLIOGRAFIA: MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios Gerais


do Direito Administrativo. 3º. Ed., Vol I, São Paulo: Malheiros, 2007

MEDAUAR, Odete. Nova crise do serviço público? In: CUNHA, Sérgio


Sérvulo da; GRAU, Eros Roberto (Org.). Estudos de direito constitucional -
em homenagem a José Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros Ed., 2003.

NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Público. São


Paulo: Renovar, 2006.

Disponível em: https://lauraspampado.jusbrasil.com.br/artigos/440508869/a-crise-de-nocao-do-


servico-publico

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