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“Mas ora vejam só...


Olha, vou ter que ser bem sincera: Não sou muito boa de lembrar das coisas. A depender da hora do dia e
de quanto eu tiver bebido nas horas passadas é capaz de eu não lembrar nem o nome do meu pai. Tá, sendo mais
sincera do que da, diria eu que talvez não lembre nem meu nome, hehe... Mas chega de falar de mim... Ou melhor,
vamos falar de mim sim, mas por outro ponto de vista. Eu sou taverneira, ou ao menos, sou taverneira a maior
parte do tempo, isso quando eu não tô provando da minha própria bebida ou batendo mão com a galera que gosta
de me desafiar. Meu nome completo é Sayha Moror Narziar. Como é que eu explico... Bem, os Narziar são tipo os
“Varis” de Aldaria, os “Silva” da terra ou os “Jiglandur” daquele planeta tierfling que eu já esqueci o nome. É
aquele tipo de família em que cruzar com um primo seu na esquina de um beco ou numa empresa interestelar é
fácil, mas eu faço parte da parte humilde da família. Eu tenho a nave que ganhei de herança do meu pai, a
famigerada “Tuamãe”. Já perdi a conta de quantas vezes eu fiz piada com isso, principalmente quando é pra irritar
alguém, sabe? Bom, mas resumindo bem a situação: Cá estou eu, taverneira, cuidando da minha vida e recebo uma
ligação de um sujeito que eu não faço a menor ideia de como conseguiu meu telefone. Eram de uma empresa
grande aí, a tal de “Vortex”. Trabalhavam com coisa de nave e tal. Eles me ligam, falam que tem um trabalho bom
pra mim e eu que não sou besta perguntei logo como ia ser o memorando. Eles disseram: “Senhorita Sayha...”, me
senti toda importante na hora, “... Precisamos que você faça uns serviços pra nós. Estaremos oferecendo uma
quantia de cinquenta mil créditos por esse trabalho de dois anos, mais o alojamento, transporte e qualquer coisa
mundana que você vá precisar no meio tempo”. Pra vocês terem uma ideia, minha navezinha humilde foi cinco mil.
Cinquenta mil pra dois anos, ta bom demais. Eu tava fazendo nada, decidi seguir. Chegando lá veio a pegadinha:
— Então, senhorita... — Falou o gnomozinho que era o gerente da operação. Sujeitinho esquisito com
cabelo rosa bem chamativo. Honestamente eu curti o cabelo, mas alguma coisa nele não tava legal. — O trabalho
vai ser durante dois anos e nós iremos aplicar em você um implante antes e depois da operação para que sua
memória seja apagada durante todo o período. — Eu acho que minha sobrancelha tentou fugir nessa hora porque
ele foi logo acrescentando o discurso. — Prometemos nada antiético ou que vá de completo desacordo com suas
morais. Apenas precisamos de ajuda e não nos sobrou nenhuma opção além de você. Precisamos de você. — Quer
saber uma frase que me fode com força? É essa. Não consigo negar ajuda, ainda mais a um sujeito que parece
mesmo necessitado.
Eu fiz uma coisa que faço pouco, parei e pensei na ideia. Poxa, eles precisam de uma pessoa sem
conhecimento nenhum sobre tecnologias avançadas, com uma péssima memória e com uns belos de uns braços
fortes. Já da pra imaginar que eles querem que eu use eles pra alguma coisa. Eu acabei pensando bastante, mas
serviu de nada. Eu aceitei. Cheguei na sala do implante, tava tranquila. Caí no sono. Acordei com o cara me
agradecendo todo feliz “Muito obrigado” e tal. Ah, eu tava numa sala com um monte de estranho. Tinha um jovem
bem de corpo, mei magrinho, mas parecia ser bom no que fazia, um outro gnomo com uma cara muito mais
hardcore que o primeiro e um lagarto que a primeiro ver parecia um draconato raquítico. Ele falou que os serviços
tinham sido concluídos e tal, entregou o pagamento pra gente. Ah, sim. Tinha um outro doido, mas esse aí nem
durou tanto tempo. A gente pegou o dinheiro, eu não conhecia essa galera, mas por alguma razão achei que podia
confiar neles, então chamei todo mundo pra ir beber na Tuamãe e a gente foi lá. A gente bebeu muito. Eles tinham
cuidado tão bem da minha nave que nem parecia ela. Era impressionante, ela tava limpa. Eu cheguei, apertei os
botãozinho, abri a nave, peguei os barris de hidromel, vodka, vinho élfico, cerveja de dhorin e a gente foi bebendo,
se apresentou, foi rindo, ligou a tv. Aí aconteceu alguma coisa com o lagartixa que tinha a ver com loteria... Ah é,
o lagartão não ganhou os cinquenta mil, ele tinha uma série de itens estranhos que agora eu nem lembro. Eu sei
que no meio desse monte de coisa tinha um bilhete lá e o cara da TV disse os números certinhos, copiados e fieis
ao bilhete do cara, mas... Não era um bilhete. Era só uma porra de um papel com os números escritos. Eu olhei, vi
todo mundo tirando sarro da cara dele e falei já meio tonta:

— Sabe, isso me lembra uma história engraçada que meu pai me contou uma vez. Ele disse: “Uma vez um
cara foi numa cartomante e perguntou do futuro. Ela disse que ele ia ganhar na loteria. O cara ficou besta, começou
a festejar, comprar carro, nave, até umas luas pequenas. No dia seguinte ele chegou e queria era esganar a coitada
da velha, dizendo ele que não tinha ganho na loteria. Ela virou e perguntou... ‘Ta, mas tu jogou?’”. — Foi minha
deixa pra quase cair da cadeira de tanto rir.
Já pra acabar com minha alegria chegam os homi. Abri a porta e cheguei tão cortês quanto eu podia:
— Bom dia, senhor. — Falei já me preparando pra o baque.
— Bom dia, senhores. — Falou o humano que tava com o guarda-costas orc. — Precisamos que vocês
venham conosco. Temos que lhe fazer umas perguntas.
— Sério que a gente precisa ir. Pode fazer as perguntas aqui mesmo não?
— É sobre os trabalhos que vocês fizeram pra Vortex.
— Ah, então, seu guarda. Temo lhe informar que a gente não lembra.
— Não... Lembram? Mas foi um serviço de dois ano...
— Exatamente. Eu queria lembrar. O que eu sei é: Injetaram um treco na gente que eu nem senti esses dois
anos passarem. Deitei, dormi e acordei e o cara já tava me agradecendo pelo que eu fiz, mas eu nem fazia ideia do
que tinha sido isso. Será que não da pra vocês irem perguntar direto pra eles?
— Não, senhora... — “Senhora é a mãe seu filho da puta”. Me segurei pra não falar. — Mas precisamos
que vocês venham conosco.
Rolou umas confusões, o lagarto vomitou, o gnomo ainda tava trêbado, mas a gente entrou no camburão. Ia
fazer o que? Dar dois tapas na cara e dizer que não ia? Não né. Pois bem, a gente tava lá, conversando tranquilos e
o clima foi ficando meio tenso. Eu percebia que a situação tava estranha, não tinha nada pra fazer e olhei que o
povo tava seguindo quase que na mesma ordem. Eu virei e pensei numa desculpa pra gente voltar. Juntei todo o
meu charme e virei pra o motorista.
— Ôh, senhor. Será que da pra gente voltar rapidinho? Eu deixei meu celular desbloqueado no balcão da
nave. Aquele trequinho tem umas informações bem úteis e importantes que eu não queria deixar cair nas mãos de
alguém se é que vocês... — Aí foi que a merda caiu no ventilador. Eu li a mensagem no visor do policial “... E se
não der em nada, mate eles”. Enquanto eu lia o motorista mandou eu ficar quieta e eu não aceitei de boa, mas
engoli o orgulho a primeira vez no dia e virei com AQUELE OLHAR meio que perguntando “E aí?”. Falei bem
baixinho. — Galera, a gente tem que sair daqui.
Do nada, o lagarto começou a ficar todo pensativo e eu tremi o queixo pra ele. Aí ele disse.
— Eu acho que sei como sair. Não é a primeira vez que eu vou preso, eles sempre deixam a fechadura
meio...
— Tá, então você consegue? Massa. Destrava, eu boto vocês nas costas e a gente corre. — Não deu outra.
Ele começou a fuçar nas fechaduras da porta e eu fui lá e botei a mão nas costas dele, como se tivesse apoiando pra
ele vomitar a bebida. Ele abriu o negócio e eu sai com uma ombrada. Como o carro tava em movimento só deu
tempo d’a gente cair no chão e rolar pra se levantar, maaaaaas como a vida é aquela caixinha de surpresas
maravilhosa, o lagarto caiu bêbado no chão. Eu tive que voltar pra pendurar ele e levantar o coitado e a gente saiu
correndo. A gente correu, entrou num beco e o gnomo hardcore invocou uma porra de uma parede do nada. Uma
parece, bicho. O carro deu a volta, óbvio, mas não antes da gente acabar tendo a brilhante ideia de se esconder no
esgoto. Eu, fresca nada, pulei primeiro e fiquei até a coxa de merda. Puta da vida, mas feliz que por ser alta a merda
não bateu de volta na bunda. A gente saiu andando por lá por baixo pra tentar voltar pra o edifício garagem da
Vortex, pegar a Tuamãe e ir embora. A gente demorou pra achar uma saída que prestasse e pra variar o cheiro tava
insuportável, não só pra gente, que além de bêbados estávamos cobertos de merda, mas também pra galera da rua, o
que acabou chamando muita atenção.

A gente pegou o beco e tentou botar as cinco cabecinhas pra funcionar. O pirralho teve uma ideia massa
que foi a de se disfarçar. A gente primeiro fingiu que estávamos tendo um ótimo dia e que estar fedendo era natural,
porque tínhamos que entrar com a maior cara de pau numa loja de roupas. Felizmente o lugar tava vazio e o
atendente foi um amor, dizendo que a gente poderia pegar o banheiro dos funcionários. Deu pra a gente comprar
umas roupas, tomar um banho massa e sair da loja com outra cara. Fiquei até com vontade de dar o meu número
pra atendente, era uma tierfling muito gostosa ela, mas fiquei na minha. Aí o que acontece é que a gente precisava
de um lugar pra disfarçar, deixar a poeira baixar e correr. Bom, o shopping, que era a primeira ideia, tava lotado até
a boca de polícia. A gente então foi num restaurante chique que ficava algumas ruas abaixo. Entrou lá, escolheu
uma mesa perto do banheiro, já que o lagarto não tava bem e a gente precisava de uma rota de fuga, sabe. O que eu
lembro desse lugar...? As comidas eram caras, o atendimento era péssimo, os clientes uns riquinhos de merda e eles
não deixavam nem a dar com pau os consumidores entrarem na cozinha para verificarem o status dos cozinheiros.
Duvido nada que eles usavam métodos incomuns. Lembro que aqueles dois garçons me deixaram com a maior
vontade do mundo de fazer barraco, mas me segurei. Eu reclamei que queria entrar na cozinha pra olhar como era e
disse que trabalhava com lanches e entretenimento, aí vieram eles dizer que aquela espelunca era melhor que a
Lona de Ferro? Ah, vai enfiar as cadeiras na bunda. “Minha nave enferrujada dá de dez a zero nesse lugar”. Eu sei
que o gnominho era esperto. Ele entrou no banheiro, desmontou a janela e deixou o cenário todo pronto. Botou até
uma plaquinha de “interditado” na entrada do banheiro. Enquanto isso o moleque tava se atolando de frutos do mar
e eu que não ia perder a chance, fui comendo também. O gnomo tirou um desintoxicante pra limpar o álcool do
lagarto e ele foi comendo também, enquanto isso a gente só de olho na porta. Quando a polícia chegou, porque
óbvio, eles iam chegar, todo mundo correu pra o banheiro e eu fiz uma das coisas naquele dia que me deu mais
satisfação que tudo. Eu peguei uma mesa e joguei ela pra acertar os guardas, quebrando tudo no meio do caminho.
Argh, foi muito bom.
Quando a gente chegou no banheiro, só pra complementar a sorte da gente, a janela era pequena. Nem
meus ombros de deusa Mororiana nem os do lagarto raquítico passavam por ela. Enquanto os outros pensavam em
rotas alternativas, eu fiz a única coisa que me ensinaram bem: Eu segui em frente.

Sabe quando você ta escutando AQUELA música e começa o solo de guitarra? Ou então come uma
comida apimentada muito boa e mesmo que esteja ardendo você só quer enfiar mais na boca? Aquele momento que
você recebe o primeiro beijo do seu amor depois de se declarar? Ou quando alguém te chama daquela palavra que
você odeia? Imagine tudo isso de uma vez, misturado e aumentado. Isso é Fúria dos Narziar.

Com um arrepio que vinha da nuca até a ponta dos dedos e ao mais fino fio de pelo eu enchi os peitos de ar
e colidi com a parede com os ombros, atravessando-a e pegando embalo pra correr enquanto gritei pra o resto me
seguir. A gente quase foi atropelado, teve que correr, se esconder num beco, mas caminho vai, caminho vem a
gente estava cara a cara com a entrada do edifício. Adivinha só? Tinha uma viatura com dois nego lá. Eu joguei o
verde, andei como se fosse dona do lugar e tentei passar sem ser percebida, mas convenhamos... Não dá pra
simplesmente não me notar. Eles me pararam a uns dois metros deles e um deles me perguntou o que eu queria, eu
disse que ia entrar pra pegar minha nave e sair. Quando eles receberam a mensagem no comunicador descrevendo a
gente como suspeitos e estavam indo botar a mão na arma, eu pulei no primeiro e derrubei ele. Ia bater nele com
tanta força que ele não ia nem lembrar do momento mais feliz do dia dele que era ter eu por cima, mas aí o garoto
chegou e atirou nele sem necessidade. O pirralho tem sangue muito frio, mais frio que o do lagarto. Eu não gosto de
matar, não gosto de precisar matar, odeio ser comparada a gente que precisa matar ou que mata por prazer, então
fiquei na minha, mas percebi que eu ia ter que ficar de olho pra o pirralho não fazer isso de novo. A gente roubou
um comunicador deles e começou a distrair. Mandei-o dizer que a gente tava em uma loja ao lado se escondendo e
a gente seguiu pra dentro do prédio. Não deu outra. A gente entrou na nave, preparou tudo, já tava fugindo do
planeta e prontos pra sair. Aí no comunicador veio né:
— Estamos vendo a decolagem de uma nave do edifício garagem. Os suspeitos estão nela? — O garoto
travou. Ele passou o dia inteiro quieto não importava a situação. Imaginei que ele não era muito bom com palavras
e não culpei ele. Quando ele ficou realmente sem ideias do que falar eu tomei o comunicador da mão dele e gritei:
— TO FUGINDO DO PLANETA COM A TUAMÃE, FILHO DA PUTA! — E enfiei o pé no acelerador.
Foi o segundo momento mais gratificante do dia.
A gente tava quase sando do planeta quando a guarda planetária identificou a gente e deu problema.
— 0x22A4, temos ordens para não os deixar sair do planeta. Podem confirmar para onde vão e qual o
motivo? — Antes que eu conseguisse pensar numa desculpa, o hardcore pegou uns fios, pegou o robozinho dele e
em menos de segundos a voz no comunicador disse. — Perdão, foi engano. Podem seguir.
Um suspiro coletivo. A gente saiu e todo mundo virou pra mim. O pirralho chegou e disse:
— Tá, e agora?
— Ué, “e agora” o que? — Respondi inocente.
— Pera, você não pensou pra onde a gente vai?
— Meu amor, eu tava mais preocupada em sair do planeta, ta? Depois eu pensava pra onde ir.
— Ah claro, que maravilha. Não acredito.

— Ó, galera. Quem são vocês direito, hein? — Decidi falar do stromblorg na sala. — Eu não lembro de
nada nos últimos dois anos... Caralho eu tenho vinte e três anos agora. To velha. Mas enfim. Quem são vocês? — O
lagartão foi logo falando.
— Eu sou Baldur... — Eu juro que ele falou algum sobrenome, mas eu não lembro. — Sou um monge de...
— Outro nome que eu não lembro. — E vim pra cá pelo trabalho. Não tava esperando ganhar muito. — Virei a cara
pra o adolescente ressentido e antes que eu perguntasse ele atacou.

— E quem é você pra início de conversa? — Meio chateada por ter acabado de salvar a bunda dele, eu
ainda consegui juntar um mínimo de paciência e falar.
— Eu sou a dona da porra da nave. — Ele não pareceu ligar muito pra minha agressividade, então esperei
um momento de tensão pra ver se ele se tocava da falta de educação e disse. — Sou Sayha. Taverneira do beership
que tem ali atrás. Vim pra cá por causa do trabalho também. — O gnomo não foi de fazer muita cerimônia, ele só
disse que o nome dele era “Luhian” alguma porra que eu nem lembro agora.
Ele, por outro lado, foi um dos que mais me ajudou ali. Ele logo achou uma lua próxima que dava pra
gente aportar, mas a viagem ainda ia tomar umas duas horas. No meio do caminho, botei aquela musiquinha calma
pra tocar, pra acalmar os nervos, mas descanso de pobre dura é pouco. “Tavamo” lá tranquilos e ligaram no
comunicador da polícia. Começaram com o mesmo papo de que queriam conversar e etc. Eu tava sem saco, tava já
mandando ir tomar naquele canto que pra cada raça é diferente, tava resmungando baixinho em tierfling pra ficar
difícil de ouvir e do nada brotam os caras com uma nave bem atrás da gente. Tive que mudar a abordagem,
banquei mais a vítima e disse que não ia negociar no QG porque não confiava neles.
A gente se encontrou numa praiazinha linda de cascalho na lua e fomos conversar. Não tinha sobrado
muita opção pra gente. Desceu da nave dois guarda-costas orc e um elfo pomposo. Todos de terno. Descemos de
um dos lados da praia enquanto os caras desceram do outro. Manter distância dessa gente é bom. Eu peguei, abri a
comporta da lateral da nave, abri o barzinho, armei uma mesa. Isso enquanto os caras vinham se aproximando.
Tirei uma bebida leve pra os orcs e uma água pra o elfo, que não bebe nada além daquele vinho caro (Que eu não ia
dar de graça nem fodendo) e chegou ele né. O papo foi bem curto, eu expliquei a situação pra ele. A cada palavra a
sobrancelha dele tentava fugir cada vez mais e eu só tentando fazer algum juízo da situação, tentando mostrar tanto
pelas palavras quanto pelo tom de voz que eu e meus atuais cúmplices éramos vítimas do acontecimento. Aí,
beleza, o cara inventa que vai na beira do mar ligar pra o supervisor e eu não deixo. Insisto que ele faça a ligação
ali, enquanto ta na minha frente (Vou dar distância pra eles atirarem na gente é?). O elfo liga, mesmo papo, conta a
história da gente. Aí ele fala no telefone “Ok, será feito...” e eu fiquei alerta. Ele desligou o telefone e antes que ele
pudesse tirar a mão do casaco eu desci o soco nele. A briga generalizou, o povo do meu grupo não tinha uma
pontaria muito boa, porque eu tomei dois tiros nas costas de graça. O elfo estava completamente nas drogas de
dizer: “Vou te quebrar na mão” e como consequência eu quebrei ele e meus amigos quebraram os orcs. Imobilizei o
elfo, ele acordou e começou a ficar desesperado. A gente mandou ele confessar o problema da situação e aí que
rolou algo estranho. A cabeça dele explodiu do nada. Melou minha roupa novinha de sangue (Não que fosse um
problema, era não era a única) e a gente pegou a nave dele.

Sabíamos que era rastreada, então não tomamos tempo. O povo teve uma ideia maluca, pra variar. Pegaram
um moi de granadas e amarraram no motor da nave. Colocando elas lá, o gnomozinho hardcore fez um dispositivo
baseado em tempo pra explodir a nave quando o reforço chegasse. A gente montou na Tuamãe e se escondeu na
floresta que ficava do lado. Chegou o tal reforço. Eu tava só esperando a treta se instalar pra poder sair correndo,
mesmo que não desse pra fugir tanto, íamos tentar.
Os próximos momentos foram uma bagunça tão doida que nem eu lembro direito. O que eu lembro é que
tinha uns drones que detectaram a nave, o pirralho conseguiu abater eles, aí quando eu decolei uma doida ruiva, que
em ocasiões diferentes eu teria chamado pra sair, pulou na Tuamãe com uma espada em mãos. Eu fui tentar subir.
Se alguém ia colocar as mãos nela era eu.
Aí a situação que se seguiu foi meio confusa. Ela começou a me chamar de assassina repetidamente. Por
mais que eu goste de brigar, não gosto de matar nem por acidente, nem por defesa própria nem por nada. Aquilo
estava me incomodando profundamente. Eu lembro que rolou um tiroteio lá em baixo e que enquanto isso tava eu
brigando pau a pau com a ruivinha no topo da nave. Tomou um tempo pra ela se tocar que não ia ganhar e quando
eu comecei a cansar ela decidiu enfiar alguma coisa no peito e me bater com mais força. Não que fizesse tanta
diferença. Chegou o lagartão, cuspiu fogo, chegou o pirralho deram tiro e fizeram os 2% do trabalho que eu não
consegui porque tava cansada.

Aí eu peguei ela pra ver se ela ainda tava viva, se possível ia ver a situação direito pra não deixar ela
achando que eu era má pessoa. Pra minha surpresa, ela era um robô. Algum tipo de robô simulado pra parecer um
humano. Juntando as peças meio que no automático eu pensei: “Dois anos sem memória... Tem um robô que parece
humano... Será?”. Eu acho que não... Eu espero que não na verdade. Puta merda, deus queira que não. A gente
pegou ela, levou pra a nave. Os reforços fugiram e a gente não tomou tempo. Saímos do planeta e fomos pra o
espaço-porto mais próximo. Precisávamos de reparos na nave, de peças novas, munição e etc. Ficou martelando na
minha cabeça “Assassina” o tempo todo.
Eu não sou assassina... Não é?

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