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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil

Professora Franciele Kühl

SUMÁRIO

1 CONHECIMENTOS INTRODUTÓRIOS: ................................................................................... 3


2 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS ............................................................ 4
3 DISPOSIÇÕES GERAIS: SISTEMA DE DIREITOS E GARANTIAS ......................................... 6
3.1 Criança e adolescente como sujeitos de direitos: .............................................................. 7
3.2 Direito à prioridade absoluta: .............................................................................................. 7
4 DIREITO FUNDAMENTAL: À VIDA E À SAÚDE (Arts. 7º a 14): .............................................. 9
5 DIREITO FUNDAMENTAL: À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (Art. 15 a 18-B):
..................................................................................................................................................... 12
6 DIREITO FUNDAMENTAL: À EDUCAÇÃO, CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER (Arts. 53
a 59) ............................................................................................................................................ 14
7 DIREITO FUNDAMENTAL: À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO (Art.
60 a 69): ...................................................................................................................................... 15
8 DIREITO FUNDAMENTAL: A PREVENÇÃO ESPECIAL (Arts. 70 a 85): ............................... 16
8.1 Da informação, cultura, lazer, esportes, diversão e espetáculos: .................................... 17
8.2 Produtos e Serviços .......................................................................................................... 18
8.3 Autorização para viajar: .................................................................................................... 19
9 DIREITO FUNDAMENTAL À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA (Art. 19 a 52): ... 22
9.1 Poder familiar .................................................................................................................... 22
9.2 Família natural .................................................................................................................. 26
9.3 Família extensa ou ampliada: ........................................................................................... 26
9.4 Família substituta: ............................................................................................................. 27
9.4.1 Da guarda: ..................................................................................................................... 28
9.4.2 Da tutela ......................................................................................................................... 28
9.4.3 Da adoção: ..................................................................................................................... 30
10 OUTROS PROCEDIMENTOS: .............................................................................................. 36
10.1 Perda ou suspensão do poder familiar: .......................................................................... 36
10.2 Colocação em família substituta: .................................................................................... 37
10. 3 Pedido de adoção com pais desconhecidos ou falecidos: ............................................ 38
10.4 Pedido de adoção que necessita da concordância dos pais biológicos: ....................... 41
10.5 Ação de destituição do poder familiar cumulada com pedido de adoção: ..................... 43
11 DO ACESSO À JUSTIÇA: ...................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 49

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01
CONHECIMENTOS INTRODUTÓRIOS:

A Constituição Federal representa o marco jurídico da redemocratização


do país, seu texto trouxe o ser humano e a preservação da sua dignidade como
pontos centrais da nova organização política e jurídica do Brasil. Tanto é, que a
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e a promoção do bem de todos
sem qualquer distinção ou discriminação (art. 3º, IV, CF) estão descritas nos
fundamentos e objetivos da Constituição.
A partir da promulgação da Constituição da República Federativa do
Brasil, em 05 de outubro de 1988, o processo de valorização dos direitos
humanos contou com o reconhecimento de novos sujeitos de direitos, pela
primeira vez, na história do país, homens e mulheres são juridicamente sujeitos
de direitos iguais, as pessoas indígenas ganharam capítulo próprio, e as crianças
e adolescentes passaram a ser tratadas como sujeitos de direito, principalmente
após a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 13 de
julho de 1990, onde, uma nova visão foi adotada sobre os direitos da criança e
do adolescente, passou-se a adotar a teoria da proteção integral. A teoria da
proteção integral assegura às crianças e aos adolescentes o reconhecimento de
direitos fundamentais vinculados ao status de prioridade absoluta. Considerando
sua situação de pessoa em condição peculiar de desenvolvimento, todas as
atenções devem estar voltadas à proteção de seus direitos fundamentais e que
devem ser assegurados pela família, sociedade e Estado (CUSTÓDIO; KÜHL,
2017, p. 189-190).

A doutrina da proteção integral está adotada expressamente no artigo 1º


do Estatuto. Importante destacar que a doutrina confere juridicidade aos direitos,
isto é, todos direitos assegurados são plenamente exigíveis pelo poder público,
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instituições e pelo indivíduo, que, mediante o direito de ação, poderá pleitear


determinado direito.

02 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS

A Proteção Integral está amparada na Constituição Federal, onde, os


artigos 227, 228 e 229 tratam dos direitos fundamentais de crianças e
adolescentes e dos deveres do Estado, da família e da sociedade com estes.
Prevalece no artigo 227, que é dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem:

Além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,


exploração, violência, crueldade e opressão. É dever, estabelecido
constitucionalmente, a punição severa ao abuso, violência e a exploração sexual
de criança e adolescentes (art. 227, §4º, CF).
A adoção será assistida pelo Poder Público, a partir das leis que
estabelecem os casos e as condições para efetivação, tanto da adoção por
brasileiros, quanto por estrangeiros (art. 227, §5º, CF).
O Estado deverá promover programas de assistência integral à saúde,
programas de prevenção e atendimento especializado para pessoas portadoras
de deficiência física, sensorial ou mental, que contarão com a aplicação de
percentual dos recursos públicos, assim como, disporá sobre normas de
construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de

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veículos de transporte coletivo, adequados às pessoas portadoras de deficiência


(§1º e 2º, do artigo 227, CF).
De acordo com o §3º, do artigo 227, da CF, O direito a proteção especial
abrangerá os seguintes aspectos:

Por fim, estabelece, no artigo 229, que os pais têm o dever de assistir,
criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Todos os direitos de crianças e adolescentes devem ser garantidos tanto
para filhos havidos ou não da relação do casamento e os adotados, que deverão
ter os mesmos direitos e qualificações, sem designações discriminatórias
relativas à filiação.

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03 DISPOSIÇÕES GERAIS: SISTEMA DE DIREITOS E GARANTIAS

Antes de falarmos sobre questões mais principiológicas, é necessário


estabelecermos a classificação de crianças e adolescentes, que será de acordo
com a sua idade:

O critério estabelecido pelo legislador é objetivo, CRIANÇAS são aquelas


de até 12 anos INCOMPLETOS, já os ADOLESCENTES, são aqueles de 12
anos até 18 anos INCOMPLETOS, em outras palavras, criança é o ser humano
até 11 anos completos e o adolescente é o ser humano de 12 anos completos
até 17 anos completos.
Além do Estatuto da Criança e do Adolescente, há também o Estatuto da
Juventude, regulado pela Lei 12.852/2013, que estabelece em seu artigo 1º, §§1º
e 2º, que são considerados jovens as pessoas com idade entre 15 a 29 anos de
idade, todavia, aplicando-se o ECA prioritariamente aos jovens de 15 a 18 anos
de idade.
Lembrando que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito
anos, os quais, estão sujeitos às normas da legislação especial (o Estatuto da
Criança e do Adolescente).

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Enunciado 530 da Jornada de Direito Civil: A emancipação, por si só, não


elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente.

3.1 Criança e adolescente como sujeitos de direitos:

De acordo com o artigo 3º, a criança e o adolescente gozam de todos os


direitos fundamentais inerentes à pessoa, sem prejuízo da proteção integral de
que trata o estatuto, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
A Lei 13.257/2016 (Marco legal da 1ª Infância), inseriu o parágrafo único,
no artigo 3º, reforçando que os direitos enunciados no Estatuto da Criança e do
Adolescente aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação
de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou
crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra
condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.
No mesmo sentido, o artigo 5º, reforça que é dever de todos prevenir que
qualquer criança ou adolescente seja vítima de alguma forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, devendo, nesses
casos, ser punido na forma da lei qualquer atentado aos direitos fundamentais,
seja por ação ou omissão.

3.2 Direito à prioridade absoluta:

O princípio da prioridade absoluta, está legalmente previsto no artigo 4º,


do estatuto, bem como, no artigo 227, da Constituição Federal:

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Crianças e adolescentes precisam ser o foco principal, tanto do Poder


Executivo, na destinação de verbas para amparo à família e à criança ou
adolescente em situação de risco, assim como, o Poder Legislativo precisam
priorizar a elaboração e votação de leis com prioridade total, e o Poder Judiciário
deve garantir que os processos que envolvem crianças e adolescentes sejam
céleres e que tenham juízes comprometidos (NUCCI, 2017, p.8).
Importante ressaltar que não há desrespeito à igualdade de todos, no
princípio da prioridade absoluta de crianças e adolescentes, muito pelo contrário,
“há sim o respeito pela diferença entre os sujeitos de direito, pois elas são a
própria exigência da igualdade. A igualdade por sua vez consiste em tratar,
igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais, na proporção que se
desigualam” (NUCCI, 2017, p. 9), não ferindo, portanto, o princípio da igualdade.
Ainda, importante mencionar o artigo 6º, do estatuto, o qual irá destacar
que a interpretação do estatuto deve levar em conta os fins sociais a que ela se
dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos
e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento. Essa interpretação, portanto, devem assegurar a proteção
integral e a prioridade absoluta.

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04 DIREITO FUNDAMENTAL: À VIDA E À SAÚDE (Arts. 7º a 14):

Em consonância com os princípios gerais de Direitos Humanos, adotados


pelos pactos internacionais, os direitos fundamentais à vida e à saúde, estão
contemplados expressamente no artigo 7º, que diz “A criança e o adolescente
têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência”.
Articulado com o direito de 1ª e 2ª dimensão:
Os direitos fundamentais de primeira dimensão, são os direitos civis e
políticos, inerentes à individualidade, referem-se ao direito à vida, à uma
nacionalidade, à liberdade de movimento, à liberdade religiosa, à liberdade
política, à liberdade de movimento, liberdade de opinião, o direito de asilo, à
proibição de tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante, à proibição
da escravidão, ao direito de propriedade e à inviolabilidade de domicílio,
vinculam-se ao princípio da liberdade (GORCZEVSKI, 2009, pp.132-133).
Os direitos de segunda dimensão estão ligados aos direitos sociais,
econômicos e culturais (Wolkmer, 2010, p. 16), vinculam-se ao princípio da
igualdade, exigem uma prestação positiva do Estado, o qual deve propiciar as
condições necessárias para que sejam desfrutados, como o direito ao trabalho,
a proteção contra o desemprego, assistência contra invalidez, direito de
sindicalização, direito à educação e cultura, à saúde, seguridade social, direito à
educação e ter um nível adequado de vida (GORCZEVSKI, 2009, pp.133-134).
Estão ligadas as determinações constitucionais específicas de aplicação
de percentual de recursos para a saúde na assistência materno-infantil e na
criação de programas para crianças e adolescentes com deficiência física,
mental ou sensorial (art. 227, §1º, I e II, CF).
O legislador preocupou-se em garantir os direitos da infância desde a fase
gestacional, incluindo o planejamento reprodutivo:

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A partir da lei da 1ª infância, a gestante tem direito a ter garantida sua


vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será
realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher (art. 8, ECA).
Essas mães terão asseguradas pelo poder público, assistência
psicológica, para prevenir o estado puerperal, assistência para aquelas que tem
interesse em entregar seus filhos para adoção e para auxiliar mães que estejam
em situação de privação de liberdade. O poder público, a partir da Lei n.
13.257/2016, deverá garantir à mulher com filho na primeira infância que se
encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que
atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o
acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente,
visando ao desenvolvimento integral da criança (Art. 8º, §§ 2, 4, 5 e 10, ECA).
Em relação às mulheres que desejam entregar seus filhos para adoção,
estas serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da
Infância e da Juventude, de acordo com o artigo 13, §1º, do ECA.
Quando as garantias de aleitamento materno, o artigo 9º, do ECA, traz
que o poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições
adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a
medida privativa de liberdade. Ainda, os serviços de unidades de terapia
intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de
coleta de leite humano (Art. 9º, §2º, ECA).
O art. 7º-A do Estatuto da Advocacia, Lei n. 8.906/94 e o art. 313 do CPC,
passou a garantir a advogada gestante, lactante ou adotante os seguintes
direitos:

Art. 7o-A. São direitos da advogada:


I - gestante:

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a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e


aparelhos de raios X.
b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver,
ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê;
III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem
das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada
dia, mediante comprovação de sua condição;
IV -adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais
quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por
escrito ao cliente.
§ 1o Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se
enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período
de amamentação.

Além do Estatuto da Advocacia, no Código de Processo Civil prevê no art.


313, inciso IX e X, que o processo fica suspenso durante o período do parto ou
pela concessão de adoção, se a advogada constituir única patrona da causa.
Mesma regra aplica-se aos advogados que se tornam pais.
Outras ampliações às garantias de direitos fundamentais como a saúde,
trazidas pela Lei da 1ª Infância, cabe destacar os §§1º e 2º, do artigo 11, o qual
reforça a garantia de atendimento sem discriminação ou segregação de crianças
e adolescentes com deficiência e o dever de oferecer gratuitamente:
medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes. Nesse
sentido, a obrigação de promover assistência médica, odontológica e vacinação,
de acordo com o artigo 14, §§2º e 3º, ECA.
Ainda quanto ao direito à vida e a saúde, importante observar e
compreender a redação do artigo 13, §2º, ECA, também uma inovação trazida
pela lei da 1ª Infância, na qual reflete o princípio da prioridade absoluta, dando
ênfase às crianças da primeira infância (até os 6 anos de idade), quando forem
vítimas de qualquer tipo de violência, deverão ser atendidas pelos órgãos da
rede de garantias de direitos, de forma prioritária.

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DIREITO FUNDAMENTAL: À LIBERDADE, AO RESPEITO E À


05
DIGNIDADE (Art. 15 a 18-B):

O capítulo II do Estatuto da Criança e do Adolescente, traz em sua


redação que as crianças e os adolescentes têm direito à liberdade, ao respeito
e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição Federal
e nas leis esparsas, assim como, nos tratados internacionais.
O direito à liberdade, de acordo com o artigo 16, ECA, corresponde:

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Os artigos 18-A e 18-B, do ECA, foram introduzidos pela Lei n.


13.010/2014, inovação legislativa para estabelecer o direito da criança e do
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de
tratamento cruel ou degradante. Nos casos de suspeita ou confirmação de
castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança
ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar (art.
13, caput, ECA), que deverá tomar as providencias necessárias, sob pena de
sanções, caso não faça a notificação (art. 245, ECA).
Em suma, os artigos tratam do direito de ser educado sem o uso de
castigo físico e tratamento cruel ou degradante, como formas de correção.
Especificando, ainda, qual o entendimento sobre cada um deles:

a) CASTIGO FÍSICO: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com


o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em:
 sofrimento físico.
 lesão.

b) TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: conduta ou forma cruel de


tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:
 humilhe.
 ameace gravemente.
 ridicularize.

Além disso, é dever dos pais, integrantes da família ampliada,


responsáveis, agentes públicos ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
crianças e adolescentes, de trata-los, educa-los ou protege-los de castigo físico
ou tratamento cruel ou degradante, como forma de correção, disciplina, estando
sujeitos às sanções pelo Conselho Tutelar, como (art. 18-B):
a) encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família.
b) encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico.
c) encaminhamento a cursos ou programas de orientação.
d) obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado.
e) advertência.

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DIREITO FUNDAMENTAL: À EDUCAÇÃO, CULTURA, AO


06
ESPORTE E AO LAZER (Arts. 53 a 59)

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho. O artigo 53, inciso V, do ECA assegura o acesso
à escola pública e gratuita próxima de sua residência, e o artigo 54, do ECA,
elenca rol de deveres do Estado, dentre os quais:
a) de ensino fundamental, obrigatório e gratuito (para qualquer idade e
como oferecimento de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde).
b) ensino médio.
c) ensino educacional especializado aos portadores de deficiência.
d) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos.
e) oferta de ensino noturno.
f) de acesso ao ensino mais elevado, da pesquisa e criação artística.

Os pais ou responsáveis são obrigados a matricular seus filhos ou pupilos


no ensino regular. Os pais podem contestar critérios avaliativos, organizar e
participar de entidades estudantis, de forma democratizada.
Aos educadores e dirigentes de estabelecimento de ensino, cabe o dever
de comunicar maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas, evasão escolar,
elevados níveis de repetência, segundo o artigo 56, do ECA.
Além disso, conforme Art. 58, no processo educacional respeitar-se-ão os
valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e
do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às
fontes de cultura. E os municípios, com apoio dos estados e da União,
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações
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culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude, conforme


artigo 59, do ECA.
De acordo com a jurisprudência, é possível solicitar reparação moral, se
evidenciar elementos constitutivos da responsabilidade civil do Estado em
decorrência da negligência de servidores, quando não tomam providências
necessárias para impedir a prática de bullying dentro da escola (Lei
13.185/2015).

DIREITO FUNDAMENTAL: À PROFISSIONALIZAÇÃO E À


07
PROTEÇÃO AO TRABALHO (Art. 60 a 69):

O direito à profissionalização e ao trabalho protegido estão assegurados


somente para os adolescentes. Isto porque, o trabalho infantil é proibido,
mas o trabalho do adolescente é permitido, desde que atenda alguns critérios.

O artigo 60, do ECA, possui uma redação confusa, traz em sua redação
que “é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo
na condição de aprendiz”, essa redação nos faz pensar que é possível o trabalho
antes dos quatorze anos, se for na condição de menor aprendiz, mas esse NÃO
é o entendimento correto! A partir da leitura do artigo 7º, inciso XXXIII, da
Constituição Federal, podemos perceber que a idade mínima é de 14 anos,
trabalho na condição de aprendiz, sendo que crianças e adolescentes até 14
anos incompletos NÃO PODEM TRABALHAR:

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DIREITO FUNDAMENTAL: A PREVENÇÃO ESPECIAL (Arts. 70 a


08
85):

Trata-se do sistema de prevenção, atribuindo individualmente,


coletivamente e ao Estado, o dever de prevenir a ocorrência de ameaça, riscos
iminentes e futuros, de violação de direitos de crianças e adolescentes (art. 70,
do ECA).
O ECA estipula medidas preventivas relativas a informação, cultura, lazer,
esportes, diversões e espetáculos (art. 74 a 80), a produtos e serviços (art. 81 e
82) e a viagens de crianças e adolescentes (art. 83 a 85).
É da União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, o dever de
agir de forma articulada e com integração dos órgãos do Poder Judiciário,
Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, os Conselhos de
Direitos da Criança e dos Adolescentes e entidades não governamentais, que
atuam na proteção e defesa de direitos, de articular políticas públicas e executar
ações destinada a promoção de campanhas educativas, formação e capacitação
de profissionais da saúde, educação e da assistência social.
Também, promove pela articulação dos órgãos públicos e da sociedade
na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir
o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas
não violentas de educação de crianças e adolescentes (ZAPATER, 2017,
p.1008), conforme o artigo 70-A e incisos, do ECA, incluído através da Lei n.
13.010/2014.

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8.1 Da informação, cultura, lazer, esportes, diversão e espetáculos:

O poder público é responsável por regular as diversões e espetáculos


públicos, informando em lugar de visível e fácil acesso, a natureza, local, horário
e a faixa etária que poderá assistir ou participar (art. 74, do ECA). Sendo que,
crianças menores de 10 anos deverão estar sempre acompanhadas dos pais ou
responsáveis.
Compete a autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou
autorizar, mediante alvará:

Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de


portaria, ou autorizar, mediante alvará:
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
desacompanhado dos pais ou responsável, em:
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
b) certames de beleza.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará
em conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;
b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de freqüência habitual ao local;
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou freqüência de
crianças e adolescentes;
f) a natureza do espetáculo.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser
fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter
geral.

As emissoras de rádio e televisão devem respeitar horários


recomendados para público infantil, sendo que nada poderá ser apresentado ou
anunciado sem o aviso prévio da classificação etária. Essa regra aplica-se aos
proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem a
venda ou aluguel de fitas/revistas/CD’s/DVD’s/ ou qualquer tipo de material,
cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação
atribuída pelo órgão competente.
As classificações são regulamentadas pela Portaria n. 1220/2007, do
Ministério da Justiça, que tem como base nos critérios para classificação as
cenas de sexo e violência.

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Desrespeitadas as determinações acima, incorre em sanções


estabelecidas pelo artigo 258, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

8.2 Produtos e Serviços

É proibida a venda às crianças e adolescentes, de armas, munições,


explosivos, bebidas alcoólicas, produtos que possam causar dependência física
ou psíquica, fogos de estampido e de artifício (exceto de reduzido potencial
ofensivo), revistas e publicações inadequadas, bilhetes lotéricos e equivalente,
segundo o artigo 81, do ECA.
O artigo 82, do ECA, traz que é proibida a hospedagem de criança ou
adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. Autorização simples,
não precisa ser por firma reconhecida. Nem se aplica a regra de autorização pelo
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outro pai (como nos casos de viagem). Portanto, veda-se hospedagem em


hotéis, motéis, pensões e estabelecimentos congêneres para evitar problemas
como a fuga de casa, sequestro, prática de sexo não autorizado, encontros
ocultos, para preservar a dignidade sexual de pessoas menores de 18 anos,
evitando, assim, o estupro de vulnerável ou o comércio sexual de crianças e
adolescentes.
A infração a essa regra importa em sanção administrativa, conforme o
artigo 250, do ECA, com pena de multa, no caso de reincidência, além da multa
o estabelecimento poderá ser fechado até 15 dias, e se comprovada a
reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será
definitivamente fechado e terá sua licença cassada.

8.3 Autorização para viajar:

Nenhuma criança pode viajar para fora da comarca onde reside,


desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
Essa autorização, em território NACIONAL somente não será necessária
quando:
a) Tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
comprovado documentalmente o parentesco: esse documento
deve ser original, ou seja, cópia simples de certidão de
nascimento não é válida, sendo ilícito a alegação de
desconhecimento dessa regra.
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
responsável.
A autoridade judiciária pode conceder autorização válida até dois anos.
Em se tratando de viagem para o EXTERIOR, mesmo que acompanhada
de um adulto estrangeiro residente ou domiciliado no exterior, a autorização dos
pais, responsáveis ou do judiciário, é OBRIGATÓRIA, sendo dispensável
somente quando a criança ou o adolescente:
a) estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
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b) viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro


através de documento com firma reconhecida.
c) Se desacompanhado ou em companhia de terceiros maiores e capazes,
designados pelos genitores, desde que haja autorização de ambos os
pais, com firma reconhecida, conforme Resolução 131/2011 do CNJ. A
resolução também fala de que se a criança ou adolescente for residente
do exterior, para voltar, terá que apresentar também o atestado de
residência, emitido por repartição consular brasileira há menos de dois
anos.
Nestes casos, dos artigos 83, 84 e 85, se uma empresa de ônibus ou
avião, por exemplo, transportar uma criança acompanhada de ascendente, mas
sem a documentação que comprova o parentesco, estará incorrendo em ilícito
administrativo previsto no artigo 251, do ECA, aplicando-se multa. Esta norma
tem por finalidade evitar o tráfico estrangeiro de crianças e adolescentes, como
as adoções irregulares.

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Quadro comparativo:

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DIREITO FUNDAMENTAL À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E


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COMUNITÁRIA (Art. 19 a 52):

As concepções de convivência familiar e comunitária tiveram grandes


mudanças a partir de promulgação da Constituição Federal de 1988. Durante a
vigência da Constituição Federal de 1967, família era somente aquela
constituída através do casamento, sendo ele indissolúvel. O Código Civil de
1916, que vigorou até 2002, previa que era legítimo somente os filhos
concebidos no casamento, autorizado, porém, o reconhecimento voluntário,
salvo se quanto a filhos “adulterinos ou incestuosos”, cujo reconhecimento de
filiação era vedado (o que, posteriormente, foi revogado pela Lei de Investigação
de Paternidade).
A Constituição Federal de 1988, confere maior ênfase aos laços de
consanguinidade e afetividade, do que ao casamento, além disso, adota-se a
isonomia entre filhos havidos na constância do casamento e filhos havidos fora
do casamento, sendo vedada qualquer discriminação, segundo o artigo 227,
§6º, da CF.
O atual entendimento é que a filiação passa a ser entendida como relação
de parentesco de 1º grau e não mais vinculado ao casamento, tanto de natureza
consanguínea (geração biológica), quanto a civil (por adoção), e seu
reconhecimento passa a ser personalíssimo, indisponível e imprescritível,
que pode ser oposto contra pais e herdeiros, indiferente se havidos fora ou
dentro do casamento, possuindo os mesmos direitos, observado apenas o
segredo de Justiça, segundo os artigos 20, 26 e 27, do ECA.

9.1 Poder familiar

O poder familiar pode ser considerado como o direito/função/dever dos


pais ou responsáveis, em relação aos deveres pessoais e patrimoniais com
relação ao filho não emancipado, que deve ser exercido com observância do
princípio do melhor interesse deste (ZAPATER, 2017, p. 1004). Segundo o
artigo 21, do ECA, o poder familiar será exercido, em igualdade de condições,
pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a

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qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade


judiciária competente para a solução da divergência.
Segundo o artigo 1.634, compete aos pais:

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto
aos filhos:
I - dirigir-lhes a criação e a educação.
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art.
1.584;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao
exterior;
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua
residência permanente para outro Município;
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o
outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o
poder familiar.
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis)
anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em
que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios
de sua idade e condição.

No Código Civil de 1916, estipulava-se o pátrio poder e não o poder


familiar, o pátrio poder seria exercido pelo marido, sendo a mulher mera
colaboradora, prevalecendo a decisão do pai em caso de divergência entre
ambos. A expressão “poder familiar” substituiu a expressão “pátrio poder” no
Estatuto da Criança e do Adolescente, a partir da Lei n. 12.010/2009, todavia,
esse apenas foi um reflexo do reconhecimento de igualdade de direitos entre
mulher e homens, previsto na Constituição Federal de 1988 e da alteração do
Código Civil de 2002.

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São deveres impostos ao poder familiar, tanto para família natural, família
extensa ou ampliada e a família substituta:
a) Dever de sustento: provisão de subsistência material, se estiver
estudando em ensino superior, aplica-se por analogia as regras
previdenciárias e tributárias, que fixam idade final como dependência os
vinte e quatro anos de idade (art. 77, §2º, da Lei n. 3.000/1999).
b) Dever de guarda: direito ao filho de conviver com os pais.
c) Dever de educação: abrange a educação formal, para instrução básica
e a familiar (de crenças e cultura).

É direito da criança e do adolescente permanecer no seio familiar,


excepcionalmente ocorrerá a suspensão ou destituição do poder familiar. O
Estatuto da Criança e do Adolescente prevê o acolhimento institucional (que
substituiu o termo “abrigamento”, de criança e adolescentes que tiveram seus
direitos violados e necessitam ser afastados temporariamente da convivência
familiar.
A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento
institucional não se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente
fundamentada pela autoridade judiciária, é o que trata o artigo 19 e parágrafos,
do ECA. Esse recolhimento passará por reavaliação no prazo de seis meses,
sendo que a manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua
família terá preferência em relação a qualquer outra providência.
A perda ou suspensão do poder familiar se dá por decretação judicial, em
procedimento contraditório, nos casos previstos da legislação civil (art. 14, ECA).
Vejamos, de acordo com o Código Civil:

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a) Extinção do poder familiar:

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:


I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

b) Perda poder familiar:


Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.

c) Suspensão poder familiar:


Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos
deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz,
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo
o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao
pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja
pena exceda a dois anos de prisão.

O filho que não for reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo
da mãe e se esta não for reconhecida ou capaz de exercer o poder familiar, será
nomeado tutor ao menor (Art. 1.33, CC).

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9.2 Família natural

Entende-se por família natural,


segundo o artigo 25, caput, do ECA,
a comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes,
isto é, corresponde ao parentesco
biológico.
As recentes alterações advindas das Leis n. 12.962/2014 e n.
13.257/2016, que alteraram a redação de alguns artigo do ECA, asseguraram
que a carência de recursos materiais (art. 23), a dependência de substâncias
entorpecentes ou a condenação criminal, com cumprimento de pena privativa de
liberdade, do pai ou da mãe, salvo se for contra o próprio filho(a) (art. 23, §2º),
não implicam, por si só, na destituição do poder familiar. A perda ou suspensão
do poder familiar só podem ser decretadas judicialmente, respeitado o
contraditório e somente nas hipóteses previstas no Código Civil e se forem
injustificadamente descumpridos os deveres de sustento, guarda e educação
(art. 24, do ECA).

9.3 Família extensa ou ampliada:

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9.4 Família substituta:

A colocação em família
substituta ocorre em três
modalidades: através da guarda,
tutela ou da adoção, todas elas estão
condicionadas a decisão judicial,
sendo, em todos os casos, analisado
se a família substituta possui compatibilidade com a natureza da medida e se
oferece ambiente familiar adequado, segundo os artigos 28 e 29, do ECA.
Considerando o profundo impacto que a colocação em família substituta
causa, o Estatuto determina, que sempre que possível a criança será
previamente ouvida por equipe interprofissional, tratando-se de maior de 12 anos
de idade, portanto, adolescente, será necessário o consentimento obrigatório,
conforme artigo 28, §§1º e 2º, do ECA. Além disso, deve ser apreciado o
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, afim de preservar o melhor
interesse. Os grupos de irmãos não serão separados, via de regra, salvo
situações excepcionais de solução diversa, plenamente justificados, evitando o
rompimento definitivo de qualquer modo.
O estatuto procura ainda considerar a diversidade cultural, em se tratando
de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade
remanescente de quilombo. Respeitando a identidade social e cultural, costumes
e tradições, prevalecendo a colocação familiar prioritariamente no seio de sua
comunidade ou junto a membros da mesma etnia. No caso de crianças
indígenas, estas, deverão ter acompanhamento de antropólogos e de agentes
da FUNAI.
A colocação em família substituta estrangeira constitui medida
excepcional, somente admissível na modalidade de adoção, segundo o artigo
31, do ECA.
No caso da gestante que manifesta interesse em entregar seu filho para
adoção, deverá ser encaminhada para Justiça da Infância e da Juventude (Art.
19-A, ECA), não havendo um representante da família extensa apto para receber
a guarda da criança, a autoridade judiciária deverá decretar a extinção do poder
familiar e determinar a colocação da criança sob guarda provisória de quem
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estiver habilitado a adotá-la ou, então, de entidade de acolhimento familiar ou


institucional.

9.4.1 Da guarda:

Inicialmente cabe a nós lembrarmos que a guarda é um dos deveres


inerentes do poder familiar, assim, preferencialmente são os pais (da família de
origem) que detêm a guarda (ZAPATER, 2017, p. 1006).
A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional
à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais. Ela destina-se a regularizar a posse da criança ou
do adolescente, podendo ser concedida no final de uma ação judicial,
liminarmente ou incidentalmente, salvo nos casos de adoção estrangeira, que
não poderá ocorrer de forma liminar ou incidental, segundo o artigo 33, §1º, do
ECA.
Em regra, a guarda será utilizada para casos de tutela e adoção,
excepcionalmente para atender situações peculiares ou para suprir a falta dos
pais ou responsáveis, podendo o direito de representação ser para apenas
alguns atos determinados.
Ela confere a criança ou ao adolescente a condição de dependente para
qualquer fim, inclusive para fins previdenciários. Ela não impede o direito de
visitas dos pais, ou o dever deles de prestar alimentos.
A guarda pode ser revogada a qualquer momento mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o Ministério Público, segundo o artigo 35, do ECA.

9.4.2 Da tutela

A tutela pode ser deferida a pessoa até 18 anos de idade, ela pressupõe
a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica,
necessariamente o dever de guarda.
O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, tem o
prazo de 30 dias após a abertura da sucessão, para ingressar com o pedido de
tutela, sendo que nesse pedido será avaliada a vontade do tutelando e também

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se não existe outra pessoa em melhores condições para assumir. A tutela está
subordinada as regras do artigo 24, do ECA e também dos artigos 1.728 a 1.734
do Código Civil.

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9.4.3 Da adoção:

A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer


apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou
adolescente na família natural ou extensa, atribui a condição de filho ao adotado,
análoga à do parentesco biológico, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
sucessórios, desligando o adotado de qualquer vínculo com pais e parentes,
segundo os artigos 39, §1º, e 40, do ECA.
É vedada a adoção por procuração, ela ocorre somente pela via judicial,
sendo observados os interesses do adotando. A criança ou adolescente deve
contar com no máximo 18 anos de idade, salvo se já estiver sob a guarda ou
tutela dos adotantes.
Segundo o artigo 41, §1º, do Eca, se um dos cônjuges ou concubinos
adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

Quem pode adotar? Os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do


estado civil, com 16 anos de diferença entre adotante e adotado.

Quem não pode adotar? Os ascendentes e os irmãos do adotando e quem tiver


menos de 16 anos de diferença do adotado.

Divorciado, separado e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente?


Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar
conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e
desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período
de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e
afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
excepcionalidade da concessão.

É possível a guarda compartilhada? Conforme §2º, do artigo 42, do ECA e


artigo 1.583 e seguinte do Código Civil, é possível a aguarda compartilhada,
salvo se houve a perda do poder familiar. A guarda compartilhada corresponde

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a responsabilização conjunta do exercício de direitos e deveres do pai e da mãe


que não vivem sob o mesmo teto (NUCCI, 2017, p. 186).

E se o adotante falecer no curso do processo de adoção? A adoção poderá


ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a
falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.

Preferência na adoção:
1) Brasileiros, residentes no país.
2) Brasileiros, residentes no exterior.
3) Estrangeiros, residentes no exterior.

É possível a adoção unilateral? Sim, é possível a adoção de um cônjuge ou


companheiro, por exemplo, se Joana é filha adotada de Maria, a qual inicia uma
união estável com João, este poderá adotar unilateralmente, Joana, ainda que
Maria e João terminem o relacionamento, sendo o desejo de João e Joana,
poderá haver a adoção unilateral, pois já houve a convivência familiar deles e há
a existência de vinculo. Neste caso, Maria e João deverão acordar sobre a
guarda.

A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal


do adotando (art. 45), isto é, ela não poderá ser forçada, esse consentimento só
será dispensado se os pais forem desconhecidos ou se ocorreu a destituição do
poder familiar. Lembrando que o maior de 12 anos tem direito de consentir com
a adoção.
A adoção será precedida de estágio de convivência, pelo prazo máximo
de 90 dias (podendo ser prorrogado por prazo igual), o qual pode ser dispensado

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se o adotado estiver sob a tutela ou guarda legal tempo suficiente para que tenha
sido averiguada a conveniência da constituição de vínculo (art. 46 e seus
parágrafos).
Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora
do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no
máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única
vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária
O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional
a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, será cumprido no território
nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer
hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da criança.

O adotado, após completar 18 anos de idade, tem direito de conhecer sua


origem biológica, bem como, ter acesso irrestrito ao processo de adoção, sendo

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assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica, conforme artigo 48


e parágrafo único, do ECA.
A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais,
segundo artigo 48 e parágrafo único, do ECA.
Cabe a autoridade judiciária manter na comarca ou foro regional, o
registro de crianças e adolescente e pessoas aptas para adotar e serem
adotadas. A inscrição será orientada pela equipe técnica da Justiça da Infância
e da Juventude (art. 50 e parágrafos, do ECA).
O Estatuto também prevê a criação e implementação de cadastros
estaduais e a nível nacional, de crianças e adolescentes e postulantes à adoção.
Para casais estrangeiros, o cadastro será distinto, e somente serão consultados
na ausência de casais nacionais habilitados (brasileiros residentes no exterior
terão preferência aos estrangeiros).
Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a
criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado
sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar (§11, art.
50, do ECA).

Crianças com deficiência, doença crônica ou necessidades específicas de


saúde tem prioridade no cadastro de adoção.

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A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a


170 desta Lei, os países devem ser ratificantes da Convenção de Haia1, com as
seguintes adaptações: a habilitação deve na Autoridade Central em matéria de
adoção do país onde reside, a qual deverá emitir relatório sobre aptidão e enviará
para a Autoridade Central Estadual, com cópia para Autoridade Central Federal
Brasileira, a Autoridade Central Estadual poderá exigir complementações, de
posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido
de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se
encontra a criança ou adolescente.
As autoridades do Brasil devem analisar o pedido e emitir, com validade
de um ano, o laudo de habilitação para adoção. Todo esse processo poderá ser
intermediado por organismos credenciados, cadastrados pelo Departamento de
Polícia Federal e aprovados pela Autoridade Central Federal Brasileira.
Após o trânsito em julgado da decisão que concede a adoção é expedido
o alvará de autorização de viagem do adotando.

1 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é o responsável por coordenar e regulamentar a


aplicação da Convenção da Apostila da Haia no Brasil, que entra em vigor em agosto de 2016.
O tratado, assinado no segundo semestre de 2015 pelo Brasil, tem o objetivo de agilizar e
simplificar a legalização de documentos entre os 112 países signatários, permitindo o
reconhecimento mútuo de documentos brasileiros no exterior e de documentos estrangeiros no
Brasil.

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10 OUTROS PROCEDIMENTOS:

O procedimento para perda ou suspensão do poder familiar e para


colocação em família substituta estão regulados pelos artigos 155 a 170, do
ECA.

10.1 Perda ou suspensão do poder familiar:

Pode ser iniciado pelo Ministério Público, pelos pais, ou qualquer pessoa
que tenha interesse, como um membro da entidade familiar. Ao receber a petição
inicial. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério
Público, decretar a suspensão do pátrio poder familiar, liminar ou
incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade (art.
157, ECA).
O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e
vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do
poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o adolescente com
vistas à colocação em família substituta. A sentença que decretar a perda ou a
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento
da criança ou do adolescente.
De acordo com o artigo 156, a petição deve conter (além daqueles
requisitos estipulados no 319 e 320 do CPC):
I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do
requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por
representante do Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de
testemunhas e documentos.

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O requerido é citado no prazo de 10 dias, para oferecer resposta escrita,


indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de
testemunhas e documentos (art. 158, ECA).
Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista ao MP, por
cinco dias, salvo se este for o requerente, designando desde logo a audiência de
instrução e julgamento (art. 162, ECA). Na audiência, serão ouvidas as
testemunhas, colhe-se oralmente o parecer técnico, salvo se apresentado
anteriormente por escrito, manifesta-se o requerente, o requerido e o MP, pelo
tempo de 20 minuto cada um, prorrogáveis por mais 10 minutos. A decisão
deverá ser proferida na audiência ou, então, a autoridade irá designar sua leitura
no prazo máximo de cinco dias.

10.2 Colocação em família substituta:

O procedimento para colocação de criança ou adolescente em família


substituta é instaurado por petição inicial ajuízada por quem tiver interesse. A
inicial poderá conter pedido de guarda provisória e nos pedidos de adoção o
requerimento para a determinação do estágio de convivência (art. 167, do ECA).

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O juiz requererá a realização de estudo social, ou perícia por equipe de


profissionais interprofissional, para decidir sobre a concessão de guarda
provisória, ou no caso de adoção, pelo estágio de convivência. A colocação de
criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de
acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por
este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.

10. 3 Pedido de adoção com pais desconhecidos ou falecidos:

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL


DA COMARCA DE....

OU

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA


INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE... (se o enunciado trouxer a
informação de que existe vara especializada da infância e juventude)

AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão...,


portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e AUTORA,
nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula
de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico...,
residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB...,
endereço eletrônico... e endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 165 e seguintes do Estatuto da Criança e
do Adolescente e no artigo 1.618 do Código Civil, propor a presente AÇÃO DE
ADOÇÃO, de NOME DO ADOTADO, nacionalidade..., data de nascimento,

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estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade


nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas:

1. DOS FATOS:
Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da
ação, conforme problema fornecido pela FGV.

2. DO DIREITO:
Trazer a fundamentação legal da ação.

3. DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Autor:

a) O recebimento da presente demanda;

b) A tramitação preferencial do presente feito, tendo em vista o artigo 1.048,


inciso II, do Código de Processo Civil e artigo 47, §9º, do Estatuto da Criança e
do Adolescente.

c) O benefício da gratuidade da justiça, por ser o Autor pessoa pobre nos termos
da lei, consoante previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil,
conforme declaração anexa (se o enunciado trouxer informações para esse
pedido, lembrando que nas ações que tramitam na Justiça da infância não
possuem custo, isto é, são isentas de custas e emolumentos, segundo o §2º, do
artigo 141 do ECA).

d) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a
adoção de NOME DO ADOTADO.

Ou

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d) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a
adoção de NOME DO ADOTADO, dispensando-se o estágio de convivência em
razão da criança já residir com os requerentes há longo tempo (de acordo com
as informações do enunciado).

e) A intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o


feito;

f) A produção de todos os meios de provas permitidos em direito, em especial...


(o candidato deverá analisar se enunciado fala sobre provas documentais,
testemunhas, perícia social e psicológica, etc.).

g) Expedição de mandado para o Cartório de Registro Civil desta Comarca, para


cancelar o registro original do adotado e que seja lavrado novo registro contendo
o nome dos adotantes como pais, bem como, de seus ascendentes e que, o
adotado, passará a se chamar FULANO DE TAL, segundo artigo 47, §§1º, 2º e
5º do ECA.

h) A oitiva da criança ou adolescente, para que manifeste sobre sua


concordância, ou não, com o pedido de adoção dos autores, consoante artigo
28, §1º, do ECA.

Valor da causa: Dá a causa o valor de R$...

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., Data...
Advogado...
OAB...

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10.4 Pedido de adoção que necessita da concordância dos pais biológicos:

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL


DA COMARCA DE....

OU

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA


INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE... (se o enunciado trouxer a
informação de que existe vara especializada da infância e juventude)

AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão...,


portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e AUTORA,
nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula
de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico...,
residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB...,
endereço eletrônico... e endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 165 e seguintes do Estatuto da Criança e
do Adolescente e no artigo 1.618 do Código Civil, propor a presente AÇÃO DE
ADOÇÃO, de NOME DO ADOTADO, nacionalidade..., data de nascimento,
estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade
nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., em face de

NOME DO RÉU (pai biológico), nacionalidade..., estado civil..., união


estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF
sob nº..., e NOME DA RÉ (mãe biológica), nacionalidade..., estado civil..., união
estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF
sob nº..., com endereço eletrônico..., residentes e domiciliados na Rua..., nº...,

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Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões de fato e de direito a seguir


expostas:

1. DOS FATOS:
Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da
ação, conforme problema fornecido pela FGV.

2. DO DIREITO:
Trazer a fundamentação legal da ação.

3. DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Autor:

a) O recebimento da presente demanda;

b) A tramitação preferencial do presente feito, tendo em vista o artigo 1.048,


inciso II, do Código de Processo Civil e artigo 47, §9º, do Estatuto da Criança e
do Adolescente.

c) O benefício da gratuidade da justiça, por ser o Autor pessoa pobre nos termos
da lei, consoante previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil,
conforme declaração anexa (se o enunciado trouxer informações para esse
pedido, lembrando que nas ações que tramitam na Justiça da infância não
possuem custo, isto é, são isentas de custas e emolumentos, segundo o §2º, do
artigo 141 do ECA).

d) Citação dos requeridos para que compareçam em audiência a ser designada


pelo Juízo, onde deverão ratificar, ou não, sua concordância com o pedido de
adoção.

e) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a
adoção de NOME DA ADOTADA.

Ou
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d) A total procedência da ação com o fim de que seja concedida aos autores a
adoção de NOME DO ADOTADO, dispensando-se o estágio de convivência em
razão da criança já residir com os requerentes (de acordo com as informações
do enunciado).

e) A intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o


feito;

f) A produção de todos os meios de provas permitidos em direito, em especial...


(o candidato deverá analisar se enunciado fala sobre provas documentais,
testemunhas, perícia social e psicológica, etc.).

g) Expedição de mandado para o Cartório de Registro Civil desta Comarca, para


cancelar o registro original do adotado e que seja lavrado novo registro contendo
o nome dos adotantes como pais, bem como, de seus ascendentes e que, o
adotado, passará a se chamar FULANO DE TAL, segundo artigo 47, §§1º, 2º e
5º do ECA.

h) A oitiva da criança ou adolescente, para que manifeste sobre sua


concordância, ou não, com o pedido de adoção dos autores, consoante artigo
28, §1º, do ECA.

Valor da causa: Dá a causa o valor de R$...

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., Data...
Advogado...
OAB...

10.5 Ação de destituição do poder familiar cumulada com pedido de


adoção:

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL


DA COMARCA DE....

OU

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA


INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE... (se o enunciado trouxer a
informação de que existe vara especializada da infância e juventude)

AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão...,


portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., e AUTORA,
nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula
de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico...,
residentes e domiciliados na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB...,
endereço eletrônico... e endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 155ª 163 do Estatuto da Criança e do
Adolescente e nos artigos 1.618 e 1.638 do Código Civil, propor a presente
AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR CUMULADA COM AÇÃO DE
ADOÇÃO, de NOME DO ADOTADO, nacionalidade..., data de nascimento,
estado civil..., união estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade
nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., em face de

NOME DO RÉU (pai biológico), nacionalidade..., estado civil..., união


estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF
sob nº..., e NOME DA RÉ (mãe biológica), nacionalidade..., estado civil..., união
estável..., profissão..., portador da Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF
sob nº..., com endereço eletrônico..., residentes e domiciliados na Rua..., nº...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:

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1. DOS FATOS:
Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da
ação, conforme problema fornecido pela FGV.

2. DO DIREITO:
Trazer a fundamentação legal da ação.

3. DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Autor:

a) O recebimento da presente demanda;

b) A tramitação preferencial do presente feito, tendo em vista o artigo 1.048,


inciso II, do Código de Processo Civil e artigo 47, §9º, do Estatuto da Criança e
do Adolescente.

c) O benefício da gratuidade da justiça, por ser o Autor pessoa pobre nos termos
da lei, consoante previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil,
conforme declaração anexa (se o enunciado trouxer informações para esse
pedido, lembrando que nas ações que tramitam na Justiça da infância não
possuem custo, isto é, são isentas de custas e emolumentos, segundo o §2º, do
artigo 141 do ECA).

d) A total procedência da ação com o fim de que seja declarada a destituição do


poder familiar dos réus em relação à criança ou adolescente e que seja
concedida aos autores a adoção de NOME DO ADOTADO.

Ou

d) A total procedência da ação com o fim de que seja declarada a destituição do


poder familiar dos réus em relação à criança ou adolescente e que seja
concedida aos autores a adoção de NOME DO ADOTADO, dispensando-se o

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estágio de convivência em razão da criança já residir com os requerentes há


longo tempo (de acordo com as informações do enunciado).

e) A intimação do representante do Ministério Público para que acompanhe o


feito;

f) A produção de todos os meios de provas permitidos em direito, em especial...


(o candidato deverá analisar se enunciado fala sobre provas documentais,
testemunhas, perícia social e psicológica, etc.).

g) Expedição de mandado para o Cartório de Registro Civil desta Comarca, para


cancelar o registro original do adotado e que seja lavrado novo registro contendo
o nome dos adotantes como pais, bem como, de seus ascendentes e que, o
adotado, passará a se chamar FULANO DE TAL, segundo artigo 47, §§1º, 2º e
5º do ECA.

h) A oitiva da criança ou adolescente, para que manifeste sobre sua


concordância, ou não, com o pedido de adoção dos autores, consoante artigo
28, §1º, do ECA.

Valor da causa: Dá a causa o valor de R$...

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., Data...
Advogado...
OAB...

11 DO ACESSO À JUSTIÇA:

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É garantido a toda criança e adolescente o acesso à Defensoria Pública,


Ministério Público e ao Poder Judiciário, sendo que a assistência judiciária
gratuita será prestada sempre que necessário, através de defensor público ou
de advogado nomeado. Lembrando que as ações que acontecem pela Justiça
da Infância e Juventude são isentas de custas e emolumentos (art. 141, ECA).
A competência será determinada a partir dos critérios estabelecidos no
artigo 147, ECA:

Art. 147. A competência será determinada:


I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos
pais ou responsável.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do
lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão,
continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde
sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea
de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será
competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do
local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia
para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.

Aos procedimentos regulados pelo ECA são aplicados de forma


subsidiaria os elencados na legislação processual vigente, então algumas regras
são diferentes daquelas disposta no CPC, por exemplo:

Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se


subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual
pertinente.
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta
na tramitação dos processos e procedimentos previstos nesta Lei,
assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles
referentes.
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para
a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.509,
de 2017)

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a


procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária
poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
necessárias, ouvido o Ministério Público.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o fim de
afastamento da criança ou do adolescente de sua família de origem e
em outros procedimentos necessariamente contenciosos.

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O artigo 198, do ECA, determina que nas ações relativas a Justiça da


Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal do Código de Processo Civil
com as seguintes adaptações:

Ainda, caberá apelação das decisões proferidas com base no artigo 149
(que trata da competência da autoridade judiciária para disciplinar, autorizar
mediante alvará a entrada e permanência de criança ou adolescente
desacompanhados dos pais ou responsável em estádio, boates, bailes, etc).

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REFERÊNCIAS

BRANCHER, Leoberto Narciso. Organização e gestão do sistema de garantia


de direitos da infância e juventude. In: Encontros pela Justiça na Educação.
Brasília: FUNDESCOLA/MEC, 2000.

BRUÑOL, Miguel Cillero. O interesse superior da criança no marco da


Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. In: MÉNDEZ, Emilio
García, BELOFF, Mary (Orgs.). Infância, Lei e Democracia na América Latina:
Análise Crítica do Panorama Legislativo no Marco da Convenção Internacional
sobre os Direitos da Criança 1990 – 1998. Trad. Eliete Ávila Wolff. Blumenau:
Edifurb, 2001.

CUSTÓDIO, André Viana; KÜHL, Franciele Letícia. A proteção aos direitos


humanos de crianças e adolescentes contra violência sexual intrafamiliar. In:
GORCZEVSKI, Clovis (Org.). Direitos Humanos e Participação Política. v.8,
Porto Alegre: Imprensa Livre, 2017.

CUSTÓDIO, André Viana. Teoria da proteção integral: pressuposto para


compreensão do Direito da Criança e do Adolescente. Revista do Direito. v.29,
Santa Cruz do Sul: UNISC, 2008, p.22 - 43.

GORCZEVSKI, Clovis. Direitos humanos, educação e cidadania: conhecer,


educar, praticar. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2009.

LEITE, Carla Carvalho. Da doutrina da situação irregular à doutrina da proteção


integral: aspectos históricos e mudanças paradigmáticas. Porto Alegre: Juizado
da Infância e da Juventude, 2005.

NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente


Comentado: em busca da Constituição Federal das Crianças e Adolescentes.
3.ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017.

SARAIVA, João Batista Costa. Direito Penal Juvenil – Adolescente e Ato


Infracional. Garantias Processuais e Medidas Socioeducativas. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2002.

ZAPATER, Maíra. Estatuto da Criança e do Adolescente. In: LENZA, Pedro.


OAB Primeira Fase: volume único. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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