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Universidade de Brasília – UnB

Instituto de Ciências Humanas – IH


Programa de Pós-Graduação em Política Social – PPGPS

Disciplina: Relações de Sexo/Gênero/, Raça/Etnia e Sexualidades.


Código: 327719
Professora: Lucélia Luiz Pereira
Mestrando: Lucas Brito de Lima
Matrícula: 18/0005201

Resenha: A Invenção da Heterossexualidade*

*KATS, Jonathan Ned. A invenção da heterossexualidade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

O texto inicia, no capítulo por um questionamento frente ao conceito de


homossexualidade, a partir do processo de transformação sociosexual vivido a partir do início
da década de 1970, onde a vivência pública crescente da homossexualidade passou a
pressionar por uma denominação. Mesclando o processo do Orgulho e do “armário”, o autor
discorre sobre o processo de constituição da identidade gay, o que veio a pressionar por uma
discussão sobre a origem, e porque não, história da homossexualidade.
A obra do autor se fundamenta na busca pelo estudo da história da heterossexualidade
a partir do insight sobre a história da homossexualidade. E, a partir da ousadia em tentar
desvelar tal história, o autor partirá da compreensão de que se há uma história da
homossexualidade, há também uma história da heterossexualidade.
Combatendo a compreensão hegemônica onde tanto a homossexualidade, quanto a
heterossexualidade, seriam estáticas ao longo do desenvolvimento da história, o autor defende
em sua obra o caráter histórico, portanto não linear e não estático. Ou seja, homossexualidade
e heterossexualidade transcendem às amarras de uma pretensa essência permanente e
conformavam uma ralação dialética.
E se são históricas, tais categorias desenvolvem algum tipo de relação entre elas, para
além da forma assumida no período histórico já conhecido. Ou seja, para Katz, é necessário ir
além da dicotomia entre heterossexualidade e homossexualidade.
Resumindo, a base para o desenvolvimento do estudo exposto pelo autor versa sobre a
construção social da heterossexualidade. Portanto, não as determinações essencialistas, mas
sim, os processos sócio-históricos que compõem o que hoje chamamos por
heterossexualidade. O estudo do Katz, em descortinas o processo o qual ele chama por
“invenção da heterossexualidade”, o faz na perspectiva de desmontar as concepções
ahistóricas da heterossexualidade, e, também, da própria homossexualidade.
No capítulo 2, o autor analisa publicações e trabalhos médicos cujos conceitos de
heterossexualidade foram trabalhados clinicamente, no geral por patologias, mas que foram
fundamentais para a constituição do conceito social do mesmo. As hipóteses do autor, sobre a
construção social da heterossexualidade, encontraram conformação por meio dos estudos de
diversas publicações médicas. Os estudos do mesmo identificaram que o primeiro conceito de
heterossexual estava muito distante de ser a forma “normal” de exercício da sexualidade, tal
como a conhecemos hoje e que, só recentemente, o conceito de heterossexual foi conformado
tal como o conhecemos hoje: o ideal do comportamento erótico. Como resultado da pesquisa,
o autor descobriu que inicialmente heterossexual foi largamente utilizado para descrever um
comportamento depravado. Ou seja, como uma espécie dentre as muitas perversões, ou seja,
um tipo de comportamento libidinal e sexual sem fins de reprodução, como constava no artigo
do Dr. Kerman, revisitado pelo autor para compor seu rol de evidências do conteúdo histórico
da heterossexualidade. O que, na década de 1920, era, sem dúvidas, alvo de muito mais
críticas do que podemos imaginar hoje. Em outros usos do conceito, segundo o estudo de
Katz, heterossexual também foi requisitado para denominar aquilo que ficou mais bem
conhecido na modernidade como hermafroditismo psiquico, forma de designar o interesse
sexual por ambos os sexos.
Muitos outros exemplos de conceituações aproximativas foram reveladas por Katz nos
estudos de casos e evolução de tratamentos “psiquiátricos” que ele utilizou em seu estudo.
Logo, a partir do estudo do desenvolvimento do conceito é possível, segundo o próprio,
questionar o porquê de a heterossexualidade, assumida como natural e ideal, não ter percebida
como um problema. Para ilustrar seu questionamento, Katz versa sobre como, por exemplo, a
transexualidade (transexualismo no texto) é considerada um problema, do ponto de vista de
ser estudado, dissertado, examinado e inquerido; o mesmo ocorre com a raça, ao falar dos
não-brancos, dos africanos, dos negros; e, também, no caso das mulheres, que também são
estudadas, examinadas. Ou seja, todas categorias tratadas pela problematização. Já a
heterossexualidade segue sendo vista apenas como o normal, o natural, o ideal. O autor atacou
esse estado de coisas no campo do pensamento sobre heterossexualidade.
Além do emprego de uma análise histórico sobre a heterossexualidade, o autor lança
algumas dúvidas, muito importantes para compreender a obra: Se a heterossexualidade foi
inventada, quem a inventou? Tendo sido inventada, quando e como a inventaram? E,
considerando uma vez mais que essa tenha sido inventada, por quê?
Já no capítulo 3, buscando desmistificar a pretensa naturalidade da heterossexualidade,
o autor busca fazer uma análise da heterossexualidade na antiguidade. Sua hipótese,
trabalhada até aqui e agora defrontada por um período histórico mais longo, é de que a
heterossexualidade é, não só construída socialmente, como também assume diferentes
características de acordo com o período sócio-histórico em que se desenvolve e/ou é
reconhecida na esfera social pública.
Ao refletir sobre o passado, com ajuda de Foucault, Katz afirma a importância em não
tentarmos imprimir, no passado, conceitos utilizados no presente, tais como
homossexualidade, bissexualidade e heterossexualidade.
Por fim, no capitulo 4, o autor discute a dita “mística heterossexual” a partir de
conceitos seminais de Freud, comparando-os, logo no início, aos trabalhos de Krafft-Ebing,
mostrando a simplicidade desse último diante da sofisticação das afirmações de Freud.
Apesar de Krafft-Ebing ter ficado relativamente conhecido, foi Freud quem deu ao
público maneiras científicas de pensar sobre sexualidade. Por mais que seja difícil reduzir as
teorias do médico a algumas frases, seu maior legado é a teoria psicossexual do
desenvolvimento, segundo a qual as crianças desenvolvem suas sexualidades por meio de uma
dança psicológica elaborada dos pais.
Para o autor, diante de Freud, o mesmo foi fundamental para a construção da
heterossexualidade. Diferente do que veio sendo trabalhando até então, depois de discutir seus
conceitos, Katz caracteriza que Freud foi o primeiro a dar bases para a conformação de uma
identidade heterossexual. Isso, pois Freud, por Katz, teria tirado a heterossexualidade do local
de prática sexual e trazido o conceito para o lugar do sentimento, podendo ou não ser
praticado. Ainda assim, como diz Katz, exigia muita imaginação classificar essa navegação
em termos de normalidade. Segundo Freud, o caminho convencional para a normalidade
heterossexual é pavimentado com o tesão incestuoso do menino e da menina pelo pai ou mãe,
com o desejo das crianças de assassinar seus rivais – ou seja, o pai no caso do menino e a mãe
no caso da menina – e com o desejo de exterminar qualquer irmão ou irmã rivais.

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