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1) O texto analisa o livro "A Invenção da Heterossexualidade" que defende que a heterossexualidade é uma construção social e histórica, não algo natural ou estático.
2) Inicialmente, o conceito de heterossexualidade era usado para descrever comportamentos "depravados" e "perversões" nos estudos médicos do século XIX.
3) Freud teria sido fundamental para a construção da identidade heterossexual moderna ao ligar o conceito a sentimentos em vez de apenas práticas sexuais.
Description originale:
Resenha do Livro A Invenção da Heterossexualidade.
1) O texto analisa o livro "A Invenção da Heterossexualidade" que defende que a heterossexualidade é uma construção social e histórica, não algo natural ou estático.
2) Inicialmente, o conceito de heterossexualidade era usado para descrever comportamentos "depravados" e "perversões" nos estudos médicos do século XIX.
3) Freud teria sido fundamental para a construção da identidade heterossexual moderna ao ligar o conceito a sentimentos em vez de apenas práticas sexuais.
1) O texto analisa o livro "A Invenção da Heterossexualidade" que defende que a heterossexualidade é uma construção social e histórica, não algo natural ou estático.
2) Inicialmente, o conceito de heterossexualidade era usado para descrever comportamentos "depravados" e "perversões" nos estudos médicos do século XIX.
3) Freud teria sido fundamental para a construção da identidade heterossexual moderna ao ligar o conceito a sentimentos em vez de apenas práticas sexuais.
Programa de Pós-Graduação em Política Social – PPGPS
Disciplina: Relações de Sexo/Gênero/, Raça/Etnia e Sexualidades.
Código: 327719 Professora: Lucélia Luiz Pereira Mestrando: Lucas Brito de Lima Matrícula: 18/0005201
Resenha: A Invenção da Heterossexualidade*
*KATS, Jonathan Ned. A invenção da heterossexualidade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.
O texto inicia, no capítulo por um questionamento frente ao conceito de
homossexualidade, a partir do processo de transformação sociosexual vivido a partir do início da década de 1970, onde a vivência pública crescente da homossexualidade passou a pressionar por uma denominação. Mesclando o processo do Orgulho e do “armário”, o autor discorre sobre o processo de constituição da identidade gay, o que veio a pressionar por uma discussão sobre a origem, e porque não, história da homossexualidade. A obra do autor se fundamenta na busca pelo estudo da história da heterossexualidade a partir do insight sobre a história da homossexualidade. E, a partir da ousadia em tentar desvelar tal história, o autor partirá da compreensão de que se há uma história da homossexualidade, há também uma história da heterossexualidade. Combatendo a compreensão hegemônica onde tanto a homossexualidade, quanto a heterossexualidade, seriam estáticas ao longo do desenvolvimento da história, o autor defende em sua obra o caráter histórico, portanto não linear e não estático. Ou seja, homossexualidade e heterossexualidade transcendem às amarras de uma pretensa essência permanente e conformavam uma ralação dialética. E se são históricas, tais categorias desenvolvem algum tipo de relação entre elas, para além da forma assumida no período histórico já conhecido. Ou seja, para Katz, é necessário ir além da dicotomia entre heterossexualidade e homossexualidade. Resumindo, a base para o desenvolvimento do estudo exposto pelo autor versa sobre a construção social da heterossexualidade. Portanto, não as determinações essencialistas, mas sim, os processos sócio-históricos que compõem o que hoje chamamos por heterossexualidade. O estudo do Katz, em descortinas o processo o qual ele chama por “invenção da heterossexualidade”, o faz na perspectiva de desmontar as concepções ahistóricas da heterossexualidade, e, também, da própria homossexualidade. No capítulo 2, o autor analisa publicações e trabalhos médicos cujos conceitos de heterossexualidade foram trabalhados clinicamente, no geral por patologias, mas que foram fundamentais para a constituição do conceito social do mesmo. As hipóteses do autor, sobre a construção social da heterossexualidade, encontraram conformação por meio dos estudos de diversas publicações médicas. Os estudos do mesmo identificaram que o primeiro conceito de heterossexual estava muito distante de ser a forma “normal” de exercício da sexualidade, tal como a conhecemos hoje e que, só recentemente, o conceito de heterossexual foi conformado tal como o conhecemos hoje: o ideal do comportamento erótico. Como resultado da pesquisa, o autor descobriu que inicialmente heterossexual foi largamente utilizado para descrever um comportamento depravado. Ou seja, como uma espécie dentre as muitas perversões, ou seja, um tipo de comportamento libidinal e sexual sem fins de reprodução, como constava no artigo do Dr. Kerman, revisitado pelo autor para compor seu rol de evidências do conteúdo histórico da heterossexualidade. O que, na década de 1920, era, sem dúvidas, alvo de muito mais críticas do que podemos imaginar hoje. Em outros usos do conceito, segundo o estudo de Katz, heterossexual também foi requisitado para denominar aquilo que ficou mais bem conhecido na modernidade como hermafroditismo psiquico, forma de designar o interesse sexual por ambos os sexos. Muitos outros exemplos de conceituações aproximativas foram reveladas por Katz nos estudos de casos e evolução de tratamentos “psiquiátricos” que ele utilizou em seu estudo. Logo, a partir do estudo do desenvolvimento do conceito é possível, segundo o próprio, questionar o porquê de a heterossexualidade, assumida como natural e ideal, não ter percebida como um problema. Para ilustrar seu questionamento, Katz versa sobre como, por exemplo, a transexualidade (transexualismo no texto) é considerada um problema, do ponto de vista de ser estudado, dissertado, examinado e inquerido; o mesmo ocorre com a raça, ao falar dos não-brancos, dos africanos, dos negros; e, também, no caso das mulheres, que também são estudadas, examinadas. Ou seja, todas categorias tratadas pela problematização. Já a heterossexualidade segue sendo vista apenas como o normal, o natural, o ideal. O autor atacou esse estado de coisas no campo do pensamento sobre heterossexualidade. Além do emprego de uma análise histórico sobre a heterossexualidade, o autor lança algumas dúvidas, muito importantes para compreender a obra: Se a heterossexualidade foi inventada, quem a inventou? Tendo sido inventada, quando e como a inventaram? E, considerando uma vez mais que essa tenha sido inventada, por quê? Já no capítulo 3, buscando desmistificar a pretensa naturalidade da heterossexualidade, o autor busca fazer uma análise da heterossexualidade na antiguidade. Sua hipótese, trabalhada até aqui e agora defrontada por um período histórico mais longo, é de que a heterossexualidade é, não só construída socialmente, como também assume diferentes características de acordo com o período sócio-histórico em que se desenvolve e/ou é reconhecida na esfera social pública. Ao refletir sobre o passado, com ajuda de Foucault, Katz afirma a importância em não tentarmos imprimir, no passado, conceitos utilizados no presente, tais como homossexualidade, bissexualidade e heterossexualidade. Por fim, no capitulo 4, o autor discute a dita “mística heterossexual” a partir de conceitos seminais de Freud, comparando-os, logo no início, aos trabalhos de Krafft-Ebing, mostrando a simplicidade desse último diante da sofisticação das afirmações de Freud. Apesar de Krafft-Ebing ter ficado relativamente conhecido, foi Freud quem deu ao público maneiras científicas de pensar sobre sexualidade. Por mais que seja difícil reduzir as teorias do médico a algumas frases, seu maior legado é a teoria psicossexual do desenvolvimento, segundo a qual as crianças desenvolvem suas sexualidades por meio de uma dança psicológica elaborada dos pais. Para o autor, diante de Freud, o mesmo foi fundamental para a construção da heterossexualidade. Diferente do que veio sendo trabalhando até então, depois de discutir seus conceitos, Katz caracteriza que Freud foi o primeiro a dar bases para a conformação de uma identidade heterossexual. Isso, pois Freud, por Katz, teria tirado a heterossexualidade do local de prática sexual e trazido o conceito para o lugar do sentimento, podendo ou não ser praticado. Ainda assim, como diz Katz, exigia muita imaginação classificar essa navegação em termos de normalidade. Segundo Freud, o caminho convencional para a normalidade heterossexual é pavimentado com o tesão incestuoso do menino e da menina pelo pai ou mãe, com o desejo das crianças de assassinar seus rivais – ou seja, o pai no caso do menino e a mãe no caso da menina – e com o desejo de exterminar qualquer irmão ou irmã rivais.