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FÓRUM NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO (FNPJ)

XII ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO


VIII CICLO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE
JORNALISMO
MODALIDADE DO TRABALHO: Comunicação Científica
GRUPO DE PESQUISA: Pesquisa na Graduação

PESQUISA DE JORNALISMO NA GRADUAÇÃO: reflexões


preliminares sobre os Trabalhos de Conclusão de Curso
em Jornalismo na região de Blumenau, Santa Catarina
Ofelia Elisa Torres Morales 1

RESUMO
A partir de estudo de caso, a pesquisa pretende revelar o perfil da pesquisa de
graduação tomando como ponto de partida os estudos monográficos do
primeiro curso de jornalismo na região Blumenauense, em Santa Catarina. O
texto mostra dados preliminares sobre a análise dos Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCCs) com o objetivo de identificar o processo de construção do
conhecimento na pesquisa acadêmica a partir de sua categorização e
classificação. Por um lado, define-se a pesquisa, suas modalidades e tipos assim
como os procedimentos metodológicos necessários para sua realização. Por
outro lado, o presente estudo insere-se no campo do jornalismo. A análise dos
TCCs dos primeiros formandos em jornalismo tem relevância já que mostra
panorama atual da área na região, antes da existência da faculdade. Prevê-se a
possibilidade de mudança na configuração do perfil da imprensa regional.

Palavras-chave: Pesquisa; Graduação em Jornalismo; Metodologia; Perfil


Jornalista; Trabalho de Conclusão de Curso.

INTRODUÇÃO
A construção do conhecimento dentro do processo de ensino-aprendizagem
apresenta-se como desafio constante nos cursos de graduação. Os Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCCs) representam o final de um ciclo de estudos na
graduação, com um estudo monográfico relacionado á área da comunicação e,

1Professora de Teoria e Métodos de Pesquisa em Comunicação, Projetos Experimentais em


Comunicação, Trabalhos de Conclusão de Curso e Telejornalismo do Curso de Jornalismo da
SOCIESC-IBES, em Blumenau, Santa Catarina. Mestre em Rádio e Televisão e Doutora em
Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Contato: ofeliatm@gmail.com Site pessoal: http://www.ideiaemovimento.blogspot.com/
2

mais especificamente, do jornalismo. Dessa forma, o presente estudo mostra, de


forma preliminar, um levantamento das monografias realizadas pela primeira
turma de formandos do IBES SOCIESC, em 2008-I, com o intuito de revelar
caminhos na construção do conhecimento na área através da pesquisa em
graduação. O Curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, do
Instituto Blumenauense de Ensino Superior – IBES SOCIESC, em Blumenau,
Santa Catarina, configura-se como o primeiro na região blumenauense,
atingindo uma população significativa. O curso de jornalismo do IBES
SOCIESC:
objetiva trabalhar com a tríade ética-técnica-estética, de forma
complementaria, para poder fortalecer a identidade de um profissional
tecnicamente habilitado nas diversas técnicas jornalísticas, na sua
diversidade de linguagens mas, sobretudo, com potencial criativo, senso
crítico e visão humanista. Ética, pela visão de cidadania e respeito ao
pluralismo; técnica, atenta às inovações do mercado e aperfeiçoamento
das linguagens profissionais; e estética, atenta à criatividade como fonte
propulsora de mudanças e formatos experimentais2.

Blumenau é a cidade pólo de 14 municípios com características


econômicas nos setores industrial têxtil e metal-mecânico, assim como o
desenvolvimento da área da informática como softwares pra gestão. A
população da região é de 617.383 habitantes segundo dados da AMMVI -
Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí 3, Santa Catarina. Ao mesmo
tempo, uma breve contextualização dos meios de comunicação na região indica
que:
configura-se o potencial de crescimento e mercado de trabalho para os
futuros jornalistas já que somente na cidade de Blumenau existem um
total de onze rádios, 5 jornais, com periodicidade constante, uma
editora com amplo leque de publicações desde moda, saúde, negócios,
entre outros, assim como 5 emissoras de televisão que geram
programação local e três escritórios de emissoras televisivas filiais. Além
disso, 40 ONGs em Blumenau instituições públicas e particulares que
poderão ser mercado potencial de assessorias de imprensa e assessorias
de comunicação4.

2
Projeto Político Pedagógico do Curso de Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo – Instituto
Blumenauense de Ensino Superior IBES SOCIESC. Blumenau: IBES, 2007.
3
Censo IBGE 2007. Disponível em: <http://www.ammvi.org.br/home/> Acesso em: 08 ago. 2007.
4
Projeto Político Pedagógico do Curso de Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo – Instituto
Blumenauense de Ensino Superior IBES SOCIESC. Blumenau: IBES, 2007.
3

Nesse sentido, parte-se do pressuposto que a relevância das monografias


dos primeiros TCCs do curso de Jornalismo5 é significativa pelo fato delas ser
um diagnóstico do panorama atual da área na região, antes da existência da
faculdade. Ao mesmo tempo, o local, o regional e o global são lugares que devem
ser discutidos pela pesquisa na área da comunicação, para não cair nos ghettos
acadêmicos ou nos regionalismos, mas, sobretudo, pensar a partir da realidade
próxima o panorama global. A região é importante se relacionada com o
contexto global, num movimento circular de integração e interação da sinergia
midiática. Nesse sentido, Lopes (2006, p. 27) destaca o campo da comunicação
como “um lugar estratégico para o debate da modernidade”.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O campo da comunicação como campo específico do conhecimento tem-se


configurado como área de confluências. Lopes (2006, p.19) observa:
... um movimento de convergência de saberes especializados sobre a
comunicação, entendido como movimento de intersecção que não é, em
hipótese nenhuma, uma amálgama ou síntese de saberes. É, antes, um
produto das relações entre o objeto de estudo, a especificidade das
contribuições analíticas e a particularidade da evolução histórica entre
ambos.

Isto significa que o campo da comunicação, nutre-se de vertentes teóricas


e metodológicas advindas das ciências sociais, as quais têm contribuído
significativamente para o fortalecimento do campo da comunicação social. Nas
palavras de Lopes (2006, p. 19), parafraseando Canclini, “estudar a (cultura)
comunicação requer converter-se num especialista de interseções”.
Melo (2006) relata que “a pesquisa sobre o jornalismo, no Brasil, tem
suas raízes no final do século dezenove, quando aparecem os primeiros estudos
buscando registrar a trajetória dos nossos jornais e revistas.” Os estudos

5
O curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo da SOCIESC-IBES em Blumenau, Santa
Catarina iniciou suas atividades em 2004, tornando-se o primeiro curso da região do Médio Vale do Itajaí
(AMMVI). Blumenau foi pioneira em rádio e televisão no estado catarinense e exigia uma instituição de
ensino superior na área jornalística. Na sua grade curricular existem três disciplinas que contemplam o
processo de aprendizagem da pesquisa tanto na teoria como na prática jornalística e acadêmica. Nesse
sentido, aliar a visão humanista, ética, cidadã e de responsabilidade social nos futuros jornalistas. O TCC
é individual, obrigatório, e é requisito para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social,
habilitação em Jornalismo.
4

contemporâneos do jornalismo seguem linhas de ação desafiantes assim


caracterizadas:
a presença do jornalismo, como campo de conhecimento, na
universidade brasileira, configura-se em quatro momentos, que
correspondem, aliás, às etapas vividas pelos cursos de comunicação no
país. Esses momentos podem ser chamados de ético-social, técnico-
editorial, político-ideológico e crítico-profissional. (MELO, 2006)

A pesquisa exige um processo de indagação científica para criar


conhecimento novo. Conforme Lopes (2004, p.30), “toda pesquisa é uma
verdadeira ‘aventura metodológica’, onde há necessidade e exploração, de
criatividade e de rigor.” Nessa linha de pensamento, o estudo pretende
aprofundar a compreensão no campo da comunicação, mais especificamente, do
jornalismo, com o objetivo de revelar o perfil dos TCCs relacionados.
Nesse esforço, a presente pesquisa mergulha na corrente com caráter
crítico-profissional. Nas palavras de Melo (2006, p.32):
identificar no jornalismo a sua real natureza, que é a de uma profissão
dotada de grande significado social e de profunda influência política.
Estudar essa profissão, entendê-la, sistematizá-la, contribuir para que
assuma um ritmo dinâmico, atualizando-se continuamente, é a meta
que colocam de modo prioritário inúmeros integrantes da comunidade
acadêmica. Com isso, abandonam conscientemente aquela postura
subalterna de tentar enfocar o jornalismo sempre a partir dos
parâmetros construídos por outras ciências e disciplinas que nem
sempre lhe dizem respeito.

Nesse sentido, a abordagem propicia uma aproximação à natureza do


jornalismo, a partir dos jornalistas, na busca de sua identidade, de sua
pluralidade e singularidade a partir das pesquisas de graduação no curso:
Buscar a identidade do jornalismo, em outras palavras: construir essa
identidade, implica utilizar o arsenal metodológico alicerçado pelas
ciências humanas (e não apenas por uma ciência em particular) para
traçar os contornos da profissão e resgatar todas as suas dimensões
sociais e políticas. (MELO, 2006, p. 32).

A pesquisa contribui no desafio de incentivar o olhar científico, no


exercício para aprender a pensar cientificamente, com criatividade, organização
e sabor (GOLDENBERG, 2005). Dessa forma, a pesquisa na graduação deve
motivar o desenvolvimento do espírito criativo, a postura ética e o senso crítico,
no planejamento e elaboração de pesquisas na área do jornalismo, vinculadas
aos desafios contemporâneos da profissão. Ao mesmo tempo, identificar e
delimitar as especificidades da pesquisa em comunicação e diferenciá-la de
5

outros campos das ciências humanas. Ou seja, reconhecer a comunicação como


campo de trabalho da pesquisa cientifica, associando teoria e pesquisa
(DUARTE & BARROS, 2005; SOUSA, 2004; BAUER & GASKELL, 2005). Vale
destacar a consolidação do campo da comunicação e do jornalismo como áreas
de estudos contemporâneos, valendo-se também de métodos das ciências
humanas como a antropologia, a sociologia, a história, entre outras. Dessa
forma, a corrente de pesquisa no jornalismo com caráter crítico-profissional
visa entender os saberes dos jornalistas, sua identidade e quais seus pontos de
vista no processo jornalístico. Ou seja, indagar a especificidade do jornalismo
como objeto de pesquisa. Portanto, concorda-se com Cremilda Medina quando:
desafia o cerne da própria atividade profissional e procura respostas
como: Quem é o jornalista? Como a sociedade se articula com a
profissão? Quais as ferramentas de trabalho? O resultado dessas
indagações, orientadas a partir do “ponto de vista dos que construíram
dentro do próprio fenômeno – através de uma práxis e uma reflexão”
(MELO, 2006, p. 33).

A presente pesquisa perfila-se na linha dos estudos crítico-profissional,


seguindo a identificação de Melo (2006): “identificar no jornalismo a sua real
natureza, que é a de uma profissão dotada de grande significado social e de
profunda influência política.” Dessa forma, o objeto de estudo do estudo
preliminar segue a trilha que pretende desvendar qual é a identidade do
jornalismo regional revelada nas monografias de pesquisa. Campo de
observação este de significativa relevância pelo fato de ser uma aproximação
pioneira na região Blumenauense, em relação aos profissionais da imprensa:
... a atividade é eminentemente ideológica. Apreender os fatos e relatá-
los por intermédio de veículos de difusão coletiva significa, nada mais,
nada menos, que projetar visões e mundo. E é exatamente isso que os
jornalistas fazem cotidianamente. Atuam como mediadores entre os
acontecimentos, seus protagonistas e os indivíduos que compõem um
universo sociocultural (público destinatário). (MELO, 2006, p.56)

O futuro profissional de jornalismo deve compreender a inter-relação da


comunicação e da pesquisa como caminhos cruzados na construção de
conhecimento. No Brasil, a pesquisa na área de comunicação fortaleceu-se
devido à efervescência e discussão das idéias, sobretudo na pós-graduação,
como também pelo surgimento orgânico de instituições como a pioneira
INTERCOM, em 1977, que fluidificou o intercâmbio de idéias dos pesquisadores
brasileiros e pesquisadores da América Latina e Europa (LOPES, 1999). A
6

pesquisa brasileira foi-se configurando como um campo fértil, inclusive com o


nascimento de outras instituições representativas, porém ainda vinculada aos
cursos de pós-graduação e minoritariamente nos cursos de graduação. Por isso,
faz-se necessária incentivar estudos sobre a pesquisa desenvolvida nos cursos de
graduação em jornalismo para assim monitorar quais os caminhos que estão
sendo trilhados nessa área.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A construção do campo do jornalismo passa pela identificação dos caminhos


metodológicos que as pesquisas revelam. Para Lopes (2004):
falar de metodologia implica sempre um falar pedagógico, pois se parte,
de todo modo, de uma determinada concepção de pesquisa, ou mais
propriamente, de uma determinada teoria da pesquisa que é
concretizada na prática da pesquisa. O efeito desse falar remete
invariavelmente a um ‘fazer pesquisa’.
Para traçar o perfil preliminar dos estudos monográficos desenvolvidos
na graduação do curso de jornalismo do IBES SOCIESC foi necessário
conceitualizar as modalidades e tipos de pesquisa, com o intuito de identificá-
las. Por um lado, a pesquisa pode enquadrar-se segundo seus objetivos:
exploratória, descritiva e explicativa (ANDRADE, 2005; GIL, 2006). A pesquisa
exploratória revela os dados ao pesquisador numa primeira aproximação:
A pesquisa exploratória destina-se a esclarecer do que se trata, a
reconhecer a natureza do fenômeno, a situá-lo no tempo e no espaço, a
inventariar suas manifestações variadas, seus elementos constitutivos
ou as contigüidades presentes à sua manifestação. (RODRIGUES, 2007,
p.28).

Ao mesmo tempo, Andrade (2005) afirma que a pesquisa exploratória


“os fatos ao observados, registrados, analisados, classificados e interpretados,
sem que o pesquisador interfira neles.”
Ainda conforme Andrade (2005), as pesquisas descritivas aproximam-se
das exploratórias, no sentido de ser pontapé inicial para a aproximação ao
objeto de estudo, visando futuras pesquisas relacionadas. Nas palavras de
Rodrigues (2004, p. 29), a pesquisa descritiva:
apresenta informações, dados, inventários de elementos constitutivos
ou contíguos ao objeto, dizendo o que ele é, do que se
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compõe...revelando periodicidades... mensurando, classificando


segundo semelhanças e diferenças, situando-o conforme as
circunstâncias.

Para Diniz (1999), o estudo de caso “é uma forma de investigar o real pela
qual se coletam e se registram dados para a posterior interpretação, objetivando
a reconstrução, em bases científicas, dos fenômenos observados.” O estudo de
caso oportuniza mergulhar na análise intensiva e em profundidade para melhor
compreender o fenômeno em questão:
a pesquisa exploratória, categoria na qual se situa o estudo de caso,
propõe uma busca e não uma verificação de informações. Seu objetivo é
a descoberta de idéias que sejam úteis, críticas e norteadoras de novas
atitudes em relação ao mundo. (DINIZ, 1999)

Conforme Duarte (2006) enfatiza, o estudo de caso define-se pela análise


intensiva já que ele reúne “tanto quanto possível, informações numerosas e
detalhadas para apreender a totalidade de uma situação.” Por outro lado, Diniz
(1999) afirma que “o enfoque qualitativo do estudo de caso propõe liberdade
relativa na tarefa de apreender o objeto do emaranhado das inter-relações.”
Aliam-se a isto as palavras de Andrade (2005), relacionada à pesquisa descritiva
quando destaca que “os fatos são observados, registrados, analisados,
classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles.”
Quanto ao objeto, as pesquisas podem ser: bibliográfica, de laboratório e
de campo (ANDRADE, 2005). Cervo e Bervian (2002, p. 65) enfatizam que “a
pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências
teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou
como parte da pesquisa descritiva ou experimental.” Da mesma forma,
Rodrigues (2007, p. 43), declara ainda que a pesquisa bibliográfica “é a pesquisa
limitada à busca de informações em livros e outros meios de publicação”. Já a
pesquisa de campo, “trata-se de um procedimento baseado na observação direta
do objeto estudado no meio que lhe é próprio, geralmente sem a interferência
do pesquisador, ou sem que esta interferência modifique substancialmente os
acontecimentos.” (RODRIGUES, 2007)
Andrade (2005) especifica as características e diferenças entre método e
técnica, a partir do conceito de Ruiz:
A rigor, reserva-se a palavra método para significar o traçado das etapas
fundamentais da pesquisa, enquanto a palavra técnica significa os
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diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a


cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método...

Dessa forma, Andrade (2005) destaca as técnicas de pesquisa em dois


frentes, segundo os tipos de procedimento: documentação indireta ou
documentação direta. A documentação indireta envolve pesquisa bibliográfica e
pesquisa documental. A documentação direta envolve observação direta
intensiva: como entrevistas; e observação direta extensiva: como formulários,
questionários pesquisas de mercado, história de vida, utilizadas principalmente
na pesquisa de campo. Nesse sentido, retrata-se as principais técnicas, a seguir.
A mais próxima da área do jornalismo é a entrevista. Rodrigues (2007,
p.132) define entrevista como “um procedimento de coleta de informações”. O
autor difere a entrevista jornalística da entrevista do pesquisador.
A entrevista jornalística, ainda que seja sempre uma entrevista, difere,
de certo modo, da entrevista do pesquisador. Este segue, ou propõe,
um roteiro baseado em hipóteses que tenciona verificar, ou pode
tentar dar uma ordem lógica na sucessão de tópicos abordados, ainda
que também exista a entrevista livre, principalmente na técnica
chamada “história de vida.

Segundo a abordagem, a pesquisa pode configurar-se quantitativa e


qualitativa. Conforme Rodrigues (2007), a pesquisa quantitativa é “aquela
investigação que se apóia predominantemente em dados estatísticos”. Por fim,
segundo Santaella (2001), a pesquisa qualitativa ”acabou por desenvolver
autonomia própria, podendo se referir a todas as pesquisas que privilegiam a
interpretação dos dados, em lugar de sua mensuração.” Por isso, a escolha pela
abordagem pode ser complementar, para compreender as diversas faces do
objeto de pesquisa nos estudos monográficos do curso.
O presente estudo foi feito através de uma análise de conteúdo de
abordagem quantitativa e qualitativa. Para entender a que se refere análise de
conteúdo, Lozano (1994 apud DA FONSECA, 2006) afirma:
A análise de conteúdo é sistemática porque se baseia num conjunto de
procedimentos que se aplicam da mesma forma a todo conteúdo
analisável. É também confiável – ou objetiva – porque permite que
diferentes pessoas, aplicando em separado as mesmas categorias à
mesma amostra de mensagens, podem chegar às mesmas conclusões.

A análise de conteúdo é um método quantitativo que, segundo afirma


Sousa (2004), nasceu nos Estados Unidos, no início do século XX, direcionado
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à análise de jornais, contudo, pode ser utilizado em outros meios de


comunicação.
Outra vantagem deste tipo de pesquisa é o fato de trabalhar com valores
essencialmente quantificáveis, definidos por categorias estabelecidas e
comprovadas em estudos similares. Desta forma, a coleta de dados é
baseada na mensuração de textos e as conclusões expressas em forma
numérica, o que facilita o cruzamento de informações e a elaboração de
tabelas e gráficos explicativos... (MELO apud SOUSA, 2004)

A tendência contemporânea no uso da análise de conteúdo se dá como a


compreensão de uma técnica híbrida, ou seja, na hibridação do formalismo
estatístico quantitativo e a compreensão qualitativa interpretativa (Da Fonseca,
2006). A análise de conteúdo possui duas funções que, segundo Bardin (1977, p.
30), podem ou não dissociar-se:
- uma função heurística: a análise de conteúdo enriquece a tentativa
exploratória, aumenta a propensão à descoberta. É a análise de
conteúdo “para ver o que dá”.
- uma função de ‘administração da prova’. Hipóteses sob a forma de
questões ou afirmações provisórias servindo de diretrizes, apelarão para
o método de análise sistemática para serem verificadas no sentido de
uma confirmação ou de uma infirmação. É a análise de conteúdo “para
servir de prova”.

Nesse sentido, partiu-se do principal pressuposto na presente pesquisa, o


qual visa revelar o perfil das monografias de jornalismo num momento crucial
de pioneirismo e avaliação das práticas estabelecidas antes da implantação do
curso. Nesse sentido, acredita-se que o diagnóstico inicial dessa realidade, a
partir das revelações das monografias, poderão servir como reflexão futura
sobre os caminhos que o campo do jornalismo têm na região, já que a situação
do mercado vai sofrer alterações e mudanças.
O método de análise de conteúdo tem três fases de aproximação ao objeto
de estudo. Conforme Da Fonseca (2006, p. 290) relata:
(1) Pré-análise: consiste no planejamento do trabalho a ser elaborado,
procurando sistematizar as idéias iniciais com o desenvolvimento de
operações sucessivas, contempladas num plano de análise.
(2) Exploração do material: refere-se à análise propriamente dita,
envolvendo operações de codificação em função de regras previamente
formuladas. ...
(3) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: os resultados
brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos.

Sendo assim, em primeiro lugar, o material foi organizado, categorizado e


classificado, segundo o método de análise de conteúdo (DA FONSECA, 2006).
10

Houve, então, necessidade de codificação e categorização iniciais do material.


Para a presente pesquisa foram retomadas algumas categorias, a partir das
leituras, contudo, pelo fato de ser uma aproximação preliminar, várias
classificações ainda estão sendo testadas, implementadas e aprimoradas.
Pelo fato de ser um estudo exploratório, a presente pesquisa tentou fazer
um levantamento preliminar para aproximar-se dos trabalhos monográficos do
curso IBES SOCIESC com o intuito de revelar a identidade da pesquisa em
graduação, a partir das expectativas e escolhas dos TCCs dessa turma. Ainda
conforme Herscovitz (2007, p. 127):
Os pesquisadores que utilizam a análise de conteúdo são como detetives
em busca de pistas que desvendem os significados aparentes e/ou
implícitos dos signos e das narrativas jornalísticas, expondo tendências,
conflitos, interesses, ambigüidades ou ideologias presentes nos
materiais examinados.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Em relação ao campo da observação, foram estudados no total vinte (20)


monografias da primeira turma dos formandos do curso de jornalismo IBES
SOCIESC. Para tanto, foi necessário fazer as opções pertinentes ao estudo
proposto. Lopes, Borelli e Resende (2002, p. 25) afirmam que:
toda pesquisa é resultado de um conjunto de decisões e opções tomadas
pelo investigador ao longo do processo de investigação e que marcam
todos os níveis e etapas desse processo.

Nesse sentido, as escolhas feitas na presente pesquisa foram construídas


durante o processo. Tomou-se como referência os estudos de Lopes (1999),
Fadul (2003) e Tondato (2007). As pesquisas detectadas foram direcionadas aos
cursos de pós-graduação e núcleos de pesquisa, porém, ainda são escassos na
área de graduação. Além disso, conforme afirma Fadul (2003, p. 97):
há uma carência de uma crítica sistemática dos conceitos que conduza a
um certo consenso com relação às questões fundamentais, ensejando
traçar um mapa desse conhecimento e um aprofundamento das
temáticas mais importantes, assim como uma classificação, entendida
como uma relação hierárquica, que vai dos aspectos mais gerais do
conhecimento para aqueles mais específicos.

A criação de categorias para classificação das linhas de ação da pesquisa


em graduação ainda precisam ser aprimoradas. Por isso, foram adaptadas
11

algumas categorias assim como foram criadas outras, de forma preliminar, para
a aproximação dos TCCs.
Foi criado o Gráfico 1, seguindo a definição de Fadul (2003, p. 99) sobre a
comunicação midiática, a qual se refere à “comunicação mediada por um objeto
técnico e que poderia ser definida como a mídia impressa, audiovisual e digital.”

Em relação a abordagem metodológica dos TCCs, tomou-se como base os


critérios levantados por Tondato (2007, p. 73) que afirma que da escolha
metodológica “dependerá grande parcela da validade e da confiabilidade dos
resultados, fazendo da definição do método um dos aspectos cruciais do
processo investigativo.” Nesse sentido, seguindo a estrutura colocada por
Tondato (2007), utilizaram-se as categorias como mostradas no Gráfico 2. O
estudo de caso foi utilizado por 85% das pesquisas, sendo a pesquisa de campo e
a utilização de pesquisa bibliográfica (50% respectivamente) as mais utilizadas,
assim como a pesquisa documental com 45%.
12

Da mesma forma, considerando a proposta de Tondato (2007), os TCCs


foram categorizados segundo a abordagem escolhida, quantitativa ou
qualitativa, como mostra o Gráfico 3.

Em relação ao universo jornalístico abordado nos TCCs, criaram-se


categorias que mostrassem qual foi o campo observado em termos de práxis
midiática como: recepção da mensagem jornalística, perfil e identidade
profissional, história da mídia, cultura da comunicação e a análise do discurso
jornalístico nos seus diversos suportes como impresso, rádio, TV, digital, entre
outros, como indica o Gráfico 4.
13

O Gráfico 5 mostra a procedência dos objetos de estudo dos TCCs. Pelo


fato de ser a primeira turma de formandos em jornalismo na região de
Blumenau, Santa Catarina, observou-se o destaque do universo regional nas
temáticas escolhidas (75%). A relevância regional na escolha dos acadêmicos
pode estar relacionada com o pioneirismo da turma. Ao mesmo tempo, revela a
identidade do mercado jornalístico Blumenauense antes do curso de jornalismo.
Esse diagnóstico inicial mostra indicadores da configuração desse mercado, dos
profissionais e das empresas da região.

O Gráfico 6 mostra as iniciais linhas de pesquisa reveladas a partir dos


trabalhos monográficos analisados, como jornalismo especializado (40%),
inclusão social (35%), cultura (15%) e linguagem jornalística (10%).
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Esses dados ratificam a identidade do curso no sentido de ter na sua


matriz curricular várias discplinas vinculadas à formação ético-comunitária. Da
mesma forma, o ponto de partida é o mercado regional, com a compreensão do
contexto social, econômico, político e cultural, por parte do futuro jornalista. A
formação profissional engloba as diversas técnicas jornalísticas e as várias
funções desempenhadas pelos jornalistas na sociedade contemporânea.
Laboratórios próprios para a prática profissional atual oportunizam a
orientação em relação ao mercado. A prática também se encontra em disciplinas
da matriz curricular, seguindo a diretriz da teoria a partir da prática, constante
da organização didático-pedagógica do curso.
15

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo apresenta considerações preliminares sobre os Trabalhos de
Conclusão de Curso da primeira turma de formandos do curso de jornalismo do
IBES SOCIESC, em Blumenau, Santa Catarina, com o objetivo de aproximar-se
à pesquisa na área de graduação de jornalismo. Essa aproximação oportuniza
vislumbrar caminhos futuros e linhas de pesquisa que podem implementar-se a
partir desse estudo preliminar. Concorda-se com Freire (1997) no sentido de
que “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão
crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática”.
Sendo ponta-pé inicial de reflexão sobre o panorama, a consolidação do
primeiro curso de jornalismo na região Blumenauense traz desafios na área do
ensino mas, sobretudo, na área da pesquisa da graduação em comunicação e em
jornalismo.
O presente estudo preliminar aponta alguns indicadores, no sentido de
continuar aprimorando as categorias, classificações e abordagens que a pesquisa
de graduação tem. Dessa forma, provoca a curiosidade intelectual, para futuras
reflexões, com as monografias das próximas turmas, assim como o
aprimoramento metodológico e análise da construção do conhecimento
acadêmico do jornalismo na região de Blumenau, Santa Catarina.

REFERÊNCIAS

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