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Projeto

PERGUNIE
E
RESPONDEREMOS
ON-LlNE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estêvão Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESENTAÇÃO
DA EDiÇÃO ON-LlNE
Diz São Pedro que devemos
estar preparados para dar a razao da
nossa esperança a todo aquele que no-Ia
pedir (1 Pedro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conla da nossa esperança e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
.. ..-" . .
" visto Que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrárias à fé católica. Somos
assim Inclladas a procurar consolidar
nossa crença católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste sita Pergunte e
Responderemos propõe aos seus lellores:
aborda questões da atualidade
controvertidas , elucidando-as do ponto de
vista cristao a fim de que as dúvidas se
. . .: dissipem e a vivência calólica se fortaleça
---I ... no Brasil e no mundo. Queira Deus
abençoar este trabalho assim como a
equipe de Veritalls Splendor que se
encarrega do respectivo site.
Rio de Janeiro, 30 de Julho de 2003.
Pe. &1,,140 Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convênio com d. Estevão Benencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atuai
conteúdo da revista teológico • filosófica · Pergunte e
Responderemos·, que conta com mais de 40 anos de publicaçAo.
A d. Estêvão Betlencourt agradecemos a conflaça
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
índice
....
NATAL 'E o MIST'RIO DA IGREJA .... . .. . .•. .... . .. . .... . ......

Os "Novos FIIÓloIos" 'ranct... ;


" OEUS MORREU. MARX MORREU, E EU MESMO NÃO ME ESTOU
SENTINDO eEM" (Michel Le Bris) ... _. . .. . .. .. . . . . 3

No mundo da Ilcçlo :
AINDA UMA VEZ ERrCH VON OÃNIKEN .. . . ........ .. ........ .. .. . 12

Sensacional:
.....S PROFECIAS DE NOSTRAOAMUS" ......................... . 22

Comunlcaç6es do Além?
eo NOVO CASAMENTO OI! GILDA DE ABREU ? ... . . .• _.. ... ... .. 36

L.IVROS EM ESTANTE . .......... . .. ....... ..... .. ,....... . 3' eapa

COM APROVAÇ10 ECLEIIAsTICA

NO ... OXIMO NOMERO :

Dolo de PÓ:COQ co mum Q t odos 0$ (,i,tõo, ? - A crençQ Boho'i.


- .. Corleu do Prisão •. - Calólico. e comun isto. na 116·jo . - cO
mais importante é o 0""01» ,

y ---

.PERGUNTE E RESPONDEREMOS .

Assinatura anual .... , .............. . . . . . C.-$ 100,00


Número avulso de Qualquer môs ............ Cr$ 10,00
(A pa rtir de janeiro 1978)
REDAÇAO DE PR AD:\IINISTRAÇAO
T. lvrarla l\otlulonlbia Editora
CalX'fI POlltal 2.888 Rua l\léxlco, 18!J.B (Castelo)
ZC<lO 20.008 Rio de Janeiro (RJ)
ZCI.OOO ruo de Janeiro (BJ) T~I.! 224-0039
NATAL E O MISTÉRIO DA IGREJA
A Igreja está em foco... nos jamaIs, nas revistas, nas
conversas informais. .. Multos a admiram, apontando o seu
esforço de atualizaçáo concretizado em medidas para trans-
mitir hoje de maneira nova as eternas verdades do Evange.-
lho.. . Outros, porém, a criticam, pois nela vêem abusos e
deficiências da parte de ministros e de fiéis que mais deve--
riam primar pela fé e a dignidade. Em conseqUência da sua
decepção, muitos fiéis católicos são propensos a abandonar
a Igreja, professando um Cristianismo individual, descompro-
metido de qualquer instituclonallzação . . .
Compreendemos o drama íntimo daqueles que, amando
o Cristo, sofrem por verificar que nem sempre os disdplllos
do Senhor Lhe dão lQcldo testemunho. A tais fiéis catOllcos
serã oportwlo lembrar algo que o tempo de Natal - maJs
uma vez recém-Vivido por nós - incute fortemente, a saber:
o mistêlio da Encarnação ou do Deus feito homem e desfiA
gurado sob a fragilidade humana é o rnlstérlo central da fé
cristã; com efeito, o cristão tem seu referencial em Cristo.
que é Deus feito homem, .. . Deus que quer vir aos homens
através do humano, ocultando a Eternidade sob a forma de
realidades t!!mpornis. encobrindo a riqueza divina com os
véus da fragilidade e da pobreza do homem. Ele podIa nio
ter procedido assim : ter-se--ia então dado aos homens de
maneira direta e fulgurante ... Mas, se à Sabedoria DivIna
aprouve servir-se do que é pequeno e abjeto para transmitir
o que é grande e divino (cf. lCor 1.27s). ao cristão toca.
aceitar este dcsignio com todas as conseqüências que ele
acarreta. Isto Quer dizer que toda a história. das comunica-
ções de Deus aos homens será a continuação do mistério ela
EncarnaQão,
Certa vez, João Batista, tendo mandado perguntar a
Jesus se Este era realmente o Messias aguardado, recebeu n
seguinte resposta :
"Ide conter a Joio o ~ue estais ouvindo e vendo: os cegos recupera:TI
a vista. os coxos andam, os laprosos 510 purificados, os surdos ouvem, os
mortos rhsu scltam e os pobres 1110 allana.lludos. E bem-aventurado
aqulre que !\to .. escandalizar li meu '.. pello I" (MI 11 • .c-e).

Com estas palavras, Jesus aludia aos prodIgios que Ele


ia. realiundo em sinal da sua natureza divina; Ele renovava
as criaturas, restaurava os elementos deteriorados peJo pe-
cado. .. Mas predizia. que Ele seria escandaloso ... como?
- Sim; havia de ser pregado à cruz, . . . desaflado para que
-1-
desta se desprendesse como havia salvo a tantos durante o
seu ministério público (cf. Mt Z7, 39-43). E, não obstante,
Ele nâo se moverJa, deixando-se morrer como que inepto e
vencido sobre o paUbulo. A fraqueza de Cristo. imprevista
e surpreendente, desconsertaria a muitos, provocando a fuga
dos próprios discípulos, exceto Joâo. Todavia o Senhor cru-
cificado era o Rei da glória, voluntariamente desfigurado,
mas portador da vida divina qu~ ressuscitaria seu corpo trés
dias depois! Felizes, jXlrtanto, aqueles quc não se escandali-
zassem a seu respeito!
Ora sort-e semelhante toda à Igreja instituida pelo Pl'~
prio Cristo para ser seu Corpo prolongado (cf. lCor 12).
Ele a concebeu segundo o mistério ou a lei da Encarnação.
Isto significa Que Ele haveria de dar à sua Igreja o poder
de fazer prodigios, .. . prodiglos de renovação dos homens e
da história.. . Sim; foi a Igreja, entregue a homens rudes,
que enfrentou o puJante Império Romano, sofreu as perse-
guições deste, mas acabou por vencê--Io, como atestava o Im·
perador Juliano o Apóstata (361-363) : «Venceste, Gallleu!.-
Foi a Igreja Que salvou das minas os tesouros da cultura
greco-romana c os entregou aos povos bárbaros; foi a Igreja
que, mediante os seus santos e heróis, berçou as nações que
hoje lideram o mundo ocidental ou, simplesmente, o mundo
inteiro . . . A Igreja, mesmo nas fases de crise mais aguda,
sempre enrontrou em sua vltalida.de própria o tennente para
revlb10rar suas forças.
TOdavia da Igreja também se pode e deve dizer, aquilo
que Cristo afinnou de Si: «Feliz aquele que não se esoan-
dalizar a seu respeito!» Recoberta pela fragilidade humana, a
Igreja traz as marcas da deficiência dos seus tuhos, ora mais,
ora menos patentes. Todavia a Igreja Continua contendo em si
a força de Deus para a santificação dos homens tcf. 2Cor
12.10); a fragilidade dos f1Jhos da Igreja ó incapaz dc csva-
:dar a riqueza dos meios de snntlricação que Cristo nela
uepositou e que, passando por mãos limp..",s ou sujas, são
sempre entregues ImpoLutos a quem os procura na fé .
Estas verdades são de Importância fundamental para os
fiéis que sofrem em seu íntimo as repercussões de episódios
dolorosos. .. O Natal. recém-celebrado. velo avivar no povo
de Deus a consciência do grande desígnio do Pai que se
manifesta tanto no presépio de Belém como na história da
Igreja. Possa esta CQnsciência orientar os fiéis católicos
durante todo o ano de 1978!
E.D.
- 2-
« PERCiUNTE E RESPONDEREMOS lt
Ano XIX. - N' 217 - Janeiro de 1978

Os "Novos Filósofos" franceses:

"deus morreu, marx morreu


e eu mesmo não me estou sentindo bem"
(Mlchol lo B,II)
Em alnt... ; Em me.dOl! de 1977, tornou ... notória 1'11 Fn nça •
corrente dos "Novos FllósofOll", Foram marxlatas, mlolstu ou m ...mo
ullra-maolslu, m.s hoje se confessam IInledltldoa de todo e qualquer
10'IIII.rlsmo, "11. de esquerda, seja de direUa. A experl6ncia do mar-
xismo, çomprovada no decorrer do século XX pera pollllca da esmaga-
menlo do homem, os desiludiu. Embora nAo tenham subSlllullvo eulo
para propor em lugar dos IOlatltarismos, os " Novos Filósofos" se prom-
um S8guldor85 de Sócrates, o pensador que .apregoavI, enll. do mall,
os valores 1II1co$. Insinuam, assim, que a renovaçAo da sociedade s6
pod.ri 51'1l obtida se dotAI/ante os homens começarem a dar . lançAo às
qualidades motals da honestldttde, da veracidade, da IIdellda.de, do res-
peito ao semelhante.
A P<lslçlo d(ls " Novos FHoso los" 6 altamente signllleaUva porque
Iransla re o problema da renovaçlo da sociedade do plano marament.
;urtdlco e insliluclonal para o plano da eonsel.neia mo ral e da 6Iie8.
Verdade li que 08 homens nunca poderio viver am sociedade sem ala-
lema Jurldleo ti dlatribuiçlo da direitos e deyeres: também nunca poderio
del)(ar de cultivar a ciência e a técnica, q'Ue beneficiam grandemente a
humanidade. Mas 6 outrossim IIfl rdade qult toda organlzaçlo social a
qualquer progre530 te<:nológlco MUlo ladsdo, ao " aceno ~ nào $0
oas.earem no c ultÍllo dos valores ético! e no desperta, da consciência
matai em ctlda: ir.dlviduo.
! por lembrarem t.ls verdades que os "Novos filósofos" 510 impor-
tantes. Rapresenlam a alma humana como tal (mll!lsmo IaM Rellgliol eln-
uda do mate/Iatismo e dos Idolos do totalilllllsmo e posta 111 procura
de outros valo rel que 510 os do Transcendental e Inllnlto otl os valores
de Deus ( .. . Deua procuredo ainda às apalpade las: cf. AI 17, 27J.
• • •
COrIlenm.rio: Em meados de 1977 tornou-se notório na
Franta, um grupo de intelectuais Que, êJ.pÓS ter CeJto a expe-
riéncia da militância marxista, proclamam estar Ka rl Marx
-3
<1 cPERGUNrE E RESPONDEREMOS~ 21711978

ultrapassado ou morto; põem-se a denunciar o totalitaIismo


dI! Marx e o de Mao como tambêm os llbusos do capitalismo,
assumindo posicÕes de contestttção radical a todos os extre-
mismos , . . A atitude desses pensadores vem chamando a
atenção do público estudioso, que lhes atribui o titulo de
\I Novo.; l"i!(MrOS" : P:ll'('l!(!m r<'(>t'l'sclllm' o pensamento de
numel"OSOs cidadãos tan to do mWldo ocidental como dos paí-
ses da Cortina de Ferro.
Na realidade, trata-s~ d~ um grupo de oito ou nove
homens cuja idade vai dos 28 :lOS 40 anos. Aderiram ao
marxismo ou mesmo ao mao!smo no Início de sua reflexão
n:oséfica; todavia vjer,e,m 3 desiludir-se, tendo em vista o
comportamento dos países lideres do comunismo (a Rússia
e a China). Os escritos de Alexandre Solzhenitsyn, como
tambêm a condut a dos marxistas franceses por ocasião do
movimento estud:mtll-operarlo de 1968, muito contribuiram
para desapontâ-Ios. Hoje em db não apregoam modelo al-
gum do Estado político, mas a~ian\ pela restaura Cão do
código de honra (tntre os indivíduos humanos e os povos. O
seu modelo é: Sócl'ates. o filÓéofo qucstionador que preconi·
zava entre os seus contemporâneos uma consciência mais
profunda dos grnndes valores da ética.
Aliãs, esse gl'Upo de pensadul'l..'s (.'o nll'ários u:; ideologia....
poUticas parece exprimir um estado de espirito que se tem
propagudo nos pa.lscs ocidentais durante os últimos anos. O
sociólogo norte-americano Daniel Bc-Il publicou em 1960 o
livro cThe End of rdeology» (O fim das ideologlOS), no qual
afirmava que as ideologias totalitárias Co século XIX foram
esvaziadas pejos graves males que elas produzJram no sé-
culo xx. como os campos de concentração, a slÚocação das
l'cvoltilS húngara e lchecoslovllcn, os ensaios de HltOw:l mos-
covitas, os Estados totalitários promissores de bem-estar ...
Embora o comunismo tenha hoje seu peso na Itália c n:L
Franca, aparece niUda a seguinte verltica .ão: para a c: intel-
ligentsla:. mais exigente, as ideologias perderam «a sua ver-
dade:. e a sua capacidade de persuadir. São poucos os pen-
sadores sérios que acreditam que, mediante uma «engenharia
saciab, possa ser atingida a utopia da hannonia social.
Com outras palavras. os a: No\-os Filósofos:. franceses
afirmam a desintegração do marxIsmo precisamente quando
ele paMCe vivo c vibrant e no setor da política_ Têm a cora-
gem dI! denunciar o socialismo num momento em que a

-4-
OS ~ KO\'OS fILOSOFOS:. FRANCESES 5

alian:a sociallsla-comunista na Franca goza de forle proba-


bllidade de dominar o Porlamento po~' ocasião dos eleições
de março pr. Estigmatizam QS comunistas como ditadores
exatamente quando o e~rocoml1ni:;mo, com as suas promes-
sas de pluralismo democrático, estA a seduzir intelectuais
(ranceses, ita1ianos e espanhóis. Como filósofQS di ssidentes,
f~táo ganhando audiência no mundo pelo htto de impugna-
rem o totalitarismo sab qualquer das suas formas, asseve-
rando qu~ todas ns ideologias são perigosas. Michel Le Bris,
um dos menos conhecidos pensadores do grupo, c~ tã predsa·
mente escrevendo um Iiyro que terei o UuJo desafiador :
_Deus esta morto, Marx está morto, c c u mesmo não me
estou sentindo bem •.
Ora a repórter Sandra Burton, cOI'lwcspondentc ela revista
norte-americana «Time. , (01 entrevistar cinco dos .. Novos
Filõsofos~, que lhe expuseram seu modo de pensar. t. o cOn-
twdo de tais declarações que vamos abaixo apresentar resu-
midamente, tendo por base a edi;;ão de 5 f IX.!77 á a mesma
revista «Timet>.

1. Algu"s ..epresentantes dos' tc Novos Filósofos»


Pa~sarcnlO!-: ('ll\ 1 'C"\ 'i~l n o pC"llsamf'nlo (h' dn eo cios mais
s.ii':n ifirR I ivos.

1.1. An~,. Gludts.monn

Fi~UI'a preemincnt e do grupo, Giucksmann tem atuaI-


mente seus quarenta anos de Idade. Filho de pais marxistas,
t C\ ' C que deixar, (:001 os mesmos , a Alemanha n U1.istn em
Hl.'i(i. Aos qUlltorze anOs de idade, já era membro do Par-
lido Comunisla. Mais tardr. foi seduzido pelo maoismo e,
ainda, pai' um tipo de esquerdismo mais avançado. Dos qua-
lro livros de sua autoria que descrevem a sua odisséia poll-
\iCil, o mais importante ê cThe Cook and the Man-Eater.
(O cozinheiro e o dcvorador de homens), 1975, inspirado
pelas revelaÇÕeS de Solzhenitsyn referentes ao a rquipélago
Goulag.
~n obra #cThe Mastcr Thinkel's~ {Os Grandes Pensado-
I'es) , Glucksrnann considera os sistemas filosóficos de Fichtc,

-5-
G_ _ _ _,,P..:E,,R:.:G,,U,,NTE=
e..:E'-"R"'ES=PO=N"'D"'E=-R:.:E,,':::<O:<S,,.c;21,,7'-',,1978=_ _

Hegel, Marx e Nietzsche (século XIX); julga Que estes pen-


sadores são responsâ\'eis pelo conceito de «ciéncla humana>
em virtude da qual os Estados modernos controlam os seus
eldadãos; c:rltica-os também por haverem concebido a idéia
de «revolucão definitiva~1 que proCU1"8. apagar o passado e
reaJi7.a n «lavagem cerebral " do;;; súditos em nome de um
mundo novo c belo. Di7. clt':
"Estou pr&ocupado com 11 crença no mito d. relloJuçAO qult pennite
aO$ Stallns e Srez.nnevs cometer crimes eOl nome da mesma e impedir
ao povo qUI ,esista a lal processo" ,

Mais: " Hoje em dia na Ft.3nça, existam os nollOs soelaUstas Que da


novo formulam a promessa da translo:mlçlo da sociedade. TOdavia
recusam examina, o Qu e r ealmente ocorro debaixo dos regimes socla-
Illtas. Somente quando alguém loma consciência de que o Eslado li tio
perigoso quanto os monopólios parUculares. pode porca bar que nlo tem
"olldo a naçlOl'lallZJçüo da, Indastrias propostls pela esquerda".

G1ucksmllnn, finalmente, sente-se estimulado pelos sinais


de crescimento do arquIpélago de dissidentes na França e em
outros proses".. dissidentes qUe pl'otestam contra os plano~
nucleares e pedem mais autonomia para as minorias, ~Ill
compromisso com al~~u ma ldt'ologia toi'Hlitária.

Com vinle e noVl: anos de idade atualmente, foi jOlna-


lista de esquerda, admirador de Fidel Castro e Mao, e cola-
borador da Editora Grasset de Paris. O título do seu c:best-
sellcr» é c:Barbal'lsm with a Human Facc;') (Barbárie com
face humana). obra em que descreve o socialismo. Conven-
cido de que «o marxismo é o ôpio do povo:., sente-se obri-
sado a apregoar esta convlc.;:ão visto que o ~ociaJismo está
em :IV8n::o na EUI-opa. São suas palavras:
"Pela primeira vez nl hi!õlóti:l, o !:Oclali!lmo adquiriu uma hege.-
monia univers.I. M.s, paradoxalmente, ao moamo tempo osl6. em ctlte
no mundo Inlelro. Na "6UI, o. jovons de Bolonha esllo-sa r.belondo
con1ra o PartIdo Comunista lIaU.no, que em toda parte é tolalllirio ao
mbimo. O memo ranOmano .conteca em Nlpolas, A.nool., na Europ,a
Orlenl.I, n. Su'cl•. am Granoble, em portug'l. NIo obstlln'e, n. Franç.
h' Q\lem .guarde com grande esperançl I vinda do comunismo".

Levy mostra-se preocupado pelo fato seguinte:


"Ml,lltoa jovens nlo qu.rem admitir Que o capllallamo - que h'
muito eles consIderam seu Inimigo - é a mesma coln Que o socialismo.

-6-
OS -<NOVOS FILóSOFOS, FRANCESES 7

Eu costumava levenlar prOles lOS contra a Embabeda dos ~tadqJ Unidos.


Hoje eu preletlrla lazer o mesmo conlra a Unllo SOYléllca. .. Entre a
barba,le do capitalismo. que mullas vezes censura a si mesmo, e • bat-
birl. do socJalisma, (lue "lo censura a ai mesmo, declaro que eu esco-
Itlarla o capitalismo".

Em outra passagem observa o mesmo autor:


"Eslamos tomando eonsclêncla de que a grande ifIYencio do .....
culo XX vem a ser 0$ campos da cCHlcontraçio. os q uaIs Mda mais &lo
do que morticlnlo generalludo, empreendido por razO)es de Estado. Nlo
.pregao a Irlsteza, mas apenas o reconhecimento de que nlo se pode
i"slltuclonaliza, e fallcldade",

Em suma, Bernard-Henri Lévy elogia os cnovos resis~


tentes. esparsos pelo mundo inteiro, os quais nao sáo fortes
por terem armas ou sistemas filosóficos pretensiosos. mas,
sim, por apregoarem valores pessoais e morais.

1 .3. JHfI-Morle IMrHIlst

Com seus trinta e cinco anos de idade, Bcnoist julga qUe


o pensamento filosófico c político tem sido esclerosado por
Marx c Mao; é preciso, pois, sacudi-lo e remover estes dois
autores, como Galileo Galilei teve a coragem de sacudir o
pensamento do século XVII e remover a cosmovisão de Aris-
tóteles. Os _Novos Filósofos:. seriam precisamente os conti-
nuadol'eS do papel de Galileu, desta VE2, porém, no setor
sócio-polítiro, C'lue Marx e Moo têm dominado. São dizeres
de Benoist:
"Quer se Ira1e de uma gigantesca Companhia multlnaciona', qUlr 18
trai. do Partido Comunllta, em loda parte aul,Umos • reaçlo do povo
contra ai grandes eslnJluru que envolvem Ideologias potltlcas".

I .4 , Je-on- I'oul Dollé

Com trlnta e oito anos de Idade, Dollé é doutor em Filo-


sofia e professor de Sociologia na Escola das Belas Artes de
Paris. Há cinco anos, publicou a história de sua rixa com o
Marxismo no livro lntituJado ..Deslre tor Revohltion. (Desejo
de Revolução). 1: da opinião de que atualmente ctodas as
na.ções ocidentais estão atestando, como Nietzsche predisse.
Que Deus morreu. Em lugar do Deus da religião. diz ele,
colocamos o progresso técnico. Todavia a própria ciência
-7-
8 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 217/1978

reconhece não ter condicões de ser um ídolo. :e o que cxplic.,


que 8.OS poucos tenha começado amplo movimento em de-
manda de nova sensibilidade, Movimento do qual é parte a
Nova Filosofia,. ,

Dollé julga que «estamos vivendo em autêntico período


socrátit:o. Ponto pol' ponto, o!' homem: f'slão levantando to-
das as questões imporhmlc!'I que se 1'Clacionam com a vida:
,Que valor tem um reator nuclear? Qual é a verdadeira iden-
tidade da mulher!', O~elva n do os aglomerados de edifícios
<monstruosos) c os meios de transporte que caracterizam as
cidades, os homens (.o;)mcçaOl a rejeitM a êtic."l do progl"CSSO
perpétuo', São palavras de Dallei!:

"Al5lm existe um vaz.io. As pessoas IIstlo inleres •• das em multas


COilUlS, destle 8 muslcl dos. trovadores do Bic. XIV atlt I legallzaçlo da
marlJuana; mu nada hi que unlllquo esS83 Interesses, A nos.a era .. dis-
perliYa. Em conseQOêncla, os homens de cúpula - selam polltlcos, Hlam
economistas, Hlam os promotores da cultura - acham dltlcll o exercido
de suas lunça H, O slslema !Jlgente ê cada vez menos opetanle e se acha
em pênlco, eis por que os membrOI do sistema polfllco !rands reagem
contra os Novos Filósofos perguntando : 'Slo da direita ou da esquerda 7'
Na verdade, nós somos o 51nloma de a lgo multo maior ai nda, que os poli·
tlcos alnde nlo reconheceram. Toda!Jla o povo simples 1* o dncobrlu".

Como se vê, os cNovos FilêsoCos :. pretendem ultrapassaI'


as categorias politicas hoje em dia vigentes, a fim de propor
uma ordem entre os homens baseada na autoeducaçáo que
leve ao respeito mútuo c à colaboração s incera.

1 .5 , Guy Lardreau

Aos trinta anos de idade. Lardreau ê proCessor no cLycée


d'AuxerrcJl e autor da obra anthnarxista cMonkey of Gold:.
(Macaco de Ouro), 1971 ." A sua mcn5;ngcm sr clU'flctcri7.n
pelos seguintes termos:
"Atualmente nada de novo pode aconleClr no campo di pollllca Iten-
eHa, porque o pall Inteiro eslA paralisado ate 8S elalçClss da 1978" ,
Todavia, quer !Joçl voto pela dlrel1a, quer pela esquordl, faça-o sem
!lusass, 1!i MCe8s6rlo renunciar a Id6la de qUI algum .'llema pOSei l er
salVldor" ,
t ~UCI do progrellO perpétuo' aquela qua tom. como crlt6rkl do
bem e do mal a conlrlbulçlo pa r. o progRlIIO I6cnico, ElIcemente bom
8eril tudo O qUI 10mentl'le o progresso (o Que .&Umularla S8m Ilmlle a
16cnlc.a); eticamente meu lerIa o que retardaSIe a evoluç.o lecnol6gllcI,

-8 -
os cNOVOS FILOSOFOS. FRANCESES 9

Esta declaração faz eco fiel às dos filósofos at rás citados.

Importa-nos agora tentar realizar um balanço da posi-


ção dos cNovos Filósofos », balanço que os próprios pensade>-
res europeus de outras escolas já começaram a esboçar.

2. Reflexões sobre a «( Nova Filosofia »


Proporemos os três seguintes pontos:
1) Os «Novos Filósofos. fazem genuino eco ao can-
saço li! à frustração de certas populações da Europa e de
outras partes do mundo, que o comunismo tem dominado ou
ameaçado. O eurocomunismo seria a mais recente fonna de
mâscara adotada pelo marxismo para se impor aos povos da:
Europa Ocidental. Ora os _Novos Filósofos:. denunciam toda
ideologia 1 sob qualquer de suas a parências ou máscaras. E
com muita razão o fa,1:cm ... Na verdade, qualquer sistema
tiJtalitário. ou seja, qualquer sistema que se apregoe sufi-
ciente para responder a todas as indagações do homem e
trazer-lhc a felicidade, é falso, pois é impossível satisfazer
ao homem tão somen te dentro dos parâmetros da ciência,
da economia e da organização social. Todo ser humano tem
aspirações ao Infinito e ao Transcendental, de modo que só
uma cosmovlsão religiosa, ou melhor, as proposições da fê
poderiam responder cabalmente aOs anseios do homem; é à
fé que compete propor o sentido pleno da vida humana e as
perspectivas definitivas que devem nortear fl ordem política
e social~. Os cNovos FlIOsofos » não falam de Deus; talvez
mesmo não o aceitem. M'o.s pode-se-lhes reconhecer o mérito
de haver explicitado a Insatisfação dos homens contemporâ-
neos diante das Ideologias ou dos idolos da politica e do. filo-
sofi a social vigentes.
lldeolócla vem a sar nesle conlexlo o Ilstema <le Idél1l.5 que s.
' basela né! obaervaçlo <le 1011'» çonclelos econOmlcas e $oclel:l e que pro-
pile uma vislo do homem a da mundo destinada a IrsnslOlmer a ordem
aoclal e econOmlce vIgente. A Ideologi a tem sempre um cunho lolama/lo
li maquIavélico. prolessando. 80 menos Impli citam ente, que o 11m jusllllca
os meios.
: C<lm isto nlo qUIHemos dizer que a fé ou a teolOgia deva traçar
pl'n(I$ de açAo polltica ou econOmica - o que aeria exorbltanta. Mas all,-
mimos que só a ampla vida do mundo e de homem proposla pela 16 ou
pelo Senhor Devs pode Indicar as prIncipaIs malas e a escala da valores
que uma botl organlzoção social de.... e observ3r.

-9-
10 .. PERGCNTE 10: RESPOXOEREMOS:. 21i/ 19iS

A contestação. mesmo destituída de modelo positivo, pode


ser útil no caso, pois há de incitar OS çristãos a propor de
llOVO modo a Grande Resposta que o Evangelho apresenta
ao homem sôfrego de nossos dias. O homem que se afastou
do Evangelho na expectativa de encontrar algo de melhor,
entedia·se dos ídolos que ele criou para si me.smo ; assim
se constitui O clima propício p..lra se reconhecer sob nova luz
a veracidade d<lS proposições da mensagem cristã.

2) Embora não tenham novo modelo politlco a propol', os


, No\'os Filósofos, se professam seguidores de Sócrates. Es.te
questionava a ordem de coisas vigente em sua época (sé<:. Vl
a. C.), pretendendo assim, antes do mais, renovar as (:ons-
ciências e os valores éticos. Com efeito, l'eunindo seus con·
cidadãos nas pracas de Atenas, perguntava·lhes se tinham
noção do que \'êm a ser a justiça, a fortaleza, a prudencia,
a temperança", E aos mais sábios mostl'ava que nada se·
biam, Sócrates Q\.Ils começar a reestruturação da sociedade
do seu tempo chamando a a tencão para a ordem moral e
despertando as consciências dos homens para novo compor·
tamento ético. Ora este é realmente o autêntico caminho
para qualquer socrguimento dn sociedade, principalmente em
nossos dias: muilo se falu em mudanças de estruturas, como
se apenas novas disposições juridlcas viessem trazer a felicl.
dade dos homens, e cada vez ma!s se esquecem os valores da
consch!ncia, como " honestidade, li I'clidf,o, n vCl'acidt\dc, a
fidelidade, a dignidade na vida politlca, o respeito 80 prÓ'"
ximo, ., Ora, se não hã sério respeito e cultivo de ta is vaio·
res, está de antemão fadada à ruina qualquer procura de
paz e bem·C'!>tar p:lnt os indivià\Jos c os povos.
Donde se vê que, embora pl'Cdomillantemenle contesta·
tãrios. os CII No\'os F"i16sotos ~ indicam o cerne donde se poderá
derlval' o projeto de soluc;:ão das crises sociais de nossos dias.
3) Os f: No\'Os Filôsofos , l)ül'('CCIn rejeitol' qualquer
sislema ou estrutura politica, Fuzem·nos talvez mais para'
h.'var os homens ti I'efletil' do que para propor uma tese, A
pl"OpósilO obselvemos (Jue Q ideal de uma sociedade l'egida
unicamenle por valores éticos sem intervençüo de leis ou de
oluem juridica vem seduzindo os pensadol-es desde os tem~
pc,; da . Republicn ~ de P latão (t 347 a ', C,); é também hoje
o ideal do marxismo em sua fase mais evolulda. Deve-se,
porem, reconhecer que a boa ordem na sociedade exige orga~
lli.:ação sisl"mâtica das tarefas, com distribuição de direitos

- 10-
_ _ _ _ _"O$"'..:''''
.>1,,
'O,,VOS fo'ILOSOroS " FRAKCESES 11

e deveres; ns lnstituieões civis c politicas são n garantia de


certa ordem e de progresso sadio para a sociedade.
Mais: não se podem rejeitar os avanços da ciéncia C da
técnica de maneira global. Se. de um lado. o tecniclsmo ou
a hipertrofia da técnica (cOm aS exigências de consumo e as
conseqUéncias de massificação) é nocivo, de outro lado a
sociedade e os individuas podem validamente beneficial'-se
das facilidades e comodidades que os recursos cientificas e
técnicos proporcionam ao gênero humano no t ocante ao tra-
balho, 'à. saúde, à aJimentação, à moradia, ao Jazel" as comu-
nicações, etc. Eis por Que não se pode rejeitar LI estrutul'ação
jurídica e sistêmica da sociedade, nem se pode menosprezar
o planejamento do progresso cientifico e tecnico, ma!. ê ne~­
sádo favo:rerer tais interesses do gênero humano. Contudo
importa incutir na humanidade o. consci~ncia (Que muitos
individuos jâ conceberam implicitamente) de Que os valores
do progresso t éenlco são relati\'os ou vêm ô ser subs!dios
para a caminhacla em demanda dos únicos bens capazes de
satisfazer plenamente aos homens, que sâo os bens trans~
cendentnis.
Eis O que nos eonvinha di7.(!r D I~speilo dos t Novos Filõ-
soCos.. Estes tém grand!! significado, principalmente pelo
fato de representarem o ser humano como tal (mesmo sem
Religião) insatisfeito diante dos ldolos cio totnlitnrismo e
rn~ntc nos paruisos que estes pl 'omct ~m . Constituem um pal'a~
leio 80S pensadores soviéticos, que, mesmo sem professar
crenças religiosas, protestam contra o endeusamento do Es~
tado C da matéria e bradam ao menos hnplic itnme ntc en'l.
demanda do Dêus Vl"l"dadeiro. Em todos esses casos, c a
elma humana que fala a partir do Que tem de mais autentico
e representativo. Assim se corroboram mais uma vez 'OS dizc~
res de S. Agostinho : «Senhor, Tu nos fizeste pa ra T i, e
inquieto ê o nosso coração enquanto não repousa em T il.
(Confis.<;ô('s r, 1) ,

(ConlinUlçAo da 3' capa)


O Iulor da provas de erudição e, l O mesmo tempo, oquilibrio dOutri~
n4rlo, mantendo-se lIel l OS enslname rnos ollclais da Igreja - o que e
Imporrante nes ta 'peca na qual váriOS erros criSlológicos vl o sendo disse-
mInados: cf. PR 114/1S174, pp. 223~245. Notem-se especialmente as cOl"lll i~
detações atinentes .11: consciência messlãnlca de Jesus e ã fórmu la do Con-
cilio de CalcadOn!a, que reconheceu em Jesus lima só Pessoa e duas
nalurezas: para Duqlloc, a deflniç!o do CalcedOnJa significa um marco
dellnllvo na história dA Criste>Jogla a tem significado permanente também
pala o homem do &eculo XX.

11-
No mundo da ficção :

ainda uma vez erich von dãniken

Em !Jintesc: Erich 'l'on D5niken. estando no Brasil em julho w-, deu


entroviu., ê imprensa. que abordaram lemas relacionados com a Religllo.

No tocante ao nome Elohlm, com que a SIbila designa Deus. ÍI;lga que
deveria ser traduzido por deu..,; Iralar..se-ia da um plural que lembraria
os asilonautas vlndcl à lerra noa primórdios da hlslória da humanidade.
_ Na verdade. e:nbora ;:a torma gramatical de Elohim seja a de plural, 8ste
sub$lanliy!) na Sibile eOSluma tar o sou verbo no sIngular; designa o único
Deus, rcalçando. pela 10lma de plural. il majestade fi o poder des.se (mico
Senhor.

QUllrolo b pi,6mides do Egito. é gratuita e lanlasisla a hipólese da


que hajam sido coo&tluldas apÓS inlervenç!o de astronautas na lerra. Elas
se .~plicam sullclentemenla pelo Irab.llhO de numelosas teglo/les de es--
CifaVOl duramente 1ratados pelo chicote do capataz:. - ... "clêncl8 secreta
dos lo r.llós·· que, segundo alguns ê!lludlcsos, !leria atestada pela grande
Plrêmldc de Quoops, nlo pa~sQl de produto da licç!o de alguns estudiosos
dos sCc:Jlos XIX e XX. Considerando serenamente os monumentos dos eglp-
clO$, verifica-se quo ti~eram conhecimentos de ciência ainda rudlmenlares;
loda-yia o que eoallece esse povo. é o seu desejo de preclsio, de eficl6ncla
e de perlelçloj 1110 hll. d(Jvlda de que tais qualidades slo atestadas pelas
plrAmldes. os templot e as pinturas do Egito.

No tocante à exi st<i!nc:ia de seres inteligentes em outros plan'Jtas, A


fé cristA nada tem a lhe opor. Se a ReV81açlo bibllca não n mencione,
ela .ambém n80 a exclui.
• • •
Comentãrio: Em julho pp. esteve no Brasil o escritor
suiço Erleh von Dániken. 3utO[' de famosos livros como ..Eram
os deuses ílstronnutas'?, «Volta às Estrelas. , «Aparições.,
tcndo jâ sido comcntndos os dois primciros em PR 126/1970,'
pp. 257~265, c o terceiro em PR. 210/ 1977, pp. 256-268.
Interessa-nos hoje considerar lima entrevista dada por
E. von Dãniken à Imprensa por ocasião dessa visita ao Brasil.
Foi publicada com exclusividade regional pelo «Jornal de
Jundiai. a.os 13 de julho de 1977, p. 5. Visto que aborda
temas de atualidade, propomo-nos levar em conta tres dos
principais tópicos desse diálogo com os repórteres; o nome
de Deus El-Elohlm, a origem das pirâmides do E gito e 8.
questão de seres humanos extra~terrestres.

-12 -
,\IXUA .l::nICH \'ON D./lNIKEN 13
- - - -- - - - - -'=""--"=--'-""-"""""-"''-----
1. O nome de Deus «Elohim »
Eis pala"ras de E, \'on Daniken na citada entrevista:
"Moisés, no Gtne.is, usa a palavra Elol'Jlm quando se relere a Deus,
Elohlm, entretanto, do plural - o que m e deixou curioso, Por oxemplo,
Moisés diz: 'E 0$ deuses (Elohim) disseram : Façamos a nossa imagem
e semelhança', Deduzi assim q ue a ltaduçllo 'Oeu$ lez o homem • sua
imagem. semelhança' I! Inco rreta" , Todu as civilizaçlJes lalavam de
deuses, EJohlm, nunca de um 196 Deul_ Diziam : 'E os deuses vieram do
céu, precedidos por f Orles lrovoadas', e assim por d ianle, PortanlO lodes
1119 questões que eu passll a formular, começaram a partir de uma l:1cor·
reçlo d as Iraduçi5es blbllcas",

Em suma, afirma ,-on Dãniken que a pala\'!'u bíblica


Etohlm deve sel' traduzida por deuses_ Assim, conforme o
autor de c:Eram os deuses astronautas?:t, a Biblia se referc
80s astronôlutas vindos de outros planetas e endeusados pelos
homens primitivos, A BiblJa estaria, pois, em consonância
com a tese defendida por aquele livro de E_ von Dãniken,

A propõslto (al"emas duas obscl'Va(:ões:

1,1 , Os nom., EI, Eloah, EIDhlm

As Iíngllns !;em it as dcsisnam Deus pelo n>cii.bulo EI em


hebl'aico, Oab em árabe, nu em acádico_ Tais vocábulos per-
tencem â mais antiga linguagem religiosa: estão .as.c:.oclados
à idéia de ))od ~r ou ).ot(:nci". de modo que EI significa origi.
nariamente o 1,c:rdcr no qual o homem está SUje ito e que
enche a consciência religiosa do mesmo, Assim pode·se d ~ zer
Que, pal'a os semitas, o conceito de poder ero, fundamental
na ~ua maneira de cncarm' a Divindade',

fi. pala\'I'a l',jloah parece scr uma form .. \ dr vO<.:ativo ou


Apelativo (caso da interpelação) de EI; esse VOCétU,'O :::e terâ
tornado um nominativo, como se tem verificado nas línguas
semitas,

Quanto a Eloilim é, mol"fologicament e fa lando, n (Ol-ma


plural de EI. Elonh. como afirmam gel'a lmente os fi lólogos 1_

, I: de nolar, porém, (lue, segundo alguns lingüisls!!i, 8 '(Irma Elohlm


origlnarllmenle nlo fel plurlll ; a deslnêncll Im seria apenas tJma mllnelra
da determinar melhor a pallvra, como ce rtamenle aconlece em le~ I Q s al'8bes ,
ugarlUcos e len'eiol,

- 13 -
1-1 - PERGU;,TE E RESPONDERE?IOS;, 211'11978

Neste caso, o plural l!:!ohlm vem a ser a expressão da men-


talidade politeista ou idólatl'a de muitos povos antigos. - De
pas:::agem, note-se : os estudiosos inàagllm se a f.orm a inicial
de religião enl politeista ou monot eista. A escola antropol~
gicn c etnológica de Viena, fundada por Wilhelm Schmidt,
ilpés Jmwl' \'~: ud;lcln as (':qm.'s_~ l'cligiosns dos povos mais
pl'imitivO$ do glulm, afirma que (, monoteísmo é a fOl'ma orí-
ginaria de re ligião; o lento progresso da civilização, que tor-
nou o hom~m consciente de sua dependência em rela~ão ao
sol, oi lua, ao fogo, à terra .... , <) terá levado a endeusar tais
él~m{'ntos, ocasionancto ussim o SUl'to lIo poli.teismo, da ido-
latria, do fetich ismo, etc. Esta tese é fundamentada pela.
escola de Vi~na. sobre Pl'squ is~ variadas c criteriosas l'eali-
zadas entre povos arcaicos aiilQa hoje existentes - o que
lhe merece :l considel'ação atenta dos estudiosos.
1:': necessitl'io agora investiga," o s ignificado do uso de
C 'o ah c Elohim nos tex10s biblícos.

a) A pn la\TlL El03h é relativamente ral'~. Apar ece em


textos poéticos como designativo do único Deus (cr. Ot 32,
15-7; SI 17, 32: 49, 22 .. _) : no livro de J ó. posterior ao
cxllio. ocor.'c 41 Y/!7.CS, sempn~ par;} sign ificar o único Deus
de Isra('1.
bJ O vocábu lo Elohim ocorn: mais de duns mil vtY.les
no Antigo Testam(mto. Que significados tem?
- Raramente signirk a pluralidade de deuses, como acon-
tece, pCI'exemplo, em
E.x l.:l.tl: "Quem P. scmclh;mte a ti entre os deuses
(Ra'rlim)?"
Jz :l,l ',i: <i: • •• <Icusl's e horncnsJ (elohilll wll..':luashim)
Ex 18.11 : _ ... todos os deuses» (kol·ha'elohlm)
Cf. Dt 10,17: Ex 12.12.
- Por vezes, E['~hiln significa os anjos ou «os membros
da corte celeste»; cf. SI 8,6; J ó 1,6; 2,1; 38,7, Por extensão,
pode tambem desienar os pLÍncipes e os juizes, assemelhados
aos cOl1csãos celestia is, cf. SI 81, G (os juizes); . .. o rei
(SI 44, 7); ... homens dotados de pOder extraordinário, como
Moisés {Ex 4,16; 7,1) ...

-14-
- ----_._-
AIKDA I::RICH VQN D;\NIKEN

--!.. t'\a grande maioria dos casos, porêm, Elohim, embora


l.'onseryc a SUll forma plural, tem significado singular; é
geralmente usado com predicado ou com forma verbal no
singular e designa Deus: ou o Deus único e verdadeiro ou
um jdolo como Camós, o deus dos moabitas (Jz lI, 24).
Astnrté, a deusa dos sidônlos (lRs 11,5). Baal-Zebub. o deus
de ACõU'Onl (2Rs 1,2) .
Anãs, o uso do nome de Deus em forma de plural com
verbo Oll pl'cdicado no singulal' não é renômeno exclusivo da
língua hebraica; tem seus paralelos nos idiomas dos povos
vizfnho$ a Israel, como se dcprecndc dos segui ntes exemplOS:
Os babilônios designavam Sln, o deus lunar, pela fórmula
deuses dos deuses.. No seculo XV a. C. os pt'lncipes cana-
neus homenagearam o rei divinizado do Egito pela expressão
lI: meus dtruSeS.. (ilania, termo ocorrente nas cartas de Annana
1-11, 2. 10 :16. 32. 37: 144, 2.6 .8 .. . ) . Em tenieio, a expres-
são plural '1m significava o deus Nergal, 'Im nrcl, como tam-
bém a deusa lstar, 'bn 'strt. Em acâd1co, o vocábulo nu i1ami,
que designava fi totalidade dos deuses, podia, significar deter·
minada pessoa divina ou um homem endeusado.
Pergunta·se então: por que os israelitas designavam o
(mico Deus por um substantivo de fonna plural?
A l'csposta será dada n seguir :

1 .2 . Por que Elohim e não EI?

A fOl"lr.a Elohim, dentro das concepções monoteistas dos


hcbl'eus, pode ser entendida seglllldo as modalidades seguintes:

1.2 ,1. Plurol d e eminência

Como em outros povos, também em Israel a devoção po.


pular sentia a necessidade de exprimir a grandeza de Deus me-
diante forma plural (plural de eminência, sublimidade ou gran-
deza). Por consegUinte, Elohlm exprime, de maneira enfá-
tica, tudo aquilo que ê EI, Deus, ou todos os predicados do
único Deus. Este é assim exaltado em sua perfeição e unJcI-
dade. Esta ênfase aparece muito claramente em textos como
18 45,SI! "Lembrai-vos das realidades passadas há muito. pois eu
sou Deus (Elohlm) e "lo há outro Céus, fi n1nou'm é semelhante :a mim".

-15 -
36 <.PERGUI\'TE E RESPONDEREMOS~ 217/1978

DI 4. 35: "A 1/ 101 dtldo ver 1$10 tudo, pari que saibas Gue Javé é
o verdade1ro Deus (Elohfm) e que nio ha oulro",

I. 45, 5: "Eu .ou Javé, e nlo há oulro, Fora de mim, nlo hé DIIUS
(Eklhlm)".

Por conSf..'guinlc, a pnlnvra EloIhim 15, de certo modo, um


plUT"dl comparável no que se usa n<l linguagem mod(>ma,
quando se exprime a majcslad~ de quem rala.

, , :2.2 , Ph"ral tl l liborClti~o

Em dois casos 1111 Bíblia. Deus, designado como }:lo11hn,


fala usando o verbo na primeira pessoa do plural ;
Gn 1, 28 : "Olssl Deus: 'Façamos o !\ornem à nossa Imagem, co mo
noS$' semelhança' ",
Gn 3, 22 : "Ja~ Oeus (Elohlm) disse: 'Eis que o homem se tornou
como um de nós, para conhecer o bem 11 o mal''',

Entendem·se tais casos como sendo de plural deUbera-


tivo, Este uso supõe o fa to psicológico de que, ao tomar
uma decisão, a mesma pessoa dialoga consigo, riitando a si
mesma o alvitre que mais recomendâvel pareça,
Aliâs, o plural deliberativo ocorre também com Q nome
Javé, que nüo Im? v(~Lig i o alr:;um ele plural , As.<:;im, por
exemplo, em
GI1 11, 7; " Oisse Jaye: 'Vamos, desçamos! Co nfundamos a sua
linguagem !' "
I. 15.' : " En110 ouvi a voz. de Javé, que dizia : 'Quem mandarei ?
Quem Iri para nós 1' "

o cri!':tilo, ~o 1(> 1' Inis textos, c propenso lt ve l' ai uma


insinnaçflo do mis tério da SS, Trindade, pois na verdade em
Deus existem três pessoas, que não dividem nem multiplicam
ti. essência divina, Todavia não ~e pode atribuir ao escritor
judeu a intul~ão de mistério que só no Novo Testamento
seria devidamente revelado; a inspiração bíblica não slgni·
fica revelação. Em conseqüência, a exegese calôlica propõe
a seguinte distlncão:

- em sént ido literal imediato. Os textos em que o verbo


ó usado no plural tendo por sujeito Elohlm, designam a Ma-
iestade de Deus ou também uma forma de dellbcraçlto, com-
preensí\'el na psiCOlogia numanai
-16 -
____________~A~IN~D~A~E~R~ICH~~V~O~N~D~AN~~~E~N~_________"11
- em sentido pleno, sim, ou seja, â luz da revelação do
Novo Testamento, pode-se dizer que o mistério da 55. Trin-
dade transparece através de tais textos.
Lcve-se em conta ainda

1 . 2 . 3. plural de dlólogo
Ao comentarem Gn 1,26; 11, 7, Gerard \'on Rad e outros
exegetas julgam que, em tais casos, Deus dialoga com os
anjos, propondo-lhes: _Façamos o homem ... :.. ou tI:Vamos!
Desçamos! ... )
Tal sentença é inadequada, pois, em última análise,
nivela Deus e os anjos e supõe o homem criado à imagem
não só de Deus, mas também dos anjos. Por isto não é
aceita na exegese católica.
Vé-se. pois, que não tem autoridade a afirmação de
E. "on Dãniken segundo a qual se deveria, sem mais, tra-
duzir na Biblla &ohim por deuses. Embora a palavra, con-
siderada do ponto de vista morfológico. tenha a desinência
de plural, no contexto bíblico e no ambiente do escritor isae·
lita que a utilizou, tol vocábulo designa geralmente um sujeito
singular ou, mais precisamente, o Deus único, excetuando-se
os poucOs textOs em que o vodbulo designa os deuses do
paganismo, os s~rcs celestes (anjos. fidos como filhos de
Deus) ou hom~ns relevantes.
Verdade é que o povo de Israel descende do patrial'ca
Abraão, que no sêc. XIX a.C. emlgrou de Ur da Caldéia
para Canaã; as primeiras gerações de israelitas podem ter
professado e vivido um certo sincretismo religioso (cf. Gn 31,
19; 15m 15,23). Este, porém, foi·se dissipando mais e mais,
('mbol'a o povo de Israel sempre tenha sido tentado a cair
na idolatria ou no culto dos deuses dos povos vizinhos.
Quando os escritores de Israel se dispuseram a escrever peças
literárias Que hoje integram a Bíblia Sagrada, professaram
a fé oficial de Israel, ou seja, a ercnça em um sô De'US,
nindn que usassem o nome Elohlm.
Compl'eende-se outrossim que gratuita é a hipótese de
E. von Dãniken segundo a qual o nome Elohlrn (que van
DAniken quer traduzir por deUle5) tem sua origem em visi-
tas de astronautas à terra: os homens terrestres primitivos.
espantados pela presença de tão sábios e poderosos visitantes.
tê-Ios~iam chamado deuses. Em conseqüência, o vocábulo

-17 -
18 " I'ERGUNTE E RF:SPONDEREMOS, 217/1978

deuses se teria transmitido â literatura de lodos os povos


antigos, inclusive 'à dos hebreus, em recordação da surpresa
causada outrora pelos cosmonautas visitantes. - PerrelJe.se
que tal afirmação é n~o somente fantasiosa. mas carente de
qualquel' prova nu runclamentacão. Não obstante. voa Da-
niken tem-nu como (:cria c dai deduz as mais estranhas con-
clusões: ... • o quc revela certa leviandade e dcsprcstigia o
autor.
2. As pirâmides do Egito
Erich vali D:inikl'l\ sustenta que as pirámid~s do Egito
têm muito mais de 4.~OO anos de exh.tcncia (idade que geral·
mente lhes é atrlbulda). e foram construídas mediante recur--
50S de arquitetura que aSU'onaUlas de outros planetas ensi-
naram aos homens da terra em época muito remota.
Ora na verdade as pirâmides do Egito tém sido objeto
não só de sérios estudos científicos, maS também de amplos
devaneios da fantasia. De modo especial, a pirAmide de
Queops, que fica no lado das de Quefren e Miquerinos, em
Gizah, vem chamando a aten:-:ão dos estudiosos; é chamada
«a Grande Pirâmide"
Ora, ao lado de autores que se comprazem em exaltar a
extraordinária ciência dos egipclos, há aqueles que se mos-
tram reservados e a lheios a qualquer tentativa de admitir a
cxisténcla de avançndn civili'1::lC:ão egipcia que se teria perdido.
~ interessante confrontar o testemunho de uns c outros.
a) Assim, por exemplo, em favor da maravilhosa ciên·
eia dos eglpcios, escrevem Louis Pauwels c Jacques Bel'gier
no seu livro . 0 Despertar dos mâgicos:D (que tem por subti-
tulo c:lntrodução no realismo fnntãstico:.):
"Hoje sabemOos que os Fara6s deposllaram nas piràmides os resulta·
dos de uma el6nela da qual 19nolamos a origem e os métodos. Ali se
votta a encontr.r o nlimaro pl, o dlculo exato da duraçio de um ano
solar, do raio e do peso da Terra, a lei da precessAo dos equlnxios, o
valor do grau de longllude, a direçlo real do Norle, e talvez muilos OUlros
dados .Inda por doeU,.," (p. , 66).
b) Enquanto os dois autores atrás citados procuram
explicar a portentosa estrutura das pirâmides, C. W. Ceram
escreve na sua obra c Deuses, túmulos e sãbios»:
"A Grande Plrâmlda foi tnuitu vues designada como 'Sibila em
pedra'. Nós conhacemos as 'Interprelaç6ea' da elblla. As Interprelaç6es di

- JR -
Grande Pir!mldo montem a quasCl outro tanto, Pela planta, pela slluaçlo
das portas, d01l corredores, dos compartimentos, da camara monu!"a,
tem-se lido toda a história d. esptcle humana I Baseado nessa 'história'
gravada na plrAmlde, um pesquiSador predisstl o começo da PrimeIra Guerra
Mundial para o Ino de 1~13, e os crentes nolaram qce ele '56 elTou
num ano'.

E conludo os m laticos dos numeras têm à mao material que nos


deixará perplexos se nlo o reduzitmOlll imediatamente à sua proporçio
normal ." A maior parto das afhm.ç6es em torno da Grande Piramlde
baseia-se e:n mediç~es incorrelas ou em eJ.lgero~ e num:! escandalosa
amptificaç'o das p01l1t»!ldades que toda grande Obra de arquitetura oferece
$8 for medida com unidedes m.tricas muito pequenas. Enlremenles - de-
pois das primeiras medidas tomadas por Ftinders Peido ' - loram ,omedas
medidas relativamente exalas da Grande PirAmide. Devemos esclarecer,
entretanto, que al6 mesmo as medidas modernas silo apena$ aproxlmad.l$,
porque o ,evlllllmento da plrtm lde n~o existe mais, e o v6rtice est' das-
Iruldo. Todo m/atico dos numero. que quIser, pois, basear a sua damons·
traçlo em unidade. cenllm6\llcaa ou em polegadas. eslar8 dllsde logo
desaCleditado ... Nio acredllflmos que os eglpcios possulssem uma unidade
de medida como, por e.emplo, o melro padlio de Pari, (para compreender
lodo a heterogeneidade do mundo do pensamenlo Que, ao contrario do
nOS80, nlo está voltado para a precisa0, lembratamO$ aqui, por a.amplo,
a falta do senso hlslollco do tempo),

Não ~ aiUci!, medindo uma obra muUo grande com padrõ~s de medida
muito pequenos, chega, a lel6ç6a~ impressionanles. " bem provil.ve l que,
se 8vólliâssamos a cllledrs.1 de Chartres ou o domo de Col6nla em canll~
melros, chegsriamos pelas convenlonte s adlçãe.s, Subtrações li mulllpllcl·
çOes é.s mais inesperadas eomparaç6es com valores numéricos ç6smlços.
Nesle plano ê muito prev""al que se encontre também a prova de que
o ".10, pi nAo deve ser mtlis considerado o 'numero de ludolf', porquanto
iA era conhec ido dos const.utores das pirâmides,
Ainda qua se demon(Oll'a~se torem 05 eglpciot. empregado realmente
conhecimentos astron 6mlcos al6 certo grau nas medidas da Grande Pira-
mlde (conheclmenlOS equivalentes 105 qu-e a ciência moderna s6 descobriu
nos seeulos XIX e XX - e1)mo, por e.emplo, a dislAncia e.ata do Sol).
iss:) n20 ser il razAo para supor el!sUr nesses valores numéricos qualquer
relaçlo mlsUee ou biS' para lazer protecias.
No ano de 1922, o eglpt61ogo alemio ludwig Borehardt publicou, apó5
opurado estudo, um livro Intitulado 'Conlra a M/sliea Numorica da Grande
Pirâmide de Giz" . AI eneonlllrnOS argumentos que mandam por Igua abaixo
toda a torronle da mlslica" ("Ceuses, túmulos e sábios". Ed. Mell\oramentos,
Sêo Paulo 1911, p. 136s),
c) Ainda mCI"'ecc a tC!1çRO a coleção intitulada .. Histoirc
Génél'alc dcs Sciencch (Histól'ia Geral das Ciêne!:lsl p ubli·
cada sob a dlreçào de Rene Taton ( o.: Pl'csses Uni\'~rsitaires
de Francc, Paris), Em scu primeiro volume, que versO! f?bl'c
[l Ciêncin Antiga c Med:eval, observa o uutar à p. 49:

"~ mlsler diter uma palal/ra lobre aquilo q'Je em diversas obras ainda
e chamado '/I eiônçla .ec:reta dos faraos". Nio ê inutil lembrar que nllda

- 19-
211 -PEKGIJNT"; fo: H.F:SPO~IJJo":RE:\IOS . 2 17/ 1978

sal)olmo::. de uma lal ci6 01;:ia e que e 8Ktremamente duvkloso tenha ela
iamals exlslido. Todas as e,p~uI3çOe s leU .. sobra OS 'r'lUmeros' da Granda
PlrAmlde, entre outras, s'o puros de ... anelos Infanth; seriam tal. m esmo
se os au:ore!; respectivos tlvessem ullllzado medidas 8 numeros exatos
- o que "a verdade 010 se deu. De resto, por que 50 e Grande Pltêmlde
nos ~e'i a tran'lmltldo, da maneira obscura I, numa palayra, Impenetrjyel,
uma ciér:cia t;lo eyo lulda que ultr.pa~~ayil. a c iencia grega e se assemelhaya
à ciência moderna? Hã, no ...ale do Nilo, desde o della até o SudA,
mais de cenlo e cinquenta piram idas : ora somente a de Oueops nos leria
fornecido o verdadeiro vator de p/, a d imansAo do ralo da Terra e Q medld.
e:.". de um , reo do meridiano terr8stre? VI·se o absurdo dnu poslçJo,
fundada sobre medidas inex811$·',

Deprccnde·se ;\ssi m qUe não ê lInãnimc n t~sc da cxtl"3.or·


diná l'ia cultura dos cg ipcios antigos, O que estes deixaram
â posteridade, pode ser entendido clentl"o dos parâmetros de
uma civilização que tinln. sem duvida, seus valores positi·
\·05 , mas que esta\'a baseada em matemát ica. e astronomia
eleme ntares. Estas lhe fOl'ncciarn dados I.lpl'Oximativos para
a sua vida cotidiana: os egipcios nunca tiveram. pol' exem-
plo, uma era continua, compal'á,yel à cristã ou à mulçumana
(hegira)i as suas datas eram determinadas pelo ano do rei-
nado do fal'aó que gOvcl'nava, Em.bora adotassem o ano de
365 dias, nunca intel'ca lal'am dia suplementar para restabe·
Icct'!' " cotlcol'(1ância entre o allO civi l c o uno astro nômico,
tal como aCOl're nos a.nos bissextos, O valor d ~ I,i {razão
con~tante e ntre o compl'imt'nl o na dn'unfcl'éncia c o do seu
Itiítm"! n,' "'.;', lla l'; ' I' hos, :~,I(ilCI : ,-::1, ' ""SllltHdo. olJt ido l)4lr
e mpirismo, vinha a :;:,'1' mais jJl'õx imo d a realidade do que o
valor?' atribuído a 1,i pela maiodn <los out ros povos a ntigos;
todavia ntio era exa to. ,.
}!m sinte.'iC, devc·sc dizer- que, embora ai nda imprccisos
mll seus conhecimentos cientificos. os egipcios se preocupa·
I'am s('I'jamente com eficiência e perfeição; procuraram apro--
xlmal··sc da eKatldão, É o que "teslam iLo; obras pai' eles
rid:-;adas, COIu n~ pll'ámictl's , m; tl·Il1IlI:l~. as pinturas c Clllros
pl'Odul0S de seus Ul'lisl:J.5 , . . Sob t's1t! aspecto, os cgil>cios
fOl'am muito supel'iores il ouh'8S civilizações antigas, contem-
porâneas ou mais jovens, merecendo assim a admiração que
os gregos por eles tiveram.
Quanto à maneira como fOl'am construidas as pirâmides,
não há necessldade de I'CCOt'l'el' à ciência comunicada por
astronautas vindos de outros planet as. Basta s upor as noções
gerais da civilização egipcla e o trabalho de numerosas tro-
pas de escravos, SUjeitos ao chicote do capataz durante anos
t\ fio ; rT'.ilharcs de v ida~ foram assim sacrificadas plll"a con s-

-20-
21

truir as mansões póstumas dos (iU'Rés. ~ gratuita e f11:1t a-


sista qualquer hipótese que admi ta interferência de sel'"CS
extr a-terrestres neste particular.
Pergunta-se, pol'ém : que di'Zcr sobre .. .

3. . .. Â possibili'd ade de outros mun~os habitados?


Em verdade, est a questão há de seI' est udada à luz dos
resultados das pesquisas científicas. t:: à ciência empírica que
toca responder. A fé nada tem a opor â hipótese de haver
outros mundos habitados. Apenas se l'CgiStl'8 que a Revela-
ção cristã nada menciona a respeito - Q que não significa
recuSA da possibilldade. Caso existam realmente ~eres inte-
ligentes em outros planetas, serão criaturas do mesmo e unico
Deus, que lerá seu plano de 3.mor e miserie61'dla pnra com
eles. ~ inutil ceder a conjeturas pormenoriudas a tal res-
peito, fJois ca recemos de todo e qualquer fundament O) para
constl'ulr leorias a propósito. Se Erich \'on Danikcn se com-
praz em divagar sobre este tema, e le o faz a titulo de roman-
cista e ficcionist3, aliâs assaz arbitrário (' fantasist a.
Estas ponderações são ofcl'ccidas ao leitor a fi m de que
tenha elementos para julgar as declara:;ôes .. impressionantes:.
dn ('S('TitOl' slliço.

BlbUogrllla;
L. Pauwells e J , aargier. "0 despe!!tar dos. magieos". Slo Paulo,
3~ ed. 1968.
C, W. Ceram, " Oeu,es, tumulos !li .'blo''' . S lo PaulO 1911.
Hiatoi, • . Géné"l. des Seieflces, publiêe sous la dire etion de RefIé
Tlton. Pres:ses Universltal res de Franç •. Paris 1958.
A , vlln den Born, " OielonArio Enclel0p.6dico da Biblia" , verbe tes EI.
Elohlm, Petrópolis 197 \.
Grande Lesslco dei Nuovo Testamenlo, da Gerl1a rd KIUel e Gerhlrd
Frie<lrich. Ed. Italiana I eura di F. Montagnlni, G, Searpat, O. Softrinl, vol. IV,
verbete Thêos. Breseia 1968.
p , van Imsctl oot, "Tl1eo logi. de r.AM:len Teslamenf'. Paris 1 9~,
pp. 8-14,
M ,·J. l agranga, " Eludes 5Uf las r,ligion! sémiliQues", Palis, 2a.
éd.. 1905.
E, [)harme, "la reliolon de! hé breuIC nomades" , Bru.xe1l8:' 1937,
pp. 333-3-49.

- 21-
SensacIonal :

/I as profecias de nostradamus"

Em SinleM: " As Profecias de Nostradames' ·. lecém_edll3das por !::rika


Cheelh2m, movem o Intere55a do público. Na 'Iardade. Miguel de Nostrada-
mU I 11S03· 1566j 101 um médico que se deu in:ensamanle aos estudos dOI
aslrologia, segundo a p raxol vlgen:e em S:U!I época. (l granjeou gr&nde fama.
prlnclpelmente por ler sido cor.31.1l1a do pOla supersticiosa rainha Catarina
de Medici. Oeixou valiefni:!s editados sob a fo rma de "Centu rlas" (coleçOes
de ce:n estrofes de quatro versos cada uma) em provençal do século XVI,
mescled!) de fra ncês, ltsllano, laUm e grego. Tais oriculos sao Olncuras;
oa Intér j)/etcs que tllllrmom o sou carãter profético, so cot'l...encem I quem
estta predispos to: nlo raro manipulam O toxto e Impõem-Ihl InlerpralaçOes
IIftlllclals. As profecias qUI realmente pO<!em ler_se cumprido, predlrem re-
voluÇõeS. guerras, InvasOes. calamidades lals como soem acontecer na
hlst6r1a e semelhantos àqualas que Noslradamus pOde conhecer através de
seua. estudos de história anl lga. ê posslvol também que em :r.ua época Nos-
Iradamus tanha impressionado os conlamporlneos !lor l Uas laculdadn
parapsicológicas (ou lva percepção elltra·3ensoJial).

o sucesso que Nostrada~lIS tevê • tem ainda hoje, de...o-se à sede


que o homem sempre experlmenl ou em relaçlo ao mara...llhoso e trans-
cendental; aconlece. porém, que essa sede devo ser orientada pela Intell-
g'nc la e o estudo; em caso contrario, cede a devaneios e palxOfu, como
aconteceu a Napole!o I. Adolf Hiller e outros adeptos dOI ortlculO:!. da
as'rologla cujo fim foi 'ralglco,

• • •

Comentário: A Editora Nova Fronteira r ecentemente


lan('Ou o livl'O <lI"! r.,'i lt!\ Chet'lhnlll illlllu lallo "As Prof('Cia!;
(le Noslradamus» (l97i, ,ItM P(J" !tiO X 210 mm), Erilta
Cheetham estudou O provençal (Iinc:ua Calada na Proven ,a,
Sul da Fl-ança) - o que lhe possibilitou o contato direto com
O texto das cCenturias» de Nostradamus. Apresenta, pois.
um esboçO blogrãfico deste «vidente», seguido do texto das
. suas cprofecias:. n o origlnal provençal e em tradução vemã-
cuJa, acompanhando grande núméro de quadras de breve
comentário; este tende a mostrar o cumprimento dos orá-
culos até os nossos dias, insinua ndo Que se realizarão os sub-
seqUentes, que prevêem o fim do mundo para outubro de 1999.
Assim o livro desperta a atenção do leitor e impressiona ... •

-22-
pois parece dizer-lhe que sera testemunha da consuma Cão da
história. A repercussão que as Centúrias de Nostradamus
tiveram em seus quatro séculos e mais de existência, assim
como o interesse do públlco de nossos dias, justificam uma
apreciação não só do livro de Erika Cheetham, mas tam-
bém da pessoa e dos orãculos do cprofeta:. nas páginas
de PRo

1. 'Q uem foi Nostradamus?

As biografias de Noslradamus mescla m história e leooa


(como, aliás, sói acontecer com os grandes adivinhos do
passado) , Procuraremos abaixo apresentaI' o que se possa
dizer de seguro a respeit'O.
Miguel Nostradamus nasceu de famUi a judia, ria tribo
de Issacar. em Saint-Rémy (provença. França ) na Quin ta-
-feira 14 de dezembro de 1503, aproximadamente às 12 ho-
ras l , Os seus ancestrais, bons conhecedores de medicina e
matemática, se haviam tornado cristãos por efeito de um
decreto do rei Luis XI (1461-83). que ameacava os judeus
não batizados de confiscação dos bens; em conseqüência, os
avós paternos tomaram o sobrenome «Nostre-Dame. ;I (Nos-
tradamus, em latim vulgar), enquanto os avós matemos ndo-
tar.nm o apelativo de cSaint-Rémy. , nome do lugar em que
habitavam.
o jovem Miguel foi primeiramente formado por SéUS
avós, que lhe ensinaram a matemática (naquela época, inse-
parável da astrologia), como também a medicina e a tarma~
COutíca. Muito jovem, pois, aprendeu a manejar o astrolá-
bio :C, a contemplar as estrelas e a ler os cdestinos. dos

1 o p, 'mciro biógra fo do Noslradamu s loi seu disclpulo Je an- Aimes de


Chavigny, que publicou a biografia do vidente em 195.04 . - NOle·se õI Indi·
caçA0 praclsa do d ia 8 da hora em que nasce u Noslradamus; era M ces-
d ,la para que ae pudesse definir o horcscopo do "profeta".
: Noua Sanhora .
• O 8Slrol.blo era um rec ipiente cheio de 'gue, que o o bservador
ficava olhando aI' que a igua .. tomasse IUNa • as perspectivas do futuro
ali se desenhassem. Nostraelamus s. colocava, com uma vara na mAo, no
melo de um circu lo mágico, chamado limbo, junto ao astrofâblo ; fa lava-lhe
.nllo a vo z ele Branco, IlIho de Apolo, que aparecia em melo ao fogo, como
julgava o "profeta".

-23-
24 ,·PERGUNTE E RESPONDEREMOS!> 21TJ197S

homens na!> conjun-;õcs dos astros. Após a iniciacão, o jovem


foi par-d MontpelHer, o nde se doutorou em medicina aos 26
fines de IdAde.

Terminados os estudos, via jou pela Pro\"en;a c o Lan·


guedoc; este\'e na Itãlia (Milão, Génova, Veneza). Entrou em
("Ont810 com Júlio Scaligel', filósofo e humanista famoso. que
U c:Jllviooll pill"il mOl·ar l'm suu casa, lia cidade de Agen. Ali
casou-se l' IC've dois filhos. Praticava a medicina "0::1 g rande
êxito - o qUe lhe granjeou fama c numerosa cIJelltc!a. So·
breveio, porém, a peste, que, entre outras vitimas, fez perecer
a sua mulhel' e seus filhos - o que prejudicou enormemente
a sua reputação. ~ixou Agen, e, triste, retirou-se para a
.Abadia de Otval no Luxemburgo, onde escreveu a s primeiras
. profecias".
Por volta de 1554, reapa l'eCe em Marselha, ond~ contri-
bui para debelar uma ep.idemia. Pouco depois, faz o mesmo
t!m Lyon, recuperando assim o seu prestígio.
Estabeleceu-se finalmente em Salon-de,Cl"au, onde se
rasou de novo, \'Indo a t er sele Cilhos. Passou todo o resto
da \'jda a estudar c esc!'Cver, ;nlcrc~sando·sc grandemente
pelo ocultismo. Em 1550, comecou a redigir um conjunto de
cprofcclas., qlle, agrupadas em cem cst rore~ de quatro ver-
I'OS cada uma, fOr..lnl chumadns d ':cnturius.. Deixou dez Cell-
túrias; não se sabe po r qu e a Centúria VII não (01 comple-
tada. Os versos estão redigidos em linguagem obscura e her-
mêtica, que resulta. da mescla de frances. llrovcnçal, ltaJiano.
gn.>go e latim ,
A fama de . profetD:> foi crescendo a lal ponto que a
supersticiosa rainha Catarina de Médici o chamou n l\.I.rls,
onde o acolheu com grandes honrarias. Catarina envlou-o a
Blois, para lã elaborar o horóscopo dos quatro jovens prin-
cipes, o que lhe valeu, em tl"OC'.l, ricos presentes; predisse a
Catarina que todos os ~us filhos seriam reis. o que na ver-
dade não aconteceu, pois um deles. Luis, morreu antes que
chegasse à realeza. Por sua vcz, o pl"é prio reI Henrique n,
preocupado com a profecIa, devida a Lucas Gaurico em 1553,
. de que mon-erla em duelo, consultou a respeito Nostradamus;
este parece ter·lhe confirmado li. previsão. O fato é que
Henrique n realmente morreu em duelo no ano de 1519.
Após o acontecimento, foi encontrada na primeira Centúria a
l'Slro(e 35, que assim reza:

- 24-
"O Ido jovom ven~crá 10 velho num singular duelo em campo aberto.
pe/lurar-Ihe·' os olhos numa jaula de ouro. Ce duas classes, uma. Cepol.
morrer. morte cru.!" .

Os: comentadores julgam que estes: n~rsos: se rcferem ao


lornei'O público de Henrique II com o Conde Montgomery,
lugar-tenente da guarda escocesa na corte de Fran;-a, torneio
que foi mortal para He nrique 11 em 1159. Dos dois leões um
signiflc3l'ia o rei Henrique II (mais idoso). visto que O leâo
é O signo astrológico da França. c do seu rei ; o outro leão
designaria o conde (mais jovem). pois o brasão da Escócia
é portador da ligura de um leão!
o jovem rei carlos IX, que em 1563 foi declarado de
maior idade, em 1564 nomeou Nostradamus médico e conse-
lheiro seu. Isto teve pouca significação, pois nessa época o
«profeta _ estava já idoso e cansado.
Por fim, Nostradamus faleceu aos 2 de julho de 1566.
Terá predito o dia da sua morte, quando já conswnido por
artrite e gota. Foi sepultado na igreja ãos CordeJiers e depois
trasladado para a de S. Louren-;o, em Salon, onde ainda se
pode ver o seguinte epitáfio:
" Aqui repou sam 0$ reSIO$ ae Miguel ae NOSlraaamus, o único, na
opi,,110 de l odo ~ os morlllls, cuja pllna, qUllse divIna, loi digna de trana-
mltir. conlormo o movimento dos aslros, os acontecimentos futu roS que ••
dlrAo no mundo InteIro".

o povo, porém, recusou·se a cre. que o profeta mor-


.-era. Anl~ passou a afirmar que se encerrara em seu tú-
mulo com uma. lâmpada, papel, tinta e livros, e que amea-
eara de morte quem tivesse a ousadia de abrir o sepulcro.
Esta crenc;a supersticiosa parece ter aproveitado aos expiO-
rlidores, que publicaram subseqüentes edições das Centúrias
contendo a:profcclas» adaptadas aos acontecimentos posterl~
l'C's à morte de Nostradnmus.

Tal era a fama de que gouva N osl!'adamus que, após


a sua morte, muitas lendas se foram acumulando em torno
de sua pessoa, a fim de mais o aureolar. Entre outras, é
particularmente interessante a seguinte: Catarina de Médici
permaneceu cstél'il durante onze anos após o casamento com
HenriC}\1e de OrJéal\s, o que lhe causava enorme pesar, fazen-
do~lhc temer o repúdio por parte do marido; Nostradamus
teria posto termo a essa sltuacão angustiosa, receitando para
- 25-
2G " PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 217/ 1978

a rainha o remMio apto a comb3tcl" a este rilidade: cUrina


de carneiro misturada com sangue de lebre; pata esquerda
de doninha temperada com vinagre forte; chifre de veado
pulverizado e misturado com esterco de vaca e leite de
jumento». Por efeito desta medicação, Catarina teria tido
dez filhos! Acontece, porém, que neste relato há. evidente
anacronismo, quc depõe contra a sua veracidade: Catari na
casou-sc com Henl'ique em 1533 e leve seu primeiro filho,
o (utUI'O rei Francisco n, em 1544. Ora nesta data Nostra-
damus ainda n30 era conhecido nem se instalara em Salon.
Vejamos agora algo sobre os escritos que Nostradamus
legou à humanidade.

2. Os escritos

Além das Centúl'ias, são atl'ibuidos a Nostradamus os


.. PresságiOS » e as cpredições • . Os cPresságios. constam de
141 quartetos, dos quais cada um corresponde a um mês,
desde 1555 a 1587" O quarteto da morte de Nostradamus
corr~spOnde a novembro de 1567, embora o desenlace se
tenha dado a 2 de j ulho de 1566. Não se sabe exatamente
quando foram escritos; apareceram pela primeira vez em
1568. Quanto As «Predições», há sêlias dúvidas sobre a auto-
ria dns mesmas; constam de 58 sextilhas, que, como alguns
comentam, correspondem ao séc. XVll; parecem ter sido
compiladas das memórias de Nostradamus por seu dlsclpulo
Vlncent Seus de Beaucaire e publicadas em 1605.

As Centúrias tornaram-se instrumento utili7.ado por mui-


tos peritos para orientar e dirigir os acontecimentos da his-
tória em momentos difíceis. Assim em 1649 os Inimigos do
cardeal Mazarino, na França, achando que este exercia dema-
siada influência na corte fra ncesa, publicaram uma edição
das Centúrias, que dataram de 1568 e na qual inseriram evi-
dentes referências ao Cardeal.

Como quer que seja. os criticas em nossos cllas Julgam


poder apresentar ao público uma ed.lcão autêntica das Cen-
turias de Nostradamus. A esrudiosa Erika Cheetham ~
nhece que cas profecias de Nostradamus são falhas às vezes.
(p. 12), c: noventa e cinco por cento das profecias de Nos-.
tradamus podem ser consIderadas coincidências hlstórlC8.S:t

- 26 -
«AS PROFECIAS DE NOSTRADAMUS» 27

(p. 13); todavia julga que ao menos cinco por cento dos res-
tnntes vaticinios não podem ser explicados por simples coin-
cidência; são autênticas previsões de acontecimentos que
ocorreriam <ou aindn ocorrerão .. , A autora afirma que as
profecias de Nostradamus se estendem até 1999, o que signi-
fica que o fim do mundo está para ocorrer naquele ano ou
quiçá no ano seguinte.

Neste particular, outros comentadores discordam, admi-


tindo que as profecias de Nostradamus tentam prever a his·
tória até 3797, como o próprio «profeta:. assevera no seguinte
texto:
"J'ai cemposé livras de prophétles, '.sclUeUH conlenanl chacun cent
qu.tral ns astronomlqulU de prophéties, lesQuelres j'al un peu voulu rabouler
obscurémanl, ai &on perpétuelles vallclnatlon. pour d'lcl .. l'anllée 379T',

Este texto, citado por Chrlstianl no segundo estudo men-


cionado na bibliografia destas pâginas, p. 110, pode ser assim
traduzido:
"Compus livros de profecias, cada um dos quais conlém cem quadras
aslronOmicas da protecias, que 8U quiS elaborar obscuramenle um pouco;
,ao vallclnlos perpfl\.lOs para daqui ai' o ano 3797',

Na verdade, a própria Erlka Cheetham admite que Nos-


b'8.damus tenha prolet1:zado para o mês de fevereiro de Z'l69;
veja-se a interpretação da Quadra. 48 da g. Centúria (p. 319).
Donde se vê quanto pode ser subjetiva a interpretação das
profecias de Nostradamus.
Tl'8.ta-se agora de pesquisar se realmente os coráculos_
de N()Stradamus prevêem o futuro, de modo que possam ser
tidos como autênticas profecias,

3. Autênticas prof.cios?

Quem percorre o )Jvro de Erika Cheetham, tem a impres-


são de Que quase todas as estrofes de Nostradamus corres-
pondem a genulnos acontecimentos históricos dos séculos XVI
a XX: os reis de França Luis XlV, Luis :XV, Luis XVI, a
Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte, a primeira guerra
. mundial (1914-18), a segunda guerra. mundial (1939-45). o
assassinato de John Kennedy, o declinlo do comunismo, O
-Zl-
28 ~P..E!lGUNTE lo; . R.~~~/)~;,R";~~QS~~11t. Hl!8
futuro bombardeio de Nove Iorque, o terceiro Anticristo, o
f'nnnenamento da água de Nova Iorque ...

Todavia a leitul'8 alenta dos textos de Nostradamus da.


a ver que se trata de cprofeciss:t extremamente obscuras,
susceUveJs de mais de uma interpretação em virtude do
seu estilo lacônico e por estarem redigidas em provençal do
séc. XVI enxertado de outras Jlnguas. Além disto, os comen-
tadores, para descobrir O senUdo de certas palavras do texto,
têm que deslocar as respectivas letras, de modo que Ra.pls
significaria. Paris, Nercaf designaria a França. Chypre equi-
\'aleria a Hemyc . .. Quanto 80s comentários da Sn. Erlka,
000 raro violentam o texto do eprofetl\:t, ou, se não o vjo-
Jentam, paretem arbltrá.rios, podendo ser substituídos por
outros tão eválidos» quanto os da comentarista. Ademais é
de notar que os comentadores de Nostradamus. desejando ler
nos seus textos acontecimentos da história mundial, combi-
nam entre si as quadras tiradas de diversas Centurlas, como
se, distantes umas das outras, descrevessem todas o mesmo
evento (aliás, dizem, os comentadores que Nostradamus
mesmo espalhou suas prOfecias sem ordem cronológica nem
lógica para que a censura do século XVI não o punisse).
Vejamos, pois, alguns exemplos do estilo c da exegese
de Nostradamus.

a) A respeito de Napoleão (supostamente), lê·se o


seguinte:
"De Ilmpln soldado ale allnglra o Imperlo, da roupa curta ele che-
gar. to longa. Brayo nas limas, multo pior na IvreJa, ele hllmllha os padres
como a 6gua encharca uma asponJs" (Cenl. VIII, quo 5n.

Se esta quadra tem em mira um bnperador bem suce~


dido nas guerras, mas perseguidor da Igreja, pode apIJcar-se
tanto a Napoleão I como 8 Setimio se"'ero (193-211) ou a
Max1mlno Triclo (307-313) ou ainda outros monarcas ...
Nostradamus, conhecedor da história, descreveu o protótipo
do militar perseguidor.

b) A respeito de Napoleão ou de Hitler (supostanlente),


)ê-se a !.eglIlnte estrofe!
" Da parta mala profllnda da ElIropa Ocldentar nascer' lima c:rla~a
di tamura pobr., que por sua fara .eduzlr' mullO$ povoa. Sua ,aputaçao
ClrHCer' ainda mata no reino do IMle" (Cerol. 111, quo 35).

-28 -
..~s PROFECIAS DE NOSTRADAMUS .. 28

Realmente, se o texto não se aplica a Napoleão, aplica-se


a Httler como também a outro grande líder de massas .. , O
reino do Leste seria o Egito, no caso de Napoleão, que em-
preendeu li campanha do EgUo, ou, no caso de Hitler, o
Japão, que se aliou aos nacional-socialistas. - Na verdade,
Egito e Japão nAo são multo próximos um do outro!

c) A estrofe abaixo deveria ser um compêndio da }Us.


tóna da Inglaterra durante duzentos e noventa anos:
"Sele vezes sa ver! modillcat a naçao brlllnlca, tingida de aln;u.
por duzentos e noventa anos, Aprisionada pelo apolo alem lo, Arles tam.
pelo prolalorado da Pol6nla" teen!. 111, QU. 5n.

:No caso, Arles significa a Inglaterra, pois é O primeiro


Signo do Zodlaco e governa o Leste. Os comentadores ~m-se
esforçado por encontrar a data-base a partir da qual contem
os 290 anos e as sete grandes mudancas que afetariam a Grã-
-Bretanha. Julgam atualmente .que o ano inicial e o de 1603,
de modo que o penado Indicado se fecha em 1939. . Real-
mente é necessária forte dose de boa vontade para aceitar
tal cprotecla::t !

d) A estrofe acima deverão segundO os comentaristas.


ser completada pela seguinte:
"O grande Implirlo ..ri. pari a Inglaterrl, a loda-poderosa por mala
d. 300 Inos. Grand•• forças cruzarlo por lerra e por mar. Os portu;u•• .,
nlo IIClrlo conlentes" (Cent. X. quo 100).

A própria Sra. Erika observa a propósito:


"No.lr.damus prtv. um grande futuro para a Bretanlla, que se p~
longar' por três séculoa. Toma... .Ita perlodo como começando com o
reinado de EUlebel1l I (1558-1803) at' o da rainha Vl16rle (1837-19011. cln-
quenta anos mala do que diz a profecia. Nlo fica explicado o catO dos
portugueses; a tarcelr. IInlle é dtibla, nao se sabe se ae trata de forças
Ingleses ou dlquelel que lerminl,..m com o poder Inglll. Uma IrlM em·
blgu., para n'o quebrar a tradlç'o d. Noslradamus" (p. 0119).

e) Ainda a respeito da Inglaterra, os comentadores


citam Cento X, quo 22 : .
"Por n!o deeelar conaentlr no divórcio, qua entio logo am s.egulda
ur' reconh.cldo como InvaUdado (ou Indigno). o rei das Ilha. . . rá forçado
a luglr, • o qua foI poslo em seu lugar nlo tar' .Igno de rei".

-29-
30 ~ PERCUNTE E RESPONDEREMOS' 217/ 1978

Os comenta dores hesitam quanto ao significado desta


quadra : alguns nela vêem a abdicação do rei Eduardo VII
d(l Inglaterra 80S lO/ 12/ 1936j no caso, Jorge VI, que não
estava na linha de heran~a do trono, assumiu a realeza,
como «quem não tmha signo de rei • . - Outros referem a
estrofe ao séc. XVII e vêem Oliver Cromwell (t 1658) desig-
nado como «aquele que não tinha sirno de rei . !
f ) A execução do rei Luís XVI, vitima da Revolução
Francesa aos 21/01/ 1793. estaria predita na quadra seguinte:
"Por um grande desacordo soarlo os clarins. Um acordo rompIdo
lellanla a laca par. o céu: a boca sangrenta nadara am sangue; o ros to
untado de leite ti mel IU8" 00 chio" (Cenl, I, quo 57).

cAcordo rompido, seria a aceitação da Constiluição Re-


volucionária por parte de Lui s XVI.
cLevanta a face para o céu • .•. seria alusâo ao fato (?)
de que, ao se dirigir para o local da execução, Luis XVI
recitou o salmo 3, que diz: c&;x:altas a minha cabeça»!
cUntado de leite e mel , . . . seria alusão à uncão com
61e-::> feito sobre a cabeça do rei a ntes da sua execucão!
Como se vê, os artlficlOS são muitos!
g) A estrofe seguinte deveria aludir ao Papa João XXIII
(1958·1963) ,
"Por qualro ano l o hono se,a dominado por alguém de pouco bem.
Algu6m lublrá que 6 libidtnoso na vida. ReVI na e Pisa. V8ronl o apoiario,
deselosas de etevar a cruz papal" (Cenl. )(VI. quo 27).

A estrofe, segundo Erika, designa primeiramente o Papa


João XXIII (c alguém de pouco bem _lo Depois l'efere-se a
Paulo VI (dibldlnoso na vlda_) . _ Ora não hã quem n;lo
per ceba o absurdo: J oão XXIII foi um pastor de cgrande
bem _ (o Papa bom. por cxcelênchl). C Paulo VI é de vida
e.ustera e ilibada.
11) A respeito do túmulo de São Pedro teria Nostra-
damus dito o seguinte :
"O rei descob8r1o completa,á a chadnl. 110 cedo Ulnha descoberto
lua o,lgem: I ·torrente que abrirá a tumba de mármore e chumbo, de um
grande romano. com o slmbolo da Medullna I" (Cent. IX, quo 804).

I Em provençal: Medl,lllne.

- 30
«AS PROFECIAS DE NOSTRADAMUS. 31 .

Eis o comentário de Erlka:


"Ainda outro verso sobre a descoberta de um lUmulo. A chave ..
• palavra Medualfl8. ti: um an'Qrlml para Dlua In IM, o que provarla fir
a verdadeira tumba de S'o Pedro, J6 que eale ara aeu moto, O tOmulo que
foi encontrado ana:t atra. era da outro Pap., ambora fosse dos primeiros"
(p. 374).

A comentarista identifla São Pedl"O pela palavra Medu-


alue, como se fosse o anagrama de Deus in me, pretenso
moto de São Pedro. Ora não se sabe que Pedro tenha tido
tal moto, de mais a mais que a língua usual dos romanos
no tem~ de São Pedro (séc. I) era o grego e não o latim.
As escavações realizadas na basl1lca de S. Pedro sob Pio XII
comprovaram a presenca dê Pedro na respectiva sepultura,
e náo a de outro Papa, como afirma Erika.
I) Ainda a propósito de S. Pedro haveria a seguinte
estrofe:
"Quando o sepu lcro do grande romano lor encontrado, um papa ser'
aleito no dia seguinte; ele nlo • .,,, aprovado paio Senado, leu sangue
envenenado no c'lIce sagr.do" (Cen!. 111, quo 6$.
Eis O comentário de Erlka:
"Depois de um tumulo ser encontrado, provavelmente o de 510 Pedro,
um novo papa &erã eleito, e se tomar' extremam.nle In.::onlJenlenle, Inlml~
lido pelo slnoelo, e possivelmente butant. corrupto, con.lde!4l1ndo· ..e que
seu sangue ser'" VllMlnoSO p.rl o cãllce Ilgrado. Esta linha pode Indicar
lamb6m que elta papa se" envenenado. Podemos duvidar de que a lumba
recentemente entontrada seja realmante a de 510 Pedro" (p. 1455).
Na realidade, como a estrofe é obscura, também o comen-
tário nada diz. Para poder encontrar algum significado nas
palavras do profeta, Erlka se vê obrigada a dizer que o
túmulo de São Pedro ainda não foi encontrado - o que é
falso.
j) No tocante ao futuro do Vaticano e ao fim do mundo,
lê-se o seguinte:
"Depois de Soa ler aldo dominada durante dele"e'e .nos, cinco
mudarlo no me.mo perlodo de tempo. Enllo um deles ser' aleito na mlsma
'POCI e nlo agradar' demais .01 romanol" lCen!. V, quo 92).

Eis O comentário de Erika:


"N08trad.muI diz que, ap61 o governo de um papa. que durará de·
zlIsete anos. serlo eleitos outrol cinco durante o. da.e".te anos seg uintes.
Sa aceitarmo. qua ale .nou um pouco leuI c6lcuros, esta quadra pode·••
relenr a Pio XII. qua reinou por dezenova anos. " Inleressante observar que

- 31-
32 -:PERCU.N TE E_R_ESPO
_N_D_E_R_E_M_OS_,_21_7.Q978,_ _ __

o prolela lt1andis Malachlas, com ~\lem N~"ad8m\lS par'1:8 concordar,


di !Como lomanta outros cinco papal que governariam antel do linal do
mundo. Joio XXIII reinou por cinco anal , • o papa aluai, Paulo VI, 8sll.
no Valle.no dllda 1963 a 11m 1S anol. I,to deixa Ias próximo!> papas
pouco tempo de vida para cid.• um, " de,dl que • maioria delaa é ,Ielta
I' Im Idade avançada. ISIO pod..se tornar um. r.alldade" fp. 236) • .

Ora. como se vê, o comentário é forçado, pois atribui a


Pio XII dezessete anos de governo apenas. Paulo VI já tem
mals de oitenta anos. Quanto à profecia de S. Malaqulas,
está evidenciado que é espúria; foi foriada no século XVI e
alribuida a S. Malaqulos, bispo de Armagh na Irlanda
(t 1148) ; teve origem durante o conclave de dois meses, que
ocorreu entre a morte de Urbano VIl (setembro de 1590) e
a eleJção de Gregório XVI (dezembro de 1590>; o falso
documento, apresentando dísticos de Papas, deveria orientar
os e!eitorêS em favor de determinada candidatura!
Note-se qu~ Erika Cheetham pretende eltlcldal' Nostra·
damus recorrendo de novo ' à proCecia dE:' S. Malaquias, por
ocasião de Cento VI, quo 6 (p. 245) - o que é desproposl·
tado ou acrltlco (anticlentlfico).
k) Não raro fala Erika do «Terceiro Anticristo:t (cf.
pp. 254. 109. 44. 330. 410) . O primeiro teria sido Napo..
leão I; o segundo, Hitler ; o terceiro estaria para vir. Ora o
tipo do Antlcristo no Apocalipse e na antiga Traclição cristã
Cai o Imperador Nero (54-68), que, no contexto, nllo poderia
ser silenciado.
1) Ainda merece atenção o texto seguinte:
'\1.0 nascer do sol pelo aegundo canlo do gajo, aquele. de Tunlsl.,
de Fez, e de Bougle, os 'raboS capturados peta ,el de Marrocos, no ano
mil •• I~cenlo. e .ele, pêla liturgia" (Cenl. VI. quo 541.

Tal é o comentário de El'lka:


"Esta qu.dr. p.r8ctl ser daquelas em quo Nostradamus erra compt..
lamente, Ele perece prever a (lUede do Imperlo alam ano da Europa pel•
• acentlo de um novo reI europeu, e da Ásia pela crlaçlo de um novo
Imp'rlo r.el'la e de um novo Impérlo âraba. por volt. da 1607. O único
ponto a aver de No,lradamu•• que nenhum peaqullldor eon.egue deeH,ar
o que ele quer dizer com 'lIturgl.'. Islo poda allar.r a dala, embora nlo
•• aaJba como. EI. poderia asl.r slmplesmenle querendo dlur Anno Domlnl,
mas Nostl1ldamus nlo gosta.... do lornar tacela .1 l::ol.u" (pp, 281.).
O comentário de Er"ika no caso é sincero. Não poucos
são os trechos que [l [lutora confessa não poder interpretar,
deixandcros sob Inten'Oraeão.
- 32-
dS PROFECIAS DE NOSTRADAMUS:>

Ainda poderíamos citar várias passagens das Centúrias


de Nostradamus para evidenciar quão subjetivas são as inter~
pretações que se lhes dão.
Para explicar um ou outro caso em que o eprofetaa
parece ter acertado (note·se bem: . .. parece), duas hipóteses
vêm em consideração:

1) NostradamU5 conhecia a história antiga, principal-


mente de Roma; ciente do que se dera nas grandes monar·
qulas do passado, não lhe era dlficll prever, no futuro, a
repetição de certos casos tlpicos da história: guerras, reve-
lu~es, invasões de pafses, calamidades naturais... Até o
fim dos tempos tais coisas acontecerão; quem as queira pre~
dizer em estilo ambiguo, terá sempre razão. "
2) Bruno Fantoni julga que cNostradamus, mais dO'
que astrólogo, era realmente um dotado de faculd ades parap-
Sicológicas: telepatia, clarividência, percepcão extra·sensorlaJ.
As predlcões feitas ao futuro Papa (Slxto V, 1585·90) ou a
Catarina foram formuladas à simples vista das pessoas, sem
nenhum estudo astrológico prévJo_ (eMagia e parapslcol~
gla _, São Paulo, p. 196).
Esta hipótese admite que pela percepção extra·sensorial
Nostradamus tenha podido prever o futuro de pessoas (J.ue
lhe eram contemporâneas. Ora dtscute-se tal teoria: a per.
cepção extr8.-sensorial pode Intuir realidades ocultas presentes
ao perclplente, mas não se pode assegurar Que atinja tam-
bém o futuro, pois este depende de agentes livres (seres
humanos) e contingentes.
Convém agora dizer breves palavras sobre

4. A.trologiá
Os oráculo.s de Nostradamus referem-se não raro a sím-
bolos da astrologia (Aquário, Câncert Arles ... ), de modo Que
sAo Interpretados na base da significação de tais slmbolos na
cstrologia. Eis por que jnteressa examinar o valor cientifico
c objetivo que possa ter 8 astrologia.
A astrologIa e o horóscopo são a "arte de definir caracte~
ristlcas da personalidade e prIncipalmente da vida de llIguém
-33-
4PERCUNTE E RESPONDEREMOS, 217/1978

a partir da posicão qu~ os astros tenham tido por ocasião


elo seu nascimento.
Acontece, porém, que o sistema astronômico suposto
paIos cultores da astrologia está totalmente ultrapasado: é o
sistema do astrÔnomo e geômetra Cláudio Ptolomw (séc. II
d.C.). que admite a terra no centro do sistema planetãrio;
sete planetas a cercam: o Sol, a Lua, Júpiter, Vênus (plane-
tas benéficos); Saturno e Marte {planetas malêficos}.
Dos planetas alguns são quentes, outros frios; alguns
secos, outros úmIdos; alguns masculinos, outros femininos.
Cada qual exerce sobre os h.omens determinada influência
fislca, fisiológica ou mesmo psicológica. Todavia D influência
de um planeta pode ser modificada ou mesmo anulada pelos
sinols do Zodlaco.
O Zodiaco é uma faixa ou um anel que cerca a terra,
Estende-se 8",5 acima e 8",5 abaixo da ediptica. Nessa faixa
movem-se o Sol, a Lua e os planetas. A clrcunferêncla desse
anel imaginário (360") é dividida em doze segmentos (cada
qual de 30"). Em cada um desses segmentos existe um com-
partimento chamado _casa do horóscopo». Tais comparti-
mentos têm, cada um, seu simbolo: Carneiro, Touro, Gêmeos,
Leão, Virgem, Balança, Escorpião, Arqueiro, Capric6l1lio,
Aquário, Peixes.
Cada um dos sim.is do Zodlaco slgnifiea, pai' sua vaz, um
aspecto ou uma situação de vida da. pessoa. Imaginem-se
agora as múltiplas comblnacães possivais dos sete planetas
com -os dOZê sinais do Zodlaco ; cada uma dessas combina-
ções vem a ser um orãculo do destino, que marca decisiva-
mente o temperamento e o currículo de vida da pessoa que
nasce sob a sua h~ide.
Basta ter exposto sumar iamente o que ê a astrologia
pam se evldl!nclar quanto é despropositada a crença nos seus
vaticínios. HOje sabemos que o nosso sistema planetúrio é
heliocêntrico e não geocêntrico ; a existência das casas do
hol'ÓSCOPO e algo de totalmente :u'bitrário e Irreal. Sabemos
também que os astros existentes 110 cosmos são qUl\se inu-
mel'aveis, produzindo interferências no espaça e nos planetas
que outrora se IgnoI"avam. Aliás, a própria experiência ensina
que os astrólogos caem, não ra ro, em contradição. Os con-
selhos válidos que possam dar, são vúlidos por sel"em deri-
vados do bom senso.
- 34
«AS PROFECIAS DE NOSTRADAMUS.

Mais: as profecias dos astrólogos podem ter certa influên-


cia na vida dos consulentes, na medida em que os sugestio-
nem e levem a assumir consciente ou Inconscientemente com-
portamentos condizentes com tais «profecias:..
lt de notar, por último, que vários dos grandes lideres
militares e civis da humanidade, sendo anticristãos, eram a.o
mesmo tempo adeptos e crentes da. astrologia, Os expoentes
do nacional-socialismo (1933·1945), por exemplo, eram pe~
seguidores da Igreja, mas fervorosos clientes dos astrólogos,
Que os orIentavam c até mesmo Incitavam a novas façanhas
na certeza de que seriam bem sucedidos. Ê notório o resul-
tado de tais hoI'ÓS<:opos: suicídios, enforcamentos, miséria
para o povo alemão, que atê hoje traz as marcas da aven-
lura, dividido em Alemanha Ocidental e Alemanha OrientaI!
Realmente a<:eitar o horóscopo significa renunciar à sã
razão e i1 reflexão. Algo de semelhante se diga em relação
à aceitacão dos oráculos de Nostradamus,

81bllogra!'l. :

Erika Cheetham, " A, pro/eclas d. Nosltadamus". Rio de Jan.lro 1971.

Bruno Fanlonl, "Magia. Parapsicologia". Ed. Loyola, Slo Paulo 1971.

PR 6/1958, 1'1', 2&0·263 (NO$lradamus).

PR 16/ 1959, pp. '''6-153 (Hor6scopo).

PR 118/1969. pp. '329,341 (Crendices).

Ch. C,lsllanl, "Noslradamus. Ma lachle el cra". Ed. Cenlurfon. Pari, 1955.

Idem. "Un curieulOl tl ommo : No,I,adamu,", em "Eeclesla" n~ 78


(septambre 1955), pp. 39·48.

Idem. "Los prophtlles de Nostr.damus onl·III.5 el6 véril"•• par IH


fali,?", em . "Ecclesl." n' 19 (oclob,e 19~), pp. 109·118.

D8lobry.Bachelet, "Dlc llonnalre de 8lO9r.phle, hi,tol,.. mythologle 111


~Oog r.phl.",v. rbete " Nostradamu,", p. 1935, Pari. 1857.

Mlchaud, " B100rap1'l18 unlve~eUe aneleMa 81 modarn.", verbele "Nos-


Ired,me", pp. 65-67. Parb·t.elp:lg .

Revlst. "WeJtblld", 20/ 08/ 1971, "Wl,Inderwafle Schw.rze M.gI ....


pp. 18·21 .

-35
Comun"'aç60 do Além?

e o novo (asamento de gllda de abreu ?

Em .In.... : o. artistas Gilda de Abnlu I J osé Esplno casaram-se


recentemente, apasar da gra nde diferença de Idade 8xll'anl. antre um •
o utro. Ouls.ram OI nubentes Ikpllcar ao ptibHco o aeu enlace como lIe
lIvelse tido prO\'OCado por IntervençOes do canlor Vlcenle Calestl no. feIa-
cldo "~o da Gilda. Jo.é Eaplno. ditem os esplntas (Inclusiva os pr6prlos
nubllnte.), tari aldo fil ho de Vlcantll a Gilda am arw:arnaclo anterior; 101.
porém, filho robeldt, dI modo qua de via caur-se çom allda neste IIncar-
naçlo, a fim de lhe presta r os serviços que outrora nlo lhe exibiu. A•• lm
foi o c ... manlo de ambOs explicado ao público Im programa de 'elevlsAo
d. 10/ 11n7.

auam Anete aobr. 'a' exptlc.çlo. Vlrl/lca 'acllment. que é ,ubjatlva


a Imaginosa. A psicologia das profundidades, dispensando recursos ar1lltr'rlos
ao Alám, enlande o cUO de oullo modo: pode-se crer que Gilda a JOM
tenham experimenlado li necessidade de justUlclI' aos seus pr6prlos olhos
• aos do público o aeu enlace ocorrido em condições de Idade tio aln-
guiares; Ota em aeu aubconsclente (de lormaçlo Isplrlla) Inconllaram a
desejada Juatlllcatlva, QUe acabaram propondo li sociedade.
o anloo considera os lenOm.nos esplritAS mencionados pela tese
de Ollda I JOlé, mostrando que nlo h' necessidade de o. atribui r a Inter·
venç6u do A"m. O. modo especial, é levada Im conta a lese da reen·
carnaçAo.

• • •

Comentá.rio: Aos 10 de novembro pp., a artista de cinema


Gilda de Abreu (com mais de setenta anos de idade) , viúva
do cantor VIcente Celestino, compareceu com seu novo ma-
rido, J osé Esplno (de trinta e poucos anos de Idade), a um
programa de televisão (TV-Tupi, Rio) para explicar como
se dera esse segundo enlace. Entrevistadas pelo repórter do
programa cAeredito no ineriveb. deram a conhecer ao público
uma história portentosa, ()ue correspondi8 às mais tipicas
tradicÕes do espiritismo. Vamos, pois. abaixo referir algu-
mas das principais etapas dessa história maravilhosa, à qual
llcrescentaremos um oomentário.

-36-
o NOVO CASAMEN1'O DE GILDA DE ABREU

1. A narra,ão
Aos oito anos de idade, o menino José Esplno começou
a ouvJr a voz do cantor Vicente Celestino, que lhe despertou
sentimentos slnguJaresj parecia-lhe já. ter ouvido tal voz, como
se se tratasse da voz de um familiar.
No decorrer do tempo, José foi-se aproximando de Vi-
cente e de GUda, pois que escolheu também ele a carrelra de
cantor de teatro. Os traços de alinldade existentes entre José
e () casal de cantores foram-se evidenciando e acentuando
aos poucos.. . .

. Certo dia, já após R morte de Vicente, José estava em


casa de Gilda, quando, de repente, esta lhe perguntou o que
fizera. .. O jovem achou estranha a pergunta; Gilda então
lhe assegurou que ele acabara de assovIar a melodia que
era o próprio código musical de Vicente Celestino. c6d1go
que somente Gilda conhecia! Este fato e outros contrlbut-
ram para mais e mais aproximar· afetivamente Gilda e José
Espino.
De outra feita, uma pessoa desconhecida, tida como
«vidente.. , assegurou a José Esplno que ele fora. filho de Vi-
cente Celestino e Gilda de Abreu em outra encarnação; fora.
porém, filho rebelde... Na presente encarnação, POis. tinha
ele a m1.ssão de reparar os dissabores causados à sua mle
na anterior encarnação.
Ora após tais episódios tudo estava preparado para jus-
tificar o amor que Gilda e José sentiam wn pelo outro, che-
gandO mesmo ao casamento . . . Este se efetuou realmente;
os dois cônjuges o atribuem à tntervencão do falecido Vicente
Celestino, que ambos sentem estar sempre invisivelmente pre.-
sente ao casal.
No programa de televisão cAcredito no incrivel:t toma-
vam parte da mesa do júri o Presidettte da Federação Espl-
rlta do Rio de Janelro. Dr. Palva Mello, assim como um
médico esplrita, que mediante exposição doutrinária canftr--
maram a pretensa veracidade dos dizeres do casal.
Pergunta-se agora:
- 37-
3S ... PERCUNTl: E RESPOXDf:REM:OSlI 21i/ 1976

2. OUI pensar a prop6sito?


O próprio titulo do programa .-Acredito no incriveb era
uma insinuação Que sugesUonava o públicO em favor da
autenticidade do clncriveb portento. - Leve-se em conta
também que as narrações esplrltas, excitando a fantasia e
explicando Imaginosamente os fatos da vida. gozam de poder
de persuasão assaz forte. Elas têm carâter Irracional (isto
é, não controlâvel pela razão) e se dirigem ao grande público,
que em nossos dias toma freqüentemente atitudes irracionais
e fantaslstas; não 1'a1'O as em«;ões e as paixôes predominam
sobre a lógica; em certos casos; custa ao homem moderno
concentrar-se e raciocinar.
Ora uma .reflexão serena sobre o enredo amoroso de
Gilda de Abreu e José Espino mostra. outro lado da reali-
dade, baseado em explicações cientificas c objetivas. É pre-
ciso que o ser humano. diante de tocla e qualquel' situação,
se deixe orientar por cdtél'ios racionais e cientificas; a fan-
tasia deve ser Iluminada por tais critérios, e jamais há de
p~va)ecer sobre est~s.

Uma vez estabelecidas estas pl'emis..'"as, sejam propostas


as seguintes observacões:

2. 1. P,o(yrCl de l,ulificalivCl

Surgiu um amor legítimo entre a Vluva Gilda de Abreu


e o jovem, José Espino. Esse amor, digno de todo respeito,
teve entre os fatores que o fomentaram, o falo de se tratar
de duas pessoas vinculadas às tireas da arte e do canto; a
arinldade assim existente entre ambos explica a mútua apro-
>:imação afetiva. Pode-se mesmo admitir que O interesse, ali-
mentado em ambos, peja produção musical de Vicente Celes-
tino, tenha contribuido para estreitar O~ laços afetivos exis-
tentes entre Gilda c José.

Todavia compreende-se que tanto a vluva como o jovem


tenham experimentado a necessidade de justificar tão singu-
lar c estranho amor aos seus próprios olhos e aos olhos do
grande público, Este é sempre Impressionado por enlaces
ocorrentes. entre pessoas distanciadas. uma da outra pela
idade. 1t de crer também que- o jovem José. até encontrar-se
- 38-
o NOVO CASAMENTO DE GILDA DE ABREU 39

com Gilda, tivesse pensado em esposar uma jovem de sua


idade; o amor por Gilda deve tê-lo surpreendido estranha~
mente.
Ora dizl·a muito sabiamente Pascal: cO coração tem
razões que a razão ignora.. Em conseqüência, GUda e José
(.oomeçaram a sentir a necessidade de racionalizar tal amor
ou, em <lUtros termos, .. _ a necessidade de uma justificativa
racional e satisfatória (aos olhos do bom senso c do público)
para ~o singular afeto.
E, com o tempo, sem tel' consciência de que estavam
atendendo a esse imperativo, dcscoblimm tal razão ou justi~
flcatlva. Com efeito. sabe-se hoje em dia que o poder do
subconscIente (ou também Inconsciente) I ê enonne: percebe
objetos e inspira. move o suj~lto sem que este o saiba, com
rapidez e eficácia que ultrapassam muitas vezes as do cons-
ciente. Por isto muitos cientistas e artistas (não dizemos
que seja o caso de Gilda e José) procuram aumentai' a sua
capacidade de trabalho c a sua criatividade, colocando-se
voluntariamente em estado de hipnose ou quase hipnose i esta
se lhes toma propIcia. Tal era, por exemplo, o caso de
Newton (t 1728), o grande fislco e matemãtleo, que recorria
no SQno, recomendando ao subconsciente que c:ruml nasse ~
determinado problema; assim conseguiu entrar na pista da
solução ou na própria solução de espinhosos probJemas de
cálculo enquanto dormia. Goethe (t 1832), o poeta alemão,
afirmou que grande número de seus melhores poemas foram
escritos em estado de sonambulismo; Mozart (t 1791) decla-
rou que as suas inspirações musicais lhe vinham à seme-
lhança de sonhos, independentemente da sua vontade.
Ora, se o subconsciente Cunciona naturalmente sem que
o saibamos, compreendemos que muitas pessoas se maravi·
Ihem eom certas intuições e percepeôes não conscientemente
preparadas pejo paciente; não sabendo como chegaram a tais
resultados, supõem ter recebido comunicação do Além, quando
na verdade o seu próprio subconsciente elaborou a intuição
([maravilhosa,..

I Os IImUMI entre Inconselente 8 aubc:ol'llctenle n40 se podem assinalar


rlgorOl4menle. Por Islo também a lermlnologla • oscilante enlra os aulores:
enquanto alguna ul.m a p.I.... ra Inconeclente. outros preferem IUbcons-
c"nle par. designar os mUmos len6menos.

- 39-
400 <PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 21711978

em é o que se p~ume tenha ocorrido no caso de Gilda


de Abreu e José Espino; encontraram a justltlcativa para o
seu amor quando descobriram que o próprio Vicente Ceies·
tino os aproximara e lhes Indicava o casamento. Na verdade,
nãO foi o espltito de Vicente que se lhes manifestou (esta
a!lrmação seria gratuita e desnecessária, do ponto de yjsta
objetivo e cientiftco), mas, como ensina a psicologia das pro--
fWldidades, foi o subconsciente de ambos que acabou proJe-
tando . os sinais, a voz e a intervenção de Vicente Celestino.
Uma vez admitida a manifestação de Vicente, nem n vIúva
teria escnipulo em se casar de novo, nem o jovem teria he-si·
tação em ocupar O lugar de Vicente junto a Gilda.

Vê-se, pois, que a explicação esphita, no caso, é total·


m!!nte desproposItada .

Resta analisar ainda certos pormenores da história nar·


rada.

7 .2 . A vldent. com Q wo men$Ogem maravilhosQ

A vIdente Que José encontrou e que lhe revelou ter sido


ele tUbo ele GUda e VIcente em outra encarnação, velo com~
pletar a jwtlflcaUva do casamento aos olhos de ambos, prln~
clpalmente aos de José. Com efeito, se José fora filho rebelde,
compreende-se que tinha a obrigação de reparar os aborreci-
mentos ocasionados a sua mãe, prestando-lhe, em nova encar-
nacã.o, os servicos que um rapaz de trinta e poucos anos
jX)ssa pl'6tar a uma ancIã.

Pergunta.-se. porém: donde a vidente recebeu tal noticia,


tão alvissareira para o futuro casal? - Mais uma vez, O
recurso a revelações do Além ê gratuito e fantasioso ou anti-
cientifico. Sim; é notório que o subconsciente de detennl~
nada pessoa pode intuir ou ler as noticias, os anseios e as
expectativas que estejam no subconsciente de outra pessoa;
intui-.as ou lê-as sem que a pessoa perclplente saiba cnde as
estA lendo; conseqüentemente a vidente propõe tais noticias
ou tais anseios como se lhe tivessem sido comunicadas pejo
Além . .. Ora foI este o caso da vidente que prestou a bela
Informação 8 José: terá lido no subconsciente (ou incons-
ciente) deste o d~jo que o mesmo alimentava de entrar na
- 40-
o NOVO CASAMEN'I'O DE Cn.DA DE ABREU 41

intimidade de Gilda e Vicente sem ser importuno ou intruso.


Na base dessa leitura, tem proferido a luminosa noticia que
justificaria plenamente o enlace~
Esta explicação se baseia em numerosas experiéndu
feitas em laboratório, que comprovam o poder de comunica-
ção existente entre os subconscientes de diferentes pessoas.

2.3. Reencama.siio

o assunto já foi abordado em PR 26/ 1960, pp. 57-81;


49/ 1962; pp. 3-10. Como quer que seja, voltamos a cons!-
derâ-Io.
Por «reencarnação. entende-se a volta da mesma. alma.
humana (também chamada «esplrJto:t) a este mundo, onde
vai assumtndo corpos sueess!vos, a fim de e\'olulr e progredir
espiritualmente até chegar à perfeicão.
Os [autores desta doutrina não sâo uninimes entre si ao
explicá-Ia: uns dizem que o ser humano se reencarna cor.
tantemente com o mesmo sexo, outros afirmam variaçáo
nltemattvQ; alguns asseveram que a reencarnação tem lugar-
apenas na terra, outros a admitem também em outros pla-
netas: uns julgam que é lei geral para todos os espirftos,
outros a aceitam apenas para os esplrltos multo atrasados '
ou para OS perfeitos, Que devem cumprir especial missão na
terra, etc.
Deve-se mesmo registrar que somente os espiritas dos
palses latinos, como são os do Brasil, aceitam a reencarna-
ção; os anglo-sax&!s a rejeitam peremptoriamente. Assim o
conhecido espfrlta Stainton Moses:. qUe foi para o espiritismo
inglês o que AUan Kardec foi para o francês. guiado petos
dois esplrltos ICablDa e Imporator, pronunciou-se decidida-
mente contra e. reencarnação. A razão pela qual os mestres
anglo-saxões rejeitam ta.] tese, é o racismo; com efeito, o
E!9Púito de um homem branco poderia. encarnar-se em corpo
de raça negra - o que ê ineoneebivel AOS olhos dos racistas.

Aliás, o próprio Allan Kàrdec recebeu mensagens con-


trárias II reencarnacão, como se depreende da! passagens
seguintes de sua lavra:
- 41-
-12 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 21711978

"OI todu 11 conll1ldlçee, que se notam nas comunlç.ç6oa dos npJ.


ritos, uma da. meia ftl.anJe. • a que diz: re.pelto • f1Iancamaçlo. Se •
r..ncamaçlo • uma neca.sldade da vida "pIrita, como n explica que
nem IodO!! o •••prrltDI a ensinam 1" ("O livro dOR Médiuns" c, 27, rfI 8,
p, 338). I

Ao faJllr da pluralidade das ex.lstênclas em cO Livro dos


Esplrit05:t. observa Kardec :
"Talvet: lo... aqui o euo de examinarmos: por qua os 8splrllos nle
parec.m lodos estar d. acordo .obre el~a qUllltlo" (cep, V, n9 222, p. 139),

Consideremos agora alguns dos argumentos com que os


l"Cenoamacionlstas pretendem provar n suo. tese :

2 . 3,1. As dftigualdades

o mais utUlzado dos a.rgumentos é o das desigualdades.


Se uns nascem aquinhoados física ou psiquicamente, ao passo
que outros vêm 80 mundo com menos prendas, isto só se
pode explicar pelo fato de que uns e outros viveram enco.r-
nações anteriores, nas quals conseguira m tal ou tal sorte . , .
- Respon'demos que é gratuito e vão o pressuposto de
que todos devem ter começado a @xistlr em Iguais condições
ftslcas e psfqulcas. Deus é soberanamente livre para criar
quem Ele queira e como o Queira. O que a justiça divina
implica, é que cada criatura receba as graças necessárias
para chegar à plE!nitude da perfeição: ora o Senhor, de fato,
chama cada um dos seres humanos à perJelção e lhe o(erecP.
os subsIdlos para atingi-Ia, conforme a doutrina cristã. O
mundo Inteiro está cheio de cIiaturas variegadas entre si:
não há duas folhas absolutamentê Iguais. :t: preeIsa.mente
esta variedade que fu a beleza e a hannonla do universo.

2 ,3 ,2 , E O' sofrt...... o,
Insistem. porém, dizendo: Se ainda se podem entender
desigualdades fis:lcas e psiquJcas, não se pode admitir que
Deus seja autor da infelicidade de muitas crlatur8.s: alguns
nascem cegos, outros aleijados, outros mentecaptos, uns ricos,
outros pobres . . . Ora a desgraca só pode ser expUcada pelo
-42-
o NOVO CASAMENTO DE GILDA DE ABREU 43

Cato de Que cada criatura nesta vida expia os males Que


cometeu em outra vida; a leI do k&nna ensina Qu.e ctodo ato
mau cometIdo é uma divIda contralda que deverá. ser paga;
se não o Cor nesta existêncIa mesma, serâ paga na seguinte
ou nas seguIntes:D .

A esta argumentação respondemos:

- A justiça humana exige que o réu castigado saiba.


por que é punido; o bom senso se revolta contra uma puni 4

C;ão que não tenha explicação. Para que eu me possa emen-


dar dos erros pelos quais sou punido, devo saber quais foram.
Ate mesmo o cão que ê castigado por ter sujado a casa, é
instrtúdo a respeltQ da flllta que CQmeteu. Notem-se as sábias
pulavras de Enéias de Gaza (t 5'20 aproximadamente)!

" Quando te~ de culigar meu IUno ou meu servo,. . . começo por
admoesli-Io. li fim de se lembl1lrem bem p.r. O fuluro a ... Im podarem
evitar fACalr no mamo erro. NIo deverle Deus. quandO ,nvII u mel.
lerrlvel. punlçCes, Instruir aquelea que IS solrem,. resP4lto do mollvo de_
casllgol? Poderia Ele tlr.r-nos de lodo a racordeglo de nouOSo crimes" ...
Cu. proveito .e hi de esperar da punlçlo .. ninguém no. mo.lrar qual
101 li nossa GUlpl7 Em vero.d., .emalnanta c ••llgo vai contl1l o que p'"
tende : irrita e leva' revolta " ("Thaophrast~ ... Ecf. M~ne grega t. 85, 302).

- Observamos também que a lei do kanna reduz o con·


(.'cito de Deus ao de um juiz Ou tirano inexorável; na ver-
dade, D~us é Pai. . .. o Pai que, conforme a paribol. do
filho pródigo (Le 15,11-32), perdoa Imediatamente ao filho
Que se mostre arrependido. A lei do Anna. induz o Catallsmo
c o mecanicismo flsico no plano moral.

- A respeito do sofl'lmcnto. a doutrina católica não pode


apontar a causa precisa peta qual cada criatura sofre... e
sofre tais e tais males; aUãs, nenhuma outra erenca o pode
explicar de maneira cabal. Apenas podemos aCinnar, segundo
a doutrina calónca, que Deus, em seu plano sumamenb'!
sábio, não se engana nem comete Injustlca; 'um dia, todos
saberemos o porque dos des1gnlos do Senhor. Entrementes
pode·se dlzer que o sofrimento nem sempre é puniçio de
pecados pessoais, mas é sempre providencial i vem a ser a
ocasião de crescimento interior, de tal modo que quem não
sofre, se amesquinha ou se fecha no egoísmo; a natureza
humana é tal que ela se beneficia enormemente na escola do
sofrimento. A justiça de Deus consiste em ministrar a todo
homem OS subsidlos necessétios para carregar a sua truz
- 43-
~ ..PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 217/ 1978

com grandeza dalma e generosidade, de modo Que adquira


méritos.

2 . 3. 3. E as nafrasóes feitas em sono hipnótico?

Dizem que varias pessoas, postas em sono hlpnôtico, rela-


tam fatos de sua vida passada e. comandadas pelo hipnotiza-
dor, chegam mesmo a referIr a trama de uma ou mais
encarnações anteriores.

- Todos os relatos obtidos em transe hipnótico como


sendo de existênclas pregressas atê hOje foram reduz1dos à
qualidade de narrações de fatos vividos pelo próprio narra-
dor na vida presente. Sim; é notório que temos na nossa
consciência psicológica apenas 1/ 8 dos tonhcclmentos que
adquirimos desde a infincia ; 7/ 8 ficam latentes no nosso
subconsciente ou Inconsciente. Ora, colocados em nosso hip-
nótico, perdemos o controJe sobre as nossas faculdades e
dlspomo-nos a obedecer cegamente ao operador. Por conse-
guinte, se este manda que alguém narre a trama da sua. pre-
tensa vida pregressa, tal pessoa associarã, de maneiera mals
ou menos lIvre e arbitrárIa, as reminiscências e Imagens que
guarda em seu subconsciente; constituirá assim um enredo que
surpreenderá os ouvIntes e o própria paciente, mas que nada
de novo apresentarâj submetido a controle, tal enredo será
identificado como a soma de experiências vividas pelo paciente
no decorrer mesmo desta vida.

o mais famoso caso que a propósito se conhece, é o de


Bridey Murphy, do qual tratamos em PR 49/ 1962, pp. 3-10.

2 . 3.4. E OI 9Anl0l1

As pessoas geniais, segundo os reencamacionistas, se~


riam espíritos Que se aperfeiçoaram em numerosas encarna-
ções anteriores.

- Tal expUcação é gratuita. Quem observa os gi!nlos,


verifica que não nasceram sabendo, mas são pessoas que
estudam e pesquisam concentradamente ou sem dispersão.
Ora Isto sup6e inteligências perspicaz e vontade decidida,
mas não supõe encarnações anteriores.

- 44-
o NOVO CASAMENTO DE GILDA DE ABREU 45

Quant<l às criancas~prodigio, pode-se observar o seguinte:


Muitas vezes as crianças-prodígio são as que aprendem
com rapidez e facllldade. Todavia estes predlcados se devem
l:t constituição nervosa de tais crianças, de ta) modo que rara~
mente elas se tomam pessoas talentosas. Ao contrârlo, as
crianças aparentemente não talentosas, mas dotadas de natu~
reza calma, aprendem de mnneira mais contínua, podendo
chegar a ser pessoas de importância ou mêSmO geniais.
DeVe-Sé também observar que as criancas tidas comu
prodígios em matemátiea ou em músIca são como as demais
crian~as em outros setores de atividade intelectual. Ora veri-
rlca~se que os prodIglos do cálculo sA.o os mais rnecânJco...
Que há, pois as máquinas calculadoras os podem reproduzir
(sem ter Inteligência) : às. vezel, pessoas pouco prendadas
têm extraordinária facllldade para o cálculo - o que m~
tra que este não é slnal de prodigio nem genialidade. Algo
de semelhante se diga em relação aos prodiglos musicaIs.

2.3.5. O fen811MftO do patamnUa

Muitas pessoas que vão pela primeira vez a deternúnBdo


lugar, têm a Impressão de já haver estado ai, reconhecendo
o ambiente com as suas caract:erlsticas. pergunta.se: como
explicar tal fenômeno, dito de paramnésla. senlo pela reen~
carnação? Em vida pregressa, a pessoa já teria visitado tal
lugar.
_ A propósito podem-se fazer Quatro ponderações, que
dispensam a reencarnação:

a) ÀS vezes, a pessoa não esteve consclentemente no


lugar, mas lá esteve inconscientemente; ora o inconsciente
(mesmo o de uma criança de colo) colhe impressões e as
guarda latentes. Digamos, pois, que uma criança seja levada
B uma prata púbUca ou a um cemitério; trinta anos maia
tarde supostamente, essa pessoa volta a tal ambiente; oom-
preende-se que o reconhe;a irnediat~nlentc . . . Afirmará cons-
cientemente jA ter visitado o lugar - o que será verdade,
não, p)rém, numa encarnação anterior.
-45-
" «PERGUNTE E RESPONDEREMOS,. 217/197"",8_ __

b) Pode acontecer também Que a pessoa tenha visto


Imagens do lugar em fotografias de livros ou filmes - o
que leva a crer que j á tenha estado no lugar.

c) ExIste também a explicação pela hiperestesia. Há


pessoas cujo inconsciente é capaz de le. o inconscelnte de
outxem, como dito. Ora, se VQU ao Japão pela primeira vez
c tenho a impressão de já ter estado lá, posso perguntar-me
se mmca me achei ao lado de uma pessoa que já tlvesst!
estado nO Japão. Caso positivo (o Que é plausivel), eu terei
pe~bido ineonscientemente o que o amigo vira consciente-
mente e trazia no seu Inconsciente.

d) Acontece também que hâ. muitos objetos semelhan-


les, de modo que, ao dlzennos que jã vimos algo, podemo~
esta. confundindo esse algo com algum semelha nte.

Em swna, hé. vârias explicações para o fenômeno da


paramnésia dotadas de base clentifica; a única destituída rlc
fundamento seria o recurso à reencarnação.

2 .3 .6. Aprender é ,..,ordcr

Há pessoas que apl'endem com tanta facUidade que dlio


a impressão de estar apenas avivando conhecimentos já adqul·
ridos (no caso: ... adquiridos em vida. pregressa).

- A respeito observe-se que a arte de estudar e apren-


der é wna atividade psicossomática; está em l'elação não só
com o pslquieo do estudioso, mas também com as $\Ias dispo-
sicões fisieas ou corporaiS ; a imbecilIda.de, a debilidade men-
tal ou idlot1ce ... são conseqüências dc lesões do organismo
c, em especlal, do cérebro. De outro lado, os csplritos ditos
.-mals evoluidos:t beneflclam-:;e de disposi{.'Ões orgãnicus e
fisiológicas que tomam a aprendizagem mais fácil. imediata
e intuitiva. Uma alma bem dotada, num corpo sadio, é natu-
ralmente propensa a célere e peI'SpiC8'Z apreensão da verdade .

Os reencarnaclonlstas valem-se ainda de outros argumen-


tos para tentar provar a reencarnação. Desses, que menos
peso têm do que os anteriores, consideraremos apenns os Que
se referem à Escritura Sagrado..
- 46-
o NOVO CASAMENTO DE GILDA DE ABREU 47

2 .3.7. E a Esuftura Sagrada?

Dois tópicos vêm especialmente ao caso:


a) Elias o .João Bn.tbta. Há quem cite OS seguintes tex-
tos do Evangelho:
Lc 1, 11 : 011 o anjo Gabriel; "(Joio eallsta.) segui,.. diante dai.
(o MUlI••) no asplrlto • na vlr1ude: de Elles".
Mt 11, 14a : "Se quiserdes. compreende,. ele mesmo (Joio eallste)
111 Ella. que deve vi ...'. diz Jesus,

Estes textos parecem Insinuar Que João Batista era a


r eencarnação de Elias, Todavia é de se notar que João Ba-
tista declarou peremptoriamente a wna comissão de judeus
que o Interrogavam a respeito: _Não sou Elias. (Jo 1,21) .
Mais: no monte da TransfiguraçAo apareceram a Jesus
I\Ioisês e El:as (d. Mt 17,3). Ora naquele tempo João já
fora executado por Herodes ou já mOJTera. Por conseguinte,
deveria aparecer a J esus João Batista e não EUas, conforme
a doutrina da reencarnação, pois esta ensina que, quando o
espirlto se materializa, sempre se apreseota na forma da úl-
tima encarnação, - Donde se vê que Joio Batista não era
a reencarnação de Elias,
Os textos do Evangelho devem ser explicados no sentido
de que João Batista havia de desenvolver um papel seme-
lhante ao de Elias: selÍa desterrudo e corajoso ao Incitar OQ
homens à conversão.
b) O renascer em Jo S. Os reencamac10nlzrtas citam
outrossim a seguinte afirmativa de Jesus:
"Se algu6m nlo nascer inoo1hen, nla poder6 antrar no Reino de
Deus" (Jo 3.3).

A palavra ánoothcn pode signifIcar do novo como também


do alto. Os espíritas a traduzem por de novo, e assim ten-
tam . provar que Jesus ensinou o naaoer de novo (em nova
encarnação) . Todavia o contexto de Jo 3 mostra bem Que
o sentido de &noothen, no caso, f do alto: Jesus incutiu O
nascer do alto. Com eleito, Nieodemos, confuso pelo que
Jesus dissera, perguntou.lhe logo a seguir: .Como pode nas-
cer um homem ' sendo velho! Poderá entrar segunda vez no
-47-
48 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS' 217/1978

seio de sua mãe e voltar a nascer?:. - Jesus logo dissipou


a dúvida, explicando que não se tratava de renascP.r no sen-
tido bIológIco, mas, sim. de nascer de outro modo, ou seja,
pela água e pelo Espírito:
"em .... rdade. em verdade te digo: qu.m nlo nascer da 'gu. e do
Elplnlo, nlo podar'- .nfrar no R.'no de Deu." (Jo 3,5).
Donde se vê que também esta 'p assagem biblica não
prova a reencarnação. Levem~se em conta outrossim os dize..
res de Hb 9,27:
.., um lalo que os homens d.vem morrer uma .6 VIi:; depois do
que, vem o Julgamenlo",
Ê, pois, inadequada a a.rgumenta~ão bíblica aduzida em
favor da reencarnacão.

3. Conclusão
As ponderações apresentadas evidenclam que a explica-
ção esplrita para o casamento de GUda de Abreu e Josê Es-
pino é sUbjetivaj a ciê ncia de hoje eluC:1da a fenomenologia
aduzida como sendo a expressão de uma reacão psicológica.
Que procurou na religião e na mlstica um apoio para justi-
ficar plenamente um comportamento que poderia parecer
estranho tanto aos dois lnteressados como ao grande público,
O enlace de GUda e J~ merece respeito, indepente-
• mente da explicação dos antecedentes respectivos. ~ esse res-
peito que desejamos aqui consignar. ao mesmo t~mpo que
evidenciamos o vazio e a inépcia das teorias espiritas que
pretensamente justilicarlam esse enlace.
BIbUogralla :
B. Klop~nburg. "O EsplrlU.mo no Brasil", Petrópolls 1960.

Idem, "O reencamaclonlsmo no Brasil". PelrOpoUs 1961,

O. Gonulu..QuevMfo, "A face ocull. da m.nl.... 510 Paulo, 25' ed,


1978.
Idem. "As lorçu lIalc.. da m.nt.... 2 vol., 810 Paulo '97.4.

Idem, "0 que • p.r.p.lcologl. ... Slo Paulo 197.4.

Esievio BettenOOurt O .S .B.


- 48-
livros em estante
A H da IgreJL Vot. 111: Crlalolot'a. Itc9lo 2: J..UI CrielO, por
Mleh.., Sehmaus. TraduçAo de Marçal V.l1lanl. - Ed. VOlel. Petrópolis 1877,
160 li 230 mm, 2U pp.

Em PR HHIIHI76., p. 32~, anall •• mos o volume I do Manual de Teo-


logIa Oo9'""lcl d. Schmlul Inlllul.do liA F' di I;NJ.", o qual dtv.rt
abranger em tr.duçlo brullal,. seis volumes, O lutor • dOI mllhores
le610g01 cat611cos da atualidade: rico em conhecimentos 'loI6glcos, blbllcOl,
Pllrlatk:ot, llloa6l1co. 11 lut6ntlco pona-voz do pensamento ou da F' da
loreJa, de tal modo que ,aVI eserltOI podam l i ' , •• Imante ullllzados 1
gul.. da Manua' par. 18 ••colls de "IVII lupetklr.

o volume I da coleçlo versava lobre os fundamenlos da f6. O v0-


lume 11 considerou os pr...upostoa d, Crlstologla. ou ula, t) A Imagem
de Deus no Antigo Te,lamenlO, 2) A Crlaçlo. 3) O Pecado Ollglnal 8 o
Pecado Heredil6rio, -4) Os ~nlos. - Neste volume 111, Schtnaua abo,da
1) O Evanto Cristo (os felto l de Jes ul, com IInfa'e especlel na palcoa do
Slnhor) e :2) O S.r de Crll lo (o mll ltrio do Homem-OeUI): a..1m o autor
palia do agir ou das manifestações do Senhor JIIUI I,rlv.s da lua vld.
públlce eo .., ou .. realldl d. 'ntlml dlquela que os EVlngelhol Ipr...ntem
em l ua humanldlde. Entr. os leitos de Jesus Crlato, Selim lU' receR*8Ja.
"A Palav,a SalY!Uca de JallJi", colocando sob esle Iftulo • r8velaçlo que
Jesus fIZ do mistério da SS. Trlndadl; na verdada. foi atrl"'a da p,agaçlo
de Jetu' que a- homens pauaram a conhecer I vida InUma de Oeul, que
nlo l i . .gota nl unicidade d. uml t6 peseM, m.. se a nrm. na trlndada
de Peslou.

AI "'glnal de SchmauI relerentes .. In'Anel. de JIIUI e aos NUS


mM.gtel como ~4ft hlalOrleo-selvllle.. lia partlcularmenta belas • equili-
bradas. Alam do que, o volume Inteiro H I' ,.dlgldo em .,mo qua Java o
Illudloso 111 perceber nlll Teologia nlo lamente uma clAnela, ma. tamb6m:
uma lonle de vida elplrltual • de unllo com OeuI. EII por que nOl congra-
tulamol com I Edito ra Vazei peta publlcaçlo da otwa de SchmauI, que
ra:zemOl votOI chegue qUInto anlel ao seu aexto volume em tlnoua por_
tugu....

Crlllologla : .,.1110 ctogmttlGO. Vol. I : O homem J"". por Ch,IIUan


Duquoc. Traduçlo de Atlco Fasal"!. - Ed. Loyola, sao Paulo len.
1040 x 210 mm, 302 PP.

o aulor , dominicano, doutor em Teologia e diplomado pela EIIcol.


Blbllc. de Jeruaer6mi leciona Teolog ia Slstem4t1ca nas Faculdadal Cat61lca.
de Lyon (França). A obra qUI Duquoc oferece ao público 11m lraduçlo bra-
anelra, aegue o método Indullvo, o quar compreende dois momentos princi-
pais : um fenomenol6glco (obaervaçlo dos 'alOI coneemenl" a Je, us
Crlslo no Evangelho) e oulro, que • a procurl de compreenelo d.. s..
lalol. O primeiro volume fClnlco publicado em POrtu~1 at' agota} aborda
os mllt'rloa da vida de Jesus da!de o nascimento até o Inicio di Paldoi
estuda QtII Utulol de Crlllo I a condlçlo divlno-humana do Senhor Jesus
dellnldl paio Concilio de Calcedl/nla (451). O ..gundo volume ..nl con-
.agrado .. v.rraa fa, es do mlst4r1o pIIcal: Pardo, Morta, Ra"u/ralçlo
e segunda vinda do Sanhor Jesus.
(ContlnuI na pég. 11)
TEMPO E ETERNIDADE
cMEU DEUS; PROTEGEI .ME DO ' oeIXA-CORRER', 00 'DEIXA·
.FAZER ', 00 'DEIXA· VIVER ', DO ' DEIXA·MAlAR'., .

E ceSSA PASSIVIDADE QUE PERMANECE PASSIVA POR MEDO


DE AGIR E SOFRER.

E 1{1..0 fAcrl DEIXAR TUOQ CORRER . , •

DEIXAR CORRER A VIOA COMO AREIA, E ACUSAR AS CIRCUNS·


TANCIAS, E MALDIZER OS FATOS. E ACUSAR: OS OUTROS . ,.

E MUITO MAIS fACIL SENTIR- SE SEMPRE CANSADO; CANSADO


DE TUDO, CANSADO DE NADA •.•

A VIDA NÁO PASSA DE UMA SUCESSÃO DE GESTOS INfIMOS,


MAS QUE, DJVINIZADOS. NOS MOLDAM A ETERNIDADE.

MATERIALMENTE, UMA OBRA DE ARTE - QUADRO OU ESTÁ-


TUA _ NÃO e
MAIS QUE o
RESULTADO DE UMA SERIE DE PINCE-
LADAS OU DE CINZElADAS. o
VALOR IMATERIAL, o
úNICO QUE
CONTA, E o PENSAMENTO DO ARTISTA QUE INFORMOU CADA
GESTO E ,FEZ DeSSA SINTESE A REALIZAÇÃO 00 SEU PRQPRIO
SORRISO. CRIAMOS ETERNIDADE COM QUALQUER ATO NOSSO.
ESTE ~ O PODER MARAVItHOSO DO HOMEM : A CADA SEGUNDO
CONSTRUIMOS o NOSSO REINO.

UM ATO, UMA VEZ REALIZADO, NÃO PODE SER DESFEITO.


SUA REPERCUSSÃO E SeuS REFLEXOS SE PROLONGAM POR ESPAÇOS
INACEsslvEIS. CRIAMOS o DEfiNITIVO E ESSE PROLONGAMENTO
DAS MENORES AÇOES ATE: A ETERNIDADE e QUE fAZ A NOSSA
GRANDEZA DE HOMENS.

NÃO COMPREENDEMOS NADA DE NADA. HÁ TANTO MISTéRIO


NO CRESCIMENTO DE UM GRÃO DE TRIGO QUANTO NO MOVI-
MENTO DAS ESTRELAS, NOs BEM SABEMOS Que SOMOS os úNICOS
CAPAZES DE AMAR, E e POR ISSO QUE O MENOR DOS HOMENS
E MAIOR DO QUE TODOS os MUNDOS REUNIDOS.

GUY Df LARIGAUDIE

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