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‘Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989 A TROPICALIA: CULTURA E POLITICA NOS ANOS 60* Claudio N.P. Coelho** RESUMO: A Tropicélia foi um dos movimentos artfsticos mais importantes dos ‘anos 60, tendo sido interpretada como uma contestacSo radical as posigBes da esquerda, ‘que neste perfodo exercia forte influéncia sobre a producio cultural. A tese defendida por este artigo é a de que a Tropicélia compartilhava a posico defendida pela esquerda de que a obra de arte deve ter por objeto a realidade brasileira e estar associada 4s lutas por mu- danas revolucionérias, tendo construfdo, no entanto, uma verséo prépria desta posicéo. A Tropicélia apresentava uma vis4o mais complexa da realidade brasileira do que a da es- querda, indicando a presenga de uma combinagéo entre 0 arcaico ¢ 0 moderno, enquanto a cesquerda s6 enxergava 0 arcaico. A nogio de Revolugio defendida pela esquerda foi am- pliada, com a incorporago da revoluco nos comportamentos individuais as mudangas so- ciais. Do enraizamento na realidade que marcou 0 tropicalismo resultaram obras ainda hoje atuais como “Geléia Geral” de Gilberto Gil e “Tropicélia” de Caetano Veloso. UNITERMO: ‘Tropicélia”: movimento artistico, ideologia, o arcaico e 0 moder- no, revoluco € comportamento individual. A década de 60 foi um perfodo de grande fertilidade da produco cultural brasilei- ra. Parte desta fertilidade € responsabilidade da Tropicdlia ou Movimento Tropicalis- ta (1967-69), denominagao atribufda a manifestacdes artisticas espalhadas por diferen- tes ramos da produgao cultural, como as artes plisticas — com os trabalhos de Hélio * Este artigo tem por origem a minha participacdo na mesa-redonda Os acontecimentos de 1968: memdria ¢ histbria, organizada por Irene Cardoso (Sociologia-USP) na 40" Reuniéo Anual da SBPC, julho de 88. ** Doutorando do Programa de Pés-Graduagfo do Departamento de Sociologia, FFLCH, USP. 160 COELHO, Cléudio N.P. A tropicélia: cultura e poltica nos anos 60. Tempe Social; Rev, Sociol. USP, SS. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989, Oiticica -, 0 cinema — com as obras de Glauber Rocha —, ou 0 teatro — com as pegas di- rigidas por José Celso Martinez *. Neste artigo seré discutido o tropicalismo na miisica popular brasileira, onde se destacaram — dentre outros os cantores e compositores Caetano Veloso ¢ Gilberto Gil. O tema que orientaré a discussio € 0 das relagées entre cultura e politica, fazendo-se ressaltar 0 fato de que nos anos 60 0 pensamento de esquerda exerceu uma forte in- fluéncia sobre a produgao cultural 2. Arte ¢ Revolugio Durante toda a década de 60, a visio de mundo dos setores “‘progressistas”” da so- ciedade brasileira foi animada pela idéia da proximidade e da inevitabilidade da “‘Re- volugao Brasileira” *. Acontecimentos como o Golpe Militar de abril de 64 e o endure- cimento do regime em dezembro de 68 nao provocaram um abandono desta idéia, ainda que tenham propiciado alguns abalos, em especial o AI-5. Estes acontecimentos serviram principalmente para modificar os contetidos atri- bufdos a “Revolugdo Brasileira”, ¢ alterar as formas de luta julgadas necessérias para a sua implementag&o, provocando uma mudanca na correlagéo de forgas interna as cor- rentes de esquerda. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), defensor do cardter nacio- nal-democrético (isto €, burgués-antiimperialista) da “Revoluggo Brasileira” e de for- mas politicas pacificas para alcangé-la, inicia os anos 60 como a principal forca da es- querda, mas perde terreno & medida em que a década avanca, sendo ultrapassado pelas 1 A origem da denominagao deste movimento foi uma obra do artista plistico Hélio Oiticica inti- tulada “Tropicélia”. Em seguida, Caetano Veloso compés uma cango com o mesmo titulo. 2 Aste respeito ver Roberto Schwarz, (1978). 3. Revolugo que era, por exemplo, assim caracterizada por Luciano Martins, em artigo redigido em 1963 mas publicado somente apbs 0 Golpe de 64: “A Revolugdo Brasileira, como as revolugies de intimeros outros paises hoje empenhados em esforco de desenvolvimento, corresponde ao pro- ccesso hist6rico pelo qual ~ embora em outras circunstincias e de formas substancialmente diver- sas ~ jd passaram todos o pafses atualmente constitufdos em poténcias mundiais. A Revoluggo Brasileira deve ser compreendida, pois, como a fase hist6rica que se caracteriza pela reorientagéo dos recursos nacionais e a adaptacao das estruturas do pafs as novas formas de producio, de tec- nologia e de progresso de nosso século, tendo em vista a satisfagio de determinadas necessidades €¢ aspiraces sociais internas e tendo em vista a melhoria da posigéo relativa do pais no conjunto da economia e das decisées mundiais” (Martins, 1965, p. 15). COELHO, Cléudio N.P. A tropicélia: cultura e polftica nos anos 60. ‘Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 161 'S, Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. organizagées da chamada “esquerda revolucionéria”, como a Acdo Libertadora Nacio- nal (ALN), defensora do caréter nacional-popular (ou seja, a implantacdo de reformas capitalistas sob a diregao do proletariado) dessa Revolucao e da luta armada como 0 seu instrumento, ou 0 Movimento Revoluciondrio 8 de Outubro (MR-8), também defensor da luta armada, mas que atribufa um carter imediatamente socialista 4 Revolugao ‘. A crenga, largamente disseminada na esquerda brasileira nos anos 60, de que 0 pais vivia um perfodo pré-revolucionério, gerou um intenso processo de politizagio da produgao artistica, encarada como elemento importante dentro da estratégia revolucio- néria. Com base nesta estratégia foi produzida uma visdo normativa a respeito da arte, sendo estabelecidos critérios que definiam o objeto da produgao artistica e a sua finali- dade. O critério baisico da visio da esquerda quanto 2 arte era o do engajamento: a obra artistica deve ter por referente a “realidade brasileira”, ser o reflexo da situacdo vivida pelo “povo brasileiro”; do contrério, se for a expressio da subjetividade do artista, por exemplo, sera uma obra alienada, que ‘‘desvia”” 0 povo da tomada de consciéncia dos seus interesses, dificultando a sua participacao na Revolucao. As relagées entre cultura e politica foram pensadas pela esquerda brasileira nos anos 60 sob o prisma da instrumentalizagio politica da produgao cultural. Um exemplo da 6tica da esquerda do perfodo 6 0 Anteprojeto do Manifesto do Centro Popular de Cultura da Uniéo Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), de margo de 1962, onde se podia ler que: “O que distingue os artistas e intelectuais do CPC dos demais grupos e movi- mentos existentes no pafs é a clara compreensio de que toda e qualquer manifes- tagao cultural s6 pode ser adequadamente compreendida quando colocada sob a luz de suas relagdes com a base material sobre a qual se erigem os processos cul- turais de superestrutura. (...) Nao ignorando as forcas propulsoras que, partindo da base econémica, determinam em larga medida nossas idéias e nossa pritica, nao podemos ser vitimas das ilusdes infundadas que convertem as obras dos artistas brasileiros em déceis instrumentos da dominagao, em lugar de serem, como deve- riam ser, as armas espirituais da libertacao material e cultural do nosso povo. (...) Os membros do CPC optaram por ser povo, por ser parte integrante do povo, des- tacamentos de seu exército no front cultural.” (Cit. por Hollanda, 1980, p. 123 e 127). 4 Quanto as posigdes do PCB ver PCB: Vinte Anos de Polttica (1958-1979) (Ciéncias Humanas, 1980); a respeito da “esquerda revolucionéria” ver /magens da Revolucao, de Daniel Aarao Reis F®e Jair Ferreira de $4 (Marco Zero, 1985). 162 COELHO, Cléudio N.P. A tropicélia: cultura e politica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 'S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989, Foi esta “Opgao Preferencial pelo Povo” a fonte inspiradora de importantes mo- mentos da produgéo cultural dos anos 60 — além das atividades do CPC da UNE — como as pecas de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal no Teatro de Arena ¢ as cangées de protesto de Geraldo Vandré. O Tropicalismo e a Esquerda Algumas andlises da produco tropicalista — como as feitas por Helofsa Buarque de Hollanda — afirmam que ela nega radicalmente a visio das relacées entre cultura e politica predominante nos anos 60: 0 tropicalismo teria rompido totalmente com a visio da esquerda. “O problema do tropicalismo nao é saber se a revolugdo brasileira deve ser socia- lista-proletéria, nacional-popular ou burguesa. Sua descrenca é exatamente em re- lacdo a idéia de tomada de poder, a nocdo de revolugdo marxista-leninista que jé estava dando provas, na pratica, de um autoritarismo e de uma burocratizacao na- da atraentes” (Hollanda, 1980, p. 61). “Na opcdo tropicalista o foco da preocupagdo politica foi deslocado da drea da Revolucdo Social para 0 cixo da rebeldia, da intervengao localizada, da politica concebida enquanto problemética cotidiana, ligada a vida, ao corpo, ao desejo, a cultura em sentido amplo” (Hollanda & Gongalves, 1982, p. 66). Ao contrério desta interpretacdo, entendo que o tropicalismo compartilha alguns elementos da visio sobre a cultura e a politica predominante nos anos 60, mas Ihes atri- bui um significado diferente. O tropicalismo construiu uma versdo alternativa das rela- Ges entre cultura e politica, disputando com a esquerda no seu préprio terreno; 0 que explica a reacdo explosiva da esquerda frente & produgao tropicalista, e a nio menos explosiva resposta a essa reagdo. © mais famoso dos confrontos esquerda x tropicalistas deu-se em setembro de 1968 no audit6rio do TUCA em Sao Paulo, quando das eliminatérias do Festival Inter- nacional da CancSo (FIC) promovido pela TV Globo. Ali Caetano Veloso foi pratica- mente impedido de cantar “E Proibido Proibir”, devido as vaias ¢ gritos de militantes de esquerda situados na platéia, e respondeu com um discurso onde comparou esses mi- litantes com os fascistas do Comano de Caga aos Comunistas (CCC), que haviam es- pancado os atores da pega “Roda-Viva" de Chico Buarque de Hollanda, afirmando, também, que eles estavam ultrapassados, que iriam “sempre matar aman o velhote inimigo que morreu ontem”, e que suas concepsées artisticas prenunciavam posigGes COELHO, Cléudio N.P. A tropicélia: cultura e polftica nos anos 60, Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 163, 'S, Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. politicas perigosas: “Se vocés em politica forem como sao em estética, estamos feitos!”” (Veloso, 1975). conflito entre a esquerda € os tropicalistas era qualitativamente diferente do conflito da mesma esquerda com artistas “alienados”, como os miisicos da “Jovem Guarda”. Enquanto as cangées da Jovem Guarda falavam de experiéncias alheias ao universo da esquerda ~ conflitos sentimentais, passeios automobilisticos, etc. utilizando formas artisticas execradas por ela — 0 rock, as cancées tropicalistas falavam da “reali- dade brasileira”, tao reclamada pela esquerda, mas ofereciam uma visio diferente dessa realidade, utilizando, como a jovem guarda, formas artisticas consideradas descaracteri- zadoras da cultura brasileira. Para a esquerda, os tropicalistas seriam uma espécie de “agentes do inimigo” in- filtrados para destruir por dentro 0 “movimento revolucionério”. A visio de mundo da esquerda brasileira nos anos 60 enfatizava o carter atrasado da sociedade brasileira, atribuindo-o a alianga entre o imperialismo ~ principalmente 0 norte-americano — ¢ 0s latifundidrios: ambos contrérios ao desenvolvimento nacional, que romperia com a dominagao estrangeira e promoveria a moderizacio das relacées de produgao no campo. Um exemplo deste diagnéstico podia ser encontrado no Informe de Balango do Comité Central do PCB no seu VI Congresso (dez./1967): “O Brasil vive uma crise de estrutura, Essa decorre do agugamento das contradi- 6es entre as forcas produtivas nacionais, que buscam novas formas de desenvol- vimento € progresso, ¢ os obsticulos que a atual estrutura da economia do pais Ihes opée. As forcas sociais que defendem a conservagao dessa estrutura so 0 imperialismo, os latifundidrios e os capitalistas brasileiros ligados ao imperialis- mo” (PCB: Vinte anos de politica. 1958-79, p. 121). Por também atribuirem a alianca latiftindio/imperialismo 0 atraso do desenvolvi- mento da sociedade brasileira, € que a imensa maioria dos grupos que aderiram & luta armada situaram 0 campo como o principal local da Iuta revoluciondria. As cidades ram tidas como ~ na frase de Fidel Castro retomada por Régis Debray ~ “‘cemitérios de revoluciondrios”, nelas se concentrariam a forga repressiva do poder burgués (policia, exército, etc.), bem como a sua capacidade de “seducao ideolégica”’ *. As ages arma- das urbanas serviriam apenas para arrecadar fundos e armas e como treinamento dos 5 Aste respeito ver a argumentacdo desenvolvida por Debray em Revolucdo na Revolucdo?, texto que influenciou 0 pensamento de varias organizagbes armadas brasileiras. 164 COELHO, Clfudio N.P. A tropicélia: cultura ¢ polftica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. militantes. A estratégia da revolugéo consistia num processo de progressivo “‘cerco da cidade pelo campo”. De acordo com “A Concepgio da Luta Revolucionéria” (abril/ 1968) dos Comandos de Libertagiio Nacional (COLINA) ®: “A revolugao deve ser dirigida de onde se desenrola a luta fundamental. (...) A Iuta armada de Libertagéo Nacional se insere, como uma cunha, na politica bur- guesa, no ponto mais fraco do exercicio de poder das classes dominantes e encon- tra sua expresso social completa na luta dos camponeses pela reforma agréria. Este € 0 fulcro, o ponto de partida: por questionar o poder latifundidrio questiona © pr6prio imperialismo que nele se sustenta” (cit. por Reis F2, 1985, p. 153). Este documento toca num ponto fundamental da vis4o de mundo predominante na esquerda brasileira nos anos 60: a associagio de idéias entre camponés e revolucion4- rio: “Para corresponder ao estfgio atingido pelo processo revolucionério brasileiro (a luta antiiperialista ¢ latifundiéria) (...) 6 que o guerrilheiro “é antes de tudo um re- volucionério agrério’ (Che Guevara)” (Idem, p. 143-4). Esta mesma identificagao entre os camponeses € 0s revolucionérios podia ser en- contrada em boa parte das cangées de protesto como em “A Disparada” de Geraldo Vandré e Theo de Barros (cangéo vencedora, juntamente com “A Banda’ de Chico Buarque, do festival da Record em 1966): “Prepare o seu coracéo pras coisas que eu vou contar eu venho Ié do sertio © posso nio Ihe agradar. Aprendi a dizer nio ver a morte sem chorar ea morte, o destino, tudo estava fora do lugar eu vivo pra consertar. () 6 Esta organizaco surgiu de uma dissidéncia da POLOP (Organizagio Marxista Revolucio- ndria ~ Polftica Operéria), tendo, posteriormente, se juntado & Vanguarda Popular Revolu- cionfria (VPR), formando a Vanguarda Armada Revoluciondria Palmares (Var-Palmares), ‘uma das organizagées mais atuantes da esquerda armada. COELHO, Cléudio N.P. A tropicélis: cultura e polftica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 165 S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo e j4 que um dia montei agora sou cavaleiro Jaco firme, brago forte de um reino que no tem rei.” Tropicélia = Arcaico + Moderno A visdo tropicalista da realidade brasileira mostra uma sociedade bem mais com- plexa do que a énfase da esquerda no atraso fazia supor. Nas cangées tropicalistas 0 Brasil aparece como uma sociedade marcada pela combinaco do arcaico ¢ do moderno. “Tropicélia”, de Caetano Veloso a cangéo simbolo deste movimento cultural, aponta os diferentes nfveis em que se dé esta combinaco que percorre toda a Tropicélia (a socie- dade brasileira): “sobre a cabega os avides sob 0s meus pés os caminhées aponta contra os chapadées meu nariz cu organizo 0 movimento eu oriento o carnaval eu inauguro 0 monumento no planalto central do pais viva a bossa-sa-sa viva a palhoga-ca-ca-ga () © monumento no tem porta a entrada é uma rua antiga estreita e torta € no joetho uma crianga sorridente feita e morta estende a mao () 166 COELHO, Cléudio N.P. A tropicélia: cultura e polftica nos anos 60, Tempo Social; Rev. Social. USP, 'S. Paulo, 12): 159-176, 2.sem. 1989. na mo direita tem uma roseira autenticando eterna primavera € nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassdis () no pulso esquerdo um bang-bang em suas veias corre muito pouco sangue mas seu coragao balanga a um samba de tamborim” (od) Brasilia (“o monumento no planalto central do pafs”) € 0 ponto de referéncia da cangao ¢ o polo aglutinador dos diferentes aspectos da sociedade brasileira: a moderni- dade dos avides e caminhées ¢ 0 atraso dos chapadées. Na Tropicélia, 0 poder central age de acordo com os principios da racionalidade moderna, “organizando 0 movimen- to”; a0 mesmo tempo em que ndo dispensa as formas néo-racionais e no institucionais da vida social, colocando-as a seu favor ao “orientar o carnaval”, impedindo, assim, 0 auto-desenvolvimento popular: 0 pais da bossa (nova) € 0 pais da palhoga. ‘A arquitetura modemnista de Brasilia possui uma racionalidade insuficiente (““o monumento néo tem porta”), sustentada no arcaico e na miséria (“a entrada € uma rua antiga estreita e torta e no joelho uma crianga sorridente feia e morta estende a mao”). ‘A combinagéo do arcaico e do moderno diz respeito, também, aos diferentes mo- mentos politicos vividos pelo pais. Quando na Tropicélia a “mao direita’” segura 0 po- der politico, com a ditadura militar por exemplo, é enfatizada a aco racionalizadora, que vé a sociedade como um “‘jardim” a ser cuidado para que reine 0 desenvolvimento com seguranga (“eterna primavera”). Mas, esta ordem tem um preco: a represséo (“e nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira entre os girasséis”). Quando € 0 “pulso esquerdo” quem orienta o poder politico, no governo Joao Goulart por exemplo, a auto- reivindicada identificagdo com as classes populares (‘seu coracdo balanga a um samba de tamborim”) nfo leva a uma defesa concreta dos seus interesses e & superagio do ar- cafsmo presente na sociedade brasleira (‘‘em suas veias corre muito pouco sangue”). A capacidade de combate do “‘pulso esquerdo” é uma capacidade imagindria, ele trava uma luta “‘de mintirinha” (um “bang-bang”) ’. 7 Anilises mais detalhadas desta cangGo de Caetano Veloso podem ser encontradas em Gilberto Vasconcellos (1977) e Celso Favaretto (1979) COELHO, Cliudio N-P. A tropicélia: cultura ¢ politica 20s anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 167 Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. ‘Ao contrério da esquerda, 0 tropicalismo apresenta a realidade brasileira como uma mistura do nacional e do internacional, indicando que naqueles elementos mesmos que se pretende serem representantes da “‘pureza nacional” esto presentes os compo- nentes internacionais: na Tropicélia, o imagindrio do “pulso esquerdo” nacional-popu- lar esté marcado pelo “far-west”. Gilberto Gil em “Geléia Geral” situa “um LP de Sinatra” entre “‘as relfquias do Brasil”. O “internacional’”’ é um elemento constitutivo da sociedade e marca a prépria vida cotidiana, conforme diz Caetano Veloso descre- vendo a ““Paisagem Util” da cidade do Rio de Janeiro: “mas jf se ascende e flutua no alto do céu uma lua oval vermelha e azul no alto do céu do rio uma lua oval da esso comove ilumina o beijo dos pobres tristes felizes coragGes amantes do nosso brasil” Para os artistas tropicalistas uma produgo cultural que pretenda representar no plano artistico a sociedade brasileira ndo pode deixar de incorporar os elementos es- trangeiros que esta mesma sociedade incorpora *: “Algumas pessoas ficaram histéricas quando ouviram Alegria Alegria com arranjo de guitarras elétricas. A estes, tenho a declarar que adoro guitarras elétricas. Ou- tros insistem em devermos nos folclorizar. (...) Nego-me a folclorizar meu subde- senvolvimento para compensar as dificuldades técnicas. Ora, sou baiano, mas a Bahia nio ¢ s6 folclore. E Salvador € uma cidade grande. L4 néo tem apenas aca- rajé, mas também lanchonetes ¢ hot dogs, como em todas as cidades grandes.” Veloso, 1977, p. 23) 8 Eyidencia-se, aqui, um 6bvio ponto de contato com a corrente “antropofégica” do movimento modernista dos anos 20. 168 COELHO, Cléudio N.P. A tropicélia: cultura e polftica nos anos 60, Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem, 1989, Tropicalismo ¢ Revolugao Os tropicalistas, a0 oferecerem uma versio da realidade brasileira altemativa a da esquerda, estavam, a0 mesmo tempo, construindo uma versio alternativa da idéia de re- volugao. Entendo que os tropicalistas compartilhavam a visio da esquerda de que a produco artistica devia estar associada a transformacées revolucionérias, discordando da esquerda, apenas, no entendimento do que seriam estas transformagées. As anélises que argumentam que o tropicalismo rejeitava a idéia de revolugao de- fendendo a revolta — que diz respeito & transformagées localizadas -, nao levam em consideragao 0 poder de atragio que a idéia de revolugao — entendida como mudanga global da sociedade ~ exercia nos anos 60. Parece-me que a recusa da “Revolugao” em favor de mudancas na vida cotidiana € uma caracterfstica de movimentos sociais que surgem no Brasil apenas na segunda metade da década de 70 *. Para mim, no tropicalismo est4 presente no uma rejeicéo da Revolugao defendida pela esquerda, mas uma defesa da ampliacao desta concepgao. Na Revolucao Tropica- lista haveria espaco, inclusive, para a luta armada: Gilberto Gil e Capinam compuseram “Soy Loco Por Ti América”, uma cango que homenageia “Che” Guevara: “Gd soy loco por ti américa soy loco por ti de amores el nombre del hombre muerto ya no se puede dicirlo quem sabe antes que o dia arrebente el hombre del hombre muerto antes que a definitiva noite se espalhe em latino américa el nombre del hombre és pueblo soy loco por ti américa soy loco por ti de amores espero a manha que cante 9 Os movimentos feminista ¢ homosexual seriam exemplos desta politizagéo da vida coti- diana. A respeito desta questdo ver Cléudio N.P. Coelho (1987). 169 COELHO, Cléudio N.P. A tropicdlia: cultura e polftica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. U S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989, el nombre del hombre muerto no sejam palavras tristes soy loco por ti de amores um poema ainda existe com palmeiras com trincheiras cangées de guerra quem sabe cangées de mar ay hasta te comover”” Go) Em “Miserere Nobis”, da mesma dupla de compositores, h4 um verso com o jogo de palavras brasil/fuzil/canhao: fu c-a-ca-né-h-a-o-til-a6 ora pro nobis ora pro nobis” Nao foi por acaso que nem todas as pessoas que no final dos anos 60 tinham idéias politicas de esquerda trataram os tropicalistas como “traidores”. Pelo contrério, Alex Polari, estudante secundarista que aderiu a luta armada militando na Var-Palmares a VPR, afirma que o inicio da sua militdncia politica se deu com a audigéo dos discos tropicalistas: “Tudo comegou ali na casa do Antero, escutando perplexo ‘Alegria, Alegria’ “Tropicalia’, ‘Baby’, ‘Geléia Geral’. Depois, foi uma sucesso de combates. Liri- cos até © momento em que cada vez mais sangue e cad4veres iam surgindo nos confrontos de rua” (Polari, 1982, p. 124). Segundo Polari, o tropicalismo expressava culturalmente as posigées politicas que ele possuia: “Quando ouvi pela primeira vez 0 disco Tropicdlia do Caetano Veloso ¢ logo em seguida Panis et Circenses, senti que alguma coisa importante estava acontecendo € que essa coisa afinava de uma maneira incrivel com a minha sensibilidade. O Tropicalismo e suas diversas ramificacées ja eram sem dtivida a expresso cultural perfeita para aquilo que incipientemente representévamos na politica.” (...) “Desde os Beatles eu nao sentia essa emogav. Eles eram a descoberta do univer- sal, do planetério, do ser jovem. Agora era a minha descoberta dentro de um pais confuso, injusto, engracado. Foi a tinica vez que me emocionei com esse pats, que 170 COELHO, Claudio N.P. A topiedlia: cultura ¢ politica nos anos 60. Tempo Secial; Rev. Sociol. USP, 'S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. estive préximo a me sentir produtor de sua hist6ria e sua cultura” (Idem, p. 121 € 123) 8. “Divino Maravilhoso” de Caetano Veloso e Gilberto Gil talvez seja a cango tro- picalista que melhor tenha captado o imagin4rio de uma parte — representada por Alex Polari — dos militantes das organizagées guerrilheiras: a dos que valorizavam a expe- rigncia urbana dos jovens de classe média; experiéncia que nao encontrava ressonfincia na produgao cultural da esquerda, as voltas com 0 “‘sertio". Apesar da versio oficial das organizagées, apontando as cidades como “‘cemitérios de revolucionérios”, delas sairam a maior parte do contingente dos militantes, e nelas ocorreram as principais ag6es guerrilheiras ''. E esta experiéncia urbana que “Divino Maravilhoso” retrata: od) atengao tudo € perigoso tudo € divino maravilhoso atengo para o refrdo uau 6 preciso estar atento e forte no temos tempo de temer a morte atengaio para a estrofe para 0 refrio pro palavrio para a palavra de ordem atengdo para 0 samba exaltacio (.) atengao para janelas no alto atengio ao pisar 0 asfalto 0 mangue 10 O depoimento de Polari torna problemsticas interpretagSes como as de Roberto Schwarz (1978) ou Gilberto Vasconcelos (1977), que atribuem ao tropicalismo um contetido desmobilizador por afirmar que a realidade brasileira “absurda”. 11 A Guerrilha do Araguaia promovida pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) é a excecdo que confirma a regra. COELHO, Cltudio N.P. A tropicSlia: cultura e polftica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 171 S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. atengio para 0 sangue sobre 0 cho” () Mas para os tropicalistas a luta armada era apenas wna das manifestagdes revolu- cionérias que estavam acontecendo, e eram incorporadas as cangées. O tropicalismo as- sumia também a Revolugéo no plano especificamente estético, incorporando os proce- dimentos das vanguardas artisticas. Ao contrério das cangées de protesto, que recusa- vam a elaboragio formal em nome da “comunicabilidade com as massas”, no tropica- lismo estava presente a nogéo maiakovskiana de que “néo hé arte revoluciondria sem forma revolucionéria”. Sao not6rios os vinculos dos tropicalistas com Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari, os revoluciondrios da “poesia concreta”, cuja preocupagao com o lado material das palavras (sua sonororidade, sua dimensZo visual, etc.) pode ser encontrada em cangées como “Batmacumba” de Gilberto Gil e “Clara” de Caetano ‘Veloso, da qual retiramos um breve exemplo: “quando a manha madrugava calma alta clara clara morria de amor.” ‘Além dos lagos com 0s poetas concretos, foram fundamentais dentro do tropica- lismo a participago de mtisicos vinculados as correntes de vanguarda da miisica erudi- ta, como Jiilio Medaglia ¢ Rogério Duprat, que fizeram o arranjo de varias cang6es tro- picalistas. Por exemplo, Jtilio Medaglia fez 0 arranjo de “Tropicélia”” e Rogério Duprat o de “Geléia Geral”. Uma outra transformacdo revoluciondria também incorporada pelo tropicalismo foi ‘© questionamento, que ocorria a nivel mundial, da separacdo entre Revolucao Social ¢ Revolugao dos Comportamentos Individuais. O movimento de maio de 1968 na Franga foi um dos principais momentos deste questionamento, tio bem expresso em grafites como esse: “Quanto mais eu fago amor, mais eu tenho vontade de fazer a Revolugao. Quanto mais eu fago a Revolugao, mais eu tenho vontade de fazer amor’’. Nos EUA esse questionamento também ocorreu, com 0 surgimento dos diferentes grupos da “Nova Esquerda”, dentre eles 0 movimento Yippie (Youth Internacional Party) animado por Jerry Rubin, que pretendia fundir a militéncia politica revolucioné- ria de esquerda com as transformagées existenciais pregadas pelos Hippies. De acordo com Rubin, o Yippie € um: 172 COELHO, Clfudio N.P. A topicdlia: cultura e polftica nos anos 60. ‘Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 12): 159-176, 2.sem. 1989, “crescimento hibrido de esquerdista e de hippie, diferente tanto de um quanto do outro, algo inteiramente novo. (...) Rapidamente o esquerdismo oficial nos cai em cima: nos acusa de sermos um bando de vagabundos apoliticos completamente de- lirantes, que quer desviar ‘a revolta politica dos jovens’ em prol da droga, do rock e do amor-livre. Os hippies nos véem como marxistas em trajes psicodélicos, que utilizam os mesmos argumentos para politizar a juventude e atrair sobre ela a re- presso policial” (Rubin, 1971, p. 82 83). No Brasil, durante os anos 60, nao existiu uma organizagéo politica que acompa- nhasse esse questionamento da separaco entre 0 social ¢ 0 individual. Coube apenas ao tropicalismo, um movimento cultural, cumprir esse papel, com cangdes como “E Proi- bido Proibir” (inspirada num grafite de maio de 68) e que aborda o combate as institui- oes que tolhem a liberdade individual: “Derrubar as prateleiras as estantes as estétuas lougas Livre sim Eu digo sim ao sim E en digo nao ao nao Eu digo é proibido proibir” Dentre as instituigdes sociais “repressivas”, a familia aparece com bastante desta- gue nas cangées tropicalistas. Em “Mamie Coragem” de Caetano Veloso ¢ Torquato Neto, por exemplo, ela € acusada de impedir a livre expresso da afetividade: “mame mamie nao chore a vida é assim mesmo e eu fui-me embora G) eu tenho um beijo preso na garganta eu tenho um jeito de quem nfo se espanta GC) eu tenho coracées fora COELHO, Cléudio N.P. A tropicélia: cultura ¢ politica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 173 S. Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem, 1989. nao tem jeito” (.) O Tropicalismo e a Nova Reptblica No panorama das relagGes entre cultura e politica dos anos 60, a produgo tropica- lista ocupa um lugar especial. Ela compartilhava da viséo predominante neste periodo, fortemente influenciada pelo pensamento de esquerda, mas construiu uma versio pré- pria, questionando a esquerda a partir dela mesma, ¢ criando condigées para uma com- preensdo mais precisa da sociedade brasileira, Tanto a producdo cultural da esquerda quanto a tropialista estavam associadas a uma defesa da necessidade de modernizagao da sociedade brasileira. A diferenga é que a esquerda dos anos 60 pensava que sé ela podia fazer a modernizagéo — para ela 0 Golpe de 64 estava comprometido com 0 atraso, sendo favordvel ao latifiindio ¢ sub- misso ao imperialismo — enquanto tropicalismo mostrava a modernizagao promovida pela burguesia e pelo regime militar e questionava os seus limites: a combinacdo com 0 arcaico ao nivel social e comportamental. O tropicalismo s6 pode ser entendido se for situado no periodo histérico em que ocorreu € no qual estava profundamente enraizado. Este enraizamento era bastante su- perior ao da esquerda, possuidora de uma visio parcial da realidade brasileira ¢ interna- cional, sendo incapaz de incorporar movimentos revoluciondrios como as vanguardas artisticas ou as rei vindicagdes de maio de 68. Ao enraizamento hist6rico do tropicalismo pode ser atribufda sua capacidade de langar pistas para a compreensio de outros momentos hist6ricos. O tropicalismo apre- endeu uma dimenséo fundamental da sociedade brasileira, a da combinagao entre o ar- caico € 0 moderno, retomando, assim, um caminho aberto pelos modernistas da década de 20 (Mario de Andrade e Oswald de Andrade, principalmente). certo que 0 arcaico ¢ 0 moderno nao se combinam do mesmo modo nos anos 20, nos anos 60 ou nos anos 80 da “Nova Reptiblica”. Mas a possibilidade de compreensio da sociedade brasileira reside no reconhecimento de que a combinagao entre 0 arcaico e © moderno € um trago que atravessa os seus pericslos histéricos, e na capacidade de demarcacao das diferen¢as e semelhangas entre as combinagées especificas a cada pe- riodo. 174 COELHO, Cléudio N.P. A tropicdlia: cultura ¢ polftica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, . Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. Ouvir as cang6es tropicalistas na “Nova Republica” pode ser muito elucidativo para a percepcio do que consiste a “novidade”’ da “transicdo democrética”, com a sua combinago entre voto popular e clientelismo politico. Alids, em alguns momentos estas cang6es parecem mesmo confirmar o dom da profecia — As vezes atribuido as obras de arte — antecipado a Reptiblica cujo “‘Primeiro Ministro” (ocupante do “pétio interno” de Brasflia) € Anténio Carlos Magalhaes e 0 Presidente é José Sarney: “no patio interno hé uma piscina com Agua azul de amaralina coqueiro brisa e fala nordestina e fardis (.) (“Tropicélia” — Cactano Veloso) “@ bumba-ié-ié-boi ‘ano que vem més que foi @ bumba-ié-ié-ié 6 a mesma danca meu boi” (“Geléia Geral” — Gilberto Gil) COELHO, Clfudio N.P, Tropicdlia: culture and politics in the 1980's. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, So Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. ABSTRACT: Tropicélia, one of the most important artistic movements in the 1960's, has been considered as radically opposed to some left wing views that strongly influenced cultural production in the period. This article argues that Tropicélia shared with the left the idea that the work of art must have as its subject Brazilian reality, while being at the same time associated with the struggles to bring about revolutionary changes in it, nevertheless, the movement created its own version of such a view. Tropicdlia presented a more complex picture of Brazilian reality than the left wing's, by pointing to the existence of a combination of “modern” and “archaic” elements where the left only saw the “archaic” ones. The left wing idea of Revolution was stretched to integrate revolution in individual behavior into broader social changes. Having deep seated roots in Brazilian reality, Tropicalismo was responsible for the creation of works which are stil u to date in contemporary Brazil, such as “Geléia Geral” by Gilberto Gil and “Tropicélia’ by Caetano Veloso. UNITERMOS: Brazil: “Tropicdlia”, artistic movement, ideology, modern and archaic, revolution and individual behavior. COELHO, Cléudio N.P. A tropicflia: cultura e polftica nos anos 60. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, 175 'S, Paulo, 1(2): 159-176, 2.sem. 1989. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS REIS F2, Daniel Aardo & SA, Jair Ferreira de. Imagens da revolucdo. Documentos politicos das “organizacées clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971. Rio de Janeiro, Editora Marco Zero, 1985. CAMPOS, Augusto de. Balango da bossa e outras bossas. 3.¢d., Séo Paulo, Ed. Perspectiva, 1978. (Col. Debates n° 3). COELHO, Cléudio N.P. Os movimentos libertérios em questdo. A politica ¢ a cultura nas memo- rias de Fernando Gabeira. Petr6polis, Vozes, 1987. DEBRAY, Régis. Revolucdo na Revolugdo?. S80 Paulo, Centro Editorial Latino Americano, s/d. FAVARETTO, Celso F. Tropicdlia: alegoria, alegria. S80 Paulo, Kairés, 1979. GALVAQ, Walnice N. MMPB: uma andlise ideol6gica. In: ——. Saco de Gatos. Ensaios Criticos. Sao Paulo, Livraria Duas Cidades, 1976. p. 93-119. GIL, Gilberto. Expresso 2222. Sao Paulo, Editora Corrupio, 1982. 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