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A doutrina psicanalítica defende que os impulsos instintivos que são reprimidos pela
consciência permanecem no subconsciente e afetam o sujeito. E importante ter em
conta que o inconsciente não é observável pelo paciente: compete ao psicanalista
tornar acessíveis esses conflitos inconscientes através da interpretação dos sonhos,
dos atos falhados e da associação livre.
A diferença é que Freud define inconsciente de uma outra maneira, não como adjetivo
e sim como substantivo. Assim, podemos imaginar o inconsciente como lugar, como
uns topos. Na psicanálise, estudamos topologia.
Porém, como disse, Freud vai além desse sentido que já existia na filosofia e define o
inconsciente também como lugar e como modo de funcionamento distinto do
funcionamento da consciência.
Temos sonhos todas as noites e não somos nós, pelo menos não conscientemente,
que os criamos. Este é talvez o exemplo mais simples pra entender o que é o
inconsciente. O Inconsciente funciona de um outro modo: através de deslocamentos e
condensações.
Desejo O segundo conceito é o desejo (Wunsch). Podemos ter um desejo claramente
consciente, como querer isso ou aquilo e saber que se quer isso ou aquilo.
Mas também temos desejos que são obscuros, não por serem intrinsecamente maus
ou negativos, e sim porque deles não sabemos ou não queremos saber.
Estes desejos, que são inconscientes, estão na base da formação dos sonhos, dos atos
falhos, chistes, criações artísticas e, o mais importante para clínica, dos sintomas.
Me lembro de um texto da Marilena Chauí no qual ela diz que desejar é desiderare.
Etimologicamente, significa deixar de considerar as estrelas (sidera).
A grosso modo podemos entender que uma parte da psique quer uma coisa e uma
outra parte quer outra. Por isso, até um pesadelo é uma realização de desejo. E até um
sintoma, aquilo do qual reclamamos e nos sentimos mal, sinto-mal, é também uma
realização de desejo.
Contudo, é bastante conhecida a ideia de que o menino tem afetos por sua mãe e
rivalidade com seu pai. Esta formulação, que acompanha em parte o mito grego, é
apenas uma das possibilidades da vivência de identificação e rivalidade.
E isso também significa que a normalidade para a psicanálise não é uma questão de
não ter uma estrutura psicopática, mas sim em ter sintomas que são menos graves. A
diferença é de grau.
Com o processo de análise, o sujeito transfere relações anteriores de sua vida para o
analista. Assim, o analista pode ser identificado com a figura paterna ou materna, ou
qualquer outra que tenha importância em sua vida.
O que é sentido como desprazer, então, era explicado como um conflito psíquico.
Porém depois de 1920, Freud entendeu que o funcionamento último da psique vai
mais além do princípio do prazer. É o que é traduzido na psicanálise lacaniana como
gozo (jouissance).
Em poucas palavras, Freud notou que existe uma tendência na psique que também
busca o desprazer e a repetição do desprazer. Entretanto, nem todos os psicanalistas
aceitam esta tese que faz parte da obra final dele
Ego: o ego segundo a concepção de Freud seria a parte psíquica responsável pela
interação com o mundo real, estabelecendo um equilíbrio entre os impulsos instintivos
presentes na id e as exigências do superego. Nossa capacidade de interação
psicossocial passa diretamente pelo ego.
Regressão: a regressão é uma técnica defensiva da psique que tem como objetivo
retornar ao ponto anterior a determinado evento traumático.
Existem ainda muitos outros conceitos que são utilizados no ambiente da psicologia ou
psiquiatria, é importante que o paciente peça auxílio do profissional na compreensão
desses termos, o entendimento funcional dos mesmos tende a potencializar os
resultados e a rapidez no diagnóstico.
Isso deve ser feito numa situação específica que regula a relação médico-paciente, por
meio da técnica da associação livre e da interpretação do que o paciente apresentava
ao analista, bem como da compreensão da relação afetiva (relação denominada
transferencial) que surgia como um fato no decorrer deste tratamento, relação esta
que passava a fazer parte da dinâmica neurótica do paciente.
Com isso, Freud considerava ser possível que o próprio paciente encontrasse as
explicações para os seus sofrimentos, estabelecendo a série, sem lacunas, da rede de
suas determinações psíquicas e, desta forma, ter a possibilidade de modificá-las.
Freud considera que a grande contribuição da psicanálise foi ter tornado possível um
conhecimento científico da vida psíquica (Freud, 1933, p. 243, Lição 35). É disto que se
orgulha ao afirmar que a grande contribuição da psicanálise à ciência foi a de ter
tornado possível que o espírito e a alma pudessem ser tomados como "objetos da
pesquisa científica, exatamente da mesma maneira que não importa qual coisa
estrangeira ao homem" (Freud, 1933, p. 243, Lição 35).
Para Freud, a psicanálise tem o direito de ocupar um lugar no rol das práticas
científicas, da mesma maneira que a física, considerando, neste sentido, que a
psicanálise não é outra coisa do que uma ciência natural. Seu objetivo de estabelecer a
psicanálise no grupo das ciências naturais não era apenas um desejo de
reconhecimento pessoal, mas uma condição para sua construção.
Sua fé inabalável no determinismo psíquico (cf., por exemplo, Freud, 1923a, p. 187) é
um dos fundamentos para a elaboração do seu procedimento de pesquisa e seu
método de tratamento.
Assim, Freud não só faz uma objetificação da vida psíquica do homem, como tem
necessidade de considerar que esta vida psíquica é regida por um determinismo
causal, tal como ocorre em todo sistema da natureza.