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Como se poderá verificar pela exposição nos capítulos seguintes, não obstante a reação que,
dos anos 30 em diante, se seguiu à concepção patológica da criminalidade (reação, como se
verá, já antecipada por Durkheim nos tempos de predomínio de tal concepção), a matriz
positivista continua fundamental na história da disciplina, até nossos dias. Não só porque a
orientação patológica e clínica continua representada na criminologia oficial, mas também
porque as escolas sociológicas que se desenvolveram, dos anos 30 em diante, especialmente
nos Estados Unidos, contrapondo-se como “sociologia criminal” à “antropologia criminal”,
continuaram por muito tempo e ainda em parte continuam a considerar a criminologia
sobretudo como estudo das causas da criminalidade. Ainda que estas orientações tenham,
geralmente, deslocado a atenção dos fatores biológicos e psicológicos para os sociais, dando
o predomínio a estes últimos, o modelo positivista da criminologia como estudo das causas
ou dos fatores da criminalidade (paradigma etiológico) para individualizar as medidas
adequadas para removê-los, intervindo sobretudo no sujeito criminoso (correcionalismo),
permanece dominante dentro da sociologia criminal contemporânea. Isto, pelo menos, como
se indicou na introdução, enquanto este modelo não foi posto em dúvida e substituído, parcial
ou totalmente, por um novo paradigma científico, o do labeling approach (paradigma da reação
social). O conhecimento de que não é possível considerar a criminalidade como um dado pré-
constituído às definições legais de certos comportamentos e de certos sujeitos é característica,
como veremos mais detalhadamente adiante, das diversas tendências da nova criminologia
inspirada neste paradigma. A consideração do crime como um comportamento definido pelo
direito, e o repúdio do determinismo e da consideração do delinquente como um indivíduo
diferente, são aspectos essenciais da nova criminologia.