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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE

A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Objetivos:
Conscientizar profissionais de educação
Infantil do valor da psicomotricidade.
Reconhecer através de pequena avaliação,
dificuldades psicomotoras que não foram
trabalhadas, possibilitando assim o
desenvolvimento integral da criança.
2

AGRADECIMENTOS

A todo corpo docente do Projeto


“A Vez do Mestre”, a professora Mary Sue Pereira pela
revisão dos textos. Aos meus alunos que indiretamente
contribuíram e inspiraram a confecção desse trabalho.
3

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia ao meu


marido Alex pela ajuda, a minha
filha Alexia pelo amor e por
entender minhas ausências aos
sábados e a minha mãe Aparecida
por tomar conta de meu maior
tesouro, minha filha.
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SUMÁRIO

Introdução

Capítulo I

O que é Psicomotricidade?

Capítulo II

Construindo o esquema Corporal ( desenvolvimento motor )

Capítulo III

Educação psicomotora na escola

Capítulo IV

Exercícios psicomotores para Educação Infantil

Conclusão

Bibliografia

Índice
5
INTRODUÇÃO

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional de 20 de dezembro de 1996(Lei nº 9394 )
art.29 “A educação infantil, primeira etapa da educação
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade.”

Para que aja esse desenvolvimento integral


é preciso que tenhamos profissionais capazes e
conscientes da importância da psicomotricidade.

Considerando a psicomotricidade como a


ciência que envolve toda a ação realizada pelo indivíduo,
que represente suas necessidades e permitem suas relações
com os demais, vemos que é indispensável sua atuação
durante a vida pré-escolar da criança.

O movimento permite a criança explorar o


mundo exterior, sem o contato com o concreto, a criança
pode desenvolver um bloqueio e se isolar por toda vida.

A construção do esquema corporal e a


organização das sensações relativas ao próprio corpo tem
um papel fundamental no desenvolvimento da criança.
6
Nesse trabalho serão apresentadas
definições de psicomotricidade, pelo olhar de vários
pesquisadores, além de sua importância na vida de
crianças de 3 à 6 anos.

Apresentarei também um projeto elaborado


especialmente para escolas de educação infantil.
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CAPÍTULO I

O que é Psicomotricidade?

Para entendermos melhor a importância da


psicomotricidade, precisamos saber exatamente o que essa
ciência quer nos orientar.

Historicamente, o termo “psicomotricidade”


aparece a partir do discurso médico, mais precisamente
neurológico, quando foi necessário, no final do século
XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais
além das regiões “motoras”.

No entanto, a história da psicomotricidade, na


realidade, sua “pré-história”, começa desde que o homem é
humano, quer dizer, desde que o homem fala, já que a
partir desse instante falará de seu corpo.

Apesar da psicomotricidade se desenvolver como


uma prática independente no século XX, seu nascimento
ocorre no momento em que o corpo deixa de ser pura carne
para transformar-se num corpo falado.

Resumidamente podemos descrevê-la como a


integração psiquismo-motricidade, visto que a motricidade
pode ser definida como resultado da ação do sistema
nervoso sobre a musculatura e o psiquismo como o conjunto
de sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto,
etc.
8
A função psicomotora é a unidade onde se
integram a incitação, a preparação, a organização
temporal, a memória, a motivação, a atenção, etc.

O movimento é de fundamental importância no


desenvolvimento físico, intelectual e emocional da
criança. Estimula a respiração e a circulação.

No início a psicomotricidade foi introduzida


nas escolas especializadas como um recurso
psicopedagógico que visava corrigir distúrbios no
desenvolvimento das crianças especiais.

Nesta abordagem, surgiram os exercícios


conhecidos da maioria dos professores: coordenação viso-
motora, ritmo, orientação espacial, esquema corporal,
lateralidade, etc.

Já na década de 70, se percebia a necessidade


de dar um lugar ao corpo e ao movimento na escola. A pré-
escola começava a se orientar pela idéia de partir da
ação para o pensamento.

A nova abordagem teórico-prática de Lapierre


ampliou o aspecto preventivo da educação psicomotora nas
escolas regulares.

Começava a brotar a idéia de se criar na escola


um espaço para a expressão da criança através de suas
atividades psicomotoras espontâneas.
9
A educação psicomotora deixa de lado a postura
mais rígida, de reabilitação, terapia, para dar lugar à
expressão da criança.

Esta nova compreensão da educação psicomotora


levou os psicomotricistas a repensar sua prática e
estabelecer novas relações com a escola. Elas deixaram as
salas de psicomotricidade, à parte das salas de aula, e
ingressaram em um diálogo mais próximo com a equipe
pedagógica.

O trabalho em equipe proporciona o espaço para


discussão a respeito dos aspectos do desenvolvimento da
criança. A partir daí, proporcionar maior espaço para as
atividades livres se torna uma intervenção importante
para a observação dos alunos.

Em nível institucional também seria necessário


agir para tornar possível a abertura de um espaço mais
livre na escola, permitindo à criança desenvolver-se e
elaborar espontaneamente os conflitos do crescimento.
Neste espaço a criança teria acesso a um encontro consigo
mesma, através de atividades psicomotoras livres, jogos
criativos e dramatizações inseridas numa relação mais
inteira e afetiva entre ela e o educador.

Assim, a criança de 2 – 3 anos, ao entrar na


escola, perde o prazer dos cuidados da maternagem e do
corpo – a – corpo direto com a mãe, mais conquista sua
autonomia, cresce e pode elaborar suas angústias de
separação.
10
O período pré-escolar, de 3 a 6 anos,
testemunha uma verdadeira reconstrução do mundo da
criança. Ela passa por mudanças cognitivas. Vai do
conhecimento prático sensório-motor, para o pensamento e
organização do universo representativo. Sua linguagem
evolui permitindo-lhe estruturar melhor suas aquisições
cognitivas e ela é capaz de narrativa, o que lhe
possibilita falar de sua história, expressar suas idéias
e emoções, ou seja, o espaço das relações inter-pessoais
lhe é desvendado.

Nessa idade, a exploração do mundo e de si


mesma através da ação associada à representação do vivido
leva a uma atividade incessante. Tal movimentação é
característica desta etapa e só vai decrescer em
intensidade a partir dos 6 anos.

Para Aucouturier, a prática psicomotora


educativa é preventiva pois é uma ajuda à maturação
psicológica pela via da ação e do jogo. Esta prática está
concebida como um itinerário de maturação, favorecendo a
passagem do “prazer de agir ao prazer de pensar”. Segundo
ele, a prática psicomotora educativa tem um caráter
profilático porque favorece a maturação psicomotora, ela
estimula a comunicação, a expressão, a simbolização, que
são aspectos fundamentais para o acesso pela criança ao
pensamento operatório. Portanto essa prática interessa às
crianças da escola maternal. O objetivo fundamental da
prática psicomotora é favorecer a maturação das
representações e dos afetos e do grupo de crianças.
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O psicomotricista educador permanece um
dinamizador da comunicação, também está sempre atento à
resolução dos conflitos no grupo, pelo diálogo e pela
firmeza, de forma que possa garantir uma autoridade
estruturante ao grupo de crianças. A atitude permanente é
de favorecer com suavidade o prazer de agir, de
transformar e de criar junto, como base da comunicação e
do desenvolvimento, do sentimento de solicitude de uns
para com os outros, ele lembra regras de funcionamento,
ele se ajusta às ações e aos jogos, mas propõe também :
favorecer jogos de reasseguramento e os jogos de
identificação, propondo torres para destruição, lugares
para se desequilibrar, para cair, mas também um lugar
para ser cuidado após jogos de acidente ( hospital ),
ajuda a construir, a fantasiar-se, a envolver-se. Ele
pode regulamentar o material para evitar confusão e pode
reduzir sua utilização, se este estimula a instabilidade
ou a agressividade.
12
CAPÍTULO II

Construindo o esquema corporal


Desenvolvimento motor

2.1 - Conceitos de esquema corporal:

A expressão esquema corporal é de


fundamental importância para o trabalho na área de
psicomotricidade. Podemos considerar as seguintes
definições:

“O esquema corporal não é um conceito


inicial ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e
a condição da justa relação entre o indivíduo e o próprio
ambiente”. ( H. Wallon )

“O esquema corporal pode ser


considerado uma intuição de conjunto ou um conhecimento
imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição
estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre
si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que os
circundam”. ( J. Le Boulch )

A expressão esquema corporal nasceu em 1911


com o neurologista Henry Head, tendo um cunho
essencialmente neurológico. Segundo ele ( Head, in Quiros
e Della Cella , 1973 ), o córtex cerebral recebe
informações das vísceras, das sensações e percepções
táteis, térmicas, visuais, auditivas e de imagens
motrizes, o que facilitaria a obtenção de uma noção, um
modelo e um esquema de seu corpo e de suas posturas. Head
ainda afirma que o esquema corporal armazena não só as
impressões presentes como também as passadas.

Vayer ( 1984,p.73 ) reconhece que são noções


muito complexas, e que são compostas de dados
“biológicos, interacionais, inter-relacionais,
sociais...”

O conceito de corpo envolve um conhecimento


intelectual e consciente do corpo e também da função de
seus órgãos.
13
A nominação das partes do corpo, como diz
Ajuriaguerra ( 1980,p.343 ), confirma o que é percebido,
reafirma o que é conhecido e permite verbalizar ( por um
mecanismo de redução ) aquilo que é vivenciado.

Para uma criança agir através de seus


aspectos psicológicos, psicomotores, emocionais,
cognitivos e sociais, precisa Ter um corpo “organizado”.

É necessário, que o educador auxilie seus


alunos no sentido de fazê-los centrarem sua atenção sobre
si mesmos para uma maior interiorização do corpo. A
interiorização é um fator muito importante para que a
criança possa tomar consciência de seu esquema corporal.
Pela interiorização, a criança volta-se para si mesma,
possibilitando uma automatização das primeiras aquisições
motoras. A criança que não consegue interiorizar seu
corpo pode ter problemas tanto no plano gnosiológico,
como no práxico.

Le Boulch ( 1984 ) afirma que esta


interiorização torna possível uma dissociação de
movimentos que permite um maior controle das praxias. No
plano gnosiológico, percebemos que a interiorização
garante uma representação mental do seu corpo, dos
objetos e do mundo em que vive.

Um esquema corporal organizado, portanto,


permite a uma criança se sentir bem, na medida em que seu
corpo lhe obedece, em que tem domínio sobre ele, em que o
conhece bem, em que pode utilizá-lo para alcançar um
maior poder cognitivo. Ela deve ter o domínio do gesto e
do instrumento que implica em equilíbrio entre as forças
musculares, domínio de coordenação global, boa
coordenação óculo-manual.

Com a interiorização das sensações a criança


aprende a conhecer e a diferenciar seu corpo como um todo
e também a sentir suas possibilidades de ação. Ela
precisa, também, adquirir um equilíbrio econômico e
postural, uma lateralidade bem definida, uma
independência dos diferentes seguimentos corporais e um
domínio das pulsões e das inibições.
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2.2 - Etapas do esquema corporal:

Segundo Le Boulch, o esquema corporal possui


três etapas fundamentais:

1ª etapa: Corpo Vivido ( até 3 anos de idade )

Esta etapa corresponde à fase da inteligência


sensório-motora de Jean Piaget. Um bebê sente o meio
ambiente como fazendo parte dele mesmo. À medida que
cresce, com um maior amadurecimento de seu sistema
nervoso, vai ampliando suas experiências e passa, pouco a
pouco, a se diferenciar de seu meio ambiente. Nesse
período a criança tem uma necessidade muito grande de
movimentação e através desta vai enriquecendo a
experiência subjetiva de seu corpo e ampliando a sua
experiência motora. Suas atividades iniciais são
espontâneas, isto é, não pensadas.

De início, portanto, a criança corre, brinca,


trabalha seu corpo, passa pelo que De Meur ( 1984, p.13 )
chama de atividade espontânea ( dos brinquedos ) para uma
atividade integrada. É dominada pela experiência vivida
pela criança, pela exploração do meio, por sua atividade
investigadora e incessante. Ela precisa ter suas próprias
experiências, para que a criança mesmo que sem a
interferência da reflexão, adeque suas ações às situações
novas.

Ela adquire também uma verdadeira memória do


corpo.

No final desta fase pode-se falar em imagem


do corpo pois o “eu “ se torna unificado e
individualizado.
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2ª Etapa: Corpo Percebido ou “Descoberto” ( 3 a 7 anos )

Esta etapa corresponde à organização do


esquema corporal devido à maturação da “função de
interiorização”, permite também a passagem do ajustamento
espontâneo, citado na primeira fase, a um ajustamento
controlado que, por sua vez, propicia um maior domínio do
corpo, culminando em uma maior dissociação dos movimentos
voluntários. A criança com isto passa a aperfeiçoar e
refinar seus movimentos adquirindo uma maior coordenação
dentro de um espaço e tempo determinado.

Ela descobre sua dominância e com ela seu


eixo corporal. Passa a ver seu corpo como um ponto de
referência para se situar e situar os objetos em seu
espaço e tempo. Ela tem acesso a um espaço e tempo
orientado a partir de seu próprio corpo, assimila
conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda.

Adquire também noções temporais como a


duração dos intervalos de tempo, de ordem e sucessão,
isto é, o que vem antes, depois, primeiro, último.

No final desta fase, diz Le Boulch citando


Ajuriaguerra, o nível do comportamento motor bem como o
nível intelectual pode ser caracterizado como pré-
operatório, porque será submetido à percepção num espaço
em parte representado, mas ainda centralizado sobre o
próprio corpo.
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3ª Etapa: Corpo Representado ( 7 a 12 anos )

Nesta etapa observa-se a estruturação do


esquema corporal, ela amplia e organiza seu esquema
corporal.

No início desta fase a representação mental


da imagem do corpo consiste numa simples imagem
reprodutora. É uma imagem de corpo estática e é feita da
associação estreita entre os dados visuais e
cinestésicos. A criança só dispõe de uma imagem mental do
corpo em movimento a partir de 10 / 12 anos. Sua imagem
de corpo passa a ser antecipatória, e não mais somente
reprodutora.

A imagem do corpo representado permite à


criança de 12 anos “dispor” de uma imagem de corpo
operatório que é o suporte que a permite efetuar e
programar mentalmente suas ações de pensamento. Torna-se
capaz de organizar, de combinar as diversas orientações.
Isto quer dizer que os pontos de referência não estão
mais centrados no corpo próprio mas são exteriores ao
sujeito, podendo ele mesmo criar os pontos de referência
que irão orientá-lo.

CAPÍTULO III
Educação Psicomotora na Escola
17
Ao pensar em educação psicomotora, logo
pensamos em prevenção do desenvolvimento integral do
indivíduo em várias etapas de desenvolvimento.

Através da Psicomotricidade e dos órgãos dos


sentidos a criança descobre o mundo e se autodescobre,
segundo Le Boulch:
A educação psicomotora deve ser considerada como
uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos
os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar
consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no
espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilmente a
coordenação de seus gestos e movimentos. A educação
psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade;
conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações
difíceis de corrigir quando já estruturadas...

O movimento , como já vimos, é um suporte que


ajuda a criança a adquirir o conhecimento do mundo que a
rodeia através de seu corpo, de suas percepções e
sensações.

A educação psicomotora pode ser vista como


preventiva, na medida em que dá condições à criança de se
desenvolver melhor em seu ambiente. É vista também como
reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam
desde o mais leve retardo motor até problemas mais
sérios. É um meio de imprevisíveis recursos para combater a
inadaptação escolar, diz Fonseca ( 1988.p.368 ).
O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se
constrói, através da interação com o meio e de suas
próprias realizações e a psicomotricidade desempenha um
papel fundamental.
18
A psicomotricidade é um caminho, é o “desejo de
fazer, de querer fazer; o saber fazer e o poder fazer”.

Lapierre ( 1986 ) e Le Boulch têm a mesma


posição quando afirmam que a educação psicomotora deve
ser uma formação de base indispensável a toda criança.

Tanto dentro da ação educativa como


reeducativa, concordo com Le Boulch quando afirma que
devemos unir o aspecto funcional ao afetivo, pois os dois
devem caminhar lado a lado.

Por aspecto afetivo ou relacional podemos


entender a relação da criança com o adulto, com o
ambiente físico e com as outras crianças. A maneira como
o educador penetra no universo da criança assume um
aspecto primordial. É muito importante que o professor
demonstre carinho e aceitação integral do aluno para que
este passe a confiar mais em si mesmo e consiga expandir-
se e equilibrar-se.

A boa evolução da afetividade é expressa


através da postura, das atividades e do comportamento.
Uma criança muito fechada em si mesma possui falta de
espontaneidade e tem a tendência de “fechar” também seu
corpo, isto é, tende a encolher-se e a trabalhar com um
tônus muito tenso, muito esticado.
Um bom educador psicomotor, com sua
disponibilidade e competência técnica, pode ajudar muito
o aluno. Ele pode induzir situações que obriguem este
aluno a agir corretamente no ambiente, visando a um maior
desenvolvimento funcional.
19
Ele pode auxiliar seu aluno a tomar consciência
de seus próprios bloqueios e procurar suas origens e,
principalmente, realizar exercícios adequados para um bom
desempenho de seu esquema corporal.

Um educador, a partir de um bom conhecimento do


desenvolvimento do aluno, poderá estimulá-lo de maneira
que todas as áreas como psicomotricidade, cognição,
afetividade e linguagem estejam interligadas.

O aluno sentir-se-á bem na medida em que se


desenvolver integralmente através de suas próprias
experiências, da manipulação adequada e constante dos
materiais que o cercam e também das oportunidades de
descobrir-se. E isto será mais fácil de se conseguir se
estiverem satisfeitas suas necessidades afetivas, sem
bloqueios e sem desequilíbrios tônico-emocionais.

Muitas dificuldades podem surgir com uma


aprendizagem falha na escola. Está certo que algumas
habilidades motoras começam a ser desenvolvidas na
família, mas não se pode negar a importância dos
primeiros anos de escolaridade. Por outro lado, também há
alunos que já vêm para a escola com problemas motores que
prejudicam seu aprendizado e que não são sanados em
nenhum momento, acarretando uma maior desadaptação
escolar.
Existem alguns pré-requisitos, do ponto de
vista psicomotor, para que uma criança tenha uma
aprendizagem significativa em sala de aula. É necessário
que, como condição mínima, ela possua um bom domínio do
gesto e do instrumento. Isto significa que precisará usar
as mãos para escrever e , portanto, deverá Ter uma boa
20
coordenação fina. Ela terá mais habilidade para manipular
os objetos de sala de aula, como lápis, borracha, régua,
se estiver ciente de suas mãos como parte de seu corpo e
tiver desenvolvido padrões específicos de movimentos.
Deverá aprender a controlar seu tônus muscular de forma a
saber dominar seus gestos.

É importante , também, que ela tenha uma boa


coordenação global, saindo-se bem ao se deslocar,
transportar objetos e se movimentar em sala de aula e no
recreio. Muitos dos jogos e brincadeiras, realizados nos
pátios das escolas, são, na verdade, uma preparação para
a aprendizagem posterior. Com eles, a criança pode
adquirir noções de localização, lateralidade, dominância,
e conseqüentemente orientação espaço-temporal. Um fator
importante para a educação escolar é o desenvolvimento
do sentido de espaço e tempo. Isto significa que a
criança se movimenta em um determinado espaço e tempo.
Uma boa orientação espacial poderá capacitá-la a
orientar-se no meio com desenvoltura.

A psicomotricidade serve como ferramenta


para todas as áreas de estudo voltadas para a organização
afetiva, motora, social e intelectual do indivíduo
acreditando que homem é um ser ativo capaz de se conhecer
cada vez mais e de se adaptar às diferentes situações e
ambientes.
Emocionalmente, a criança conseguirá todas as
possibilidades para movimentar-se e “descobrir” o mundo,
tornar-se feliz, adaptada, livre, socialmente
independente.
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O trabalho do pedagogo, é orientar o professor,
motivando-o através de uma conscientização da validade de
aplicação da mesma e despertando o seu interesse.

Na educação infantil, o mais importante deve


ser ajudar a criança a Ter uma percepção adequada de si
mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações
reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar
corporalmente com maior liberdade, conquistando e
aperfeiçoando novas competências motoras.

O movimento e sua aprendizagem abrem um espaço


para desenvolver: ( Alves,2003 )
• Habilidades motoras que levem a criança a aprender a
conhecer seu próprio corpo e a se movimentar
expressivamente;
• Um saber corporal que deve incluir as dimensões do
movimento, que indiquem estados afetivos até
representações de movimentos mais elaborados de
sentidos e idéias, oferecendo um caminho para trocar
afetividades;
• Facilitar a comunicação e a expressão das idéias;
• Possibilitar a exploração do mundo físico e o
conhecimento do espaço;
• Apropriação da imagem corporal; Percepção rítmica,
através de jogos corporais e danças;
• Habilidades motoras finas, através de diversas
atividades que facilitem a escrita.
CAPÍTULO IV
Exercícios Psicomotores para Educação
Infantil
22

Este período de 3 a 7 anos, correspondente a


uma etapa intermediária que se deve a dois grandes
objetivos:

• permitir à criança alcançar seu desabrochamento no


plano da vivência corporal alcançando com bem-estar o
exercício da motricidade espontânea, prolongada pela
expressão verbal e gráfica;

• assegurar a passagem à escola elementar tendo o papel


de prevenção, a fim de evitar que a criança se depare,
nessa época, com dificuldades na aquisição das
primeiras tarefas escolares.

Nesse aspecto o jogo é de fundamental


importância, pois faz com que a criança se envolva com o
que está fazendo, colocando seu sentimento e emoção
através da ação.

O jogo integra os aspectos motores, cognitivos,


afetivos e sociais .

“Permitir brincar às crianças é uma tarefa


essencial do educador”( Le Boulch )

Os jogos da imaginação e os jogos simbólicos


têm uma valor de expressão; os jogos funcionais, permitem
à criança a aquisição de numerosas praxias. A pedagogia
trabalha estes dois aspectos, a fim de permitir à criança
exercer sua motricidade global.
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1- Jogo e expressão livre. Têm uma significação


prática.É importante que o educador saiba
respeitar a atividade da criança, a fim de não
interferir nos seus jogos, propondo-lhe seus
próprios modelos.
2- O aperfeiçoamento e o enriquecimento da atividade
práxica mediante o trabalho de coordenação
dinâmica geral.

3- A coordenação viso-manual e o aperfeiçoamento da


motricidade fina da mão e dos dedos. A
organização das reações combinadas dos olhos e da
mão dominante começa no primeiro ano e só se
completa no fim da escolaridade primária.

Fatima Alves, sugere alguns exercícios citados


abaixo:

1- Exercícios de Esquema Corporal


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a) Mímica;
b) Esculturas ( exploração do próprio corpo );
c) Adivinhação ( O que é, o que é? );
d) Nomear partes do corpo, do corpo dos colegas, do corpo
de bonecos;
e) Juntar partes do corpo de um boneco num quebra-cabeça;
f) Desenhar uma figura humana, parte por parte.

2- Exercícios de Lateralidade

a) Colocar mãos sobre o contorno de mãos desenhadas pela


parede;
b) Colocar pés sobre o contorno de pés desenhados pelo
chão;
c) Fazer gestos diante do espelho;
d) Colocar um fio esticado verticalmente entre o teto e o
chão. De frente, encostar o nariz e o umbigo no fio e
perceber as partes do corpo que ficaram para fora.

3- Exercícios de Coordenação

Coordenação dinâmica global


a) Rolar no chão;
b) Engatinhar para frente e para trás;
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c) Andar, correr, pular, dançar, subir;
d) Relaxar e tensionar partes do corpo;
e) Chutar bolas.

Coordenação visomanual ou fina

a) Escolher arroz ou feijão;


b) Montar em quebra-cabeça;
c) Modelar com massa ou argila;
d) Rasgar e amassar vários tipos de papel;
e) Tocar qualquer instrumento de teclado;
f) Recortar com o dedo;
g) Recortar com tesoura;
h) Colar, pintar,
i) Perfurar, dobrar;
j) Modular, bordar,traçar;
k) Contornar.

Coordenação Visual

a) Seguir com os olhos e a cabeça os movimentos de um


educador;
b) Andar ao redor de um objeto, sem desviar os olhos
dele;
c) Seguir apenas com os olhos movimentos.

Exercícios grafomotores

a) Passar o dedo indicador da mão dominante sobre uma


reta horizontal;
b) Fazer um traçado sobre o traçado já feito.
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4- Exercícios de Orientação Temporal

a) Reproduzir ritmos variados com o próprio corpo e com


objetos;
b) Ouvir histórias, ou músicas que contêm histórias;
c) Ordenar cartões com figuras;

Exercícios de Orientação Espacial

a) Pedir que todos andem pelo ambiente, explorando-o;


b) Jogar amarelinha;
c) Montar quebra-cabeça;
d) Obedecer ordens como: colocar o lápis em cima da mesa,
a caneta embaixo da cadeira, etc;
e) Arremessar bolas em espaços determinados;
f) Traçar uma linha entre contornos de linhas paralelas
sem tocá-las.

5- Atividades na Área de Comunicação e Expressão

a) Fazer caretas, assoprar apitos, mastigação;


b) Imitar sons, fazer bolhas de ar;
c) Jogar beijos;
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d) Inspirar pelo nariz e expirar pela boca;
e) Assoprar o ar com força;
f) Contar a história de seus próprios desenhos;
g) Formar histórias a partir de um título;
h) Realizar passeios a pé;
i) Contar o que vê em fotos ou gravuras;
j) Lembrar palavras que comecem ou terminem com um som
pedido.

6- Exercícios de Percepção

Percepção Tátil

a) De olhos abertos e depois fechados, sentir o próprio


corpo e objetos;
b) Reconhecer colegas pelo tato.

Percepção Gustativa

a) Experimentar coisas que têm e que não têm gosto;


b) Provar alimentos em diferentes temperaturas, sabores e
teores.

Percepção Olfativa

a) Experimentar odores como: perfumes, sabonetes, café,


álcool, vinagre, chás e flores;
b) Reconhecer objetos através dos cheiros.
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Percepção Auditiva

a) Brincar de cabra-cega;
b) Identificar e imitar sons e ruídos.

Percepção Visual

a) Identificar cores;
b) Separar e/ou agrupar objetos altos e baixos, curtos e
compridos, finos e grossos, largos e estreitos, cheios
e vazios.

Nessas atividades propostas por Fátima Alves e


reproduzidas nesse trabalho, vemos a intenção de fornecer
ao educador de pré-escola um instrumento que facilite e
enriqueça suas intervenções junto aos indivíduos.

Essa proposta visa fazer com que cada profissional


crie e aja com seus próprios recursos e características,
experimentando novas abordagens.

CONCLUSÃO

Na idade pré-escolar, a criança necessita de


profissionais que propiciem um clima de segurança e de
confiança no decorrer do trabalho.
29

A criança deve viver esta experiência de forma


positiva na área afetiva. O objetivo é propiciar à
criança situações na qual ela tenha confiança em seu
corpo e em seu desempenho motor e não fazê-la viver
situações desvalorizantes.

O papel do adulto é assegurar a boa marcha


coletiva das atividades; é necessário observar as reações
das diferentes crianças a fim de ajudá-las conforme suas
dificuldades. Não devendo fornecer ao aluno a resposta
pronta.

A ajuda dada é através do afeto e da segurança


transmitida pela sua presença; um contato manual eventual
poderá assegurar um apoio.

A expressão verbal da experiência vivida do


corpo é a prolongação natural do trabalho psicomotor.

Incentivar uma relação saudável com o próprio


corpo e o uso dele na aprendizagem são práticas que
deveriam ser cultivadas por toda escolaridade.

É importante também que o docente recupere a


sua história, os seus desejos infantis. Somente a partir
desse regresso ao mundo infantil o educador poderá
proporcionar experiências concretas e plenamente vividas
com o corpo inteiro. Relacionando-se com o mundo de forma
equilibrada.
30
Vemos muitos professores com programas,
procedimentos de ensino, materiais de instrução
totalmente inadequados e desestimulantes e,
principalmente, carentes de flexibilidade necessária para
adaptar os objetivos do ensino às diferenças individuais
dos alunos. Muitas das atividades em sala de aula são sem
sentido para a criança e com isto as aprendizagens
tornam-se difíceis e desestimulantes.

O professor não deverá esquecer que o material


de seu trabalho é seu aluno. Por isso não deverá
preocupar-se apenas em preparar o ambiente escolar com
cartazes painéis, faixas, mas a si mesmo. É necessário
que ele conheça o aluno, seja seu amigo.

Espero que após esta leitura, possa ter


contribuído para um trabalho mais verdadeiro e
satisfatório com as crianças de 3 à 6 anos.
Mãos à obra!

BIBLIOGRAFIA

LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor (do


nascimento até os 6 anos). Trad. Por Ana Guardrola
Brizolara. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
31
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OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e


reeducação num enfoque psicopedagógico – Petrópolis, RJ :
Vozes, 1996.

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e a construção do conhecimento. Campinas, SP. Papirus,
1995.

PEREIRA, Mary Sue. A descoberta da Criança – Rio de


Janeiro: WAK, 2002.

ÍNDICE
32
INTRODUÇÃO 5

CAPÍTULO I 7

O que é Psicomotricidade? 7

CAPÍTULO II 12

Construindo o Esquema Corporal 12


Desenvolvimento Motor

2.1 – Conceitos de Esquema Corporal 12

2.2 – Etapas do Esquema Corporal 14

CAPÍTULO III 17

Educação Psicomotora na Escola 17

CAPÍTULO IV 22

Exercícios Psicomotores para Educação Infantil 22

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA 31

ÍNDICE 32

FOLHA DE AVALIAÇÃO
33

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu “

Título: A Psicomotricidade na Educação Infantil

Data da Entrega: 12 / 02 / 2005.

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Avaliado por: ______________________________ Grau _______

___________________, ____ de ____________ de __

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