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LÍNGUA PORTUGUESA 1ª VA

1
Tema -
Língua e
Linguagem

“As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo.”

Ludwig Wittgenstein

Para que você realize um estudo eficiente do português é


necessário, antes, compreender o que é língua e linguagem.
Assim, estudaremos esses conceitos e, a partir deles, refletiremos
sobre nossas relações com o mundo e nossas ações comunicativas
em sociedade.

Você observará que o português e outras línguas também variam


no decorrer do tempo e através do espaço. Saber navegar
nessas variações de acordo com o contexto de comunicação é a
verdadeira competência linguística a ser alcançada.

99 Compreender os conceitos de língua e linguagem.

99 Perceber a presença da língua e da linguagem nas relações em


sociedade.

99 Observar e analisar a ocorrência de variações linguísticas.

99 Ser capaz de navegar nas variedades linguísticas conforme cada


situação comunicativa.
Língua e linguagem

Você já observou que as campanhas publicitárias são textos que exploram


múltiplas linguagens e possibilidades de interação com o leitor?

Veja o caso abaixo.

5 novidades para deixar

você de boca aberta.

Fechada, aberta, fechada,

Aberta, fechada, aberta.

Esse texto que você acabou de ler foi extraído de uma campanha publicitária.
Você foi capaz de compreendê-lo por completo? Seria capaz de dizer o que
está sendo divulgado no anúncio? Provavelmente, não. Faltam informações,
falta o contexto em especial.

Agora, veja o original.

Figura 1: Anúncio Lacta.

Disponível em: <http://julianaportuguesfeevale.blogspot.com.br/2011/11/anuncio-da-lacta.


html>. Acesso em: 21 dez. 2015.
Língua Portuguesa

Note que o anúncio é composto por imagens e palavras. Se não tivermos


acesso a ambas, simultaneamente, as imagens e palavras, o sentido é
prejudicado. Isso acontece porque a linguagem publicitária explora elementos
verbais e não verbais, as palavras e imagens.

Perceba: podemos falar em linguagem, mas não em língua publicitária.


_
Por quê? Qual é a diferença? 3
ead.unievangelica.edu.br

A capacidade humana de representar pensamentos e o mundo


Glossário
por meio de sinais codificados é a linguagem. Esse fenômeno
Codificados:
pode ocorrer de várias maneiras e em situações diversas, como
Aquele que codifica, cria/ por exemplo, na tentativa de vender produtos que acabamos de
estabelece códigos, leis,
preceitos, normas. observar e até mesmo na pintura que segue.

Figura 2: O Grito, Eduard Munch.

Disponível em: <http://noticias.universia.com.br/tempo-livre/noticia/2012/10/29/977841/


conheca-grito-edvard-munch.html> Acesso em: 21 dez. 2015.

Em sua obra, O grito (1893), Munch foi capaz de passar uma


mensagem por meio de uma pintura, empregando cores, formas
e a expressão facial da figura humana representada. A capacidade
humana da linguagem foi claramente explorada pelo artista, o
Língua Portuguesa

qual competentemente soube transmitir a nós sentimentos como


angústia e desespero.

Língua já implica na presença de outros elementos. Ela pode ser


assim conceituada: sistema de signos linguísticos socialmente
construído, ou seja, um sistema de códigos elaborado por uma
_ coletividade para realizar suas comunicações. Assim é o inglês, o
4 francês, o espanhol, a Libras -Língua Brasileira de Sinais, ou até
mesmo a língua portuguesa, que estava presente na propaganda
da marca de chocolates.
O texto abaixo apresenta a narrativa de Severino, um migrante nordestino
em busca de uma vida melhor. Acompanhe como ele se apresenta ao leitor.

Morte e vida severina

O meu nome é Severino,


não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias,
mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?

NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento).

Compare o texto lido por você com a tela de Portinari intitulada Os retirantes.

Figura 3: Os retirantes, Cândido Portinari.

Língua Portuguesa

_
Disponível em: <http://artepublicidade.blogspot.com.br/2011/03/retirantes-1944-candido- 5
portinari.html>. Acesso em: 21 dez. 2015.

Em “Morte e vida Severina”, há um sertanejo que se apresenta e para isso


emprega a Língua Portuguesa. No poema há a presença de um sistema de
signos que são empregados para gerar significado. Já na imagem de “Os
retirantes” de Cândido Portinari, não há presença de uma língua, mas da
linguagem empregada pelo artista para representar aqueles que migram,
tentando escapar de uma vida sofrida.

Nos links que seguem, você encontrará mais explicações sobre as


diferenças entre língua e linguagem. O primeiro link é da Revista
Escola, da Editora Abril e o segundo link leva à página do Museu
da Língua Portuguesa. Aproveite!

Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/


qual-diferenca-lingua-linguagem-687749.shtml;>. Acesso em: 21 dez. 2015.
Disponível em: <http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/>.
Acesso em: 21 dez. 2015.

Variações linguísticas

Pergunto a você: um paraense prefere os mesmos alimentos que um


paranaense? Um goiano faz uso da mesma culinária que um paulista? Muito,
provavelmente, sua resposta é: não. Cada uma dessas regiões tem seus
hábitos, costumes, referências culturais, o que leva a uma alimentação que
se diferencia em cada local. Com a língua não é diferente, ainda mais em um
país como o Brasil – de proporções continentais.

Agora diga: ao entrar em contato com pessoas de outras regiões ou de idade


muito diferente da sua, você estranhou palavras, expressões e o sotaque? A
língua é viva e se modifica de acordo com o uso que fazemos dela e também
conforme nossas necessidades. Dessa maneira, seu emprego é diferente em
cada grupo social por vários motivos. Para perceber isso não é necessário
viajar para longe.

Há casos em que ocorrem grandes variações no uso da língua de um bairro


para outro em uma mesma cidade! Imagine as diferenças existentes na fala
de um carioca da Barra da Tijuca em relação à fala de um carioca que viva
no Morro do Alemão. Isso não significa que um modo de falar seja melhor ou
pior, simplesmente é diferente.

Você já foi vítima de preconceito devido ao seu modo de falar e


escrever? Já julgou alguma pessoa devido à maneira como ela
falava? Isso acontece muito em nossa sociedade. É um fenômeno
Língua Portuguesa

chamado preconceito linguístico. Infelizmente, esse preconceito


se torna uma barreira para muitos, em especial no mercado de
trabalho. Um exemplo forte são os migrantes que não têm sua
fala aceita onde vivem e moradores da zona rural quando se
deslocam para áreas urbanas.
_
Lembre-se de que preconceito é um conceito estabelecido antes, 6
previamente, sem que haja fundamento ou comprovação, por
isso, é algo que deve ser evitado. Não reforce em seu dia a dia o
preconceito linguístico.
ead.unievangelica.edu.br

Cada um dos sistemas em que uma língua se diversifica, em


função das possibilidades de variação de seus elementos, como
o vocabulário, pronúncia, morfologia, sintaxe, é uma variedade
linguística.

É provável que você já tenha observado que o paulistano faz uso


de uma variedade e o nordestino de outra, o carioca de ainda
outra, sendo elas o que chamamos de regionalismo.
Glossário
Regionalismo:
Figura 4: Comunicação via internet.
Expressão social e
política no sentido de
defesa dos interesses
de uma região.
2 Aquilo que diz
respeito a uma região.
3 Termo, locução ou
costumes próprios
de uma região ou
regiões. 4 Caráter
de uma obra literária
escrita a respeito de
costumes ou tradições
regionais. 5 Gram
Traço linguístico
próprio de cada uma
das regiões em que
se fala determinada
língua. 6 Corrente
literária formada
pelos escritores
regionalistas.

Disponível em:
<www.michaelis.uol.
com.br>. Acesso em:
21 dez. 2015.

Fonte: © Andres Rodriguez | fotolia ®

Você sabia que há diferenças entre o português empregado na


escrita e o utilizado na fala? Na maioria das vezes, no primeiro
caso, estamos diante da necessidade de maior formalidade,
enquanto, no segundo, temos liberdade para nos expressar com
nosso vocabulário e expressões cotidianas. Entretanto, a Internet
e as mensagens enviadas e recebidas através do celular tem
mudado isso.

Nelas usamos a escrita, mas frequentemente com tom de


informalidade, ao escrevermos para parentes e amigos. Ao se
comunicar por meio desses suportes, você emprega abreviações,
gírias e acaba por ter como prioridade a agilidade na comunicação
e não a rigidez gramatical.
Língua Portuguesa

A norma padrão, ou seja, aquilo que é previsto e normatizado


pela gramática, é uma das variações da língua. Há situações
comunicativas que exigem o domínio sobre ela, em especial no
trabalho e na vida acadêmica.
_
7
Para Sarmento (2012), esta é a variedade linguística que as
pessoas mais valorizam socialmente e a mais utilizada na esfera
pública, como a mídia, universidade, governo, entre outros.
O essencial é perceber que temos liberdade para empregar a
variação linguística que nos for conveniente em cada momento
que vivenciamos.

Assim, em casa a variedade pode ser muito informal e no trabalho


de acordo com a norma padrão, a gramática. Busque o que é
adequado para suas necessidades comunicativas.

Ter com clareza a noção de que a norma padrão é uma das


variedades da língua e que precisamos dominá-la é importante.
Adote um olhar atento para as falas das pessoas em seu cotidiano
como também para os textos que costuma fazer a leitura. Observe
as diferenças no emprego do português, assim enriquecendo seu
conhecimento sobre nossa língua materna e gerando novas
possibilidades para o uso que você faz dela.

Glossário
Língua materna :

Conhecida também como


língua mãe ou língua
nativa é a primeira língua
que uma criança aprende.

Língua Portuguesa

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Bibliografia

ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São


Paulo: Moderna, 2007.

AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2.ed. São


Paulo: Publifolha, 2008.

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 2010.

CASSANY, Daniel. Oficina de textos: compreensão leitora e expressão escrita


em todas as disciplinas e profissões. Trad. Valério Campos. Porto Alegre:
Artmed, 2008.

KOCH, Ingedore V. & ELIAS, Vanda M. Ler e compreender: os sentidos do


texto. São Paulo: Contexto, 2006.

_______. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo:


Contexto, 2009.

SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. São Paulo: Moderna, 2012.

SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lições de texto: leitura e


redação. São Paulo: Ática, 2006.
Língua Portuguesa

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Tema -
Elementos e
Processos de
Comunicação

“As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade.”

Victor Hugo - Romancista francês

Comunicar-se é tarefa necessária e constante no cotidiano de


todos, todavia nem sempre é fácil. As palavras, às vezes, parecem
não expressar exatamente aquilo que precisamos, podendo
inclusive nos gerar transtornos. Saber como estruturamos nossas
comunicações e o que isso envolve é importante.

99 Conhecer os elementos da comunicação.

99 Entender as funções da linguagem.

99 Compreender o processo de comunicação.


Língua Portuguesa

99 Saber aplicar as noções sobre elementos da comunicação e


funções da linguagem.

_
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O ato comunicativo

Luís Fernando Veríssimo expressa suas ideias com muito humor. Propomos
a você a leitura de um de seus textos para seguirmos com nossas reflexões,
que tal?!

O que significa orégano

Figura 1: Pizza com orégano.

Disponível em: <http://pizzariavanucci.com.br/>. Acesso em: 04 fev. 2016.

Você eu não sei, mas eu estou preocupadíssimo com a revelação de que os


americanos têm monitorado tudo que é dito e escrito no Brasil nos últimos
anos. Ouvem nossos telefonemas, leem nossos e-mails e, provavelmente,
examinem o nosso lixo, atrás de indícios da nossa periculosidade. O que
me preocupa é que essa informação, depois de coletada e classificada, é
analisada talvez pelas mesmas pessoas que nunca duvidaram que o Saddam
Hussein tivesse armas de destruição em massa e nunca estranharam que
os sequestradores daqueles aviões que derrubaram as torres, no onze de
nove, não se interessassem pelas aulas de aterrissagem nos seus cursos de
aviação. Quer dizer, que garantia nós temos que não se enganarão de novo,
e verão ameaças à segurança americana nas nossas comunicações mais
inocentes? Um simples telefonema entre namorados ("desliga você", "não,
desliga você") pode ser interpretado como parte de um plano para sabotar
centrais elétricas. Um pedido para troca de bujão de gás, uma evidente
referência cifrada à explosão da Casa Branca. O fato é que tenho tentado
recapitular todos os meus telefonemas e e-mails nos últimos anos, com medo
de que um deles, mal interpretado, acabe provocando minha aniquilação por
Glossário um drone.
Língua Portuguesa

Drone:
Ou então me vejo chegando aos Estados Unidos, sendo barrado por um
A palavra drones surge no
texto e faz referências a agente da imigração e levado para uma sala sem janelas, onde sou cercado
aeronaves não tripuladas por outros agentes, provavelmente da CIA, que me pedem explicações sobre
que têm fins militares
e de segurança. Leia um telefonema, obviamente em código, que fiz antes de viajar. Reconheço
mais sobre o assunto
no link disponível em:
minha voz na gravação.
_ <http://www.terra.com.
br/noticias/infograficos/ - O que quer dizer "à calabresa", Mr. Verissimo? - pergunta um dos agentes.
11 drones/>. Acesso em: 04
fev. 2016.
Estou confuso. Não consigo pensar. Calabresa, calabresa...

- Alguma referência à máfia? Uma ligação da organização terrorista à qual


o senhor evidentemente pertence, como a camorra, visando a um atentado
aqui nos Estados Unidos? O senhor veio se encontrar com a máfia americana
para acertar os detalhes do complô. É isso, Mr. Verissimo?

- Não, não. Eu...

- Notamos que, mais de uma vez na gravação, o senhor diz "sem orégano,
sem orégano". Deduzimos que há uma divergência dentro do complô entre
vocês e a máfia, uns a favor de se usar "orégano" no atentado, outros contra.
O que, exatamente, significa "orégano"?

Finalmente, me dou conta.

- Orégano significa orégano. Eu estava pedindo uma...

- Por favor, não faça pouco da nossa inteligência, Mr. Verissimo. Não gastamos
milhões de dólares para ouvir que orégano significa orégano.

Luis Fernando Veríssimo.

Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-que-significa-


oregano-,1054684,0.htm>. Acesso em: 04 fev. 2016.

Você acabou de ler uma crônica de Veríssimo. Nela o autor, com muita
habilidade e ironia, explora a situação de que todas as comunicações do
mundo feitas por meios eletrônicos sejam monitoradas pelo governo dos
Estados Unidos. Aí surge uma preocupação na mente de Veríssimo: teria
ele dito alguma coisa que incriminasse a si mesmo? Como os americanos
compreenderiam pequenas ligações telefônicas banais, por exemplo? Pedir
pizza ou conversar com a namorada teriam se tornado um risco? Seria
Veríssimo bombardeado sem aviso? Certamente não, mas é a partir de um
raciocínio muito próximo deste que surge o humor do texto.

Esse humor irônico só foi possível graças a um fato implícito nas cenas
narradas: os agentes dos EUA não poderiam compreender o conteúdo de
nossas comunicações fora de contexto. Tais “profissionais” não estariam em
nosso meio social, cultural, político e econômico, por isso pedir pizza sem
orégano talvez ganhasse outra conotação. Um mero “liga desliga” poderia se
referir a uma bomba em Nova Iorque.

Considerando as ilustrações levantadas pelo cronista, você já pode


compreender que todo texto tem um contexto, sendo necessário ter acesso
aos dois simultaneamente para entender o que foi falado ou escrito. Além
disso, as conversas originalmente não eram endereçadas aos agentes
da CIA americana, mas sim a sujeitos que tinham outras características
Língua Portuguesa

e percepções da mensagem que era passada: o atendente da pizzaria, a


namorada e outros.

Junto a isso, ainda podemos dizer que os americanos teriam problemas com
os signos, lembre-se de que língua é um sistema de signos, empregados
nas comunicações dos brasileiros, a não ser que soubessem português e as
múltiplas possibilidades de significados das palavras por nós aqui empregadas, _
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isto é, é necessário dominar o código para que haja compreensão de uma
mensagem.

Muito interessante é a possível explicação dada por Luis Fernando Veríssimo


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a um agente americano imaginário: “Orégano significa orégano!” Algo óbvio,


você não acha? Então, por que um funcionário da CIA perguntaria isso? Por
quê? Você já tem a resposta? Vamos pensar um pouco sobre isso.

Luis Fernando Veríssimo é um grande autor da literatura brasileira.


Seus textos, em especial as crônicas, são um grande sucesso de
público. No endereço a seguir, você poderá ler mais textos do
autor e também sobre ele.

Disponível em: <http://www.releituras.com/lfverissimo_menu.asp>.


Acesso em: 21 dez. 2015.

Elementos de comunicação

contexto

canal
emissor receptor
mensagem

código

Fonte: Autor (2013).

No esquema acima, você tem acesso aos elementos de comunicação.

Acompanhe abaixo uma cena inspirada no texto de Veríssimo já lido.

LFVeríssimo: Boa noite! Gostaria de pedir uma pizza.


Atendente: Boa noite! Pode dizer o pedido.
Língua Portuguesa

LFVeríssimo: Um pizza grande de calabresa. Sem orégano, por


favor. Ah... pode incluir um refrigerante de 2 litros.
Atendente: Algo mais?
LFVeríssimo: Não, obrigado.

_ Atendente: Seu número de telefone está em nosso cadastro,


13 posso mandar entregar no endereço que consta aqui?
LFVeríssimo: Sim. Obrigado.
Atendente: Tenha um bom jantar.
Nessa situação, temos dois sujeitos que, em diferentes momentos, emitem
uma mensagem e, em outros, a recebem, desempenham o papel de emissor
e receptor. Ambos fazem uso de um mesmo código, a língua portuguesa,
e de um mesmo canal, o aparelho telefônico, o sistema de telefonia. Isso
acontece em um contexto: um cliente que deseja comer pizza em seu jantar
e resolve realizar o pedido por telefone. Finalmente, de maneira resumida,
podemos dizer que Veríssimo tem como mensagem principal nesse diálogo o
pedido de pizza de calabresa sem orégano.

Observou que os elementos da comunicação estão presentes em uma simples


conversa telefônica?

Esses seis itens são essenciais na estruturação de um ato comunicativo. Ao


elaborar um texto é fundamental pensá-los, pois assim você terá condições
para analisar quais seriam as melhores estratégias que possibilitariam
eficiência em sua fala ou escrita.

Ainda falta destacar algo importante: a intencionalidade.

Quem se comunica tem uma intenção. Ao escrever uma receita culinária, uma
carta de amor, um relatório, um artigo científico, quem o faz tem objetivos
e precisa cumprir com determinadas demandas. Em decorrência disso, você
deve refletir qual é a sua intenção antes de elaborar um texto.

São conceitos que não podem ser esquecidos:

Emissor: aquele que emite a mensagem, podendo também ser


chamado de locutor.

Receptor: quem recebe a mensagem, pode ser chamado de


destinatário.

Canal: meio físico pelo qual a mensagem circula entre o emissor


e o receptor.

Mensagem: conjunto de enunciados produzidos a partir de uma


combinação de signos.

Código: conjunto de signos comum entre o emissor e o receptor.

Contexto: é o assunto, o conteúdo da mensagem.

Funções da Linguagem

A elaboração de uma mensagem tem um objetivo e, normalmente, ela


Língua Portuguesa

gera um enfoque em um dos elementos de comunicação. Assim, surgem as


funções da linguagem em um ato comunicativo, havendo sempre uma que
é predominante no texto. Observe os exemplos e entenda as seis funções
existentes.

_
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Função referencial - focada no contexto

Exemplo:

Se você quer gerar eletricidade a partir do vento ou do Sol, parece que


faz sentido ir para onde há mais ventos ou é mais ensolarado. Mas parte
da razão para gerar eletricidade a partir de tais recursos renováveis está
a cortar a poluição originada da queima de combustíveis fósseis. E se você
levar isso em conta, os melhores lugares mudam.

Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon somaram os benefícios


da energia renovável para saúde e para o ambiente em todos os estados
americanos. Os benefícios variam entre a diminuição de doenças respiratórias
graças à menor quantidade de fuligem até a mitigação, efeitos de mudança
climática.

[...]

Então, onde é o melhor lugar para colocar energia renovável? De acordo com
este estudo, [os americanos] precisam construir parques eólicos em Indiana.
Eles vão se encaixar muito bem nas plantações de milho.

BIELLO, David. Benefícios da geração de energia solar e eólica. Disponível em: <http://www2.
uol.com.br/sciam/noticias/pesquisadores_analisam_beneficios_da_geracao_de_energia_
solar_e_eolica.html>. Acesso em: 04 fev. 2016.

Acima, há um texto cuja intenção é explicar algo. Por isso, podemos dizer
que predomina nele a função referencial, aquela que se preocupa em
especial com o contexto onde estão os dados, fatos, acontecimento, ou seja,
as informações a serem transmitidas.

Função emotiva - focada no emissor

Exemplo:

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente


Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Língua Portuguesa

Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas


Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
extático da aurora.
_
15 MORAES, Vinicius de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998, p. 259.

No poema Ternura, o eu lírico, criado por Vinicius de Moraes, expressa seus


sentimentos, aquilo que carrega na alma. Assim, predomina no texto a
função emotiva, pois há um forte enfoque no emissor da mensagem e seus
sentimentos.

Função apelativa - focada no receptor

Exemplo:

Touro - Horóscopo do Dia

18 de Julho

Fique atento às palavras. Plutão ainda faz um tenso aspecto com Mercúrio
retrógrado em Câncer, o que pode trazer algumas complicações. Caso esteja
envolvido com a comunicação, o período pode ser um pouco confuso.

Disponível em: <http://vidaeestilo.terra.com.br/horoscopo/touro.> Acesso em: 04 fev. 2016.

Em textos como os de horóscopo ou os de campanha publicitária, é explícito


o apelo ao receptor da mensagem. Isso pode ser percebido por meio do
emprego do imperativo e de pronomes de tratamento. Podemos afirmar
então que, no texto acima, predomina a função apelativa.

Função fática - focada no canal

Exemplo:

- Alô?!

...

- Alô?! Está me ouvindo?

- Sim, quem fala?

Quando o objetivo é estabelecer ou manter a comunicação, simplesmente


predomina a função fática, algo muito comum em ligações telefônicas, por
exemplo. Em eventos, essa função é muito explorada por quem está ao
microfone. Já reparou?

Função metalinguística - ênfase no código

Exemplo:

ter.nu.ra

sf (terno+ura2) 1 Qualidade de terno. 2 Carinho, meiguice. 3 Afeto brando


ou sem grandes transportes.

Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.


Língua Portuguesa

php?lingua=portugues-portugues&palavra=ternura>. Acesso em: 29 dez. 2015.

No verbete do dicionário, temos a língua explicando a própria língua, ou


seja, o português está sendo empregado para explicar o significado de
uma palavra da língua portuguesa. Quando o objetivo da mensagem é falar
sobre a linguagem em si mesma, diz-se que há a predominância da função
metalinguística. Observe que o mesmo pode ser percebido neste material _
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didático, em que o código explica o próprio código.
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Função poética - focada na mensagem

Cálice

Chico Buarque

Pai! Afasta de mim esse cálice


Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue [...]

Na primeira estrofe da música de Chico Buarque, houve preocupação com a


mensagem em si, com sua construção e elaboração. O emprego da palavra
“cálice” é um jogo de palavras com “cale-se” do verbo calar, sendo realizada
uma crítica à repressão no período militar brasileiro. Você sabia disso? Em
texto em que há o desejo de chamar a atenção para a própria mensagem,
acontece a predominância da função poética.

Em comunicação, a intenção é muito importante. Ao ler textos


de revista e jornais procure imaginar qual é a intencionalidade
ali presente, o que pretendia aquele que escreveu ao trabalhar a
mensagem daquela maneira. Isso mudará muito a qualidade de
sua leitura.

A comunicação se dá a partir de seis elementos que a compõem:


emissor, receptor, canal, mensagem, código e contexto.
Considerando esses itens, surgem funções da linguagem
que podem predominar em um texto: referencial, apelativa,
poética, fática, metalinguística e emotiva. Ao participar de
atos comunicativos, pensar sobre esses aspectos e sobre a
intencionalidade das mensagens em jogo é importante, pois
torna nossa comunicação mais eficiente. Dessa maneira, você
pode fazer uso consciente dos elementos da comunicação nas
situações sociais que venha a vivenciar.
Língua Portuguesa

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17
Bibliografia

ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São


Paulo: Moderna, 2007.

AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2.ed. São


Paulo: Publifolha, 2008.

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 2010.

CASSANY, Daniel. Oficina de textos: compreensão leitora e expressão escrita


em todas as disciplinas e profissões. Trad. Valério Campos. Porto Alegre:
Artmed, 2008.

KOCH, Ingedore V. & ELIAS, Vanda M. Ler e compreender: os sentidos do


texto. São Paulo: Contexto, 2006.

_______. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo:


Contexto, 2009.

SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. São Paulo: Moderna, 2012.

SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lições de texto: leitura e


redação. São Paulo: Ática, 2006.

Língua Portuguesa

_
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Tema -
Elementos e
Processos de
Comunicação

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.”

Mario Quintana

A leitura é prática incorporada ao cotidiano de muitos e crescente


na sociedade contemporânea. Dependemos das ações simples
em nossos dias. Mesmo sendo cotidiana, há momentos em que
ela deve ser mais contemplativa e atenta. Por isso, você estudará
técnicas de leitura e interpretação de textos, refletindo assim
sobre como tem se relacionado com o que costuma ler.

99 Saber aplicar técnicas de leitura.

99 Saber aplicar técnicas de interpretação de textos.

99 Ser capaz de realizar leituras mais eficientes.


Língua Portuguesa

_
19 Glossário
Leitura:

sf (lat med lectura) 1 Ação


ou efeito de ler. 2 Arte de
ler. 3 Aquilo que se lê. [...]
Leitura e Interpretação de Textos

Você gosta de ler? Já declarou alguma vez: “não gosto de ler!”? Alguns têm
coragem suficiente para afirmar abertamente a falta de gosto pela leitura,
sem medo do julgamento alheio. O gosto por essa prática é possível de ser
aprendido e incorporado. A verdadeira questão que se deve colocar é: o que
gostaria de ler? Assim como normalmente não temos afeição por todo tipo
de música, filmes, não é diferente com textos. Por isso, o primeiro a ser feito
é se abrir para novas leituras e para a descoberta do que gostamos de ler.

Existe uma página na Internet com obras científicas e literárias


à disposição dos usuários, são obras de domínio público. Faça a
consulta e realize descobertas por lá!

Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 04 fev.2016.

Simultaneamente a essas descobertas, você pode adotar


estratégias que tornem sua leitura mais eficiente. É comum
encontrarmos aqueles que dizem não terem entendido o que
Glossário
leram, até mesmo afirmarem que precisam voltar à mesma
Sistematizar:
página muitas vezes. Sistematizar o momento da leitura com a
finalidade de que ela se torne facilitada é útil. (gr systema, atos+izar3)
vtd e vpr Reduzir(-se) a
sistema; compilar(-se)
(princípios), formando
Figura 1: Livros. um corpo de doutrina.

Disponível em: <http://livrariasatelite.com.br>. Acesso em: 04 fev. 2016.

Dessa maneira, antes mesmo de sentar-se para ler, verifique


Língua Portuguesa

o ambiente. É claro o suficiente? Oferece conforto? A cadeira


e a mesa estão posicionadas o melhor possível? Há objetos ou
atividades em meu entorno que possam tirar sua atenção? Parece
meio óbvio levantar esses questionamentos, na maioria das
vezes, não nos preocupamos com o espaço em que realizamos
nossas leituras.
_
Em seguida, deve-se lançar à leitura, mas saiba: faça-o de 20
espírito aberto! Esteja disposto a desvendar o que está nas linhas
em frente aos seus olhos e dali extrair mensagens, interagindo
com o texto.
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Isso mesmo, interagindo! O texto não é um produto fechado


e acabado, trata-se de algo aberto à sua ação e interpretação
como leitor. Sua vivência e saberes interferem em como você
perceberá o texto.

Observe o fluxograma abaixo. Autor, contexto, texto e leitor são


elementos de um processo fluido e dinâmico, sujeito a alterações
a todo o momento.

Figura 2: Fluxograma

Texto Autor

Contexto Leitor

Fonte: Autor (2013).

Tabela 1- Procedimentos de leitura

1. Ler o título, nome do autor, data, local de publicação.

2. Observar o conjunto do texto, um passar de olhos.

3. Realizar primeira leitura sem interrupção.


4. Realizar segunda leitura destacando ideias centrais e dúvidas,
inclusive de vocabulário.
5. Verificar no dicionário possíveis dúvidas.
Língua Portuguesa

6. Realizar anotações de estudo em forma de esquema ou parágrafos.

Fonte: Autor (2013).

Para que sua leitura e interação com o texto seja maior, faça
_ anotações junto ao texto ou em uma folha a parte. Isso tem
21 grande efeito, acredite!

Perceba que no momento nossa conversa não trata de leitura


para lazer e prazer.
Estamos tratando de leituras sistematizadas para estudo e
aprendizado, como as que fazemos no ambiente universitário.

Ao chegar à etapa 6, se preocupe com registrar a ideia central


do texto, seguida das principais ideias que a sustentam. Caso
seja uma narrativa, é importante saber a sequência de fatos
que compõe o enredo e os elementos que dele participam, como
personagens, espaços. Já em textos argumentativos, o essencial
é trazer para as anotações ideias, informações e principais
argumentos.

Após um texto, as anotações devem ser ordenadas. Estabeleça


um critério a ser seguido. Esquemas são uma boa opção para
colocá-las no papel, podendo numerar os itens destacados.
Outra opção é redigir sentenças e até parágrafos completos,
sintetizando as ideias do texto original. O essencial é não deixar
de realizá-las.

Durante a leitura, há algumas habilidades a serem praticadas e,


em caso de iniciantes, serem desenvolvidas.

Tabela 2 – Habilidades de leitura e compreensão Glossário


Sintetizar:

1. Selecionar informações presentes no texto. (síntese+izar3)


vtd e vpr 1
2. Relacionar as informações presentes no texto. Tornar(-se) sintético;
compendiar(-se),
condensar(-se),
3. Organizar as informações presentes no texto para si mesmo. resumir(-se):
Sintetizar um
4. Interpretar as informações presentes no texto. assunto. Sintetizara,
em poucas palavras,
o seu parecer. [...]
Fonte: Autor (2013).
Habilidade:

Essas habilidades não são colocadas em ação de maneira sequencial. Podem sf (lat habilitate)
1 Qualidade de
ser empregadas simultaneamente. Mas observe: estão dispostas no quadro hábil. 2 Capacidade,
em ordem crescente de complexidade. Dessa forma, selecionar informações inteligência. 3
Aptidão, engenho.
dispostas em um texto é uma habilidade básica que um leitor deve demonstrar, 4 Destreza. 5
Astúcia, manha. sf pl
assim como relacioná-las entre si e com a realidade que as cerca.
Exercícios ginásticos
de agilidade e
É exigido um grau de leitura mais aprofundada e atenta para organizá-las e destreza.
interpretá-las.
Língua Portuguesa

Pense sobre o seguinte: o que permite que tenhamos acesso


a informações das mais diversas áreas do conhecimento com
facilidade? São as leituras que fazemos que nos permitem
aprender o que quer que seja de maneira autônoma. Por isso,
saber realizá-las é libertador, especialmente para um estudante
e profissional. _
22
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Implícitos e Pressupostos

Durante nossas leituras, passamos a perceber que nem toda informação é


declarada abertamente em um texto. Nele há o que chamamos de implícitos
e pressupostos.

Implícito é aquilo que está nas tramas do texto, “por debaixo das linhas e
das palavras”. Quando dizemos algo assim “Combater, de fato, o crime é algo
que não acontece”, a expressão “de fato” traz nela uma série de informações
implícitas, como a de que haja um combate ao crime, mas ele não é efetivo.
Veja que na sentença não há nenhuma declaração aberta de que já exista
tal combate.

Já o pressuposto é aquilo que se supõe antes. Por exemplo: “Joana ainda


não voltou”. Em uma fala como essa passamos a pressupor que: Joana já
esteve aqui; Joana foi a algum lugar; existe a expectativa de que Joana
voltará, demonstrada pela palavra “ainda”.

Ler é, então, não lidar somente com as informações declaradas em um texto,


mas também com aquelas que estejam ali “embutidas”. É importante “ler
nas entrelinhas”.

Praticando leitura

Para que essas técnicas não se percam em nossa memória, precisamos


praticar. Portanto, você realizará a leitura do artigo de Schwartsman logo
abaixo.

Imigração, um debate irracional

SÃO PAULO - De tempos em tempos, tragédias como o naufrágio


do barco carregado de africanos na costa da Itália, que matou
quase 200 pessoas, nos fazem lembrar do problema dos
imigrantes. Esse é um daqueles assuntos que mobilizam vieses
cognitivos tão poderosos que o próprio debate fica prejudicado.

É verdade que, no Pleistoceno, tínhamos razões para temer


quaisquer humanos que não pertencessem à nossa tribo. Não
eram desprezíveis as chances de que eles nos atacassem e
matassem para roubar-nos as mulheres e os poucos bens que
pudéssemos possuir, ou simplesmente para evitar que nós os
agredíssemos. Também havia a possibilidade de eles portarem
doenças contra as quais não tivéssemos resistência. O medo de
estrangeiros ficou gravado em nossas culturas e genes.
Língua Portuguesa

O mundo mudou bastante nas últimas centenas de milhares de


anos, mas, nossas cabeças, não. Hoje, embora sejam remotas
as chances de sermos assassinados por gringos com o objetivo
de raptar nossas mulheres, seguimos desconfiando deles, o
que se reflete em leis anti-imigração que são mais ou menos
_
universais. E basta que surja uma adversidade econômica para
23
que políticos tentem faturar alguns pontos culpando estrangeiros
pelo infortúnio dos locais. Muitos têm sucesso.
Em termos objetivos, porém, trazer imigrantes tende a ser um
bom negócio para países desenvolvidos.

Esse parece ser o único modo de manter funcionando a economia


no longo prazo, já que em muitas dessas nações os cidadãos têm
filhos num ritmo inferior à taxa de reposição populacional. Mesmo
no curto prazo, o país hospedeiro costuma faturar. As condições
variam, mas há vasta literatura demonstrando que, ao menos
nos EUA, a contribuição dos imigrantes supera os custos que
acarretam. Isso é especialmente verdade se eles forem ilegais,
já que pagam a maior parte dos impostos e quase não usam os
serviços públicos.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2013/10/1354747-


imigracao-um-debate-irracional.shtml>. Acesso em: 04 fev. 2016.

1. A primeira coisa a fazer diante do artigo é ler seu título,


conferir data e autor, verificar local de publicação.
2. Em seguida, passar os olhos pelo texto conferindo de que
trata, qual sua temática.
3. Agora, ler o texto sem interrupção.
4. Realizar a leitura novamente, marcando ideias principais e
dúvidas.
5. Buscar no dicionário os termos desconhecidos.
6. Realizar anotações sistematizando o conteúdo do que foi
lido.

Procure responder para você mesmo questões como: quem é o autor e o que
ele faz da vida? Qual o tema tratado? Que posicionamento foi adotado em
relação a ele? Quais informações são as mais importantes do artigo? Partilho
da visão presente no texto ou tenho outra perspectiva? Caso você consiga
respondê-las, sua leitura foi eficiente.

O estudo de técnicas de leitura e interpretação de textos é


importante, pois interfere em como nos relacionamos com os
textos e seus conteúdos. Procure aplicar o aprendizado feito
aqui, em seu cotidiano acadêmico, pois ajudará no momento de
produção de trabalhos e nos momentos de estudos para provas.
Língua Portuguesa

_
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Bibliografia

ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São


Paulo: Moderna, 2007.

AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2.ed. São


Paulo: Publifolha, 2008.

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 2010.

CASSANY, Daniel. Oficina de textos: compreensão leitora e expressão escrita


em todas as disciplinas e profissões. Trad. Valério Campos. Porto Alegre:
Artmed, 2008

KOCH, Ingedore V. & ELIAS, Vanda M. Ler e compreender: os sentidos do


texto. São Paulo: Contexto, 2006.

_______. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo:


Contexto, 2009.

PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática. São Paulo:


FTD, 2011.

SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. São Paulo: Moderna, 2012.


Língua Portuguesa

_
25
4
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Tema -
Parágrafo
Padrão

“Todas as coisas do mundo não cabem numa ideia.

Mas tudo cabe numa palavra, nesta palavra tudo.”

Arnaldo Antunes

O parágrafo é elemento formador básico dos textos em prosa.


Empregado em artigos, notícias, relatórios, contos, romances,
atas. É por meio dele que organizamos nossa escrita, fazendo
com que ela seja clara e ordenada. Estudaremos uma proposta
de parágrafo padrão e o seu funcionamento dentro do texto
argumentativo.

99 Aprender o que é o parágrafo padrão.

99 Compreender como funciona o parágrafo padrão.

99 Perceber a contribuição do parágrafo padrão para textos claros e


Língua Portuguesa

ordenados.

_
26
Parágrafo Padrão

A estrutura do parágrafo padrão

O parágrafo é um componente básico do texto. Através dele, você pode


organizar informações, ideias e argumentos. Por exemplo: cada argumento a
ser desenvolvido em um texto deve ser separado em um parágrafo destinado
a ele.

Como estrutura básica, sugere-se:

Tabela 1: Elementos do Parágrafo

Fonte: Autor (2013).

Observe o parágrafo abaixo de Hélio Schwartsman.

O filme é conhecido. O Brasil vive seu bônus demográfico. Com fecundidade


cadente e expectativa de vida ascendente, acabamos de superar a marca
dos 200 milhões de habitantes. Estima-se que a população deverá ainda
crescer mais ou menos até2040 e, a partir daí, começará a cair. Projeta-
Língua Portuguesa

se para então uma fecundidade de 1,5, bem abaixo dos 2,1 necessários para
repor as pessoas que morrem.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2013/09/1341850-


o-futuro-da- demografia.shtml>. Acesso em: 04 fev. 2016.

_
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Podemos analisá-los da seguinte maneira:

Tabela 2: Análise de um parágrafo

Fonte: Autor (2013).

O autor apresenta a ideia de que o Brasil ainda vive um momento de crescimento


Glossário
populacional. Em seguida, realiza explicações sobre a demografia brasileira
Demografia:
e seu desenrolar nos próximos anos. Como fechamento, mostra que em um
futuro de médio prazo o país não terá mais a reposição dos indivíduos que sf Estudo estatístico da
população no que se refere
morrem no ritmo que acontece hoje. a nascimento, falecimento,
emigração.
Note que o leitor tem a oportunidade de passar pelas informações
tranquilamente, lidando com elas sem que haja grandes dificuldades. O
trecho do texto de Hélio Schwartsman é claro e objetivo. Vamos estudar
cada um dos componentes do parágrafo separadamente.

Antero de Alda é artista plástico, fotógrafo e ciberpoeta. Suas


obras trabalham com a convergência de texto, imagem e áudio.
A produção de Alda é rica em poemas que fazem referência à
própria língua e ao contexto social contemporâneo. O material é
Língua Portuguesa

disponibilizado on-line.

Disponível em: <http://www.anterodealda.com/>. Acesso em: 21 dez. 2015.

Tópico frasal
_
28 Veja o exemplo que segue. Um parágrafo de Gaudêncio Torquato.

A propaganda é a alma do negócio. O jargão mais conhecido do meio


publicitário avança, a cada dia, na esfera da política, produzindo a máxima
assemelhada: a propaganda é a aura dos governantes. Ela desenha a
aureola que cobre a cara de políticos e governos, melhorando seu aspecto e
tornando positiva sua avaliação popular. No campo privado, a propaganda
vende produtos, burila a imagem de empresas, amplia suas margens nos
mercados, é a mola propulsora dos negócios.

Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a- aura-dos--


governantes-,1077387,0.htm>. Acesso em: 04 fev. 2016.

Torquato explora, como tópico frasal, um pensamento típico do conhecimento


popular. Ele foi empregado para apresentar a ideia que sustentará o parágrafo
todo: a propaganda é um importante instrumento para o sucesso, inclusive
dos políticos e governantes sobre os quais o artigo discute.

Ser claro no início de cada parágrafo, sobre o que se pretende falar, ajuda
na escrita, pois ela ganha direcionamento e, ao mesmo tempo, facilita a
leitura a ser feita pelo receptor do texto, que passa a reconhecer cada ideia
trabalhada.

Desenvolvimento

Leia mais um parágrafo do artigo de Torquato.

Perguntaram certa vez a Henry Ford, o criador da linha de montagem


automobilística, como começaria tudo de novo e em que investiria se tivesse
apenas um dólar? Respondeu ignorar em que área aplicaria, mas seguramente
gastaria metade do dólar em propaganda do que viesse a produzir. A política
usa essa ideia há séculos. Na contemporaneidade, os norte- americanos
embalaram a propaganda no celofane do espetáculo. Enxertaram emoção
no pacote de slogans, chavões e símbolos. O “negócio” da política passou
a ser mais palatável aos sentidos dos consumidores. Abriu-se a era dos
grandes debates televisivos.

Em 1968 o assessor Ray Price pedia a Nixon mais calor, mais emoção,
ensinando ao assustado candidato: “O que vale não é o que existe, e sim o
que é projetado. Não precisamos, portanto, mudar você, mas a imagem que
você transmite”.

Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a- aura-dos--


governantes-,1077387,0.htm>. Acesso em: 04 fev. 2016.

Neste parágrafo, as citações foram a estratégia pensada pelo autor para


defender sua percepção do uso da propaganda e como esta é aplicada na
política. No desenvolvimento (trecho em destaque) Torquato comenta como
a ideia de Henry Ford é empregada e comenta as adaptações sofridas por
Língua Portuguesa

ela. Assim, o tópico desta parte do artigo é desenvolvida de forma a levar o


leitor à reflexão, havendo discussão sobre o que já estava no pensamento
de Ford.

_
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As citações são um excelente recurso argumentativo, pois são


maneiras de apoio às nossas ideias. Entretanto, é importante
ressaltar que as citações:
99 devem estar incorporadas ao texto e realmente contribuir
para o raciocínio nele estabelecido;
99 devem ser acompanhadas de referências, como o nome do
autor e ano de publicação;
99 são bem-vindas no texto, mas o plágio não, sendo importante
evitar o segundo.

Conclusão
Independente se um parágrafo está no início, no meio ou no fim de seu texto,
ele precisará de uma conclusão. Importante é que você feche um argumento
antes de passar ao próximo, sempre estabelecendo conexões entre eles,
permitindo que seu texto seja todo articulado. Dessa maneira, haverá
progressão de ideias, novas informações a cada momento da mensagem
elaborada por você.

Leia o exemplo, retirado de um artigo de Schwartsman.


Os EUA, como potência com múltiplos recursos e um número ainda maior
de interesses, sempre espionaram, tanto seus inimigos como seus aliados.
E qualquer um que não fosse um romântico ingênuo já sabia disso antes do
WikiLeaks e de Snowden. Mas há uma diferença entre saber em teoria e dar
de cara com provas materiais. Dilma, a exemplo do pedagogo espartano,
precisa reagir.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/127220-pedagogia-espartana.
shtml>. Acesso em: 04 fev. 2016.

O parágrafo foi fechado pelo autor mostrando que Dilma precisa reagir
diante das ações de espionagem do governo americano. Na última linha, o
raciocínio elaborado durante as anteriores é encerrado.

Ainda pensando sobre clareza e organização em nossos


parágrafos, a seguinte sugestão tem grande valor: evite períodos
e parágrafos longos. Procure parcelar as informações e ideias em
suas comunicações, não oferecendo tudo de uma só vez.
Às vezes, quando escrevemos, acabamos por não dar pausas
Língua Portuguesa

(vírgulas e pontos), deixando o leitor desorientado no meio de


nosso raciocínio.
Sua mensagem fica melhor compreensível para os outros
atentando para esses detalhes, inclusive em textos orais.

_
30 Neste tema, você estudou o parágrafo padrão. Pode observar que
elaborar parágrafos organizados e padronizados é importante
para que nosso texto seja melhor compreendido por nossos
leitores.
Bibliografia

ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São


Paulo: Moderna, 2007.

AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2.ed. São


Paulo: Publifolha, 2008.

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 2010.

CASSANY, Daniel. Oficina de textos: compreensão leitora e expressão


escrita em todas as disciplinas e profissões. Trad. Valério Campos. Porto
Alegre: Artmed, 2008.

KOCH, Ingedore V. & ELIAS, Vanda M. Ler e compreender: os sentidos do


texto. São Paulo: Contexto, 2006.

_______.Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo:


Contexto, 2009.

PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática. São Paulo:


FTD, 2011.

SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. São Paulo: Moderna, 2012.

SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lições de texto: leitura e


redação. São Paulo: Ática, 2006.

Trecho do texto de Hélio Schwartsman. O futuro da demografia.


Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/
helioschwartsman/2013/09/134150-o-futuro-da-demografia.shtml>.
Acesso em: 04 fev. 2016.

Obras de Antero de Alda. Disponível em: <http://www.anterodealda.com/>.


Acesso em: 04 fev. 2016.

Texto: A Aura dos Governantes. Disponível em: <http://www.estadao. com.


br/noticias/impresso,a-aura-dos-- governantes-,1077387,0.htm>. Acesso
em: 04 fev. 2016.

Artigo de Torquato sobre a propaganda, como um importante instrumento


para o sucesso. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/
impresso,a-aura-dos-- governantes-,1077387,0.htm>. Acesso em: 04 fev.
2016.

Artigo de Schwartsman sobre espionagem nos EUA. Disponível em: <http://


Língua Portuguesa

www1.folha.uol.com.br/coluna s/ helioschwartsman/2013/09/1335858-
pedagogia-espartana.shtml>. Acesso em: 04 fev. 2016.

Glossário. Disponível em: <www.michaelis. uol.com.br>. Acesso em: 04 fev.


2016.

_
31
5
Tema - Substantivo,
Verbo e Período
Simples e Composto

“Minha pátria é a língua portuguesa.”

Fernando Pessoa

O estudo de tópicos de gramática pode ajudar na escrita quando


nos dedicamos a sua aplicação nas sentenças que elaboramos
e nos textos que escrevemos. Primeiramente, estudaremos os
substantivos e os verbos acompanhados da noção de período
simples e composto. São conteúdos básicos para se pensar sobre
as relações entre as palavras e elementos como a pontuação,
além dos estudos sobre parágrafos e redação.

99 Aprender os conceitos de substantivo e verbo e observar as


funções exercidas pelas palavras dessas classes na oração.

99 Saber distinguir frase, oração e período.

99 Ser capaz de distinguir substantivos, verbos e suas respectivas


Língua Portuguesa

funções em uma oração.

99 Aplicar os conhecimentos de gramática à comunicação.

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Substantivos
Para que possamos refletir sobre substantivos, primeiro faço um convite:
vamos ler o conto Circuito Fechado do autor Ricardo Ramos? Trata-se de um
texto muito curioso.

Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água,
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete,
água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa,
abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis,
documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa
de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira,
cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas,
espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros,
papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis,
telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes,
telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de
anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetor de filmes,
xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório,
pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa,
guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes,
pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel,
cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta
e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone,
caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo,
papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata.
Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos,
guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo.
Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias,
calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova, creme
dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

RAMOS, Ricardo. Circuito fechado. São Paulo: Biblioteca Azul, 2012.

Circuito Fechado é um conto elaborado com criatividade. Consiste em uma


sequência de substantivos acompanhados, em pouquíssimos casos, por
conjunções. Mesmo assim, o leitor é capaz de seguir a narrativa que ali se
desenrola desde o acordar da personagem até a hora de dormir. Ricardo
Língua Portuguesa

Ramos nos conta uma história por meio de substantivos.


Conseguirmos entender os fatos sem que haja outras palavras para nos
ajudar, além das que nomeiam as coisas, mostra-nos a importância dessa
classe gramatical em nossas vidas. São os substantivos que colocam ordem
no mundo em que vivemos.

_ Você já pensou se nada tivesse nome? Com certeza seria o caos. Lembre-se
33 de que o ser humano tem o hábito de nomear e classificar a muito tempo. No
texto bíblico de Gênesis, quando Deus passa a Adão o trabalho de nomear
todos os animais, ali o homem já começava de alguma maneira a ordenar o
mundo que o cercava por meio dos nomes.
São substantivos as palavras que nomeiam seres, lugares, coisas, conceitos,
entre outros. De Circuito Fechado, podemos retirar vários exemplos: revista,
copo, papel, vaso, água. Olhe, agora, a sua volta. Quantas coisas com seus
respectivos nomes cercam você? E se anotasse todos os substantivos que
aparecem no seu dia? Seriam muitos não? É impossível vivermos sem eles!
Suas possíveis classificações são:

Tabela 1 - Classificação dos substantivos com alguns exemplos

Comum – nomeia ser da mesma espécie, como cachorro, cadeira, caderno.


Próprio – nomeia um ser em particular, exemplos: Brasília, Josefa.

Primitivo – tem origem em si mesmo: cidade, pedra, homem.


Derivado – origina-se a partir de outra palavra, como infeliz, desajuizado.
Simples – constituído por somente uma palavra: pedra, homem.
Composto – constituído por mais de uma palavra, exemplos: arranha-céu,
guarda-roupa.
Concreto – dá nome a seres d e existência própria, independente se r eais o u
imaginários. Alguns são: alma, Saci, casa, cachorro.
Abstrato – dá n ome a ações, sentimentos, sensações, conceitos e estados,
exemplos: discussão, felicidade, beleza, angústia, loucura.

Coletivos – dá n ome a um a grupamento, a u m conjunto de seres, como:


alcateia, bando, matilha, resma.

Fonte: Autor (2013).

Essas palavras são flexíveis, variam. As flexões podem ocorrer quanto: ao


gênero, masculino feminino; ao número, singular e plural; ao grau normal,
aumentativo e diminutivo.

Verbos

Os verbos têm centralidade em nossa língua e cultura. A partir deles,


ordenamos boa parte de nossas sentenças, expressando ideias a partir de
fatos, ações e até mesmo estados. Contar uma história, por exemplo, é
quase inviável sem verbos. O enredo é estruturado com os acontecimentos
que se entrelaçam e que, muito provavelmente, serão representados a partir
dessa classe gramatical.
Mauro Ferreira (2011) conceitua verbo da seguinte maneira: “palavra que,
por si só, indica um fato (ação, estado ou fenômeno) e situa-o no tempo”.
Veja alguns exemplos.
Língua Portuguesa

Itália condena cinco funcionários por naufrágio do navio Costa Concórdia.


Federer perde para argentino.
No primeiro exemplo, o fato da condenação de membros da tripulação do
navio Costa Concórdia é expresso por meio do verbo condenar. Já no
segundo, Roger Federer, famoso tenista, não conseguirá chegar à final de
um campeonato e o fato é expresso pelo verbo perder. _
Os verbos são classificados em três conjugações: 34
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Tabela 2 - Conjugações verbais

1ª conjugação – verbos terminados em -ar. planejar, lutar, conquistar

2ª conjugação – verbos terminados em -er. saber, proteger, viver

3ª conjugação – verbos terminados em -ir. dividir, contribuir, sorrir

Fonte: Autor (2013).

Conjugar verbos gera muitas dúvidas. Existe uma página na


Internet que conjuga o verbo que você desejar. É um ótimo
auxílio.
Disponível em: <http://linguistica.insite.com.br/mod_perl/conjugue>.
Acesso em: 04 fev. 2016.

Flexão
Verbos podem sofrer muitas flexões, sendo:
Número: singular e plural
Pessoa: 1ª, 2ª e 3ª
Modo: indicativo, subjuntivo, imperativo
Tempo: presente, passado, futuro
Voz: ativa, passiva, reflexiva.
Observe na tabela os modos e seus respectivos tempos.

Tabela 3 - Modos verbais

Modo verbal Tempos simples

Presente:
Nós estudamos aqui.
Pretérito:
perfeito: Eu estudei aqui.
Indicativo:
imperfeito: Eu estudava aqui.
indica certeza. mais-que-perfeito: Eu estudara aqui.
Futuro:
do presente: Eu estudarei aqui.
do pretérito: Eu estudaria aqui.

Presente:
Meu desejo é que ela chegue logo.
Subjuntivo:
Língua Portuguesa

Pretérito imperfeito:
indica dúvida, suposição,
Meu desejo era que você chegasse logo.
hipótese.
Futuro:
Quando ela chegar, ficarei feliz.

Afirmativo:
_ Imperativo: Obedeça às regras!
35 indica ordem, sugestão,
Negativo:
pedido, conselho.
Não obedeça às regras!

Fonte: Autor (2013).


Formas nominais – As formas nominais são empregadas quando os verbos
exercem a função de substantivos e adjetivos.
Glossário
Por exemplo: O texto corrigido é o que deve ser enviado.
Radical:
Infinitivo: -r. Ex.: correr, partir, amar. O significado básico
de um verbo está
Particípio: -ado ou -ido. Ex.: vendado, descolado, corrigido. contido nesta parte.
Exemplos: cantar
– cant; fazer – faz;
Gerúndio: -ndo. Ex.: andando, correndo, partindo. partir – part.

Aos serem flexionados, alguns verbos sofrem variação em seu radical,


outros não. Os primeiros são aqueles classificados como irregulares. Os
segundos são os regulares, cujas conjugações seguem padrões chamados
de paradigmas verbais.

Existem expressões compostas por dois ou mais verbos, são as


locuções verbais. Todas elas apresentam um verbo principal, que
expressa a ideia central, e um auxiliar, o que é flexionado e não
tem sentido próprio.

Exemplo: Nós temos viajado muito este ano. Neste caso, o


verbo “temos” exerce a função de auxiliar, sendo flexionado, e o
“viajado” a função de principal, indicado a ideia central.

Frase, oração e período

Este tópico se dedica à introdução à sintaxe, ou seja, nos preocuparemos


com as relações estabelecidas entre as palavras e entre as orações que
constituem nossos textos.

Para início de nossas reflexões, temos os seguintes conceitos:

Frase – enunciado de sentido completo.

Oração – enunciado que se constitui a partir de um verbo ou de uma locução


verbal.

Período – enunciado constituído por duas ou mais orações.

Veja os exemplos abaixo e acompanhe a análise.

1. Parabéns para você!

Neste enunciado não há um verbo. Trata-se de uma frase, pois transmite


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sentido, entretanto não é uma oração.

2. Os cachorros latiam ao redor.

Este enunciado é uma frase, pois transmite sentido e também uma oração,
pois contém verbo: latiam. Trata-se de um período simples, formado por
somente uma oração.
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3. Quando os ladrões entraram, os cachorros latiam ao redor. 36

É uma frase, transmite sentido e também um período composto, pois é


constituído por duas orações, há dois verbos.
ead.unievangelica.edu.br

É por meio da presença ou não do verbo que diferenciamos essas estruturas.


Também será por meio dele que conseguiremos distinguir sujeito, predicado
e outros termos.

Qual é a importância de substantivos e verbos em nossa


comunicação? São os substantivos que tornam possível
ordenarmos o mundo que nos cerca, nomeando as “coisas”, e
os verbos que permitem nos referirmos aos fatos e ordená-los
no tempo. Assim, nosso dia a dia seria impossível sem eles para
que estabeleçamos comunicações com o mundo e com nossos
semelhantes.

Você teve contato com os substantivos, os verbos e suas


respectivas flexões. Viu também os conceitos de frase, oração e
período, como introdução à sintaxe.

A compreensão de fenômenos relativos a aspectos sintáticos


se torna mais simples a partir de agora, auxiliando inclusive na
elaboração de seus textos. Investigue em livros de gramática
disponíveis na biblioteca um pouco mais sobre conjugações
verbais, será muito útil.
Língua Portuguesa

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Bibliografia

ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São


Paulo: Moderna, 2007.

AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2. ed. São


Paulo: Publifolha, 2008.

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 2010.

CASSANY, Daniel. Oficina de textos: compreensão leitora e expressão escrita


em todas as disciplinas e profissões. Trad. Valério Campos. Porto Alegre:
Artmed, 2008.

KOCH, Ingedore V. & ELIAS, Vanda M. Ler e compreender: os sentidos do


texto. São Paulo: Contexto, 2006.

_______. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo:


Contexto, 2009.

SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. São Paulo: Moderna, 2012.

SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lições de texto: leitura e


redação. São Paulo: Ática, 2006.

Conjugação de verbos. Disponível em:< http://linguistica.insite.com.br/


mod_perl/conjugue>. Acesso em: 14 fev. 2016.

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