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Ijuí
2013
TATIANA KRIESEL GRÄTSCH
Ijuí
2013
TATIANA KRIESEL GRÄTSCH
Data de aprovação:___/___/___
Banca Examinadora:
____________________________________
Profª Nilse Maria Maldaner (orientadora)
____________________________________
Profª Rúbia Schwanke
Aos meus pais, Ronaldo & Regina.
Obrigada pelos ensinamentos, pelo
cuidado, pelo amor. Pela herança mais
preciosa que vocês poderiam me deixar.
Meu coração transborda amor por vocês.
AGRADECIMENTOS
Ao meu tio, Ruy Kriesel, que sempre me incentivou nos estudos. Essa conquista
também é sua!
Ao amado, Vinícius Rodrigues, que mesmo longe sempre esteve perto, me dando
forças, incentivando e estendendo a mão - e o coração.
Agradeço também a minha orientadora, Nilse Maldaner, pelo suporte durante essa
caminhada e pelo exemplo da profissional que és.
RESUMO
Figura 7 | Fachada da Loja Starbucks na Rua Haddock Lobo, São Paulo ................ 59
Figura 8 | Espaço interno da Loja Starbucks da Rua Haddock Lobo, São Paulo ...... 59
Figura 9 | Segundo andar da Loja Starbucks na Rua Haddock Lobo, São Paulo ..... 60
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS MARCAS ................................................................ 12
1.1 CONCEITO DE MARCA ..................................................................................... 16
2 CONSTRUÇÃO E COMUNICAÇÃO DE MARCA ................................................ 19
2.1 IDENTIDADE DE MARCA FORTE ......................................................................... 23
3 AS MARCAS E A PUBLICIDADE ......................................................................... 27
3.1 CONCEITO E CONTEXTUALIZAÇÃO DA PUBLICIDADE E PROPAGANDA .................... 27
3.2 PUBLICIDADE TRADICIONAL E COMPOSTO DE COMUNICAÇÃO ............................... 30
3.3 CRIATIVIDADE A FAVOR DAS MARCAS ................................................................ 33
4 LOVEMARKS ........................................................................................................ 39
4.1 A RELAÇÃO ENTRE O CONSUMIDOR E AS MARCAS AMADAS .................................. 44
5 STARBUCKS – UMA LOVEMARK GLOBAL ....................................................... 50
5.1 UM POUCO DE HISTÓRIA .................................................................................. 50
5.2 O CANTO DA SEREIA – CRIAÇÃO DA MARCA ....................................................... 53
5.3 A IDENTIDADE VISUAL STARBUCKS ................................................................... 55
5.4 A PERSONALIDADE STARBUCKS ....................................................................... 61
5.5 MÍDIAS SOCIAIS NO BRASIL E NO MUNDO........................................................... 63
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 69
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 72
INTRODUÇÃO
10
Nesse ponto, conhecemos as lovemarks, conhecidas por serem o futuro além
das marcas1. Elas são o que o próprio nome sugere – marcas amadas. Seu
relacionamento com o público encontra alicerce na emoção, na simplicidade dos
sentimentos, e na força que o vínculo baseado em amor pode fornecer. São marcas
completas, que exalam universos possíveis através da comunicação – comunicação
essa que se agarra nas ferramentas e possibilidades do mundo contemporâneo.
Para entender melhor ainda quem são as lovemarks, precisamos conhecer o
consumidor e a influência que o contexto atual tem sobre suas atitudes, suas
necessidades, desejos e sobre sua relação com as marcas do coração.
Por fim, serão analisadas as estratégias de comunicação publicitária e
mercadológica da rede global de café, Starbucks, destacando pontos fundamentais
na construção e, principalmente, na manutenção da marca. Como uma marca que
pouco utiliza da publicidade tradicional virou fenômeno mundial? Será que a
publicidade tradicional, por si só, é invencível? Essas e outras perguntas serão
abordadas no desenvolvimento desse estudo que tem por objetivo mostrar a
importância da comunicação de marca no cenário pós-moderno.
1
Referência ao título do Livro de Kevin Roberts (2004) “Lovemarks: o futuro além das marcas”.
11
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS MARCAS
2
Benetton é uma empresa transnacional italiana de moda, com sede em Treviso, Itália.
13
da cultura; elas não apenas se inserem nesses espaços como, também, passam a
influenciá-los.
A quarta e última fase inicia a partir do novo século e traz novamente um
questionamento de crítica em relação à credibilidade das marcas. A publicidade
quase onipresente e com características invasivas, o comportamento do
hiperconsumo e, consequentemente, a excessiva quantidade de produtos foram o
estopim para retomar o debate sobre a sociedade de consumo.
Esse questionamento não foi o suficiente para derrubar o que se construiu
durante os últimos anos, principalmente os acontecimentos que englobaram a
terceira fase da evolução. A construção de laços com o público e as experiências
proporcionadas que vão muito além da funcionalidade de seus produtos ajudaram as
marcas a evitar um desmoronamento por conta das críticas.
Assim, elas continuam bem vivas e atuantes até hoje. O ponto crucial é que
hora são amadas, hora são odiadas. Se as atitudes de uma empresa não condizem
com o que ela prega, sua imagem é facilmente desmoralizada. A marca que atua no
contexto atual precisa estar muito mais atenta ao seu discurso, ao seu público e a
todos os fatores importantes para sua sobrevivência.
3
Disponível em: http://super.abril.com.br/cultura/voz-brasil-445717.shtml
15
Publicitários eram procurados não apenas para ajudar as empresas a divulgar
e informar o público sobre algo, mas para criarem personalidades que atraem o
público e o faz se identificar – isso é o que chamamos hoje de identidade de marca.
A partir de 1980 as marcas se depararam com mais uma transformação. O
valor agregado a elas já não se tratava apenas da questão econômico-financeira da
empresa, mas também dos bens intangíveis que ela agregou com o passar do
tempo. Um exemplo seria a compra da Kibon pela Unilever em outubro de 1997 que
custou três vezes as vendas da Kibon no ano de 1996.
Na década de 1990 as marcas passaram por uma crise em consequência,
principalmente, do Plano Real. A entrada de mercadorias e marcas estrangeiras
renomadas no país gerou grande competição com os produtos brasileiros.
(KHAUAJA; PRADO, 2008, p.22).
A necessidade já não era limitada a diferenciação de produtos. Nesse
momento, quem precisava de diferenciação e de identidades bem planejadas e
estruturadas eram as próprias marcas.
A liberação de verbas para fazer propaganda e promoções de vendas cresceu
relativamente no início dessa década. O novo cenário no mercado de competição
acirrada fez com que muitas marcas recorressem a ações que gerassem resultados
rápidos, mas consequentemente a demanda crescente durava um curto prazo.
Logo as marcas entenderam que cuidar da imagem era um negócio
importante e que este negócio deveria ser tão bem cuidado quanto qualquer outro
aspecto dentro da empresa com vida útil de longo prazo. Desde então, sobreviveram
aquelas marcas que souberam conquistar seus públicos de alguma forma.
16
Apesar das marcas existirem como funcionalidade desde a antiguidade, como
disciplina é muito recente. Portanto, sua definição pode variar de acordo com o
estudo ou autor.
Uma das definições mais conhecidas de marca e que, inclusive, é aceita pela
Associação de Marketing Americana (AMA) se refere a “um nome, termo, símbolo,
desenho - ou uma combinação desses elementos – que deve identificar os bens ou
serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferenciá-los dos da
concorrência”. (KHAUAJA; PRADO, 2008, p. 24).
Porém, para esse estudo precisamos ir além da função e papel básicos que
lhe são dados. O CEO da consultoria de marca Brandstream, Scott Bedbury, diz:
18
2 CONSTRUÇÃO E COMUNICAÇÃO DE MARCA
Branding é muito mais do que dar nome a uma oferta. Branding é fazer
certa promessa aos clientes sobre como viver uma experiência e um nível
de desempenho completos. Assim, branding requer que todos os
participantes da cadeia de suprimento – do desenvolvimento do produto à
fabricação, de marketing à venda e à distribuição – trabalhem para cumprir
a promessa. Isso é o que significa “viver a marca”. A marca torna-se a
plataforma completa para planejar, desenhar e entregar valor superior aos
clientes-alvo da empresa. (KOTLER apud KHAUAJA, 2008, p. 77).
19
transmitir, além de ideologias de vida, valores como qualidade, confiança, segurança
e ética.
Segundo a Global Brands4, o branding leva a marca muito além de sua
natureza econômica. Toda ação criada através de recursos e ferramentas com
conhecimento e competência não apenas influenciam a vida das pessoas como,
também, passam a fazer parte da sua cultura.
Para os gestores a maior preocupação deve ser com a saúde da marca – o
valor a ela agregado e que é transmitido para os consumidores – e não apenas com
a questão estética. Ao falar de valor de marca fala-se de todos os atributos dela e da
empresa; os atributos abstratos e os não abstratos.
Shimp (2002) baseia seu estudo a respeito de valor de marca segundo a
perspectiva do próprio consumidor. Definida a perspectiva, acredita-se que a
relevância desse valor se dê conforme sua familiaridade com a marca e com as
associações que o consumidor faz e tem em mente a respeito dela. Esse valor que
transcende o produto ou serviço é conhecido por Brand Equity e tem forte influência
sobre os lucros da empresa, demanda e preços.
Santesmases apud Furrier (2008) diz:
4
Empresa especializada e pioneira na avaliação de ativos intangíveis e branding. Criada em 1995,
pelo consultor e escritor José Roberto Martins
20
Da perspectiva do consumidor, marcas respeitadas oferecem a garantia de
um desempenho consistente e fornecem os benefícios (como status ou
prestígio) que o consumidor busca ao comprar determinados produtos.
Mais do que isso, uma marca é um acordo com o consumidor, e a simples
menção do seu nome gera expectativas sobre o que ela trará em termos de
qualidade, conveniência, status e outras considerações importantes em
compras. (SHIMP, 2002, p. 33).
21
clientes em relação à identidade e linguagem da marca; e 4- Fazer uso dessa
resposta a favor do relacionamento marca-consumidor.
A comunicação possui papel fundamental na construção de identidade de
marcas. O mercado e, mais especificadamente, a produção em geral, são moldados
pela comunicação. A comunicação é a peça que dá sentido aos seus produtos e a
alma da sua empresa, pois cria todo um contexto em torno de sua funcionalidade e
até mesmo da experiência que é proporcionada.
Uma comunicação bem planejada consegue atender aos objetivos de negócio
da empresa tanto quanto os objetivos pessoais do consumidor. Existe coerência e
os dois lados ganham. Uma vez dentro da mente do público, a empresa gasta
menos na manutenção de sua marca, pois ela já conquistou o lugar tão desejado. A
partir desse momento, a mente do consumidor trabalha como uma biblioteca digital,
onde as informações podem ser atualizadas a qualquer momento. Visto isso, é
fundamental que as empresas entendam a importância de “vencer a disputa por um
lugar na prateleira existente na mente do consumidor5”. E se possível, o melhor lugar
dela.
A criação de uma marca com identidade forte tem muito a ver com um
posicionamento adequado, que case bem com quem a marca pretende ser. A
narrativa de marca deve fornecer empatia e suporte para atender aos desejos dos
seus consumidores.
Uma marca forte é consistente. É preciso manter o equilíbrio entre a
continuidade das atividades de propaganda e comunicação e a realização de
quaisquer mudanças necessárias, para que a marca permaneça relevante.
Planejamentos de curto e médio prazo são importantes para elevar as vendas e para
lembrar o público de que ela está presente, mas é fundamental que a marca tenha
23
preocupação em desenvolver planejamentos em longo prazo. Deve existir zelo pelos
consumidores e lembrar a todo instante que eles, por exemplo, são um investimento
de longo prazo, são eles quem mantém a chama da vida da marca acesa.
Hoje, acredita-se muito na construção de marca de “dentro pra fora” como
sendo um dos passos fundamentais para construir uma identidade dentro da própria
empresa esperando que ela espelhe a concretização dessa cultura. Nada pode ser
mais real, no universo das empresas, que funcionários, colaboradores e todos os
envolvidos com a marca vivendo uma verdade e gerando o valor que os
consumidores desejam. O público precisa enxergar os valores e crenças da marca.
A marca precisa construir uma narrativa que a torne parte das aspirações do
seu cliente. Ela precisa dialogar e fornecer as condições necessárias para manter o
relacionamento com o consumidor vivo.
Se envolver com compromissos de caráter social, por exemplo, ajudam a
gerar valor. O consumidor aprecia o senso de responsabilidade social das
empresas. Atividades que promovem cultura e geram integração também tem sido
vistas de perto pelas grandes marcas.
É notável que o foco das atividades que suportam e ajudam na construção de
marcas estão muito além de simplesmente saciar a necessidade física ou desejos
de um grupo de pessoas (ver Figura 1).
Semprini (2010) acredita na importância das marcas criarem em torno de si
“mundos possíveis” onde o consumidor possa encontrar não apenas recompensas
físicas, mas, também, recompensas psicológicas.
24
Figura 1 | Evolução do enfoque de marketing e comunicação
Fonte: Adaptado de KHAUAJA, 2008, P.97.
25
ela deve transmitir tanto em termos organizacionais quanto na forma de elemento
gráfico. O mais importante é que esse conceito seja facilmente reconhecido e
interpretável pelo público.
O conceito tema de marca tem maior destaque quando: 1- Fazem referência
aos valores e missão da personalidade da marca; 2- Se encontram em repetição e
são adaptados conforme o passar do tempo; 3- São desenvolvidos, formando um
sistema de ideias inter-relacionadas (PEREZ; BAIRON, 2002, p. 80, 81).
Ainda existe um sistema que tem como objetivo organizar e padronizar os
principais aspectos de uma marca. O manual de identidade visual de marca é uma
forma de preservar os elementos constituintes da marca para melhor utilização e
reconhecimento.
Os aspectos básicos que compõe o manual de identidade de marca são:
conceito, slogan, forma e cores, escala, margem de segurança, tipologia, formas
positiva e negativa, fundos variados e aplicação.
Todos os elementos dever estar em sintonia com a marca e devem
representar verdadeiramente sua essência. Antes de qualquer manual ou regras, o
que o consumidor deseja é ver o íntimo das marcas. É entender ela através de sua
narrativa e ser conquistado por ela. Ele quer experiências e trocas.
É assim que as marcas nascem e perduram no tempo, no espaço e nos
corações dos seus consumidores. A construção de identidade de marca é uma das
primeiras - e mais importantes - etapas do processo da construção e gestão de uma
marca forte.
26
3 AS MARCAS E A PUBLICIDADE
27
Ainda, pode haver alguma confusão ao traduzir os termos do inglês.
Propaganda traduzida para o inglês fica advertising, que na verdade remete para o
setor de negócios como área de administração e marketing. Já o termo publicity é
tradução de publicidade.
No entanto, como visto anteriormente, as palavras são usadas como
sinônimos no dia a dia ou até mesmo como uma coisa só, no singular. Para a
continuidade deste estudo é importante compreender que a publicidade 6 e
propaganda são ferramentas que impulsionam o desenvolvimento industrial, o
crescimento do comércio e todas as outras atividades que se ligam direta ou
indiretamente ao consumo seja de produtos, serviços, marcas ou ideologias.
Segundo Silva e Toaldo (2010, p. 34) a publicidade teve dois momentos
relevantes no decorrer da história que são: a primeira fase, que acontece até o
período da revolução industrial onde a informação destaca-se em relação à
persuasão e, a segunda fase, que vem logo em seguida onde a persuasão ganha
espaço e é usada acoplada a informação.
6
Daqui em diante, este estudo pode tratar publicidade por comunicação publicitária ou referir-se,
também, por comunicação mercadológica. As diferenças que as constitui, aqui não influenciarão. O
objetivo é compreender os caminhos formatados pela publicidade na elaboração da identidade e
posicionamento das marcas.
28
No Brasil, no final dos anos 1960, surge a lei da propaganda para organizar e
regrar a publicidade. Com isso, a propaganda passa a ser um negócio real e
especializado. Durante este período surgem as ferramentas de marketing e há uma
sofisticação nas técnicas usadas a favor das marcas e empresas.
E decorrente desse processo, no início dos anos 1970 (SANTOS, 2005, p. 34)
surgem as agências de Publicidade e Propaganda. O modelo de agência de
propaganda mudou e evoluiu muito durante o tempo, sua finalidade é prestar
serviços técnico-profissionais atuando como intermediária entre a organização
anunciante e a empresa e o veículo de comunicação. Entre os serviços prestados
estão “consultoria em comunicação (determinação de estratégias e concepção de
campanhas); de criação e produção de anúncios; e de intermediação ou negociação
(compra de espaço, produção etc)”. (SILVA; TOALDO, 2010, p.35).
Lupetti apud Silva e Toaldo (2010) afirma que a agência não presta serviços
limitados pela publicidade, e sim serviços de comunicação em geral. Essa afirmação
parte do contexto que tem desenrolado nas últimas décadas onde a comunicação
impulsiona a tecnologia e a tecnologia impulsiona a comunicação. Vivemos novos
tempos onde a sociedade e o mercado estão muito ligados, e as agências só
sobreviverão se ampliarem seus serviços e se especializarem nas mais diversas
áreas existentes com o objetivo de atender as vontades e necessidades de um
cliente exigente - um cliente contemporâneo.
29
O conceito por trás da atividade publicitária também evoluiu desde o seu
surgimento. Se até a metade do século XX a preocupação era somente
gerar vendas, hoje muita coisa mudou. O marketing atual tem seu foco
voltado ao cliente, visando à satisfação de suas necessidades e desejos,
no longo prazo. Hoje se fala em marketing de relacionamento. A
publicidade também acompanhou essa evolução, adquirindo mais
importância nos negócios. Os apelos são bem mais sutis, e as ferramentas
para se identificar a melhor forma de atingir o cliente são cada vez mais
sofisticadas(...) (SANTOS, 2005, p.35).
Nesse sentido, a publicidade tem muito a oferecer às marcas. Ela não tem
fórmulas exatas e tampouco sabe com exatidão quais serão os resultados finais,
mas ela pode oferecer as ferramentas mais adequadas para que os objetivos da
marca possam, se não por completo, chegar o mais próximo dos resultados
esperados.
As marcas precisam pensar em relacionamentos, trabalhar com
relacionamentos, ao contrário de algumas décadas atrás onde propaganda era o
foco principal das empresas. As grandes marcas, que são amadas por seus
consumidores, sabem que essa é a maneira mais eficaz de crescer e se
desenvolver.
A publicidade tradicional pode ser reconhecida pelos formatos em que se
encontra. Ela aparece na televisão, no rádio, nas revistas, nos jornais, em outdoors,
31
etc. São formatos bastante procurados por estarem muito presentes na vida das
pessoas.
Essas mídias por estarem mais presentes no dia a dia da sociedade, acabam
gerando uma espécie de conforto, intimidade e confiança. A utilização destes meios
geralmente acontece quando uma marca tem como objetivo ganhar visibilidade,
alcance e cair na boca da população.
Como visto anteriormente, a publicidade para sobreviver e atender com
excelência demanda de seus clientes precisou recorrer a algumas outras técnicas,
dentre elas está o que se conhece por mix de promoção do marketing ou composto
de comunicação. Essa expansão de ofertas abriga a propaganda, a promoção de
vendas, o merchandising, a venda pessoal e o marketing direto (SHIMP, 2002, p.
32).
A publicidade é entendida por “toda e qualquer forma de divulgação de um
produto, serviço, marca, empresa ou ideia com o intuito de informar e persuadir um
determinado target, levando à ação de adoção, normalmente por meio da compra”.
(PEREZ; BAIRON, 2002, p. 42). Ela envolve comunicação de massa através de
veículos de mídia ou comunicação direta. Os tipos básicos são fundamentados em
persuasão e/ ou informação.
A promoção de vendas consiste em todas as atividades de marketing que
tentam estimular uma ação rápida, imediata, do consumidor. O objetivo é vender,
findar estoques e, também, gerar caixa em um curtíssimo prazo. A promoção de
vendas pode ser feita tanto para atacadistas e varejistas quanto para os
consumidores, o que muda é a tática e o tipo de “recompensa”. Geralmente, na
promoção de vendas dirigida aos varejistas e atacadistas é aplicada em forma de
concessões que visam estimular o trabalho e desempenho destes. Já a promoção
de vendas designada para os consumidores aparece em forma de sorteios de uso
de cupons, concursos, descontos, amostras grátis, etc.
O merchandising é bem comum e estamos familiarizados com ele ao ligar a
televisão e assistir a uma novela, por exemplo. Nos dias de hoje, ele é utilizado para
promoção na televisão, principalmente nas novelas e programas diversificados.
Ainda, o conjunto de operações táticas no ponto-de-venda que engloba displays,
embalagem, o impacto visual no geral.
32
A venda pessoal é caracterizada pela comunicação entre pessoas, de forma
pessoal, onde “o vendedor informa, instrui e convence potenciais clientes a comprar
seus produtos, serviços” (SHIMP, 2002, p. 32) ou ideias de acordo com suas
necessidades.
Por último, temos o marketing direto. Este, “utiliza técnicas de comunicação
que possibilitam atingir o público-alvo de forma dirigida e personalizada e obter
respostas diretas e mesuráveis”. É o marketing que utiliza a comunicação publicitária
em diversos tipos de mídia e interagem diretamente com o target desejado,
solicitando-os uma resposta direta. Alguns exemplos de marketing direto são mala
direta, telemarketing, sites, quiosques, TV interativa, etc.
33
vida do cliente. Muda a vida do cliente de
alguma forma, ou o mundo em que o cliente
vivencia coisas. – Dr. Arno Penzias
34
agradar. Ele é uma pessoa que gosta e desgosta de determinadas coisas, assim
como prefere frequentar alguns lugares a outros.
A questão fundamental pra construir uma propaganda é conhecer para quem
ela será destinada. É fundamental lembrar que o consumidor é o centro do universo
mercadológico. As marcas não mais ditam para ele, mas sim conversam com ele, o
escutam. A propaganda precisa fazer sentido para o público, precisa ser criativa.
Um exemplo de marca que investiu não apenas em uma propaganda criativa,
mas também em um trabalho inteiro de comunicação de marca, é a brasileira Skol. A
Skol tem presente, de forma muito forte, no seu DNA o espírito jovem, desbravador,
irreverente e surpreendente.
Na primeira década, principalmente, dos anos 2000, o famoso slogan “a
cerveja que desse redondo” deu certo porque combinou sutilidade e verdade. Após
vinte meses do lançamento do novo conceito, a Skol passava a frente das duas, até
então, maiores marcas de cerveja do país. (ROBERTS, 2004, p. 190).
Roberts (2004) diz:
A Skol inspirou lealdade além da razão. O mantra desce redondo faz parte
do cotidiano e do vocabulário (...). A força que sustenta esse
posicionamento são as grandes ideias. A abertura proporcionada pela Skol
para a F/Nazca Saatchi & Saatchi permitiu que a cerveja cruzasse novas
fronteiras em experiência, diversão e relevância. Isso inclui tudo, de
produto e embalagem a eventos, marketing e mídia. (ROBERTS, 2004, p.
190).
35
Sandra Dawnson7, diz:
Você não pode fazer tudo com base na inspiração, mas sem ideias
diferentes você não pode ser bom nos negócios. Portanto, acho a
inspiração absolutamente essencial. Quanto mais diversificada sua
experiência, mais você se permite pensar em coisas incomuns, mais
experiências diferentes você têm, mais você questiona e mais vê as coisas
de ângulos diferentes. É quando as ideias começam a fluir e a inspiração
pode ser muito significativa. (ROBERTS, 2004, p. 212).
7
Professora e diretora do Judge Institute of Management da Universidade de Cambridge, Inglaterra.
8
Disponível em: http://www.marketingviewer.com.br/farm-faz-relacionamento-para-manter-se-amada
36
Figura 2 | Fachada da Loja Farm no Leblon, Rio de Janeiro.
37
A Farm conseguiu inovar e ser criativa dentro do seu posicionamento e na
construção da sua identidade. Não estamos falando de uma inovação de 360º, mas
da criatividade sútil e inovadora dentro de um segmento e localidade onde nenhuma
outra marca havia se inspirado em um grupo determinado de pessoas que viviam ali
mesmo.
Assim como os exemplos apresentados, toda marca deveria se inspirar em
pessoas e proporcionar a elas, de forma criativa, experiências com a marca que
possuam significado íntimo. Que toquem no coração do cliente.
38
4 LOVEMARKS
A primeira vez que nos deparamos com o termo lovemark é no livro escrito
por Kevin Roberts, atual CEO mundial da agência de ideias, Saatchi & Saatchi. As
lovemarks estão presentes em nossos dias e muitas vezes nem percebemos que as
estamos consumindo. Consumindo, consumindo e, cada vez mais, consumindo.
Como o próprio título do livro remete, Kevin aborda o futuro além das marcas.
Mas talvez o que as lovemarks nos trazem na teoria não esteja tão distante do que
temos no contexto atual das marcas no mundo. Pelo contrário, estamos vivendo
uma onda em que as marcas precisam não apenas se destacar, mas proporcionar
novas experiências e criar lealdade não por uma razão, mas criar lealdade além da
razão9.
Ainda, segundo Roberts (2004), lovemarks não possuem um conceito restrito
porque elas por si também não são. As marcas precisam estar sempre atentas ao
que o seu público fala, estarem sempre se renovando, assim como o conceito de o
que são as lovemarks:
9
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=qLUvkt4jA2c
39
A grande maioria da população, entretanto, consome e compra com a
mente e o coração, ou, se você preferir, com as emoções. As pessoas
buscam uma razão lógica: o que o produto oferece e por que é uma
escolha superior. E tomam uma decisão emocional: Gosto dele, prefiro-o,
me sinto bem com ele. (ROBERTS, 2004, p. 43).
40
Starbucks, Toyota. São tantas! São inacabáveis. Uma marca brasileira que se tornou
lovemark global? Havaianas – todo mundo usa!
As Havaianas hoje são indispensáveis no armário do povo brasileiro,
independente de idade e classe social. Quem vê a marca hoje não acredita que em
meados dos anos 1980 e início dos anos 1990 as sandálias passavam por uma fase
ruim. Esses anos foram marcados pelo declínio considerável das vendas e seus
produtos eram associados à pobreza. (YAMAGUTI; LEAL; GARRÁN, 2008, p. 230).
Em 1994, a marca Havaianas se reposiciona no mercado, deixando pra trás
as propagandas recheadas de informações sobre seus produtos e investindo em um
lugarzinho no coração do seu público. A partir desse momento, as campanhas foram
estreladas por celebridades que usavam a sandália no dia-a-dia, em diversas
ocasiões, sempre esbanjando bom humor. Além disso, a marca investiu no mundo
fashion, patrocinando grandes eventos de moda. Logo, a marca cresceu em vendas,
expandiu seu comércio para o exterior e teve sua imagem revitalizada - Deixou de
ser mero produto funcional para se tornar em objeto de desejo.
As marcas amadas possuem o trunfo de proporcionar significado preciso para
seus consumidores porque elas construíram-se sob o olhar do próprio consumidor
ao longo do tempo. Marcas que representam estilos de vida das pessoas são
abraçadas por expressar personalidades e desejos de pertencer a algum lugar ou
posição, “constrói um verdadeiro imaginário, com seus conteúdos, seus códigos e
seus valores”. (SEMPRINI, 2010, p. 278).
Segundo o ranking10 das marcas mais valiosas do mundo da Interbrand, de
2013, podemos observar o crescimento de marcas que possuem grande
envolvimento emocional com seus públicos.
Coca-Cola 79,213 2%
10
Disponível em: http://www.interbrand.com/pt/best-global-brands/2013/top-100-list-view.aspx
41
IBM 78,808 4%
Microsoft 59,546 3%
Segundo Roberts (2004), são três os atributos que formam uma lovemark:
mistério, sensualidade e intimidade. As marcas amadas precisam trabalhar com
elementos diferentes dos que vemos no mercado para sobressaírem-se ao resto.
Uma marca que pega onda em modismos ou deixa de apresentar ou representar
algo está falhando com os consumidores e com ela mesma.
Sensualidade - Audição
- Visão
- Olfato
- Tato
- Paladar
Intimidade - Compromisso
- Empatia
- Paixão
Fonte: ROBERTS, Kevin. Lovemarks: O futuro além das marcas. M. Books, 2004, p. 77.
11
Diretor-executivo de marketing da Procter & Gamble
42
Uma marca passa a ser lovemark apenas quando consegue fornecer as
condições necessárias para manter um relacionamento. Assim como em qualquer
relacionamento é necessário manter uma dinâmica, dia após dia, para não cair na
rotina e desapontamento que torna a relação cansativa, as marcas precisam
encontrar um caminho, dentro de quem elas são, para manter seus consumidores
fiéis.
O mistério é importante porque ele desperta curiosidade nas pessoas. O
mistério é o elemento que faz o consumidor ficar constantemente na expectativa,
imaginando o que virá em seguida. Quando já não existem mais perguntas,
surpresas e o mistério em si, as pessoas cansam, querem outra coisa, algo que as
proporcione essa incógnita.
Na elaboração de textura aos relacionamentos, o mistério tem poder de
desencadear emoções. Sejam elas exploradas na narrativa de grandes histórias, na
validação do passado e presente trabalhando juntos em uma visão de futuro, na
construção de sonhos que são sonhados junto do público, nos ícones que nos fazem
lembrar imediatamente de uma marca amada ou de todo o universo que a marca
carrega com ela e nos inspira profundamente.
É impossível chegar na época do Natal e não lembrar dos ursos polares da
Coca-Cola, falar de moda sem lembrar de Coco Chanel, falar de sonhos e não
lembrar do universo Disney. São coisas marcantes, que atingem o emocional das
pessoas e permanecem com elas por anos. Talvez por toda a vida.
A sensualidade está diretamente ligada ao poder dos sentidos que, por sua
vez, “são via expressa para as emoções humanas”. (ROBERTS, 2004, p. 105). As
experiências se tornam muito mais significativas quando são provocadas pelos
sentidos. O esquecimento da sensualidade pode resultar em desinteresse. E
desinteresse é uma palavra que não pode constar no vocabulário de uma lovemark.
A presença das marcas na vida das pessoas deve ser marcante a tal ponto de
permanecerem com elas por muito tempo. O uso dos sentidos são técnicas que
parecem ter sido esquecidas no planejamento de branding, mas que quando bem
trabalhadas criam vínculo afetivo com o público.
43
Para compreender o poder da experiência através dos sentidos, basta
lembrar-se da infância. São tantas histórias que podem ser relatadas sobre cheiro de
lugares visitados, de texturas, sons e outras coisas que foram tão expressivas que
permaneceram vivas em nossas mentes. A experiência sensorial é assim, cria
momentos agradáveis que se tornarão lembranças agradáveis.
E o último, e o mais importante, atributo que compõe uma lovemark é a
intimidade. O que torna uma experiência de compra ainda mais significativa depois
do mistério que a envolve e de sua sensualidade é a confiança e proximidade que
ela surte no consumidor. Ou seja, a intimidade que a marca tem com ele.
A intimidade é reveladora tanto para o consumidor quanto para a marca.
Quando há intimidade, há transparência de ambos os lados. Assim como a marca
precisa falar, ela precisa ouvir e ao ouvir, agir.
O autor acredita que a intimidade, por ser mais complexa, pode ser mais
explorada em sua essência. Nesse pressuposto, observa-se as três faces da
intimidade. São elas: Empatia, compromisso e paixão. (ROBERTS, 2004, p. 136).
A empatia seria a face que compreende as emoções das pessoas e responde
a elas. O compromisso é a face que prova a qualidade de um relacionamento longo
e, por fim, a paixão é a chama acesa que mantém vivo o relacionamento.
Lovemarks inspiram ao mesmo passo que são inspiradas pelas pessoas que
fazem parte de onde estão inseridas. Marcas são amadas quando olham mais para
o consumidor que para si mesmas. Quanto mais poder se dá às pessoas, mais
poder se retém de volta. “Trabalhar com os consumidores e aprender a pensar como
eles é como as lovemarks acontecem”. (ROBERTS, 2004, p. 166).
44
Os consumidores podem transformar
dois produtos da mesma categoria em Marcas
de Amor? Pelo que sei, podem fazer o que bem
entenderem! – Kevin Roberts
Uma marca só existe quando existem pessoas que fazem questão da sua
existência. Marcas que não conseguem criar nenhum tipo de laço com o seu público
não sobrevivem em uma realidade onde as prateleiras das lojas estão
transbordando produtos, cores e embalagens diversas. Se não há quem compre, vai
estar na prateleira por quê? Simplesmente não vai.
É nos conhecido que uma das funções das marcas é auxiliar o consumidor a
identificar produtos e serviços. Nem sempre a utilização de informação explícita é
necessária, importa que a mensagem da marca signifique alguma coisa às pessoas.
O processo que perdura entre o conhecimento e a tomada de decisão de compra de
um consumidor deve contar com profundo conhecimento da marca em relação ao
público que ela quer alcançar; quem é ele? Quais suas preferências? O que ele faz?
Que lugares ele frequenta? Dentre outras.
A marca é uma promessa criada na mente do consumidor, e o relacionamento
entre eles é definido pelo laço emocional que se forma a partir de trocas entre marca
e consumidor. A força dessa ligação emocional é definida pelo nível de intimidade
entre a pessoa e a marca. As empresas não criam marcas expressivas sem o auxílio
de seu consumidor, mas podem facilitar o desenvolvimento do relacionamento do
público com a sua marca.
É indispensável à marca, criar uma mensagem em volta de si que comunique
ao seu público o essencial para a formação de um vínculo. Segundo Solomon
(2008), a mensagem usada a favor da comunicação com o consumidor soma como
atributo ou benefício único do produto. A mensagem deve ser clara e não ser
repetida constantemente para não gerar desgaste e afastar a massa consumidora.
Portanto, é importante variar e renovar seu conteúdo e prezar sempre por elementos
que mantenham a familiaridade ao cliente.
45
positivos sobre a marca do que aqueles que são expostos à mesma
informação repetidamente. (SOLOMON, 2008, p.302).
Não podemos falar de marcas sem falar de mercado. Não podemos falar de
consumidor sem falar de consumo. Estão todos interligados, e só existem quando
coexistem.
O consumo assim como todos os elementos inseridos em um contexto
histórico, social e econômico, se transforma de acordo com os costumes, culturas e
a realidade da sociedade. O modernismo, por exemplo, foi marcado pelo uso da
racionalidade em seus processos. O consumidor ponderava suas decisões conforme
as informações que recebia a respeito de um produto, serviço ou marca.
(SOLOMON, 2008, p. 68).
Já o período pós-moderno, também conhecido por interpretativismo, os
valores e práticas alicerçados em uma cultura tipicamente pós-moderna forma
consumidores mais inteligíveis culturalmente e que agem intuitivamente e
emocionalmente.
46
O individualismo está relacionado à grande variedade de produtos e serviços
no mercado que buscam, cada vez mais, diversificar e atender aos gostos mais
exigentes e individuais das pessoas. Mas o autor alerta que este tema não está
ligado necessariamente ao egoísmo ou isolamento, mas o individualismo do
consumo “é uma nova maneira de viver o vínculo social e não uma rejeição de todo
o vínculo social”. (SEMPRINI, 2010, p. 61).
O corpo trata de algo que tem ganhado muita força nas narrativas e
mensagens das marcas. A preocupação com o estar em forma, alinhado a busca por
uma alimentação saudável, reflete uma sociedade que fez do corpo, instrumento de
sedução, onde a beleza de sua forma é agradável aos outros e a si mesmo. E ainda,
o corpo em sua função sensorial, onde tato, visão, olfato, audição e paladar estão
cada vez mais exigentes.
O tema imaterial trata de uma realidade em que as pessoas não adquirem
apenas objetos físicos, mas sim valores intangíveis que estão ali agregados. Nesse
ponto pode-se incluir a busca por serviços que estão presentes o tempo todo, a
valorização e a preocupação com o uso do tempo entre outras questões associadas
à vida na cultura atual.
Semprini (2010, p. 61) explica a mobilidade por seu caráter físico-geográfico
que faz menção ao “movimento incessante que se tornou quase uma condição de
existência” onde transporte, tecnologia e todas as ramificações a partir daí, tornam o
mundo menor, mais dinâmico e mais corrido. Mas o autor, também, chama a
atenção para observarmos a mobilidade como uma filosofia de vida. A explicação
para tanto, são as mudanças que cada vez mais constantes e superiores,
transformam e moldam o mundo.
E por último, conhecemos a dimensão do imaginário que no contexto atual,
pós-moderno, proporciona um “espaço maior às noções de fantasia, criatividade, de
expressão pessoal, de procura de sentido”. (SEMPRINI, 2010, p. 63).
Atualmente o consumidor foge um pouco da esfera que estamos
acostumados, ou seja, daquele velho conceito que apenas é quando consome o
produto. Já vimos que o consumidor valoriza muito a experiência em potencial que
uma marca pode proporcionar. Mas há pessoas, e muitas delas, que amam uma
47
marca de forma irresistível, mas não consomem, necessariamente, os seus
produtos.
A consultoria de comunicação APCO Worldwide estudou durante 10 anos as
ligações emocionais que influenciam o comportamento do consumidor. Aqui,
abrimos o leque para mais algumas delas que parecem ser determinantes na
relação marca-consumidor: admiração, curiosidade, orgulho de usar seus
produtos/serviços, relevância, identificação, acessibilidade, conceito e poder da
marca12.
As empresas têm investido cada vez mais em pesquisas para entender seu
consumidor e poder usar a informação resultante em benefício de um
relacionamento vivido. Roberts (2004) critica os métodos arcaicos na pesquisa de
comportamento do consumidor onde as empresas parecem não querer entender
realmente quem é seu consumidor e como trabalhar na construção de uma relação
de amor com ele.
Empresas que não sabem inovar na pesquisa e buscar conhecer o que
realmente ainda não sabem, caem na mesmice, como outras empresas que, usam
uma fórmula pronta e encontram os mesmos dados. A marca deve tentar buscar a
mais profunda conexão com seu consumidor usando de atributos relacionados ao
amor, ao mistério, sensualidade e intimidade para que realmente haja uma
compreensão e vontade por buscar saber detalhes, manias, e qualquer outra
característica única que o seu consumidor possuí.
Malcolm Gladwell13 defende que “quando você leva o inconsciente a sério,
destrói virtualmente toda pesquisa quantitativa de mercado e seu foco”. (ROBERTS,
2010, p. 156). Isso não quer dizer que as pesquisas não têm utilidade. Na verdade,
as pesquisas são fortes aliadas das marcas, mas precisam ter um foco bem
direcionado do que se está procurando, do que se deseja realmente saber. As
lovemarks são sensíveis às percepções. É isso que as faz ir a fundo, analisar a
rotina de seus consumidores, conhecer além do superficial de pesquisas
quantitativas. É isso que a faz uma lovemark, seu relacionamento com o consumidor
vai além do supérfluo, é baseado em intimidade e amor.
12
Disponível em: http://www.infomoney.com.br/negocios/grandes-empresas/noticia/3004381/marcas-
globais-mais-amadas-pelos-consumidores
13
Jornalista e colunista no New York Times. Autor de Tje Tipping Point.
48
A intimidade revela coisas que uma mera amizade não conhece. Jim Strengel,
diretor-executivo de marketing global da P&G, explana a abordagem que a empresa
adotou para conhecer de fato seu consumidor e estreitar sua relação com ele:
49
5 STARBUCKS – UMA LOVEMARK GLOBAL
50
então, crescendo sem parar. Antes disso, o café não era uma bebida agradável
comparado ao café que conhecemos e fazemos uso nos dias de hoje. O tal “pó de
café”, que era comercializado em supermercados e estabelecimentos semelhantes,
possuía sabor “horroroso” e levava as pessoas a perder a confiança e paciência com
as marcas que o comercializavam. (CLARK, 2008, p. 44-46).
A primeira parada de Schultz, em Seattle, foi na Starbucks. O próprio
descreve a sensação que teve ao beber pela primeira vez o café do
estabelecimento:
51
Unidos, passa a incorporar à sua cultura em meados dos anos 1980, o ambiente
descontraído e aconchegante das cafeterias.
A Starbucks foi a primeira empresa a oferecer esse conceito de cafeteria que
refletia um ambiente de socialização e, mais que isso, um espaço onde as pessoas
poderiam dar uma pausa em suas rotinas e se refugiar. Clark (2008, p. 16) diz que
no ano de 1989 havia 585 cafeterias em solo americano, e a ideia de abrir um
estabelecimento onde o produto principal comercializado fosse café em copos,
parecia loucura.
Ainda, há indícios de que há alguns anos, analistas acreditavam que a
comercialização de café era “modice” e tinha tempo contado para findar. Hoje,
existem mais de 24 mil estabelecimentos no segmento só em território americano, e
o mercado só tende a crescer.
Depois de muitas questões levantadas e desconfianças sobre o rumo que a
empresa tomaria, a Starbucks deixava de comercializar apenas café moído e em
grãos de alta qualidade para produzir o próprio café. Café em copo. Café gourmet.
Era a sua entrada para o ramo de restaurantes e bares.
Fugindo do sabor batido que deixou a população descontente por anos,
surgia então a Starbucks que ajudou a reinventar a imagem – e o sabor – do café e
o tornou uma bebida de luxo.
A rede Starbucks não inventou o café, obviamente, só fez com ele algo que
ninguém jamais imaginou possível: ela partiu de um produto que custava
25 cents em quiosques e balcões de lanchonete e o reinventou como artigo
de luxo, vendido a preços absolutamente inflacionados, em lojas erguidas
muito próximas uma das outras e, mesmo assim, clientes formam filas
intermináveis para comprá-lo. (CLARK, 2008, p. 14).
Starbucks 4,399 8%
Fonte: http://www.interbrand.com
52
A seguir, entenderemos como a empresa criou uma marca forte e presente,
que desencadeou o “culto ao café”, se tornou um fenômeno urbano moderno e se
tornou referência de marca que proporciona experiências e um mundo possível ao
seu consumidor.
14
Romance do autor americano Herman Melville, de 1851.
53
designer, Terry Heckler, a ideia da sereia atraindo os marinheiros para saborearem
um café casava perfeitamente com a ideia do nome. (CLARK, 2008, p. 62).
Com o passar dos anos percebemos que a marca vai se adaptando a novas
mudanças (ver Figura 5). Em 1987 a marca sofre a primeira e maior alteração. A
nova logo surge apresentando uma nova cor em destaque: o verde, que guiará a
Starbucks até os dias de hoje. O verde traz um pouco do conceito que a Starbucks
tanto preza nas suas ações e no dia a dia que dizem respeito à liberdade, à
esperança e à natureza. A cor verde traz harmonia ao ambiente, relaxa e dá a
sensação de energia positiva. Nesse ano a sereia ganha um toque mais
contemporâneo e passa a esconder os seios, que antes eram descobertos, com o
cabelo. No geral, a marca ganhou uma composição mais harmoniosa e elegante por
conta dos traços mais sofisticados e linhas mais suaves.
Uma nova repaginada na marca, em 1992, torna a sereia um pouco mais
recatada, escondendo a origem de sua cauda dupla.
Por fim, a última modificação foi feita em comemoração aos 40 anos da
empresa. Assim, em 2011 a marca perde as inscrições do nome em torno do
símbolo e adota características mais modernas e clean. As cores predominantes
agora são o verde em contraste com o branco.
Nota-se que a marca adaptou-se a uma tendência que não tem prazo para
terminar: a do minimalismo. A explosão de propagandas e comunicação abusivas
tem feito as marcas refletirem e buscarem maneiras mais simples de se
apresentarem, mas ainda assim impactantes visualmente.
54
A nova logo, em si, não se distancia muito da que nos familiarizamos no auge
da Starbucks. O desaparecimento do nome “Starbucks” e “café” dão espaço para a
oportunidade de o público assimilar mais rapidamente a imagem da sereia com a
marca. Aliás, sobre essa figura icônica da marca, Schultz pronuncia: “por quarenta
anos ela representou o café. Agora, ela é a estrela15”. Com essa jogada
mercadológica, a Starbucks deu um grande passo. O que ainda não pode se afirmar
é se esse passo foi inteligente ou se foi maior que deveria. Alguns países,
especialmente os EUA e Canadá já estão bastante familiarizados com a marca, mas
em outros países, como o Brasil, a marca ainda pode passar despercebida, já que
as lojas estão presentes apenas em algumas capitais do país.
A reinvenção da marca também abre margem para uma expansão da
empresa que pode vir a diversificar ainda mais a sua oferta de produtos – o que
também pode vir a ser um grande sucesso, onde a marca mãe valorizará toda a
cadeia de produtos e serviços, ou poderá resultar em uma catástrofe comercial.
De acordo com Schultz, a identidade de marca está abrindo caminhos
flexíveis para explorar coisas novas e novos canais de distribuição para manter os
relacionamentos que a Starbucks construiu com seus clientes e para criar novos
vínculos16.
15
Disponível em: http://www.starbucks.com/blog/645
16
Disponível em: http://www.starbucks.com/preview
55
O lema da Starbucks é sobre dar uma pausa na rotina para ler um livro,
escutar uma música, bater um papo com os amigos ou abrir o notebook e conectar o
wireless para trabalhar - e dar uma chance para um dos tantos produtos a base de
café (ou não) que a marca comercializa - em um ambiente acolhedor e moderno.
Esse lema conceitual da Starbucks reflete em cada canto da própria marca.
David Lemley, em seu artigo sobre “Construção da marca: conceitos de caráter17”
destaca que a Starbucks consegue proporcionar ao consumidor uma experiência
completa na degustação do café. Neste momento são revelados os “valores centrais
de conforto e aceitação, em todos os aspectos da loja, da arquitetura e gráficos
ambientais à embalagem. Elementos de design que conectam o ‘lugar’ com a
‘cultura’ da apreciação do café, que são envolvidos de acordo com as necessidades
humanas” (LEMLEY, D2B, p. 17).
A identidade visual das lojas da Starbucks faz parte da cultura da marca.
Aliás, a cultura da Starbucks caminha lado a lado do design para proporcionar aos
clientes as melhores experiências possíveis. As lojas possuem elementos que
lembram bibliotecas ou qualquer outro espaço onde é difícil não parar pra se
deleitar. São as cores, os materiais utilizados na projeção dos adornos. Schmitt e
Simonson (2002, p. 98) acredita que um dos grandes trunfos do sucesso da
Starbucks é a estética que transmite harmonia, seduz o cliente e prende a sua
atenção.
A preocupação constante em proporcionar esses espaços aconchegantes
levou a empresa, em 1997, a incrementar um pouco de magia aos seus
estabelecimentos. Assim foi contratado o responsável pela remodelação do visual
das Lojas Disney para criar uma identidade visual para a rede de café. O designer
criou quatro modelos de lojas para a Starbucks. Cada modelo sugeria um ambiente
trabalhado com as cores dos estágios do café.
A Starbucks acredita que acima de tudo, as cafeterias deveriam proporcionar
um espaço que promove conexão. Conexão entre pessoas, conexão com as
experiências que o ambiente e o café podem proporcionar.
Outra questão que torna o design das lojas mais especial para os clientes é
que a Starbucks trabalha com metas de gestão ambiental. Conforme as lojas são
17
Design To Branding Magazine, LEMLEY, David. Construção de marca: conceitos de caráter
56
construídas ou reformadas, a empresa opta em utilizar matérias e mão de obra local
e incorpora materiais reciclados sempre que possível. Segundo o site da marca, é
utilizado para orientação dos projetos o programa de certificação LEED da US Green
Building Council®18 como ponto de referência. Esse conceito na construção das
lojas tem sido aplicado desde o ano de 201019.
As lojas Starbucks podem apresentar um dos 4 conceitos em design (ver
Figura 6) conforme descrito abaixo:
Heritage: As raízes mercantis da primeira loja Starbucks, situada em Seattle,
são refletidas no chão com aparência de madeira gasta, concreto manchado
ou azulejos, bancos de metal e iluminação que é inspirada em fábricas. As
lojas com esse conceito ainda são conhecidas por possuírem grandes mesas
comunitárias, club chair e venezianas de madeira que remetem a virada do
último século.
Artisan: As lojas apresentam elementos que fazem referência ao passado
industrial dos mercados urbanos, com inspiração no modernismo dos anos
1930. O design é constituído de materiais mais simples como vigas de aço
expostas, paredes de alvenarias, vidro de batente de fábrica e madeiramento
polido à mão. Esse conceito baseia-se na cultura e nas artes que
proporcionam um lugar criativo para encontros.
Regional Modern: O estilo das lojas estabelece tendências e possuí
características acolhedoras e confortáveis. O espaço possui cara de loft, há
bastante iluminação e as cores claras são predominantes. A ordenação do
ambiente é inspirada na cultura regional, proporcionando um ambiente
calmo, e com um toque contemporâneo, para relaxar da agitação da vida
cotidiana.
Concept: São espaços criados exclusivamente pelos designers da Starbucks
onde se procura explorar inovações no âmbito da cafeteria. O coração da
identidade é realmente a exploração do design como um todo.
18
Abreviação para Leadership in Energy and Environmental Design - Liderança em Design de
Energia e Ambiental.
19
Disponível em: http://www.starbucks.com.br/coffeehouse/store-design
57
Figura 6 | Conceitos de Design das Lojas Starbucks
20
Disponível em: http://onegociodovarejo.com.br/case/starbucks-inova-monta-cafeteria-trem/
58
Em São Paulo, Brasil, por exemplo, foi inaugurada uma nova loja Starbucks
com o intuito de agradar e chamar a atenção dos clientes amantes de redes
sociais21. A fachada da loja é estreita e toda de vidro (ver Figura 7). Neste, há vigas
que parecem emoldurar as pessoas que estão do lado de dentro. O conceito da
nova loja pretende gerar interesse e interatividade do público hi-tech, usando de
exposição e transparência (ver Figura 8 e 9), simulando o mundo online. E mais,
essa novidade em exposição gera mídia espontânea.
Figura 8 | Espaço interno da Loja Starbucks da Rua Haddock Lobo, São Paulo
21
Disponível em: http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/starbucks-cria-lojas-para-agradar-
usuarios-de-redes-sociais?page=1
59
Figura 9 | Segundo andar da Loja Starbucks na Rua Haddock Lobo, São Paulo
60
22
com frases famosas adaptadas: “Dê uma chance ao café ”, por exemplo.
(SCHMITT; SIMONSON, 2002, p. 100).
Mais que oferecer um espaço onde se pode dar uma pausa na rotina, a
Starbucks é sobre qualidade. Desde seu surgimento na década de 1970, quando o
café em forma de bebida pronta ainda nem era comercializado, a marca se
preocupava em oferecer aos seus clientes o melhor produto possível.
22
Frase famosa do movimento hippie, nos anos 1970, “Dê uma chance à paz”.
61
A Starbucks se posicionou no mercado de maneira a se projetar como o
“terceiro lugar”. Aquele terceiro lar, que vem depois da nossa casa e trabalho - mas
que muitas vezes gostaríamos que viesse em primeiro lugar.
A Starbucks tem um envolvimento bem presente com a comunidade e com
questões de responsabilidade social e ambiental. No Ranking das Marcas Globais
Mais Verdes de 2013, da Interbrand, a Starbucks aparece em 36º lugar23.
Como visto em capítulos anteriores, essa preocupação com o meio externo
valoriza muito uma marca. Mostrar interesse e praticar ações em pró desses
assuntos geram confiança e credibilidade com o consumidor contemporâneo que
está atento a isso.
A Starbucks, em nível global, reserva o mês de abril para o Global Month of
Service “mês global do serviço”, onde a empresa incentiva seus colaboradores,
clientes e parceiros a se dedicarem a realização e execução de projetos de serviços
comunitários voltados para as necessidades dos bairros em que vivem e trabalham
ou de alguma comunidade específica.
No ano de 2013, a Starbucks Brasil esteve envolvida com dois projetos de
cunho social. A primeira aconteceu no mês de abril, quando os colaboradores da
empresa, em parceria com a Fundação S.O.S Mata Atlântica, plantaram mil árvores
na região de Itu, São Paulo24. A segunda se trata da aliança entre a Starbucks Brasil
e o programa Youth Action Grant, que tem como objetivo incentivar e apoiar jovens a
desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes que contribuam para a
profissionalização e inclusão social25.
Adepta da crença que a transparência pode ser uma melhor amiga, a
Starbucks construiu sua marca de “dentro pra fora”. Para ser um colaborador da
Starbucks você precisa viver o que a marca é. A escolha dos colaboradores é
minuciosa e o incentivo a essas pessoas que todos os dias contribuem com a
imagem da marca excede o que se espera de muitas outras.
A cafeteria está associada ao Fair Trade, uma organização global que
trabalha para garantir melhor negócio para agricultores e trabalhadores. Também,
23
Disponível em: http://www.interbrand.com/en/best-global-brands/Best-Global-Green-
Brands/2013/Best-Global-Green-Brands-2013.aspx
24
Disponível em: http://www.sosma.org.br/blog/voluntarios-da-starbucks-e-sos-mata-atlantica-
plantam-1100-arvores/
25
Disponível em: http://www.aberje.com.br/acervo_not_ver.asp?ID_NOTICIA=8037
62
garante plano de saúde para os funcionários que trabalham mais de 20 horas
semanais.
Em 1992, a empresa abriu seu capital que desencadeou, quase que
imediatamente, o aumento de seu patrimônio líquido. Diferente do que muitas outras
empresas fariam, a Starbucks decidiu dar oportunidade aos funcionários da empresa
de serem acionistas, não apenas os grandes executivos.
26
Disponível em: http://www.brainstorm9.com.br/2099/diversos/my-starbucks-idea/
64
Figura 11 | Página principal do Site Brasileiro da Starbucks
65
Figura 12 | Publicações da Starbucks Brasil no Twitter
27
Disponível em: http://globotv.globo.com/globo-news/conta-corrente/v/starbucks-conta-com-62-
unidades-em-cinco-cidades-do-brasil/2748431/
28
Disponível em: http://vejario.abril.com.br/especial/promocao-starbucks-681711.shtml
66
Figura 13 | Voucher da campanha Starbucks
29
Disponível em:
http://www.amanha.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2324:ser-agencia-de-
propaganda-nao-e-o-bastante&catid=37:home-4&Itemid=134
67
A Experiência Starbucks, em seu completo, faz da marca referência no
segmento no qual está inserida. Não é a toa que está presente em mais de 50
países, totalizando mais de 15 mil lojas espalhadas pelo mundo30. Como a própria
Starbucks se descreve, é através de cada xícara que o esforço de construção e
gestão da marca consegue dar vida ao legado Starbucks e proporcionar uma
experiência completa e excepcional.
30
Disponível em: http://www.starbucks.com.br/about-us/our-heritage
68
5. CONCLUSÃO
69
em torno do que a publicidade tradicional pode oferecer para as marcas que
desejam ir um pouco mais além.
O mundo contemporâneo é bombardeado por informação e propaganda o
tempo inteiro. Algumas marcas, procurando agregar novos valores e direcionar seus
esforços na construção de um relacionamento mais sólido e próximo com seu
público, passam a investir em outras ferramentas, entre elas a comunicação e suas
ramificações. É fato que as agências de publicidade e propaganda têm procurado
expandir seu leque de serviços pra conseguir suprir essa nova onda de clientes
impulsionados pelo pós-moderno. É fundamental que os profissionais dessa área
estejam atentos a essa movimentação que não parece em nada com uma simples e
momentânea tendência. As marcas querem, antes de jogar toda a propaganda do
mundo em cima de seu público, conquistá-lo, tocar seu coração. E é aí que a
publicidade pode fazer uma enorme diferença: estender a mão para essas marcas e
oferecer ferramentas e plataformas modernas para criar uma comunicação
publicitária eficiente que venha a acompanhar a história dessas marcas por um
longo período.
Comunicação de marca não está enquadrada em um anúncio único, no
discurso de uma promoção solitária ou das cores que formam o logotipo da marca. A
comunicação é um processo que não deveria ter fim. É uma construção diária
baseada em valores, atitudes e em quem a marca quer ser no futuro. Uma
comunicação bem estruturada e feita para um consumidor real tem chances
possíveis de se tornar uma marca amada.
As lovemarks são lovemarks apenas por um motivo: souberam construir um
discurso que tocasse as pessoas, que as fizessem se identificar com elas. O maior
trunfo das marcas amadas é o amor do seu consumidor – e este amor não se
constrói do dia para a noite. Precisa-se de muita dedicação.
A Starbucks é um caso de lovemark que construiu um mundo possível ao
público estruturado em valores que uma pessoa real também tem. A marca em si
pode ser comparada a uma pessoa que tem gostos específicos, pensamentos e
visões. Ela acredita em algo e o consumidor agrega valor a isso. Sua comunicação é
fiel para com a sua história e ela exala aquilo que discursa. É por isso que hoje ela
é, disparadamente, a maior rede de cafeteria do mundo. E de longe, uma marca
70
amada por inúmeras pessoas que não abrem mão do cafezinho de todos os dias em
um espaço com cara de “terceiro lugar”.
Apesar de a empresa ser conhecida por seus grãos de café de alta qualidade,
ela deixa bem claro que essa não é a história inteira. É através da marca Starbucks
que a empresa cria essa esfera de conexão com seu público e oferece um ponto de
encontro para ele, físico e imaginário. Logo, compreendemos que a Starbucks
conseguiu se posicionar onde muitas outras marcas gostariam de chegar. Ela não é
só uma rede de cafeterias, ela é uma rede de amor, um ponto de encontro de amor.
E esse sentimento é desencadeado através da comunicação que ela transpassa ao
cliente em forma de música ambiente, do espaço visual das lojas, das poltronas
confortáveis, do interesse e cordialidade dos parceiros Starbucks e até mesmo, do
cafezinho.
Entre mistério, sensualidade e intimidade existem muitas oportunidades e
possibilidades para criar histórias e momentos únicos entre marca e consumidor. As
marcas amadas precisam lembrar sempre que seu foco deve ser o consumidor e a
relação que mantêm com ele. Como visto, lovemarks são propriedades de quem as
consomem.
Analisando este estudo baseado na profissão do publicitário, acredita-se que
é tempo desse profissional estar ainda mais receptivo não somente às tendências
em comunicação, mas também, procurar por novas plataformas e ferramentas onde
seu trabalho possa fluir e gerar diferença no espaço mercadológico.
Cada dia mais, as novas agências têm procurado inovar e expandir seus
serviços e oferecer ao cliente algo que o toque e, consequentemente, possa tocar o
coração de inúmeras outras pessoas. A publicidade continua sendo uma das
maiores aliadas das marcas no processo de construção de identidades e
comunicação e, através dessa, tem oferecido, e continuará oferecendo, às pessoas
as mais variadas possibilidades de identificação.
71
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Best Global Brands 2013: The top 100 list view. Interbrand. Disponível em:
<http://www.interbrand.com/pt/best-global-brands/2013/top-100-list-view.aspx>
Best Global Green Brands 2013: The top 50 brands. Interbrand. Disponível em:
<http://www.interbrand.com/en/best-global-brands/Best-Global-Green-
Brands/2013/Best-Global-Green-Brands-2013.aspx>
CLARK, Taylor. A febre Starbucks: uma dose dupla de cafeína, comércio e cultura.
São Paulo: Matrix, 2008, 407 p.
72
<http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/starbucks-cria-lojas-para-agradar-
usuarios-de-redes-sociais?page=1>
PEREZ, C; BAIRON, S. Comunicação & marketing. São Paulo: Futura, 2002. 211
pág.
ROBERTS, Kevin. Lovemarks: o futuro além das marcas. São Paulo: M. Books do
Brasil, 2004.
Starbucks realiza o programa Youth Action Grant pela primeira vez no Brasil.
ABERJE, 2013. Disponível em: <http://www.sosma.org.br/blog/voluntarios-da-
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The power of lovemarks. Entrevista com Kevin Roberts. Disponível em: <
http://www.youtube.com/watch?v=qLUvkt4jA2c>
Voluntários da Starbucks e SOS Mata Atlântica plantam 1100 árvores. Site SOS
Mata Atlântica. 2013. Disponível em: <http://www.sosma.org.br/blog/voluntarios-da-
starbucks-e-sos-mata-atlantica-plantam-1100-arvores/>
74