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Psicanálise
O PRIMEIRO SONHO
O SEGUNDO SONHO
Depois de algumas semanas Dora volta a sonhar com cuja resolução interrompeu-
se a análise.
Dora narrou: “Eu estava passeando por uma cidade que não conhecia, vendo ruas e
praças que me eram estranhas.Cheguei então a uma casa onde eu morava, fui ate o
quarto e ali encontrei uma carta da mamãe. Dizia que, como eu saia de casa sem o
conhecimento dos meus pais, ela não quisera escrever-me que o papai estava doente.
Agora ele morreu e, se quiser você pode vir. “Fui então para estação e perguntei umas
cem vezes:” Onde fica a estação?” Recebia a resposta:” Cinco minutos. ”Vi depois à
minha frente um bosque espesso no qual penetrei, a ali fiz a pergunta a um homem que
eu encontrei. Disse-me: Mais duas horas e meia. Pediu-me que eu deixasse acompanhar-
me. Recusei e fui sozinha. Vi a estação a minha frente não conseguia alcançá-la. Ai me
veio um sentimento habitual de angustia de quando, nos sonhos, não se consegue ir
adiante. Depois, eu estava em casa; nesse meio tempo, tinha de ter viajado, mas nada sei
sobre isso. Dirigi-me à portaria e perguntei ao porteiro por nossa casa. “A criada abriu
para mim e respondeu: A mamãe e os outros já estão no cemitério.”
A interpretação desse sonho não prosseguiu sem alguma dificuldade. Freud
começou por mencionar o tema sobre o qual versava a análise em curso quando seu deu
a interferência do sonho.
Ela vagava sozinha numa cidade estranha e vias e ruas e praças como e natural,
prossegui: ela poderia ter visto quadros ou fotografias das quais retirava as imagens do
sonho.
A mãe de Dora havia recebido algumas fotografias em uma caixa de alguns
parentes que estavam na sua casa dela. E Dora não consegue encontrar e pergunta a mãe
“Onde esta a caixa?” Uma das passagens mostrava uma praça com um monumento. Mas
o autor do presente era um jovem que ela conhecia na cidade fabril o rapaz aceitava um
posto na Alemanha para chegar mais depressa a sua autonomia, ele pretendia se
apresentar-se, a Dora como seu pretendente mais ainda não era seu tempo. Na festa de
chegou um primo que Dora teve que mostrar a cidade de Viena, na ocasião ela se sentia
uma estranha, embora não deixasse naturalmente de visitar a galeria. Outro primo
quisera servi de guia, mas ela recusa e vai sozinha por duas horas. Mas tudo o que tem
acima ela se identifica com um o rapaz.
Quando numa reunião alguém levanta um brinde ao seu pai ela percebe uma
expressão de cansado no seu rosto, ela compreende seu pensamento: Pobre enfermo!
Quem poderia saber quanto tempo de vida ainda lhe resta?
Com isso chegamos ao conteúdo da carta no sonho. O pai estava morto e ela
saíra de casa por seu próprio arbítrio. Estamos diante de um tema de morte dela ou da
morte do pai.
O pai estava morto e os demais já tinha ido para o cemitério. Ela podia ler
calmamente o que bem lhe aprouvesse. Não significaria isso que uma das razões para a
vingança era também a revolta contra a coerção exercida pelos os pais?Se seu pai
estivesse morto, ela poderia ler ou amar como quisesse. A princípio, ela se recusou a
lembrar de algum dia ter lido uma enciclopédia, e depois admitiu que uma lembrança
dessa ordem emergisse nela embora de conteúdo inocente.
Na época em que a tia a quem amava estira gravemente doente Dora ia a Viena
e veio uma carta de outro tio anunciando que eles não poderiam ir para Viena já que um
dos seus primos havia adoecido com apendicite. Dora logo após da morte da tia sofre de
apendicite. Até esse momento, eu não me atrevera a incluído essa doença entre suas
produções histéricas.
Tratava-se, portanto de um autêntico sintoma histérico. Que significava então
arrastar de uma perna era inteiramente incompatível, e por certo deveria adequar-se
melhor ao sentido do secreto, talvez sexual, do quadro patológico. A resposta imediata,
que solucionou de só um golpe todas as dificuldades, foi no move meses depois. A
suposta apendicite realizara, portanto, com, os modestos recursos à disposição da
paciente (as dores e o fluxo menstrual), a fantasia de um parto. Dora conhecia o
significado desse prazo, e não pode desmentir a probabilidade de ter lido na
enciclopédia, naquela ocasião, a respeito da gravidez e do parto. Mas e o arrastar a
perna? Quando pequena, ela torcera certa vez esse mesmo pé, justamente o mesmo que
ela arrastava depois, inchava e tivera de enfaixar, deixando ela em repouso por algumas
semanas isto foi o tempo de asma nervosa quando tinha oito anos de vida.
Esse trabalho para esclarecer o segundo sonho havia requerido duas sessões.
Quando o termino da segunda, Freud expressou grande satisfação ante o conseguido, ela
respondeu em tom desdenhoso: Ora, será que apareceu tanta coisa assim? E com isso
ele se preparou para chegada de outras revelações. A mãe de Dora ficou noiva aos
dezesseis anos, depois esperou dois anos pelo marido.
A história amorosa de mãe de Dora costumava de ser um modelo para filha. Por
isso que Dora também queria, esperar dois anos e achava que estaria aguardando
amadurecer para ser mulher do Sr k.
Dora comunica a Freud que é seu ultimo dia na sessão, e que esta faltando 14
dias para o ano novo, assim como fez a governanta do Srs. K que cumpriu aviso prévio
do mesmo período, Freud pergunta a Dora se o Sr. K tinha uma governanta e que ela
nunca tinha comentado sobre ela, e pede para que ela comente sobre a governanta; Dora
diz a Freud que o Sr. K tinha uma governanta a qual cuidava de seus filhos a quem ele
fez a mesma proposta amorosa, seduzindo-a com a seguinte frase: “você sabe que há
muito tempo não tenho nada de minha esposa”, e esta sede a seus encantos.
A bofetada de Dora no rosto de Sr K de modo algum significava um não definido
por Dora, mas que expressava o ciúme recém – despertado da governanta do Sr K.
PROSFACIO
Freud declara este livro como um fragmento de analise e que convém tentar
indicar os motivos destas omissões nada acidentais. Falta uma serie de resultados da
analise por que quando trabalho foi interrompido, eles não estavam suficientemente
reconhecidos e por outro lado teriam requerido um procedimento para se chegar uma
conclusão geral.
Para Freud a técnica da analise e com a estrutura interna de um caso de histeria
seria uma tarefa quase impossível. Ele apenas assegura que abordou o estudo dos
fenômenos revelados pela observação dos psiconeuróticos sem estar comprometidos
com nenhum sistema psicológico definido, e que foi se modificando após suas opiniões
até que essas lhe parecerem adequadas.
Ninguém a de querer negar o caráter de fator orgânico a função sexual, na qual
ele vê a fundamentação da histeria e das psiconeuroses em geral.
Freud afirma que com esta publicação tão incompleta quis alcançar duas coisas:
Primeiro como um complemento a seu livro sobre “A interpretação dos sonhos” mostrar
como esta arte que de outro modo seria inútil pode ser proveitosa para a descoberta do
oculto e do recalcado na vida anímica, e que na analise dos sonhos aqui relatados levou-
se em consideração a técnica da interpretação dos sonhos semelhantes à técnica
psicanalíticas.
Após cerca de três meses Dora desiste, para surpresa de Freud, da análise até
então levada a sério. Segundo Freud, tudo se prendeu com a transferência. Após Freud
ter focado novamente a atenção de Dora no fato de ela não admitir que a proposta de
casamento do Sr K era a sério, Dora despede-se para não mais voltar.
Freud interpreta isto como um ato de vingança contra ele. Ele ocupava no
inconsciente de Dora o lugar do Sr K e do próprio pai da mesma.
O criador da psicanálise auto recrimina-se, no fim, por não ter descoberto a
tempo a transferência negativa que então se desenrolava entre Dora e ele.
No balanço que faz do caso, após o ocorrido, Freud dá uma das primeiras
definições do fenômeno da transferência que se mantém até hoje:
O que são as transferências? São reedições, reproduções das moções e fantasias
que, durante o avanço da análise, soem despertar-se e tornarem-se conscientes, mas com
a característica (própria do gênero) de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do
médico (Freud, 1996f: 111)
Após uma exaustiva análise das possíveis causas do fracasso, Freud questiona-
se:
Será que eu poderia ter conservado a moça em tratamento, se tivesse eu mesmo
representado um papel, se exagerasse o valor de sua permanência para mim e lhe
mostrasse um interesse caloroso que, mesmo atenuado por minha posição de médico,
teria equivalido a um substituto da ternura por que ela ansiava? Não sei (Freud, 1996f:
106) o fato seria “Dora desistiu da análise”.
Aquilo sobre o qual Freud especula após o balanço do fracasso do caso Dora é
essencialmente sobre o que deveria ter feito a fim de ter evitado a interrupção das
sessões por parte de Dora, ou seja, Freud adiciona aos procedimentos terapêuticos
usados aqueles que poderiam ter feito a diferença. Vários modelos mentais estiveram
presentes no fenômeno transferencial. Talvez os modelos mentais que Freud usou
explicitamente – o papel de pai relativamente autoritário na escolha do marido certo
para uma adolescente – tornasse claro outros modelos mentais que Dora não conseguiu
mostrar na análise.
Assim Freud sentiu-se surpreendido pela transferência e por causa desses “x”
que lhe fazia lembrar o Sr. K,Dora se vingou dele como queria vingar-se do Sr.K e o
abandonou como acreditara enganada e abandonado por ele “Sr.K”.
Depois de decorrido quinze meses do termino do tratamento e da redação deste
texto Freud recebeu noticias do estado da paciente e dos resultados da terapia.
Dora apresentou-se diante dele para concluir sua historia e pedir-lhe ajuda
novamente, mas estudando a sua expressão ele chegou à conclusão de que ela não
levava a serio este pedido.Dora relatou-lhe que nas quatro ou cinco semanas após
abandonar o tratamento ela andou em uma “atrapalhação” e logo depois sobreveio uma
grande melhora.
Os ataques se tornaram raros e seu animo se elevou.
O último encontro de Dora com o Srs. K foi quando um dos seus filhos veio a
falecer e ela aproveitou dessa oportunidade para fazer-lhes uma visita, os K a recebeu
como se nada tivesse acontecido, ela se reconcilio com eles, vingou-se deles e levou
este assunto a uma conclusão que lhe foi satisfatória.
Tempos depois ela teve outro caso de afonia, remetido por um susto muito
grande, que foi um acidente, vendo alguém sendo atropelado por uma carruagem,
sabendo depois que esse alguém era o Sr. K. Ela estava dedicada aos seus estudos e não
pensava em se casar.
Viera buscar minha ajuda por causa de uma nevralgia facial do lado direito, que
agora persistia dia e noite. Desde quando? Perguntei-lhe. “exatamente há quatorze dias.”
Não deixei de sorrir, pois me foi possível demonstrar que justamente quatorze dias antes
ela lera uma noticia referente a mim nos jornais, o que ela confirmou. (isso foi em
1902).
A suposta nevralgia facial correspondia, portanto, a uma autopunição ao
remorso, pela bofetada que ela dera naquele dia no Sr K e pela transferência vingativa
daí feita para mim. Não sei que tipo de auxilio ela queria pedir-me, mas prometi perdoá-
la por ter-me privado da satisfação de livrá-la muito mais radicalmente de seus
padecimentos.
Passaram-se novamente vários anos desde a visita. A moça se casou e por certo
com aquele rapaz que,se todos os indícios não me enganam, fora mencionado em suas
associações no inicio da analise do segundo sonho. Tal como o primeiro sonho
significara o afastamento do homem amado em direção ao pai, ou seja, a fuga da vida
para a doença, esse segundo sonho anunciou que ela se desprenderia do pai e ficaria
recuperada para a vida.