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Wagner Woelke

AKASHA
Nossos Registros na Eternidade
São Paulo - 2016
Wagner Woelke (1959 -
Akasha – Nossos Registros na Eternidade
São Paulo: xxxxxxxx Editora, 2016, 142 p.
ISBN
1. Autoconhecimento 2 . Evolução Humana 3 . Novo Pensamento 4. Intuição
I - Título

SUMÁRIO

Umas Breves Palavras


Introdução
Eternidade
Deus, Cosmos, Natureza, Tao
Akasha
Quantum
“Big Bang” Cósmico, Pré-Espaço, Pré-“Big Bang”, “Big-Crunch”,
Metaverso
Teoria do “Big Bang”
A Visão Mística do Universo
A Visão Física do Universo
A Visão Quântica do Universo
Logos
Logos Solar
Logos Planetário
Os Reinos Vitais da Terra
A Vida de Nós, Humanos
A Alma
A Morte
O Momento da Passagem
A Alma no Meio Quântico
Memória Humana = Memória Física + Memória Mental +
Memória Quântica
As Idades das Almas Que Animamos Humanos
As Pessoas Sempre Agirão de Acordo Com as Suas Naturezas
Os Estágios de Cada Idade das Almas
Qual a (Suposta) Finalidade da Existência Humana?
Evolução dos Humanóides
Raças Espirituais – Uma Outra Abordagem
A Percepção do Mundo
Níveis de Consciência
O Homem, O “Animal Racional”, o Eleito da Vez
A Mente Coletiva
A Mente Quântica
Mais Misticismos: A Armadilha da “Metafísica Quântica”
A Leitura da Vida Pelo Viés do Sagrado
O Sagrado Popular e a Eternidade
Aliás, Quem é Deus?
A Teoria da Ausência de Significado Da Vida
Kairós , Um Potencial de Tempo, O Tempo Oportuno
Akasha – Nossos Registros na Eternidade
Despertamento
A Percepção do Mundo em Estado Alterado de Consciência
E Assim a Humanidade Caminha

“Cada movimento constrói o seguinte, da mesma forma como foi construído


pelo precedente. Cada ser equilibra-se num ponto da série, na hierarquia das
esferas, que não tem limites. Isto do átomo à molécula, ao cristal, à célula, à
planta, ao animal, a seu instinto, ao homem, à sua consciência individual e
coletiva, à sua intuição, à raça, à humanidade, ao planeta, ao sistema solar,
aos sistemas estelares, aos sistemas de universos, antes e além desses
elementos de vosso concebível...”
– Pietro Ubaldi, em “A Grande Síntese” (1)
Umas Breves Palavras

A jornada humana é fascinante, ainda que repleta de perguntas


cruciais sem respostas convincentes.
A questão humana é um grande enigma, e parece-nos que as leis
naturais que conhecemos atualmente não são suficientes para nos explicar
não somente a maravilha da vida, mas também os complexos e fantásticos
fenômenos psicológicos que são a nossa própria realidade.
Está claro que a organização da vida dentro dos moldes em que a
civilização ocidental nos impõe nesta era impede e inviabiliza qualquer
investida mais proveitosa e mesmo honesta nas questões de natureza
espiritual, e temos nos contentado com tapeações e uma infinidade de faz-de-
conta nesta área de nossas vidas há milênios. Abordagens meramente pelo
viés das grandes tradições religiosas históricas eliminam o fluxo livre das
idéias e dirigem as impressões por meio de caminhos piegas, fantasiosos,
pouco elucidativos, quando não obscuros e mesmo, falsos.
“Os relacionamentos especiais do mundo são destrutivos, egoístas e
infantilmente egocêntricos... O mundo usa os seus relacionamentos especiais
como uma arma final de exclusão e uma demonstração do estado de
separação.”
Helen Schucman e William Thetford, em “Um Curso em Milagres”

Em decorrência, para muitos de nós, cada vez mais as lacunas no


entendimento da grande questão humana têm se transformado em abismos,
que se alargam e afastam nossas mentes e existências do rumo pelos
milênios, fazendo-nos marcar passo.
Quanto a isso, estou entre aqueles que não se apressam para se
apresentar para serem adeptos nem prisioneiros de “ismos”: Cristianismo,
Budismo, Espiritismo, Kardecismo, Islamismo, Ateísmo, Taoísmo,
Confucionismo, Niilismo, X-ismo,Y-ismo, Z-ismo ou qualquer outro sistema
de doutrinas criadas pelo homem. Não me apresento para ser condicionado
de nenhum “ismo”.
Realmente não estou interessado em me enquadrar nos ritos e nas
grades de nenhum sistema de dominação de crenças espirituais, muito menos
em dedicar-me em aprender palavras complicadas, em sânscrito, paliá, ou
outro idioma antigo ou arcaico, que não me dizem nada, e que apenas têm o
efeito de mistificar as coisas – a língua portuguesa conta oficialmente com
mais de 175 mil vocábulos para descrever, com termos apropriados, as
sensações humanas e propiciar as explicações adequadas o entendimento de
qualquer questão de qualquer natureza que o homem possa enfrentar, em seu
âmbito de existência. Por isso, peço ao estimado leitor que não se deixe
impressionar com o título deste livro – AKASHA: o assunto aqui é tratado
pelo ponto de vista de um ocidental mediano.
Tampouco quero saber de mágicas ou historinhas açucaradas e piegas
para iludir meu coração e me fazer perder tempo com coisas inconclusivas,
que levam a lugar algum.
Sou apenas um humano que quer entender (nem que seja
minimamente, desde que seja, neste caso, o limiar da verdade verdadeira e
límpida), o “por que” e o “como” de algumas coisas relacionadas à vida, de
forma limpa, isenta, sem ruídos e névoas de superstições, crendices,
dominações, preconceitos, doutrinações burras e/ou desonestas, vindas de
onde habitualmente vem: tradições, crenças espirituais, política, ciências...
Dentro da minha insignificância e profunda ignorância, não estou
preocupado em comparar e promover identificações com bodhsativas, anjos,
arcanjos, asuras, arupas, devas, e afins, tampouco estou preocupado em
descobrir se pessoalmente eu tenho algum dom que me faça mais especial
que os outros... Só quero saber da vida...
A verdade é que, pelos milênios, bilhões de nós temos dormido,
embalados por cantigas da carochinha.
Contudo há muito conhecimento disponível, já existem muitas
respostas elucidativas, disponibilizadas há vários milhares de anos, mas por
causa da dominação e dos condicionamentos, tanto aqueles praticadas por
grupos, muitos deles, criadores e “donos” das doutrinas, quanto aqueles
levadas a cabo nos inúmeros embates diários de pequenos poderes, dá-se
que multidões e multidões são continuamente privadas das respostas, que já
estão registradas de há muito...
Introdução

“... (Por acaso) estamos vivendo somente para o dia de hoje?


Não há toda uma eternidade diante de nós?”
Pavlo Zagrebelny,
em “From the point of view of eternity” (Romance)
– Traduzido pelo autor

A forma humanóide existe no planeta Terra há pouco mais de 3,5


milhões de anos, o que é um período ínfimo, quando comparado não só ao
tempo cósmico, como também aos períodos de reinado de outras formas de
vida no passado, por exemplo, os conhecidos dinossauros, cujos biotipos
conhecidos habitaram vastas regiões deste mesmo planeta azul, pelo incrível
intervalo que foi desde 200 milhões de anos atrás, até sua extinção, por volta
de 62 milhões de anos passados, ou seja, esta espécie, e suas, digamos,
subespécies, arrastaram suas carcaças e soltaram seus guinchos debaixo deste
mesmo Sol por aproximadamente bons 140 milhões de anos. Quer dizer, a
jornada humana é cerca de 40 vezes inferior à deles, portanto, ainda
incipiente.
O corpo físico humano, cuja configuração física atual existe há pouco
mais de 10.000 anos, aparentemente é morada mais do que adequada para dar
suporte à psique (alma) típica dos cidadãos do gênero humano. Inclusive,
para muitos representantes de nós, senão mesmo a grande maioria de nós,
este veículo é mais do que apropriado, uma vez que ainda não conseguimos
esgotar os recursos físicos e principalmente intelectuais que ali estão
disponibilizados de fábrica.
O naturalista inglês Alfred Wallace do Séc.XIX, já defendia em seus
estudos (“Contributions for the Theory of Natural Selection” – tradução do
autor):
“Parece (no ser humano) que os órgãos foram preparados em
antecipação a um progresso futuro da espécie, uma vez que eles contêm
capacidades latentes que “eram sem utilidade aparente” nos primeiros
tempos (mas sempre estiveram lá). As delicadas correlações que lhe
conferem “poderes” maravilhosos não poderiam ter sido obtidas por meio
de “seleção natural” (notas do autor).
Exemplos (adaptação do texto de Wallace):
1 – Como e por que o animal homem começou a andar perfeitamente
ereto – qual a necessidade prévia que o fez assim proceder?
2 – Como e por que a laringe humana adquiriu tal flexibilidade,
extensão de atuação, capacidade de alcançar notas de inominável beleza e
poder e pronunciar as tantas combinações de sons harmônicos que compõem
todas as complexas linguagens de que se utiliza para descrever a tudo com
eficiência e se comunicar?
3 – Qual necessidade prévia fez nascer no homem a capacidade de
apreciação de tons musicais delicados, e de apreciar a harmonização dos
cantos dos corais, por exemplo? (Se um refinado estudante de música da mais
sofisticada escola do país mais civilizado do mundo educou seu ouvido para
reconhecer os mais sutis nuances das notas de uma sinfonia, o mesmo não o
pôde fazer o mais isolado aborígene australiana ou com o indígena da tribo
brasileira que jamais teve ainda contato com o homem branco. No entanto, a
capacidade de identificação e posterior apreciação das sutis graduações destes
fenômenos sonoros delicados já existem, latentes, adormecidas, nos sistemas
auditivos destes dois últimos – novamente, antes de surgir a “necessidade” de
atuação em certo nível de seu órgão, no caso, auditivo, que leva a percepção
aos eficientes sensores de seu sofisticado cérebro (de onde apareceu a
necessidade prévia de tamanha sofisticação de seu cérebro, do qual se diz,
inclusive, a maioria de nós só usa 10% da capacidade de processamento?), a
capacidade já está lá, não se “desenvolveu” devido à necessidade de dar uma
resposta eficiente a alguma nova necessidade surgida, cuja não adequação
ainda não conseguida certamente poderia lhe custar a própria vida e também
a sobrevida da espécie.
4 – Como as marcas de desempenho físico atingidas pelos atletas
olímpicos não se esgotam de serem batidas, por meio de somente analisar o
funcionamento dos músculos e sua coordenação cada vez mais detalhada pelo
cérebro? Há 100 anos, qualquer que dissesse que se correriam 100 metros nas
marcas obtidas por Usein Bolt e vários de seus competidores mais diretos,
seria taxado de lunático. Mas hoje sabemos que os tempos alcançados hoje
certamente serão melhorados, e honestamente não sabemos qual será o limite.

Eternidade

“Eternidade é absurda, inconcebível,


desproporção entre causa e efeito...”
Pìetro Ubaldi, em
“A Nova Civilização do Terceiro Milênio”(2)

A questão insolúvel: o universo sempre existiu? (ou seja, é


sempiterno?)
Num universo em que as coisas funcionam segundo a lei da causa e
efeito, então não houve uma causa primeira de todas as coisas?
Se isso é uma verdade, implica que, seja lá o que tenha criado o
universo, seja um acaso, seja um princípio lógico, seja alguém ou uma
consciência que carregue os atributos necessários a quem muitas pessoas
possam referir-se como Deus, uma coisa é certa: é alguém ou algo que está
completamente fora da dimensão do tempo, pelo menos do tempo “chronos”
(Vide capítulo “Kairós, um Potencial do Tempo, o Tempo Oportuno.”)
Dentre a infinidade de “problemas” que as ciências humanas (física e
filosófica) observam, impotentes quanto a conseguir respostas já há um bom
tempo, alguns deles há milênios, pelo menos três são relacionados ao tempo:
- A irreversibilidade do tempo cronológico no universo observável (o tempo
cronológico como sendo a percepção e o registro da sucessão de fatos já
ocorridos): o exemplo clássico de um copo de vidro com água que cai ao
chão, espatifa-se em cacos, e espalha todo o líquido, tornando impossível que
se retorne à condição inicial. Entretanto, dentro do pensamento humano, a
“ordem” cronológica do tempo é plenamente dotada de plasticidade e
totalmente reversível!;
- Apesar de as partículas dos átomos (partículas elementares) movimentarem-
se nos sistemas físicos de forma caótica (princípio da entropia), no entanto o
vetor do tempo aponta somente e sempre em uma única direção: toda a
atividade cósmica desenvolve-se sempre sobre uma linha, a saber, do
“passado” para o “futuro”, mas jamais ao contrário, e também jamais com
movimentos dispersos para um lado ou para outro. A questão é: por quê?;
- O inevitável envelhecimento dos corpos físicos e orgânicos, com a sua
implacável deterioração: num mundo onde os elétrons, nêutrons, prótons, e
seus assemelhados não só jamais entram em repouso, como também não se
perdem, não cessam de existir (ainda que se transformem), por que as
estruturas formadas com eles, as moléculas, e, portanto, as coisas (animadas e
inanimadas) que se formam das moléculas, têm que envelhecer (deteriorar-se,
dissolver-se)?
Some-se a isso aquela questão insolúvel do início: o universo sempre
existiu? Matematicamente, o homem entende o tempo chronos, e tenta
explicá-lo pela física quântica:
“O mundo é de fato construído como uma estrutura matemática (ao invés de
ser, como o grego Demócrito havia concluído milhares de anos atrás, de que
o mundo ser feito de “matérias construídas objetivamente construindo blocos
chamados de “átomos””) – Werner Heisenberg, em vários discursos
proferidos ao longo do Sec.XX, após a elaboração em 1927, junto com Niels
Bohr, das teses em que ambos justificam o reconhecimento da Física
Quântica, cujo evento ficou conhecido como a “Interpretação de
Copenhagen”.

Quanto a isso, a eternidade da existência do Universo para a frente, ou


seja, caminhando para um futuro que dure para sempre, é perfeitamente
plausível, aliás, para o raciocínio humano não há qualquer dificuldade de
assimilar esta idéia:

Porém, a eternidade da existência do Universo para trás, ou seja, a


hipótese de que nunca houve um começo, é uma impossibilidade matemática:
“No princípio, criou Deus os céus e a Terra. A Terra, porém, estava sem
forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus
pairava por sobre as águas...” - Moisés, Libertador e Legislador de Israel do
Sec.XV aC.

“No começo, era a simetria... (depois, todos os sistemas micro e


macroscópicos que foram surgindo, somente o puderam ser devido ao
resultado de violações ao estágio inicial de repouso absoluto em perfeito
equilíbrio em que estavam, as quais causaram assimetrias, ou seja, sistemas
de formas, calores, sons, movimentos... que são a parte física do Universo
que conseguimos perceber.)” - Werner Heisenberg, Físico e Filósofo Alemão
do Sec. XX dC. – Nota do Autor

3.500 anos separam essas tentativas de explicar o início de tudo,


elaboradas tanto por um homem de fé, como por um homem de ciências
(neste intervalo, o assunto foi abordado por vários outros humanos, de várias
culturas e em vários e distintos momentos da civilização atual: filósofos
gregos, filósofos religiosos...); ambas contêm um ponto em comum: houve
um início!
Isso é um fato? Ou seria apenas uma necessidade do raciocínio lógico
humano, essa de atribuir um começo a todo processo?
“Tens optado por estar no tempo ao invés de estar na eternidade e, por
conseguinte, acreditas que estás no tempo...” Helen Schucman & William
Thetford, em “Um Curso em Milagres”

A filosofia atribuída ao rei-sábio hebreu tenta ajudar aos homens que se


preocupam com essas questões com estas colocações:
“... tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar
e nada lhe tirar...; o que é já foi, e o que há de ser também já foi...; ...também
pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as
obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.” Eclesiastes, 3:14a, 15a,
11b

No mais, o que temos como certo é que cada um de nós carrega uma
história, uma história pessoal muito mais longa do que nossa mente de
superfície sempre pode nos contar. E que “há tempo para todo propósito
debaixo do céu...” Eclesiastes 3:1b

Deus, Cosmos, Natureza, Tao, ...

“Deus é na verdade inescrutável e incompreensível para nós do


infinito de Seus atributos; assim nossas mentes podem, como têm feito,
somente obter, de uma maneira muito fragmentária e indistinta (como
através de um vidro escuro), obscuras concepções de infinitesimais
porções de Sua inconcebível perfeição.”
- Saint George Mivart, em “On The Genesis of Species”
– Tradução do Autor

Qualquer iniciativa no sentido de definir Deus, é uma absurda e


irracional presunção!
Mais: se identificamos a Deus como uma pessoa definida,
automaticamente retiramos dÊle o seu caráter de “infinito”.
Do mesmo modo, “Crer em Deus” não é uma coisa ligada à observação
consciente das coisas, mas sim, trata-se de uma condição de consciência
totalmente vinculada à intuição.
“ As concepções humanas são superficiais e obscuros esboços de
idéias correspondentes que existem na mente de Deus em exatidão e
plenitude, ” já dizia o filósofo renascentista...
A experiência do sagrado fica muito subordinada a um
condicionamento castrante, imposto a povos de várias épocas e de variadas
partes do mundo, dominados por superstições, e faz com que, no imaginário
das pessoas simples e das classes populares, sacralidade esteja
necessariamente vinculado a uns acontecimentos sobrenaturais, os chamados
“milagres”...
Milagres seriam sinais de conexões com o divino, com o invisível onde
se supõe estar o divino se revelando mais livremente... a idéia de que essa
entidade maior seria necessariamente abstrata, habitante de um não-local e de
um não-tempo e intrinsecamente impessoal fica prejudicada.
Forças que se reconheçam (justificadamente ou não) como
sobrenaturais são cunhadas como “atributos sagrados”.
No início, eram deuses de acidentes naturais (Deus do Sol, Deus da
Lua, Deus do Trovão, Deus da Chuva,...), sempre caracterizados como mais
poderosos que os homens, e cada povo constrói ao longo de sua longa, muitas
vezes espantosa e tenebrosa história um panteão de divindades, conforme
vinculem a sua espiritualidade natural, que é na verdade natural do ser
humano, à identificação de uma entidade central (a idéia de uma entidade que
seria o Deus único é uma obsessão das civilizações derivadas do judaísmo.) –
Vide o capítulo “O Sagrado Popular”, na segunda metade deste livro.
A continuidade de uma leitura mística da questão da divindade como é
comumente efetuada pelos povos dominados, deve-se muito à uma limitação
do conhecimento e do raciocínio imposta por seus dominadores às
populações, que devem permanecer o máximo de tempo possível boiando
sem destino, à deriva, em suas noções de caráter primitivo e fantasiosas. Isso
facilitaria a perpetuação desse processo mesquinho e perverso de domínio das
massas populares.
“Deus aparece ao homem, portanto, como um eu, como uma essência pura e
permanente que se põe diante dele assim como um monarca diante de seu
servidor, e que se exprime ora pela boca dos poetas, dos legisladores e dos
adivinhos, ora pela aclamação popular... isso pode servir para explicar por
que há oráculos verdadeiros e oráculos falsos; porque os indivíduos (com
suas idéias) seqüestrados desde o nascimento, não atingem por si a idéia de
Deus...” Pierre-Joseph Proudhon, em “A Filosofia da Miséria” (Nota do
autor)

Por isso, quase dez séculos se passaram para esta atual civilização, e
entre os nossos mais de sete bilhões de representantes do gênero humano, as
noções a respeito de uma consciência primordial ainda engatinham,
apontando para lados tão dispersos quanto inconclusivos, mesmo, errados.
A idéia de um Grande Arquiteto do Universo não contém a amplitude
necessária, e só o fato de pensarmos nEle como uma pessoa definida já o
limitaria, pois as concepções da mente humana não abraçam, não conseguem
abraçar, todas as qualidades de um não-ser como Ele é: a respeito de
definições humanas a respeito dEle, não se pode dizer que o buraco seria
mais embaixo, pois a idéia mais condizente com a sua realidade seria a de
que não há buraco... Ele é!
A amplitude de seu ser é tal, que Ele é simplesmente a razão universal,
razão cósmica, a mais completa e mais pura razão.
O conceito de Tao tenta descrever essa instância do Absoluto, embora
ainda prisioneira da limitação das palavras humanas:
(Tao: literalmente “Caminho” ou “Via Central”, “fonte e princípio
plenamente abrangente de toda a realidade, diretor, infalível e inalterável”
(Dicionário Houaiss).
“O Tao que pode ser descrito não é o eterno (verdadeiro) Tao;
o nome que pode ser nomeado não é o nome eterno;
o inominável é o início do céu e da Terra;
o nominado (aquele que pode receber um nome) é mãe de (apenas) dez mil
coisas (portanto, de coisas finitas).”
– Lao-Tseh, Filósofo Chinês, no “Tao-te-king”, ou o “Livro do Caminho
Perfeito” (Notas do autor)

(“Num sentido amplo, “Tao” não é uma substância, tampouco uma força ou
energia: é um poder regulador da realidade que vai se apresentando; rege o
ritmo das coisas, a alternância das coisas; é Eficácia (assim, com letra
maiúscula), Virtude, Autoridade, a Expressão da Ordem Celeste.” De meu
livro “I-CHING PARA BRASILEIROS – A Alta Sabedoria Chinesa Trazida
Para os Trópicos)”. O Tao é “a razão universal e o ser infinito” (Pierre-
Joseph Proudhon, em “Filosofia da Miséria”). Mais adiante neste mesmo
livro falaremos mais ainda do processo do Tao na escultura das consciências.
Em meio às suas ansiedades e fantasias, o homem comum atual,
apressado e mal informado, esquece-se de que só pode viver em Deus (senão,
não viveria!): tudo o que existe, absolutamente tudo, mesmo a infinidade de
coisas que os humanos sequer sonham que possam existir, só pode existir no
seio dessa própria Consciência Cósmica Eterna.
Ao longo deste livro, em vários momentos, a noção mais amplificada
dessa Presença será requerida ao leitor.
Akasha

Akasha é uma palavra do sânscrito, significando “éter”: espaço todo-


penetrante. Originariamente significava “radiação” ou “brilho”; na filosofia
indiana akasha era considerado o primeiro e mais fundamental de todos os
elementos – os outros eram a terra, o fogo, a água e o ar: akasha abrange as
propriedades de todos os cinco elementos: é o ventre de onde todas as coisas
que percebemos com nossos sentidos tem emergido e no qual todas as coisas
irão ao final retornar.
O Registro Akáshico (também chamado de “A Crônica Akáshica”) é a
perpétua gravação de tudo o que acontece, e que tenha acontecido, e que
acontecerá, no espaço e no tempo.
Crônica Akáshica = registro (arquivo de informação) de tudo o que
acontece no mundo do campo akáshico, este, um campo onde os parâmetros
do tempo-espaço são absolutamente estáticos, ou seja, tudo sempre acontece
no agora, que é na verdade todo o instante que existe: sempre é o agora, da
mesma forma tudo acontece num único lugar: aqui, e todo o lugar que existe
é o aqui.
Chamado por correntes esotéricas de “Livraria da Vida”, “Sala de
Registros”, “Biblioteca do Cosmos”, “Memória da Natureza”, o campo
akáshico refere-se portanto à grande matriz da consciência universal, que
perdura num plano totalmente não-físico da existência, onde estão registradas
todas as coisas que aconteceram, idem as que acontecem, idem as que
acontecerão.
“Registros Akáshicos” referem-se a um banco de dados cósmicos, que
registrou TODOS os atos, palavras, pensamentos, não só do ingênuo ser
humano, mas de TUDO o que existe, desde o início dos tempos, até o final
dos tempos, desde antes da suposta primeira “Grande Explosão” (“Big-
Bang”), a qual já se admite cientificamente ser não mais do que uma etapa da
imensa pulsação cíclica deste plano em que vivemos (vide texto mais à
frente), que dá início a um descomunal processo de expansão com duração de
um a dois trilhões de anos terrestres seguida de uma grande retração (o “big-
crunch”), até o final de tudo.
Essa magnífica explosão está registrada lá, bem como o
desprendimento e queda de uma minúscula folha em meio aos milhões de
folhas da maior árvore do planeta, ou da precipitação do menor dos pingos
d’água que necessitou de uns poucos segundos para desaparecer em meio aos
zilhões e zilhões de outros pingos de uma tremenda borrasca das florestas
tropicais. Tudo está registrado, tim-tim por tim-tim.
Os registros akáshicos são, portanto, registros vivos de todas as
experiências e atividades do passado, do presente, e do futuro. A “memória
akáshica", é uma memória não local, ou seja, não está sujeita aos sistemas de
coordenadas no tempo e no espaço aos quais a inteligência humana está
condicionada a consultar para se localizar: seu lugar no tempo é o
sempiterno, e o seu lugar no espaço é nenhum lugar específico, ou seja, é em
todo o lugar, ininterruptamente, desde sempre.
É-nos muito difícil abraçar o conceito que tal campo excede, e em
muito, a microscópica experiência humana, quando confrontada a nossa
limitada existência à amplitude infinita de todo o saber da infinita rede
sempiterna, não do universo, mas do Metaverso, ou seja, de uma infinidade
de planos, universos de diferentes e múltiplas formas, o qual constituiria, para
a nossa admirável porém limitada, além de doutrinada e dirigida e
condicionada, capacidade de percepção e inteligência, algo muito além do
concebível, imaginável.
Atualmente, estudar o campo akáshico significa ainda navegar pela
área da pseudociência, e a “Sala de Registros Cósmicos” tem sido acessada
mais intuitivamente (Vide Capítulo “A Percepção do Mundo em Estado
Alterado de Consciência”, ao final deste livro ) do que de formas mais
condizentes com a ciência atual, tão cética e quase sempre pré-dirigida por
métodos rígidos e tão circunscritos a escaldadas doutrinas centenárias.
Enfrenta também os preconceitos e as limitações impostas pelas castrantes
doutrinas religiosas e filosóficas históricas, sempre tão orgulhosas de suas
ignorâncias e de suas ausências de perspectivas.
Por meio do relaxamento profundo, estado atingido por meio de
processos meditativos, os registros akáshicos são assimilados por instâncias
de nosso inconsciente (subconsciente e superconsciente), revelando-se para
nós na forma de intuições, que trazem-nos os vislumbres dos registros
eternos, valendo-se para isso de metáforas que sejam familiares ao
entendimento humano, e na justa medida que nossa inteligência consegue
assimilar.
Este banco de dados existe, conforme já informado, num plano não-
físico (como nós normalmente percebemos e entendemos – consideremos que
as sensações percebidas por nossos cinco sentidos (visão, tato, olfato,
paladar, e audição), embora fantásticas, na verdade, além de corresponderem
a uma ínfima parte de tudo o que acontece na matriz cósmica, a qual tende ao
infinito e, por certo, possui incontáveis outros aspectos de realidades não
capturadas por nós, pois não são acessíveis aos nossos sentidos, ainda por
cima nos enganam, pois estão sujeitas às interpretações efetuadas por nossos
cérebros, idem fantásticos, porém idem programados para atuarem dentro de
uma pré-delimitada área de compreensão, por meio de umas espécies de
conjuntos de pesos energéticos de configurações infinitas próprias.
E é com base nestas interpretações tão carentes de exatidão que nosso
entendimento “constrói” aquilo que chamamos de realidade, sempre baseada
em parâmetros de imagens que nossos cérebros já trazem como referências.
Não é difícil imaginar que a verdadeira realidade cósmica é,
certamente, algo diferente, e muito mais complexo do que a realidade que um
humano consegue conceber a partir da junção pessoal que faz dos dados que
percebe.
O ser humano simplesmente não consegue apreciar a verdadeira
realidade. Nossa realidade percebida/concebida não passa de uma ilusão, com
a qual lidamos por todo o tempo, por todo o período de nossas vidas.
Isso significa que aqueles de nós que sejam preferivelmente dominados
pela instância consciente, autocentrados, que experimentam a vida sob a
escravidão do ego (“Ego” = “eu”, em Latim), o qual é cego para aquilo que
extrapola as percepções limitadas dos seus arredores, ou seja, é cético quanto
às manifestações metafísicas, estão privados de receber conscientemente as
inspirações oriundas de planos mais sutis, que são invisíveis aos nossos cinco
sentidos físicos.
Tais pessoas abafam e sufocam o sexto sentido, o intuitivo. Isso as leva
a procurar sistematicamente ignorar idéias mais amplas, e mesmo a repudiar
as que lhes surgem (pois a psique humana tem uma capacidade inata de
captar sem cessar certos tipos de inspirações que não são, digamos, tão
diretas e objetivas.)
As impressões contidas neste plano invisível sutil comunicam-se e
tornam-se facilmente conhecidas de nossas próprias consciências individuais
de forma suave, quase fugaz, quando sincera e verdadeiramente colocamos
nossa mente consciente (ego) em repouso, e nos permitimos momentos de
unidade com o ambiente cósmico.
No que diz respeito ao que nos interessa individualmente, cada um de
nós, como unidades individuais de consciência que somos, temos a própria
história de nossa realidade eterna, com as informações daquilo que nos
acostumamos a chamar de passado, presente e futuro, devidamente registrada
neste grande arquivo virtual.
Respostas para questões eternas, que podem de vez em quando
inquietar a alguns de nós:
- Quem somos?
- Por que existimos?
- Qual o propósito da vida?
E outras perguntas, de outras dimensões menos gerais e mais pessoais,
mais ligadas ao nosso dia-a-dia, também podem receber orientações por meio
de algumas dicas cósmicas, conferindo a nós, ingênuos e frágeis seres que
podemos ser, algum conforto e incentivo para seguir em frente.
Antes que algum apressadinho profundamente condicionado pelas
muitas doutrinas religiosas castrantes que pululam por todos os cantos do
planeta nos últimos séculos diga que o que está sendo aqui tratado é alheio à
fé em Deus (seria, portanto, do diabo), é necessário que se considere que
muitos sistemas de princípios que se ocupam de aspectos espirituais da
humanidade por meio de diferentes tradições também referem-se a este
acervo individual de impressões como sendo o “Livro da Vida”.
A tradição espiritual judaico/ cristã, por exemplo, que constitui a
imensa maioria de adeptos no Brasil, menciona este registro eterno invisível
de nossos atos tanto no chamado Antigo Testamento, quanto no Novo
Testamento.
O campo akáshico tem sido chamado nos últimos anos pela alcunha de
“Campo-A”; após milênios habitando a esfera da intuição e do imaginário das
pessoas de mente mais filosóficas (afinal, ele não pode ser visto ou tocado,
somente inferido através de seus efeitos, estes, percebidos apenas por certos
tipos de mentes mais privilegiadas), está sendo reconhecido e sendo
considerado (embora não pelas correntes científicas mais conservadoras e
tradicionais - mudanças de paradigmas no mundo científico são sempre muito
dolorosas, árduas e demoradas), juntamente com a gravidade (força da
atração), o eletromagnetismo e outras faculdades cósmicas não de domínio e
conhecimento popular, como um dos elementos fundamentais do ambiente
universal.
Logicamente, e como não poderia deixar de ser, seria praticamente
impossível que tal aspecto da existência não sofresse ingerências e não fosse
contaminada por toda sorte de misticismos, crendices, pudores, superstições,
sacradices e outras invenções criadas pela fértil mente humana, que acabam
por se tornam em grandes obstáculos e ferramentas de dominação de alguns
privilegiados sobre grandes multidões de ignorantes.
Esta ultima situação verifica-se tanto no plano terreno quanto no plano
invisível que nos é próximo, e “guardiões”, “seres iluminados”, “autoridades”
visíveis e invisíveis, dentre aqueles que conseguem comunicar-se com a
psique humana, apresentam-se como representantes exclusivos das altíssimas
instâncias cósmicas, e tratam logo de complicar o acesso ao, digamos, Reino
de Deus.
Resultado: muitos de nós tratamos de nossas questões de cunho
espiritual com esses habitantes do invisível que pululam nos arredores do
espectro humano, e temos que certo de que estamos tratando com o próprio
Deus!

Quantum

“O mundo quântico opera de acordo com a física do minúsculo.”


Joanne Baker, cientista norte-americana
Quantum (Plural = Quanta): Ultra-minúsculas partículas identificáveis
(possuidoras de massa, gravidade e inércia), são unidades de matéria, força e
luz, feitas de energia, embora estas sejam de fluxo contínuo.
As quanta parecem corpos físicos, mas não de natureza como os
objetos de dimensões maiores a que estamos acostumados e ver: são ao
mesmo tempo corpúsculos e ondas de energia enredados entre si de uma
forma peculiar. Ao nível quântico, a realidade adquire características de uma
rede plena de tempo-espaço, totalmente interconectada: em um determinado
momento, quanta não está apenas em um lugar, cada unidade sua (o
quantum) está ao mesmo tempo aqui e ali, e em todo lugar, todo o tempo,
simultaneamente, de forma não real, mas potencial.
Quanta reúne um conjunto de vários estados físicos, porém, quando
observada por um humano somente apresenta-se como portadora de alguns
deles, geralmente, ou alguma de aparência física, ou alguma de algum tipo de
energia. Então, todas as unidades de quanta que compõem o grupo observado
assumem o mesmo e único estado percebido.
Para dar lugar á compreensão das características das quanta abandone
tudo o que aprendeu e assimilou até agora nos cursos básicos de física
ministrados nas escolas de 2º. Grau no Brasil, os quais são todos baseados
nas teorias clássicas de Isaac Newton: átomos, realidade física obtida a partir
de blocos de átomos de um mesmo elemento compactado compactados em
forma de moléculas, etc.
Nos últimos 50 anos, até mesmo o conceito de “matéria” já ruiu nos
centros mais avançados de estudo da física pelo mundo: estes já se renderam
mais propriamente ao conceito de “ondas” que dividem ao mesmo tempo um
sistema de coordenadas, o que inclusive as leva a se alinharem em natureza e
peculiaridades.
No mundo quântico, “partículas” não são “cavaleiros solitários”, mas
sim, entidades altamente sociáveis, tão sociáveis que buscam constantemente,
compor mais e mais, associações pertinentes com outras colegas que lhes
sejam correlacionadas e ressonantes, em todo o tempo.
Existem à vontade, nesse campo fundamental todo inclusivo de
amplitude cósmica que lhes garante todo o ambiente espacial de todo o
universo, tanto na escala intergaláctica, aquela dos confins mais longínquos
de tudo, quanto na escala quântica, a dos confins mais interiores de tudo: o
éter, ou plasma, ou... akasha. (“Éter” era uma palavra usada até o início do
Sec.XX para descrever um ambiente virtual que preenche todos os espaços,
que daria suporte a ondas invisíveis de energia de todo tipo, inclusive
espirituais – Poderíamos facilmente defini-lo como “campo de potencial
quântico.” A comunidade científica torce o nariz para esse termo. Já o termo
“Plasma” é menos repudiado, mas o mais comum é “campo energético.”)

“Big Bang” Cósmico, Pré-Espaço, Pré-“Big Bang”, “Big Crunch”,


Metaverso...

“A idéia de um “começo”, ou de “criação”, no sentido da


operação original da vontade Divina para constituir a natureza
e a matéria, está além da província da filosofia física.”
Rev. Baden Powell, citado por St.George Mivart
em “On the Genesis of Species”, tradução do autor

Neste plano em que vivemos, isto a que chamamos de universo é um


campo contínuo, com áreas de densidade variável. Nessas áreas podem
ocorrer umas distorções típicas, a que alguns cientistas têm chamado de
padrões de interferência causados por informações de natureza específica,
adequadas àquela região.
Há apenas 120 anos, as nossas mais altas autoridades científicas em
astronomia tinham como certo que a “nossa” galáxia, a Via Láctea, era todo o
universo! Hoje, sabemos que é uma das menores galáxias, dentre os milhões
delas, que cintilam no universo que o homem conseguiu enxergar com a
ajuda dos fantásticos aparatos tecnológicos que tem construído.
Acontece que também já sabemos hoje que apenas vivemos em
pequena uma região cósmica (que é o “nosso” universo), que surgiu há uns
14 bilhões de anos terrestres, quando, a partir de uma minúscula coordenada
própria, começou a inflar, a se expandir em velocidades espantosas (para
nós), enquanto as tais áreas de densidade variável que possui em seu
perímetro, às quais me referi no primeiro parágrafo acima, foram formando, a
partir de suas instabilidades e conforme a intensidade da densidade de que
cada uma foi dotada, uns zilhões de conglomerados de idem incrível
variedades de tamanhos e naturezas, a saber, desde as gigantescas (para nós)
galáxias, até estrelas de todos os tamanhos, sistemas planetários, corpos
celestes diversos, planetas, satélites, asteróides, rochas, zonas de gases, zonas
de campos energéticos mais densos e/ou menos densos de várias naturezas,
elementos, conglomerados de prótons, elétrons, nêutrons, muons, taus,
fermions, bárions, mesons, núcleons...
E umas formas mais complexas, que surgiram das combinações desses
elementos quânticos, as moléculas.
As quais, por sua vez, desenvolveram uns procedimentos de arranjo
próprio de moléculas, e que se tornaram repetitivos entre si, e chegaram
mesmo a conseguir prorrogar a operação destes procedimentos, e foram
ficando tão habilidosas nesta capacidade de prorrogação, que acabaram por se
tornar em organismos, aglomerados orgânicos, dotados daquilo a que
chamamos de vida, e que foram se tornando habitáculos para uns
conglomerados ainda mais especiais de energias, as consciências (descrevi
longamente o processo em meu livro “ENERGIAS QUE NOS
SUPORTAM!”.)
Enquanto “nosso” universo assim se desenvolvia, outros universos
foram surgindo de outras explosões, que se sucedem e criam regiões próprias,
as quais possuem suas próprias e peculiares zonas de instabilidades, de
duração variável: neste instante em que escrevo isso, em outras infinitas
regiões do meta-verso, regiões estas que necessariamente não são de natureza
física (o que é um corpo físico, senão apenas um aglomerado de energias com
uma densidade mais acentuada?.)
Metaverso seria um local onde uma incrível e incessante quantidade de
oscilações provoca uma contínua criação de universos, surgidos de explosões
de amplitudes variadas de força energética, que se expandem no vácuo de sua
própria região, as quais terão, obviamente, durações também das mais
variadas, que podem ir de desde uns milionésimos de segundo, segundo o
sistema de medição de tempo humano, até por extensões tão longas que
parecerão para nós como a própria eternidade.
Contudo, o caráter de duração limitada de cada uma dessas regiões
cósmicas é o que faz mais sentido, ou seja, primeiro, uma explosão, depois
uma expansão, no caso do “nosso” universo, segundo as teorias dos físicos
atuais, por um ou dois trilhões de anos, para depois um encolhimento e
desaparecimento, o “Big Crunch”. (*).
____________________________________________________________
(*) O “Big-Bang”, termo criado nos anos 1940, foi uma instantânea
instabilidade de caráter explosiva que teria ocorrido num período
denominado de “pré-espaço” do universo, há calculados 13,7 bilhões de anos
terrestres. O “pré-espaço” (que existiria num “Metaverso”) seria uma espécie
de oceano flutuante de energia virtual conhecido como vacuum, localizado
em lugar algum, muito diferente do que atualmente reconhecemos com o
vácuo que “preenche” o espaço sideral. Uma região do tamanho de um
milionésimo de um próton deste vacuum explodiu, num fantástico estouro
que durou um milissegundo do tempo como o medimos aqui na Terra,
criando uma bola de fogo de um tão descomunal quanto instável calor e
densidade. As partículas e anti-partículas que emergiram nesse ínfimo
instante de tempo instantaneamente colidiram e se aniquilaram mutuamente,
e aproximadamente um bilionésimo de todas as partículas originalmente
criadas sobreviveram – estas, as “sobreviventes”, um pequeníssimo excesso
de partículas sobre o número de anti-partículas, redundaram em toda o
conteúdo material que atualmente há neste espaço cósmico. Depois de
aproximadamente 200 mil anos (menos que um piscar de olhos, quando
confrontado ao tempo na escala cósmica), a radiação que dava a aparência de
uma bola de fogo “apagou”, o espaço tornou-se transparente, e agrupamentos
de materiais, condensados sob atração gravitacional, estabeleceram-se como
elementos distintos no cosmo. As primeiras estrelas surgiram 200 milhões de
anos após o “Big-Bang” e, portanto, se existissem hoje, teriam cerca de 13,5
bilhões de anos. (Nosso Sol teria 4,6 bilhões de anos). Em um espaço de
tempo terrestre de cerca de um bilhão de anos, juntaram-se para formar as
primeiras galáxias. O Universo está em contínua expansão, com seus
elementos afastando-se de um suposto ponto central, a velocidades
inconcebíveis para a mente de um ser humano comum. A teoria a respeito de
como isso tudo vai se acabar nos fala de uma “Big Implosão” (a tal da “Big
Crunch”) do Universo em que vivemos, um súbito encolhimento dos seus
limites, que deverá ocorrer em algum momento dentro de 1 a 2 trilhões de
anos. Depois disso, outro “Big-Bang”. A essa altura, já nem o
consideraremos tão “big” assim: aqui, melhor falar-se em “bang’s
recorrentes”, que ocorrem de forma cíclicas, com duração daqueles 1 ou 2
trilhões de anos terrestres. Cada vez mais falaremos também em Universos,
no plural, do que em “Universo”, no singular. Nosso universo não é o único:
provavelmente há uma miríade de universos, os quais se originam e mantém-
se num Metaverso. Essa teoria, contudo, não é a palavra final sobre o assunto,
senão, é apenas isso mesmo: uma teoria.

Teoria do Big Bang


“Após o fato eterno da auto-manifestação, o mundo encontra-se tal como
vemos: tudo é regra, ordem e forma; mas permanece no fundo aquilo que
não tem regra, como se pudesse uma vez mais irromper”
Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling,
em “Tratado Sobre a Liberdade”
Cientistas aplicados na tarefa de abraçar holisticamente os múltiplos
aspectos do universo – aspectos físicos, energéticos, morais, espirituais, e
outros, estão chegando á conclusão de que o plano tri-dimensional em que
vivemos é insuficiente para abrigar uma resposta na forma de uma equação
que seria a expressão única da totalidade das vibrações que expressam todo o
aspecto integral do cosmos.
Nem mesmo um plano espaço-tempo (quadridimensional), ou ainda,
nem mesmo um plano de 5ª. dimensão o seria capaz.
Especula-se que talvez fosse necessário o domínio e a compreensão de
10 ou 20 dimensões, a maioria delas ainda totalmente desconhecidas do
homem, para relacionar tudo o que se conhece, mais tudo o que se supõe ou
se infere, mais o que não se conhece e nem se sonha ainda acerca do
universo, para compor uma multifacetada sentença que descrevesse de uma
forma minimamente consistente a harmonia cósmica.
“Com efeito, seria impossível à fraqueza humana alcançar a série das coisas
singulares mutáveis, tanto por causa da multidão delas que supera todo
número, como por causa das infinitas circunstâncias numa única e mesma
coisa, qualquer uma das quais pode ser a causa de que uma coisa exista ou
não exista...” Benedictus Spinoza, em “Tratado da Reforma do
Entendimento”

Por certo, como dissemos, há vibrações que sequer são percebidas


pelos seres humanos, e possivelmente jamais o serão: com humildade se
reconhece que mesmo presentemente há uma miríade de fenômenos que
podem ser avaliados como anomalias são verificadas com perplexidade por
aqueles que se aplicam a observar com mais inteligência o universo em que
vivemos.
Exemplos: buracos negros, matéria escura, energia escura, matéria
invisível, partículas extra-instáveis, fenômenos que indicam possíveis
conexões coerentes no tempo-espaço-consciência, etc., etc., só para começar
a mencionar alguns.
Desde meados do séc.XX começou-se a pensar o universo como sendo
um imenso holograma (Um holograma é uma espécie de fotografia
(fotografia quer dizer, literalmente, “escrita da luz”) que produz imagem
tridimensional, e que contém bem evidenciadas e perceptíveis as informações
sobre intensidade e fases das radiações refletidas, transmitidas ou difratadas
– distorcidas - por qualquer influência externa. Em resumo, hologramas são
representações tridimensionais de objetos, vistas sob uma técnica
específica), mas, nós últimos 30 anos essa idéia tem evoluído para a
concepção do cosmo como um multidimensional holograma, com mais,
muito mais do que três dimensões, o qual, no entanto, se apresenta para um
seu observador apenas com seus aspectos mais periféricos, dando-lhe a idéia
falsa de que ele se resume em um número bem menor de dimensões.
O fato é que uma multidão de pesquisas nos grandes centros científicos
mais avançados especializados na questão cósmica aponta uma
magnificamente tão ampla quanto inesperada desconhecida forma e nível de
unidade da natureza do cosmo.
Isto tem encorajado uma grande mudança de paradigma da ciência a
respeito, por exemplo, do mundo físico, da vida, da consciência, e da própria
capacidade de “ser” do ser humano. Como diz o Erwin Laszlo, em seu livro
“The Akashic Field: An Integral Theory of Everything” (Tradução do autor):
“Quanto mais profundamente os novos ultra-poderosos instrumentos
sondam/ exploram as mais longínquas extensões do Universo (atualmente
existem telescópios capazes de captar luzes emitidas pela explosão de estrelas
que já cumpriram todo o seu ciclo existencial – as super-novas – ocorridas
em locais que estariam distantes a até 7 bilhões de anos-luz daqui – só agora
sua luz estaria chegando por essas nossas bandas), mais mistérios a serem
dissecados ele põe a descoberto.”
Mudanças de paradigmas no mundo científico são sempre muito
dolorosas, árduas e demoradas.

A Visão Mística do Universo

“... a necessidade de explicação causal por parte do homem


primitivo não é tão grande como a nossa.
Ele ainda está, por assim dizer, bem pouco interessado
em explicar as coisas, e mais em fabular.”
Carl G. Jung, em “A Energia Psíquica”

No início do século XVI, no belo litoral bahiano do recém descoberto


Brasil, contam-nos versões diversas de uma singular experiência
protagonizada pelo jovem Diogo Álvares Correia de Viana, que viria a passar
para a história de nosso país com o codinome de Caramuru (segundo algumas
versões, esta palavra quer dizer, em tupi-guarani, “Filho do Trovão”; segundo
outras, seria a palavra utilizada pelos índios para denominar a moréia, um
peixe típico das costas marítimas brasileiras), fidalgo português. Amigo dos
índios tapuias, com os quais conviveu por décadas a partir do ano de 1510,
aqueles, canibais e reconhecidos como dos mais violentos “selvagens”,
havendo inclusive o jovem lusitano tomado por esposa uma jovem
descendente dos brasilíndios, a bela Paraguaçu, em certa oportunidade, ao
entrar em disputa com seus anfitriões por causa dos despojos e de alguns
prisioneiros portugueses sobreviventes de um naufrágio nas suas encostas, os
quais o chefe indígena decretara que devessem ser mortos e devorados, e que
nosso fidalgo entendera que devia salvar-lhes a vida, acha conveniente
finalmente fazer uso de uns certos objetos salvados de um desastre anterior,
desconhecidos dos índios, a saber, um bacamarte, mais pólvora e uns
chumbinhos. Conforme o jovem português bem o sabia, coloca a pólvora na
boca da arma, soca a substância explosiva com uma varinha com uma bucha
de estopa na ponta, em seguida coloca quantidade suficiente de bolinhas de
chumbo pelo mesmo orifício posterior do cano, para logo depois empunha a
arma, olha para o céu e localiza um bando de pássaros voando, aponta a arma
na direção deles, faz a melhor mira que pode, forçando a vista de seu olho
esquerdo, e segurando firme a espingarda, com o dedo indicador direito puxa
o gatilho. Isso aciona o rústico mecanismo de detonação que está acoplado ao
fundo blindado da arma, cuja peça de metal choca-se com um outro material
igualmente metálico, que acaba por liberar uma faísca, suficiente para
alcançar a pólvora ali socada, causando pronta ignição, uma grande explosão
com estrondo impressionante e imenso estardalhaço, acompanhada de muita,
mas muita fumaça branca, a qual vaza violentamente tanto pela boca do
instrumento bélico, quanto pela parte posterior, lançando ao ar, com grande
ímpeto, uma carga das pequenas peças de chumbo que lhe preenchiam o
cano, na direção das aves que voavam. Vários chumbinhos e estilhaços
acertam os pássaros, e vários deles caem ao solo, feridos mortalmente.
Imediatamente vários indígenas presentes, valentes e intrépidos, guerreiros,
tomados de grande pânico e temor, lançam-se ao solo, com as cabeças
abaixadas, e (segundo versões) passam a gritar: “CARAMURÚ!,
CARAMURÚ!” (“Filho do Trovão!, Filho do Trovão!” – esta é uma das
versões da história) . A partir deste instante o atônito português assumiu sua
parte na história dos nativos como parente do Deus Trovão, e passou a ser
respeitado e reverenciado como aparentado e protegido da divindade.
Ora, o jovem cidadão português, portador de conhecimento prático
geral mediano da época em que vivia, pelos atos descritos acima, apenas
lançou mão com muita competência de várias ações que se valeram, com
admirável eficácia, de princípios e leis matemáticas, leis físicas, leis da
química, leis da ótica (viu-se ali, naquele pequeno conjunto de atos, exemplos
de ação da lei da expansão de gases, propagação de som, princípios
mecânicos, lei da gravidade, inteligência humana, etc., etc.). Absolutamente
todos os atos ocorridos neste minuto empreendido pelo militar em sua tarefa
valeram-se de efeitos provocados deliberadamente por ele, pois o rapaz já
tinha razoável domínio do conhecimento de tudo o que estava disponível para
si, e a lei da causa e efeito garantiu o desfecho final do fato de ter apertado o
gatilho. Resumindo: foi tudo física, química, matemática, gravidade.
Como dissemos, toda esta inusitada cena, a qual passou-se por volta do
ano de 1530, num local que anos mais tarde ficou conhecido como Vila
Velha, na capitania de Tomé de Sousa, hoje parte do território do estado da
Bahia, foi assistida com curiosidade por algumas dezenas de índios
tupinambás.
A ação do jovem lusitano foi friamente calculada, baseada somente em
seus conhecimentos práticos, os quais ativaram princípios científicos,
encetados com inteligência, e os efeitos obtidos foram planejados, previstos,
esperados, desejados, por um humano.
Porém, a leitura de toda a ação efetuada pelos indígenas, testemunhas
in loco de seu desenrolar, foi total e completamente... mística.
Aquele grupo de ameríndios atribuiu as causas, os efeitos e o êxtase
que aquela cena inusitada presenciada causou, a coisas de caráter
sobrenatural. E isso os fez desmoronar em sua inteligência primitiva e em sua
intrepidez habitual.
Alguém poderia dizer: “ - Ah, mas eram selvagens, não conheciam a
pólvora, nem o bacamarte, por isso, ficaram muito impressionados com o
que não conheciam, foram para o lado da superstição e do sobrenatural...”
Mas a verdade é que... assim, exatamente assim, são muitos
semelhantes nossos (não-selvagens), hoje em dia...
Para fins de ilustração, veja: a grande maioria de nós sabe, nos dias
presentes, que, quando em meio a terríveis e devastadoras tempestades,
nossos sacerdotes não precisam, em meio a um tenso ritual, rasgar o peito de
um ainda vivo jovem e valente guerreiro e retirar-lhe com as próprias mãos o
coração ensangüentado e oferecê-lo, ainda batendo, sobre um altar numa
montanha, para com isso tentar convencer a Deus a não destruir a Terra com
sua fúria.
Da mesma forma, quando hoje assistimos à violenta erupção de um
vulcão ativo, já há certo tempo sabemos que não há necessidade de lançar
belas mocinhas virgens, vestidas com roupas de gala como princesas da tribo
que são, de algum patamar no topo ardente da boca que jorra magma com
violência, na esperança de ver se, com esse ato tão bizarro, Deus teria a Sua
ira aplacada e Ele, aceitando o sacrifício, pararia a barulhenta, tenebrosa e
assustadora atividade vulcânica, fazendo cessar, pelo menos temporariamente
(até que, sabe-se lá por quais razões, ficasse novamente zangado com alguma
coisa, e recomeçasse suas manifestações barulhentas via o vulcão em
atividade), o tão perigoso quanto preocupante e intenso acesso de lançamento
de pedras e lava incandescente sobre a nossa bela cidade, evitando assim a
destruição de seu povo.
Concordamos que atos como os descritos nestes últimos parágrafos, tão
reais, tão verdadeiros, são sinceramente entendidos por seus praticantes como
sendo legitimamente... espirituais. Espiritualidade extremada, dirigida pelo
desconhecimento de leis naturais, físicas, químicas... levando multidões de
humanos ao terror, à destruição, à desesperança, ao sofrimento, à
infelicidade...
É lógico que, por outro lado, não podemos acampar num outro
extremo, que seria o de entender o mundo apenas como um imenso
amontoado de dados, números, equações, grandezas, proporcionalidades,
ângulos, os quais podem ser contados, medidos, avaliados matematicamente,
controlados. Como já disse o cientista, “nem tudo o que conta pode ser
contado”, e há um gigantesco desconhecido, composto de mistérios,
prodígios, de natureza diferente daquilo que confere à realidade da vida
apenas a frieza dos valores absolutos das materialidades: há a emoção, há o
amor, há a vontade, há a esperança, há a espiritualidade.
Somos espírito, a componente espiritual é nossa essência, é
indissociável, dentro de nós.
Mas, o que é matemática e ciência do material, e o que é magia e
mistério do espírito?
Será que convém procurar localizar uma suposta linha-limite entre
aquilo que é o encanto e o mágico imponderável, e aquilo que é somente o
insípido e a desesperança trazida pelos números?
Há tipos humanos que tendem a cunhar forças e fatos diferentes
daqueles inerentes ao conhecimento diário do homem como sobrenaturais,
embora sejam fatos científicos, e, portanto, como reconhecê-los como
atributos de uma típica manifestação do poder de Deus – no caso descrito
páginas atrás, a “novidade” do estranho dom do jovem branco de produzir um
pavoroso estrondo acompanhado de um raio e muita fumaça fedida,
derrubando por forças invisíveis – já que os índios não viram os pequenos
pedaços de chumbo que haviam sido cuspidos pela boca do pavoroso
instrumento - os pássaros que por ali passavam perante os valentes, porém,
impotentes Tapuias, só poderia significar que Deus – Tupã, para eles – tinha
dado o ar de sua graça ali naquele momento. (A leitura que puderam fazer
quando confrontados com esse ato na verdade tão prático foi a de que havia
ocorrido uma epifania ali...)
No início, há dezenas e dezenas de milênios, assustadas mentes
primitivas desprovidas de conhecimento e cultivadas em meio a ignorâncias
místicas corriam para chamar fatos e acidentes naturais que lhes fugissem do
controle e da compreensão como atos de algum Deus , que
momentaneamente estivesse irritado com alguma coisa e, em conseqüência,
fazia, por exemplo, um vulcão entrar em erupção, ou uma tempestade
aparecer e destruir tudo o que estivesse pelo caminho, ou um chão se abrir em
meio a um terremoto e engolir coisas e pessoas, etc. Daí, os primeiros deuses
eram sempre ligados a acidentes naturais. Infelizmente, como temos
defendido e demonstrado aqui , ainda hoje, em certa medida, nos chamados
meios civilizados, a leitura efetuada por muitos não mudou muito...
Há pessoas, não poucas, que são dotadas de forma inata de uma pré-
orientação para a religiosidade superficial.
Essas pessoas não desejam entender a vida: ao invés de procurar
descobrir e entender as leis da natureza, as quais são simples e lógicas, para
então, através de dominá-las e usufruir honestamente da dádiva e do bem de
se estar vivo, antes, querem é subjugá-la (dispensam e abandonam essa
“tarefa”), procurando incessantemente por aquilo que chamam de “milagres”,
estes, necessariamente com indefectível aspecto de mágicas; querem algum
tipo de atalho. Pessoas assim desistem de aprender a vida, e acabam por
passar quase incólumes pela fantástica experiência da vida.
Isso é a perversão do ingresso em um processo de automatismo
psíquico – seu espírito, havendo sido tolhido quanto à sua plena exposição e
absorção de sensações, percepções, impressões, sentimentos, competências
intelectuais, anula-se, torna-se cauterizado, em um nível baixo e totalmente
nocivo ao indivíduo, o que acaba sendo determinante para um verdadeiro
aborto existencial da pessoa, pois ela simplesmente abandonou (bloqueou?) o
processo de construção pleno de sua consciência, que seria realizado por
meio da exploração dinâmica de suas potencialidades imensas, em prol de um
mero adormecimento, uma hibernação que durará, para muitos, até o dia de
sua morte.
Passarão pela vida, como já se referiu o filósofo, “... com a alma
absorta no egoísmo animal...”.
Esse processo é continuamente retroalimentado em massa até hoje no
ocidente, quando uma mensagem de dois mil anos, em sua origem passada a
mentes primitivas e supersticiosas, portanto, à época, levada a cabo com
eficácia por meio de parábolas, imagens representações, misticismo, símbolos
e o chamado véu do mistério, continua sendo, por meio de dominação e
sempre do mesmo jeito, enfiada à força na mente de pessoas que são mal-
informadas desde o nascimento quanto à sua real grande natureza.
Culturalmente condicionados pelos limitados textos bíblicos aos quais
são acorrentados desde poucos dias após o nascimento, os quais criam e
mantém sob seu julgo de crenças cristalizadas dezenas e dezenas de gerações
de semelhantes nossos que, seja de bom grado, seja por uma configuração
subserviente inata de suas personalidades, seja por mero comodismo e
preguiça, submetem-se a um domínio de um sistema repleto de lacunas, de
não-respostas, ou mesmo de respostas desprovidas de qualquer inteligência
ou até de algum sentido. (Como alguém já o disse: “ ...e a hipocrisia e a
imbecilidade se ocultam em toda parte sob essa santa etiqueta...”).
No Brasil, onde prevalece fortemente a mentalidade de país-colônia,
particularmente estamos tão condicionados, mesmo, temos nosso pensamento
tão cativo pela cultura espiritual hebraico-cristã que, sempre quando vemos a
descrição de fatos da vida sob uma ótica que não utilize figuras e símbolos
desta corrente, corremos para classificá-las, quase inconscientemente, como
“demoníacas”, fato retroalimentado sem pudores por “líderes” espirituais
dessa vertente muitas vezes irracional, eles mesmos mestres do engano, pois
chafurdam no equívoco.
Não raro, mesmo sob discurso de submissão ao Espírito de Deus (um
Deus que não compreendem muito bem – talvez aqui seja melhor referir-se:
ao que pensam ser Deus), na verdade são totalmente subordinadas às paixões
dos homens, infelizmente, de preferência, as mais baixas: o orgulho, a cobiça,
a inveja, a necessidade de se sobressair, a necessidade de aparecer, a
necessidade de dominar...
Profetas de uma fé infantil, que contrapõe as pessoas a buscarem uma
inteligência franca e honesta e adulta e consciente, a primeira coloca as
pessoas incautas sob o domínio de gente desonesta, por aquelas razões
elencadas no parágrafo anterior, ou até por outras razões mais mesquinhas
ainda, as quais mistificam desnecessariamente os fatos maravilhosos da vida,
estes, que se revelam por meio de uma imensa variedade de fenômenos, tão
amplos e maravilhosos que bem podem deixar boquiabertos, e até
desanimados, esse ser magnífico que é o humano. Antes dirigem-nas aos
caminhos pantanosos da ignorância, e do sono existencial.
“Praticantes” de uma “espiritualidade” – desculpe-me o leitor pelo
excesso de aspas, mas entendo que é absolutamente necessário o uso deste
expediente para informar a ilegitimidade de suas idéias e atos – que abafa a
Inteligência, de fato abandonam a impressionante competência da
compreensão que lhes foi dada como uma dádiva pela natureza, e optam por
serem parvos e estúpidos...
O resultado: Muitos chegam ao fim da vida questionando a finalidade e
a serventia de sua vida.
“Quem vive satisfeito com a pequena visão que domina, poderá saciar-se
durante algum tempo, mas corre o risco de encontrar grandes desilusões,
logo que chegue a mudança da morte.”
– Ubaldi, obra citada (1)

Mas cada indivíduo assim encontrado tem, sim, sua própria parcela de
participação nesse processo castrante.
Uma pessoa que tenha a mente primitiva não tem tanta necessidade de
explorar as causas das coisas. Antes procuram e mesmo satisfazem-se com
fábulas e alegorias inconclusivas: encontrando-as, abandona-se e descansa
em meio a certezas frágeis e fictícias. Para falar em português claro: aquilo é
uma bobagem, uma baboseira, que nada representa, mas a pessoa assume a
coisa como algo significativo que ela não sabe exatamente o que poderia ser,
embora o efeito real seja o de colocar a vida dela em compasso de espera, em
estagnação...
A grande massa da civilização ocidental está cativa, sob grilhões, há
1.700 anos. Foi perversamente mutilada em seu espírito, incapacitada em sua
inteligência, e não há qualquer perspectiva de se libertar, pois sequer percebe
que é prisioneira. Há 500 anos, passou por um súbito despertamento (Vide
Capítulo sobre “Despertamento” ao final deste livro), mas virou-se para o
lado, e dormiu de novo.
Experimentam a vida através de coando-a por um filtro de crenças
frágeis de preconceitos, ignorâncias e mesquinharias locais, as quais podem
mesmo cultivar por toda uma existência. Urge experimentar o encanto da
vida diretamente.
A verdade é que, para o ser humano, o inconcebível ainda é logo ali. A
consciência humana é uma fase, apenas. Como a conhecemos hoje, em
termos cósmicos, ela apenas acabou de começar, o homem acabou de nascer.
E parece que logo vai se acabar.

A Visão Física do Universo

“Conhecer “a mente” de Deus é aceitar o que o


Cosmo nos revela: intenção e consciência.”
– Pérola Bensabath, em “Só Pérolas”

Até o início do Sec.XX, os astrônomos mais avançados do planeta


estavam crentes de que a Via Láctea, a galáxia onde moramos, era o fim de
tudo o que havia no Universo, e que após os seus limites, era só o próprio
espaço vazio e infinito.
A partir dos anos 1950, essa mesma classe de pesquisadores passou a
nos informar que na verdade nossa galáxia é apenas mais uma, em meio a
vários bilhões delas, e a nossa é até uma das mais pequeninas.
Nos últimos 30 ou 20 anos, ampliou-se em muito o conhecimento e o
entendimento, havendo surgido a necessidade de se reconhecer o conceito de
“Metaverso”: um muito mais vasto, complexo e fundamental ambiente
cósmico, capaz de não só conter integralmente o nosso próprio bom e velho
Universo, mas também, abrigar uma multitude de planos e universos; é o
local que abrigou o já mencionado “big-bang” (“Grande Explosão”) que teria
originado este nosso universo há 13,7 bilhões de anos terrestres.
A partir da “Grande Explosão”, o universo se expande em todas as
direções. Esse seu processo inflacionário, como é chamado, perdurará por
cerca de 1 ou 2 trilhões de anos, e então entrará num processo inverso, um de
“rápido” encolhimento, um colapso, uma “Grande Implosão”, uma volta ao
quântico tamanho inicial, tudo o que conhecemos contido novamente em um
espaço do tamanho de um próton, para depois explodir novamente, fazendo
surgir um novo universo.
O tamanho atual do “nosso” universo deve ser entendido dentro de
distâncias que necessitem de bilhões e bilhões de anos-luz para serem
percorridos. Vemos somente agora a luz emitida por uma estrela que está tão
longe que a emitiu há bilhões de anos. (Eis aí um exemplo de conexão entre
passado e presente.)
Consegue imaginar isso?
Essa é uma teoria de alguns físicos modernos.
E isso tudo abre a perspectiva de que o fantástico processo de explosão
há cerca de 14 bilhões de anos terrestres, dando origem ao nosso querido
universo como o conhecemos hoje, longe de ser o único, foi apenas o mais
recente, de vários outros similares que tem ocorrido infinitamente de tempos
em tempos, numa seqüência sem fim de explosões e implosões, encerrando,
cada ciclo desses de épocas cósmicas que se sucedem.

A Visão Quântica do Universo

“O universo dos físicos modernos parece-se


mais com um imenso pensamento, do que com
uma gigantesca super-máquina...”
James Jeans, Astrônomo inglês

Na teoria do físico David Bohm, as ondas quânticas surgem com


propósitos, e com um potencial de um profundo e não observável domínio do
cosmo (Ele designou esse potencial com a letra “Q”): a indeterminância e o
comportamento errático das partículas (entropia) seriam apenas
interpretações imprecisas, conseqüentes de uma percepção superficial feita
pelos instrumentos atuais humanos, enquanto que num nível mais profundo a
razão de suas existências já estaria determinada por aquele potencial
quântico, o qual gerencia uma espécie de “ordem implícita”, que nada mais é
que um abrangente campo holográfico onde os estados das quanta são
permanentemente controlados.
Já a não-localidade é um tipo de correlação instantânea de todas as
coisas – por isso, a “coisa” parece estar em todo lugar ao mesmo tempo, e
simultaneamente em lugar algum.

Logos

“A consciência de um poder inescrutável que se manifesta para nós além de


todo o fenômeno tem se tornado sempre mais claro; e deve eventualmente
ver-se liberto de sua forma imperfeita de ser percebido.” – Herbert Spencer,
em “First Principles”, citado por St. Georges Mivart em “On The Genesis of
Species” – tradução do Autor

Logos = palavra grega, significando expressão com justeza, coerência,


apropriação, evolução seqüencial.
Esse conceito de Platão, aplicado ao esoterismo, assimilado com ou
sem conhecimento de causa através dos tempos pelas várias correntes de
pensadores de vieses espirituais de todos os tipos, como as diversas correntes
de cristãos, os diversos ramos dos budistas, e vários dos hinduístas, e os
teosofistas, esses, auto-definidos como filósofos espirituais, além de muitos
outros, levaram à idéia dominante em boa parte da atual civilização global de
um princípio eterno, único, infinito, sempiterno, que navega em meio a uma
ordem suprema, primordial, absoluta, detentora do controle subjetivo da
plenitude tanto da realidade manifesta como também de todos os substratos
subjetivos de todas as coisas de todos os tempos.
Trata-se de uma abrangente existência, absoluta, plena, ao mesmo
tempo manifesta e imanifesta, possuidora de todos os atributos e, ao mesmo
tempo, de nenhum, simultaneamente perfeita consciência e inconsciência, a
causa sem causa, inominável, infinitamente o si mesmo, o infinito e ilimitado
não-ser.
O logos é a expressão objetiva desse absoluto subjetivo, é o próprio uni
(=único) verso (=palavra) em seu impessoal impulso eterno, que avança no
silêncio, impelindo eternamente, de forma automática, rigorosamente dentro
dos rigores e limites de uma certa, digamos, lei, a qual é operativa, os ciclos
também eternos de todas as coisas.
Logos não é uma pessoa: é um princípio.
O logos é o próprio princípio, a própria causa primária da existência, e
é a própria trajetória da existência de todas as coisas, em todos os tempos.
O logos universal, que não é um ser, não é uma entidade, contém (e ao
mesmo tempo “é”) os potenciais, contém (e ao mesmo tempo “é”) os planos,
contém (e ao mesmo tempo “é”) os padrões das diretrizes que garantirão a
construção e mesmo a manutenção das coisas.
Não teria, esse Princípio Sempiterno, qualquer plano em especial,
senão o somente “ser”, infinita e eternamente.
Esse conceito acerca de um “princípio movente” foi concebido na
Antiguidade mais longínqua, retomado, considerado e revigorado por Platão,
que lhe cunhou “logos” e posteriormente analisado e debatido por Pitágoras,
portanto desde há 2.500 anos, e, devido ao período de dominação imposto aos
judeus pelos gregos (do Séc.IV aC. ao Séc.II aC.) foi disseminado em meio a
alguns grupos dos descendentes de Abraão, tendo sido amplamente
assimilado por Jesus, o chamado Cristo, o qual, utilizando-se de terminologia
e figuras de linguagem que faziam parte das tradições hebraicas, transmitiu a
idéia de um de um Deus-Pai a alguns de seus discípulos diretos.

Logos Solar

“A matéria é, em todas as suas formas (até nas menores), sustentada, guiada,


organizada pelo espírito que em diversos (diferentes) graus de manifestação,
existe por toda a parte... é a unidade da vida que emana de todos os seres,
desde o mineral até outras formas mais complexas (no nosso caso, o
homem), em troca de interdependências “numa lei comum” – Ubaldi, obra
citada (1)- Notas do Autor

Somos sustentados dentro de um sistema físico/ energético/


moral/ inteligente, o Sistema Solar: a vida do planeta se expressa por meio de
uma complexa força moral, inteligente, física, que em algumas terminologias
dos últimos 100 anos tem alcunhado, não sem muita controvérsia que parte
de várias correntes espirituais, pseudo-espirituais, científicas, pseudo-
científicas, religiosas, filosóficas, etc., de “Logos Solar”.
O princípio e a inspiração deste sistema é local, aliás, o mesmo do
“Logos Planetário”, acerca do qual discorro a seguir, somente, é mais
abrangente, já que este zela pela integridade de um conjunto muito mais vasto
de elementos que trocam fenômenos, interagindo dentro da esfera de
influência do nosso astro-Rei.

Logos Planetário

O planeta Terra (assim como todos os planetas, idem os astros de todos


os tipos) é uma entidade viva, que se sustenta e à sua identidade em meio a
um espectro maior de expressão vital de características próprias, estas,
absolutamente diversas das formas como um humano é condicionado a
perceber e, portanto, assimilar e aceitar.
No caso de um planeta, por se tratar este de uma manifestação objetiva
limitada no espaço e no tempo (ao contrário da manifestação existencial
referente ao universo, que seria sempiterna), carente de permanência sob
certas propriedades e competências peculiares, uma vontade criativa cósmica,
um logos planetário, um princípio de permanência e evolução contínua de
caráter já agora um tanto diferente daquele princípio absoluto, acompanha a
trajetória de cada um desses corpos celestes (a literatura teosofista não faz
menção a esse “logos planetário” – este conceito surgiu da evolução de idéias
de pesquisadores da história das raças espirituais.)
Logos planetário, então, é a “alma do planeta”, ao qual anima e
fornece energia organizada e com propósito, o propósito de estabilidade,
idem de continuidade e suporte à vida local.
Este chamado logos (plural = “logói”) planetário é um princípio
movente local e temporal, como já mencionei acima: por isso, sua natureza é
diferente daquela do logos universal: os logói planetários se tratam de
conjuntos separados de seletas manifestações de personalidades invisíveis,
muito reduzidas em número, cujas influências abstratas dão suporte à
permanência de um planeta, em todos os seus aspectos necessários, sejam
conhecidos de nós ou não, a saber, físico, moral, temporal, e outros.
Tudo o que existe em termos planetários, somente existe nos seios dos
próprios logói planetários, cujas próprias capacidades, propriedades,
faculdades, dimensões, competências, formas de expressão, tão mais amplas,
tão mais dotadas de aptidões para abraçar informações de todo desconhecidas
dos humanos os fazem parecer, para nós, que presentemente vivemos
confinados neste mundo da 4ª. Dimensão, em nada mais que uma
impressionante fonte de maravilhas.
Suas prerrogativas de expressão possuem componentes e valores, tanto
os conhecidos amor, bondade, justiça (embora estes se expressem sob
parâmetros muito diferentes dos nossos), como também expressões de coisas
que são no presente momento absolutamente desconhecidas da personalidade
humana; por isso, sequer as reconhecemos ou mesmo supomos ou
imaginamos quais sejam, mas as inferimos, pois... o gigantesco planeta Terra
(gigantesco para nós!) vive maravilhosa e esplendorosamente!
Tais manifestações seriam originárias de existências que se organizam
e sobrevivem na 6ª. Dimensão.
Suas personalidades dariam estabilidade e também suporte a um
movimento de evolução das fases de um planeta, favorecendo a permanência
de um certo movimento de desenvolvimento do ambiente e das espécies
(logicamente, de forma paulatina, por meio de um lento processo de expansão
vibratória, observado através da passagem das centenas de milhões de anos
terrestres, a qual se dá em várias matizes; essas faculdades, vão se
transferindo, de forma inquietante, ao que parece, ao bicho-homem, que
parece ser a bola da vez na aposta cósmica relacionada ao planeta Terra, por
meio de um incremento e sofisticação da configuração humana, tanto física
quanto psíquica, que vai sendo modificada, ainda que, reforço, lentamente,
muito lentamente, ao longo das centenas de milênios, ao longo dos milhões
de anos.)
E o centro do modelo humano de vida vai se movendo – diz-se que já
houve miríades de formas de se ser humano, ao longo das longínquas eras:
vide capítulo “Evolução dos Humanóides”, neste mesmo livro - , refinando-
se, o mesmo acontecendo com outras formas de manifestações energéticas
dotadas de sensibilidade, de capacidade de percepção, de relativa inteligência,
manifestadas ou não em conglomerados densos (físicos), ou seja, de desde os
nanodimensionais léptons, até as imensas galáxias; no intervalo entre esses
dois extremos de grandezas existenciais, obviamente, estão incluídas todas as
coisas.
No caso da Terra, o nosso querido planetinha, a nossa querida mãe
Gaia, havendo adquirido personalidade de entidade bem distinta neste
universo há cerca de 4,5 bilhões de anos, desde então se tem sustentado em
órbita da estrela-mãe, que é o Sol, de quem recebe quantidades astronômicas
de energia sem cessar, em uma trajetória coerente, com atividades físicas
perfeitamente esperadas, as quais influenciam todas as formas de vida que
carrega, que lhe reagem, inclusive moralmente. E os seres que a tem
habitado em suas várias fases, em sua imensa variedade de intensidades de
ser, na verdade, são ela, são a própria Terra, fazem parte orgânica dela.
Há formações rochosas que dividem conosco a expressão do planeta
Terra que estão por aqui há mais de 3,5 bilhões de anos, e, portanto
colaboram com sua parte, através de sua estabilidade, para a manutenção das
condições climáticas, atmosféricas, químicas, orgânicas, as quais têm
mantido a cara de nosso planeta.
Mesmo que não sejamos, como de fato não o somos, cientistas
especializados, observamos uma clara tarefa incessante de autocontrole
consistente da dinâmica de sua biosfera e ecologia, oriunda aparentemente de
uma espécie de autoconsciência do próprio planeta.
Tomo emprestado aqui o conceito elaborado pelo biólogo britânico
Rupert Sheldrake, o de “Campos Morfogênicos”: é uma teoria científica que
sugere que esses campos seriam os ambientes que responderiam pelas formas
individualizadas e estáveis das coisas na natureza, e corroboraria as idéias dos
estudiosos mais avançados na questão da consciência, as quais têm mais e
mais reconhecido que “consciência e inteligência criativa são importantes
atributos primários de toda a existência.”
Como já disse, é muito fácil sair do raciocínio dentro das prerrogativas
da própria coisa (o logos, a lógica), e embarcar no campo especulativo da
“espiritualidade”, aqui assim, entre aspas, para indicar na verdade uma
pseudo-espiritualidade, já que descamba rápida e despudoradamente, sob a
direção dos esquisitotéricos (Nos verdadeiros delírios que pululam em
algumas das profícuas e incontáveis associações de práticas esotéricas – no
caso, essas, mais propriamente “esquisitotéricos”, como alguém já se lhes
referiu – que proliferam aqui em Pindorama), para as superstições, num
fantasioso mundo de incontáveis seres mágicos ascencionados, em geral
sempre muito piegas, uma festa de anjomania, que deságua sempre num
pequeno, simplificado e polarizado sistema de bem e mal bem definidos
(simbolizados de forma fantástica pelas figuras populares de fadas, dragões
do bem, dragões do mal, cavalos brancos alados, homens de cabelos e
barbas brancas, uns tipos barbudos e cabeludos vestindo túnicas brancas e
calçando sandálias vazadas portando espadas que soltam uns raios de certas
cores, conforme sejam raios de amor, de bondade, de justiça, para não
avançar para o lado de unicórnios e outras manifestações de seres mágicos,
que bem podem impressionar princesinhas indefesas, que acham natural que
as leis eternas possam e devam ser desrespeitadas sem pejo para lhes
acariciar os coraçõezinhos ingênuos mencionados – discorri longamente
sobre esta forma de encarar o problema do Bem X o Mal em meu livro “O
BEM E O MAL – Origens e Conseqüências da Polarização”; em outra parte
deste mesmo livro também abordo este mesmo assunto).
E, uma vez alguém adentrando nesse sistema nada esclarecedor, antes
cômodo de fugir do enfrentamento das essências das coisas, todo o potencial
de mais uma vida humana pode ser simplesmente sabotado; 80 anos
certamente se irão inutilmente.
Qual seria então, se é que há algum, o papel do ser mais inteligente
deste plano, o ser humano, nesse processo todo?
Bem, há aqueles de nós que nos auto-conferimos atualmente (nós, o
tipo nitidamente humanóide, havendo surgido, como já afirmei aqui mesmo
nesta obra, há pouco menos de 4 milhões de anos, após sucessivos
aperfeiçoamentos físicos e psíquicos, nos últimos duzentos mil de anos
destacamo-nos do restante das criaturas por aqui) o status de parte principal
num processo de evolução contínua.
No que diz respeito à nossa relação com nossa casa, o planeta Terra,
qual nossa participação real?
A nós, humanos, incumbiu-se o papel de sermos co-autores, co-
trabalhadores, co-construtores de realidades objetivas.
Seríamos, hoje, em relação à Terra, uma espécie de sistema nervoso do
planeta? Ou seríamos na verdade uma doença, um vírus em sua superfície?
“... Digo-lhe a verdade: tenho um apreço tremendo pelas minhas
idéias e pelo meu trabalho, mas, na realidade, pense no seguinte: todo este
nosso mundo não passa de um pequeno bolor que cresceu na crosta do
planeta. E pensamos que pode haver em nós algo grandioso, idéias, obras!
Tudo isso são grãos de areia...”
Citado por Leon Tolstoi, em Anna Karenina

As duas hipóteses são consideradas.


No primeiro caso, a missão do ser humano então seria a de planejar e
cooperar na evolução de Gaia, esta, um ser vivo.
Já na segunda hipótese, o planeta vivo trataria de nos eliminar, tão logo
entendesse que nos transformamos em uma ameaça à sua existência.
Vale lembrar que o processo de surgimento e extinção de espécies
sempre existiu de forma intensa por aqui (estima-se que ao longo de seus 4,5
bilhões de anos tenham existido e extinguido na Terra mais de 500 milhões
de espécies de animais e outros seres vivos, a maioria desaparecida sem que
se encontrem quaisquer vestígios atualmente), e o bicho homem, quando for
extinto – isso acontecerá um dia, mais cedo ou mais tarde: o ser humano é tão
suscetível à extinção como qualquer outra forma de vida do planeta, basta
que se mudem as condições ambientais para uma que lhe seja nociva, e
desapareceremos, sendo substituídos por formas orgânicas então mais
adequadas às novas situações - , apenas se somaria às outras formas que
foram criadas e eliminadas sem deixar rastros.
“O mundo começou sem o homem, e acabará sem ele.”
Claude Levi-Strauss – Escritor

Os Reinos Vitais da Terra

"No primeiro dia da fundação do mundo,


o princípio ativo era a palavra de Deus,
que produziu animais de elementos materiais,
seja realmente ou virtualmente.”
Tomás de Aquino, em “Summa Theologica”

Os corpos físicos dos animais (aí se incluindo o homem) e dos vegetais


da Terra são aglomerados densificados de materiais bem abundantes na
natureza de nosso planeta: carbono, magnésio, cálcio, fósforo, enxofre,
nitrogênio, hidrogênio, silício, cloro...
No momento em que as células, ou melhor, no momento em que os
aglomerados de células desses materiais, as moléculas, são introduzidas no
interior do corpo orgânico individual, seja animal, seja vegetal, geralmente
pelas vias naturais da alimentação, ocorre um fenômeno de assimilação
intensa e dinâmica deles, e aquele elemento até então meramente químico,
subitamente é convocado para fazer parte de um processo orgânico, que tem
vida!
Cada molécula de mineral assim assimilada tem então sua atividade
atômica em muito acelerada pela corrente vital, e é aliciada por uma
excitante, alucinante e complexa dança, a dança da vida orgânica, envolvida
sem poder recusar-se que está pelas novas e diferentes modalidades de
vibrações que dão suporte aos reinos animal e vegetal, tão mais intensos que
as verificadas no reino mineral de onde veio e onde até agora havia hibernado
por milhões, bilhões de anos.
Os reinos orgânicos onde agora participa são bem estabelecidos,
embora instáveis, marcados pela sujeição à falência, falência rápida para os
padrões minerais (uma célula do corpo humano, que é onde a molécula do
mineral é instalada para co-participar de todo aquele fervente processo vital,
pode, no máximo, viver por onze meses, dependendo do tipo de tecido e do
órgão vital que compõe. Quando uma célula morre, seus restos mortais –
compostos de moléculas de átomos de vários tipos de minerais e gases, de
material orgânico imprestável para o corpo em questão, são eliminados na
forma de toxinas, filtrados por órgãos próprios do corpo, como rins, pulmões
e fígado, voltando então à natureza.)
Inclusive, um ser orgânico pode cessar suas atividades, pela morte, a
qualquer momento, ao contrário por exemplo de uma rocha, que também é
composta de um imenso aglomerado de moléculas de certos materiais,
conforme o seu tipo. A rocha é dotada de estabilidade vibracional, a qual
perdura por muito, muito tempo – há rochas na Terra quase tão “velhas”
quanto o próprio planeta, existem há dois, três, três e meio bilhões de anos,
enquanto que o complexo orgânico de um ser vivo animal perdura por no
máximo por 200 anos (há formas orgânicas animais que vivem por algumas
horas ou dias apenas), e alguns tipos raríssimos de vegetais podem, quando
muito, pouco ultrapassar os mil anos de vida, antes de entrarem naquele
intenso processo de desagregação, que é a morte.
A vida orgânica é marcada, dentro de sua peculiar atividade tão
intensa, pela imensa fragilidade de seu processo existencial...

A Vida de Nós, Humanos

“O ser humano é complexo mesmo... parece uma rede de energias


que não acaba mais.. como o campo psicológico é aberto!”
Margarida Quintal, uma Moçambicano-Brasileira

Quando nascemos (renascemos) neste mundo, nossa camada de


consciência de superfície, nosso ego, é totalmente novo; ele, o nosso ego,
sim, é uma criança recém-nascida, mas nossas camadas mais interiores de
consciência trazem uma bagagem sólida, pesada, cumulativa, composta do
conjunto de nossas particulares impressões e sensações anteriores, que foram
se sedimentando em nossa centelha essencial de consciência particular em
longo processo, assim formando demoradamente a nossa personalidade mais
essencial... isso é o que chamamos de “a natureza da pessoa” – constitui o seu
arquétipo pessoal, e toda a leitura de tudo o que ela perceber na vida será
sempre interpretado segundo os seus particulares juízos quase petrificados
nos profundos sulcos de seus trilhos já tantas vezes cruzados.
Consciência é um mundo à parte da realidade do mundo “material”: a
natureza disso a que chamamos de consciência é diferente da natureza
daqueles outros fenômenos, aqueles que são subordinados à movimentação
de elétrons para se manifestarem: a consciência não depende de
movimentação de cargas elétricas para existir (o cérebro do corpo físico, que
opera, este sim, por meio de evolução de cargas elétricas, é apenas o
instrumento físico temporário de ligação da representação da consciência, a
qual se manifesta em um plano abstrato, com a ilusão do fenômeno, este,
manifestando-se neste plano “físico” – a consciência existe com ou sem o
cérebro físico) ; a consciência é uma energia que possui atributos e
faculdades que a colocam à parte do mundo do fenômeno.
É o lado de dentro de cada um de nós, um lado virtual, inteligente,
administrador, que vê potencialidades, que administra possibilidades,
enquanto o mundo material, o mundo manifestado em coisas, pessoas,
espaço, tempo, movimento, é todo o lado de fora...
Percebemos o ambiente sempre como se ele fosse um “lado de fora”.
Por isso, parece que sempre observamos as coisas do mundo material a partir
de um lado diferente de onde ele se manifesta, sempre a partir dessa espécie
de recôndito, em uma câmara privilegiada que nos permite assistir a tudo a
partir de um ponto exterior a esse tudo, enquanto o mundo material é o
mencionado lado de fora.
Nosso cérebro cria uma ilusão, a de que somos eternos observadores,
sempre distintos do que está continuamente ocorrendo em nosso arredor, e
que estamos fora das cenas que vão se apresentando sucessivamente a cada
instante em nossas vidas, na qual podemos interferir, sugerindo (ou não
sugerindo), muito pontualmente, esse ou aquele elemento...
Estamos de fato muito ligados à cena em que fomos colocados
instantaneamente na posição de assistir: justamente por causa da nossa
consciência, a qual nos permite perceber a cena do lado de “fora”, acabamos
que nós somos a parte central da cena, somos justamente a parte que sempre
vai dizer, mesmo inconscientemente, o que deve acontecer a seguir! (A
“cena” que se apresenta para nós não passa de uma sucessão contínua de
possibilidades, e a possibilidade que vinga, ou seja, a aparência do que vai
acontecendo em uma sucessão de cenas, é simplesmente aquela que é a mais
coerente, segundo a nossa consciência. Não há saltos inesperados entre um
momento da cena e o momento seguinte, a sucessão de acontecimentos na
cena que observamos não se apresenta fragmentada para nós. É o que os
físicos modernos chamam de “continuum”. Esse “continuum” é a ilusão
criada pela nossa consciência, é uma aparência, e é a ferramenta da qual a
consciência se utiliza para criar a sensação de tempo e espaço, o que cria a
sensação de sentido neste plano para nós, aqueles aos quais foi dada a
condição de estarem por aqui agora.)
Pergunta: Por que todo mundo vê a mesma cena? (Nota: nem todo
mundo vê a mesma cena!)
Resposta: Porque, em uma instância profunda de consciência, “somos
todos um”, uma única consciência primordial! Pense nisso.)
Nós, ocidentais, não somos orientados, já há muitos séculos, há várias
dezenas deles, na arte de procurarmos efetuar, por parte de nossa consciência
de superfície, uma leitura dos nossos arredores dentro de princípios de
coerência mais ampla, onde tudo estaria integrado num sentido maior,
inclusive nós mesmos. Por isso, nossa visão geralmente faz uma leitura
meramente material de tudo, e que é afinal uma leitura de péssima qualidade,
e que também é uma leitura só das aparências dos fenômenos.
Então, quando alguns aspectos extravagantes àquilo que estreitamente
costumamos esperar como sendo a realidade se apresentam acabam por nos
assustar, não temos explicações minimamente aceitáveis por nós mesmos
para eles, mesmo para os mais simples deles, e a psique infantil de nosso ego
parte para buscar respostas e soluções nada efetivas, mas que julgamos como
sendo as mais adequadas: estas incluem desde o ignorar o fato – muitos de
nós adoramos fazer isso - , até algumas mais desesperadas, como a
mistificação em vários níveis e vertentes, e a transformação em superstições e
estórias fantasiosas, que podem enveredar pela mágica e por práticas
esquisitas, que não nos ajudam em nada a trafegar pelo eixo mais objetivo da
existência que nos foi conferida.
Nosso padrão pessoal de vibrações de certa natureza que lançamos no
ambiente sem cessar e que carregam a nossa identidade, favorece a “atração”,
por ressonância, de situações, elementos, pessoas humanas, animais, e formas
de outras naturezas, que se combinem de alguma forma com as nossas
próprias coerências, as quais foram sendo compostas em evoluções de
numerosos turbilhões de vibrações (na forma de vórtices) que surgiram a
partir de nossos pensamentos, principalmente a partir dos pensamentos
recorrentes oriundos de camadas mais profundas de nosso espectro pessoal de
consciência.
No campo de consciências do invisível de vários tipos, então, umas
entidades, aquelas de padrão semelhante (ou, pelo menos, de padrão
ressonante) de vibrações ao nosso, em virtude de semelhança e equivalência
de nossas costumeiras emanações oriundas de nosso próprio aglomerado
energético individual, acabam por compor, juntamente com vários outros
elementos de várias outras naturezas, os nossos arredores invisíveis.
A leitura que efetuamos das manifestações a partir do invisível que se
dão em nossos arredores é profundamente prejudicada pelo seguinte: na atual
civilização ocidental, um desnecessário misticismo ritualístico e midiático
muitas vezes tem tomado o lugar da autêntico e genuíno propósito inicial de
consideração do sagrado e sua incorporação ao nosso rol de elementos que
elegemos como sendo importantes ao desenrolar da vida humana. (Há
estudiosos da alma humana que afirmam que os “sagrados” são meramente
símbolos assumidos pela cultura quanto à existência de fatos extraordinários,
e são frutos de construções mentais derivadas da conjunção da angustiante
ausência de explicações para o propósito da vida com a observação de
fenômenos metafísicos.)
Infelizmente, é necessário que se diga que a predominância da
espiritualidade entre nós é daquela em que os seus agentes “jogam” para a
platéia, aquela onde as pessoas querem mostrar e demonstrar para as outras
que ela própria seria alguém dotada de grande espiritualidade: aquela que o
próprio Jesus, o chamado Cristo, censurou, a dos falsos, que gostam de
ocupar os primeiros lugares nos bancos dos templos, e de gritar seus
compromissos para com a divindade para que os outros ouçam.
Esta é, como diria o rei Salomão, uma vaidade, uma demonstração para
os outros de que se é espiritual e de que se comunica com Deus diretamente,
e com fervor: uma espiritualidade exterior, falsa, que bem merece ser
chamada de “espiritualidade”, assim, entre aspas. A espiritualidade
consciente é interior, é introspectiva, é uma “conversa” particular e intensa
somente entre a pessoa e Deus, ou, pelo menos, com aquilo que ela considera
que possa ser Deus.
O desafio daquele que desperta é libertar-se das aparências da verdade,
que são superficiais e inconclusivas, para conseguir distinguir a essência da
vida, experimentando verdadeiro avanço existencial...

A Alma

“.. entidades obscuras, como a força vital... Coisa curiosa: os fenômenos...


do espírito tornam-se inteligíveis apenas supondo-o produzidos por forças
ininteligíveis e governados por leis contraditórias...” Justus Von Liebig, em
“Anais de Química”, citado por Proudhon (Obra citada) e Carlos Augusto
Proença Rosa (História da Ciência), adaptado.

A alma, não só a dos seres humanos, mas a de todo ser orgânico, é uma
altamente individualizada complexa forma de energia... como já mencionado
neste livro, as leis cósmicas que lhe garantem suporte, personalidade,
estabilidade e permanência são de natureza em muito diferentes e muito mais
elaboradas do que as leis que conferem estabilidade às formas das coisas que
existem organizadas apenas no nível da matéria: a inteligência do ser humano
e as correntes ocidentais de sua ciência apenas preferencialmente empenham-
se ferrenhamente em seguir as pistas das leis que regem a matéria, através das
quais pretende desvendar o segredo da sutileza do impulso vital; enquanto
nos dedicamos a estes estudos há séculos, a fonte primordial daquilo que
reconhecemos como consciência, inteligência, capacidade de separar e avaliar
sensações, enfim, a maravilha da psique (a palavra “psique”, originária do
grego, literalmente significa “alma”) é deixada em um plano esquecido.
Parece que, em relação a isto, nos vemos na maioria das vezes
seguindo uma pista errada... (isto, os que seguem, pois muitos de nós
(digamos, a quase totalidade de nós) não estamos nem um pouquinho
interessados nesse tipo de coisa.)
A Morte

“Estás ocupado, mas a vida avança.


No final, lá se apresenta a morte,
para cujo domínio queiras ou não,
tens que findar disponível.”
Sêneca, professor e filósofo espanhol,
mentor do imperador romano Nero,
em “A Brevidade da Vida”

Algo que nos é tão caro, a própria alma humana, a fantástica psique
individual nossa e de tantos que nos cercam e fazem parte de nossa vida e, de
repente, morre. Cessa de existir.
Essa súbita cessação tão definitiva de forças e vontades de alguém tão
próximo, esse afastamento brutal de seus planos e desejos, causado pela
irreversível morte, não faz o menor sentido para a forma de entender a vida
de nossa consciência de superfície. Difícil, se não impossível, compreender
que uma consciência de outrem, tão decidida, tão forte, tão útil, tão
confortadora, que tanto suporte nos dá, simplesmente se perca, se desfaça no
nada, desapareça, escape, no invisível...
A morte não combina com a consciência humana. O ser humano
sempre conta com um dia seguinte.
Quando ocorre a ruptura da vida para aquela unidade orgânica, com a
chegada da morte, da mesma forma que a parte material passa por um
processo mais ou menos longo de desmanche e desfazimento, ou seja, os
materiais de que o edifício físico daquela pessoa eram feitos perdem a
dinâmica que os mantinha funcionais até então, voltando paulatinamente a
serem apenas substâncias materiais (ferro, carbono, cálcio, etc.),
reincorporando-se aos poucos ao plano da energia inerte, da mesma forma o
conglomerado psíquico (impressões, habilidades, certezas, dúvidas...), até
então protegido dentro do perímetro daquele invólucro energético, começa a
se dissipar: o tempo da dispersão daquela consciência que revelava a
identidade daquela pessoa varia de um para outro, conforme era a sua
intensidade ativa no momento da falência do corpo que lhe servia de moradia,
embora geralmente o processo “demore” uns poucos dias.
Pessoas que falecem de causas naturais, com idade física mais
avançada, certamente têm a sua centelha de consciência dissolvida mais
rapidamente, enquanto pessoas que morrem de forma inesperada, jovens
cheios de planos e sonhos, muito apegados à vida, demoram mais para
experimentar a desagregação de sua psique, mas ela, cedo ou tarde, em uns
poucos dias, inevitavelmente ocorrerá.

O Momento da Passagem

“Quando um habitante das ilhas morre, sua alma se divide em dois espíritos:
um deles vaga por certo tempo pela terra; o outro fica na primeira camada
celestial, em contato com os deuses.”
Mito da tradição dos Arauetés,
povo indígena do Alto Xingu

A morte é uma experiência toda individual, e cada pessoa


experimentará essa passagem de seu próprio jeito, só, através das sensações e
percepções de sua consciência.
Mas, em linhas gerais, o processo dá-se desta forma: quando uma
pessoa “morre”, umas partes dela (as partes deste plano – os átomos dos
materiais que compõem os órgãos do seu corpo físico, por exemplo - se
dissolvem e se incorporam ao ambiente, à terra (“retorna ao pó”), mas outras
partes de sua personalidade, após também dissolverem-se a tal ponto de
perderem certas camadas da integridade psíquica que possuíam (por exemplo,
as camadas da parte de superfície de sua consciência, o “ego”), as quais lhe
conferiam capacidade lidar com o mundo limitado do plano físico (este em
que vivemos, o da 4ª. dimensão) e as impressões de suas experiências
enquanto viva formam impressões e sensações mais marcantes, as quais
ficam gravadas em uma instância profunda da mônada individual que somos
(podemos nos referir a essa centelha individual que vai sobrevivendo
eternamente, carregando a forma mais pura de um alguém, a sua essência
mais pessoal, pacientemente passando por lapidação através da eternidade,
como sendo a “alma imortal”, a verdadeira e última essência da psique, no
caso nosso, humana. – (*) vide a nota mais detalhada mais adiante,
reproduzida diretamente de meu livro “O HOMEM E A MALHA CÓSMICA –
Nosso Lugar no Infinito do Espaço e do Tempo”.)
Não se esquecer também que “consciência é um mundo à parte da
realidade do mundo ‘material’”: por isso, parece, como já descrevemos aqui,
que sempre observamos o mundo material a partir de um lado diferente de
onde ele se manifesta – nossa consciência seria o lado de dentro, uma espécie
de recôndito em uma câmara privilegiada, enquanto o mundo material é todo
o lado de fora.
As impressões contidas no conglomerado psíquico da pessoa que
morre, até então preponderantemente individual, uma vez totalmente dispersa
no ambiente devido à sua morte, passam a ter destinação própria no plano dos
mortos: umas passarão a fazer parte do conjunto de sensações e
conhecimentos do próprio universo, ou seja, serão a minúscula contribuição
eterna de cada um para a construção e aprimoramento do grande princípio
único, o qual rege a grande consciência cósmica. Outras, simplesmente se
dispersarão e serão extintas por um processo de dissipação.
Os diversos corpos que compõem a parte energética de um ser humano
– as camadas de consciência vão se dissolvendo, um a um, cada um de seu
jeito, até que reste somente uma camada sobrevivente da consciência de
alguém, a camada mais profunda e essencial, a camada primordial.
Esta camada sobrevivente não carregará uma memória material, pois
aquela é uma exclusividade do ego, este, uma consciência individual de
superfície: essa memória objetiva, chamada por alguns estudiosos de
“memória clássica”, não tendo mais um cérebro físico para estar ligada,
dissolve-se, desagrega-se, extingue-se em uns poucos dias...
_______________________________________________________________________(*)Mônadas,
Segundo Gottfried Wilheim Leibniz (1646/1716) (em sua obra “A Monadologia”), retomando e
desenvolvendo o conceito lançado por Platão cerca de 2.000 anos antes, Mônadas seriam átomos sem
dimensões, com atividade espiritual, componente primário de toda e qualquer realidade física,
intelectual e espiritual, imateriais, invisíveis e eternas. Mônada seria um núcleo mais profundo que a
alma. Para Pitágoras, é um “Princípio Gerador e Determinante”, coincidente com o princípio de Bem,
coincidente com Deus. Para o esotérico, a definição de “centelha de Deus no âmago de cada ser” dá-lhe
uma boa idéia do que seria a mônada. O controvertido Leibniz, considerado o primeiro dos grandes
filósofos alemães, foi ridicularizado pela alta inteligência européia por mais de dois séculos em virtude
da teoria expressa nesta sua ingênua e detalhada obra, ironizada pelo grande Bertrand Russel no
séc.XIX, que a chamou de “metafísica para princesas” por entendê-la muito otimista e superficial;
entretanto, a física tratou de descobrir no séc. XX algum fundamento, ao menos do ponto de vista da
física pura, ao dissecar os “átomos”- (indivisíveis, ou equivocadamente, como se sabe amplamente nos
últimos cinqüenta anos, a menor partícula a que se poderia chegar, segundo entendia a ciência dos
séc.XVI e seguintes), e descobrir-lhe o universo que encerram em suas minúsculas partes componentes,
inclusive comportamentais. A literatura fala na existência de sessenta bilhões dessas centelhas
energéticas espiritualizadas; cada uma teria criado doze “Eu’s superiores”, que lhes são ligadas e
subordinadas; cada “Eu superior” criou doze personalidades ou almas, que podem animar formas
físicas individuais. Essas almas ou personalidades podem ou não estar habitando corpos físicos
distintos no mesmo momento (não necessariamente do gênero humano), mas é certo que cada uma
exerce e sofre certa influencia sobre e das outras onze.

A Alma no Meio Quântico

“A alma não é um conjunto de memórias, idéias ou crenças.”


Ken Wilber, no artigo “What survives?”, adaptado

Em se tratando do ser humano, sem o corpo físico, que com o advento


da morte da pessoa se dissolveu e devolveu em poucos dias os átomos dos
materiais que o compunham - hidrogênio, oxigênio, carbono, nitrogênio,
cálcio, cloro, sódio, potássio, ferro, magnésio, zinco, cromo, cobalto,
manganês, flúor, enxofre, fósforo, tungstênio, molibdênio e traços de mais
alguns outros minerais - para o ambiente, o ego, nossa consciência de
superfície, também perde o suporte do cérebro físico e passa a dissolver-se
também.
Então, também em poucos dias essa identidade de superfície perde
unidade e se enfraquece, e aquele lampejo individual de consciência que dava
suporte à personalidade daquela pessoa vai adquirindo um caráter de cada vez
menos individualidade, passando cada vez mais a ser uma consciência que
apresenta sensos de caráter mais geral.
Em outras palavras, na morte, a parte mais essencial da consciência de
alguém, aquele fragmento que restou da consciência que contenha um
mínimo de caráter individual – e que podemos chamar de “ALMA” – retorna
à sua base que lhe dá suporte à existência: ela subsiste num domínio onde não
existe o tempo e o espaço: é o que os cientistas chamam de não-localidade.
É o conceito da “diástole” da mônada, criado por Wolfgang Von
Goethe, um estado em que “os anseios se expandem e abrangem o
Universo.” (O processo inverso foi chamado por ele de “sístole”, que é
quando a mônada “contrai-se de forma consciente e poderosa, gerando a
sua fase de apresentar-se como um indivíduo.”) Alma é sem forma, sem
espaço, sem cor, sem tamanho, ou qualquer dessas qualidades condizentes
com fenômenos físicos.
Com a morte, a “alma” vai então para este estado de não localidade –
sem localização no tempo e no espaço, como nós os entendemos e vivemos
aqui na terra. (A alegoria de muitas doutrinas espirituais diz, a respeito desse
lugar, aliás, com muita correção: “quando a pessoa morre, ela vai para o
céu”, ou seja, fica no espaço.)
E essa peculiar “individualidade” que existe antes da vida e subsiste
para além da morte, pode bem ser chamada de “eu-quântico”.
Perceba que, nessa instância de consciência, NÃO HÁ EGO, pelo
menos não como aquele elemento inquieto e auto-impositivo que nós
percebemos neste plano em que nos comunicamos neste instante em que você
está aqui lendo o que eu escrevi, estimado leitor, onde o estado de separação
e de demarcação entre o que é você e o que sou eu parecem bem nítidos para
nós dois e para todos os outros que estão compartilhando este mesmo plano
nosso.
“O conteúdo do ego está ligado ao corpo físico (cérebro)... – faz
sentido pensar que as memórias sobre as quais ele se baseia são destruídas
quando o corpo físico se dissolve...” nos lembra Amit Goswami, em sua obra
“A Física da Alma”.
No estado de morte, após alguns dias terrestres e depois da dissolução
do corpo físico, e a posterior paulatina dissolução dos outros “corpos” e/ou de
seus vínculos (nossos outros corpos: corpo mental (ego), corpo emocional
(subconsciente), corpo espiritual (superconsciente), corpo áurico (ou astral)),
todos eles de naturezas energéticas menos densas que o corpo físico, cada um
deles também passou por processo próprio de transformação ou dissipação,
conforme suas naturezas, sob condições e tempos e momentos próprios, de
acordo com as espécies e qualidades de cada um deles -, no momento em que
daquela pessoa somente “sobrou” a sua alma mais essencial (a mônada), que
é a parte que subsiste da consciência individual, não existe mais isso, essa
separação tão radicalmente delimitada: ainda que haja uma espécie de ilha de
individualidade, contudo, essa individualidade não é agora tão demarcada
como quando se está de posse de um corpo denso.
Na verdade, essa “ilha de consciência”, despida que está das várias
camadas de outros corpos (físico, emocional, mental, etéreo) que lhe
confeririam uma individualidade mais marcante, experimenta agora uma
unicidade com o cosmos! Por causa da não-localidade, que é seu estado de
então.
Considere que não-localidade não se refere somente aos parâmetros
espaciais, mas também à não-localidade temporal.
Resumindo: A instância primordial de consciência individual de
alguém que haja morrido não se localiza nem em uma coordenada de espaço,
nem em algum momento específico do tempo deste nosso plano.
As lembranças das coisas que viveu não são, a esta altura, então,
memórias específicas, tampouco conhecimento localizado, cujas lembranças
possam lhe causar júbilo ou dor, mas nada mais são agora que meras
intuições e sensações, e estão totalmente contextualizadas, ou seja, as coisas
que viveu, as pessoas que conheceu, as dores que sofreu, as alegrias com as
quais vibrou, as coisas que amou, enfim as coisas que lhe foram importantes
e marcantes, não são mais “sentidas” ou tomadas como coisas pessoais, antes,
são-lhe como umas impressões amortizadas, curtidas, e não são agora mais
do que umas simples espécies de temas, cravados subjetivamente (e
fortemente) em sua maneira de ser, onde foram se acumulando, e que a fazem
ser da natureza pessoal que é.
Aquela mônada, aquele individual “eu-quântico” extraiu somente os
sentidos de suas experiências que viveu, e agora, após a morte e com a
dissolução de todos os corpos que compunham o indivíduo terrestre, todos
lhe estão tabulados e cravados em sua natureza mais essencial, resumidos
agora em meros tipos de inclinações totalmente pessoais.

Memória Humana = Memória Física + Memória Mental + Memória


Quântica
“A conservação deste tão precioso patrimônio hereditário, e do novo
patrimônio que a experiência continuamente lhe acrescente, é confiada à
memória celular ou a um organismo imaterial em que se registram
e fixam definitivamente, sob a forma de qualidades adquiridas, as correntes
vibratórias oriundas do ambiente?”
Ubaldi, obra citada (2)

A nossa memória individual total ativa é um complexo mix de


impressões oriundas de registros que foram sendo acumulados, gravadas nas
várias instâncias de nossa consciência, tanto “interiores” como “exteriores”,
tanto contemporâneas, como também de origem bem remota, dos primórdios
de existência de nossa alma e mesmo de todo o ambiente universal.
Somos dotados de alguns níveis de memória, de diferentes configurações
e alcances:
1- Memória mental: Está gravada no cérebro físico da pessoa, e é toda
pessoal. São dados pontuais e objetivos, registrados conforme as fases
da vida de alguém: a primeira fase inicia-se a partir da concepção do
feto, durante todo o período de desenvolvimento no ventre materno,
até o momento do nascimento, geralmente tão traumático.
Primeiramente são gravadas impressões de certo tipo no cérebro físico,
as quais iniciam a moldagem do caráter do ego, então ainda em fase de
formação; depois, na primeira infância, do nascimento propriamente
dito até o 3º. ou 4º. ano de vida, até o momento do despertamento mais
definido da personalidade da sua consciência de superfície (seu ego),
que finalmente adquiriu noção de si mesmo. Após essa fase, os
registros continuam se acumulando em secções apropriadas do cérebro
físico, mas sempre se tratarão de ocorrências pontuais e locais, sem
grande importância na construção do caráter das instâncias mais
profundas da identidade do indivíduo (estas instâncias mais profundas
de nossas consciências individuais gravam “apenas” impressões e
sensações, não gravam fatos objetivos). Na morte, esta memória vai
dissolver-se em alguns dias, e seus registros desaparecem junto com o
cérebro físico. Seus registros são irrelevantes para a instância mais
profunda da alma;
2- Memória física: Sua memória genética, inscrita em seu ADN; é a
memória da origem de seu corpo físico, contenedora de dados relativos
às suas peculiaridades físicas. Traz os dados de seu genoma particular,
a partir de características herdadas de seus pais e antepassados, os
quais estão gravados nos núcleos de cada uma de suas cerca de 100
trilhões de células;
3- Memória quântica: É o acervo particular de registros profundos da
alma, que é a instância primordial da consciência individual (também
referida nesta obra como “mônada”). As impressões ali estão
registradas, logicamente, em meio não físico, e estão sendo
acumuladas desde a criação da alma, fato que pode ter-se dado em
algum longínquo momento cósmico. Não são ligadas a dados
objetivos: antes, esta memória é composta de impressões gerais e
temas que lhe foram relevantes e que também foram repetitivos, os
quais vão delinear suas inclinações, revelar seu grau inato de
sabedoria, guiar o seu caráter moral e o seu jeito de ser.
“O que se transmite ao subconsciente é a aptidão e não o conhecimento.”
Pietro Ubaldi, (1)

“A mônada não tem história, só caráter.”


Amit Goswami, em “A Física da Alma”.

A memória quântica individual também é responsável por certos


comportamentos obstinados, certas fobias ou ambições desmedidas e
afins que alguém possa apresentar, sem causas aparentes em sua
história de vida terrena (Vide tópico “As Idades das Almas”, mais
adiante nesta mesma obra.) A exibição desta memória na vida de
alguém revela-se através do que as pessoas costumam chamar de como
sendo a sua natureza. Esta, não muda ao longo da vida da pessoa, ou,
se mudar, o será infimamente.

Bem, em linhas gerais, este fantástico ser que somos, com essas
admiráveis ferramentas de que fomos dotados, vivemos de aplicar nossas
habilidades para nos virarmos em movimentos que ocorrem simultaneamente
em meio a múltiplos planos.
Então, a dinâmica da vida dos seres humanos é influenciada em
conjunto no mínimo pelos seguintes fatores que atuam sem cessar (não
necessariamente nesta ordem de importância e ordem de influência para cada
pessoa individualmente):
- Pelos seus próprios atos, pelos seus desejos, vontades e anseios pontuais e
locais de sua memória mental (provenientes da gestão de sua vida
empreendida pelo seu próprio ego, o qual conta, para elaborar seus planos,
quase que exclusivamente com informações obtidas pela sua pessoal
capacidade de percepção, cuja peculiar marca é o local e contemporâneo; o
ego opera registros que estão quase que exclusivamente nesta instância de
memória, a qual foi construída a partir de sua concepção no ventre de sua
mãe, ignorando quase sempre, para tomar suas decisões, as impressões que
possam estar vindo das memórias física e quântica, estas, geralmente em
formas de instintos e intuições). Nosso ego estabelece apenas pequenos
roteiros para nossa vida (por mais grandiosos que estes possam parecer à
pessoa, contudo, são pequenos, face à amplitude das questões no ambiente
universal), prisioneiro que está de sua percepção de um contexto limitado de
tudo;
- Pelas habilidades e peculiaridades individuais ditadas pela sua memória
física (genética) individual, cuja evolução irá sempre obedecer,
irresistivelmente, ao que está gravado em seu genoma individual, o qual
contém sua receita física pessoal, gravado em cada uma de suas já
mencionadas cerca de 100 trilhões de células, as quais nascem para sem
cessar substituir as que lhe morrem à razão de mais de 5 milhões e 700 mil
por segundo;
- Pela sua memória quântica individual, a qual traz todo o histórico de temas
que foram se tornando relevantes ao longo das eras que vivenciou para a sua
camada mais profunda de consciência, que é a sua alma. Essa parte da
memória obedece a um continuísmo individual do desenrolar da história
eterna de cada um, e a experiência dessa eternidade não possui vácuos, não
admite que se pule capítulos, tampouco que se tome atalhos para chegar mais
cedo ao significado último de sua vida (refiro-me aqui à vida individual
cósmica, que tende à eternidade, e não à vida terrena, que nos dias atuais dura
cerca 80 anos ou pouco mais). A memória quântica de cada um é a sua matriz
mais essencial, é o fio da meada da sua privativa história, desde o surgimento
de sua particular centelha de consciência em algum anterior momento
longínquo do panorama cósmico até o momento presente. Aquilo que a
pessoa é hoje está profundamente conectado e em dependência daquilo que
ela tem sido em sua extravagantemente longa história pessoal, onde tem
experimentado um realmente demorado processo de aprimoramento moral.
Esse vínculo indestrutível e impossível de ser relevado, embora sempre
ignorado, que a liga com a trajetória pessoal que ela tem escrito desde seus
próprios primórdios existenciais, delimita e restringe, sob um ponto de vista
mais amplo, as possibilidades de realizações, quanto a prováveis
transgressões do seu conseqüente caminho natural próprio que se queira (que
o ego queira, melhor dizendo) levar a cabo hoje – reforço aqui a informação
de que essa memória matricial é quase que completamente ignorada por todos
nós, ocidentais, principalmente porque muitas vezes o famoso conceito do
“carma” ventilado pelas antigas tradições orientais geralmente não é muito
aceito e tampouco bem considerado por aqui.
- Pelas memórias de tudo e de todos os que estão em seus arredores (trata-se
de um complexo conjunto de memórias físicas, memórias morais, memórias
culturais, memórias comportamentais, etc.). Estamos interligados, em algum
grau, com tudo e com todos;
- Pela memória cósmica total geral – eis aqui outra memória que também é
ignorada, embora em menor intensidade que a memória quântica individual,
da qual difere: sempre há a leve percepção de uma certa “vontade de Deus”,
que é a forma de a ela se referir, conforme a terminologia da doutrina
espiritual adotada pela pessoa, a reconhecer certas restrições e limites
invisíveis, inexplicáveis, e indesejáveis conscientemente às realizações
pessoais, os quais seriam ditados por alguma ordem espiritual superior...
De todos os fatores que determinam os rumos da vida de um alguém, os
mais frágeis e fadados a serem ignorados pelo seu destino são aqueles ligados
à sua memória mental: os muitas vezes insistentes anseios locais de seu ego
poderão se mostrar recorrentemente desconsiderados pelo destino, se não
estiverem honestamente alinhados com as demais predisposições que sem
dúvida estão conectadas tanto a si como principalmente aos desígnios
cósmicos.
Já a memória quântica, esta nossa instância mais interior e eterna de
conhecimento virtual dos contextos cósmicos de tudo, sempre deixa em
aberto para as camadas mais profundas de nossa consciência a possibilidade
de se estabelecer para a nossa vida roteiros muito amplos e ações e atitudes
condizentes com princípios morais mais magníficos (isso, se a fase em que
essa alma se encontra for uma de relativo avanço, conforme a antiguidade de
sua existência; se estiver (ainda) em um estágio intermediário, essa mesma
memória fará a pessoa valorizar impulsos menores, sombrios, moralmente
carentes de sublimidade) que sempre estarão ligadas à satisfação do nosso
caráter e das nossas verdadeiras inclinações eternas.
Por isso, nosso ego, o qual lida com conteúdos sensivelmente mais
reduzidos quanto às suas possíveis áreas de abrangência, pode entrar em
franco conflito com eles – um conflito interior que pode mesmo atingir
proporções muito autodestrutivas.
Não se esforçar para conhecer e desejar operar minimamente e com
honestidade o grande aparato de recursos com que cada um de nós foi dotado,
quando em busca de realizações verdadeiras na vida, é ser desleal consigo
mesmo, é fugir da vida, enganando-se, infantilmente e equivocadamente
culpando a Deus, às pessoas e ao destino pela vida frustrante que se possa
estar levando.
Como eu já mencionei em meu livro “CRIANDO REALIDADES –
Trate Seus Assuntos Diretamente Com o Universo”, é esperar
irresponsavelmente que “a vida mude por meio de alguma mágica”; é como
a pessoa “querer pilotar um Boeing de última geração, com várias turbinas
que produzem potência de dezenas de milhares de cavalos, sem pretender
aprender a operar comandos mais complexos que os de uma bicicleta.”
Simplesmente não vai funcionar, não vai dar certo. A menos que haja
coincidência, mesmo inconsciente, de objetivos do ego com os objetivos
cósmicos, o que realmente ocorre em vários casos, embora, em vários outros
casos, não seja assim. Nestes últimos casos, a frustração estará à espera.
As Idades das Almas Que Animam os Humanos

“Algumas pessoas são almas mais antigas


que outras; por isso, sabem mais.”
Thomas Alva Edison,
Inventor Norte-Americano

Almas, que são referidas nesta obra como esses núcleos primordiais de
consciência (mônadas) que animam os seres, no nosso caso, humanos, podem
ter longas e diferentes trajetórias, desde seu surgimento individual, até que
tenham chegado aos seus particulares estágios atuais. Originam-se mais ou
menos daquilo que as pessoas menos iniciadas chamariam de “Deus”.
Essa estrutura de inteligência é realmente um ser individual, um
nanoscópico (sob o ponto de vista cósmico) fragmento de consciência de uma
entidade maior; a alma ou mônada é um espectro energético composto de
vários tipos e diferentes matizes de energia, com personalidade própria, que
existe e persiste pelas eras, quando vai sendo moldada, lapidada e burilada,
em longo processo cujo lento resultado é a obtenção de caracteres mais sutis
daquilo que, devido à falta de referências mais sublimes, toscamente
poderíamos chamar de “qualidades morais.”
O processo de “aprimoramento” é a exposição às situações e aos
conflitos, no nosso caso, o estritamente humano no campo deste plano, o
plano terreno. A contínua exposição a processos emocionais de intensidade
variada vai lhe permitindo, de vez em quando, uns saltos em sua capacidade
de perceber a coerência das coisas e valorizar a unidade de tudo.
Sempre usando apenas os termos disponíveis em nosso limitado
vocabulário terreno, a alma individual vai navegando lentamente por este
plano, tornando-se pouco a pouco mais sábia, cada mônada a seu próprio
tempo, em conseqüência de suas particulares observações e conclusões frente
às questões existenciais.
Volta e meia experimenta um processo de iluminação existencial,
adquirindo qualidades que a torna mais sábia.
Sabedoria é inteligência navegacional, sustentada pela capacidade de
inserir-se adequadamente no todo do ambiente, com atuação exata, lastreada
em doses corretas de discernimento, reflexão, ousadia, prudência, intuição,
inspiração, conhecimento subjetivo, e compreensão de um sentido mais
profundo das coisas.
Sabedoria vem por iluminação mental, não por mero acúmulo de
conhecimento. Tampouco sabedoria se confunde com inteligência: são coisas
distintas, uma pode caminhar sem a outra (quando se juntam essas duas ,
digamos, “qualidades”, o efeito pode ser sublime.)
Um estalo interior, na mente, e, de repente, o êxtase: uma sensação de
leveza e de uma alegria renovada, satisfação renovada, novo brilho no olhar,
a súbita compreensão de alguns mistérios da vida, e um novo patamar de
entendimento do sentido de tudo.
Eis a iluminação!
É um novo estágio alcançado por aquela consciência quântica, por
aquela mônada, por aquela alma. Daqui por diante, os fatos da vida serão
sempre vistos sob um ponto de vista diferente, mais abrangente, mais
responsável perante o cosmo!
O alcance de um estágio de iluminação de alguém não é sintoma de
apenas uma única vida experienciada neste plano. São antes resultados de
centenas e centenas, senão milhares e milhares de exposições sinceras à
experiência de vida física, conforme demande cada mônada individual.
“Iluminação constantemente encontra a nós, buscadores de mente aberta,
(vinda) de todas as direções, de todas as direções multidimensionais,... de
reinos não-locais e não-temporais...” Ronald H. Card

As idades das almas não se referem a tempo cronológico, não se


contam em anos (tempo não existe, é uma ilusão criada por um
condicionamento, que nos faz perceber e pensar tudo de forma seqüencial –
na verdade, só existe o “agora” – vide o capítulo “Kairós, Um Potencial de
Tempo, o Tempo Oportuno”); portanto, referir-se a “idade” das almas remete
a uma segregação delas em grupos, separando-as segundo as características
dos comportamentos e atitudes típicas de um certo estágio de
desenvolvimento a que cada uma tenha chegado não necessariamente em
virtude do momento atual comparado ao momento de sua criação, no caso
deste livro, tomada somente a experiência humana – mônadas não são
centelhas de consciência exclusivamente humanas, senão, gerais. (os nomes
abaixo são meramente para fins de associação de conceitos, e não devem
jamais ser tomados como pejorativos):
- Almas Recém-Nascidas (“Recém-nascida” no contexto da experiência
humana – vide comentários ao final deste mesmo capítulo): É a primeiríssima
experiência de uma mônada no plano terráqueo, como um ser humano. Em
geral, nada por aqui lhe é familiar, não possui referências interiores acerca de
como ser um ser humano, tudo lhe é desconhecido, e as novidades muitas
vezes demandam um período longo de adaptação e compreensão. Até que
este ponto chegue, a alma que esteja apenas começando sua jornada humana
se apresentará perante os fatos da vida quase que como um pequeno e frágil
animal assustado, tendendo a uma introspecção negativa e a um afastamento
das relações com os outros, as quais lhe parecem muito complicadas e
desanimadoras; tem dificuldade de enfrentar responsabilidades humanas, e às
vezes pensa em desistir (de fato, algumas vezes, desiste mesmo!). Após
algumas novas oportunidades ainda dentro deste contexto inicial, se solta em
suas ações por aqui, e estas afinal tendem promover comportamento que
denunciam nítida inadequação social, pois sua inteligência humana ainda não
despertou totalmente, tampouco suas qualidades morais do nível humano.
Sua capacidade de compreensão ampla de humanidades é “zero” ou muito
próxima disso, idem sua habilidade de compreender o ponto de vista do
outro. Suas convicções de “certo” e “errado” são muito incipientes e, estando
em posição de poder, pode cometer atos de extrema violência e crueldade
sem se dar conta da natureza do que faz, até ser finalmente detido pela
sociedade organizada. Apresenta recorrente e notória falta de capacidade de
aceitar responsabilidades sociais. Em seus primeiros momentos por aqui,
desconhece o que possa ser coisas como “remorso”, “compaixão”,
“fraternidade”, e “ajudar o próximo”. Tende a buscar viver nas áreas rurais,
isoladas e distantes das obrigações das convenções sociais, mas, mesmo que
ocorra de encontrar-se vivendo no meio social mais urbano e atual, onde pode
atualmente cursar as melhores escolas, ter acesso ao mais alto conhecimento,
e podendo até mesmo ocupar posições sociais de destaque, contudo, é uma
alma selvagem, fadada ao equívoco, e que pode demorar algumas vidas para
encontrar o tom e enquadrar-se no plano humano. Não costuma, em suas
primeiras passagens por aqui, experimentar algo que possa ser o prazer de
viver: coisas como comer e amor carnal parecem mais obrigações e
exercícios de sobrevivência, do que oportunidades de desfrute. Se finalmente
essas coisas adquirirem-lhe o caráter de fonte de prazer, então, sua prática irá
para o outro extremo, o do exagero prejudicial. Atualmente constitui-se
relativamente reduzido o número almas recém-nascidas na Terra, pois,
segundo a literatura especializada, este tipo de situação, a de chegada de
mônadas novas por aqui, já está em franco processo de cessação (O caminho
de aperfeiçoamento das Mônadas não incluiria mais como essencial os
estágios com as experiências como seres humanos na Terra, antes, estariam
sendo dirigidas para animar seres de outros planos ou planetas, de outras
naturezas – segundo a literatura relativa a este assunto (Charles W.
Leadbeater), há a possibilidade de aplicar-se à evolução espiritual por outros
caminhos que não a experiência humana: há outras evoluções no sistema
solar além da nossa.)
- Almas Infantis: Até atingir este ponto, a mônada já esteve mais de 20 vezes
na Terra; portanto, o plano humano não lhe é mais tão estranho, ao mesmo
tempo em que já desenvolveu afinidades com outras mônadas. Por isso, tende
a escolher grupos, famílias e até regiões do planeta em suas passagens por
aqui, onde se sentirá realmente bem à vontade. Nesta altura de sua aventura
no planeta azul, apresenta-se disposto a ser comandado, para ser disciplinado:
quer ser guiado, e está pronto para respeitar as autoridades constituídas, a
cujas regras se subordinará com prazer. Desde seus quinze ou no máximo
vinte anos de idade terrena, um humano alma-infantil já manifesta esta
personalidade de forma bem nítida. Facilmente se torna seguidor de líderes
religiosos habilidosos e de líderes políticos carismáticos, aos quais defenderá
visceralmente. As almas que estejam vivendo esta fase tornam-se grandes
defensores das leis, costumes e tradições, tomam dogmas impostos pelas
autoridades como leis inquestionáveis e imutáveis, que devem ser seguidas
acima de tudo, porque é isso que um bom cidadão deve fazer: seguir as leis,
ser disciplinado, respeitar as autoridades, isto é o certo! Traz segurança para a
comunidade! Isso é o que lhe garante a sua consciência. Gostam de viver em
pequenas comunidades, onde se lutam para se tornar donos de pequenos
poderes: viram coordenadores de suas classes do colégio, líderes do grupo de
oração da igreja, presidente local do clube social, lideres do grupo de leituras
do condomínio, onde cumprem e fazem cumprir com toda a pompa todos os
ritos de cada atividade; apresentam-se uniformizados, com a medalha
correspondente na lapela, e zelam para que as solenidades transcorram dentro
da ordem e perfeição. No extremo negativo, podem ser excessivamente
obstinados com a ordem, idem com o que consideram elegância, idem com a
limpeza. Facilmente podem ser contados entre puritanos em excesso. Em
família, a vida sexual vai por filosofia semelhante: geralmente a intimidade
segue a programações e tabelas que rígidas que são seguidas por décadas sem
qualquer alteração. Os cônjuges não fazem amor, fazem sexo, geralmente no
escuro, e vestindo pijamas, não existe algo como sensualidade, diante da qual
podem ser muito desajeitados ou mesmo envergonhados. Contudo, têm
muitos filhos (acrescente que os nomes dos filhos poderão seguir algum
esquema lógico de escolha, como a mesma letra inicial para todos, ou, todos
com nomes dos avôs e bisavôs paternos, ou todos com nomes compostos,
etc., etc.) As famílias fazem festas de aniversários para os filhos nas datas
certas, com a presença obrigatória de todos os parentes vivos, que trarão
presentes padronizados, farão discursos exaltando o aniversariante e tal; o
casal e todos os membros da família vão todos juntos para a igreja, sentam-se
juntos no salão, e participam juntos de todos os eventos. É assim que fazem
as pessoas de bem! São adeptos da medicina convencional para a solução de
seus problemas de saúde, onde se apresentam prontamente para tomarem
medicamentos alopáticos, ou a se submeterem a cirurgias, bastando as
mesmas terem sido ordenadas pelo médico encarregado do setor (Não lhes
faz o menor sentido buscar por terapias alternativas de qualquer espécie,
tampouco investigar por outros meios a prováveis causas mais essenciais dos
problemas: “a autoridade sabe o que faz, então, o que ela disser para fazer,
faremos!”) Sua arte, tanto a que fazem, quanto a que admiram, não apresenta
coisas ousadas ou minimamente sofisticadas, antes está sempre ligada a
temas simplórios, com pouca expressão, como pinturas de casinhas simples à
beira de um riachinho bem pitoresco, representação de cenas e imagens
bíblicas, crianças com rosto angelical, bochechas coradas, as encantam,
devidamente acompanhadas de músicas com versos simples e repetitivos,
idem sinfonias de poucas notas básicas que também se repetem e se repetem.
Mônadas nesta fase não procuram por si próprias posições de alto destaque e
fama que excedam à do seu grupo local pessoal, e quando isso acontece sem
que os eleitos queiram, geralmente metem-se em trapalhadas e protagonizam
grandes vexames públicos por absoluta falta de habilidade e estrutura para
administrar relações sociais de maior complexidade, ainda mais com
desconhecidos.
- Almas Jovens: Esta é uma fase de libertação dos limites que caracterizaram
a etapa recém-deixada: agora, as mônadas estão com fome e sede de poder,
são ambiciosas, muito ambiciosas, querem ganhar grande destaque, querem
ser poderosas, querem se tornar humanos de grande fama, milionários, o céu
é o limite. Em meio a todo o seu ciclo de vidas que uma mônada
experimentará, esta será de longe a fase mais competitiva, em todos os níveis
(e desde a infância terrena, a partir dos oito ou dez anos de idade): se no
pequeno círculo de família e de amigos de infância, o impulso incontrolável
da alma neste estágio será para mostrar a todos que a pessoa que ela anima é
o mais bem-sucedido entre os irmãos, o que tem a melhor profissão dentre
todos os primos, que foi a primeira a comprar um carro zero quilometro entre
os colegas do curso de 1º. Grau da escola, que foi a primeira a entrar no curso
de inglês, que foi a primeiro a viajar de avião, que foi a primeiro a se tornar
chefe, foi o que primeiro chegou ao cargo de gerente na família, etc., etc., na
comunidade, em meio aos amigos e também a estranhos. Faz questão
absoluta de mostrar e demonstrar a todo o mundo o que conquistou: A sua
casa é a melhor dentre as casas de todos os seus conhecidos, é a melhor casa
da rua, o modelo de seu carro é o melhor dentre os colegas do trabalho, sua
motocicleta é diferente de todas as motocicletas de seus colegas (e, lógico, a
melhor), o seu apartamento na praia fica no melhor ponto da melhor praia da
cidade mais badalada, sua esposa é a mais bonita de todas as esposas dos
colegas, sua foto sai nas colunas sociais toda semana, ao lado de artistas do
primeiro time,... A ambição domina, os meios não importam, os fins é que
valem. E estes, são sempre aqueles que demonstrem poder, e grande glória
que deve ser visivelmente ostentada. Será o chefe, a qualquer preço. Uma
pessoa que seja animada por uma alma jovem geralmente desrespeita a
qualquer um que tenha idéias diferentes das suas, e aquele que cruze seu
caminho deve ser suplantado e ter suas convicções desmontadas e
desmascaradas a qualquer preço. Sua visão é orientada para metas de vitórias
de curto e médio prazos: As possíveis conseqüências negativas de longo
prazo de seus atos ambiciosos não lhe importam nem um pouco, se, no
momento atual, lhe fizerem ganhar muito dinheiro e se tornar mais destacado
no mundo do que as outras pessoas (Ou seja: se conseguirmos hoje, mediante
o maciço investimento no desenvolvimento e plantio de espécies transgênicas
de alimentos, aumentar a produtividade em 1000%, pouco importa se, em 50
anos, haja o risco de todos os nossos campos e nossos mananciais estejam
imprestáveis para o cultivo de qualquer coisa ou até mesmo para habitação
segura: hoje, eu sou laureado como rei (ou, como Deus), isso é o que conta. E
aqueles que alertarem para o risco iminente ou fragilidade e desonestidade do
projeto devem ser esmagados, destruídos, eliminados... “E, se para aumentar
minha fortuna pessoal eu tenho que destruir famílias, relacionamentos,
amizades, grupos, empresas, países, povos, fauna, flora, ecossistemas
inteiros, isto é exatamente eu o farei, enquanto ninguém me enfrentar e me
impedir à altura”, seria uma frase típica de ser encontrada nos lábios desses
visionários). Essas almas visionárias, que são facilmente encontráveis nos
melhores postos da sociedade, têm destilado esse tipo de energia desde os
anos 1950. São também as responsáveis pelo grande avanço tecnológico
experimentado pela humanidade ultimamente. São emocionalmente fechados,
preocupam-se com os aspectos práticos de seus relacionamentos, mesmo os
amorosos, que usualmente são de aparências e de conveniências. Se vão à
igreja, o aspecto espiritual é terciário e, aliás, ignoram o que seja
espiritualidade, senão mais uma obrigação social, que tratam logo de
transformar em caminhos de oportunidades, pois pretendem conseguir
entender tudo que concerne à vida pelo lado da inteligência prática. Então,
sua espiritualidade segue a mesma linha geral de todos os seus atos, a da
conveniência, aparência e ostentação (Uma alma jovem habitando um
cidadão ocidental pode facilmente desejar ter sua foto tirada ao lado do Papa
católico (dificilmente considerará ter uma foto ao lado do Dalai Lama, pois
em geral são totalmente convencionais em sua “fé”), os dois sorrindo para a
câmera, e, obviamente, tomará todas as providências para que ela seja
publicada em todos os jornais, revistas e mídias do mundo inteiro. (Não
duvide se encontrar um quadro com ela, devidamente ampliada, em meio a
uma moldura muito fina (a mais fina), colocada em destaque bem no meio de
seu escritório.) Seu escritório pode ser uma verdadeira sala de troféus, que
serão sempre a primeira visão de todos os que ali adentrarem. Aliás, nas
últimas décadas há toda uma cultura de concessão de troféus para premiar
este tipo de personalidade, implementada nos próprios meios sociais onde
tipicamente se encontram digladiando este tipo de espírito. Seus filhos
deverão também refletir seu sucesso pessoal, tornando-se instrumentos de
fortalecimento de seu status: deverão cursar as melhores escolas e
universidades do planeta, deverão viajar para os lugares mais notáveis do
planeta, deverão andar nas melhores rodas de poderosos, deverão ter os
melhores carros, deverão se casar com os filhos de outras pessoas igualmente
destacadas na sociedade. As mônadas que estejam nesta fase preferem viver
sua experiência terráquea em locais, países e regiões de ponta – ostentam
profunda ojeriza por países e regiões mais pacatas, a cujas civilizações,
cultura, povos autoridades e cidadãos desprezam explicita e sem qualquer
polidez e consideração - , em eras que favoreçam estes anseios, onde se
ajuntam a suas semelhantes para digladiarem-se e ostentar suas vitórias,
obtidas a qualquer custo, mesmo por meio das atitudes mais vis e dignas de
povos selvagens, ainda que seus players ostentem diplomas de doutorado e
pós-doutorados conferidos pelas mais conceituadas universidades do mundo.
São, sem qualquer questionamento, muito criativos e ousados. Não há
dúvidas que a atual civilização do nosso planeta está sendo dirigida por
mônadas que estão experimentando suas fases de almas-jovens, dominadas
pelo ego. Por isso, há certa perplexidade quanto aos valores que mais se
destacam atualmente nos meios mais proeminentes, pois, devido esse
domínio do ego, a consciência de superfície, que sempre se sobressai, as
ambições dos que comandam e os valores mais éticos encontram-se
sufocados, mesmo no nível das autoridades do judiciário.
- Almas Maduras: Após já terem gozado das delícias de se ser um ser
humano por seguramente mais de 50 vezes (às vezes muito mais vezes que
isso!), incorporando tipos que agiram pelos padrões descritos nas fases
anteriores, finalmente a mônada entra na idade da maturidade. Sua atitude
agora não será a de buscar riqueza e proeminência sem limites a qualquer
preço, mas, em algum momento desta jornada, geralmente após os 35 ou 40
anos de idade, as grandes questões existenciais ocuparão boa parte de seus
pensamentos: - “Quem eu sou?”, “Por que estou aqui afinal?”, “Qual a
finalidade da vida?”, e afins, poderão ser as grandes motores de seus atos por
aqui. Por isso mesmo, serão humanos introspectivos, mas positivamente
introspectivos, abertos para trocar idéias a respeito daquelas questões com
quem quer que se apresente com questionamentos semelhantes ou que tenha
respostas sinceras e razoáveis. Então, são abertos em suas práticas espirituais,
que os levarão a abandonar as tradições e convenções, em favor do
descobrimento de segredos existenciais. São pessoas dotadas de capacidade
de ver e compreender os pontos de vista dos outros, aos quais tenderão a
respeitar, mesmo que não concordem. São zelosos pelos sentimentos dos seus
semelhantes, idem pelos animais e plantas. Serão pessoas centradas, e
capazes de profundas imersões em seus próprios interiores e o de outros, de
onde tirarão (ou não tirarão) conclusões esclarecedoras e confortadoras. Eis aí
um fator de abalos que estarão sujeitos a nível psíquico: como são intensas,
estarão sujeitas a serem protagonistas de episódios de cunho emocional muito
marcantes, como grandes paixões, grandes dramas e dilemas de vida, grandes
tragédias envolvendo suas pessoas, propensão ao uso de drogas, idem a
suicídios, serão expressões de seus questionamentos a respeito do sentido da
vida. São criativos, e expressam-se com facilidade por meio da arte, através
da qual elaboram de forma ousada, consciente ou inconscientemente,
variadas alegorias acerca da realidade. Sua música poderá girar em torno de
complexas peças de sinfonias eruditas e óperas profundas de emoção e de
exaltação dos grandes dramas humanos, as quais podem fazer sair lágrimas
dos ouvintes sem que eles entendam muito bem o por que, contrastando com
aquelas canções populares geralmente compostas pelos humanos almas-
jovens, as quais em geral são peças curtas, de letras simples, exploradoras de
emoções superficiais, que valorizam mais o potencial comercial de seus
refrões e desenvolvem-se em torno de umas poucas notas musicais.
Resultado: são muitas vezes incompreendidos pela sociedade dominada pelos
parâmetros das almas jovens, a qual valoriza coisas mais diretas, práticas e
objetivas que aquelas que revelam as preocupações subjetivas das almas
maduras. Estes são, então, facilmente taxados de perturbados. Porém, muitas
vezes pessoas dotadas de almas maduras acabam também obtendo
proeminência, não por suas ambições a respeito, mas por sua genialidade e
pelo valor de suas avaliações e descobertas a respeito das humanidades.
Aliás, este tipo de mônada costuma viver como uma alma jovem até por volta
de seus, como já dissemos, 35 ou 40 anos de idade, quando então finalmente
rompe com aquele estilo de vida de seu estágio anterior, não raro
abandonando corajosamente carreiras de sucesso, casamentos infelizes, em
favor de dedicar-se a suas próprias idéias e prioridades em que acredita. Uma
alma madura no meio corporativo, dificilmente será o chefão de alguma
empresa que atue em algum mercado dinâmico e competitivo: se chegar a
ocupar este posto, será apenas temporariamente, pois logo será substituído
por alguém que esteja na fase de alma-jovem. Contudo, os acionistas
adorarão tê-lo como presidente do conselho de administração da mesma
empresa! Uma possível tentativa de um humano de alma madura de
convencer um humano de alma jovem acerca de suas convicções será inútil:
enquanto ele estiver explanando com brilho e coerência seus pontos de vista e
valores morais, seu interlocutor mais ambicioso, atendendo ao chamado
profundo vindo da personalidade de sua alma, estará deixando martelar em
sua mente, enquanto mantém os olhos fixos em seu semblante fingindo
prestar-lhe atenção, “Hmmm, acabar com este idiota será mais fácil do que
eu poderia imaginar... deixa-me terminar logo com isso!” Países cujos povos
abriguem grandes contingentes de almas maduras em seu meio, portanto
ocupando vários postos na hierarquia da sociedade, não serão nações com
vocações bélicas e expansionistas, tampouco serão pólos lideres em
tecnologia e eficiência industrial. Porém, certamente serão expoentes em
ciências humanas e da saúde, ações de proteção da natureza e dos
ecossistemas, e tenderão com naturalidade a formas de organização
socialistas, onde valorização a justiça social, o protecionismo e a igualdade
de oportunidades.
- Almas Velhas: Nos humanos animados por mônadas que estejam vivendo
um dos vários estágios de almas-velhas, uma marca é sempre recorrente: uma
sólida e centrada consciência da unidade universal, e de que tudo está
interconectado, formando um grande todo. Por isso, ao contrário das almas
dos quatro primeiros tipos listados anteriormente, o conceito de certo e errado
lhes não repousam de forma alguma naquele leito até então claramente
polarizado, antes, a peculiar forma de entender amplamente as questões
existenciais os levam a interpretar as coisas sempre com altos níveis de
tolerância. Esforçam-se sobremaneira para não causar danos aos outros, idem
para não julgar. Em decorrência disso, seus parceiros almas menos antigas do
que eles facilmente os tomarão por fracos, ingênuos ou passivos quanto aos
seus posicionamentos perante as questões da vida em sociedade. Altamente
espiritualizados, também possuem variadas habilidades em várias áreas, tanto
físicas como intelectuais, o que com freqüência surpreende a todos com a
desenvoltura com que produzem simultaneamente obras de excelência em
ramos bem distintos uns dos outros: manufaturas, pesquisas, ciências, artes de
vários tipos, filosofia, psicologia: essas pessoas adquiriram intimidade com as
obras ao longo de dezenas e dezenas e dezenas de experiências em várias
situações e culturas do meio humano, por isso, não raro, são multi-
habilidosos. Porém, assumir posições de comando em grandes corporações,
ou papéis de liderança principalmente em projetos que priorizem a
competição e a eleição de alguém como um inimigo a ser derrotado, bem
como a lucratividade como os grandes alvos certamente não combinam nem
um pouco com os almas-velhas. Não são ambiciosos, tampouco valorizam
obtenção de status e riqueza. Aliás, uma situação bastante normal entre os
indivíduos humanos animados por mônadas deste grupo é o de levarem uma
vida financeira muito complicada, para não dizer, desastrada, com várias
dificuldades para pagar suas contas que vão se sobrepondo infindavelmente
umas às outras. Mesmo porque, por conta de um notável desprendimento
neste campo, não surpreende a ninguém vê-los sendo muito generosos em
disporem de suas posses para ajudar causas humanísticas, idem a pessoas,
grupos e países carentes. (Na verdade, muitas pessoas almas-velhas nesta
situação financeira de carência podem ter não poucas dificuldades de
compreender as razões da condição de abandono quanto a algum socorro
cósmico mais decisivo para que possam seguir fazendo altruisticamente suas
obras, enquanto assistem outros semelhantes do gênero humano, com atitudes
francamente egoístas, sendo ricamente aquinhoados pelo destino e pela
sorte... Porém, seguem sua vida obedecendo à direção de suas convicções
mais interiores, embora às vezes com alguma manifestação de revolta em
vários níveis. Eis aí talvez o maior dilema desta fase das almas: o de viver
num plano material, onde prevalecem os meios, os apelos e as possibilidades
materiais, físicas e carnais, enquanto não podem se fazer de insensíveis frente
aos seus fortes impulsos de suas essências mais interiores, os quais são
predominantemente espirituais e morais...) Quando dedicam-se a uma
profissão para a obtenção de recursos para (sobre) viver, podem acabar por
optar por atividades simples e periféricas, de pouca exposição social, mesmo
muito humildes, mas que não atrapalhem suas tarefas de exploração das
questões profundas, tanto aquelas interiores, como as de cunho metafísico
e/ou relacionadas com o conhecimento antigo. Quando jovens humanos ou
crianças, já chamam a atenção pela sua calma e equilíbrio e uma sabedoria
que parecem exalar desde muito cedo, desde quando crianças de menos de
cinco anos de idade, embora seu despertar para ações e atitudes típicas de sua
idade mais interior surjam com mais nitidez e clareza após os 20 ou 30 anos
de idade. Não é raro também que a profunda sabedoria dessas pessoas se
manifeste após os seus 40 ou 50 anos de vida. O fato é que, diferentemente de
sua fase imediatamente anterior, aquela de almas-maduras, esses almas-
velhas estão mais dispostos a responderem rapidamente aos chamados de
seus impulsos interiores tão logo eles se manifestem de forma mais evidente
a si mesmos, empreendendo então atitudes que poderão ser consideradas
como excêntricas ou até mesmo malucas pelos outros humanos animados por
almas menos antigas. Ao contrário das almas que estejam nas fases
anteriores, as quais preferencialmente querem viver juntas em grupos de
pessoas que tenham os mesmos padrões vibracionais (isso explicaria a
personalidade de certos povos, certas raças, e certas nações, cujos indivíduos
parecem aderir com facilidade aos valores locais, às vezes tão peculiares), as
mônadas almas-velhas geralmente são solitárias quanto à convivência com
outras de sua estatura moral, e então se espalham por todo o mundo, em meio
a todas as culturas e povos, nas mais variadas condições de vida, onde
acabarão por influenciar moralmente os moradores locais. Porém, no campo
do relacionamento sentimental, pessoas almas-velhas com certeza verão suas
uniões amorosas com pessoas de almas menos antigas irem à falência, por
absoluta incompreensão de seus cônjuges quanto às suas atitudes muitas
vezes tão desprendidas. Quando chegam à idade avançada em seus grupos
sociais, com naturalidade são eleitos informalmente como sábios e gurus, não
que busquem a isso, mas suas inequívocas qualidades espirituais, seu amor
fraterno, sua vocação para o pacifismo, sua sabedoria e equilíbrio marcantes
são facilmente reconhecidos com satisfação por aqueles que os cercam. Tal
condição desenvolveu-se após longos e milenares esforços em compreender,
dominar e apurar, ao nível daquelas suas estruturas mais essenciais, aos seus
impulsos emocionais. Aliás, é notável a capacidade dessas pessoas de
compreender os pontos de vista das pessoas que estejam em estágios menos
antigos de existência e, como não poderia deixar de ser, a recíproca não é
verdadeira – a despeito do reconhecimento geral de sua sabedoria, também é
bem verdade que muitas almas menos antigas que elas, talvez a maioria delas,
não estão nem um pouco interessadas em levar a sério as perspectivas
lançadas pelas almas velhas quanto a certas maneiras possíveis de passar pela
vida adotando procedimentos e cultivando atitudes que pudessem honrar um
pouco mais a condição humana. Como são sábios porém não são tolos,
podem eventualmente lançar mão (na verdade, muitas vezes o fazem) das
“habilidades” e dos recursos de alma-jovem ou alma-madura que tanto
conhecem, para se safar de algum especial aperto na vida, desde que isso não
manche (muito) as suas convicções, pois possuem em alguma medida a
noção de que isso significa atraso para si (O fato de fazerem isso é um traço
de humanidade no sentido de valorização de coisas materiais (algum
resquício de vaidades) e pode, sim, significar repetição da prática). Não
raramente dedicam-se às artes e à filosofia, quando podem produzir obras
enigmáticas e tiradas notáveis, e geralmente os propósitos que os levaram a
estas produções não são alguns de apenas os fazer para sobressair-se entre as
pessoas ou de alimentar alguma presunção ou desejo de mostrar alguma
habilidade que os coloquem como “melhores” ou mais especiais que os
outros, senão, o de atender a imperativos interiores quase irresistíveis.
- Almas Transcendentais: Essas almas são, na verdade, consciências já de
outra ordem ou de um outro nível muito além da escala onde as questões do
gênero humano ou o palco terráqueo pudessem ter alguma utilidade no
sentido de lhes acrescentar alguma virtude mais. O propósito de se
apresentarem aqui no planetinha azul animando um corpo humano e
participando do dia-a-dia humano não é, como o foram de todas as mônadas
que tratamos até agora, algum de algum aperfeiçoamento pessoal, antes, são
de mero acompanhamento ou balanceamento moral, que são capazes de
transmitir ou contagiar as almas do nível humano, de modo a que o planeta
não se perca em seu rumo ou em sua tarefa de permitir um amplo processo de
avanço, ainda que, para o ponto de vista humano, muito demorado. Para isso,
almas transcendentais são seres que “vivem” em unidade com a entidade
maior (dentre as mônadas das idades anteriores, as que se encontram mais
próximas deste estágio, as almas-velhas, as quais, embora tenham muito bem
desenvolvidas em si essa consciência de unidade, contudo, não “vivem” isso,
ao menos, não em plenitude), e, em decorrência desta natureza tão mais
abrangente, na verdade estão em conexão em tempo integral com o nível
vibratório do consciência central primordial do cosmo. (Esta consciência
central seria algo próximo do Deus Criador de Todas as Coisas identificado
em algumas partes do Velho e do Novo Testamento Cristão: este conceito
bíblico não é tão abrangente quanto o é o do “Tao” da sabedoria antiga
chinesa, o qual se refere à “realidade cósmica primordial”.
Algumas impressões a respeito do trabalho do Tao, elaboradas a partir de
elucubrações juntadas de vários escritos a respeito:
- O Tao não opera por meio de mudanças repentinas e abruptas
- O caminho do Tao não é o da iluminação repentina
- O Tao respeita o ritmo da existência individual, e a eternidade está
disponível para cada um
- O Tao permite que as coisas sucedam por elas mesmas, no momento mais
adequado
- O Tao é crescimento gradual
- O Tao respeita o caminhar da natureza, e a natureza não tem pressa;
- Tao não força a velocidade do rio, nem diz por onde ele deve correr:o rio é
que escolhe o seu caminho, o qual será sempre o que lhe for mais
conveniente
- O Tao nunca tem pressa
Essas almas transcendentais vivem num tal estado de iluminação
desconhecido para nós, os seres humanos “normais”, obtido após paciente
trabalho de escultura e construção, cuja duração excede em muito aquilo a
que a nossa noção consegue abraçar. Hoje, quando identificado, só podemos
chamar esses seres de “iluminados”.
As almas transcendentais estão já num plano onde a instância de superfície de
suas consciências não mais existem (aquilo que poderia ser seus egos
encontram-se totalmente dissolvidos), e, portanto, estão despojados de seu
senso de individualidade como um fator necessário de ser cultivado e
mantido para fins de segurança pessoal ou vaidade ou qualquer outro.
Obviamente isso não os isenta de sofrerem resistência ou até mesmo
sabotagens por parte dos bilhões de humanos com quem irão conviver,
muitos dos quais simplesmente não conseguem assimilar tais naturezas tão
diferentes de suas próprias. Tampouco são fazedores de mágica, sempre tão
dispostos a burlarem e sobrepujarem as leis naturais para satisfazer aos
caprichos de uns ou outros mais chegados deles (segundo bilhões e bilhões de
humanos têm sido levados a acreditar ao longo da história pelos
“ensinamentos” de doutrinas milenares de várias espécies.) Se observarmos
os registros dos acontecimentos das civilizações humanas, verificaremos que
o planeta sempre pôde contar com alguns humanos portadores dessas almas
transcendentais por aqui, exercendo em vários momentos e em várias
medidas suas influências morais em diversas culturas ao longo da história.

As Pessoas Agirão Sempre de Acordo Com as Suas Naturezas

“Nossa consciência não é uma instalação fixa e permanente: a antropologia


cultural testifica que ela desenvolveu-se gradualmente no transcurso dos
milênios. Nos trinta ou cinqüenta mil anos da história do homem moderno, o
corpo humano não mudou significativamente,
mas a consciência humana, sim.”
Erwin Laszlo, obra citada
– Tradução do autor

A predominância no planeta Terra atualmente é da ocorrência de


almas-jovens no grande palco das relações humanas, o que explica o
recorrente e excessivo domínio do ego na convivência entre as pessoas, com
sua orientação materialista, consumista, cultuadora do status, e crescente sede
de domínio sobre coisas e pessoas, e isso ainda vai durar por várias gerações
por aqui, já que as mais de 8,6 trilhões de centelhas de consciência (vide nota
a respeito das mônadas, no tópico “A Morte”, páginas atrás) acusadas pela
literatura, antiqüíssima por sinal – Platão já tratava do assunto na Grécia
antiga, Séc.V aC. - ainda estão em fervilhante processo de vindas e mais
vindas por aqui.
Assim, cada pessoa agirá sempre e somente em conformidade com as
prerrogativas e as demandas interiores de sua instância mais essencial, a sua
mônada: as pessoas tenderão a entender o mundo e a definir seus valores e
suas causas sempre somente de acordo com os perfis mais atuais de si
mesmas.
Idem quanto às colocações das almas diante do quadro hierárquico das
civilizações humanas: a história registra a ocorrência de almas-infantis ou de
almas-jovens, facilmente identificadas como tais pelas atitudes que
prontamente empreendem, na posição, por exemplo, de influentes e ativos
imperadores, ou de grandes líderes de nações poderosas, onde tornam-se
responsáveis por guiar seus comandados para grandes conflitos, guerras,
injustiças sociais, calamidades, tragédias e catástrofes históricas.
Do mesmo modo, nas pequenas rodas das comunidades ou familiares,
contam-se aos milhões os casos de flagelos infligidos aos seus próximos:
esposas, maridos, filhos, pais, idosos, por parentes das mesmas idades acima,
no exercício de seus pequenos poderes, aos quais tanto se apegam sem
remorsos, pois, na sua visão, entendem que têm o direito de fazer o que bem
quiserem com as forças e os recursos com os quais seus destinos os
aquinhoaram.
Gerações e gerações de verdadeiros boçais reinam em todos os níveis
dos quadros humanos pelos séculos. Bilhões de seres humanos, agora mesmo,
neste momento em que lês esta frase, amigo leitor, em situações privilegiadas
de poderio econômico, financeiro, ou até mesmo por serem dotados de força
bruta mais arraigada, estão fazendo estripulias e verdadeiras barbaridades em
seus arredores, com outros seres humanos, com animais, com outros seres
orgânicos, com a natureza, sem remorsos, até que alguém os enfrente, o que,
infelizmente, raramente acontece. (Notar que não se trata aqui de inteligência
da pessoa, mas sim, de perfil de qualidade moral dos indivíduos, cujo destino
os colocou como agentes mais poderosos que outros semelhantes seus – “De
onde vem essa desigualdade fatal (... esse obstáculo metafísico...) que se tem
mudado em título de nobreza para uns, e de abjeção para outros... de onde
veio esse orgulho brutal dos poderosos? (Proudhon)”.)
Patrões exploram seus empregados por décadas, causando-lhes grandes
danos de toda monta, inclusive morais, com humilhações incessantes.
Bandidos sanguinários apavoram populações inteiras por anos e anos a fio,
maridos violentos massacram suas esposas e os filhos que tiveram com elas
por vidas inteiras, multidões de pessoas sem escrúpulos fazem suas armações
e criam seus engodos e suas armadilhas, levando vantagens sobre aqueles de
boa fé que foram colocados em seus caminhos.
É grande a probabilidade de que isto tudo que descrevi acima e outras
coisas que deixo para a observação e imaginação dos que me lêem perdure
até o fim da vida de gerações dos algozes e das vitimas, quando ainda por
cima verdadeiros carrascos ainda serão enterrados com pompas e
homenagens, enquanto que os que foram por eles desgraçados serão jogados
no esquecimento e na insignificância. Isto pode causar confusão na mente das
pessoas, as quais gostam de pensar em alguma espécie de justiça divina, que
geralmente não vem. Disseram-lhes para serem confiantes de que ela, a
justiça divina, afinal, virá no além, após a morte de um e de outro (“Os
mentores das grandes religiões sabem que nossa vida é apenas uma viagem e
que nossa perfeição não pode ser realizada aqui na Terra... assim, urge fazer
com que as grandes massas populares tenham como certo que irão encontrar
lá no céu um complemento interessante para sua vida... assim, os homens
que as religiões formarem ficarão contentes em saber, em fazer, e em obter
aquilo que basta para o seu destino terrestre, tornar-se-ão ferrenhos adeptos
e protagonistas de uma “Teoria da Resignação”, e dessa forma não se
tornarão em embaraço para os detentores do poder...” – Adaptação de idéias
de Proudhon – Obra citada):
“A crença em Deus subsiste devido ao desejo de um pai protetor e
imortalidade.” Sigmund Freud

Para consolarem-se, os oprimidos de todo tipo também podem se fiar


no ditado, tão frágil e carente de fundo minimamente verdadeiro, que diz
“aqui se faz, aqui se paga”, às vezes traduzido numa tal de “Lei do Retorno”
que alguns garantem que existe e é muito efetiva, mas a verdade é que a
percepção geral é a de que essa lei não seria muito exata, já que ela parece
muito eficiente em alguns casos (principalmente para a própria pessoa, cujos
pequenos vacilos na vida costumam ser-lhes “cobrados” rapidamente, e com
um alto custo), mas que nem sempre é o que vêem, pois verifica que muitas
pessoas passam a vida cometendo abusos e injustiças contra inocentes e
impotentes, e, afinal, nada (cósmico) lhes acontece para impedir-lhes as ações
tão nefastas e os fazerem responder pelas obras nocivas que empreendem
costumeiramente, obrigando-os a pelo menos corrigir ou compensar alguns
dos males que empreenderam – a história está repleta de casos assim. E a
descrença na justiça da vida pode sobrevir, principalmente ao se aproximar a
velhice. A interrogação do famoso Capitão Nascimento (“- E quem disse que
a vida é justa?”), feita no filme “Tropa de Elite”, a qual ela tanto gostaria de
poder refutar com alegria, ao final de sua própria vida poderá receber como
resposta somente o silêncio, que acompanha um seu olhar para baixo.
Uma das razões desta decepção que quase sempre sobrevém (há muitas
outras razões), é a de que o “tempo” daquele suposto grande mediador, a que
muitos têm chamado de Deus, é muito mais extenso do que o é para a mente
de superfície humana, o ego, o qual faz uma coleção de fatos de duração bem
menos abrangente para ousar declarar seus julgamentos e, por isso, conta com
soluções e respostas mais rápidas para suas questões, que aquelas
supostamente vindas da divindade. Peço licença aqui para repetir os versos
do poeta inglês, do qual já me vali em meu livro “VÓRTICES DA VIDA –
Uma Investigação Não Mística das Diretrizes do Destino Humano” para
ilustrar as diferenças entre os objetivos cósmicos e os objetivos humanos
quanto aos fatos da vida:
“Por muito lentamente que moam os moinhos de Deus,
contudo eles moem de forma excedentemente minúscula;
Por pacientemente que Ele permaneça esperando,
contudo com exatidão Ele mói a tudo...” – Browning (Tradução do Autor)

Também, é difícil para muitos imaginar que tudo o que se faz, na


verdade faz parte de suas jornadas, e dos outros também; e que tudo o que se
sofre, na verdade faz parte de suas jornadas, e dos outros também...
Ao mesmo tempo, vemos pessoas muito sábias, e de fato temos visto a
coisas assim, pessoas com apurado senso de discernimento frente às grandes
questões da vida, que podem passar quase toda a sua vida quase no
anonimato, relacionando-se apenas com seus pequeníssimos grupos
familiares, de duas ou três pessoas, ou em suas pequenas comunidades,
compostas apenas pelos que lhes são mais íntimos. Por fim, morrem, e toda
aquela sabedoria de que eram depositários, as suas contribuições para a
construção de um mundo melhor, parece acabar por dissolver-se junto com
suas memórias e seus corpos, enterrados como anônimos, com poucas
pessoas ou até ninguém, exceto o coveiro, em seus enterros.
Se não nos permitirmos ampliar, e muito, os nossos horizontes de
entendimento, o enigma da vida humana jamais nos fará qualquer sentido.
Esperar que as pessoas abandonem seus padrões comportamentais e as
prioridades que se auto-estabelecem, os quais foram estabelecidos pelas
convicções de seus atuais estágios de alma, em favor dos pontos de vista e
prioridades de pessoas cujas almas estejam em outros estágios, será
virtualmente inútil. E muito frustrante. Pois elas obedecem a demandas que
vêm de suas próprias instâncias mais profundas, as quais são, sim, suscetíveis
de modificação, mas sempre por “evolução” a partir de lenta expansão de
capacidades perceptivas e capacidades de compreensão vindas de dentro para
fora (a já mencionada “iluminação”.)
Sim, realmente este processo de mudança só será verdadeiro e efetivo
se for totalmente interior, ou seja, se for o resultado de uma daquelas
pequenas iluminações que de quando em quando ocorrem em sua alma, das
inúmeras que deverão ocorrer ao longo de sua incrivelmente longa existência,
sem o que não haverá algo que possa ser considerado avanço. (O que só vem
corroborar o caráter de profunda hipocrisia das conversões à força às
doutrinas que se apresentam como “espirituais”, que querem que as pessoas
demonstrem aos outros as suas eventuais transformações a partir de
declarações padronizadas de frases pré-redigidas a respeito de suas novas
convicções e novos compromissos perante a sociedade de agora em diante...)
Os destinos e a trajetória de cada um aqui neste plano em que estamos
agora, amado leitor, são constituídos de temas que lhes foram traçados de
uma forma mais geral: não estão escritos na forma de roteiros que devam ser
seguidos com exatidão, frase por frase, detalhe por detalhe.
Por isso, muitas “missões” realmente falham, ou são abortadas por
algum motivo.
Depois serão novamente empreendidas, em nova(s) oportunidade(s),
onde poderão ser concluídas de forma que signifiquem êxito para essa etapa
específica da extraordinariamente longa caminhada, ou então, demandarem
novo(s) retorno(s)...
Não há atalhos na vida: construímos nosso espírito pela vida que
experimentamos, momento a momento, pedrinha por pedrinha. Ou então não
o construímos.
A escola da vida ensina em silêncio... e suas lições, uma vez
aprendidas, jamais serão esquecidas.
Os Estágios de Cada Idade das Almas

“Tudo tem seu tempo... a maior das árvores um dia foi semente...”
Citado por Cris Lanza Bottosso Feitosa

“Dentro” de cada idade acima, cada alma que anima um humano ainda
experimenta sete estágios ou nível de expressão, quando contará com formas
condizentes de apreciação da sua experiência momentânea de vida, bom
como com reações bastante típicas das fases.
Ou seja, envolve comportamentos e escalas de valores próprias de cada
fase, que se expandem à medida que vai se subindo na escala, tanto da idade
das almas, como dos estágios de cada idade. Cada um desses estágios listados
abaixo será cumprido pelo menos três vezes por cada mônada, antes que
possa passar com segurança para o passo seguinte na mesma faixa de
“idade”, ou seja, para o estágio seguinte, o que significa que, ao ter passado
por todos as idades da experiência humana de idade, cada mônada terá vindo
ao planeta por mais de 126 vezes (essa é uma avaliação pelo mínimo de sete
vezes em cada idade, e seguramente não acontece assim: se considerarmos
que uma mônada pode experimentar uma média de 20 vezes em cada idade
(não necessariamente dadas como “cumpridas” somente quando a morte do
corpo físico se dê em avançada velhice daquela oportunidade por aqui), as
andanças pelas aventuras humanas poderão facilmente superar as centenas de
vezes de exposição às suas vicissitudes típicas...)
Primeiro Estágio: Este primeiro nível é um de exploração das peculiaridades
do nível de idade, que lhe é totalmente novo por enquanto. Por isso, seu
comportamento aqui pode ser bem desajustado, marcado por atitudes bastante
equivocadas perante os fatos que se apresentem em sua vida (Uma alma-
madura, neste 1º. estágio, poderá, por exemplo, interpretar algumas coisas
como o faria se ainda fosse uma alma-jovem do 7º. nível, até que se ajuste à
sua condição real do momento). Eis aí a explicação para as certeiras
repetições do estágio: a partir da sua 2ª. oportunidade em diante por aqui,
suas percepções e suas reações frente às situações certamente serão mais
adequadas, e irão melhorar, nem que seja um pouquinho.
Segundo Estágio: A alma já está um pouco mais à vontade em sua faixa de
idade, e as experiências humanas serão digeridas com mais, digamos,
adequação e naturalidade segundo o seu nível atual, embora ainda seja lhe
repleto de equívocos e decepções, pois ainda se deixará influenciar, por ainda
não ter bem solidamente fixadas em si, por impressões e pressões externas
para agir fora de sua melhor adequação. Também por conta desta mesma
razão ainda poderá se confundir a respeito da interpretação e atendimento de
seus clamores mais interiores, atrasando seu avanço para o passo seguinte.
Terceiro Estágio: Este nível já lhe traz mais clareza em compreender as
aspirações e propósitos mais interiores de sua alma a esta altura de sua
existência, mas se constituirá em uma fase de introspecção, até que aprenda
lentamente a integrar na medida certa seus clamores interiores com as
vicissitudes da vida diária – a pessoa se permite certas novas atitudes que
significam assumir mais responsabilidades a respeito de si mesma mas,
quando algumas conseqüências chegam, sente certo desconforto com elas e,
com ele, dúvida, arrependimento, e incapacidade de lidar com isso. Precisa
então de um tempo consigo mesmo para realinhar-se às condições. Pode
começar a agir de forma escapista e um pouco defensiva demais.
Quarto Estágio: É a fase de conforto consigo mesmo, pois neste estágio a
mônada estará muito à vontade como um humano daquela idade.
Autoconfiança é a marca do humano cuja mônada esteja no 4º. estágio, age
muito, e com segurança, tem sempre muita razão nessas suas ações e,
certamente é uma fase de formação de muuuuito carma, principalmente o
carma ruim...
Quinto Estágio: Talvez uma conseqüência do nível anterior da mônada, aqui
o humano que ela esteja animando se desencontra, se perde em suas
excentricidades, fazendo coisas muito estranhas e descabidas: está se
lambuzando, mesmo que às vezes parece naturalmente ciente de seus
excessos, com uma espécie de autocensura e noções mais fortes acerca dos
limites das coisas, embora ainda sempre sujeito à personalidade
predominante da idade em que a alma se encontra. É a fase do exemplar mais
sincero de sua fase, ainda que não muito coerente.
Sexto Estágio: É a fase do acerto de contas, onde as conseqüências de suas
atitudes aparecem para cobrar o preço (as doutrinas de orientação oriental
poderão dizer que o “carma” desta faixa etária da mônada se apresenta aqui,
retornando com o saldo da fatura, os débitos versus os créditos acumulados
abundantemente não só nos estágios anteriores de que se trata este tópico,
mas também e principalmente aqueles relativos aos abusos praticados
conscientemente pelas mônadas quando nas idades “infantil” e “jovem”,
estes, há muito tempo atrás, cujos “acertos” cósmicos foram sendo protelados
ao longo de suas passagens por aqui.) Este é um estágio longo, muito longo,
que se estende principalmente pela idade de alma-madura, a qual está
habilitada para avaliar com mais equilíbrio as coisas, ainda que não se lembre
com exatidão de haver cometido coisas tão baixas e mesquinhas que as façam
merecer tantas e tamanhas decepções atualmente. Reforço que há uma
verdadeira chegada em bloco de obrigações aqui, pois realmente o processo
de “acerto” de muitas coisas foi anteriormente adiado dezenas de vezes pelas
mônadas, quando, no plano etéreo, cogitavam suas próximas aventuras no
plano terreno. Porém, é certo que não irão para o 7º. estágio sem que as
contas anteriores estejam equilibradas pela(s) passagem(s) por este nível.
Sétimo Estágio: Contas pagas (nas idades anteriores à fase de almas-
maduras e almas-velhas, somente uma pequena parte delas foi tabulada), é
um estágio de desfrute, que viver na terra não é só assumir obrigações e pagar
contas cósmicas. Ainda que os clamores de cada idade sejam prevalecentes,
contudo, a mônada do sétimo estágio experimenta, à maneira de sua idade, a
fase madura deste ponto de sua experiência terrena. As pessoas que estejam
nesta fase aparentam muita segurança no que fazem, e o que fazem, fazem
com muita habilidade e facilidade, ainda que sejam descalabros. Ao mesmo
tempo, inconscientemente a mônada prepara-se para a nova fase que virá,
relativamente breve.

Cada “estágio” desses será apreciado por algumas vezes em cada


“faixa” de idade, por cada mônada – a literatura fala que dez é a quantidade
de permanência em cada uma dessas fases, em média – logicamente algumas
almas vêm mais vezes, outras, menos, no mínimo cinco, conforme a
“necessidade”.
Ah, não satisfeito com o conceito de idade das almas, pois realmente
precisa de um parâmetro que indique tempo?
Óquei, lá vai. É muito ampla a variedade do suposto “tempo” de
existência das almas (ou, melhor se referindo, à idade das mônadas): Mas
considere que ele varia de DESDE O INSTANTE DO INÍCIO DE TUDO,
até a UM BILIONÉSIMO DE SEGUNDO ATRÁS, segundo a forma de
contar aqui da Terra.
Perceba: a alma (ou, novamente melhor referindo-se, a mônada)
necessariamente não teve seu início apenas quando chegou no estágio de
animar ou valer-se de um corpo humano, que respira neste apenas planeta.
(Esta experiência (a experiência humana) é relativamente nova no planeta
(pela famosa exposição do físico Carl Sagan, em sua obra “From the Dragons
of Eden”, se toda a experiência do universo, desde o “Big-Bang” até o
momento presente fosse redimensionada para caber todo no intervalo de
apenas um ano, o gênero humano teria surgido, dentro do contexto cósmico,
há apenas 2 minutos!)) Seus primórdios podem localizar-se em algum
momento muito, mas muito anterior ao surgimento da fase humanóide do
terceiro planetinha do sistema solar desta pequena galáxia no universo.
Quanto ao período de permanência em cada fase das idades, isto está
obviamente subordinado à individual apreciação e “aproveitamento” da
experiência. A literatura antiga diz que cada alma ou mônada, em sua
experiência terrena, experimentará em média 20 vezes a permanência em
cada faixa de idade, conforme o demonstre que houve aproveitamento (a
quantidade mínima de exposição de cada mônada em cada faixa de idade
seria de sete vezes.) Da mesma forma, a experiência nos níveis ou estágios
de cada faixa de idade poderão ser repetidos, e de fato o são, geralmente em
média até três vezes em cada um deles (algumas mônadas repetem mais vezes
em algumas dessas fases), segundo a mesma literatura disponibilizada para
quem quiser analisar.
No mais, em seus períodos por aqui, a expressão da vida de cada
mônada, que transparecerá por meios de suas reações mais espontâneas, e
idem por meio de seus atos mais automáticos, de caracteres explicitamente
irrefletidos, serão simplesmente reflexos de sua essência atual, conforme a
sua idade, conforme seu estágio: essa será a sua natureza pessoal, e seu
comportamento mudará muito pouco enquanto estiver na sua aventura
terrestre.
Qual a (Suposta) Finalidade da Existência Humana?

“...(há) o Espírito que tem feito o mundo em que vivemos hoje um progresso
sobre o mundo dos pterodátilos e dos ictiossauros,
e devemos procurar pelo movimento para a frente que este Espírito tem,
deste seu novo ponto de partida em nós mesmos.”
– Thomas Troward, em
“A Essência da Lei Universal da Atração
– “Lições Pela Ciência Mental”

Nós, seres humanos, operamos e somos operados quanto às nossas


habilidades em movimentos ininterruptos que ocorrem simultaneamente
naqueles já citados múltiplos diferentes planos (sete planos principais - , e
cada um desses com sete sub-planos), cada qual com seus próprios
parâmetros, diretrizes, objetivos e imperativos.
No entanto, estamos condicionados, principalmente aqui no ocidente, a
considerarmos o limitadíssimo e pesado plano físico como o principal local
de nossa aventura, ao qual acrescentamos, cada um à sua maneira, mais um
arremedo de reconhecimento de uma instância a que temos chamado de plano
espiritual, um reconhecimento insuficiente, insipiente, totalmente
equivocado, e inconclusivo.
A imensa maioria de nós defendemos furiosamente nossas inócuas
redondezas, as quais não levaremos para o túmulo, mas isso quase sempre
acaba por se tornar nosso grande objetivo de vida, e não queremos saber de
outra coisa, a não ser de reinarmos em “nosso” domínio tão pequeno e local,
por maior que este seja sob ponto de vista terreno.
É um duro e perverso condicionamento a que bilhões e bilhões de nós
estamos agrilhoados, em processo que predatoriamente acorrenta de forma
impiedosa as mentes e as visões de seguidas gerações e gerações de humanos.
Resultado: em quase toda vez que estamos por aqui, a imensa maioria
de nós erra o alvo, e perdemos oportunidades sublimes, umas após outras, e a
vida humana se torna praticamente inútil, fracassada, frente aos desígnios
cósmicos.
“A civilização seguiu um caminho errado... e dizer que poderia ser de outra
forma é perder o direito de falar de equidade, de moral, de progresso; é
perder o direito de falar de Deus...” Proudhon, obra citada.

Dentro desse contexto nada inspirador, então, por enquanto poderíamos


nos contentar com a informação ultra-básica de que a consciência humana,
atuando e funcionando, por meio da inteligência de que é dotada, como
diretora e orientadora de uns conglomerados e conjuntos individuais de umas
formas mais densas de formas energéticas de naturezas diversas, as quais
constituem uns aparatos funcionais (orgânicos) individualizados de campos
eletromagnéticos mais ou menos complexos, que é como descrevo em linhas
gerais os nossos corpos físicos, faz parte de um experimento biogenético, no
qual deve navegar virtualmente em um meio holográfico, em uma certa
região no cosmos delimitada por uma exclusiva faixa de coordenadas de
tempo e espaço.
Nesta experiência, energias que se expressam por meio de emoções nos
surgem em decorrência de sermos continuamente expostos a simulações de
realidades – nossas mentes as interpretam como “realidades”, pois foram
programadas para assim efetuarem a leitura dessas várias matrizes virtuais,
gerando reações que se revelarão como certas faixas de intensidade e
naturezas múltiplas de diferentes tipos de emoções.
As emoções assim criadas e experimentadas devem proporcionar, ao
final de tudo, um certo tipo de refinamento à forma de consciência.
Quem opera este “experimento”?
“... Lá de cima, alta e longínqua, está a luz dos espíritos gigantes, que
superaram e escravizaram ao espírito as forças biológicas...”
Ubaldi, obra citada (1)

Segundo a literatura, antiqüíssima por sinal, umas “formas mais


complexas de consciências, altas formas nervosas de sensação, sentimento e
pensamento”, as quais “viveriam” em planos que se manifestam até na 7ª.
dimensão (aos seres humanos é dado experimentar suas existências no plano
da 4ª. dimensão: altura, largura, profundidade, e movimento (tempo)). (Vide
os capítulos seguintes, que se referem ao “Logos”, “Logos Solar”, e “Logos
Planetário.”)
Nos últimos 10.000 anos, os seres humanos de várias culturas e
tradições espirituais facilmente tem se referido a essas formas de consciências
que habitam em planos mais complexos do que este em que nós mesmos
vivemos (refiro-me aos planos da 5ª. Dimensão, 6ª. Dimensão, e até da 7ª.
dimensão), os quais eventualmente têm-se dado a perceber por nós, como
sendo “Deus”, ou mesmo Deuses. (Criam, a partir dessas experiências de
“encontros”, o conceito de “sagrado”, e iniciam um incompreensível processo
de mistificar e confundir tudo, ansiosos por lhes prestarem culto de
agradecimentos ou incentivar a repetição mais freqüente dessas
aproximações.)

Evolução dos Humanóides

“Na negação ou na ignorância de suas verdadeiras origens


jaz a fonte da retirada da força da humanidade...”
- Phillip Lindsay, em “A Brief Esoteric History: Evolution of
Consciousness through the Root Races” –
Tradução do Autor

A permanência da alma neste planeta físico, uma personalidade dotada


de complexidade considerável, aquinhoada com um patamar notável de
consciência e inteligência que lhe é toda peculiar e exclusiva, exige como
absolutamente necessário um veículo orgânico compatível, um corpo físico
dotado de sentidos, sensores, e capacidades, no caso, do reino animal.
Os estudiosos que vêm rastreando de forma ampla os primórdios de
manifestação das formas orgânicas “animais” na Terra nos falam de raças-
raiz, sub-raças, e ramificação de raças, que se têm sucedido ao longo das
várias eras, no caso, todas pertencentes, mesmo que muito remotamente, à
raiz do gênero humanóide. (Os trabalhos de rastreamento das origens da
consciência são fascinantes: se o leitor desejar se inteirar mais do assunto,
autores como Annie Besant, Charles W.Leadbeater, J.J. van der Leeuw, entre
vários e vários outros, fornecem informações sobre, embora ás vezes com
algum ruído doutrinário.)
A Primeira Raça: No que diz respeito à primeira raça-raiz, um período
inicial, há bilhões de anos, de um tipo de lento despertar geral da vida no
planeta, chamado Período Polar (ou Pré-Adâmico, Adão significando, como
na Bíblia Hebraico-Cristã, “Primeiro Homem”), onde algumas manifestações
sem identidade psíquica muito definida, sem inteligência passível de ser
reconhecida com fator minimamente marcante, sem vontades objetivas
(seriam mais como umas espécies de anomalias de diversos tipos no mar de
energias que cobria o planeta) vagueavam por aí, o que fizeram, repito, por
uns boas dezenas e dezenas de milhões de anos terrestres. (Poeticamente,
Moisés reproduziu este conceito trazido por histórias contadas de gerações
mais antigas do que a dele próprio com admirável leveza e beleza em sua
obra “Genesis”: “O espírito de Deus se movia sobre a face das águas...”)
A Segunda Raça: Várias centenas de milhões de anos foram se passando, as
formas minerais, vegetais e animais tomando feitios diversos, dotados de
certa estabilidade, surgindo, desaparecendo, continuamente. Ao final, haviam
definitivamente evoluído para formas energéticas mais definidas, que compõe
o que algumas correntes de pensadores de matriz não hebraica chamam de
Período Hiperbóreo ou Adâmico, que resumiu o período de existência da 2ª.
Raça-raiz humanóide.
A Terceira Raça: Mais alguns bons milhões (outras centenas de milhões) de
anos, as formas orgânicas físicas foram sendo pacientemente elaboradas,
configuradas e reconfiguradas quanto às suas capacidades psíquicas,
sensitivas, perceptivas, instintivas, inclusive, no meio delas, aquele que se
estava direcionando para se tornar o homem. Por aí, já se findava o 5º. dia da
comovente alegoria mosaica.
Foi o chamado Período Lemuriano, um longo período, o qual teria
tornado possível chegar-se à consciência individual e ao físico que já
apontava nitidamente para o ramo que reconhecemos como indefectivelmente
humanóide, o da 3ª. Raça-raiz.
Ao final desse período, já havia inegável intima relação do espírito com
o corpo físico, e haviam mesmo já ganhado um veículo físico condizente, o
corpo ágil e habilidoso, de dimensões bastante interessantes e adequadas, o
qual, evidentemente, foi tomando essa forma que lhe é apropriada em
processo igualmente lento. Nesse longo, muito longo processo de
transformação, de migração da existência etérea para faculdades físicas, a
individualização em corpos das unidades do ser vivente foi se tornando mais
clara, ao mesmo tempo em que fora se enfraquecendo habilidades de
percepção mais sutis.
À mesma época ou seja, ao final do Período Lemuriano, o lampejo da
consciência já havia sido conferido em boa medida a esse animalzinho, que
se estava transformando em especial dentre toda a criação, já que a
inteligência e a capacidade de avaliação já começava a sobrepujar o puro
instinto que é a marca da animália.
Há cinco milhões de anos ou mais, a topografia e a formação dos
continentes emersos eram muito diferentes daquelas que hoje encontramos. É
a época dos chamados grandes continentes de Gondwana, Pangéia e Laurásia.
A Quarta Raça: Como dizíamos, a fusão das faculdades abstratas, como
consciência, emoção, intuição, inteligência, e espírito, com vários veículos
físicos, orgânicos, deu-se nos últimos duzentos milhões de anos aqui em
Gaia. No meio deles, um em especial foi sendo escolhido, este, ágil, enxuto,
articulado, poderoso, finalmente foi destacado nos últimos cinco milhões de
anos, com a anuência e proteção (ou por uma decisão, segundo algumas
correntes de pesquisadores) do logos planetário, o princípio lógico que dá
suporte ao planeta Terra.
Na virada para um novo padrão humanóide, o Atlante, um notável
upgrade em suas faculdades psíquicas, mentais, intelectuais foi providenciado
então para este certo animal, de raízes bem terráqueas, e há 200 mil anos
ganhou mais discernimento e noção de si mesmo, tornou-se receptáculo e
moradia de entidades de vontade, de conhecimento, de ciência, mais passíveis
de experimentar amplitudes superiores de existência do que a nossa própria
geração.
Tal foi a 4ª. Raça-raiz. E o bicho homem foi assim guindado a um
patamar notável em meio a toda a criação, um meio termo entre a animália e
a divindade criadora, de onde ousadamente reinou, segundo a literatura (nada
científica, diga-se) por mais de 120 mil anos.
E, dizem, isso acabou em uma grande catástrofe provocada por ele
mesmo: sua imensa capacidade intelectual e mental, além do sempre
recorrentemente mencionado uso intenso do som como uma ferramenta
essencial, o qual, segundo diferentes literaturas, na antiguidade dotava
aqueles que acabavam por se destacar conforme uma excepcional destreza
com que o utilizavam como grande auxiliar ativo para obras materiais de todo
tipo, inclusive movimentação de grandes naves de certo tipo; provocaram
súbitos grandes cataclismos, que teriam redundado na destruição de um
continente inteiro, em um único dia segundo, repito, diferentes relatos, há
cerca de 10 ou 12 mil anos.
Os poucos humanóides remanescentes dessa raça teriam sobrevivido
nas altas montanhas da Cordilheira dos Andes e nas montanhas mais remotas
do interior da Índia, e foram depositários de imenso conhecimento a respeito
da criação, das suas capacitações e de seus propósitos, altamente dificultosos
de serem assimilados por nós, os habitantes da 5ª. Raça-raiz, a Raça Humana
Ariana. (A respeito dessa longa desastrada experiência provocada pela 4ª.
Raça, que culminou com a sua eliminação sumária, veja o relato habilidoso
do grande Moisés, que também referiu-se ao fato em seu livro de Gênesis da
criação, a compilação de várias histórias que se contavam entre os mais
antigos povos, evidentemente usando de figuras possíveis de serem
assimiladas sem maiores problemas por seu povo supersticioso. Os versos
iniciais do capítulo 6 do mencionado livro fornece-nos uma idéia a respeito
da grande queda da 4ª. Raça, culminando nos sintomáticos versos 5 a 7: “Viu
o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a Terra, e que toda
a imaginação dos pensamentos do seu coração era só má continuamente... e
arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a Terra, e pesou-lhe
em seu coração... e disse o Senhor: “Destruirei, de sobre a face da Terra, o
homem que criei, desde o homem até o animal, até ao réptil, e até à ave dos
céus, porque me arrependo de os haver feito...”.)
A Quinta Raça: E uma fusão dos da 4ª. Raça com um tipo menos dotado de
qualidades como a inteligência e o espírito, embora humanóides que, ainda
insinuado pelo próprio texto bíblico (verso 2, verso 4 ainda do Capítulo 6 de
“Gênesis”: “... vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram
formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes
agradaram...Ora, naquele tempo havia gigantes na Terra; e também depois,
quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes
deram filhos. Estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade. “),
também ocorria por ali – houve momentos em eras passadas em que ramos
diferentes de humanóides, com configurações ligeiramente diferentes entre si,
habitavam o planeta: por exemplo o ramo chamado Homem de Neanderthal,
extinto há 35.000 anos (havia surgido uns 30.000 anos antes disso), conviveu
ao menos temporariamente, já que não há relatos de comunicação mais
intensa entre eles, no local que hoje seria o continente europeu por quase
10.000 anos com seu primo “Homem de Cro-Magnon”, este, extinto há
apenas pouco mais de 10.000 anos (havendo supostamente surgido também
cerca de 30.000 anos disso.)
Ambos foram classificados no Sec.XIX por Henri Bergson sob a
expressão que este criou, como “homo sapiens”, mas seu físico e sua
capacidade intelectual, bem como sua espiritualidade e sua organização social
(o primeiro tipo morava em cavernas, e o segundo já havia migrado para
umas formas primitivas de habitações construídas por ele mesmo e,
posteriormente, para tendas móveis; em outras regiões do planeta também
outros ramos de homo sapiens faziam das suas em épocas bastante próximas
ou mesmo coincidentes – China, África, Ilha de Java) propiciou o surgimento
de nós, assim, tão perdidinhos, tão confusos, tão contraditórios, tão mal-
informados, tão dotados de cegueira cósmica que somos, nós, os
autodenominados homo sapiens-sapiens, os da 5ª. Raça, a Raça Ariana.
Sexta Raça-Raiz e Sétima Raça-Raiz: Seriam os esperados e programados
estados futuros de desenvolvimento do ser humano, tanto física como
psiquicamente. Se as informações quanto ao nosso suposto passado evolutivo
já são por demais marcadas por informações fantasiosas sobre episódios
incríveis, as também supostas etapas seguintes então são mais estranhas e
excêntricas ainda. Sinta-se o leitor livre para escolher entre as centenas de
versões quanto às aventuras futuras de nosso gênero, ligadas a doutrinas
espirituais, ou a ilações exotéricas, ou a verdadeiros delírios de grupos,
amantes do fantástico, aos quais alguém, como já dito aqui nesta mesma obra,
já denominou “esquisitotéricos”....

Raças Espirituais – Uma Outra Abordagem


“... três níveis de racismo devem ser distinguidos em ordem de refletir os três
tipos de raças: o primeiro nível de racismo é pertinente à raça do corpo, o
segundo à raça do caráter, e o terceiro à raça do espírito.” Julius Evola, in
“The Path of Cinnabar”, tradução do autor.

Em geral tratamos cientificamente do assunto raças sob o ponto de


vista biológico com naturalidade: grupos de indivíduos, geralmente oriundos
de uma mesma região, com traços físicos predominantes muito definidos e
passados de geração em geração como herança física. Formato do corpo,
altura, formato do tronco, proporções entre os membros do corpo, cor da
pele, cor dos olhos, , tipo de cabelo, formato de cabeça, formato de narizes,
lábios, desenvolvidos através de dezenas de milhares de gerações, criaram
grupos físicos distintos de humanos, nos últimos 200 mil ou milhão de anos,
conforme principalmente as peculiaridades do meio ambiente em que têm
vivido seus antepassados ao longo de vários milênios, levaram a identificação
não só dos comumente falados 3 grandes grupos de raças, a branca, negra e
amarela, como também há literatura que detalha a existência de cerca de 200
raças humanas diferentes hoje no planetinha azul.
O assunto já é em si tabu para muitos melindrosos, mas a coisa pode se
tornar mais delicada e perigosa quando temos a coragem de encarar o
conceito de “raças espirituais.”
Autores como Arthur Schopenhauer (meados do Séc.XIX) e Carl G.
Jung (início do Séc.XX), personagens fáceis das questões ligadas ao enigma
humano, vamos dizer assim, juntam-se a dezenas de outras figurinhas
difíceis, não conhecidas do grande público, nomes como Julius Evola,
Ludwig Clauss, Frank DeSilva, Alfred Rosemberg, Alexander Jacob,
Micahel O’Meara, e vários outros estudiosos que abordaram o conceito de
“raças espirituais”, ou de “raças da alma”, ou até mesmo outras terminologias
quase que totalmente diferentes, porém relacionadas ao mesmo tema, são
encontradas em vários ensaios, ligados aos aspectos espirituais dos humanos.
A abordagem de vários deles parte da observação de que “raça” não é
apenas uma qualidade física ou biológica, mas que carrega indefectíveis
elementos que envolvem também e inseparavelmente distintas e peculiares
manifestações de caráter psicológico, comportamental, e até de “capacidade
de correta apreensão de idéias e de níveis subjetivos de fenômenos que
envolvem a própria existência”, não só do homem, mas do próprio cosmo,
conforme observou Évora.
Extrapola, e em muito, a mera abordagem materialista, de que se
trataria apenas de uma questão relacionada a sangue, mas definitivamente
partiram para o caminho de que não é possível separar, ao menos no ser
humano, as trajetórias das raças biológicas, das trajetórias das raças
espirituais, ao longo das eras.
Em outras palavras, os espíritos que vêm animando os corpos físicos
das diferentes raças físicas humanas ao longo das eras do planeta seriam
também eles de diferentes raças espirituais.
Prefere este autor colocar aqui nesta obra esta discussão no campo da
metafísica, ainda que vários dos nomes citados acima e outros que não foram
mencionados sejam renomados cientistas, muitos dos quais, embora
reconhecidos por nichos da comunidade científica, contudo enfrentam ainda
reservas não desprezíveis de várias correntes, principalmente sociológicas e
religiosas mais tradicionais.
Um esclarecimento: suposta diversidade de raças espirituais não
significa automaticamente alguma suposta superioridade ou mesmo alguma
suposta inferioridade de um tipo sobre outros (ainda que, por experiência,
encontremos em nossas jornadas diárias em meio à vida social tipos diversos,
em uma campo vastíssimo de atuações, com extremos de “ser humano” tão
dispares: há pessoas que, pelo seu comportamento e modo de encarar a vida e
agir e reagir às necessidades existenciais, possuem como única indicação de
que são seres humanos o fato de se apresentarem perante os outros dotados de
um corpo físico aparentemente humano, mas os impulsos que animam esse
veículo físico decididamente não parecem oriundos de nenhuma fonte
humanística, seja para cima ou para baixo – há tanto criaturas que, pelo seu
comportamento e valores que elege para dirigir seus atos, mais parecem
celestiais, muito acima do que se espera de um ser humano, como também há
alguns que mais parecem de algum ramo animal, decididamente não a um
esperado nível mediano “humano”.)
Contudo,
“Nossas discussões a respeito das teorias de Carus, Nietzsche, e Jung, por
exemplo, têm mostrado que reais diferenças em desenvolvimento espiritual
existem entre as três raças (biológicas).” – Alexander Jacob, in “De Naturae
Natura”, tradução e nota do autor

Ora, o conceito de arquétipo defendido por Jung parece bem ligado a


aspectos genéticos, ou seja, aos códigos genéticos de cada povo, gravados em
campos específicos de suas células físicas, porém, a possibilidade de
ocorrências comportamentais, sentimentais, intelectuais e humanas típicas e
próprias de cada povo ou de cada raça biológica serem causadas por
componentes tipicamente ligados ao tipo de espírito que ali habita, o que
acarreta influências em matéria de manifestações a partir de um campo
totalmente virtual (a partir de um predeterminado campo espiritual) não deve
ser posto de lado assim, tão apressadamente.
A “personalidade espiritual”, digamos assim, foi forjada através dos
milhões ou bilhões de anos de existência daquela mônada, e, pelo princípio
de que “semelhante atrai semelhante”, têm navegado tanto pelo mundo astral
como pelo mundo da forma, geralmente em grupos.
Na verdade, em se tratando do termo “Raças Espirituais”, é difícil não
separar este conceito do conceito de categorias de consciências. Autores
exotéricos não chegam a um acordo: citam o número de quatro, outros, cinco,
outros, nove, outros chegam a citar dez níveis de consciência. No capítulo
seguinte descrevo de forma preliminar uma dessas classificações.
Voltando ao assunto “raças espirituais”, esta distinção abaixo me
parece bastante abrangente:
Raça Solar: Reconhecida desde as remotas antiguidades desta atual
civilização, a principal característica é a da auto-suficiência, com doses de
inatas dotações autoritárias e impetuosas, com tendência às posições de
liderança nas questões deste mundo, pois ocorrem neles uma profunda fusão
da espiritualidade com sua parte física. Ocorrem grandes conglomerados de
pessoas animadas por este tipo de espírito, o que podem ser observado pelo
fato de que determinadas raças de humanos têm irresistível legado de
liderança sobre outros povos, nações, e até sobre a civilização planetária,
durante longos (para nós) períodos. Temos assistido a este tipo de
pensamento ao longo da conhecida história de nossa civilização, onde, de
tempos em tempos, um povo se sobrepõe sobre outro(s) povo(s);
Raça Lunar: Ainda não claramente conscientizado da importância da sua
própria natureza espiritual. Podem ser intelectuais, reflexivos, não possuem
espírito de dominação, e aceitam bem o domínio de “mais fortes” sobre si;
Raça Telúrica: Tende à irracionalidade, à apreciação das coisas e dos
fenômenos da forma física, e dos fatos, e neles prevalece a atração por coisas
do mundo da forma. São comumente aderentes à Síndrome de Matilha onde,
individualmente são fracos e indecisos, mas quando se juntam em grupos,
imediatamente ganham grande vigor e coragem, e geralmente parte para a
prática de atos desprovidos de qualquer lógica e raciocínio.
Raça Olímpica: Ou “Raça de Heróis”, possuem de forma natural um elevado
senso de dever e honra, entendendo que questões triviais do ser humanos
seriam coisas insignificantes, ao mesmo tempo em que olham para questões
mais celestiais como algo a ser buscado e atingido. Anseiam por um
despertamento, que os colocariam ao nível dos deuses ou seres celestes.
Acabam por serem negligentes nas questões terrenas e práticas.
Raça Afroditiana: Ao contrário da Raça Olímpica, estes são muito voltados
ao refinamento das coisas da vida material terrestre, amantes da luxúria,
opulência, suntuosidade, e estética da vida exterior. O culto aos aspectos
exteriores, o desenvolvimento do luxo, mesmo que nenhum outro sentido
senão o da mera futilidade e mesmo inutilidade parece ser seus grandes
motores e final objetivo nesta vida, sendo praticamente alheios a outros
apelos existenciais.
Até meados do Sec.XX, quando então os povos ainda eram
relativamente isolados em seus territórios, as colônias de espíritos gostavam
de cultivar o orgulho de pertencer a esta ou àquela estirpe, e de terem uma
história tão particular e peculiar para si. Agora que o mundo, graças aos
incríveis avanços nas áreas de comunicação e transporte, está mais e mais se
transformando em uma verdadeira aldeia global, onde os valores morais, as
culturas, as crenças e as religiões, tudo tende tanto a receber, como a doar
elementos, numa troca vertiginosa, simplificando o tipo humano tanto no
aspecto físico como no aspecto espiritual, numa espécie de fusão que
redundará em algo que se poderá chamar de “raça humana” ou a mítica “raça
de Pan” (muito já se avançou neste sentido, embora igualmente ainda há
muito para se avançar aí – este processo deve desenrolar-se cada vez mais
vertiginosamente por uns bons séculos ou pouco mais...), será interessante
ver desmoronarem-se os pilares que sustentam a altivez, a soberba, e o amor-
próprio exacerbado que vários povos antigos carregam em seus próprios
arquétipos, estes, sustentados por inequívocos pilares de cunho espiritual, tão
ciosos estão de suas superioridades sobre outras raças.

A Percepção do Mundo

“Podemos obter todo o conhecimento do Universo, e ele se reduz a um


ponto: praticá-lo. Para ter acesso ao acervo de memórias de que são
portadores os nossos átomos, há que silenciar a mente, há que se recolher
em Si. No silêncio interno se faz a ponte do acesso.”
Maga Clara, em “Ciências Ocultas”

Então, ordinariamente percebemos o mundo por meio de nossa


consciência de superfície, alimentada por nossa visão, nossa audição, nosso
olfato, nosso paladar, e nosso tato, sendo necessário considerar ainda que
alguns de nós tenhamos, de forma natural, algum sentido intuitivo mais
exaltado que outros de nossos semelhantes.
As impressões assim colhidas são juntadas por nossa inteligência
individual somente em nossa própria mente, da melhor forma que cada um de
nós conseguir fazê-lo; por meio desses fragmentos de informação montamos
um tipo de quebra-cabeças pessoal, e construímos a realidade, que vem a ser
nossa realidade particular.
Por isso a constatação trágica de que a realidade de cada um é sempre
tão somente uma realidade percebida, individual, a qual sempre estará
desconectada da realidade plena. Enquanto ser humano natural, a realidade
plena nunca existirá, pois sempre somente será construída/interpretada a
partir da colheita de uns poucos fragmentos de informação, e assim mesmo,
limitado aos seus arredores. E, ainda assim, sujeita às influências dos delírios
das crenças que nos são imputadas e às quais corremos para aderir sem muito
cuidado:
“Aquilo em que as pessoas acreditam prevalece sobre a verdade.”
Sófocles
Por alguma razão, as pessoas são todas concebidas como portadoras de
perspectivas diferentes, totalmente pessoais, diante da vida.
Uma ampliação da capacidade perceptiva de alguém lhe confere o dom
de potencializar, e muito, o seu particular conceito de realidade.
Não estou aqui me referindo a dons individuais inatos que habilitam
alguns a passar por experiências metafísicas, as quais se caracterizariam
como excepcionalidades, como telepatia, telecinésia, “tele” alguma outra
coisa – sempre algum tipo de habilidade transpessoal, que alguns de nós
possuímos e, sabendo disso (muitos não se sabem assim dotados), mesmo se
utilizam deles com certa freqüência. Estou me referindo a uma decisão
definitiva e consciente da pessoa, de encarar a experiência da vida a sério!
Na verdade, ninguém escolhe ser iluminado nesta vida, a partir de um
certo momento de sua jornada: trata-se de um estado individual da alma,
descoberto em algum momento, após algum disparo de algum gatilho
relacionado, acidentalmente ou não. Quando ela descobre seu particular
estágio de consciência, então não conseguirá resistir a assumi-lo, mesmo que
contra todos os apelos de seu meio em que vive.
Veja uma certa delimitação de níveis de consciência a seguir.

Níveis de Consciência

“Quando nos aproximamos de nosso limite,


ele se expande.”
Autor desconhecido

Como mencionado acima, a literatura metafísica e exotérica traz


atualmente várias diferentes classificações de níveis de consciência das almas
ou das mônadas, em referência não só as que costumeiramente animam o
bicho homem, mas todos os tipos de consciências. Esta abaixo é apenas uma
delas, que lista 9 níveis, parece que originada de conhecimento muito antigo
(se o leitor desejar se informar mais a respeito de outras, há até profissionais
de saúde mental em outros países que são muito adeptos desse assunto...)
1 – Nível totalmente dominado pelo mundo da forma. É o mundo da mente
física, do ego, da consciência de superfície, dos pensamentos voltados
exclusivamente às vicissitudes do mundo da forma;
2 – Nível emocional, dominado pelos apelos das emoções, já com forte
reconhecimento de atuação de uma instância subconsciente em sua vida,
embora seja o apelo da forma física o seu alvo almejado;
3 – Nível do domínio das crenças, onde o indivíduo deixa de lado suas
faculdades racionais e se entrega ao domínio das crenças ditas “espirituais”
(crendices), as quais passam a nortear de forma quase patológica (doentia e
nociva) todos os seus atos e decisões na vida. O mundo físico, curiosamente,
ainda é o seu alvo;
4 – Nível do inconsciente individual – submissão a padrões de
comportamento e hábitos de forma inconsciente, geralmente ditados pelo seu
grupo social mais próximo. Levam uma vida de acomodação, e ainda sob o
apelo do mundo físico – da forma;
5 – Nível do inconsciente coletivo – O arquétipo de sua raça ou da raiz de
seus antepassados domina sua forma de perceber e de reagir, e a pessoa
simplesmente é incapaz de notar o fato. Seus parâmetros ainda são os do
mundo físico, e sua percepção do espiritual é desfocada e distorcida, melhor
dizendo, equivocada;
6 – Nível do despertamento – A pessoa começa a despertar para uma forma
mais ampla e livre de dominações, de crenças, de temores, e de entender de
forma pequena o existir. Está aqui na fronteira entre os apelos do mundo
físico e do mundo não físico.
7 – Nível da mente superior – Há uma notável ampliação da capacidade de
compreensão da extensão da existência, e conceitos como tempo e espaço
ganham nova dimensão de significado. O mundo físico não é sua prioridade;
8 – Nível da alma ou mônada: Totalmente desvencilhada dos apelos do
mundo da forma, com percepção simultânea das prerrogativas e dos
princípios dos vários níveis de manifestações de diversas naturezas: físicas,
mentais, espirituais, e até de outras realidades que não são assimiladas pelo
ser humano, este, uma forma de existência concebida para somente poder se
manifestar no mundo da forma.
9 – Sobre-alma: É o nível da consciência pura. Este nível de consciência é
dotado da capacidade de profunda conexão com todas as formas de
manifestação de qualquer coisa no universo, em qualquer momento e
coordenadas, ou em nenhum momento e nem em quaisquer coordenadas. É o
absoluto.
Eis aí de forma simples apenas uma pincelada nesta aspecto da
existência. O assunto já é trazido desde a mais remota forma de civilização, e
tem sido abafado nesta atual civilização há alguns milênios, por grupos de
dominação que desejam manter as grandes massas populares em estágio de
estagnação, mergulhadas nas trevas da superstição e crendices, por interesses
meramente mesquinhos.
Quem domina este mundo são espíritos do nível 1, alguma dúvida a respeito
disso?

O Homem, O “Animal Racional”, o Eleito da Vez

“No meio animal, o ser humano tem que


ser visto como uma nova e distinta ordem de ser.”
St.George Mivart, obra citada,
(tradução do autor)

O corpo animal do homem é da mesma natureza dos corpos dos outros


animais da sua mesma “filia”, mas neste capítulo, quase que em conseqüência
do que foi explanado nas páginas anteriores e respeito do assunto
“consciência”, vamos analisar a hipótese de que a alma humana surgiu por
meio de uma outra forma diferente da de nossos companheiros de casa
terrestre: por meio de uma “criação”. Há indícios que dão suporte a esta tese.
O ser humano não teria surgido com essa configuração atual
simplesmente em decorrência de uma mera “seleção natural”, haja vista que,
por esse processo, o surgimento, sedimentação e estabilização de habilidades
e faculdades específicas se dão por necessidades de adaptação a
circunstâncias que são apresentadas antecipadamente, como novidades, à
espécie, por conseguinte exigindo dela que se esforce para assimilá-los com
eficiência – os membros do grupo que melhor as cooptem e assimilem serão
“premiados” com a sobrevivência, bem como aos seus descendentes diretos
que carreguem seus próprios novos aparatos. Os que “falham” em sobrepujá-
las serão eliminados. Esta é a lógica da “seleção natural”.
A girafa, com aquele seu pescoção comprido, desenvolveu-o assim
certamente pelo hábito de buscar os raminhos mais tenros nas copas das
árvores, ao longo dos milênios. A raposa teve sua agilidade e esperteza na
rapacidade e fuga por mera questão de necessidade de sobrevivência no meio
inóspito selvagem, onde os indivíduos de sua espécie que foram
sobrevivendo, eram os mais sagazes dentre todos, e passaram esta habilidade
desenvolvida por milhares ou milhões de gerações para seus descendentes.
Não é assim com o homem, antes, no ser humano, várias habilidades e
faculdades surgiram primeiro, antes de a situação de necessidade de usá-las
haver “forçado” o seu aparecimento. Inclusive, quase todos nós possuímos
habilidades incríveis que desconhecemos, e não usamos. Há milênios.
“Resta óbvio reconhecer que não foi somente a questão alimentícia
que determinou um suposto desenvolvimento natural do cérebro humano,
culminando, como disse, neste espantoso aprimoramento nos últimos 200 mil
ou cem mil anos, com o surgimento e aprimoramento de consciência, alma e
espírito, com todos os suas faculdades agregadas: grande capacidade
conclusiva, grande capacidade de raciocínio em bases abstratas, construção
de valores morais, senso de justiça, filosofia, desenvolvimento da
matemática, desenvolvimento da cibernética, engenhosidade crescente,
percepção consciente do que é bom e do que é ruim, etc., etc., etc..” – Do
livro “ENERGIAS QUE NOS SUPORTAM!”.
Não temos notícia de que um leão que viva agora no Séc. XXI seja
mais “esperto” e esclarecido que um seu antepassado que tenha vivido há 500
ou 1.000 anos, ou até aquele a que o bíblico rei David enfrentou há 3.000
anos quando, ainda um jovem imberbe, defendia os rebanhos da família, mas
é certo que o raciocínio humano, a habilidade de lidar com o abstrato, de
compreender a ciência, mais os limites dos conceitos morais, éticos tiveram
seus marcos movidos para muito mais além do ponto em que se encontravam
em relativamente tão pouco tempo. (“Sim, há progresso da humanidade na
(área da) justiça!...” (Proudhon) - Nota do Autor.)
Peço licença ao querido leitor, mas afirmo que vale aqui repetir o texto
já inserido logo na introdução desta obra, onde exponho as idéias de Alfred
Wallace, em seu livro “Natural Selection” – em tradução do autor:
“Parece (no ser humano) que os órgãos foram preparados em
antecipação a um progresso futuro da espécie, uma vez que eles contêm
capacidades latentes que “eram sem utilidade aparente” nos primeiros
tempos (mas sempre estiveram lá). As delicadas correlações que lhe
conferem “poderes” maravilhosos não poderiam ter sido obtidas por meio
de “seleção natural” (notas do autor).
Exemplos (adaptação do texto de Wallace):
1 – Como e por que o animal homem começou a andar perfeitamente
ereto – qual a necessidade prévia que o fez assim proceder?
2 – Como e por que a laringe humana adquiriu tal flexibilidade,
extensão de atuação, capacidade de alcançar notas de inominável beleza e
poder?
3 – Qual necessidade prévia fez nascer no homem a capacidade de
apreciação de tons musicais delicados, e de apreciar a harmonização dos
corais, por exemplo? (Se um refinado estudante de música da mais
sofisticada escola do pais mais civilizado do mundo educou seu ouvido para
reconhecer os mais sutis nuances das notas de uma sinfonia, o mesmo não o
pode fazer o mais isolado aborígene australiana ou com o indígena da tribo
brasileira que jamais teve ainda contato com o homem branco. No entanto, a
capacidade de identificação e posterior apreciação das sutis graduações destes
fenômenos sonoros delicados já existem, latentes, adormecidas, nos sistemas
auditivos destes dois últimos – novamente, antes de surgir a “necessidade” de
atuação em certo nível de seu órgão, no caso, auditivo, que leva a percepção
aos eficientes sensores de seu sofisticado cérebro (de onde apareceu a
necessidade prévia de tamanha sofisticação de seu cérebro, do qual
vulgarmente se diz, inclusive, a maioria de nós só usa 10% da capacidade de
processamento?), a capacidade já está lá, não se “desenvolveu” devido à
necessidade de dar uma resposta eficiente a alguma nova necessidade
surgida, cuja não adequação conseguida certamente lhe custaria a própria
vida e também a sobrevida da espécie.
Vários animais possuem acuidade auditiva muito mais amplificada que
o ser humano: cães, gatos, alguns pássaros, onças, cervídeos, e vários outros,
e não é difícil imaginar que eles adquiriram e aperfeiçoaram esta habilidade
ao longo das suas milhares de gerações por alguma necessidade de
sobrevivência (a tal da seleção natural: os indivíduos de cada espécie que
possuíam essa habilidade mais acurada que os outros semelhantes a si,
sobreviviam e geravam descendentes que traziam em sua genética as
características semelhantes – os que não tinham esta competência tão
acurada, não sobreviviam, e não geravam descendentes que idem pudessem
sobreviver...), mas, ao que consta, nenhum deles possui a capacidade de
apreciação da qualidade dos sons, ao menos não da forma como o homem a
possui.
O que dizer da fenomenal capacidade de desejar?
O desejo elaborado a partir do pensamento de um humano cria um
vetor que orienta processos criativos em medida nada desprezível (ainda este
seja apenas na verdade uma pequena fração da força criativa universal.), ao
contrário das outras formas orgânicas com as quais dividimos nossa
experiência por aqui, as quais parecem ser eminentemente passivos quanto a
supostas habilidades de influenciar a criação e a evolução dos vórtices de
energia.
Veja: o corpo físico de um ser humano é concebido exatamente pelos
mesmos meios conhecidos pelos quais a maioria dos outros animais se
reproduz. Mas a alma humana está num outro patamar, diverso dos seus
colegas orgânicos. É preciso que se admita que há, sim, um processo
evolutivo das espécies animais e vegetais, conforme as condições ambientais
(clima, geológicas, etc. – foram muitas ao longos das eras e dos ciclos de
milhões e milhões de anos) do planeta vai se alterando ao longo das eras,
mas, trata-se de uma evolução meramente física.
No caso do ser humano, há uma lacuna muito grande, e ela sugere que
o homem foi deliberadamente criado (Neste livro e em um outro meu livro, o
“O Homem e a Malha Cósmica”, fiz menção a uma entidade cósmica
chamada de “Logos Interplanetário” a qual teria, há algumas várias centenas
de milhares de anos, escolhido o animal homo erectus e lhe favorecido uns
upgrades, acelerando-lhe o “progresso”, simultaneamente um corpo físico
capaz de suportar uma mente ou uma consciência, com certas peculiaridades,
dentre elas, uma capacidade de dirigir a natureza em seu benefício como
nenhum outro colega orgânico seu neste planeta consegue nem em arremedo,
e provocar revolução em meio às adormecidas capacidades e potencialidades
imensas, dormentes na natureza.)
O bicho homem consegue sacar da natureza potencialidades
inomináveis que estiveram armazenadas, hibernando por centenas de milhões
e milhões e milhões de anos.
“A natureza oculta a Deus, e o homem O revela.”
Sir William Hamilton, citado por St.George Mivart (tradução do autor)

“A natureza não é muda; o homem é que é surdo (e cego).”


Autor desconhecido – nota do autor
Intelecto, moral, espiritualidade, fazem o homem escapar do
automatismo e da dureza do processo de seleção natural. Enquanto isso,
nossos parceiros orgânicos pouco ou nada conseguem fazer para escapar da
força da natureza.
“O homem é um ser com autoconsciência moral.”
(Mivart – obra citada, tradução do autor).

Mas que fique bem claro que o espectro do tipo humano é, conforme já
mencionado há alguns capítulos, muito amplo e abrangente: a noção de que
os humanos não são todos iguais na sua forma de apreciar a vida deve estar
muito clara durante toda a nossa árdua tarefa de entendimento do nosso
gênero:
“Cada um faz para si um ego ou um ser que está sujeito à enorme variação
por causa da sua instabilidade. Faz também um ego para cada pessoa que
percebe, que é igualmente variável. A sua interação é um processo que altera
a ambos, porque não foram feitos pelo Inalterável ou com Ele.”
Helen Schucman e William Thetford, em “Um Curso em Milagres”

A Mente Coletiva

“Uma camada mais ou menos superficial do inconsciente é indubitavelmente


pessoal. Nós a denominamos “inconsciente pessoal”. Outra, porém, repousa
sobre uma camada mais profunda, que já não tem sua origem em
experiências ou aquisições pessoais, sendo inata.
Esta camada mais profunda é o que chamamos de ”inconsciente coletivo’.”
Carl Gustav Jung, em
“Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo”

Retomando o assunto “níveis de consciência”: O conceito de


“inconsciente coletivo” de Jung implica que há um imenso depósito sutil e
invisível de informações e impressões exclusivas da forma humanóide que
foi sendo lentamente construído, segundo a forma de entender do brilhante
psiquiatra suíço do início do Sec.XX, a partir de toda a trajetória e história do
gênero humano, uma espécie de “grande lago virtual de impressões” que
tenham sido experimentadas através dos séculos e milênios de experiências
de vida em comum, o qual manteria em interconexão real uma instância
muito profunda da psique de cada pessoa de um determinado agrupamento
humano cujos membros tenham fortes laços históricos e emocionais em
comum.
Assim, o “inconsciente coletivo” não é composto de meros pedaços e
porções de uns poucos fatos que, por alguma razão, tenham se tornado
marcantes na vida das pessoas daquele grupo, mas sim, aparece na forma de
uma faculdade psíquica complexa, a qual parece ditar uma maneira padrão de
o grupo interpretar, compreender, reagir e digerir a vida. A psique coletiva foi
sendo moldada de uma certa forma através das experiências do grupo através
de centenas, milhares de gerações passadas de seus membros (são milhares,
pois as experiências de todas pessoas do grupo vão se somando entre si.)
“Há uma mente comum a todos os homens.”
Ralph Waldo Emerson

A utilidade disso? Organizar, estabilizar e dar suporte à psique do


gênero humano.
Isso faria esses grupos de humanos comporem, através de suas
operações inconscientes, uma espécie de padrão psicológico comum dotado
de certo consenso particular do grupo, o qual seria sustentado nessa condição
de relativa unicidade (ou, pelo menos, de relativa semelhança) de
concordâncias na forma de apreciação e encontro de significados nas
situações correntes da vida de cada indivíduo do grupo.
Em termos do gênero humano, as experiências dos últimos três milhões
e meio de anos nos ditam o que é ser um humano. Toda a experiência
humana anterior à nossa própria existência compõe um parâmetro virtual,
inconsciente, para dar suporte ao caráter de humanidade de somos dotados
hoje.

A Mente Quântica

“... os julgamentos humanos, sempre verdadeiros naquilo que possuem de


atual e imediato, podem se completar e se esclarecer sucessivamente uns aos
outros, à medida que as idéias vão sendo adquiridas, de modo a colocar
sempre de acordo a razão geral com a especulação individual e a estender
indefinidamente a esfera da certeza...“
- Pierre-Joseph Proudhon, em
“Filosofia da Miséria”

De acordo com a Física Quântica, tudo está incluído e incorporado em


uma realidade potencial indivisível – e as possibilidades criativas de tudo são
infinitas.
Já um organismo vivo (seja um ser humano, um cão, uma planta, um
peixe, uma ameba, um vírus...) é, em sua mais essencial estrutura, um sistema
quântico plenamente e coerentemente conectado ao seu ambiente vital local,
através de permanente processo de troca de impressões com o magnífico
campo de informações que o envolve sem cessar, o qual é composto não só
pelos seus arredores visíveis, mas também pelas sutilezas do invisível vácuo
cósmico.
A mente humana, excepcional dentre todas as formas vivas que
conhecemos, mesmo em seu caráter de virtual (pois não é um elemento
físico, não pode ser apanhada, cercada, etc., antes, caracteriza-se por ser um
amplo conjunto de impressões que se manifestam como num vulcão de
energia subjetiva própria) não é uma entidade isolada: o poder ou a faculdade
de interagir com o mundo “físico” que a consciência possui, deve-se à própria
natureza do universo – “uni – verso”: única palavra, um ambiente único,
enormemente gigante, mas único – cada indivíduo que nele habita tem sua
identidade única, individual, e exerce a sua quota individual de consciência;
esta, é uma ultra minúscula, nanolésima parte da gigantesca e eterna,
aparentemente infinita e sempiterna consciência universal.
A consciência universal contém todas as consciências individuais, de
todas as formas que possam existir, ou que já tenham existido, e que virão a
existir. Por sua vez, cada consciência individual contém a sua quota de
nanolésima parte da consciência universal, e se “comunica”, influencia esse
todo cósmico, nos limites nanopossíveis de sua, cosmicamente falando-se,
particular nanovontade.

Mais Misticismos: A Armadilha da “Metafísica Quântica”

“Não existe nada mais inútil que a Metafísica”


- Bhagwan Shri Rajneesh, conhecido como “Osho”

A tentação de dar uma forçadinha nas interpretações das novas


descobertas da ciência (a qual avança em várias direções a velocidades cada
vez mais difíceis de serem acompanhadas pela imensa parte leiga da
população) para dar suporte a crendices e mitos antigos que nossas tradições
é muito presente, desde sempre, e, sinceramente, não dá sinais de algum
arrefecimento de qualquer espécie.
Aqui abro um parêntese para introduzir o termo “METAFÍSICA” no
meio desta conversa. “Metafísica”, do grego, significa “além da física”,
surgiu com Aristóteles na Grécia antiga e originalmente referia-se à ciência
da busca dos primeiros princípios e das primeiras causas do ser.
A partir de certo momento desta nossa atual civilização (alguns séculos
após o advento cristão, cuja base moral/ filosófica está lastreada em várias
ilações advindas de Platão), “metafísica”, para algumas correntes de
pensadores, passou a estar vinculada fortemente a Teologia, pois a tentativa
dos teólogos de explicar coisas como alma, moral humana, concepção do
mundo, morte, Deus (enfim, coisas transcendentais), foi colocada no rol de
seus assuntos típicos.
Portanto, notoriamente a partir do Séc.XIX, metafísica, nos meios
científicos mais solidificados, assumiu o status de meras especulações frente
a matérias científicas: a partir daí, para cientistas, “física” = matéria da
ciência; e “metafísica” = fantasias acerca das ciências.
Raríssimos cientistas reservam um mínimo de espaço para adicionar
considerações filosóficas, humanistas e/ou espirituais em suas complexas
pesquisas e descobertas, prevalecendo nos seletos meios acadêmicos o
ceticismo, o materialismo e até mesmo o soberbo desprezo por aqueles
aspectos em meio aos adeptos da ciência física clássica. Muitas correntes
científicas descartam por inteiro a possibilidade de qualquer grande “força”
ou “vontade” invisível, a “alma vegetativa” considerada por Aristóteles, um
ingrediente espiritual, como um dos componentes das manifestações e
ocorrência de fenômenos concretos.
Porém, não é o caso de sairmos correndo e apressadamente cair de pau
em cima desses “frios” cientistas, assim sempre tão práticos em suas análises,
pois, na verdade e infelizmente, é fato que a inteligência humana, a moral
humana, enfim, a grandeza humana tem sido sempre grandemente
atrapalhada ao longo dos milênios por muita pseudofilosofia, muito pseudo-
humanismo, muita pseudo-moralidade, muita pseudo-espiritualidade, essas
manifestações típicas da inevitável e lenta caminhada da civilização, sempre
engessada pelo domínio de correntes piegas e até mesmo místicas e
supersticiosas, quando não dizer burras, que mantém sob amarras e grilhões o
grande trunfo do ser humano: a sua imensa capacidade de pensar.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Por conta dos motivos elencados (e, logicamente, por muitos outros
também), o desenvolvimento do pensamento humano carrega o fardo de
mitos, superstições, que se tornam em verdadeiros terrenos de pegajoso lodo
onde a capacidade de livre - pensar é prejudicada em sua base mais essencial
e simples.
Os cientistas céticos referem-se secamente às tentativas de juntar
espiritualidade a fenômenos materiais como “uma interpretação mística da
mecânica quântica” (Vitor Stenger, em “The Myth of Quantum
Conscienciousness” – tradução do autor): “o mito da consciência quântica
deve tomar seu lugar junto a deuses, unicórnios e dragões, como também
outros produtos das fantasias de pessoas não dispostas a aceitar aquilo que
a ciência, a razão, e os seus próprios olhos lhes contam a respeito do
mundo”, conclui.
Bem, muita calma nessa hora, e, insisto, nem tanto à terra, nem tanto
ao mar: a experiência humana na Terra é coroada de mistérios, de conotação
notoriamente espiritual.
Mesmo porque, como alguém já disse com certa (com muita!)
propriedade: “os olhos vêem aquilo que a mente está preparada para
compreender...”
E, embora seja muito fácil partir apressadamente para construir uma
estranha fusão de fatos reais, freqüentemente mal-assimilados e/ou
propositalmente mal-analisados, mal-destrinchados, com mitos e
superstições, construindo ou dando força a “teorias” as quais, à luz da
verdade, não passam de ilusões tolas, pois querem conceber um mundo que
sempre seria um meio em que exclusivamente prevalece uma espécie de
encanto de mágicas e de confortantes estórias da carochinha.
E a imaginação, tão fértil nas mentes de tantos?
Quando ela se junta com a falta de informação, com a preguiça de
buscar conhecer as bases mais elementares das coisas que são a paixão de seu
espírito, hmmmm... Perigo total.
Neste tal empolgante estado de tentação, pessoas de uma certa
categoria...
“... não procuram discernir entre o “descobrir” e o “inventar”...”
Friedrich Wilhelm Nietzsche, em “Além do Bem e do Mal” - adaptado

Então, multidões e gerações inteiras, embriagadas com tal encanto,


deixam-se seduzir, alimentam a si próprios e a outros com esse engano pelo
resto de suas vidas, acreditando que seus delírios, mesmo os mais infundados
e absurdos, tratam-se afinal de algum tipo de espiritualidade.
Hoje em dia, com o advento da internet e a abertura escancarada à
possibilidade de pesquisa, a proliferação de informação séria está sufocada
pela sua obscura parceira, a “informação”, a falsidade, o delírio... E a falta de
cuidado, mais a pressa do ego, esse aspecto ingênuo de nossa consciência de
superfície, eis aí a adesão a armadilhas de “teorias”, lançadas como iscas com
as mais diversas finalidades: má fé, diversão, mecanismos de despiste...
Por conta de interesses escusos dos donos do mundo, que são poucos
mas muito ativos na defesa de seus nichos, a desinformação grassa nos meios
disponibilizados para as grandes massas de seres humanos, estes, não se
engane, destinados por aqueles a viverem excluídos do acesso ao
conhecimento, tanto aquele mais ligado à essência da existência, como aquele
relacionado com as descobertas mais avançadas e, por conseguinte, às coisas
que podem, se digeridas de forma séria e apropriada, pavimentar seus
caminhos em direção às verdadeiras benesses da vida humana.
Pelo motivo da ganância dos dominantes, que priva, ou da preguiça dos
dominados, que os faz não se interessarem – como diz um amigo meu: como
saber o que é causa e o que é conseqüência? – o público leigo humano,
digamos, 99,99% de toda a população da Terra – dentre mais de sete bilhões
de pessoas, uns 6.999.300.000 desconhecem em absoluto o assunto (mais
grave: desconhecem, e não querem conhecer!)-, os tão presentes e essenciais
fenômenos quânticos, cujos estudos e descobertas têm desvendado tanta coisa
nos meios de discussão mais avançados do planeta já há mais de 100 anos,
muitas delas que podem levar até a uma releitura da vida e das formas de
entender e se relacionar com o Criador.
Obviamente isso se choca de frente com preconceitos,
condicionamentos, falta de inteligência, obstinações, crendices, superstições,
etc., que são intimamente cultivados por tantos...
A ciência humana experimentou grande avanço no último século, mas
a sabedoria coletiva não recebeu impulso proporcional a isso.
Assim, muitos milhões, bilhões de nós, temos optado por calar nossa
inteligência e nossa razão, para dar espaço somente ao sonho, às fábulas e à
ilusão, que é com o que tentamos preencher nossas angústias e responder
questões ligadas a um suposto sentido da vida.
A Leitura da Vida Pelo Viés do Sagrado

“Quanto menos os homens conhecem a natureza, tanto mais facilmente


podem forjar numerosas ficções, tais como árvores que falam, homens
transformados subitamente em pedras, em fontes, espectros que aparecem
nos espelhos, o nada que se transforma em alguma coisa, deuses que se
transformam em animais, em homens, e uma infinidade de outras coisas
desse gênero.”
– Benedictus de Spinoza, em
“Tratado da Reforma do Entendimento”

Somos muitos.
Bilhões e bilhões.
E muitos de nós somos condicionados há milênios a entender que, ao
nos “aproximarmos” de Deus, encontraremos um mundo repleto de mágicas,
alegorias, truques fantásticos e, talvez, alguns atalhos para a vida...
É a experiência do sagrado de cada um.
Enquanto bilhões e bilhões de nós ainda se permitem assim abandonar,
às vezes por toda uma vida, as suas próprias inteligências e capacidade de
avaliação e entendimento, deixando-se ficarem no “cercadinho”, como se diz,
contudo, outros milhões e milhões já se movem, o que revela que, nos dias
atuais, as instituições tradicionais formais de práticas religiosas do ocidente,
notadamente das correntes cristãs originárias da Europa (em todos as suas
vertentes: católicas, protestantes tradicionais, pentecostais, neo-pentecostais,
e hebraicas), tendem a tornar-se mais e mais desacreditadas, à medida em que
as pessoas vão despertando para a realidade de que os anseios existenciais
mais sinceros de cada um podem ser respondidos mais claramente pelo
invisível, ao invés de através das práticas meramente burocráticas dos
grandes conglomerados religiosos, e formas mais diretas e eficazes de
experimentar a espiritualidade, que não se subordinam a rituais impostos pela
hierarquia das igrejas humanas, repletos de formalidades sem sentido e
contaminados de inspirações facilmente mais identificados com as loucuras,
devaneios de dominação e perversidades bem humanos, ocos de sensações
divinas genuínas, que permitam a cada um chegar a patamares mais
profundos da comunhão com o enlevo do Espírito maior, da Divindade,
daquilo que lhes parece ser Deus.
O lastro espiritual anunciado atualmente pelos inúmeros grupos
protestantes cristãos pentecostais e neo-pentecostais aos seus seguidores é
predominantemente derivado de um curioso sincretismo da longa e milenar
experiência mosaica com Deus, em uma mescla nada criteriosa com o
fragmentado e breve discurso de Jesus, o Cristo (diferentemente da pregação
católica apostólica romana, que construiu seus dogmas (vários deles,
carimbados com a marca da suspeição, diga-se de passagem)
preferencialmente sob as relatadas experiências espirituais de Jesus e de sua
mãe, Maria, colocando os ditames de Abraão e Moisés em um plano
secundário, igualmente diferente dos grupos protestantes tradicionais, estes
(os não-pentecostais), que geralmente focam principalmente a mensagem da
redenção da humanidade por meio do Messias, Jesus.), facilmente
identificados como ferramentas de doutrinação e dominação do pensamento e
do comportamento das grandes massas populares, os quais não raro são
anunciados de forma ousada, mesmo arrogante, por meio de táticas inspiradas
nos processos de expansão e dominação que já eram largamente
desenvolvidas e utilizadas pelo império romano, ou seja, pela imposição: “ -
Eis aqui as nossas condições! – quem não concordar, será ridicularizado,
desautorizado, torturado e eliminado!”
A finalidade da vida, se é que há alguma, pode ser crescer em
percepção e sabedoria, mas os grandes processos religiosos baseados na
tradição e orientação judaico-cristã pregam o encarceramento do espírito, o
cerceamento da inteligência e da alma, a estagnação, o abandono da exultante
satisfação obtida pela compreensão cada vez maior dos mistérios, da
aventura, e das maravilhas que o universo, que a própria vida, pode
proporcionar.
Rituais, leis e regulamentos, criados por homens desejosos de exercer
domínio sobre outros, são impostos sobre seus dominados, e anunciam que o
próprio Deus é o guardião delas. Quando alguém vacila em cumpri-las e
obedecê-las, logo se apressam em dizer: “- Olha lá! olha lá, Deus! Ele não
cumpriu! Puna-o! Puna-o!” (Se Deus lhes parece meio inerte em atender à
sua ordem de punição dos “infratores”, então eles mesmos já cuidam de
antecipar o castigo eterno, imputando-lhes castigos por antecipação, já aqui
mesmo, na Terra, excomungando-os, privando-os do gozo dos benefícios
espirituais, torturando-os psicologicamente e fisicamente, aterrorizando-os
com a possibilidade de terem sido tirados da presença de Deus, entre outras
práticas absurdas!)
Há, sim, todo um pretexto metafísico, colocado insistentemente, com
excessiva ênfase, na linha de frente do discurso, mas o projeto real é o de
aniquilação das forças que tenham um arrazoado diferente acerca da
manipulação das populações: a fórmula das atividades religiosas elaboradas
pelos homens, em quase todas as suas vertentes, é simplesmente uma que
consolida e promove um projeto totalitário de poder, e procura inviabilizar
que os indivíduos lhes escapem das garras.

O Sagrado Popular e a Eternidade

“Nada podemos compreender da natureza sem tornar ao mesmo tempo mais


amplo o conhecimento da causa primeira, ou seja, Deus”
– Spinoza, obra citada.

O sagrado popular humano, desprovido de um maior cuidado no


entendimento das coisas, experimenta uma grande limitação da capacidade de
análise da essência da vida, sendo mesmo condenado a esta condição,
satisfazendo-se com seu pequeno sistema de crenças, optando por uma
entrega voluntária ao condicionamento; fica feliz quando navega por seus
momentos (que podem durar por uma vida inteira) de apreciação do mundo
por meio da verificação de fábulas e mágicas, às quais freqüentemente atribui
caráter de grande sabedoria e mesmo de uma espécie de exclusiva revelação
pessoal que o próprio “Deus” haja lhe proporcionado, por algum mérito seu.
Isso não é privilégio do cristianismo popular, tampouco do budismo
popular, infelizmente tão repletos de misticismos, tão repletos de
componentes de pura mágica barata, e crendices que eliminam toda
capacidade de despertamento de milhões e milhões, quiçá, de bilhões e
bilhões, que vêm dormindo em suas doutrinas e rituais desnecessários, há
milênios.
Também, isto é algo muito ligado ao estágio espiritual ou à capacidade
perceptiva das pessoas.
O método de dominação das grandes religiões históricas em geral é
brutal e implacável, e os seus “convertidos”, proibidos que são até de
saberem que há outros escritos sagrados, tão ou mais elaborados e
esclarecedores da questão da espiritualidade humana, têm como certo de que
o seu caminho, que lhe foi imposto desde que nasceu, é O caminho, e que ele,
o convertido àquele determinado culto, tem por obrigação a conquista de
mais adeptos para aquela causa, a qualquer custo...
A verdade é que as pequenas classes dos homens que estão no poder
nesta atual civilização criaram um rol de ordens e mandamentos bem
humanos na esfera espiritual, para conter as multidões dos dominados,
chamaram-nas de “Leis Divinas”, e colocaram a Deus como o seu grande
guardião, insinuando fortemente que, na verdade foi Ele quem estabeleceu
tudo isso. E aqueles que ousarem questionar algum aspecto meio
inconsistente da coisa hão de se ver com Ele após a morte, mas, por
enquanto, como já disse acima, para mostrar que o negócio é sério, e que com
Deus não se brinca, e também para servirem de exemplo, serão punidos pelos
vários níveis das “autoridades” da igreja por aqui mesmo, com humilhações,
execração publica, e, em muitos casos nesta sangrenta história religiosa, com
a morte – este processo implementado há vários séculos ainda está em franca
execução, em várias escalas, em muitas tradições de crenças “espirituais”
(religiosas), mais comumente nas derivadas da experiência bíblica hebraica:
católicas, protestantes, neo-protestantes, judaicas, islâmicas..., as donas da
“santa etiqueta” já mencionada aqui.
Quando um ser humano deixa de lado esse vício cultivado por muitos
de sempre assumir um seu aspecto piegas, abandona o pensar pequeno e
condicionado, e simplesmente usa a capacidade de que é dotado de tratar as
coisas com a sensibilidade aliada à intelectualidade que possui, ele
paulatinamente abandona a letargia das fábulas e embarca no caminho de ir
descobrindo sua real condição, muito privilegiada por sinal, frente à
maravilha do cosmo infinito.
Os adeptos não parecem se importar em serem envolvidos por esse mal
elaborado processo de dominação, e mergulham, cegos, certamente sedentos
de respostas, possivelmente em meio até a vários graus de sinceridade, as
quais lhes vêem em forma de parábolas e sinais geralmente pouco úteis no
sentido de lhe dar a resposta final que, ainda que não conscientemente,
procura.
E multidões sem fim bebem, com muito gosto, de estranhas estórias da
carochinha, ilusórias, verdadeiros contos de fadas, de efeito imediato que lhes
parecem muitas vezes extasiantes, porém inúteis para uma aproximação da
verdadeira essência de Deus.
Muitos, mas muitos mesmo, ficam pelo caminho.
Sem falar naqueles que assimilam a postura arrogante e implacável de
seus líderes “espirituais”, que mais os tornam sérios candidatos a sentarem-se
em consultórios de psicoterapeutas e psiquiatras, do que à redenção eterna em
condições mais, digamos, “santas”.
Na verdade, nos últimos dois milênios, gerações inteiras, dezenas
delas, foram afastadas do verdadeiro espírito de Deus por esse perverso,
intenso, imenso e equivocado processo.
Em resumo, tristemente a grande chave falsa das instituições formais a
serviço da pretensa peregrinação rumo à vida espiritual é a criação de
ordenações e mandamentos que são notoriamente úteis e necessários somente
para estabelecer ordem e conformismo para os microcosmos em que se
desenrola a convivência humana enquanto o grande dia não vem – no caso, o
dia da volta do Senhor... Entre as ordenações, um complexo bem objetivo de
mandamentos facilmente assimiláveis pelas mentes simples: - não fazer isso,
não fazer aquilo, não fazer aquilo outro, culminando com um sistema bem
objetivo de punições – e, como já dito duas vezes aqui, algumas dessas
punições não podem esperar o momento em que o infrator se encontre com o
Criador através de sua morte para que sejam levadas a cabo: então, as
“autoridades” da igreja as aplicam por antecipação e, às vezes, até já
antecipam a entrega da passagem de ida ao encontro de Deus, matando agora
mesmo o pecador, não sem antes torturarem-no, ou, como também diria
nosso filósofo dos morros cariocas de quem já nos socorremos aqui para
explicar algumas questões humanas, o Capitão Nascimento,
“esculhambando-o“ sem dó nem piedade -, contrabalanceado por um
conjunto de recompensas um tanto quanto vagas e subjetivas.
Aliás, Quem é Deus?

“O que é Deus, é difícil de explicar.


Se desse para explicar, Ele ficaria pequenininho.
E Ele é tão grande!”
Roberto Frejat, músico carioca

“Se Deus não existisse, deveria ser inventado...”


François Marie Arouet, o “Voltaire”

“O homem gosta de construir Deus à sua imagem e semelhança: nós o


construímos em nosso entendimento mundano, com base no que a
avassaladora, corrupta, pequenina, imperfeita instituição humana nos
contou a respeito dele. Muitos de nós construímos Deus com base em nossa
visão pequena e mesquinhamente humana. E é muito fácil apequenar
levianamente as paixões de Deus por meio de conclusões obtidas da nossa
ignorância e raciocínio frágil... Também convenhamos: de Deus, mesmo,
nada sabemos, senão que existe, isto por causa das evidências de todos os
tipos, e quando tentamos descrevê-lo, tendemos a atribuir-lhe nossas
próprias inclinações e características.”, já dizia este autor no livro “O
HOMEM E A MALHA CÓSMICA – Nosso Lugar no Infinito do Tempo e do
Espaço.”
“… nenhum pensamento do homem jamais poderá ser verdadeiro o
suficiente, jamais poderá alcançar a incompreensível realidade, a qual,
todavia realmente é tudo o que pode ser concebido, além (é claro) de uma
inconcebível infinitude além.”
Herbert Spencer, em “Principles of Biology” – Tradução e nota do autor

Os profícuos filósofos gregos dos Séc. VI a IV a.C. (Sócrates,


Pitágoras, Platão, Eudoro, Filo, Ático e outros) elaboraram a idéia de três
instâncias de Deus: a Primeira Inteligência, o Princípio Gerador de Tudo, o
Princípio do Bem, Soma de Todas as Perfeições, a Beleza Perfeita, Primeira e
Última, a quem chamaram de Primeiro Deus. Este Primeiro Deus é possuidor
de todas as qualidades do Universo. Só se relaciona com as idéias puras, é
totalmente impessoal e sem paixão – é a própria natureza em sua instância
mais essencial.
Já o “Segundo Deus”, é o Deus percebido pelo homem, identificado
por Platão como “Demiurgo” ou “Díade”; é o agente das sensibilidades, das
materialidades, de tudo o que se apresenta no mundo da forma e se sujeita às
transformações de todo tipo, e que se movimenta, são os fenômenos do
mundo percebido pelas inteligências (do homem e de tudo o que tem
capacidade de perceber). Sempre como reflexo da natureza do “Primeiro
Deus”.
O “Terceiro Deus” é a revelação da divindade nas formas de Amor e
Compaixão divinos agindo sobre a alma humana, pelos meios possíveis de
serem compreendidas e aceitas pelo ser humano, “já que a essência do Amor
de Deus nos é incompreensível.”
Pouco mais de cento e sessenta anos de domínio grego sobre o povo
hebreu (de 333aC. a 166aC.) foram suficientes para inculcar o cerne desses
conceitos em meio a várias correntes da fé judaica, o que redundou na
tradução dessas idéias para a nomenclatura local, de “Deus Pai”, “Deus
Filho”, e “Espírito Santo”, difundidos por Jesus, o Cristo, estes, mais fáceis
de serem assimilados pelas mentes simplórias das camadas mais populares
dos descendentes de Abraão os quais eram seus seguidores originais em seus
dias de andanças pela Palestina.
Aquela ponta final da divindade, o “Deus Pai”, é a quem os seguidores
derivados da doutrina cristã institucionalizada pelo imperador romano
Constantino no Séc. IIIdC. pretendem estar se referindo em suas rezas,
orações, preces e clamores, embora possam mesclar suas súplicas também
para a instância do Filho, enquanto outros, até para a mãe terrena do Filho de
Deus; outros, para anjos, santos e beatos diversos.
“Deus é, antes de mais nada um criador, não de um universo físico, mas de
uma variedade infinita de prováveis existências e planos, de longe muito
mais vasta que os aspectos do universo físico com os quais vossos cientistas
são familiares. Ele não simplesmente enviou um filho e morreu em um
pequeno planeta (pois isso o diminui e á sua natureza drasticamente – N.do
Autor): Ele é parte de TODAS as possibilidades”
“Seth Speaks”, Tradução do autor
Este é um grande problema que surge e persiste quando o ser humano
tenta preencher o imenso vácuo existente entre o caráter real da sempiterna
inteligência primordial que sustenta tudo o que existe, e a incompleteza
espiritual, moralmente deficiente, desprovida de conhecimento, e
incipientemente desenvolvida do gênero humano, este, com seus míseros 3,5
milhões de anos de existência (se tanto) – o homem é uma mera novidade no
panorama cósmico.
Aí, como dito acima, o ser humano pretende sempre entupi-la com
parâmetros e idéias bem humanos, fruto de sua existência equivocada e de
suas atrofias psíquicas, morais, e espirituais.
Veja o que o já citado von Schelling afirma em sua obra “Tratado
Sobre a Liberdade”, de 1809:
“Deus é qualquer coisa de muito mais real do que mera ordem moral do
mundo e tem em si mesmo forças de transformação totalmente diferentes e
muito mais vivas do que aquelas que lhe são atribuídas pelas sutilezas
mesquinhas dos idealistas abstratos...”

Mas não queremos saber disso, não: mesmo sob um discurso


pretensamente cunhado de profundo respeito, de que “Deus é infinitamente
grande”, o homem ocidental não abre mão de insinuar a todo momento que,
na verdade, se equipara a Ele em vários aspectos. “Assim, quando o
buscamos, o Deus que queremos encontrar é aquele que concebemos, repleto
de nossas próprias características.” - deste autor, obra citada.
Por isso, a idéia dominante em meio às mentes simples a respeito de
“Deus” é a de que Ele é um “Deus Moral”, zeloso quanto à instável moral
humana como definiu Emanuel Kant: para o ingênuo ser humano, este Ser
Infinito, depois de haver criado o universo (criou tudo o que há) em cinco
dias cósmicos, no 6º. dia criou o homem, e a partir daí, passaria a dedicar
toda a sua infinita existência, sapiência e onipotência à tarefa de ditar regras
de conduta para as relações locais entre os humanos, vigiando-o sem cessar
quanto às suas pequenas questões diárias...
“Essa pobre formiguinha, a mexer-se tanto na superfície desse
grãozinho de poeira cósmica chamado Terra, sabe por acaso o que
efetivamente faz e quais as conseqüências do que faz? A ilusão não é sua
herança?... Crescimento demográfico, imigração, guerras, expansão,
dominação, vitórias e derrotas, capital e trabalho, propriedade, coordenação
de funções, disciplina das relações impostas pela convivência, aí estão
problemas que a vida conheceu e resolveu antes de o homem tê-lo feito e,
mesmo sem ele, em outros agregados sociais animais; resolveu-os segundo
os princípios eternos, participantes do sistema orgânico que em toda parte
rege todos os fenômenos.”
Pietro Ubaldi (2)

Ao contrário, a instância mais alta da divindade, a qual é reconhecida


por todas as correntes de pensamento, de crenças e de espiritualidade por
diversos nomes, como Consciência Suprema, Grande Arquiteto do Universo,
Grande Mente Universal, Grande Mente Cósmica, Deus, Universo, Natureza,
e uma infinidade de outros, expressa a essência de seu propósito eterno por
meio de uma muitas vezes desconcertante e resoluta indiferença.
“A Natureza é espectadora, plácida, e satisfeita. (com o ritmo e a
evolução das coisas)”, já disse o filósofo (nota do autor.)
O ser humano se leva muito a sério...

A Teoria da Ausência de Significado da Vida

“Um significado (para a vida) reside na mente humana somente:


o mundo é impessoal, sem propósito ou intenção.
Encontrar significação no Universo é cometer o erro de
alguém projetar nele a sua própria mente e personalidade.”
Resumo de idéias de Steven Weinberg, Físico Americano
- Nota do Autor

Weinberg afirma: “as leis da física não oferecem qualquer evidencia


que se possa levar alguém a entender que o ser humano seja o principal
propósito da existência do universo...” – Texto traduzido e adaptado pelo
autor. Aliás, alguém já disse que é perfeitamente possível descrever em
detalhes tanto o planeta Terra, como todo o universo, tornando-o
perfeitamente inteligível, sem fazer qualquer menção ao homem e às suas
obras.
“Nesta instância, o mundo não passa de um lugar de forças físicas cegas e
de clamores genéticos, onde alguns são feridos e eliminados, e outros
florescem e se fortalecem... no fundo, no fundo, não há qualquer projeto,
qualquer propósito, nenhum mal nem bem, somente cega e desumana
indiferença...” Richard Dawkins – citado em “Vórtices da Vida – Uma
Investigação Não-Mística das Diretrizes do Destino Humano” – deste autor

“… todos os trabalhos das eras, toda a devoção, toda a inspiração, todo o


apogeu do gênio humano, estão destinados à extinção na vasta morte do
sistema solar, e todo o templo das realizações do homem serão
inevitavelmente sepultadas sob os escombros do universo que ruiu...”
Bertrand Russell, em “A Freeman’s Worship”, traduzido pelo autor

Os fatos e os dramas humanos, tão grandiosos e tão merecedores de


grandes tratativas e discussões, e de solenidades para vários de nós, não são
senão meramente apenas mais uns poucos fatos e dramas, dos zilhões que já
ocorreram e continuarão a ocorrer no infinito e sempiterno panorama
cósmico, com ou sem nós... e só isso...
Um pouco de humildade face à imensidão de grandeza de tudo, frente à
pequenez da questão humana, é o que nos faz falta, quase sempre.

Kairós, Um Potencial de Tempo, o Tempo Oportuno

“Uma coisa já agora está completamente clara: não há qualquer futuro, não
há qualquer passado, e é incorreto referir-se a três tempos: o passado, o
presente e o futuro... mais correto é dizer: há três tempos – o presente do
passado, o presente do presente, e o presente do futuro. Estes três tempos
existem em nossa alma -... o tempo existe somente no mundo espiritual
humano... - , e de forma alguma nós os vemos: o presente do passado é a
memória; o presente do presente é a contemplação direta; o presente do
futuro é a expectativa do porvir.”
Santo Agostinho
Tempo, da forma que o ser humano geralmente o interpreta, é o aspecto
perceptível da atividade de conexão de eventos que se vão sucedendo uns aos
outros.
Tempo possui a característica pétrea de irreversibilidade, ou seja, não
volta atrás, seu vetor aponta sempre em uma única direção, que é a do
passado para o futuro (as hipóteses que vemos em algumas produções
cinematográficas hollywoodianas, que insinuam que, se desenvolvermos uma
velocidade superior à da luz, voltaremos no tempo, são fantasiosas e
matematicamente não se provam essas possibilidades.)
A velocidade da luz é a velocidade de deslocamento de uma partícula
(Essa partícula é o fóton, uma unidade de energia da luz, uma unidade
elementar, simplesmente a menor partícula de luz reconhecida pela física
quântica, sem carga elétrica, de massa zero, produzida quando da
transformação de um estado de energia para outro), portanto, limitada, ainda
que para a nossa percepção humana, seja fantástica. Atualmente é a mais alta
velocidade possível de que se tem notícia. Um deslocamento de algo em
velocidade acima disso, somente significaria a descoberta de novo patamar da
relação entre um espaço percorrido versus o “tempo” gasto nessa empreitada.
Já para voltar no tempo, hipoteticamente ter-se-ia que se viajar a
velocidades superiores às do pensamento, cuja particularidade é o do
instantâneo. E isso, o ser humano já faz: em pensamento, ele “volta” no
tempo, por mais longínquo que esse possa ser, quando assim o deseja fazer.
Mas vivemos num plano físico, e o pensamento por aqui, é somente um
espelho da realidade das referidas conexões de eventos. Pensamentos não são
eventos físicos de fato: são representações e esboços desses eventos...

“Kairós” é uma palavra de raiz grega para o “tempo”, porém, assim


como a “kala” das antiqüíssimas tradições hindus, esta refere-se à
oportunidade, à adequação do momento. Ao contrário de “chronos”, esta uma
palavra também grega que se refere ao tempo cronológico, ou seja, refere-se a
uma seqüência de momentos, aonde cada coisa vai acontecendo em seguida
e/ou como conseqüência de outras coisas anteriores.
Quando todas as causas que devem precipitar um determinado
acontecimento estão reunidas em seu potencial máximo, em outras palavras,
se a condição de simultaneidade de todas as causas está atendida em todos os
sistemas envolvidos num determinado evento, então sua realização é
inevitável – este é o tempo cósmico adequado, o “tempo oportuno.”
Obedeceu na mais pura expressão a estrita subordinação a uma
correspondência com as leis naturais. E isto o transforma no ato perfeito,
simétrico, que jamais estará sujeito a pressões de desmonte.
Causas que tenham um potencial de provocar acontecimentos podem
estar obedecendo ao imperativo da simultaneidade em alguns sistemas, e
estarem no mesmo instante infringindo a esta mesma condição em outros
sistemas que possuam algum tipo de relação importante e necessária com
aqueles ou com algum ou alguns deles. Resultado: o acontecimento que
provocaram no sistema de referência onde se encontram terá duração
limitada, tendendo ao desmonte e ao desaparecimento. Não raro, o
“acontecimento” então verificado é defeituoso, não é perfeito dentro do que
se esperava.
“Chronos” está ligado à quantidade (muitos instantes, conectados em
seqüência em que os acontecimentos, também conectados entre si vão tendo
lugar), enquanto “Kairós” está ligado à qualidade (o momento “certo”, em
que houve coincidência perfeita de condições).
No momento certo, no momento oportuno (os cristãos costumam dizer,
desde a igreja primitiva: “naquele momento que Deus preparou (kairós)”, tal
coisa finalmente vai acontecer. (os hindus antigos referem-se a esse momento
como “ritu”.)
É diferente do momento que se chama “agora”, este, apenas uma
referência arbitrária, totalmente abstrata, já que está sempre se movendo
perante a percepção humana; portanto, o “agora” somente é incapaz de dar
suporte à ocorrência de fatos que devam durar: tudo o que acontece no agora
tem o caráter de fugacidade.
Como já bem disse a nossa querida socialite filósofa, Narcisa
Tamborindeguy, em uma de suas famosas tiradas:
“Tudo é o momento, depois passa...”

Na Bíblia Judaico/Cristã, os escritores dos originais usaram tanto a


palavra “Kairós”, como a palavra “Chronos” para se referir ao tempo das
coisas, evidentemente cuidando para que cada uma delas fosse utilizada de
forma adequada, conforme o sentido da idéia que se desejava transmitir no
momento, porém os tradutores para as línguas modernas do português e
mesmo do inglês, descuidados, acabaram por cometer o equívoco de usar um
único vocábulo para descrever o tempo, justamente aquele que se refere à
“quantidade”, praticamente eliminando a idéia de “qualidade.”
Kairós, então, é o momento perfeito, apropriado, é aquele instante
único, que abriga um excepcional conjunto de circunstâncias favoráveis para
o acontecimento de algo crucial, importante, decisivo. (É um momento de
qualidade. Qualidade espiritual. Este momento não pode ser escolhido,
determinado pela pessoa: não é um momento planejado, a sua chegada não
pode ser forçada pela pessoa – “o mundo dá uma paradinha para respirar,
para tomar fôlego, e naquela pausa, antes dele expirar, sortes podem ser
mudadas...“ - você pode desejar esse momento por anos, longos anos, até de
repente pode mesmo achar que ele nunca vai chegar, mas, esteja atento: no
instante em que ele chegar, você deve aproveitá-lo – antes, mesmo que
estejas distraído, com o pensamento longe, em coisas frugais, verás diante de
si a realização daquilo que mais desejava, e que lhe chegará como uma
dádiva, repleta de gozo!)
Há 3.500 anos, Moisés já explicava:
“Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi, e como a
vigília da noite.” Salmo 90:V4

E o cristão Pedro, há 2.000 anos, novamente alertava a forma diferente


de experimentação das coisas por parte da instância maior da consciência
(embora neste caso o contexto que levou o apóstolo a formatar essas palavras
fosse um menor):
“Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o
Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia...” 2Pedro 3:V.8

Deus percebe o mundo em kairós, enquanto que o homem vive em


chronos. No universo vasto, o tempo é um eterno presente, enquanto que o
tempo do homem segue o princípio da sucessão seqüencial de eventos.
Eis aí a grande lacuna que existe entre a mencionada instância maior da
consciência, à qual alguns podem se referir como “Deus”: o principal motivo
de descompasso entre as prerrogativas da sublimidade da existência de Deus
e a perspectiva humana de ser, que é bem menos abrangente, é a forma de
vivenciar o mundo, já que Deus exerce seu domínio objetivo sobre o mundo e
sobre todo o universo por meio daquele tempo “kairós” (momento oportuno,
apropriado, perfeito, exato, único), enquanto que o espírito humano percebe,
experimenta e concebe o mundo, através de sua consciência de superfície
(ego), quase sempre pelo tempo cronológico, o qual lhe revela uma sucessão
seqüencial e linear de fatos, e é isso o que lhe faz sentido, tendo imensa
dificuldade em compreender que, ao se abraçar o conceito de eternidade,
compreende-se que, aí sim, tudo é um incessante “agora.”

Akasha – Nossos Registros na Eternidade

“Não há somente matéria e energia no Universo, mas também um mais sutil,


embora real elemento: informação, que promove ativas e efetivas conexões
entre todas as coisas no espaço e no tempo (“in-formação”) – ...interações
nos domínios da natureza, bem como da mente, são mediadas por um
fundamental campo de informações, no coração do Universo...”
– Erwin Laszlo, obra citada. – tradução do autor

Em 1907, o cientista Nicola Tesla, em seu ensaio “Man’s Greatest


Achievement”, ousou assinalar a existência de “um tipo de força que se torna
matéria quando a energia cósmica conhecida como “prana” age sobre ele;
quando a ação cessa, a matéria inicia seu processo de desagregação e (a
força) retorna ao éter (plasma, ou akasha: como já dito o termo “plasma” era
utilizada até o início do Sec.XX – N. do A.)” – citado por Laszlo (Tradução
do Autor).
Esta “força” sempre carrega, de um modo todo virtual, uma carga
própria e peculiar de informações, por onde e quando manifesta a sua
existência. Um campo de informações que interpenetra, espalha-se, difunde-
se, por todo o universo.
Se não está aderida a um corpo físico, é uma instância de não-
localidade, ou seja, está em todos os lugares simultaneamente e, ao mesmo
tempo, não está em lugar nenhum.
Tesla foi ignorado nessa sua assertiva por quase 80 anos pela grande
comunidade científica, que zombava de idéias acerca da possibilidade de
coisas como “éter”, “plasma”, “campo de força no espaço” e afins serem
meios transmissores de qualquer coisa, ou sequer existirem, enquanto
preferiram se debruçar sobre o conceito de “curvatura do espaço” de Einstein.
Estas grandes inteligências que, de tão orgulhosas de si mesmas,
dedicam-se a cuidar de “tarefas superlativamente grosseiras”, a saber, os
auto-suficientes cientistas das comunidades mais avançadas do planeta,
adeptos do pensamento “onde o homem não pode ver nem tocar nada, não há
nada que procurar”. (Nietzsche, obra citada, adaptado)
Porém, nas últimas décadas há correntes científicas, dentre as mais
avançadas na Europa e nos EUA, que estão trabalhando sobre identificados
campos de informação no que chamam de “vácuo quântico”, este, por
enquanto, um ainda imperfeitamente compreendido “mar de energia”, que
preenche todo o espaço cósmico.
O vácuo do espaço sideral estaria longe de ser somente espaço vazio.
Ele é antes um meio que abrigaria um campo fundamental e absoluto de
energia, uma espécie de meio superdenso, de propriedades únicas, capaz de
transmitir todas as forças e energias da natureza, e idem capaz de influenciar
e produzir efeitos físicos reais.
Esse campo é acionado por movimentos aceleratórios, os quais têm a
propriedade de lhe produzir alterações simétricas: ondas de pressão se
propagam no vácuo sideral, há bilhões e bilhões de anos, atravessando o
Universo até os seus confins, e suas velocidades de propagação ultrapassam
em 1 bilhão de vezes a velocidade de luz!
Por meio de ressonâncias, algumas dessas ondas podem ter suas
vibrações amplificadas, enquanto que outras podem ter suas vibrações
reprimidas. Isso explicaria a existência de corpos materiais em forma de
certos conglomerados, em coordenadas específicas do cosmo – esses
conglomerados são porções mais autoconectadas de energias, e são algum
tipo dessas ondas.
O vácuo que reconhecemos no ambiente sideral seria na verdade um
ultra-sutil fundo plenamente envolvente, super-denso e super-fluído, que age,
sim, como um campo mantenedor e também gerador de diversos tipos e
naturezas de formas. (Veja estudos do cientista alemão Hartmut Mueller)
Todas as coisas no Universo estão imersas nesse meio: no vácuo das
dimensões modernamente chamadas de quânticas subsistem luz, energia,
pressão, som, mas também a sua principal propriedade, a informação: trata-se
de um imenso e super-denso depositório de informação.
“Informação está presente em todos os lugares, e tem estado presente desde
o nascimento do Universo.” Laszlo, obra citada

Informação, então, é uma dimensão do Universo, como o são a altura, a


largura, a profundidade, o movimento, a..., o..., etc., etc... As informações,
lançadas sobre as partículas elementares, instituem vetores específicos e
determinantes para elas, os quais têm a capacidade de eliminar seu estado de
movimentação caótica original, criando ordem, apontando direções, e criando
assimetrias. Essas assimetrias criadas acabam por constituir o próprio
universo observável. Algumas correntes filosóficas referem-se a elas como o
mundo do fenômeno.
“Informação é a parte plena da substância do Universo...” – Edgar Mitchell,
astronauta estadunidense, citado por Laszlo.

As informações encontram-se arquivadas em partículas chamadas


“bósons”, e ali foram gravadas no exato momento em que esses “bósons”
foram criados, e com eles, viajam para sempre no vácuo do espaço sideral.
“Provocadas” (vários fatos e meios podem “provocar” ou “excitar” os
bósons), criam interferências no panorama cósmico na forma de uma
multitude de padrões no espaço-tempo (ou seja, formas de caráter transitório,
de durações temporárias), visíveis (bósons não são visíveis, mas,
transformando-se em prótons e nêutrons, tornam-se visíveis – aliás, somente
4% da matéria do universo é visível, pois refletem luz. Já os axions e os
neutrinos, embora possuam massa, são invisíveis aos nossos telescópios))
inclusive (embora não exclusivamente): são os perceptíveis átomos de
elementos, moléculas, material inanimado, material orgânico, grãos de areia,
água, planetas, luas, ecossistemas, estrelas, poeira estelar, galáxias, ilhas de
consciência,... até os confins do Universo (veja que atualmente, 73% da
substância do nosso universo (creio que já dá para falar assim – “nosso” - ou
seja, é tempo de assumir definitivamente que há outros universos além deste)
não nos parece ser “matéria”, mas sim, energia escura, esta, um tipo de
flutuação de partículas virtuais no vácuo quântico.

Despertamento

“Há períodos, nas questões humanas, de revelações exteriores e de


revelações interiores, quando novas profundidades de entendimento parecem
ter sido descortinadas à alma, quando novas necessidades são descobertas
em profusão, e em que mesmo um novo e ainda indefinido estado de bem-
estar passa a ser desejado.
Há períodos quando... ousar, é a mais alta sabedoria.”
William Ellery Channing (Tradução do Autor)

Um incremento da comunicação entre o consciente de alguém e as suas


próprias instâncias inconscientes mais profundas provoca despertamento –
respeitados os estágios de alma e idade, já tratados nesta mesma obra.
Assim, mediante o progressivo acesso a partes desconhecidas de nós
mesmos e o paciente aprendizado de suas faculdades e possibilidades, as
quais estão ali, latentes no interior de cada um (“ocultas” não é bem o termo,
pois, de fato, não estão escondidas, apenas os egos das pessoas “comuns”
geralmente as desconhecem por completo, pois foram ensinadas por milênios
a ignorá-las ou a procurarem-nas de formas equivocadas), ocorre um impulso
notável na revelação mais plena de nossa personalidade (humana), que
poderá libertar-se da estagnação, mesmo que não signifique que
abandonaremos afinal o caráter de individuação (nossa identidade sempre
será individual, e preservará os parâmetros específicos de cada indivíduo.)
Esse processo de conexão de instâncias de consciências “terá como resultado
uma evolução individual de nossa personalidade para patamares maiores de
excelência e inteireza pessoal, totalmente exclusivos.” - Do meu livro
“Energias Que Nos Suportam!”
Isso é o “despertamento”.
Usando a terminologia de que muitos se valem atualmente, é a conexão
com “o Deus dentro de nós”, e quem o experimenta minimamente parece,
perante aqueles que assistem a inevitável exposição a seus efeitos, como o de
alguém que recebeu uma iluminação.
Esse é um processo totalmente natural de aprimoramento espiritual,
que permite a cada ser vivo cumprir seu ciclo existencial sem estresses, sem
preocupações quanto às suas pretensas e eventuais grandes missões cósmicas:
cumprir seu ciclo de vida, nascer, crescer, desfrutar a vida, procriar,
envelhecer, morrer naturalmente, no caso humano, após seus 70 ou 80 anos
de vida.

A Percepção do Mundo em Estado Alterado de Consciência

“...NÃO há limites para onde alguém possa ir quando em estado de sonho ou


quando em estados alterados de consciência, e não há qualquer
personalidade essencial com a qual você não possa ter um encontro,
incluindo você sabe quem...”
Ronald H. Card

Neste tópico estarei falando apenas de “estados alterados de


consciência”, estes, alcançados por meio de seu desejo de assim o fazer.
Estados alterados de consciência são alcançados com certa facilidade
pelos humanos por meio de diversas iniciativas totalmente pessoais:
meditação, respiração controlada, orações e clamores fervorosos, músicas,
danças, jejuns, rituais, ingestão de certos alucinógenos, exposição a certos
padrões de sons, aspiração de aromas e gases, todos esses mecanismos,
alguns muito salutares, outros, menos, podem habilitar o praticante a tornar-
se sensível ou receptivo a percepções não ordinárias.
Num processo consciente de buscar o ingresso num estado alterado de
consciência por um meio bastante simples e muito saudável, o da meditação
vazia, também conhecida como meditação zazen, podemos começar pela
decisão de reservar um pouquinho de tempo para nós mesmos. Conceda esse
verdadeiro prêmio a si mesmo, quinze minutos por dia é suficiente; dê-se sem
remorsos este refresco para o corpo e para a alma.
Iniciemos pelo recolhimento a um local de silêncio.
Na penumbra, em ambiente de silêncio e calmaria, ar puro, sem luz
excessiva que nos incomode a visão, sem trânsito de pessoas, sem a
influência de pessoas negativas e derrotistas, sem cães latindo, sem barulho
de carros passando, sem pernilongos pousando em nossa testa. Ali, com o
despertador programado para 15 minutos, sentamo-nos numa cadeira em que
possamos estar com as costas bem encaixadas no encosto traseiro e os braços
com apoio, ou deitemos de costas sobre um colchão macio, cabeça e pescoço
bem sustentados, repousados sobre travesseiros também macios. Enfim, um
local bem confortável ao nosso corpo físico. Fechemos os olhos. Fiquemos
absolutamente imóveis, embora bem relaxados (inclusive dedos das mãos,
dos pés, mandíbulas... se o leitor tiver dificuldade para mantê-los parados,
treine isso por alguns dias – logo conseguirá deixar o próprio corpo
absolutamente inerte, em completo estado de repouso.)
Então, amado leitor, não durma. Largue-se, solte todos os músculos,
dos braços, das pernas, das costas, do pescoço, solte os maxilares (maxilares
entreabertos, lábios fechados), deixe-se relaxar o máximo que puder. Se
estiver sentado, deixe os braços soltos e as mãos repousarem sobre suas
coxas. Se estiver deitado, deixe os braços estendidos ao longo de seu corpo,
desencostados deste.
Podemos iniciar com a absolutamente necessária tarefa de substituição
dos pensamentos costumeiros que jorram sem cessar em nosso cérebro, do
tipo “caramba tenho que amanhã sem falta ir ao banco pagar aquela conta
meu cachorro está de novo com carrapatos minha filha está muito calada
ultimamente que será que está acontecendo com ela o pneu do carro está
careca tenho que trocá-los mas não tenho dinheiro aliás meu dinheiro
ultimamente não está dando para nada estou desempregado minha esposa não
me entende minha mãe está internada muito doente esse vizinho é muito
barulhento uma hora vou ter que engrossar com ele a que horas terei que sair
de casa amanhã aquela empresa ficou de me chamar mas já faz mais de uma
semana até agora nada será que vão realmente me chamar e agora parece que
tem ratos andando no meu quintal qualquer hora vou dar uma porrada nesse
cretino do fulano que só me fala m..... o cara é um idiota me tira do sério meu
filho anda chegando muito tarde em casa e parece que chega bêbado etc., etc.,
etc., ...”, pelo seguinte pensamento: “agora vou fazer um procedimento que
me dará paz e calma, e me possibilitará entrar num estado de consciência
alterada, e meu pensamento não sairá dessa toada - ins-pirando... ex-
pirando... ins-pirando..., ex-pirando... ins-pirando..., ex-pirando... ins-
pirando... ex-pirando.......”.
Ao proceder com sucesso a esta substituição de pensamentos – essa
troca é absolutamente necessária! -, notemos como diminuiu, após um ou
dois minutos, a freqüência de emissão de ondas vibratórias de nosso cérebro,
saindo paulatinamente do nível “Beta” (de 100 a 14 ciclos por segundo –
quando as ondas vibratórias do cérebro estão pulsando a 100 ciclos por
segundo, os pensamentos parecem voar, enlouquecidos, você está uma tampa,
insuportável, quase surtando, nem você se agüenta!), para o nível “Alfa” (de
13 a 8 ciclos por segundo).
Se o caro leitor não conseguir passar desta etapa, aborte o processo,
adiando-o para algum outro momento mais adequado, quando estiver menos
tenso (neste caso, para quebrar a tensão momentânea que está
experimentando, saia, vá dar uma volta descontraída pelo bairro, caminhando
lentamente, vá conversar banalidades com alguma pessoa reconhecidamente
tranqüila e de bem com a vida, vá brincar com seu gatinho, conscientize-se de
que deve lançar fora a ansiedade. Senão, não vai atingir seu intento de atingir
camadas mais profundas de sua própria consciência, dentro de si mesmo...)
Se vez obtido o resultado feliz da etapa anterior, prossiga, só você e o
imenso universo.
Prepare-se para baixar mais ainda aquele nível de atividade cerebral,
chegando ao nível “Teta” (de 7 a 4 ciclos por segundo): O relaxamento agora
é profundo.
Sempre de olhos fechados, faça algumas respirações profundas, lentas,
não forçadas, em número de três a cinco, aspirando o ar lenta e
profundamente, mantendo-o por um pouco nos pulmões, para em seguida
expirá-lo, também lenta e profundamente. Note o efeito da oxigenação do seu
sangue, pela sensação de calor que começa quase que imediatamente a lhe
percorrer todo o perímetro de seu corpo, avançando pelas extremidades,
braços, pernas, até as costas, atingindo a parte superior e a sola dos pés. Isso
se dá em virtude de o sangue percorrer todo o trajeto de nosso corpo em cerca
de 50 segundos, e agora está conscientemente carregado de oxigênio
energético e purificador!
Em seguida (olhos fechados sem pressão sobre as pálpebras), uma
sessão de alteração vibratória de suas células e moléculas, segundo o padrão
do universo: inspire profundamente, e profira, em volume moderado, em
volume baixo, lentamente, o som “OOOOOMMMMMM”, começando com a
boca aberta, para o “O”, e fechando-a, para pronunciar o “M”, fazendo
coincidir o fim da emissão do som com o final da expiração do ar. Note que
todas as moléculas do seu corpo vibram intensamente a cada vez que
pronunciar este som, toda a caixa toráxica, a caixa cerebral, o próprio
cérebro, os ossos, os dentes, as pernas, até seus pés vibram.
Descontraidamente repita este som por dez vezes. (Ins-pira...
OOOOOOOMMMMMMMM (Expirando).... Ins-pira...
OOOOOOOMMMMMMMM (Expirando)... Inspira...
OOOOOOOMMMMMMMMM (Expirando)... ) Ao final, perceberá que
estará solidamente na condição de relaxamento, uma sensação muito gostosa
e reconfortante.
Com a prática, em um ou dois minutos após ingressar neste
procedimento começará a ter umas sensações diferentes daquelas que
comumente tem em seu estado normal de vigília. Como está muito relaxado e
energizado, aquecido, num local onde seu corpo físico está livre de pressões,
além do que estará privado de referências espaciais por causa dos olhos
fechados já há algum tempo, lhe surgirá a impressão de que seu corpo flutua
no espaço. Deixe-se levar por essa sensação, e “flutue” à vontade, com gozo
e prazer.
Perderá a noção de limites de seu corpo. De olhos sempre suavemente
fechados, respirações lentas, profundas, poderá ser que de repente lhe pareça
que seus braços agora estão abertos ou colocados em posições impossíveis, e
que são enormes, muito mais grossos do que os sabe! Poderá ter a nítida
sensação que não tem mais as pernas. E mesmo que seu corpo físico agora
está, como já mencionado, desprovido de limites. Que você está à deriva,
flutuando, no espaço aberto. Você está experimentando o que parece ser a
dissolução do senso de limites e fronteiras de seu corpo físico. Não se
preocupe com isso, antes, goze ao máximo esta sensação de liberdade plena
de “ser”, e de segurança, e de plenitude e unidade com tudo. Inicie um
movimento de “voar” por sobre oceanos muito azuis, no tom mais belo de
azul com que você jamais sonhou, acelere seu passeio, atinja velocidades
incríveis! Suba, vá imediatamente à Lua, voe a velocidades supersônicas por
suas planícies, passe por entre suas montanhas, sinta uma sensação
revigorante de gozo e alegria juvenis, infantis. Deseje – e experimente
imediatamente! – sair voando pelo espaço cósmico, por entre planetas,
galáxias, sempre naquelas velocidades inimagináveis, sabendo que você faz o
que desejar em seu pensamento. Assimile a sensação fantástica de bem-estar
e felicidade, traga-a para dentro de si, transborde desta sensação. Pare, olhe
tudo com olhar de êxtase. Perceba que há algo parecido com cordões
brilhantes, de pura energia que lhe saem de várias partes de si, e se dirigem
para as estrelas, para regiões longínquas, e que você tem o poder de
determinar, com seu simples pensamento, para onde eles vão e o que
envolverão. Estenda seus cordões para as coisas, para os sóis, para os
planetas, mude-as de lugar, molde-as à sua vontade, vire-se em seu
pensamento. Veja uma luz magnífica, lá longe. É uma luz fulgurante, repleta
de diferentes matizes, ora azulados, ora amarelos, ora esverdeados, todos em
tons que são absolutamente belos, de uma beleza que não é possível
descrever com palavras, é só o olhar de êxtase que tenta absorver-lhe a
esplendorosamente exuberante beleza. É é o que você faz! Conclui que a obra
do Criador é pura beleza! E que Ele tem muito bom gosto, e que este,
coincide perfeitamente com o do ser humano! Pare para admirar a isso,
absorva aquela beleza toda, com os braços abertos! Você está maravilhado!
(É uma sensação de unidade com o todo, sem qualquer impressão de
separação, ou de “dentro e fora”, ou de qualquer impressão de diferenciação
entre nós e tudo o mais que há, ou de qualquer sensação de “ser”, totalmente
livre de cercas, de barreiras, em relação a todo o plano espacial, universal,
cósmico, sem marcos de fronteiras entre nós e tudo o mais que existe neste
plano!)
Navegue à vontade, sem remorsos, sem se preocupar com “quando”
aquilo vai acabar, “aquilo” estará lá sempre que você procurar.
Você decide voltar para “casa”, para o plano onde você vive, e o faz
instantaneamente, e você está extasiado, explodindo de satisfação.
Subitamente você compreende!
Você “é” um com o todo! Você é eterno. Você é parte da plenitude.
Você “sente” isso, da maneira mais certeira que jamais experimentou.
É uma sensação de unidade com o todo sem qualquer impressão de
separação, ou de “dentro” e “fora”, ou de diferenciação entre nós e tudo o que
há, ou de qualquer sensação de “ser”, sem cercas, sem barreiras, em relação a
todo o plano espacial, universal, temporal, sem fronteiras entre tudo o mais
que existe neste plano.
E isso lhe traz satisfação sem limites. E nunca mais se esquecerá disso!
Isso lhe foi revelado de uma vez para sempre. Você deu um salto definitivo
para um novo patamar de entendimento da unidade em que nos é dado viver.
Você agora retorna ao plano ordinário onde nos foi dado viver, “volta”
para seu corpo, abre os olhos lentamente, mexe os punhos bem devagar, sente
o corpo físico pesado, inerte...
Seu “velho” corpo físico está ali, você voltou para o plano de sua rotina
diária, e aparentemente nada de concreto mudou, mas a sensação de gozo que
experimentou permanece, as imagens do que viu estarão para sempre vivas
em sua memória, e agora você carregará definitivamente em seu semblante
uma outra expressão, exalará daqui em diante uma outra vibração, daqui por
diante sua simples presença causará nas outras pessoas uma outra impressão,
uma de incógnita, de mistério insondável, de estabilidade, de sabedoria. Você
está revigorado. Isso não mais lhe será retirado. Você sabe que passou por
uma espécie de arrebatamento, onde finalmente percebeu sua identidade
inquestionável com o Grande Arquiteto do Universo, que é algo muito
sublime, que sempre esteve lhe esperando, agora lhe teve o acesso
escancarado com inusitada serenidade, para quando você quiser desfrutar
dele.
E, confiante, decide que voltará lá diariamente, para explorar mais e
mais a sua capacidade de ser um com o Universo.
Nas “visitas” seguintes, poderemos aprender também a deixar de lado
as sensações ligadas àquilo que chamamos de “tempo.”
Não se assuste: apenas está se tornando hábil em navegar e a perceber
dimensões de realidade muito mais amplas, de uma ordem superior, e que
agora se descortinam perante o entendimento daqueles que fizeram tal
passeio metafísico, e que se pode vislumbrar com grande êxtase.
Talvez finalmente a palavra “inefável” comece a fazer sentido, como
nunca antes fez! Talvez o conceito de paradisíaco também comece a fazer
sentido, como nunca antes fez!
E isso lhe traz satisfação sem limites. E nunca mais se esquecerá disso!
Isso lhe foi revelado de uma vez para sempre.
O efeito geral dessa experiência em você mesmo é a cura!
Todo nó energético, de qualquer tipo, todo gargalo vibratório que
porventura tenha em quaisquer de seus corpos (físico, mental, emocional,
espiritual, astral), bloqueios, temores, inseguranças, inibições, simplesmente
se dissolvem, porque você atingiu um novo patamar de entendimento e
integração geral, um patamar onde, agora, vislumbra a plenitude.
A idéia de puro “ser”, completo psiquicamente e espiritualmente
falando-se agora começou a fazer sentido para si. E se apresenta para viver
essa plenitude.
“No mundo real... toda “entidade real” é o que é em virtude de suas relações
com as outras “entidades reais” – Alfred North Whitehead, citado por Erwin
Laszlo

Um profundo e indestrutível senso de bem-estar e excepcional saúde


agora se encontra sedimentado em si, e você percebe que a partir de agora se
colocou em outro patamar de experimentação da vida!
Agradeça, muito, com muito júbilo! E experimente cura. Cura física,
cura espiritual, cura existencial.
(Alerta: SEM RELAXAMENTO, SEM VIAGENS CÓSMICAS!!)
Ou:
“CURE-SE DO ESTRESSE, OU ESQUEÇA OS FAVORES
CÓSMICOS.”
E Assim a Humanidade Caminha...

“Assim como o vai e vem das ondas do mar chegam à praia,


as civilizações humanas também surgem e desaparecem...”
Carlos Alexandre de Paula, em
“Nossa Civilização Está no Fim? Os Pilares Civilizatórios na Construção de
Uma Sociedade”(Artigo)

O processo civilizatório e seus conjuntos de regulamentos preparados


pelo próprio homem que vão se sobrepondo uns aos outros ao longo da
história não visam a preparação da humanidade para algum eventual desígnio
cósmico, mas apenas e tão somente procuram regular os inter-
relacionamentos humanos, mediante controle de seu comportamento
enquanto em meio aos semelhantes, estabelecendo limites para a sua
agressividade e voracidade, idem sobre seus anseios, para ”o bem da
sociedade”.
“Em todos os homens existem tendências destrutivas, antissociais e
anticulturais... se todos vivessem segundo o exclusivo império de suas
vontades, seria o caos...”
- Sigmund Freud, em “O Mal-Estar na Civilização”, adaptado.

A “educação” e o preparo para a vida em sociedade não promovem


aprimoramento de espírito, mesmo porque não são pensados para esta
finalidade.
“... o moderno homem civilizado, educado com verniz de informações
culturais, volitivo, dinâmico, sem escrúpulos, egoísta, habituado a mentir,
vazio de qualquer convicção e aspiração substancial. Sua impotência
intuitiva e sintética denomina-se razão, objetividade, ciência, que são meios
utilitários...” Ubaldi, obra citada

Tampouco os grandes processos espirituais históricos (religiosos),


cujas sobrevivências e expansões ao mesmo tempo dependem e promovem
expansão de suas próprias estruturas de poder, ou seja, são portadores de
grande e indefectível viés político, têm obtido algum sucesso no sentido de
esclarecer com exatidão aos anseios espirituais mais autênticos de seus
seguidores, antes, freqüentemente dedicam-se mais a angariar mais adeptos
que os grupos “rivais” entre as multidões e mantê-los sob duro domínio, para
o que criam meios de inundá-los de desinformação, condicionamento e
manipulação de suas mentes, mantendo-os estacionados em limiares de uma
apenas suposta caminhada espiritual, para o que podem lançar mão de
artifícios como os de alimentar misticismos, impor obrigações e rituais
inúteis para a finalidade a que devem se destinar aqui, implantar punições
severas, até mesmo cósmicas, para os que pensem em se rebelar...
Nada disso promove algum incremento real na essência espiritual dos
seres humanos que se lhes submetem, apenas os lançam em profundas
ilusões, enquanto perdem seu tempo aqui na Terra.
Como já comentamos aqui neste mesmo livro, “Crer em Deus” não é
uma coisa ligada à observação consciente das coisas, mas sim, trata-se de
uma condição de consciência totalmente vinculada à intuição, mas as práticas
impostas pelas tradições espirituais ocidentais de massa insistem em
promover cultos e adorações no nível da razão humana, principalmente sob
um espírito bem terreno de barganha com a divindade, do “toma lá, dá cá”.
O caminho não é por aí, ao menos não nos moldes atuais das grandes
religiões ocidentais.
Tal ponto de vista escora-se também nas posições totalmente
antagônicas dos dois maiores expoentes da teoria psicanalítica do Século XX,
a qual iniciou o processo de vasculhar as profundezas da psique humana:
Freud, um judeu que afinal concluiu pela não aceitação de qualquer religião,
e Jung, um protestante de tradicional família luterana que ousou pesquisar in
loco tanto os fundamentos dos fenômenos das primitivas práticas tribais
africanas, como também das tradições orientais do budismo, além de outras
formas pagãs de culto ao sagrado, tendo inclusive sido muito criticado por
várias frentes da intelectualidade e da religião européias por isso: seu
primeiro livro, “Psicologia e Patologia dos Fenômenos Ditos Ocultos”
publicado em 1903, tratava exatamente desses assuntos; posteriormente, Jung
dedicou décadas a estudar as práticas religiosas das culturas antigas orientais
e ocidentais, idem à magia e à alquimia, quando concluiu pela consideração
das práticas religiosas como fundamentais no processo de maturação psíquica
das pessoas e das civilizações.
“Religião é importante para a manutenção da sociedade porque ela explica
o porquê de algumas proibições, e pelo fato de indicar alguma compensação,
mesmo falsa, pelo “esforço” realizado pelos homens, isto é, prometer que
haverá uma vida de satisfação após a morte (portanto, todo “sacrifício” e
todo sofrimento, toda privação a que se sujeitou durante a vida, irá, para
aquele que aderiu às prerrogativas desta religião, finalmente valer a pena).”
Sigmund Freud, em “O Futuro de Uma Ilusão”, adaptado – nota do autor.

Uma grande mudança em bloco no patamar ético e moral do homem


somente se dará após uma nova mutação no gênero humano, à semelhança
das várias que ciclicamente já ocorreram ao longo das eras, e que promova
alterações tanto em seu corpo físico, o qual se tornará veículo mais
apropriado para manifestações em massa de mônadas de outros estágios de
desenvolvimento perante o padrão cósmico, como também, e principalmente,
em seus corpos sutis.
A última vez que algo dessa natureza ocorreu em nós com magnitude
mais significativa foi há cerca de 12 mil anos, ocasião que ensejou o
surgimento do homo sapiens-sapiens a partir da matriz do homo sapiens, este,
por sua vez, tendo surgido por mutações no homo erectus, as quais foram
fazendo surgir, sucessivamente, o homem de Neanderthal e o homem de Cro-
Magnon, estas 3 últimas versões de humanóides tendo convivido
simultaneamente, ao menos por um período de umas dezenas de milhares de
anos, aqui na Terra. Ao final do mais recente período glacial, os nossos
primos Homem de Cro-Magnon e homem de Neanderthal haviam sido
extintos, e o homo sapiens ganhou um upgrade, ganhando a configuração
física e psíquica que hoje todos os humanóides dispomos.
E vamuquivamo...

A pessoa que sabe muitas coisas,


Sabe que muitas coisas há ainda para se saber;
A pessoa que pouco sabe,
Pensa que não há muito mais a se saber...

A pessoa que lê muito,


Sabe que há muito mais para se ler;
A pessoa que lê pouco,
Pensa que pouco há para se ler...

É o círculo perverso, muito perverso, da ignorância...

Do mesmo autor:

Energias Que Nos Suportam!


2016

Vórtices da Vida
Uma Investigação Não-Mística das Diretrizes do Destino Humano
2016

I-Ching Para Brasileiros


A Alta Sabedoria Chinesa Trazida Para os Trópicos
2015

O Homem e a Malha Cósmica


Nosso Lugar no Infinito do Espaço e do Tempo
2014
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2013

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e Harmonização com o Universo
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