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BOURDIEU, Pierre. Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

O conceito de Habitus em Pierre Bourdieu1 orientam nas investigações que visam


apreender as relações de afinidades dentre os comportamentos dos agentes e os
condicionamentos e estruturas sociais. Nesse sentido, o Habitus deve ser tomado como um

(...) sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as


experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções,
de apreciações e de ações – e torna possível a realização de tarefas infinitamente
diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas (...).2

Para o cientista social francês, Pierre Bourdieu, o mundo social é compreendido


objetivamente por meio de três modos de conhecimento teórico, a saber: o fenomenológico; o
objetivista e o praxiológico. Segundo o autor, o primeiro, já citado anteriormente (o
fenomenológico) compreende a verdade da
(...) experiência primeira do mundo social, isto é, a relação de familiaridade com o
meio familiar, apreensão do mundo social como mundo natural e evidente, sobre o
qual, por definição, não se pensa, e que exclui a questão de suas próprias condições
de possibilidade. O conhecimento que podemos chamar de objetivista (de que a
hermenêutica estruturalista é um caso particular) constrói relações objetivas (isto é,
econômicas e lingüísticas), que estruturam as práticas e as representações práticas ao
preço de uma ruptura com esse conhecimento primeiro e, portanto, com os
pressupostos tacitamente assumidos que conferem ao mundo social seu caráter de
evidência e natural (...) Enfim, o conhecimento que podemos chamar de
praxiológico tem como objeto não somente o sistema das relações objetivas que o
modo de conhecimento objetivista constrói, mas também as relações dialéticas entre
essas estruturas e as disposições estruturadas nas quais elas se atualizam e que
tendem a reproduzi-las, isto é, o duplo processo de interiorização da exterioridade e
exteriorização da interioridade.3

Desta forma, o Habitus para Bourdieu é um conceito de grande valia para conciliar
uma aparente oposição dentre as realidades individuais e a realidade exterior, ou seja,
permitindo-a observação dessa mediação constante e recíproca que ocorre entre o mundo
objetivo e o mundo subjetivo (das individualidades). Por isso, que o Habitus deve ser
compreendido como um sistema de esquemas individuais, que é socialmente constituído por
disposições estruturadas (no meio social) e disposições estruturantes (nas mentes dos
indivíduos), onde ambas, são adquiridas pelo indivíduo por meio das experiências práticas de
existência em condições sociais especificas. O Habitus orienta constantemente o indivíduo

1
BOURDIEU, Pierre. Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.
2
BOURDIEU, 1983, p. 65.
3
BOURDIEU, 1983, p. 46-47.
nas funções e as ações de agir cotidiano. Logo, o conceito de Habitus corresponde a uma
espécie de subjetividade socializada, pois é correto entendê-lo: como um conjunto de
esquemas de percepções, apropriações e ações que não é somente experimentado, mas,
também, é posto em prática, guiado pelas conjunturas de um campo que o estimulam. Todavia
ao refletir sobre a relação indivíduo e sociedade por meio da conceituação de Pierre Bourdieu,
mas, precisamente, pelo conceito de Habitus, isso implica sistematicamente ao pesquisador
ter de tomar o individual/subjetivo como dimensões sociais que são coletivamente
orquestradas pelos indivíduos.
Desta forma o Habitus é um potente instrumento conceitual que permite aos
pesquisadores, no limite, investigar as variadas preferências e gostos de grupos diversos e/ou
indivíduos que por ventura sejam produtos sociais de uma mesma trajetória, ou seja, permite
apreender certa homogeneidade nas disposições estruturadas e estruturantes, que por outro
lado, acaba auxiliando na apreensão de parte integrante das disposições práticas muitas vezes
observadas difusamente. No entanto, o Habitus não deve ser compreendido como uma espécie
de mera memória imutável, e por isso, também, sedimentada. Portanto, o Habitus é um
sistema de disposição continuamente aberto e construído que está sujeito a aquisição continua
de novos estoques de experiências, ou seja, pode ser compreendido, então, como uma espécie
de estoque de disposições incorporadas pelos indivíduos, que são colocadas em prática e
orientam ações diversas a partir de determinados estímulos conjunturais.

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