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ESUD 2012 – IX Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância

Recife/PE, 19 – 21 de agosto de 2012 - UNIREDE

QUESTÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS DA MEDIAÇÃO


PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
Adriana Alves Moreira dos Santos1, Marcelo Sabbatini2
1
Univerisdade Federal de Pernambuco/Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica/
adriana_moreirasantoshotmail.com
2
Univerisdade Federal de Pernambuco/Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica
/marcelo.sabbatini@gmail.com

Resumo – O presente trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica sobre a


Mediação Pedagógica na Educação a Distância (EAD) buscando verificar os
pressupostos teóricos, bem como resultados de pesquisas sobre os referidos temas.
A partir dos resultados encontrados, procuramos entender como está (se está)
ocorrendo a mediação pedagógica nos cursos a distância no Brasil. No intuito de
fazer uma relação entre a teoria e a prática da mediação pedagógica na educação
a distância, afim de levar à reflexão sobre como está ocorrendo tal prática. Para
embasar teoricamente nosso trabalho utilizamos autores de referência na área de
educação tecnológica e mediação pedagógica. A princípio fizemos uma
contextualização da EAD Brasil; em seguida, falamos do papel do professor nesse
novo cenário da educação e a conceituação de mediação pedagógica; por último,
trouxemos uma análise de resultados de pesquisas e nossas considerações finais.
Utilizamos três pesquisas para análise dos seus resultados: Mediação Pedagógica
em Ambientes Virtuais de Aprendizagem: a perspectiva dos alunos (MACHADO e
TERUYA, 2009); Docência em Educação a Distância: tecendo uma rede de
interações (BEZERRA, 2010); e Interatividade e Mediação Pedagógica na
Educação a Distância (FARIA, 2002). Como resultado das pesquisas de Machado
& Teruya e Bezerra, vimos que a interação entre o professor e os alunos é limitada
ao fórum e a tirar dúvidas dos alunos, não havendo a mediação proposta por
Masetto. Já na pesquisa de Faria percebemos que a mediação existe. Outro ponto
foi relacionado ao acompanhamento das atividades pelo tutor, foi visto que os
alunos sentem a necessidade do feedback do professor em relação aos seus
questionamentos e ver que ele acessa o ambiente com frequência. A pesquisa de
Machado & Teruya demonstra que há problemas em relação a esse
acompanhamento das atividades.
Palavras-chave: Mediação Pedagógica, Educação a Distância, Tutor.
Abstract – This work is a bibliographical research on the Pedagogical Mediation in
Distance Education (EAD) seeking to verify the theoretical and research findings on
these topics. From the results, we understand how it is (it is) the mediation
occurring in distance education courses in Brazil. In order to make a connection
between theory and practice of mediation teaching in distance education in order to
lead to reflection on how this practice is occurring. To support our work

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theoretically use authors in this area of technology education and pedagogical


mediation. At first we did an overview of the EAD Brazil, and then we talk about the
teacher's role in this new scenario of education and the concept of pedagogical
mediation, and finally, brought an analysis of research results and our final
remarks. We used three studies to analyze the results: Pedagogical Mediation in
Virtual Learning Environments: the perspective of students (MACHADO and
Teruya, 2009), Teaching in Distance Education: weaving a web of interactions
(Bezerra, 2010), and Interactivity and Mediation teaching in Distance Education
(Faria, 2002). As a result of the research of Machado & Teruya and Bezerra, we
found that the interaction between teacher and students is limited to the forum and
ask questions of students, without the mediation proposed by Masetto. In the search
Faria realize that mediation exists. Another point was related to monitoring
activities by the tutor, it was seen that students feel the need for teacher feedback
regarding their questions and see that it accesses the environment frequently. The
research of Machado & Teruya shows that there are problems in relation to this
follow-up activities
Keywords: Pedagogical Mediation, Distance Education, Tutor.

1. Educação a Distância no Brasil


A educação a distância no Brasil iniciou por correspondência, em geral, voltados para cursos
profissionalizantes, principalmente nos setores de comércio e serviços. Pesquisas apontam
que por volta de 1900, no Rio de Janeiro, já se encontrava anúncios em jornais oferecendo os
cursos. Por volta de 1920-30 surgiu a educação via rádio como meio de possibilitar a
educação popular. Em 1937 foi criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da
Educação, dentre os programas destacaram-se a Escola Rádio Postal, a Universidade do Ar
criada pelo Senac, dentre outros (ALVES, 2009 p.9). Segundo DIAS E LEITE (2010 p.10)
teve também o Projeto Minerva - foi um projeto do governo militar - que tinha por objetivo
formação no nível básico de ensino, além das aulas via rádio, tinha também uma apostila
impressa para acompanhar o curso.
Por volta de 1960 teve início a educação televisiva, a qual recebeu incentivo para ser
expandida; e foi criado um Código Brasileiro de Telecomunicações determinando as
emissoras de radiodifusão e televisões educativas deveriam transmitir programas educativos.
No entanto, na década de 90 as emissoras foram desobrigadas a transmitir programas
educativos.
Hoje temos exemplos positivos de televisão educativa que surgiu com o aparecimento
da TV fechada, como a TV Cultura, o Canal Futura e as TVs universitárias, algumas delas
também exibem seus programas nos canais abertos. Podemos destacar também a TV Escola,
que é transmitida via satélite para as escolas (ALVES, 2009 p.9).
Porém, hoje quando pensamos em educação a distância (EAD), associamos
diretamente a uso do computador e internet. Modalidade que vem crescendo a cada dia,
expandindo os cursos superiores e dando oportunidade para as pessoas que trabalham estudar
de forma flexível. Sobre o surgimento da EAD no Brasil, Faria (2002, p.28) diz:

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No ensino superior, as experiências brasileiras de educação a distância, com uso de


moderna/sofisticada tecnologia, se iniciaram na década de noventa e se encaminha-
ram no sentido de aproximar/facilitar a participação, em atividades educacionais,
dos alunos que não poderiam se deslocar de suas residências/cidades por um tempo
maior, como o exigido para um curso de graduação ou pós-graduação, direcionando-
se, também, para cursos de extensão universitária.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) institui a educação a


distância como modalidade de ensino, e traz um artigo específico:
Art. 80. O poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas
de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação
continuada.

§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será ofere-


cida por instituições especificamente credenciadas pela União.

§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de


diploma relativos a cursos de educação a distância.

§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a dis-


tância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de
ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

I – custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e


de sons e imagens;

II – concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o poder público, pelos concessionári -
os de canais comerciais.

Corroborando a LDB, em 27 de maio de 1996 através do decreto nº 1.917 foi criada a


Secretaria de Educação à Distância (SEED), a mesma atua como:
Um agente de inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem, fo-
mentando a incorporação das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e das
técnicas de educação à distância aos métodos didático – pedagógicos. Além disso,
promove a pesquisa e o desenvolvimento voltados para a introdução de novos con-
ceitos e práticas nas escolas públicas brasileiras (SEED, 2011).

Além de regulamentar a educação a distância, a SEED incentiva e apoia as Instituições


Superiores de Ensino a oferecerem cursos à distância, bem como, desenvolve programas e
ações que visam à formação inicial e continuada de professores, como o: ProInfo; ProInfo
Integrado; E-ProInfo, Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) dentre outros.

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O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) oferece cursos por meio das
instituições públicas de ensino superior, podendo ser bacharelado, licenciatura, tecnólogo e
especializações. Os cursos são voltados para formação inicial e continuada de professores da
rede pública, tendo também vagas para o público em geral.
Por meio dessas ações, vemos o interesse do governo federal em disseminar e apoiar a
educação à distância através da sua inclusão na Lei de Diretrizes e Bases, bem como através
da secretaria de educação a distância, oferecendo cursos de formação para os docentes.

2. O Papel do Professor na Educação a Distância e a Mediação Pedagógica


A EAD exige uma nova visão do professor em relação a educação, pois ela possui
peculiaridades que exigem mudanças. Não cabe mais um professor nos moldes tradicionais de
ensino. Segundo Pierre Lévy (1999, p. 160) “a EAD explora certas técnicas de ensino a
distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias
intelectuais da cibercultura”. O autor ainda diz que a EAD proporciona um novo estilo de
pedagogia, “que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem
coletiva em rede” (ibidem). As aprendizagens personalizadas são oportunizadas a medida que
o professor responde a cada aluno individualmente, ao mesmo tempo que promove uma
aprendizagem coletiva em rede, de forma colaborativa, na qual todos participam, opinam,
discutem. Diante do exposto, percebemos que não tem como conciliar uma educação
oferecida a distância de qualidade com os paradigmas tradicionais de ensino.
O professor que trabalha com EAD precisa estar aberto ao diálogo, estimular a
autonomia dos alunos, não se colocar como detentor do conhecimento, proporcionar uma
aprendizagem colaborativa e conhecer a diversidade da cibercultura, compreendendo as
possibilidades que a mesma oferece como recurso metodológico. Uma das diferenças
fundamentais em relação à educação presencial é a falta do olho no olho. A interação entre os
sujeitos é realizada através do computador pelo uso do chat, do fórum, do e-mail e demais
ferramentas que podem ter disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem. A maneira como
o professor irá interagir com o aluno e mediar o conhecimento será determinante na
construção do mesmo. Masetto (2000 p.143) diz que
A ênfase no processo de aprendizagem exige que se trabalhe com técnicas que in-
centivem a participação dos alunos, a interação entre eles, a pesquisa, o debate, o di-
álogo; que promovam a produção do conhecimento; que permitam o exercício de ha-
bilidades humanas importantes como pesquisar na biblioteca, trabalhar em equipe
com profissionais da mesma área e de áreas afins, apresentar trabalhos, conferências,
fazer comunicações, dialogar etc.

Assim, o professor na educação a distância tem um papel fundamental no processo de


ensino e aprendizagem (não como centro de poder, mas interagindo com o aluno), pois
mesmo estando fisicamente longe do aluno, ele precisa incentivar a participação, a pesquisa, o
debate e os demais pontos colocados pelo autor. Para isso, é preciso que ele faça uso de um
modelo pedagógico flexível e interacionista, que permita o aluno a expressar e buscar o
conhecimento. O professor deve ser um facilitador nesse processo, um mediador.

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A mediação pedagógica é oposta as práticas tradicionais de ensino, nas quais o mesmo


é baseado na mera transmissão da informação. Gutierrez e Pietro (1994, p. 62) diz:
Entendemos por mediação pedagógica o tratamento de conteúdos e das formas de
expressão dos diferentes temas, a fim de tornar possível o ato educativo dentro do
horizonte de uma educação concebida como participação, criatividade, expressivida-
de e relacionalidade.

No que se refere à educação a distância, a mediação pedagógica se dá por meio dos


textos, vídeos, listas de discussão, chat, dentre outros materiais que são colocados para os
alunos, porém, eles precisam ser usados de forma diferenciada da educação presencial. A
diferença se dará no tratamento desses materiais, eles em sim, não dizem nada, eles precisam
ser mediados pedagogicamente. Masetto (2000, p. 136) entende por mediação pedagógica:
... a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, in-
centivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser
uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma
ponte “rolante”, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objeti-
vos.

O professor deixa de ser um mero transmissor e passa a ser um colaborador da


aprendizagem. Essa postura nos remete a uma pedagogia socioconstrutivista, fundamentada
na teoria de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Jonh Dewey, nela o controle sai do professor, que
passa a ser um mediador/ facilitador no processo ensino e aprendizagem e o aluno passa a ser
o centro. Na EAD esse modelo contribui para uma maior interação entre professor e aluno
(MATTAR, 2012).
Quando pensamos em ensino, o associamos a sala de aula, livros, lousa, dentre outros
artefatos que compõe o ambiente escolar do qual estamos acostumados (MACHADO e
TERUYA, 2009). A EAD vem romper com esse modelo de ensino, não apenas em relação ao
ambiente escolar, mas, sobretudo as práticas educativas. Saímos da sala de aula e fomos para
o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Nele encontramos ferramentas que possibilitam
a interação entre aluno/ aluno e aluno/ professor, como: o fórum de discussão, o chat, a web
conferência, o e-mail. E as ferramentas equivalentes ao material didático: vídeo, texto,
questionário, glossário, dentre outros. O que dará significado a essas ferramentas é a maneira
como elas serão mediadas para a construção do conhecimento. Assim, a mediação pedagógica
tem papel fundamental na EAD, como também no ensino presencial. Mas, na EAD, a maneira
como o tutor (professor) irá mediar os recursos e ferramentas e a interação entre os alunos
influenciará diretamente na aprendizagem e na continuidade do aluno no curso (ibidem).
Segundo a Universidade Aberta do Brasil (UAB) diz que são atribuições do tutor:

• Mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os estudantes;


• Acompanhar as atividades discentes, conforme o cronograma do curso;
• Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes;
• Manter regularidade de acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA e res-

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ponder às solicitações dos alunos no prazo máximo de 24 horas;


• Estabelecer contato permanente com os alunos e mediar as atividades discentes;
• Colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos estudantes;
• Participar das atividades de capacitação e atualização promovidas pela instituição de
ensino;
• Elaborar relatórios mensais de acompanhamento dos alunos e encaminhar à coorde-
nação de tutoria;
• Participar do processo de avaliação da disciplina sob orientação do professor respon-
sável;
• Apoiar operacionalmente a coordenação do curso nas atividades presenciais nos po-
los, em especial na aplicação de avaliações.

Dentre as atribuições do tutor podemos destacar a mediação da comunicação de conteúdos ,


regularidade de acesso no AVA e o estabelecimento de contato permanente e mediação das
atividades discentes, pois elas tratam especificamente da mediação entre o tutor (professor) e
o aluno. Percebemos a preocupação em deixar claro o papel do profissional, no entanto não
basta cumprir tais atribuições. A maneira como o tutor irá executá-las é que fará a diferença.
Ele precisa agir como provocador/ mediador, contribuindo para a construção do
conhecimento.

3. Refletindo sobre a Prática


Encontramos em resultados de pesquisas sobre mediação pedagógica e ensino a distância,
traços de como vem ocorrendo a metodologia desta modalidade de ensino. Iremos relacionar
três pesquisas, buscando ter uma visão mais próxima da realidade.
O artigo Mediação Pedagógica em Ambientes Virtuais de Aprendizagem: a
perspectiva dos alunos, de Machado e Teruya (2009), apresenta resultados da dissertação de
mestrado apresentada a Universidade Estadual de Maringá, tendo por objetivo “investigar os
processos de interação e mediação pedagógica no AVA com presença constante e efetiva do
tutor”.
A dissertação de mestrado Docência em Educação a Distância: tecendo uma rede de
interações, de Bezerra (2010) foi apresentada ao programa de pós-graduação Educação
Matemática e Tecnológica (EDUMATEC), seu objetivo é “analisar as formas de interação
docente, nas diversas funções do professor, bem como os fatores que interferem ou
contribuem para a interação entre os docentes em um curso de EAD”.
A tese de doutorado apresentada a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul, Interatividade e Mediação Pedagógica na Educação a Distância, de Faria (2002), teve
como objetivos:
Explicitar as significações que os professores e alunos entrevistados têm sobre
interatividade e mediação pedagógica no processo de EAD; analisar o ambiente virtual e os
espaços interativos, proporcionados pelo curso, no que se refere à temática proposta;
descrever como é operacionalizada a interatividade e a mediação pedagógica, expressadas nas
experiências positivas ou negativas vivenciadas pelos alunos e professores do curso em
estudo.

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Baseados nessas três pesquisas, iremos analisar apenas os resultados referentes a


mediação pedagógica nos cursos de educação a distância.
Machado e Teruya (2009, p.1732) verificaram que durante o curso
...não foram propostas atividades que propiciassem uma maior interação entre os
participantes. A única atividade que proporcionava, efetivamente, uma troca entre
eles, era a ferramenta fórum. Entretanto, as discussões resumiam-se apenas em res-
postas isoladas aos tutores e pouquíssima discussão sobre as respostas dos mesmos.

Bezerra (2010 p.98) diz que:


A função da tutoria parece ter sido limitada em tirar dúvidas dos alunos. Sua relação
de interação se caracterizou de forma impessoal. A comunicação foi estimulada a li-
mitar-se ao tirar dúvidas de conteúdos pré-definidos no curso.

No trabalho de Faria (2002 p. 132,130) ela diz que os professores


...procuram dar resposta imediata, estimulando a participação e o retorno dos alunos,
aproveitando ao máximo seu potencial, enfim, mantendo uma comunicação constan-
te e provocadora, não só na videoconferência, mas durante a semana inteira por meio
dos diferentes espaços e recursos, especialmente, entrando constantemente no fórum
na tentativa de criar uma comunidade virtual.

Os professores pesquisados disseram utilizar os recursos da câmera como uma


possibilidade de estabelecer a interatividade, não esquecendo de olhar o aluno distante.
Nas duas primeiras pesquisas percebemos que a interação entre o tutor (professor) e os
alunos é limitada. O tutor não está sendo a ponte rolante proposta por Masetto (2000) que
colabora na construção do conhecimento. Na pesquisa de Machado e Teruya 40% dos
entrevistados disseram que a interação tutor – aluno é insuficiente, esse dado é preocupante,
pois é quase metade da turma insatisfeita. Podemos encontrar cursos a distância nos moldes
do ensino tradicional, no qual o diálogo, quando existe, não é mediador, sendo o professor
um mero transmissor do saber. Esse tipo de ensino na modalidade a distância dificulta o
processo de aprendizagem, uma vez que não há o contato face a face, se não acontece a
interação, a instigação/ provocação por parte do tutor (professor) para com os alunos, os
mesmos ficam sem direcionamento. Acaba se tornando um estudo solitário. É papel do tutor
orientar os alunos, dar significado aos conteúdos e colocar suas responsabilidades de modo
que eles compreendam a dinâmica da EAD (MACHADO e TERUYA, 2009 p.1733). No
entanto, na pesquisa de Faria (2002) encontramos um resultado diferenciado, existe uma
preocupação por parte dos professores, em estabelecer uma interação com os alunos, seja pela
videoconferência ou pelo fórum de discussão.
Em relação ao acompanhamento das atividades no ambiente virtual Bezerra (2010
p.107) relata que:
A atividade de acompanhamento virtual do discente foi uma tarefa que deveria ser

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cumprida pelo docente, mesmo estando viajando. Aqui, percebemos a preocupação


na garantia do atendimento aos alunos através das funções da tutoria que é de tirar
dúvidas, assessorar, acompanhar, etc como define Villardi e Oliveira (2005). No
Anexo C (Quadro 22, Diálogo 1) podemos perceber esta preocupação.

Machado e Teruya (2009, p.1734) dizem que identificaram


...um grande apelo, nas respostas dos alunos, para que os tutores atendessem às suas
expectativas e, para isso, era imprescindível a presença deles durante todo o curso.
Havia uma cobrança dos alunos acerca da postura que o tutor deveria manter frente
às atividades realizadas durante o curso.

Ainda sobre o acompanhamento das atividades no ambiente pelos professores Faria


(2002 p. 139) diz que:
Nos relatos dos alunos pesquisados ficou evidenciado que os professores estavam
sempre interessados, sempre respondendo às nossas perguntas, se não hoje, amanhã,
e a própria coordenação, também, nunca nos deixava, se não podia responder procu-
rava a professora para ela entrar.

O acesso frequente ao AVA e a resposta rápida aos alunos são atribuições do tutor,
como diz a Universidade Aberta do Brasil. Os dois relatos acima mostram a importância desse
acompanhamento, pois, é a partir das colocações do tutor (professor), que o aluno terá um
direcionamento em relação a sua aprendizagem, se está no “caminho” certo ou precisa estudar
mais determinado assunto. Na EAD não existe feriado e fim de semana, os alunos acessam o
curso qualquer dia e horário, é preciso que o tutor (professor) se adapte a essa realidade, e
busque organizar seu acesso de modo que responda aos questionamentos dos alunos em
tempo hábil. Na pesquisa de Machado e Teruya (2009) não fica claro, mas dá a entender que
existe problema nesse retorno. Já nas outras duas pesquisas, percebemos que há uma
preocupação tanto com o acesso ao ambiente, quanto com o retorno aos alunos, sobretudo na
pesquisa de Faria (2002).

4. Considerações Finais
Diante do exposto, percebemos a importância da mediação pedagógica na EAD, de modo a
proporcionar uma educação de qualidade baseada nos pressupostos da teoria
socioconstrutivista, visando o diálogo, a interação entre os pares e a construção do
conhecimento.
Dessa forma, o tutor (professor) tem papel fundamental na educação a distância, pois é
ele quem realiza a mediação entre os alunos e ferramentas/materiais didáticos. No entanto, ele
não é o centro de processo, e sim, o aluno. Sua função é facilitar, incentivar, motivar a
aprendizagem. A interação do tutor ao responder as questões dos alunos, e sua frequência de
acesso ao ambiente irá estabelecer uma relação de confiança (ou não) por parte dos alunos.
O presente artigo faz parte de um projeto de pesquisa que resultará na nossa

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dissertação do mestrado, que tem por objetivo verificar e analisar como está ocorrendo a
mediação pedagógica entre tutor (professor) e aluno nos cursos de graduação a distância nas
Instituições de Ensino Superior na Região Metropolitana do Recife –PE.
Consideramos relevante que mais pesquisas sejam realizadas nessa área, pois ainda
tem muito o que se explorar. Assim, poderemos nos apropriar mais dessa nova realidade e
poder contribuir para uma educação a distância de qualidade.

Referências
ALVES, J.R.M. A história da EAD no Brasil. In: LITTO, F.M.; FORMIGA, M.M.M. (Org.).
Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Person Education Brasil, 2009. 461 p.
BEZERRA, M. A. Docência em Educação a Distância: tecendo uma rede de interações.
Mediação Pedagógica em Ambientes Virtuais de Aprendizagem: a perspectiva dos alunos.
Disponível em: http://www.gente.eti.br/edumatec/attachments/008_Marcia%20Alves
%20Bezerra.pdf - acesso em 03 de junho de 2012.
BRASIL. [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – 5 ed. – Brasília: Câmara dos Deputados,
Coordenação Edições Câmara, 2010. Disponível em:
http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2762/ldb_5ed.pdf - acesso em 20 de
setembro de 2011.
DIAS, R.; LEITE, L.G. Educação a Distância: da legislação ao pedagógico. 2 ed. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes, 2010. 127 p.
FARIA, E. T. Interatividade e Mediação Pedagógica na Educação a Distância. Disponível em:
http://tede.pucrs.br/tde_arquivos/10/TDE-2008-05-05T122737Z-1232/Publico/300658.pdf
- acesso em 25 de junho de 2012.
GUTIERREZ, F; PRIETO, D. A Mediação Pedagógica: educação a distância alterativa.
Campinas, SP: Papirus, 1994. 165 p.
MACHADO, S.F.; TERUYA, T.K. Mediação Pedagógica em Ambientes Virtuais de
Aprendizagem: a perspectiva dos alunos. Disponível em:
https://www2.ufmg.br/ead/ead/Home/Biblioteca-Digital/Referencias/Mediacao-
Pedagogica-em-Ambientes-Virtuais-de-Aprendizagem-A-perspectiva-dos-alunos - acesso
em 24 de junho de 2012.
MASETTO, M. T. Mediação Pedagógica e o Uso da Tecnologia. In: MORAN, J. M. (Org.).
Novas tecnologias e mediação pedagógica. 19 ed. Campinas, SP: Papirus, 2000. 173 p.
MATTAR, J. Tutoria e interação em educação a distância. 1 ed. São Paulo: Cengage
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LÉVY, P. Cibercultura. 34 ed. São Paulo: Ed. 34, 1999 (Coleção Trans) 272 p.
SEED - Secretaria de Educação à Distância. Disponível em: http://portal.mec.gov.br – acesso
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UAB – Universidade Aberta do Brasil. Disponível em: http://uab.capes.gov.br/index.php?

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option=com_content&view=article&id=50%3Atutor&catid=11%3Aconteudo&Itemid=29
- acesso em 25 de junho de 2012.

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