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PREFÁCIO

SANGUE E FOGO
Este opúsculo sobre o avivamento na Moravia foi
confeccionado a partir de vários artigos publicados de uma revista
americana denominada Herald of His Coming.1 Sua primeira
publicação aconteceu em abril de 1978 pela Comunidade Cristã em
Rubiataba, Goiás. É o segundo de uma série de livros2 que
pretendemos disponibilizar na internet. Buscamos com essa
publicação atingir um público especial da igreja do Senhor, aqueles
que amam a Sua vinda e aspiram por um avivamento genuíno no seio
da sua igreja.

Embora existam entre nós muitos teólogos e pastores que


negam a possibilidade de um mover do Espírito Santo hoje, nos
moldes do que aconteceu nos primeiros dias da história da igreja,
cremos que Deus busca, no meio de Seu povo, gente sedenta de
experiências mais profundas com Deus.

Queremos estimular o povo de Deus a orar por um


avivamento. Hoje a igreja canta muito essa aspiração, mas, mais do
expressar nosso desejo por meio dos louvores entoados na
comunidade da fé, é preciso que se levante um exército de pessoas
santas e piedosas, que se ponha diante de Deus e suplique com todas
as forças do coração um avivamento.
A HISTÓRIA DO AVIVAMENTO MORÁVIO
Há muitos que “profetizam” um avivamento e, quisera que ele
eclodisse hoje mesmo, gerando não somente experiências tremendas,
mas muito mais do que isso, levar um mar de gente a experimentar o
dom mais precioso do céu, a gloriosa salvação em Cristo Jesus.

Como sempre constatamos, em todo avivamento existe um


preço a ser pago e, o preço um clamor fervoroso e intenso ao Deus da
glória, o único que pode produzir esse fenômeno espiritual.
Rafael Ribeiro ThM 1
O Arauto de Sua Vinda.
2
O Primeiro já disponibilizado é O Avivamento no Congo.
3 4

Um avivamento hoje seria o remédio eficaz para livrar a SANGUE E FOGO:


igreja dos mesmismos da ortodoxia fria, do marketismo descarado,
do misticismo esotérico e da tibieza espiritual. A história do Avivamento Morávio

Ler as experiências do passado vividas pelo povo de Deus em


vários lugares épocas, quando o fogo do altar, à semelhança do A ORAÇÃO TRAZ AVIVAMENTO
profeta Isaías tocou purificadoramente ardentemente a grei santa,
pode ser bom estimulo.
Se você ler a história de qualquer grande obra do Espírito
O avivamento morávio foi um dos mais longos da história da Santo, encontrará uma história paralela de oração. A oração fervorosa
igreja, pois durante cerca de cem anos, uma pequenina província sempre foi o segredo revelador dos grandes avivamentos do passado,
européia irrompeu do anonimato e, o amor de Deus foi levado muito e será o elemento fundamental para gerar o ambiente espiritual
para além de suas fronteiras. Os missionários morávios espalharam- propício para atuação do Espírito Santo e a eclosão de outro
se por toda parte do mundo levando a fé que ardia em seus corações. avivamento na história.

Nunca homens tão humildes, tão desprovidos do senso de Aproximadamente há 250 anos um grupo de discípulos
posse e, tão ciosos da urgência da proclamação do evangelho pisaram rixentos, contenciosos, discutidores e opiniosos, seguidores de João
essa terra. Era tão fervoroso o amor desses crentes que não havia Huss, Martinho Lutero, João Calvino e outros reformadores, fugindo
qualquer tarefa, por mais humilhante que fosse a qual não das perseguições mortíferas daquela época, perpetrada pelo estado e
realizassem se esse fosse o meio pelo qual pudessem levar Cristo ao pelo clero católico, achou asilo em Herrnhut, no patrimônio de um
coração de outras pessoas. fidalgo abastado, o Conde de Zinzendorf, situada na Alemanha
Oriental. Este grupo tornar-se-ia conhecido como os “morávios” em
Um avivamento genuíno gera vidas santificadas; crentes mais conseqüência do fato de que uma parte deles era oriunda da
humildes e cheios de ardoroso amor pelas almas sem salvação. Oh! província da Moravia, na Checoslováquia.
Como desejamos que o orgulho e altivez de muitos que hoje são
aplaudidos por uma igreja que não tem mais sensibilidade para Embora fossem protegidos ali do mundo exterior, quem
distinguir entre eloqüência humana e unção divina. Ah! Que fossem haveria de protegê-los das suas próprias paixões religiosas que
derrubados de seus pedestais, de seus “castelos de areia” ruísse e, que ameaçava destruí-los? Como poderiam se unir em fé e amor esses
fossem humilhados pelo Senhor até ao pó e, arrependidos de sua cristãos contenciosos que acabavam de achar um esconderijo no
arrogância e ganância cedessem lugar ao Espírito Santo. Mais do patrimônio do Conde Zinzendorf? Aparentemente, isso era uma
nunca ousamos dizer: “Resta uma esperança para o povo de Deus!” tarefa impossível.
Uma poderosa visitação do Espírito Santo em nossos dias e, que
venha logo! Amém. Alguns cristãos estavam orando. Era o dia cinco de agosto de
mil novecentos e vinte e sete. Uma parte do grupo depois de certo
Rafael Ribeiro tempo recolheu-se aos seus aposentos. Ouve, contudo, outro grupo
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que passou a noite toda em oração. Como resultado daquela noite de Ficou registrado em seu diário:
oração cada um deles sentiu de maneira profusa a presença de Deus.
A oração os levou à reflexão e, essa reflexão os fez pensar o quanto Neste dia o Conde fez uma aliança como o Senhor. Os
seus corações estavam divididos. A causa maior da divisão entre eles irmãos prometeram, um por um, que seriam
era o partidarismo denominacional. Havemos de considerar, que verdadeiros seguidores do Salvador. Vontade própria,
aqueles cristãos estavam muito mais próximos da história da reforma amor próprio, desobediência – eles se despediriam de
do que os membros da igreja contemporânea. Não havia muitas tudo isso. Procurariam a ser pobres de espírito;
denominações então, mas, cada um era sectário de um seguimento da ninguém deveria buscar seu próprio interesse; cada um
reforma. Seus corações estavam cheios zelo doutrinário. A exemplo se entregaria para ser ensinado pelo Espírito Santo.
da igreja de Corinto, cujos crentes cheios de partidarismo no coração Pela operação poderosa da graça de Deus, todos
haviam fracionado a comunidade em quatro grupos, os de Paulo, os foram não somente convencidos, mas arrastado e
de Apolo, os Cefas e os de Cristo,3 os cristãos moravianos podiam dominados.
dizer entre eles: Eu sou de Lutero, eu sou de Huss, eu de Calvino e,
pode ser que houvesse entre eles, “os mais espirituais” que diziam: Depois de adotarem os estatutos e todos terem se
“nós somo de Cristo”. comprometido a uma vida de obediência e amor, o espírito de
comunhão e oração foi grandemente fortalecidos. Desentendimentos,
Aquela noite de oração e reflexão fez, então, com que eles preconceitos, alienações secretas, eram confessados e postos de lado.
percebessem o quanto estavam longe da verdade evangélica. Não A oração muitas vezes tinha tanto poder que aquele que havia apenas
havia comunhão entre eles, muito embora estivessem partilhando os confessado sua disposição externamente ou, aderido da boca para
favores de um mesmo anfitrião; o Conde Zinzendorf, embora fora ao pacto de comunhão, era convencido de pecado e compelido
compartilhassem o mesmo espaço cúltico, não estava havendo interiormente a mudar de vida ou, ia embora.
entendimento ou comunhão entre eles. Resolveu-se então, depois de
tocados, profundamente pelo Espírito Santo, elaborar uma carta de fé. No domingo, treze de agosto de mil setecentos e vinte e sete,
O documento a ser elaborado seria um contrato; um pacto de mais ou menos ao meio dia, numa reunião aonde se celebrava a Ceia
comunhão ao qual se denomina: Aliança Fraterna. A finalidade do Senhor, o poder e a bênção de Deus vieram de forma poderosa
daquela aliança seria promover a unidade entre eles. O documento sobre o grupo inteiro. Tal foi a visitação de Deus, que tanto o pastor
devia salientar os pontos convergentes de sua fé, deixando de parte as como o povo caíram juntos diante de Deus. Humilharam-se ali diante
diferenças. Dalí para frente, só os pontos comuns; aquilo que poderia de Deus. De rosto no pó, de espíritos quebrantados, “nesse estado de
uni-los seria posto em evidência e, as diferenças seriam deixadas de mente” continuaram até a meia noite. Todos foram tomados por uma
lado, em prol da comunhão cristã. esfera espiritual. Grande gozo encheu seus corações; isso foi
expresso por meio de choro, súplicas e cânticos de louvor ao Senhor.

O Senhor Jesus lhes apareceu “como um cordeiro...” “...


levado para o matadouro; traspassado pelas suas transgressões e
3
1 Coríntios 1.12.
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moído pelas suas iniqüidades”.4 Então, presença divina do seu sagrado” de Deus e, assim como o fogo do altar divino nunca devia
ensangüentado e expirante Senhor, eles se sentiram inundados por se extinguir,6 não deixariam que suas orações fossem interrompidas.
uma profunda consciência de pecados e da maravilhosa graça do Da mesma forma como na antigüidade, numa congregação que é o
Senhor, a qual se lhes revelava muito mais abundante que suas templo do Deus vivo, na qual estão seus altares e Seu fogo, a
transgressões. Suas controvérsias e rixas foram silenciadas; suas intercessão de Seus santos deveria subir incessantemente ao Senhor,
paixões e orgulho foram crucificados, enquanto fitavam atentamente como um incenso sagrado.7
às agonias do seu “Deus expirante”.
No dia vinte e seis de agosto, vinte e quatro irmãos e o mesmo
A oração os uniu. A oração lhes trouxe um novo número de irmãs se reuniram e fizeram entre si uma aliança de
derramamento do Espírito Santo. Iremos constatar como estas continuar em oração; a partir da meia-noite daquele dia, até outra
bênçãos profusas da graça presencial de Deus, com uma visão nítida meia-noite do dia seguinte; para isso repartiriam as vinte e quatro
do sacrifício de Cristo, pode, por sua vez, levar aqueles cristãos à horas do dia por sorte entre eles.
uma vida de profunda piedade e à uma experiência ainda mais
profunda de oração. No dia vinte e sete de agosto, este novo regulamento entrou
em vigor. Outros foram acrescentados a esse número de
Depois daquele dia destacado pela bênção do Senhor, o dia intercessores, passaram a contar setenta e sete pessoas, até mesmo as
treze de agosto de mil setecentos e vinte sete; o dia em que o Espírito crianças iniciaram um plano semelhante de oração entre elas. Os
Santo havia enchido seus corações de amor e seus lábios de súplica! intercessores tinham uma reunião semanal na qual se lhes fazia uma
Sim, aquele dia deveria ser marcado por uma nova postura de fé. O lista daquelas coisas que deveriam considerar como assuntos
fogo ateado em suas almas naquele dia pelo Espírito não poderia ser especiais para oração. Os motivos de oração listados deveriam ser
apagado! Na congregação de Herrnhut, surgiu o pensamento em levados constantemente diante do Senhor.
alguns irmãos e irmãs de que a única forma de manter o fogo
ardendo, seria alimentando o “incensário” sempre fumegando. As crianças todas sentiam um impulso sobremodo forte para
Chegaram à conclusão de que deveriam separar horas determinadas oração, e era impossível ouvir suas súplicas infantis sem ser
para o propósito de oração; tempo em que todos deveriam ser profundamente comovido e tocado. Um testemunho ocular diz:
relembrados do grande valor da oração e incitados pelas promessas
que a acompanham. Propuseram derramar os seus corações diante de Não posso explicar a causa do grande despertamento
Deus fervorosamente. das crianças em Herrnhut, de outra maneira que não
seja um maravilhoso derramamento do Espírito Santo
Assim como nos dias do Antigo Testamento o fogo sobre o de Deus sobre a congregação reunida naquela ocasião.
altar de incenso devia arder continuamente.5 Eles manteriam aceso o O sopro do Espírito atingia, naquele tempo, os jovens e
fogo sagrado da oração, perseverando diuturnamente perante o os velhos igualmente.
Senhor. Suas vidas, qual altares de Deus, arderiam com o “fogo
6
Lev 6.12,13.
4 7
Isaías 53. 5,7. 1 Coríntios, 3.16; 1 Tessalonicenses 5.17; Salmos 141.2; Lucas 18.7; Apocalipse
5
Êxodo 30.1-10. 8.3,4.
9 10

INCENTIVO PARA EVANGELIZAÇÃO Grande Comissão,8 os irmãos morávios sempre enfatizaram como
seu maior incentivo a verdade inspiradora encontrada em Isaías 53.3-
12; fazendo assim, do sofrimento do Senhor o impulso e fonte de
Os quatro anos seguintes foram tempos de avivamento todo o seu fervor e labor missionário. Desta profecia tiraram o seu
constante! A vigília cuidadosa mantida pelos presbíteros e “brado de guerra” missionário: “Conquistar para o Cordeiro que foi
superintendentes, o tratamento fiel das almas individuais de acordo morto a recompensa dos Seus sofrimentos”.
com suas necessidades pessoais, a manutenção zelosa do espírito de
amor fraterno, a contínua vigilância em oração, fizeram das reuniões Eles sentiam que deveriam compensar o Senhor de alguma
dos irmãos momentos de grande alegria e bênção. Eram tempos de maneira pelos terríveis sofrimentos que suportou quando efetuou a
preparação para a obra de evangelização mundial que estava para se sua salvação. A única maneira de retribuir a Cristo por seu grande
iniciar. amor seria lavar até as almas perdidas. Quando eles levassem ao
Senhor as almas perdidas eles produziriam a alegria do coração do
O bispo Hasse escreveu o seguinte: Senhor, proporcionando-lhe o cumprimento da profecia que diz:
“Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará
Houve já em toda a história da igreja alguma reunião satisfeito...” (vv Isa 53.11).
de oração tão extraordinária como esta que,
começando em 1927, continuou vinte e quatro horas
por dia, durante cem anos? A CONVERSÃO DE JOÃO WESLEY

Oração deste calibre leva à ação. Neste caso, acendeu um Em mil setecentos e trinta e seis, um grupo de morávios
desejo ardente de tornar a salvação de Cristo conhecida dos pagãos. estava viajando num navio com destino à América do Norte. Dois
Produziu o início do movimento missionário atual. Daquela pequena jovens ingleses, missionários anglicanos, estavam no mesmo navio.
comunidade rural mais de cem missionários foram enviados num Sobreveio sobre eles um terrível temporal; era iminente um
período de vinte e cinco anos. naufrágio. Leiamos o que um dos jovens, João Wesley, escreveu no
seu diário a respeito desse acontecimento:
O fervor missionário foi fruto de oração e de união de
corações sem precedente. Não era de se admirar dos resultados Às sete horas fui procurar os morávios. Eu havia
espirituais sem precedentes que se sucederam. Os missionários observado há muito a profunda seriedade do seu
morávios saíram para todo o canto do mundo, levando consigo o comportamento. Davam provas incessantes da sua
gogo do Espírito Santo. verdadeira humildade em fazer aquelas tarefas servis
para os demais passageiros; tarefas que nenhum de
Qual era o seu incentivo para o trabalho missionário no nós suportaria. Eles procuravam nos servir dessa
exterior? Embora sempre reconhecessem a autoridade suprema da forma e, rejeitavam qualquer remuneração, dizendo

8
Mateus 28.18-20.
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que era bom para os seus corações orgulhosos e, que espírito já se perturba. Nem posso dizer: “O morrer é
o seu querido Salvador havia feito muito mais que lucro”.
isso por eles.

A cada dia que se passava aproveitavam a Em Londres, Wesley procurou de conselho missionário
oportunidade em demonstrar uma meiguice a qual morávio, Peter Bohler, e logo após, converteu-se. Em menos de três
nenhuma injúria poderia desafiar. Se alguém os semanas ele estava viajando para a Alemanha para conhecer o Conde
empurrasse, batesse ou os jogasse ao chão, eles se Zinzendorf e passar um período de tempo em Herrnhut.
levantavam e saíam; mas nunca se ouviu qualquer
queixa ou reposta nas suas bocas. Agora se
apresentava uma oportunidade de ver se eles eram A VIDA DO CONDE ZINZERNDORF
isentos do espírito de orgulho, ira e vingança.
O Conde Zinzendorf, preparado tão maravilhosamente por
No meio do salmo com o qual iniciaram a sua Deus para treinar a jovem igreja no caminho missionário, era
reunião, o mar se ergueu, despedaçando a vela marcado acima de tudo por um tenro, simples e apaixonado amor
mestra, inundou-se o navio e as águas vieram pelo o nosso Senhor Jesus Cristo. Convertido com a idade de quatro
jorrando sobre o convés como se um grande abismo anos, ele escreveu naquela época: “Querido Salvador, sê meu e eu
estivesse nos engolindo. Irromperam-se terríveis serei Teu”. Ele escolheu como lema da vida: “Tenho apenas uma
gritos e uivos entre nós. Os morávios, porém paixão, é Jesus, Jesus somente”.
continuavam a cantar tranqüilamente.
O amor maravilhoso do Cordeiro de Deus, o qual morrera por
Perguntei pra um deles depois: “Você não estava com ele, o havia conquistado e enchido seu coração; o amor que levou
medo?” Ele respondeu: “Graças a Deus, não”. Jesus à cruz pelos pecadores havia entrado em sua vida. Ele não
Perguntei ainda: “Mas não estavam amedrontadas as tinha outro alvo a não ser viver e, se preciso fosse, morrer também
mulheres e crianças?” Ele respondeu brandamente: por esses pecadores.
“Não, nossas mulheres e crianças não têm medo da
morte”. Quando Wesley voltou à Inglaterra, Quando ele se encarregou de cuidar dos morávios, aquele
escreveu: amor foi o único motivo ao qual ele recorria. O único poder no qual
ele confiava, o único alvo para o qual ele procurava conquistar as
Fui à América para converter os índios; mas quem há suas vidas. Ele sabia que argumentos e disciplina nunca poderiam ser
de me converter? Quem é que me libertará deste mais eficazes que o amor de Deus; por mais produtivos que fossem.
coração mau de incredulidade? Tenho uma religião Pois bem, o que doutrinamento e disciplina não pode fazer, o amor
“de tempo bom”. Sei falar bem; sim, eu tenho de Cristo realizou! Fundiu todos os morávios num só Corpo;
confiança em mim mesmo quando não há perigo ao implantou em todos eles o desejo de abandonar tudo o que fosse
meu lado; mas venha a morte me enfrentar e meu pecaminoso. Foi o Seu amor que os inspirou a tomar como anseio de
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suas vidas o testemunho de Cristo. Seu amor dispôs a muitos deles a coisas vos serão acrescentadas”.9 Seus ministros e presbíteros
sacrificarem tudo a fim de torná-lo conhecido de outros, alegrando deveriam supervisionar o rebanho para verificar se todos estavam
dessa forma o coração de Jesus. realmente vivendo para a glória de Deus. Todos deveriam formar
uma única irmandade, auxiliando e encorajando-se mutuamente a
O Conde Zinzendorf conheceu e dividiu cedo, com outros, o viver uma vida piedosa e simples.
segredo da oração eficaz. Ele foi tão diligente em estabelecer
círculos de oração que quando deixou o colégio de Halle, aos No entanto, havia algo mais a incentivar aquela vida de
dezesseis anos de idade, entregou ao professor Francke uma lista de profunda comunhão e piedade daqueles irmãos e seu poder tão
sete grupos de oração. maravilhoso. Era a intensidade de sua devoção e dedicação coletiva e
individual a Jesus Cristo, como o Cordeiro de Deus que os comprara
com o Seu precioso sangue carmesim.
CARACTERÍSTICAS DOS MORÁVIOS
Todo o zelo que tinham em favor uns dos outros e a confissão
E os seguidores que Deus havia dado a Zinzendorf? O que voluntária de pecados, bem como sua determinação em abandoná-
havia neles que os capacitava a tomarem a liderança das igrejas da los, eram fruto de uma fé viva, através da qual encontraram a “paz de
Reforma? Em primeiro lugar, havia aquele desprendimento do Deus” em seus corações e a libertação de uma vida pecaminosa. A
mundo, por outro lado, total desapego às coisas materiais, também, santidade era para eles, mais que uma palavra de ordem, era um
possuíam uma perseverança e resistência inquebrantáveis. Porém a objetivo a ser persegui. Eles se esforçariam ao máximo para agradar
maior qualidade daqueles cristãos era a sua humildade a toda prova. ao Senhor. Eles viveriam no mundo, como quem ao mundo,
Eram aqueles homens, verdadeiros “estrangeiros e peregrinos na verdadeiramente não pertencia.
terra”. Estavam imbuídos do pensamento e espírito de sacrifício.
Nada, absolutamente nada, os fazia retroceder. Eles se davam por Pela fé que os levara a aceitar, e a zelosamente guardar, sua
bem-aventurados, felizes ao passar por perseguições e humilhações; posição de pobres pecadores, salvos por Sua graça eles viveriam dia
na verdade, isso para eles era uma honra. Haviam aprendido a a dia. Essa fé era cultivada e fortalecida diariamente pela comunhão
suportar a dureza e a dificuldade e, olhar sempre para Deus em cada na Palavra de Deus, nos cânticos e na oração, transformou
problema, fosse quais fossem as circunstâncias. totalmente o objetivo de suas vidas aqui neste mundo. Uma fé que de
tal forma transbordava em seus corações que eles viviam cheios de
Em cada detalhe de suas vidas – no negócio, no lazer, no gozo em suas almas. Em meio às maiores dificuldades se
serviço cristão, nos deveres civis – tomavam o sermão da Montanha regozijavam, na certeza triunfante de que seu Jesus, o Cordeiro que
como “lâmpada para os seus pés e luz para os seus caminhos”. Os por eles fora morto, cujo amor para eles era uma realidade palpável,
morávios consideravam o servir a Deus como o motivo único de suas os salvaria e os guardaria, minuto após minuto. Contudo, se a morte
vidas nesse mundo. Eles faziam com que todas as demais coisas tivesse de ser enfrentada, morreriam com um cântico de louvor em
ocupassem um plano de segunda importância em seu viver. Neles se seus lábios. Eles eram evangelistas confiantes, audaciosos e seguros,
encarnava o cumprimento do sublime conselho do Mestre: “buscai,
pois, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua justiça, e todas essas
9
Mateus 6.33.
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pois criam que o Cristo que havia conquistado seus corações era CONCLUSÃO
poderoso para derreter o coração mais empedernido. Criam que Ele
estava disposto a abençoar até mesmo o mais vil pecador e a A história da igreja dos morávios deve ser tomada como um
transformá-lo num santo. exemplo. Nos primeiro vinte anos de sua existência ela realmente
enviou maior número de missionários que todas as demais igrejas
Em mil setecentos e quarenta e um, ocorreu algo que protestantes juntas. Ela tão somente, entre todas as igrejas, procurou
completou a sua visão do Reino de Deus e selou a sua característica realmente viver a verdade: “que congregar a Cristo as almas pela
central, a devoção ao Senhor Jesus. Leonardo Dober havia sido por quais ele morrera para salvar era o único objetivo pelo qual ela
alguns anos o principal presbítero da igreja. Ele e alguns outros existia”. Ela somente se preocupou em ensinar e a treinar a cada um
sentiam que seus dons peculiares o capacitavam mais para outro de seus membros a considerarem seu primeiro dever para com
ministério. Aquele que os amou e por eles morreu: doar suas vidas para torná-lo
conhecido de outros.
No entanto, à medida que os irmãos do sínodo olhavam em
redor, sentiam que seria difícil em extremo encontrar uma pessoa Podemos identificar quatro princípios básicos ensinados pelo
capaz de tomar o seu lugar. No mesmo instante veio o pensamento a Espírito Santo nesta época de Sua grande operação entre os crentes
muitos que poderiam pedir ao Salvador para ser o Presbítero morávios:
Principal da Sua pequenina igreja, e como resposta à oração, eles
receberam a confiança de que Ele aceitara o encargo. 1. Que a igreja existe para estender o Reino de Deus em
toda a terra.
Seu único desejo era Ele fizesse tudo que o presbítero
principal fizera até aquela data – que Ele os tomasse como Sua 2. Que cada membro da igreja deve ser treinado e preparado
propriedade peculiar, que dEle seria a preocupação com cada para participar deste propósito glorioso.
membro individualmente, e que Ele cuidaria de todas as suas
necessidades. Prometeram amá-lo e honrá-lo, entregar-lhe 3. Que a experiência íntima do amor de Cristo fornece o
confiantemente os seus corações e, que como crianças eles seriam poder que capacita a igreja para este fim.
guiados por Sua mente e vontade.
4. Que a oração é o segredo e a fonte de tudo isto.
Era uma nova e aberta confissão do lugar que sempre haviam
desejado que Cristo ocupasse, não só em sua teologia e vidas
pessoais, mas especialmente na Sua igreja. A igreja havia chegado A “graça total” do nosso Senhor Jesus Cristo foi dada aos
agora à maturidade. irmãos morávios através de uma revelação do sangue do Cordeiro de
Deus morrendo por eles na cruz. O resultado foi o fogo do Espírito
Santo, incendiando as suas vidas, levando-os a “uma dedicação
total” para a evangelização do mundo.
17

Oração organizada, intensiva, e perseverante trará hoje os


mesmos resultados que trouxe naquela época.

Que o Espírito Santo, nestes dias produza uma grande


restauração dos princípios bíblicos e reformados. Que Deus nos faça
arder de amor pelas almas perdidas, que a maior paixão de nossas
vidas seja o Senhor Jesus e, que servi-lo com santidade seja o nosso
maior desejo por todos os dias de nossas vidas; até que Ele venha.
Enquanto aguardamos o dia da sua vinda, para que então, Ele
glorifique a Sua igreja e seja manifesta em nós a plenitude de Cristo
e vivamos com Ele pelos séculos dos séculos. Também enquanto o
aguardamos que cumpramos a gloriosa missão de fazê-lo conhecido
entre as nações. Assim os pecadores se converterão e se unirão a esta
comunhão de amor no Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Amém!

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