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Lorena Magalhães Lopes Coelho

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PLANTONISTA DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA BAHIA

Processo de Origem:
Reintegração de Posse nº 8033438-96.2019.8.05.0001

HERNANDES CARDOSO OLIVEIRA ARAUJO, NELIA BRITO DA SILVA e


SAMANTHA GRAZYELLA SILVA GIRARDI, todos já devidamente qualificados na
Ação de Reintegração de Posse que movem em face de KAMILLA FONSECA DE
SOUZA e JANFFREE AMBROSI TOSTA, ambos igualmente qualificados nos autos
do processo epígrafe, vêm, respeitosamente, perante V.Exa., por intermédio de sua
advogada infra firmada, mediante instrumento procuratório anexo, com fulcro no art.
1.022 do Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015), opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITOS INFRINGENTES

diante da r. decisão interlocutória dos autos, pelas razões de fato e de direito a seguir
aduzidas.

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I - DA ADMISSIBILIDADE

O presente recurso é cabível uma vez que as partes Embargantes entendem


que há OMISSÃO, CONTRADIÇÃO e ERRO MATERIAL (premissa equivocada) na
decisão proferida sob ID 4310492. O prazo estabelecido para a interposição de
Embargos Declaratórios é de 05 (cinco) dias, conforme determina o art. 1.023 do
NCPC. Dessa forma, o presente recurso encontra-se tempestivo em razão da
contagem desse prazo nem ter se iniciado, já que a referida decisão ainda nem foi
publicada no DJE, e a mesma foi proferida ontem, 17/08/2019.

II- DA DESNECESSIDADE DE PREPARO

Pela leitura do caput do Artigo 1.023 do NCPC, podemos ver que o legislador
ordinário, ao editar o atual codex regulador do processo civil brasileiro, trouxe
disposição acerca da desnecessidade do preparo do presente recurso, não sendo
assim juntada a guia de preparo na interposição dos presentes embargos de
declaração.

III - DA SÍNTESE PROCESSUAL

Em breve síntese, a 2º Embargante, NELIA BRITO DA SILVA se casou em


31 de dezembro de 1983 com CARLOS RENAN OLIVEIRA GIRARDI, pelo regime de
Comunhão Parcial de Bens, nascendo em 31/05/1984 a única filha de ambos, a 3º
Embargante, SAMANTHA GRAZYELLA SILVA GIRARDI

Em 19 de novembro de 1990, o casal adquiriu o imóvel localizado na


Rua Plinio Moscoso, nº 879, apt. 202, Condominio Edf. Visão, Jardim Apipema, na
cidade de Salvador-BA).

Por alguns anos a família residiu no imóvel, porém, devido a expansão de


seus negócios, o Sr. Carlos Renan optou por se mudar para a cidade de Feira de Santana-
BA, mantendo o apartamento em Salvador para passar férias ou finais de semana.

Ocorre que, no início de 2013, a Embargada (KAMILLA FONSECA DE


SOUZA), amiga de infância de SAMANTHA GRAZYELLA (3º Embargante), sabendo

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que existia esse apartamento, perguntou se poderia usá-lo também, eventualmente, já que
estava cursando a faculdade de Medicina em Salvador.

A família concordou em permitir que ela frequentasse o apartamento, contanto


que arcasse com o pagamento das taxas condominiais e contas de luz.

Porém, apesar de ter se comprometido a realizar o pagamento das taxas


de Condomínio, Kamilla (Embargada) não cumpriu com sua obrigação, o que fez com
que o Condomínio Edifício Visão ingressasse com uma Ação de Cobrança contra ela
no final de 2017 (Processo n. 0173282-71.2017.8.05.0001 tramitado na 5ª VSJE).

Na Audiência de Instrução do referido processo, em 07/03/2018, a


Embargada (Kamilla), em seu depoimento pessoal, NÃO RECONHECEU O SEU
DEVER DE QUITAR A DÍVIDA POR NÃO SER POSSUIDORA DO IMÓVEL, conforme
transcrição abaixo retirada da Ata de Audiência (doc anexo):

“Depoimento Pessoal da parte Embargada: Que é


médica e se formou na Bahiana; que estudou em
Salvador; que o curso iniciou em janeiro/11; que nesse
período teria residido na casa de uma tia (Núbia Regina
de Souza Aquino), na Alameda dos Umbuzeiros, 633,
Caminho das Árvores; que frequenta a unidade 202 do
Ed. Visão; que o dono, Sr. Carlos Renan, tio de
consideraçao, teria autorizado a sua entrada no imóvel
; que nao sabe precisar, mas que frequenta o imóvel
algumas vezes durante a semana; que quando
frequenta o imóvel, utiliza a água e energia do mesmo;
que frequenta o imóvel desde o começo do ano de
2014; que não efetua o pagamento da conta de luz do
imóvel; que reconhece o documento juntado no evento
16, tratando-se da conta de luz da Coelba do
apartamnto 202; que na época o seu tio estava com
problema (restrição) na Coelba e Ihe teria pedido que
fosse transferido para o nome da Embargada, pois era
mais fácil para levar a conta para a cidade de Feira de
Santana, já que o mesmo lá residia; que o imóvel da
unidade 202 está mobiliado; que os móveis são do seu
tio e quando chegou no imóvel, já estavam lá; que
todas as pessoas próximas do Sr. Carlos Renan
utilizam o apartamento, tais como familiares, amigos,
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BEM COMO A FILHA DO SR. CARLOS, Sr. Mila
Cerqueirii Leal (amiga da família) também utiliza o
imóvel, entre outras pessoais que a Embargada não
teria acesso; que algumas vezes a Embargada também
está presente junto com essas outras pessoas; que
tem a chave do imóvel, tendo livre acesso, já que o
seu tio teria lhe dado.”

Na Contestação apresentada por seu patrono, o mesmo alegou,


conforme trecho abaixo, também extraído dos autos do referido Processo (doc
anexo):

“ endo assim, não há qualquer vínculo jurídico


S
obrigacional entre a contestante e a parte autora.

Seguramente a contestante não é proprietária do


imóvel, o que o legitimaria na ocupação do polo
passivo da presente ação.

Pode-se objetar que é possível estender tal relação ao


possuidor do imóvel 202. Contudo, os requisitos
necessários à aplicabilidade desta hipótese
excepcional não se fazem presentes no caso dos autos,
pois o possuidor ocupa essa posição através de
representação e não por “presentação” segundo a
elegante distinção de Ponte de Miranda.

Pode, nesta situação, o possuidor através de


procuração; o locatário através de cláusula contratual
ou outro contrato transferindo a obrigação. Entretanto,
não consta nos autos qualquer prova ou mesmo
indício de que a contestante firmara qualquer avença
com o Sr. CARLOS RENAN OLIVEIRA GIRARD,
garantindo-lhe a condição de possuidora, transferindo
assim a obrigação. I sto porque a contestante, de
fato, não detém a posse do imóvel.
Portanto, como a ré não é proprietária ou possuidora do
apartamento 202, e por esta razão, não há nos autos
qualquer noticia de que a contestante seja possuidora
do imóvel, sequer detentora, a única ilação possível é de
que se trata de uma “VISITANTE EVENTUAL” o que
dista, e muito, do conceito de possuidor.”

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Em março de 2018, ao saber da enorme dívida condominial que teria que


arcar, já que o processo do Condomínio contra Kamilla (Embargada) fora julgado
improcedente em virtude da mesma não ser reconhecida pelo Juízo como
detentora da posse do imóvel, a proprietária, Sra. Nelia (Embargante), solicitou que
Kamilla não frequentasse mais o imóvel. Porém, apesar dessa solicitação, Kamilla se
recusava a deixar de usar o imóvel quando estava em Salvador.

Ocorre que, no início do mês de agosto do corrente ano, a 3ª Embargante


(Samantha Grazyella) soube por vizinhos que o imóvel encontrava-se desocupado e
que os móveis do mesmo tinham sido doados a funcionários do prédio e abandonados
na garagem.

Assim, COMO SEMPRE POSSUIU A CHAVE DO IMÓVEL E A POSSE


DO MESMO (inclusive tendo sido essa informação confirmada em juízo pela
Embargada Kamilla, conforme Ata de Audiência anexa e acima transcrita), em 04
de agosto de 2019, Samantha Grazyella foi com sua mãe, Nélia (2ª Embargante) levar
o seu primo Hernandes, 1º Embargante, ao apartamento delas, pois o mesmo
encontra-se desempregado e precisava de um local para morar em Salvador enquanto
procurava um emprego, pois estava tendo dificuldade de conseguir trabalho em Feira
de Santana.

Ocorre que, no dia seguinte, 05 de agosto de 2019, ao tomarem


conhecimento que os Embargantes estavam no imóvel, os Acionados,
maliciosamente, chamaram a polícia militar para que fosse no imóvel. Lá chegando,
OS POLICIAIS MILITARES CONSTATARAM QUE OS EMBARGANTES ESTAVAM
COM A POSSE LEGÍTIMA DO APARTAMENTO, conforme se verifica na ocorrência
anexa e abaixo transcrita:

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Ocorre que, no mesmo dia, 05 de agosto de 2019, em torno de


12:00hs, os Embargantes tiveram sua posse esbulhada. INCONFORMADOS COM
A ORIENTAÇÃO DADA PELOS POLICIAIS MILITARES, OS ACIONADOS
RETORNARAM AO IMÓVEL, DESSA VEZ ACOMPANHADOS DE 4 (QUATRO)
POLICIAIS CIVIS DO COE ARMADOS, da mãe de Kamilla e do pai e da irmã de
Janffree.

Nesse momento, só se encontrava no imóvel o 1º Embargante, Hernandes,


pois Samantha e sua mãe tinham ido ao supermercado fazer as compras da semana.
Ao ouvir tocar a campainha do apartamento, Hernandes perguntou quem era e alguém
respondeu que era a polícia. Ao se dirigir até a porta, a mesma foi arrombada, tendo
inclusive ferido a sua testa.

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Depois que o apartamento foi arrombado, o que ocorreu foi uma
verdadeira cena de terror, com o 1º Embargante, Hernandes, sendo agredido,
ameaçado, coagido, recebido voz de prisão, teve seu celular apreendido e além
de ter sido expulso aos chutes do apartamento, teve a sua mala de roupas
arremessada pela janela e foi conduzido pelos policiais do COE na viatura para a
delegacia, conforme se verifica no Boletim de Ocorrência anexo e nos depoimentos
dos Embargantes feitos na Corregedoria da Polícia Civil, que inclusive está
investigando a conduta absolutamente arbitrária desses policiais.

IV- DA INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS PARA APRECIAÇAO DO AGRAVO


PROPOSTO PELA EMBARGADA EM SEDE DE PLANTÃO JUDICIÁRIO

Alega a Embargada, em seu recurso de Agravo, que no dia 16/08/2019, às


08:43 hrs, a Recorrente foi surpreendida em sua casa por um Oficial de Justiça que a
cientificou de uma ordem de reintegração de posse em seu desfavor, dando-lhe o
prazo de 24 hrs para desocupação do imóvel.

Para justificar a necessidade da utilização do Plantão Judiciário, a


Embargada, dissimuladamente, alegou conforme trecho abaixo:

“Assim, acaso a Recorrente não consiga suspender a violenta decisão


agravada, poderá ser compulsoriamente expulsa do imóvel (…)”

Ocorre Excelência, que o Agravo cuja decisão ora é Embargada foi


distribuído no dia 17/08/2019 às 10:32hs. Ou seja, além de já ter se esgotado o prazo
para o cumprimento da liminar deferida pelo juízo a quo, que seria às 08:43 do dia
17/08/2019, o imóvel já se encontrava há muito desocupado, pois a Embargada
finalizou a sua mudança no final da noite do dia anterior, 16/08/2019, conforme se
verifica nas fotos dos caminhões de mudança anexas.

Ademais, por meio da Resolução n. 71/2009, o Conselho Nacional de


Justiça (CNJ) padronizou nacionalmente a disciplina do plantão judiciário. De acordo
com a resolução, as matérias cabíveis de apreciação nos plantões, no primeiro e
segundo grau, são:

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* Pedidos de habeas corpus e mandados de segurança em que figurar como coator
autoridade submetida à competência jurisdicional do magistrado plantonista;
* Medida liminar em dissídio coletivo de greve;
* Comunicações de prisão em flagrante e à apreciação dos pedidos de concessão de
liberdade provisória;
* Em caso de justificada urgência, de representação da autoridade policial ou do
Ministério Público visando à decretação de prisão preventiva ou temporária;
* Pedidos de busca e apreensão de pessoas, bens ou valores, desde que
objetivamente comprovada a urgência;
* Medida cautelar, de natureza cível ou criminal, que não possa ser realizada no
horário normal de expediente ou de caso em que da demora possa resultar risco de
grave prejuízo ou de difícil reparação;
* Medidas urgentes, cíveis ou criminais, da competência dos Juizados Especiais a que
se referem a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, e a Lei n. 10.259, de 12 de
julho de 2001, limitadas as hipóteses acima enumeradas.

Dessa forma, é flagrante que um pedido de suspensão de


cumprimento de liminar protocolado após o fim do seu prazo, e pior, após o seu
cumprimento, não se enquadra em nenhuma das hipóteses acima previstas, não
devendo ter sido conhecido o recurso pela absoluta falta de preenchimento dos
requisitos para admissibilidade em sede de Plantão Judiciário.

V- DA OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E DO ERRO MATERIAL DA DECISÃO


EMBARGADA

O Nobre Julgador, ao proferir sua decisão, a fez da seguinte forma:

“Preenchidos os requisitos de admissibilidade,


conheço do recurso (…)

Diante do exposto, não tendo sido demonstrado


o cumprimento do disposto no artigo 561 do
CPC para a concessão da liminar de
reintegração de posse, defiro o efeito suspensivo
pleiteado.

Dê-se ciência do inteiro teor desta decisão ao


ilustre Juiz a quo para que adote as medidas

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necessárias para o recolhimento do mandado
sem cumprimento”.

Contudo, data venia, houve OMISSÃO, CONTRADIÇÃO e ERRO


MATERIAL (premissa equivocada) na referida decisão no que se refere à ordem de
adoção das medidas necessárias para o recolhimento do mandado sem
cumprimento.

Compulsando-se os autos da Ação de Reintegração de Posse, verifica-se


que os Mandados de Citação da Embargada e de seu esposo já tinham sido
cumpridos e juntados ao referido processo desde o dia 16/08/2019 às 11:36hs (ID
31952408) e 11:57 (31954902), ou seja, bem antes de ser protocolado o Agravo
(17/08/2019 às 10:32hs) e proferida a Decisão ora Embargada (17/08/2019 às
14:00hs).

Ante o exposto, torna-se inócua a decisão de recolher os Mandados


sem cumprimento, já que a Embargada e seu esposo já tinham sido citados e
inclusive tinham até cumprido a liminar de desocupação do imóvel bem antes
da decisão Embargada.

Dessa forma, verifica-se a OMISSÃO na r. decisão proferida por Vossa


Excelência no ID 4310492, no que se refere ao fato de não mencionar a ocorrência
do cumprimento e juntada do Mandado de Citação da Embargada e nem da menção
ao fim do prazo para o cumprimento da liminar, que ocorreu em 17/08/2019 às
08:43hs, bem como CONTRADIÇÃO ao determinar, em 17/08/2019, às 14:00, o
recolhimento do Mandado sem cumprimento sendo que o mesmo já havia sido
cumprido desde o dia 16/08/2019 às 08:43 hs, ou seja, há quase 36 horas antes.

Em relação ao ERRO MATERIAL (premissa equivocada), o mesmo


ocorreu em virtude da Embargada ter induzido V. Exa a erro com a sua narrativa
inverídica dos fatos, conforme se verifica na transcrição abaixo:

“Convém ainda registrar que o curto prazo de 24 hrs concedido para desocupação do
imóvel é desproporcional e irrazoável, não havendo tempo suficiente sequer para a
Recorrente retirar seus pertences pessoais e conseguir um teto para se abrigar”.

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É cristalina a falta de verdade da Embargada com essa alegação! Quando
o recurso de agravo foi protocolado (17/08/2019 às 10:32hs), a Embargada já tinha há
muito desocupado o imóvel (desde a noite de 16/08/2019), inclusive com a
contratação de dois caminhões de mudança (fotos anexas) e com certeza já havia
conseguido um teto para se abrigar, pois inclusive declara em seu Imposto de Renda
(documento anexo) como seu endereço uma casa em Feira de Santana, ou seja, bem
distante do imóvel objeto da Reintegração de Posse, que fica em Ondina, nesta
capital.

Vale ressaltar que não estamos aqui tratando de um casal


economicamente hipossuficiente, e sim de uma médica e um advogado, que inclusive
já foi vereador e hoje é Procurador do Município de Conceição do Almeida
(comprovantes anexos).

Segundo Diddier, entende-se a hipótese de erro material por premissa


equivocada da seguinte forma:

“Tradicionalmente, o Superior Tribunal de Justiça entende que se considera erro


material a adoção de premissa equivocada na decisão judicial. Nesse caso, cabem
embargos de declaração para corrigir a decisão e, até mesmo, modificá-la, eliminando
a premissa equivocada. Quando, enfim, a decisão parte de premissa equivocada,
decorrente de erro de fato, são cabíveis embargos de declaração para correção de tal
equívoco. Com efeito, cabem embargos de declaração, “quando o julgado embargado
decida a demanda orientado por premissa fática equivocada

Nesse sentido, é a decisão do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ERRO MATERIAL. CARACTERIZAÇÃO.
ATRIBUIÇÃO DE EXCEPCIONAIS EFEITOS INFRINGENTES. POSSIBILIDADE NO
CASO CONCRETO.

1. Nos termos do que dispõe o artigo 1.022 do CPC/2015, cabem


embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para
esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão de ponto
ou questão sobre a qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento, bem como para corrigir erro material.
2. Em documento idôneo trazido pela parte, a fl. 389 e-STJ – Aviso
84/2015, da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro – constata-se que os prazos processuais ficaram suspensos de
20/12/2015 a 20/1/2016, e não de 20/12/2015 a 6/1/2016, período este
considerado no acórdão ora embargado, razão pela qual se entendeu
pela intempestividade do agravo em recurso especial.
3. Evidenciado o erro material ante a premissa equivocada adotada no
julgamento, faz-se mister refazer o cômputo do prazo processual para
averiguação da tempestividade do recurso.

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4. No caso, verifica-se na Certidão à fl. 346 e-STJ que a decisão que
inadmitiu o recurso especial foi publicada em 17 de dezembro de 2015.
O termo inicial para o prazo de dez dias (vigência do CPC/1973) para
a interposição do agravo conta-se a partir de 18 de dezembro de 2015.
A suspensão dos prazos processuais no tribunal de origem se iniciou
em 20 de dezembro de 2015, tendo até essa data escoado dois dos dez
dias de prazo para a interposição do agravo em recurso especial. Findo
o recesso em 20 de janeiro de 2016, o prazo restante de 8 dias voltou a
ser contado em 21 de janeiro de 2016, findando em 28 de janeiro de
2016. O recurso de agravo em recurso especial foi peticionado
eletronicamente em 25 de janeiro de 2016 (e-STJ, fl. 349),
comprovando a tempestividade do recurso de agravo de fls. 349-361 e-
STJ.
5. Em virtude da própria natureza integrativa dos embargos de
declaração, eventual produção de efeitos infringentes é
excepcionalmente admitida na hipótese em que, corrigida premissa
equivocada ou sanada omissão, contradição, obscuridade ou
ocorrência de erro material, a alteração da decisão surja como
consequência necessária. Nesse sentido, da Corte Especial, cite-se:
EDcl no ARE no AgInt no RE nos EDcl nos EDcl no
AREsp 176.496/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte Especial,
DJe 28/11/2017.
6. Nesse passo, faz-se mister acolher os presentes embargos de
declaração, com efeitos infringentes, a fim de, em reconhecendo a
tempestividade do recurso de agravo de fls. 349-361 e-STJ, dar
provimento ao agravo interno, para reconsiderar a decisão de fls.
378/379 e-STJ, e determinar o retorno dos autos ao Gabinete para novo
julgamento.
7. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes.
(EDcl no AgInt no AREsp 890102 / RJ, 1ª TURMA, STJ, rel. Min. BENEDITO
GONÇALVES, julgado em 03/04/2018, publicada em 13/04/2018)

NOS CASOS DE ERRO MATERIAL POR PREMISSA EQUÍVOCA, O STJ


TEM ENTENDIDO O CABIMENTO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM
EFEITOS INFRINGENTES, ISTO É, MODIFICATIVOS DOS RESULTADOS FINAIS
DA DECISÃO.

VI - PEDIDOS

Ante o exposto, pede:

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1- Que seja recebido e processado esse recurso de embargos de


declaração com efeitos infringentes;

2- Que sejam deferidos os efeitos infringentes desse recurso,


reformando a decisão objeto desse Embargo, indeferindo o pedido de
efeito suspensivo da decisão do juiz a quo, em desfavor da
Embargada, nos termos do pedido do agravo de instrumento;

3- Que sejam sanadas as omissões e contradições da decisão proferida.

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Salvador, 18 de agosto de 2019.

LORENA MAGALHÃES LOPES COELHO


OAB/BA 18.185

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