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POR QUE O CONTROLE DO VALE DO JORDÃO É CHAVE PARA CONFLITO

ENTRE ISRAEL E PALESTINA


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Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, agitou


ainda mais o conflito entre seu país e os palestinos com sua
mais recente e controversa promessa eleitoral: anexar o vale
do Jordão.

A menos de uma semana das eleições, no dia 17, o


primeiro-ministro fez uma oferta que parece buscar o voto
dos setores mais conservadores de seu país. O pleito
ocorrerá porque Netanyahu, eleito em abril deste ano, não
conseguiu montar uma coalização com maioria no
Parlamento para poder formar um governo.

“Se eu receber de vocês, cidadãos de Israel, um mandato


claro para fazê-lo, anuncio que minha intenção é, com a
formação do novo governo, aplicar a soberania de Israel
sobre o vale do Jordão e o norte do mar Morto”, disse
Netanyahu.

A promessa, anunciada na televisão, foi condenada por


diversos envolvidos, como a Organização das Nações
Unidas (ONU), países árabes, palestinos e adversários
políticos em Israel.

Por que esta área é chave no conflito entre israelenses e


palestinos?

Israel capturou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental, Gaza e as


Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Jerusalém Oriental foi anexada a Israel em 1980 e as


Colinas de Golã, em 1981. Nenhum desses movimentos foi
reconhecido internacionalmente por décadas.

Em 2017, no entanto, o governo Donald Trump contrariou


políticas anteriores dos EUA em relação aos territórios e
reconheceu as duas anexações.

Em avanço dessa política, Netanyahu passou a defender que


Israel tem uma “grande oportunidade” diante do vale do
Jordão.

“É uma oportunidade histórica e única de aplicar a soberania


de Israel em nossos assentamentos… E em outros lugares
importantes para nossa segurança, patrimônio e futuro.”

O domínio da Cisjordânia tem sido o coração do conflito


palestino-israelense. Israel construiu ali 140 assentamentos
que são considerados ilegais sob o direito internacional – o
país nega qualquer ilegalidade.

O vale em questão vai da cidade israelense de Beit Shean


(90 km ao norte de Jerusalém) até o extremo norte do mar
Morto, cobrindo cerca de 2.400 km², quase um terço da
Cisjordânia.

Trata-se de uma terra fértil que faz fronteira com a Jordânia.


Vivem ali cerca de 53 mil palestinos e 12,8 mil colonos
judeus, segundo a ONG israelense anti-ocupação Paz
Agora.

Jericó é a principal cidade palestina da região, que tem


pouco menos de 30 localidades menores e algumas
comunidades beduínas.

Atualmente, os palestinos estão proibidos de entrar ou usar


aproximadamente 85% do território, de acordo com o grupo
israelense de direitos humanos B’Tselem.

“Isso ocorre porque a maior parte do território foi designada


como ‘Área C’ sob os acordos de paz de Oslo de 1993, o
que significa que está sob controle total de Israel”, lembra
Barbara Plett-Usher, correspondente da BBC no Oriente
Médio.

Embora o acordo tenha sido assinado em 1993, desde 1967


o Vale do Jordão permanece sob o controle das tropas
israelenses, que se recusam a deixar o território alegando
questões de segurança.

“Controlar o vale do Jordão sempre foi fundamental para


Israel. A fronteira entre Israel e a Jordânia é uma espécie de
porta para o resto dos países do Oriente Médio”, disse à
BBC News James Sorene, analista do Centro de
Comunicações e Pesquisa de Israel no Reino Unido.

“Nas últimas negociações de paz, o vale foi um ponto de


desacordo, já que Israel pretendia permanecer lá por pelo
menos meia década e os palestinos queriam reduzir esse
tempo. Manter o controle militar é um requisito mínimo de
Israel nas negociações”, diz ele.

A área da Cisjordânia e do vale do Jordão, de acordo com o


analista, também tem muito significado para os judeus
ortodoxos porque parte de sua herança histórica transcorreu
nela.

Campanha eleitoral

As eleições de 17 de setembro serão as segundas do ano, já


que em abril Netanyahu não teve apoio parlamentar
suficiente para formar um governo.

Nas pesquisas de intenção de voto, o Likud (partido) de


Netanyahu aparece, como em abril, em disputa acirrada com
a coalizão centrista Azul e Branco.

Os críticos de Netanyahu veem a proposta sobre o vale do


Jordão como uma tentativa de obter votos mais à direita.

Yair Lapid, da Azul e Branco, criticou o primeiro-ministro


dizendo que “ele não deseja anexar territórios, e sim votos”.
“É um truque eleitoral e nem mesmo particularmente
exitoso, porque a mentira é clara demais”, completou.

Sorene endossa a leitura de que o projeto para o vale do


Jordão seja uma oportunidade eleitoral.

“Anexar o vale do Jordão e outros assentamentos israelenses


na Cisjordânia são promessas da campanha. Ele
(Netanyahu) fala de soberania, mas seu discurso é bastante
ambíguo e não explicita como as coisas seriam feitas”, diz o
analista.

“Se ele vencer as eleições, essa promessa terá um longo


caminho até ser realizada”, diz ele. Sorene acrescenta que,
se concretizada, “as implicações seriam muito graves
porque violariam qualquer acordo bilateral anterior”.

Esse plano também pode quebrar acordos de cooperação de


que Netanyahu precisa para combater o grupo islâmico
palestino Hamas, aponta o analista.

Retaliação internacional

Diversos atores da comunidade internacional condenaram as


declarações de Netanyahu.

Um porta-voz da ONU disse que a anexação “não teria


efeito legal em nível internacional”.

A Liga Árabe, uma organização que inclui 22 Estados,


descreveu os planos de Netanyahu como “perigosos” e
considerou que eles “torpedeariam” os fundamentos da paz.

Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores da


Jordânia, Ayman Safadi, alertou que a anexação poderia
“levar toda a área à violência” e seu colega na Turquia,
Meylut Cayusoglu, disse que a intenção era “racista” e
“agressiva” no contexto pré-eleitoral.

O primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina,


Mohammad Shtayyeh, havia declarado em um comunicado
antes do anúncio sobre o vale do Jordão que o presidente de
Israel era um “destruidor do processo de paz”.

Palavras ecoadas pela deputada palestina Hanan Ashrawi,


que disse à agência de notícias AFP que a promessa de
Netanyahu “não apenas destrói a solução dos dois Estados,
mas também qualquer oportunidade de paz.”

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