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LABIRINTO

A meditação vista de dentro

Bernardoart

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SERGIO BERNARDO

LABIRINTO
A meditação vista de dentro

Copyright
Título: Labirinto. A meditação vista de dentro.

Capa e fotos: Bernardoart

Revisão: Valéria Klos

Bernardo, Sergio
Labirinto: a meditação vista de dentro / Sergio Bernardo – 1. ed. – São
Paulo: Bernardoart, 2016

ISBN: 978-85-5697-101-2

1. Arte do labirinto. 2. Mente e corpo. 3. Meditação. 4. Geometria Sagrada.


I. Título.

E-book. Pdf.
Todos os direitos reservados: Sérgio Bernardo. São Paulo – Brasil 2016.
Páginas: 53

Blog: http://umtempopravc.blogspot.com.br/
http://labirintobr.wordpress.com

Bernardoart

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Sumário

Introdução

Capítulo 1
Página: 06

Efeito Colateral
Os desenhos e a simbologia milenar
Histórias Incríveis no Labirinto
A Década do Labirinto
Plataformas e circuitos mais utilizados
Geometria Integrativa
O significado, a origem e os mistérios
Grande Labirinto Sol construído na Natureza

Capítulo 2
Página: 18

A geometria em nossas vidas


O que acontece no labirinto
Como alcançar a iluminação
Percepção sensorial nas atividades
Sinestesia, um fenômeno sensorial
Labirinto e geometria integrativa
Relaxamento no labirinto
Os efeitos e a intuição

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Capítulo 3
Página: 28

Meditação dinâmica mente-corpo


Humanização da Saúde – Labirinto Unifesp
Meditação no labirinto
Meditação vista de dentro
A espiritualidade no labirinto
Geometria Sagrada e a Flor da Vida
Arte de Bernardo e a tradição do labirinto de Chartres

Capítulo 4
Página: 40

Epílogo
Desenhos para atividades

Textos complementares
Página: 45

Referências
Agradecimentos
Sobre o autor
Contatos
Contracapa
Extras

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Introdução

Quando o labirinto aparece nas minhas atividades de desenho arqui-


tetônico e desenhos para atividades de relaxamento e workshop em
2007, de imediato surge para mim a visão de um labirinto onde se
deve percorrer os caminhos e, quando chegar num beco sem saída,
retornar para escolher outro caminho até encontrar a saída - que ge-
ralmente fica do lado oposto da entrada.
Em seguida, descobri que havia dois grupos de desenhos de labirin-
tos. O primeiro reúne aqueles cujo caminho sempre leva ao centro e
que se convencionou chamar de labirinto. O outro grupo seria o dos
que possuem beco sem saída e que é denominado maze, nome que
ainda hoje circula entre os estudiosos do tema. Na vida real existe
uma grande confusão, quando falamos de labirintos, a maioria das
pessoas pensa nos becos sem saída, na dificuldade de caminhar e no
medo de ficar preso nos labirintos fechados.
Penso neste livro, portanto, como a história de um professor de dese-
nho que trabalhou em várias áreas, em artes plásticas e agora geome-
tria integrativa. Que criou labirintos e se envolveu com o centro e a
dinâmica do círculo, vivenciou a sinestesia e a geometria sagrada.
Estudando e pesquisando por nove anos, entrou nos mistérios que
envolvem o labirinto e numa jornada que chega em 2016 e, para con-
cluir a missão, escreve para que outros encontrem o caminho. Assim,
surge o livro Labirinto – A meditação vista de dentro.
Os capítulos foram organizados por temas que ilustram a evolução
dos desenhos na cultura humana e as práticas de relaxamento e medi-
tação – os desenhos foram criados por mim. É importante observar
que há muita sobreposição e interligação, principalmente na percep-
ção sensorial - que é um elemento fundamental da condição humana
- numa atividade que envolve corpo e mente.

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Capítulo 1

Efeito Colateral

No inicio de 2010, intensifiquei minhas atividades com labirintos.


Passei a pesquisar sobre o efeito da meditação no labirinto e a per-
cepção sensorial do caminhante. Iniciei também a criação de vários
desenhos de labirintos que seriam esculpidos em madeira e pintados
em tecido, na busca de formatos ideais para meditação. Hoje sabe-
mos que o tapete de lona de algodão natural pintado com tinta acríli-
ca à base de água é o mais indicado, por ter o algodão natural uma
forte ligação com nossa existência, no andar descalço sobre ele e no
aconchego para meditar.
Esse conjunto de atividades foi se ampliando e promoveu uma gran-
de transformação na minha forma de viver e alimentação, proporcio-
nando menos ansiedade e a conexão com a natureza - que já era forte
desde a época em que vivi nas montanhas de Minas Gerais, traba-
lhando com ecoturismo. Em 2010, vivendo ao lado da Serra do Japi
em São Paulo, tive uma imersão na terra com a experiência de criar e
construir um labirinto natural, pé no chão, na reserva ecológica Gua-
curi.
Entre tantas mudanças, a que chamo de “efeito colateral”- por não ter
sido programada - foi a perda de peso. Meu peso até 2010 era de 95
kg e minha altura 1,82m. Já vinha fazendo controle alimentar desde
2005 devido à pressão alta, mas o peso tinha pouca variação.
Em 2011, quando retornei ao médico para um exame de rotina da
pressão alta, comentei com ele que tinha perdido cerca de nove qui-
los. Ele me fez várias perguntas, pediu vários exames e percebi que
ficou preocupado. Quando retornei com os exames, ele verificou
tudo atentamente e disse que estava tudo em ordem, perguntou o que
eu estava fazendo e eu então expliquei meu trabalho atual. Em segui-
da, ele disse que pessoas gastam muito dinheiro e não conseguem o

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mesmo resultado e, se estava me sentindo bem, que continuasse na
atividade com os labirintos.
Assim estou até hoje, 2016, e atualmente estou pesando 81 kg, peso
do tempo em que tinha trinta anos. Continuo trabalhando com labi-
rintos, pesquisando, pintando e, para melhorar o equilíbrio e descar-
regar a energia acumulada, caminho descalço na terra, respiro ar puro
e à noite passo trinta minutos com as estrelas.
Nesse momento, em que escrevo, vejo pela janela as árvores e o ven-
to que vem da serra ao fundo, renovando e trazendo o novo ar do
amanhã.

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Desenhos e a simbologia milenar

Os desenhos e as pinturas nas cavernas revelam a vocação dos hu-


manos em registrar e transmitir sua história para outras gerações. Os
desenhos decorativos encontrados em várias regiões do planeta de-
monstram que há milhares de anos o homem tem uma preferência
por um padrão geométrico para comunicar seus sentimentos e criar
uma arte que agrada aos habitantes da sua comunidade e aos visitan-
tes.
Teria a estrutura do cérebro humano um padrão geométrico comum a
todos?
[...] Há 150 anos, o astrônomo George Ayry (que sofria de enxa-
queca) supôs que a aura da enxaqueca fornecia uma espécie de foto-
grafia do cérebro em ação. Airy, assim como Gowers, pode ter feito
uma suposição mais literalmente correta do que imaginava. Heinrick
Kluver, escrevendo sobre mescal, observou que as alucinações geo-
métricas simples que podiam ocorrer com o uso de drogas alucinó-
genas eram idênticas às ocorridas com a enxaqueca e em muitas
outras condições. Tais formas geométricas, ele supôs, não dependi-

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am de memória ou experiência pessoal, nem de desejo ou imagina-
ção: estavam embutidas na própria arquitetura do cérebro. Será que
os arabescos e hexágonos em nossa mente, embutidos na organiza-
ção do cérebro, nos dão as primeiras dicas sobre a beleza formal?
Oliver Sacks – A Mente Assombrada

Arte da Terra

Outras representações utilizando a geometria vêm sendo produzidas


no planeta há milhares de anos e até hoje continuam sendo foco de
pesquisa de diversos seguimentos na busca do significado dos dese-
nhos, mensagens e outros conhecimentos que envolvem a evolução
da humanidade.
Outro aspecto importante é a geometria presente na natureza huma-
na, na estrutura das plantas, na água, minerais e outros elementos
encontrados no planeta.

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Histórias Incríveis no Labirinto

Uma das formas de entender como o labirinto chegou até hoje e tem
uma presença forte na nossa cultura, está na literatura. Livros que
utilizam a plataforma e a dinâmica da espiral, do labirinto e as lendas
sobre o círculo e o ponto central.

O Labirinto da Felicidade
Alex Rovira e Fracesc Miralles
[...] Quero sair daqui!
- Acalme-se minha jovem. Só posso responder a uma pergunta de
cada vez. Esse é o Labirinto da Felicidade.
Ariadne ficou muito surpresa ao ouvir aquilo. Nunca tinha ouvido
falar daquele lugar.
Quando percebeu sua confusão o explorador prosseguiu:
- Todos os que perdem o sentido da vida vem parar aqui. E não posso
dizer onde fica a saída, pois a verdade é que não sei. Terá que encon-
trá-la por si mesma, assim como eu.

A Espiral do Sol
Maria Gabriele Wosien
Danças de espiral, que também estão ligadas com o motivo do labi-
rinto, são tradições das mais antigas. Elas são conhecidas já do inicio
da idade da pedra e da era astrológica do touro, que coincide com o
período inicial da cultura minoica de Creta.
As danças de espiral se entrelaçam também com o mito do minotau-
ro, o touro humano divino, com o mito de Zeus e Europa, com a Saga

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de Teseus e Ariadne, com a morte do rei-deus e com seu renascimen-
to.

Teseu e o Minotauro
Luiz Galdino
Ao desembarcar na ilha de Creta, Teseu percebeu que sua tarefa não
seria fácil. O minotauro era um monstro insaciável, metade homem e
metade touro, que se alimentava da carne de jovens. Vivia no interior
de um labirinto, de onde criatura nenhuma conseguira jamais retor-
nar.
@

A Década do Labirinto

O labirinto está entre nós há muito tempo, fica esquecido por alguns
anos e reaparece como uma ferramenta de meditação, oração, pere-
grinação e para melhorar a qualidade de vida e superar momentos de
insegurança.
Existe uma história que se ouve de vez em quando, que fala sobre o
renascer do labirinto em várias regiões do planeta em tempos de cri-
se, épocas de grande transformação social e no ecossistema.
Tenho percebido um movimento a partir de 2014 que ampliou o inte-
resse pelas atividades no labirinto, principalmente para meditação,
relaxamento e peregrinação. Cada vez mais pessoas entram em con-
tato para saber sobre o labirinto e pedir informações sobre as ativida-
des.
Muitos labirintos foram construídos relacionados com o movimento
do Sol e poderiam também estar alinhados com outros planetas em
determinadas épocas - outros incorporaram as fases da Lua no seu
desenho.

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Estaria a humanidade entrando em uma nova era?

Na imagem abaixo o relatório do Wordpress, ano 2016, revela dezes-


sete países onde as pessoas entraram no site para mais informações
sobre atividades com labirintos.

Relatório 2016 referente a 2015

@
Plataformas e Circuitos mais utilizados
Geometria Integrativa

Os labirintos sempre estiveram em uso em todo o planeta, mas a par-


tir da década de oitenta uma nova onda surge e eles passam a ser
utilizados na educação, meditação, terapia, grupos religiosos, clinicas
e hospitais.

As plataformas são várias e podem ser utilizadas separadas ou com-


binadas para atender determinada proposta de trabalho. Não existe
uma regra para utilizar os labirintos, que são estruturas livres e dis-

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poníveis para todos, mas é preciso bom senso e responsabilidade ao
utilizá-los com outras pessoas.
Para facilitar vamos dividir em dois grupos:

Grupo 1 – Labirinto portátil

Os labirintos portáteis atendem a mobilidade de realizar atividades


em vários locais, para uso pessoal, individual ou em grupo. O tipo
tapete pode ser utilizado numa sala, salão de evento e, ao termino da
atividade, pode ser dobrado e guardado numa pequena bolsa. Materi-
ais: papel, tecido ou lona de algodão.

Labirinto de madeira

Grupo 2 – Labirinto fixo

Cada projeto é criado para atender as características do local, tipo de


atividade, e mobilidade. Para uso com grupos de estudo, publico em
geral, trabalho com crianças, idosos, deficientes, hospitais e celebra-
ções.

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Os locais mais utilizados são jardins, parques, praças, pátios internos
e catedrais.

Labirinto de jardim

O significado, a origem e os mistérios

De modo geral, definimos os labirintos como uma plataforma que


contém um desenho que forma caminhos que levam até o centro,
com mudanças de direção no percurso, mas que permite ao cami-
nhante chegar até o centro e retornar ao ponto de entrada, sem que a
pessoa precise ficar analisando o desenho para conferir se está fazen-
do o caminho correto para sair.
Existem desenhos de labirintos mais simples encontrados nas pintu-
ras das cavernas, nas tribos indígenas em várias partes do planeta.
Eles nos levam a pensar que a representação de conjuntos circulares
passou a ser desenhada a partir da observação das estruturas geomé-
tricas da natureza, encontradas nas plantas, flores, redemoinhos de
vento e das águas, bem como da observação das estrelas e do movi-

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mento do sol. Na representação das danças sagradas e seus movimen-
tos circulares, o círculo, a espiral e o movimento do labirinto também
estão presentes.
Outro tipo de desenho que de certa forma está ligado ao labirinto é a
mandala, devido à sua geometria e à ideia de que seu movimento se
origina no centro e se expande para o exterior. Quando nos referimos
ao centro, estamos falando do círculo central presente na maioria das
atividades e desenhos, o que nos leva ao elemento principal de toda
essa geometria integrativa – e que normalmente não é representado e
visto pelo observador - que é o ponto central, de onde se origina o
primeiro círculo e todos os demais desenhos que nascem a partir do
ponto e estão conectados ao ponto central.

O ponto não tem dimensão, simboliza a unidade e a perfeição. O


círculo é o ponto mais uma dimensão e assim podemos pensar que
ele vive do ponto central. Como a esfera, os dois nascem do ponto.
A lei do mundo é o movimento, a lei do centro é a quietude. Viver no
mundo é movimento, atividade, dança. Nossa vida é um dançar cons-
tante ao redor do centro, um incessante circundar o Uno invisível ao
qual nós, tal qual o circulo, devemos nossa existência. Vivemos do
ponto central, ainda que não o possamos perceber, e temos saudade
dele. O círculo não pode esquecer sua origem, também nós sentimos
saudade do paraíso. Fazemos tudo o que fazemos porque estamos à
procura do centro, do nosso centro, do centro.
Thorwald Dethlefsen – Rudiger Dahlke. Mandala

Quando observamos a imagem de uma mandala e de um labirinto


surge uma terceira estrutura que está ligada a essas duas, as rosáceas,
que são muito marcantes e presentes nas igrejas góticas. As rosáceas
também apresentam o movimento ao redor do centro em repouso.

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Na construção da igreja de Chartres na França, concluída no ano
1200 pelos templários, os estudiosos destacam a utilização da geo-
metria sagrada na construção da catedral, vitrais e rosáceas.
No centro do piso da entrada foi construído um grande labirinto, hoje
conhecido como Labirinto de Chartres, cujo ponto central tem uma
importante relação com a arquitetura e os vitrais da catedral.

Labirinto de Chartres

Imagem do site da Catedral de Chartres

Embora essas estruturas sejam tão antigas como o cérebro humano, o


fascínio dos artistas em utilizar os desenhos geométricos em suas
representações e arte decorativa - tanto em peças quanto em paredes
e grandes painéis em muros e templos - é incompreendido ainda nos
dias de hoje e gera muitas dúvidas na população.

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Grande Labirinto Sol construído na Natureza

Em 2010, fui convidado a criar um labirinto para ser construído em


um grande terreno pertencente a uma sociedade de moradores de um
grande condomínio. Um terreno coberto por capim, no qual a inten-
ção seria fazer o labirinto e no restante um projeto de recuperação
ambiental com plantio de árvores da região.

Foi uma proposta desafiadora e iniciei com o estudo do local, a posi-


ção geográfica, o trajeto do sol e outras informações para, junto com
a diretoria, escolher o local definitivo.

Demarcamos uma área de seiscentos metros quadrados, que tinha na


parte do fundo um barranco gramado e na frente uma pequena estra-
da com coqueiros na lateral, que era também uma trilha para cami-
nhadas.

Em seguida, me dediquei a estudar e projetar o desenho ideal para o


local, criando um labirinto circular de sete circuitos, um centro gran-
de, com o piso em areia e as divisórias do circuito em blocos de gra-
nito da região. Este conjunto forma um círculo com diâmetro de doze
metros, inserido em um quadrado de vinte metros e gramado.
Foto Labirinto Sol 2010

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Hoje, em 2016, todo o entorno está recuperado e com árvores frutífe-
ras da região. Está trazendo para o local as aves e outros animais que
haviam desaparecido da região e está se tornando uma reserva ecoló-
gica.

Foto Labirinto Sol 2016

Os benefícios do labirinto na natureza

A atividade no labirinto reúne os elementos da natureza e torna a


atividade ali praticada um verdadeiro encontro do humano com suas
origens e sua natureza. Estima-se que o labirinto mais antigo é de
4000 anos A.C. e está registrado em nossa cultura e tradições.

A nossa civilização passou a viver concentrada nas grandes cidades


nos últimos cinquenta anos e a falta do contato saudável com a natu-
reza pode ser a causa de muitos problemas de saúde.

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É recomendado praticar atividade no labirinto na natureza aqui no
Brasil - devido à temperatura - ao ar livre, na parte da manhã, às sete
horas - quando o sol nasce e aponta para a entrada do labirinto. O ar
está fresco e limpo e as árvores do entorno com o perfume do ama-
nhecer. Mesmo para as pessoas que já perderam o hábito de conviver
com a terra, basta ir a primeira vez para religar sua natureza. Pé no
chão! Caminhar no labirinto de areia com o pé descalço e pisando
com calma na areia.

A simplicidade do labirinto envolve a geometria, a natureza e a di-


mensão planetária. Tudo em tempo real, não acontece por partes, a
cada passo mente e corpo, espírito, ecossistema e cosmo na mesma
dinâmica.

Capítulo 2

A Geometria em nossas vidas e a Geometria Integrativa.

A geometria tem grande importância para nossa atividade por estar


presente em todos os eventos humanos desde o início da nossa evo-
lução. As construções dos animais, das abelhas, corais, aranhas, o
ninho das aves, tudo está baseado na geometria, ou seja, na geome-
tria da natureza.
A geometria informal ajudou o homem a criar suas medidas, planejar
e marcar posições, fazer seus utensílios e roupas, construir suas habi-

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tações e expandir seus conhecimentos. Se pararmos e olharmos dos
lados, poderemos observar que a geometria está presente em tudo,
das coisas mais antigas até as tecnologias que se renovam a cada
momento.
Desta forma, quando pensamos na geometria integrativa, pensamos
em utilizar a geometria para criar plataformas que proporcionem às
pessoas mobilidade e integração sensorial para ativar corpo e mente,
numa dinâmica que permite o reencontro com sua natureza e uma
melhor qualidade de vida. A dinâmica da geometria integrativa busca
harmonizar o ser humano.

O que acontece no labirinto?

Como alcançar a iluminação?

As perguntas mais comuns são sobre o que acontece no labirinto,


como isso pode ajudar pessoas, e se existe algum livro que explica
como alcançar a iluminação ou uma revelação. Outra pergunta é,
como poderia uma pessoa caminhando no labirinto ter uma visão e
resolver suas questões?
A iluminação é um termo antigo utilizado para explicar ao caminhan-
te o centro do labirinto. Que após a jornada nos caminhos do labirin-
to chegamos ao centro, onde acontece a iluminação. Existem vários
entendimentos, mas penso que o mais indicado para o momento atual
seria o encontro com o eu interior. Um acontecimento pessoal, de
grande profundidade e forte significado, e que geralmente proporcio-
na um momento de grande emoção.

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Como acontece com um artista quando está esculpindo uma peça e
ao fazer um determinado acabamento na peça o escultor deixa de ser
a pessoa que entalha e se une à sua natureza primordial. Poderia a-
contecer com outras atividades como na música, caminhando na
praia e com outras práticas de meditação.

A natureza foi sábia ao programar para ser uma coisa pessoal, só


você pode viver seu momento, ninguém tem a receita para criar algo
tão poderoso, é preciso que cada um tenha sua prática, seja autêntico
e encontre seu próprio caminho.

Na meditação no labirinto presenciei vários casos assim em ativida-


des de meditação individual e em grupo. Percebemos que uma pessoa
teve uma conexão profunda quando termina a caminhada no labirinto
e ao sair procura um local mais afastado e fica em silêncio por um
tempo.

No texto sobre Eugen, vemos outra abordagem sobre a iluminação:


“Já no primeiro dia, quando chegou ao Dojo, local da prática do
caminho, local da iluminação, Eugen Herrigel ouviu o som da corda
do arco. Isso é importante. Ele era todo ouvidos.
Todo seu ser ouvia o som que o mestre tirou da corda do arco. Um
toque simples e suave. Um som extraordinário.
Havia silêncio na sala. Havia silêncio na mente do mestre. Havia
silêncio na mente do aprendiz. Sem esse silêncio, como ouvir?
Ele pôde ver o som. Tornar-se o som, que penetrou seu coração.
Nesse momento já era a manifestação da iluminação e do caminho.
Mas ele não sabia.” Monja Coen
Herriel, Eugen. A arte cavalheiresca do arqueiro Zen; prefácio Monja
Coen.

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Meditação no centro do labirinto

Percepção sensorial nas atividades

A percepção sensorial é a principal conexão entre o participante da


atividade, a estrutura e a dinâmica montada num espaço que tem o
labirinto como base dos eventos. Outros componentes podem ser
utilizados, como efeito de luz, som e aroma. Vai depender dos obje-
tivos do facilitador, das pessoas participantes e do local escolhido.
Nas atividades em salas podem ser criados vários programas direcio-
nados a um público geral ou grupo com atividade especifica. As pos-
sibilidades são inúmeras e abertas aos profissionais da saúde, educa-
ção e meditação.
A percepção sensorial permite a conexão do individuo com o exteri-
or, sendo a visão e a audição as mais utilizadas atualmente. Olfato,
paladar e tato também são importantes e podem ser estimulados na
atividade, caminhando no labirinto – o que é indicado para todas as
idades.

Sinestesia – Um fenômeno sensorial

A sinestesia foi descrita pela primeira vez em 1880 por Francis


Galton – números e imagens visuais – Grafema Cor.

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Um fenômeno sensorial em que um único estímulo – auditivo, tátil,
olfativo – pode proporcionar a percepção de dois eventos sensoriais.
A sinestesia grafema cor mescla a cor e o texto formando um código
através do qual um texto pode ser visualizado pelo indivíduo em blo-
cos de cores. Uma peculiaridade que proporciona aos sinestésicos um
raciocínio rápido, uma criatividade superior e inspiração para vários
artistas.
@

Congresso Internacional de Sinestesia na Alemanha em 2013

A conferência abordou o tema sinestesia na Arte, Humanidades e


Neurologia, de diferentes perspectivas sobre o fenômeno da percep-
ção sinestésica. Uma conferência interdisciplinar criada por Regina
Rapp e Christian de Lutz do Arte Laboratório Berlim, com uma úni-
ca questão: o que se entende por sinestesia no século XXI?
Resumindo todos esses diferentes pontos de vista, os participantes da
conferência tem um consenso da viabilidade da aplicação da sineste-
sia em diferentes campos.

Projetos artísticos transdisciplinares contemporâneos estão sendo


desenvolvidos com objetivo de revelar novas realidades sensoriais,
cognitivas e emocionais. Através de sinestésicos, a capacidade sobre-
humana de perceber o cruzamento sensorial poderia ser recuperada.
Argumento importante do processo sinestésico que me levou a pes-
quisar sobre a possibilidade de um programa de atividade com a ge-
ometria integrativa para estimular a percepção multissensorial. Teri-
am as pessoas ditas não sinestésicas estruturas que permitiriam apri-
morar o processamento multissensorial?

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Labirinto e as conexões.

Relaxamento no Labirinto

A primeira atividade indicada para quem pretende iniciar a pratica de


atividades no labirinto seria o relaxamento caminhando. Uma forma
de conhecer a plataforma, a geometria integrativa e ativar a percep-
ção sensorial.
Relaxamento no labirinto é um programa atual e recomendado para
todas as idades. Vivemos uma nova época onde ninguém tem mais
tempo para nada. Não bastasse a falta de tempo devido à luta pela
sobrevivência, estudo, família e outras atividades, as novas tecnolo-
gias - que eram uma promessa de promover mais tempo livre para o
lazer e melhorar a qualidade de vida - parece que não deram certo.
Seria bom ter trinta minutos por dia para ficar em paz, sem barulho,
sem ruídos e sem chamadas.
A proposta de relaxamento no labirinto tem por objetivo proporcio-
nar aos participantes uma atividade desconectada de tudo para cami-
nhar e se envolver com a geometria integrativa do labirinto, musica
ambiente, pé no chão, mente e corpo, e a percepção sensorial na di-
nâmica com a geometria do labirinto.

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Um programa que pode ser individual ou em grupo pequeno, onde os
aparelhos eletrônicos ficam desligados, não se fala de problemas,
situação econômica, problemas pessoais. É só caminhar seguindo a
orientação do facilitador!

Relax 2015 - Evento de relaxamento – Facilitador Bernardo

Experiência realizada numa academia de pilats, com onze participan-


tes, utilizando um labirinto de tecido, circular, com sete circuitos e
centro grande, com quatro metros de diâmetro.

Os participantes nunca tinham visto um labirinto desse tipo e nem


conheciam a atividade, sabiam apenas que seria uma atividade de
relaxamento caminhando num labirinto. Após as explicações e orien-
tações preliminares pedi para desligarem os celulares por trinta minu-
tos, que seria o tempo da atividade, e depois poderiam ligar.

Tudo aconteceu como planejado, todos os participantes entenderam a


orientação de como caminhar e a atenção somente no labirinto. Fi-
zemos cinco variáveis, as pessoas foram se descontraindo e se envol-
veram com o labirinto.

Quando encerrei as atividades, todos pegaram os celulares e tiramos


várias fotos, e no final agradeci a presença de todos e fiz uma obser-
vação: “Lembram que eu disse que nossa atividade iria durar só trinta
minutos? Pois é, ficamos uma hora e vinte minutos off line, relaxa-
mos, interagimos e o mundo não acabou!”
Todos se despediram felizes, agradeceram a oportunidade e foram
em paz.

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@

RELAX5

Um desconectar de tudo de cinco minutos para relaxar!


Proposta criada por nós com base na experiência com pessoas que
praticam cinco minutos, uma “escapadinha” das atividades diárias,
para relaxar e também praticar uma meditação focada para acalmar e
diminuir o stress.
Para facilitar a concentração na atividade criamos um cartão de mão
para percorrer com uma lapiseira os caminhos do labirinto tipo char-
tres com onze circuitos e que poderá levar você para o seu interior e
conectar sua energia original.

Cartão Relax5

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Os efeitos da caminhada

É comum acontecer após uma atividade no labirinto, de o caminhante


sair e não ter percebido nada de novo e não ter nada em mente, ape-
nas sair mais leve e descontraído, principalmente nas primeiras ativi-
dades. Após voltar para casa, se alimentar e dormir poderá no outro
dia acordar mais tranquilo, com uma nova ideia ou a solução de al-
guma questão mal resolvida.

No início pode ser imperceptível, mas vai desencadeando novos ar-


ranjos no pensamento e mostrando novos caminhos para solucionar
problemas que vinham incomodando. Pode ser tão sutil que a pessoa
não relacione sua nova disposição ao fato de ter andado no labirinto.

Como em março de 2016, relatou a senhora Cristina - profissional da


saúde, com cerca de cinquenta anos – que andou em um labirinto que
eu havia construído, que isso fez muito bem para ela e que após ca-
minhar tinha esquecido as preocupações. Contou também que tinha
resolvido uma situação que a deixava muito preocupada há vários
anos, com a maior tranquilidade, e que agora estava mais focada nas
suas atividades pessoais. Disse ainda, que tomou a decisão que resol-
veu aquela preocupação, uma semana depois de andar no labirinto.
Lembrava perfeitamente a data. “Que coisa incrível!”- comentou.
Expliquei sobre os efeitos da meditação do labirinto na mente e cor-
po, que sem perceber mudamos e passamos a ter uma visão mais
clara das coisas e aquilo que parecia uma grande dificuldade, era
apenas o modo de ver o problema.

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Caminhando no labirinto

Intuição

É mais comum acontecer no momento da caminhada em que se che-


ga ao centro e ali se permanece por alguns minutos em silêncio. Ge-
ralmente uma descoberta, a solução de um problema, que surge de
repente com toda clareza e sentido, do tipo: “Como não tinha pensa-
do nisso?”

Muitos pesquisadores e cientistas já revelaram que suas descobertas


aconteceram quando estavam fora do seu local de trabalho e fora da
sua casa. Andando na praia, sentado em um banco de jardim, vendo
pássaros na árvore.

O importante é tirar o foco do problema, sair do cenário cotidiano, e


oferecer ao cérebro um novo conjunto de percepções sensoriais em
um ambiente relaxante.

A jornada no labirinto poderá proporcionar este momento de desco-


berta, relaxamento e bem estar.

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Meditação labirinto de lona

Capítulo 3

Meditação Dinâmica – Mente e corpo

A meditação sentada, que foi inspirada nas práticas do oriente, atu-


almente está ampliada com a meditação dinâmica mente-corpo, que
une a mente, o corpo em movimento e a percepção sensorial, mais o
meio ambiente. Ela é praticada no labirinto de lona em salas de ativi-
dades e em labirintos construídos no piso ao ar livre, em ambiente
com plantas naturais e parque ecológico.

No momento, nas cidades, o que mais se pratica é a meditação cami-


nhando no labirinto de lona, devido à praticidade, ao conforto e à
segurança de se estar caminhando num espaço sem a interferência de
outras pessoas e que atende a todas as idades.

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Além da geometria integrativa do labirinto pintada no tapete de algo-
dão, recomenda-se um ambiente preparado para uma atividade onde
o corpo em movimento é importante na prática da meditação. Como
explica o Dr. Afonso C. Neves sobre a meditação no labirinto:

“Embora a meditação ocorra na mente, o corpo é uma ferramenta


importante para adentrar e permanecer no ato de meditar. Na medi-
da em que o corpo se desloca, há uma mobilização da mente seguin-
do esse corpo. Pode-se até mesmo fazer uma alegação neurocientífi-
ca, dizendo-se que há uma estimulação “proprioceptiva” (ou seja,
uma estimulação que segue a sensibilidade profunda do corpo), de
modo que há uma certa “moldagem” do indivíduo. O corpo, estando
envolvido com a atividade de caminhada no desenho do labirinto, faz
“descobertas” sobre o indivíduo. O deslocamento com surpresas
sucessivas, acaba levando a uma redução na “expectativa” do ca-
minhante em relação aos próximos passos e permite que se deixe do
hábito de sempre querer “antecipar e planejar.” Afonso Carlos Ne-
ves. Professor Afiliado e médico da Disciplina de Neurologia da Uni-
fesp-EPM. – Texto publicado em 2011.

Humanização da Saúde

Programa Meditação Caminhando no Labirinto - Unifesp

Nas minhas pesquisas sobre atividades com labirintos, encontrei o


trabalho desenvolvido pelo Dr. Afonso com a meditação no labirinto

29
de lona na Unifesp e agendei um dia para conhecer as atividades no
início de 2013.

Um trabalho importante que envolve a história do Labirinto de Char-


tres e a meditação caminhando. É gratuito, basta chegar no dia mar-
cado, conhecer a proposta e escolher caminhar no labirinto.

Participei como facilitador voluntário até 2016 e foi uma temporada


de grande aprendizado e transformação pessoal. (Projeto Humaniza-
ção da Saúde – Dr. Afonso Carlos Neves – Unifesp – EPM – Ativi-
dade que acontece uma vez por semana na cidade de São Paulo).

A meditação é realizada numa grande sala de eventos com paredes


claras, climatizada e sem barulho externo. O labirinto é do tipo Char-
tres, pintado na lona de algodão com sete metros de diâmetro. Dr.
Afonso é pioneiro no Brasil, no estudo e na utilização do labirinto na
saúde desde 1996.

Meditação Clássica

Meditação que passei a denominar como Meditação Clássica – Labi-


rinto Chartres.

Programa implantado e aperfeiçoado ao longo dos anos, com medita-


ção focada no caminho e na geometria sagrada do labirinto e que

30
deixa o caminhante livre para fazer sua meditação. Não questiona o
participante sobre sua profissão, origem, religião e a motivação que o
trouxe até aquele evento.
Na abertura é feita uma apresentação sobre o labirinto, sobre a Cate-
dral de Chartres, como caminhar e em seguida convidam-se as pes-
soas para iniciar a caminhada no labirinto. Ao som de música ambi-
ente, as pessoas vão entrando no labirinto e calmamente caminhando
em direção ao círculo central.
A saída das pessoas do labirinto é um grande aprendizado para quem
trabalha com labirintos. Alguns caminhantes saem, colocam os sapa-
tos, agradecem e vão embora. Outros colocam suas dúvidas para o
Dr. Afonso e recebem os esclarecimentos pertinentes. E tem ainda os
que saem muito emocionados, sentam-se em uma cadeira mais afas-
tada e ficam em silêncio. Importante é respeitar o momento de cada
um e não interferir quando as pessoas saem do labirinto.

Vivenciei nesta temporada como colaborador, o universo de muitas


pessoas, a tristeza, a simplicidade, a alegria e o privilégio de partici-
par de um programa que também é ligado ao núcleo de Neuro-
Humanidade.

Meditação Clássica

31
@
Meditação no Labirinto

A meditação no labirinto envolve vários aspectos. Primeiro vamos


falar da dinâmica que envolve a meditação caminhando, praticada
por vários segmentos, como a tradição dos monges que vivem isola-
dos em cabanas nas florestas do Camboja. Cada monge cria um cir-
cuito próximo de sua cabana e pratica sua meditação caminhando
todos os dias.

No labirinto, o caminho de entrada leva ao centro e durante a jornada


o caminhante vai relaxando e soltando as preocupações e as cone-
xões da vida cotidiana. No centro do labirinto, cada caminhante pra-
tica sua meditação em silêncio. Em seguida, deixa o centro e retorna
pelo caminho de volta, que a princípio é o mesmo, mas para o cami-
nhante tem outro sentido. Quem vivenciou a jornada de entrada e a
meditação no centro, quando retorna já não é o mesmo. Muita coisa
mudou dentro dele, o que às vezes não é detectado pelo caminhante
naquele momento, mas no caminho de volta ele será outro. Para ter
resultados, é recomendado praticar a meditação também diariamente,
na praça ou em casa. É preciso de um tempo desconectado do mun-
do.

32
@
Meditação vista de Dentro

São Paulo – Maio de 2014

Uma manhã fria de quarta-feira, dia de trabalho com as estações de


metrô lotadas de pessoas, cada uma agitada e preocupada com seu
horário para chegar ao trabalho ou voltar para casa. Depois de vinte
minutos, desembarco na estação Santa Cruz e saio na calçada tam-
bém lotada de pessoas apressadas, preocupadas com a segurança,
segurando suas bolsas junto ao corpo e atentas a qualquer pessoa que
se aproxime mais. Fico com a impressão de que todos andam rápi-
dos, mais para sair da calçada perigosa do que para chegar ao desti-
no.

Caminho por vinte minutos e chego ao prédio. Após me apresentar


na portaria e assinar o livro de entrada, chego à sala de eventos onde
teremos uma meditação, caminhando no labirinto. Aos poucos as
pessoas vão chegando, entre vinte e sessenta anos de idade, sendo
que a maioria está se encontrando pela primeira vez. Após orientação
sobre a meditação caminhando e o labirinto de Chartres, as pessoas
vão entrando calmamente ao som de música suave para meditação.
Em pouco tempo, todas as doze pessoas estão caminhando, e eu junto
com elas. Estão concentradas na sua jornada, em silêncio.

Para mim, que estudo a meditação e as atividades no labirinto, essa


meditação em grupo chamou a atenção para o comportamento e a
relação entre os caminhantes. Passei a vivenciar a relação entre o
meu caminhar e as outras pessoas que caminhavam perto de mim.
Como o labirinto é desenhado com vários caminhos, sendo um ao

33
lado do outro, teremos várias situações. Num momento, caminhamos
ao lado de outra pessoa, bem próximos, praticamente com o ombro
encostado. Em outro momento vamos de encontro a outro caminhan-
te, que vem no mesmo caminho e de frente um para o outro e, quan-
do estamos chegando perto, surge uma curva e mudamos de direção,
mas o olhar de serenidade do outro permanece - neste momento não
existe mais o medo. Quando um caminhante está entrando e se en-
contra com o outro que está saindo do mesmo caminho, surge uma
dúvida do que fazer, mas em seguida aquele que está saindo se move
na lateral do caminho, gentilmente dá passagem para o outro e ambos
retomam sua meditação caminhando.
O grande centro do labirinto - onde está pintada uma rosácea de seis
pétalas - permite que seis pessoas fiquem no centro para meditar.
Cada uma fica cerca de cinco minutos, em silêncio e respeitando o
momento de cada um.
Como já mencionei, participei dessa meditação como observador dos
participantes e da minha vivência com essas pessoas. A meditação
revelou que dentro do labirinto as pessoas se desarmam dos meca-
nismos de defesa que adotamos no dia a dia. Ninguém se assustou
quando cheguei tão próximo e caminhamos um trecho juntos. Obser-
vei o mesmo com outros caminhantes, também a gentileza entre eles
e, quando saíram do labirinto, cada um escolheu uma cadeira mais ao
fundo da sala e ali ficou por um tempo refletindo sobre o que viven-
ciou naquele dia. Penso que todos que participaram levaram consigo
uma semente que poderá transformar suas vidas.

@
A Espiritualidade e o Labirinto

“Um círculo vazio, símbolo desse estado primordial, fala com muita
força para quem nele se encontra.”

34
A prática de meditação, por nós desenvolvida como facilitadores,
tem como regra a não interferência na experiência pessoal do cami-
nhante na atividade do labirinto. Cada pessoa é um ser único, com
sua história de vida, sua crença e expectativa. Nosso papel é de ori-
entar em como se preparar, a forma correta de caminhar, como rela-
xar antes de entrar no labirinto, como pisar e estar confiante no ca-
minho que seguramente vai conduzir até o centro. Explicamos ao
caminhante que a viagem é só dele e que a vivência e as descobertas
são ativadas pela geometria integrativa do labirinto, mas que tudo
virá do seu interior. A espiritualidade na atividade do labirinto está
presente no relaxamento e nos programas específicos para esse fim,
como a meditação Cristã, Budista, peregrinação, e outras propostas.
É um caminhar tranquilo, focado nos passos lentos no caminho, com
respiração suave, sem controlar a viagem, relaxando e deixando-se
levar pelo caminho até chegar ao círculo central do labirinto.

“[...] Esse estado, fundamentalmente livre de intenção e do eu, é o


que o mestre Zen chama de espiritual. Com efeito, ele está carregado
de vigília espiritual, e recebe também a denominação de verdadeira
presença de espírito. Isto significa que o espírito está onipresente,
porque não está preso em nenhum lugar. E assim pode permanecer,
pois embora se relacione com isso ou aquilo, não se liga a nada re-
flexivamente e, portanto, não perderá sua mobilidade original. Pode
usar sua inesgotável energia porque está livre, e abrir-se para todas
as coisas porque está vazio. Um círculo vazio, símbolo desse estado
primordial, fala com muita força para quem nele se encontra.” A
Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen.

@
35
Meditação Cristã

A meditação Cristã tem raízes profundas na tradição dos primeiros


séculos do cristianismo. A peregrinação no labirinto com foco numa
palavra, objetiva desligar-nos das preocupações do momento presen-
te. É também chamada de oração contemplativa, onde a mente se
acalma e encontramos o nosso centro - onde o contato com Cristo
pode acontecer.

O Labirinto no Cristianismo

Catedral de Chartres – Construído em 1200

No dia da festa da Assunção de Nossa Senhora (no calendário Julia-


no, ainda em uso na idade média), um raio de sol atravessa o vitral
central da fachada e projeta a imagem de Nossa Senhora sobre a pla-
ca de cobre no centro do labirinto, com efeito luminoso espetacular.
O centro também é chamado Paraíso, ou Jerusalém.
O percurso do labirinto também seria chamado de Caminho de Jeru-
salém e seria percorrido com a recitação de orações de devoção -
com onze circuitos para caminhar até o Paraíso.

36
Foto do site da Catedral

Arte de Bernardo e a tradição do Labirinto de Chartres

Antes de relatar os fatos, gostaria de lembrar minha formação em


Desenho, a experiência do desenho com lápis e caneta e em seguida
com programa AutoCAD.

Quando resolvi desenhar os primeiros labirintos, utilizei o computa-


dor com programa AutoCAD (no ano de 2008) e estava trabalhando
com projeto arquitetônico residencial. Desenhei vários tipos: Creta,
circular, lúdico e jardim. Em 2010, já desenhava e pintava em tecido
para meditação, eventos e clientes.

Em 2011, recebi a encomenda do primeiro tapete labirinto tipo Char-


tres, com cinco circuitos pintados em tecido e com quatro metros de
diâmetro. Chartres é o labirinto com a geometria mais complexa e
exige uma atenção especial na hora de projetar e depois na pintura e
acabamento.

Preparei um esboço no papel - criação baseada na geometria de Char-


tres e não uma réplica - e em seguida desenhei o labirinto no CAD.

37
Depois de conferido, imprimi em papel para desenhar no tapete de
tecido, que nessa altura já estava pronto.

Iniciei às oito horas da manhã a marcação do centro do tapete e fui


fazendo as marcações de referência, mas quando chegou ao fim não
deu certo. A precisão do CAD para projetos é sabida e eu retornei ao
centro e iniciei a conferência de todas as medidas, mas não dava cer-
to. No final do dia, guardei tudo e parei por aí.
Durante a noite sonhei com o labirinto e a geometria de Chartres e
quando acordei pela manhã tinha um novo caminho: desenhar o labi-
rinto do modo tradicional - desenho feito à mão, com metro, régua,
compasso e linhas para marcação. Conferi meu esboço feito à mão e
as medidas estavam certas. Com esse desenho, parti para a nova em-
preitada, desenhei o labirinto à mão no tapete de lona, pintei na cor
azul e ficou perfeito - o primeiro grande labirinto de Chartres feito
por mim, totalmente construído dentro do próprio labirinto. E agora
entendo o mestre Zen quando fala que é preciso estar totalmente en-
volvido com sua arte para se ter a verdadeira presença de espírito.

A confusão que criei com as medidas, naquele momento pareceu ser


um desastre, mas a mensagem do sonho foi a primeira de muitas in-
tuições e serviu para abrir minha visão para a origem do labirinto de
Chartres - que foi construído no ano de 1200 - a geometria sagrada
presente no labirinto e no conjunto da catedral da qual ele faz parte.
Desenhar e pintar um labirinto tipo Chartres é estar de corpo e alma
conectado com a tradição dos construtores e pode originar um traba-
lho perfeito e uma celebração. Assim, tomei consciência da conexão
histórica e preparei o material para projetar e desenhar os próximos
labirintos diretamente na lona e depois pintar. Cada novo labirinto é
exclusivo, nasce do ponto central marcado no tapete e vai crescendo
e se desenvolvendo até as lunas do círculo externo, para depois ser
pintado à mão.

38
A partir daquele dia em 2011, vários tapetes tipo Chartres, com até
sete metros de diâmetro, foram criados por mim e nunca mais acon-
teceu um erro como aquele. E, pensando bem, não foi um erro. A
geometria sagrada do labirinto mostrou que havia um caminho me-
lhor para construir, original e iluminado.

Labirinto tipo Chartres criado por Bernardo

@
Geometria Sagrada e a Flor da Vida

Tudo o que existe na Terra e no Universo teria um padrão que permi-


te recriar e evoluir. A espiral, o círculo e os cinco sólidos platônicos
são encontrados nas artes, na arquitetura dos templos e no labirinto
na Catedral de Chartres, que fazem parte desta jornada. Tudo isso
demonstra os fundamentos espirituais e arquétipos representados nas
construções, painéis, nos pisos e tapetes.

Entre as formas geométricas mais utilizadas para representar e


transmitir os conhecimentos destaca-se a Flor da Vida. Uma imagem

39
que contém no seu núcleo um círculo com seis pétalas, que se expan-
de criando um conjunto de círculos conectados e em perfeito equilí-
brio. Um padrão de expansão sustentável que demonstra a harmonia
da vida dos humanos e da natureza. Conhecida também como Ovo da
Vida, Semente da Vida e Fruto da Vida, representa as diversas etapas
do desenvolvimento da vida e a evolução natural no planeta.

Ampliando a nossa visão, podemos dizer que a geometria sagrada


representa um universo conectado ou ainda um campo unificado,
sendo também utilizada para descrever a ordem universal.

40
Capítulo 4

Epílogo

Hoje, sentado na varanda para escrever, revejo as folhas do coqueiro,


as flores e os passarinhos, os sons e o equilíbrio da natureza. Mas
tudo está diferente, pois agora estamos em outubro de 2016. Vem à
lembrança o grande labirinto de sete metros - tipo Chartres - que pin-
tei esse ano e, com a construção do qual, fiquei trinta dias envolvido.
Na parte do desenho na lona e na pintura, fiquei nove dias direto no
grande círculo de sete metros. Marquei e iniciei do ponto central, que
não é visto depois de pronto o desenho, mas de onde tudo nasce. Ca-
da ponto até o círculo externo existe por causa do ponto original.
Na tarde do nono dia, já estava finalizando minha arte e a pintura
final foi na entrada do labirinto. Levantei com cuidado - importante
destacar que a pintura é feita de joelhos - recolhi a bandeja de tinta e
coloquei na mesa.
Afastei dois metros e visualizei o labirinto pronto. Sabia que não
precisava conferir os desenhos, precisava saber se estavam equilibra-
dos e a geometria perfeita. Ali, parado e com o silêncio sagrado, vi-
sualizei o labirinto flutuando sobre a lona de algodão natural e a e-
nergia da harmonia. Estava pronto!
Agora, escrevendo o final desta jornada tenho o mesmo sentimento,
está pronto e chegou a hora de seguir o novo caminho consciente de
estar voltando pra casa.

41
Desenhos para atividades

Desenhos de labirintos criados por Bernardo que você poderá utilizar


em atividades com crianças, adultos e idosos. Pode ser para caminhar
com a mão, com a caneta e também para colorir com lápis.

Caminho do Monge

42
Labirinto Celta

Labirinto Terra

43
Labirinto Tipo Chartres

44
Textos complementares
Referências Bibliográficas

CARSON, Shelley H. O Cérebro Criativo. Tradução de Bruno Cas-


sotti. Rio de Janeiro: Bestseller, 2012.

DAHLKE, Rudiger. Mandalas. São Paulo: Pensamento, 2007.

GALDINO, Luiz. Teseu e o Minotauro. São Paulo: FTD, 2006.

HERRIEL, Eugen. A arte cavalheiresca do arqueiro Zen. Prefácio de


Monja Coen. São Paulo: Pensamento, 2011.

ROVIRA, Alex. O labirinto da felicidade. São Paulo: Objetiva,


2009.

SACKS, Oliver. A mente assombrada. São Paulo: Companhia das


Letras, 2013.

WOSIEN, Maria G. Dança Sagrada. São Paulo: Triom, 2002.

BEHRMANN, Carolin. Synaesthesia Conference. 2014. Disponível


em: <www.artlaboratory-berlin.org>

CHARTRES, Cathedrale. Disponível em: <http://www.cathedrale-


chartres.org/>

LABIRINTOBR. Energia, movimento e conexão. São Paulo. Dispo-


nível em: <labirintobr.wordpress.com>

NEVES, Afonso C. Meditação Caminhando no Labirinto. Unifesp,


São Paulo. Disponível em: <meditar-labirinto.blogspot.com.br>
@

45
Agradecimentos

Sou imensamente grato, em primeiro lugar, às pessoas que estiveram


diretamente envolvidas com minha proposta, durante nove anos, e
contribuíram com sua atenção e paciência com algo tão inusitado
naquele momento. Devo agradecer também aos envolvidos na fase
final e no processo que culminou com a escrita deste livro. Foram
tantos e marcaram cada ponto dos caminhos criados na arte dos labi-
rintos.

Um agradecimento especial à minha irmã Monica Bernardo Toutin,


que compartilhou sua experiência, incentivou e esteve do meu lado
nessa jornada desde o início.

Devo agradecer também ao Dr. Afonso Carlos Neves que estimulou,


provocou e orientou minha busca com seus questionamentos.

Agradeço minha amiga Valéria Klos, que acompanha meu trabalho e


agora fez a revisão do texto.

46
Sobre o Autor

Sergio Bernardo

Bernardo leva uma vida eclética e rica em experiências. Estudou arte


plástica, arte-educação e desenho. Trabalhou com administração,
ecoturismo, como Agente Ambiental Voluntário e com workshops de
arte interativa. Criação, construção, eventos e pesquisa de labirintos.

2007 - Trabalhando com desenho arquitetônico, inicia as pesquisas


sobre a origem, os tipos e a mensagem dos labirintos.
2008 – Inicia a criação e a construção de labirintos para praticantes
de meditação e para profissionais que os utilizam nas atividades inte-
grativas.

Cursos de Atualização
2013 – Curso de Extensão: Leitura do Corpo a partir das Neurociên-
cias e da Psicologia. Departamento de Neurologia e Neurocirurgia.
Setor de Neuro-Humanidades - UNIFESP – EPM.
2013 – Curso de Extensão: Abordagens do Conhecimento: Interdis-
ciplinaridade e Transdisciplinaridade. Setor de Neuro-Humanidades
– UNIFESP - EPM.
2013 a 2016. - Facilitador Voluntário na atividade “Meditação Ca-
minhando no Labirinto” - Dr. Afonso Carlos Neves. Programa de

47
Humanização em Saúde do Complexo UNIFESP – EPM – Hospital
Universitário São Paulo. São Paulo/SP - Brasil.
2010 a 2016 - Criação e construção de labirintos para praticantes de
meditação e para profissionais que os utilizam em atividades integra-
tivas; facilitador em eventos de relaxamento e meditação; criação de
labirinto em ambiente natural – Ecolabirinto.
“Nosso trabalho envolve mistério, a vivência dos círculos e a geome-
tria sagrada, a natureza, a meditação caminhando e a simplicidade
do pé no chão.”

Contracapa

LABIRINTO A meditação vista de dentro


Sergio Bernardo
TEXTO&FOTOS

O Labirinto é uma estrutura milenar que utiliza o círculo, onde o ca-


minho com vários contornos leva o viajante até o centro. Proporciona
a conexão do ser humano com a dinâmica do caminhar e com a quie-
tude do centro. Reaparece no século XX, como uma plataforma para
relaxamento e meditação, saúde e melhoria da qualidade de vida.
O conjunto de atividades desenvolvidas por Bernardo nessa jornada
de nove anos, passa pela pesquisa, pela percepção sensorial e a práti-
ca da meditação caminhando e pela criação e construção de labirin-
tos. Assim foi a vivência com pessoas incríveis e a geometria sagrada
que agora é relatada no livro Labirinto - A meditação vista de dentro.
Nada como um novo olhar para nós mesmos.
Aproveite a viagem que leva ao centro dos Círculos Sagrados!
@

48
CONTATOS

Contatos do livro LABIRINTO - A meditação vista de dentro

Para adquirir o livro Labirinto:


http://umtempopravc.blogspot.com.br/
http://umtempopravc.blogspot.com.br/p/livro-ebook.html

Contatos - Sergio Bernardo


Sergio Bernardo: sberna53@hotmail.com

Facebook: Bernardo Sergio

Mídias

Facebook: Bernardoart
Labirintobr

LABIRINTOBR – blog: https://labirintobr.wordpress.com/

49
Extras

Geometria Integrativa

Bernardo e a arte do labirinto

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Construção

Inicio da construção do Labirinto Sol.

Para meditar caminhando na areia.

Bernardo marcando o centro.

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Labirinto Sol

52
Pintura

Pintura de labirinto com sete metros.

Lona de algodão natural.

Tinta acrílica.

@@@
FIM

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