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INTRODUÇÃO
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Doutoranda do PROPed - Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro(UERJ); Professor Substituto da Faculdade de Educação da UERJ; Professora do Curso
de Especialização em Psicopedagogia Institucional - Instituto “A Vez do Mestre”- Universidade
Cândido Mendes, do Rio de Janeiro; Psicóloga; Psicopedagoga e Especialista em Educação Especial,
marciamirian22@yahoo.com.br .
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Ph.D. em Educação Especial. Professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ,
leilareginanunes@terra.com.br .
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estudo, será dada prioridade apenas a algumas das pesquisas mais recentes voltadas para a
comunicação e a linguagem.
A comunicação e a interação social das pessoas com autismo têm sido temas de atenção de
diversos pesquisadores, por serem duas áreas básicas em que se concentram as dificuldades
dessas pessoas.
Estudos indicam que as crianças com autismo têm menor probabilidade de desenvolver a
linguagem. Glennen (2007) destaca que 61% das pessoas com autismo são funcionalmente
mudas, ou seja, não oralizam e, quando o fazem, a expressão verbal tem pouco ou nenhum
significado. Klin (2006) afirma que entre 20 a 30% dessa população não desenvolve a
linguagem verbal e 75% das crianças que falam manifestam padrões atípicos de verbalização
(NATIONAL RESEARCH COUNCH, NRC, 2001). Déficits na linguagem receptiva são,
também, evidenciados nos TGDs, que apresentam dificuldades em compreender enunciados
verbais e formas não verbal de comunicação.
O autismo não tem cura e seu prognóstico é variável. No entanto, teorias contemporâneas
ressaltam a importância das interações precoces entre os pais/cuidador e a criança como forma
de atenuar seus sintomas ou até prevenir a manifestação da síndrome (DAWSON, 2008).
Vygotsky (1987, p.5) compreende que a genuína comunicação humana “pressupõe uma
atitude generalizante que constitui um estágio avançado do desenvolvimento da palavra”.
Afirma que as formas mais elevadas da comunicação humana ocorrem porque o pensamento
do homem reflete uma realidade conceitualizada.
É no processo de interação entre a criança e seus interlocutores que se dá a aquisição de
conceitos, desenvolvendo, desta forma, a capacidade da criança de simbolizar o mundo que a
cerca. Nesta ótica, se torna imprescindível que o favorecimento do desenvolvimento da
linguagem com crianças com autismo ocorra em contextos onde as relações sociais são
privilegiadas, em conjunto com uma ação mediadora.
Chiari (1998), Williams, Aiello (2001) e Limongi (2003) assinalam a importância do
envolvimento da família nos programas de intervenção e destacam o papel da mesma na
deliberação das prioridades para seus filhos e na decisão pelos serviços oferecidos, em
contraposição às concepções anteriores que enfocavam a participação dos familiares como
simples “observadores” e “receptores” passivos das informações. Dessa forma, se torna
fundamental refletir sobre as formas de tratamento e as metodologias de ensino utilizadas com
as pessoas com autismo, para que se possam obter resultados efetivos não apenas no contexto
escolar ou terapêutico, mas principalmente em seu lar, junto à família.
Nas últimas décadas, a literatura científica tem evidenciado o desenvolvimento da linguagem
e da comunicação de crianças que se engajam em interações rotineiras com seus
pais/cuidadores (BRUNER, 1983; QUILL, 1995; TOMASELLO, 2007).
Rotinas interativas acontecem quando dois ou mais indivíduos se envolvem em interações
sociais, de modo cooperativo, visando atingir um fim específico (SYNDER-MCLEAN;
SOLOMONSON; MCLEAN; SACK, 1984). Esses eventos se caracterizam pela presença de
enunciados previsíveis, sequenciais e contextualizados, que permitem à criança antecipar
respostas durante a interação (QUILL, 1995), gerando padrões interativos e recíprocos de
respostas, equivalentes às tomadas de turno de uma conversa. Dessa forma, é favorecido que a
criança entenda o seu papel, enquanto ser funcional, em uma interação social onde, por vezes,
assumirá a função do “falante” e, em outros momentos, a função do “ouvinte”. É por meio das
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achados desses autores, reaplicando os estudos realizados para averiguar os efeitos dos
procedimentos de ensino, implementados no programa Hanen, no desenvolvimento da
linguagem, comunicação e habilidades sociais de crianças, menores de três anos de idade,
com riscos de autismo. Como objetivos específicos estão à capacitação dos pais/cuidadores,
assim como a avaliação de sua responsividade durante as interações rotineiras com as
crianças.
OBJETIVOS
METODOLOGIA
Participantes – duas crianças, do sexo masculino: Leonardo (nome fictício), com 2,2 e
João (nome fictício), com 2,7 e seus pais: Artur e Júlio (nomes fictícios), respectivamente.
Também participam a pesquisadora Marcia (psicóloga e psicopedagoga), Paula (nome
fictício), como assistente de pesquisa e um profissional da instituição participante - Ana
(nome fictício), para dar apoio técnico.
TCLE - O consentimento à participação na pesquisa foi realizado no primeiro contato
da pesquisadora com a direção da instituição, onde os dados estão sendo coletados. A
direção recebeu informações com relação ao objetivo do estudo, aceitou participar da
pesquisa e assinou, em nome da instituição, a carta de anuência. Os pais das crianças
também assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), autorizando a
participação de seu filho e de sua participação, bem como a autorização para a exibição de
fotografias e filmagens realizadas durante a pesquisa.
Agentes de intervenção – A pesquisadora atua como agente de capacitação e conta
com o auxílio de uma assistente de pesquisa (Paula – nome fictício). Um profissional da
instituição participante (fonoaudióloga Ana – nome fictício) foi convidado a fazer parte do
programa de intervenção, fornecendo apoio técnico à pesquisadora.
Local – A presente pesquisa está ocorrendo em uma sala de atendimento de uma
instituição especializada da rede privada, sem fins lucrativos, na cidade do Rio de Janeiro,
e nas residências das díades (pai-criança).
Materiais – Filmadora digital, câmera fotográfica, notebook, impressora,
plastificadora, cartões com pictogramas, brinquedos e alimentos.
Instrumentos de Avaliação – entrevista semiestruturada - versão adaptada do
inventário Social Networs (BLACKSTONE; HUNT BERG, 2003; Childhood Autism
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DESENVOLVIMENTO
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RESULTADOS PARCIAIS
Antes da apresentação dos dados coletados até o presente momento, dois aspectos importantes
merecem destaque:
A dificuldade do diagnóstico – apesar da busca de diagnóstico pelos pais desde
um ano e quatro meses de vida, em decorrência da percepção de comportamentos
inadequados para a idade e a dificuldade de comunicação e interação dos seus filhos,
Leonardo, somente com 2,1 de idade, e João, com 2,6 de idade, obtiveram a certificação
de que apresentam risco de autismo. Cabe apontar que tanto Leonardo como João, é o
segundo filho dos casais e que os pais observaram a diferença no comportamento e no
desenvolvimento das crianças comparando com o irmão/irmã mais velho (a). Porém,
apesar das observações dos pais, os profissionais de saúde anteriormente procurados,
não as valorizaram e nem as consideraram;
A disponibilidade dos pais para a participação na pesquisa - A literatura
científica assinala a presença muito significativa, e quase exclusiva, de mães nos
tratamentos de seus filhos, ocorrendo, com frequência, baixa participação de pais. O
engajamento dos pais, por certo, possibilita um novo olhar. No entanto, cabe ressaltar
que a mãe de Leonardo, quando a família ingressou na pesquisa, se encontrava no oitavo
mês de gestação e a mãe de Artur está no quinto mês de gestação.
Quanto à avaliação das crianças: Leonardo e João obtiveram pontuação indicativa para
autismo na Escala CARS – Childhood Autism Rating Scale (PEREIRA, 2007) – autismo
moderado. Leonardo apresentou escore 34 e João escore 32. No M-CHAT, preenchido pelo
pais, tanto Leonardo como João, também obtiveram pontuação sugestiva de Transtorno
Global do Desenvolvimento (TGD).Após a aplicação do Inventário Portage, foi verificado
que Leonardo apresenta atraso significativo na área de linguagem, atraso importante na área
de socialização e, consequentemente, leve defasagem na área de cognição. João ainda se
encontra em processo de avaliação para, a seguir, entrar na fase de Linha de Base, com a
realização dos encontros e filmagens.
Análise dos dados da Linha de Base: Com a díade Leonardo-Artur foram realizados seis
encontros, com filmagens, para a construção da Linha de Base. Na análise dos dados
coletados, até o presente momento, foram observadas dificuldades importantes de interação
pai-criança.
Cabe apontar que as filmagens iniciais apresentam momentos de muita dificuldade do pai
para interagir com Leonardo, utilizando com frequência, a postura de apressado, sem aguardar
ou mesmo incentivar a resposta do filho, aparentando certo desânimo. Porém, com a
continuidade dos encontros e das filmagens, observou-se que Artur passou a tomar a postura
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de professor, buscando interagir com Leonardo. Os dados revelam, no entanto, que embora o
pai procurasse se comunicar/interagir com seu filho, somente em alguns momentos buscou a
comunicação face a face e nomeou os objetos que a criança demonstrava interesse. Também
foi observado que Artur não tomou a iniciativa de nomear ações e nem utilizou fala
infantilizada com Leonardo. Foi constatado, ainda, embora de forma esporádica, o uso de
algumas perguntas, a imitação e interpretação de sons e vocábulos e a presença, em algumas
ocasiões, de entusiasmo por parte de Artur.
Quanto aos comportamentos de Leonardo, foi verificado que, inicialmente, o menino buscava
se comunicar com o pai apenas puxando-o até algum local, com o objetivo de atender aos
seus interesses e necessidades. No transcorrer dos encontros e filmagens foi observado que
Leonardo passou a emitir, embora raramente, sons e vocábulos. Tais emissões ocorreram após
o pai ter utilizado os referidos sons e vocábulos durante uma brincadeira, principalmente sons
onomatopéicos, imitando o barulho de um motor de carro, pois a criança apresenta muito
interesse pelo brinquedo e, também, após a criança ver o pai empilhar blocos de plástico ou de
madeira, para que ele depois os derrubasse, emitindo a palavra caiu.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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BRUNER, J. Child’s Talk: Learning to use language. New York: W.W. Norton & Company,
1983.
CARTER, A. S.; MESSINGER, D. S.; STONE, W. L.; CELIMU, S.; NAHMIAS, A. S.;
YODER, P. A randomized controlled trial of Hanen’s ‘More Than Words’ in toddlers with
early autism symptoms. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 2011.
CRIPE, J.; VENN, M. Family-guided routines for early intervention services. Young
Exceptional Children. p. 18-26, 1997.
DAWSON, G. Early behavioral intervention, brain plasticity, and the prevention of autism
spectrum disorder. Development and Psychopathology. v.20, p. 775-803, 2008.
KLIN, A. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev. Bras. Psiquiatria. Official
Journal of the Psychiatric Association. v. 28, n.1, p. S3-S11, 2006.
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PAULA, C.S.; RIBEIRO, S.H.; FOMBONNE E.; MERCADANTE, M.T. Brief Report:
Prevalence of Pervasive Developmental Disorder in Brazil: A Pilot Study. J Autism Dev
Disord, DOI 10.1007/s10803-011, 2011, p.1200-1206.
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