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2007

Compensação 
Reativa e a Correção 
do Fator de Potência 
Uma visão da engenharia de projetos 
Versão R2.0.0 
 
Esta publicação técnica é mantida revisada e atualizada para download 
no site www.engeweb.eng.br. 
 
 

Engeweb
Engenharia sem fronteiras
Ricardo Prado Tamietti 
VERT Engenharia 
 
E S T A P U B L I C A Ç Ã O T É C N I C A É D E P R O P R I E D A D E A U T O R A L D E R I C A R D O P R A D O
T A M I E T T I , S E N D O V E T A D A A D I S T R I B U I Ç Ã O , R E P R O D U Ç Ã O T O T A L O U P A R C I A L
D E S E U C O N T E Ú D O S O B Q U A I S Q U E R F O R M A S O U Q U A I S Q U E R M E I O S
(ELETRÔNICO, MECÂNICO, GRAVAÇÃO, FOTOCÓPIA, DISTRIBUIÇÃO NA WEB OU
O U T R O S ) S E M P R É V I A A U T O R I Z A Ç Ã O , P O R E S C R I T O , D O P R O P R I E T Á R I O D O
D I R E I T O A U T O R A L .

R E S E R V A D O S T O D O S O S D I R E I T O S .

T O D A S A S D E M A I S M A R C A S E D E N O M I N A Ç Õ E S C O M E R C I A I S S Ã O D E
P R O P R I E D A D E S D E S E U S R E S P E C T I V O S T I T U L A R E S .

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA:

REVISÃO:
R I C A R D O P. T A M I E T T I

TAMIETTI, Ricardo Prado.


Compensação reativa e a correção do fator de potência – uma
visão da engenharia de projetos/ Ricardo Prado Tamietti – Belo
Horizonte, MG: Engeweb, 2007.

ISBN 85-905410-1-2

Inclui bibliografia
1. Engenharia. 2. Compensação reativa. 3. Correção do fator de
potência.

E S T A P U B L I C A Ç Ã O T É C N I C A É M A N T I D A R E V I S A D A E A T U A L I Z A D A P A R A
D O W N L O A D N O S I T E W W W . E N G E W E B . E N G . B R .
SOBRE O AUTOR

Ricardo Prado Tamietti


Graduado sem Engenharia Elétrica pela UFMG em 1994, onde também concluiu os
cursos de pós-graduação em Engenharia de Telecomunicações e em Sistemas de
Energia Elétrica com ênfase em Qualidade de Energia. Sócio-diretor da VERT
Engenharia. Engenheiro e consultor da COBRAPI desde 1994, com grande
experiência na elaboração, coordenação e gerenciamento de projetos de instalações
elétricas industriais e sistemas prediais, tendo atuado nas áreas de educação
corporativa, desenvolvimento de engenharia, sistema de gestão da qualidade,
engenharia de projetos, planejamento e controle, gerenciamento de contratos, de
projetos e de equipes técnicas de eletricidade. Auditor especializado em sistema de
gestão da qualidade para empresas de engenharia, segundo prescrições da ABNT
NBR ISO 9001. Membro da Comissão de Estudos CE-064.01 da ABNT/CB-03 -
Comitê de Eletricidade da ABNT. Autor de livros, softwares e artigos técnicos na área
de instalações elétricas. Na área acadêmica, atua como Coordenador técnico e
docente de cursos de pós-graduação lato sensu direcionados ao ensino da engenharia
de projetos industriais em diversas universidades do país.

Mantém na internet a loja virtual www.engeweb.eng.br, uma editora multimídia


especializada na produção e distribuição de conteúdos autorais e informativos – tanto
de criação própria quanto de autores parceiros – sob a forma de cursos e e-books
(livros digitais) para a área de engenharia.

contato: tamietti@vertengenharia.com.br
Este trabalho é dedicado aos meus pais,
meus grandes incentivadores, à minha
esposa Cris, pelo constante apoio e
compreensão e ao nosso filho Matheus, a
mais nova razão da nossa vida.

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COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

SUMÁRIO

1 CONCEITOS BÁSICOS........................................................................................................................................... 2
1.1 ENERGIA ELÉTRICA .......................................................................................................................................... 2
1.2 TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA........................................................................................................................ 3
1.2.1 Análise de circuitos em corrente contínua (CC) e alternada (CA) .......................................................... 4
1.3 ELEMENTOS DE UM CIRCUITO ELÉTRICO ........................................................................................................... 5
1.3.1 Resistência ............................................................................................................................................. 5
1.3.2 Indutância ............................................................................................................................................... 7
1.3.3 Capacitância........................................................................................................................................... 8
1.3.4 Impedância ............................................................................................................................................. 9
1.4 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA ..................................................................................................................... 13
1.4.1 Potência complexa ............................................................................................................................... 22
1.4.2 Medição de energia .............................................................................................................................. 26
2 FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS .............................................. 31
2.1 FUNDAMENTOS DO FATOR DE POTÊNCIA ........................................................................................................ 31
2.2 POR QUE PREOCUPAR-SE COM O FATOR DE POTÊNCIA? ................................................................................... 32
2.3 CAUSAS DE UM BAIXO FATOR DE POTÊNCIA ................................................................................................... 38
2.3.1 Motores de indução operando em vazio ou superdimensionados (operando com pequenas cargas) . 38
2.3.2 Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas.......................................................... 39
2.3.3 Lâmpadas de descarga ........................................................................................................................ 40
2.3.4 Grande quantidade de motores de pequena potência em operação durante um longo período .......... 40
2.3.5 Tensão acima da nominal..................................................................................................................... 40
2.3.6 Cargas especiais com consumo de reativo .......................................................................................... 40
2.4 CONSEQUÊNCIAS DE UM BAIXO FATOR DE POTÊNCIA ..................................................................................... 40
2.4.1 Aumento das perdas na instalação ...................................................................................................... 41
2.4.2 Aumento da queda de tensão............................................................................................................... 41
2.4.3 Subutilização da capacidade instalada................................................................................................. 41
2.4.4 Sobrecarga nos equipamentos de manobra, proteção e controle ........................................................ 42
2.4.5 Aumento da seção nominal dos condutores......................................................................................... 42
3 CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ......................................................................................................... 46
3.1 MÉTODOS PARA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ..................................................................................... 46
3.1.1 Alterações na rotina operacional do sistema elétrico ........................................................................... 47
3.1.2 Aumento do consumo de energia ativa ................................................................................................ 47
3.1.3 Instalação de motores síncronos superexcitados................................................................................. 49
3.1.4 Instalação de capacitores ..................................................................................................................... 50
3.2 VANTAGENS DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ..................................................................................... 60
3.2.1 Liberação da capacidade do sistema ................................................................................................... 60
3.2.2 Melhoria da tensão ............................................................................................................................... 68
3.2.3 Melhoria na regulação da tensão ......................................................................................................... 70
3.2.4 Redução das perdas ............................................................................................................................ 71
3.2.5 Redução da corrente de linha............................................................................................................... 74
4 TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ...................................................................................... 76
4.1 MODELOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA .......................................................................................... 76
4.1.1 Correção individual ............................................................................................................................... 77
4.1.2 Correção por grupos de cargas (quadro de distribuição terminal)........................................................ 82
4.1.3 Correção geral (quadro principal de baixa tensão)............................................................................... 82
4.1.4 Correção primária (entrada de energia em alta tensão) ....................................................................... 83
4.1.5 Correção mista ..................................................................................................................................... 84
4.2 OS TIPOS DE COMPENSAÇÃO DA ENERGIA REATIVA ........................................................................................ 86
4.2.1 Tipo clássico de banco fixo................................................................................................................... 86
4.2.2 Sistemas semi-automáticos e automáticos........................................................................................... 87
4.2.3 Correção do fator de potência em tempo real ...................................................................................... 89
4.3 NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA INSTALAÇÃO ................................................................................................ 90

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4.3.1 Tamanho de carga ............................................................................................................................... 90


4.3.2 Tipo de carga........................................................................................................................................ 91
4.3.3 Regularidade da carga ......................................................................................................................... 91
4.3.4 Capacidade de carga ........................................................................................................................... 91
4.4 ESQUEMAS ELÉTRICOS DE CORREÇÕES INDIVIDUAIS PARA PARTIDAS DE MOTORES ........................................ 91
5 CAPACITORES DE POTÊNCIA.......................................................................................................................... 96
5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS ............................................................................................................................. 97
5.1.1 Princípios básicos................................................................................................................................. 97
5.1.2 Capacitância......................................................................................................................................... 98
5.1.3 Energia armazenada ............................................................................................................................ 99
5.1.4 Corrente de carga................................................................................................................................. 99
5.1.5 Ligação de capacitores......................................................................................................................... 99
5.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS............................................................................................................... 100
5.2.1 Caixa .................................................................................................................................................. 101
5.2.2 Armadura............................................................................................................................................ 103
5.2.3 Dielétrico............................................................................................................................................. 103
5.2.4 Líquido de impregnação ..................................................................................................................... 104
5.2.5 Resistor de descarga.......................................................................................................................... 104
5.2.6 Ligação das unidades capacitivas em bancos.................................................................................... 104
5.3 DIMENSIONAMENTO DE BANCOS DE CAPACITORES ....................................................................................... 109
5.3.1 Configuração em estrela aterrada ou triângulo................................................................................... 110
5.3.2 Configuração em estrela isolada ........................................................................................................ 111
5.3.3 Configuração em dupla estrela isolada............................................................................................... 112
5.3.4 Configuração em dupla estrela aterrada............................................................................................. 113
5.3.5 Método prático NBR 5060 .................................................................................................................. 116
5.4 CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS ...................................................................................................................... 121
5.4.1 Conceitos básicos .............................................................................................................................. 121
5.5 MANOBRA E PROTEÇÃO DE CAPACITORES .................................................................................................... 128
5.5.1 Dimensionamento de equipamentos de manobra para bancos de capacitores em baixa tensão ...... 132
5.5.2 Dimensionamento de dispositivos de proteção para banco de capacitores em baixa tensão ............ 133
5.5.3 Dimensionamento de dispositivos de manobra e proteção para banco de capacitores em alta tensão
138
5.5.4 Dimensionamento de condutores ....................................................................................................... 139
5.6 INSPEÇÃO, ENSAIOS E MANUTENÇÃO DE CAPACITORES ................................................................................ 140
5.6.1 Ensaios de capacitores....................................................................................................................... 140
5.6.2 Inspeção de capacitores..................................................................................................................... 145
5.6.3 Manuseio e armazenamento .............................................................................................................. 145
5.6.4 Manutenção de capacitores................................................................................................................ 146
5.7 SEGURANÇA E INSTALAÇÃO DE CAPACITORES .............................................................................................. 146
5.7.1 Requisitos de segurança .................................................................................................................... 146
5.7.2 Interpretação dos parâmetros dos capacitores................................................................................... 148
5.7.3 Cuidados na instalação de capacitores .............................................................................................. 148
5.8 LIGAÇÕES DE CAPACITORES EM ALTA TENSÃO ............................................................................................. 150
5.9 ATERRAMENTO DE CAPACITORES ................................................................................................................. 151
5.9.1 Bancos de baixa tensão ..................................................................................................................... 151
5.9.2 Bancos de alta tensão ........................................................................................................................ 151
5.10 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA ............................................................................................................................. 151
5.11 NORMALIZAÇÃO TÉCNICA ............................................................................................................................ 152
6 TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA......................................................................................................... 156
6.1 PRINCIPAIS DEFINIÇÕES ................................................................................................................................ 156
6.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES DE ENERGIA ....................................................................................... 158
6.2.1 Consumidores do Grupo A ................................................................................................................. 158
6.2.2 Consumidores do Grupo B ................................................................................................................. 159
6.3 TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA .............................................................................................................. 159
6.3.1 Tarifação convencional....................................................................................................................... 162
6.3.2 Tarifação horo-sazonal ....................................................................................................................... 163
6.3.3 Tarifação monômia ............................................................................................................................. 168
6.4 DEMANDA, CONSUMO E FATOR DE POTÊNCIA ............................................................................................... 168

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6.5 A LEGISLAÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ....................................................................................................... 171


6.5.1 O faturamento de energia e demanda ativa ....................................................................................... 174
6.5.2 O faturamento de energia e demanda reativas excedentes ............................................................... 180
6.5.3 Reduzindo a fatura de energia elétrica ............................................................................................... 189
6.6 FATOR DE CARGA ......................................................................................................................................... 200
6.6.1 Tarifação convencional....................................................................................................................... 203
6.6.2 Tarifação Horo-sazonal Azul .............................................................................................................. 203
6.6.3 Tarifação Horo-sazonal Verde............................................................................................................ 204
7 PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ............................................................................. 206
7.1 INSTALAÇÕES EM FASE DE PROJETO ............................................................................................................. 206
7.1.1 A contratação do projeto..................................................................................................................... 206
7.1.2 Levantamento dos dados para estimativa do fator de potência.......................................................... 208
7.1.3 Metodologia para estimativa do fator de potência .............................................................................. 210
7.2 INSTALAÇÕES EM OPERAÇÃO........................................................................................................................ 215
7.2.1 Levantamento de dados ..................................................................................................................... 216
7.2.2 Medições ............................................................................................................................................ 217
7.2.3 Método dos consumos médios mensais............................................................................................. 217
7.2.4 Método analítico ................................................................................................................................. 218
7.2.5 Método das medições diretas............................................................................................................. 218
8 GERENCIAMENTO ENERGÉTICO................................................................................................................. 221
8.1 CONTROLE DE DEMANDA, CONSUMO E FATOR DE POTÊNCIA ........................................................................ 221
8.1.1 A medição feita pela concessionária .................................................................................................. 222
8.1.2 Os controladores de demanda ........................................................................................................... 223
8.2 GERENCIAMENTO DE ENERGIA ..................................................................................................................... 228
8.2.1 Sistema típico de gerenciamento energético...................................................................................... 230
8.2.2 Monitoração energética remota (via internet) ..................................................................................... 234
8.3 CONTROLE AUTOMÁTICO DE BANCO DE CAPACITORES ................................................................................. 235
8.3.1 Controle automático de tensão........................................................................................................... 235
8.3.2 Controle automático da potência reativa capacitiva ........................................................................... 236
8.3.3 As vantagens do controle de fator de potência centralizado .............................................................. 237
9 BANCOS DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS ................................................. 240
9.1 ORIGEM DOS FENÔMENOS TRANSITÓRIOS ..................................................................................................... 241
9.1.1 Sobretensões ..................................................................................................................................... 245
9.1.2 Sobrecorrentes ................................................................................................................................... 250
9.2 COMO MINIMIZAR OS EFEITOS DOS FENÔMENOS TRANSITÓRIOS ................................................................... 251
9.2.1 Resistores de pré-inserção................................................................................................................. 251
9.2.2 Chaveamento com fechamento sincronizado..................................................................................... 252
10 COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS.......................................................... 254
10.1 O QUE SÃO HARMÔNICAS ............................................................................................................................. 256
10.1.1 Ordem, freqüência e seqüência das harmônicas ............................................................................... 260
10.1.2 Espectro harmônico............................................................................................................................ 260
10.2 ORIGEM DAS HARMÔNICAS........................................................................................................................... 262
10.2.1 Classificação das cargas não-lineares ............................................................................................... 264
10.2.2 Exemplos de cargas geradoras de harmônicas.................................................................................. 265
10.3 PROBLEMAS CAUSADOS PELAS HARMÔNICAS ............................................................................................... 266
10.3.1 Motores e geradores .......................................................................................................................... 267
10.3.2 Transformadores ................................................................................................................................ 267
10.3.3 Aumento da corrente eficaz................................................................................................................ 268
10.3.4 Fator de potência................................................................................................................................ 268
10.3.5 Distorção das características de atuação de relés de proteção ......................................................... 268
10.3.6 Cabos de alimentação ........................................................................................................................ 268
10.3.7 Interferências...................................................................................................................................... 270
10.3.8 Ressonâncias ..................................................................................................................................... 270
10.3.9 Vibrações e acoplamentos ................................................................................................................. 270
10.3.10 Aquecimentos excessivos .................................................................................................................. 270
10.3.11 Disparos de dispositivos de proteção ................................................................................................. 270

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10.3.12 Tensão elevada entre neutro-terra ..................................................................................................... 271


10.3.13 Aumento do erro em instrumentos de medição de energia ................................................................ 271
10.3.14 Equipamentos eletrônicos .................................................................................................................. 271
10.4 DISTORÇÃO DE CORRENTE X DISTORÇÃO DE TENSÃO ................................................................................... 272
10.5 QUANTIFICAÇÃO DAS HARMÔNICAS ............................................................................................................. 273
10.5.1 A taxa de distorção harmônica ........................................................................................................... 273
10.5.2 Fator de crista..................................................................................................................................... 278
10.6 MEDIÇÃO DE SINAIS HARMÔNICOS ............................................................................................................... 279
10.6.1 Instrumentos convencionais de valor médio....................................................................................... 279
10.6.2 Instrumentos de valor eficaz verdadeiro (“TRUE RMS”)..................................................................... 279
10.7 HARMÔNICOS VERSUS TRANSITÓRIOS ........................................................................................................... 281
10.8 PERDAS DIELÉTRICAS EM CAPACITORES NA PRESENÇA DE HARMÔNICAS...................................................... 281
10.9 FATOR DE POTÊNCIA COM HARMÔNICAS ...................................................................................................... 281
10.9.1 Potências ativa, reativa e aparente .................................................................................................... 282
10.9.2 Fator de potência................................................................................................................................ 285
10.10 NORMALIZAÇÃO PARA HARMÔNICAS ........................................................................................................... 291
10.10.1 Limites da norma IEC 61000-3-2........................................................................................................ 292
10.10.2 Limites da Norma IEC 61000-3-6 ....................................................................................................... 292
10.10.3 Limites da Norma IEC 61000-2-2 ....................................................................................................... 292
10.10.4 Limites da norma IEEE 519-2............................................................................................................. 292
10.11 EFEITOS DA RESSONÂNCIA ........................................................................................................................... 294
10.11.1 Circuitos ressonantes série e paralelo: conceitos básicos em redes lineares .................................... 295
10.11.2 Circuitos ressonantes série e paralelo em redes não-lineares ........................................................... 298
10.12 LOCALIZANDO FONTES DE HARMÔNICAS ...................................................................................................... 300
10.13 PROTEÇÕES CONTRA HARMÔNICAS .............................................................................................................. 301
10.14 FLUXOGRAMA DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA NA PRESENÇA DE HARMÔNICAS .............................. 302
APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL............................................................................................................. 305

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS......................................................................... 344

APÊNDICE C – PROCEDIMENTO DE COMPRA DE BANCO DE CAPACITORES....................................... 354

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS ......................................................................... 359

APÊNDICE E – BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 369

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PREFÁCIO

É com muita alegria e satisfação que, Faltava no mercado uma publicação


decorridos cinco anos do lançamento da técnica que apresentasse uma abordagem
versão 1.0 do eBook “Correção do fator de básica sobre o assunto, objetivando a
Potência”, apresentamos a versão 2.0, compreensão dos seus aspectos
rebatizada para “A compensação reativa e a fundamentais. Considerando-se a
Correção do Fator de potência: uma visão da experiência que obtive na minha vida
engenharia de projetos”, totalmente revisada, profissional e acadêmica, utilizo como
ampliada e com nova formatação. Foram filosofia a consideração de que o
incluídas dezenas de novas figuras e de entendimento e a compreensão de questões
novos exercícios. complexas pressupõem o domínio dos
aspectos mais fundamentais e básicos sobre
Esta publicação técnica tem o principal
o tema. Sem desmerecer o rigor matemático
objetivo de fornecer aos profissionais
que o tema merece, seremos objetivos na
orientações e subsídios técnicos mínimos
nossa explanação e na apresentação das
para um correto dimensionamento e
equações que serão utilizadas na prática,
aplicação de capacitores em sistemas de
sem desviar nosso foco (que é o projeto da
potência para fins de compensação de
compensação reativa) para as intermináveis
reativos da instalação e conseqüente
deduções das equações, através de uma
correção efetiva do fator de potência,
“sopa” de senos e cossenos. Isto fica a cargo
proporcionando às empresas maior
dos livros de análise de circuitos elétricos,
qualidade e maior competitividade. Especial
que tratam muito bem do assunto.
destaque é dado para plantas com
concentração de harmônicos, baseando-se Desde já, peço desculpas pelos
nas normas mais difundidas (nacional, como eventuais enganos cometidos ou assuntos
ABNT, e internacionais como IEC, NEMA, não abordados dentro do tema proposto.
ANSI/IEEE). Serão muito bem vindas as sugestões e
críticas para melhoria deste material.
Abordamos também a questão da
Obrigado a todos os leitores/usuários da
tarifação da energia elétrica, assunto
versão anterior que, de maneira muito
intimamente relacionado ao controle da
significativa, enviaram suas sugestões para a
demanda e do fator de potência, visando
conclusão desta nova versão.
apresentar as oportunidades típicas para
economia de energia através da redução do Por fim, vale salientar a principal filosofia
custo da energia comprada (R$/kWh) e da desta publicação: ser um material formativo,
redução do consumo de energia (kWh). e não informativo. Este é o grande diferencial
em relação a muitos livros na área técnica de
Considerando a importância das
eletricidade, onde acabamos apenas sendo
finalidades mencionadas e entendendo
“informados” sobre o assunto, tipo: “isto
tratar-se de matéria técnica já
serve para isto e pronto”. O grande objetivo é
exaustivamente apresentada, porém nem
formar o leitor, dando conhecimentos
sempre do alcance geral de maneira didática,
básicos e explicação do “por que” das coisas,
completa e abrangente, este material foi
para que ele possa adquirir conhecimento e
elaborado com uma fácil linguagem de
conseguir dar soluções aos problemas
exposição, com exemplos e aplicações
relativos à compensação reativa nas
práticas para engenheiros, eletrotécnicos e
instalações elétricas industriais.
demais profissionais envolvidos com o
assunto em referência.
Ricardo Prado Tamietti
tamietti@vertengenharia.com.br
Dezembro de 2005.

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INTRODUÇÃO

Cada vez mais se acentua a Juntamente com o aumento do consumo


preocupação com o aumento de de energia reativa, vieram os problemas
produtividade do sistema elétrico, através de decorrente do seu fluxo pelo sistema, sendo
estudos de otimização e execução de necessária a redução da mesma para
projetos de eficientização energética. atenuar suas conseqüências prejudiciais à
Devemos nos atentar não apenas em instalação.
economizar energia, mas em consumir com
Atualmente, um dos grandes problemas
produtividade, ou seja, minimizar ou
que merecem especial atenção dos
compensar o consumo de energia reativa em
profissionais envolvidos com projetos de
uma instalação elétrica.
correção do fator de potência está
O tema “correção do fator de potência” é relacionado com o aparecimento das cargas
relativamente antigo e exaustivamente não lineares, como fornos de indução a arco
estudado. Desde as primeiras décadas de e outros dispositivos de descarga, e
1900 têm-se utilizado capacitores para a principalmente devido ao avanço da
compensação dos reativos nos mais variados eletrônica de potência, com a utilização de
segmentos. Os conceitos básicos são inversores de frequência, soft starters,
antigos, mas sempre novos problemas conversores CA/CC, o que tem tornado
surgem, muitas vezes em função dos crítica a aplicação de capacitores nestas
avanços tecnológicos, como, por exemplo, as instalações.
instalações com conteúdo harmônico na
Os harmônicos e o fenômeno da
presença de capacitores. Portanto, é
ressonância, em conjunto, propiciaram o
necessário um constante acompanhamento e
aumento do consumo de energia, queima de
desenvolvimento de novas metodologias de
equipamentos eletrônicos sensíveis e dos
correção e medição do fator de potência.
próprios capacitores, além das perdas de
Até meados deste século, os sistemas produção, apenas para citar algumas das
elétricos existentes no País caracterizavam- conseqüências mais comuns. A partir disso,
se pela proximidade das Usinas Geradoras têm-se adotado algumas técnicas para a
às unidades consumidoras e pelo tipo de correção do fator de potência e redução dos
carga quase que exclusivamente resistiva níveis harmônicos aos valores normalizados
(basicamente lâmpadas incandescentes). pelo IEEE, IEC e ANEEL, com a adoção de
filtros, sistemas desintonizados, além de
A diversificação da utilização da energia
modelos híbridos.
elétrica e os novos tipos de carga, aliados ao
crescimento do mercado consumidor e da Desta forma, a compensação da energia
industrialização de maneira geral, alteraram reativa numa instalação é de suma
a característica do sistema elétrico de importância e produz grandes vantagens,
potência, aumentando as distâncias entre os entre elas:
pontos de geração e consumo da energia
ƒ Redução das perdas de energia em
elétrica, além da introdução de valores cada
cabos e transformadores, pela
vez maiores de energia reativa em virtude da
redução da corrente de alimentação;
instalação de motores, reatores, fornos,
capacitores, etc. ƒ Redução dos custos de energia
elétrica, não só pela eliminação do
Esta nova demanda de carga reativa no
ajuste na tarifa imposto pela
sistema originou a necessidade de ampliação
concessionária, como pela redução
do sistema de geração e transmissão, com
das perdas;
usinas com maior capacidade para atender o
aumento de cargas resistivas e reativas.

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ƒ Liberação da capacidade do sistema, para geração de energia elétrica aliado as


permitindo a ligação de cargas dificuldades econômicas para atender ao
adicionais, ou seja, aumento na mercado consumidor de energia em franca
capacidade de condução dos cabos e expansão, foi necessário rever os critérios de
da capacidade disponível em verificação e tarifação da energia reativa
transformadores; excedente.
ƒ Elevação dos níveis de tensão, Assim, o extinto DNAEE (Departamento
melhorando o funcionamento dos Nacional de Águas e Energia Elétrica),
equipamentos da instalação. atualmente com a denominação de ANEEL
(Agência Nacional de Energia Elétrica),
É importante observar que a
através da resolução Nº 479 de 20 de Março
preocupação com o consumo de energia
de 1992, estabeleceu que o fator de potência
reativa não deve ser apenas das grandes
mínimo de referência deveria ser igual a
instalações elétricas (usualmente complexos
92%, sendo válida, atualmente, a resolução
industriais). Nestes, o problema é acentuado
Nº 456/ANEEL, de 29 de Novembro de 2000.
e "pesa" no bolso dos proprietários, não
apenas devido ao aumento de perdas, queda Em outras palavras, o atual limite, livre de
de tensão ou sobrecarga nos equipamentos, tarifação para consumo de energia reativa, é
mas também através dos chamados "ajustes de 42% do consumo médio mensal e da
da tarifação" (as populares "multas") devido demanda instantânea de energia ativa
ao elevado consumo de energia reativa. (correspondente ao fator de potência de
92%) em cada posto horário (ponta e fora de
Por outro lado, as instalações de menor
ponta e entre 0 e 6 horas).
porte, como as instalações prediais
(residenciais de maior porte e principalmente Com o avanço da tecnologia e com o
comerciais) e pequenas indústrias e aumento das cargas não lineares nas
instituições, por não haver em muitos casos instalações elétricas (geradoras de
ajuste da tarifação, não se preocupam com a harmônicas), a correção do fator de potência
compensação da energia reativa. Porém, passa a exigir alguns cuidados especiais que
mesmos nestes casos, é importante observar veremos em detalhes, e que, infelizmente,
o consumo de reativo, pois uma nem sempre são levados em consideração
compensação poderá evitar todas as na elaboração dos projetos de correção do
conseqüências negativas acima fator de potência.
mencionadas, visando racionalizar o
É importante salientar que, na maioria
consumo de seus equipamentos elétricos e
das vezes, por desconhecimento técnico,
paradas de produção.
muitos projetistas limitam-se a aplicação de
Com o principal objetivo de otimizar o uso bancos de capacitores (fixos ou automáticos,
da energia elétrica gerada no país, limitando em baixa ou média tensão) utilizando-se
o fluxo de energia reativa no sistema elétrico simplesmente de medições pontuais de
e evitando o elevado sobredimensionamento consumo ou demanda de energia reativa,
do mesmo, surgiu a primeira regulamentação quando o correto é uma análise da curva
referente ao uso de energia elétrica, diária de demanda de reativos, conforme os
estabelecida pelo Decreto Lei Nº 75887 de limites estabelecidos pela legislação do fator
20/06/75 com a adoção do fator de potência de potência.
de 85% como referência. Consumidores
Aliado a este fato, não basta determinar
atendidos em alta tensão que apresentassem
apenas o montante de energia reativa e os
valor médio mensal abaixo desse referencial
respectivos capacitores para um eficiente
eram penalizados com um percentual de
projeto de compensação reativa. Faz-se
ajuste na conta de energia (multa).
necessário, além dos dados das medições
Com o esgotamento cada vez maior das de energia, as medições de harmônicas e
fontes hidráulicas economicamente viáveis possíveis ressonâncias com a rede, bem

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como a análise dos tipos de cargas correto da empresa dentro das diversas
envolvidas e seus respectivos regimes de modalidades tarifárias existentes, para que a
operação. empresa tenha um contrato de fornecimento
de energia adequado às suas condições e
De posse destes dados, dependendo da
necessidades.
sofisticação da solução e do desempenho
requerido para a rede elétrica, poder-se-á Em face do crescente uso de automação
adotar desde uma simples aplicação de nas indústrias e do aumento das multas e
capacitores (fixos ou automáticos), passando ajustes cobrados pelas concessionárias, o
pela instalação de reatores de dessintonia gerenciamento da energia elétrica vem se
(para evitar ressonâncias perigosas, apesar tornando uma necessidade para as
do aumento da distorção harmônica), filtros empresas interessadas em reduzir custos.
de harmônicos (para atenuar a distorção Como será apresentado, os consumidores
harmônica) até a utilização de sistemas não estão se preocupando apenas com os
automáticos de injeção de reativos em tempo ganhos decorrentes da eliminação de multas,
real, através de controladores dotados de e passam a exigir recursos para que se
tiristores para chaveamento rápido. alcance um aumento de produtividade
através da diminuição de interrupções, maior
Outro assunto bastante importante que
vida útil dos transformadores e demais
será abordado é o de gerenciamento de
equipamentos instalados nas subestações.
energia e os diagnósticos energéticos,
objetivando a indicação do enquadramento

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Capítulo
Conceitos básicos
I

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 1


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1 Conceitos básicos

Sumário do capítulo
1.1 ENERGIA ELÉTRICA
1.2 TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA
1.2.1 Análise de circuitos em corrente contínua (CC) e alternada (CA)
1.3 ELEMENTOS DE UM CIRCUITO ELÉTRICO
1.3.1 Resistência
1.3.2 Indutância
1.3.3 Capacitância
1.3.4 Impedância
1.4 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA
1.4.1 Potência complexa
1.4.2 Medição de energia

É extremamente importante ƒ Energia térmica;


estabelecer, logo de início, uma linguagem
ƒ Energia mecânica;
comum, de forma que a comunicação de
cada termo a ser utilizado seja bastante ƒ Energia elétrica;
clara. Cada nova “quantidade” introduzida ƒ Energia química;
deve ser apresentada. É o que chamamos de
unidades de medida. Para podermos ƒ Energia atômica, etc.
interpretar uma grandeza mensurável, é Uma das mais importantes
necessário o conhecimento tanto de um características da energia é a possibilidade
número quanto uma unidade, como, por de sua transformação de uma forma para
exemplo “10 metros”. outra. Por exemplo: a energia térmica pode
Neste livro será utilizado o Sistema ser convertida em energia mecânica
Internacional de Unidades (SI), conforme (motores de explosão), energia química em
descrito pela Resolução Conmetro 01/82, energia elétrica (pilhas), etc. Entretanto, na
sendo de uso compulsório no Brasil. Este maioria das formas em que a energia se
sistema é formado por sete unidades básicas apresenta, ela não pode ser transportada, ela
(metro, kilograma, segundo, ampère, kelvin, tem que ser utilizada no mesmo local em que
mol e candela) e duas unidades é produzida.
suplementares (radiano e esterradiano). A Na realidade, a energia elétrica é
combinação destas estabelece várias outras invisível. O que percebemos são seus
unidades, chamadas de unidades derivadas. efeitos, tais como:
As unidades de medidas, bem como as suas Luz;
grafias, símbolos e prefixos, estão
apresentadas no Anexo A e serão ƒ Calor;
introduzidas no momento da definição de ƒ Choque elétrico, etc.
cada termo técnico ao longo dos capítulos.

1.1 Energia elétrica A energia elétrica é uma forma de


energia que pode ser transportada com
facilidade, ao contrário de outras formas de
Energia é a capacidade de produzir energia.
trabalho e apresenta-se sob várias formas:

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 2


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1.2 Tensão e corrente elétrica

Nos materiais condutores, como os fios,


existem partículas invisíveis chamadas - - -
elétrons livres, que estão em constante - - -
movimento de forma desordenada.
Para que estes elétrons livres passem a Figura 1.1 Fluxo de elétrons através da seção de um
se movimentar de forma ordenada nos fios, é condutor.
necessário ter uma força que os empurre em
uma mesma direção. A esta força é dado o
nome de potencial elétrico ou tensão Para fazermos idéia do comportamento
elétrica (U), e sua unidade de medida é o da corrente elétrica, podemos compará-la
volt [V]. Na verdade, o que faz com que os com uma instalação hidráulica, interpretando
elétrons se movimentem é a diferença de o fornecimento de energia elétrica a uma
potencial (tensão) entre dois pontos no fio, carga como sendo realizado por um
ou seja, uma diferença entre as “bombeamento de carga elétrica”.
concentrações de elétrons (carga elétrica).
A pressão que a água faz depende da
Esse movimento ordenado dos elétrons altura do reservatório (analogia com a
livres, provocado pela ação da diferença de energia elétrica: tensão). A quantidade de
potencial (tensão), forma uma corrente de água que flui pelo cano por unidade de
elétrons. Essa corrente ordenada de elétrons tempo, ou seja, a vazão d’água, expressa em
livres (ou seja, carga “Q” em movimento) por m3/s (analogia com a energia elétrica:
unidade de tempo (t) é chamada de corrente corrente) vai depender desta pressão e do
elétrica (I), e sua unidade de medida é o diâmetro do cano (analogia com a energia
ampère [A], definido como a “corrente elétrica: resistência).
elétrica invariável que, mantida em dois
condutores retilíneos, paralelos, de Observe a pilha da figura 1.2. A energia
comprimento infinito e área de seção química faz com que as cargas positivas
transversal desprezível e situados no vácuo (prótons) e as negativas (elétrons) se
a 1 metro de distância do outro, produz entre concentrem em extremidades opostas (polos
esses condutores uma força igual a 2 x 10-7 positivo e negativo), estabelecendo uma
newtons por metro de comprimento desses tensão elétrica U entre elas. Adicionalmente,
condutores”. como as duas extremidades da pilha estão
interligadas por um condutor, a tensão
Q elétrica obriga os elétrons livres do circuito a
I= (1.1) fluirem do polo negativo para o positivo. Este
Δt
fluxo ordenado de elétrons, como vimos, é a
corrente elétrica.
onde:
I = Corrente elétrica, em ampère [A];
Q = carga elétrica, em coulomb [C]; U I
Δt = intervalo de tempo, em segundo [s]. +
Pilha
-
Desta forma, pode-se dizer que a
intensidade da corrente é caracterizada pelo
número de elétrons livres que atravessa uma Figura 1.2 Tensão e corrente elétrica.
determinada seção do condutor na unidade
de tempo.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 3


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1.2.1 Análise de circuitos em corrente [Hz] e designado pela letra “f”. No Brasil, a
contínua (CC) e alternada (CA) frequência é padronizada em 60Hz, ou seja,
a tensão (e a corrente) se inverte 60 vezes
A figura 1.3, letra (a), mostra a por segundo. A relação entre a freqüência da
representação gráfica da tensão e corrente onda e o período é dada por:
contínuas (CC), onde se vê que suas
intensidades não variam ao longo do tempo. 1
f = (1.2)
T
No entanto, exceto para aplicações
muito específicas (equipamentos movidos à
bateria, na maior parte), as instalações
Nos circuitos alternados trabalha-se
elétricas (geração, transmissão, distribuição
com os valores instantâneos da intensidade
e utilização) são feitas sob tensão e corrente
da tensão e da corrente, que são expressos
alternadas (CA). Como mostra a letra (b) da
por:
mesma figura, as intensidades da tensão e
da corrente alternadas variam ao longo do
tempo, comportando-se, graficamente, por
exemplo, como uma curva de característica u(t ) = Um ⋅ sen(ω ⋅ t + α ) (1.3)
trigonométrica do tipo senoidal. i(t ) = Im⋅ sen(ω ⋅ t + β ) (1.4)
Importante:
onde:
Em análise de circuitos, é comum distinguir-
se as quantidades constantes das variáveis u = tensão instantânea, em volt [V];
com o tempo, pelo emprego de letras
i = corrente instantânea, em ampère [A];
maiúsculas para as constantes (contínuas) e
minúsculas para as variáveis (alternadas). Um = intensidade máxima da tensão em 1
período, em volt [V];
Denomina-se período da tensão e da
Im = intensidade máxima da corrente em 1
corrente alternadas o tempo “T”, medido em
período, em ampère [A];
segundos, necessário para que suas
intensidades "percorram" a onda senoidal, ϖ = 2 π f = frequência angular, em [rad/s],
isto é: irem de zero até o máximo positivo, sendo “f” a frequência em hertz [Hz];
voltarem a zero, irem até o mínimo negativo t = intervalo de tempo, em segundo [s];
e, por fim, retornarem novamente a zero. α e β = ângulo de fase da tensão e corrente,
O número de períodos por segundo que em graus (fase da onda em t = 0).
a tensão e a corrente alternadas perfazem é
denominado frequência, medido em hertz

Figura 1.3 Tensão e corrente contínuas e alternadas.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 4


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u 1.3 Elementos de um circuito elétrico

Dispositivos elétricos, tais como


Um
fusíveis, lâmpadas, baterias, bobinas, etc,
podem ser representados por uma
ω.t
combinação de elementos de circuitos muito
simples, constituídos, genericamente, por
dois terminais condutores perfeitos através
α dos quais a corrente pode entrar ou sair do
elemento (figura 1.5).

A
Figura 1.4 Onda de tensão senoidal com ângulo de B
fase diferente de zero.

Na figura 1.4, está representada a


expressão 1.3 com ângulo de fase igual a Figura 1.5 Um elemento de circuito geral.
zero (senóide na cor vermelha) e diferente de
zero (senóide na cor verde). Nesta situação,
pode-se dizer que o senóide verde está Os chamados elementos ativos são
adiantada de “α” graus. aqueles capazes de fornecer energia
(potência) para a rede (tais como as fontes
Na prática, utilizamos os valores
independentes de tensão e corrente). Os
eficazes da tensão (U) e da corrente (I)
elementos passivos são aqueles capazes de
senoidais, que representam valores médios e
absorver ou armazenar a energia das fontes
são expressos por:
(tais como resistores, capacitores e
Um indutores).
U= (1.5)
2
Im 1.3.1 Resistência
I= (1.6)
2 Todos os materiais oferecem alguma
resistência à circulação da corrente elétrica:
de pouca a quase nenhuma, nos condutores,
Onde U e I são medidos em [V] e [A], a alta, nos isolantes. A resistência elétrica,
respectivamente, e o significado dos termos designada pela letra R, é a medida em ohm
Um e Im já foram vistos. [Ω] da oposição que o circuito condutor
oferece à circulação da corrente, sendo
expressa por:
Importante:
U = R⋅ I (1.7)
Daqui para frente, sempre que nos referirmos
a tensão ou a corrente alternada, a menos
que dito o contrário, suas intensidades estão onde:
pressupostas serem as eficazes,
representadas pelas abreviaturas U e I, U = tensão, em volt [V];
respectivamente. I = corrente, em ampère [A];
R = resistência, em ohm [Ω].

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 5


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A expressão 1.7 é a interpretação 1.3.1.1 Associação de resistências


matemática da Lei de Ohm, que diz:
A associação das resistências em um
A corrente que flui através de uma circuito elétrico pode ser de dois tipos:
resistência é diretamente proporcional à associação série e associação paralela.
tensão aplicada e inversamente proporcional
Uma associação em série é aquela em
à resistência.
que o valor da corrente elétrica é a mesma
em cada resistência (o valor da tensão sob
cada elemento é variável e depende do valor
Nesta forma simples, a Lei de Ohm se
da resistência). Já na associação em
aplica apenas aos circuitos de corrente
paralelo, todas as resistências estão
contínua e aos de corrente alternada que
submetidas ao mesmo valor da tensão (o
contenham somente resistências.
valor da corrente em cada elemento é
Para os circuitos alternados contendo variável e depende do valor da resistência).
indutores e/ou capacitores, novos
parâmetros precisam ser considerados - tais a) Associação de resistências em série
parâmetros sendo, respectivamente, a
indutância e/ou a capacitância do circuito, A associação de resistências em série
fenômenos que descreveremos logo adiante. pode ser representada através do seu valor
equivalente Req (figura 1.7), conforme
Em corrente alternada, como vimos, a
expressão 1.8.
tensão e, conseqüentemente, a corrente,
mudam de polaridade no ritmo estabelecido
pela frequência, seguindo um
comportamento senoidal.
R1 R2 Rn
Nas resistências elétricas, as senóides
da tensão e da corrente passam pelos seus
pontos notáveis (máximo, zero e mínimo)
simultaneamente, como mostra a figura 1.6. Req
Diz-se que estão "em fase" e representa-se
por ϕ = 0º. O ângulo ϕ, denominado ângulo Figura 1.7 Associação de resistências em série.
de fase, mede a defasagem entre a tensão e
corrente em um determinado instante, ou
seja, ϕ = α - β. Re q = R1 + R2 + ... + Rn (1.8)

b) Associação de resistências em paralelo

A associação de resistências em
paralelo pode ser representada através do
seu valor equivalente Req (figura 1.8)
conforme expressão 1.9.

Figura 1.6 Senóides da tensão e da corrente nas


resistências.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 6


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R1

R2

Rn

Req
Figura 1.9 Senóides da tensão e da corrente nas
Figura 1.8 Associação de resistências em paralelo. bobinas (indutores).

Como esquematizado na figura 1.9, nos


circuitos puramente indutivos, o
1 1 1 1 retardamento da corrente a faz ficar
= + + ... + (1.9)
Re q R1 R2 Rn defasada de 90° em relação à tensão, ou
seja, o ângulo de fase é ϕ = 90°.

1.3.2 Indutância
Dica:
A corrente alternada, ao circular em Nos circuitos de corrente contínua, as
uma bobina (indutor), gera o fenômeno de bobinas se comportam como um curto-
auto-indução, ou seja, a bobina, ao ser circuito.
energizada, induz tensão em si mesma.
Por sua vez, a tensão auto-induzida 1.3.2.1 Associação de indutores
gera uma contra-corrente, que provoca o
retardamento da corrente em circulação. A associação dos indutores em um
Este fenômeno (uma forma de circuito elétrico pode ser de dois tipos:
resistência) é denominado reatância associação série e associação paralela.
indutiva, designado por XL , medido em ohm Uma associação em série é aquela em
[Ω] e expresso por: que o valor da corrente elétrica é a mesma
em cada indutor (o valor da tensão sob cada
XL = ω ⋅ L = 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ L (1.10) elemento é variável e depende do valor da
indutância). Já na associação em paralelo,
todos os indutores estão submetidos ao
onde: mesmo valor da tensão (o valor da corrente
em cada elemento é variável e depende do
f = frequência, em hertz [Hz];
valor da indutância).
L = indutância, em henry [H];
a) Associação de indutores em série
ϖ = 2 π f = frequência angular, em [rad/s].
A associação de indutores em série
pode ser representada através do seu valor
O indutor é um elemento passivo do equivalente XLeq (figura 1.10), conforme
circuito que armazena energia durante certo expressão 1.11.
período de tempo e devolve esta durante
outro período, de tal forma que a potência
média é zero (definiremos o termo “potência”
mais adiante).

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 7


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XL1 XL2 XLn também eles, oferecem certa resistência à


passagem da corrente alternada,
denominada
= reatância capacitiva,
XLeq
designada por XC , medida em ohm [Ω] e
expressa por:

Figura 1.10 Associação de indutores em série.


1 1
XC = = (1.13)
ω ⋅ C 2 ⋅π ⋅ f ⋅ C
onde:
XLeq = XL1 + XL 2 + ... + XLn (1.11) f = frequência, em hertz [Hz];
C = capacitância, em farad [F];
ϖ = 2 π f = frequência angular, em [rad/s].
b) Associação de indutores em paralelo
No capacitor, o armazenamento de
energia é em um campo elétrico, enquanto
A associação de indutores em paralelo no indutor é em um campo magnético.
pode ser representada através do seu valor Conforme mostrado na figura 1.12, nos
equivalente XLeq (figura 1.11) conforme circuitos puramente capacitivos, a corrente
expressão 1.12. fica adiantada de 90° em relação à tensão,
XL1
ou seja, o ângulo de fase é: ϕ = - 90°.

XL2

XLn

XLeq

Figura 1.11 Associação de indutores em paralelo.

Figura 1.12 Senóides da tensão e da corrente nos


capacitores.

1 1 1 1
= + + ... + (1.12) Dica:
XLeq XL1 XL 2 XLn
Nos circuitos de corrente contínua, os
O comportamento da associação série capacitores se comportam como um
e paralelo de indutores são iguais ao interruptor aberto.
comportamento da associação de resistores.
1.3.3.1 Associação de capacitores

1.3.3 Capacitância A associação dos capacitores em um


circuito elétrico pode ser de dois tipos:
Capacitores são elementos passivos do associação série e associação paralela.
circuito que acumulam eletricidade e,

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 8


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Uma associação em série é aquela em XCeq


que o valor da corrente elétrica é a mesma
em cada capacitor (o valor da tensão sob
cada elemento é variável e depende do valor
da capacitância). Já na associação em Figura 1.14 Associação de capacitores em paralelo.
paralelo, todos os capacitores estão
submetidos ao mesmo valor da tensão (o
valor da corrente em cada elemento é
variável e depende do valor da capacitância). XCeq = XC1 + XC 2 + ... + XCn (1.15)

a) Associação de capacitores em série O comportamento da associação série


e paralelo de capacitores é o inverso do
comportamento da associação de resistores
A associação de capacitores em série e indutores.
pode ser representada através do seu valor
equivalente XCeq (figura 1.13), conforme
expressão 1.14. 1.3.4 Impedância
XC1 XC2 XCn
Os circuitos elétricos de corrente
alternada raramente são apenas resistivos,
indutivos ou capacitivos. Na esmagadora
maioria das vezes, apresentam as duas
XCeq reatâncias (ou somente uma delas)
combinadas com a resistência.
A resistência total do circuito - que
Figura 1.13 Associação de capacitores em série. passa a ser denominada impedância,
designada por Z e, evidentemente, medida
em ohm [Ω] - é o resultado dessa
: combinação.
1 1 1 1 Porém, como vimos nas figuras 1.6, 1.9
= + + ... + (1.14) e 1.12, a resistência e as reatâncias são
XCeq XC1 XC 2 XCn vetores (grandezas que agrupam três
informações: módulo, direção e sentido).
b) Associação de capacitores em paralelo
A composição vetorial que fornece a
A associação de capacitores em impedância é bastante simples, pois seus
paralelo pode ser representada através do vetores são coplanares e posicionados a 90°,
seu valor equivalente XCeq (figura 1.14) como esquematizado na figura 1.15.
conforme expressão 1.15. Em vista disso, ela é determinada como
a hipotenusa do triângulo retângulo,
denominado triângulo das impedâncias,
em que um dos catetos é a resistência e o
outro a reatância indutiva ou a capacitiva ou,
XC1 XC2 XCn caso coexistam, a diferença vetorial entre
estas duas. Vetorialmente, considera-se a
reatância indutiva positiva e a capacitiva,
negativa.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 9


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XL Z Z
(a1) XL (b1) X
R R
R R R
(a2) XC (b2) X
XC Z Z

(a1) e/ou (a2) (b1) ou (b2)

Figura 1.15 Vetores componentes da impedância.

Z = R2 + X L
2
Podemos escrever, observando a figura (1.20)
1.15 e utilizando o Teorema de Pitágoras, as
seguintes relações trigonométricas: b) Caso a2

Z = R2 + X C
2
(1.21)
Z
X c) Caso b1 ou b2
ϕ
Z = R2 + X 2 = R2 + ( X L − X C )
2
R (1.22)

Nas expressões 1.20 e 1.21, casos (a1)


e (a2), todos os termos já são nossos
Z = R2 + X 2 (1.16) conhecidos. No caso (b1) ou (b2), o termo X
é a diferença algébrica entre a reatância
R = Z ⋅ cos ϕ (1.17) indutiva XL e a capacitiva XC. Quando, em
X = Z ⋅ senϕ (1.18) valores absolutos:
ƒ a indutância é maior, o circuito é
⎛X⎞
ϕ = arctg ⎜ ⎟ (1.19) predominantemente indutivo, caso (b1)
⎝R⎠ da figura 1.15;
Conforme apresentado na Tabela 1.1, o ƒ a indutância é menor, o circuito é
ângulo da impedância indicado na expressão predominantemente capacitivo, caso (b2)
1.19 torna-se respectivamente, para cargas da figura 1.15.
predominantemente indutivas e capacitivas:

⎛ XL ⎞ ⎛ ωL ⎞
ϕ = arctg ⎜ ⎟ = arctg ⎜ ⎟ (1.19a)
⎝ ⎠
R ⎝ R ⎠ 1.3.4.1 Combinação de impedâncias

⎛ XC ⎞ ⎛ −1 ⎞ As impedâncias combinam entre si


ϕ = arctg ⎜ ⎟ = arctg ⎜ ⎟ (1.19b)
⎝ ⎠
R ⎝ ωCR ⎠ (combinação série e paralelo) exatamente
como as resistências e as indutâncias.
A impedância de um circuito elétrico,
portanto, pode apresentar-se segundo uma
das seguintes variantes: a) impedâncias em série:
a) Caso a1 Zeq = Z1 + Z 2 + ... + Zn (1.23)

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 10


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b) impedâncias em paralelo: A expressão (1.25), definida no


chamado “domínio da freqüência” (quando
1 1 1 1 descrito por meio de quantidades complexas
= + + ... + (1.24)
Zeq Z1 Z 2 Zn chamadas fasores), é formalmente igual à
Lei de Ohm (U = R.I), para uma rede resistiva
no “domínio do tempo” (quando o estado
estacionário é especificado por meio de
1.3.4.2 Impedância no domínio da senos e cosenos).
frequência
Uma carga pode ser reapresentada por
A Lei de Ohm, que permitiu a derivação sua impedância equivalente Z, que, como
da expressão 1.7, para os circuitos de vimos, é composta pela resistência R e pela
corrente alternada, passa então a ser reatância X equivalente.
expressa de maneira mais geral pela relação Existem duas maneiras de representar
entre a tensão fasorial U& e a corrente a impedância Z:
fasorial I& (onde Z& é um número complexo,
ƒ Forma retangular ou cartesiana;
mas não um fasor):
ƒ Forma polar.

U& = Z& ⋅ I& (1.25)


Nota:
Para maiores detalhes sobre as
Nota: representações na forma retangular e polar,
ver apêndice A.
O pequeno ponto sobre a variável indica que
é um número complexo, composto por suas
componentes real e imaginária. A forma retangular (também conhecida
por “representação complexa”) é
apresentada da seguinte maneira:

O fasor, uma representação Z& = R + jX (1.26)


geométrica de um segmento linear orientado
que gira no sentido anti-horário (convenção)
onde:
a uma velocidade angular ω (rad/s), possui
“tamanho” igual à amplitude do seu sinal R (resistência) é a chamada “parte real” da
equivalente da curva senóide; o ângulo entre
impedância, em ohm [Ω];
dois fasores é a diferença entre dois pontos
correspondentes na curva senóide. X (reatância) é a chamada “parte imaginária”
da impedância, em ohm [Ω];
Função:
j = operador matemático que define o
u = 150 ⋅ cos(200t + 45º ) V chamado “número complexo”.

A forma polar é representada da


Representação do fasor: U& = 150 ∠45º V seguinte maneira:
‘ U ∠α U
U& O fasor U& gira em Z& = Z ∠ϕ = = ∠α − β (1.27)
sentido anti-horário I ∠β I
150 V com velocidade
45º ω = 200 rad/s onde:

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 11


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|Z|= módulo da impedância; predominantemente capacitivos, I se adianta


de U e -90º < ϕ < 0º.
α = ângulo da tensão;
β = ângulo da corrente;
A reatância, que, como vimos, na forma
ϕ = ângulo de fase da impedância, que mede retangular é a parte imaginária da
o ângulo pelo qual a tensão se adianta em impedância, é considerada positiva quando
corrente (ϕ = α - β); for uma reatância indutiva (j XL) e negativa
∠ = operador matemático para separar o quando for uma reatância capacitiva (-j XC).
módulo do ângulo de fase. Em circuitos A Tabela 1.1 apresenta circuitos
puramente resistivos, os valores de I e U elétricos combinados com resistências,
estão em fase e ϕ = 0º; em circuitos indutâncias e capacitâncias no domínio da
predominantemente indutivos, a corrente I se freqüência.
atrasa de U e 0º < ϕ < 90º; em circuitos

Tabela 1.1 Diagramas fasoriais para circuitos com elementos resistivos, indutivos e capacitivos.

Ângulo da
Diagrama fasorial Esquema elétrico Impedância Z
impedância
U&

I&
α=β
R Z& = R ∠ϕ ϕ = 0º
Os fasores I e U
estão em fase
ϕ = 0º

U&
j XL = j ωL ⎛ XL ⎞
ϕ ϕ = arctg ⎜ ⎟
α Z& = R + jXL ⎝ R ⎠
β
Z& = R 2 + X L ∠ϕ
2
⎛ω L⎞
R = arctg ⎜ ⎟
I& ⎝ R ⎠
I se atrasa de U
0º < ϕ < 90º

U&
ϕ
- j XC = -j(1/ωC) ⎛ − XC ⎞
I& ϕ = arctg ⎜ ⎟
β
Z& = R − jXC ⎝ R ⎠
α
Z& = R 2 + X C ∠ϕ
2
⎛ −1 ⎞
R = arctg ⎜ ⎟
⎝ω C R ⎠
I se adianta de U
-90º < ϕ < 0º

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 12


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EXEMPLO 1.1 Calcule a impedância de um circuito RL, de (1.19b),


com R = 10 Ω, L = 50 mH e frequência igual a 60Hz.
⎛ XC ⎞ ⎛ −1 ⎞ ⎛ − 4,4 ⎞
ϕ = arctg ⎜ ⎟ = arctg ⎜ ⎟ ϕ = arctg ⎜ ⎟ = −28,8º
Solução: ⎝ R ⎠ ⎝ ωCR ⎠ ⎝ 8 ⎠

de (1.27), Z& = Z ∠ϕ = 9,1 ∠ − 28,8º


Como o circuito é reativo indutivo, temos que, de
(1.10):
XL = ωL = 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ L = 2 ⋅ π ⋅ 60 ⋅ 0,05 = 19 Ω 8Ω

ϕ=62,2º
de (1.26), - j4,4 Ω
9,1 Ω
Z = R 2 + XL2 = 10 2 + 19 2 = 21,4 Ω

Representação na forma retangular:

de (1.26), Z& = (R + jXL ) = (10 + j19) Ω


EXEMPLO 1.3 Calcule a impedância Z e a corrente I
Representação na forma polar: para um circuito RL série, com R = 10 Ω, L = 4 mH e
uma tensão aplicada de u = 200⋅ sen 5000t .
de (1.19a),
⎛ XL ⎞ ⎛ 19 ⎞ Solução:
ϕ = arctg ⎜ ⎟ = arctg ⎜ ⎟ = 62,2º
⎝ R⎠ ⎝ 10 ⎠
Da expressão da tensão (1.3), temos que U = 200V e ϖ
de (1.27), Z& = Z ∠ϕ = 21,4 ∠62,2º = 5000. Portanto:

Triângulo das impedâncias: ( )


XL = ωL = 5000 ⋅ 4 × 10 −3 = 20 Ω

de (1.26), Z& = 10 + j 20 = 22,3 ∠63,4º Ω

21,4 Ω Para U& = 200∠0º V , a corrente será, de (1.25):


j19 Ω
ϕ=62,2º
U& 200 ∠0º
I& = = = 8,9 ∠ − 63,4º A
10 Ω Z& 22,3 ∠63,4º

EXEMPLO 1.2 Calcule a impedância de um circuito EXEMPLO 1.4 Calcule a impedância Zeq e a corrente I
RC, com R = 8 Ω, C = 600 μF e frequência igual a 60 para um circuito série com duas impedâncias Z1 = 10 ∠
Hz. 0º Ω e Z2 = 5 ∠ 63,4º Ω e tensão 127 ∠ 0º V.

Solução: Solução:

Como o circuito é reativo capacitivo, temos que, de Para as impedâncias em série, de (1.23) e (1.25),
(1.13): temos:

XC =
1
=
1
=
1
= 4,4 Ω Z& eq = (10 ∠0º ) + (5 ∠63,4º ) = 13 ∠20º Ω
ωC 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ C 2 ⋅ π ⋅ 60 ⋅ 0,0006
U& 127 ∠0º
de (1.16), I& = = = 9,8 ∠ − 20º A
Z&eq 13 ∠20º
Z = R 2 + X C = 8 2 + 4,4 2 = 9,1 Ω
2

Representação na forma retangular:


1.4 Potência e energia elétrica
de (1.26), Z& = (R − jXC ) = (8 − j 4,4) Ω
Em uma grande classe de aplicações,
os cálculos de correntes e tensões nos
Representação na forma polar: circuitos não são suficientes para a

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 13


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determinação das grandezas elétricas e Potência versus Energia:


especificação dos componentes dos
Qual a diferença entre potência e energia?
circuitos. Em numerosas instâncias um
objetivo de fundamental importância é a Potência é a capacidade de realizar um determinado
trabalho. Energia é o trabalho propriamente dito.
determinação da potência elétrica em um Imagine um halterofilista que tem a força para levantar
circuito ou da energia elétrica por ele até 200 quilos. Ele tem potência. Quando nosso
consumida ou fornecida. Será considerado halterofilista suspender um peso ele terá realizado um
em nosso estudo, a menos que considerado trabalho. Em conseqüência gastou uma certa
de maneira diferente, a potência e energia quantidade de energia.
em regime permanente senoidal. Os equipamentos elétricos também têm uma
capacidade de realizar trabalho como, por exemplo,
Observe que o estudo da potência e aquecer a água do seu banho. Haverá consumo de
energia elétrica são grandezas muito mais energia quando você ligar o chuveiro. Como o nosso
“assimiláveis” em termos práticos, visto que atleta, o chuveiro tem capacidade (potência) mas só
produzirá a energia quando for acionado.
em termos de sistemas elétricos de potência
é exatamente este produto – energia – que é
gerada pelas usinas, sendo transmitida, Supondo um caso geral de tensão
distribuída e faturada ($$$) pelas senoidal u(t ) = Um ⋅ sen (ω t ) no circuito da
concessionárias para os mais variados tipos figura 1.16, para uma carga passiva, a
de consumidores (industriais ou corrente resultante em regime permanente
residenciais). (amortecidos os eventuais transitórios do
Potência elétrica, em termos gerais, é a sistema) também será senoidal do tipo
quantidade de trabalho executado em um i(t ) = Im⋅ sen (ω t − ϕ ) , onde ϕ pode ser positivo
intervalo de tempo, ou seja, a taxa de ou negativo, correspondendo à impedância
variação de energia. No domínio elétrico da equivalente indutiva ou capacitiva,
tensão alternada, usando o circuito da figura respectivamente.
1.16 como exemplo, a potência p absorvida
por uma carga é diretamente proporcional à Substituindo os valores de u e i em
tensão instantânea u a que está submetida e (1.28) e considerando-se os valores eficazes
à corrente instantânea i que circula, ou seja: de tensão e corrente dados em (1.5) e (1.6),
temos:
p = u ⋅i (1.28)

Como a corrente é um fluxo de elétrons p = u ⋅ i = Um ⋅ sen (ω t ) ⋅ Im⋅ sen (ω t − ϕ )


mantido pela diferença de potencial entre
p = 2 ⋅ U ⋅ sen (ω t ) ⋅ 2 ⋅ I ⋅ sen (ω t − ϕ )
dois pontos do circuito, então, pela figura
1.16, uma analogia hidráulica para a potência p = UI ⋅ cos (ϕ ) − UI ⋅ cos (2ω t − ϕ ) (1.29)
elétrica seria que a pilha "bombeia" elétrons
através da carga e esta, ao ser alimentada
com este "fluxo sob a pressão u", executa As figuras 1.17 à 1.21 representam
certa quantidade de trabalho. graficamente as variações da tensão,
corrente e potência para um sistema
u
monofásico com e sem fluxo de potência
i reativa.
+
Pilha Carga
Observe que a potência instantânea p
-
da expressão (1.29) é formada por duas
parcelas: uma componente constante com
valor médio UI ⋅ cos (ϕ ) e que nunca torna-se
Figura 1.16 Potência absorvida por uma carga. negativo - denominada potência ativa P
(componente resistivo – efetua trabalho), e

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 14


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uma componente com freqüência 2ω com


valor médio nulo, denominada potência
p
reativa Q (componente circulante – não u
efetua trabalho). Esta última, em
i
determinados intervalos, torna-se negativa, o
que indica que a energia flui da carga em
direção á fonte.
A observância dos gráficos das figuras 1.17 à
1.21 permite uma análise bastante prática.
Quando a curva da potência instantânea for
positiva ao longo de todo o período (como a
indicada na figura 1.20), significa que não
existe fluxo de potência reativa no sistema
elétrico. Por outro lado, quando a curva
torna-se negativa em certos intervalos, Figura 1.19 Tensão (u), corrente (i) e potência (p)
significa que existe fluxo de potência reativa. instantânea em um circuito monofásico com Q ≠ 0.

Potência ativa
u p
i

Figura 1.20 Potência instantânea (p) em um circuito


Figura 1.17 Tensão (u) e corrente (i) instantânea em monofásico com reativo Q = 0.
um circuito monofásico.

u
Potência ativa i p
p

Potência reativa

Figura 1.18 Potência instantânea (p = u.i) em um Figura 1.21 Tensão (u), corrente (i) e potência (p)
circuito monofásico com reativo Q ≠ 0. instantânea em um circuito monofásico com Q = 0.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 15


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Ambas as grandezas são vetoriais e a nulo) e a segunda parcela tem seu valor
sua soma é chamada de potência aparente, máximo (amplitude) Q igual a UI ⋅ sen ϕ e
medida em volt.ampère [VA] e designada representa a potência instantânea que é
pela letra S, ou seja: trocada entre a carga e a fonte.
A parcela P (potência ativa) quantifica o
S = P+Q (1.30) trabalho útil produzido pelo circuito, por
exemplo, mecânico (nos motores), térmico
(nos aquecedores) e luminoso (nas
Componente resistivo
(ativo) = realiza
lâmpadas). É o valor médio da potência
trabalho instantânea sobre um número integral de
Compotente circulante
períodos. Esta potência elétrica, no
(reativo) = não realiza consumidor, é transformada em outras
trabalho
formas de energia.

Figura 1.22 Potência aparente.

Em termos complexos, a expressão


(1.30) toma a forma:
Carga
S& = P + jQ (forma retangular) (1.31) resistiva
Aquecedor Lâmpada
S& = S ∠ϕ (forma polar) (1.32)
Figura 1.23 Potência ativa.
onde
|S| = módulo da potência aparente, em A potência ativa ("pura") é uma
volt.ampère [VA]; potência que é "absorvida" em circuitos cuja
carga tem uma característica puramente
P = potência ativa, em watt [W]; resistiva, sendo medida em watt [W] e
Q = potência reativa, em volt.ampère.reativo, expressa por:
[Var];
a) cargas ligadas entre fase e neutro
ϕ = ângulo de defasamento entre a tensão e
a corrente, em graus. P = U 0. I . cos ϕ (1.34)

Nota: b) cargas ligadas entre 2 fases


O pequeno ponto sobre a variável S indica que é
um número complexo, composto por suas P = U . I . cos ϕ (1.35)
componentes real (P) e imaginária (Q).
c) cargas ligadas entre 3 fases
Aplicando algumas relações
trigonométricas à expressão (1.29), obtém-
P = 3.U . I . cos ϕ (1.36)
se:
onde,
p = UI ⋅ cos ϕ ⋅ (1 − cos 2ωt ) − UI ⋅ senϕ ⋅ sen 2ωt P = potência ativa, em watt [W];
p = P ⋅ (1 − cos 2ωt ) − Q ⋅ sen 2ωt (1.33)
U = tensão de linha, em volt [V] – ver figura
1.25;
Observa-se que a primeira parcela tem,
como visto, seu valor médio P igual a U0 = tensão de fase, em volt [V] – ver figura
UI ⋅ cos ϕ (que também é o valor médio de p, 1.25;
visto que o valor médio do segundo termo é I = corrente de linha, em ampère [A].

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 16


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O termo “cosϕ”, em redes lineares e em A potência reativa, além de não


regime permanente senoidal, é o chamado produzir trabalho, circula entre a carga e a
fator de potência (Fp), que veremos em fonte de alimentação, o que não é desejável
detalhe logo adiante. sob o ponto de vista de transferência de
energia, pois ocupa um espaço no sistema
A parcela Q (potência reativa)
elétrico que poderia ser utilizado para
representa quanto da potência aparente foi
fornecer mais energia ativa, exigindo da fonte
transformada em campo magnético (ao
e do sistema de distribuição uma potência
circular, por exemplo, através de motores de
adicional (consequentemente, uma corrente
indução e reatores) ou campo elétrico
adicional).
(armazenado nos capacitores), sendo
medida em volt.ampère-reativo [VAr] e
expressa por:

a) cargas ligadas entre fase e neutro


Q = U 0. I . sen ϕ (1.37)

Campo magnético
b) cargas ligadas entre 2 fases
Q = U .I . sen ϕ (1.38)
Figura 1.24 Potência reativa.

c) cargas ligadas entre 3 fases


Em circuitos trifásicos equilibrados (ou
Q = 3.U . I . sen ϕ (1.39)
seja, circuitos onde as cargas nas três fases
são exatamente iguais), a potência por fase
onde, (PF ou QF) é igual a 1/3 da potência trifásica
total, ou seja, P = 3.PF e Q = 3.QF.
Q = potência reativa, em volt.ampère.reativo
[VAr];
U = tensão de linha, em volt [V] – ver figura Importante:
1.25; Fluxo de potência:
U0 = tensão de fase, em volt [V] – ver figura Cargas puramente resistivas:
1.25;
P ≠ 0; Q = 0
I = corrente de linha, em ampère [A].

Cargas puramente indutivas/capacitivas:


O termo “senϕ” é denominado fator
P = 0; Q ≠ 0
reativo (Fr).
Como os campos crescem e Cargas compostas de resistência e reatância
decrescem, acompanhando a freqüência, a (indutiva ou capacitiva):
potência reativa varia duas vezes por período
P ≠ 0; Q ≠ 0
entre a fonte de corrente e condutores. Por
isso seu valor é dado em volt-ampère reativo.
Sua existência aumenta a carga dos É importante relembrar que, condutores
geradores, dos condutores e dos vivos, conforme a NBR 5410 – Instalações
transformadores. Elétricas de Baixa Tensão - são as fases e o

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 17


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neutro da instalação elétrica (figura 1.25), na ƒ .A tensão de fase (ou fase-neutro) é


qual se salienta: medida entre qualquer fase do sistema e
o neutro, sendo designada por U0;
ƒ A tensão de linha (ou fase-fase) é medida
entre duas fases quaisquer do sistema e
designada por U;

F F F

N U0 F U F U0 U U
Monofásico a 2 fios U0 U0 F U0 U
N
Monofásico a 3 fios N U0
(bifásico simétrico)
Trifásico a 4 fios (estrela)
U U
U0 = U0 =
2 3
Figura 1.25 Sistemas elétricos de distribuição.

Analogamente ao que foi visto para o Q


triângulo das impedâncias, da expressão tgϕ = (1.43)
P
(1.30) resulta o triângulo das potências
(figura 1.26), em que as potências ativa e Substituindo na expressão (1.40) os
reativa são catetos, podendo-se, portanto, valores de P e Q fornecidos pelas
escrever, por aplicação direta do Teorema de expressões 1.34 a 1.39, obtém-se
Pitágoras: finalmente:
a) cargas ligadas entre fase e neutro
S = U 0. I (1.44)

S b) cargas ligadas entre 2 fases


Q
S = U .I (1.45)
ϕ
c) cargas ligadas entre 3 fases
P
S = 3.U . I (1.46)
Figura 1.26 Triângulo das potências.
O termo “fator de potência” (Fp), de
maneira geral, é definido agora em termos da
relação entre a potência ativa e o produto da
S 2 = P2 + Q2 (1.40)
tensão e corrente eficazes, ou seja:
P = S ⋅ cos ϕ (1.41)
P P P 1
Fp = = = = (1.47)
Q = S ⋅ sen ϕ U ⋅I S P +Q 1 + (Q P )
(1.42) 2 2 2

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 18


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onde, no caso de cargas passivas e No capítulo 9, será abordada a


circuitos lineares (circuitos nos quais a definição geral de Fator de Potência,
relação entre a tesão e corrente é uma reta, considerando-se a não-linearidade dos
ou seja, possuem uma variação proporcional) circuitos e os harmônicos na instalação,
em regime permanente senoidal, obtemos: situação esta encontrada na prática nos
sistemas elétricos. Até lá, assumiremos que
todos os nossos circuitos em estudo serão
P U ⋅ I ⋅ cos ϕ lineares e, portanto, nesta condição, vale a
Fp = = = cos ϕ (1.48) definição apresentada pela expressão 1.48.
U ⋅I U ⋅I

Importante:

Sistema linear: Sistema não-linear:


A relação entre a tensão e a A relação entre a tensão e a
i corrente apresenta uma i corrente apresenta uma
variação proporcional variação que não é
(graficamente é uma reta). proporcional (graficamente
As formas de onda não é uma reta). As formas
permanecem senoidais em de onda não permanecem
qualquer ponto de operação. senoidais.
u u

Uma análise gráfica da expressão Fator de potência versus relação Q / P


(1.43) nos apresenta a variação do fator de
potência devido à variação das potências 1,00
Fator de potência

0,80
ativa e reativa (figura 1.27).
0,60
0,40
0,20
De fato: 0,00
00

50

00

50

00

50

00

50

00

50

00

50

00

50

00

50

00

50

00

50

0
,0
⎛Q⎞
0,

0,

1,

1,

2,

2,

3,

3,

4,

4,

5,

5,

6,

6,

7,

7,

8,

8,

9,

9,
10
Q
tgϕ = ⇒ ϕ = arctg ⎜ ⎟ Relação Q / P

P ⎝P⎠
Figura 1.27 Variação do fator de potência devido à
Logo, variação da relação Q/P.

⎡ ⎛ Q ⎞⎤
cos ϕ = cos ⎢arctg ⎜ ⎟⎥
⎣ ⎝ P ⎠⎦ Fator de potência versus relação Q / P

Observe que, quanto maior a relação 1,00


Fator de potência

entre a potência reativa e ativa (Q/P), o que 0,80


pode ser obtido aumentando Q ou
diminuindo P, menor o fator de potência. 0,60

0,40
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Relação Q / P

Figura 1.28 Detalhe da variação do fator de potência


devido à variação da relação Q/P no intervalo entre 0 e
1.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 19


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A figura 1.28 nos mostra com mais 1.2) é dito capacitivo ou "em avanço", onde o
precisão a variação do fator de potência com ângulo ϕ é considerado NEGATIVO.
a relação Q/P variando-se entre 0 e 1.
Desta forma, o fator de potência deverá ser
Observe que o fator de potência igual a 0,92
acompanhado sempre das palavras
é obtido para uma relação Q/P = 0,4. Mais
“indutivo” (em atraso) ou “capacitivo” (em
adiante, veremos a importância desta
avanço) para caracterizar bem a carga
indicação do fator de potência igual a 0,92.
elétrica, uma vez que a função “cos ϕ” será
Levando-se em consideração a sempre positiva para qualquer ângulo ϕ.
expressão 1.25, podemos escrever para as
potências ativa e reativa definidas pelas O fator de potência indutivo significa que a
expressões 1.34 a 1.39: instalação elétrica está absorvendo a energia
reativa. A maioria dos equipamentos elétricos
P = U × I × cos ϕ possui características indutivas em função
das suas bobinas (ou indutores), que
P = Z × I 2 × cos ϕ = R × I 2 (1.49) induzem o fluxo magnético necessário ao
seu funcionamento.
O fator de potência capacitivo significa que a
Q = U × I × senϕ
instalação elétrica esta fornecendo a energia
Q = Z × I 2 × senϕ = X × I 2 (1.50) reativa. São características dos capacitores
que normalmente são instalados para
fornecer a energia reativa que os
equipamentos indutivos absorvem. O fator de
potência torna-se capacitivo quando são
instalados capacitores em excesso. Isso
ocorre, principalmente, quando os
P equipamentos elétricos indutivos são
Q desligados e os capacitores permanecem
ligados na instalação elétrica.

I A tabela 1.2 indica, para os diversos


tipos de carga, o fator de potência e as
U Z& = R + jX Carga potências ativa e reativa. Observe que uma
elétrica carga de natureza indutiva absorve Q
positivo (Q > 0), isto é, um indutor consome
potência reativa. Como exemplo de cargas
que consomem energia reativa, temos:
transformadores, motores de indução e
Figura 1.29 Carga elétrica e o fluxo de potência. reatores. Para uma carga capacitiva temos a
absorção de Q negativo (Q < 0), isto é, um
capacitor gera potência reativa. Como
exemplo de cargas que fornecem energia
Importante:
reativa, temos: capacitores e motores
síncronos.
O fator de potência para cargas
predominantemente indutivas (resistência Mais adiante, utilizaremos esta
mais indutância - ver tabela 1.2) é dito característica importante dos elementos
indutivo ou "em atraso", onde o ângulo ϕ é capacitivos para a compensação de energia
considerado, por convenção, POSITIVO. reativa na instalação elétrica para fins de
correção do fator de potência.
Cargas predominantemente capacitivas
(resistência mais capacitância - ver tabela

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 20


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Tabela 1.2 Tipo de carga x Fator de Potência.

Tipo de Relação Fator de P Absorvido Q. Absorvido


Fase
carga Fasorial Potência pela carga pela carga

Resistiva I& U& ϕ=0 cosϕ = 1 P>0 Q=0

Indutiva U& ϕ = +90º cosϕ = 0 P=0 Q>0


I&

Capacitiva I& U& ϕ = -90º cosϕ = 0 P=0 Q<0

Resistiva e U& 0 < ϕ < +90º 1 > cosϕ > 0 P>0 Q>0
Indutiva I&
Resistiva e I&
U& -90º < ϕ < 0 0 < cosϕ < 1 P>0 Q<0
Capacitiva

Em termos de corrente, a corrente total


que circula numa carga qualquer é resultante
da soma vetorial de duas componentes de
corrente elétrica (figura 1.30). Uma Q S S
componente que é denominada de corrente = Q

ativa (IP) e a outra que é denominada de ϕ ϕ

corrente reativa. (IQ) A soma vetorial da P P


corrente ativa e da corrente reativa é
denominada de corrente aparente (I). Convenção: em cargas predominantemente indutivas, a corrente
apresenta-se atrasada em relação a tensão e o ângulo de fase ϕ é
positivo.
IP = I × cos ϕ (1.51)
Figura 1.31 Diagrama vetorial para cargas indutivas.

IQ = I × sen ϕ (1.52)
P P

ϕ ϕ
I
IQ
S = S
ϕ Q Q

IP

Figura 1.30 Triângulo das correntes. Convenção: em cargas predominantemente capacitivas, a corrente
apresenta-se adiantada em relação a tensão e o ângulo de fase ϕ é
O diagrama vetorial das potências negativo.
(triângulo das potências) para cargas
Figura 1.32 Diagrama vetorial para cargas capacitivas.
indutivas e capacitivas é mostrado nas
figuras 1.31 e 1.32, respectivamente.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 21


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Observe que o ângulo de fase "ϕ"


(ângulo de defasamento entre tensão e
corrente) é o mesmo ângulo de defasamento 10 Ω
entre a potência aparente S e a potência
ativa P. U& = 110 ∠0º V

j10 Ω
EXEMPLO 1.5 Calcule a impedância, as potências
ativa, reativa e o fator de potência de um circuito
monofásico a 2 fios (FN) com U& = 127 ∠30º V e
I& = 10 ∠60º A .

Solução:

I& = 10 ∠60º A
a) corrente
Z
de (1.25) e (1.26),
Z& = 10 + j10 = 14,14 ∠45º Ω

U& 110 ∠0º


I& = = = 7,78 ∠ − 45º Ω
Solução: Z& 14,14 ∠45º

a) impedância da carga:
b) fator de potência
de (1.25),
de (1.19a),
U& 127∠30º
Z& = = = 12,7∠ − 30º Ω
I& 10∠60º ⎛ XL ⎞
ϕ = arctg⎜
⎛ 10 ⎞
⎟ = arctg⎜ ⎟ = 45º
⎝R⎠ ⎝ 10 ⎠
b) potência ativa Fp = cos(ϕ ) = cos(45º ) = 0,71

de (1.34),
P = U 0. I . cosϕ c) potências ativa e reativa na impedância

P = 127.10. cos(− 30 º ) = 127 ⋅ 10 ⋅


3
= 1.100 W P = U ⋅ I ⋅ cos(ϕ ) = 110 × 7,78 × cos(45º ) = 605,14 W
2
c) potência reativa Q = U ⋅ I ⋅ sen(ϕ ) = 110 × 7,78 × sen(45º ) = 605,14 VAr

de (1.37),
Q = U 0. I . sen ϕ 1.4.1 Potência complexa

Q = 127.10.sen(− 30 º ) = 127 ⋅ 10 ⋅ −
1
= −635 VAr Sejam os vetores de tensão e corrente
2 abaixo:
d) fator de potência U& = U ∠α (1.53)
cos ϕ = cos (− 30 º ) = 0,866 (capacitivo ou em avanço)
I& = I ∠β (1.54)
EXEMPLO 1.6 Calcule o fator de potência e as
potências ativa e reativa em uma impedância com R = Vamos definir o fasor conjugado da
10 Ω e XL = j10 Ω, sabendo que U& = 110 ∠0º V . corrente por:
I&* = I ∠ − β (1.55)

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 22


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Define-se potência complexa como o impedâncias ligadas em paralelo em um


"produto do fasor da tensão pelo conjugado circuito. Conforme a figura (1.33),
da corrente", ou seja:
S&T = U& ⋅ I&* = U& ⋅ (I&1 + I&2 + ... + I&n )
S&T = S&1 + S& 2 + ... + S& n = ∑i =1 S&i
n
(1.60)
S& = U& × I&* (1.56)
de onde,
Obtemos, de (1.53) e (1.55) em (1.56):
S&T = ∑i =1 S& i = ∑i =1 (Pi + jQi )
n n

S& = (U ∠α )× (I ∠ − β ) = U ⋅ I ∠α − β
S&T = PT + jQT = PT + QT
2 2
(1.61)

Sendo o ângulo de fase ϕ, como já PT = P1 + P2 + ... + Pn (1.62)


visto, igual a (α - β) e, com o auxílio das
expressões 1.49 e 1.50, obtém-se as QT = Q1 + Q2 + ... + Qn (1.63)
expressões da potência complexa (1.57 e
1.58): PT
cos ϕ = (1.64)
QT
S& = U × I ∠ϕ (1.57)
Estes resultados obtidos (que são
válidos também para cargas ligadas em
S& = (U × I × cosϕ ) + j (U × I × senϕ ) série) mostram que o triângulo de potência
para a rede total pode ser obtido através da
S& = P + jQ (1.58) ligação dos triângulos de potência para os
ramos, do vértice de uma carga a outra. Por
exemplo, para um circuito com 2 cargas
indutivas (cargas 1 e 3) e uma capacitiva
Em temos da impedância,
(carga 2), teremos a seguinte composição do
triângulo de potência indicada na figura 1.34.
S& = U& × I * = (Z& × I& )× I&* = Z& × I 2 (1.59)

A potência aparente também é uma


grandeza útil para analisar um conjunto de

I I
P1 P2 Pn PT
U Q1 Q2 Qn = U QT
cosϕ1 cosϕ2 cosϕn cosϕT

Figura 1.33 Potência aparente total em um circuito.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 23


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ST S3

P2 Q3
QT
Q2
S2
S1
Q1 P3
P1

PT

Figura 1.34 Representação vetorial dos triângulos de potência para um conjunto de cargas.

EXEMPLO 1.7 Obtenha informações completas sobre U& 35,4∠30º


a potência de uma rede passiva, considerando-se uma I& = = = 3,5∠ − 23,13º A
impedância Z = 6 + j8 Ω e tensão u = 50 cos (1000t + Z& 10∠53,13º
30º) V.

Aplicando-se a expressão (1.57) , obtemos:


Solução:
S& = U ⋅ I ∠ϕ = 35,4 × 3,5 ∠53,13º S& = 123,9 ∠53,13º VA
Da expressão u = 50 cos (1000t + 30º), obtemos:

Umáx = 50 V De (1.58), com cos 53,13º = 0,6 e sen 53,13º = 0,8,


obtemos:
α = 30º
S& = (U × I × cosϕ ) + j (U × I × senϕ )
Da expressão Z = 6 + j8 Ω, obtemos, por comparação
S& = (35,4 × 3,5 × 0,6) + j (35,4 × 3,5 × 0,8)
com (1.26): S& = 74,3 + j99,1 = P + jQ
R=6ΩeX=8Ω Dos cálculos acima, tiramos as seguintes conclusões:

P = 74,3 W
De (1.16) e (1.19), obtemos:
Q = 99,1 VAr (indutivo)
Z = 6 2 + 8 2 = 10 S = 123,9 VA
ϕ = 53,13º
ϕ = arctg (8 / 6) = 53,13º
FP = cosϕ = 0,6 (indutivo)
Z = 10∠53,13º
Observações:
Da expressão (1.5), temos: 1. Observe que poderíamos também obter o ângulo
de fase ϕ, como já visto, pelo ângulo de
Umáx 50 defasagem entre tensão e corrente, ou seja: ϕ =
U= = = 35,4 V
2 2 30º - (-23,13º) = 53,13º.
2. Se for refeito o exemplo 1.7 considerando-se uma
reatância capacitiva ao invés da indutiva, ou seja,
O fasor da tensão será: uma impedância Z = 6 –j8 Ω, teríamos os
seguintes resultados:
U& = U ∠α = 35,4 ∠30º
ƒ P = 74,3 W;

Da expressão (1.25), temos: ƒ Q = 99,1 VAr (capacitivo) ou -99,1 VAr;


ƒ S = 123,9 VA;

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 24


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ƒ ϕ = - 53,13º; EXEMPLO 1.9 Determine as potências ativa e reativa


(por fase e total) de uma carga trifásica ligada em
ƒ FP = cosϕ = 0,6 (capacitivo).
estrela com impedância Z = (8 + j6) Ω/fase e tensão de
linha igual a 220V.
EXEMPLO 1.8 Obter os dados completos de potência
para um circuito passivo com tensão aplicada e
corrente resultante de: I&
a
a

u = 220 cos (ωt + 10º)V U = 220 V (8 + j6) Ω

i = 10 cos (ωt - 60º)A b


U& a (8 + j6) Ω
Solução:
c
Da expressão da tensão (u), temos: (8 + j6) Ω

Umáx = 220 V e α = 10º

Da expressão (1.5), temos:


Umáx 220 Figura 1.35 Carga trifásica equilibrada em estrela.
U= = = 155,6 V
2 2

O fasor da tensão será:


Solução:
U& = U ∠α = 155,6 ∠10º
Da expressão da corrente (i), temos: Pela figura 1.35, temos que:

Z& = 8 + j 6 = 10∠36,9º e
Imáx = 10 A e β = -60º
Da expressão (1.6), temos: Ua = Ub = Uc = U 3 = 220 3 = 127 V
U = Imáx / √2 = 10 / √2 = 7,1 A A corrente de linha para um circuito trifásico equilibrado
é a mesma em cada uma das fases e é calculado por:
Im áx 10
U= = = 7,1 V
2 2 U& 220 3 ∠0º
I&a = I&b = I&c = = = 12,7∠ − 36,9º
Z& 10∠36,9º
O fasor da corrente será:
onde ϕ (ângulo da impedância) é igual a 36,9º.
I& = I ∠β = 7,1 ∠ − 60º

De (1.36), temos que a potência ativa total é obtida


Utilizando a potência complexa temos, de (1.56): por:
S& = U& × I& * P = 3 ⋅ U ⋅ I ⋅ cosϕ = 3 ⋅ 220 ⋅12,7 ⋅ cos(36,9º ) P = 3.870 W
S& = (155,6 ∠10º ) × (7,1 ∠60º ) = 1.104∠70º
S& = 377,9 + j1.038,1 A potência ativa por fase em um sistema trifásico
equilibrado é calculada por:
Assim:
P 3.870
Pa = Pb = Pc = = = 1.290W
ƒ P = 377,9 W; 3 3
ƒ Q = 1.038,1 VAr (indutivo);
ƒ S = 1.104 VA; De (1.39), temos que a potência reativa total é obtida
ƒ FP = cosϕ = cos (70º) = 0,34 (indutivo). por:

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 25


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Q = 3 ⋅ U ⋅ I ⋅ senϕ = 3 ⋅ 220 ⋅12,7 ⋅ sen(36,9º ) é necessária ao funcionamento de motores.


Q = 2.905,6 W Ela é responsável pela magnetização dos
enrolamentos de motores e transformadores.

A potência reativa por fase em um sistema trifásico


O oposto da energia reativa indutiva é a
equilibrado é calculada por: energia reativa capacitiva, e por isto ela é
expressa na mesma unidade, porém com
Q 2.905,6
Qa = Qb = Qc = = = 968,5 VAr valor negativo. A energia reativa capacitiva
3 3 é normalmente fornecida ao sistema elétrico
por capacitores.
Podemos chegar ao mesmo resultado utilizando-se da Outra forma de se explicar energia
expressão (1.59) para calcular a potência aparente por
fase:
reativa é considerando-se o sincronismo
entre tensão e corrente. Quando temos
S& = Z& × I 2 = 10∠36,9º × (12,7 ) apenas cargas resistivas, a tensão e a
2

S& = 1.612,9∠36,9 º = 1.290 + j 968,5 = P + jQ corrente estão perfeitamente em fase. Ao


ligarmos uma carga indutiva (motor), a
corrente se "atrasa" em relação à tensão. As
1.4.2 Medição de energia cargas capacitivas fazem o oposto, ou seja,
"atrasam" a tensão em relação à corrente.
Como sabemos, o resultado da Por esta razão é que utilizamos capacitores
multiplicação da corrente pela tensão para corrigir o baixo fator de potência
instantânea é denominada de potência. causado pelas cargas indutivas da maioria
Assim, o produto da corrente ativa numa das instalações elétricas.
carga pela tensão a que está submetida esta Para efetuar a medição da energia ativa
carga resulta na potência ativa da carga e o nas instalações dos médios e grandes
produto da corrente reativa numa carga pela consumidores industriais, as concessionárias
tensão a que está submetida esta carga utilizam medidores de energia ativa - kWh
resulta na potência reativa da carga e, a (quilowatímetros). O modelos mais comuns
soma vetorial da potência ativa e da potência são os eletromecânicos, e são dotados de
reativa de uma carga resulta na potência um disco que gira com velocidade
aparente da carga. Sabemos também, que o proporcional ao consumo de energia ativa a
resultado da multiplicação da potência pelo cada instante. Estes medidores são
tempo é denominado “energia”. Assim, o parecidos com o que temos em nossas
produto da potência ativa de uma carga por casas. A principal diferença é que o medidor
um intervalo de tempo "t" resulta na energia é dotado de um dispositivo que emite um
ativa da carga e, o produto da potência número determinado de pulsos a cada volta
reativa de uma carga pelo mesmo intervalo do disco. Estes pulsos são utilizados pelos
de tempo "t" resulta na energia reativa da sistemas de controle de demanda e fator de
carga e, a soma vetorial da energia ativa e potência quando não existe a transmissão
da energia reativa de uma carga, se serial de informações (usada nos
podemos dizer assim, resulta na energia registradores/medidores com saída serial
aparente da carga. para o usuário).
A energia elétrica ativa é normalmente Além dos medidores de energia ativa,
expressa e medida em kWh (kilo-watt-hora) e são também instalados medidores de
a energia elétrica reativa é normalmente energia reativa (kVArh), para que as
expressa em kVArh (kilo - concessionárias possam medir o fator de
volt.ampère.reativo-hora). Por convenção, potência na instalação. Da mesma forma,
quando a energia reativa é dada em valores são utilizados medidores eletromecânicos de
positivos ela é indutiva, e quando negativa energia reativa, na maioria das empresas.
ela é capacitiva. A energia reativa indutiva Entretanto, como os pulsos são iguais

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 26


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quando o disco gira para o lado certo Com este artifício, as concessionárias
(energia reativa indutiva) ou para o lado podem medir fator de potência até 0,866
errado (energia capacitiva), e não se deseja capacitivo, e por este motivo os medidores
confundir os registradores ou controladores de kQh são muito comuns por todo o país.
que recebem estes pulsos, os medidores Na área de atuação da Eletropaulo, por
possuem uma trava que impede que o disco exemplo, quase a totalidade das instalações
gire para o lado errado. Assim, os medidores são feitas com medidores de kQh.
de kVArh normalmente só medem (e emitem
Fórmulas úteis:
pulsos) de energia reativa indutiva.
Com isto, os registradores nunca
"enxergam" energia capacitiva se o medidor 2.kQh − kWh
instalado for um medidor de kVArh. Para kVArh = (1.65)
3
minimizar este problema, algumas
concessionárias costumam utilizar medidores
especiais, preparados para medir energia 1
kVArh = kWh × −1 (1.66)
reativa em kQh. FP 2

( )
Para uma melhor compreensão, veja a
figura 1.36. Vetorialmente, o eixo da energia kWh + 3 × kVArh
kQh = (1.67)
reativa em kQh está 30º adiantado em 2
relação ao eixo da energia reativa em kVArh.
1
FP = 2
(1.68)
⎛ kVArh ⎞
⎜ ⎟ +1
⎝ kWh ⎠

A partir de 1996, passou-se a utilizar


sistemas de medição eletrônicos por todo o
país. A grande diferença entre um registrador
e um medidor eletrônico é que este último
dispensa o uso dos medidores
eletromecânicos.
kVArh
Os medidores eletrônicos são mais
Ind. modernos, mais fáceis de calibrar e testar,
kQh
mais baratos, e mais simples de instalar.
30º Com tantas vantagens, não há dúvida que as
instalações com medidores eletromecânicos
e registradores serão eliminadas aos poucos
pelas concessionárias.
kWh
No que se refere à medição de energia
reativa, os medidores eletrônicos são muito
mais eficientes. Eles têm a capacidade de ler
a energia reativa, seja ela indutiva ou
Cap. capacitiva.

Figura 1.36 Medição de energia em kQh.

Tabela 1.3 Medidores eletrônicos versus eletromecânicos.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 27


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Sistemas com medição eletrônica Sistemas com medidores eletromecânicos


Várias grandezas no mesmo instrumento Um instrumento para cada grandeza
Leituras instantâneas diretas permitem o registro Valores precisam ser processados, e não podem
histórico de todas as grandezas elétricas ser usados em manutenção preventiva.
Demanda e Fator de Potência instantâneos Demanda e Fator de Potência1 projetados2
Leituras de tensão e corrente por fase Não informa valores de tensões e correntes
Leituras de potências3 por fase Não informa valores de potência
Leituras de Distorções Harmônicas4 Não informa valores de distorções harmônicas
Valores de consumos devem ser acumulados pelo
Leituras de consumos acumulados (ativo e reativo)
sistema de gerenciamento5
Consistência dos dados é total (inclusive dos Consistência pode ser quebrada por falta de
acumuladores) energia nos diversos componentes do sistema
Leituras detalhadas auxiliam a conferência da Requer muita experiência para garantir a correta
ligação do próprio medidor ligação dos medidores
Instalação simplificada (rede serial RS-485 com Cabos de cada ponto de medição devem ser
um par de fios apenas) levados até a CPU central
Menor número de componentes (apenas os Vários componentes adicionais (emissores de
medidores e o gerenciador) pulsos, placas de entradas, etc.)
Maior confiabilidade e precisão (até 0,2%) Partes móveis diminuem a precisão (entre 1 e 2%)
Calibração única (na fabrica) Necessidade de calibrações periódicas
1
Disponível apenas se forem instalados medidores de energia reativa.
2
Não são divulgadas informações sobre os algoritmos de projeção destas grandezas no caso das medições setoriais.
3
Potências ativa, reativa e aparente (total).
4
Apenas alguns modelos de medidores.
5
Valores podem ser inconsistentes em caso de falta de energia.
Fonte: www.engecomp.com.br (divulgação)

Medição de energia em consumidores residenciais

O medidor de energia localizado no padrão de entrada de uma instalação elétrica residencial (vulgarmente conhecido
como “relógio”) é o responsável pela medição da energia (potência ativa, ou seja, a parcela da potência aparente que
efetivamente realiza trabalho). Não há mediação de energia reativa, como nas instalações industriais.
Este medidor mede a potência ativa consumida por hora, ou seja, o kWh. A concessionária de energia possui um valor
pré-fixado do preço do kWh. Mensalmente, é realizada uma leitura do medidor de energia para que possa ser cobrado
do consumidor. A diferença entre a leitura atual e a realizada no mês anterior é o valor em kWh efetivamente a ser
cobrado.
Por exemplo, se no mês atual a leitura foi 15.724 kWh e no mês anterior foi 15.510 kWh, o valor a ser cobrado será
referente a 214 kWh.
Existem dois tipos de relógio ou medidor de kWh (veja figura 1.26):
ƒ Primeiro tipo: É aquele que funciona como um medidor de quilometragem de automóvel. Nesse caso, os números
que aparecem no visor já indicam a leitura;

ƒ Segundo tipo: É aquele que tem quatro ou cinco círculos com números, sendo que cada círculo é semelhante a
um relógio. Nesse caso, os ponteiros existentes dentro de cada círculo indicam a leitura. Esses ponteiros
movimentam-se sempre na ordem crescente dos números. Quando estão entre dois números, deve-se contar
sempre o número menor.

O seu consumo de energia elétrica pode ser verificado em qualquer período: por hora, dia, semana ou mês. Porém, a
leitura da concessionária de energia é mensal.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 28


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Quando o assunto é eficiência Apesar da economia real em watts, as


energética, além do consumo que é medido mesmas necessitam de mais energia do
em kWh, uma outra importante característica sistema para funcionarem, e é justamente
quanto à qualidade energética dos isto o que nos interessa para a eficiência do
dispositivos eletroeletrônicos é o Fator de setor elétrico.
Potência, raramente (infelizmente) levado em
A ABNT, através da NBR 14418,
consideração. Um caso típico é a
estabeleceu normas técnicas para os
substituição de lâmpadas incandescentes
reatores eletrônicos de lâmpadas acima de
pelas fluorescentes (principalmente as
60W, referente a alguns critérios, tais como
compactas). A economia de energia para o
fator de potência e conseqüente distorção
sistema elétrico, neste tipo de substituição, é
harmônica da corrente.
um tanto ilusória. Apesar do fato das
fluorescentes possuírem uma maior eficácia Infelizmente, visto que o maior volume
luminosa, ou seja, maior relação lúmens por de vendas, principalmente em instalações
watts, para funcionarem, necessitam de um elétricas residenciais, é abaixo de 60W
dispositivo auxiliar, o "velho" reator, cujo fator (principalmente as fluorescentes compactas),
de potência fica entre 0,4 e 0,55 (valores continuaremos sem normas para orientarem
para os reatores eletrônicos presentes nas os fabricantes de reatores, e continuaremos
lâmpadas fluorescentes compactas). utilizando cargas de baixo fator de potência.

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS 29


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Capítulo
Fator de Potência:
fundamentos, causas e
conseqüências
II

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 30


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2 Fator de potência: fundamentos, causas e consequências

Sumário do capítulo
2.1 FUNDAMENTOS DO FATOR DE POTÊNCIA
2.2 POR QUE PREOCUPAR-SE COM O DO FATOR DE POTÊNCIA?
2.3 CAUSAS DE UM BAIXO FATOR DE POTÊNCIA
2.3.1 Motores de indução operando em vazio ou superdimensionados
2.3.2 Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas
2.3.3 Lâmpadas de descarga
2.3.4 Grande quantidade de motores de pequena potência em operação durante um longo período
2.3.5 Tensão acima da nominal
2.3.6 Cargas especiais com consumo de reativo
2.4 CONSEQUÊNCIAS DE UM BAIXO FATOR DE POTÊNCIA
2.4.1 Aumento das perdas na instalação
2.4.2 Aumento da queda de tensão
2.4.3 Subutilização da capacidade instalada
2.4.4 Sobrecarga nos equipamentos de manobra, proteção e controle
2.4.5 Aumento da seção nominal dos condutores

Em qualquer instalação elétrica estão indicadas através das expressões


alimentada em corrente alternada, como (1.40) à (1.43).
sabemos, a energia elétrica absorvida pode
O termo “fator de potência” (Fp), de
ser decomposta em duas parcelas: ativa (P)
maneira geral, é definido em termos da
e reativa (Q). A composição destas duas
relação entre a potência ativa e o produto da
formas de energia resulta na energia
tensão e corrente eficazes, ou seja:
aparente ou total (S).
P P P
Fp = = = (2.1)
U ⋅I S P + Q2
2

Também vimos que, no caso redes


P
lineares em regime permanente senoidal, o
S
Q fator de potência da instalação (Fp) é igual
ao cosseno do ângulo de defasagem entre
Figura 2.1 Consumo de potência ativa e reativa em um
as ondas de tensão e corrente, ou seja:
sistema elétrico.
P U ⋅ I ⋅ cos ϕ
Fp = = = cos ϕ (2.2)
U ⋅I U ⋅I

2.1 Fundamentos do fator de É importante salientar mais uma vez


potência que o fator de potência num sistema não-
linear (onde a senóide da tensão e/ou
O fator de potência, cujo significado já corrente apresenta-se distorcida), situação
foi visto no capítulo 1, é obtido pela relação esta encontrada na prática nos sistemas
trigonométrica do triângulo das potências elétricos industriais, não respeita as fórmulas
(veja a figura 1.26), em que as potências vistas até o momento se não forem
ativa e reativa são os catetos do triângulo instalados filtros ou indutores nos
retângulo. Estas relações trigonométricas equipamentos que geram harmônicas. Mais
adiante, veremos como conviver nas

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 31


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instalações elétricas com harmônicas (ou outra forma de energia, ou seja, estaria
mesmo eliminá-las) e qual a influência das desperdiçando toda a energia recebida. Não
mesmas no cálculo do fator de potência da precisamos nem dizer que esta situação é
instalação. Até lá, assumiremos as condições totalmente indesejável em um processo de
de contorno dos sistemas lineares e conversão de energia.
utilizaremos a expressão 2.2 para o cálculo
O fator de potência nas instalações
do fator de potência.
residenciais e institucionais é, via de regra,
Desta forma, sendo a potência ativa bem próximo da unidade, devido ao
uma parcela da potência aparente, pode-se predomínio das cargas resistivas. Nas
dizer que o fator de potência representa uma instalações industriais, no entanto, onde
percentagem da potência aparente que é predominam cargas indutivas (principalmente
transformada em potência útil (ou seja, motores elétricos de indução), o fator de
traduz o quanto da potência aparente potência assume, por vezes, valores bem
efetivamente produziu trabalho), como por inferiores à unidade.
exemplo, potência mecânica, térmica ou
luminosa. Ele indica a eficiência com a qual a
energia está sendo utilizada em um sistema EXEMPLO 2.1 Calcule o fator de potência para um
elétrico. Um alto fator de potência (próximo sistema elétrico em regime permanente senoidal que
trabalha com uma potência de 100 kW e consome 125
de 1) indica uma eficiência alta e, kVA.
inversamente, um fator de potência baixo
indica baixa eficiência na conversão de
Solução:
energia (potência), evidenciando seu mau
aproveitamento, além de representar
sobrecarga em todo sistema elétrico, tanto De (2.1), temos:
do consumidor como da concessionária.
P 100
Fp = = = 0,8 = 80%
O fator de potência é uma grandeza S 125
adimensional, ou seja, não possui unidade
de medida, podendo assumir valores
intermediários na faixa de 0 a 1 (ou em
termos percentuais, de 0 a 100%). 2.2 Por que preocupar-se com o fator
Quando o fator de potência é igual a 1 de potência?
(100%), significa que toda potência aparente
é transformada em potência ativa. Isto Para termos uma idéia da relação entre
acontece nos equipamentos que só possuem as potências ativa e aparente, vamos fazer
resistência, tais como: chuveiro elétrico, uma analogia com um copo de cerveja
torneira elétrica, lâmpadas incandescentes, (figura 2.2).
equipamentos de aquecimento em geral, etc.
Por outro lado, quando o fator de
potência é menor que 1, significa que apenas
uma parcela da potência aparente é
Espuma
transformada em potência ativa. Isto
acontece nos equipamentos que possuem
resistência e reatância, como os motores
elétricos e os reatores das lâmpadas
fluorescentes. Líquido

Apenas como comparação, um


equipamento de utilização que indicasse
fator de potência igual a zero não Figura 2.2 Analogia entre energia ativa e reativa.
transformaria a energia elétrica em nenhuma

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 32


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Num copo de cerveja temos uma parte adequadas, substancial despesa extra, além
ocupada só pelo líquido e outra ocupada só de sobrecarga nos transformadores, nos
pela espuma. Se quisermos aumentar a alimentadores, bem como menor rendimento
quantidade de líquido teremos que diminuir a e maior desgaste nas máquinas e
espuma. Assim, de maneira semelhante ao equipamentos em geral.
copo de cerveja, a potência elétrica
solicitada, por exemplo, por um motor elétrico
EXEMPLO 2.2 Calcule as potências reativa e aparente
comum, é composta de potência ativa (que para um sistema elétrico com fatores de potência iguais
corresponde ao líquido) e potência reativa a 70% (indutivo) e 95% (indutivo).
(que corresponde à espuma). Como já
vimos, a soma vetorial das potências ativa e Solução:
reativa é a potência aparente, que
corresponde ao volume do copo (líquido mais Na figura 2.3, os triângulos demonstram como o
espuma). consumo da potência reativa diminui com a melhoria do
fator de potência. Com uma carga de 100 kW com o
Assim como o volume do copo é fator de potência de 70% (indutivo), precisamos de 142
limitado, também a capacidade de fornecer kVA:
potência aparente (por intermédio dos
transformadores) é limitada de tal forma que, P P 100kW
FP = ⇒S= = = 142kVA
se quisermos aumentar a potência ativa em S FP 0,7
um circuito de uma instalação elétrica, temos
Com um fator de potência de 95% (indutivo), apenas
que reduzir a potência reativa. 105 kVA são absorvidos:
É mais fácil agora compreender por que
se diz que "um baixo fator de potência é FP =
P
⇒S=
P
=
100kW
= 105kVA
prejudicial à instalação elétrica". De fato, S FP 0,95
quanto menor o fator de potência, menor a Um outro modo de ver o problema é que, com um fator
eficiência com a qual a instalação elétrica de potência de 70%, precisamos de 35% a mais de
estará funcionando. A conseqüência imediata corrente para fazer o mesmo trabalho, pois, como a
é o pagamento de uma alta conta de energia corrente é proporcional a potência aparente consumida
pela carga (veja as expressões 1.44, 1.45 e 1.46),
elétrica, pois se necessita de muita energia temos que 142kVA/105kVA é igual a 1,35, ou seja,
para obter pouco trabalho. 35% a mais.
Observe o exemplo 2.1: com um fator Por exemplo, supondo o sistema elétrico trifásico com
de potência igual a 0,8, o sistema elétrico tensão 480 V (tensão fase-fase), temos, da expressão
(1.46):
está aproveitando apenas 80% da energia
fornecida pela concessionária de energia.
Isto quer dizer que apenas 80% da corrente a) fator de potência 70%:
que entra está produzindo trabalho útil.
S 142kVA
De fato, um baixo fator de potência I= = = 171A
numa instalação significa, como será 3 ×U 3 × 0,48kV
analisado adiante, sobrecarga em todo o
sistema de alimentação, desde a rede da
b) fator de potência 95%:
concessionária até a parte interna da
instalação, incluindo os equipamentos em S 105kVA
uso. Tanto assim que, uma vez constatado I= = = 126 A
um fator de potência de valor inferior a um 3 ×U 3 × 0,48kV
valor mínimo prefixado, as concessionárias
se vêem na contingência de, de acordo com o que equivale, conforme mencionado, a uma
a legislação em vigor, cobrar uma sobretaxa relação de 35% de diferença entre os dois valores
ou multa (ver capítulo 6). Isto representa, de corrente calculados.
para quem não está com suas instalações

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 33


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S2 = P2 +Q2 ⇒ Q2 = S2 − P2
142kVA Q = (S − P )
2 2

100kVA r
ϕ = 45º Q = (142 − 100 ) =
2 2
10 . 164 = 100 kVAr
100kW ⎛Q ⎞ ⎛ 100 kVAr ⎞
ϕ = arctan ⎜ ⎟ = arctan ⎜ ⎟ = arctan (1 ) = 45 º
⎝P⎠ ⎝ 100 kW ⎠

S2 = P2 + Q2 ⇒ Q2 = S2 − P2

105kVA
Q = (S − P )
2 2

ϕ = 17,8º 32kVA r Q = (105 − 100 ) =


2 2
1 . 025 = 32 kVAr
100kW ⎛Q ⎞ ⎛ 32 kVAr ⎞
ϕ = arctan ⎜ ⎟ = arctan ⎜ ⎟ = arctan (0 , 32 ) = 17 ,8 º
⎝P⎠ ⎝ 100 kW ⎠
Figura 2.3 Triângulos de potência do exemplo 2.2.

O gráfico da figura 2.4 mostra os efeitos Tabela 2.1 Variação da corrente conforme o gráfico da
de vários valores de fator de potência sobre figura 2.4.
um sistema elétrico trifásico com uma
demanda de 100 kW em 480 V. Fp 100% 90% 80% 70% 60%

Para o gráfico apresentado, temos as I [A] 120 133,7 150,5 170 201
variações no consumo de corrente devido à
variação do fator de potência apresentados
na tabela 2.1.

Características do FP em cargas de 100kW

200
167
142
150 125 133
111
100 100 100 100 100 100 100
100 75
48
50
0
0
100% 90% 80% 70% 60%

Fator de Potência
kW kVAr kVA

Figura 2.4 Características do fator de potência em cargas de 100 kW.

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 34


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EXEMPLO 2.3 Calcule a corrente demandada de uma EXEMPLO 2.4 Para uma indústria que possui a carga
rede trifásica de 220 V para uma carga de 200 kW com instalada abaixo indicada, calcule as potências
fator de potência igual a 0,7 (indutivo). Calcule também aparente, ativa, reativa e o fator de potência da
qual seria o valor da corrente se o fator de potência instalação.
fosse igual a 0,92.

Solução:
Quadro 1

Iluminação incandescente
Triângulo de potência:

Quadro 2
ϕ1 = ar cos(0,70) = 45,57º

Alimentação elétrica
Iluminação fluorescente

ϕ 2 = ar cos(0,92) = 23,07º
Quadro 3

Motores de indução (assíncronos)


S1
Quadro 4
S2
Motores síncronos
ϕ1
ϕ2

P = 150 kW
a) Iluminação incandescente: 25 kW;

b) Iluminação fluorescente: demanda máxima de 150


De (1.47):
kW; fator de potência (médio) = 0,9 (indutivo);
P1 200
S1 = = = 286kVA c) Motores de indução diversos: demanda máxima de
Fp1 0,70
300 cv = 221 kW; fator de potência (médio) de 0,85
P2 200 (indutivo);
S2 = = = 217kVA
Fp2 0,92
d) Dois motores síncronos de 50 cv acionando
compressores (2 x 50 cv = 100 cv ou 73,6 kW); fator de
potência de 0,9 (capacitivo).
De (1.46), para cos ϕ1, temos:
Solução:
S1 286kVA
I1 = = = 751A
3 ×U 3 × 0,22kV
Consideremos cada tipo de carga isoladamente:
Para cos ϕ2, temos:
S2 217kVA a) Iluminação incandescente: P = 25 kW; cosϕ = 1
I2 = = = 570 A
3 ×U 3 × 0,22kV (carga resistiva)
Observa-se que ocorre uma redução na corrente
de 24% (751 – 570 = 181A) com a elevação do fator de
potência de 0,70 para 0,92. P 25kW
S= = = 25kVA
cos ϕ 1
ϕ = ar cos(1) = 0º
Q = P × tgϕ = 25kW × 0 = 0

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 35


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Diagrama vetorial: d) Motor síncrono: P = 73,6 kW; cosϕ = 0,90


(capacitivo)
S = 25kVA
P = 25kW P 73,6kW
S= = = 81,78kVA
cos ϕ 0,90
Figura 2.5 Diagrama vetorial do exemplo 2.4, para
cosϕ = 1.
ϕ = ar cos( −0,90) = −25,84º
Q = P × tgϕ = 73,6kW × tg ( −25,84º ) = −35,6kVAr

b) Iluminação fluorescente: P = 150 kW; cosϕ = 0,90


(indutivo) Diagrama vetorial:

P = 73,6kW
P 150kW
S= = = 167 kVA
cos ϕ 0,90 ϕ = −25,84°
ϕ = ar cos(0,90) = 25,84º Q = - 35,6kVAr
Q = P × tgϕ = 1507 kW × tg (25,84º ) = 72,6kVAr S = 81,7kVA

Diagrama vetorial:
Figura 2.8 Diagrama vetorial do exemplo 2.4, para
cosϕ = 0,9 (capacitivo).
S = 167 kVA
Q = 72,6 kVAr
ϕ = 25,84°
Somando os vetores das cargas, temos:
P = 150 kW

Figura 2.6 Diagrama vetorial do exemplo 2.4, para Potência ativa total (PT):
cosϕ = 0,9 (indutivo). = 25 + 150 + 221 + 73,6 = 469,6 kW

c) Motores de indução diversos: P = 221 kW; cosϕ = Potência reativa total (QT):
0,85 (indutivo)
= 0 + 72,6 + 137 - 35,6 = 174 kVAr

P 221kW
S= = = 260kVA QT 174
cos ϕ 0,85 tgϕT = = = 0,37
PT 469,6
ϕ = ar cos(0,85) = 31,79º
ϕT = artg (0,37) = 20,33º
Q = P × tgϕ = 221kW × tg (31,79º ) = 137 kVAr
PT 469,6kW
ST = = = 500,8kVA
Diagrama vetorial: cos ϕT cos(20,33º )
cos ϕT = cos(21,21º ) = 0,938

S = 260kVA O triângulo de potência para a carga total


Q = 137kVAr
será:
ϕ = 31,79°
P = 221kW

Figura 2.7 Diagrama vetorial do exemplo 2.4, para


cosϕ = 0,85 (indutivo).

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 36


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P 73,6kW
S= = = 86,59kVA
ST = 500,8 kVA cos ϕ 0,85
QT = 174 kVAr ϕ = ar cos(0,85) = 31,79º
ϕΤ = 20,33°
Q = P × tgϕ = 73,6 × tg (31,79º ) = 45,62kVAr
PT = 469,6 kW
As potências totais instaladas seriam:
Figura 2.9 Diagrama vetorial do exemplo 2.4, para Potência ativa total (PT)
cosϕT = 0,938.
= 25 + 150 + 221 + 73,6 = 469,6 kW

É importante observar que, se não houvesse o


motor síncrono, teríamos um fator de potência bem Potência reativa total (QT)
menor que 0,938. De fato, teríamos: = 0 + 72,6 + 137 + 45,62 = 255,2 kVAr
Potência ativa total (PT):
= 20 + 150 + 221 + 73,6 = 391 kW QT 255,2
tgϕT = = = 0,543
PT 469,6
Potência reativa total (QT): ϕT = artg (0,543) = 28,52º
= 0 + 72,6 + 137 - 35,6 = 209,6 kVAr PT 469,6kW
ST = = = 534,5kVA
cos ϕT cos(28,52º )
QT 209,6 cos ϕT = cos(28,52º ) = 0,879
tgϕT = = = 0,536
PT 391
ϕT = artg (0,536) = 28,19º
PT 391kW
ST = = = 443,6kVA ST = 534,5 kVA
cos ϕT cos(28,19º ) QT = 255,2 kVAr
cos ϕT = cos(28,19º ) = 0,881 ϕΤ = 28,52 °
PT = 469,6 kW
O triângulo de potência para a carga total (sem o
motor síncrono) será: Figura 2.11 Diagrama vetorial do exemplo 2.4, para
cosϕT = 0,852.

ST = 443,6 kVA Observa-se com este exemplo que, com os


QT = 209,6 kVAr compressores acionados por dois motores de indução
de 50 cv, ao invés de motores síncronos da mesma
ϕΤ = 28,19°
capacidade, seria necessária uma potência adicional
PT = 391 kW de 33,7 kVA:

Figura 2.10 Diagrama vetorial do exemplo 2.4, para 534,5 kVA – 500,8 kVA = 33,7 kVA
cosϕT = 0,881.
Com o emprego dos motores síncronos em
substituição aos motores de indução, houve, por assim
A presença dos dois motores síncronos dizer, uma “liberação” de 33,7 kVA em benefício da
superexcitados, em paralelo com a carga, fez com que rede. É exatamente esta liberação de potência que se
o fator de potência passasse de 0,881 para 0,938. Se, busca no sistema elétrico. Este exemplo mostra uma
ao invés de termos motores síncronos acionando os importante característica dos motores síncronos
compressores, tivéssemos motores de indução, com superexcitados: eles geram potência reativa para rede
cosϕ = 0,85, as potências consumidas pelos dois ao invés de consumir (como fazem os motores de
motores seriam: indução). É uma característica similar aos capacitores,
que, como veremos no capítulo seguinte, são utilizados
para melhoria do fator de potência da instalação.

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 37


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EXEMPLO 2.5 Suponha uma concessionária Veremos no capítulo seguinte esta utilização de
entregando energia a duas fábricas diferentes. Ambas capacitores para correção do fator de potência da
as companhias estão localizadas à mesma distância do instalação.
centro de distribuição e recebem potência na mesma
tensão (4.700 V - 3φ) e requerem a mesma potência
ativa (1,5 MW). Porém, a fábrica A usa uma grande 2.3 Causas de um baixo fator de
quantidade de cargas reativas (motores) e opera com potência
um fator de potência de 60%. A fábrica B usa
geralmente cargas resistivas (aquecedores) e opera
com um fator de potência de 96%. Compare as duas O baixo fator de potência pode provir
fábricas (corrente, potências, etc). de diversas causas. A solução para melhoria
do fator de potência de uma instalação
Solução:
elétrica passa necessariamente pelo
Fábrica A profundo conhecimento e análise destas
causas, a fim de que o projetista possa
P P 1,5MW
Fp = ⇒S= = = 2,5MVA propor uma ação corretiva mais eficaz. Entre
S FP 0,6
as principais causas, podemos citar:
Para suprir esta carga, os condutores devem
transportar a seguinte corrente:
ƒ Motores de indução operando em vazio
ou superdimensionados (operando com
S 2500 kVA pequenas cargas);
I= = = 307,5 A
3 ×U 3 × 4,7 kV
ƒ Transformadores operando em vazio ou
com pequenas cargas;
A fábrica B consome a mesma potência ativa
que a fábrica A e, portanto, paga pela mesma ƒ Lâmpadas de descarga;
quantidade de energia. A fábrica B, contudo, requer a ƒ Grande quantidade de motores de
seguinte potência aparente:
pequena potência em operação durante
Fp =
P
⇒S=
P 1,5MW
= = 1,56 MVA um longo período;
S FP 0,96
ƒ Tensão acima da nominal;
ƒ Cargas especiais com elevado consumo
Isto é, quase 1 MVA a menos que o requerido
pela fábrica A. A corrente drenada pela fábrica B é de:
de reativo.

S 1560kVA 2.3.1 Motores de indução operando em


I= = = 191,8 A
3 ×U 3 × 4,7kV vazio ou superdimensionados
(operando com pequenas cargas)

Novamente, a fábrica B drena menos corrente Os motores de indução consomem


do que a A (191,8A contra 307,5A) para obter praticamente a mesma energia reativa, quer
exatamente a mesma potência ativa. A fábrica B, operando em vazio, quer operando a plena
portanto, gasta menos com condutores (além, é claro,
da necessidade de um transformador com potência carga. A energia ativa, entretanto, é
aparente kVA inferior para suprir a mesma carga em diretamente proporcional à carga mecânica
kW). As concessionárias de energia, bem como os aplicada ao eixo do motor. Nessas
consumidores, projetam seus sistemas de transmissão condições, quanto menor a carga, menor a
e distribuição de acordo com a potência aparente e a
corrente que ela supre. Desde que os consumidores
energia ativa consumida e menor o fator de
pagam pela potência ativa consumida, as companhias potência. Tratando de instalações industriais,
encorajam o uso de sistemas de alto fator de potência. há predominância de motores elétricos de
O fator de potência pode ser melhorado (ou corrigido) indução no valor total da carga, fazendo-se
inserindo-se, por exemplo, uma reatância oposta à necessário tecer algumas considerações
causa do baixo fator de potência. Então, um fator de
potência em atraso (indutivo) pode ser melhorado sobre sua influência no comportamento do
inserindo-se um equipamento ou dispositivo de fator de fator de potência.
potência adiantado, como um capacitor, no sistema.

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 38


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Motor de 50cv/380V - Valores aproximados

40
37
35
kW - kVAr - fator de potência

32,5
30
27,8
25
24
22,5
20 20 20
18,7
17 16,5
15 15
13,8 13,8
11,8 12 12,5
11 11,2 11
10
7,7
5 5,2
3,8

0,38 0,52 0,62 0,71 0,77 0,81 0,84 0,86 0,86 0,85
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Carga Nominal [%]
kVAr kW FP

Figura 2.12 Variação do fator de potência em função do carregamento do motor.

Segundo as curvas da figura 2.12, pode-se (100% da carga nominal acoplada ao motor),
observar que, conforme já salientado, a para 0,77, enquanto a potência reativa,
potência reativa absorvida por um motor de originalmente igual a 22,5 kVAr, reduz-se
indução aumenta muito levemente, desde a para 13,8 kVAr. Para uma redução de 70%
sua operação a vazio, até a sua operação a da nominal, o fator de potência cairia para
plena carga. Entretanto, a potência ativa 0,84 e a potência reativa atingiria apenas o
absorvida da rede cresce proporcionalmente valor de 16,5 kVAr.
com o aumento das frações de carga
acoplada ao eixo do motor.
2.3.2 Transformadores operando em
Como resultado das potências ativa e vazio ou com pequenas cargas
reativa na operação dos motores de indução,
desde o trabalho a vazio até a plena carga, o Analogamente aos motores de indução,
fator de potência varia também os transformadores, quando operando
proporcionalmente a esta variação, tornando- superdimensionados para a carga que
se importante, desta maneira, o controle devem alimentar, consomem uma certa
operativo dos motores por parte do quantidade de energia reativa relativamente
responsável pela instalação. grande (necessária para a magnetização do
Para exemplificar, reduzindo-se a carga transformador), se comparada à energia
solidária ao eixo de um motor de indução de ativa, dando origem a um fator de potência
50 cv (igual a 37 kW) a 50% de sua carga baixo.
nominal, o fator de potência cai de 0,85,
obtido durante o regime de operação nominal

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 39


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P 2.3.6 Cargas especiais com consumo de


↓ Fp =
S↑ reativo

Algumas cargas presentes em


Desta forma, grandes transformadores ambientes industriais apresentam grandes
alimentando pequenas cargas durante um consumos de reativo, contribuindo para a
longo período contribuem, portanto, para diminuição do fator de potência, entre elas:
uma acentuada redução do fator de potência ƒ Fornos a arco;
da instalação.
ƒ Fornos de indução eletromagnética;
ƒ Máquinas de solda a transformador;
2.3.3 Lâmpadas de descarga
ƒ Equipamentos eletrônicos.
As lâmpadas de descarga (vapor de
mercúrio, vapor de sódio, fluorescentes etc),
para funcionarem, necessitam do auxílio de
um reator. Os reatores, como os motores e 2.4 Consequências de um baixo fator
os transformadores, possuem bobinas que de potência
consomem energia reativa, contribuindo para
a redução do fator de potência. O uso de
Baixos valores de fator de potência,
reatores compensados (com alto fator de como já visto, são decorrentes de
potência) pode contornar, em parte, o quantidades elevadas de energia reativa.
problema. Métodos específicos de compensação deste
reativo excedente devem ser aplicados, visto
que essa condição de “excesso de reativos”
2.3.4 Grande quantidade de motores de
no sistema elétrico resulta em aumento na
pequena potência em operação
corrente total que circula nas redes de
durante um longo período
distribuição de energia elétrica da
A grande quantidade de motores de concessionária e das unidades
pequena potência provoca, muitas vezes, um consumidoras, podendo sobrecarregar as
baixo fator de potência, posto que o correto subestações, as linhas de transmissão e
dimensionamento de tais motores em função distribuição, prejudicando a estabilidade e as
das máquinas a eles acopladas pode condições de aproveitamento dos sistemas
apresentar dificuldades. elétricos, trazendo inconvenientes diversos,
tais como:

2.3.5 Tensão acima da nominal ƒ Aumento das perdas na instalação pelo


efeito Joule;
A potência reativa é, aproximadamente, ƒ Aumento das quedas de tensão;
proporcional ao quadrado da tensão
aplicada, enquanto que, no caso dos motores ƒ Subutilização da capacidade instalada
de indução, a potência ativa praticamente só (limitação da capacidade dos
depende da carga mecânica aplicada ao eixo transformadores de alimentação);
do motor. Assim, quanto maior o nível da ƒ Sobrecarga nos equipamentos de
tensão aplicada aos motores, maior a manobra, diminuindo sua vida útil;
energia reativa consumida e,
consequentemente, menor o fator de ƒ Aumento da seção nominal dos
potência. condutores e da capacidade dos
equipamentos de manobra e de proteção,
devido ao aumento da corrente
consumida;

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 40


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ƒ Acréscimo na conta de energia elétrica prejudiciais à instalação ainda estão


(multa) por estar operando por baixo fator relacionadas às quedas de tensão, tais como
de potência a diminuição da intensidade luminosa das
lâmpadas e o aumento da corrente nos
motores, diminuindo a sua vida útil e a sua
2.4.1 Aumento das perdas na instalação eficiência.

As perdas de energia elétrica na


instalação são divididas basicamente em 2.4.3 Subutilização da capacidade
perdas fixas e as perdas em função da instalada
operação da carga. As perdas Joule em
condutores ocorrem na forma de calor (2,5 a A subutilização da capacidade instalada
7,5% do consumo em instalações industriais) está relacionada à limitação da capacidade
e são proporcionais ao quadrado da corrente dos transformadores de alimentação em
total ( Perdas = R ⋅ I 2 ). Por outro lado, as função da redução do fator de potência.
perdas em função da operação das cargas A energia reativa, ao sobrecarregar
atingem de 2 a 5% da carga (IEEE 739). uma instalação elétrica, inviabiliza sua plena
A corrente consumida cresce com o utilização (em termos de aproveitamento
aumento do consumo de energia reativa (ver energético na realização de trabalho),
expressões 1.37 à 1.39). Desta forma, condicionando a instalação de novas cargas
estabelece-se uma relação diretamente a investimentos que seriam evitados se o
proporcional entre o incremento das perdas e fator de potência apresentasse valores mais
o baixo fator de potência, provocando o altos. O "espaço" ocupado pela energia
aumento do aquecimento de condutores e reativa poderia ser então utilizado para o
equipamentos. atendimento de novas cargas, pois teríamos
uma maior disponibilidade de potência ativa.
Especificamente no caso de
transformadores, observa-se um aumento
das perdas decorrentes da variação da Tabela 2.2 Liberação de kW em um transformador de
regulação de tensão (ΔU%= (Uo – Ucarga)/U0) 100 kVA.
com a diminuição do fator de potência (IEEE
241) e, no caso de motores, um aumento das Fp Potência ativa disponível [kW]
perdas (%) em função do aumento do
desbalanceamento de tensão (IEEE 739). 1,0 100
0,9 90
0,8 80
2.4.2 Aumento da queda de tensão
0,7 70
A queda de tensão em um circuito 0,6 60
também é diretamente proporcional a
0,5 50
corrente elétrica consumida (ΔU ≅ I). Desta
forma, o aumento da corrente devido ao
excesso de energia reativa consumida leva a
quedas de tensão acentuadas, podendo Observe pela tabela 2.2 que, quanto
ocasionar a interrupção do fornecimento de menor o fator de potência, menor a
energia elétrica e a sobrecarga em certos disponibilidade de consumo de potência ativa
elementos da rede. para uma determinada quantidade de
potência aparente. Assim, nota-se que é
Durante os períodos nos quais a rede é inviável, pelo exemplo dos dados da tabela
fortemente solicitada (aumento do consumo 2.2, a alimentação de uma carga de 80kW
de corrente), esse risco é, sobretudo, com fator de potência igual a 0,7 através de
acentuado. Outras conseqüências um transformador de 100 kVA, uma vez que

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 41


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este apenas disponibiliza 70 kW de potência capacidade nominal de corrente destes


ativa para consumo. Para alimentar esta componentes em virtude da sobrecarga a
carga seria necessário um transformador de, que estarão submetidos. A situação de
no mínimo: sobrecarga contínua deve ser evitada a todo
o custo, sobre pena de redução da vida útil
P 80kW dos componentes da instalação.
S= = = 115kVA
Fp 0,7
É importante salientar que os 2.4.5 Aumento da seção nominal dos
investimentos em ampliação das instalações condutores
estão relacionados principalmente à
aquisição de transformadores e a Para transportar a mesma potência
substituição de condutores por outros de ativa sem o aumento de perdas e diminuição
maior seção nominal. O transformador a ser da vida útil, a seção dos condutores deve
instalado deve atender à potência total dos aumentar na medida em que o fator de
equipamentos utilizados, mas devido a potência diminui. De fato, o aumento da
presença de potência reativa, a sua corrente devido ao excesso de energia
capacidade deve ser calculada não apenas reativa ocasiona um aumento da seção
pela potência ativa da instalação, mas com nominal dos condutores, devido a
base na potência aparente (kVA). necessidade do aumento da capacidade de
Observe o gráfico da figura 2.4. Ele nos condução de corrente dos mesmos.
mostra que, para uma instalação que
consome 100 kW, com a diminuição do fator
de potência, obtemos um aumento da
Tabela 2.4 Variação da seção do condutor em função
potência aparente e, consequentemente, do do fator de potência.
transformador necessário para alimentar este
sistema, conforme indicado da tabela 2.3. Fp Seção relativa

1,00 1,00 •
Tabela 2.3 Variação da potência do transformador em
função do Fp para uma carga de 100 kW.
0,90 1,23 •
Potência aparente Potência do trafo
Fp [kVA] [kVA] 0,80 1,56 •
1,0 100 100
0,9 111 125 0,70 2,04 •
0,8 125 125
0,7
0,6
142
167
150
185
0,60 2,78 •

2.4.4 Sobrecarga nos equipamentos de


0,50 4,00

manobra, proteção e controle

O aumento da corrente devido ao


excesso de energia reativa consumida leva
também ao aumento do custo dos sistemas
de manobra, proteção e controle, visto que
será necessário um redimensionamento da
0,40 6,25

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 42
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ƒ Tensão da fonte: 6,9kV;


Fp Seção relativa
ƒ Impedância da linha: ZL = (1,5 + j 0,5)Ω


ƒ Carga: 1000kW com cosϕ = 0,9

b) Corrente:
0,30 11,10
Da expressão (1.34), temos:
P 1000kW
I= = = 161 A
U 0 × cosϕ 6,9kV × 0,9
Fonte: Divulgação WEG - Manual para correção do fator de
potência.

A tabela 2.4 ilustra a variação da seção de


um condutor em função do fator de potência. c) Capacidade da "fonte":
Nota-se que a seção necessária, supondo-se
Da expressão (1.44), temos
um fator de potência 0,70 é o dobro da seção
para o fator de potência 1,0. S = U 0 × I = 6,9kV × 161A = 1.111kVA

EXEMPLO 2.6 Analisar dois sistemas A e B


d) Perdas na linha
monofásicos mostrados nas Figuras 2.13 e 2.14, para
verificar a influência do fator de potência nas
grandezas de um sistema elétrico. Da expressão (1.49), temos:

ΔP ≅ R × I 2 = 1,5 × 1612 = 39 kW

1,5 Ω j 0,5 Ω e) Queda de tensão na linha:

Das expressões (1.20) e (1.25), temos:

6,9 kV ~ I 1000 kW ΔU ≅ Z × I = (R 2
)
+ X2 ×I
cosϕ = 0,9
ΔU = 1,52 + 0,52 × 161A
ΔU = 2,5 × 161A = 255V
Figura 2.13 Sistema A.

Para o Sistema B, temos:


1,5 Ω j 0,5 Ω
a) Dados:

ƒ Tensão da fonte: 6,9kV;


6,9 kV ~ I 1000 kW
cosϕ = 0,6 ƒ Impedância da linha: ZL = (1,5 + j 0,5)Ω
ƒ Carga: 1000kW com cosϕ = 0,6
Figura 2.14 Sistema B.
b) Corrente:

Da expressão 1.34, temos:


Solução:
P 1000kW
I= = = 241A
Para o Sistema A, temos: U 0 × cos ϕ 6,9kV × 0,6

a) Dados: c) Capacidade da "fonte":

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 43


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Da expressão 1.44, temos Tabela 2.5 Grandezas elétricas dos sistemas A e B.


S = U 0 × I = 6,9kV × 241A = 1.633kVA Grandeza Sistema A Sistema B Aumento
Corrente 161 A 241 A 49,7 %
d) Perdas na linha Capacidade
1.111 kVA 1.663 kVA 49,7 %
da fonte
Da expressão 1.49, temos: Perdas na
39 kW 87 kW 230,1 %
linha
ΔP ≅ R × I 2 = 1,5 × 2412 = 87 kW Queda de
255 V 381 V 49,4 %
tensão
e) Queda de tensão na linha:
Observando a tabela 2.5, concluímos que um baixo
Das expressões 1.20 e 1.25, temos: fator de potência traz algumas conseqüências
negativas, tais como:
ΔU ≅ Z × I = (R 2
)
+ X2 ×I
ΔU = 1,5 + 0,5 × 241A
2 2
ƒ Solicitação de uma corrente maior para alimentar
ΔU = 2,5 × 241A = 381V uma carga com a mesma potência ativa;
ƒ Aumento das perdas por efeito Joule;
ƒ Aumento das quedas de tensão.

CAPÍTULO 2 – FATOR DE POTÊNCIA: FUNDAMENTOS, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS 44


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Capítulo
Correção do
Fator de Potência III

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 45


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3 Correção do fator de potência

Sumário do capítulo
3.1 MÉTODOS PARA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
3.1.1 Alterações na rotina operacional
3.1.2 Aumento do consumo de energia ativa
3.1.3 Instalação de motores síncronos superexcitados
3.1.4 Instalação de capacitores
3.2 VANTAGENS DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
3.2.1 Liberação da capacidade do sistema
3.2.2 Melhoria da tensão
3.2.3 Redução das perdas

Como ficou evidenciado anteriormente, metodologia e experiência para efetuar uma


é de suma importância manter o fator de compensação adequada de reativos,
potência dentro de limites pré-estabelecidos. lembrando que cada caso deve ser estudado
Serão estudados os métodos utilizados para individualmente, não havendo uma solução
corrigir o fator de potência, quando já é padronizada que atenda a todas as situações
conhecido o valor atual medido ou de projetos.
determinado (os métodos de medição e
Em princípio, o aumento do fator de
determinação do fator de potência serão
potência pode ser conseguido através um
vistos mais adiante).
conjunto de soluções e providências básicas
Para se obter uma melhoria do fator de para evitar o desperdício de dinheiro e de
potência (ou seja, um aumento do fator de energia e também riscos eventuais
potência), podem-se indicar algumas decorrentes do baixo fator de potência. Entre
soluções que devem ser adotadas, estas providências, citam-se:
dependendo das condições particulares de
cada instalação. ƒ Modificação na rotina operacional,
objetivando uma utilização correta de
Deve-se entender que a correção do
motores e transformadores;
fator de potência aqui evidenciada não
somente visa à questão do faturamento de ƒ Elevação do consumo de energia ativa
energia reativa excedente, mas também aos (kWh) se for conveniente à unidade
aspectos operacionais internos da instalação consumidora;
da unidade consumidora, tais como liberação ƒ Utilização de máquinas síncronas e
da capacidade de potência de capacitores;
transformadores, aumentando a capacidade
de condução dos cabos, redução das perdas, As soluções a serem adotadas
etc. dependem das condições particulares de
cada instalação. Independentemente do
3.1 Métodos para correção do fator método a ser adotado, o fator de potência
de potência teoricamente ideal, tanto para a instalação
(isto é, para o consumidor) como para a
concessionária, seria o fator de potência
A compensação da energia reativa em unitário, o que significaria a inexistência de
um sistema elétrico deve ser analisada com potência reativa na instalação e, portanto,
o devido cuidado, evitando-se soluções uma situação de máxima eficiência na
precipitadas que podem levar a resultados conversão de energia. Entretanto, essa
técnicos e/ou econômicos não satisfatórios. condição geralmente não é conveniente do
É necessário, antes de mais nada,

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 46


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ponto de vista da relação custo/benefício, pelo fato da instalação estar no limite de sua
sendo considerado satisfatório um fator de capacidade ou a rede sobrecarregada.
potência igual a 0,95 para a instalação.
Ao ser adotado o critério de aumento
do consumo de energia ativa para melhoria
3.1.1 Alterações na rotina operacional do do fator de potência, deve-se levar em
sistema elétrico consideração que tal escolha não deve
prejudicar a necessidade de conservação de
As modificações na rotina operacional energia elétrica. Desta forma, apenas como
devem ser dirigidas objetivando exemplo, não é conveniente substituir uma
principalmente a utilização correta de unidade hidráulica de um sistema por uma
motores, no sentido de manter os motores elétrica (cujo fator de potência é
em operação a plena carga, evitando o seu praticamente igual a 1) apenas para
funcionamento a vazio ou aumentar o fator de potência. Entretanto, se
superdimensionados (item 2.3.1). a indústria possuir duas unidades, uma
Analogamente, deve-se evitar também a hidráulica e outra elétrica, funcionando
utilização de transformadores operando em alternadamente, pode-se pensar em ampliar
vazio ou com pequenas cargas (item 2.3.2). os períodos de operação da unidade elétrica,
o que conduzirá a um aumento do fator de
potência médio da instalação.
3.1.2 Aumento do consumo de energia O aumento do acréscimo de carga
ativa pode ser determinado da forma apresentada
na figura 3.1:
Embora nem sempre conveniente para
a instalação, o aumento da demanda ativa
média da instalação, ou seja, do consumo de
energia ativa visando aumentar o fator de
potência, pode ser conseguido pela adição
de novas cargas com alto fator de potência
ou pelo aumento do período de operação de Q Q
cargas cujos fatores de potência sejam ϕ1 ϕ2
elevados.
P ΔP
Essa metodologia deve ser utilizada
com muito critério e é recomendada
principalmente para instalações que tenham Figura 3.1 Melhoria do Fp através do aumento do
consumo de energia ativa.
jornada de trabalho fora do período de ponta
de carga (aproximadamente das 18:00 às
20:00 horas), visando evitar a sobrecarga do
Verifica-se que, das relações
sistema elétrico.
trigonométricas do triângulo de potências:
É importante observar que a carga ativa
que irá aumentar o consumo de energia
ativa, além de atender às necessidades de Q
produção da indústria, deverá ser tgϕ 1 = ↔ Q = P × tgϕ 1 (3.1)
P
cuidadosamente escolhida para não
aumentar a demanda máxima, o que Q Q
acarretaria uma alteração no contrato de tgϕ 2 = ↔ ΔP = −P (3.2)
demanda da indústria e um conseqüente P + ΔP tgϕ 2
aumento na conta de energia elétrica. Por
outro lado, muitas vezes este aumento do
consumo de energia ativa não é possível,

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 47


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onde: Observe que, embora não haja a menor


dificuldade em aplicar a expressão (3.3),
Q = Consumo reativo [kVAh]; pode-se, contudo, utilizar alternativamente à
P = Consumo ativo [kWh]; tabela 3.1, que fornece o multiplicador K
igual à [(tgϕ1 / tgϕ2)- 1] em função do fator de
ΔP = aumento do consumo ativo [kWh]; potência original (cosϕ1) e daquele que se
ϕ1 = ângulo do fator de potência original; pretende obter (cosϕ2). Desta forma, temos:

ϕ2 = ângulo do fator de potência pretendido. ΔP = P × K (3.4)

Substituindo 3.1 em 3.2:

⎛ tgϕ 1 ⎞
ΔP = P × ⎜⎜ − 1⎟⎟ (3.3) Observação: a definição detalhada do termo
⎝ tgϕ 2 ⎠ “consumo” será apresentada no capítulo 6.

Tabela 3.1 Valores do coeficiente de acréscimo do consumo ativo K = [(tgϕ1 / tgϕ2) – 1] para compensação do Fp.
Fp tual Fp corrigido (cosϕ2)
(cosϕ1) 0,92 0,93 0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99
0,65 1,744 1,958 2,221 2,557 3,008 3,665 4,758 7,205
0,66 1,672 1,880 2,136 2,463 2,903 3,542 4,606 6,988
0,67 1,601 1,803 2,053 2,371 2,799 3,421 4,457 6,776
0,68 1,531 1,728 1,971 2,281 2,697 3,302 4,310 6,567
0,69 1,462 1,654 1,890 2,192 2,597 3,186 4,166 6,362
0,70 1,395 1,581 1,811 2,104 2,498 3,071 4,024 6,160
0,71 1,328 1,510 1,733 2,018 2,401 2,957 3,884 5,961
0,72 1,263 1,439 1,656 1,932 2,305 2,846 3,747 5,764
0,73 1,198 1,369 1,579 1,848 2,210 2,736 3,611 5,570
0,74 1,134 1,300 1,504 1,765 2,116 2,627 3,476 5,379
0,75 1,070 1,231 1,430 1,683 2,024 2,519 3,343 5,189
0,76 1,007 1,164 1,356 1,602 1,932 2,412 3,211 5,001
0,77 0,945 1,097 1,283 1,521 1,841 2,306 3,081 4,815
0,78 0,883 1,030 1,210 1,441 1,751 2,201 2,951 4,630
0,79 0,822 0,964 1,138 1,361 1,661 2,097 2,822 4,447
0,80 0,761 0,898 1,066 1,282 1,571 1,993 2,694 4,263
0,81 0,700 0,832 0,995 1,203 1,482 1,889 2,565 4,081
0,82 0,639 0,766 0,923 1,124 1,393 1,785 2,437 3,899
0,83 0,577 0,700 0,851 1,045 1,304 1,681 2,309 3,716
0,84 0,516 0,634 0,780 0,965 1,215 1,577 2,181 3,533
0,85 0,455 0,568 0,708 0,886 1,125 1,473 2,052 3,349
0,86 0,393 0,501 0,635 0,805 1,034 1,368 1,922 3,164
0,87 0,330 0,434 0,561 0,724 0,943 1,261 1,791 2,977
0,88 0,267 0,366 0,487 0,642 0,851 1,154 1,658 2,788
0,89 0,203 0,296 0,412 0,559 0,757 1,044 1,523 2,595
0,90 0,137 0,225 0,334 0,474 0,661 0,932 1,385 2,399
0,91 0,070 0,153 0,255 0,386 0,562 0,818 1,244 2,197
0,92 0,000 0,078 0,174 0,296 0,461 0,700 1,098 1,990
0,93 0,000 0,089 0,202 0,355 0,577 0,946 1,774
0,94 0,000 0,104 0,244 0,448 0,787 1,547
0,95 0,000 0,127 0,311 0,619 1,307
0,96 0,000 0,164 0,436 1,047
0,97 0,000 0,234 0,759
0,98 0,000 0,425
0,99 0,000

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 48


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EXEMPLO 3.1 Uma indústria tem um consumo ativo relação à tensão aplicada, fazendo com que
diário de 25.000 kWh. Verificou-se que o fator de o motor funcione com fator de potência
potência é igual a 0,81 (indutivo). Qual deverá ser o
acréscimo de consumo ativo (kWh) que, instalado,
capacitivo (condição de super ou
venha a compensar o fator de potência para de 0,92? sobreexcitação), fornecendo potência reativa
à rede (característica de um sistema
Solução: predominantemente capacitivo).
Temos que: P = 25.000 kWh O motor, nestas condições de
funcionamento, por razões óbvias, é
cosϕ1= 0,81
chamado de "capacitor síncrono", visto que,
cosϕ2= 0,92 além de suprir suas próprias necessidades
de reativos, também os fornecem ao sistema.
De (3.4) e da tabela 3.1: Os motores síncronos superexcitados
ΔP = P × K = 25.000 × 0,6995 = 6.995kWh podem ser instalados exclusivamente para a
correção do fator de potência ou podem ser
acoplados a alguma carga da própria
produção, em substituição, por exemplo, a
um motor de indução.
3.1.3 Instalação de motores síncronos
superexcitados Entretanto, a instalação de motores
síncronos requer investimento elevado é
Os motores síncronos, sob somente recomendada quando são
determinadas condições de operação, acionadas cargas mecânicas de grande
podem funcionar como “geradores” de porte, com potências superiores a 200 cv
potência reativa, contribuíndo para o (caso, por exemplo, de grandes
aumento do fator de potência. compressores) e funcionando por períodos
longos (superiores à 8 horas/dia). Nesses
Os motores síncronos, quando casos, o motor síncrono exercerá a dupla
subexcitados, correspondem a uma condição função de acionar a carga e aumentar o fator
de baixa corrente de excitação, na qual o de potência da instalação.
valor da força eletromotriz induzida nos pólos
do estator (circuito estatórico) é pequena, o É importante salientar que os motores
que acarreta a absorção de potência reativa síncronos, quando utilizados para corrigir o
necessária à formação de seu campo fator de potência, em geral funcionam com
magnético. Assim, a corrente estatórica carga constante.
mantém-se atrasada em relação à tensão EXEMPLO 3.2 Calcule o fator de potência final quando
(característica de um sistema um motor síncrono superexcitado (100 cv; cosϕ = 0,8
predominantemente indutivo). cap.; η = 0,92) é instalado junto a uma carga de 100
kW, com Fp = 0,62 (indutivo).
Partindo da condição anterior e
aumentando-se a corrente de excitação, Solução:
obtém-se uma elevação da força eletromotriz
O motor síncrono apresenta as seguintes
no campo estatórico, cuja corrente ficará em caracteríticas:
fase com a tensão de alimentação. Desta
forma, o fator de potência assume o valor 100cv × 736
P1 = = 80kW
unitário e o motor não necessita de potência 0,92 × 1000
reativa para a formação de seu campo De (1.40) e (1.41):
magnético (característica de um sistema
resistivo). S1 =
P
=
80
= 100kVA
cos ϕ1 0,8
Qualquer elevação de corrente de
excitação a partir de então proporciona o Q1 = S 12 − P12 = 1002 − 802 = −60kVAr (capacitivo)
adiantamento da corrente estatórica em

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 49


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A figura 3.2 mostra o comportamento desse motor, empregada na correção do fator de potência
quando instalado junto a uma carga de 100 kW, com de instalações industriais, comerciais e dos
FP igual a 0,62 (indutivo):
sistemas de distribuição e de potência, a fim
de se reduzir a potência reativa demandada
C F à rede e que os geradores da concessionária
motor 60 kVAr deveriam fornecer na ausência destes
160 kVA 100 kVA
E capacitores, uma vez que, como já visto,
191 kVA
estes fornecem energia reativa ao sistema
65 kVAr
ϕ2
elétrico onde estão ligados. É o método mais
ϕ1
A 100 kW B 80 kW D econômico e o que permite maior
flexibilidade de aplicação. Entretanto, quando
se optar por este método, alguns cuidados
Figura 3.2 Melhoria do Fp através do aumento do especiais devem ser tomados para a
consumo de energia ativa. instalação desses equipamentos,
principalmente com referência à tensão de
operação, uma vez que o capacitor tende a
Triângulo ABC – situação original (carga de 100 kW) elevar o seu nível e uma elevação de tensão
Triângulo ADE – situação final (carga + motor) poderá provocar danos aos equipamentos
ligados à rede elétrica e ao próprio capacitor.
Triângulo CFE – carga do motor síncrono
A determinação da potência do
capacitor por qualquer dos métodos que
A carga, antes de ligar o motor síncrono, era:
serão apresentados não deve implicar um
P2 = 100 kW fator de potência inferior a 0,92 indutivo ou
P 100
capacitivo, em qualquer ponto do ciclo de
S2 = = = 160 kVA carga da instalação, conforme determinação
cos ϕ 2 0,62
da Portaria 456 da Aneel (ver apêndice A).
Q2 = S 2 2 − P2 2 = 1602 − 1002 = 125kVAr (indutivo)
Teoricamente, os capacitores poderiam ser
utilizados para suprir 100% das
necessidades de potência reativa. Na prática
A carga, após a ligação do motor síncrono, ficará: porém, a correção do fator de potência para
0,95 traz o máximo retorno.
PT = P1 + P2 = 100 + 80 = 180 kW
Os capacitores utilizados para a
QT = Q1 + Q2 = 125 − 60 = 65 kVAr compensação reativa, os chamados
"capacitores de potência" (ver tabela 3.2),
ST = PT 2 + QT 2 = 1802 + 652 = 191 kVA
são caracterizados por sua potência nominal,
sendo fabricados em unidades monofásicas
O fator de potência final será: e trifásicas, para alta e baixa tensão, com
valores padronizados de potência, tensão e
PT 180 freqüência, ligados internamente em delta e
Fp = = = 0,94
ST 191 com potências até 50 kVAr. Os capacitores
de alta tensão são monofásicos com
potências não superiores a 100 kVAr e, em
3.1.4 Instalação de capacitores suas aplicações, ligados externamente em
estrela. Maiores detalhes técnicos serão
Praticamente nenhuma das soluções apresentados no capítulo 5.
descritas em 3.1.1, 3.1.2 e 3.1.3 são
adotadas, devido ao seu alto custo e
dificuldades operacionais.
A instalação de capacitores em
paralelo com a carga é a solução mais

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 50


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Tabela 3.2 Capacitores de potência. Vamos retomar o assunto de fluxo de


potência em um sistema elétrico. Como visto,
Característica Descrição
quando a carga consome somente potência
Capacitância Valor da capacitância atribuída ativa (cargas resistivas, como, por exemplo,
nominal pelo fabricante [μF].
aquecedores elétricos, lâmpadas
Valor eficaz da tensão senoidal incandescentes, etc), toda a potência
entre os terminais de linha, para a
Tensão nominal
qual um capacitor é projetado
aparente S gerada, excluindo-se as perdas
[V, kV]. de transporte (perdas Joule), é transformada
Valor eficaz da corrente que pelos sistemas de transmissão e distribuição
percorre um terminal de linha, ao da concessionária de energia elétrica e
Corrente qual corresponde a potência absorvida pela carga mencionada
nominal nominal, quando aplicada ao (transformada em trabalho), conforme
capacitor a sua tensão nominal
indicado na figura 3.3 e no seu
sob freqüência nominal [A].
correspondente histograma de potências
Potência reativa sob tensão e
Potência (gráfico de barras – figura 3.4). Observe que,
freqüência nominais, para a qual o
nominal nesta situação, toda a energia ativa P
capacitor é projetado [kVAr].
consumida pela carga C é registrada no
medidor M e faturada pela concessionária.
Na maior parte das aplicações em
projetos de compensação reativa, os
capacitores são utilizados em bancos P P P
Carga
resistiva
trifásicos (conjunto de capacitores de G M C
potência, estruturas de suporte e os
necessários dispositivos de manobra, Geração Transmissão Distribuição Utilização
controle e proteção, montados de modo a
Figura 3.3 Diagrama unifilar para carga com consumo
constituir um equipamento completo),
de potência ativa (P).
montados com unidades trifásicas ou
monofásicas (caso de alta tensão).
P 100 kW
Esta possibilidade de “fracionamento” Q 0 kVAr
das potências dos capacitores permite a S 100 kVA
obtenção de potências relativamente
elevadas (devido à combinação dos Figura 3.4 Histograma para carga com consumo de
potência ativa (P) de 100 kW e Fp = 1.
elementos capacitivos), além de possibilitar
maior flexibilidade de instalação e de
manutenção. Mais adiante será dada ênfase Por outro lado, quando a carga é
aos tipos de correção de fator de potência constituída de aparelhos de utilização que
(manual, automática, etc) e características absorvem uma determinada quantidade de
construtivas e elétricas dos capacitores. energia ativa P para produzir trabalho e
necessita também de energia reativa de
É importante salientar que a instalação
magnetização Q para ativar o seu campo
de capacitores deve evitar na instalação o
indutor (cargas predominantemente
excesso de reativos. Desta forma, a potência
indutivas, como, por exemplo, motores e
manobrada não deve introduzir na instalação
reatores de lâmpadas de descarga), o
um fator de potência capacitivo no período
sistema de suprimento passa a transportar
de 0 às 6:00h, a fim de evitar o faturamento
um bloco de energia reativa indutiva Q que
de energia reativa capacitiva excedente.
não produz trabalho e que flui entre a carga e
Por outro lado, deve-se prever também a fonte, porém, como visto, sobrecarrega o
a manobra do banco de capacitores do sistema. A figura 3.5 ilustra esta situação,
período de 6:00 às 24:00h para evitar o bem como o seu correspondente histograma
faturamento de energia reativa indutiva de potências (figura 3.6).
excedente.

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 51


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Carga Nessas condições, o excesso de energia


indutiva
P P P reativa capacitiva causa efeitos adversos ao
G M C sistema elétrico da concessionária, com, por
Q Q Q exemplo, sobretensões indesejáveis.

Geração Transmissão Distribuição Utilização


Não há
Figura 3.5 Diagrama unifilar para carga com consumo trabalho
de potência ativa (P) e reativa indutiva (Q). G M C=0
Q Q Q
P 100 kW Q
Geração Transmissão Distribuição
Q 75 kVAr
S 125 kVA Capacitor

Figura 3.6Histograma para carga com consumo de Figura 3.8 Carga a vazio com capacitor instalado.
potência ativa (P) de 100 kW e Fp = 0,8.

É comum dizer que os capacitores são


Analisando a situação descrita, para "geradores de potência reativa". Na
que a energia reativa indutiva excedente que realidade, eles não são geradores, pois são
flui no sistema elétrico entre a geração e a elementos passivos que acumulam energia
carga não ocupe "espaço" nos condutores, estaticamente e, produzem potência reativa
transformadores, etc do sistema de sem custo.
suprimento, basta que num ponto próximo ao
da carga C se conecte um banco de Os capacitores são equipamentos
capacitores que passará a fornecer o capazes de armazenar, como vimos, energia
excedente de energia reativa capacitiva Q2 elétrica. Assim, em vez de devolver à fonte
diretamente à carga C, liberando o sistema externa a energia reativa consumida, a
de suprimento para transportar mais energia energia fica armazenada no capacitor, para
ativa P (figura 3.7). em seguida retorná-la. Desta forma, a troca
de energia reativa não é feita entre a
indústria e a fonte geradora externa, mas
entre a indústria e os capacitores.
Carga
P P P P reativa As figuras 3.9 e 3.10 ilustram bem os
G M C conceitos apresentados e representam, de
maneira esquemática, a correção do fator de
Q1 Q1 Q1 Q = Q1 + Q2
potência através de capacitores.
Geração Transmissão Distribuição Q2
Serão apresentados a seguir os
Capacitor
principais métodos para determinação da
Figura 3.7 Carga com consumo de potência ativa (P) potência dos capacitores para correção do
e reativa indutiva (Q) e instalação de um capacitor. fator de potência (kVAr):

ƒ Método analítico;
Quando a carga C não é solicitada a ƒ Método tabular;
realizar nenhum trabalho (como, por
exemplo, um motor de indução sem carga ƒ Método dos consumos médios mensais.
acoplada ao eixo), ela deixa de consumir
energia ativa P. Se, no entanto, o banco de
capacitores não for desligado, este passará a
fornecer energia reativa ao sistema de
suprimento, conforme mostrado na figura 3.8.

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 52


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P
R
S
L
Q

Figura 3.9 Representação do fluxo de potência ativa e reativa em um sistema elétrico (antes da correção do fator de
potência através da instalação de capacitores).

P
R

S
Q L

QC

Capacitor de correção

Figura 3.10 Representação da correção de fator de potência em um sistema elétrico utilizando capacitores.

ângulo de ϕ1 para ϕ2, ou seja, aumentar o


3.1.4.1 Método analítico fator de potência de cosϕ1 para cosϕ2), o que
equivale a reduzir a componente reativa Q1
Observe a instalação com carga da potência para Q2 (figura 3.11b),
instalada conforme indicado na figura 3.11a. mantendo, porém, o mesmo valor da
Existe uma potência ativa P e, em potência ativa P.
conseqüência do fator de potência cosϕ1, a
potência aparente é S1. Pretendemos
melhorar o fator de potência (reduzir o

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 53


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QC
S1 S1
Q1 Q1
S2 S2
ϕ1 Q2 ϕ1 Q2
ϕ2 ϕ2
P P P

a b c

Figura 3.11 Diagrama vetorial mostrando o benefício da correção do fator de potência (método analítico).

A figura 3.11c representa a EXEMPLO 3.3 Uma indústria tem instalada uma carga
superposição dos diagramas 3.11a e 3.11b, de 1.300 kW. Verificou-se que o fator de potência é
igual a 0,81 (indutivo). Qual deverá ser a potência
onde Qc é a quantidade de potência reativa reativa (kVAr) do capacitor que, instalado, venha a
necessária para reduzir Q1 para Q2. reduzir a potência reativa, de modo que o fator de
Podemos escrever, de (1.43): potência atenda ao valor de 0,92?

Q1 = P x tgϕ1 (Figura 3.11a) Solução:

Q2 = P x tgϕ2 (Figura 3.11b) cosϕ1 = 0,81 ⇒ ϕ1 = arcos (0,81) = 35,90º

Onde P1 = P2 = P cosϕ2 = 0,92 ⇒ ϕ2 = arcos (0,92) = 23,07º


Portanto, usando a expressão (3.5), teremos a
Para reduzir a potência reativa de Q1 potência reativa a ser compensada pelo capacitor:
para Q2, deverá ser ligada uma carga
capacitiva igual a: Qc = Q1 − Q 2 = P × (tgϕ 1 − tgϕ 2 )

Qc = 1300kW × [tg (35,9º ) − tg (23,07º )] = 390kVAr


QC = Q1 - Q2
Considerando células capacitivas de 50 kVAr
Ou seja: cada, o número de células no banco (NC) vale:

Qc = Q1 − Q 2 = P × (tgϕ 1 − tgϕ 2 ) (3.5)


NC = 390 / 50 = 7,8 ≅ 8
QC = 8 x 50 = 400 kVAr
onde:

QC = Potência do capacitor a ser instalado, EXEMPLO 3.4 Uma indústria apresenta um consumo
em volt-ampère reativo [kVAr]; mensal de 10.000 kWh, sendo de 200 h o período
(mensal) de funcionamento e o fator de potência
Q1 = potência reativa da rede antes da original de 0,70. Determinar a potência reativa (kVAr)
instalação de capacitores, em volt-ampère do capacitor que, instalado, venha a reduzir a potência
reativo [kVAr]; reativa, de modo que o fator de potência atenda ao
valor de 0,92.
Q2 = potência reativa da rede depois da
instalação de capacitores, em volt-ampère Solução:
reativo [kVAr];
P = potência ativa, em watt [W]; demanda =
10.000kWh
= 50kW
200h
ϕ1 = ângulo do fator de potência original;
cosϕ1 = 0,70 ⇒ ϕ1 = arcos (0,70) = 45,57º
ϕ2 = ângulo do fator de potência pretendido.
cosϕ2 = 0,92 ⇒ ϕ2 = arcos (0,92) = 23,07º

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 54


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Da expressão (3.5), obtemos a potência capacitiva a 3.1.4.2 Método Tabular


ser ligada em paralelo com a instalação:
Observe que, embora não haja a menor
Qc = 50kW × [tg (45,57º ) − tg (23,07º )]
dificuldade em aplicar a expressão (3.5),
Qc = 50kW × [1,02 − 0,426] = 29,5kVAr pode-se, contudo, utilizar alternativamente a
tabela 3.3, que fornece o multiplicador Δtg
Observação: É comum, em algumas situações, ao (tgϕ1 – tgϕ2) em função do fator de potência
invés de termos disponível o valor da potência ativa P original (cosϕ1) e daquele que se pretende
[kW] da expressão (3.5), termos o valor do consumo ao obter (cosϕ2). Desta forma, temos:
longo de um período [kWh]. Quando for este o caso,
para obter a potência ativa (ou Demanda Ativa Média),
basta dividir o consumo pelo período de funcionamento Qc = P × (tgϕ 1 − tgϕ 2 ) = P × Δtgϕ (3.6)
medido (horas).

Tabela 3.3 Valores do multiplicador Δtg = (tgϕ1 - tgϕ2) para obtenção da potência reativa com um Fp desejado.
Fp tual Fp corrigido (cosϕ2)
(cosϕ1) 0,80 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87 0,88 0,89 0,90 0,91 0,92 0,93 0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1,00
0,50 0,98 1,01 1,03 1,06 1,09 1,11 1,14 1,17 1,19 1,22 1,25 1,28 1,31 1,34 1,37 1,40 1,44 1,48 1,53 1,59 0,73
0,51 0,94 0,96 0,99 1,02 1,04 1,07 1,09 1,12 1,15 1,17 1,20 1,23 1,26 1,29 1,32 1,36 1,40 1,44 1,48 1,54 1,69
0,52 0,89 0,92 0,95 0,97 1,00 1,02 10,5 1,08 1,10 1,13 1,16 1,19 1,22 1,25 1,28 1,31 1,35 1,39 1,44 1,50 1,64
0,53 0,85 0,88 0,90 0,93 0,95 0,98 1,01 1,03 1,06 1,09 1,12 1,14 1,17 1,21 1,24 1,27 1,31 1,35 1,40 1,46 1,60
0,54 0,81 0,84 0,86 0,89 0,91 0,94 0,97 0,99 1,02 1,05 1,08 1,10 1,13 1,16 1,20 1,23 1,27 1,31 1,36 1,42 1,56
0,55 0,77 0,80 0,82 0,85 0,87 0,90 0,93 0,95 0,98 1,01 1,04 1,06 1,09 1,12 1,16 1,19 1,23 1,27 1,32 1,38 1,52
0,56 0,73 0,76 0,78 0,81 0,83 0,86 0,89 0,91 0,94 0,97 1,00 1,02 1,05 1,09 1,12 1,15 1,19 1,23 1,28 1,34 1,48
0,57 0,69 0,72 0,74 0,77 0,80 0,82 0,85 0,88 0,90 0,93 0,96 0,99 1,02 1,05 1,08 1,11 1,15 1,19 1,24 1,30 1,44
0,58 0,66 0,68 0,71 0,73 0,76 0,79 0,81 0,84 0,87 0,89 0,92 0,95 0,98 1,01 1,04 1,08 1,11 1,15 1,20 1,26 1,41
0,59 0,62 0,65 0,67 0,70 0,72 0,75 0,78 0,80 0,83 0,86 0,89 0,91 0,94 0,97 1,01 1,04 1,08 1,12 1,17 1,23 1,37
0,60 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 0,74 0,77 0,79 0,82 0,85 0,88 0,91 0,94 0,97 1,00 1,04 1,08 1,13 1,19 1,33
0,61 0,55 0,58 0,60 0,63 0,65 0,68 0,71 0,73 0,76 0,79 0,82 0,84 0,87 0,90 0,94 0,97 1,01 1,05 1,10 1,16 1,30
0,62 0,52 0,54 0,57 0,59 0,62 0,65 0,67 0,70 0,73 0,75 0,78 0,81 0,84 0,87 0,90 0,94 0,97 1,02 1,06 1,12 1,27
0,63 0,48 0,51 0,54 0,56 0,59 0,61 0,64 0,67 0,69 0,71 0,75 0,78 0,81 0,84 0,87 0,90 0,94 0,98 1,03 1,09 1,23
0,64 0,45 0,47 0,50 0,53 0,56 0,58 0,61 0,63 0,66 0,69 0,72 0,75 0,78 0,81 0,84 0,87 0,91 0,95 1,00 1,07 1,20
0,65 0,42 0,45 0,47 0,50 0,52 0,55 0,58 0,60 0,63 0,66 0,69 0,71 0,74 0,77 0,81 0,84 0,88 0,92 0,97 1,03 1,17
0,66 0,39 0,41 0,44 0,47 0,49 0,52 0,55 0,57 0,60 0,63 0,65 0,68 0,71 0,74 0,78 0,81 0,85 0,89 0,94 1,00 1,14
0,67 0,36 0,38 0,41 0,44 0,46 0,49 0,52 0,54 0,57 0,60 0,62 0,65 0,68 0,71 0,75 0,78 0,82 0,86 0,91 0,97 1,11
0,68 0,33 0,35 0,38 0,41 0,43 0,46 0,49 0,51 0,54 0,57 0,59 0,62 0,65 0,68 0,72 0,75 0,79 0,83 0,88 0,94 1,05
0,69 0,30 0,33 0,35 0,38 0,40 0,43 0,46 0,48 0,51 0,54 0,57 0,59 0,62 0,65 0,69 0,72 0,76 0,80 0,85 0,91 1,05
0,70 0,27 0,30 0,32 0,35 0,37 0,40 0,43 0,45 0,48 0,51 0,54 0,56 0,59 0,63 0,66 0,69 0,73 0,77 0,82 0,88 1,02
0,71 0,24 0,27 0,29 0,32 0,35 0,37 0,40 0,43 0,45 0,48 0,51 0,54 0,57 0,60 0,63 0,66 0,70 0,74 0,79 0,85 0,99
0,72 0,21 0,24 0,27 0,29 0,32 0,34 0,37 0,40 0,42 0,45 0,48 0,51 0,54 0,57 0,60 0,64 0,67 0,71 0,76 0,82 0,96
0,73 0,19 0,21 0,24 0,26 0,29 0,32 0,34 0,37 0,40 0,42 0,45 0,48 0,51 0,54 0,57 0,61 0,64 0,69 0,73 0,79 0,94
0,74 0,16 0,19 0,21 0,24 0,26 0,29 0,32 0,34 0,37 0,40 0,43 0,45 0,48 0,51 0,55 0,58 0,62 0,66 0,71 0,77 0,91
0,75 0,13 0,16 0,18 0,21 0,24 0,26 0,29 0,32 0,34 0,37 0,40 0,43 0,46 0,49 0,52 0,55 0,59 0,63 0,68 0,74 0,88
0,76 0,11 0,13 0,16 0,18 0,21 0,24 0,26 0,29 0,32 0,34 0,37 0,40 0,43 0,46 0,49 0,53 0,56 0,60 0,65 0,71 0,86
0,77 0,08 0,11 0,13 0,16 0,18 0,21 0,24 0,26 0,29 0,32 0,35 0,37 0,40 0,43 0,47 0,50 0,54 0,58 0,63 0,69 0,83
0,78 0,05 0,08 0,10 0,13 0,16 0,18 0,21 0,24 0,26 0,29 0,32 0,35 0,38 0,41 0,44 0,47 0,51 0,55 0,60 0,66 0,80
0,79 0,03 0,05 0,08 0,10 0,13 0,16 0,18 0,21 0,24 0,26 0,29 0,32 0,35 0,38 0,41 0,45 0,48 0,53 0,57 0,63 0,78
0,80 0,00 0,03 0,05 0,08 0,10 0,13 0,16 0,18 0,21 0,24 0,27 0,29 0,32 0,36 0,39 0,42 0,46 0,50 0,55 0,61 0,75
0,81 0,00 0,03 0,05 0,08 0,10 0,13 0,16 0,18 0,21 0,24 0,27 0,30 0,33 0,36 0,40 0,43 0,47 0,52 0,58 0,72
0,82 0,00 0,03 0,05 0,08 0,11 0,13 0,16 0,19 0,21 0,24 0,27 0,30 0,34 0,37 0,41 0,45 0,50 0,56 0,70
0,83 0,00 0,03 0,05 0,08 0,11 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,31 0,34 0,38 0,42 0,47 0,53 0,67
0,84 0,00 0,03 0,05 0,08 0,11 0,13 0,16 0,19 0,22 0,25 0,28 0,32 0,35 0,40 0,44 0,50 0,65
0,85 0,00 0,03 0,05 0,08 0,11 0,14 0,16 0,19 0,23 0,26 0,29 0,33 0,37 0,42 0,48 0,62
0,86 0,00 0,03 0,05 0,08 0,11 0,14 0,17 0,20 0,23 0,26 0,30 0,34 0,39 0,45 0,59
0,87 0,00 0,03 0,06 0,08 0,11 0,14 0,17 0,20 0,24 0,28 0,32 0,36 0,42 0,57
0,88 0,00 0,03 0,06 0,08 0,11 0,15 0,18 0,21 0,25 0,29 0,34 0,40 0,54
0,89 0,00 0,03 0,06 0,09 0,12 0,15 0,18 0,22 0,26 0,31 0,37 0,51
0,90 0,00 0,03 0,06 0,09 0,12 0,16 0,19 0,23 0,28 0,34 0,48
0,91 0,00 0,03 0,06 0,09 0,13 0,16 0,21 0,25 0,31 0,46
0,92 0,00 0,03 0,06 0,10 0,13 0,18 0,22 0,28 0,43

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 55


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Fp tual Fp corrigido (cosϕ2)


(cosϕ1) 0,80 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87 0,88 0,89 0,90 0,91 0,92 0,93 0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1,00
0,93 0,00 0,03 0,07 0,10 0,14 0,19 0,25 0,40
0,94 0,00 0,03 0,07 0,11 0,16 0,22 0,36
0,95 0,00 0,04 0,08 0,13 0,19 0,33
0,96 0,00 0,04 0,09 0,15 0,29
0,97 0,00 0,05 0,11 0,25
0,98 0,00 0,06 0,20
0,99 0,00 0,14
1,00 0,00

EXEMPLO 3.5 Uma indústria tem instalada uma carga onde:


de 1.300 kW. Verificou-se que o fator de potência é
igual a 0,81 (indutivo). Qual deverá ser a potência fc = fator de carga relativo a potência de
reativa (kVAr) do capacitor que, instalado, venha a trabalho do motor:
reduzir a potência reativa, de modo que o fator de
potência atenda ao valor de 0,92? − motor operando a 50% da potência
ativa nominal (fc = 0,5);
Solução:
− motor operando a 75% da potência
ativa nominal (fc = 0,75);
cosϕ1 = 0,81 ⇒ ϕ1 = arcos (0,81) = 35,90º
cosϕ2 = 0,92 ⇒ ϕ2 = arcos (0,92) = 23,07º − motor operando a 100% da potência
ativa nominal (fc = 1).
Portanto, usando a expressão (3.6) e a tabela
3.3 (de onde obtemos o Δtg igual a 0,3 para cosϕ1 =
η = rendimento do motor em função do
0,81 e cosϕ2 = 0,92), teremos a potência reativa a ser percentual de carga que está operando.
compensada pelo capacitor:

Qc = P × (tgϕ1 − tgϕ 2 ) = P × Δtgϕ Por outro lado, determina-se a potência


do capacitor na correção de transformadores
Qc = 1300kW × 0,3 = 390kVAr funcionando a vazio, através da seguinte
Considerando células capacitivas de 50 kVAr expressão:
cada, o número de células no banco (NC) vale:

NC = 390 / 50 = 7,8 ≅ 8
⎡ (i 0 × Sn )⎤
2

Q0 = ⎢ − P02
⎣ 100 ⎥⎦
QC = 8 x 50 = 400 kVAr
(3.8)
Observa-se que o presente método chegou ao
mesmo resultado do método analítico, indicado no onde:
exemplo 3.3.
Q0 = potência reativa do transformador [kVAr]
necessária para corrigir seu fator de potência
Alguns tipos de equipamentos elétricos para 1;
merecem uma atenção especial no que diz
respeito ao projeto de correção individual do i0 = é a corrente em vazio (valor em p.u. e em
fator de potência, como é o caso de motores %, ou seja, a razão (I0 / INS) x 100);
e transformadores. Sn = potência nominal do transformador, em
[kVA];
Para correção do fator de potência de
motores, utiliza-se a expressão: I0 = corrente em vazio do transformador em
[A]. É um dado da placa do fabricante ou
P × Δtg × fc fornecido via relatório de ensaio;
Qc = (3.7)
η INS = corrente nominal no secundário do
transformador;

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 56


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P0 = potência de perdas a vazio, em [kW]. É O objetivo desta metodologia é obter a


um dado da placa do fabricante ou fornecido potência capacitiva para correção “em plena
via relatório de ensaio. carga”, considerando-se que os capacitores
a serem dimensionados e instalados serão
Obs: recomenda-se a utilização em kVAr´s
desligados no horário de carga leve, a fim de
de 95% do valor calculado em Q0.
se evitar um fator de potência capacitivo
(excesso de reativos) neste horário.
EXEMPLO 3.6 Uma indústria tem instalada um motor Este cálculo é feito através da
trifásico de 10 cv/4 pólos, com fator de potência igual a expressão (3.9):
0,84 (indutivo), fator de carga 75% e rendimento 0,77.
Qual deverá ser a potência reativa (kVAr) do capacitor
que, instalado, venha a reduzir a potência reativa, de
modo que o fator de potência atenda ao valor de 0,92?
Qc =
(CQe − CQeo) − [(CPt − CPto)× tgϕ 2]
(3.9)
Solução: T
De (3.7), temos:
onde:
P × Δtg × fc
Qc =
η CQe - média dos consumos mensais de
Da tabela 3.3, obtemos, para cosϕ1 = 0,84 e cosϕ2 = energia reativa indutiva, em [kVArh];
0,92, uma valor de Δtg = 0,22. Logo: CQeo - média dos consumos mensais de
energia reativa indutiva, referente ao
Qc =
(10cv × 0,736kW ) × 0,22 × 0,75 = 1,6kVAr funcionamento da instalação em carga leve,
0,77 em [kVArh];
Considerando células capacitivas de 2 kVAr cada, o CPt - média dos consumos mensais de
número de células no banco (NC) vale: energia ativa, em [kWh];
CPto - média dos consumos mensais de
NC = 1,6 / 2 = 0,79 ≅ 1 energia ativa, referente ao funcionamento da
QC = 1 x 2 = 2 kVAr
instalação em carga leve, em [kWh];
ϕ2 - ângulo do fator de potência desejado;
3.1.4.3 Método dos consumos médios T- tempo de funcionamento da
mensais instalação (plena carga), em horas.
A aplicação deste método consiste em
determinar a potência dos capacitores Qc Conhecendo-se a média dos
necessária para corrigir o fator de potência, consumos mensais de energia reativa,
levando-se em consideração as médias dos
para o cálculo do fator de potência corrigido
consumos mensais de energia ativa (kW) e
com a instalação dos capacitores, pode-se
reativa (kVAr) durante um certo período de
utilizar a expressão 3.10:
funcionamento da instalação.
Observe neste método que, ao se
calcular a potência do capacitor a ser ⎡ ⎛ CQe − (Qc × T ) ⎞⎤
instalado (QC), as parcelas de consumo cos ϕ 2 = cos⎢arctg ⎜ ⎟⎥ (3.10)
mensais de energia ativa e reativa da ⎣ ⎝ CPt ⎠⎦
instalação em carga leve (em muitos casos,
estes valores são relativos aos
transformadores que funcionam em vazio por
longos períodos) são descontadas das
parcelas de consumo mensais de energia
ativa e reativa totais mensais da instalação.

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 57


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EXEMPLO 3.7 Seja uma indústria para a qual se Tabela 3.6 Horas de funcionamento em carga leve
deseja determinar a potência nominal dos capacitores (somente iluminação de vigia da indústria).
necessária para corrigir o fator de potência médio
mensal de 0,81 para 0,92. Dimensionar o banco de Dia da
Período Total (horas)
capacitores, de sorte a não se ter um fator de potência semana
capacitivo em carga leve, considerando que no período Segunda 17:00 – 7:00h 14
de 7:00 às 17:00h a demanda é praticamente Terça 17:00 – 7:00h 14
constante. Considere a demanda em carga leve igual a
7 kW e 4,7 kVAr. Com base nos dados de faturamento, Quarta 17:00 – 7:00h 14
referentes aos últimos 6 meses de atividade, elaborou- Quinta 17:00 – 7:00h 14
se a tabela abaixo:
Sexta 17:00 – 24:00h 7
Sábado 00:00 – 24:00h 24
Tabela 3.4 Dados de faturamento nos últimos 6 meses. Domingo 00:00 – 24:00h 24
Segunda 00:00 – 7:00h 7
Mês CPt [kWh] CQe [kVArh] cosϕ
Total da semana 118
Março 184.300 119.100 0,83
Total do mês 4,28 x 118 = 505
Abril 172.100 113.040 0,83
Maio 169.300 117.300 0,82
Considerando-se o mês de julho, por apresentar o mais
Junho 170.500 119.200 0,82 baixo fator de potência, têm-se, com o auxílio da tabela
Julho 167.200 117.600 0,81 de dados de faturamento (tabela 3.4), da tabela de
horas de funcionamento a plena carga (tabela 3.5) e do
Agosto 173.400 114.390 0,83 horário de funcionamento em carga leve (tabela 3.6),
os valores de consumo mensal. Considerou-se que a
Solução: curva de carga não variou praticamente ao longo do
ano.
O primeiro passo para determinar os valores de CQe = 117.600 kVArh
consumo médio mensal é conhecer o número de horas
CQeo = T0 x Q = 505h x 4,7 kVAr = 2.373 kVArh
de funcionamento da instalação nas condições de
plena carga (demanda máxima prevista) e leve CPt = 167.200 kWh
(demanda mínima prevista). O levantamento dessas
horas é apresentado nas tabelas 3.5 e 3.6, CPto =T0 x P = 505h x 7kW = 3.535 kWh
considerando-se uma semana de 7 dias e um mês de T0 = 214 h
30 dias (30 / 7 = 4,28 semanas).

Da expressão (3.9), temos:


Tabela 3.5 Horas de funcionamento a plena carga.
Dia da Qc =
(CQe − CQeo) − [(CPt − CPto) × tgϕ 2]
Período Total (horas)
semana T
Segunda 7:00 – 17:00h 10 QC =
(117.600 − 2.373) − [(167.200 − 3.535) × tg (ar cos0,92)]
214
Terça 7:00 – 17:00h 10 QC = 212,6kVAr
Quarta 7:00 – 17:00h 10
Considerando unidades capacitivas de 15 e 50 kVAr, o
Quinta 7:00 – 17:00h 10 banco será composto de:
Sexta 7:00 – 17:00h 10
QC = (4 x 50) + (1 x 15) = 215 kVAr
Sábado Sem expediente 0
Domingo Sem expediente 0 O fator de potência pode ser obtido da expressão
(3.10):
Total da semana 50
⎡ ⎛ CQe − (Qc × T ) ⎞⎤
Total do mês 4,28 x 50 = 214 cos ϕ 2 = cos⎢arctg ⎜ ⎟⎥
⎣ ⎝ CPt ⎠⎦
⎡ ⎛ 117.600 − (215 × 214 ) ⎞⎤
cos ϕ 2 = cos⎢arctg ⎜ ⎟⎥ = 0,92
⎣ ⎝ 167.200 ⎠⎦

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 58


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Em carga leve, isto é, ligada somente a iluminação de Curva de demanda ativa [kW] e reativa [kVAr]
vigia, o fator de potência, com o banco capacitivo
50
conectado, será de:

Demanda [kW, kVAr]


40

30 kW

QC = P × (tgϕ 1 − tgϕ 2 )
20 kVAr

10

⎛ 4,7 ⎞
ϕ 1 = arctg ⎜ ⎟ = 33,87º
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

⎝ 7,0 ⎠ Tempo [horas]

tgϕ 2 =
(P × tgϕ1) − QC = (7,0 × tg 33,87º ) − 215
P 7,0 Figura 3.12 Curva de demanda ativa e reativa.
tgϕ 2 = −30 → ϕ 2 = −88º
cosϕ 2 = cos(− 88º ) = 0,033(capacitivo)
Solução:

Observa-se que no período após as 17:00h, quando a


indústria parar suas atividades, haverá um excedente Período e funcionamento da instalação a plena carga:
de reativo capacitivo caso as células do banco de 10 h/dia x 25 dias/mês = 250 h/mês
capacitores de 215 kVAr não sejam desligadas da
instalação.
No período de carga leve, sem o banco de capacitores Cálculo da carga em vazio do transformador (na
de 215 kVAr conectado, temos: ausência da curva de demanda medida, utiliza-se como
referência a tabela 4.3):
⎛ 4,7 ⎞
ϕ 1 = arctg ⎜ ⎟ = 33,87º → cos ϕ 1 = 0,83 a) Da figura 3.12, temos: carga em vazio 0,95
⎝ 7,0 ⎠ kW e 7,5 kVAr. Considerando-se a curva de
cos ϕ 2 = 0,92 carga e o mês comercial de 30 dias, o
funcionamento em vazio do transformador
Da tabela 3.3, que fornece o multiplicador Δtg em será:
função do fator de potência original (cosϕ1 = 0,83) e
b) Dias normais: 14 h x 25 dias = 350 h/mês
daquele que se pretende obter (cosϕ2 = 0,92), obtemos
o valor de Δtg = 0,25. c) Dias sem expediente: 24 horas x 5 dias = 120
h/mês
Da expressão (3.6), temos:
d) Total = 470 h/mês
Qc = P × Δtgϕ
e) Assim, o consumo em vaio do transformador
Qc = 7kW × 0,25 = 1,75kVAr será:
Nota-se que um banco de apenas 2 kVAr já seria
suficiente para a correção do fator de potência no
CA = 470 x 0,95 = 446,5 kWh
período de funcionamento de carga leve.
CR = 470 x 7,50 = 3.525 kVArh

EXEMPLO 3.8 Determinar a potência capacitiva


necessária para corrigir o fator de potência médio Aplicando-se a expressão (3.9), temos:
mensal de 0,66 para 0,94 em uma instalação cuja
curva de carga está representada na figura 3.12. O
transformador de 225 kVA funciona em vazio no
Qc =
(CQe − CQeo) − [(CPt − CPto)× tgϕ 2]
intervalo de 18 às 8h (14horas/dia) nos dias de
funcionamento normal. Considere o período de T
funcionamento normal (plena carga) das 8:00h às
Qc =
(10.950 − 3.525) − [(9.708− 446,5)× tg(ar cos(0,94))]
18:00h (10h/dia).
250
Dados:
Qc = 17kVAr
Demanda registrada (DR): 45 kW
Obs: esta potência reativa do banco de capacitores
Consumo ativo (CA): 9.708 kWh deverá permanecer ligada apenas durante o horário de
Consumo reativo (CR): 10.950 kVArh funcionamento normal da instalação.

Dias normais de operação no mês: 25 dias/mês

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 59


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3.2 Vantagens da correção do fator Portanto, a aplicação de capacitores


de potência deve ser feita através de um estudo técnico e
econômico, caso contrário, pode-se ganhar
de um lado (liberação da capacidade do
A compensação da energia numa sistema, elevação dos níveis de tensão,
instalação trás inúmeras vantagens para a redução das perdas, etc) e perder de outro
instalação, entre elas: (má qualidade da energia).
a) Liberação da capacidade do
sistema, permitindo a ligação de
cargas adicionais (a capacidade dos 3.2.1 Liberação da capacidade do
transformadores alcança melhor sistema
aproveitamento);
Em instalações industriais, em várias
b) Elevação dos níveis de tensão, situações torna-se necessário um acréscimo
melhorando o funcionamento dos de carga. Porém, normalmente não é
equipamentos e a utilização da possível aumentar o suprimento de energia
instalação; (potência dos transformadores), devido à
c) Redução das perdas de energia, instalação estar operando já no seu limite de
pela redução da corrente de carga.
alimentação, diminuindo o Como já visto, quando capacitores
aquecimento dos condutores e estão em operação num sistema elétrico,
aumentado a vida útil dos estes funcionam como "fonte" de energia
equipamentos; reativa, fornecendo corrente magnetizante
d) Redução dos custos de energia (potência reativa) para os motores,
elétrica, não só pela eliminação do transformadores, etc, reduzindo assim a
ajuste da tarifa imposta pela corrente (consequentemente a potência) da
concessionária (sobretaxa), como fonte geradora. Menor corrente significa
pela redução das perdas. menos potência ou carga nos
transformadores, alimentadores ou circuitos
de distribuição. Isto quer dizer que
A motivação inicial para a aplicação de capacitores podem ser utilizados para reduzir
capacitores para a redução do fator de a sobrecarga existente ou, caso não haja
potência é geralmente econômica. Porém, sobrecarga, permitir a ligação de cargas
questões de ordem técnica relacionadas à adicionais.
qualidade da energia devem também ser Desta forma, as cargas adicionais
observadas quando da utilização de podem ser ligadas a circuitos já em sua
capacitores. Os problemas mais usuais são plena carga, através da elevação do fator de
os problemas relacionados aos harmônicos potência das cargas existentes, o que
do sistema. Embora os capacitores, como acarreta a redução da potência ativa
elementos lineares presentes na instalação, absorvida (kVAr) e a elevação da potência
não sejam fontes de harmônicos, eles ativa (kW), sem afetar a potência aparente
interagem com o sistema amplificando os da instalação (kVA).
harmônicos existentes (ver capítulo 10).
É de fundamental importância calcular
Também deve ser levado em qual a carga em kVA que poderemos
consideração os problemas referentes aos adicionar a um sistema, para uma
transientes ocasionados em virtude das determinada correção de fator de potência.
operações de manobra (abertura e Esta liberação de capacidade é geralmente
fechamento) de capacitores, ocasionando conhecida pelo símbolo SL.
sobretensão e sobrecorrente (ver capítulo 9).

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 60


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Tabela 3.7 Redução do fator de potência: vantagens para o consumidor e para a concessionária.

Vantagens para o consumidor Vantagens para a concessionária


O bloco de potência reativa deixa de circular no
Redução significativa do custo de energia elétrica
sistema de transmissão e distribuição
Aumento da eficiência energética da empresa Evita as perdas pelo efeito Joule
Aumenta a capacidade do sistema de transmissão e
Melhoria da tensão
distribuição para conduzir o bloco de potência ativa
Aumento da capacidade dos equipamentos de Aumenta a capacidade de geração com intuito de
manobra atender mais consumidores
Aumento da vida útil das instalações e
Diminui os custos de geração
equipamentos
Redução do efeito Joule
Redução da corrente reativa na rede elétrica

A determinação numérica da
P2 P1
capacidade liberada do sistema, como S2 = =
conseqüência da correção do fator de cos ϕ 2 cos ϕ 2
potência, é um processo árduo, já que as
cargas adicionais podem ter fatores diversos Sendo, na figura 3.13, as novas
e diferentes do fator de potência da carga condições representadas pelo triângulo OAC.
original. Para maior facilidade de cálculo e
com aproximação bastante razoável, A determinação da carga SL a ser
consideremos o fator de potência da carga a adicionada sem acréscimo da potência da
ser adicionada igual ao fator de potência da instalação S1 não conduzirá a um resultado
carga original. único, uma vez que a carga a ser
acrescentada poderá ter qualquer fator de
A figura 3.13 mostra o diagrama básico potência (obviamente, desde que o fator de
que se aplica a todas as expressões de SL, potência final do conjunto não fique abaixo
onde SL é a capacidade liberada em kVA ou do valor esperado). Nessas condições, para
em percentual da carga total, conforme o simplificar os cálculos, considere que a carga
caso, como conseqüência do aumento do SL a ser acrescentada tenha o mesmo fator
fator de potência de cosϕ1 para cosϕ2. de potência da carga original, cosϕ1.
Prosseguindo na análise, considerando Devemos observar que a potência
uma instalação com uma potência aparente aparente total deverá permanecer igual à
S1 e fator de potência cosϕ1, sua potência inicial, isto é, OB, e então o limite é
ativa será inicialmente P1: estabelecido pela circunferência BB', como
mostra a figura 3.13.
P1 = S1 × cos ϕ1 O novo fator de potência será (fator
final, com as cargas combinadas):
Na figura 3.13, o triângulo OAB
representa as condições iniciais de carga. P 1 + PL
cos ϕ 3 = (3.11)
Com a colocação de uma carga S1
capacitiva adicional, em paralelo, de potência
reativa QC, o fator de potência da instalação Deduz-se, da mesma figura, que a
é corrigido para cosϕ2, mantendo-se a potência aparente da carga adicional
mesma potência ativa P1, passando a (capacidade liberada do sistema), é dada
potência aparente S2 a valer: pela expressão 3.12:

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 61


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⎡ (QC × senϕ1) 2⎤ cosϕ3 = fator de potência final, das cargas


2 ⎛ QC ⎞
SL = S1 × ⎢ −1 + 1− (cosϕ1) × ⎜ ⎟ ⎥ (3.12) combinadas;
⎢⎣ S1 ⎝ S1 ⎠ ⎥⎦
SL (CE) = potência aparente da carga
adicional;
PL (DC) = potência ativa da carga adicional
onde, (acréscimo de potência pretendida);
QC = potência dos capacitores instalados; QL (DE) = potência reativa da carga
cosϕ1 = fator de potência original; adicional;

cosϕ2 = fator de potência da original, já cosϕL = fator de potência da carga adicional.


corrigido;

QC E
S1
SL Q
L
S3=S1 ϕ1
C PL D

S2

ϕ3 ϕ1
0 ϕ2
P1 A F B'

Figura 3.13 Diagrama para obtenção da capacidade liberada (SL).

Uma outra análise da geometria da Observe que QC é o valor do banco de


situação identificada na figura 3.13 traduz em capacitores (kVAr) necessário para um
uma nova expressão bastante útil: aumento de potência ativa PL (kW) sem
aumento da potência aparente (kVA)
Qc = Q 1 − (Q 3 − PL × tgϕ 3) (3.13) disponível pela unidade transformadora (S1 =
S3).

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 62


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1,4
kVA liberado para cada kW

1,0
1,2 Fator de potência
0,95
corrigido 1
1 0,95
0,9
0,8 0,9
0,8
0,6 0,8
0,7
0,4 0,7
0,6
0,6
0,2
0
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,95
Fator de potência original

Figura 3.14 Liberação de kVA do sistema elétrico com a melhoria do fator de potência.

O gráfico da figura 3.14, baseado na Temos:


expressão (3.12), permite uma análise
S1 = 500 kVA
bastante rápida e precisa de quanto kVA
pode ser liberado pela melhoria do fator de QC = 241,6 kVAr
potência. Por exemplo, aumentado o fator de cosϕ1 = 0,70 → ϕ1 = arcos (0,70) = 45,57º
potência de 0,6 (fator de potência original)
logo, senϕ1 = sen (54,57º) = 0,714
para 0,95 (fator de potência corrigido),
teremos a liberação de 0,69 kVA por kW, ou
seja, para 10 kW, teremos a liberação de 6,9
kVA no sistema elétrico. da expressão (3.12):

⎡ (241,6 × 0,714 ) ⎛ 241,6 ⎞ ⎤⎥


2

S L = 500 × ⎢ − 1 + 1 − (0,70 ) × ⎜
2

EXEMPLO 3.9 Seja uma indústria alimentada por um ⎢⎣ 500 ⎝ 500 ⎠ ⎥⎦
transformador de 500 kVA, operando a plena carga,
sendo de 0,70 o fator de potência inicial. S L = 143 ,05 kVA

a) Vamos inicialmente determinar a potência reativa c) Admitindo que a carga adicional (capacidade
capacitiva necessária para aumentar para 0,95 o liberada) de 143,05 kVA tenha uma fator de
fator de potência: potência igual ao inicial, cosϕ1 = 0,70, sua potência
ativa será:
A potência ativa será, com o fator de potência original
cosϕ1 = 0,70: PL = SL x cosϕ1 = 143,05 kVA x 0,70
PL = 100,14 kW
P1 = S1 x cosϕ1 = 500 x 0,70 = 350 kW
E o novo fator de potência será, da expressão (3.11):
Da tabela 3.3, entrando com cosϕ1 = 0,70 e cosϕ2 =
0,95, obtemos: P1 + PL 350 + 100,14
cos ϕ 3 = = = 0,90
S1 500
Δtg = 0,69
Assim, o transformador de 500 kVA, que antes fornecia
Da expressão (3.6), obtemos:
uma potência ativa de 350 kW, passa a fornecer uma
potência igual a 350 + 100,14 = 450,14 kW, sendo 0,90
QC = P1 x Δtg = 350 x 0,69 = 241,6 kVAr o novo fator de potência global da instalação.

b) Cálculo da capacidade liberada: EXEMPLO 3.10 Uma indústria tem uma potência
aparente instalada de 1.500 kVA, com dois

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 63


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transformadores operando em paralelo. O fator de Pmotor = 150 cv x 0,736 kW = 110,4 kW


potência medido é de 0,87, para uma demanda
máxima de 1.480 kVA. Desejando-se fazer um Utilizando a expressão (2.1), lembrando-se que para
aumento de carga com a instalação de um motor de carga motora, a potência ativa P é igual a potência do
150 cv (rendimento η = 0,95), com fator de potência de motor dividida pelo seu rendimento, temos:
0,87, calcular a potência necessária dos capacitores, a
fim de evitar alteração nas unidades de transformação, P Pmotor 110,4kW
ou seja, aquisição de novos transformadores de maior S= = = = 133,5kVA
potência. cos ϕ cos ϕ × η 0,87 × 0,95

Da expressão (3.11), pode-se explicitar o valor de QC


na equação do 2º grau:
Solução:

A potência do motor em kVA será (considerando 1 cv =


0,736 kW):
QC 2 − [(2 × SL × senϕ1) + (2 × S1 × senϕ1)]× QC + (2 × P1 × SL ) + SL2 = 0
QC 2 − [(2 ×133,5 × sen(ar cos(0,87))) + (2 ×1.500× sen(ar cos(0,87)))]× QC + (2 ×1.500×133,5) + 133,52 = 0
QC 2 − 1.610× QC + 418.332 = 0
1.610 ± 1.6102 − 4 ×1× 418.332
QC =
2 ×1
QC1 = 1.284kVAr
QC 2 = 325kVAr

⎡ (1.284 × sen 29,54º ) ⎛ 1.284 ⎞ ⎤⎥


2

SL1 = 1.500 × ⎢ − 1 + 1 − (cos 29,54º ) × ⎜


2

⎢ 1.500 ⎝ 1.500 ⎠ ⎥⎦

SL1 = 1.500 × (0,422 − 1 + 0,667 ) = 133,5kVA
⎡ (325 × sen 29,54º ) ⎛ 325 ⎞ ⎤⎥
2

SL 2 = 1.500 × ⎢ − 1 + 1 − (cos 29,54º ) × ⎜


2

⎢ 1.500 ⎝ 1.500 ⎠ ⎥⎦

SL 2 = 1.500 × (0,1068 − 1 + 0,982 ) = 133,2kVA

Logo, pode-se perceber facilmente que a solução mais Q1 = 1.605 × sen(ar cos 0,87 ) = 791kVAr
econômica é adotar um banco de capacitores de 325
kVAr, ou seja: Q 2 = Q1 − QC = 791 − 325 = 466kVAr
QC = 6 x 50 kVAr + 1 x 25 kVAr = 325 kVAr S 2 = 1.397 2 + 466 2 = 1.472kVA
Desta forma, percebe-se que, após a inserção de um
banco de capacitores de 325 kVAr para correção do
Pode-se comprovar esse resultado através do triângulo
fator de potência, pode-se adicionar à instalação um
das potências (veja o método analítico apresentado em
motor de 150 cv, e o carregamento dos
3.1.4.1), conforme figura 3.15a e 3.15b, isto é:
transformadores ainda se reduz para 1.472 kVA.
P = 1.480kVA × 0,87 = 1.287 kW
P1 = 1.287 + (150 × 0,736 ) = 1.397 kW
P1
S1 = = 1.605kVA
cos ϕ 1

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 64


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S1=1.605kVA QC = 325kVAr
S1 Q1 = 791kVAr
Q1=791kVAr
S2
ϕ1=29,54° ϕ1 ϕ2 Q2 = 466kVAr
P1=1.397kW P1

a b
Figura 3.15 Diagrama vetorial mostrando o benefício do acréscimo de capacitores no exemplo 3.10.

EXEMPLO 3.11 Uma instalação industrial tem um S1 = S3 + PL = 750 kVA


transformador de 750 kVA operando a plena carga com
cosϕ3 = P3 / S3 = 697,5 kW / 750 kVA = 0,93
fator de potência igual a 0,85. Deseja-se instalar
equipamentos de utilização cuja potência total é de 60 como cosϕ3 = 0,93 ⇒ ϕ3 = 21,57º
kW, com fator de potência igual a 0,83, sem que haja a
sobrecarga do transformador ou a necessidade de A potência reativa, após a instalação dos capacitores,
aquisição de um novo transformador para suprir o será:
acréscimo de carga pretendida. Determine qual o valor Q3 = P3 x tgϕ3 = 697,5 kW x 0,395
do banco de capacitores necessário para alcançar este
objetivo. Q3 = 275,7 kVAr

Solução: Finalmente, a potência do banco de capacitores


necessária será, de (3.13):

a) carga inicial
Qc = Q 1 − (Q 3 − PL × tgϕ 3)
S1 = 750 kVA Qc = 395− (275,7 − 60× 0,395)
Fp: cosϕ = 0,85 ⇒ ϕ = 31,79º Qc = 143kVAr

P1 = S1 x cosϕ1 = 750 kVA x 0,85 = 637,5 kW ou seja, banco paralelo de:

Q1 = S1 x senϕ1 = 750 kVA x sen (31,79º) QC = 3 x 50 kVAr = 150 kVAr

Q1 = 395 kVAr
3.2.1.1 Disponibilização de potência em
transformadores
b) acréscimo de carga
A tabela 3.8 fornece, através da
PL = 60 kW
aplicação sucessiva da expressão (2.1), a
Fp: cosϕL = 0,83 ⇒ ϕ = 33,90º potência ativa (em kW) que pode ser
SL = PL / cosϕL = 60 kW / 0,83 = 72,3 kVA fornecida por um transformador, funcionando
a plena carga (100% da potência do
QL = PL x tgϕL = 60 kW x tg (31,79º)
transformador), para diferentes valores do
QL = 40,2 kVAr fator de potência. Para transformadores que
não estejam funcionando a plena carga,
c) carga final, após o acréscimo
bastará multiplicar os números da tabela pelo
coeficiente correspondente ao nível de
P3 = P1 + PL = 637,5 kW + 60 kW = 697,5 kW utilização real de carga do transformador
(75%, 50%, etc).

Observe que a potência aparente S3 final é a mesma


que a inicial S1, pois esta não deverá ser ultrapassada.

Tabela 3.8 Potência ativa [kW] disponível em um transformador em função do fator de potência.

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 65


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POTÊNCIA NOMINAL DO TRANSFORMADOR [kVA]


tgϕ cosϕ
15 30 45 75 112,5 150 225 300 500 750 1000
2,29 0,40 6,0 12,0 18,0 30,0 45,0 60,0 90,0 120 220 300 400
1,99 0,45 6,8 13,5 20,3 33,8 50,6 67,5 101,3 135 225 337,5 450
1,73 0,50 7,5 15,0 22,5 37,5 56,3 75 112,5 150 250 375 500
1,52 0,55 8,3 16,5 24,8 41,3 61,8 82,5 123,8 165 275 412,5 550
1,33 0,60 9,0 18,0 27,0 45,0 67,5 90,0 135,0 180 300 450 600
1,17 0,65 9,8 19,5 29,3 48,8 73,1 97,5 146,3 195 325 487,5 650
1,02 0,70 10,5 21,0 31,5 52,5 78,8 105,0 157,5 210 350 525 700
0,88 0,75 11,3 22,5 33,8 56,3 84,4 112,5 168,8 225 375 562,5 750
0,75 0,80 12,0 24,0 36,0 60,0 90,0 120,0 180,0 240 400 600 800
0,70 0,82 12,3 24,6 36,9 61,5 92,3 123,0 184,5 246 410 615 820
0,64 0,84 12,6 25,2 37,8 63,0 94,5 126,0 189,0 252 420 630 840
0,62 0,85 12,8 25,5 38,3 63,8 95,6 127,5 191,3 255 425 637,5 850
0,54 0,88 13,2 26,4 39,6 66,0 99,0 132,0 198,0 264 440 660 880
0,48 0,90 13,5 27,0 40,5 67,5 101,3 135,0 202,5 270 450 675 900
0,42 0,92 13,8 27,6 41,4 69,0 103,5 138,0 207,0 276 460 690 920
0,36 0,94 14,1 28,2 42,3 70,5 105,8 141,0 211,5 282 470 705 940
0,33 0,95 14,3 28,5 42,8 71,3 106,9 142,5 213,8 285 475 712,5 950
0,29 0,96 14,4 28,8 43,2 72,0 108 144,0 216,0 288 480 720 960
0,21 0,98 14,7 29,4 44,1 73,5 110,3 147,0 220,5 294 490 735 980

A utilização da tabela 3.8 tem duas A "potência reativa suplementar" a ser


funções principais: conhecer o aumento da instalada para elevar o fator de potência de
potência disponível (em kW) conseguido com cosϕ1 para cosϕ2 será:
a elevação do fator de potência e determinar
a possibilidade um acréscimo de potência ΔQ = Q1 − Q2 = S × (tgϕ1 × cosϕ1 − tgϕ 2 ×cosϕ 2) (3.14)
ativa na instalação sem trocar o
transformador, apenas elevando o fator de
potência com uma carga capacitiva. EXEMPLO 3.12 Utilizando-se a tabela 3.8, para um
transformador de 150 kVA, quando o fator de potência
Observe que, para um transformador passa de 0,5 a 0,85, fornece um acréscimo de potência
de potência aparente S (kVA), a potência de 127,5 - 75 = 52,5 kW.
ativa disponível será, como sabemos:
EXEMPLO 3.13 Se tivermos uma instalação com um
P1 = S x cosϕ1 transformador de 500 kVA, cosϕ1 = 0,70 (tgϕ1 =1,02) e
Para um fator de potência cosϕ2 > cosϕ1, quisermos aumentar de 100 kW a potência por ele
fornecida, deveremos aumentar o fator de potência
P2 = S x cosϕ2 para cosϕ2 = 0,90 (tgϕ2 =0,48), pois para cosϕ1 = 0,70
temos 350 kW e para cosϕ2 = 0,90 temos 450 kW
As potências reativas correspondentes (diferença de 100 kW pretendida), o que pode ser
serão: conseguido com uma carga capacitiva de (expressão
3.14):
Q1 = P1 x tgϕ1
ΔQ = 500 x (1,02 x 0,70 - 0,48 x 0,90)
Q2 = P2 x tgϕ2 ΔQ = 141 kVAr

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 66


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EXEMPLO 3.14 Complementando o exemplo 3.13, a X = reatância do circuito para o qual se quer
potência reativa suplementar calculada pela expressão liberar carga, em [Ω];
(3.14) não é nada mais do que a diferença entre a
carga capacitiva utilizada na compensação (QC), e a R = resistência do circuito para o qual se
potência reativa adicional (QL).
quer liberar carga, em [Ω];
No caso, devido às aproximações, obtemos:
QC = potência dos capacitores instalados, em
PL 100,14 [kVAr];
QL = = = 98,2kVAr
tgϕ 1 1,02 ϕ = ângulo do fator de potência da carga
Q 3 = QC − QL = 241,6 − 98,2 = 143,4kVAr original.

Observe que a diferença (erro entre os cálculos) é da


ordem de 2%. EXEMPLO 3.15 Um Centro de Controle de Motores
(CCM) é alimentado por um condutor isolado, trifásico,
isolação em PVC, instalado no interior de um
3.2.1.2 Liberação da capacidade de carga eletroduto, temperatura ambiente 30ºC, seção nominal
2
de circuitos terminais e de 300 mm , cuja capacidade de corrente nestas
distribuição condições da instalação é de 426 A. Deseja-se instalar
neste CCM um motor de 75 kW / 4 pólos / 380 V, com
fator de potência igual a 0,86 e rendimento igual a 0,92.
Uma situação bastante comum em Sabe-se que a demanda deste CCM no circuito
instalações industriais é a necessidade do alimentador é igual a 400 A (com fator de potência
acréscimo de uma determinada carga em medido no barramento do CCM é igual a 0,75), cujo
circuitos de distribuição ou terminais, como, comprimento é de 160 m. Calcular o banco de
capacitores necessário para instalação do novo motor
por exemplo, motores em um CCM (Centro sem que haja necessidade da troca do cabo de
de Controle de Motores), tendo como fator alimentação, evitando-se a condição de sobrecarga do
limitante a seção nominal do condutor de mesmo.
alimentação deste CCM (circuito de
distribuição). A instalação de um banco de
Solução:
capacitores no barramento do CCM poderá
liberar a potência necessária, da mesma
forma que obtivemos a liberação de carga Corrente do motor a ser acrescentado ao CCM
em um transformador (item 3.2.1.1). Sem a (expressão 1.36):
liberação desta potência obtida pelo P 75kW
capacitor, poderíamos estar causando uma Im = =
3 × U × Fp ×η 3 × 0,38kV × 0,86 × 0,92
sobrecarga no cabo alimentador com o
Im = 144,2 A
acréscimo de carga no circuito de
distribuição (ou terminal), diminuindo sua
vida útil. A expressão (3.15) permite Demanda total do circuito alimentador:
conhecer o valor desta potência a ser
disponibilizada. Obviamente, convém que se ID = 400 + 144,2 = 544,2 A
estude a viabilidade econômica entre a Observe que o valor acima calculado para a demanda
substituição do condutor e a instalação do do circuito alimentador é maior que a capacidade de
banco de capacitores. condução do condutor (544,2 > 426 A). A menos que
alguma alteração seja feita, o motor não poderá ser
Qc× X instalado, pois acarretará sobrecarga no condutor.
SL = (3.15)
( X × senϕ) + (R × cosϕ) Investigaremos, portanto, a liberação de carga com a
instalação de um banco de capacitores no barramento
do CCM, para viabilizar a instalação do motor sem a
onde, necessidade de substituição do condutor de 300mm2
por um de maior seção.
SL = potência aparente a ser liberada pelo Da expressão (3.15), pode-se explicitar o valor da
sistema com a instalação de capacitores, em potência reativa necessária do banco capacitivo (Qc):
[kVA];

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 67


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SL × [( X × senϕ) + (R × cosϕ)] É importante salientar que, obviamente, um estudo de


Qc =
X viabilidade econômica se faz necessário para verificar
a possibilidade de aquisição do banco capacitivo ou a
onde: troca do condutor por um de maior seção nominal.
P 75kW
SL = = = 94,8kVA
Fp ×η 0,86 × 0,92
3.2.2 Melhoria da tensão
R = 0,0781 mΩ/m (dado obtido dos catálogos de
fabricantes de condutores); Como já visto, com a diminuição do
X = 0,1068 mΩ/m (dado obtido dos catálogos de fator de potência, a corrente da linha
fabricantes de condutores); aumenta-se. Desta forma, agrava-se a queda
Considerando-se o comprimento do circuito de 160 m, de tensão na instalação, a qual é diretamente
temos: proporcional ao aumento dessa corrente.
As desvantagens de tensões abaixo da
0,0781 × 160 nominal em qualquer sistema elétrico são
R= = 0,0125 Ω bastante conhecidas, acarretando diminuição
1000
da vida útil e do desempenho dos
0,1068 × 160 equipamentos. Entre as principais
X = = 0,0171Ω
1000 desvantagens da tensão abaixo da nominal,
cos ϕ = 0,75 ⇒ ϕ = arcos (0,75) = 41,4 º citam-se:

a) Nos motores de indução os efeitos


Logo: principais de uma tensão muito baixa são
94,8 × [(0,0171× sen 41,4º) + (0,0125× cos 41,4º)] a redução do conjugado de partida
Qc =
0,0171 (proporcional ao quadrado da tensão) e a
Qc = 114,7 kVAr elevação da temperatura em condições
de carga plena; o primeiro é crítico em
Neste caso, poderia-se utilizar um banco de
capacitores de:
acionamentos de cargas de inércia
elevada, resultando em períodos muito
QC = 3 x 40 = 120 kVAr longos de aceleração, enquanto que o
segundo reduz a vida útil da isolação do
Da expressão (5.11), temos que a corrente consumida motor;
pelo capacitor é:
b) Nas lâmpadas incandescentes, o fluxo
luminoso e a vida útil são muito afetados
INC =
120kVAr
= 182,5 A
pela tensão aplicada; assim, uma queda
3 × 0,38kV de tensão de 10% reduz em cerca de
30% o fluxo luminoso emitido;

Temos agora que a corrente total no barramento do c) Tensões muito baixas podem impedir a
CCM será, considerando o acréscimo do motor e do partida das lâmpadas de descarga.
capacitor (lembre-se que a corrente capacitiva tem
sinal negativo): A instalação de capacitores em uma
instalação produz o aumento do nível de
Ibarramento = ICCM + IM - INC
tensão, como conseqüência da diminuição
da corrente de carga. Embora os capacitores
Ibarramento = 400A + 144,2A – 182,5A = 361,7A elevem os níveis de tensão, é raramente
econômico instalá-los em estabelecimentos
Observe que o valor calculado (361,7 A) é inferior à industriais apenas para esse fim, sendo, na
capacidade nominal de corrente do condutor (426 A), o maioria das vezes, mais eficaz trocar a
que significa que ele pode ser utilizado, mesmo com o posição dos tapes do(s) transformador(es) da
acréscimo do motor! subestação, desde que a regulação do
sistema o permita. A melhoria de tensão

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 68


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deve ser considerada como um benefício X= resistência [Ω], por fase;


adicional dos capacitores.
ϕ= ângulo do fator de potência;
É importante observar que a utilização I= corrente total [A];
de capacitores para elevar a tensão é uma
“faca de dois gumes”, do ponto de vista da (+) = para cargas com fator de potência
qualidade do sistema elétrico. Se a tensão atrasado (indutivas);
está baixa, os capacitores são inseridos para (−) = para cargas com fator de potência
aumentar a tensão dentro de limites adiantado (capacitivas);
toleráveis mínimos, conforme foi
apresentado. Porém, caso os capacitores t= constante igual a 2 para circuitos
continuem energizados quando a carga (de monofásicos e √3 para circuitos trifásicos.
natureza predominantemente indutiva) for
desligada, a tensão irá aumentar muito acima
da nominal, resultando em uma condição de Conhecido o fator de potência e a
sobretensão. corrente total, as componentes da corrente
são facilmente obtidas, conforme
A tensão U em qualquer ponto de um apresentado nas expressões (3.18) e (3.19).
circuito elétrico é igual a da fonte geradora
UF menos a queda de tensão até aquele IP = I × cos ϕ (3.18)
ponto (ΔU), ou seja,
IQ = I × sen ϕ (3.19)
ΔU = UF - U (3.16)
Onde,
IP = corrente ativa da corrente [A];
ΔU IQ = corrente reativa da corrente [A];
UF U
Assim, a expressão (3.17) pode ser escrita
Figura 3.16 Queda de tensão em um circuito.
da seguinte forma:

Assim, se a tensão da fonte geradora e ΔU = t × [(R × IP ) ± ( X × IQ )] (3.20)


as diversas quedas de tensão forem
conhecidas, a tensão em qualquer ponto Por esta expressão, torna-se evidente
pode ser facilmente determinada. Como a que a corrente relativa à potência reativa (IQ)
tensão na fonte é conhecida, o problema opera somente na reatância. Como esta
consiste apenas na determinação das corrente é reduzida pelos capacitores, a
quedas de tensão. queda de tensão total é então reduzida de
um valor igual a corrente do capacitor
A fim de simplificar o cálculo das
multiplicada pela reatância. Portanto, é
quedas de tensão, a expressão (3.17) é
apenas necessário conhecer a potência
geralmente usada:
nominal do capacitor e a reatância do
sistema para se conhecer a elevação de
ΔU = t × [(R × I × cosϕ ) ± ( X × I × sen ϕ )] (3.17) tensão ocasionada pelos capacitores, ou
seja:
onde,

ΔU t × ( Xcir × IQ )
ΔU = queda de tensão [V], por fase; ΔU % = ×100 = ×100 (3.21)
U U [V ]
R= resistência [Ω], por fase;

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 69


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Substituindo-se as expressões (1.39) e (3.19) do núcleo. Outro sintoma é a perda de um


na expressão (3.21), obtém-se: número excessivo de lâmpadas
incandescentes coincidindo com a instalação
Xcir × QC do banco de capacitores.
ΔU % = (3.22)
10 × U [kV ]2
EXEMPLO 3.16 Determine o aumento do nível de
onde, tensão em um circuito após a instalação de um banco
de capacitores igual a 100 kVAr em um Quadro de
ΔU% = aumento percentual de tensão; Distribuição de Força, sendo o cabo alimentador deste
quadro igual a 300 mm2 (X = 0,1068 Ω/km), com
Xcir = reatância do circuito para o qual se comprimento igual a 150m. Considere o sistema em
quer liberar carga [Ω]; 380 V.

QC = potência do capacitor [kVAr]; Solução:


U = tensão nominal do sistema [kV].
Temos que:
Xcir = 0,1068 Ω/km x 0,15 km = 0,01602 Ω
Nos estabelecimentos industriais com
sistemas de distribuição modernos e a uma Pela expressão (3.22):
só transformação, a elevação de tensão QC × Xcir 100 × 0,01602
proveniente da instalação de capacitores é ΔU % = = = 1,10%
10 × U 2 10 × 0,382
da ordem de 4 a 5%.
Uma outra expressão bastante prática é
apresentada em 3.23, onde assume-me que
a impedância do transformador é a maior
3.2.3 Melhoria na regulação da tensão
parte da impedância total do sistema de
potência até o ponto da instalação do
Os capacitores podem ser aplicados
capacitor.
para melhoria da regulação de tensão em
QC × Z t sistemas de potência (devido à melhoria da
ΔU % = (3.23) tensão, conforme apresentado no item
St
anterior), tanto na configuração série como
na paralela (shunt), conforme figura 3.17.
onde,

ΔU% = aumento percentual de tensão;


Zt = impedância percentual do transformador
[%];
QC = potência do capacitor [kVAr];
St = potência do transformador [kVA].

Conforme já mencionado, um dos problemas (a) (b)


reside no fato da sobretensão resultante
devido à permanência dos capacitores Figura 3.17 Elevação de tensão em alimentador devido
energizados na rede após a redução de ao capacitor na configuração paralela (a) e em série
carga indutiva. Um sintoma comum desta (b). (1) indica a elevação de tensão devido ao
ocorrência é o “alto zunido” dos capacitor; (2) indica a queda de tensão devido à carga;
(3) indica a resultante, mostrando a redução da queda
transformadores e, em alguns casos, de tensão no alimentador.
sobreaquecimento devido à sobreexcitação

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 70


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

3.2.3.1 Capacitores em paralelo configuração série não necessitam ser


chaveados como resposta às alterações de
Conforme apresentado na figura 3.17a, carga.
a presença do capacitor em paralelo com a
Além disso, os capacitores em série
carga no final do alimentador resulta em uma
necessitarão de menores “quantidades” de
mudança (redução) gradual na tensão ao
kV e KVAr em comparação à configuração
longo do alimentador. Idealmente, a elevação
paralela para conseguir uma mesma
percentual de tensão no ponto de instalação
regulação.
do capacitor (regulação de tensão), dada
pela expressão (3.24), seria nula sem carga Existem também os pontos negativos
e se elevaria ao seu valor máximo com carga para levar em consideração para a
plena. configuração série. A primeira desvantagem
é que os capacitores série não podem
100 × (U cap − U ) fornecer compensação reativa para as
ΔU % = (3.24) cargas dos alimentadores nem tão pouco
U cap reduzir as perdas do sistema. Podem apenas
reduzir a capacidade de carga adicional do
onde, sistema, limitados pela excessiva queda de
tensão no alimentador.
ΔU% = elevação porcentual de tensão Outro importante ponto para se levar
(regulação); em consideração diz respeito a falta de
Ucap = tensão com o capacitor; tolerância das correntes de falta. Esta
situação resultaria em uma catastrófica
U = tensão sem o capacitor. sobretensão e deve ser evitada através de
“by-pass” do capacitor através de um sistema
de chaveamento automático. Um dispositivo
A regulação de tensão quantifica o limitador também deve estar conectado ao
efeito da variação da tensão terminal, através capacitor para desviar a corrente até o
da variação da tensão com e sem o fechamento da chave.
capacitor.
Existem várias outras preocupações
Entretanto, com capacitores em que devem ser levadas em conta quando da
paralelo, a elevação percentual de tensão é aplicação de capacitores em série. Entre
essencialmente independente da carga. estas, incluem-se ressonância (série) com
Assim, o chaveamento automático de motores síncronos e de indução e
capacitores é frequentemente empregado, a ferroressonância com transformadores.
fim de fornecer a regulação de tensão ideal Devido a estes efeitos, as aplicações de
em plena carga, mas prevenindo a elevação capacitores série nos sistemas de potência
de tensão acima da nominal quando da são bastante limitadas. Uma área
redução da carga. comprovadamente vantajosa para aplicação
de capacitor série é quando a reatância do
3.2.3.2 Capacitores em série alimentador deve ser minimizada, por
exemplo, para reduzir o efeito “flicker”.
Diferentemente do capacitor em
paralelo, a configuração série com o
alimentador (figura 3.17b) resulta em uma 3.2.4 Redução das perdas
elevação da tensão no final do alimentador
cuja variação é diretamente proporcional com A redução das perdas em um sistema
a corrente de carga. Esta variação de tensão elétrico decorrente da melhoria ou correção
é nula sem carga e máxima com a carga do fator de potência, resulta em lucro
completa. Portanto, capacitores em financeiro anual da ordem de 15% do valor

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 71


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

do investimento feito com a instalação dos Dividindo I1 por I2 virá:


capacitores.
I 1 cos ϕ 2
Na maioria dos sistemas de distribuição = (3.27)
I 2 cos ϕ 1
de energia elétrica de estabelecimentos
industriais, as perdas de energia (perdas
Joule = R.I2.t) variam de 2,5 a 7,5% dos kWh Chamando de R a resistência (por fase)
da carga, dependendo das horas de trabalho do circuito de distribuição, as perdas nesse
a plena carga, seção nominal dos condutores circuito serão, com cosϕ1:
e comprimento dos alimentadores e circuitos
de distribuição. P1 = R x I12 (3.28)

As perdas causadas pelo baixo fator de e com cosϕ2:


potência são devidas a corrente reativa que
flui no sistema e que pode, como já visto, ser P2 = R x I22 (3.29)
reduzida ou até mesmo eliminada com a
correção do fator de potência. Observe que sendo, é claro, P2 < P1.
as perdas são proporcionais ao quadrado da
corrente (expressão 1.49) e como a corrente Podemos definir a diferença porcentual
é reduzida na razão direta da melhoria do de perdas, ΔP%, pela relação:
fator de potência, as perdas são
inversamente proporcionais ao quadrado do ⎛ P1 − P 2 ⎞
fator de potência. ΔP % = ⎜ ⎟ × 100 (3.30)
⎝ P1 ⎠
Consideremos inicialmente uma
instalação como esquematizado na figura
3.18, onde U1 é a tensão de alimentação E então, substituindo (3.28) e (3.29) na
(fonte), U2 é a tensão no quadro de expressão (3.30), obtemos:
distribuição (carga); sejam P o consumo de ⎛ RI 12 − RI 2 2 ⎞
potência ativa da carga, cosϕ1 o fator de ΔP% = ⎜⎜ 2
⎟⎟ ×100
potência original e cosϕ2 > cosϕ1 o fator de ⎝ RI 1 ⎠
potência após a compensação. ⎛ I 12 − I 2 2 ⎞
I1 R
ΔP% = ⎜⎜ 2
⎟⎟ ×100
⎝ I1 ⎠

U1 U2
Carga ⎡ ⎛ I 2 ⎞2 ⎤
P (watts) ΔP% = ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ×100 (3.31)
⎣⎢ ⎝ I 1 ⎠ ⎦⎥
Figura 3.18 Circuito elétrico com perdas Joule.
O que resulta, em termos dos fatores de
potência, substituindo a expressão (3.27) em
Admitindo um sistema monofásico, as (3.31):
correntes correspondentes serão (ver 1.34):
P ⎡ ⎛ cos ϕ 1 ⎞ 2 ⎤
I1 = (3.25) ΔP % = ⎢1 − ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ × 100 (3.32)
U 2 × cos ϕ 1 ⎢⎣ ⎝ cos ϕ 2 ⎠ ⎥⎦
P
I2 = (3.26)
U 2 × cos ϕ 2 onde,

ΔP% = diferença porcentual de perdas;


Sendo, logicamente, I2 < I1. cosϕ1 = fator de potência original;

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 72


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cosϕ2 = fator de potência final (após a portanto a perda percentual no sistema será
compensação; menor.
A figura 3.19 está baseada na É importante salientar que a expressão
consideração de que a potência original da (3.32) fornece o cálculo da redução percental
carga permanece constante. Se o fator de de perdas à partir do capacitor. Não há
potência for melhorado para liberar redução de perdas nas linhas e nos
capacidade do sistema e, em vista disso, for transformadores entre o capacitor e a carga.
ligada a carga máxima permissível, a
corrente total é a mesma, de modo que as
perdas também serão as mesmas.
Entretanto, a carga total em kW será maior e

Redução percentual das perdas em função do fator de potência


Redução percentual

80
das perdas [%]

60
40

20
0
0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,75 0,8 0,85 0,9 0,95 1
Fator de Potência original

FP=0,8 FP=0,9 FP=1,0

Figura 3.19 Redução [%] das perdas em função do fator de potência.

Algumas vezes, torna-se bastante útil instalação de um banco de capacitores para


conhecer o porcentual das perdas em função aumento do fator de potência.
da potência aparente (S), da potência reativa
(Q) da carga e da potência reativa (QC) do R × Qc × (2 × Sd × senϕ1 − Qc )
Ee = × 8.760 (3.34)
capacitor. A expressão (3.33) permite 1.000 × U 2
conhecer esse porcentual de perdas.

Qc × (2 × Q × Qc ) onde,
ΔP% = × 100 (3.33)
S2 Ee = energia anual economizada, em [kWh];
Sd = demanda do circuito, em [kVA];
Por outro lado, sabe-se que as perdas
nos condutores de uma instalação (kW) são R = resistência do circuito para o qual estão
registradas nos medidores de energia ativa sendo calculadas as perdas, em [Ω];
da concessionária e o consumidor paga por U = tensão nominal do circuito, em [kV];
este consumo desperdiçado. A expressão
(3.34) permite calcular a energia ϕ1 = ângulo de fase original.
economizada num período anual após a

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 73


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EXEMPLO 3.17 Considere uma instalação elétrica com de um banco de capacitores de 100 kVAr no circuito de
consumo anual de 150.000 kWh, fator de potência distribuição.
original cosϕ1 igual a 0,70 e fator de potência corrigido
cosϕ2 igual a 0,90, com perdas Joule (5% do consumo)
iguais a 8.000 kWh. Calcule a redução de perdas Solução:
nessa instalação com a melhoria do fator de potência.

Temos que:
Solução:
0,0781 × 160
R= = 0,0125 Ω
1000
A redução de perdas será, de (3.32):
Qc = 100 kVAr
⎡ ⎛ 0,70 ⎞ 2
⎤ Sd = 3 × 0,38 × 400 = 263,2kVA
ΔP% = ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ×100 = 39,5%
⎢⎣ ⎝ 0,90 ⎠ ⎥⎦
Da expressão (3.34),
O que representa uma redução de:
0,395 x 8.000kWh = 3.160 kWh por ano. 0,0125×100× (2 × 263,2 × sen44,1º−100)
Ee = × 8.760
Teremos, portanto, perdas anuais de: 1000× 0,382
8.000 – 3.160 = 4.840 kWh Ee = 20.196 kWh/ano
ou 3,2% do consumo, que originalmente representava
5,4 %.
A economia em R$ será, considerando-se o valor do
kWh igual a R$ 0,10:
EXEMPLO 3.18 Uma instalação elétrica possui fator de
potência igual a 0,75 com consumo anual igual a
150.000 kWh. Com a instalação de capacitores, = 20.196 kWh/ano x R$ 0,10
pretende-se melhorar o fator de potência para 0,92. = R$ 2.020,00/ano
Calcule a redução anual de kWh, admitindo-se que as
perdas na instalação por efeito joule representam 4%
do consumo.
3.2.5 Redução da corrente de linha
Solução:
O percentual de redução da corrente de
cosϕ1 = 0,75 linha pode ser dado por:
cosϕ2= 0,92
⎡ ⎛ cos ϕ 2 ⎞⎤
A redução de perdas será, de (3.32): ΔI % = 100 × ⎢1 − ⎜⎜ ⎟⎟⎥ (3.35)
⎣ ⎝ cos ϕ1 ⎠⎦
⎡ ⎛ 0,75 ⎞ 2

ΔP % = ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ×100 = 33,5%
⎢⎣ ⎝ 0,92 ⎠ ⎥⎦ onde,

As perdas por efeito joule serão: ΔI% = percentual de redução da corrente, em


%;
4% de 150.000 kWh = 6.000 kWh
cosϕ1 = fator de potência original;
Desta forma, teremos, anualmente, uma redução nas
perdas por dissipação (sob a forma de calor), igual a: cosϕ2 = fator de potência final (após a
compensação;
0,335 x 6.000 kWh = 2.010 kWh.
Mais uma vez, aplica-se aqui o conceito
EXEMPLO 3.19 Considerando-se as condições do da aplicabilidade da expressão (3.35) apenas
exemplo 3.15, sem a instalação do motor de 75 kW, para correntes à montante do capacitor.
determine a economia anual em R$ com a instalação

CAPÍTULO 3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 74


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Capítulo
Tipos de correção do
fator de potência IV

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 75


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4 Tipos de correção do fator de potência

Sumário do capítulo
4.1 MODELOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
4.1.1 Correção individual
4.1.2 Correção por grupos de cargas (quadro de distribuição terminal)
4.1.3 Correção geral (quadro principal de baixa tensão)
4.1.4 Correção primária (entrada de energia em alta tensão)
4.1.5 Correção mista
4.2 OS TIPOS DE COMPENSAÇÃO DA ENERGIA REATIVA
4.2.1 Tipo clássico de banco fixo
4.2.2 Sistemas semi-automáticos e automáticos
4.2.3 Correção do fator de potência em tempo real
4.3 NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA INSTALAÇÃO
4.3.1 Tamanho de carga
4.3.2 Tipo de carga
4.3.3 Regularidade da carga
4.3.4 Capacidade de carga
4.4 ESQUEMAS ELÉTRICOS DE CORREÇÕES INDIVIDUAIS PARA PARTIDAS DE MOTORES

O primeiro problema a ser resolvido 4.1 Modelos de correção do fator de


após o cálculo da energia reativa necessária potência
à correção do fator de potência é como
distribuir essa quantidade de energia obtida
com a instalação de capacitores no sistema A escolha do modelo de correção do
(tipo, tamanho e quantidade de capacitores), fator de potência deve ser feito considerando
de modo a: reduzir custos, evitar problemas o tipo de instalação, as potências e
técnicos e atender a legislação. Desta características de funcionamento das cargas,
maneira, torna-se de suma importância a a potência e o número de capacitores a
análise da localização dos capacitores na serem instalados, o tipo de medição e a
instalação, observando-se sempre que todas modalidade tarifária em que se enquadra o
as vantagens descritas na seção 3.2 apenas consumidor, entre outros fatores.
se aplicam à parte da instalação a montante
A distribuição da quantidade de energia
de seu ponto de ligação, ou seja, entre a
reativa necessária pode ser feita na alta ou
fonte geradora e seu ponto de instalação.
baixa tensão, através da instalação dos
O que interessa para a concessionária capacitores de quatro maneiras diferentes
é a correção do fator de potência no (uma na alta e três na baixa tensão),
barramento de entrada do consumidor, ou conforme figura 4.1, tendo como objetivos
seja, deve-se garantir neste barramento um principais a relação custo/benefício e a
fator de potência mínimo igual a 0,92. Com conservação de energia:
base nas curvas de demanda ativa e reativa
horária do sistema elétrico e nas a) Correção individual (junto à carga) –
metodologias de cálculo apresentadas no instalação em BT (capacitor C1);
capítulo 3, determina-se facilmente a
b) Correção por grupo de cargas -
quantidade total de energia reativa
instalação em BT (quadro de distribuição
necessária para se fazer a correção do fator
terminal - capacitor C3);
de potência.
c) Correção geral - instalação em BT
(quadro de distribuição principal de baixa

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 76


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tensão ou junto ao transformador - b) Diminuição da carga nos circuitos de


capacitor C2); alimentação dos equipamentos;
d) Correção primária - instalação em AT c) Pode-se utilizar um sistema único de
(entrada de energia em AT, sempre acionamento para a carga e o capacitor,
depois da medição - capacitor C4). economizando-se um equipamento de
manobra, pois não se requer comutação
e) Correção mista.
separada. A carga sempre trabalha junto
Seja qual for o tipo de correção com o capacitor;
adotada, como será visto a seguir, o controle d) Geração de potência reativa somente
da injeção de reativos no sistema por meio onde é necessário;
de banco de capacitores pode ser manual
e) Facilidade de escolha do capacitor
(feito pelo pessoal da operação) ou
correto para cada carga.
automático (através de transdutores de fator
de potência e controladores lógicos
A compensação individual, com
programáveis).
capacitores ligados diretamente à carga, é
Configure, no mínimo, duas alternativas uma solução muito utilizada quando a
de instalação de Bancos de capacitores e potência da carga indutiva (por exemplo,
estime os investimentos necessários para motores) é elevada em relação à potência
determinar o período de "pay-back" individual instalada e quando é freqüente o seu
e escolher a melhor solução. funcionamento em vazio ou com carga
Atenção: Evite a adição de uma quantidade excessiva reduzida. Normalmente, o capacitor é
de capacitores porque, além do investimento da comandado pelo mesmo dispositivo de
correção ser mais alto, tecnicamente a rede elétrica comando do motor. Desta maneira, não
permanecerá sobrecarregada com perdas JOULE ocorre risco de haver, em certos momentos,
adicionais e com riscos de amplificação dos
harmônicos eventualmente existentes a níveis
excesso ou falta de energia reativa.
indesejados, além de estar submetida a um aumento A energia magnetizante de um motor é
da tensão de alimentação junto aos Bancos de
Capacitores.
praticamente constante, e depende pouco da
solicitação mecânica da carga acionada.
Este fato faz com que um motor elétrico
4.1.1 Correção individual trabalhando em vazio tenha um baixo fator
de potência. Esta característica torna a
É a chamada correção “ponto-a-ponto”, aplicação de capacitores junto aos motores
obtida instalando-se os capacitores muito atrativa, principalmente nos casos de
diretamente junto ao equipamento que se motores com solicitações mecânicas
pretende corrigir o fator de potência (figura variáveis (compressores de ar, moinhos,
4.1 - capacitor C1). Representa, do ponto de trefiladores, bambores, prensas, etc.)
vista técnico, a melhor solução, Apesar destas características
principalmente quando da existência de favorecerem o uso de Bancos de
cargas de grande porte e com funcionamento Capacitores, na prática não se justifica
contínuo a plena potência. Do ponto de vista técnica e economicamente sua instalação na
econômico, apresenta o custo de instalação totalidade dos motores existentes na
mais alto. Entre as principais vantagens, empresa. Para maximizar os resultados da
citam-se: correção com custos compatíveis
a) Redução das perdas energéticas em normalmente são instalados capacitores nos
quase toda a instalação, visto que a motores elétricos de maior potência que
corrente reativa só circulará pelos acionam cargas com solicitação mecânica
circuitos terminais aos quais estejam variável. Tipicamente potências acima de 20
ligados os capacitores; cv proporcionam uma boa relação
custo/benefício.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 77


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C4

C2

C3

C1

Figura 4.1 As possibilidades de localização dos capacitores (bancos) numa instalação de baixa tensão.

Observe na figura 4.1 que a Existem três opções para instalar


compensação individual proporciona a capacitores junto a motores para partida
redução de perdas em quase toda a direta (conforme figura 4.2):
instalação, pois a injeção local de reativo
impede a circulação dessa energia a Local A: Entre o motor e o relé térmico
montante do capacitor C1, diminuindo a Nesta aplicação o motor e capacitor
circulação de corrente. Resolve-se, desse são energizados simultaneamente através do
modo, a questão de consumo de reativos na contator. Sugere-se a aplicação para:
origem do “problema”, ou seja, no ponto os
reativos estão sendo consumidos. Quanto a) Instalações novas onde a faixa de ajuste
mais próximo da carga for feita a correção, do relé térmico pode ser escolhida em
melhor para o sistema elétrico. função da corrente reduzida resultante da
combinação motor + capacitor;
É importante salientar algumas
precauções a serem tomadas em relação ao b) Motores já instalados que não
aparecimento de harmônicos durante a necessitarão de mudanças no ajuste de
partida de cargas motoras e quanto a sobrecarga.
corrente do capacitor (ou do banco), que
deve ser inferior à corrente de magnetização Local B: Entre o contator e o relé térmico
do motor. De fato, a potência do capacitor
(em tensão nominal) não deve ser superior a Energização simultânea do motor e
90% da potência absorvida pelo motor em capacitor. É adotada nos casos onde já
vazio, que pode ser determinada a partir da existe um relé térmico cuja faixa de
corrente em vazio e que corresponde a cerca regulagem não atende a corrente resultante
de 20 a 30% da corrente nominal, para do motor + capacitor. Sugere-se a aplicação
motores de 4 pólos e velocidade síncrona de para:
1800rpm.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 78


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a) Motores já instalados com ajustes de e) Motores de grande inércia, onde o


sobrecarga acima da especificação de conjunto motor/capacitor, mesmo
corrente para capacitores. desligado, pode tornar-se um gerador
com auto-excitação.
Local C: Na linha, antes do contator

Adotado quando se deseja que o Precauções adicionais para a


capacitor permaneça constantemente instalação de capacitores junto a motores:
energizado para auxiliar na compensação do
a) Nos casos onde o motor continue em
fator de potência da rede elétrica. A
rotação pela inércia da máquina acionada
vantagem desta aplicação é o
após a sua desenergização, deve-se
aproveitamento da chave seccionadora do
evitar a instalação de capacitores junto
próprio motor para a energização do
ao motor (casos A e B), pois pode ocorrer
capacitor. Esta condição de instalação
sua autoexcitação que geram
também é adotada quando a partida do
sobretensões indesejáveis;
motor é realizada através de auto
transformador, chave estrela-triângulo, chave b) Quando a partida do motor é com tensão
reversível e comando tipo "jogging". Sugere- reduzida (auto transformador ou estrela-
se a aplicação para: triângulo) e deseja-se o chaveamento do
capacitor em conjunto com o motor, é
a) Motores que são "pulsados" ou sofrem preferível empregar um contator adicional
reversão; específico para o capacitor e
b) Motores de velocidade variável; independente do sistema de partida para
evitar que o motor seja submetido a
c) Chaves que desligam e religam durante o torques transientes que podem danificá-
ciclo; lo.
d) Motores sujeitos a partidas freqüentes;

Proteção
Barramento de térmica
energia C B A
Motor

Chave de segurança Contator


com fusíveis ou
disjuntor

Capacitor C Capacitor B Capacitor A


Figura 4.2 As opções para instalação de capacitores junto a motores.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 79


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Tabela 4.1 Potência máxima recomendada para capacitores ligados a motores.


Número de pólos e rotação do motor (rpm)
2 4 6 8 10 12
Motor 3600 rpm 1800 rpm 1200 rpm 900 rpm 720 rpm 600 rpm
[HP] Redução Redução Redução Redução Redução Redução
Capacitor de Capacitor de Capacitor de Capacitor de Capacitor de Capacitor de
[kVAr] corrente [kVAr] corrente [kVAr] corrente [kVAr] corrente [kVAr] corrente [kVAr] corrente
[%] [%] [%] [%] [%] [%]
2 1 14 1 24 1,5 30 2 42 2 40 3 50
3 1,5 14 1,5 23 2 28 3 38 3 40 4 49
5 2 14 2,5 22 3 26 4 31 4 40 5 49
7,5 2,5 14 3 20 4 21 5 28 5 38 6 45
10 4 14 4 18 5 21 6 27 7,5 36 8 38
15 5 12 5 18 6 20 7,5 24 8 32 10 34
20 6 12 6 17 7,5 19 9 23 10 29 12,5 30
25 7,5 12 7,5 17 8 19 10 23 12,5 25 17,5 30
30 8 11 8 16 10 19 15 22 15 24 20 30
40 12,5 12 15 16 15 19 17,5 21 20 24 25 30
50 15 12 17,5 15 20 19 22,5 21 22,5 24 30 30
60 17,5 12 20 15 22,5 17 25 20 30 22 35 28
75 20 12 25 14 25 15 30 17 35 21 40 19
100 22,5 11 30 14 30 12 35 16 40 15 45 17
125 25 10 35 12 35 12 40 14 45 15 50 17
150 30 10 40 12 40 12 50 14 50 13 60 17
200 35 10 50 11 50 11 70 14 70 13 90 17
250 40 11 60 10 60 10 80 10 90 13 100 17
300 45 11 70 10 75 12 100 14 100 13 120 17
350 50 12 75 8 90 12 120 13 120 13 135 15
400 75 10 80 8 100 12 130 13 140 13 150 15
450 80 8 90 8 120 10 140 12 160 14 160 15
500 100 8 120 9 150 12 160 12 180 13 180 15
Notas:
1. esta tabela deve ser utilizada como alternativa quando o valor da corrente a vazio do motor não estiver disponível.
2. A potência do capacitor (kVAr) indicada refere-se à máxima potência necessária do banco de capacitor para corrigir o motor.
Esta potência não deve exceder à potência solicitada pelo motor funcionando a vazio, a fim de se evitar eventuais
inconveniências de sobretenção após a abertura da chave.
3. A redução da corrente de linha com a inclusão do banco de capacitor corresponde a redução percentual que deve ser feita no
ajuste do relé térmico do motor caso a instalação do capacitor seja feita após o relé de proteção;
4. Para uso em motores trifásicos, 60Hz, NEMA tipo B, para aumentar o fator de potência para aproximadamente 95%;
5. Para motores de 50Hz, multiplicar os valores da tabela por 1,2;
6. Motores em anéis, multiplicar os valores da tabela por 1,1;
7. Para motores de corrente de partida muito elevada, multiplicar os valores da tabela por 1,3.

A tabela 4.1 indica a potência máxima EXEMPLO 4.1 Calcule a potência máxima de um
do capacitor ou banco que deve ser ligado capacitor ou banco para ligação aos terminais de um
aos terminais de um motor de indução motor de indução trifásico, 100 CV, 380 V, 4 pólos, cuja
trifásico para atingir um fator de potência de corrente nominal é de 136 A. Considere a corrente à
95%, com torque e corrente normal de vazio igual a 30% da nominal.
partida de acordo com a classificação NEMA. Solução:
No caso de numa correção não estiver
disponível a potência exata do capacitor, I 0 = 0,30 ×136 = 41A
deverá ser escolhida a potência Qc = 3 ×U × I 0 = ( )
3 × 0,38× 41 × 0,9 = 24kVAr
imediatamente inferior para maior segurança
quanto a sobretensões por autoexcitação e
limitar eventuais torques transientes.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 80


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Tratando-se de instalações elétricas Motor de 50 cv / 380 V


industriais, há uma grande predominância de
40
motores elétricos de indução no valor total da 35
potência instalada. 30
25

kW - kVAr
Atualmente, no Brasil, estes motores 20
kW
kVAr
são responsáveis por cerca de 50% do 15

consumo elétrico industrial ou por 25% do 10


5
consumo total. Desta forma, é necessário 0
estabelecer algumas considerações sobre a 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

influência dos motores de indução no Carga nominal em %

comportamento do fator de potência.


Figura 4.4 Variação das potências ativa e reativa em
função do carregamento do motor (% de carga
nominal).

Motor de 50 cv/380 V

47%
Motores 1
Outras cargas 0,9
53% Fator de potência
0,8
0,7
0,6
0,5 Fp
0,4
0,3
0,2
0,1
Figura 4.3 Contribuição dos motores elétricos de 0
indução no consumo elétrico industrial (Fonte: revista 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
EM – Junho 2005). Carga nominal em %

Figura 4.5 Variação do fator de potência em função do


Conforme pode ser observado na figura carregamento do motor (% de carga nominal).
4.4, a potência reativa absorvida por um
motor de indução aumenta muito levemente,
desde a sua operação em vazio (sem carga Analisando a figura 4.5, observa-se
acoplada ao eixo, ou seja, 0% da carga que, operando o motor de indução de 50
nominal), até a sua operação em plena carga cv/380 V com 50% da carga nominal, o fator
(100% da carga nominal). Contudo, a de potência reduz-se de 0,85 (operação
potência ativa absorvida da rede cresce nominal, com 100% de carregamento) para
proporcionalmente com o aumento de carga 0,78. Por sua vez, pela figura 4.4, a potência
no eixo do motor. reativa, originalmente igual a 23 kVAr, reduz-
se para 13,5 kVAr. Analogamente, para uma
Como resultado das variações das operação com 75% da carga nominal,
potências ativas e reativas durante o teríamos um fator de potência igual a 0,84
aumento da carga nominal, nota-se que o (note a melhoria obtida) e a potência reativa
fator de potência também varia atingiria 17 kVAr.
proporcionalmente a esta variação, conforme
indicado na figura 4.5. Desta forma, torna-se Na prática, os fabricantes de motores
de suma importância o controle operativo dos apresentam tabelas, como a apresentada na
motores da instalação por parte do pessoal tabela 4.2, para indicar os dados de
responsável pela operação. rendimento e do fator de potência em função
do carregamento do motor, para uma ampla
faixa de potências.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 81


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Tabela 4.2 Características técnicas de motores de carga no transformador, redução da corrente


indução trifásicos, gaiola, 1800 rpm – 4 pólos – 60 Hz – (e consequentemente de perda Joule) nos
categoria N.
circuitos de distribuição que alimentam
Rendimento η quadros onde estejam ligados capacitores.
Cos φ
(%)
Potência In
% potência % potência (A)
A principal desvantagem deste tipo de
nominal nominal correção é a ausência de diminuição da
cv kW 50 75 100 50 75 100
0,50 0,37 64,7 68,6 68,0 0,55 0,68 0,76 1,08
corrente nos circuitos de alimentação de
0,75 0,55 66,3 68,8 67,5 0,55 0,68 0,77 1,60 cada equipamento, como ocorre na correção
1,00 0,75 75,2 78,4 78,5 0,49 0,63 0,72 2,00 individual.
1,50 1,10 78,8 81,1 81,0 0,50 0,64 0,73 2,81
2,00 1,50 80,9 83,1 83,0 0,53 0,66 0,75 3,64
3,00 2,20 82,4 84,0 83,5 0,57 0,71 0,77 5,10
4,00 3,00 81,0 83,0 84,0 0,59 0,72 0,74 6,90 4.1.3 Correção geral (quadro principal de
5,00 3,70 84,0 85,0 85,0 0,63 0,75 0,81 8,20 baixa tensão)
6,00 4,50 85,0 86,0 86,0 0,61 0,71 0,81 9,80
7,50 5,50 85,0 87,5 87,5 0,58 0,69 0,76 12,6
10,0 7,50 85,0 87,5 87,5 0,65 0,76 0,83 15,70 Na correção geral, a instalação do
12,5 9,20 87,0 88,0 88,0 0,62 0,76 0,82 19,40 capacitor é feita na saída do transformador
15,0 11,0 87,0 88,5 88,5 0,66 0,76 0,83 22,70 ou do quadro de distribuição principal (geral),
20,0 15,0 87,0 89,0 89,5 0,64 0,74 0,81 31,40
25,0 18,5 89,0 90,5 90,5 0,64 0,75 0,81 38,30 proporcionando compensação global à
30,0 22,0 91,5 92,5 92,4 0,66 0,77 0,83 44,00 instalação (figura 4.1 - capacitor C2). Utiliza-
40,0 30,0 92,3 93,1 93,0 0,67 0,78 0,83 58,00 se este tipo de correção em instalações
50,0 37,0 92,3 93,1 93,0 0,67 0,78 0,83 72,00
elétricas com elevado número de cargas com
Fonte: Divulgação Siemens – motores IPW 55.
potências diferentes e regimes de utilização
pouco uniformes. Tem sido a de maior
utilização na prática, por resultar, em geral,
em menores custos finais. Apresenta como
4.1.2 Correção por grupos de cargas vantagens principais:
(quadro de distribuição terminal)
a) Os capacitares instalados são mais
Quando existirem grupos de cargas utilizados;
com características uniformes de operação
ao longo do dia, a sua correção do fator de b) Possibilidade de controle automático;
potência pode ser feita através de Bancos c) Melhoria geral do nível de tensão;
Fixos de Capacitores.
d) Instalação suplementar relativamente
Na correção por grupos de cargas, o simples;
capacitor é instalado de forma a corrigir um
setor ou um conjunto de máquinas. É e) Liberação de potência do(s)
colocado junto ao quadro de distribuição que transformador(es) de força;
alimenta esses equipamentos (figura 4.1 - f) Podem ser instalados no interior da
capacitor C3). É a correção indicada quando subestação, local normalmente utilizado
um ou mais dos circuitos de distribuição pelo próprio quadro de distribuição geral.
principais alimentam quadros de distribuição
terminais onde estão ligadas muitas cargas
de pequeno porte ou um conjunto de Neste tipo de correção, ocorre a
pequenos motores (< 10 cv), para as quais liberação da carga no transformador, porém,
não se justifica a compensação individual. não há redução de perdas nos diversos
Essa solução, com utilização de fatores circuitos (de distribuição - caso apresentado
de demanda adequados, pode proporcionar na seção 4.1.2 e terminais – caso descrito na
uma economia razoável (embora, via de seção 4.1.1), visto que por eles circulará a
regra, menor que a do caso indicado no item corrente reativa. É a solução indicada para
4.1.3). Com ela haverá, além da liberação de

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 82


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instalações mais simples, onde não haja materiais, e assim poder funcionar. Trata-se
conjuntos de cargas muito diferentes entre si. do princípio básico de funcionamento do
transformador. É uma boa prática instalar um
Esse tipo de ligação pode proporcionar
banco de capacitores fixo, dimensionado
uma economia apreciável, desde que se leve
adequadamente, para compensar a sua
em conta, no dimensionamento dos
energia magnetizante, de tal forma que,
capacitores, a diversidade entre os diferentes
quando o transformador trabalhar em vazio,
circuitos de distribuição (principais) que
sem carga elétrica, seu fator de potência
partem do quadro geral, pela aplicação de
estará corrigido.
fatores de demanda convenientes. Haverá
necessidade, nesse caso, de ser instalado A tabela 4.3 apresenta valores
um dispositivo de manobra que permita orientativos da potência capacitiva (kVAr)
desligar os capacitores quando a indústria adequada para os tamanhos padronizados
cessar suas atividades diárias. Do contrário de transformadores disponibilizados
poderão ocorrer sobretensões indesejáveis comercialmente.
em toda a instalação.
Pode-se instalar uma maior quantidade
A principal desvantagem consiste em de potência capacitiva do que os valores
não haver alívio sensível dos alimentadores indicados na tabela 4.3, para compensar o
de cada equipamento. fator de potência das cargas por ele
alimentadas. Porém, recomenda-se que o
total da potência capacitiva em kVAr não
Tabela 4.3 Dados médios de transformadores trifásicos seja superior a 2/3 da potência em kVA do
– classe 15 kV.
transformador para não ocorrer riscos com
Potência do Perdas a Perdas reativas a amplificação dos harmônicos existentes.
trafo vazio a vazio Caso forem necessárias potências
(kVA) (kW) (kVAr)
superiores ao limite indicado, deverão ser
10 0,14 1,0
15 0,18 1,5 empregados dispositivos de chaveamento
30 0,30 2,0 automático (bancos automáticos).
45 0,35 3,0
75 0,55 4,0
112,5 0,60 5,0 4.1.4 Correção primária (entrada de
150 0,80 6,0 energia em alta tensão)
225 0,95 7,5
300 1,10 8,0
500 1,70 12,5
Essa solução não é muito usada em
750 2,00 17 instalações industriais (figura 4.1 - capacitor
1000 3,00 19,5 C1). Neste caso, os capacitores devem ser
Notas: instalados após a medição no sentido da
1- Nesta tabela estão computados o limite de KVAr a ser fonte para a carga.
instalado por meio de capacitores no barramento de BT do
transformador, não computando a correção feita junto as Esta opção é válida técnica e
cargas e/ou alimentadores desenergisados. economicamente quando são necessárias
2- Fator de potência médio (a vazio): de 0,14 a 0,17; grandes potências capacitivas (da ordem de
3- Os valores tabelados são médios e servem como 1.000 kVAr). O custo elevado dos
referência, não devendo ser utilizados para determinação
do consumo a vazio do transformador, o que, neste caso, dispositivos de manobra em tensões
deverá ser feito por medição específica; superiores a 5 kV, inviabiliza
economicamente sua aplicação em
instalações de pequeno porte.

É importante observar que cada Em geral, o custo final da instalação


transformador, para o seu funcionamento, com correção primária é superior a um banco
requer uma determinada parcela de energia equivalente instado no sistema secundário,
reativa para a magnetização dos seus visto que não proporciona liberação de

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 83


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capacidade no transformador, nem redução 4.1.5 Correção mista


de perdas, além de exigir a utilização de um
dispositivo de manobra e proteção de alta A correção mista consiste em utilizar a
tensão para os capacitores, muito embora o correção geral (seção 4.1.3) e por grupos de
preço por kVAr dos capacitores seja menor carga (seção 4.1.2). Esta correção é
para tensões mais elevadas. vantajosa quando existem cargas de grande
porte e consequentemente as perdas no
Geralmente, essa solução só é utilizada
sistema são reduzidas significativamente.
em indústrias de grande porte, com várias
subestações transformadoras. Nessas No ponto de vista da "Conservação de
condições, a diversidade entre as Energia", considerando aspectos técnicos,
subestações pode resultar em economia na práticos e financeiros, torna-se a melhor
quantidade de capacitores a instalar. A solução.
correção primária limita seus benefícios no A partir do perfil horário da potência
menor custo por kVAr, na correção do fator capacitiva, determina-se, no caso da
de potência geral da instalação (eliminando instalação elétrica ser faturada pelo sistema
qualquer tipo de cobrança pelo uso de kVAr) horosazonal, os valores mínimo e o máximo
e, em segundo plano, à liberação de carga de capacitores necessários para a instalação
do alimentador da concessionária de energia. elétrica. A potência mínima representa a
Entre as desvantagens da correção na parcela fixa de Bancos de Capacitores que
alta tensão, pode-se citar: deverá ser adicionada à rede elétrica e a
diferença entre o valor máximo e o valor
a) Inviabilidade econômica de instalar banco mínimo, a potência modulável de capacitores
de capacitores automáticos; a serem adicionados, ou através de
capacitores chaveados em conjunto com os
b) Maior probabilidade da instalação se
motores ou através de Bancos Automáticos.
tornar capacitiva (capacitores fixos);
Utiliza-se o seguinte critério para
c) Aumento da tensão do lado da
correção mista:
concessionária;
d) Aumento da capacidade de curto-circuito a) Motores de aproximadamente 10 cv ou
na rede da concessionária; mais, corrige-se localmente, conforme
metodologia descrita na seção 4.1.1
e) Maior investimento em cabos e
(cuidado com motores de alta inércia,
equipamentos de baixa tensão;
pois não se deve dispensar o uso de
f) Manutenção mais difícil; contatores para manobra dos capacitores
g) Não otimiza o rendimento da instalação sempre que a corrente nominal dos
elétrica como um todo, que continuará mesmos for a 90% da corrente de
com as correntes reativas indesejáveis excitação do motor);
em circulação nos circuitos de baixa b) Motores com menos de 10 cv corrige-se
tensão, gerando perdas adicionais e por grupos (conforme metodologia
sobrecarregando a rede elétrica. Assim, descrita na seção 4.1.2);
os benefícios relacionados com a
c) Instala-se um banco automático de
diminuição das correntes reativas nos
pequena potência no lado secundário do
cabos, trafos, etc, não são obtidos.
transformador para equalização final
(conforme metodologia descrita na seção
4.1.3).

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 84


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Tabela 4.4 Resumo das vantagens e desvantagens dos tipos de instalação de capacitores.

Tipo Vantagens Desvantagens


a) Redução das perdas energéticas em quase toda a a) Custo de instalação alto
instalação, visto que a corrente reativa só circulará
pelos circuitos terminais aos quais estejam ligados os
capacitores;
b) Diminuição da carga nos circuitos de alimentação dos
equipamentos;
c) Pode-se utilizar um sistema único de acionamento para
Correção individual a carga e o capacitor, economizando-se um
equipamento de manobra, pois não se requer
comutação separada. A carga sempre trabalha junto
com o capacitor;
d) Geração de potência reativa somente onde é
necessário;
e) Facilidade de escolha do capacitor correto para cada
carga.

a) Indicada quando um ou mais dos circuitos de a) Não ocorre a diminuição da corrente


distribuição principais alimentam quadros de nos circuitos de alimentação de cada
distribuição terminais onde estão ligadas muitas cargas equipamento, como ocorre na correção
Correção por grupo de de pequeno porte ou um conjunto de pequenos motores individual.
cargas (< 10 cv);
(Quadro Terminal) b) Além da liberação de carga no transformador, ocasiona
a redução da corrente (e consequentemente de perda
Joule) nos circuitos de distribuição que alimentam
quadros onde estejam ligados capacitores.

a) Tem sido a de maior utilização na prática, por resultar, a) Não há redução de perdas nos
em geral, em menores custos finais; diversos circuitos (de distribuição e
terminais), visto que por eles circulará
b) Os capacitares instalados são mais utilizados; a corrente reativa.
c) Possibilidade de controle automático; b) É a solução indicada para instalações
d) Melhoria geral do nível de tensão; mais simples, onde não haja
Correção geral conjuntos de cargas muito diferentes
(Quadro Geral) e) Instalação suplementar relativamente simples; entre si.
f) Liberação de potência do(s) transformador(es) de
força;
g) Podem ser instalados no interior da subestação, local
normalmente utilizado pelo próprio quadro de
distribuição geral.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 85


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Tipo Vantagens Desvantagens


a) Preço por kVAr dos capacitores é menor para tensões a) Inviabilidade econômica de instalar
mais elevadas; banco de capacitores automáticos;
b) Correção do fator de potência geral da instalação b) Maior probabilidade da instalação se
(eliminando qualquer tipo de cobrança pelo uso de tornar capacitiva (capacitores fixos);
KVAr);
c) Aumento da tensão do lado da
c) Liberação de carga do alimentador da concessionária concessionária;
de energia.
Correção primária d) Aumento da capacidade de curto-
(Alta Tensão) circuito na rede da concessionária;
e) Maior investimento em cabos e
equipamentos de baixa tensão;
f) Manutenção mais difícil;
g) Benefícios relacionados com a
diminuição das correntes reativas nos
cabos, trafos, etc, não são obtidos.

comando de um banco de capacitores


4.2 Os tipos de compensação da trifásico por contator tripolar.
energia reativa
Fusíveis
retardados
A compensação de reativos pode ser
feita basicamente de quatro maneiras:
Contator
a) Tipo clássico de banco fixo;
Indutor In Rush
b) Sistemas semi-automáticos (timers); (opcional)

c) Sistemas automáticos
(controladores);
d) RTPFC (Real Time Power Factor
Correction - correção do fator de
potência em tempo real). Figura 4.6 Sistema convencional de manobra de
capacitores.

4.2.1 Tipo clássico de banco fixo Os fusíveis (tipo retardado) são


utilizados para proteção dos capacitores
Nas instalações elétricas com poucos contra correntes de curto-circuito. Por sua
equipamentos e onde se conhece vez, os indutores (também conhecidos como
exatamente a necessidade de kVAr para a reatores de “in-rush” ou limitadores), são
compensação reativa em cada carga utilizados para limitar a corrente de “in-rush”
(principalmente em sistemas elétricos que que ocorre durante a energização dos
operam 24 horas por dia e têm uma capacitores (no momento da comutação),
demanda constante), são utilizados bancos evitando dados aos elementos de
capacitivos fixos, ou seja, a injeção de chaveamento (contator), fusíveis e aos
reativos para melhoria do fator de potência próprios capacitores. O uso dos reatores de
não varia durante o período de operação. De “in-rush” é opcional, porém, de grande
maneira geral, a utilização de capacitores benefício à instalação quando utilizados.
fixos é a solução mais econômica. A figura
4.6 ilustra o modelo mais simples de O tipo mais clássico de utilização de
banco fixo é aquele aplicado na correção de

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 86


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motores. Um caso bastante comum em horas, cinco dias por semana) ou


instalações industriais é quando ocorre a equipamentos cujas potências absorvidas
utilização dos contatores de comando da sejam extremamente variáveis e cujas
carga também para o comando do banco de variações possam levar o fator de potência a
capacitores. Desta maneira, os capacitores valores indesejáveis, justificam-se a
sempre estarão ligados apenas quando a utilização da compensação automática,
carga também estiver, evitando o exceto de aplicada globalmente ou a setores da
injeção de reativo no sistema. Um exemplo instalação, conforme o caso, com a principal
típico deste sistema é o comando de motores finalidade de manobrar automaticamente os
com a ligação dos capacitores realizada após capacitores em função da falta ou do
o contator de comando do motor (figura 4.7). excesso de potência reativa no sistema.
O sistema mais simples de se
compensar a injeção de reativos no sistema,
R S T
conhecido como “sistema semi-automático”,
Contator
é através da utilização de programadores
horários ou temporizadores (“timers”), onde,
na hora programada, atuam no circuito de
comando da carga (bobinas dos contatores),
Relé térmico conectando ou desconectado os bancos de
capacitores. Sistemas de temporização mais
modernos, que necessitem de uma lógica de
programação mais avançada (principalmente
quando é necessário a interação com outras
variáveis elétricas), podem ser feito
utilizando-se CLP´s (Controladores Lógicos
Programáveis).
Sistemas automáticos de correção do
M
3~ fator de potência são aqueles que utilizam
um dispositivo conhecido como Controlador
Digital Microprocessado. O controlador,
Figura 4.7 Sistema semi-automático. através dos canais de entrada de dados,
recebe sinal de corrente (por meios de TC´s
– transformadores de corrente) e de tensão
É importante observar que, no caso de (por meio de TP´s – transformadores de
motores com cargas de alta inércia aplicadas potencial) do barramento e é capaz de
ao eixo do motor, não deve ser dispensado o calcular as variações de energia ativa e
uso de contator exclusivo para manobra do reativa no ponto de instalação. Possui relés
capacitor. na saída para conexão e desconexão do
banco de capacitores, atuando na comutação
dos estágios dos capacitores necessários à
4.2.2 Sistemas semi-automáticos e
obtenção do fator de potência desejado
automáticos
(figura 4.8).

Em instalações com demanda variável


ao longo do dia, isto é, que possuem
demandas por turno (por exemplo, oito

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 87


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Figura 4.8.Esquema elétrico de ligação de um controlador de 8 estágios com dois bancos capacitivos.

Neste tipo de sistema, o banco


automático de capacitores é constituído por 4.2.2.1 Quantidade de estágios
unidades que poderão ser ligadas ou
desligadas em função do fator de potência Recomenda-se dividir em estágios de
detectado, fornecendo, portanto, uma no máximo 25 kVAr (380/440 V) ou 15 kVAr
quantidade variável de potência reativa, (220 V) por estágio do controlador,
função das necessidades de instalação ou do excetuando-se um dos estágios, o qual deve
setor alimentado. Desta forma, o controle ter a metade da potência em kVAr do maior
automático de capacitores assegura a estágio projetado, a fim de facilitar o “ajuste
dosagem exata da potência de capacitores fino” da injeção de reativo para correção do
ligada a qualquer momento, eliminando fator de potência, uma vez que os
possíveis sobretensões. controladores modernos fazem leitura por
varredura, buscando a melhor combinação
A utilização de controladores de estágios em cada situação.
microprocessados disponibiliza uma série de
alternativas quanto a níveis de aquisição de A recomendação de valor máximo para
dados, desde a apresentação das os estágios não é aleatória. Está baseada
informações mais básicas (tensão, corrente, em aspectos práticos de aplicação e permite
potências ativa, reativa e aparente, fator de que se mantenham as correntes de surto,
potência, distorção total de harmônicas de provocadas pelo chaveamento de bancos (ou
tensão e corrente, etc) até uma completa módulos) em paralelo, em níveis aceitáveis
análise da performance do sistema e alarmes para os componentes. Estas correntes
de limites pré-programados, além da podem atingir patamares superiores a 100
integração a sistemas de automação por vezes a corrente nominal dos capacitores,
redes de dados. decorrendo deste fato todo tipo de dano que
possa ser provocado por altas correntes em
O principal obstáculo para a sua um circuito qualquer (atuação de fusível,
utilização é o seu alto custo de implantação e queima de contatos de contatores, queima
de manutenção. de resistores de pré-carga, além da

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 88


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expansão da caneca do capacitor, com R S T


conseqüente perda deste).
Fusíveis rápidos

4.2.3 Correção do fator de potência em


SCR-Diodo
tempo real

Os sistemas automáticos de correção Indutores


do fator de potência vistos até agora utilizam
controladores comandando a manobra de
contatores eletromecânicos para
conexão/desconexão dos bancos de
capacitores. Esta manobra “convencional” de
capacitores ocasiona transientes na rede,
devido à lentidão no tempo de resposta Figura 4.9 Estrutura de chaveamento eletrônico.
obtido através desses contatores (da ordem
de segundos).
Observe na figura 4.9 que apenas dois
Os transientes de manobra dos elementos de manobra (SCR-diodo) são
capacitores ocasionam baixa qualidade de usados nas fases R e S. A terceira fase (T) é
energia no sistema (entenda “qualidade de conectada diretamente ao banco.
energia” como qualquer ocorrência de desvio
de tensão, corrente ou freqüência que resulta Com o uso desses dispositivos de
em falha de equipamento ou interrupção em manobra, a conexão e desconexão dos
processos), diminuindo a vida útil dos capacitores ocorrem precisamente no
componentes da instalação, causando dados instante de “zero-crossing”, isto é, o
a equipamentos, produzindo falhas no momento onde a corrente para pelo zero.
sistema de alimentação das cargas e Esta condição de conexão suave evita os
degradando os próprios capacitores. transientes causados pelos sistemas típicos
de correção de fator de potência (aqueles
O “estado da arte” em correção utilizados para manobra de contatores
automática do fator de potência é conhecido eletromecânicos), aumentando
pela sigla RTPFC (Real Time Power Factor consideravelmente a vida útil dos
Correction - Correção do fator de potência componentes do sistema (inclusive dos
em tempo real), onde a manobra dos capacitores), redução de custos de
capacitores comandada pelo controlador é manutenção e maior confiabilidade da rede
feita utilizando-se contatores de estado de alimentação.
sólido (dispositivos eletrônicos, com
combinações SCR/SCR ou SCR/diodo), com Entre as principais vantagens da
tempos de resposta da ordem de compensação em tempo real, pode-se citar:
milisegundos (os sistemas em tempo real
atuam em 1 ciclo – 16 ms), conforme modelo a) Tempo de resposta adequado, aplicado a
apresentado na figura 4.9. qualquer tipo de carga nos mais variáveis
regimes de operação (compensação
instantânea de energia reativa);
b) Controle preciso do fator de potência,
mesmo na presença de harmônicas, com
compensação integral de reativos no
sistema (kW = kVA);
c) Manobra de capacitores totalmente isenta
de transientes;

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 89


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d) Previne os “spikes” resultantes da utilização de filtro ressonante ou de filtro anti-


corrente de “in-rush” do chaveamento dos ressonante. No capítulo 9 será abordada a
capacitores; questão da ressonância e dos filtros
ressonantes e anti-ressonantes.
e) Qualidade de energia assegurada;
f) Compatibilidade a cargas não lineares; Tabela 4.5 Comparação entre os tipos de
compensação de energia reativa.
g) Confiabilidade operacional;
Configuração
h) Flexibilidade de operação; Semi- Tempo
Regime Fixo Autom.
aut. real
i) Ilimitado número de manobras (conexões Várias cargas de
e desconexões); pequeno porte em
regime constante
9 9 9 9
j) Prevenção de desgaste dos elementos Cargas de porte médio
de manobra e capacitores. e grande 9 9 9
Várias cargas em

Para operação de um sistema


regime variável
(dezenas de minutos)
9 9
automático de correção do fator de potência Carga em regime
extremamente variável
em tempo real, é necessária a seguinte (milisegundos a 9
estrutura (na maioria das vezes, montada segundos
dentro de um único painel ou gabinete): Manobra de
capacitores sem
transientes
9
a) Controlador digital microprocessado;
240 a
Custo (% em s/ind 100 110 -----
b) Módulo de manobra (chave estática – relação ao
300
contatores de estado sólido); fixo) relativo a
350 a
bancos de 300
300 a 450
c) Módulo de reatores (“in-rush” e/ou para a 400 kVAr c/ind 160 170
360 (não
sintonia/dessintonia nas freqüências de linear)
ressonância); Fonte: Apostila CPF – José Starosta, 04/2005. Divulgação.

d) Módulo de capacitores de potência.


4.3.1 Tamanho de carga
4.3 Necessidades específicas da Quando a instalação elétrica tem
instalação muitos motores acima de 10 cv, normalmente
é vantajoso instalar um capacitor por motor e
Para decidir qual é o tipo de instalação comandar o motor e o capacitor juntos. Se a
de capacitores que melhor atende as instalação tem um grande número de
necessidades do sistema elétrico, deverão pequenos motores, menores que 10 cv,
ser analisadas as vantagens e desvantagens pode-se instalar os capacitores no
de cada opção apresentada na seção 4.1 e barramento de um grupo de motores.
resumida na tabela 4.5, considerando-se as Frequentemente, a melhor solução para
variáveis de operação, incluindo tipo, plantas com motores grandes e pequenos é
tamanho, capacidade e regularidade da utilizar ambos os tipos de instalação
carga, métodos de partida dos motores e tipo (correção mista).
de tarifação de energia elétrica. Instalações com grandes cargas
Seja qual for o tipo de compensação (elevada potência) podem se beneficiar de
reativa, conforme apresentado na seção 4.2 todos os tipos de instalação combinados:
(fixo, semi-automático, automático ou tempo capacitores individuais, em grupos, em
real), a solução de projeto a ser adotada pelo bancos fixos e em bancos automáticos. Uma
projetista deve passar também pela análise instalação pequena, por outro lado, poderá
da necessidade ou não de indutor de in-rush, necessitar de apenas um capacitor na
entrada de energia.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 90


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4.3.2 Tipo de carga 4.3.4 Capacidade de carga

Às vezes, a correção com capacitores é Se os transformadores estão


necessária apenas em pontos isolados. Este sobrecarregados ou existe a necessidade de
pode ser o caso quando se tem máquinas de adicionar carga em linhas já carregadas, os
solda, aquecimento indutivo, ou capacitores devem ser ligados às cargas. Se
acionamentos em corrente contínua. Se um o sistema tem capacidade de corrente
transformador que alimenta uma carga de sobrando, podem-se instalar os capacitores
baixo fator de potência tem seu fator de junto aos transformadores de entrada.
potência corrigido, o fator de potência geral Entretanto, se a carga da instalação varia
da instalação poderá subir a ponto de muito, a melhor solução é a instalação de
dispensar capacitores adicionais. bancos automáticos.

4.3.3 Regularidade da carga 4.4 Esquemas elétricos de correções


individuais para partidas de
Para os sistemas elétricos que operam motores
24 horas por dia e têm uma demanda
constante, a utilização de capacitores fixos As figuras 4.10 a 4.13 mostram
são a solução mais econômica. Se a esquematicamente algumas situações
demanda é determinada por turnos de oito frequentemente encontradas na indústria
horas, cinco dias por semana, vai ser relacionadas a partida de motores,
necessária a instalação de bancos semi- apresentando soluções de como deve ser
automáticos para reduzir a capacitância feita a instalação dos capacitores, via de
durante as horas de demanda baixa. regra com ligação triângulo.
R S T Ponto A: conexão antes do relé de sobrecarga
Ponto B: conexão após o relé de sobrecarga

C1 Observações:

1. Aplica-se para motores de indução (gaiola ou


A rotor bobinado) de baixa potência. Proceder, para
rotor bobinado, a conexão indicada no ponto A.
2. Para a conexão indicada no ponto B, ajustar o
RT1 relé de sobrecarga para a nova corrente que
passará pelo mesmo;
3. Para reenergização do banco capacitivo, observe
B o tempo mínimo necessário para descarga do
mesmo;
FU1
4. Não dispensar a instalação de um contator
exclusivo para manobra do banco capacitivo caso
a carga aplicada ao eixo do motor for de alta
inércia (ver figura 4.11). O contator poderá ser
dispensado apenas para carga de baixa inércia ou
M sempre que a corrente nominal do capacitor for
3~ menor ou igual a 90% da corrente de excitação do
motor.
5. Para motores acionados através de chave
softstart, os capacitores podem ficar conectados
nos terminais de carga da referida chave.

Figura 4.10 Correção para chave de partida direta.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 91


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Ponto A: conexão antes do relé de sobrecarga


Ponto B: conexão após o relé de sobrecarga
C1 Observações:

1. Esta configuração aplica-se quando a potência do


A capacitor ou banco de capacitores obrigar a
utilização de uma chave independente do motor
para manobrar o referido banco.
RT1 2. Para a conexão indicada no ponto B, ajustar o
relé de sobrecarga para a nova corrente que
passará pelo mesmo;
B
3. Para reenergização do banco, observe o tempo
mínimo necessário para descarga do mesmo;
FU1
4. Os contatores C1 e C2 devem ser intertravados;
5. Contator C2: especificar para regime AC-6b. Sua
manobra depende de um contato auxiliar do
C2 contator principal da chave de partida (C1);
6. Em correções gerais de carga através de um
único capacitor, deve ser instalado contator
convencional. A manobra deste contator
M geralmente depende dos seguintes dispositivos:
3~ relé horário, foto-célula, botoeira ou comutador de
comando liga-desliga, etc.
Figura 4.11 Correção para chave de partida direta com contator exclusivo C2.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 92


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R S T

FU1

C1
C2 C3
A

RT1

B M
3~

FU2

C4

Ponto A: conexão antes do relé de sobrecarga


Ponto B: conexão após o relé de sobrecarga

Observações:

1. Para a conexão indicada no ponto B, ajustar o relé de sobrecarga para a nova corrente que
passará pelo mesmo;
2. Nesta configuração, o capacitor ou banco deve permanecer ligado à rede durante a comutação da
chave, da posição estrela para a posição final em triângulo.
3. Para reenergização do banco capacitivo, observe o tempo mínimo necessário para descarga do
mesmo. O capacitor ou banco deve permanecer ligado à rede durante a manobra de comutação da
chave, da posição estrela para a posição final em triângulo;
4. C4 = contator exclusivo de manobra dos capacitores (atua junto com C2);
5. Para motores de rotor em curto-circuito, de potência até 10 HP, o capacitor deve ser ligado aos
terminais do motor de tal forma que sejam energizados simultaneamente. Para motores superiores
a 10 HP, desde que a chave estrela-triângulo seja automática, pode ser usado o mesmo esquema.

Figura 4.12 Correção para chave de partida estrela-triângulo.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 93


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R S T

FU1

C2
A
C1

T1

RT1

C3
B

FU2

C4
M
3~

Ponto A: conexão antes do relé de sobrecarga


Ponto B: conexão após o relé de sobrecarga

Observações:

1. Para a conexão indicada no ponto B, ajustar o relé de sobrecarga para a nova corrente
que passará pelo mesmo;
2. Para reenergização do banco capacitivo, observe o tempo mínimo necessário para
descarga do mesmo;
3. C4 = contator exclusivo de manobra dos capacitores (atua junto com C1).

Figura 4.13 Correção para chave de partida compensadora.

CAPÍTULO 4 – TIPOS DE CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 94


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Capítulo
Capacitores de potência
V

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 95


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5 Capacitores de potência

Sumário do capítulo
5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
5.1.1 Princípios básicos
5.1.2 Capacitância
5.1.3 Energia armazenada
5.1.4 Corrente de carga
5.1.5 Ligação de capacitores
5.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS
5.2.1 Caixa
5.2.2 Armadura
5.2.3 Dielétrico
5.2.4 Líquido de impregnação
5.2.5 Resitor de descarga
5.2.6 Ligação das unidades capacitivas em bancos
5.3 DIMENSIONAMENTO DE BANCOS DE CAPACITORES
5.3.1 Configuração em estrela aterrada ou triângulo
5.3.2 Configuração em estrela isolada
5.3.3 Configuração em dupla-estrela isolada
5.3.4 Configuração em dupla-estrela aterrada
5.3.5 Método prático NBR 5060
5.4 CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS
5.4.1 Conceitos básicos
5.5 MANOBRA E PROTEÇÃO DE CAPACITORES
5.5.1 Dimensionamento de dispositivos de proteção para bancos de capacitores de baixa tensão
5.5.2 Dimensionamento de equipamentos de manobra para bancos de capacitores de baixa tensão
5.5.3 Dimensionamento de dispositivos de manobra e proteção para bancos de capacitores em alta tensão
5.5.4 Dimensionamento de condutores
5.6 INSPEÇÃO, ENSAIOS E MANUTENÇÃO DE CAPACITORES
5.6.1 Ensaios de capacitores
5.6.2 Inspeção de capacitores
5.6.3 Manuseio e armazenamento
5.6.4 Manutenção de capacitores
5.7 SEGURANÇA E INSTALAÇÃO DE CAPACITORES
5.7.1 Requisitos de segurança
5.7.2 Interpretação dos parâmetros dos capacitores
5.7.3 Cuidados na instalação de capacitores
5.8 LIGAÇÕES DE CAPACITORES EM ALTA TENSÃO
5.9 ATERRAMENTO DE CAPACITORES
5.9.1 Bancos de baixa tensão
5.9.2 Bancos de alta tensão
5.10 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA
5.11 NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

Como já mencionado, em geral são Desta forma, vamos nos limitar a tratar
utilizados capacitores para compensação de dos capacitores como o melhor “meio” de
energia reativa em uma instalação elétrica. correção do fator de potência. Tornam-se,
Os motores síncronos, quando acionam assim, de suma importância o conhecimento
compressores, bombas, etc, também das características gerais, construtivas e
beneficiam a instalação, mas não elétricas dos capacitores, bem como as
representam a solução ideal para a principais técnicas de projeto para
compensação reativa. dimensionamento, instalação, manobra e
proteção de capacitores e acessórios.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 96


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5.1 Características gerais Representativamente, cada linha de


fluxo tem origem numa carga de 1 coulomb.
Considerando-se todas as linhas de fluxo do
campo eletrostático, pode-se afirmar que ela
5.1.1 Princípios básicos se origina de uma carga total de Q coulombs.

Os capacitores são dispositivos O "coulomb" é a quantidade de carga


estáticos capazes de acumular eletricidade, elétrica que pode ser armazenada ou
cujo principal objetivo é introduzir descarregada em forma de corrente elétrica
“capacitância” em um circuito elétrico, durante um certo período de tempo tomado
compensando ou até mesmo neutralizando o como unidade.
efeito de indução das cargas indutivas. Em Desta forma, 1 (um) coulomb é,
linhas gerais, os capacitores são constituídos portanto, o fluxo de carga ou descarga de
basicamente de duas placas condutoras uma corrente de 1 A num tempo de 1 s e é
paralelas (postas frontalmente), também calculada através da expressão 5.1.
denominadas “eletrodos”, separadas por um
dielétrico (meio qualquer isolante, com Q = I × Δt (5.1)
resistividade bastante elevada), que pode ser
o ar, papel, plástico etc. A carga é onde:
armazenada na superfície das placas, no
limite com o dielétrico. Devido ao fato de I = corrente elétrica, em ampère [A];
cada placa armazenar cargas iguais, porém Q = carga elétrica, em coulomb [C];
opostas, a carga total no dispositivo é Δt = intervalo de tempo, em segundo [s].
sempre zero. Conforme se pode observar na
Considerando-se que a carga elétrica
figura 5.1, nas faces externas destas placas
de 1 elétron é de 1,6 x 10-19 C, durante o
liga-se uma fonte de tensão que gera um
tempo de 1 s, quando a carga ou descarga
campo eletrostático no espaço compreendido
do capacitor é de 1 C, temos, por regra de
entre as duas placas.
três simples, 6,25 x 1018 elétrons
Campo transportados de uma placa a outra.
Eletrodo
elétrico
A densidade de carga elétrica D do
dielétrico é determinada pela razão entre
Q+ Q- quantidade de carga elétrica Q que é
transportada de uma placa a outra e a área A
dessas placas, conforme expressão 5.2.
G
Q
D= (5.2)
Figura 5.1 Campo elétrico entre as placas de um S
capacitor.
onde:

O gerador G indicado na figura 5.1 D = densidade de carga elétrica, em


pode ser uma bateria ou um gerador coulomb/metro quadrado [C/m2];
qualquer de corrente contínua (c.c) ou Q = carga elétrica, em coulomb [C];
alternada (c.a). As linhas de fluxo indicadas S = área das placas do capacitor, em metros
entre os eletrodos são imaginárias. A energia quadrados [m2].
eletrostática fica acumulada entre os
eletrodos e em menor intensidade, na sua
vizinhança. Se uma determinada tensão U é
aplicada entre as placas paralelas separadas
por uma distância d, a intensidade de campo

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 97


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elétrico (gradiente de tensão) pode ser Q = C ×U (5.4)


determinada através da expressão 5.3.

U onde,
E= (5.3)
d Q = carga elétrica, em coulomb [C];

onde: C = capacitância, em farad [F];

E = intensidade de campo elétrico, em volt U = tensão aplicada entre as placas do


por metro [V/m]; capacitor, em volt [V].
U = tensão elétrica, em volt [V];
d = distância entre as placas do capacitor, Desta forma, 1 (um) farad é a
em metros [m]. capacidade de carga elétrica de um
capacitor, quando uma carga elétrica de 1
coulomb (6,25 x 1018 elétrons) é armazenada
EXEMPLO 5.1 Calcular a densidade de carga e a no meio dielétrico, sob a aplicação da tensão
intensidade de campo elétrico (gradiente de tensão) no de 1 V entre os terminais das placas
capacitor indicado no circuito da figura 5.2. paralelas.

2 mm
A capacitância de um capacitor pode
também ser calculada com o auxílio da
Q = 10μC
expressão (5.5):

A
S = 0,02m 2 C =ε× (5.5)
d
G
onde:
U = 127V
C = capacitância, em farad [F];
Figura 5.2 Capacitor de placas paralelas do exemplo
5.1. d = distância entre as placas do capacitor,
em metros [m];
Solução: S = área das placas do capacitor, em metros
quadrados [m2];
ε = permissividade, a constante de isolação
Q = 10 μC = 10 × 10 −6 C do material entre as placas (dielétrico), em
Q 10 × 10 −6 10 × 10 − 6 farad por metro, [F/m]. Para o ar ou vácuo, ε
D= = = = 5 × 10 − 4 C / m 2
S 0,02 2 × 10 − 2 = ε0 = 8,854 pF/m.
127
E= = 63,5 × 10 3 V / m = 63,5V / mm
2 × 10 −3

EXEMPLO 5.2 Calcular a capacitância do capacitor


indicado no circuito do exemplo 5.1.
5.1.2 Capacitância

Todo elemento capacitivo de um Solução:


circuito (ou seja, um capacitor) é
“quantificado” pela quantidade de carga
elétrica que é capaz de armazenar no seu Do exemplo 5.1, temos que:
campo elétrico, conforme expressão 5.4. Q = 10μC = 10 ×10 −6 C
U = 127V

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 98


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De (5.4), 1 1
E= × C × Um 2 = × 0,079 × 10 −6 × 180 2
2 2
Q 10 × 10 −6 E = 1,28 × 10 −3 J = 1,28mJ
C= = = 0,079 × 10 −6 F = 79 nF
U 127

5.1.3 Energia armazenada 5.1.4 Corrente de carga

Quando os eletrodos de um capacitor A corrente de carga de um capacitor


são submetidos a uma tensão nos seus depende da variação do campo elétrico (e
terminais, passa a circular no seu interior consequentemente, da tensão aplicada) em
uma corrente de carga, o que faz com que seus terminais e do período de tempo
uma determinada quantidade de energia se durante o qual se variou a tensão. Elevando-
acumule no seu campo elétrico. A energia se a tensão, eleva-se a carga acumulada.
média armazenada no período de 1/4 de Desta forma, uma tensão constante através
ciclo pode ser dada pela expressão (5.6), do capacitor ocasiona uma corrente nula, de
onde observamos que a energia armazenada onde se conclui que um capacitor é um
é diretamente proporcional a variação da circuito aberto para c.c.
capacitância e da tensão aplicada. Considerando-se uma corrente I,
correspondente a uma carga média do
1 capacitor que circula durante um período de
E= × C × Um 2 (5.6)
2 tempo Δt, para uma variação ΔU de tensão
em seus terminais, a sua grandeza é
onde, calculada pela expressão (5.7).

E = energia média armazenada, em joule [J];


C = capacitância, em farad [F]; dU ΔU
I =C× =C× (5.7)
dt Δt
Um = tensão de pico aplicada, em volt [V].
onde,

I = corrente elétrica, em ampère [A];


EXEMPLO 5.3 Calcular a energia média armazenada
no capacitor indicado no circuito dos exemplos 5.1 e C = capacitância, em farad [F];
5.2.
Δt = intervalo de tempo no qual se variou a
tensão, em segundo [s];
Solução:
ΔU = variação da tensão nos terminais do
capacitor durante o intervalo de tempo Δt, em
Do exemplo 5.2, temos que: volt [V].
C = 0,079 × 10 −6 F
U = 127V 5.1.5 Ligação de capacitores
De (1.5), Como qualquer elemento de um
circuito, os capacitores podem ser ligados
Um = U × 2 = 127 × 2 = 180V em série (figura 1.13) ou em paralelo (figura
1.14), conforma apresentado na seção
De (5.6),
1.3.3.1.
A ligação em série de um determinado
número de capacitores resulta numa

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 99


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capacidade do conjunto dada pela expressão EXEMPLO 5.5 Calcular a capacitância de dois
(5.8), uma variação da expressão (1.14): capacitores colocados em paralelo, cujas capacidades
sejam, respectivamente, 10 μF e 20 μF.
1 1 1 1 1 Solução:
= + + + ... + (5.8)
Ceq C1 C 2 C 3 Cn
Ceq = C1 + C 2 = 10 + 20 = 30μF
onde,
Ceq = capacitância equivalente do conjunto,
5.2 Características construtivas
em farad [F];
C1, C2, C3,..., CN = capacitância individual de
As condições de operação e a
cada unidade capacitiva, em farad [F].
respectiva identificação dos capacitores são
fatores importantes a serem observados. Os
Observando-se a expressão 5.8, pode-
capacitores, em condições normais de
se dizer que a capacitância equivalente de
funcionamento, devem ser adequados para
um circuito com vários capacitores ligados
trabalhar na posição vertical em altitudes não
em série é menor do que a capacitância do
superiores a 1.000 m e em temperaturas
capacitor de menor capacitância do conjunto.
ambientes que cobrem uma faixa de -25°C a
A ligação em paralelo de um +55°C. A mais baixa temperatura do ar
determinado número de capacitores resulta ambiente na qual o capacitor pode operar
numa capacidade do conjunto dada pela deve ser escolhida entre os seguintes
expressão (5.9), uma variação da expressão valores: +5°C, -5°C e -25°C. A mais alta
(1.15): temperatura varia de 40 a 55°C, em
intervalos de 5°C.
Ceq = C 1 + C 2 + C 3 + ... + CN (5.9)
É importante salientar que, quando as
onde, unidades capacitivas forem destinadas a
serem utilizadas em condições especiais de
Ceq = capacitância equivalente do conjunto,
funcionamento, estas devem ser levadas ao
em farad [F];
conhecimento do fabricante. São exemplos
C1, C2, C3,..., CN = capacitância individual de de condições especiais de funcionamento
cada unidade capacitiva, em farad [F]. (NBR 5282):
Observando-se a expressão (5.9), a) Altitudes superiores a 1.000m;
pode-se dizer que a capacitância equivalente
b) Temperaturas ambientes fora dos
de um circuito com vários capacitores em
limites estabelecidos;
paralelo é igual á soma das capacidades
individuais das unidades capacitivas. c) Atmosfera corrosiva;
d) Umidade relativa elevada;
EXEMPLO 5.4 Calcular a capacitância de dois
capacitores colocados em série, cujas capacidades e) Ambientes excessivamente
sejam, respectivamente, 10 μF e 20 μF. poluídos;
Solução: f) Exposição a severas condições
atmosféricas;
1 1 1 1 1 g) Vibrações;
= + = + = 0,1 + 0,05 = 0,15
Ceq C 1 C 2 10 20 h) Limitações de espaço;
Ceq =
1
= 6,67 μF i) Requisitos especiais de isolamento;
0,15
j) Dificuldades de manutenção;

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 100


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k) Distorção anormal de forma de ƒ Número de série, fabricação e ano;


onda ou harmônicos, causando
ƒ Potência nominal, em kVAr (potência
tensões ou cargas reativas
reativa sob tensão e freqüência
anormais;
nominal para o qual o capacitor é
l) Possibilidade de surgimento de projetado);
morfo.
ƒ Tensão nominal, em V ou kV (indica o
As principais partes componentes de valor eficaz da tensão senoidal para a
um capacitor de potência são: qual o capacitor é projetado);
ƒ Freqüência nominal, em Hz
a) Caixa;
(freqüência nominal para o qual o
b) Armadura; capacitor foi projetado);
c) Dielétrico; ƒ Capacitância (C), em μF, ou a relação
d) Líquido de impregnação; C/Cn (onde Cn é a capacitância
nominal);
e) Resistor de descarga.
ƒ Categoria de temperatura;
ƒ Referência de isolamento, ou nível de
5.2.1 Caixa isolamento. O nível de isolamento
deve ser indicado por dois números
A caixa de um capacitor, conhecida separados, por uma barra; o primeiro
também como carcaça, é o invólucro da número indica o valor da tensão
parte ativa do capacitor. É confeccionada em suportável nominal à freqüência
chapa de aço com espessura adequada ao nominal, em kV (eficaz) e o segundo
volume da unidade, sendo disponibilizada indica o valor da tensão suportável de
pelo fabricante em várias dimensões, impulso atmosférico, em kV (crista).
normalmente em formas retangulares ou Exemplo: 34/110;
cilíndricas.
ƒ Referência à existência ou não de
É importante salientar que os dispositivo interno de descarga;
capacitores devem ter sua carcaça (caixa)
ligada a terra, conforme estabelece a NBR ƒ A inscrição “contém fusíveis internos”,
5410. Esta ligação é muito importante, pois quando aplicável, seguida da
proporciona proteção contra choques informação sobre a configuração
elétricos. interna dos elementos, observando a
seguinte indicação: nS/mP, onde n e
A caixa compreende as seguintes m são os números de elementos série
partes: e paralelo, respectivamente;
a) Placa de identificação ƒ Número da norma;
ƒ Massa em kg;
Na placa de identificação estão
contidos todos os dados característicos ƒ Nome químico ou comercial do
necessários à identificação do capacitor, impregnante, seguido da palavra
segundo a NBR 5282. “BIODEGRADÁVEL”.
As seguintes informações devem
constar na placa de identificação de cada
unidade capacitiva:
ƒ Nome do Fabricante;
ƒ Tipo ou marca;

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 101


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A figura 5.3 apresenta um modelo ƒ Número de unidades em paralelo por


exemplificado de placa de identificação. grupo série;
EMPRESA FULANA DE TAL S.A. ƒ Número total de unidades;
Capacitor de potência
Nº de Série Tipo Data da fabricação ƒ Tempo mínimo necessário entre
0857 734912 24/10/98
Potência Tensão Nominal Capacitância
desligamento e religamento.
30 kVAr 13,8 kV 651,15 μF
Frequência Nível de Isolamento Massa
60 Hz 34/110 kV 20 kg
Categoria de temperatura Conforme ABNT Ordem de compra A tabela 5.1 apresenta outros dados
-5º a 50ºC NBR 5289 e NBR 5282 OC-058-98 técnicos usualmente apresentados nos
Contém dispositivo interno de descarga catálogos dos fabricantes de capacitores.
FLUÍDO WEMCOL BIODEGRADÁVEL
COMBUSTÍVEL CLASSE OSHA III - B Tabela 5.1 Dados técnicos de capacitores – padrões
CGC 054.685.714/03-56 - Indústria Brasileira IEC 60831-1 e IEC 60831-2/96.
Figura 5.3 Placa de identificação de um capacitor. Dados técnicos Característica
UN + 10% (até 8h/dia)
UN + 15% (até 30min/dia)
As seguintes informações mínimas UN + 20% (até 85 min.)
Sobretensão (Umáx.)
devem constar na placa de identificação de UN + 30% (até 1 min., 200
vezes durante a vida útil
um banco de capacitores: do capacitor)
ƒ Nome do Fabricante; Sobrecorrente (Imáx.) 1,3 x In

ƒ Potência nominal, em MVAr; Corrente de Inrush 100 x In

ƒ Potência fornecida à tensão de Freqüência 50/60 Hz


operação, em MVAr; Perdas (dielétrico) < 0,5 W/kVAr
ƒ Tensão nominal, em kV; Tolerância da
-5% / + 10%
ƒ Tensão de operação, em kV; capacitância
Tensão de provas entre
ƒ Freqüência nominal, em Hz; 2,15 * Uni, AC, 2s
terminais
ƒ Referência de isolamento, ou nível de Tensão de prova,
3000 Vac, 10s
terminal/carcaça
isolamento. O nível de isolamento
Vida útil 100.000 h
deve ser indicado por dois números
separados, por uma barra; o primeiro Temperatura ambiente -25% / D, máx. 55º C
número indica o valor da tensão Refrigeração Natural ou forçada
suportável nominal à freqüência
Umidade Máx. 95 %
nominal, em kV (eficaz) para Um <
300 kV ou a tensão suportável 2.000 m acima do nível do
Altitude
mar
nominal de impulso de manobra (para Interruptor de
Um ≥ 300 kV), em kV (crista) e o Segurança
sobrepressão
segundo indica o valor da tensão Resistências de Módulo de descarga
suportável de impulso atmosférico, descarga incorporado
em kV (crista). Exemplo: 275/650; Carcaça Alumínio extrudado
Nota: A tensão máxima do equipamento (Um) Invólucro IP 20, montagem abrigada
indica o valor eficaz da maior tensão de linha
para o qual o equipamento é projetado. Dielétrico Filme de polipropileno
Isento de PCB, resina de
Impregnação
óleo vegetal
ƒ Tipo de ligação (delta, estrela, estrela Fonte: Divulgação Siemens – Capacitores Phicap.
aterrada etc). Deve ser indicado por
letras ou símbolos padronizados;
ƒ Número de grupos série por fase;

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 102


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b) Isoladores ou buchas

Correspondem aos terminais externos


das unidades capacitivas. Devem ser de
material isolante resistente à intempérie,
soldadas diretamente ao tanque e
posicionadas simetricamente na superfície
superior da caixa e devem estar de acordo
com a NBR 5034.

c) Alças para fixação

Utilizadas para fixar a unidade Figura 5.4 Capacitor de placas paralelas.


capacitiva na sua estrutura de montagem.

5.2.2 Armadura O dielétrico (elemento isolante) é


formado por uma fina camada de filme de
As bobinas (armaduras) dos polipropileno especial, associada, muitas
capacitores são normalmente constituídas de vezes, a uma camada de papel dielétrico
folhas de alumínio enroladas com o elemento (papel kraft) com espessura de
dielétrico, com espessuras compreendidas aproximadamente 18 μm (capacitores do tipo
entre 3 e 6 mm e padrão de pureza de alta auto-regenerável).
qualidade, a fim de manter em baixos níveis Para não influenciarem negativamente
as perdas dielétricas e as capacitâncias nas perdas dielétricas, os componentes
nominais de projeto. dielétricos devem ser constituídos de
materiais selecionados e de alta qualidade.
5.2.3 Dielétrico O uso de um dielétrico em um capacitor
apresenta uma série de vantagens. A mais
Um dielétrico, ou isolante elétrico, é simples destas é que as placas condutoras
uma substância que possui alta resistência podem ser colocadas muito próximas sem o
ao fluxo da corrente elétrica. risco de elas entrarem em contato. Além
disto, qualquer substância submetida a um
No capacitor, os elétrons nas moléculas campo elétrico muito alto pode ionizar-se e
migram para a placa carregada tornar-se um condutor. Os dielétricos são
positivamente. As moléculas então criam um mais resistentes à ionização que o ar, deste
campo no lado esquerdo que anula modo um capacitor contento um dielétrico
parcialmente o campo criado pelas placas. pode ser submetido a uma tensão mais
(O espaço com ar é mostrado apenas para elevada. Camadas de dielétricos são
uma maior clareza da imagens, o diéletrico comumente incorporadas ao capacitores
está em contato direto com as placas). para melhorar sua performance com relação
aos capacitores que contém apenas ar ou
vácuo entre suas placas. O termo dielétrico
pode se referir tanto a esta aplicação quanto
à isolação utilizada em cabos de potência e
RF.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 103


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5.2.4 Líquido de impregnação Resistor de descarga


Terminais
Atualmente, os fabricantes utilizam
como líquido molecular impregnante
(capacitores do tipo impregnado) uma
substância biodegradável (resina de óleo
vegetal, isento de PCB) de estrutura Caixa metálica
constituída de carbono e hidrogênio (Ecóleo
200 - hidrocarboneto aromático sintético).
Além de não agredir o meio ambiente, este
impregnante apresenta características Unidades
elétricas até superiores às de seu capacitivas
antecessor, o ascarel (substância proibida
pelo governo brasileiro pelo fato desta
provocar manifestações cancerígenas nas Figura 5.5 Resistor de descarga.
pessoas que entrassem em contato direto
com o líquido).
Não deve existir nenhum dispositivo de
manobra ou proteção entre a unidade
5.2.5 Resistor de descarga capacitiva e o dispositivo de descarga. O fato
de existir um dispositivo de descarga não
No momento em que a tensão é elimina a necessidade de se curto-circuitar
retirada dos terminais de um capacitor, é os terminais entre si e a terra, antes de
importante que a carga elétrica armazenada qualquer manuseio.
seja drenada, para que a tensão resultante
seja eliminada, evitando-se situações
perigosas de contato com os referidos 5.2.6 Ligação das unidades capacitivas
terminais. em bancos
O método mais utilizado para “drenar”
esta energia armazenada no capacitor é Os capacitores podem ser ligados em
através da utilização do chamado “resistor de várias configurações (estrela aterrada,
descarga”, inserido entre os terminais do estrela isolada, triângulo, etc), formando
capacitor com a finalidade de transformar em bancos, sendo o número de unidades
perdas joule a energia armazenada do limitado em função de determinados critérios,
dielétrico, reduzindo para 5 V o nível de os quais serão posteriormente apresentados.
tensão num tempo máximo de 1 minuto para É importante unificar alguns conceitos a
capacitores de tensão nominal de até 660 V serem praticados:
e 5 minutos para capacitores de tensão
nominal superior a 660 V. a) Célula capacitiva monofásica: 1 (um)
capacitor monofásico.
O resistor de descarga pode ser
instalado interna ou externamente à unidade b) Célula capacitiva trifásica: 1 (um)
capacitiva, sendo mais comum a primeira capacitor trifásico.
solução, conforme mostrado na figura 5.5. c) Módulo trifásico: conjunto de células
capacitivas interligadas, montadas em rack,
com resistor de descarga, de forma a
constituir um estágio de um banco de
correção do fator de potência.
d) Banco de correção do fator de
potência: armário composto de vários
módulos trifásicos interligados.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 104


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Em instalações industriais de baixa neutro é isolado, pois estaria criando-se um


tensão, normalmente os bancos de caminho de circulação das correntes de
capacitores são ligados na configuração seqüência zero, o que poderia ocasionar
triângulo (delta), utilizando-se, para isto, elevado níveis de sobretensão nas fases não
unidades trifásicas. atingidas, quando uma delas fosse levada à
terra.
5.2.6.1 Configuração em estrela aterrada Este tipo de ligação fornece uma via de
escoamento de baixa impedância para
Neste tipo de arranjo, as células correntes de descarga atmosférica. Algumas
capacitivas podem ser ligadas tanto em série vezes essa autoproteção é utilizada e o
como em paralelo, conforme apresentado banco é operado sem pára-raios. Por outro
nas figuras 5.6 e 5.7. lado, oferece também uma baixa impedância
para a terra às correntes harmônicas,
reduzindo substancialmente os níveis de
A sobretensão em virtude dos harmônicos
referidos.
B A
Como o neutro é fixo, neste tipo de
ligação, a tensão de restabelecimento é
menos severa. Este tipo de ligação oferece
baixo custo de instalação e ocupa pouca
área, no entanto, pode provocar interferência
em circuitos de comunicação e proteção,
C devido à circulação de correntes harmônicas
de seqüência zero para terra. Sendo assim,
Figura 5.6 Ligação em série de um banco de os relés associados devem possuir filtros.
capacitores com configuração estrela aterrada.
Devido à circulação de correntes
harmônicas, poderão surgir problemas de
atuações indevidas na proteção de
B sobrecorrente do banco, queima acima do
normal de fusíveis além de possíveis
danificações nas unidades capacitivas. No
caso de defeito fase-terra, existe contribuição
de corrente de seqüência zero pela estrela
do banco.
É importante salientar que quando
ocorre curto-circuito nas proximidades do
C
banco, o produto do módulo x freqüência da
Figura 5.7 Ligação em paralelo de um banco de
corrente transitória de descarga é muito alto,
capacitores com configuração estrela aterrada. exigindo a instalação de reatores série. Isto
porque a circulação destas correntes através
das cargas indutivas do TC provoca o
Esta configuração deve ser surgimento de tensões elevadas prejudiciais
implementada apenas em sistemas com ao isolamento secundário e equipamentos
neutro solidamente aterrado, condição esta associados (relés, medidores, etc.)
frequentemente encontrada nas subestações Não é recomendável a especificação
de potência dos sistemas elétricos da em projeto de banco de capacitores
concessionária e das instalações industriais. contendo apenas um único grupo série, por
Por outro lado, este tipo de arranjo não fase, de células capacitivas. Deve-se a isto o
deve ser empregado em sistemas cujo ponto fato de o banco apresentar, em cada fase,

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 105


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uma baixa reatância, resultando em elevadas Uma das grandes vantagens desta
correntes de curto-circuito e, em configuração é referente à insensibilidade no
conseqüência, proteções fusíveis individuais que diz respeito à circulação das correntes
de elevada capacidade de ruptura. de terceira harmônica, uma vez que as
mesmas são bloqueadas.
Esse tipo de configuração oferece uma
vantagem adicional sobre as demais: permite Dependendo do risco assumido, não há
que um maior número de células capacitivas necessidade de preocupações tão fortes
possa falhar sem que atinja o limite máximo como no caso do neutro aterrado, para a
de sobretensão de 10%. proteção do secundário de transformadores
de corrente, porém deverá ser dada atenção
5.2.6.2 Configuração em estrela isolada especial para tensões transitórias de
restabelecimento nos equipamentos de
Este tipo de arranjo pode ser utilizado manobra do banco. Este fato poderá
tanto em sistemas com neutro aterrado como encarecer o disjuntor ou chave associado ao
em sistemas com neutro isolado. Por não banco.
possuírem ligação com a terra, os bancos de Os bancos de capacitores com esta
capacitores nesta configuração não permitem configuração permitem que o potencial de
a circulação de correntes de seqüência zero, neutro atinja o valor do potencial de fase
nos defeitos de fase e terra (figuras 5.8 e (como resultado de manobras ou pela
5.9). eliminação de células defeituosas ou com a
operação dos seus respectivos fusíveis),
acarretando a necessidade de isolamento do
banco para a tensão entre fases.
A
No que diz respeito a custos, isto é
B pouco importante nas tensões mais baixas,
mas pode se tornar dispendioso e
antieconômico em tensões acima de 15 kV,
devido à sua isolação à terra, comparando-
se com os outros arranjos.

5.2.6.3 Configuração em triângulo (delta)


C
É usada especialmente em classes de
Figura 5.8 Ligação em série de um banco de tensão até 2,4 kV, geralmente em banco de
capacitores com configuração estrela isolada.
capacitores ligados à rede secundária
(figuras 5.10 e 5.11). Para tensões
A superiores se torna anti-econômica, se
comparada com as outras, devido ao elevado
B
custo da proteção associado.
Esta ligação impede a circulação de
correntes de terceira harmônica, que ocorre
na conexão estrela com neutro aterrado e
que pode causar interferência nos circuitos
de comunicação e proteção. Essas correntes
circulam no “triângulo” em fase entre si,
C anulando-se.
Nos bancos onde existe apenas um
Figura 5.9 Ligação em paralelo de um banco de grupo série por fase, o fusível a ser utilizado
capacitores com configuração estrela isolada.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 106


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para proteção de cada unidade, deverá ser 5.2.6.4 Configuração em dupla estrela
capaz de, em caso de defeito, interromper o isolada
valor da corrente de curto-circuito.
Este tipo de configuração é utilizado
No caso de bancos próximos à
somente em bancos de grande capacidade
subestações ou a outros bancos, esse valor
(figura 5.12).
é muito alto e às vezes requer o uso de
reatores limitadores de corrente, de custo Dentre as características desta ligação,
muito elevado. pode-se dizer que os distúrbios do sistema
É importante observar que, durante a não se transmitem ao circuito de proteção do
ocorrência de um defeito (no caso de bancos banco de capacitores. Como no caso de uma
formados por um único grupo de capacitores única estrela isolada, não há vias de
em série), quando uma das células escoamento para correntes harmônicas de
capacitivas é eliminada pelo respectivo seqüência zero e os esquemas de proteção
fusível de proteção, não se verifica a possuem custos relativamente baixos,
ocorrência de sobretensão nas células principalmente no que diz respeito aos relés.
remanescentes. Esta ligação exige uma maior área para
a mesma capacidade, quando comparada
com a estrela simples, assim como maior
A quantidade de material por barramento e
conexões. O neutro deve ser isolado para
tensão fase-fase do sistema, tal como
qualquer banco ligado em estrela com neutro
isolado. Neste arranjo também o neutro está
B sujeito à tensão de fase, quando da
eliminação de células capacitivas pelos
C
fusíveis correspondentes ou por ocasião de
manobras no banco.

Figura 5.10 Ligação em série de um banco de


capacitores com configuração triângulo (delta). R

A
A

B S
C
C

Figura 5.11 Ligação em paralelo de um banco de T


capacitores com configuração triângulo (delta).

Figura 5.12 Ligação em série de um banco de


capacitores com configuração dupla estrela isolada.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 107


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Tabela 5.2 Análise comparativa entre os tipos de ligação de bancos capacitivos.

Tipo de ligação Vantagens Desvantagens


Triângulo (delta) ƒ Não há circulação de correntes ƒ Anti-econômica para tensões superiores
harmônicas de terceira ordem no banco a 2,4 kV;
capacitivo; ƒ Custo elevado da proteção,
ƒ Conexão em redes elétricas com tensão especialmente quando é necessária a
inferior a 2,4 kV; proteção diferencial;
ƒ Durante a ocorrência de um defeito (no ƒ Sensibilidade moderada dos relés de
caso de bancos formados por um único sobrecorrente, notadamente quando se
grupo de capacitores em série), quando trata de grandes bancos, onde o
uma das células capacitivas é eliminada desequilíbrio de corrente é muito
pelo respectivo fusível de proteção, não pequeno em comparação à corrente
se verifica a ocorrência de sobretensão nominal.
nas células remanescentes.
Estrela aterrada ƒ Maior número de capacitores com ƒ As proteções devem ser dotadas de
defeito antes que se atinja o limite filtros contra terceiras harmônicas, caso
máximo de sobretensão de 10%; contrário, poderão surgir problemas de
atuações indevidas na proteção de
ƒ Custo de instalação inferior ao custo de sobrecorrente do banco, queima acima
outras configurações; do normal de fusíveis além de possíveis
ƒ Ocupação de uma pequena área; danificações nas unidades capacitivas.;
ƒ O banco de capacitores é autoprotegido ƒ Pode haver interferência nos circuitos de
contra corrente de descargas comunicação e proteção por causa do
atmosféricas, já que fornece uma via de fluxo de terceira harmônica (correntes
escoamento para estas correntes. Em harmônicas de seqüência zero) para a
alguns casos, pode-se dispensar a terra.
proteção de pára-raios;
ƒ Oferece uma baixa impedância para a
terra às correntes harmônicas, reduzindo
substancialmente os níveis de
sobretensão em virtude dos harmônicos
referidos.

Estrela Isolada ƒ As correntes de defeito são limitadas ƒ Isolamento do banco para a tensão de
pela impedância das fases não atingidas; fase, em virtude de surtos de manobra;
ƒ Não há circulação de correntes ƒ No que diz respeito a custos, isto é
harmônicas de terceira ordem pouco importante nas tensões mais
(seqüência zero). baixas, mas pode se tornar dispendioso
e antieconômico em tensões acima de
15 kV, devido à sua isolação à terra,
comparando-se com os outros arranjos.

ƒ Não há circulação de correntes ƒ Uso de células capacitivas em


Dupla estrela isolada harmônicas de terceira ordem quantidade superior a de outros
(seqüência zero); esquemas para satisfazer ao número
mínimo de células capacitivas em
ƒ Banco de baixo custo. Os esquemas de paralelo;
proteção possuem custos relativamente
baixos, principalmente no que diz ƒ O neutro deve ter o mesmo nível de
respeito aos relés. isolamento do sistema;
ƒ Comparativamente com os outros
esquemas, é necessário dispor de uma
maior área (considerando-se a mesma
capacidade) para instalação do banco.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 108


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sobretensões, quando da eliminação, pela


5.3 Dimensionamento de bancos de atuação dos respectivos fusíveis, de uma ou
capacitores mais células do grupo. Assim, verifica-se que
o número de células em paralelo por grupo e
por fase está diretamente comprometido com
Independentemente do nível de tensão
o nível de sobretensão que surgirá nos
do sistema, a potência total de um banco de
capacitores remanescentes, cujo limite,
capacitores é definida pela necessidade de
conforme estabelecido na NBR 5282, não
potência reativa estabelecida em projeto.
pode ultrapassar em 110% a tensão nominal
Entretanto, a configuração do banco e o
da célula.
número de células capacitivas formando os
grupos correspondentes devem obedecer a
determinadas precauções.
Grupo de células A
capacitivas em paralelo
Nos bancos de capacitores secundários
(baixa tensão), a potência nominal das
células monofásicas e trifásicas
padronizadas comercialmente está
apresentada nas tabelas 5.11 e 5.12.
Normalmente, para potência de até 30 kVAr
Para os capacitores de tensão de
isolamento de até 660 V (220 - 380 - 440 e
480 V), a potência nominal não ultrapassa B
normalmente os 50 kVAr em células C
trifásicas (pode-se chegar a 70 kVAr para
480 V) e os 30 kVAr em células monofásicas. Figura 5.13 Ligação em série de um banco de
Já os bancos de capacitores primários capacitores com configuração dupla estrela isolada.
(tensão de isolamento de 2,2 a 15 kV, com
valores de: 2,20 – 2,40 – 3,80 – 6,64 – 7,62-
7,96 – 12,70 – 13,20 – 13,80 – 14,40 kV) são Serão apresentadas, mais adiante, as
geralmente monofásicos com potências expressões utilizadas para o cálculo mínimo
padronizadas de 25, 50, 100 e 200 kVAr, de capacitores em paralelo por grupo e por
sendo o de 100 kVAr o mais utilizado na fase, para cada tipo de arranjo. Os
prática. resultados são bem diferentes para cada
configuração, inclusive os valores das
A grande a variedade de potência correntes e tensões resultantes.
disponível para os capacitores possibilita a
construção de bancos com capacitores de Nos projetos de bancos capacitivos, é
maior ou menor potência, sendo esta prática usual dimensionar o número máximo
definição, em princípio, econômica. de capacitores em paralelo, que compõe
Entretanto, alguns outros fatores determinado grupo por fase, de forma que a
(principalmente normativos – NBR 5282 – energia a ser transferida para um eventual
Capacitores de Potência – especificação) capacitor danificado não seja superior a
estão envolvidos na determinação da 10.000 W x s. De fato, em qualquer um dos
potência unitária das células em função do tipos de arranjos apresentados, quando
número de capacitores utilizados por grupo. ocorre um defeito no interior de um capacitor
ligado em paralelo em um determinado
Na prática, os capacitores podem estar grupo, todas as demais células em perfeito
ligados em série por fase ou em paralelo por estado de funcionamento descarregam as
grupo e por fase (figura 5.13). Observa-se respectivas energias armazenadas no núcleo
que, para um número reduzido de do capacitor que apresentou o defeito.
capacitores em série por fase ou em paralelo Através destas considerações, pretende-se
por grupo e por fase, pode-se implicar em

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 109


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garantir que não haja ruptura ou explosão da Condições básicas


caixa metálica da célula capacitiva. É por fase.
necessário, para implementação desse
5. Limitar o número de células capacitivas
procedimento, que os grupos não sejam eliminadas para não causar uma sobretensão no
compostos por células capacitivas cuja sistema superior a 10%.
potência supere os 3.100 kVAr por fase. Este 6. O número de estágios no banco deve ser
limite satisfaz a maioria das aplicações para limitado, a fim de não se provocar sobretensão
o dimensionamento de banco de capacitores. maior que 10% durante a manobra de
energização destes estágios.
Nos projetos de bancos, deve-se
atentar também para a limitação da
quantidade de potência reativa capacitiva
que se pode manobrar, a fim de não se 5.3.1 Configuração em estrela aterrada
permitir uma elevação de tensão superior a ou triângulo
10%.
Visando impedir uma sobretensão
A expressão (5.10) apresenta a superior a 10% quando da eliminação de
potência reativa capacitiva máxima que pode uma ou mais células do grupo, a
ser manobrada simultaneamente, a fim de se determinação do número mínimo de células
limitar a elevação de tensão na barra da capacitivas em paralelo em cada grupo série
subestação. por fase é determinada através da expressão
(5.11):
Qm = 10 × Pcc × ΔU % (5.10)
11 × N ce × (N gs − 1) (5.11)
onde, N mcp =
N gs
Qm = potência reativa capacitiva máxima a
ser manobrada, em kVAr; onde,
Pcc = potência de curto-circuito na barra da
subestação, em MVA; Nmcp = número mínimo de capacitores em
paralelo em cada grupo série por fase;
ΔU% = sobretensão resultante da manobra de
Ngs = número de grupos em série por fase;
Qm, em porcentual.
Nce = número de células capacitivas
eliminado de um único grupo série por fase.
A tabela 5.3 prescreve as condições
para um dimensionamento correto de um
banco de capacitores. É importante observar que, quando
existir somente um grupo de capacitores em
Tabela 5.3 Prescrições para um correto série por fase (ou seja, Ngs = 1), caso ocorra
dimensionamento de bancos de capacitores.
atuação do fusível de alguma célula
Condições básicas capacitiva, não ocorrerá sobretensão nas
1. A célula capacitiva pode ser especificada para células remanescentes do grupo, uma vez
uma tensão nominal igual ou inferior à máxima que, pela expressão (5.11), teremos Nmcp
tensão prevista para operação do sistema. igual à zero.
2. Deve-se atentar que, quando o capacitor é
especificado para operação uma tensão nominal A expressão (5.12) apresenta, para um
inferior à máxima tensão prevista, o rendimento arranjo onda há vários grupos em série por
do capacitor fica reduzido. fase, a tensão resultante nas demais células
3. Visando reduzir a relação custo/kVAr, devem ser
capacitivas em paralelo do mesmo grupo
escolhidas, preferencialmente, células
capacitivas de maior potência nominal. remanescentes, quando da queima da
4. Observar o limite de 3.100 kVAr para a potência proteção fusível de Nce capacitores:
máxima de um grupo de capacitores em paralelo

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 110


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N cp (5.12) onde,
U ur = U fn ×
N gs × (N cp − N ce ) + N ce
In = corrente nominal de fase do banco, em
Deve-se ter Uur ≥ Uc A.

onde,
5.3.2 Configuração em estrela isolada
Uc = tensão em cada grupo, quando todas as
Visando impedir uma sobretensão
células estão em operação;
superior a 10% quando da eliminação de
Ufn =tensão entre fase e neutro do sistema, uma ou mais células do grupo, a
em kV; determinação do número mínimo de células
Ncp = número de capacitores em paralelo em capacitivas em paralelo em cada grupo série
cada grupo série; por fase é determinada através da expressão
(5.16):
Uur = tensão resultante nas células
remanescentes do mesmo grupo com Nce 11× N ce × (3 × N gs − 2) (5.16)
N mcp =
capacitores excluídos, em kV. 3 × N gs

onde,
A expressão (5.13) permite determinar
a tensão nos outros grupos em série Nmcp = número mínimo de capacitores em
restantes (Ngs > 1) da mesma fase: paralelo em cada grupo série por fase;
N cp − N ce Ngs = número de grupos em série por fase;
U gr = U fn × (5.13)
N gs × (N cp − N ce ) + N ce Nce = número de células capacitivas
eliminado de um único grupo série por fase.
onde,

Ugr = tensão nos grupos em série restantes, A expressão (5.17) apresenta, para um
da mesma fase, em kV. arranjo onda há vários grupos em série por
fase, a tensão resultante nas demais células
Deve-se ter Ugr < Uc. É importante
capacitivas em paralelo do mesmo grupo
observar que, caso o banco esteja ligado na
remanescentes, quando da queima da
configuração triângulo, a tensão tomada será
proteção fusível de Nce capacitores:
entre fases, ou seja, Uff em vez de Ufn.
3 × N cp (5.17)
As expressões (5.14) e (5.15) permitem U ur = U fn ×
determinar, respectivamente, a corrente que 3 × N gs × (N cp − N ce ) + (2 × N ce )
circula na fase afetada pela saída dos Nce
capacitores (Ifa) e a corrente que circula para onde,
a terra através do neutro do sistema quando
são excluídos Nce capacitores de um grupo Uc = tensão em cada grupo, quando todas as
(It): células estão em operação;
Ufn =tensão entre fase e neutro do sistema,
N gs × (N cp − N ce ) (5.14) em kV;
I fa = I n ×
N gs × (N cp − N ce ) + N ce
Ncp = número de capacitores em paralelo em
cada grupo série;
N ce
It = I n × (5.15)
N gs × (N cp − N ce ) + N ce

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 111


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Uur = tensão resultante nas células em cada grupo série por fase é determinada
remanescentes do mesmo grupo com Nce através da expressão (5.21):
capacitores excluídos, em kV.
11 × N ce × (6 × N gs − 5) (5.21)
Na expressão (5.17), deve-se ter Uur > N mcp =
6 × N gs
Uc.. Neste caso, observa-se que a tensão é
sempre inferior à tensão de neutro do grupo.
onde,
A expressão (5.18) permite determinar
a tensão nos outros grupos em série Nmcp = número mínimo de capacitores em
restantes (Ngs > 1) da mesma fase: paralelo em cada grupo série por fase;
Ngs = número de grupos em série por fase;
3 × (N cp − N ce ) (5.18)
U gr = U fn × Nce = número de células capacitivas
3 × N gs × (N cp − N ce ) + (2 × N ce )
eliminado de um único grupo série por fase.
Deve-se ter Ugr < Uc.
A expressão (5.22) apresenta, para um
onde, arranjo onda há vários grupos em série por
fase, a tensão resultante nas demais células
Ugr = tensão nos grupos em série restantes, capacitivas em paralelo do mesmo grupo
da mesma fase, em kV. remanescentes, quando da queima da
As expressões (5.19) e (5.20) permitem proteção fusível de Nce capacitores:
determinar, respectivamente, a corrente que
circula na fase afetada pela saída dos Nce 6 × N cp
U ur = U fn × (5.22)
capacitores (Id) e a tensão entre o neutro e 6 × N gs × (N cp − N ce ) + (5 × N ce )
terra quando são excluídos Nce capacitores
de um grupo (Unt): onde,
3 × N gs × (N cp − N ce ) (5.19) Uc = tensão em cada grupo, quando todas as
Id = In ×
3 × N gs × (N cp − N ce ) + (2 × N ce ) células estão em operação;
Ufn =tensão entre fase e neutro do sistema,
N ce (5.20) em kV;
= U fn ×
3 × N gs × (N cp − N ce ) + (2 × N ce )
U nt
Ncp = número de capacitores em paralelo em
cada grupo série;
Uur = tensão resultante nas células
onde, remanescentes do mesmo grupo com Nce
capacitores excluídos, em kV.
In = corrente nominal de fase do banco, em
A.
Na expressão (5.22), deve-se ter Uur >
Uc..
5.3.3 Configuração em dupla estrela
isolada A expressão (5.23) permite determinar
a tensão nos outros grupos em série
Analogamente aos arranjo anteriores, restantes (Ngs > 1) da mesma fase:
visando impedir uma sobretensão superior a
10% quando da eliminação de uma ou mais
células do grupo, a determinação do número 6 × (N cp − N ce )
U gr = U fn × (5.23)
mínimo de células capacitivas em paralelo 6 × N gs × (N cp − N ce ) + (5 × N ce )

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 112


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Deve-se ter Ugr < Uc. Ngs = número de grupos em série por fase;
Nce = número de células capacitivas
onde,
eliminado de um único grupo série por fase.
Ugr = tensão nos grupos em série restantes, Para uma melhor compreensão da
da mesma fase, em kV. situação apresentada, analisar a figura 5.14.
As expressões (5.24) e (5.25) permitem
determinar, respectivamente, a corrente que
circula entre os neutros pela saída dos Nce R
S
capacitores de um determinado grupo (Id) e a T

tensão entre o neutro e terra quando são A C E G I K

excluídos Nce capacitores de um grupo (Und),


no caso de conexão do neutro do banco de
capacitores à terra através de uma
impedância elevada:

3 × N ce
I d = I mf × (5.24)
6 × N gs × (N cp − N ce ) + (5 × N ce ) B D F H J L

N ce (5.25)
U nd = U fn ×
6 × N gs × (N cp − N ce ) + (5 × N ce )
Figura 5.14 Ligação em série de um banco de
capacitores com configuração dupla estrela aterrada.

onde,
Denomina-se, por exemplo, de meia
Imf = corrente que circula na meia fase do fase para a fase R aquela em que estão
banco, em A. ligados os grupos A e B. A outra meia fase
corresponde àquela em que estão ligados os
grupos C e D. Analogamente, denomina-se
5.3.4 Configuração em dupla estrela de meia fase para a fase S aquela em que
aterrada estão ligados os grupos E e F. A outra meia
fase corresponde àquela em que estão
Como nos arranjo apresentados ligados os grupos G e H. considerar nas
anteriormente, visando impedir uma explicações que se seguem, para um melhor
sobretensão superior a 10% quando da entendimento, que as células danificadas
eliminação de uma ou mais células do grupo, (eliminadas do grupo pela abertura do elo
a determinação do número mínimo de fusível) e tomadas como referência são as do
células capacitivas em paralelo em cada grupo G da figura 5.14.
grupo série por fase é determinada através
da expressão (5.26), considerando-se que o
banco esteja ligado com o ponto médio A expressão (5.37) apresenta, para um
interligado em cada uma das meias fases: arranjo onda há vários grupos em série por
fase, a tensão resultante nas demais células
N ce × (22 × N gs − 3 × N gs ) (5.26) capacitivas em paralelo do mesmo grupo
N mcp =
2 × N gs remanescentes, quando da queima da
proteção fusível de Nce capacitores:
onde,
2 × Ncp (5.37)
Uur = U fn ×
Nmcp = número mínimo de capacitores em 2 × N gs × (Ncp − Nce ) + (3 × Nce )
paralelo em cada grupo série por fase;

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 113


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onde, A expressão (5.30) permite determinar


a tensão resultante em cada um dos grupos
Uc = tensão em cada grupo, quando todas as restantes localizados na outra metade do
células estão em operação; circuito, isto é, aqueles que correspondem
Ufn =tensão entre fase e neutro aplicada ao aos grupos F e H da figura 5.14:
grupo em análise, em kV;
2× Ngs × (Ncp − Nce ) + (2× Nce) (5.30)
Ncp = número de capacitores em paralelo em U gr = U fn ×
2× Ngs × (Ncp − Nce ) + (3× Ngs × Nce )
2
cada grupo série;
Uur = tensão resultante nas células Deve-se ter Ugr < Uc.
remanescentes do mesmo grupo com Nce
capacitores excluídos, em kV. Com relação à figura 5.14, as
expressões (5.31), (5.32) e (5.33) permitem
Na expressão (5.27), deve-se ter Uur > determinar, respectivamente, a corrente Igf
Uc.., ou seja, a tensão Uur deve ser superior à que circula nos grupos da meia fase em que
tensão em cada grupo do banco considerado ocorreu a falta (grupo G), a corrente Igr que
em todas as suas células em operação (Uc ). circula nos grupos restantes, localizados na
outra metade do circuito (grupos F e H) e a
A expressão (5.28) permite determinar
corrente que circula nos grupos de meias
a tensão nos outros grupos em série
fases correspondentes ao grupo defeituoso
restantes (Ngs > 1) da mesma meia fase (que
(grupo E):
corresponde ao grupo H da figura 5.14):
2 × Ngs × ( Ncp − N ce ) (5.31)
Igf = I mf ×
2 × (Ncp − Nce ) (5.28) 2 × N gs × (N cp − N ce ) + (3 × N ce )
U gr = U fn ×
2 × N gs × (Ncp − Nce ) + (3 × Nce )
Deve-se ter, em (5.31): Igf < Imf.
Deve-se ter Ugr < Uc.
onde,
onde,
Imf = corrente que circula na meia fase do
Ugr = tensão a que fica submetido cada um banco, em A.
dos grupos da mesma meia fase, em kV.
2 × Ngs × (Ncp − N ce ) + (2 × N ce ) (5.32)
Igr = I mf ×
2 × N gs × (N cp − N ce ) + (3 × N ce )
A expressão (5.29) permite determinar
a tensão a que fica submetido cada um dos
grupos da outra meia fase correspondente,
isto é, o grupo E da figura 5.14: Deve-se ter, em (5.32): Igr < Imf.

2 × Ngs × (Ncp − Nce ) + (4 × Nce) (5.29) 2 × Ngs × ( Ncp − N ce ) + (4 × N ce )


Ugr = U fn × Igd = I mf × (5.33)
2 × Ngs × (Ncp − Nce ) + (3× Ngs × Nce )
2
2 × N gs × (N cp − N ce ) + (3 × N ce )

Deve-se ter Ugr > Uc. Deve-se ter, em (5.33): Igd > Imf.

onde,

Ugr = tensão a que fica submetido cada EXEMPLO 5.6 Determine a configuração do banco de
um dos grupos da outra meia fase capacitores a ser ligado no secundário de um sistema
trifásico de uma subestação industrial 69/13,2 kV, em
correspondente, em kV. estrela aterrada, que precisa de 3.600 kVAr de
potência reativa para compensação.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 114


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Solução: Caso, ao invés da utilização inicial do número de


grupos em série por fase igual a 2, fosse arbitrado
apenas um grupo de capacitores em série, teria:
a) Dimensionamento do número mínimo de capacitores
em paralelo em cada grupo e por fase. 11 × N ce × (N gs − 1) 11 × (1 − 1)
N mcp = = =0
N gs 2
A potência reativa por fase em um sistema trifásico
equilibrado é calculada por: Desta forma, um outro arranjo possível seria o
Q 3.600 apresentado na figura 5.16, através da utilização de um
Qa = Qb = Qc = = = 1.200 kVAr/fase banco com células de 100 kVAr de 7,62 kV,
3 3 empregando 12 células por fase no único grupo de
Considerando, inicialmente, o número de grupos em cada fase.
série por fase em 2 (dois), tem-se:
A
1.200
Qg = = 600 kVAr
2
Desta forma, para a condição de estrela aterrada e 100 kVAr

7,62 kV
apenas uma célula excluída, o número mínimo de
capacitores por grupo e por fase, vale, da expressão
(5.11): N

11 × N ce × (N gs − 1)

13,2 kV
11 × 1 × (2 − 1)
N mcp = = = 5,5 ≅ 6
N gs 2

7,62 kV
b) Dimensionamento da potência reativa nominal de 12 unidades
cada célula.
B

Qg 600
Qc = = = 100 kVAr C
N mcp 6

A figura 5.15 representa a configuração adotada.


Observa-se que a tensão de cada célula é a metade da
Figura 5.16 Ligação de células de 100 kVAr em
tensão fase-neutro, ou seja:
paralelo e 1 (um) grupo série na configuração estrela
1 1 Uff 1 13,2 aterrada.
U c = ×Ufn = × = × = 3,81kV
2 2 3 2 3
Entretanto, esta configuração não é recomendável
A devido à baixa reatância e elevada corrente de curto-
circuito a que estaria submetida este ponto da
instalação. A potência total do banco de capacitores
seria:
7,62 kV

100 kVAr 100 kVAr

Qt = 12 × 100 × 3 = 3.600kVAr
Capacitores
excluídos
N
13,2 kV

c) Considerando que, se no banco apresentado na


figura 5.15, houvesse a exclusão de dois capacitores
7,62 kV

na fase A, determinar as tensões resultantes nas


células capacitivas remanescentes, no grupo série não
B afetado, e a corrente que circularia na fase onde estão
3,81 kV
instalados os referidos grupos de capacitores.
3,81 kV C
A tensão nas 4 células restantes do grupo pode ser
calculada através da expressão (5.15):
Figura 5.15 Ligação de células de 100 kVAr em N cp
U ur = U fn ×
N gs × (N cp − N ce ) + N ce
paralelo e 2 (dois) grupos série na configuração estrela
aterrada.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 115


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U ur =
13,2
×
6
= 4,57kV
5.3.5 Método prático NBR 5060
3 2 × (6 − 2) + 2
A NBR 5060 apresenta em seu anexo A
A tensão no grupo série não afetado pode ser
determinada através da expressão (5.16): um conjunto de tabelas para o cálculo da
tensão resultante nas demais células
N cp − N ce capacitivas em paralelo do mesmo grupo. Os
U gr = U fn ×
N gs × (N cp − N ce ) + N ce valores apresentados nestas tabelas (tabelas
5.4 a 5.6) estão apresentados em valores
13,2 6−2 “por unidade” (abreviadamente, p.u.). Esta
U gr = × = 3,04kV
3 2 × (6 − 2 ) + 2 forma de representação é bastante prática e
A sobretensão percentual nas quatro células do grupo largamente utilizada em cálculos do sistema
afetado pode ser calculada pela expressão abaixo: elétrico de potência.
⎛ Um − Un ⎞ ⎛ 4,57 − 3,81 ⎞ O sistema “por unidade”é um meio
U st = ⎜ ⎟ × 100 = ⎜ ⎟ × 100 = 19,9% conveniente de expressar grandezas
⎝ Un ⎠ ⎝ 3,81 ⎠
elétricas. Impedâncias, correntes, tensões e
Onde, potências são muitas vezes expressas em
Um = tensão medida na célula capacitiva, em kV; p.u., em vez de em ohms, ampères, volts e
Un = tensão nominal da célula capacitiva, em kV. watts.
O valor por unidade de uma grandeza é
Percentualmente, a redução da tensão no grupo não
definido como a relação entre o valor da
afetado da mesma fase A vale: grandeza e um valor da mesma grandeza
tomado como base. Assim, para uma
⎛ 3,81 − 3,04 ⎞ grandeza de valor “g”, o valor p.u “gpu”, na
Ug = ⎜ ⎟ × 100 = 20,2%
⎝ 3,81 ⎠ base gB, será:

g valor real da grandeza


Para o cálculo da corrente que circularia na fase onde gpu = = (5.34)
estão instalados os referidos grupos de capacitores, gB valor base da grandeza
pode-se aplicar:
O valor percentual (g%) será cem vezes
De (5.38): o valor o valor por unidade, ou seja:
Qc 2 × 6 × 100kVAr g % = 100 × gpu
In = = = 157,4 A (5.35)
3 ×U 3 × 13,2kV
Desta forma, por exemplo, se a tensão
De (5.14):
base for de 127 V, as tensões de 110, 127 e
22 V ficam, em p.u., com os seguintes
N gs × (N cp − N ce )
I fa = I n × valores:
N gs × (N cp − N ce ) + N ce

2 × (6 − 2 )
110
= 0,87 pu ou 87%
I fa = 157,4 × = 125,9 A
2 × (6 − 2 ) + 2
127
127
Observa-se que a redução percentual de corrente será:
= 1 pu ou 100%
127

⎛ 157,4 − 125,9 ⎞ 220


ΔI = ⎜ ⎟ × 100 = 20% = 1,73 pu ou 173%
⎝ 157,4 ⎠ 127

O uso dos valores por unidade ou dos


valores percentuais conduz a cálculos mais
simples, por exemplo, na determinação de

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 116


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correntes presumidas de curto-circuito em Tensão em cada célula, antes da retirada das células
sistemas elétricos. Por outro lado, o método defeituosas: 3,81 kV (este será o valor base da tensão
UBkV).
p.u. apresenta a vantagem de que o produto
de dois valores p.u. é um valor p.u., ao passo Entrando na tabela 5.4 com NCP = 6, NCE = 2 e NGS = 2,
encontramos o valor 1,2 p.u. para a tensão nas células
que o produto de dois valores percentuais restantes do grupo, ou seja, aplicando (5.34):
deve ser dividido por 100 para que o
resultado seja também um valor percentual. gpu =
g
→ Upu =
UkV
gB UB kV
No caso das tabelas 5.4 a 5.6, observe
que o valor base é a tensão anterior à 1,2 =
UkV
→ UkV = 1,2 × 3,81 = 4,57 kV
retirada das unidades capacitivas de um 3,81
determinado grupo série. Estas tabelas foram
Observe que chegamos ao mesmo
obtidas através das expressões (5.12), (5.16)
resultado calculado no exemplo 5.6.
e (5.21), conforme apresentadas nos itens
5.3.1, 5.3.2 e 5.3.3, respectivamente.
Ao aplicar a tabela 5.4, no exemplo 5.6,
teríamos:

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 117


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Tabela 5.4 Tensão nas unidades restantes de um grupo paralelo (em p.u. da tensão anterior à retirada de NCE
unidades). Fonte: NBR 5060 – Anexo A – Tabela 1.

NÚMERO DE GRUPOS PARALELOS EM SÉRIE POR FASE (NGS)


NCP NCE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2 1 1,000 1,333 1,500 1,600 1,667 1,714 1,750 1,778 1,800 1,818 1,833 1,846

3 1 1,000 1,200 1,286 1,333 1,364 1,385 1,400 1,412 1,421 1,429 1,435 1,440
3 2 1,000 1,500 1,800 2,000 2,143 2,250 2,333 2,400 2,455 2,500 2,538 2,571

4 1 1,000 1,143 1,200 1,231 1,250 1,263 1,273 1,280 1,286 1,290 1,294 1,297
4 2 1,000 1,333 1,500 1,600 1,667 1,714 1,750 1,778 1,800 1,818 1,833 1,846
4 3 1,000 1,600 2,000 2,286 2,500 2,667 2,800 2,909 3,000 3,077 3,143 3,200

5 1 1,000 1,111 1,154 1,176 1,190 1,200 1,207 1,212 1,216 1,220 1,222 1,224
5 2 1,000 1,250 1,364 1,429 1,471 1,500 1,522 1,538 1,552 1,563 1,571 1,579
5 3 1,000 1,429 1,667 1,818 1,923 2,000 2,059 2,105 2,143 2,174 2,200 2,222
5 4 1,000 1,667 2,143 2,500 2,778 3,000 3,182 3,333 3,462 3,571 3,667 3,750

6 1 1,000 1,091 1,125 1,1443 1,154 1,161 1,167 1,171 1,174 1,176 1,179 1,180
6 2 1,000 1,200 1,286 1,333 1,364 1,385 1,400 1,412 1,421 1,429 1,435 1,440
6 3 1,000 1,333 1,500 1,600 1,667 1,714 1,750 1,778 1,800 1,818 1,833 1,846
6 4 1,000 1,500 1,800 2,000 2,143 2,250 2,333 2,400 2,455 2,500 2,538 2,571
6 5 1,000 1,714 2,250 2,667 3,000 3,273 3,500 3,692 3,857 4,000 4,125 4,235

7 1 1,000 1,077 1,105 1,120 1,129 1,135 1,140 1,143 1,145 1,148 1,149 1,151
7 2 1,000 1,167 1,235 1,273 1,296 1,313 1,324 1,333 1,340 1,346 1,351 1,355
7 3 1,000 1,273 1,400 1,474 1,522 1,556 1,581 1,600 1,615 1,628 1,638 1,647
7 4 1,000 1,400 1,615 1,750 1,842 1,909 1,960 2,000 2,032 2,059 2,081 2,100
7 5 1,000 1,556 1,909 2,154 2,333 2,471 2,579 2,667 2,739 2,800 2,852 2,897

8 1 1,000 1,067 1,091 1,103 1,111 1,116 1,120 1,123 1,125 1,127 1,128 1,129
8 2 1,000 1,143 1,200 1,231 1,250 1,263 1,273 1,280 1,286 1,290 1,294 1,297
8 3 1,000 1,231 1,333 1,391 1,429 1,455 1,474 1,488 1,500 1,509 1,517 1,524
8 4 1,000 1,333 1,500 1,600 1,667 1,714 1,750 1,778 1,800 1,818 1,833 1,846
8 5 1,000 1,455 1,714 1,882 2,000 2,087 2,154 2,207 2,250 2,286 2,316 2,341

9 1 1,000 1,059 1,080 1,091 1,098 1,102 1,105 1,108 1,110 1,111 1,112 1,113
9 2 1,000 1,125 1,174 1,200 1,216 1,227 1,235 1,241 1,246 1,250 1,253 1,256
9 3 1,000 1,200 1,286 1,333 1,364 1,385 1,400 1,412 1,421 1,429 1,435 1,440
9 4 1,000 1,286 1,421 1,500 1,552 1,588 1,615 1,636 1,653 1,667 1,678 1,688
9 5 1,000 1,385 1,588 1,714 1,800 1,862 1,909 1,946 1,976 2,000 2,020 2,038

10 1 1,000 1,053 1,071 1,081 1,087 1,091 1,094 1,096 1,098 1,099 1,100 1,101
10 2 1,000 1,111 1,154 1,176 1,190 1,200 1,207 1,212 1,216 1,220 1,222 1,224
10 3 1,000 1,176 1,250 1,290 1,316 1,333 1,346 1,356 1,364 1,370 1,375 1,379
10 4 1,000 1,250 1,364 1,429 1,471 1,500 1,522 1,538 1,552 1,563 1,571 1,579
10 5 1,000 1,333 1,500 1,600 1,667 1,714 1,750 1,778 1,800 1,818 1,833 1,846

11 1 1,000 1,048 1,065 1,073 1,078 1,082 1,085 1,086 1,088 1,089 1,090 1,091
11 2 1,000 1,100 1,138 1,158 1,170 1,179 1,185 1,189 1,193 1,196 1,198 1,200
11 3 1,000 1,158 1,222 1,257 1,279 1,294 1,305 1,313 1,320 1,325 1,330 1,333
11 4 1,000 1,222 1,320 1,375 1,410 1,435 1,453 1,467 1,478 1,486 1,494 1,500
11 5 1,000 1,294 1,435 1,517 1,571 1,610 1,638 1,660 1,678 1,692 1,704 1,714

12 1 1,000 1,043 1,059 1,067 1,071 1,075 1,077 1,079 1,080 1,081 1,082 1,083
12 2 1,000 1,091 1,125 1,143 1,154 1,161 1,167 1,171 1,174 1,176 1,179 1,180
12 3 1,000 1,143 1,200 1,231 1,250 1,263 1,273 1,280 1,286 1,290 1,294 1,297
12 4 1,000 1,200 1,286 1,333 1,364 1,385 1,400 1,412 1,421 1,429 1,435 1,440
12 5 1,000 1,263 1,385 1,455 1,500 1,532 1,556 1,574 1,588 1,600 1,610 1,618
Notas:
1- NCP = células capacitivas em paralelo por grupo série.
2- NCE = número de células capacitivas eliminadas de um único grupo série.
3- Esta tabela deve ser utilizada com as ligações das figuras 5.7 e 5.11.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 118


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Tabela 5.5 Tensão nas unidades restantes de um grupo paralelo (em p.u. da tensão anterior à retirada de NCE
unidades). Fonte: NBR 5060 – Anexo A – Tabela 3.

NÚMERO DE GRUPOS PARALELOS EM SÉRIE POR FASE (NGS)


NCP NCE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2 1 1,200 1,500 1,636 1,714 1,765 1,800 1,826 1,846 1,862 1,875 1,886 1,895

3 1 1,125 1,286 1,350 1,385 1,406 1,421 1,432 1,440 1,446 1,452 1,456 1,459
3 2 1,286 1,800 2,077 2,250 2,368 2,455 2,520 2,571 2,613 2,647 2,676 2,700

4 1 1,091 1,200 1,241 1,263 1,277 1,286 1,292 1,297 1,301 1,304 1,307 1,309
4 2 1,200 1,500 1,636 1,714 1,765 1,800 1,826 1,846 1,862 1,875 1,886 1,895
4 3 1,333 2,000 2,400 2,667 2,857 3,000 3,111 3,200 3,273 3,333 3,385 3,429

5 1 1,071 1,154 1,184 1,200 1,210 1,216 1,221 1,224 1,227 1,230 1,231 1,233
5 2 1,154 1,364 1,452 1,500 1,531 1,552 1,567 1,579 1,588 1,596 1,602 1,607
5 3 1,250 1,667 1,875 2,000 2,083 2,143 2,188 2,222 2,250 2,273 2,292 2,308
5 4 1,364 2,143 2,647 3,000 3,261 3,462 3,621 3,750 3,857 3,947 4,024 4,091

6 1 1,059 1,125 1,149 1,161 1,169 1,174 1,178 1,180 1,182 1,184 1,186 1,187
6 2 1,125 1,286 1,350 1,385 1,406 1,421 1,432 1,440 1,446 1,452 1,456 1,459
6 3 1,200 1,500 1,636 1,714 1,765 1,800 1,826 1,846 1,862 1,875 1,886 1,895
6 4 1,286 1,800 2,077 2,250 2,368 2,455 2,520 2,571 2,613 2,647 2,676 2,700
6 5 1,385 2,250 2,842 3,273 3,600 3,857 4,065 4,235 4,378 4,500 4,605 4,696

7 1 1,050 1,105 1,125 1,135 1,141 1,145 1,148 1,151 1,152 1,154 1,155 1,156
7 2 1,105 1,235 1,286 1,313 1,329 1,340 1,349 1,355 1,360 1,364 1,367 1,370
7 3 1,167 1,400 1,500 1,556 1,591 1,615 1,633 1,647 1,658 1,667 1,674 1,680
7 4 1,235 1,615 1,800 1,909 1,981 2,032 2,070 2,100 2,124 2,143 2,159 2,172
7 5 1,313 1,909 2,250 2,471 2,625 2,739 2,827 2,897 2,953 3,000 3,039 3,073

8 1 1,043 1,091 1,108 1,116 1,121 1,125 1,128 1,129 1,131 1,132 1,133 1,134
8 2 1,091 1,200 1,241 1,263 1,277 1,286 1,292 1,297 1,301 1,304 1,307 1,309
8 3 1,143 1,333 1,412 1,455 1,481 1,500 1,514 1,524 1,532 1,538 1,544 1,548
8 4 1,200 1,500 1,636 1,714 1,765 1,800 1,826 1,846 1,862 1,875 1,886 1,895
8 5 1,263 1,714 1,946 2,087 2,182 2,250 2,301 2,341 2,374 2,400 2,422 2,441

9 1 1,038 1,080 1,095 1,102 1,107 1,110 1,112 1,113 1,115 1,116 1,117 1,117
9 2 1,080 1,174 1,209 1,227 1,239 1,246 1,252 1,256 1,259 1,262 1,264 1,266
9 3 1,125 1,286 1,350 1,385 1,406 1,421 1,432 1,440 1,446 1,452 1,456 1,459
9 4 1,174 1,421 1,528 1,588 1,627 1,653 1,673 1,688 1,699 1,709 1,717 1,723
9 5 1,227 1,588 1,761 1,862 1,929 1,976 2,011 2,038 2,059 2,077 2,092 2,104

10 1 1,034 1,071 1,084 1,091 1,095 1,098 1,099 1,101 1,102 1,103 1,104 1,104
10 2 1,071 1,154 1,184 1,200 1,210 1,216 1,221 1,224 1,227 1,230 1,231 1,233
10 3 1,111 1,250 1,304 1,333 1,351 1,364 1,373 1,379 1,385 1,389 1,392 1,395
10 4 1,154 1,364 1,452 1,500 1,531 1,552 1,567 1,579 1,588 1,596 1,602 1,607
10 5 1,200 1,500 1,636 1,714 1,765 1,800 1,826 1,846 1,862 1,875 1,886 1,895

11 1 1,031 1,065 1,076 1,082 1,086 1,088 1,090 1,091 1,092 1,093 1,093 1,094
11 2 1,065 1,138 1,165 1,179 1,187 1,193 1,197 1,200 1,202 1,204 1,206 1,207
11 3 1,100 1,222 1,269 1,294 1,310 1,320 1,328 1,333 1,338 1,341 1,344 1,347
11 4 1,138 1,320 1,394 1,435 1,460 1,478 1,490 1,500 1,508 1,514 1,519 1,523
11 5 1,179 1,435 1,547 1,610 1,650 1,678 1,699 1,714 1,727 1,737 1,745 1,752

12 1 1,029 1,059 1,069 1,075 1,078 1,080 1,082 1,083 1,084 1,084 1,085 1,085
12 2 1,059 1,125 1,149 1,161 1,169 1,174 1,178 1,180 1,182 1,184 1,186 1,187
12 3 1,091 1,200 1,241 1,263 1,277 1,286 1,292 1,297 1,301 1,304 1,307 1,309
12 4 1,125 1,286 1,350 1,385 1,406 1,421 1,432 1,440 1,446 1,452 1,456 1,459
12 5 1,161 1,385 1,479 1,532 1,565 1,588 1,605 1,618 1,628 1,636 1,643 1,649
Notas:
1- NCP = células capacitivas em paralelo por grupo série.
2- NCE = número de células capacitivas eliminadas de um único grupo série.
3- Esta tabela deve ser utilizada com as ligações da figura 5.9.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 119


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Tabela 5.6 Tensão nas unidades restantes de um grupo paralelo (em p.u. da tensão anterior à retirada de NCE
unidades). Fonte: NBR 5060 – Anexo A – Tabela 5.

NÚMERO DE GRUPOS PARALELOS EM SÉRIE POR FASE (NGS)


NCP NCE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 1 1,200 2,400 3,600 4,800 6,000 7,200 8,400 9,600 10,800 12,000 13,200 14,400

2 1 1,091 1,412 1,565 1,655 1,714 1,756 1,787 1,811 1,831 1,846 1,859 1,870
2 2 1,200 2,400 3,600 4,800 6,000 7,200 8,400 9,600 10,800 12,000 13,200 14,400

3 1 1,059 1,241 1,317 1,358 1,385 1,403 1,416 1,426 1,434 1,440 1,445 1,450
3 2 1,125 1,636 1,929 2,118 2,250 2,348 2,423 2,483 2,531 2,571 2,605 2,634
3 3 1,200 2,400 3,600 4,800 6,000 7,200 8,400 9,600 10,800 12,000 13,200 14,400

4 1 1,043 1,171 1,220 1,247 1,263 1,274 1,282 1,289 1,293 1,297 1,300 1,303
4 2 1,091 1,412 1,565 1,655 1,714 1,756 1,787 1,811 1,831 1,846 1,859 1,870
4 3 1,143 1,778 2,182 2,462 2,667 2,824 2,947 3,048 3,130 3,200 3,259 3,310
4 4 1,200 2,400 3,600 4,800 6,000 7,200 8,400 9,600 10,800 12,000 13,200 14,400

5 1 1,034 1,132 1,169 1,188 1,200 1,208 1,214 1,218 1,222 1,224 1,227 1,229
5 2 1,071 1,304 1,406 1,463 1,500 1,525 1,544 1,558 1,570 1,579 1,587 1,593
5 3 1,111 1,538 1,765 1,905 2,000 2,069 2,121 2,162 2,195 2,222 2,245 2,264
5 4 1,154 1,875 2,368 2,727 3,000 3,214 3,387 3,529 3,649 3,750 3,837 3,913
5 5 1,200 2,400 3,600 4,800 6,000 7,200 8,400 9,600 10,800 12,000 13,200 14,400

6 1 1,029 1,108 1,137 1,152 1,161 1,168 1,172 1,176 1,178 1,180 1,182 1,184
6 2 1,059 1,241 1,317 1,358 1,385 1,403 1,416 1,426 1,434 1,440 1,445 1,450
6 3 1,091 1,412 1,565 1,655 1,714 1,756 1,787 1,811 1,831 1,846 1,859 1,870
6 4 1,125 1,636 1,929 2,118 2,250 2,348 2,423 2,483 2,531 2,571 2,605 2,634
6 5 1,161 1,946 2,512 2,939 3,273 3,541 3,761 3,945 4,101 4,235 4,352 4,454

7 1 1,024 1,091 1,115 1,128 1,135 1,140 1,144 1,147 1,149 1,151 1,152 1,153
7 2 1,050 1,200 1,260 1,292 1,313 1,326 1,336 1,344 1,350 1,355 1,359 1,362
7 3 1,077 1,333 1,448 1,514 1,556 1,585 1,607 1,623 1,636 1,647 1,656 1,663
7 4 1,105 1,500 1,703 1,826 1,909 1,969 2,014 2,049 2,077 2,100 2,119 2,136
7 5 1,135 1,714 2,066 2,301 2,471 2,598 2,697 2,777 2,842 2,897 2,943 2,982

8 1 1,021 1,079 1,099 1,110 1,116 1,121 1,124 1,126 1,128 1,129 1,131 1,132
8 2 1,043 1,171 1,220 1,247 1,263 1,274 1,282 1,289 1,293 1,297 1,300 1,303
8 3 1,067 1,280 1,371 1,422 1,455 1,477 1,493 1,506 1,516 1,524 1,530 1,536
8 4 1,091 1,412 1,565 1,655 1,714 1,756 1,787 1,811 1,831 1,846 1,859 1,870
8 5 1,116 1,574 1,823 1,979 2,087 2,165 2,225 2,272 2,310 2,341 2,368 2,390

9 1 1,019 1,069 1,087 1,096 1,102 1,106 1,109 1,111 1,112 1,113 1,114 1,115
9 2 1,038 1,149 1,191 1,213 1,227 1,237 1,243 1,249 1,253 1,256 1,258 1,261
9 3 1,059 1,241 1,317 1,358 1,385 1,403 1,416 1,426 1,434 1,440 1,445 1,450
9 4 1,080 1,350 1,473 1,543 1,588 1,620 1,643 1,662 1,676 1,688 1,697 1,705
9 5 1,102 1,479 1,670 1,785 1,862 1,917 1,959 1,991 2,017 2,038 2,055 2,070

10 1 1,017 1,062 1,078 1,086 1,091 1,094 1,097 1,098 1,100 1,101 1,102 1,103
10 2 1,034 1,132 1,169 1,188 1,200 1,208 1,214 1,218 1,222 1,224 1,227 1,229
10 3 1,053 1,212 1,277 1,311 1,333 1,348 1,359 1,368 1,374 1,379 1,384 1,387
10 4 1,071 1,304 1,406 1,463 1,500 1,525 1,544 1,558 1,570 1,579 1,587 1,593
10 5 1,091 1,412 1,565 1,655 1,714 1,756 1,787 1,811 1,831 1,846 1,859 1,870

11 1 1,015 1,056 1,070 1,078 1,082 1,085 1,087 1,089 1,090 1,091 1,092 1,092
11 2 1,031 1,119 1,151 1,168 1,179 1,186 1,191 1,195 1,198 1,200 1,202 1,204
11 3 1,048 1,189 1,245 1,275 1,294 1,307 1,316 1,323 1,329 1,333 1,337 1,340
11 4 1,065 1,269 1,356 1,404 1,435 1,456 1,471 1,483 1,492 1,500 1,506 1,511
11 5 1,082 1,361 1,489 1,562 1,610 1,643 1,668 1,687 1,702 1,714 1,724 1,733
Notas:
1- NCP = células capacitivas em paralelo por grupo série.
2- NCE = número de células capacitivas eliminadas de um único grupo série.
3- Esta tabela deve ser utilizada com as ligações da figura 5.12, considerando-se a ligação em série de um ou mais grupo de
capacitores em paralelo.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 120


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monofásicos com potências padronizadas de


5.4 Características elétricas 25, 50, 100 e 200 kVAr (ver tabelas 5.7, 5.8,
5.11 e 5.12).

5.4.1 Conceitos básicos Tabela 5.7 Valores comerciais usuais em bancos de


capacitores trifásicos em baixa tensão.

5.4.1.1 Potência nominal Tensão (V) Faixa de potência (kVAr)


220 Até 25 kVAr
Trata-se da potência reativa sob tensão
380 Até 50 kVAr
e freqüência nominal, para a qual o capacitor
é projetado. 440 Até 65 kVAr

Para a maior parte dos equipamentos, 480 Até 70 kVAr


a característica elétrica principal é a potência
nominal aparente (como, por exemplo, os
EXEMPLO 5.7 Calcular a capacitância de uma célula
transformadores) ou ativa (como os motores monofásica de 2,5 kVAr em 220 V, 60 Hz.
e demais equipamentos de utilização). Os
Solução:
capacitores, contrariamente, são
normalmente designados pela sua potência
nominal reativa. De (5.36),
A potência reativa nominal de um
capacitor em kVAr é aquela absorvida do 1000 × QC 1000 × 2,5
sistema quando este for submetido a uma C= = = 137 μF
2 × π × f × UN 2 2 × π × 60 × 0,22 2
tensão e freqüências nominais a uma
temperatura ambiente não superior a 20ºC
(ABNT). Conhecida a potência nominal do EXEMPLO 5.8 Calcular a capacitância de um módulo
capacitor, pode-se facilmente calcular a sua trifásico em estrela constituído por 3 (três) células
capacitância, através da expressão (5.36): monofásicas de 2,5 kVAr em 220 V, 60 Hz.

1000 × QC Solução:
C= (5.36)
2 × π × f × UN 2
Qc = 3 x 2,5 = 7,5 kVAr
onde,
De (5.36),
QC = potência reativa nominal do capacitor,
em kilovolt.ampère.reativo [kVAr];
1000 × QC 1000 × 7,5
f = frequência nominal, em hertz [Hz]; C= = = 411μF
2 × π × f × UN 2 2 × π × 60 × 0,22 2
UN = tensão nominal, em kilovolt [kV];
C = capacitância, em microfarad [μF]. Observe que a capacitância na célula (elemento) em
configuração estrela é igual a:

Para os capacitores de tensão de Qc = 2,5 kVAr


isolamento de até 660 V, a potência nominal
não ultrapassa normalmente os 70 kVAr em UN =
U
=
220
= 127V
células trifásicas e os 30 kVAr em células 3 3
monofásicas. Já os capacitores de tensão de
isolamento de 2,3 a 15 kV são geralmente

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 121


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1000 × QC 1000 × 2,5 5.4.1.3 Tensão nominal


C= = = 411μF
2 × π × f × UN 2
2 × π × 60 × 0,127 2
A tensão nominal (Un) é o valor eficaz
da tensão senoidal para a qual o capacitor é
EXEMPLO 5.9 Calcular a capacitância de um módulo
trifásico em triângulo constituído por 3 (três) células projetado.
monofásicas de 2,5 kVAr em 220 V, 60 Hz.
Os capacitores de potência são
normalmente fabricados para a tensão
Solução: nominal do sistema elétrico (tensão entre
fases para células trifásicas ou entre fase e
neutro para células monofásicas).
Qc = 3 x 2,5 = 7,5 kVAr
Ao contrário da maioria dos
De (5.36), equipamentos elétricos, os capacitores
ligados em derivação, quando postos em
serviço, funcionam perfeitamente a plena
1000 × QC 1000 × 7,5 potência ou a potência que se afastam
C= = = 411μF
2 × π × f × UN 2
2 × π × 60 × 0,22 2 daquele valor somente devido a variações de
tensão.
Observe que a capacitância na célula (elemento) em Os capacitores utilizados em sistemas
configuração triângulo é igual a: industriais de pequeno e médio porte são
normalmente em baixa tensão (abaixo de
Qc = 2,5 kVAr 1000 V), sendo fabricados para 220, 380,
440 e 480 V, independentemente de que
U N = U = 220V sejam células monofásicas e trifásicas
1000 × QC 1000 × 2,5 (tabela 5.8).
C= = = 137 μF
2 × π × f × UN 2 2 × π × 60 × 0,22 2
Tabela 5.8 Capacitores industriais – baixa tensão e alta
Note uma importante característica observada através tensão.
dos exemplos 5.8 e 5.9: a capacitância na célula
(elemento capacitivo) é igual à capacitância total do Baixa tensão Alta tensão
módulo trifásico na configuração estrela e igual a 1/3 2.300, 3.810, 4.160,
da capacitância total do módulo trifásico na 4.800, 6.600, 7.620,
220, 380, 440 e 480 V
configuração triângulo. 7.967, 13.200 e
13.800V
Monofásico Trifásico Monofásico e trifásico
5.4.1.2 Freqüência nominal
60 Hz 60 Hz
A freqüência nominal (fn) é a freqüência 0,5 a 30 0,5 a 70
25, 50, 100 e 200 kVAr
para a qual o capacitor é projetado. kVAr kVAr

Conforme pode ser observada através


da expressão (5.36), a potência reativa Os capacitores ligados em tensão
nominal do capacitor é diretamente primária, normalmente alta tensão (acima de
proporcional à freqüência. Usualmente, os 1000 V), são usualmente fabricados para as
dados da potência e capacitância tensões de 2.300, 3.810, 4.160, 4.800, 6.600,
apresentadas nos catálogos dos fabricantes 7.620, 7.967, 13.200 e 13.800 V. Para
são referentes a uma freqüência de operação tensões superiores, somente são fabricados
de 60 Hz. Para outras freqüências, é sob encomenda (tabela 5.8).
necessário calcular estas variáveis. As tabelas 5.11 e 5.12 disponibilizam
as características elétricas básicas dos
capacitores e de seus acessórios
(capacitância, corrente nominal, dispositivo
de proteção, cabo de ligação, etc),

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 122


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respectivamente, para unidades de baixa excessiva margem de segurança, visto que


tensão trifásicas e monofásicas. Pequenas isto resultaria numa diminuição da potência
variações podem ser encontradas na efetivamente disponível, quando se
composição destas tabelas entre os vários comparada a potência nominal (de placa) do
fabricantes. capacitor.
É importante levar em conta, na
5.4.1.4 Tensão máxima de operação determinação da tensão prevista nos
terminais do capacitor, as seguintes
A tensão máxima de operação considerações:
permissível é o valor máximo eficaz da
tensão alternada que o capacitor pode a) Os capacitores produzem um
suportar por um determinado tempo, em aumento de tensão no ponto onde
condições específicas. eles se encontram. Este aumento de
tensão pode ser considerável para
O limiar de tensão aplicada ao certos harmônicos que possam
capacitor não pode exceder 110% da sua existir. Em conseqüência, os
tensão nominal. Esta tensão nominal do capacitores podem ser levados a
capacitor, em princípio, deve ser igual à funcionar a uma tensão superior
tensão efetiva de operação do sistema no àquela medida antes da ligação dos
qual o capacitor deve ser instalado, levando- capacitores;
se em conta a influência do próprio capacitor.
De fato, conforme apresenta a expressão b) A tensão nos terminais do capacitor
(5.37), a potência reativa nominal fornecida pode ser particularmente elevada nos
pelo capacitor é igual à potência efetiva do períodos de baixa carga. Portanto,
capacitor (considerada a tolerância de nesta situação, uma parte ou a
fabricação conforme NBR 5282) vezes o totalidade dos capacitores deverá ser
quadrado da relação entre a tensão efetiva colocada fora de funcionamento, de
de operação e a tensão nominal do modo a evitar que os capacitores
capacitor. sejam submetidos a esforços
excessivos e o aparecimento de
sobretensões anormais no sistema.
2
⎛ Uo ⎞
Qo = Qc × ⎜ ⎟ (5.37) Os capacitores poderão funcionar à
⎝ UN ⎠ tensão máxima de operação e à temperatura
ambiente máxima, simultaneamente,
onde, somente em casos excepcionais e durante
períodos de curta duração, conforme
QC = potência reativa nominal do capacitor, estabelece a NBR 5060.
em kilovolt.ampère.reativo [kVAr];
Qo = potência reativa real fornecida pelo
EXEMPLO 5.10 Calcular a perda de potência de um
capacitor, em kilovolt.ampère.reativo [kVAr];
capacitor de capacitância nominal 3,456 μF, tensão
U0 = tensão efetiva de operação do nominal 8,764 kV, 60 Hz, quando instalado em um
capacitor, em kilovolt [kV]; sistema cuja tensão efetiva de operação seja 7,967 kV
( 13,8 / 3 kV).
UN = tensão nominal do capacitor, em kilovolt
[kV];
Solução:

A expressão (5.37) mostra que deve-se


Temos que:
evitar, na escolha da tensão nominal UN, uma
U0 = 7,967 kV

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 123


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UN = 8,764 kV A NBR 5060 prescreve alguns


C = 3,456 μF requisitos a serem observados referentes à
condição de sobretensão durante a operação
f = 60 Hz
de capacitores de potência:
De (5.36):
a) Quando os capacitores são
2 × π × f × C × UN 2 colocados fora de funcionamento
Qc = por dispositivos de manobra que
1000
permitem religação, podem ser
2 × π × 60 × 3,456 × 8,764 2 reproduzidas sobretensões
Qc = = 100kVAr
1000 transitórias elevadas. Recomenda-
se, nestes casos, a escolha de
dispositivos de manobra que
De (5.37): operem sem causar excessiva
2 2
sobretensão devida às religações.
⎛ Uo ⎞ ⎛ 7,967 ⎞
Qo = Qc × ⎜ ⎟ = 100 × ⎜ ⎟ = 82,6kVAr b) Capacitores que podem ser
⎝ UN ⎠ ⎝ 8,764 ⎠ submetidos à sobretensões
elevadas, devido a descargas
Verifica-se, claramente, uma perda (redução) de atmosféricas, devem ser
potência de 17,4% quando da instalação do capacitor
cuja tensão nominal é superior à tensão efetiva de adequadamente protegidos. No
operação do sistema. caso de serem usados pára-raios,
os mesmos devem ser colocados o
mais próximo possível dos
5.4.1.5 Sobretensões
capacitores. Cuidados especiais
Conforme prescrições da NBR 5282 devem ser tomados, quando se
(Capacitores de Potência – especificação), utilizam pára-raios em grandes
os capacitores devem suportar os seguintes bancos de capacitores. Para
limites de sobretensão: suportar a corrente de descarga,
podem ser necessários pára-raios
a) 110% da tensão nominal em regime especiais.
de operação contínua;
c) Podem aparecer problemas quando
b) Acima de 110% da tensão nominal um capacitor, permanentemente
durante períodos curtos de ligado a um motor, é desligado da
operação não superiores a 200 fonte de alimentação. De fato,
ocorrências ao longo de sua vida quando o motor ainda está girando,
útil (conforme tabela 5.9). o mesmo pode passar a funcionar
como gerador e,
consequentemente, fazer surgir
Tabela 5.9 Limites de sobretensão (NBR 5282). tensões consideravelmente mais
elevadas do que a tensão do
Período de Limite de sobretensão
sistema. Este inconveniente pode
operação (V)
ser evitado assegurando-se que a
Duração de 6 Hz 2,2 x UN
corrente do capacitor seja inferior à
Duração de 15 Hz 2,0 x UN corrente de excitação do motor.
Duração de 1 s 1,75 x UN Sugere-se, neste caso, um valor de
cerca de 90%.
Duração de 15 s 1,4 x UN
d) Até a parada de um motor, as suas
Duração de1 min. 1,3 x UN
partes vivas ao qual o capacitor é
Duração de 5 min. 1,2 x UN permanentemente ligado não
Duração de 30 min. 1,15 x UN

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 124


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devem, por precaução, serem à escolha a esmo das unidades


tocadas. e de acordo com a NBR 5282;
Notas: ƒ Conforme apresentado em
Ressalta a NBR 5060: detalhes na seção 5.3, quando
uma ou mais unidades de um
1. “A possibilidade de que a tensão possa
subsistir após o desligamento da banco são retiradas pelos
máquina é particularmente perigosa no dispositivos de proteção, em
caso de geradores de indução e de conseqüência de faltas,
motores providos de um sistema de algumas das unidades não
frenagem que opera por ocasião de
uma falta de tensão. atingidas podem ficar sujeitas a
tensões mais elevadas.
2. No caso em que o motor parte
imediatamente depois de ter sido
desligado da rede, a corrente do 5.4.1.6 Nível de isolamento
capacitor pode ultrapassar o valor
indicado acima.
O nível de isolamento do banco de
3. Capacitor (ou banco) de potência capacitores, das unidades capacitivas com a
superior à acima indicada deve ser caixa aterrada e das unidades capacitivas
desligado do motor quando este é
desligado da rede. A providência não é com a caixa isolada da terra deve ser
obrigatória no caso da nota 2.” escolhido de acordo com o sistema ao qual o
banco será ligado, conforme estabelece os
e) Quando um capacitor é ligado a um
requisitos específicos da NBR 5282.
motor com partida estrela-triângulo,
durante a partida do mesmo, a A NBR 5060 prescreve a distinção
instalação deve ser feita de modo a entre o nível de isolamento do banco e o das
evitar sobretensões. unidades, considerando-se as seguintes
possibilidades:
f) É importante observar que, na
formação de bancos capacitivos, as a) O nível de isolamento das unidades
unidades devem ser escolhidas é idêntico ao do banco. Este pode
convenientemente, de modo que as ser, por exemplo, o caso de quando
diferenças de capacitância entre as as unidades não são montadas em
unidades não causem sobretensões série. Um isolamento externo
inadmissíveis em algumas suplementar das unidades não é
unidades. necessário;
g) Conforme prescreve a NBR 5282, a b) O nível de isolamento das unidades
diferença de capacitância entre é inferior ao do banco. Este é
duas unidades igualmente geralmente o caso em que as
especificadas pode ser de até 15%. unidades são montadas em série, e
Neste caso, podem ser adotados os é necessário um isolamento externo
seguintes procedimentos: suplementar das unidades. Quando
existirem dúvidas sobre a repartição
ƒ Constituir o banco da maneira
da tensão entre as unidades e o
recomendada pelo fabricante,
isolamento externo, este último
que levou em consideração as
deverá estar de acordo com o nível
diferenças de capacitância,
de isolamento pleno do banco.
evitando as diferenças de
tensão entre as unidades;
5.4.1.7 Temperatura de funcionamento
ƒ Escolher a tensão nominal das
unidades considerando o Uma das características que mais
acréscimo possível conseqüente influenciam na vida útil do capacitor, apesar

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 125


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de não ser uma grandeza elétrica, é a sua a) Proteger os capacitores das


temperatura de funcionamento. A radiações;
temperatura do elemento mais quente é o
b) Escolher um determinado capacitor
fator determinante, porém, na prática, é
para uma temperatura ambiente
praticamente impossível medir esta
mais elevada, por exemplo,
temperatura diretamente.
categoria -10°C a + 45°C, ou que
O valor médio da temperatura do ar de tenha um projeto apropriado;
resfriamento (temperatura do ar medida no
c) Utilizar capacitores com uma tensão
ponto mais quente do banco capacitivo, a
nominal superior àquela no
meia distância entre duas unidades), durante
barramento ao qual será ligado o
1 h, não deve ultrapassar mais do que 5 °C a
capacitor (dever-se-á levar em
temperatura ambiente (temperatura do ar no
conta a diminuição de potência
local da instalação) indicada para a categoria
reativa).
apropriada, conforme apresentado na NBR
5282. Notas:
1- No caso de instalações abrigadas, deve-se
É importante salientar que os
dar atenção especial aos locais em que a
capacitores devem ser dispostos de modo a temperatura do ar de resfriamento pode se
permitir a dissipação do calor produzido tornar excessiva, por falta de ventilação
pelas perdas do mesmo, seja por radiação adequada. Recomenda a NBR 5060, neste
ou convecção. Deve ser levado em caso, a utilização de ventilação forçada, para
evitar o envelhecimento muito rápido do
consideração, conforme prescrições da NBR capacitor.
5060:
2- Condições especiais de funcionamento, além
a) A ventilação no local da instalação e da alta temperatura ambiente, se existir,
a disposição das unidades devem ser levadas em consideração quando
da especificação de capacitores. Entre as
capacitivas devem assegurar uma
condições desfavoráveis mais importantes,
boa circulação de ar em volta de destacam-se: ocorrência freqüente de
cada unidade, sendo esta períodos de alta umidade relativa,
particularidade importante aparecimento rápido de bolor, atmosfera
principalmente para as unidades corrosiva e ação de insetos.
montadas uma sobre as outras;
b) A temperatura dos capacitores 5.4.1.8 Corrente nominal
aumenta consideravelmente
quando submetidos à radiação de A corrente nominal (INC) de um
uma superfície à temperatura capacitor é o valor eficaz da corrente
elevada ou aos raios do sol. alternada que o capacitor pode conduzir por
um tempo indeterminado. Trata-se da
Para evitar um sobreaquecimento corrente para a qual o capacitor foi projetado.
excessivo, os capacitores devem ser Considerando a expressão 1.39 e a
instalados voltando a superfície menor da tabela 1.2, onde, para uma carga capacitiva,
caixa na direção do percurso do sol. temos cosϕ = 0 e senϕ = 1, obtemos a
Dependendo da temperatura do ar de expressão (5.38) para o cálculo da corrente
resfriamento, da intensidade do resfriamento nominal no capacitor:
e da intensidade da duração, será necessário
escolher-se uma das seguintes soluções 1000 × QC 1000 × Qc
INC = = (5.38)
prescritas na NBR 5060 (Guia para t × U × senϕ t ×U
instalação e operação de capacitores de
potência):
onde,

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 126


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INC = corrente nominal no capacitor, em introduzem não-linearidade nas condições do


ampère [A]; circuito), podendo chegar ao limite de
provocar o fenômeno da ressonância entre o
Qc = potência do capacitor, em
capacitor e o transformador. Por isso, é
kilovolt.ampère.reativo [kVAr];
recomendável o desligamento do banco de
U = tensão nominal, em volt [V]; capacitores no período de carga leve da
t = constante igual a 1 (um) para circuitos instalação.
monofásicos e √3 para circuitos trifásicos. Caso a corrente no capacitor ultrapasse
o valor máximo especificado na NBR 5282
EXEMPLO 5.11 Calcular a corrente de linha no módulo (dentro do limite de sobretensão de 10%), o
capacitivo trifásico do exemplo 5.8. harmônico predominante deve ser
determinado de maneira a se encontrar a
Solução: melhor solução. As seguintes soluções
devem ser levadas em consideração:

Qc = 7,5 kVAr; C = 411 μF; U = 220 V


a) Deslocar uma parte ou a totalidade
dos capacitores para outro ponto do
De (5.38), sistema;
b) Ligar uma reatância em série com o
1000 × 7,5
INC = = 19,7 A capacitor, a fim de baixar a
3 × 220
freqüência de ressonância do
circuito até um valor inferior àquele
5.4.1.9 Sobrecorrentes do harmônico perturbador;
c) Aumentar o valor da capacitância
Os capacitores podem suportar uma
quando o capacitor está instalado
sobrecarga admissível de até 135% da sua
próximo de cargas não-lineares
potência nominal, com tensão não superior a
(geradoras de harmônicos).
110% da sua tensão nominal, excluído os
transitórios e acrescida das eventuais Sobretudo nas situações da existência
tensões harmônicas a que são submetidas
de cargas não-lineares, a forma de onda da
as células capacitivas, como no caso de tensão e as características do circuito devem
instalação contendo cargas não-lineares ser determinadas antes e depois da
(retificadores, inversores, no-breaks etc). instalação do banco capacitores.
Os valores máximos de corrente estão É importante salientar que, quando os
estabelecidos na NBR 5282. Os capacitores capacitores são colocados em operação,
podem operar continuamente com no
podem ser produzidas sobrecorrentes
máximo 143% da sua corrente nominal, em transitórias de grande amplitude à alta
valor eficaz, com até 110% da sua tensão freqüência. Efeitos transitórios devem ser
nominal, à freqüência nominal, considerando esperados quando uma seção de banco de
as eventuais correntes harmônicas. As capacitores é colocada em paralelo com
correntes de sobrecarga podem ser
outras seções já energizadas. Pode ser
produzidas por uma tensão excessiva na necessário reduzir-se estas sobrecorrentes
freqüência nominal, ou por harmônicos ou transitórias a valores aceitáveis para os
por ambos. capacitores e equipamentos, colocando-se
Se a elevação de tensão no sistema em funcionamento os capacitores por meio
(principalmente nos períodos de baixa carga) de uma resistência (comutação por
é mantida com a operação dos capacitores, resistência) ou introduzirem-se reatâncias no
pode ocorrer uma saturação no núcleo do circuito de alimentação de cada seção do
transformador, resultando na formação de banco, conforme sugere a NBR 5060.
harmônicas (cargas magnéticas saturadas

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 127


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5.4.1.10 Perdas dielétricas 5.5 Manobra e proteção de


capacitores
Em virtude da corrente que flui no meio
dielétrico (isolante) do capacitor, existe a
ocorrência de perdas Joule, conforme Na maioria das situações, os
apresentado na tabela 5.10. capacitores ligados às redes elétricas de
baixa tensão são manobrados juntamente
com a carga na qual se corrige o fator de
potência (seção 4.2.1).
Por outro lado, a manobra também
Tabela 5.10 Perdas dielétricas (NBR 5282).
pode ser feita por estágios de grupos
Perdas Dielétricas capacitivos que compõem o banco, ligados
Dielétrico
(W/kVAr) de acordo com o comportamento da carga da
Papel Kraft 2,2 instalação, conforme os sistemas semi-
Papel Kraft e filme 1
automáticos e automáticos apresentados na
seção 4.2.2.
Filme 0,6
A interrupção da corrente em
capacitores de baixa tensão é segura e
A relação entre as perdas do capacitor simples. Por outro lado, a ligação de
e a sua potência reativa é conhecida por capacitores merece maior atenção por parte
tangente do ângulo de perdas (tg δ), do projetista.
conforme expressão 5.39 e apresentado na
De fato, o comportamento dos
figura 5.17.
capacitores é o contrário do comportamento
de cargas indutivas. No instante da ligação, o
Pr
Tgδ = (5.39) capacitor se apresenta como um curto-
QC circuito para a rede, exigindo desta forma
uma corrente elevada que é limitada apenas
pela impedância da própria rede.
onde,
Por outro lado, desligar-se um capacitor
Pr = Perdas Joule, em watt [W]; é nitidamente menos severo e mais fácil do
que desligar-se um motor de mesma
Qc = potência do capacitor, em
potência, uma vez que o capacitor (ao
kilovolt.ampère.reativo [kVAr].
contrário do motor – carga indutiva) não
procura manter a corrente que absorve.
Assim sendo, o desligamento de um
capacitor não apresenta normalmente a
formação de arco elétrico.
Perdas Joule ( W )

Nota-se, portanto, que os contatos das


chaves de manobra, ao ligar um capacitor ou
banco, são demasiadamente solicitados pela
ϕ corrente inicial, acarretando, como
conseqüência, a necessidade de
kVAr dimensionamento destas chaves para
correntes bem superiores à sua capacidade
nominal.
Figura 5.17 Diagrama vetorial de perdas no dielétrico.
A NBR 5060 prescreve que os
equipamentos de manobra, controle e
proteção (bem como as suas ligações)
devem ser projetados para suportar

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 128


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permanentemente uma corrente igual a 1,3 Qc = potência máxima trifásica do capacitor,


vezes a corrente dada para uma tensão em kilovolt.ampère.reativo [kVAr].
senoidal de valor eficaz igual à tensão
Un = Tensão nominal entre fases do motor,
nominal, na freqüência nominal.
em kV;
As tabelas 5.11 e 5.12 foram
In = corrente nominal do motor, em A;
desenvolvidas baseadas nos critérios de
dimensionamento descritos nas seções 5.5.1 A tabela 4.1 fornece especificamente a
e 5.5.2. potência máxima dos capacitores que devem
ser ligados aos motores de acordo com as
Uma situação bastante interessante é
respectivas potências nominais.
aquela referente à manobra de bancos
capacitores para compensar individualmente
motores de indução trifásicos, conforme EXEMPLO 5.12 Calcular, para um motor de 150 cv, IV
esquemas de ligação apresentados na seção pólos, 380 V/60 Hz, corrente nominal igual a 194,2 A, a
4.4. máxima potência que deve ter um banco de
capacitores monofásicos para correção do fator de
É economicamente importante potência. Considerar o esquema de ligação da fig.
seccionar simultaneamente o motor e o 4.10.
capacitor ou banco. Neste caso, a potência Solução:
do banco de capacitores deve ficar limitada a
Da expressão (5.40), temos:
90% da potência do motor em operação em
vazio. Em média, os motores trifásicos com QC ≤ 0,42 × Un × In
velocidade síncrona de 1.800 rpm
QC ≤ 0,42 × 0,38 × 194,2
apresentam uma corrente de cerca de 27%
da corrente nominal quando funcionam em QC ≤ 30,9kVAr
vazio. Desta forma, a potência máxima do
Observe que, ao aplicar-se a expressão (5.40),
banco de capacitores trifásicos pode ser considera-se o banco de capacitores como uma célula
dada aproximadamente pela expressão capacitiva trifásica. Para o cálculo da potência reativa
(5.40): das células capacitivas monofásicas, temos que:
30,9
QC = = 10,3kVAr
3
QC ≤ 0,42 × Un × In (5.40)

onde,

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 129


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Tabela 5.11 Características elétricas básicas em bancos trifásicos em baixa tensão (Divulgação: Induscon).
Tensão Potência reativa [kVAr] Corrente nominal [A]
Capacitância Fusível Disjuntor Cabo de
de linha 2
50Hz 60Hz [μF] 50Hz 60Hz [A] [A] ligação [mm ]
[V]
2,1 2,5 137,01 5,5 6,6 10 10 2,5
4,2 5,0 274,03 10,9 13,1 25 20 4
6,3 7,5 411,04 16,4 19,7 36 30 6
8,3 10,0 548,05 21,8 26,2 50 50 6
10,4 12,5 685,07 27,3 32,8 50 50 10
220
12,5 15,0 822,08 32,8 39,4 63 70 16
14,6 17,5 959,09 38,2 45,9 80 90 16
16,6 20,0 1096,12 43,7 52,5 100 100 25
18,7 22,5 1233,12 49,1 59,0 100 100 25
20,8 25,0 1370,14 54,6 65,6 125 125 35
2,1 2,5 45,92 3,2 3,8 10 10 1,5
4,2 5,0 91,85 6,3 7,6 16 15 2,5
6,3 7,5 137,77 9,5 11,4 25 20 2,5
8,3 10,0 183,70 12,7 15,2 25 30 4
10,4 12,5 229,62 15,8 19,0 36 30 4
12,5 15,0 275,55 19,6 22,8 36 40 6
14,6 17,5 321,47 22,2 26,6 50 50 6
380 16,6 20,0 367,39 25,3 30,4 50 50 10
18,7 22,5 413,32 28,5 34,2 50 60 10
20,8 25,0 459,24 31,7 38,0 63 70 16
25,0 30,0 551,09 38,0 45,6 80 90 16
29,2 35,0 642,94 44,3 53,2 100 100 25
33,3 40,0 734,79 50,6 60,8 100 100 25
37,7 45,0 826,64 57,0 68,4 125 125 35
41,6 50,0 918,48 63,3 76,0 125 125 35
2,1 2,5 34,25 2,7 3,3 10 10 1,5
4,2 5,0 68,51 5,5 6,6 10 10 2,5
6,3 7,5 102,76 8,2 9,8 16 20 2,5
8,3 10,0 137,01 10,9 13,1 25 30 4
10,4 12,5 171,26 13,7 16,4 25 30 4
12,5 15,0 205,52 16,4 19,7 36 30 4
14,6 17,5 239,77 19,2 23,0 36 40 6
440 16,6 20,0 274,03 21,8 26,2 50 50 6
18,7 22,5 308,28 24,6 29,5 50 50 10
20,8 25,0 342,53 27,3 32,8 50 50 10
25,0 30,0 411,04 32,8 39,4 63 70 16
29,2 35,0 479,54 38,2 45,9 80 90 25
33,3 40,0 548,05 43,7 52,5 125 100 25
37,7 45,0 616,56 49,1 59,0 100 100 35
41,6 50,0 685,07 54,6 65,6 125 125 35
2,1 2,5 28,78 2,5 3,0 10 10 2,5
4,2 5,0 57,56 5,0 6,0 10 10 4
6,3 7,5 86,34 7,5 9,0 16 20 2,5
8,3 10,0 115,13 10,0 12,0 25 20 4
10,4 12,5 143,91 12,5 15,0 36 30 4
12,5 15,0 172,69 15,0 18,0 36 30 4
14,6 17,5 201,47 17,5 21,0 36 40 6
480 16,6 20,0 230,26 20,1 24,1 50 50 6
18,7 22,5 259,04 22,6 27,1 50 50 6
20,8 25,0 287,82 25,1 30,1 50 50 10
25,0 30,0 345,39 30,1 36,1 63 70 10
29,2 35,0 402,95 35,1 42,1 80 70 16
33,3 40,0 460,52 40,1 48,1 80 90 16
37,7 45,0 518,08 45,1 54,1 100 100 25
41,6 50,0 575,65 50,1 60,1 100 100 25
Notas:
1. Fusíveis fornecidos no interior dos capacitores podem ter capacidade maior que as mostradas nesta tabela;
2. Esta tabela é correta para instalações em campo e reflete as recomendações dos fabricantes para proteção contra sobrecorrente
de acordo com padrões internacionais. Condições específicas de instalação, proceder conforme NBR 5410 e NBR 14039;
3. Pequenas variações podem ser encontradas na composição desta tabela entre os vários fabricantes.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 130


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Tabela 5.12 Características elétricas básicas em bancos de capacitores monofásicos em baixa tensão (Divulgação:
Induscon).
Tensão Potência reativa [kVAr] Corrente nominal [A] Cabo de
Capacitância Fusível Disjuntor
de linha ligação
50 Hz 60 Hz [μF] 50 Hz 60 Hz [A] [A]
[V] [mm2]
2,1 2,5 137 9,5 11,4 20 20 1,5
2,5 3,0 165 11,4 13,6 25 25 1,5
4,2 5,0 274 19,1 22,7 36 40 6
5,0 6,0 329 22,7 27,3 50 50 10
220 6,3 7,5 411 28,6 34,1 63 60 16
8,3 10,0 548 37,7 45,5 80 70 25
10,0 12,0 657 45,5 54,5 100 90 35
12,5 15,0 822 56,8 68,2 125 125 35
16,6 20,0 1096 75,5 90,1 160 150 50
2,1 2,5 46 5,5 6,6 10 10 1,5
2,5 3,0 55 6,6 7,9 16 15 1,5
4,2 5,0 92 11,1 13,2 25 25 1,5
5,0 6,0 110 13,2 15,8 30 25 4
8,3 10,0 184 21,8 26,3 50 40 10
10,0 12,0 220 26,3 31,6 50 50 16
380
12,5 15,0 276 32,9 39,5 63 70 16
15,0 18,0 330 39,5 47,4 80 90 25
16,6 20,0 367 43,7 52,6 100 90 35
20,0 24,0 440 52,6 63,2 100 100 35
20,8 25,0 460 54,7 65,8 125 125 35
25,0 30,0 551 65,8 78,9 160 150 50
4,2 5,0 68 9,5 11,4 20 20 1,5
5,0 6,0 82 11,4 13,6 25 25 1,5
8,3 10,0 137 18,9 22,7 36 40 6
10,0 12,0 164 22,7 27,3 50 50 10
440
12,5 15,0 206 28,4 34,1 63 60 16
16,6 20,0 274 37,7 45,5 80 70 25
20,8 25,0 343 47,3 56,8 100 90 35
25,0 30,0 411 56,8 68,2 125 125 35
4,2 5,0 58 8,7 10,4 20 20 1,5
5,0 6,0 69 10,4 12,5 20 25 1,5
8,3 10,0 115 17,3 20,8 36 35 6
10,0 12,0 138 20,8 25,0 50 40 10
480
12,5 15,0 173 26,0 31,3 50 50 16
16,6 20,0 230 34,6 41,7 80 70 16
20,8 25,0 288 43,3 52,1 100 90 25
25,0 30,0 345 52,1 62,5 100 100 35
Notas:
1. Fusíveis fornecidos no interior dos capacitores podem ter capacidade maior que as mostradas nesta tabela;
2. Esta tabela é correta para instalações em campo e reflete as recomendações do fabricante para proteção contra sobrecorrente
de acordo com padrões internacionais. Condições específicas de instalação, proceder conforme NBR 5410 e NBR 14039;
3. Pequenas variações podem ser encontradas na composição desta tabela entre os vários fabricantes.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 131


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INC = corrente nominal do capacitor, em


5.5.1 Dimensionamento de equipamentos ampère [A].
de manobra para bancos de
capacitores em baixa tensão
É importante observar que a corrente
O dimensionamento de equipamentos calculada através da expressão (5.41)
de manobra, tais como um contator representa um valor mínimo.
magnético ou uma chave seccionadora Apenas como referência, a norma
tripolar, segue as recomendações da norma americana NEC prescreve em 1,35 o fator
IEC 60831-1, aplicável a capacitores de multiplicador para cálculo da corrente de
baixa tensão (≤ 660 V). Ela estabelece que: projeto, contrapondo-se ao fator de 1,43
a) Os capacitores poderão suportar prescrito pela IEC, norma na qual se apóiam
uma sobrecarga de até 30%, isto é, que a as prescrições nacionais que tratam do tema,
corrente máxima do capacitor pode chegar a como a NBR 5060.
1,3 vezes a corrente nominal (sob tensão e O fator de sobrecorrente leva em conta
freqüências nominais); um limiar de 10% da tensão nominal. Outro
b) A tolerância quanto à capacitância ponto que deve ser levado em consideração
do capacitor é de -5 a +15% para unidades pelos projetistas no cálculo da corrente de
capacitivas e bancos até 100 kVAr, e de 0 a projeto para equipamentos de manobra é o
+10% para bancos superiores a 100 kVAr. efeito das harmônicas na instalação elétrica
(este “fenômeno” será tratado em detalhes
Nota: A NBR 5282, aplicada à capacitores no próximo capítulo, e está intimamente
instalados em sistema de tensão nominal acima de
1000 V, prescreve que a capacitância calculada do
relacionado a presença de componentes
banco de capacitores, obtida através das capacitâncias harmônicas nos sinais de tensão e corrente,
medidas das unidades capacitivas, deve estar entre os ou seja, outras freqüências diferentes da
seguires limites: -5% a +10% (para bancos de até 3 chamada “fundamental” – 60 Hz). De fato,
MVAr de potência nominal); 0% a +10% (para bancos observando a expressão (1.13), nota-se que
de enrte 3 MVAr e 30 MVAr de potência nominal); 0% a
+5% (para bancos acima de 30 MVAr de potência a reatância capacitiva é inversamente
nominal). proporcional à variação da freqüência
(quando “f” aumenta, “XC” diminui).
Face às considerações acima, a
A suportabilidade de sobrecarga do
corrente de projeto IP que constitui o ponto
capacitor em 30% na IEC 60831-1 leva em
de partida para o dimensionamento dos
conta as harmônicas que possam por
equipamentos de manobra, será calculada
ventura circular no capacitor. Entretanto, até
considerando a sobrecarga admissível de
o limite de 30%. Obviamente, se o nível de
30% e que a tolerância máxima praticada
distorção harmônica na instalação for
pelos fabricantes no Brasil, em qualquer caso
elevado, o projetista deve atentar-se para
(baixa e alta tensão), é de + 10% (apesar da
que a corrente que circula nos capacitores
IEC 60831-1 admitir até + 15%), conforme
não ultrapasse os 1,3 x INC admissíveis. Caso
apresentado na expressão (5.41):
contrário, deverão ser adotadas soluções
como sobredimensionamento dos
IPman ≥ 1,3 × 1,1 × INC ≥ 1,43 × INC (5.41) capacitores ou filtros de absorção
sintonizados nos harmônicos principais
Onde, presentes na instalação.
IPman = corrente de projeto para A tabela 5.13 apresenta um exemplo de
equipamentos de manobra, em ampère [A]; contatores a serem utilizados com
capacitores de baixa tensão. É importante
salientar que, quando consultar os catálogos

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 132


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dos fabricantes para seleção do contator, 5.5.2 Dimensionamento de dispositivos


observar o tipo de contator adequado para a de proteção para banco de
manobra de carga capacitiva (existem capacitores em baixa tensão
contatores específicos para cargas
predominantemente resistivas, indutivas e As perturbações mais comuns a que os
capacitivas). capacitores podem ser submetidos são
basicamente de dois tipos: sobretensões e
curtos-circuitos. Estas perturbações podem
Tabela 5.13 Contatores para capacitores (Divulgação: ser de origem externa ou provocadas pelo
Siemens). próprio equipamento, necessitando, desta
forma, que sejam instalados elementos de
Contator corrente Potência do capacitor (kVAr)
proteção para evitar ou limitar danos às
Tipo (A) 220 V 380 V 440 V células capacitivas.
3TF43 22 3 5 5
3TF44 35 5 10 10 5.5.2.1 Proteção contra sobretensão
3TF45 45 12,5 20 25
3TF49 85 20 30 40
Os surtos de tensão ou sobretensões
transitórias a que estão frequentemente
3TF50 110 25 40 50
submetidos os capacitores devem ser
3TF52 170 40 60 80 protegidos, usualmente, através de pára-
3TF54 250 60 100 120 raios a resistor não linear. A proteção dos
3TF56 400 90 160 180 capacitores contra estes surtos é
3TF57 475 130 240 260 normalmente prevista em função das
3TF69 700 200 340 400
descargas atmosféricas, que geram ondas
eletromagnéticas de impulso ao longo das
linhas aéreas (transmissão e distribuição) até
EXEMPLO 5.13 Dimensionar o dispositivo de manobra atingir as subestações consumidoras.
(contator) para uma célula capacitiva trifásica, ligada a
um ramal de um motor de 50 cv, 380 V, 60 Hz, 1200 Deve ser observado o nível de
rpm. sobretensão que pode aparecer entre as
fases não afetadas durante um defeito fase à
terra, a fim de se proceder corretamente ao
Solução:
dimensionamento dos pára-raios contra
surtos de tensão, seja qual for a configuração
A tabela 4.1 fornece-nos, para 50 HP (1 HP = do banco de capacitores.
1,013 cv) e 1200 rpm, uma potência reativa do
capacitor igual a 20 kVAr. A fim de se evitar que a energia
armazenada nos capacitores danifique os
A corrente será dada pela expressão (5.38):
pára-raios durante as manobras do disjuntor,
1000 × QC 20.000VAr
principalmente em capacitores de potência
INC = = = 30,4 A elevada, deve-se localizar os pára-raios no
3 × UN 3 × 380V
lado dos terminais de alimentação do
De (5.41), temos:
disjuntor.
É importante observar que, se o banco
IPman ≥ 1,43 × INC de capacitores está ligado na configuração
IPman ≥ 1,43 × 30,4 ≥ 43,5 A
estrela aterrada, fica praticamente
assegurada sua autoproteção contra surtos
Pela tabela 5.13, obtemos o contator de corrente de tensão decorrentes da redução da frente
nominal igual a 45 A (3TF45), cuja capacidade de de onda. Para a configuração de banco
condução de corrente é superior a corrente mínima
calculada (43,5 A).
isolado da terra, é compulsória a instalação
de pára-raios. De qualquer forma, a boa

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 133


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prática da engenharia aliada a motivos de Para unidades em alta tensão, devem-


segurança, orienta, em ambos os casos, a se utilizar elos fusíveis ou fusíveis de alta
utilização de pára-raios. capacidade de ruptura.
É importante salientar que o fusível
5.5.2.2 Proteção contra sobrecorrentes deve atuar no tempo inferior ao valor máximo
admitido para a caixa metálica do capacitor
(limite de coordenação), seja para a
a) Fusíveis aplicação individual ou em grupo. Quando o
fusível não interrompe a corrente de curto
A proteção de capacitores de baixa dentro deste limite de tempo, a ruptura da
tensão basicamente é feita por fusíveis do caixa pode resultar em vazamento do líquido
tipo NH (ou diazed), de característica isolante ou, em casos mais graves, na
retardada. Preferencialmente, as células explosão da célula capacitiva, ocasionando
capacitivas devem ser protegidas graves riscos a vida e danos ao patrimônio.
individualmente. Porém, no caso de querer Como já apresentado, ocorre uma
aplicar fusíveis para proteção em grupo, não sobretensão nas células remanescentes de
devem ser utilizadas mais do que três um grupo quando um ou mais capacitores
capacitores em paralelo, protegidos pelo ligados em paralelo, componentes deste
mesmo fusível. grupo, são eliminados pela atuação de seus
A expressão (5.42) permite obter a respectivos fusíveis de proteção.
corrente de projeto para dimensionamento do A proteção deve permitir que o banco
fusível, a fim de permitir a passagem em continue em operação desde que esta
regime contínuo de até 165% da corrente sobretensão não ultrapasse 10% da tensão
nominal do capacitor. nominal e a corrente circulante também não
ultrapasse os mesmos 10% em relação à
I Pf ≥ 1,65 × INC (5.42) corrente nominal do capacitor. Este
desequilíbrio do banco proporciona a
circulação de corrente de neutro quando o
Onde, arranjo é em estrela aterrada.
IPf = corrente de projeto do fusível, em
ampère [A]; b) Disjuntores
INC = corrente nominal do capacitor, em
ampère [A]. Os disjuntores para proteção e
manobra dos capacitores deverão ser
trifásicos e possuir capacidade de
A fim de evitar a ruptura da caixa interrupção adequada, devendo ser
metálica da unidade capacitiva (o que dimensionados para permitir, em regime
ocasiona a formação de gases, devido a sua contínuo, a passagem de até 165% da
queima), a boa técnica recomenda que cada corrente nominal do capacitor, conforme
capacitor de um banco seja protegido expressão (5.43).
individualmente contra correntes de curto-
circuito interno. O valor desta corrente é
função do tipo de configuração do banco. As I Pd ≥ 1,65 × INC (5.43)
tabelas 5.11 e 5.12 fornecem o valor do
fusível de proteção para unidades Onde,
capacitivas de baixa tensão, bem como o
IPd = corrente de projeto do disjuntor, em
condutor necessário para ligar o capacitor ao
ampère [A];
sistema.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 134


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INC = corrente nominal do capacitor, em 5.14 apresenta os valores para os resistores


ampère [A]. usualmente recomendados pelos fabricantes.

R S T

Os valores de corrente nominal dos


disjuntores apresentados nas tabelas 5.11 e
5.12 apresentam proteção para os
condutores indicados nas mesmas tabelas.
Caso o projetista utilize valores de seção C2 C1
nominal diferente dos indicados, deve-se
efetuar o dimensionamento dos disjuntores
conforme estabelece a NBR-5410, no caso resistores

da instalação dos capacitores em sistemas


de baixa tensão (até 1 kV) e NBR 14039 em
sistemas de alta tensão (até 36,2 kV).
b
A regra geral de proteção contra C2

sobrecargas para o dimensionamento de C2 C1

disjuntores estabelece que a corrente C1 = contator principal para manutenção do


nominal IN do disjuntor (ou corrente de ajuste, capacitor ligado e desligamento do capacitor
C2 = contator para ligamento do capacitor
para disjuntores com disparador de
sobrecarga ajustável) deve ser maior ou igual
a corrente de projeto do circuito (neste caso, Figura 5.18 Esquema de ligação de contatores para
manobra de capacitores com potências superiores a 15
IPd) e menor ou igual a capacidade de kVAr em 220 V e 25 kVAr em 380/440 V.
condução de corrente dos condutores, nas
condições previstas para sua instalação.
Para a proteção contra curto-circuito, a
capacidade de interrupção do disjuntor deve
ser maior ou igual à corrente de curto-circuito Tabela 5.14 Dimensionamento de contatores para
presumida Ik no ponto de instalação. Além manobra de capacitores com potências superiores a 15
disso, devem atuar em um tempo kVAr em 220 V e 25 kVAr em 380/440 V (divulgação
WEG).
suficientemente rápido para que os
componentes do circuito não sejam Tensão kVAr Contator AC-6B
(V) máx. C1 C2 Resistor
danificados por superaquecimento.
17,5 CWM50 CWM9
3x1Ω/25W
25 CWM65 CWM12
c) Proteção contra correntes de surto 30 CWM80 CWM18
3x1Ω/60W
220 35 CWM105 CWM18
60 CW177 CWM32 3x0,56Ω/160W
Em bancos automáticos com estágios 85 CW247 CWM32 3x0,33Ω/160W
de potência superior a 15 kVAr em 220 V e 115 CW330 CWM32 3x0,33Ω/200W
25 kVAr em 380/440 V, deve ser utilizado 30 CWM50 CWM9 3x1,8Ω/20W
40 CWM80 CWM18 3x1,5Ω/30W
sempre em série com os capacitores, um 380 50 CWM95 CWM25
dispositivo de proteção contra o surto de 60 CWM105 CWM25
3x1Ω/75W
corrente que surge no momento em que se 100 CW177 CWM32 3x0,56Ω/100W
energiza capacitores. 35 CWM50 CWM18 3x1,5Ω/30W
45 CWM65 CWM25
A proteção contra surto pode ser feita 3x1Ω/75W
440 50 CWM80 CWM25
através da associação de contatores 75 CWM105 CWM32
3x0,56Ω/100W
convencionais mais os resistores de pré- 100 CW177 CWM32
carga (normalmente não fornecidos com os
contatores), conforme figura 5.18. A tabela

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 135


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A proteção contra surto pode também XL = reatância indutiva (com indutância Lc),
ser feita através de contator convencional em em ohm [Ω];
série com indutores de pré-carga (anti-surto)
feitos com os próprios cabos de força que XC = reatância capacitiva, em ohm [Ω].
alimentam os capacitores. No caso de se
optar pelo uso de indutores, o contator
Se Is1 ≥ Is2, o capacitor estará
convencional deve ser especificado para
devidamente protegido. Caso contrário, deve
regime de operação AC-6b, desenvolvido
ser calculada a indutância necessária para
especialmente para a manobra de
Is1, conforme expressão (5.47):
capacitores (especificação técnica conforme
IEC 60947-4 e VDE 0660).
2
O cálculo da indutância anti-surto pode ⎡ 2 ×U ⎤
ser feito através da expressão (5.44): L =C×⎢ ⎥ (5.47)
⎣ 3 × IS1 ⎦

⎡⎛
LC = 0,2 × l × ⎢⎜ 2,303× log
(4 × l ) ⎞ − 0,75⎤ Onde,
⎟ ⎥ (5.44)
⎣⎝ d ⎠ ⎦
L = indutância, em microhenry [μH];
Onde,
Para confecção do indutor L de N
LC = indutância do cabo, em microhenry [μH];
espiras, utiliza-se a expressão (5.48):
l = comprimento do condutor, em metros
[m]; Li × d
N= (5.48)
d = diâmetro do condutor, em metros [m]. 2
⎛ S ⎞
3,142 ×10−7 × ⎜⎜ D − d − 2 × ⎟
As correntes de surto nominal (Is1) e ⎝ 3,14 ⎟⎠
real (Is2) são calculadas através das
expressões (5.45) e (5.46): Onde,

IS1 = 100 × IN (5.45) Li = indutância do indutor, em microhenry


[μH];
Onde, d = diâmetro externo do condutor, em metros
[m];
Is1 = corrente de surto nominal, em ampère
[A]; S = seção externa do condutor, em metros
quadrados [m2];
IN = corrente nominal, em ampère [A].
D = diâmetro interno do indutor (desejável no
mínimo 0,075m ou 75 mm), em metros [m].

U× 2
IS 2 = (5.46) Em função do descarregamento de
3 × XL × XC toda a energia armazenada em cada célula
capacitiva no ponto em curto-circuito, quando
ocorre um defeito no sistema ao qual está
ligado um banco de capacitores, a corrente
Onde, resultante (contribuição dos capacitores mais
a do sistema) percorre toda a rede desde o
Is2 = corrente de surto real, em ampère [A]; ponto de instalação do referido banco até o
U = tensão, em volt [V]; ponto onde se localiza a falta. A corrente de

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 136


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contribuição dos capacitores é dada pela (Xp – também chamada de “reatância própria”) e
2
expressão (5.49), que é uma outra maneira capacitiva (Xc) para o cabo de 95 mm , para
condutores de cobre com isolação em PVC e
de apresentar a expressão (5.46): isolamento para 8,7/15 kV):
Xp = 0,1599 mΩ/m = 0,1599 Ω/mm
I c = 0,816 × Uf × C / L (5.49) Xp = 11.167 mΩ.m =11.167 mΩ.m

Onde,
De (1.10), considerando-se um comprimento “D”
Ic = corrente de contribuição, valor de crista para o cabo igual a 130 m:
[kA]; Xp × D 0,1599 × (130 1000 )
L= = = 5,51 × 10 −5 H
Uf = tensão entre fases do sistema, em 2πf 2π × 60
kilovolt [kV]; De (1.13), considerando-se um comprimento “D”
para o cabo igual a 130 m, calcula-se a capacitância do
C = capacitância do banco acrescida a do cabo:
sistema, em farad [F];
1× D 1 × (130 1000 )
C= = = 3,01 × 10 −8 F
L – indutância entre o ponto de instalação 2πf × Xc 2π × 60 × 11.167
dos capacitores e o ponto de defeito, em
De (5.36), calcula-se a capacitância do capacitor
henry [H]. de correção do FP:
1000 × QC 1000 × 1.500
C= = = 22,84μF
EXEMPLO 5.14 Para a indústria apresentada na figura 2 × π × f × UN 2 2 × π × 60 × 13,2 2
19, calcular a corrente de contribuição de um banco C = 22,84 × 10 −6 F
capacitivo de 1.500 kVAr, em um sistema de 13,2 kV,
durante um defeito identificado no ponto de falta. De (5.9), a capacitância paralela vale
(capacitância do condutor e capacitância do capacitor
de correção do FP):

Rede aérea
( ) (
C p = C s + C c = 3,01 × 10 −8 + 22,84 × 10 −6 )
(
C p = 3,01 × 10 −8
) + (2.284 × 10 ) = 2.287 × 10
−8 −8

Medição
Observe que, na prática, pode até ser
Distribuição desprezada a capacitância do cabo (ela é mais de 700
vezes menor que a capacitância do capacitor de
13,2 kV
correção!).

Falta
Finalmente, de (5.49), tem-se:
1.500 kVAr 130 m – 95 mm
2
a I c = 0,816 × Uf × C / L

I c = 0,816 × 13,2 × 2.287 × 10 −8 / 5,51 × 10 −5


Setor A Setor B
I c = 6,9kA

Figura 5.19 Representação da instalação industrial. Nota: o valor da capacitância do cabo pode ser
calculada pela expressão (5.50), através da qual se
calcula a reatância capacitiva do condutor:
Solução:

Pela figura 5.19, o ponto de falta no cabo de 95 0,0566 × ε (5.50)


mm2 (alimentador do setor B – cabos unipolares) está a C=
130 m do ponto de instalação do banco de capacitores. ⎛ Dsi ⎞
ln ⎜⎜ ⎟⎟
Através do catálogo de fabricantes de ⎝ c 2 × Ebi
D + ⎠
condutores (tabela de parâmetros elétricos dos cabos
de energia isolados), obtêm-se as reatâncias indutiva Onde,

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 137


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C = capacitância do cabo, em μF/km; possam atender às particularidades de


ε = constante dielétrica da isolação (PVC = 5; XLPE = abertura de correntes capacitivas com
2,3; EPR = 2,6); bom desempenho.
Dsi = diâmetro sobre a isolação (= Dc + 2 x Ei + 2 x Ebi),
em milímetros [mm]; 5.5.3.1 Elementos fusíveis
Ei = expessura da isolação, em milímetros [mm];
Dc = diâmetro do condutor, em milímetros [mm]; Quando o nível da corrente de curto-
circuito for compatível com a capacidade de
Ebi = expessura da blindagem interna das fitas
ruptura do dispositivo, podem ser utilizados
semicondutoras (valor, em geral, encontrado na
prática, igual a 0,80 mm), em milímetros [mm]; elos fusíveis.

Tabela 5.15 Fusíveis para ligação individual em


capacitores de alta tensão (Divulgação: Induscon).
5.5.3 Dimensionamento de dispositivos
de manobra e proteção para banco Tensão
kVAr
Tipo de ligação
de capacitores em alta tensão (V) Y Δ ou Y Y aterrado
25 10K 12K 12K
50 20K 20K 25K
Na maior parte das situações, a 2.200
100 40K 40K 50K
proteção de um banco de capacitores é feita 200 80K 80K 100K
por elementos fusíveis ou relés de 25 10K 10K 12K
sobrecorrente (ligados a transformadores de 2.400
50 20K 20K 25K
corrente que atuam sobre disjuntores). 100 40K 40K 50K
200 80K 80K 100K
Dentre os equipamentos de manobra, 25 6K 6K 8K
os mais indicados para operação de 3.800
50 12K 12K 15K
capacitores são: 100 25K 25K 30K
200 50K 50K 65K
25 5K 5K 6K
a) Disjuntores a SF6 6.640
50 8K 8K 8K
100 15K 15K 15K
Este tipo de disjuntor praticamente não 200 30K 30K 30K
25 5H 5H 5H
permite a reignição do arco no seu 50 6K 6K 8K
interior, devido a utilização de uma 7.620
100 12K 12K 15K
câmara de interrupção a gás 200 25K 25K 30K
hexafluoreto de enxofre (SF6). Mesmo 25 5H 5H 5H
na pouco provável situação de ocorrer 50 6K 6K 8K
7.960
a reignição do arco, o gás tem a 100 12K 12K 15K
200 25K 25K 30K
capacidade de absorver a energia 25 3H 3H 3H
gerada pelo mesmo, evitando que o 50 5H 5H 5H
disjuntor seja danificado. 12.700
100 8K 8K 8K
200 15K 15K 15K
25 3H 3H 3H
b) Disjuntores a vácuo 50 5H 5H 6K
13.200
100 8K 8K 8K
São dispositivos também muito eficazes 200 15K 15K 15K
na operação de capacitores, com 25 3H 3H 3H
grande capacidade de interrupção de 50 5H 5H 5H
13.800
100 6K 8K 8K
correntes capacitivas.
200 15K 15K 15K
25 2H 3H 3H
c) Disjuntores a óleo 50 5H 5H 5H
14.400
100 6K 6K 8K
200 12K 15K 15K
Devem ser especificados com
determinadas características que

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 138


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Tabela 5.16 Fusíveis para ligação de bancos de If = corrente mínima do elo fusível, em
capacitores de alta tensão (Divulgação: Induscon). ampère [A];
Tipo de ligação
kVAr
6,6 kV - Δ 11,4 kV – Y 13,2 kV - Y
In = corrente nominal do banco de
150 12K 8K 8K capacitores, em ampère [A].
225 20K 12K 12K
300 25K 15K 15K
5.5.3.2 Proteção por relé de sobrecorrente
450 40K 25K 20K
6001 50K 30K 30K
9001 --- 50K 40K A melhor performance no que diz
1.2002 --- 65K 65K respeito a proteção de banco de capacitores
1.8002 --- --- 80K
3
é encontrada quando da utilização de relés
Notas: de proteção contra sobrecorrentes. Os relés
1- Somente com unidades de 100 kVAr;
de sobrecorrente atuam para correntes de
2- Somente com unidades de 200 kVAr; sobrecarga e curto-circuito, podendo ser
3- Não se recomenda o banco com fusíveis de grupo. instantâneos (função 50 – Tabela ASA) ou
temporizados (função 51 – Tabela ASA).
Devem ser ligados a transformadores de
O dimensionamento do elo fusível de corrente (para reduzir a intensidade do sinal
proteção é função da corrente de fase em de corrente) e interligados para atuar sobre a
serviço contínuo, ressaltando-se que não bobina de disjuntores, os quais atuam sobre
deve atuar durante os transitórios de todo o banco.
descarga ou de energização do banco de Os relés de sobrecorrente devem ser
capacitores. O seguinte critério deve ser ajustados para atuar em 30% da corrente
adotado para o dimensionamento: nominal do capacitor:
a) bancos com neutro aterrado
I a = 1,30 × I n (5.53)

I f = 1,35 × I n (5.51)
Onde,
Onde, Ia = corrente de atuação do relé, em ampère
If = corrente mínima do elo fusível, em [A];
ampère [A]; In = corrente nominal do banco de
In = corrente nominal do banco de capacitores, em ampère [A].
capacitores, em ampère [A].

b) bancos com neutro isolado ou ligados em


triângulo 5.5.4 Dimensionamento de condutores

Nesta situação é importante observar que a Os condutores de ligação do capacitor


corrente do elo fusível da fase sob falta é deverão ter capacidade para, no mínimo,
limitada pela impedância das fases não 143% da corrente nominal do capacitor (NBR
atingidas. 5060), conforme expressão (5.54), além de
levar em conta outros critérios de projeto, tais
como: maneira de instalar, temperatura
I f = 1,25 × I n (5.52) ambiente, agrupamento de circuitos,
distorções harmônicas, etc.

Onde,
IP ≥ 1,43 × INC (5.54)

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 139


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Onde, Pode-se confirmar, pela tabela 5.11 (380V e 20


kVAr), que a corrente é exatamente a calculada (30,4
IP = corrente de projeto, em ampère [A]; A). Devemos utilizar fusível de 50 A e condutor de 10
2
mm .
INC = corrente nominal do capacitor, em
ampère [A]. Obs: assumimos, neste exemplo, que estão presentes
as condições impostas para utilização da referida
tabela.
É importante observar que a seção
nominal indicada nas tabelas 5.11 e 5.12
foram calculas considerando-se fatores de EXEMPLO 5.11 A conta de energia elétrica de uma
correção unitários para a capacidade de indústria revelou o consumo de 42.000 kWh e indicou
condução de corrente do condutor, ou seja, um fator de potência de 0,82. A alimentação em baixa
apenas o circuito de alimentação do tensão é de 380 V entre fases. A frequência da
corrente é 60 Hz. Determinar os capacitores, fusível e
capacitor está presente no conduto elétrico cabo que deverão ser instalados no barramento de
(não há agrupamento de circuitos), a baixa tensão, a fim de se conseguir melhorar o fator de
temperatura ambiente é igual a 30° C e a potência para 0,92. A indústria trabalha 250 horas por
interferência harmônica é desprezível. mês.

Para situações de instalação diferentes


das citadas acima, não devem ser utilizados Solução:
os dados de seção nominal indicados nas
tabelas 5.11 e 5.12, devendo o projetista
a) Consumo médio horário:
efetuar o dimensionamento dos condutores
conforme prescrições da NBR-5410, no caso 42.000 kWh
da instalação dos capacitores em sistemas P= = 168kW
250 h
de baixa tensão (até 1 kV) e NBR 14039 em
sistemas de alta tensão (até 36,2 kV). b) Entrando na tabela 3.2, com cosϕ1 = 0,82 e cosϕ2 =
0,92, obtemos o multiplicador 0,27.
No caso de capacitores para
compensação individual de motores, se não Aplicando a expressão 3.2, temos:
for utilizada proteção independente para o
QC = P × Δtg = 168kW × 0,27 = 45,69kVAr
capacitor, os condutores do ramal do
capacitor não deverão ter capacidade inferior
Na tabela 5.11, observamos que existe um capacitor de
a 1/3 do limite de condução de corrente dos 50 kVAr (380 V), com fusível de 125 A e cabo de
condutores do ramal do motor. 2
ligação de seção nominal 35 mm .

EXEMPLO 5.15 Dimensionar os dispositivos de 5.6 Inspeção, ensaios e manutenção


manobra, proteção e os condutores para uma célula de capacitores
capacitiva trifásica, ligada a um ramal de um motor de
50 cv, 380 V, 60 Hz, 1200 rpm.

Solução:
5.6.1 Ensaios de capacitores

Depois de concluído o protótipo das


A tabela 4.1 fornece-nos, para 50 HP (1 HP = células capacitivas a serem comercializadas,
1,013 cv) e 1200 rpm, uma potência reativa do o fabricante fica responsável pela realização
capacitor igual a 20 kVAr. dos ensaios nas condições previstas pela
A corrente será dada pela expressão (5.38): NBR 5282 (Capacitores de Potência –
Especificação) e NBR 5289 (Capacitores de
1000 × QC 20.000VAr Potência – Método de Ensaio). São previstos
INC = = = 30,4 A
3 × UN 3 × 380V três tipos de ensaios:

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 140


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ƒ Ensaios de rotina; capacitores (isoladores suportes, chaves,


fusíveis externos etc) deverão ser realizados
ƒ Ensaios de tipo;
de acordo com as condições estabelecidas
ƒ Ensaios de recebimento. nas respectivas Especificações Técnicas.

Os ensaios devem ser feitos para se Os ensaios de rotina a serem


verificar se os produtos atendem as normas executados são os seguintes:
técnicas pertinentes e proporcionar garantia
ao cliente de que ele está adquirindo a) Medição de capacitância e potência
produtos fabricados de acordo com as
mesmas. Caso contrário, os prejuízos Destina-se a comprovar os dados de
poderão ser enormes, pois, além dos custos placa quanto à capacitância e à
de aquisição, haverão prejuízos relacionados potência nominal que é capaz de ser
ao correto funcionamento do equipamento, fornecida pelo equipamento.
podendo, inclusive, colocar vidas humanas A capacitância pode ser ensaiada
em risco. satisfatoriamente pela medida da
O laboratório de ensaios de tipo e rotina corrente durante a aplicação de tensão
deve ser certificado por um Instituto e freqüência conhecidas (de
independente e de reconhecida capacidade e preferência nominais), de boa forma de
reputação. onda, não distorcida por dispositivos de
controle de tensão. A capacitância deve
O fornecedor do equipamento (por
ser medida estando o capacitor
exemplo, do capacitor) deve sempre
submetido a uma tensão entre 0,9 vez
apresentar certificado de ensaios de tipo,
e 1,1 vez a tensão nominal,
conforme as Normas ABNT, IEC ou ANSI.
empregando-se um método que elimine
Deve-se, também, apresentar certificados de
os erros de medição devido aos
ensaios de rotina para cada unidade do lote
harmônicos.
adquirido. Estes certificados devem
identificar o tipo de equipamento, seu Esta medição de capacitância deve ser
número de série e a relação de ensaios executada após os ensaios de tensão
efetuados. Estes 2 ensaios devem ser feitos aplicada.
em laboratórios certificados. O ensaio da capacitância também
indica capacitores abertos e em curto-
5.6.1.1 Ensaios de rotina circuito. Os valores devem estar de
acordo com a NBR 5282 e com a placa
Ensaios de rotina são aqueles que de identificação.
devem ser aplicados a todas as células de
produção para assegurar a qualidade de
b) Medição da tangente do ângulo de
fabricação do equipamento. São realizados
perdas (fator de perdas)
pelo fabricante em sua fábrica, cabendo ao
comprador o direito de designar um inspetor Ensaio destinado a determinar as
para assisti-los. O fabricante deve fornecer perdas internas da célula capacitiva. O
os relatórios dos ensaios realizados. fator de perdas dielétricas deve ser
Todas as unidades que não alcançarem medido estando o capacitor submetido
os requisitos especificados deverão ser a uma tensão entre 0,9 vez e 1,1 vez a
rejeitadas. Se o total de unidades defeituosas tensão nominal, empregando-se um
for superior a 5% do lote, é conveniente que método que elimine os erros de
o mesmo seja rejeitado por inteiro. medição devido aos harmônicos. A
precisão do método de medição e a
Os ensaios relativos aos demais
correlação com os valores medidos
equipamentos componentes do banco de

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 141


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com tensão e freqüência nominais capacitor poderá ser danificado se


devem ser fornecidas. descarregado pela colocação em
curto-circuito dos terminais, antes
c) Tensão suportável nominal entre de decorrido um minuto da retirada
terminais e caixa do potencial de ensaio). A corrente
de carga não poderá também
A verificação de capacitores novos, exceder 1 A. Isto pode ser obtido
antes da entrada em funcionamento, colocando-se em série com o
pode ser feira através de ensaios de capacitor um resistor de resistência
tensão aplicada para verificação em ohms, numericamente igual ou
apenas do dielétrico e isolação contra a maior do que a tensão de ensaio,
caixa. em volts. Um resistor de 50 W é
satisfatório. Resistor similar, de
As unidades capacitivas que possuem 50.000 Ω ou 100.000 Ω, deve ser
todos os terminais isolados devem ligado aos terminais do capacitor
suportar durante 10 s uma tensão para descarregá-lo, após a remoção
contínua de 4,3 x U0 e uma tensão da tensão de ensaio;
alternada senoidal de 2,15 x U0,
conforme estabelece a NBR 5282. U0 é ƒ A tensão de ensaio dos terminais
o valor da tensão eficaz entre os curto-circuitados para a caixa,
terminais que produz o mesmo esforço quando for necessário fazer o
dielétrico nos elementos do capacitor ensaio de campo em tensão
que a tensão nominal em contínua, deve ser a indicada na
funcionamento normal. Durante o tabela 5.17.
ensaio, nenhuma perfuração ou
descarga deve ocorrer. Tabela 5.17 Tensão de ensaio de campo (Fonte: NBR
5060).
Dicas:
Tensão nominal do Tensão de ensaio de
ƒ A tensão aplicada entre os terminais capacitor (terminal a campo terminais à caixa
não deve ser aplicada de uma só terminal) corrente contínua
(V) (V)
vez se o ensaio for realizado em
15.000 (7.500 para
tensão alternada; 216 a 1.999
capacitores não expostos)
ƒ Deve-se aumentar a tensão 1.200 a 5.000 28.500
continuamente até atingir o valor da 5.001 a 15.000 39.000
tensão de ensaio ou então aplicar
uma tensão não superior a tensão
d) Ensaio de vazamento
nominal do capacitor e então,
(estanqueidade)
levantar continuamente a tensão
até o valor da tensão de ensaio; Destina-se a comprovar, sob
ƒ Para se desligar o capacitor, a determinadas condições, a
tensão deverá ser abaixada possibilidade de vazamento do líquido
continuamente até a tensão nominal impregnante.
do capacitor ou abaixo, antes da Pode ser feito limpando completamente
abertura do circuito; a caixa, aquecendo o capacitor durante
ƒ Se o ensaio for realizado em tensão pelo menos 6 h em estufa, e colocando-
contínua, a duração total, inclusive o horizontalmente sobre um papel
o tempo necessário para carregar o limpo, com o ponto de suspeita de
capacitor, não deve exceder um vazamento para baixo. A temperatura
minuto, para não sobrecarregar o da caixa não deve exceder 100°C.
dispositivo interno de descarga (o

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 142


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e) Ensaio do dispositivo interno de protótipo poderão ser dispensados, se o


descarga comprador assim o desejar. Se solicitado, o
fabricante deverá fornecer cópia autenticada
Destina-se para comprovar que a dos resultados dos ensaios dos respectivos
resistência ôhmica do dispositivo protótipos.
interno de descarga, durante 1 minuto
Os ensaios de protótipo deverão ser
para capacitores de até 660 V e 5
realizados conforme especificados na NBR
minutos para capacitores de tensão
5282 e NBR 5289.
nominal superior a 660 V após o
desligamento do capacitor, proporciona Caso as amostras submetidas aos
uma tensão residual nos terminais da ensaios de protótipo deixem de alcançar os
célula capacitiva não superior a 50 Vcc. requisitos especificados, o projeto deverá ser
rejeitado, não se admitindo contraprova.
Neste ensaio, o capacitor deve ser
energizado em até 2 vezes Un em A eventual dispensa de qualquer ensaio
corrente contínua para em seguida ser pelo comprador só será válida se feita por
desligado da fonte. escrito. Os ensaios de tipo são os seguintes:
A NBR 5282 prescreve também o
ensaio de medição da resistência a) Todos os ensaios de rotina
ôhmica do dispositivo interno de relacionados
descarga propriamente dita, a qual
deve estar dentro do limite máximo
permitido. b) Ensaio de estabilidade térmica

Este ensaio destina-se a assegurar a


5.6.1.2 Ensaios de tipo estabilidade térmica do capacitor nas
condições de sobrecarga prolongada,
Os ensaios de tipo (também chamados ou seja, verificar se o capacitor é
de ensaios de protótipo) são aqueles termicamente estável. Para isso, o
destinados a comprovar a qualidade do capacitor é levado para o interior de
projeto do equipamento e confirmar o uma estufa (sem circulação de ar, na
atendimento às características específicas da posição vertical), cuja temperatura é
unidade capacitiva, bem como às exigências mantida controlada em função da
normativas. São de responsabilidade do categoria de temperatura do
fabricante. equipamento, valor este que pode
Os ensaios de protótipos deverão ser variar entre 29 a 48°C.
executados em pelo menos 5% (cinco por
cento) dos capacitores comprados. Salvo c) Ensaio de tensão aplicada
especificação em contrário, cada amostra de
capacitores a ser submetida aos ensaios de É o mesmo aplicado no ensaio de
tipo deve antes satisfazer a todos os ensaios rotina, variando-se apenas a sua
de rotina. duração.
No caso do fabricante já ter projetado e d) Ensaio de impulso atmosférico
fabricado anteriormente unidades capacitivas
ou componentes do banco de capacitores Este ensaio deve comprovar a
com características iguais às especificadas capacidade de isolamento do
na encomenda (ou seja, de projeto idêntico equipamento quando submetido a uma
ou de projeto que não difira do encomendado onda de impulso de tensão na forma de
sob nenhum aspecto que possa influenciar 1,2 x 50 μs, de acordo com a NBR
as propriedades a serem verificadas pelo 6936.
ensaio de tipo), os ensaios aplicáveis ao

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 143


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A inexistência de falha total ou parcial h) Ensaio de rádio-ruído


durante o ensaio deve ser verificada
por meio de análise dos oscilogramas Também chamado de “ensaio de
de todas as ondas de impulso rádiointerferência”. Destina-se a
aplicadas. A unidade será considerada comprovar que, à freqüência de 1 MHz,
aprovada se não ocorrer nenhuma a tensão não deve exceder a 250 μV
descarga interna e se ocorrerem até (medição da tensão de
duas descargas externas em cada rádiointerferência - TRI).
polaridade.
i) Ensaio de rigidez dielétrica
e) Ensaio de descarga de curto-
circuito A célula capacitiva é submetida às
tensões mencionadas na NBR 5282
Neste ensaio, o capacitor é carregado aplicada entre terminais com a
em tensão contínua com valor duas finalidade de verificar a rigidez do
vezes e meia superior ao valor eficaz dielétrico.
da tensão nominal e logo após
Quando se aumenta a quantidade de
descarregado de uma só vez, por meio
carga de um capacitor, o campo elétrico
de um dispositivo de impedância
também aumenta. Se for
desprezível. O número de descargas
suficientemente intenso, pode arrancar
deve ser cinco no intervalo de 10 min.
elétrons dos átomos do dielétrico,
causando sua ionização. O valor
f) Ensaio de tensão residual
máximo do campo elétrico que esse
Este ensaio é realizado carregando-se isolante suporta sem se ionizar (tornar-
o capacitor em tensão contínua com o se condutor) é chamado de rigidez
valor correspondente ao valor eficaz da dielétrica do meio e ao se atingir esse
valor, “salta” uma faísca entre as
tensão alternada nominal (em até 2
armaduras do capacitor, danificando-o.
vezes Un), e logo em seguida desligado
da fonte. Neste caso, a tensão nos
terminais do capacitor não deve ser 5.6.1.3 Ensaios de recebimento
superior a 50 Vcc após 1 minuto para
capacitores de até 660 V e após 5 Recomenda-se que o usuário sempre
minutos para capacitores de tensão faça ensaios de recebimento (aceitação)
nominal superior a 660 V. para o lote adquirido, independentemente da
apresentação do certificado do ensaio de tipo
g) Ensaio de ionização e de rotina. Os ensaios de recebimento (que
na verdade são os mesmos indicados nos
Serve para comprovar o nível de ensaios de rotina) podem ser executados nas
ionização no dielétrico da célula instalações do fornecedor ou do cliente e não
capacitiva (capacidade de se tornar há necessidade de ser realizado na fábrica.
condutor) quando submetida a várias Não é necessário repetir ensaios de tipo.
aplicações de tensão com tempos e O lote adquirido deve ser ensaiado
valores diferentes. Dessa forma, pode- segundo um plano de amostragem dupla,
se determinar o nível de descargas conforme definido na NBR 5282. Todas as
parciais no referido dielétrico. Os unidades deverão ser submetidas à
dielétricos são mais resistentes à verificação visual e dimensional. Aquelas que
ionização que o ar, deste modo um não estiverem de acordo com a
capacitor contento um dielétrico pode especificação de compra deverão ser
ser submetido a uma tensão mais rejeitadas.
elevada.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 144


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Para os ensaios de medição da periodicamente. O intervalo entre as


capacitância e medição da tangente do inspeções depende das condições
ângulo de perdas, os valores medidos no a que estiverem expostos os
ensaio de recebimento devem ser capacitores;
comparáveis àqueles medidos pelo
d) Capacitores e equipamentos ao
fabricante nos ensaios de rotina.
tempo podem requerer pintura
Devem ser levadas em consideração, periódica para evitar corrosão e
entretanto, as diferenças devidas aos erros garantir a qualidade da superfície
de medição e às condições ambientes. Caso de radiação;
sejam constatadas diferenças significativas,
e) Podem ser feitos ensaios de campo
o fabricante deve repetir esses ensaios de
nos capacitores, para verificação do
rotina.
dielétrico (resistência de isolamento
do dielétrico), resistência de
5.6.2 Inspeção de capacitores isolamento entre terminais e caixa,
capacitância ou corrente, tangente
Não são necessários ensaios de do ângulo de perdas ou perdas, e
capacitores a intervalos curtos. Como eles vazamento. Durante a realização
são hermeticamente fechados, suas destes ensaios devem ser tomadas
características permanecem relativamente medidas adequadas de proteção do
constantes em condições normais de pessoal contra possível explosão do
funcionamento. Estas condições podem, capacitor;
entretanto, mudar, recomendando-se
inspeções e verificações periódicas, para
5.6.3 Manuseio e armazenamento
constatar condições de funcionamento
capazes de danificar ou reduzir a vida útil
As unidades capacitivas, demais
dos capacitores.
componentes e acessórios do banco, bem
A NBR 5060 prescreve alguns itens a como as ferragens da estrutura de elevação
serem observados para verificar a condição deverão ser armazenados preferencialmente
de um capacitor após ter estado em serviço e em sua embalagem original e cobertos com
em casos de suspeita de defeito ou após lona plástica.
exposição a possível causa de defeito:
As unidades capacitivas devem ser
a) No período de 8 a 24 h após a armazenadas em local abrigado, niveladas e
instalação dos capacitores e protegidas contra corrosão e danos
durante os primeiros períodos de mecânicos. Deverá ser verificada a
carga baixa, devem ser lidas a existência de qualquer tipo de vazamento de
tensão e a corrente em cada fase, óleo.
de forma a determinar que as
A resistência de isolamento deve ser
tensões estejam equilibradas e
medida no recebimento, conforme
dentro dos limites normais dos
estabelece a NBR 5060. Deverá ser aplicada
capacitores e que a potência de
vaselina neutra nos terminais das unidades
funcionamento não exceda o limite
capacitivas.
de 135% da nominal;
As instruções relativas ao manuseio e
b) O programa de inspeções regulares
transporte das unidades capacitivas, contidas
da instalação de capacitores deve
no Manual de Instruções fornecido pelo
incluir verificações de ventilação,
fabricante do banco, deverão ser
fusíveis, temperaturas e tensões;
rigorosamente seguidas.
c) As buchas e superfícies isolantes
dos capacitores devem ser limpas

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 145


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5.6.4 Manutenção de capacitores g) Verificar o aperto das conexões (fast-on)


dos capacitores.
Os capacitores não têm partes móveis Observação: sempre que um terminal tipo "fast-on" for
que possam se desgastar e não exigem desconectado, deverá ser reapertado antes de ser
nenhum tipo de manutenção, exceto a reconectado.
verificação periódica dos fusíveis. Se existem
condições de sobretensão, harmônicas,
surtos de chaveamento ou vibrações, os II) Semestral
fusíveis devem ser verificados mais
frequentemente. a) Repetir todos os procedimentos do item
anterior (mensal);
Normalmente, os capacitores, em
operação normal, apresentam um leve b) Efetuar limpeza completa do armário
aquecimento perceptível com o toque. Se a metálico interna e externamente, usando
caixa estiver fria, deve-se verificar se os álcool isopropílico;
fusíveis estão queimados ou se alguma c) Medição da capacitância dos módulos
chave está desligada. Verifique também se capacitivos em comparação com os
há caixas abauladas pela pressão interna ou valores nominais;
tampas abauladas que assinalam que o
interruptor de segurança foi acionado. d) Reapertar todos os parafusos dos
contatos elétricos e mecânicos;
5.6.4.1 Manutenção preventiva e) Medir a temperatura dos cabos
conectados ao contator;
I) Mensal f) Verificar estado de conservação das
vedações contra a entrada de insetos e
a) Verifique visualmente em todas as
outros objetos;
unidades capacitivas se houve atuação
do dispositivo de segurança interno, g) Teste do sistema de comando: chaves
indicado pela expansão da caneca de comutadoras, chaves de acionamento,
alumínio no sentido longitudinal. Caso programador cíclico ou controlador do
positivo, substituir por outra com a fator de potência, verificação e se
mesma potência; necessário reprogramação dos
instrumentos de controle.
b) Verifique se há fusíveis queimados. Caso
positivo, tentar identificar a causa antes
da troca. Usar fusíveis com corrente 5.7 Segurança e instalação de
nominal indicada no catálogo; capacitores
c) Verificar o funcionamento adequado dos
contatores;
d) Nos bancos com ventilação forçada, 5.7.1 Requisitos de segurança
comprovar o funcionamento do
termostato e do ventilador. Medir a Com relação aos aspectos de
temperatura interna (máxima de 45ºC); segurança, devem ser atendidos os
seguintes itens, conforme NBR 5060:
e) Medir a tensão e a corrente das unidades
capacitivas; a) Em instalações com presença de
f) Verificação visual dos bornes de harmônicas, evitar a ressonância série
terminais, bem como condutores (fios, (aumento da corrente) e a ressonância
cabos e barramentos); paralela (aumento da tensão);
b) Após a desenergização de um capacitor,
deve-se esperar no mínimo cinco minutos

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 146


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para sua reenergização ou aterramento n) Os dispositivos de proteção devem


de seus bornes. Isto porque o capacitor interromper as correntes de falta nos
retém carga por alguns minutos, mesmo capacitores de modo que a probabilidade
desligado; de ruptura da caixa do capacitor se
c) Antes de se tocar nos terminais de um enquadre no grau de periculosidade
capacitor (partes vivas), este deve estar admitido pela instalação;
devidamente aterrado, observando-se a o) Nas instalações normais, a probabilidade
precaução acima; de ruptura da caixa do capacitor deve ser
d) Deve-se evitar a energização simultânea igual ou inferior a 10%. Nessa faixa de
de dois ou mais banco de capacitores; probabilidades, uma falta no capacitor é
geralmente acompanhada de tão
e) Para capacitores ligados em média
somente pequeno inchamento da caixa;
tensão, é necessário que as operações
de ligar e desligar sejam feitas utilizando- p) Nos locais em que a ruptura da caixa
se o disjuntor principal da instalação e/ou vazamento do líquido isolante não
antes de se abrir ou fechar a chave oferecem perigo, a probabilidade de
principal do banco de capacitores, salvo o ruptura da caixa pode situar entre 10 e
caso de banco de capacitores com 50%. Em locais que, após cuidadoso
manobra através de disjuntor próprio; estudo, for considerado que a ruptura
violenta da caixa não apresenta perigo, a
f) Os capacitores devem ser instalados em
probabilidade desta ruptura pode ser
local bem ventilado e com espaçamento
admitida entre 50 e 90%. Uma
adequado entre as unidades (mínimo de
probabilidade de ruptura igual ou superior
5 cm);
a 90% é insegura na maioria das
g) Quando for adotado o banco de aplicações. Geralmente ocorre a ruptura
capacitores em média tensão, é da caixa com violência suficiente para
necessário que o disjuntor tenha danificar os capacitores vizinhos. A
capacidade para manobrar o banco em probabilidade de ruptura da caixa do
questão; capacitor pode ser determinada pela
h) As estruturas de suporte e carcaça dos tabela 5.18.
capacitores deverão ser rigidamente
Tabela 5.18 Tempos máximos de interrupção da
aterradas;
corrente (em segundos). Fonte: NBR 5060.
i) O capacitor não deve ser energizado
Probabilidade (%)
estando com tensão residual superior a Potência I (A)
10 50 90
10% de sua tensão nominal; 70 > 30 > 60
---
Capacitores de 25 kVAr

j) Manter a corrente de surto menor que 100 6 > 60


100 vezes a corrente nominal; 200 0,9 10 > 60
500 0,15 0,55 5,5
ou 50 kVAr

k) A temperatura não deve ultrapassar o 1.000 0,047 0,15 0,75


limite máximo do capacitor: Máximo 2.000 0,018 0,043 0,18
50ºC; Média 24h: 40ºC; Média anual: 2.500 0,013 0,030 0,12
30ºC (conforme IEC); 4.000 0,013 0,017 0,05
Acima de 4.000 A, a probabilidade é
l) Não utilizar os terminais das células para considerada superior à 90%, para qualquer
fazer interligações entre si, pois assim a tempo.
corrente que circula nos terminais 100 > 30 > 60 ---
aumenta, aquece os terminais e provoca 200 6 30 > 60
Capacitores de

500 0,8 3 > 60


vazamento nas células;
100 kVA

1.000 0,2 0,6 3


m) Durante os ensaios de campo, devem ser 2.000 0,06 0,15 0,4
tomadas medidas adequadas de 5.000 0,013 0,027 0,046
proteção do pessoal contra possível Acima de 5.000 A, a probabilidade é
considerada superior à 90%, para qualquer
explosão do capacitor; tempo.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 147


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5.7.2 Interpretação dos parâmetros dos d) Perdas Joule por kVAr


capacitores
Este dado é importante para
a) Temperatura de operação dimensionar a temperatura interna do banco
de capacitores.
Temperatura de operação: são os
limites de temperatura das células, montadas e) Corrente de Pico Transitória Máxima
dentro dos capacitores. Não confundir com (100 x IN)
temperatura ambiente.
É a máxima corrente de surto na
energização do capacitor.
b) Máxima Tensão Permissível (IEC
60831-1)
NOTA: deve-se ter um cuidado especial com o
- 1,0 x UN - Duração contínua: maior instrumento de medição utilizado que deve ser do tipo
valor médio durante qualquer período de True RMS.
energização do banco.
f) Utilização de capacitores com tensão
- 1,1 x UN - Duração de 8h a cada 24h nominal reforçada, ou seja, acima do valor de
de operação (não contínuo) - Flutuações do operação da rede:
sistema.
- Capacitor com UN de 380V/60Hz em
- 1,15 x UN - Duração de 30 min. a cada rede 220V/60Hz: a potência nominal do
24h de operação (não contínuo) - Flutuações mesmo fica reduzida em 2202 / 3802 = 0,335,
do sistema. ou seja, 66,5%;
- 1,20 x UN - Duração de 5 min. (200 - Capacitor com UN de 440V/60Hz em
vezes durante a vida do capacitor) - Tensão rede 380V/60Hz: a potência nominal do
a carga leve. mesmo fica reduzida em 3802 / 4402 = 0,746,
- 1,30 x UN - Duração de 1 min. (200 ou seja, 25,4%;
vezes durante a vida do capacitor). - Capacitor com UN de 880V/60Hz em
Obs: Causas que podem elevar a rede 440V/60Hz: a potência nominal do
tensão nos terminais dos capacitores: mesmo fica reduzida em 4402 / 4802 = 0,84,
ou seja, 16%
- Aumento da tensão da rede elétrica;
NOTA: é necessário sobredimensionar a potência
- Fator de potência capacitivo; nominal dos capacitores dividindo a mesma pelo fator
de redução.
- Harmônicas da rede;
- Descargas atmosféricas;
5.7.3 Cuidados na instalação de
- Mau contato nos cabos e fusíveis; capacitores
- Tempo de religamento (banco
automático) muito curto; Devem ser tomados alguns cuidados
mínimos para a instalação de capacitores
- Ligar e desligar os capacitores, sem [10], principalmente no que diz respeito ao
respeitar o tempo de religação mínimo. local da instalação e na localização dos
cabos de comando.
c) Máxima corrente permissível (1,3 x
IN) I) Local da instalação

É a corrente máxima permitida, a) Evitar exposição ao sol ou proximidade


considerando os efeitos das harmônicas e a de equipamentos com temperaturas
sobretensão por curtos períodos de tempo elevadas;
(não confundir com corrente nominal).

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 148


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b) Não bloquear a entrada e saída de ar dos seja menor ou igual a 90% da corrente de
gabinetes; excitação do motor (NBR 5060).
c) Os locais devem ser protegidos contra
b) Inversores de Freqüência
materiais sólidos e líquidos em
suspensão (poeira, óleos); Inversores de freqüência que possuam
d) Evitar instalação de capacitores próximo reatância de rede conectada na entrada dos
do teto (calor); mesmos emitirão baixos níveis de
freqüências harmônicas para a rede. Se a
e) Evitar instalação de capacitores em
correção do fator de potência for necessária,
contato direto sobre painéis e quadros
aconselha-se a não instalar capacitores no
elétricos (calor);
mesmo barramento de alimentação do(s)
f) Cuidado na instalação de capacitores inversor(es). Caso contrário, instalar em série
próximo de cargas não lineares. com os capacitores Indutores Anti-
harmônicas.
II) Localização dos cabos de comando
c) Soft-starter
Os cabos de comando deverão estar
preferencialmente dentro de tubulações Deve-se utilizar um contator protegido
blindadas com aterramento na extremidade por fusíveis retardados (gL - gG) para
do Controlador Automático do Fp. manobrar o capacitor, o qual deve entrar em
operação depois que o soft-starter entrar em
III) Cuidados na instalação localizada regime. É sempre importante medir as
harmônicas de tensão e corrente se o
Alguns cuidados devem ser tomados capacitor for inserido no mesmo barramento
quando se decide fazer uma correção de do soft-starter.
fator de potência localizada:
d) Capacitores em instalações elétricas
a) Cargas com alta inércia com fonte de alimentação alternativa

Por exemplo, ventiladores, bombas de Em instalações elétricas com fonte de


recalque, exaustores, etc. alimentação alternativa através de grupo
Deve-se instalar contatores para a gerador, aconselha-se que todos os
comutação do capacitor, pois o mesmo, capacitores sejam desligados, pois o próprio
quando é permanentemente ligado a um grupo gerador pode corrigir o fator de
motor, ocasiona problemas quando o motor é potência da carga, evitando assim problemas
desligado da fonte de alimentação. O motor tais como perda de sincronismo e excitação,
ainda girando irá atuar como um gerador e pelo fato do gerador operar fora da sua curva
fazer surgir sobretensão nos terminais do de capabilidade (curva de operação).
capacitor. A tabela 5.19 apresenta as principais
Pode-se dispensar o contator para o causas e conseqüências da instalação
capacitor, desde que sua corrente nominal incorreta de capacitores usualmente
observada nas indústrias.

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 149


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Tabela 5.19 Principais causas e conseqüências da instalação incorreta de capacitores (Fonte: Manual para correção do
fator de potência - divulgação WEG).

Fato (Conseqüência) Causa


Queima do Indutor de Pré-Carga do Contator Especial a) Repique do contator, que pode ser causado pelo
repique do controlador.

Queima de Fusíveis a) Harmônicas na rede, gerando ressonância série,


provocando sobrecorrente;
b) Desequilíbrio de tensão;
c) Fusíveis ultra-rápidos (usar fusível retardado);
d) Aplicar tensão em capacitores ainda carregados.

Expansão da Unidade Capacitiva a) Repique no contator que pode ser causado pelo
repique do controlador;
b) Temperatura elevada;
c) Tensão elevada;
d) Corrente de surto elevada (> 100x IN);
e) Descargas atmosféricas;
f) Chaveamento de capacitores em bancos automáticos
sem dar tempo (30 a 180s) para a descarga dos
capacitores;
g) Final de vida.

Corrente especificada abaixo da nominal a) Tensão do capacitor abaixo da nominal;


b) Células expandidas.

Aquecimento nos terminais da unidade capacitiva a) Mau contato nos terminais de conexão;
(vazamento da resina pelos terminais)
b) Erro de instalação (ex: solda mal feita nos terminais);
c) Interligação entre células capacitivas, conduzindo
corrente de uma célula para outra via terminal.
Tensão acima da nominal a) Fator de potência ter ficado unitário, mesmo não
tendo harmônicas, porém provocou ressonância
paralela;
b) Efeito da ressonância paralela entre capacitores e a
carga.
Corrente acima da nominal a) Efeito de ressonância série entre os capacitores e o
transformador, provocado pela igualdade entre a
freqüência do transformador e a freqüência de alguma
harmônica significativa na instalação.

5.8 Ligações de capacitores em alta b) A instalação deverá possuir placas de


tensão advertência no disjuntor geral de entrada
e no compartimento de medição, nas
dimensões mínimas de 30 cm x 20 cm,
A ligação de capacitores em média tensão com fundo preto e letras amarelas, com
merece atenção especial para a instalação: os seguintes dizeres : "CAPACITORES
a) O banco de capacitores deverá ser ligado NA ALTA TENSÃO";
em estrela não-aterrada em triângulo;

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 150


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c) Os capacitores deverão possuir É importante assegurar a ligação do


dispositivo de descarga interno e externo ponto neutro do sistema à terra quando a
ao banco; configuração dos bancos é em estrela
aterrada ou dupla estrela aterrada. Vale a
d) A instalação deverá possuir seccionadora
pena salientar que somente deve-se aterrar o
tripolar com dispositivo para aterramento
ponto neutro de um banco de capacitores se
do banco de capacitores com alerta
o sistema que se quer compensar for do tipo
referente à sua manobra, intertravada
efetivamente aterrado. Caso contrário,
mecânica ou eletricamente com o
muitos transtornos seriam introduzidos ao
disjuntor de entrada da alimentação;
sistema elétrico, pois seria oferecido um
e) Recomenda-se que os bancos de caminho para a corrente de seqüência zero.
capacitores instalados em média tensão
possuam proteções adequadas de
sobrecorrente e sobretensão que os
5.10 Especificação técnica
desconectem ao ser atingido o limite de
tensão da norma para o qual foram Em um projeto de instalações elétricas,
construídos. a especificação técnica dos diversos
componentes (inclui-se aí os capacitores de
potência) é de fundamental importância. Com
5.9 Aterramento de capacitores
efeito, é a partir dessas especificações que
serão adquiridos os componentes que,
quando montados, deverão garantir o
5.9.1 Bancos de baixa tensão funcionamento adequado da instalação, a
segurança dos usuários, bem como a
Nesta situação, o banco de capacitores conservação dos bens.
é geralmente ligado na configuração Uma especificação técnica é um
triângulo. Deve ser aterrada somente a documento estruturado para informar todas
carcaça de cada equipamento e a sua as características relevantes para a
estrutura metálica de montagem. aquisição, seleção e aplicação de um
O condutor de proteção deve ser ligado componente. Deve-se utilizar a terminologia
à malha de terra da subestação e ter seção oficial, bem como as características técnicas
transversal não inferior à do condutor fase do previstas nas correspondentes normas
capacitor ou banco. técnicas. Uma especificação deve ser
completa e não dar “margem a dúvidas”.
A especificação técnica dos
5.9.2 Bancos de alta tensão componentes deve indicar, para cada
componente, uma descrição sucinta, suas
Analogamente aos bancos de baixa características nominais e a norma ou as
tensão, as caixas e estruturas metálicas dos normas e que devem atender, de modo a
capacitores de alta tensão (≥ 2,3 kV) devem informar todas as características relevantes
ser cuidadosamente aterradas à malha de para a aquisição, seleção e aplicação dos
terra da subestação e ter seção transversal componentes.
não inferior à do condutor fase do capacitor
ou banco (condutor de cobre não inferior a É importante salientar que, para
25 mm2). Atenção: não utilizar jamais o especificar tecnicamente um componente,
condutor de aterramento do pára-raios para deve-se utilizar a terminologia oficial, bem
compor a ligação à terra da como as características técnicas previstas
carcaça/estruturas metálicas e do ponto nas correspondentes normas técnicas. Nada
neutro dos bancos de capacitores. de "inventar" termos para descrever um
componente a ser utilizado na instalação. A
boa especificação técnica é aquela que

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 151


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prescinde da citação de marca (fabricante) ƒ Terminais e conectores;


para contemplar a sua identificação. ƒ Dizeres e localizações das placas de
Constituem exceção os casos em que tal características;
citação se torna necessária.
ƒ Características da chave separadora;
Infelizmente, em boa parte dos projetos ƒ Características da chave de aterramento;
de instalações elétricas (principalmente os de
ƒ Características do transformador de
baixa tensão), a especificação técnica é
corrente;
extremamente falha: os componentes são
mal descritos, são omitidas características ƒ Suportabilidade frente a sobrecorrentes;
nominais importantes, não são indicadas as ƒ Nível de isolamento;
normas respectivas e, com muita freqüência, ƒ Tensões de comando;
indica-se marca e tipo de um determinado ƒ Características da fiação de comando;
fabricante, geralmente um líder de mercado,
acrescentando-se, em seguida, a famosa ƒ Relação de peças sobressalentes;
expressão “ou similar”. ƒ Número de estágios;
Esse procedimento dá margem a que, ƒ Características das unidades capacitivas;
por ignorância ou por uma economia ƒ Acessórios;
criminosa, sejam utilizados “similares” ƒ Características da estrutura de elevação;
inadequados, invariavelmente mais baratos, ƒ Tipo de ligação entre unidades
que podem perturbar o funcionamento capacitivas;
adequado da instalação e, até mesmo,
comprometer a segurança dos usuários e a ƒ Características da chave de abertura;
conservação dos bens. Observe-se que, ƒ Tipo de intertravamento a ser utilizado;
nessas condições, é legalmente indiscutível ƒ Condições climáticas e de serviço;
a conivência do projetista. ƒ Suportabilidade frente a sobretensões;
As informações descritas a seguir são ƒ Perdas máximas do capacitor;
as mínimas necessárias para a correta ƒ Normas técnicas a serem atendidas.
aquisição de um capacitor de potência, a fim
de se orientar os projetistas na elaboração
da especificação técnica: EXEMPLO 5.16 Exemplo de especificação técnica
mínima para aquisição de um capacitor de potência:
No pedido de compra do banco de Célula capacitiva trifásica, 30 kVAr, tensão nominal
capacitores deverão estar descritas as 13,8 kV, 60 Hz, nível de isolamento 34/110 kV,
características listadas a seguir, sendo estas categoria de temperatura -10° a 50°C, com dispositivo
definidas na Especificação Técnica do banco interno de descarga, tolerância da capacitância igual a
-5%/+10%, conforme NBR 5289 e NBR 5282.
de capacitores e demais documentos do
projeto:
5.11 Normalização técnica
ƒ Número de fases (monofásico ou
trifásico);
A tabela 5.20 apresenta uma relação
ƒ Potência nominal (kVAr); das principais normas ABNT sobre
ƒ Tensão nominal do banco (V ou kV); capacitores de potência, atualizada conforme
ƒ Freqüência (Hz); respectivas datas de publicação, até o
fechamento desta edição. As normas
ƒ Categoria de temperatura;
abrangem termos e definições, métodos de
ƒ Características do dispositivo de instalação, especificação, fabricação,
descarga; ensaios, inspeções, etc.
ƒ Número de unidades capacitivas;

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 152


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Tabela 5.20 Principais normas da ABNT sobre capacitores de potência.


Norma Descrição
NBR 5060:1977 Guia para instalação e operação de capacitores de potência
Capacitores fixos utilizados em equipamentos eletrônicos – Determinação de características
NBR 5087:1984
elétricas, mecânicas e climáticas
Capacitores de potência em derivação para sistema de tensão nominal acima de 1000 V -
NBR 5282:1998
Especificação

NBR 5289:1977 Capacitores de potência

NBR 5469:1986 Capacitores

NBR 6011:1980 Dimensões máximas para corpos de capacitores

NBR 6012:1980 Série de números normalizados para valores de capacitores fixos

NBR 6013:1980 Marcação impressa para capacitores fixos

NBR 6015:1980 Estabelece os procedimentos de inspeção de capacitores cerâmicos


NBR 6525:1983 Capacitor cerâmico fixo em forma de disco, tipo 1, categoria climática 55-085-21, média tensão
NBR 6526:1983 Capacitor cerâmico fixo em forma de disco, tipo 1, categoria climática 55-085-21, alta tensão
NBR 6687:1981 Inspeção de capacitores de poliéster e policarbonato metalizados ou não
Capacitor fixo com dielétrico de policarbonato metalizado, achatado, categoria climática
NBR 6723:1981
40/100/21
NBR 6724:1981 Código indicativo de classe de temperatura para capacitores cerâmicos tipo 2

NBR 6725:1981 Capacitor cerâmico fixo em forma de disco, tipo 3, categoria climática 40/085/21
NBR 6726:1981 Capacitor cerâmico fixo em forma de disco, tipo 2, categoria climática 55/085/21, alta tensão
NBR 6802:1981 Capacitor fixo com dielétrico de poliester metalizado, achatado, categoria climática 40/100/04
NBR 6803:1981 Capacitor fixo com dielétrico de poliéster cilíndrico, categoria climática 40/085/21

NBR 6806:1981 Capacitor fixo com dielétrico de poliéster metalizado, categoria climática 55-085-56

NBR 6981:1981 Determinação do espaço ocupado por capacitores

NBR 7354:1989 Monoetilenoglicol – Formação de óxido de alumínio em solução aquosa de ácido bórico

NBR 8017:1983 Capacitor de acoplamento

NBR 8371:2005 Ascarel para transformadores e capacitores: características e riscos


NBR 8440:1984 Capacitores eletrolíticos fixos de alumínio – Seleção dos métodos de ensaio e requisitos gerais
NBR 8603:1998 Fusíveis internos para capacitores de potência – requisitos de desempenho e ensaios

NBR 8757:1985 Inspeção e homologação de capacitores eletrolíticos de alumínio

Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos com dielétrico de filme
NBR 8758:1985 de polipropileno e folhas metálicas para corrente continua, utilizados em equipamentos
eletrônicos

NBR 8759:1985 Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos com dielétrico de filme

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 153


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Norma Descrição
de poliestireno e fitas metálicas para corrente contínua, utilizados em equipamentos eletrônicos
Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos com dielétricos de
NBR 8760:1985
cerâmica, classe 1
NBR 8763:1998 Capacitores série para sistemas de potência

Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos para uso em


NBR 9031:1985 equipamento eletrônico com dielétrico de filme de polietileno teraftalado metalizado para
corrente contínua

Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos com dielétrico de filme
NBR 9323:1986
polipropileno metalizado para corrente contínua, utilizados em equipamentos eletrônicos

NBR 9324:1986 Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores com dielétrico de cerâmica

Capacitores secos auto-regeneradores com dielétrico de filme polipropileno metalizado para


NBR 9934:1987
motores de corrente alternada

Seleção dos métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos com dielétrico de filme
NBR 10016:1987
de polietileno-teraftalato em folhas metálicas para corrente contínua

Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos para corrente continua,
NBR 10017:1987
usando dielétricos de papel impregnado ou papel/filme plástico

Seleção de métodos de ensaio e requisitos gerais de capacitores fixos com dielétrico de papel
NBR 10018:1987
metalizado para corrente contínua

Capacitores fixos com dielétrico de filme de polipropileno metalizado para corrente contínua,
NBR 10489:1988
para uso em equipamento eletrônico

NBR 10503:1988 Capacitores fixos com dielétrico de mica para CC com tensão nominal não excedendo 3000 V

NBR 10671:1989 Guia para instalação, operação e manutenção de capacitores de potência em derivação

Capacitores secos auto-regeneradores com dielétrico de filme de polipropileno metalizado para


NBR 10862:1989
motores de corrente alternada

NBR 11871:1991 Capacitores eletrolíticos para motores de corrente alternada

Capacitores de potência em derivação, para sistema de tensão nominal acima de 1000 V –


NBR 12479:1992
Características elétricas e construtivas

CAPÍTULO 5 – CAPACITORES DE POTÊNCIA 154


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Capítulo
Tarifação da energia
elétrica VI

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 155


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6 Tarifação da energia elétrica

Sumário do capítulo
6.1 PRINCIPAIS DEFINIÇÕES
6.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES DE ENERGIA
6.2.1 Consumidores do grupo A
6.2.2 Consumidores do grupo B
6.3 TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
6.3.1 Tarifação convencional
6.3.2 Tarifação Horo-sazonal
6.3.3 Tarifação monômia
6.4 DEMANDA, CONSUMO E FATOR DE POTÊNCIA
6.5 A LEGISLAÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
6.5.1 O faturamento de energia e demanda ativa
6.5.2 O faturamento de energia e demanda reativas excedentes
6.5.3 Reduzindo a fatura de energia elétrica
6.6 FATOR DE CARGA
6.6.1 Tarifação convencional
6.6.2 Tarifação Horo-sazonal Azul
6.6.3 Tarifação Horo-sazonal verde
6.7 SISTEMAS DE MEDIÇÃO DA CONCESSIONÁRIA

Este capítulo apresenta noções básicas consumidor responsável por unidade


sobre as formas de tarifação da energia consumidora do Grupo “A” ajustam as
elétrica e a legislação do fator de potência, características técnicas e as condições
estando calcado no instrumento legal mais comerciais do fornecimento de energia
recente que versa sobre o tema, a Resolução elétrica.
456 da Agência Nacional de Energia Elétrica
Demanda: média das potências
- ANEEL, publicada no Diário Oficial em 29
elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao
de novembro de 2000 e disponibilizado no
sistema elétrico pela parcela da carga
apêndice A.
instalada em operação na unidade
consumidora, durante um intervalo de tempo
6.1 Principais definições especificado (kW ou kVAr).
Demanda contratada: demanda de
Para melhor compreensão dos potência ativa a ser obrigatória e
assuntos a serem tratados ao longo deste continuamente disponibilizada pela
capítulo, é importante o conhecimento de concessionária, no ponto de entrega,
alguns conceitos e definições: conforme valor e período de vigência fixados
no contrato de fornecimento e que deverá ser
Carga instalada: soma das potências
integralmente paga, seja ou não utilizada
nominais dos equipamentos elétricos
durante o período de faturamento, expressa
instalados na unidade consumidora, em
em quilowatts (kW).
condições de entrar em funcionamento,
expressa em quilowatts (kW). Demanda de ultrapassagem: parcela da
demanda medida que excede o valor da
Contrato de fornecimento: instrumento
demanda contratada, expressa em quilowatts
contratual em que a concessionária e o
(kW).

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 156


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Demanda faturável: valor da demanda Fatura de energia elétrica: nota fiscal


de potência ativa, identificada de acordo com que apresenta a quantia total que deve ser
os critérios estabelecidos e considerada para paga pela prestação do serviço público de
fins de faturamento, com aplicação da energia elétrica, referente a um período
respectiva tarifa, expressa em quilowatts especificado, discriminando as parcelas
(kW). correspondentes.
Demanda medida: maior demanda de Modulação: corresponde a redução
potência ativa, verificada por medição, percentual do valor de demanda no horário
integralizada no intervalo de 15 (quinze) de ponta em relação ao horário fora de
minutos durante o período de faturamento, ponta.
expressa em quilowatts (kW).
Potência disponibilizada: potência que
Estrutura tarifária: conjunto de tarifas o sistema elétrico da concessionária deve
aplicáveis às componentes de consumo de dispor para atender às instalações elétricas
energia elétrica e/ou demanda de potência da unidade consumidora, segundo os
ativas de acordo com a modalidade de critérios estabelecidos na Resolução 456/00
fornecimento. da Aneel e configurada nos seguintes
parâmetros:
Horário de Ponta (P): corresponde ao a) unidade consumidora do Grupo “A”:
intervalo de 3 horas consecutivas, definido a demanda contratada, expressa em
por cada concessionária local, compreendido quilowatts (kW);
entre as 17 e 22 horas, de segunda à sexta-
b) unidade consumidora do Grupo “B”:
feira.
a potência em kVA, resultante da
Horário Fora de Ponta (F): corresponde multiplicação da capacidade nominal ou
às horas complementares às relativas ao regulada, de condução de corrente elétrica
horário de ponta, acrescido do total das do equipamento de proteção geral da
horas dos sábados e domingos. unidade consumidora pela tensão nominal,
observado no caso de fornecimento trifásico,
Período Seco (S): período de 7 (sete)
o fator específico referente ao número de
meses consecutivos, compreendendo os
fases.
fornecimentos abrangidos pelas leituras de
maio a novembro. Potência instalada: soma das potências
nominais de equipamentos elétricos de
Período Úmido (U): período de 5 (cinco)
mesma espécie instalados na unidade
meses consecutivos, compreendendo os
consumidora e em condições de entrar em
fornecimentos abrangidos pelas leituras de
funcionamento.
dezembro de um ano a abril do ano seguinte.
Segmentos Horo-Sazonais: são as
Fator de carga: razão entre a demanda
combinações dos intervalos de ponta e fora
média e a demanda máxima da unidade
de ponta com os períodos seco e úmido,
consumidora, ocorridas no mesmo intervalo
conforme abaixo:
de tempo especificado.
a) horário de ponta em período seco -
Fator de demanda: razão entre a
PS;
demanda máxima num intervalo de tempo
especificado e a carga instalada na unidade b) horário de ponta em período úmido
consumidora. - PU;
Fator de potência: razão entre a c) horário fora de ponta em período
energia elétrica ativa e a raiz quadrada da seco - FPS;
soma dos quadrados das energias elétricas
d) horário fora de ponta em período
ativa e reativa, consumidas num mesmo
úmido - FPU.
período especificado.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 157


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Tarifa: preço da unidade de energia elétrico, aplicável ao faturamento de


elétrica e/ou da demanda de potência ativas. unidades consumidoras do Grupo “B”, de
acordo com os limites fixados por tipo de
Tarifa monômia: tarifa de fornecimento
ligação.
de energia elétrica constituída por preços
aplicáveis unicamente ao consumo de
energia elétrica ativa. Definições conforme Resolução 456/00 da Aneel, Art.
Tarifa binômia: conjunto de tarifas de 2º (ver Apêndice A).
fornecimento constituído por preços
aplicáveis ao consumo de energia elétrica 6.2 Classificação dos consumidores
ativa e à demanda faturável. de energia
Tarifa de ultrapassagem: tarifa aplicável
sobre a diferença positiva entre a demanda Os consumidores de energia são
medida e a contratada, quando exceder os classificados (conforme resolução 456/00 da
limites estabelecidos. Aneel, inciso XXII do art. 2º - ver apêndice A)
Tarifas de Ultrapassagem: são as pelo nível de tensão em que são atendidos e
tarifas aplicadas à parcela da demanda podem ser divididos em três categorias:
medida que superar o valor da demanda
contratada, no caso de Tarifas Horo- a) Consumidores do Grupo A - Tarifação
Sazonais, respeitados os respectivos limites Convencional;
de tolerância. b) Consumidores do Grupo A - Tarifação
Tolerância de ultrapassagem de Horo-Sazonal;
demanda: é uma tolerância dada aos c) Consumidores do Grupo B.
consumidores das tarifas horo-sazonais para
fins de faturamento de ultrapassagem de A energia elétrica pode ser cobrada de
demanda. Esta tolerância é de: diversas maneiras, dependendo do
a) 5% para os consumidores atendidos enquadramento tarifário de cada consumidor.
em tensão igual ou superior a 69 A apresentação das características de cada
kV; uma das modalidades tarifárias
(convencional e horo-sazonal) será
b) 10% para os consumidores introduzida na seção 6.3.
atendidos em tensão inferior a 69
kV (a grande maioria), e demanda
contratada superior a 100 kW;
6.2.1 Consumidores do Grupo A
c) 20% para os consumidores
atendidos em tensão inferior a 69
kV, e demanda contratada de 50 a Corresponde ao grupamento composto
100 kW. de unidades consumidoras com tensão de
fornecimento igual ou superior a 2,3 kV, ou,
Valor líquido da fatura: valor em moeda
ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 kV
corrente resultante da aplicação das
a partir de sistema subterrâneo de
respectivas tarifas de fornecimento, sem
distribuição.
incidência de imposto, sobre as componentes
de consumo de energia elétrica ativa, de O grupo A, subdividido nos subgrupos
demanda de potência ativa, de uso do apresentados na tabela 6.1, é caracterizado
sistema, de consumo de energia elétrica e pela estruturação tarifária binômia (os
demanda de potência reativas excedentes. consumidores são cobrados tanto pela
demanda quanto pela energia ativa que
Valor mínimo faturável: valor referente
consomem), além da tarifação imposta por
ao custo de disponibilidade do sistema
baixo fator de potência (inferior a 0,92,

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 158


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indutivo ou capacitivo) para o consumo de Tabela 6.2 Subgrupos dos consumidores do grupo B.
energia elétrica e demanda de potências
reativas excedentes. Subgrupos Tensão de fornecimento
B1 Residencial e residencial de baixa
Os grandes consumidores e a maioria
renda
das pequenas e médias empresas brasileiras B2 Rural, cooperativa de eletrificação
(industriais ou comerciais) são classificados rural, serviço público de irrigação
no Grupo A, podendo ser enquadrados na B3 Demais classes
tarifação convencional ou na tarifação horo- B4 Iluminação pública
sazonal (azul ou verde).

Como exemplo, podemos citar as


Tabela 6.1 Subgrupos dos consumidores do grupo A. residências, iluminação pública,
consumidores rurais, e todos os demais
Subgrupos Tensão de fornecimento usuários alimentados em baixa tensão
A1 ≥ 230 kV (abaixo de 600 V), divididos em três tipos de
A2 88 kV a 138 kV tarifação: residencial, comercial e rural.
A3 69 kV
A3a 30 kV a 44 kV Os consumidores atendidos por redes
A4 2,3 kV a 25 kV elétricas subterrâneas são classificados no
AS Subterrâneo1
Nota:
Grupo A, Sub-grupo AS, mesmo que
atendidos em baixa tensão.
1- Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendida a partir
de sistema subterrâneo de distribuição e faturada neste É necessária, para consumidores do
Grupo em caráter opcional.
Grupo B, a assinatura de um “Contrato de
É necessária, para consumidores do Adesão”, destinado a regular as relações
Grupo A, a assinatura de um “Contrato de entre a concessionária e a unidade
Fornecimento”, destinado a regular as consumidora.
relações entre a concessionária e a unidade
consumidora.

6.2.2 Consumidores do Grupo B

Corresponde ao grupamento composto


de unidades consumidoras com fornecimento
em tensão inferior a 2,3 kV ou, ainda,
atendidas em tensão superior a 2,3 kV e
faturadas neste Grupo nos termos definidos
nos arts. 79 a 81 da resolução 456/00 da
Aneel (ver apêndice A). O grupo B, Figura 6.1 Consumidores dos Grupos A e B.
subdividido nos subgrupos apresentados na
tabela 6.2, é caracterizado pela estruturação
tarifária monômia (isto é, os consumidores 6.3 Tarifação de energia elétrica
são cobrados apenas pela energia ativa que
consomem), além da tarifação imposta por Tarifação de Energia Elétrica é o
baixo fator de potência (consumo de energia sistema organizado de tabelas de preços (da
reativa excedente), quando aplicável. unidade de energia elétrica e/ou da demanda
de potência ativa) correspondentes às
diversas classes de serviço oferecidas às
unidades consumidoras, aprovadas e
reguladas pela Aneel - Agência Nacional de

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 159


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Energia Elétrica, em cujo site podem ser períodos indicava um perfil de


obtidas as tabelas de tarifas atualizadas. comportamento vinculado exclusivamente
aos hábitos de consumo e às características
A compreensão da forma como é
próprias do mercado de uma determinada
cobrada a energia elétrica e como são
região. E, diga-se de passagem, não havia
calculados os valores apresentados nas
nenhum interesse ou intenção na mudança
contas de energia elétrica é fundamental
destes hábitos, visto que a legislação vigente
para a tomada de decisão em relação a
não acrescentava nada a este respeito.
projetos de eficiência energética.
A conta de energia reflete o modo como
100
a energia elétrica é utilizada e sua análise

Capacidade de Consumo (%)


por um período de tempo adequado permite Curva de Carga
Dia Útil
estabelecer relações importantes entre
hábitos e consumo.
50
Dadas as alternativas de
enquadramento tarifário disponíveis para
alguns consumidores, o conhecimento da
formação da conta e dos hábitos de consumo 10
permite escolher a forma de tarifação mais 0 6 12 18 24 horas
adequada e que resulta em menor despesa
com a energia elétrica. Figura 6.2 Comportamento médio do mercado de
eletricidade ao longo de um dia útil.
As tarifas de eletricidade em vigor
possuem estruturas com dois componentes
básicos na definição do seu preço: A figura 6.2 mostra o comportamento
médio do mercado de eletricidade (consumo
a) componente relativo à demanda de
energético), ao longo de um dia típico de
potência ativa (quilowatt ou kW);
operação (dia útil). Observa-se, claramente,
b) componente relativo ao consumo de que no horário das 17 às 22 horas existe
energia ativa (quilowatt-hora ou kWh). uma intensificação do uso da eletricidade se
comparado com os demais períodos do dia.
É importante observar que, até 1981, Esse comportamento resulta das influências
existia apenas um sistema de tarifação, e características individuais das várias
denominado Convencional. Este sistema, classes de consumo que normalmente
bastante simplificado, não permitia que o compõem o mercado: industrial, comercial,
consumidor percebesse os reflexos residencial, iluminação pública, rural e outras.
decorrentes da melhor forma de utilizar
(consumir) a eletricidade, uma vez que não O horário de maior uso é denominado
havia diferenciação de preços segunda sua "horário de ponta" do sistema elétrico. É o
utilização durante as horas do dia e períodos período onde a tarifa de energia é mais cara,
do ano. sendo compreendido somente por 3 horas
consecutivas de segunda a sexta-feira, entre
Desta forma, esta única estrutura de 17:00 h e 22:00 h, estabelecido por cada
tarifação levava o consumidor a ser concessionária local (em geral, entre 17:30 h
indiferente no que diz respeito à utilização da e 20:30 h). Neste período, as redes de
energia elétrica durante a madrugada ou no distribuição assumem maior carga, atingindo
final da tarde, assim como consumir durante seu valor máximo (pico de consumo)
o mês de junho ou dezembro, no inverno ou aproximadamente às 19 horas, variando um
no verão. pouco este horário de região para região do
Esta indiferença com relação ao país.
consumo de energia ao longo desses

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 160


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No horário de ponta, um novo A curva A representa a disponibilidade


consumidor a ser atendido pelo sistema média de água nos reservatórios das usinas
custará mais à concessionária nesse período hidrelétricas, constituindo o potencial
de maior solicitação do que em qualquer predominante de geração de eletricidade
outro horário do dia, devido ao maior (disponibilização energética). Por outro lado,
carregamento das redes de distribuição neste a curva B representa o comportamento de
horário. De fato, existirá a necessidade de consumo médio do mercado de energia
ampliação do sistema (aumento de custo elétrica a nível nacional, assumindo um valor
para a concessionária) para atender aos máximo justamente no período em que a
consumidores no horário de ponta. disponibilidade de água fluente nos
mananciais é mínima.
O horário Fora de Ponta é o período
onde a tarifa de energia é mais barata, sendo Em outras palavras, pode-se dizer que
o horário complementar ao horário de Ponta, no período de maior consumo existe o menor
de segunda a sexta-feira, e o dia inteiro nos potencial de geração de eletricidade. Este
sábados, domingos e feriados. fato permite identificar, em função da
disponibilidade hídrica, uma época do ano
denominada "período seco", compreendido
Fora de ponta Ponta Fora de ponta entre maio e novembro de cada ano, e outra
denominada “período úmido", de dezembro
de um ano até abril do ano seguinte.
0:00h 17:30h 20:30h 24:00h
O período úmido é aquele onde, devido
à estação de chuvas, os reservatórios de
Figura 6.3 Horário de ponta e fora de ponta. nossas usinas hidrelétricas estão mais altos.
Como o potencial hidráulico das usinas
Em geral, o custo da tarifa de energia cresce, existe um incentivo (tarifas mais
no horário de Ponta é três vezes maior do baixas) para que o consumo de energia seja
que no horário Fora de Ponta, motivando as maior neste período.
empresas a utilizarem menos energia neste O período seco é aquele onde, devido à
horário como forma de reduzir suas contas falta de chuvas, os reservatórios de nossas
mensais pagas às concessionárias. usinas hidrelétricas estão mais baixos. Como
Da mesma forma que o comportamento o potencial hidráulico das usinas diminui,
do consumo de energia varia ao longo de um existe um acréscimo nas tarifas para que o
dia, o comportamento do mercado de consumo de energia seja menor neste
eletricidade ao longo do ano também período.
apresenta características próprias, as quais A capacidade de acumulação nos
podem ser visualizadas na figura 6.4. reservatórios das usinas, que estocam a
água afluente durante o ano, torna possível o
atendimento ao mercado no período seco.
Consequentemente, o fornecimento de
Período úmido Período seco Período energia no período seco tende, também, a
úmido ser mais oneroso, pois leva à necessidade de
A
se construir grandes reservatórios, e
eventualmente, operar usinas térmicas ou
B
investimentos em outras formas alternativas
de geração de energia (como a eólica, por
exemplo).
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Devido a estes fatos típicos do
Figura 6.4 Disponibilidade média dos reservatórios comportamento da carga ao longo do dia e
(curva A) x consumo ao longo do ano (curva B). ao longo do ano (em função da

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 161


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disponibilidade de água), foi concebida a a) energia elétrica ativa contratada, se


Estrutura Tarifária Horo-Sazonal (THS), com houver; ou
suas Tarifas Azul e Verde, caracterizadas
b) energia elétrica ativa medida no
pela aplicação de tarifas e preços
período de faturamento.
diferenciados de acordo com o horário do dia
(ponta e fora de ponta) e períodos do ano III - consumo de energia elétrica e
(seco e úmido). demanda de potência reativas excedentes:
quando o fator de potência da unidade
A Tarifa Azul caracteriza-se pela
consumidora, indutivo ou capacitivo, for
aplicação de preços diferenciados de
inferior a 0,92.
demanda e consumo de energia elétrica para
os horários de ponta e fora de ponta e para
os períodos seco e úmido. A Tarifa Verde 6.3.1 Tarifação convencional
caracteriza-se pela aplicação de um preço
único de demanda, independente de horário A estrutura tarifária convencional,
e período e preços diferenciados de conforme definido pela Aneel, é a “estrutura
consumo, de acordo com as horas do dia e caracterizada pela aplicação de tarifas de
períodos do ano. consumo de energia elétrica e/ou demanda
O faturamento de unidade consumidora de potência independentemente das horas
do Grupo “B” será realizado com base no de utilização do dia e dos períodos do ano”.
consumo de energia elétrica ativa, e, quando Os consumidores do Grupo A, sub-
aplicável, no consumo de energia elétrica grupos A3a, A4 ou AS (ou seja, fornecimento
reativa excedente. inferior a 69 kV) , podem ser enquadrados na
Por outro lado, o faturamento de tarifa Convencional quando a demanda
unidade consumidora do Grupo “A”, contratada for inferior a 300 kW, desde que
observados, no fornecimento com tarifas não tenham ocorrido, nos 11 meses
horo-sazonais, os respectivos segmentos, anteriores, 3 (três) registros consecutivos ou
será realizado com base nos valores 6 (seis) registros alternados de demanda
identificados por meio dos critérios definidos superior a 300 kW. Quando este for o caso, é
pela Aneel e descritos a seguir: obrigatório o enquadramento na Tarifação
Horo-Sazonal (THS).
O enquadramento na tarifa
I - demanda de potência ativa: um único Convencional exige um contrato específico
valor, correspondente ao MAIOR dentre os a com a concessionária no qual se pactua um
seguir definidos: único valor da demanda pretendida pelo
a) a demanda contratada, exclusive no consumidor (demanda contratada),
caso de unidade consumidora rural ou independente da hora do dia (ponta ou fora
sazonal faturada na estrutura tarifária de ponta) ou período do ano (seco ou
convencional; úmido).
b) a demanda medida; ou Na tarifação convencional, o
consumidor paga à concessionária até três
c) 10% (dez por cento) da maior parcelas: consumo, demanda e ajuste de
demanda medida, em qualquer dos 11 (onze) fator de potência. O faturamento do consumo
ciclos completos de faturamento anteriores, é feito pelo critério mais simples, semelhante
quando se tratar de unidade consumidora ao de nossas casas, sem a divisão do dia em
rural ou sazonal faturada na estrutura tarifária horário de ponta e fora de ponta. Acumula-se
convencional. o total de kWh consumidos e aplica-se uma
II - consumo de energia elétrica ativa: tarifa de consumo para chegar-se à parcela
um único valor, correspondente ao MAIOR de faturamento de consumo.
dentre os a seguir definidos:

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 162


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A parcela de faturamento de demanda


é obtida pela aplicação de uma tarifa de Tarifa
Convencional
demanda à demanda faturada, tal qual é (binômia)
aplicado à tarifação horo-sazonal.
Note bem a importância do controle de
demanda: um pico de demanda na tarifação Demanda única Consumo único
convencional pode significar acréscimos na (R$/kW) (R$/kWh)
conta de energia por até 12 meses.
Para cálculo da parcela de ajuste de Figura 6.5 Tarifação convencional.
fator de potência, o dia é dividido em duas
partes: horário capacitivo e o restante. Se o
fator de potência do consumidor estiver 6.3.2 Tarifação horo-sazonal
dentro dos limites pré-estabelecidos, esta
parcela não é cobrada. O limite estabelecido Esta modalidade de tarifação, conforme
pela Aneel é de 0,92 indutivo. definido pela Aneel, é estruturada para
Como exemplo, podemos citar as “aplicação de tarifas diferenciadas de
pequenas indústrias ou instalações consumo de energia elétrica de acordo com
comerciais que não estejam enquadradas na as horas de utilização do dia e os períodos
Tarifação Horo-Sazonal (THS), normalmente do ano, bem como de tarifas diferenciadas de
com demanda abaixo de 300 kW. demanda de potência de acordo com as
horas de utilização do dia”.
A tabela 6.3 apresenta um exemplo de
tarifas de energia elétrica para tarifação Na tarifação horo-sazonal, os dias são
Convencional. divididos em períodos fora de ponta e de
ponta, para faturamento de demanda, e em
Tabela 6.3 Tarifas de energia elétrica para modalidade
horário capacitivo e o restante, para
de tarifação Convencional referente à concessionária faturamento de fator de potência. Além disto,
CEMIG (Fonte: resolução ANEEL N° 87/2000 – Quadro o ano é dividido em um período úmido e
A). outro seco.

Tarifa Convencional Assim, para o faturamento do consumo,


acumula-se o total de kWh consumidos em
Subgrupo
Demanda Consumo cada período: fora de ponta seca (FS) ou fora
(R$/kW) (R$/MWh)
de ponta úmida (FU), e ponta seca (PS) ou
A2 (88 a 138 kV) 16,33 41,11
A3 (69 kV) 17,60 44,30
ponta úmida (PU).
A3a (30 kV a 44 kV) 6,10 89,43
A4 (2,3 kV a 25 kV) 6,33 92,73
Para cada um destes períodos, aplica-
AS (subterrâneo) 9,35 97,04 se uma tarifa de consumo diferenciada, e o
B1 – RESIDENCIAL 180,23 total é a parcela de faturamento de consumo.
B1 – RESIDENCIAL DE BAIXA
RENDA:
Evidentemente, as tarifas de consumo nos
Consumo mensal até 30 kWh 63,09 períodos secos são mais caras que nos
Consumo mensal de 31 a 100 kWh 108,14 períodos úmidos, e no horário de ponta é
Consumo mensal de 101 a 180 kWh 162,20 mais cara que no horário fora de ponta.
B2 – RURAL 105,48
B2 – COOPERATIVA DE 74,52 Os custos por kWh são mais baixos nas
ELETRIFICAÇÃO RURAL
B2 – SERVIÇO DE IRRIGAÇÃO 96,97 tarifas horo-sazonais, mas as multas por
B3 – DEMAIS CLASSES 168,26 ultrapassagem são mais pesadas. Assim,
B4 – ILUMINAÇÃO PÚBLICA: para a escolha do melhor enquadramento
B4a – Rede de distribuição 86,70
B4b – Bulbo da lâmpada 95,15
tarifário (quando facultado ao cliente) é
B4c – Nível de IP acima do padrão 140,97 necessária uma avaliação específica.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 163


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Nos consumidores enquadrados na de fornecimento inferior a 69 kV sempre que


Tarifação Horo-Sazonal (THS), as a demanda contratada for inferior a 300 kW.
concessionárias utilizam medidores
Esta modalidade tarifária exige um
eletrônicos com saídas para o usuário
contrato especifico com a concessionária, no
(consumidor). Esta “saída para o usuário” é
qual se pactua tanto o valor da demanda
uma saída serial de dados que segue uma
pretendida pelo consumidor no horário de
norma ABNT onde são disponibilizadas as
ponta (demanda contratada na ponta) quanto
informações de consumo de energia ativa e
o valor pretendido nas horas fora de ponta
reativa para o intervalo de 15 minutos
(demanda contratada fora de ponta).
corrente (tempo de medição utilizado para
faturamento) separado por posto horário É importante salientar que o
(ponta e fora de ponta indutivo e fora de consumidor poderá optar pelo retorno à
ponta capacitivo). estrutura tarifária convencional, desde que
seja verificado, nos últimos 11 (onze) ciclos
Nos demais consumidores, os sistemas de faturamento, a ocorrência de 9 (nove)
de medição das concessionárias não registros, consecutivos ou alternados, de
possuem qualquer interface para o demandas medidas inferiores a 300 kW.
consumidor. Esta é uma das razões, dentre
A Tarifa Azul será aplicada
outras, que faz com que a grande maioria
considerando-se a seguinte estrutura
dos casos de controle de demanda seja de
tarifária:
consumidores enquadrados na THS. Nestes
casos, as informações de consumo ativo e
reativo (assim como posto tarifário e I - demanda de potência (kW):
sincronismo do intervalo de integração) são
fornecidas por medidores ou registradores a) um preço para horário de ponta (P);
das próprias concessionárias de energia, ou b) um preço para horário fora de ponta
seja, um medidor de energia denominado (F).
medidor THS, específico para a modalidade
tarifária horo-sazonal, cujas medições II - consumo de energia (kWh):
(dados) ficam registrados na chamada a) um preço para horário de ponta em
“memória de massa” do medidor. período úmido (PU);
b) um preço para horário fora de ponta
6.3.2.1 Tarifação horo-sazonal azul em período úmido (FU);
c) um preço para horário de ponta em
O enquadramento dos consumidores período seco (PS); e
do Grupo A na tarifação horo-sazonal azul é
obrigatório para os consumidores dos d) um preço para horário fora de ponta
subgrupos A1, A2 ou A3, ou seja, para os em período seco (FS).
consumidores atendidos em tensão igual ou
superior a 69 kV. O enquadramento também
é compulsório com tensão de fornecimento Na tarifação horo-sazonal azul, a
inferior a 69 kV quando a demanda resolução 456 permite, embora não seja
contratada for igual ou superior a 300 kW. explícita, que o faturamento da parcela de
Opcionalmente, o enquadramento na demanda seja igualmente composto por
tarifação horo-sazonal azul pode ser feito parcelas relativas a cada período: fora de
para as unidades consumidoras com tensão ponta seca ou fora de ponta úmida, e ponta
seca ou ponta úmida.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 164


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Tarifa Horo-sazonal
AZUL
(binômia)

Consumo Demanda
(R$/kWh) (R$/kW)

Ponta Fora de Ponta Ponta Fora de Ponta


(P) (F) (P) (F)

Seco Úmido Seco Úmido

Figura 6.6 Tarifação Horo-Sazonal Azul.

Para cada período, o cálculo será o atendida em tensão de fornecimento inferior a 69 kV,
seguinte: caindo para 5% para unidade consumidora atendida
em tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV.

Caso 1 - Demanda registrada inferior à


Para o cálculo da parcela de ajuste de
demanda contratada. Aplica-se a tarifa de
fator de potência, o dia é dividido em duas
demanda correspondente à demanda
partes: horário capacitivo e o restante. Se o
contratada.
fator de potência do consumidor estiver fora
Caso 2 - Demanda registrada superior dos limites estipulados pela legislação,
à demanda contratada, mas dentro da haverá penalização por baixo fator de
tolerância de ultrapassagem (ver nota potência. Se o fator de potência do
abaixo). Aplica-se a tarifa de demanda consumidor estiver dentro dos limites pré-
correspondente à demanda registrada. estabelecidos, esta parcela não é cobrada.
Caso 3 - Demanda registrada superior As tabelas 6.4 a 6.6 apresentam
à demanda contratada e acima da tolerância. exemplos de tarifas de energia elétrica para a
Aplica-se a tarifa de demanda tarifação horo-sazonal azul.
correspondente à demanda contratada, e
soma-se a isso a aplicação da tarifa de Tabela 6.4 Tarifas de energia elétrica para modalidade
ultrapassagem correspondente à diferença de tarifação Horo-sazonal azul – segmento horário -
entre a demanda registrada e a demanda referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
contratada. Ou seja: paga-se tarifa normal ANEEL N° 87/2000 – Quadro B).
pelo contratado, e a tarifa de ultrapassagem
sobre todo o excedente. É importante Tarifa horo-sazonal Azul
salientar que a tarifa de ultrapassagem é Demanda
superior (normalmente 3 a 4 vezes) ao valor Segmento horário (R$/kW)

da tarifa normal de fornecimento. Subgrupo


Ponta
Fora de
ponta

Nota: A tolerância de ultrapassagem de A1 (230 kV ou mais) 9,58 2,00


demanda é uma tolerância dada aos consumidores das A2 (88 a 138 kV) 10,30 2,37
A3 (69 kV) 13,82 3,78
tarifas horo-sazonais para fins de faturamento de
A3a (30 kV a 44 kV) 16,14 5,40
ultrapassagem de demanda (ou seja, quando a
A4 (2,3 kV a 25 kV) 16,74 5,8
demanda medida superar a demanda contratada). Esta AS (subterrâneo) 17,52 8,57
tolerância é de 10% para unidade consumidora

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 165


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Tabela 6.5 Tarifas de energia elétrica para modalidade Opcionalmente, o enquadramento na


de tarifação Horo-sazonal azul – segmento sazonal - tarifação horo-sazonal verde pode ser feito
referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
ANEEL N° 87/2000 – Quadro C).
para as unidades consumidoras com tensão
de fornecimento inferior a 69 kV sempre que
Tarifa horo-sazonal Azul a demanda contratada for inferior a 300 kW.
Consumo O enquadramento nesta modalidade
Segmento sazonal (R$/MWh) tarifária exige um contrato especifico com a
Subgrupo Ponta
concessionária no qual se pactua a demanda
Seca Úmida
pretendida pelo consumidor (demanda
A1 (230 kV ou mais) 54,53 47,69
A2 (88 a 138 kV) 57,77 53,89 contratada), independente da hora do dia
A3 (69 kV) 65,47 58,03 (ponta ou fora de ponta).
A3a (30 kV a 44 kV) 105,86 97,98
A4 (2,3 kV a 25 kV) 109,76 101,59 A Tarifa Verde será aplicada
AS (subterrâneo) 114,88 106,32 considerando a seguinte estrutura tarifária:
Fora de Ponta
Seca Úmida
A1 (230 kV ou mais) 38,59 32,79
A2 (88 a 138 kV) 41,41 37,96
I - demanda de potência (kW): um
A3 (69 kV) 45,11 38,93 preço único.
A3a (30 kV a 44 kV) 50,35 44,51
A4 (2,3 kV a 25 kV) 52,19 46,12 II - consumo de energia (kWh):
AS (subterrâneo) 54,62 48,28
a) um preço para horário de ponta em
período úmido (PU);

Tabela 6.6 Tarifas de energia elétrica para modalidade b) um preço para horário fora de ponta
de tarifação Horo-sazonal azul – tarifas de em período úmido (FU);
ultrapassagem - referente à concessionária CEMIG
(Fonte: resolução ANEEL N° 87/2000 – Quadro D). c) um preço para horário de ponta em
período seco (PS); e
Tarifa de ultrapassagem - Horo-sazonal Azul d) um preço para horário fora de ponta
Demanda em período seco (FS)
(R$/kW)
Segmento horo-sazonal Fora de
Embora não seja explícita, a Resolução
subgrupo
Ponta
ponta 456 permite que sejam contratados dois
Seca ou Seca ou valores diferentes de demanda, um para o
úmida úmida período seco e outro para o período úmido.
A1 (230 kV ou mais) 35,51 7,47
A2 (88 a 138 kV) 38,14 8,71 Não existe contrato diferenciado de
A3 (69 kV) 51,21 14,00 demanda no horário de ponta, como na tarifa
A3a (30 kV a 44 kV) 54,30 18,09
A4 (2,3 kV a 25 kV) 50,21 16,74 azul. Assim, o faturamento da parcela de
AS (subterrâneo) 52,54 25,66 demanda será composto por uma parcela
apenas, relativa ao período seco ou ao
período úmido, usando o mesmo critério do
THS-azul, quanto a eventuais ultrapassagens
6.3.2.2 Tarifação horo-sazonal verde
de demanda contratada.
O enquadramento dos consumidores Para o cálculo da parcela de ajuste de
do Grupo A na tarifação horo-sazonal verde é fator de potência, o dia é dividido em três
obrigatório para tensão de fornecimento partes: horário capacitivo, horário de ponta, e
inferior a 69 kV (subgrupos A3a, A4 e AS) o restante. Se o fator potência do
quando a demanda contratada for igual ou consumidor, registrado ao longo do mês,
superior a 300 kW, em alternativa a tarifação estiver fora dos limites estipulados pela
horo-sazonal azul. legislação, haverá penalização por baixo
fator de potência. Se o fator de fator de

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 166


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potência do consumidor estiver dentro dos Tabela 6.8 Tarifas de energia elétrica para modalidade
limites pré-estabelecidos, esta parcela não é de tarifação Horo-sazonal Verde – segmento sazonal -
referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
cobrada. ANEEL N° 87/2000 – Quadro F).
Assim como na tarifação horo-sazonal
azul, o consumidor poderá optar pelo retorno Tarifa horo-sazonal Verde
à estrutura tarifária convencional, desde que Consumo
seja verificado, nos últimos 11 (onze) ciclos Segmento horo-sazonal (R$/MWh)
de faturamento, a ocorrência de 9 (nove) Subgrupo Ponta
Seca Úmida
registros, consecutivos ou alternados, de
A3a (30 kV a 44 kV) 479,10 471,26
demandas medidas inferiores a 300 kW. A4 (2,3 kV a 25 kV) 496,69 488,54
AS (subterrâneo) 519,79 511,27
As tabelas 6.7 a 6.9 apresentam
Fora de Ponta
exemplos de tarifas de energia elétrica para a Seca Úmida
tarifação horo-sazonal verde. A3a (30 kV a 44 kV) 50,35 44,51
A4 (2,3 kV a 25 kV) 52,19 46,12
AS (subterrâneo) 54,62 48,28
Tabela 6.7 Tarifas de energia elétrica para modalidade
de tarifação Horo-sazonal Verde – segmento horário -
referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
ANEEL N° 87/2000 – Quadro E). Tabela 6.9 Tarifas de energia elétrica para modalidade
de tarifação Horo-sazonal Verde – tarifas de
ultrapassagem - referente à concessionária CEMIG
Tarifa horo-sazonal Verde
(Fonte: resolução ANEEL N° 87/2000 – Quadro G).

Subgrupo
Demanda Tarifa de ultrapassagem - Horo-sazonal Verde
(R$/kW)
Demanda
Segmento horo-sazonal (R$/kW)
A3a (30 kV a 44 kV) 5,40
subgrupo Período Seco ou
A4 (2,3 kV a 25 kV) 5,58
AS (subterrâneo) 8,57 úmido
A3a (30 kV a 44 kV) 18,09
A4 (2,3 kV a 25 kV) 16,74
AS (subterrâneo) 25,66

Tarifa Horo-sazonal
VERDE
(binômia)

Consumo Demanda única


(R$/kWh) (R$/kW)

Ponta Fora de Ponta


(P) (F)

Seco Úmido Seco Úmido

Figura 6.7 Tarifação Horo-Sazonal Verde.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 167


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Tabela 6.10 Quadro comparativo entre as condições de enquadramento das tarifações convencional e horo-sazonal.
Condições para tarifação
Condições para Tarifação Horo-sazonal (THS)
Convencional
Tarifa Compulsória Opcional

Unidades consumidoras com


Unidades consumidoras
Unidades consumidoras com tensão tensão de fornecimento igual ou
do Grupo A com tensão
de fornecimento inferior a 69 kV superior a 69 kV (subgrupos A1, A2
de fornecimento inferior
(subgrupos A3a, A4 e AS) quando a Azul ou A3), independente da demanda
a 69 kV sempre que a
demanda contratada for inferior a 300 contratada ou inferior a 69 kV,
demanda contratada for
kW, desde que não tenham ocorrido, quando a demanda contratada for
inferior a 300 kW.
nos 11 meses anteriores, 3 (três) igual ou superior a 300 kW.
registros consecutivos ou 6 (seis)
registros alternados de demanda Unidades consumidoras com
Unidades consumidoras
superior a 300 kW. Quando este for o tensão de fornecimento inferior a
com tensão de
caso, é obrigatório o enquadramento 69 kV (subgrupos A3a, A4 e AS)
fornecimento inferior a
na Tarifação Horo-Sazonal (THS). Verde quando a demanda contratada for
69 kV sempre que a
igual ou superior a 300 kW, em
demanda contratada for
alternativa a tarifação horo-sazonal
inferior a 300 kW.
azul.

6.3.3 Tarifação monômia Para o cálculo da parcela de ajuste de


fator de potência, o dia é dividido em duas
Na tarifação monômia, o consumidor partes: horário capacitivo e o restante. Se o
paga à concessionária até duas parcelas: fator de potência do consumidor estiver fora
consumo e ajuste de fator de potência. Não dos limites estipulados pela legislação,
há cobrança da Concessionária quanto a haverá penalização por baixo fator de
Demanda. Não existe a divisão do dia em potência. Se o fator de potência do
horário de ponta e fora de ponta. Acumula-se consumidor estiver dentro dos limites pré-
o total de kWh consumidos, e aplica-se uma estabelecidos, esta parcela não é cobrada.
tarifa de consumo para chegar-se à parcela
de faturamento de consumo.
6.4 Demanda, consumo e fator de
No entanto, o custo da Tarifa de potência
Consumo neste Sistema é bastante
acentuado em relação aos demais. O custo
do Consumo é o mesmo praticado para os Demanda é a média das potências
Consumidores do Grupo B, ou seja, dos ativas instantâneas solicitadas à
Consumidores que não possuem concessionária de energia pela unidade
transformadores particulares, dependendo consumidora e integradas num determinado
apenas da sua classificação como comercial, intervalo de tempo (período de integração), e,
industrial, etc. portanto, só existe quando findo este
intervalo (figura 6.8). Em outras palavras, é o
A possibilidade de enquadramento consumo de energia da sua instalação (kWh)
neste Sistema Tarifário está condicionada a dividido pelo tempo no qual se verificou tal
transformadores particulares com potência consumo. É importante salientar que não
de até 112,5 kVA inclusive. Para existe demanda instantânea, o que existe é a
consumidores com transformadores potência instantânea sendo integrada.
superiores a esta potência existem pré-
requisitos a serem analisados. Para faturamento de energia pelas
concessionárias nacionais, se utilizam
intervalos de integração de 15 minutos (em

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 168


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outros países este período varia de 5 a 30


minutos). Assim, a sua demanda de energia
(medida em kW ou MW), é igual ao valor do
consumo registrado a cada intervalo de 15
minutos (medido em kWh ou MWh) dividido
por 1/4 (15 minutos são iguais a 1/4 de hora).

C (kWh)
D(kW ) = (6.1)
1 4h Figura 6.9 Cálculo do consumo “C” (kWh).

Em um mês, ocorrem quase 3000


Tomando-se como exemplo a curva da
intervalos de quinze minutos (30 dias x 24
figura 6.9, pode-se calcular o consumo “C”
horas / 15 minutos = 2880 intervalos), os
(energia) através do cálculo da área indicada,
quais servirão de base para o cálculo de
ou seja:
parte da conta de energia elétrica. A
concessionária cobra pela maior demanda
registrada no mês (ou seja, no período de
faturamento), conhecida como demanda
C = (3 × 100 ) + (3 × 200 ) + (3 × 100 ) + (6 × 200 )
máxima, ainda que tenha sido verificada C = 2400kW . min
apenas uma única vez, sendo no mínimo
igual à contratada.
Na prática, a unidade de medida do
consumo (energia) é o kWh, devendo-se,
portanto, dividir o resultado obtido por 60 (60
minutos = 1h):

2400kW . min
C= = 40kWh
60 min

Figura 6.8 Cálculo da demanda “D” (kW).


Observe que a demanda (potência
média), conforme definida pela expressão
(6.1), é igual ao consumo (energia) dividido
Além da demanda há ainda a fatura do pelo intervalo de integração (15 minutos = ¼
consumo, que nada mais é do que a energia hora):
consumida no mês, medida em kWh. Em
outras palavras, é a energia elétrica
despendida para realizar trabalho num C (kWh) 40
D(kW ) = = = 160kW
determinado período de tempo considerado 1 4h 14
(potência x tempo). Fazendo uma analogia
com a mecânica de movimento é como se o
consumo fosse o espaço percorrido e a A figura 6.10 exemplifica um gráfico
demanda fosse a velocidade média em 15 típico de demanda diária, destacando-se o
minutos. horário de ponta no intervalo entre as 18:00h
Matematicamente, a energia (consumo) e 21:00h. Observa-se que o valor da máxima
é a integral de tempo da potência demanda medida é igual a 7.100 kW e
instantânea. Graficamente, representa a área ocorreu às 9:00h. Os gráficos de demanda
sob a curva potência x tempo (figura 6.9). diária são apresentados através das

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 169


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medições realizadas a cada intervalo de 15 Normalmente, os gráficos


minutos. O gráfico da figura 6.11 ilustra em disponibilizados pelos softwares dos
escala maior o intervalo de medição das 5 controladores de demanda apresentam
(cinco) primeiras horas, onde nota-se também os valores contratuais de demanda e
claramente a representação dos quatro o limite de tolerância de ultrapassagem, além
intervalos de 15 minutos de cada hora das medições da demanda máxima fora de
medida. A figura 6.12 indica o mesmo gráfico ponta e em ponta diárias, semanais, mensais
da figura 6.10, porém representado através ou anuais.
de linha ao invés de barras.
Para o faturamento de energia, o fator
de potência (que, como já visto, é o índice de
eficiência da instalação que mede a
Curva de demanda ativa [kW]
capacidade de converter a potência total
8000
ponta fornecida à instalação – kVA – em potência
7000

6000
que possa realizar trabalho - kW) é registrado
de hora em hora.
Demanda [kW]

5000

4000
Desta maneira, como no caso da
3000

2000
demanda, os mecanismos de tarifação
1000 levarão em conta o pior valor de fator de
0 potência registrado ao longo do mês, dentre
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Tempo [horas] os mais de 700 valores registrados (30 dias x


24h = 720 medições).
Figura 6.10 Exemplo de um gráfico típico de demanda
diária (gráfico de barras). É importante lembrar que, como já
apresentado, cada um dos valores do fator
Curva de demanda ativa [kW] de potência medidos são identificados como
4800 indutivos ou capacitivos (figura 6.13).
4700
4600 Como será visto mais adiante, a multa
Demanda [kW]

4500
4400 aplicada pela concessionária depende não
4300
4200
apenas do valor do fator de potência, mas
4100 também se o mesmo é capacitivo ou indutivo
4000
3900
em um determinado horário do dia.
0 1 2 3 4

Tempo [horas]

Figura 6.11 Exemplo de um gráfico típico de demanda


diária (detalhe da fig. 6.10 para o intervalo 0 – 5h).

Curva de demanda ativa [kW]


Cap Ind
8000
1,00
7000 ponta
6000
0,92 0,92
Valor
Demanda [kW]

5000 medido
4000
3000 0,85
2000 0,85
1000
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Tempo [horas]
0 0

Figura 6.12 Exemplo de um gráfico típico de demanda Figura 6.13 Representação gráfica do fator de potência
diária (gráfico de linha). indutivo e capacitivo.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 170


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períodos em que ele é mais


solicitado;
Posto capacitivo Ponta
d) Redução do consumo de energia
reativa capacitiva nos períodos de
carga leve que provocam elevação de
1,0 tensão no sistema de suprimento,
havendo necessidade de investimento
na aplicação de equipamentos
corretivos e realização de
Figura 6.14 Gráfico típico de fator de potência diário.
procedimentos operacionais nem
sempre de fácil execução;

A figura 6.14 representa um gráfico e) Criação de condições para que os


típico de fator de potência diário, onde os custos de expansão do sistema
valores de fator de potência indutivo estão elétrico nacional sejam distribuídos
representados acima do eixo de simetria (Fp para a sociedade de forma mais justa.
= 1) e os valores de fator de potência
De acordo com a legislação atual, tanto
capacitivo abaixo. O horário de ponta está
a energia reativa indutiva como a energia
destacado (18 às 20h), bem como o horário
reativa capacitiva serão medidas e faturadas.
capacitivo (posto capacitivo).
De fato, todo excesso de energia reativa é
prejudicial ao sistema elétrico, seja o reativo
6.5 A legislação do fator de potência indutivo, consumido pela unidade
consumidora, seja o reativo capacitivo,
A Resolução Nº 456 da Aneel (Agência fornecido à rede pelos capacitores dessa
Nacional de Energia Elétrica), de Novembro unidade. Assim, o tradicional ajuste por baixo
de 2000, estabelece as regras e condições fator de potência deixa de existir, sendo
para medição e faturamento da energia substituído pelo faturamento do excedente de
reativa excedente. O Apêndice A energia reativa indutiva consumida pela
disponibiliza na íntegra o texto desta instalação e do excedente de energia reativa
resolução. capacitiva fornecida à rede da concessionária
pela unidade consumidora.
O fator de potência de referência
estabelecido como limite para cobrança de O controle da potência reativa deve ser
energia reativa excedente por parte da tal que o fator de potência da unidade
concessionária é de 0,92, independente do consumidora seja no mínimo 0,92 (média
sistema tarifário. horária), permanecendo sempre dentro da
faixa que se estende do fator de potência
Estes princípios são fundamentados 0,92 indutivo até 0,92 capacitivo (figura 6.15).
nos seguintes pontos: Isto significa que, para cada kWh de energia
a) Necessidade de liberação da ativa consumida, a concessionária permite a
capacidade do sistema elétrico utilização de 0,425 kVAr de energia reativa
nacional; indutiva ou capacitiva, sem acréscimo no
faturamento.
b) Promoção do uso racional de energia;
c) Redução do consumo de energia
reativa indutiva, que provoca
sobrecarga no sistema das empresas
fornecedoras e concessionárias de
energia elétrica, principalmente nos

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 171


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É importante introduzir os conceitos de


Cap Ind posto capacitivo e posto indutivo, conforme
apresentado nas figuras 6.16 e 6.17.
1,00
0,92 0,92
Valor
medido Capacitivo Indutivo
0,85
0,85
23:30h 6:30h 23:30h

0 0 Figura 6.16 Posto capacitivo e posto indutivo.

Figura 6.15 Representação gráfica da faixa do fator de


potência regulamentada pela Aneel, isenta de
tributação (multa).

Horário
Reativa Capacitiva Reativa Indutiva

Em linhas gerais, para consumidores

Hora do dia

23:30
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:30
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:30
do grupo A, a medição do fator de potência é
compulsória e, para evitar multas, deverá ser
mantido acima de 0,92 indutivo (durante os Figura 6.17 Intervalos de avaliação do consumo de
horários fora de ponta indutivo e de ponta), e energia reativa excedente.
acima de 0,92 capacitivo no horário
capacitivo. Para unidades consumidoras do
Grupo B, a medição do fator de potência é Posto Capacitivo é um período de 6
facultativa, sendo admitida a medição horas consecutivas de segunda a domingo,
transitória, desde que por um período mínimo compreendidas, a critério da concessionária,
de 7 (sete) dias consecutivos. entre 23:30h e 06:30, onde ocorre a medição
da energia reativa capacitiva.
A determinação do fator de potência
poderá ser feita através de duas formas
distintas: Cap Ind
a) Avaliação horária 1,00
0,92 0,92
Valor
O fator de potência será calculado medido
através dos valores de energia ativa e reativa 0,85
0,85
medidos a cada intervalo de 1 hora, durante
o ciclo de faturamento.
b) Avaliação mensal 0 0

Neste caso, o fator de potência será Figura 6.18 Representação gráfica da faixa do fator de
calculado através de valores de energia ativa potência (período capacitivo) regulamentada pela
Aneel, isenta de tributação.
e reativa medidos durante o ciclo de
faturamento.
Segundo a legislação vigente da Aneel, Neste período, as instalações devem
todos os consumidores pertencentes ao manter seu fator de potência acima de 0,92
sistema tarifário horo-sazonal serão Capacitivo (para evitar multas), lembrando
faturados, tomando como base a avaliação que o excesso de capacitores na rede
horária do fator de potência. Para os elétrica poderá levar o fator de potência
consumidores pertencentes ao sistema abaixo de 0,92 capacitivo, acarretando o
tarifário convencional, a avaliação do fator de pagamento de multas por excedentes
potência em geral deverá ser feita pelo reativos nas contas de energia. Neste
sistema de avaliação mensal. período, somente o fator de potência

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 172


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capacitivo é passivo de cobrança de e evitando assim, o pagamento de multas por


excedentes, o que significa dizer que se o baixo fator de potência. Assim, é importante
fator de potência estiver baixo, porém observar que, nas instalações com correção
indutivo, os excedentes não são cobrados. de fator de potência através de capacitores,
os mesmos devem ser desligados conforme
Por outro lado, Posto Indutivo é o
se desativam as cargas indutivas, de forma a
período de 18 horas complementares ao
manter uma compensação equilibrada entre
Posto Capacitivo de segunda a domingo, ou
reativo indutivo e capacitivo.
seja, das 06:30 às 23:30, onde ocorre a
medição da energia reativa indutiva. Os mesmos critérios de faturamento
aplicados ao excedente de reativo indutivo
Neste período, as instalações devem
serão aplicados ao excedente do reativo
manter seu fator de potência acima de 0,92
capacitivo. O cálculo das sobretaxas (multas)
Indutivo (para evitar multas), lembrando que
por baixo fator de potência serão tratados
a falta de capacitores na rede elétrica poderá
com maiores detalhes na seção 6.5.2.
levar o fator de potência abaixo de 0,92
indutivo, também acarretando o pagamento A curva da figura 6.20 e a tabela 6.11
de multas por excedentes reativos nas exemplificam os intervalos de avaliação do
contas de energia. Neste período, somente o consumo de energia reativa excedente para
fator de potência indutivo é passivo de uma instalação elétrica com postos
cobrança de excedentes, o que significa dizer capacitivo e indutivo definidos pela
que se o fator de potência estiver baixo, concessionária para os períodos de 0:00 às
porém capacitivo, os excedentes não são 6:00h e de 6:00 às 24:00h, respectivamente.
cobrados. Observando-se a figura 6.20, nota-se que no
intervalo das 4 às 6 horas não será
contabilizado o excedente de energia reativa
indutiva, nem no intervalo das 11 às 13 horas
Cap Ind e das 20 às 24 horas o excedente de energia
reativa capacitiva.
1,00
0,92 0,92
Valor
medido

0,85
kVAr indutivo
0,85

0 0
horas
Figura 6.19 Representação gráfica da faixa do fator de 0
4 6 11 13 20 24
potência (período indutivo) regulamentada pela Aneel,
isenta de tributação.

Resumidamente, para evitar a cobrança capacitivo


de multa na conta de energia, pode-se dizer
que: no período indutivo, devem ser ligados
os capacitores; no período capacitivo, os Figura 6.20 Exemplo de intervalos de avaliação do
consumo de energia reativa excedente em uma
capacitores podem ser desligados. instalação elétrica.
Desta maneira, o fator de potência deve
ser monitorado constantemente nos Postos
Capacitivo e Indutivo, atuando
automaticamente (através de controladores)
sobre bancos de capacitores, de forma a
manter o fator de potência sempre adequado

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 173


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Tabela 6.11 Avaliação da curva de energia reativa da Denomina-se por “importe” o total da
figura 7.20. fatura do consumidor exclusive os tributos,
Período Avaliação
sendo calculada, de maneira genérica, por:
Período de 0 às 4 h Excedente de energia reativa
capacitiva: valores pagos I = [(D × TD ) + (C × TC )]ph / ps + Aj (6.1a)
para FP < 0,92 capacitivo.
Período de 4 às 6 h Excedente de energia reativa
indutiva: valores não pagos Onde,
Período de 6 às 11 h Excedente de energia reativa
indutiva: valores pagos para I = importe (R$);
FP < 0,92 indutivo
Período de 11 às 13 h Excedente de energia reativa D = demanda medida ou contratada, o maior
capacitiva: valores não valor entre ambos (kW);
pagos, independentemente
do valor de FP capacitivo. TD = tarifa de demanda (R$/kW);
Período de 13 às 20 h Excedente de energia reativa
indutiva: valores pagos para
C= consumo medido (kWh);
FP < 0,92 indutivo. TC = tarifa de consumo (R$/kWh);
Período de 20 às 24 h Excedente de energia reativa
capacitiva: valores não ph = posto horário (ponta/fora de ponta);
pagos, independentemente
do valor de FP capacitivo. ps = posto sazonal (seco/úmido);
Aj = ajustes por violação de parâmetros.
De forma simplista, as faturas de
energia elétrica são compostas da soma de
dois grupos de faturamento (além dos A tarifa de consumo deve cobrir todas
encargos e tributos – ICMS, PIS/COFINS): as despesas de geração, mediante uma tarifa
de energia mais os encargos incidentes
a) parcelas referente ao consumo e sobre a parcela “consumo”. A tarifa de
demandas ativas (incluindo a sobretaxa por demanda deve cobrir todas as despesas de
ultrapassagem de demanda contratada) – ver transporte (transmissão e distribuição),
seção 6.5.1; mediante uma tarifa “fio” acrescida dos
b) parcelas referente ao consumo e encargos incidentes sobre a parcela
demandas reativas excedentes, quando “demanda”.
pertinente (não há sobretaxa de Dependendo do tipo de tarifação, a
ultrapassagem para a demanda reativa) – ver expressão de cálculo do importe sobre
seção 6.5.2. variações, as quais serão apresentas em
detalhes a seguir.
Tabela 6.12 Composição da conta de energia elétrica.
Faturamento da energia Faturamento da energia
ativa reativa excedente 6.5.1 O faturamento de energia e
Parcela de Consumo de Parcela de Consumo de demanda ativa
energia ativa (Pc) energia reativa excedente
(FER)
Parcela de Demanda de Parcela de Demanda de
energia ativa (Pd) energia reativa excedente 6.5.1.1 A tarifação convencional
(FDR)
Parcela de Parcela de ultrapassagem A conta de energia elétrica desses
Ultrapassagem de para o consumo de energia consumidores é composta da soma de
Demanda (Pu) reativa (FER de parcelas referentes ao consumo, demanda e
ultrapassagem).
ultrapassagem.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 174


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a) Parcela de consumo (PC) c) Parcela de ultrapassagem (PU)

A parcela de consumo é calculada A parcela de ultrapassagem é cobrada


multiplicando-se o consumo medido pela apenas quando a demanda medida
Tarifa de Consumo: ultrapassa em mais de 10% a Demanda
Contratada. É calculada multiplicando-se a
Pc = CA × TCA (6.2) Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da
demanda medida (DA) que supera a
Onde: Demanda Contratada (DF):

Pc = valor do faturamento total (em R$) Pu = (DA − DF ) × TDAu (6.4)


correspondente ao consumo de energia
ativa, no período de faturamento; Onde:
CA = consumo de energia ativa medida
durante o período de faturamento, em kWh; Pu = valor do faturamento total
correspondente a demanda de energia ativa
TCA = tarifa de energia ativa aplicável ao excedente à quantidade permitida, no
fornecimento, em R$/kWh; período de faturamento, em R$;
b) Parcela de demanda (Pd) DA = demanda ativa medida durante o
período de faturamento, em kW;
A parcela de demanda é calculada DF = demanda de energia ativa faturável
multiplicando-se a Tarifa de Demanda pela (contratada) no período de faturamento, em
Demanda Contratada ou pela demanda kW;
medida (a maior delas), caso esta não
ultrapasse em 10% a Demanda Contratada: TDAu = tarifa de ultrapassagem de demanda
de potência ativa aplicável ao fornecimento,
Pd = DF × TDA (6.3) em R$/kW.

Onde: Na tarifação Convencional, a Tarifa de


Ultrapassagem corresponde a três vezes a
Pd = valor do faturamento total (em R$) Tarifa de Demanda.
correspondente à demanda de potência
ativa, no período de faturamento; d) Fatura total
DF = demanda faturável, correspondente a
demanda contratada ou a demanda medida O cálculo do custo da fatura de energia
(a maior delas), caso esta não ultrapasse em elétrica para um consumidor enquadrado na
10% a demanda contratada; tarifação convencional é dado por:
TDA = tarifa de demanda de potência ativa Fatura = Pc + Pd + Pu (6.5)
aplicável ao fornecimento, em R$/kW.
Desta forma, caso a demanda
registrada seja inferior à demanda 6.5.1.2 A tarifação horo-sazonal verde
contratada, aplica-se a tarifa de demanda
correspondente à demanda contratada. Caso A conta de energia elétrica desses
contrário, para a demanda registrada consumidores é composta da soma de
superior à demanda contratada, mas dentro parcelas referentes ao consumo (na ponta e
da tolerância de ultrapassagem, aplica-se a fora dela), demanda e ultrapassagem.
tarifa de demanda correspondente à
demanda registrada.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 175


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a) Parcela de consumo TDA = tarifa de demanda de potência ativa


aplicável ao fornecimento, em R$/kW;
A parcela de consumo, cuja tarifa na
Desta forma, caso a demanda
ponta e fora de ponta é diferenciada por
registrada seja inferior à demanda
período do ano, sendo mais caras no período
contratada, aplica-se a tarifa de demanda
seco (maio à novembro), é calculada através
correspondente à demanda contratada. Caso
da expressão abaixo, observando-se, nas
contrário, para a demanda registrada
tarifas, o período do ano:
superior à demanda contratada, mas dentro
da tolerância de ultrapassagem, aplica-se a
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) (6.6)
tarifa de demanda correspondente à
demanda registrada.
Onde:
c) Parcela de ultrapassagem
Pc = valor do faturamento total (em R$)
correspondente ao consumo de energia A parcela de ultrapassagem é cobrada
ativa, no período de faturamento; apenas quando a demanda medida
ultrapassa em mais de 10% a Demanda
CAP = consumo de energia ativa medido Contratada. É calculada multiplicando-se a
durante o período de ponta, em kWh; Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da
TCAP = tarifa de energia ativa aplicável ao demanda medida (DA) que supera a
consumo no período de ponta, em R$/kWh; Demanda Contratada (DF):
CAFP = consumo de energia ativa medido
Pu = (DA − DF ) × TDAu (7.7)
durante o período fora de ponta, em kWh;
TCAFP = tarifa de energia ativa aplicável ao
consumo no período fora de ponta, em Onde:
R$/kWh;
Pu = valor do faturamento total
b) Parcela de demanda correspondente a demanda de energia ativa
excedente à quantidade contratada, no
A parcela de demanda, cuja tarifa é período de faturamento, em R$;
única, independente da hora do dia ou DA = demanda ativa medida durante o
período do ano, é calculada multiplicando-se período de faturamento, em kW;
a Tarifa de Demanda pela Demanda
DF = Demanda de energia ativa faturável
Contratada ou pela demanda medida (a
maior delas), caso esta não ultrapasse em (contratada) no período de faturamento, em
mais de 10% a Demanda Contratada: kW;
TDAu = tarifa de ultrapassagem de demanda
Pd = (DF × TDA) (6.7) de potência ativa aplicável ao fornecimento,
em R$/kW.
Onde: d) Fatura total
Pd = valor do faturamento total (em R$) O cálculo do custo da fatura de energia
correspondente a demanda de energia ativa, elétrica para um consumidor enquadrado na
no período de faturamento; tarifação horo-sazonal verde é dado por:
DF = demanda faturável, correspondente a
demanda contratada ou a demanda medida Fatura = Pc + Pd + Pu (6.9)
(a maior delas), caso esta não ultrapasse em
10% a demanda contratada;

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 176


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6.5.1.3 A tarifação horo-sazonal azul ponta, de acordo com as tolerâncias de


ultrapassagem):
A conta de energia elétrica desses
consumidores é composta da soma de Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP ) (6.11)
parcelas referentes ao consumo, demanda e
ultrapassagem. Em todas as parcelas
observa-se a diferenciação entre horas de Onde:
ponta e horas fora de ponta.
Pd = valor do faturamento total (em R$)
a) Parcela de consumo correspondente a demanda de energia ativa,
no período de faturamento;
A parcela de consumo, cuja tarifa na DFP = Demanda de energia ativa faturável
ponta e fora de ponta é diferenciada por (contratada) no período de ponta, em kW, ou
período do ano, sendo mais caras no período a demanda medida na ponta, de acordo com
seco (maio à novembro), é calculada através as tolerâncias de ultrapassagem (utilizar o
da expressão abaixo, observando-se, nas maior dos valores);
tarifas, o período do ano:
TDAP = tarifa de demanda de potência ativa
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) (6.10) aplicável ao fornecimento no período de
ponta, em R$/kW;
DFFP = Demanda de energia ativa faturável
Onde:
(contratada) no período de fora de ponta, em
Pc = valor do faturamento total (em R$)
kW, ou a demanda medida fora de ponta, de
correspondente ao consumo de energia acordo com as tolerâncias de ultrapassagem
ativa, no período de faturamento; (utilizar o maior dos valores);

CAP = consumo de energia ativa medido TDAFP = tarifa de demanda de potência ativa
durante o período de ponta, em kWh; aplicável ao fornecimento no período fora de
ponta, em R$/kWh;
TCAP = tarifa de energia ativa aplicável ao
consumo no período de ponta (diferenciada Aqui também, caso a demanda
por período do ano – seco/úmido), em registrada seja inferior à demanda
R$/kWh; contratada, deve-se aplicar a tarifa de
demanda correspondente à demanda
CAFP = consumo de energia ativa medido contratada. Caso contrário, para a demanda
durante o período fora de ponta, em kWh; registrada superior à demanda contratada,
TCAFP = tarifa de energia ativa aplicável ao mas dentro da tolerância de ultrapassagem,
consumo no período fora de ponta aplica-se a tarifa de demanda
(diferenciada por período do ano – correspondente à demanda registrada.
seco/úmido), em R$/kWh;
c) Parcela de ultrapassagem
b) Parcela de demanda
A parcela de ultrapassagem é cobrada
A parcela de demanda, cuja tarifa não é apenas quando a demanda medida
diferenciada por período do ano, é calculada ultrapassa a Demanda Contratada acima dos
somando-se o produto da Tarifa de Demanda limites de tolerância. Esses limites são de 5%
na ponta pela Demanda Contratada na ponta para os subgrupos A1, A2 e A3 e de 10%
(ou pela demanda medida na ponta, de para os demais subgrupos.
acordo com as tolerâncias de ultrapassagem) O cálculo da parcela de ultrapassagem
e ao produto da Tarifa de Demanda fora da é obtido multiplicando-se a Tarifa de
ponta pela Demanda Contratada fora de Ultrapassagem pelo valor da demanda
ponta (ou pela demanda medida fora de medida que supera a Demanda Contratada:

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 177


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Pu = [(DAP − DFP ) × TDAuP ] + A parcela de consumo é calculada


(6.12)
+ [(DAFP − DFFP ) × TDAuFP ] multiplicando-se o consumo medido pela
Tarifa de Consumo:

Onde: Pc = CA × TCA (6.14)

Pu = valor do faturamento total


correspondente a demanda de energia ativa Onde:
excedente à quantidade contratada, no
Pc = valor do faturamento total (em R$)
período de faturamento, em R$;
correspondente ao consumo de energia
DAP = demanda ativa medida durante o ativa, no período de faturamento;
período de ponta, em kW;
CA = consumo de energia ativa medida
DFP = Demanda de energia ativa faturável durante o período de faturamento, em kWh;
(contratada) no período de ponta, em kW;
TCA = tarifa de energia ativa aplicável ao
TDAuP = tarifa de ultrapassagem de demanda fornecimento, em R$/kWh;
de potência ativa aplicável ao fornecimento
no período de ponta, em R$/kW.
EXEMPLO 6.1 Desenvolva o estudo do cálculo das
DAFP = demanda ativa medida durante o faturas para cada uma das estruturas tarifárias de uma
período fora de ponta, em kW; unidade consumidora com as seguintes características:
DFFP = Demanda de energia ativa faturável
ƒ Tarifas conforme tabela 6.13 (para tarifação
(contratada) no período de fora de ponta, em monômia, considerar R$ 0,16706 kWh);
kW;
ƒ Carga instalada com demandas individuais e
TDAuFP = tarifa de ultrapassagem de horários de operação diários idênticos e iguais a
demanda de potência ativa aplicável ao Tabela 6.14;
fornecimento no período fora de ponta, em ƒ Funcionamento apenas nos dias úteis (segunda a
R$/kW. sexta-feira);
ƒ Mês de maio, portanto, período seco;
d) Fatura total
ƒ Horário de ponta: 19:00 às 22:00 h;

O cálculo do custo da fatura de energia ƒ Não há reativos excedentes na instalação nem


elétrica para um consumidor enquadrado na ultrapassagem de demanda contratada.
tarifação horo-sazonal azul é dado por:
Tabela 6.13 Tarifas de energia elétrica subgrupo
Fatura = Pc + Pd + Pu (6.13) A4/B3.
Demanda
Consumo
ultrapas. Demanda (R$/kW)
(R$/kWh)
(R$/kW)
Sistema
6.5.1.4 A tarifação monômia tarifário
P FP P FP
P FP

Seca Úmida Seca Úmida

A conta de energia elétrica desses Azul


Verde
50,21
16,74
16,74
16,74
16,74
5,58
5,58
5,58
0,1098
0,4967
0,1016
0,4885
0,0522
0,0522
0,0461
0,0461
consumidores é composta apenas da parcela Conv.
Monômio
6,33
0,00
6,33
0,00
6,33
0,00
6,33
0,00
0,0929
0,1670
0,0929
0,1670
0,0929
0,1670
0,0929
0,1670
referentes ao consumo. Notas:

1) Tarifas para o Sistema MONÔMIO consideradas a da classe comercial;

a) Parcela de consumo 2) Tabela com tarifas da CEMIG do grupo A4 para AZUL, VERDE e CONVENCIONAL e do Grupo
B3 Comercial para Monômio;
3) P = Ponta e FP = Fora de Ponta.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 178


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Tabela 6.14 Curva de carga diária da instalação.


Dia: 06
Mês: Abril Período de funcionamento diário da carga (horas)
Ano: 2005

Tempo (h)
Demanda (kW)
Tipo da carga

19 20 21 22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 23 24

PONTA

Ilum. Escrit. 10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Ilum. Fábrica 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Estufa 40 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Prensa 1 20 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Prensa 2 20 1 1 1 1 1 5
Forno 1 30 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Forno 2 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 1 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 2 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Bomba 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
205

185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165

85

85

85

85
Total de kW
0

0
2.215

Total de
185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165

85

85

85

85
0

0
kWh

Solução: Fatura = Pc + Pd = R$5.699,53

Da tabela 6.14 podemos tirar os seguintes dados: b) Sistema Horo-sazonal Azul

ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW


ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW De (6.10):

ƒ Consumo total na ponta = 255 kWh Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )


ƒ Consumo total fora de ponta = 1.960 kWh Pc = (5.610 × 0,10976 ) + (43.120 × 0,05219 ) = R$2.866,19
ƒ Consumo total da unidade = 2.215 kWh
De (6.11):
Considerando que a unidade consumidora não opera
aos sábados e domingos, será considerado para um Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP )
mês o total de 22 dias úteis. Desta forma:
Pd = (85 × 16,74 ) + (185 × 5,58) = R$2.455,20
ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW Logo, a fatura total será, de (6.13):

ƒ Consumo total na ponta = 5.610 kWh Fatura = Pc + Pd = R$5.321,39


ƒ Consumo total fora de ponta = 43.120 kWh
c) Sistema horo-sazonal verde
ƒ Consumo total da unidade = 48.730 kWh
De (6.6):
a) Sistema Convencional Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )

Pc = (5.610 × 0,496) + (43.120 × 0,05219) = R$5.032,99


De (6.2):
Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,09293 = R$4.528,43 De (6.7):
Pd = (DF × TDA )
De (6.3):
Pd = (185 × 5,58 ) = R$1.032,03
Pd = DF × TDA = 185 × 6,33 = R$1.171,05

Logo, a fatura total será, de (6.9):


Logo, a fatura total será, de (6.5):

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 179


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Fatura = Pc + Pd = R$6.065,19 potência) proveniente das instalações dos


consumidores.
d) Sistema Monômio
As contas de energia elétrica podem
De (6.14): incluir multas por fator de potência, que não
Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,16706 = R$8.140,83 são facilmente identificadas pelo consumidor
industrial, comercial ou institucional. Verifique
Logo, a fatura total será: cuidadosamente se existe algum lançamento
Fatura = Pc = R$8.140,83 do tipo "demanda reativa excedente" ou
"energia reativa excedente", geralmente
Resumindo, teríamos o seguinte quadro comparativo denotadas por siglas como UFDR e UFER.
de custos:
As multas de fator de potência podem
ƒ Sistema Azul = R$ 5.321,39 ser originadas por 3 causas básicas:
ƒ Sistema Convencional = R$ 5.699,53 a) Falta de capacitores entre 6h e
ƒ Sistema Verde = R$ 6.065,29 30min e 23h e 30min (horário "indutivo");
ƒ Sistema Monômio = R$ 8.140,83 b) Excesso de capacitores entre 23h e
30min e 6h e 30min (horário "capacitivo");
6.5.2 O faturamento de energia e c) Uma combinação das anteriores.
demanda reativas excedentes Para eliminar as multas basta corrigir o
fator de potência para que fique dentro dos
A resolução 456 estabelece que o fator limites estabelecidos em função dos horários
de potência de referência "fr", indutivo ou "indutivo" e "capacitivo".
capacitivo, terá como limite mínimo permitido,
para as instalações elétricas das unidades O valor da multa é significativa, como
consumidoras, o valor de fr = 0,92. veremos, e será tanto maior quanto mais
baixo for o fator de potência da instalação.
Tabela 6.15 Definição do limite mínimo permitido do A multa é decorrente de duas parcelas.
fator de potência em outros países. A primeira parcela refere-se ao Faturamento
de Demanda de Reativo Excedente (FDR).
País Limite mínimo permitido para o Fp
A segunda parcela refere-se ao
Espanha 0,92 Faturamento de Energia de Reativo
Coréia 0,93
Excedente (FER). Estas parcelas são
França 0,93
Portugal 0,93 calculadas pelas expressões apresentadas
Bélgica 0,95 nos itens 6.5.1.1 e 6.5.1.2, dependentes do
Argentina 0,95 tipo de avaliação (horária ou mensal).
Alemanha 0,96
Suiça 0,96 Em todas as modalidades tarifárias,
sobre a soma das parcelas incide o ICMS,
com alíquotas variando entre 20 e 25%,
A cobrança do reativo excedente dependendo do Estado. As tarifas são
(devido ao baixo fator de potência), ou, em diferenciadas por concessionária e os
outras palavras, a multa, é um adicional reajustes tarifários anualmente homologados
praticado pela concessionária aos pela Aneel. Os valores das tarifas podem ser
consumidores, justificada pelo fato de que obtidos através da Internet, no endereço
esta necessita manter o seu sistema elétrico http://www.aneel.gov.br/defaultinf.htm.
com um dimensionamento maior do que o
realmente necessário e investir em É importante salientar mais uma vez
equipamentos corretivos, apenas para suprir que não existe cobrança de ultrapassagem
o excesso de energia reativa (baixo fator de para a demanda reativa.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 180


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6.5.2.1 Avaliação horária do fator de DF(p) = demanda de potência ativa faturável


potência em cada posto horário "p" no período de
faturamento, em kW (deve ser o maior valor
Para unidade consumidora faturada na entre a demanda contratada, a demanda
estrutura tarifária horo-sazonal ou na medida e aquela correspondente a 85% da
estrutura tarifária convencional com medição maior demanda dos últimos 11 meses);
apropriada, o faturamento correspondente ao
TDA(p) = tarifa de demanda de potência ativa
consumo de energia elétrica e à demanda de
aplicável ao fornecimento em cada posto
potência reativas excedentes, será calculado
horário "p", em R$/kW;
de acordo com as expressões (6.15) e (6.16).
MAX = função que identifica o valor máximo
A avaliação horária do fator de potência é
da fórmula, dentro dos parênteses
calculada através dos valores da energia
correspondentes, em cada posto horário "p";
ativa e reativa medidos a cada intervalo de 1
(uma) hora, durante o ciclo de faturamento. t = indica intervalo de 1 (uma) hora, no
período de faturamento;
p = indica posto horário, ponta ou fora de
n
⎡ ⎛ fr ⎞⎤
FER ( p ) = ∑ ⎢CAt × ⎜⎜ − 1⎟⎟⎥ × TCA( p ) (6.15) ponta, para as tarifas horo-sazonais ou
t =1 ⎣ ⎝ ft ⎠⎦ período de faturamento para a tarifa
convencional;
n = número de intervalos de integralização
⎡ ⎛ fr ⎞ ⎤ "t", por posto horário "p", no período de
FDR ( p ) = ⎢ MAX tn=1 ⎜⎜ DAt × ⎟⎟ − DF ( p ) ⎥ × TDA( p ) (6.16) faturamento.
⎣ ⎝ ft ⎠ ⎦
fr = fator de potência de referência igual a
onde: 0,92;
ft = fator de potência da unidade
consumidora, calculado em cada intervalo "t"
FER(p) = valor do faturamento (em R$), por de 1 (uma) hora, durante o período de
posto horário "p", correspondente ao faturamento.
consumo de energia reativa excedente à
quantidade permitida pelo fator de potência Na prática, o fator de potência é obtido por
de referência "fr", no período de faturamento; medição das energias ativa e reativa
consumidas e é definido como o cosseno do
CAt= consumo de energia ativa medida em ângulo cuja tangente é o quociente da
cada intervalo de 1 (uma) hora "t", durante o energia reativa indutiva ou capacitiva (kVArh)
período de faturamento, em kWh; pela energia ativa (kWh), ambas verificadas
TCA(p) = tarifa de energia ativa (consumo), por posto horário em unidades faturadas na
aplicável ao fornecimento em cada posto estrutura horo-sazonal, ou durante o período
horário "p", em R$/kWh; de faturamento para as unidades faturadas
na tarifa convencional com medição
FDR(p) = valor do faturamento (em R$), por apropriada, ou seja:
posto horário "p", correspondente à demanda
de potência reativa excedente à quantidade
⎡ ⎛ Erh ⎞⎤
permitida pelo fator de potência de referência ft = cos ⎢arctg ⎜ ⎟⎥ (6.17)
"fr" no período de faturamento; ⎣ ⎝ Eah ⎠⎦

DAt = demanda de potência ativa medida no Onde,


intervalo de integralização de 1 (uma) hora
"t", durante o período de faturamento, em Erh = energia reativa indutiva ou capacitiva
kW; medida a cada intervalo de 1 hora, em
kVArh;

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 181


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Eah = energia ativa medida a cada intervalo Isto posto, conclui-se que a correção do
de 1 hora, em kWh; Fp deve levar em conta o "tipo" de medição
que a concessionária efetua na instalação
elétrica, sob pena da correção não surtir o
Alguns aspectos importantes devem ser efeito esperado e ao final do mês aparecer
observados: cobrança de reativo excedente na fatura de
energia elétrica da instalação elétrica
1. O sistema de medição da concessionária corrigida (mau corrigida).
não vai medir o Fp, o que ele fará é
dimensioná-lo em função da energia ativa Nas expressões (6.15) e (6.16), serão
consumida (kWh) e da energia reativa considerados:
consumida (kVArh ou kQh) pela a) durante o período de 6 horas
instalação elétrica e que serão medidas; consecutivas, compreendido, a critério da
2. O sistema de medição da concessionária concessionária, entre 23 h e 30 min e 06 h e
integraliza a cada período "T" o valor da 30 min (posto capacitivo), apenas os fatores
energia ativa e reativa consumida pela de potência "ft" inferiores a 0,92 capacitivo,
instalação elétrica, portanto, a cada verificados em cada intervalo de 1 (uma)
período "T" o Fp terá um valor próprio já hora "t"; O período de 6 (seis) horas deverá
que a porção da carga instalada da ser informado pela concessionária aos
instalação elétrica em operação pode respectivos consumidores com antecedência
variar para cada "T"; mínima de 1 (um) ciclo completo de
faturamento (figura 6.18).
3. Os valores de Fp para cada período "T"
podem ser significativamente diferentes. b) durante o período diário
Imagine o que ocorre com o Fp nas complementar ao definido na alínea anterior
empresas que fecham no intervalo do (posto indutivo), apenas os fatores de
meio-dia, nas que não tem turno de potência "ft" inferiores a 0,92 indutivo,
revezamento e que operam até às 18 verificados em cada intervalo de 1 (uma)
horas, nas que não operam nos sábados, hora "t" (figura 6.19).
domingos e feriados, etc;
Importante:
4. Desta forma, a correção está diretamente
vinculada ao período "T" e, Os consumidores do Grupo A, tarifa verde, pagam o
evidentemente, aos módulos das consumo de energia reativa na ponta e fora de ponta
energias ativa e reativa envolvida em (FER) e a demanda reativa (FDR); por outro lado, os
cada período "T"; consumidores enquadrados na tarifa azul pagam tanto
o consumo de energia reativa (FER) quanto da
5. Observe também, que a potência reativa demanda reativa (FDR), para as horas de ponta e fora
fornecida pelo banco de capacitores (Qc) de ponta.
não pode ser maior que a potência
reativa requerida pela carga (Q), sob Havendo montantes de energia elétrica
pena de, do ponto de vista da medição, estabelecidos em contrato, o faturamento
ela "enxergar" a carga como capacitiva, correspondente ao consumo de energia
já que o excedente da potência reativa reativa, verificada por medição apropriada,
gerada pelos bancos de capacitores (Q - que exceder às quantidades permitidas pelo
Qc) retornará para o sistema elétrico da fator de potência de referência "fr", será
concessionária. Se esta potência reativa calculado de acordo com a expressão:
de retorno for significativa, embora
inverta o sinal do Fp de negativo (carga
indutiva) para positivo (carga capacitiva) ⎡⎛ n CAt × fr ⎞ ⎤
FER ( p ) = ⎢⎜⎜ ∑ ⎟⎟ − CF ( p ) ⎥ × TCA( p ) (6.18)
ele também poderá ser menor ou igual a ⎣⎝ t =1 ft ⎠ ⎦
0,92, logo, a multa também será cobrada.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 182


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onde: tarifas de energia elétrica conforme tabela 7.16 e cuja


avaliação de carga num período de 24 horas está
expressa na tabela 7.17.

FER(p) = valor do faturamento, por posto


horário "p", correspondente ao consumo de Tabela 6.16 Tarifas de energia elétrica.
energia reativa excedente à quantidade
permitida pelo fator de potência de referência Tarifa horo-sazonal Azul

"fr", no período de faturamento;


Demanda Consumo
CAt = consumo de energia ativa medida em Subgrupo
(R$/kW) (R$/MWh)

cada intervalo de 1 (uma) hora "t", durante o Ponta Fora de Ponta


Fora de
período de faturamento; Ponta
Ponta
Seca Úmida Seca Úmida
A4 16,74 5,58 109,76 101,59 52,19 46,12
fr = fator de potência de referência igual a
0,92;
Dados:
ft = fator de potência da unidade
consumidora, calculado em cada intervalo "t" ƒ Período de ponta: entre 17 e 20 h;
de 1 (uma) hora, durante o período de ƒ Grupo tarifário: A4, THS-Azul;
faturamento;
ƒ Período: seco;
CF(p) = consumo de energia elétrica ativa ƒ Demanda contratada na ponta: 210 kW (intervalo
faturável em cada posto horário "p" no de integração de 15 min);
período de faturamento;
ƒ Demanda contratada fora da ponta: 3.500 kW
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao (intervalo de integração de 15 min);
fornecimento em cada posto horário "p". ƒ As leituras consideradas na tabela 6.17 são
constantes para os 22 dias do mês durante os
Importante: quais a indústria trabalha;
ƒ Considerar que houve um erro no controle da
Para fins de faturamento de energia e demanda de manutenção operacional da indústria na conexão e
potência reativas excedentes FER(p), FDR(p), serão desconexão do banco de capacitores, o que
considerados somente os valores ou parcelas positivas permitiu ter excesso de energia reativa indutiva no
das mesmas. Nos faturamentos relativos a demanda de período de ponta e fora de ponta por alguns
potência reativa excedente FDR(p), não serão aplicadas momentos, bem como ter excesso de energia
as tarifas de ultrapassagem. reativa capacitiva em períodos da 0 às 6 horas.

EXEMPLO 6.2 Determinar o faturamento de energia


reativa excedente para uma instalação industrial com
potência instalada de 5.000 kVA em 13,8 kV com

Tabela 6.17 Medidas de carga diária para a instalação do exemplo 6.2.


Valores medidos Valores calculados
Demanda Consumo
Energia reativa Faturamento excedente
(DAt) (CAt)
Fator de Tipo
Demanda Consumo1
Período Valores ativos Indutiva capacitiva potência (Capacitivo/ 0,92 ⎛ 0,92 ⎞
(ft) Indutivo) FDRh = DAt × FERh = CAt × ⎜⎜ − 1⎟⎟
ft ⎝ ft ⎠

kW kWh kVArh [kW] R$


0-1 160 130 --- 420 0,30 C 491 14,0
1-2 120 120 --- 420 0,27 C 409 15,1
2-3 130 130 --- 420 0,30 C 399 14,0
3-4 150 150 --- 40 0,97 C 142 0,0
4-5 130 130 --- 42 0,95 C 126 0,0
5-6 150 150 --- 43 0,96 C 144 0,0
6-7 950 950 1.050 --- 0,67 I 1304 18,5

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 183


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Valores medidos Valores calculados


Demanda Consumo
Energia reativa Faturamento excedente
(DAt) (CAt)
Fator de Tipo
Demanda Consumo1
Período Valores ativos Indutiva capacitiva potência (Capacitivo/ 0,92 ⎛ 0,92 ⎞
(ft) Indutivo) FDRh = DAt × FERh = CAt × ⎜⎜ − 1⎟⎟
ft ⎝ ft ⎠

kW kWh kVArh [kW] R$


7-8 1.600 1.600 910 --- 0,87 I 1692 4,8
8-9 2.300 2.300 915 --- 0,93 I 2275 0,0
9-10 2.300 2.300 830 --- 0,94 I 2251 0,0
10-11 2.500 2.500 850 --- 0,95 I 2421 0,0
11-12 2.500 2.500 1.430 --- 0,87 I 2644 7,5
12-13 800 800 --- 1.500 0,47 C 1566 0,0
13-14 700 700 --- 1.500 0,42 C 1533 0,0
14-15 3.100 3.100 1.000 --- 0,95 I 3002 0,0
15-16 3.250 3.250 1.100 --- 0,95 I 3147 0,0
16-17 3.400 3.400 1.150 --- 0,95 I 3293 0,0
17-18 200 200 120 --- 0,86 I 214 1,5
18-19 200 200 70 --- 0,94 I 196 0,0
19-20 200 180 90 --- 0,89 I 207 0,7
20-21 2.450 2.450 980 --- 0,93 I 2424 0,0
21-22 2.500 2.500 1.050 --- 0,92 I 2500 0,0
22-23 2.150 2.150 850 --- 0,93 I 2127 0,0
23-24 2.100 2.100 810 --- 0,93 I 2077 0,0
Acréscimo na fatura de consumo considerando somente os valores positivos: 76,10
Nota:
1. Não deverão ser considerados na soma final do faturamento de consumo de energia reativa excedente os valores
negativos, sendo os mesmos considerados nulos. Observar que não há pagamento de energia reativa excedente
para fator de potência capacitivo no horário indutivo.

Solução: Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.

a) Demonstração da metodologia de cálculo da


demanda (kW) e consumo (R$) para alguns pontos do 3- período: das 4 às 5 horas
ciclo de carga:
0,92
FDRh = 130 × = 126kW
0,95
1- período: da 0 à 1 hora ⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢130 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = − R$0,20
FDRh = 160 ×
0,92
= 491kW ⎣ ⎝ 0,95 ⎠⎦
0,30
FERh = R$0,00
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢130 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$14,00 Os valores negativos não são considerados na soma
⎣ ⎝ 0,30 ⎠⎦ final do faturamento de consumo de energia reativa
excedente, sendo, portanto, nulos.
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
2- período: da 1 às 2 horas
4- período: das 11 às 12 horas
0,92
FDRh = 120 × = 409 kW
0,27 0,92
FDRh = 2.500 × = 2.644kW
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤ 0,87
FERh = ⎢120 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$15,01
⎣ ⎝ 0,27 ⎠⎦ ⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢2.500 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$7,50
⎣ ⎝ 0,87 ⎠⎦

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 184


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5- período: das 13 às 14 horas Na ponta:

FDRh = 700 ×
0,92
= 1.533kW ⎡ ⎛ fr ⎞ ⎤
0,42 FDRP = ⎢ MAX tn=1 ⎜⎜ DAt × ⎟⎟ − DFP ⎥ × TDAP
⎣ ⎝ ft ⎠ ⎦
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢700 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$43,50 ⎡⎛ ⎤
⎝ 0,42 ⎠⎦ 0,92 ⎞
⎣ FDRP = ⎢⎜ 200 × ⎟ − 210 ⎥ × 16,74
FERh = R$0,00 ⎣⎝ 0,86 ⎠ ⎦

Como o fator de potência é capacitivo no horário FDRFP = R$66,18


indutivo, não há pagamento de energia reativa
excedente. Nesta situação, o sistema elétrico será c) Cálculo da fatura total
beneficiado pelo excesso de energia capacitiva injetada
na rede pela instalação industrial. Fatura = FDRP + FDRFP + ∑ FERP + ∑ FERFP
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
Fatura = 66,18 + 0,00 + (22 × R$2,20 ) + (22 × R$73,90 )

6- período: das 17 às 18 horas Fatura = R $1.740,38

0,92
FDRh = 200 × = 214 kW 6.5.2.2 Avaliação mensal do fator de
0,86

potência
⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢200 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,10976 = R$1,53
⎣ ⎝ 0,86 ⎠⎦ Para unidade consumidora faturada na
Obs: utilizar a tarifa de consumo P/seca. estrutura tarifária convencional, o
faturamento correspondente ao consumo de
7- período: das 21 às 22 horas energia elétrica e à demanda de potência
reativas excedentes, será calculado de
0,92 acordo com as expressões (6.19) e (6.20).
FDRh = 2.500 × = 2.500kW
0,92 Enquanto não forem instalados
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤ equipamentos de medição que permitam a
FERh = ⎢2.500 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$0,00
⎣ ⎝ 0,92 ⎠⎦ aplicação das expressões (6.15) e (6.16), de
acordo com a conveniência da
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
concessionária, a concessionária poderá
realizar o faturamento de energia e demanda
b) Acréscimo na fatura mensal de potência reativas excedentes utilizando as
expressões (6.19) e (6.20).
A aplicação da expressão (6.16) necessita da obtenção
dos valores máximos da expressão DAt × 0,92 obtidos Na avaliação mensal, o fator de
ft potência será calculado através de valores
da tabela (6.17), no período fora de ponta e de ponta médios de energia ativa e reativa medidos
correspondem, respectivamente, aos intervalos das 16 durante o ciclo de faturamento. Nesse caso,
às 17 h (3.293 kW) e das 17 às 18 h (214 kW). Desta
forma, o acréscimo na fatura (multa), nessas
serão medidas a energia ativa e reativa
condições, aplicando-se as tarifas da tabela 6.15, vale: indutiva durante o período de 30 dias.

Fora de ponta:
⎛ fr ⎞ (6.19)
FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA
⎡ ⎛ fr ⎞ ⎤ ⎝ f m ⎠
FDRFP = ⎢ MAX tn=1 ⎜⎜ DAt × ⎟⎟ − DFFP ⎥ × TDAFP
⎣ ⎝ ft ⎠ ⎦
Por outro lado, a parcela de consumo é
⎡⎛ 0,92 ⎞ ⎤ calculada multiplicando-se o consumo
FDRFP = ⎢⎜ 3.400 × ⎟ − 3.500⎥ × 5,58
⎣⎝ 0,95 ⎠ ⎦ medido pela Tarifa de Consumo:

FDRFP = − R$1.157,00 = R$0,00 ⎛ fr ⎞


FDR = ⎜⎜ DM × − DF ⎟⎟ × TDA (6.20)
⎝ fm ⎠

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 185


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onde: Onde:

FER = valor do faturamento total (em R$) FER = valor do faturamento total
correspondente ao consumo de energia correspondente ao consumo de energia
reativa excedente à quantidade permitida reativa excedente à quantidade permitida
pelo fator de potência de referência, no pelo fator de potência de referência, no
período de faturamento; período de faturamento, em R$;
CA = consumo de energia ativa registrada no CA = consumo de energia ativa registrada no
mês, em kWh; mês, em kWh;
CR = consumo de energia reativa registrada fr = fator de potência de referência igual a
no mês, em kVArh; 0,92;
fr = fator de potência de referência igual a fm = fator de potência indutivo médio das
0,92; instalações elétricas da unidade
consumidora, calculado para o período de
fm = fator de potência indutivo médio das
faturamento;
instalações elétricas da unidade
consumidora, calculado para o período de CF = consumo de energia elétrica ativa
faturamento: faturável no mês, em kWh;

fm =
CA (6.21) TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao
(CA 2
+ CR 2
) fornecimento, em R$/kWh.

TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao


fornecimento, em R$/kWh; Importante:
FDR = valor do faturamento total (em R$)
correspondente à demanda de potência Para fins de faturamento de energia e demanda de
reativa excedente à quantidade permitida potência reativas excedentes FER e FDR, serão
considerados somente os valores ou parcelas positivas
pelo fator de potência de referência, no das mesmas. Nos faturamentos relativos a demanda de
período de faturamento; potência reativa excedente FDR, não serão aplicadas
as tarifas de ultrapassagem.
DM = demanda de potência ativa máxima
registrada no mês, em kW; EXEMPLO 6.3 Suponha uma instalação elétrica
DF = demanda de potência ativa faturável no (consumidor monômio, tarifa convencional, subgrupo
B1, medição mensal) que tenha apresentado ao fim do
mês, em kW; período de um ciclo de faturamento os seguintes
TDA = tarifa de demanda de potência ativa valores medidos:
aplicável ao fornecimento, em R$/kW.
CA = 10.086 kWh
Havendo montantes de energia elétrica kQh = 14.924 kQh
estabelecidos em contrato, o faturamento
TCA = 0,15206 R$/kWh
correspondente ao consumo de energia
reativa, verificada por medição apropriada, Calcular o valor da fatura a ser paga para a
que exceder às quantidades permitidas pelo concessionária.
fator de potência de referência "fr", será
Solução:
calculado de acordo com a expressão (6.22):

a) O fator de potência desta instalação será (de 1.65 e


⎛ fr ⎞ (6.22)
FER = ⎜⎜ CA × − CF ⎟⎟ × TCA 1.68):
⎝ fm ⎠

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 186


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2 × kQh − kWh EXEMPLO 6.4 Suponha uma instalação elétrica,


kVArh = enquadrada na tarifação convencional, que tenha
3
apresentado ao fim do período de um ciclo de
2 ×14.924 − 10.086 faturamento (medição mensal) os seguintes valores
kVArh = = 11.409,6
3 medidos:

1 DM = 89 kW
FP = 2
= 0,6665
⎛ 11.409,6 ⎞ DF = 96 kW
⎜ ⎟ +1
⎝ 10.086 ⎠
CA = 10.086 kWh
KQh = 14.924 kQh
Fp = 66,65 %, portanto abaixo de 92 %. TDA = 5,73000 R$/kW
TCA = 0,08379 R$/kWh
b) O custo da Fatura de energia elétrica será, de (6.14):

Fatura = Parcela de Consumo (PC) Calcular o valor da fatura a ser paga para a
PC = CA x TCA concessionária.

PC = 10.086 kWh x 0,15206 R$ / kWh


Fatura = R$ 1.533,68 Solução:

c) O valor da multa, dado o valor abaixo de 92 % do a) O fator de potência desta instalação será (de 1.65 e
fator de potência, pela expressão 7.16, será: 1.68):

⎛ fr ⎞
FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA
⎝ f ⎠ 2 × kQh − kWh
m
kVArh =
3
⎛ 0,92 ⎞
FER = 10.086 × ⎜ − 1⎟ × 0,15206 2 × 14.924 − 10.086
⎝ 0,6665 ⎠ kVArh = = 11.409,6
3
FER = R$ 588,10 1
FP = 2
= 0,6665
Logo, a multa será: ⎛ 11.409,6 ⎞
⎜ ⎟ +1
Multa = FER ⎝ 10.086 ⎠

Multa = R$ 588,10. Lembre-se que neste Sistema


tarifário não há cobrança de demanda, logo, não Fp = 66,65 %, portanto abaixo de 92 %.
poderá ocorrer a cobrança de FDR.

b) Considerando-se que não houve ultrapassagem da


d) Assim, esta unidade consumidora pagará à demanda prevista (Pu = 0), o custo da Fatura de
concessionária: energia elétrica será (conforme seção 6.5.1.1):

Consumo = R$ 1.533,68
Reativo Excedente (multa) = R$ 588,10 De (6.2) e (6.3):
ou seja, um total de R$ 2.121,78. Observe que a multa
Pc = CA × TCA = 10.086 × 0,08379 = R$845,10
por baixo fator de potência representará 27,72 % do
valor total da Fatura de energia elétrica da instalação, Pd = DF × TDA = 96 × 5,7300 = R $550 ,10
onde a unidade consumidora pagará à concessionária
algo que pode ser evitado e que ainda poderá lhe De (6.5):
acarretar vários problemas na instalação elétrica.
Fatura = Pc + Pd + Pu
Fatura = 845,10 + 550,10 + 0 = R$1.395,20

c) Pelas expressões (6.19) e (6.20), o valor da multa,


dado o valor abaixo de 92 % do fator de potência, será:

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 187


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⎛ fr ⎞ ou seja, um total de R$ 1.901,08. Observe que a multa


FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA
⎝ fm ⎠ por baixo fator de potência representará 26,61 % do
valor total da Fatura de energia elétrica da instalação,
⎛ 0,92 ⎞ onde a unidade consumidora pagará à concessionária
FER = 10.086 × ⎜ − 1⎟ × 0,08379 = R$321,43 algo que pode ser evitado e que ainda poderá lhe
⎝ 0,6665 ⎠ acarretar, como visto, vários problemas na instalação
⎛ ⎞ elétrica.
fr
FDR = ⎜⎜ DM × − DF ⎟⎟ × TDA
⎝ fm ⎠

⎛ 0,92 ⎞ EXEMPLO 6.5 Determinar o valor final da fatura para


FDR = ⎜ 89 × − 96 ⎟ × 5,7300 = R$153,85 uma instalação industrial em 13,8 kV, tarifação
⎝ 0,6665 ⎠ convencional (medição mensal), subgrupo A4, com
tarifas de energia elétrica conforme tabela 6.18 e cuja
conta de energia está representada na tabela 6.19.
Logo, a multa será :
Multa = FDR + FER = R$ 505,59
Tabela 6.18 Tarifas de energia elétrica.

d) Assim, esta unidade consumidora pagará a Tarifa Convencional


concessionária: Demanda Consumo
Subgrupo
(R$/kW) (R$/kWh)
A4 6,33 0,09273
Demanda e Consumo = R$ 1.395,19
Reativo Excedente (multa) = R$ 505,89

Tabela 6.19 Conta de energia elétrica.

Conta de Energia Elétrica COET - Companhia Energética Trovão


Fornecimento em Alta Tensão

Nome/Razão Social Classe Cód. Local Nº da Conta


Eletrika Instalações Elétricas LTDA IND 0006 04 00 0525598

Perdas Data Leitura Data Conta de Vencimento


Apres.
2,8% 15/10/01 25/10/01 Outubro/2001 31/11/01

Ult. Leitura kW Leit. Atual kWh Leit. Atual kVArh


178 230 190
FMM Leit. Ant. kWh Leit. Ant. kVArh
720 120 65
Dem. Regist. Diferença Diferença
200 110 125
Dem. Contrat. FMM FMM
190 720 720
85% Dmax Consumo kWh Consumo kVArh
196 79.200 90.000
Dem. Incluída Cons. Incluído Fator de Potência
0,66

Total a pagar até o vencimento: R$ 12.002,13


Nº de dias em atraso x Acréscimo p/ dia de Atraso =
Total do acréscimo =

Solução: CA = (230 - 120) x 720 = 79.200 kWh

b) Consumo de energia reativa


a) Consumo de energia ativa:
CR = (leitura atual - leitura anterior) x FMM
CA = (leitura atual - leitura anterior) x FMM
CR = (190 - 65) x 720 = 90.000 kVArh
FMM = fator de multiplicação do medidor

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 188


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c) Consultando a conta de energia (tabela 6.19), g) Assim, esta unidade consumidora pagará a
obtemos: concessionária:

DF = 190 kW (demanda contratada e que no caso Consumo = R$ 8.610,22


presente é igual à declarada na conta de energia);
Reativo Excedente (multa) = R$ 3.391,91
DM = 200 kW (demanda registrada/medida que
corresponde à demanda faturável). ou seja, um total de R$ 12.002,13. Observe que a
multa por baixo fator de potência representará 28 % do
d) O fator de potência desta instalação será: valor total da Fatura de energia elétrica da instalação,
onde a unidade consumidora pagará à concessionária
De (6.21), temos: algo que pode ser evitado e que ainda poderá lhe
CA 79.200 acarretar, como visto, vários problemas na instalação
fm = = = 0,66 elétrica.
(CA 2
+ CR 2
) (79.200 2
+ 90.000 2 )
Portanto, abaixo de 0,92.
6.5.3 Reduzindo a fatura de energia
elétrica
e) Considerando-se que não houve ultrapassagem da
demanda prevista (Pu = 0), o custo da Fatura de
energia elétrica será (conforme seção 6.5.1.1): A redução na fatura de energia elétrica
é possível através de algumas oportunidades
de redução de gastos, a saber:
De (6.2) e (6.3):
a) Ajustes de fator de potência, em
Pc = CA × TCA = 79.200 × 0,09273 = R$7.344,22 atendimento as condições
contratuais estabelecidas com a
Pd = DF × TDA = 200 × 6,33 = R$1.266 ,00 concessionária e a legislação
Nota: observe que a parcela de demanda (Pd) sempre pertinente;
é calculada considerando-se o maior valor entre a
demanda contratada e a medida! b) Otimização dos contratos de
demanda, eliminando as
De (6.5):
ultrapassagens de demanda;
Fatura = Pc + Pd + Pu
c) Enquadramento tarifário.
Fatura = 7.344,22 + 1.266,00 + 0 = R$8.610,22
6.5.3.1 Correção do fator de potência
f) Pelas expressões (6.19) e (6.20), o valor da multa,
dado o valor abaixo de 92 % do fator de potência, será: Em geral, a correção do fator de
potência é uma das medidas mais baratas de
⎛ fr ⎞
FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA redução de despesa com energia elétrica,
⎝ fm ⎠ principalmente se nas faturas emitidas pela
⎛ 0,92 ⎞ concessionária estão ocorrendo faturamento
FER = 79.200 × ⎜ − 1⎟ × 0,09273 = R$2.893,18 de energia e demanda reativas excedentes.
⎝ 0,66 ⎠
O cálculo do tempo de retorno do
⎛ fr ⎞
FDR = ⎜⎜ DM × − DF ⎟⎟ × TDA investimento pode ser calculado por:
⎝ fm ⎠

⎛ ⎞
FDR = ⎜ 200 ×
0,92
− 200 ⎟ × 6,33 = R$498,73
Investimento = economia ×
(1 + i )n − 1 (6.23)
⎝ ⎠
i × (1 + i )
0,66 n

Nota: observe que a parcela de demanda faturável (DF)


do FDR sempre é obtida considerando-se o maior valor Onde,
entre a demanda contratada e a medida!
Logo, a multa será: i = taxa de atratividade do investimento.
No caso, deve ser estabelecido a de
Multa = FDR + FER = R$ 3.391,91
mercado.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 189


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EXEMPLO 6.6 Calcule o tempo de retorno do 6.5.3.2 Demanda contratual


investimento na aquisição e instalação de um banco
capacitivo para melhoria do fator de potência de uma Um ponto importante a ser observado
instalação.
diz respeito à otimização dos contratos de
Dados: demanda, os quais devem ser estudados
com bastante critério, de modo a se evitar
ƒ Investimento: R$ 2.500,00; valores muito aquém ou muito além do ciclo
de carga da instalação.
ƒ Economia resultante na conta mensal de
energia: R$ 400,00/mês (multa por reativo Para valores contratados de demanda
excedente); insuficientes, haverá multa na fatura de
energia pelas ultrapassagens. Por outro lado,
ƒ Aplicação financeira com i = 4%. se os valores do contrato forem excessivos,
haverá pagamento por algo que não se
utiliza.
Solução: Com o propósito de permitir o ajuste da
demanda a ser contratada, a concessionária
De (6.23), temos:
deverá oferecer ao consumidor um período
de testes, com duração mínima de 3 (três)
(1 + i )n − 1 ciclos consecutivos e completos de
Investimento = economia × faturamento, durante o qual será faturável a
i × (1 + i )
n
demanda medida, observados os respectivos
(1 + 0,04)n − 1 segmentos horo-sazonais, quando for o caso.
2.500 = 400 ×
0,04 × (1 + 0,04) A resolução 456 da Aneel permite
n

revisão anual do contrato junto à


6,25 =
(1 + 0,04)n − 1 concessionária, a qual deverá renegociar o
0,04 × (1 + 0,04)
n
contrato de fornecimento, a qualquer tempo,
sempre que solicitado por consumidor que,
0,25 × (1,04) = (1,04) − 1
n n
ao implementar medidas de conservação,
incremento à eficiência e ao uso racional da
(1,04)n = 1
energia elétrica, comprováveis pela
0,75
concessionária, resultem em redução da
n ⋅ log(1,04) = log(1 0,75) demanda de potência e/ou de consumo de
n = 7,3 meses energia elétrica ativa, desde que satisfeitos
os compromissos relativos aos investimentos
da concessionária.
R$ 400,00/mês
É importante salientar que, como pode
ser observado no exemplo 6.7, a metodologia
descrita para obtenção da demanda
contratual envolve certa “adivinhação”, pois,
1 2 3 4 n=7,3 afinal, está sendo suposto que o ciclo de
carga operacional para o próximo ano será
R$ 2.500,00
igual ao anterior.
Em geral, o consumo de energia
elétrica depende de vários fatores, uns
Figura 6.21 Fluxo de caixa com tempo de retorno do previsíveis e outros imprevisíveis e que não
investimento.
se repetem. Desta forma, não há nenhuma
garantia que, apesar de uma boa técnica, o
valor recomendado para a demanda
contratada seja efetivamente aquele que

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 190


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resultará no menor gasto com energia Curva de demanda ativa mensal [kW]

elétrica. Uma maneira mais científica de 300

abordar a questão é através de métodos

Demanda [kW]
estatísticos de projeção, porém isso foge ao 250

escopo deste livro. 200

EXEMPLO 6.7 Determinar a demanda a ser contratada 150


jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
junto à concessionária para a instalação enquadrada Mês (1998-1999)

na tarifação Convencional, sub-grupo A4, de tal forma


que nos 12 meses seguintes se pague o mínimo Figura 6.23 Curva de demanda ativa mensal [kW] com
possível na parcela da conta referente à demanda. traçado contínuo no tempo.
Considere o histórico de demanda indicado na tabela
6.20.
Estes gráficos mostram um padrão estável tanto
nos valores quanto na sazonalidade da demanda, com
Tabela 6.20 Demanda medida mensal informada na
os valores máximos e mínimos de demanda ocorrendo
conta de energia.
na mesma época do ano. A maior demanda é
Ano Mês Demanda (kW)
registrada na conta do mês de abril/99 e a menor
demanda é registrada na conta de julho/99.
1998 Janeiro 186,9
Fevereiro 214,7 No gráfico da figura 6.23 está indicada uma linha
Março 262,5 horizontal representativa da máxima demanda (Dmáx.)
Abril 264,9
Maio 265,5 medida (267,6 kW em abril/99). Admitindo que as
Junho 219,1 demandas mensais futuras sigam o mesmo padrão do
Julho 207,5 passado e sabendo-se que a tolerância de
Agosto 215,4 ultrapassagem da demanda é de 10% (tarifação
Setembro 248,8
convencional), a demanda contratada não deve ser
Outubro 234,1
Novembro 246,3 superior a:
Dezembro 256,6
1999 Janeiro 204,7 Dmáx
Fevereiro 232,9
Demanda contratada ≤
1,1
Março 261,6
Abril 267,6
Maio 239,4 Desta forma, neste exemplo, a demanda contratada
Junho 200,3
não deve ser superior a 267,6 / 1,1 = 243,3 kW.
Julho 184,8
Agosto 209,0 É possível que a demanda contratada mais
Setembro 239,2
Outubro 211,8
adequada seja inferior a 243,3 kW. Para analisar essa
Novembro 255,8 possibilidade, observe os cálculos apresentados nas
Dezembro 262,7 tabelas 6.21 e 6.22, conforme expressões
apresentadas na seção 6.5.1.1
Solução:
Tabela 6.21 Estudo de viabilidade de demanda
contratada para 243,3 kW.
A tabela 6.20 representa o “histórico de
demanda” da instalação. Quanto mais longo o histórico Demanda
Teste
Pagamento (R$)
Ano Mês medida
melhor, pois será perceptível com maior nitidez a DM (kW)
lógico
PD PU Total
evolução da demanda, conforme pode ser observado
1999 Jan 204,7 0 1.540,09 0,00 1.540,09
nos gráficos das figuras 6.22 e 6.23.
Fev 232,9 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Mar 261,6 1 1.655,93 0,00 1.655,93
Abr 267,6 1 1.693,91 0,00 1.693,91
Curva de demanda ativa mensal [kW] Mai 239,4 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Jun 200,3 0 1.540,09 0,00 1.540,09
300
Jul 184,8 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Ago 209,0 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Demanda [kW]

250
1998
Set 239,2 0 1.540,09 0,00 1.540,09
1999 Out 211,8 0 1.540,09 0,00 1.540,09
200 Nov 255,8 1 1.619,21 0,00 1.619,21
Dez 262,7 1 1.662,89 0,00 1.662,89
150 Total ano 1999: 18.952,65
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Demanda Contratada DF: 243,3 kW
Mês Tarifa de Demanda TDA: R$ 6,33/kW
Tarifa de Demanda de ultrapassagem TDAu: R$ 18,99/kW
Figura 6.22 Curva de demanda ativa mensal [kW].

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 191


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

Na coluna “teste lógico” da tabela 6.21, se a Abr: Pd = DF × TDA = 240,0 × 6,33 = R$ 1.519,20
demanda verificada (medida) for menor que a
contratada, o teste resulta em “0”. Se a demanda for Nov: Pd = DF × TDA = 255,8 × 6,33 = R$ 1.619,21
maior que a contratada, porém menor que a margem
de ultrapassagem (10%), resulta em “1”. Por outro lado,
se a demanda verificada for maior que o limite de No mês de abril, a demanda medida foi maior
tolerância de ultrapassagem, o teste resulta em “2”. que 10% da demanda contratada, ocorrendo, portanto,
multa por ultrapassagem. De (6.4),
A seguir, uma demonstração da metodologia de
cálculo da parcela de demanda (kW) para alguns
meses do ciclo de carga:
Abr: Pu = (DM − DF ) × TDAu
De (6.3),
Pu = (267 ,6 − 240 ) × 18,99 = R$ 524,12

Jan: Pd = DF × TDA = 243,3 × 6,33 = R$ 1.540,09


Observe que, em decorrência da ultrapassagem
Abr: Pd = DF × TDA = 267,6 × 6,33 = R$ 1.693,91 no mês de abril, o gasto anual subiria para R$
19.134,96. Isso significa que o primeiro valor escolhido
Set: Pd = DF × TDA = 243,3 × 6,33 = R$ 1.540,09 (243,3 kW) é mais vantajoso para o consumidor, cujo
custo da demanda é igual a R$ 18.952,65.

Importante: lembre-se que o valor da demanda DF a


ser utilizada é o maior dos valores entre a demanda 6.5.3.3 Enquadramento tarifário
contratada e a demanda medida, caso esta não
ultrapasse em 10% a demanda contratada. Para efetuar-se um estudo de
Vamos agora reduzir um pouco a demanda readequação tarifária adequado (análise das
contratada para 240 kW e refazer os cálculos da tabela vantagens e desvantagens das modalidades
6.21. Os novos valores estão apresentados na tabela tarifárias para uma determinada condição),
6.22.
se não tivermos possibilidade de lançarmos
mão de medidas efetuadas diretamente na
Tabela 6.22 Estudo de viabilidade de demanda unidade consumidora que nos permitam
contratada para 240 kW.
produzir as curvas diárias de carga da
Demanda Pagamento (R$) unidade consumidora, será necessário,
Teste
Ano Mês medida
DM (kW)
lógico através da coleta de dados e informações,
PD PU Total
levantar os valores e a rotina semanal de uso
1999 Jan 204,7 0 1.519,20 0,00 1.519,20
Fev 232,9 0 1.519,20 0,00 1.519,20 das cargas que compõe a unidade
Mar 261,6 1 1.655,93 0,00 1.655,93 consumidora (ciclo de carga), para então
Abr 267,6 2 1.519,20 524,12 2.043,32
Mai 239,4 0 1.519,20 0,00 1.519,20 estabelecer-se os critérios que poderão
Jun 200,3 0 1.519,20 0,00 1.519,20 permitir com segurança a comparação de
Jul 184,8 0 1.519,20 0,00 1.519,20
Ago 209,0 0 1.519,20 0,00 1.519,20 custos tarifários nas diversas modalidades de
Set 239,2 0 1.519,20 0,00 1.519,20 sistemas tarifários.
Out 211,8 0 1.519,20 0,00 1.519,20
Nov
Dez
255,8
262,7
1
1
1.619,21
1.662,89
0,00
0,00
1.619,21
1.662,89
É importante salientar que deve ser
Total ano 1999: 19.134,96 levado em conta no estudo de
Demanda Contratada DF: 240,0 kW
Tarifa de Demanda TDA: R$ 6,33/kW
enquadramento tarifário não apenas um mês
Tarifa de Demanda de ultrapassagem TDAu: R$ 18,99/kW de faturamento, mas um ciclo completo de
faturamento, ou seja, um ano, a fim de que
possam ser observados os períodos seco e
A seguir, uma demonstração da metodologia de
úmido, dado a diferença de valores das
cálculo da parcela de demanda (kW) para alguns
meses do ciclo de carga: tarifas praticadas nestes seguimentos.
Por fim, é necessário também observar
De (6.3),
que outros custos terão seu perfil alterado na
mudança do sistema tarifário, por exemplo:
Jan: Pd = DF × TDA = 240,0 × 6,33 = R$ 1.519,20

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 192


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a) Os custos da cobrança do Excedente de ƒ Carga instalada com demandas individuais e


Reativo decorrente de fator de potência horários de operação diários idênticos e iguais a
Tabela 6.24;
abaixo de 0,92, e
ƒ Funcionamento apenas nos dias úteis (segunda a
b) A Taxa de Iluminação Pública, que são sexta-feira);
normalmente reduzidas ƒ Mês de maio, portanto, período seco;
significativamente numa mudança de ƒ Horário de ponta: 19:00 às 22:00 h;
Tarifação Convencional para Monômio,
ƒ Considerar que não há reativos excedentes na
por exemplo. instalação nem ultrapassagem de demanda
contratada.
O conjunto destes dados permitirá
elaborar uma análise comparativa entre cada
sistema tarifário e, desta forma, estimar o
custo da fatura de energia elétrica. Tabela 6.23 Tarifas de energia elétrica subgrupo
A4/B3.
Demanda
Consumo
ultrapas. Demanda (R$/kW)
(R$/kWh)
(R$/kW)
EXEMPLO 6.8 Desenvolva o estudo de readequação Sistema
tarifário P FP
tarifária de uma unidade consumidora com as P FP P FP

seguintes características: Seca Úmida Seca Úmida


Azul 50,21 16,74 16,74 5,58 0,1098 0,1016 0,0522 0,0461
Verde 16,74 16,74 5,58 5,58 0,4967 0,4885 0,0522 0,0461
Conv. 6,33 6,33 6,33 6,33 0,0929 0,0929 0,0929 0,0929
ƒ Unidade enquadrada no Sistema Convencional, Monômio 0,00 0,00 0,00 0,00 0,1670 0,1670 0,1670 0,1670
sub-grupo A4; Notas:

ƒ Tarifas conforme tabelas 6.23 (para tarifação 1) Tarifas para o Sistema MONÔMIO consideradas a da classe comercial;
2) Tabela com tarifas da CEMIG do grupo A4 para AZUL, VERDE e CONVENCIONAL e do Grupo
monômia, considerar R$ 0,16706 kWh); B3 Comercial para Monômio;
3) P = Ponta e FP = Fora de Ponta.

Tabela 6.24 Curva de carga diária da instalação.


Dia: 06
Mês: Abril Período de funcionamento diário da carga (horas)
Ano: 2005

Tempo (h)
Demanda (kW)
Tipo da carga

19 20 21 22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 23 24

PONTA
Ilum. Escrit. 10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Ilum. Fábrica 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Estufa 40 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Prensa 1 20 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Prensa 2 20 1 1 1 1 1 5
Forno 1 30 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Forno 2 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 1 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 2 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Bomba 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
205

185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165

85

85

85

85

Total de kW
0

Total de
2215

185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165

85

85

85

85
0

kWh

Solução: ƒ Consumo total na ponta = 255 kWh


Da tabela 6.24 podemos tirar os seguintes dados: ƒ Consumo total fora de ponta = 1.960 kWh
ƒ Consumo total da unidade = 2.215 kWh
ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 193


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

Considerando que a unidade consumidora não opera Logo, a fatura total será, de (6.9):
aos sábados e domingos, será considerado para um
mês o total de 22 dias úteis. Desta forma: Fatura = Pc + Pd = R$6.065,19

ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW


d) Sistema Monômio
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW
De (6.14):
ƒ Consumo total na ponta = 5.610 kWh
Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,16706 = R$8.140,83
ƒ Consumo total fora de ponta = 43.120 kWh
ƒ Consumo total da unidade = 48.730 kWh
Logo, a fatura total será:
a) Sistema Convencional Fatura = Pc = R$8.140,83

De (6.2): Resumindo, teríamos o seguinte quadro comparativo


Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,09293 = R$4.528,43 de custos:
ƒ Sistema Azul = R$ 5.321,39

De (6.3): ƒ Sistema Convencional = R$ 5.699,53


ƒ Sistema Verde = R$ 6.065,29
Pd = DF × TDA = 185 × 6,33 = R$1.171,05
ƒ Sistema Monômio = R$ 8.140,83

Logo, a fatura total será, de (6.5):


Observa-se como primeira conclusão que esta
Fatura = Pc + Pd = R$5.699,53 unidade consumidora está muito mal enquadrada, ou
seja, está perdendo dinheiro mensalmente, pois está
b) Sistema Horo-sazonal Azul pagando para a concessionária uma Fatura de Energia
Elétrica mensal de R$ 5.699,53 (Sistema
Convencional) quando poderia estar pagando sem
De (6.10): qualquer alteração na matriz da sua carga apenas R$
5.321,39 (Sistema Azul), o que representa uma
Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP ) economia mensal de quase 6,6% ou quase uma Fatura
de graça a cada ano.
Pc = (5.610 × 0,10976 ) + (43.120 × 0,05219 ) = R$2.866,19
É importante salientar que esta economia não
decorre de nenhuma mudança de hábito no uso da
De (6.11): carga, mas apenas do reenquadramento tarifário. Estes
dados demonstram a viabilidade do uso da tabela 6.23
Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP ) como uma forma de avaliação expedita do perfil de
uma unidade consumidora, apesar dos critérios e
Pd = (85 × 16,74 ) + (185 × 5,58) = R$2.455,20 aproximações que foram considerados.
Logo, a fatura total será, de (6.13): Observe agora o que aconteceria se o estudo
abrangesse uma mudança na matriz da carga, ou seja,
Fatura = Pc + Pd = R$5.321,39 uma mudança na forma de utilizá-la ao longo do dia.
Imagine que em decorrência de observações efetuadas
c) Sistema horo-sazonal verde no campo e discutidas com o gerente da unidade
consumidora, pudéssemos efetuar as seguintes
De (6.6): alterações no uso desta mesma carga:
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) a) Operar com uma prensa pela manhã e a
outra à tarde, e nunca as duas juntas;
Pc = (5.610 × 0,496) + (43.120 × 0,05219) = R$5.032,99
b) Ligar os fornos apenas no período da tarde
fora da ponta;
De (6.7): c) Operar com uma estrusora pela manhã e a
outra a tarde, e nunca as duas juntas;
Pd = (DF × TDA )
d) Desligar todas as cargas das 12h00 às
Pd = (185 × 5,58 ) = R$1.032,03 13h00, no intervalo de almoço.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 194


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

A tabela 6.25 mostra o novo perfil diário da De (6.11):


carga da mesma unidade consumidora, de onde
podemos tirar os seguintes dados: Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP )

Pd = (55 × 16,74 ) + (165 × 5,58 ) = R$1.841,40


ƒ Demanda máxima de ponta = 55 kW
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 165 kW Logo, a fatura total será, de (6.13):

ƒ Consumo total na ponta = 165 kWh Fatura = Pc + Pd = R$3.985,06


ƒ Consumo total fora de ponta = 1.520 kWh
g) Sistema horo-sazonal verde
ƒ Consumo total da unidade = 1.685 kWh
De (6.6):
Nesta situação teríamos para um período de um
mês, considerando 22 dias, já que a unidade Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )
consumidora não opera aos sábados e domingos:
Pc = (3.630 × 0,496 ) + (33.440 × 0,05219) = R$3.545,71
ƒ Demanda máxima de ponta = 55 kW
De (6.7):
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 165 kW
Pd = (DF × TDA )
ƒ Consumo total na ponta = 3.630 kWh
ƒ Consumo total fora de ponta = 33.440 kWh Pd = (165 × 5,58) = R$920,07

ƒ Consumo total da unidade = 37.070 kWh


Logo, a fatura total será, de (6.9):
Os cálculos dos custos das Faturas, seguindo a mesma
metodologia anterior, passariam a ter os seguintes Fatura = Pc + Pd = R$4.466,41
valores:
h) Sistema Monômio
e) Sistema Convencional
De (6.14):
Pc = CA × TCA = 37.070 × 0,16706 = R$6.192,91
De (6.2):
Pc = CA × TCA = 37.070 × 0,09293 = R$3.444,92 Logo, a fatura total será:
Fatura = Pc = R$6.192,91
De (6.3):
Resumindo, teríamos o seguinte quadro
Pd = DF × TDA = 165 × 6,33 = R$1.044,45 comparativo de custos:

ƒ Sistema Azul = R$ 3.985,06


Logo, a fatura total será, de (6.5): ƒ Sistema Convencional = R$ 4.489,37
Fatura = Pc + Pd = R$4.489,37 ƒ Sistema Verde = R$ 4.466,41
ƒ Sistema Monômio = R$ 6.192,91
f) Sistema Horo-sazonal Azul
Desta forma, a economia decorrente da
mudança da matriz da carga e do reenquadramento
De (6.10): tarifário de Convencional para Azul reduziria o custo da
fatura mensal desta unidade consumidora de R$
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) 5.689,78 para R$ 3.985,06, o que representa uma
economia mensal de 30 %, o que é bastante
Pc = (3.630 × 0,10976 ) + (33.440 × 0,05219 ) = R$2.143,66 significativo.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 195


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Tabela 6.25 Curva de carga diária da instalação.


Dia: 06
Mês: Abril Período de funcionamento diário da carga (horas)
Ano: 2005

Tempo (h)
Demanda (kW)
Tipo da carga

19 20 21 22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 23 24

PONTA
Ilum. Escrit. 10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Ilum. Fábrica 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Estufa 40 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Prensa 1 20 1 1 1 1 1 5
Prensa 2 20 1 1 1 1 1 5
Forno 1 30 1 1 1 1 1 1 6
Forno 2 20 1 1 1 1 1 1 6
Estrusora 1 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 2 15 1 1 1 1 1 5
Bomba 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
205

120

120

120

120

120

155

165

165

165

165

105

55

55

55
Total de kW
0

0
1.685

Total de
120

120

120

120

120

155

165

165

165

165

105

55

55

55
0

0
kWh

EXEMPLO 6.9 Seja uma unidade consumidora Solução:


enquadrada na tarifação Horo-sazonal Azul, sub-grupo
A4, conforme informações apresentadas nas tabelas a) Sistema Horo-sazonal Azul
6.23 (tarifas) e 6.26 (demanda máxima e consumo
mensal). Verificar se existe vantagem em passar para a Mês: Janeiro:
tarifação Verde, mesmo sub-grupo.

Valores Contratuais: ƒ Parcela de Consumo:

a) Período Úmido: De (6.10):

Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP )


ƒ Demanda na ponta: 544,1 kW
ƒ Demanda Fora de Ponta: 486,8 kW
Pc = (16.671 × 0,1016 ) + (94.522 × 0,04612 ) = R$6.052,96
b) Período Seco:

ƒ Demanda na ponta: 515,1 kW ƒ Parcela de Demanda:


ƒ Demanda Fora de Ponta: 478,9 kW
De (6.11):
Tabela 6.26 Dados da conta de energia (demanda e
consumo). Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP )

Demanda (kW) Consumo (kWh) Pd = (544,1 × 16,74 ) + (486,8 × 5,58) = R$11.824,58


Período

Ano Mês
Fora de Fora de Observe que, como visto, o valor da demanda a
Ponta Ponta
Ponta Ponta ser utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
Jan 422,8 439,8 16.671 94.522 contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em
Fev 533,4 501,7 18.849 100.526 mais de 10% a demanda contratada). Neste caso, a
Úmido

Mar 572,0 518,4 27.717 123.667 contratada é maior: 544,1 > 422,8 na Ponta; 486,8 >
Abr 598,5 535,4 28.467 124.092
Dez 581,1 520,1 26.692 115.548 439,8 Fora de Ponta.
Mai 557,3 508,0 24.424 108.540
2005
Jun 434,9 407,5 23.919 111.557 ƒ Parcela de Ultrapassagem:
Jul 432,6 388,2 18.226 83.563
Seco

Ago 650,1 500,9 15.307 71.993


Set 503,1 484,4 24.967 106.667 De (6.12):
Out 463,1 441,9 21.130 92.496
Nov 566,6 526,7 25.514 105.338 Como não houve ultrapassagem em mais de
10%, esta parcela não será cobrada.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 196


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ƒ Fatura total: mais de 10% a demanda contratada). Neste caso,


como foi ultrapassado os 10% na Ponta, foi utilizado o
valor da demanda contratada para o cálculo da parcela
De (6.13): de demanda. No período Fora de Ponta foi
ultrapassado o valor dentro do limite de 10%, devendo-
Fatura = Pc + Pd + Pu = 6.052,96 + 11.824,58 + 0 se utilizar, desta forma, o valor da demanda medida.

Fatura = R$17.877,54
De (6.12):
Mês: Agosto:
Como houve ultrapassagem em mais de 10% da
demanda contratada na Ponta, esta parcela será
ƒ Parcela de Consumo: cobrada.

Pu = [(DAP − DFP ) × TDAuP ] + [(DAFP − DFFP ) × TDAuFP ]


De (6.10):
Pu = [(650,1 − 515,1) × 50,21] + 0 = R$6.778,35
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )
ƒ Fatura total:
Pc = (15.307 × 0,1098 ) + (71.993 × 0,0522 )
Pc = R$5.437,41 De (6.13):

ƒ Parcela de Demanda: Fatura = Pc + Pd + Pu = R$25.893,46


Os resultados da aplicação desta metodologia
De (6.11): de cálculo para os demais meses estão apresentados
nas tabelas 6.27 (parcelas de demanda e
Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP ) ultrapassagem) e 6.28 (parcela de consumo). Observa-
se que o valor total da fatura anual para Tarifação
Pd = (515,1 × 16,74 ) + (500,9 × 5,58) Horo-sazonal Azul será:
R$149.831,14 + R$90.123,15 = R$239.954,29
Pd = R$11.417,80

Observe que, como visto, o valor da demanda a ser


utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em

Tabela 6.27 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Azul (demanda).


Ponta Fora de Ponta
Soma (R$)
Mês Fatura (R$) Fatura (R$)
DFP DFFP
Demanda (kW) Demanda (kW) Fora de
Demanda Ultrapas. Demanda Ultrapas. Ponta TOTAL
Ponta
Jan 422,8 9.108,23 0 439,8 2.716,34 0 9.108,23 2.716,34 11.824,58
Fev 533,4 9.108,23 0 501,7 2.799,49 0 9.108,23 2.799,49 11.907,72
Úmido

Mar 572 9.575,28 0 518,4 2.892,67 0 9.575,28 2.892,67 12.467,95


Abr 598,5 10.018,89 0 535,4 2.987,53 0 10.018,89 2.987,53 13.006,42
Dez 581,1 9.727,61 0 520,1 2.902,16 0 9.727,61 2.902,16 12.629,77
Mai 557,3 9.329,20 0 508 2.834,64 0 9.329,20 2.834,64 12.163,84
Jun 434,9 8.622,77 0 407,5 2.672,26 0 8.622,77 2.672,26 11.295,04
Jul 432,6 8.622,77 0 388,2 2.672,26 0 8.622,77 2.672,26 11.295,04
Seco

Ago 650,1 8.622,77 6.778,35 500,9 2.795,02 0 15.401,12 2.795,02 18.196,15


Set 503,1 8.622,77 0 484,4 2.702,95 0 8.622,77 2.702,95 11.325,73
Out 463,1 8.622,77 0 441,9 2.672,26 0 8.622,77 2.672,26 11.295,04
Nov 566,6 9.484,88 0 526,7 2.938,99 0 9.484,88 2.938,99 12.423,87
Total anual: 149.831,14

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 197


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Tabela 6.28 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Azul (consumo).


Ponta Fora de Ponta
TOTAL
Mês CAP CAFP
Fatura (R$) Fatura (R$) (R$)
Consumo (kWh) Consumo (kWh)

Jan 16.671 1.693,61 94.522 4.359,35 6.052,96


Fev 18.849 1.914,87 100.526 4.636,26 6.551,13
Úmido

Mar 27.717 2.815,77 123.667 5.703,52 8.519,29


Abr 28.467 2.891,96 124.092 5.723,12 8.615,09
Dez 26.692 2.711,64 115.548 5.329,07 8.040,71
Mai 24.424 2.680,78 108.540 5.664,70 8.345,48
Jun 23.919 2.625,35 111.557 5.822,16 8.447,51
Jul 18.226 2.000,49 83.563 4.361,15 6.361,64
Seco

Ago 15.307 1.680,10 71.993 3.757,31 5.437,41


Set 24.967 2.740,38 106.667 5.566,95 8.307,33
Out 21.130 2.319,23 92.496 4.827,37 7.146,60
Nov 25.514 2.800,42 105.338 5.497,59 8.298,01
Total anual: 90.123,15

Fatura = R$15.539,22
a) Sistema Horo-sazonal Verde

Mês: Janeiro: Mês: Agosto:

ƒ Parcela de Consumo: ƒ Parcela de Consumo:

De (6.6): De (6.6):

Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP ) Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP )

Pc = (16.671 × 0,4885 ) + (94.522 × 0,04612 ) = R$12.503,14 Pc = (15.307 × 0,4967 ) + (71.993 × 0,0522 )


Pc = R$11.360,15
ƒ Parcela de Demanda:
ƒ Parcela de Demanda:
De (6.7):
De (6.7):

Pd = (DF × TDA )
Pd = (DF × TDA )
Pd = (544,1 × 5,58) = R$3.036,08
Pd = (515,1 × 5,58)
Observe que, como visto, o valor da demanda a ser Pd = R$2.874,26
utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em Observe que, como visto, o valor da demanda a ser
mais de 10% a demanda contratada).Parcela de utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
Ultrapassagem: contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em
mais de 10% a demanda contratada).Parcela de
De (6.8): Como não houve ultrapassagem em mais de Ultrapassagem:
10%, esta parcela não será cobrada.

ƒ Fatura total: De (6.8):

De (6.9): Como houve ultrapassagem em mais de 10% da


demanda contratada na Ponta, esta parcela será
Fatura = Pc + Pd + Pu = 12.503,14 + 3.036,08 + 0 cobrada.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 198


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Pu = (DA − DF ) × TDAu se que o valor total da fatura anual para Tarifação


Horo-sazonal Verde será:
Pu = [(650,1 − 515,1) × 16,74] + 0 = R$2.259,9
R$38.748,64 + R$195.325,21 = R$234.073,85
ƒ Fatura total:
Comparando as duas faturas obtidas (R$ 239.954,29
De (6.9): THS-Azul e R$ 234.073,85 THS-Verde), observa-se
que a melhor opção é o enquadramento do consumidor
Fatura = Pc + Pd + Pu = R$17.247,61 na tarifação horo-sazonal Verde (cuja conta de energia
é 2% mais barata), com contrato de demanda de 544,1
Os resultados da aplicação desta metodologia kW no período úmido e 515,1 kW no período seco.
de cálculo para os demais meses estão apresentados
nas tabelas 6.29 (parcelas de demanda e
ultrapassagem) e 6.30 (parcela de consumo). Observa-

Tabela 6.29 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Verde (demanda).

DF Fatura (R$)
Mês
Demanda (kW) Demanda Ultrapassagem TOTAL
Jan 422,8 3.036,08 0 3.036,08
Fev 533,4 3.036,08 0 3.036,08
Úmido

Mar 572 3.191,76 0 3.191,76


Abr 598,5 3.339,63 0 3.339,63
Dez 581,1 3.242,54 0 3.242,54
Mai 557,3 3.109,73 0 3.109,73
Jun 434,9 2.874,26 0 2.874,26
Jul 432,6 2.874,26 0 2.874,26
Seco

Ago 650,1 2.874,26 2.259,9 5.134,16


Set 503,1 2.874,26 0 2.874,26
Out 463,1 2.874,26 0 2.874,26
Nov 566,6 3.161,63 0 3.161,63
Total anual: 38.748,64

Tabela 6.30 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Verde (consumo).


Ponta Fora de Ponta
TOTAL
Mês CAP CAFP
Fatura (R$) Fatura (R$) (R$)
Consumo (kWh) Consumo (kWh)

Jan 16.671 8.144,45 94.522 4.359,35 12.503,80


Fev 18.849 9.208,49 100.526 4.636,26 13.844,75
Úmido

Mar 27.717 13.540,86 123.667 5.703,52 19.244,39


Abr 28.467 13.907,27 124.092 5.723,12 19.630,39
Dez 26.692 13.040,11 115.548 5.329,07 18.369,18
Mai 24.424 12.131,16 108.540 5.664,70 17.795,86
Jun 23.919 11.880,33 111.557 5.822,16 17.702,49
Jul 18.226 9.052,67 83.563 4.361,15 13.413,82
Seco

Ago 15.307 7.602,83 71.993 3.757,31 11.360,15


Set 24.967 12.400,86 106.667 5.566,95 17.967,81
Out 21.130 10.495,06 92.496 4.827,37 15.322,43
Nov 25.514 12.672,55 105.338 5.497,59 18.170,14
Total anual: 195.325,21

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 199


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demanda média é a relação entre a energia e


6.6 Fator de carga o tempo (Dmédia = energia/tempo), temos que:

Uma maneira de verificar se a energia Dmédia( Dt )


FC ( Dt ) = (6.25)
elétrica está sendo consumida racionalmente D max
é avaliar, para cada mês, qual foi o Fator de
Carga (FC) da instalação. EXEMPLO 6.10 Considere como exemplo uma
determinada indústria onde foi registrado num mês um
O Fator de Carga de qualquer consumo de energia elétrica de 100.000 kWh.
instalação é a relação entre o consumo e um Conforme definido, o valor da demanda média mensal
valor máximo de demanda multiplicado pelo dessa indústria seria Dmédia = energia/tempo = 100.000
número de horas relativos a um determinado kWh / 730h = 137 kW , onde 730 é o número médio de
horas de um mês. Suponha ainda que o valor da
período de efetiva produção, ou seja: demanda máxima medida no mês tenha sido Dmax =
200 kW. Nestas condições, o fator de carga da
instalação será, de (6.25):
C ( Dt )
FC ( Dt ) = (6.24)
(D max× Dt )
Dmédia 137kW
FC = = = 0,685
D max 200kW
Onde,
FC = Fator de Carga;
Dt = número de horas relativos a um
determinado período de produção; Um fator de carga elevado, próximo da
unidade, indica que as cargas elétricas foram
C = Consumo em Dt (kWh); utilizadas racionalmente ao longo do tempo.
Dmax. = valor máximo de demanda (kW). Por outro lado, um fator de carga baixo indica
que houve concentração de consumo de
energia elétrica em um curto período de
tempo, determinando uma demanda elevada.
Trata-se do parâmetro que mede o
Isto ocorre quando muitos aparelhos são
nível de eficácia assim como o custo
ligados ao mesmo tempo.
(eficiência) de aproveitamento da energia
elétrica por uma instalação num determinado Evidente que a situação ideal seria
período, (levando em conta o posto tarifário). aquela onde teríamos Dmédia = Dmáx = 1
(independente do número de horas
O fator de carga varia de 0 (zero) a 1 produtivas/dia), o que é impossível de se
(um), mostrando a relação entre o consumo obter na prática, pois seria o equivalente a
de energia, dentro de um determinado manter a carga ligada na indústria, constante
espaço de tempo. durante todo o mês.
O fator de carga mais comumente
utilizado é o mensal e a demanda é a O que ocasiona valores baixos de fator
máxima registrada por medição, no mês de carga é a concentração de cargas em
considerado. O período de tempo é de 730 determinados períodos. A seguir, algumas
horas (Dt), que corresponde ao número de situações que conduzem a esses valores
horas de um mês médio (supondo 24 horas baixos:
produtivas/dia - 664 horas p/ período fora de
• equipamentos de grande potência,
ponta e 66 horas p/ período de ponta), ou
operando a plena carga somente
seja, 8.760 horas anuais divididas em 12
algumas horas do período de
meses.
utilização, funcionando com carga
De outra forma, valendo-se da reduzida ou sendo desligados nos
expressão (6.24) e considerando-se que a demais períodos;

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 200


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

• cargas de grande porte ligadas C ⎛ kW ⎞


= Tc + ⎜ T d × ⎟ (6.27)
simultaneamente; kWh ⎝ kWh ⎠
• curtos-circuitos e fugas de corrente;
Introduzindo a variável Dt, já definida
• falta de programação para utilização anteriormente (número de horas relativos a
de energia. um determinado período de produção),
temos:
A melhoria do fator de carga, além de
diminuir as despesas com energia
consumida, conduz a um melhor C ⎛ Dt × kW ⎞
= Tc + ⎜ Td × ⎟ (6.28)
aproveitamento e aumento da vida útil de kWh ⎝ Dt × kWh ⎠
toda a instalação elétrica, inclusive de
motores e equipamentos e a uma otimização Observe que a introdução do fator Dt
dos investimentos nas instalações. não alterou a expressão, pois Dt / Dt = 1. Ora,
Como já visto, as contas de energia C/kWh = custo unitário “u” do kWh - energia
elétrica dos consumidores supridos em consumida. Teremos então:
tensão primária de distribuição são binômias
(compostas de duas parcelas): consumo, ⎛ Dt × kW ⎞ 1
expresso em kWh e demanda máxima, u = Tc + ⎜ Td × ⎟× (6.29)
expressa em kW. ⎝ kWh ⎠ Dt

Seja TC o preço unitário do kWh e Td o Substituindo (6.24) em (6.29):


preço unitário do kW, (definidos pela
Eletrobrás e aplicados pelas Concessionárias ⎛ 1 ⎞ 1
u = Tc + ⎜ Td × ⎟×
de Energia Elétrica). O custo total da energia ⎝ FC ⎠ Dt
num determinado mês, sem considerar a
incidência de impostos, será dado por:
⎛ Td ⎞
u = Tc + ⎜ ⎟ (6.30)
⎝ Dt × FC ⎠
C = (Tc × kWh) + (Td × kW ) (6.26)
Considerando a incidência de impostos
(ICMS), temos que o custo unitário total é:

Onde:
⎛ Td ⎞
u = Tc + ⎜ ⎟ + ICMS (6.31)
TC = Tarifa de consumo conforme o grupo ⎝ Dt × FC ⎠
associado (preço unitário do kWh);

Td = Tarifa de demanda conforme o grupo Onde,


associado (preço unitário do kW);
TC = Tarifa de consumo conforme o grupo
C = custo total da fatura (sem incidência de associado (preço unitário do kWh);
impostos previstos na legislação).
Td = Tarifa de demanda conforme o grupo
associado (preço unitário do kW);

Através de um tratamento matemático FC = fator de carga;


simples da expressão (6.26), podemos Dt = 730 horas num mês de medição
expressar a equação do custo em função do supondo 24 horas produtivas/dia;
Fator de Carga (FC). Dividindo ambos os
ICMS = valor do imposto.
membros da equação acima por kWh, vem:

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 201


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Podemos então concluir da expressão determinação da demanda contratada ideal,


(6.31), que o custo unitário da energia pois caso tenhamos um alto FCz com um
elétrica numa instalação industrial, é baixo FCy, a demanda máxima é séria
inversamente proporcional ao Fator de Carga candidata a ser a demanda ideal, se este for
da instalação, ou seja, quanto maior o Fator o perfil da instalação operando em plena
de Carga mensal, menor será o custo unitário capacidade.
da energia elétrica e, em conseqüência, isto
Operando sob um baixo FCy, implica-se
terá efeitos positivos no custo total da fatura
num mal aproveitamento da energia
mensal de energia elétrica.
contratada, além de um alto preço unitário do
Como já dito, o custo unitário ótimo, KWh, conforme mostra a expressão (6.31).
seria aquele obtido para FC = 1, ou seja, o Desta forma, analisando a expressão
custo unitário u = a + b/Dt. (6.31), para FC = FCy Médio Mensal, conclui-
Na prática, o fator de carga não deve se que, quanto maior o FCy, menor o custo
ser inferior a 0,7 em razão da economia de médio do KWh.
energia com o melhor rendimento da carga Para melhorar o fator de carga, deve-se
instalada. adotar um sistema de gerenciamento do uso
Para avaliar o potencial de economia, da energia, procurando-se retificar a curva de
deve-se observar o comportamento do fator carga típica da instalação, ou seja,
de carga e identificar o mês em que este deslocando-se a utilização de certas cargas
fator apresentou seu valor máximo. Isto pode que contribuem para formação de picos, para
indicar que se adotou, naquele mês, uma os horários de menor concentração de
sistemática de operação que proporcionou cargas (vales).
um uso mais racional de energia. Portanto, Nas tarifas convencional e horo-sazonal
seria possível repetir tal sistemática, de modo verde, o fator de carga é único porque existe
a manter o fator de carga naquele mesmo um único registro de demanda de energia,
nível todos os meses. enquanto que para tarifa horo-sazonal azul
Para medição apenas da eficácia no haverá dois fatores de carga, um para o
uso da energia elétrica, usa-se como padrão horário da ponta e outro para fora de ponta,
de comparação a demanda máxima ocorrida devendo a análise ser efetuada
neste período, ao passo que, para medição separadamente para cada horário
também da eficiência, utiliza-se a demanda correspondente.
contratada como sendo a máxima para A análise do fator de carga, além de
qualquer período escolhido. Em casos de mostrar se a energia elétrica está sendo
ultrapassagens contínuas poderemos ter utilizada de modo racional, traz uma
uma demanda média superior à contratada, a conclusão importante para definir o tipo de
qual, se for considerada máxima na fórmula tarifa mais adequada para a instalação.
do FC, teremos um FC > 1, indicando sobre
utilização da demanda contratada ou ainda Um fator de carga elevado no horário
necessidade de se contratar um valor maior de ponta (acima de 0,60) indica que a tarifa
de demanda. horo-sazonal azul é a mais adequada. Caso
contrário, a tarifa horo-sazonal verde trará
Na hipótese de não ultrapassagem, vantagens econômicas para o consumidor.
podemos ter um FC eficaz (FCz) próximo do
máximo teórico, o que implica que a É importante salientar que, quando o
demanda média é bem próxima da máxima e sistema de tarifação for horo-sazonal (azul ou
ao mesmo tempo um baixo FC eficiente verde), os fatores de carga do período de
(FCy), o que implica estar a demanda média Ponta e Fora de Ponta devem ser analisados
bem abaixo da contratada. Esta separação é separadamente e procurando transferir carga
interessante como ponto de partida para da Ponta para Fora de Ponta.

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 202


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O aumento do fator de carga pode ser FC = fator de carga;


conseguido através de medidas que, na sua
CA = consumo medido no mês, em kWh;
maioria, não implica em investimentos. Estão
relacionadas, a seguir, algumas delas: DA = demanda máxima medida no mês, em
kW;
• selecione e reprograme os
equipamentos e sistemas que 730 = número de horas de um mês médio.
possam operar fora do horário de
maior demanda da instalação,
6.6.2 Tarifação Horo-sazonal Azul
fazendo um cronograma de utilização
de seus equipamentos elétricos,
anotando a capacidade e o regime de Quando a energia elétrica é faturada
trabalho de cada um, através de seus através da tarifação horo-sazonal azul, deve
horários de funcionamento; ser calculado um fator de carga para o
período de ponta (número de horas médias
• evite partidas simultâneas de motores do mês na ponta igual a 66h) e um fator de
que iniciem operação com carga; carga para o período fora de ponta (número
de horas médias do mês fora da ponta igual
• diminua, sempre que possível, a a 664h).
operação simultânea dos
equipamentos; Determinação do fator de carga Médio
Mensal na ponta:
• verifique se a manutenção e a
proteção da instalação elétrica e dos
equipamentos são adequadas, de CAp
modo a se evitar a ocorrência de FCp = (6.33)
curtos-circuitos e fugas de corrente. DAp × 66

6.6.1 Tarifação convencional Onde:

Quando a energia elétrica é faturada


CAp = fator de carga na ponta, em kWh;
através do método convencional, por DAp = consumo medido na ponta, em kW;
definição, adota-se que o tempo mensal em
que a energia elétrica fica à disposição é de kWp = demanda máxima medida na ponta;
24 horas por dia durante o mês. Isto 66 = número de horas de ponta de um mês médio.
representa que o número de horas do
período durante o ano é de 730 horas por
mês. Determinação do fator de carga Médio
Assim sendo, o fator de carga (FC) Mensal fora de ponta:
médio mensal é calculado pela expressão
(6.32):
CAfp
FCfp = (6.34)
DAfp × 664
CA
FC = (6.32)
DA × 730
Onde:
FCfp = fator de carga fora de ponta;
Onde:
CAfp = consumo medido fora de ponta,em kWh;

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 203


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DAfp = demanda máxima medida fora de ponta,


em kW; Solução:

664 = número de horas fora de ponta de um mês


médio. Mês: janeiro
De (6.33):

6.6.3 Tarifação Horo-sazonal Verde CAp 16.671


FCp = = = 0,597
DAp × 66 422,8 × 66
Determinação do fator de carga Médio
Mensal: De (6.34):

CAfp 94.522
FCfp = = = 0,324
DAfp × 664 439,8 × 664
CAp + CAfp
FC = (6.35)
DA × 730
Aplicando-se as expressões acima para cada mês,
obtêm-se os cálculos do fator de carga apresentados
na tabela 6.31.
Onde: A figura 6.24 apresenta o gráfico do fator de carga
calculado mensal. Observa-se que no mês de agosto
FC = fator de carga; ocorreu um baixo fator de carga, indicando que neste
mês houve, em relação aos demais, uma maior
CAp = consumo medido na ponta, em kWh; concentração de consumo de energia elétrica em um
curto período de tempo, determinando uma demanda
CAfp = consumo medido fora de ponta, em kWh; elevada (muitos aparelhos ligados ao mesmo tempo).
DA = demanda máxima,em kW;
730 = número de horas de um mês médio. Fator de Carga mensal

1,000

0,800
Fator de carga

EXEMPLO 6.11 Calcular o fator de carga de uma


0,600 FC-P
instalação enquadrada na Tarifação THS-azul,
0,400 FC-FP
conforme dados da conta de energia apresentados na
tabela 6.31. 0,200

0,000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Tabela 6.31 Dados da conta de energia (demanda e
consumo).
Demanda máxima
Figura 6.24 Curva de fator de carga mensal na ponta e
(kW)
Consumo (kWh) Fator de carga fora da ponta.
Mês
Fora de Fora de Fora de
Ponta Ponta Ponta
Ponta Ponta Ponta
Jan 422,8 439,8 16.671 94.522 0,597 0,324
Fev 533,4 501,7 18.849 100.526 0,535 0,302
Mar 572,0 518,4 27.717 123.667 0,734 0,359
Abr 598,5 535,4 28.467 124.092 0,721 0,349
Mai 557,3 508,0 24.424 108.540 0,664 0,322
Jun 434,9 407,5 23.919 111.557 0,833 0,412
Jul 432,6 388,2 18.226 83.563 0,638 0,324
Ago 650,1 500,9 15.307 71.993 0,357 0,216
Set 503,1 484,4 24.967 106.667 0,752 0,332
Out 463,1 441,9 21.130 92.496 0,691 0,315
Nov 566,6 526,7 25.514 105.338 0,682 0,301
Dez 581,1 520,1 26.692 115.548 0,696 0,335

CAPÍTULO 6 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 204


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Capítulo
Projeto da correção do
fator de potência VII

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 205


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7 Projeto da correção do fator de potência

Sumário do capítulo
7.1 INSTALAÇÕES EM FASE DE PROJETO
7.1.1 A contratação do projeto
7.1.2 Levantamento dos dados para estimativa do fator de potência
7.1.3 Metodologia para estimativa do fator de potência
7.2 INSTALAÇÕES EM OPERAÇÃO
7.2.1 Método dos consumos médios mensais
7.2.2 Método analítico
7.2.3 Método das medições diretas

O estudo para aplicação de banco de


capacitores pode ser dividido em dois grupos 7.1 Instalações em fase de projeto
distintos. O primeiro é o estudo para
aplicação de capacitores em empresas com
instalações industriais em fase de projeto.
O segundo estudo é destinado às empresas 7.1.1 A contratação do projeto
com instalações industriais em processo
de operação. Para garantir uma instalação
tecnicamente adequada, segura e
Por razões óbvias, as soluções de econômica, o projeto de compensação
engenharia para melhoria do fator de reativa deve ser feito por um profissional
potência são implementadas mais facilmente especialista na área, legalmente habilitado e
e com menor custo quando concebidas na qualificado, devidamente registrado no CREA
fase de projeto do que em uma planta com a (o que é uma questão legal, diga-se de
instalação em processo de operação. passagem), e com as devidas qualificações
Entretanto, há uma grande dificuldade na para a elaboração de projeto elétrico para
obtenção dos dados necessários para instalação de banco de capacitores,
elaborar a “estimativa” do fator de potência conforme as prescrições das normas e
(detalhes técnicos, comportamento e regulamentos pertinentes.
características das cargas, etc) das
instalações em fase de projeto, muitas vezes É importante definirmos e
pelo fato das cargas nem mesmo terem sido esclarecermos as diferenças entre o
ainda adquiridas. profissional legalmente habilitado do
Para iniciar um projeto de correção do profissional qualificado.
fator de potência deveremos seguir
inicialmente duas etapas básicas: Um profissional legalmente habilitado
é aquele que possui a atribuição profissional
1. Interpretar e analisar os parâmetros compatível com o trabalho por ele a ser
elétricos das instalações: nas instalações realizado e pelo qual se tornará responsável
em operação, através das medições técnico (RT), além de estar devidamente
efetuadas e nas instalações em projeto, registrado no CREA - Conselho Regional de
através dos parâmetros elétricos engenharia, Arquitetura e Agronomia e em
presumidos; dia com as suas obrigações. As atribuições
2. Ter em mãos e interpretar as da profissão são anotadas na carteira
especificações técnicas de todos os profissional, quando da obtenção do seu
materiais que serão empregados na registro no CREA. O profissional fica
execução do projeto. obrigado a emitir a ART – anotação de

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 206


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responsabilidade técnica junto ao CREA, Todo cuidado é pouco ao se comparar


referente ao projeto e a instalação. A ART, propostas para elaboração de projetos,
além de ser uma exigência da legislação, principalmente quando existem grandes
assegura ao contratante que o profissional diferenças de preço entre elas, pois, com
está habilitado para o trabalho, servindo certeza, estarão sendo comparados, na
ainda como garantia contratual. maioria dos casos, produtos sobre bases
diferentes. Em outras palavras, de um lado,
Por outro lado, o profissional teremos propostas para elaboração de
qualificado é aquele que possui projetos; do outro, propostas para a
conhecimento e experiência suficientes para elaboração de desenhos. A diferença entre
o trabalho em questão, não somente os estes produtos é muito grande, o que justifica
aspectos teóricos, mas também os práticos e a diferença de preço entre eles, chegando,
as conseqüências de determinadas decisões. muitas vezes, a três ou quatro vezes.
Deve ter ampla visão sobre o assunto e estar Portanto, atenção ao adquirir um projeto, pois
preparado para imprevistos, mudanças de existe uma grande diferença entre buscar o
rumo e escolha de alternativas, que menor e o melhor preço.
costumam surgir em obras de engenharia.
Competência e bom senso profissional O termo "projeto" representa o conjunto
devem acompanhá-lo, pois decisões devem de estudos e realizações físicas que vão
ser tomadas diante de circunstâncias muito desde a concepção inicial de uma idéia
específicas e que, provavelmente, não (materializada através de documentos
estarão totalmente normalizadas ou técnicos) até sua concretização na forma de
regulamentadas, cabendo-lhe, assim, a difícil um empreendimento em operação. É um
tarefa de discernir e tomar uma decisão sem trabalho intelectual, de grande importância
precedentes. técnica, envolvendo significativa abrangência
de conhecimentos normativos para
A legislação trata do “poder fazer” proporcionar segurança e conforto,
(profissional habilitado) e a vida real cuida do objetivando o melhor custo/benefício.
“saber fazer” (profissional qualificado). Uma
característica não exclui a outra. Ambas são Por outro lado, os desenhos são
absolutamente necessárias para o bom apenas uma representação gráfica com o
desenvolvimento de um trabalho profissional. principal objetivo de fornecer informações
Ao contratar um profissional, lembre-se: suficientes para se executar uma montagem
"Habilidade se adquire praticando uma de uma instalação elétrica, sem se preocupar
técnica. Quem não pratica não sabe. Pensa na maior parte dos casos com as prescrições
que sabe". normativas e o melhor custo/benefício.

Atualmente, no Brasil, existem Dependendo da fase do


inúmeras obras de instalações elétricas sem empreendimento, os projetos são
a documentação técnica do projeto, classificados em projeto básico, executivo e
apresentando um enorme risco para os "as built". É importante salientar que a
usuários destas instalações. Pior que a maioria das concessionárias exige que o
ausência de um projeto é a obra ser projeto do banco de capacitores, também
executada com os chamados "pseudo- chamado de Pedido de Ligação de
projetos" de instalações elétricas, ou seja, Capacitores (PLC), seja enviado para
projetos (se assim podem ser chamados) em aprovação anteriormente à instalação. É
desacordo com as normas técnicas, importante exigir do profissional contratado
colocando em risco a execução correta das que se cumpra esta exigência.
instalações e a segurança da sociedade,
além de provocarem grandes alterações e Embora seja possível contratar
distorções nas propostas técnico-comerciais. separadamente os itens projeto,

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 207


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fornecimento e instalação, a prática tem projeto básico, que, como visto, representa
mostrado que a contratação do conjunto é a uma etapa prévia do desenvolvimento do
que apresenta melhores resultados técnicos projeto detalhado, em que se consolidam as
e menor custo para o cliente. Desse modo, o condições técnico-econômicas e
cliente terá o projeto, o fornecimento, a operacionais do projeto e se estabelecem os
construção e montagem, os testes e “start- requisitos básicos para cada integrante do
up” (posta em marcha da instalação) a cargo empreendimento. O projeto executivo
de um mesmo profissional ou empresa, consiste no desenvolvimento detalhado das
recebendo uma instalação pronta e decisões básicas, no nível de fornecimento,
funcionando. Na prática, esta modalidade de fabricação, compra, construção, montagem e
contratação de serviços é conhecida por posta em marcha ("start up") das instalações.
“turn-key”, a qual oferece sempre uma Como exemplo de projetos executivos de
solução integrada para uma necessidade de eletricidade, podemos citar as plantas e
melhoria operacional ou de investimento, detalhes de montagem, esquemas,
garantindo a qualidade e prazo dos memoriais de cálculo e descritivo, listas de
fornecimentos contratados. materiais definitivas, além da adequação de
alguns documentos do projeto básico, como,
por exemplo, os diagramas unifilares da
7.1.1.1 Projeto básico instalação.

Um projeto básico visa reunir as


informações iniciais relativas a um 7.1.1.3 Projeto “as-built”
empreendimento, estudar as alternativas
existentes e apresentá-las de forma Projeto que contempla os dados do
ordenada sob o aspecto de desenhos projeto inicial (básico e executivo), acrescido
preliminares, memoriais descritivos e critérios ou modificado pelas informações (alterações)
de projeto. A documentação técnica gerada surgidas na fase de execução da instalação.
no projeto básico permite em geral a
preparação de cronogramas e estimativas de
custo de referência. Os projetos básicos se 7.1.2 Levantamento dos dados para
destinam a consolidar diversos aspectos de estimativa do fator de potência
engenharia de uma planta, antes que sejam
efetuados dispêndios importantes com a Nas instalações industriais em fase de
aquisição de componentes e execução de projeto, alguns dados são fundamentais para
obras. Como exemplo de projetos básicos de que se possa determinar o fator de potência
eletricidade, podemos citar as listas de médio presumido da instalação e prever os
cargas, diagramas unifilares, arranjo de meios necessários para a sua correção, caso
equipamentos internos e no campo, se justifique. Estes dados são de
especificações preliminares de equipamentos fundamental importância para a
e listas de materiais avançadas. determinação do fator de potência horário
(consumidores enquadrados no grupo
tarifário horo-sazonal) ou fator de potência
7.1.1.2 Projeto executivo médio mensal (consumidores do grupo
tarifário convencional). Entre estes principais
Os projetos executivos, também
dados mencionados, citam-se:
chamados de detalhados, se destinam a
fornecer os elementos para a construção e a) Levantamento das cargas do
montagem de uma planta. O conjunto de projeto (potência, entre outras
informações necessárias e suficientes para a características elétricas);
elaboração de um projeto executivo são
aquelas que comumente são definidas como

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 208


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b) Ciclo de operação da carga (diário, Tabela 7.1 Características elétricas das cargas.
semanal, mensal, anual); Carga Características elétricas
c) Determinação das potências ativas ƒ Tipo (indução, rotor bobinado,
síncrono);
e reativas para o ciclo de carga ƒ Potência (cv, HP, kW ou kVA);
considerado; ƒ Rendimento;
ƒ Potência em kW e Fator de
d) Curvas de demanda ativa e reativa; potência (se constar na placa)
a plena carga;
e) Definição do tipo de correção;
ƒ Número de fases;
f) Elaboração do diagrama unifilar da ƒ Número de pólos;
ƒ Freqüência;
instalação. ƒ Velocidade (rpm);
ƒ Máquina acionada;
Em plantas de maior porte, o Motores
ƒ Funcionamento simultâneo
planejamento prevê com razoáveis detalhes com outras cargas (verificar se
todos os itens anteriormente citados. Porém, isto é obrigatório);
ƒ Horário de funcionamento (a
tem-se notado, na prática, que durante a vazio ou em carga);
elaboração de projetos elétricos de pequenas ƒ Funcionamento ou não no
instalações industriais, existe uma grande horário de ponta;
dificuldade em conhecer os detalhes técnicos ƒ Observar que, quanto maior é
e o ciclo operacional da planta com razoável a potência do motor,maior é a
necessidade de se obter, com
confiança. precisão, o seu horário de
funcionamento.
De qualquer forma, é importante
ƒ Potência nominal total (kW);
salientar que o fator de potência calculado ƒ Potência de operação (kW);
em instalações em fase de projeto é um valor ƒ Número de fases;
presumido. Esta estimativa pode não retratar Cargas ƒ Horário de funcionamento e
o real valor do fator de potência quando da resistivas número de horas de operação
por mês;
entrada em operação da planta, ƒ Funcionamento simultâneo
principalmente pelo fato de que nem sempre com outras cargas
a instalação é executada conforme o projeto, ƒ Tipo (indução eletromagnética,
além do fato dos materiais adquiridos Fornos
a arco, etc);
(motores, transformadores, fornos, cargas de ƒ Fator de potência;
ƒ Número de fases.
iluminação, etc) nem sempre serem os ƒ Tipo (transformadora, moto-
especificados no projeto. geradora, transformadora
Máquina de
retificadora);
solda
ƒ Fator de potência;
7.1.2.1 Levantamento da carga ƒ Número de fases;
ƒ Tipo (incandescente,
Para o levantamento das cargas da fluorescente, vapor de sódio,
instalação, algumas características elétricas Iluminação vapor de mercúrio);
ƒ Reator (alto ou baixo fator de
são de fundamental importância. Estas potência).
características a serem levantadas variam, ƒ Potência (kVA);
dependendo do tipo de carga, conforme ƒ Impedância (Z%);
Transformador
apresentado na tabela 7.1. ƒ Monofásico ou trifásico;
ƒ Horas de funcionamento.
A tabela 7.2 apresenta um modelo de
planilha para levantamento da carga da
instalação. É de fundamental importância, Caso as cargas não-lineares não
quando do levantamento das cargas, a ultrapassem 20% da carga total da instalação
separação entre dois grupos: cargas lineares elétrica, pode-se corrigir o fator de potência
e não-lineares. estimado somente com a instalação de
capacitores, pois é pouca a possibilidade de

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 209


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haver problemas com harmônicas na 7.1.2.4 Curvas de demandas ativas e


instalação elétrica. reativas
Por outro lado, se as cargas não-
A determinação das curvas de
lineares ultrapassarem 20% da carga total
demandas ativas e reativas é uma ótima
instalada, deverá, deve ser previsto na
ferramenta gráfica para visualização e
instalação dispositivos específicos para
análise do ciclo de operação diário da
minimizar o impacto das distorções
instalação. Com base nos valores finais
harmônicas, tais como indutores de proteção
obtidos nas tabelas mencionadas na seção
anti-harmônicas nos capacitores ou filtros
7.1.3, traçam-se os gráficos exemplificados
para as harmônicas mais significativas a
na figura 7.1.
serem geradas pelas cargas elétricas
(maiores detalhes, ver capítulo 9).
7.1.2.5 Definição do tipo de correção
7.1.2.2 Ciclo operacional Deve-se decidir tecnicamente pelo
modelo e tipo de correção mais adequada às
O comportamento operacional de uma
necessidades da empresa (capítulo 4).
indústria é definido como o período (diário,
semanal, mensal ou anual) onde se
evidencia um ciclo completo de atividade. 7.1.2.6 Diagrama unifilar
Nas indústrias, as máquinas, em geral, Deve ser previsto, entre os documentos
operam em grupos definidos, podendo ser a serem gerados para o projeto, um
determinado o ciclo de operação para cada diagrama unifilar da instalação incluindo os
conjunto homogêneo de carga e depois capacitores para a correção do fator de
compor vários conjuntos, formando a curva potência. O diagrama unifilar facilita o
de carga que corresponde ao funcionamento entendimento dos locais da instalação dos
da instalação, durante o período capacitores e da interligação entre os
considerado. quadros de distribuição, quadros terminais e
O ciclo de operação diário é suas respectivas cargas.
determinado, na prática, considerando-se um
dia típico provável de produção normal. Para
as indústrias comprovadamente sazonais é 7.1.3 Metodologia para estimativa do fator
importante determinar o seu comportamento de potência
durante um ciclo completo de atividade.
O fator de potência pode ser
É interessante, durante o levantamento determinado através de dois métodos
do ciclo operacional da instalação, a básicos: método dos consumos mensais
separação entre as cargas resistivas (ativas), previstos e o método analítico. O método a
indutivas lineares e indutivas não lineares. ser utilizado dependerá dos dados
disponíveis e da precisão necessária dos
7.1.2.3 Demandas ativas e reativas resultados.

A determinação das demandas ativas 7.1.3.1 Método dos consumos mensais


(kW) e reativas (kVAr) para o ciclo de carga previstos
considerado deve ser feita com bastante
critério. Como sugestão, pode-se organizar O desenvolvimento deste método
os valores de demanda ativa e reativa para baseia-se na determinação dos consumos
cada setor da instalação em períodos de 2 previstos no ciclo de operação mensal da
horas, conforme modelo apresentado no instalação.
exemplo 7.1 (tabelas 7.3 e 7.4).

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 210


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Inicialmente, determinam-se os compreendido de 6 às 24 horas. Fora do período de


consumos de energia ativa (kWh) e reativa sua atividade produtiva, a indústria mantém apenas
10% da sua iluminação normal.
(kVArh) com base no ciclo de operação diário
(é importante que a indústria tenha bem Solução:
definida a atividade produtiva, ou seja, o ciclo
de operação) e projetam-se estes consumos a) Levantamento da carga
de acordo com os dias trabalhados ao longo
de um período de mês comercial, ou seja, 30 Resultados conforme tabela 7.2.
dias. Depois, basta aplicar a expressão 7.1
(que é a "velha" expressão 2.1, transcrita em b) Demandas previstas
função de consumos mensais). Assumindo-se conjuntos homogêneos (cargas
de mesmas características elétricas, por exemplo,
conjuntos de cargas resistivas e conjuntos de cargas
CA indutivas), determinam-se as demandas ativas e
Fp = (7.1)
CA2 + CR 2 reativas previstas em cada setor da indústria (S1 ao
S7), considerando-se o levantamento de carga
apresentado na tabela 7.2.
Onde,
CA = consumo de energia ativa registrada no b.1) Setor S1
mês, em [kWh];
CR = consumo de energia reativa registrada P1 = 15 × 10 × 0,736 = 111kW
no mês, em [kVArh]. Q1 = P1 × tg [ar cos(0,85)] = 69kVAr

b.2) Setor S2
EXEMPLO 7.1 Determinar o fator de potência provável
(e, caso necessário, a sua correção para 0,92) para o
projeto de uma indústria onde as cargas a serem P 2 = 110 × 7,5 × 0,736 = 607kW
instaladas são conhecidas e cujo ciclo de operação
(período de atividade produtiva) prevê o funcionamento Q 2 = P2 × tg[ar cos(0,81)] = 440kVAr
semanal de segunda à sexta-feira, no período

Tabela 7.2 Levantamento das cargas da indústria do exemplo 7.1.


Motores Lâmpadas
Período de
Setor Potência Total Fluorescente Incandescente
Qtde. FP Qtde. funcionamento
[cv] [cv] [W] [W]
S1 15 10 150 0,85 --- --- --- 6:00 às 20:00h
S2 110 7,5 825 0,81 --- --- --- 6:00 às 22:00h
6:00 às 14:00h
S3 30 15 450 0,75 --- --- ---
16:00 às 24:00h
25 5 125 0,83 --- --- ---
S4 8:00 às 18:00h
35 25 875 0,85 --- --- ---
S5 20 15 300 0,73 --- --- --- 8:00 às 20:00h
5 125 625 0,74 --- --- ---
S6 6:00 às 20:00h
5 40 200 0,83 --- --- ---
--- --- --- --- 900 65 --- 6:00 às 24:00h
S7 --- --- --- --- 180 40 --- 24:00 às 6:00h
--- --- --- --- 150 --- 100 (somente 10%)
Notas:
1. Observe a separação entre as cargas resistivas e indutivas na tabela.
2. Na potência das lâmpadas fluorescentes apresentadas nesta tabela, não estão consideradas as perdas dos
reatores.

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 211


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b.7) Setor S7
b.3) Setor S3

P 7 = (900 × 65) + (180 × 40) + (900 × 11,9) +


P3 = 30 × 15 × 0,736 = 331kW + (180 / 2 × 24,1) + (150 × 100) / 1000
Q3 = P3 × tg [ar cos(0,75)] = 292kVAr P 7 = 94kW
Q 7 = {(900 × 11,9 ) × tg [ar cos(0,5)]} +
b.4) Setor S4
+ {(180 / 2 × 24,1) × tg [ar cos(0,9 )]}/ 1000
Q 7 = 20kVAr
P 4 = [(25 × 5) + (35 × 25)] × 0,736 = 736kW
⎧25 × 5 × tg [ar cos(0,83)] + ⎫ Os fatores de potência de 0,5 e 0,9
Q4 = ⎨ ⎬ × 0,736 correspondem respectivamente aos reatores de baixo e
⎩+ 35 × 25 × tg [ar cos(0,85)]⎭ alto fator de potência utilizados.
Q4 = 542kVAr As tabelas 7.3 e 7.4 abaixo correspondem as
demandas ativa [kW] e reativa [kVAr] acumuladas por
período.
b.5) Setor S5
As perdas em watts dos reatores bem como o
seu fator de potência podem ser encontradas em
P5 = 25 × 15 × 0,736 = 221kW catálogos de fabricantes. Os reatores simples para
Q5 = P5 × tg[ar cos(0,73)] = 207kVAr lâmpadas fluorescentes de 65 W apresentam uma
perda de 11,9 W com um fator de potência de 0,5,
enquanto os reatores duplos utilizados neste exemplo
b.6) Setor S6 para as lâmpadas de 40 W têm perdas de 24,1 W, com
um fator de potência de 0,9 (reatores compensados).
Observe que no cálculo da potência reativa no setor
Os motores de 125 e 40 cv funcionam somente S7, foi considerada apenas a potência das cargas
com metade de sua capacidade nominal. reativas, ou seja, dos reatores das lâmpadas
fluorescentes. Além disto, pelo fato do reator das
lâmpadas de 40 W ser duplo (cada reator está ligado à
⎛ 5 × 125 + 5 × 40 ⎞ duas lâmpadas), considera-se no levantamento da
P6 = ⎜ ⎟ × 0,736 = 304kW
⎝ 2 ⎠ potência dos reatores metade do número de lâmpadas,
ou seja, 150/2 = 75.
⎧⎡ 5 × 125 × tg [ar cos(0,74)]⎤ ⎫
⎪⎢
⎪⎣ 2 ⎥⎦ + ⎪⎪
Q6 = ⎨ ⎬ × 0,736
⎪+ ⎡ 5 × 40 × tg [ar cos(0,83)]⎤ ⎪
⎪⎩ ⎢⎣ 2 ⎥⎦ ⎪

Q 6 = 259kVAr

Tabela 7.3 Demanda ativa acumulada por período [kW] - exemplo 7.1.
Período em horas
Setores
0-2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 12-14 14-16 16-18 18-20 20-22 22-24
S1 --- --- --- 111 111 111 111 111 111 111 --- ---
S2 --- --- --- 607 607 607 607 607 607 607 607 ---
S3 --- --- --- 331 331 331 331 --- 331 331 331 331
S4 --- --- --- --- 736 736 736 736 736 --- --- ---
S5 --- --- --- --- 221 221 221 221 221 221 --- ---
S6 --- --- --- 304 304 304 304 304 304 304 --- ---
S7 9,4 9,4 9,4 94 94 94 94 94 94 94 94 94
TOTAL 9,4 9,4 9,4 1.447 2.404 2.404 2.073 2.404 2.404 1.668 1032 425

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 212


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Tabela 7.4 Demanda reativa acumulada por período [kVAr] - exemplo 7.1.
Período em horas
Setores
0-2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 12-14 14-16 16-18 18-20 20-22 22-24
S1 --- --- --- 69 69 69 69 69 69 69 --- ---
S2 --- --- --- 440 440 440 440 440 440 440 440 ---
S3 --- --- --- 292 292 292 292 --- 292 292 292 292
S4 --- --- --- --- 542 542 542 542 542 --- --- ---
S5 --- --- --- --- 207 207 207 207 207 207 --- ---
S6 --- --- --- 259 259 259 259 259 259 259 --- ---
S7 2,0 2,0 2,0 20 20 20 20 20 20 20 20 20
TOTAL 2,0 2,0 2,0 1.080 1.829 1.829 1.829 1.537 1.829 1.287 752 312

c) Traçado das curvas de carga CkVArhd = (2 x 6h) + (1.080 x 2h) + (1.829 x 8h) + (1.537
x 2h) + (1.287 x 2h) + (752 x 2h) + (312 x 2h)
Considerando-se os valores totais obtidos da
formação das tabelas 7.3 e 7.4, traçam-se as curvas de CkVArhd = 24.580 kVArh/dia
carga das demandas previstas (ativa e reativa), que
compõem um ciclo de carga diário (figura 7.1).
d.4) Cálculo do valor do consumo de energia reativa
Curva de demanda ativa [kW] e reativa [kVAr] mensal (considerando-se 22 dias):
3000 CkVArhm = 24.580 kVArh x 22 dias= 540.760 kVArh/mês
Demanda [kW, kVAr]

2500
2000
kW
1500
1000
kVAr Através da aplicação da expressão 7.1,
500
obtemos:
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
CA 716.724
Tempo [horas]
FP = = = 0,80
CA + CR
2 2
716.724 2 + 540.760 2
Figura 7.1 Curva de Demanda Ativa [kW] e Reativa
[kVAr].
e) Correção do fator de potência
Para calcularmos a potência ativa (kW), basta
d) Cálculo do fator de potência dividir o consumo ativo mensal (kWh/mês) pelo período
de funcionamento medido (horas). Considerando-se o
Para o cálculo do fator de potência, é necessário mês de 22 dias com funcionamento 24h/dia, temos
calcular os consumos de energia ativa e reativa para o que:
período de um mês de operação da indústria. Estes
valores são obtidos multiplicando-se as demandas ativa
e reativa pelo tempo considerado de operação diária e Demanda (kW) = CkWhm / (período)
pelo número de dias de funcionamento previsto.
716.724kWh
d.1) Cálculo do consumo de energia ativa diário: Demanda = = 1.358kW
22 × 24
CkWhd = (9,4 x 6h) + (1.447 x 2h) + (2.404 x 8h) + (2.073
x 2h) + (1.668 x 2h) + (1.032 x 2h)+ (425 x 2h)
Da tabela 3.2, que fornece o multiplicador Δtg
CkWhd = 32.579 kWh/dia
em função do fator de potência original calculado
d.2) Cálculo do consumo de energia ativa mensal anteriormente (cosϕ1 = 0,80) e daquele que se
(considerando-se 22 dias): pretende obter (cosϕ2 = 0,92), obtemos o valor de Δtg =
0,32.
CkWhm = 32.579 kWh x 22 dias = 716.724 kWh/mês
Da expressão (3.2), temos:

d.3) Cálculo do consumo de energia reativa diário:


Qc = P × Δtgϕ
Qc = 1.358kW × 0,32 = 435kVAr

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 213


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Considerando células capacitivas de 50 kVAr Solução:


cada, o número de células no banco (NC) vale:
Para os motores de 5 cv, tem-se:
NC = 435 / 50 = 8,7 ≈ 9
P1 = 5 cv x 0,736 kW x 20 = 73,6 kW
QC = 9 x 50 = 450 kVAr
Q1 = 73,6 x tg [arcos(0,75)] = 65 kVAr
Como será visto mais adiante, é de suma importância φ1 = arcos (0,75) = 41,4°
estudar criteriosamente a locação de bancos de
capacitores na instalação, a fim de que, em carga leve, Para os motores de 30 cv, tem-se:
não ocorra excesso de potência capacitiva, podendo P2 = 30 cv x 0,736 kW x 10 = 220,8 kW
causar sobretensões na instalação e,
consequentemente, a queima de equipamentos, Q2 = 220,8 x tg [arcos(0,85)] = 136,8 kVAr
principalmente lâmpadas incandescentes.
φ2 = arcos (0,85) = 31,8°

7.1.3.2 Método analítico


A carga de iluminação vale:
O método analítico baseia-se na P3 = [ (600 x 40W) / 1.000 ] + [ (600 x 15,3W) / 1.000 ] =
resolução do triângulo das potências, 33,2 kW
conforme apresentado na seção 1.4. Cada Q3 = 33,2 x tg[arcos(0,4)] = 76,1 kVAr
carga deve ser considerada individualmente, φ3 = arcos (0,4) = 66,4°
calculando-se a sua demanda ativa (kW) e
reativa (kVAr), com base no fator de potência
nominal (conforme dados de placa do As figuras 7.2(a), (b) e (c) representam os triângulos de
equipamento ou, caso ainda não tenham sido potências correspondentes a cada conjunto de carga
(motor de 5 cv, 30 cv e iluminação, respectivamente)
adquiridos, pelos dados constantes no Compondo-se os diversos triângulos das potências,
catálogo do fabricante). Uma vez obtido os tem-se o triângulo resultante, conforme apresentado na
valores de demanda ativa e reativa, calcula- figura 7.2(d).
se o valor do ângulo φ. O método analítico é O fator de potência do conjunto vale:
empregado, na maioria das vezes, quando se
deseja obter o fator de potência em um PT = P1 + P2 + P3 = 73,6 + 220,8 + 33,2
determinado ponto do ciclo de carga, como, PT = 327,6 kW
por exemplo, no ponto de demanda máxima
QT = Q1 + Q2 + Q3 = 65 +136,8 + 76,1
prevista para a instalação.
QT = 277,9 kVAr
φ = arctg (PT / QT) = arctg (277,9 / 327,6) = 40,3º
EXEMPLO 7.2 Seja a instalação elétrica industrial com
cargas conforme tabela 6.5. Determinar o fator de Fp = cos (40,3º) = 0,76
potência na demanda máxima prevista.

Tabela 7.5 Dados das cargas do exemplo 7.2.


Características
Carga Quant.
elétricas
Motor trifásico 5 cv / 380 V / 4 pólos,
20
indução com Fp = 0,75

Motor trifásico 30 cv / 380 V / 4 pólos,


10
indução com Fp = 0,85
40 W (perdas = 15,3 W),
Lâmpadas com reator de baixo
600
fluorescentes fator de potência, ou
seja, 0,4 em atraso

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 214


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Q2 = 136,8 kVAr
Q1 = 65 kVAr
φ1 = 41,4° φ2 = 31,8°
P1 = 73,6 kW P2 = 220,8 kW

a b

Q3 = 277,9 kVAr
Q3 = 76,1 kVAr

φ3 = 66,4° φT = 40,3°
P3 = 33,2 kW P3 = 327,6 kW
c d
Figura 7.2 Triângulos de potência para o exemplo 6.2.

EXEMPLO 7.3 Determinar o fator de potência, na


demanda máxima prevista, para a instalação elétrica
industrial apresentada no exemplo 7.1.
Solução: 3.021 VA
1.829 kVAr
Analisado as tabelas 7.3 e 7.4, observa-se que a
φ= 37,3°
máxima demanda ocorre em quatro períodos (8 – 10h;
10 – 12h; 12 – 14h; 16 – 18h), sendo a demanda
máxima total igual a 2.404 kW e 1.829 kVAr (tabela 2.404 kW
7.6).

Tabela 7.6 Dados das cargas do exemplo 7.3.

Setores
Período 8-10h 7.2 Instalações em operação
kW kVAr
S1 111 69
Conforme apresentado na seção 7.1, a
S2 607 440
determinação do fator de potência para
S3 331 292 instalações em fase de projeto é um valor
S4 736 542 presumido, baseado em valores estimados
S5 221 207 de potência e de ciclo de carga. A
S6 304 259 determinação precisa do fator de potência
S7 94 20
somente é obtida por meio de medição
(através da utilização de equipamentos
TOTAL 2.404 1.829
adequados), o que só é possível após a
O fator de potência será igual à:
execução do projeto e quando a instalação
estiver operando em plena carga.
De (1.47), É importante salientar que, em geral,
P 2.404 2 em indústrias recém-inauguradas, não se
Fp = = = 0,80 deve proceder à medição do fator de
P +Q
2 2
2.404 2 + 1.829 2

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 215


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potência, em virtude de nem sempre todas as da solução mais viável sob os pontos de vista
máquinas estarem em operação de regime. técnico e econômico.
Em princípio, o aumento do fator de
potência pode ser conseguido não apenas 7.2.1.1 Histórico de consumo
através de soluções de ordem técnica (como
a instalação de banco de capacitores), mas Para se verificar o comportamento da
também através um conjunto de soluções e instalação durante diversas épocas do ano,
providências básicas de ordem deverá ser feito o levantamento dos dados de
administrativa, relacionadas, de maneira consumo de, no mínimo, 12 meses
geral, com a modificação na rotina anteriores, uma vez que poderá haver
operacional, objetivando uma utilização variação em função de diversas causas, tais
correta de motores e transformadores, como, como flutuações de mercado, tanto do
por exemplo: fornecedor como consumidor, safra,
variações de temperatura, regime
a. Desligar da rede os motores que pluviométricos, etc.
estiverem operando em vazio; Desse levantamento, deverão ser
b. Substituir os motores obtidas as seguintes informações, cujos
superdimensionados (operando com conceitos já foram apresentados no capítulo
pequenas cargas) por unidades de menor 6:
potência; a) Demandas registradas – DR (kW);
c. Evitar transformadores operando em b) Demandas faturadas – DF (kW);
vazio ou com pequenas cargas. Manter
energizado somente um transformador da c) Consumo de energia ativa – CA
subestação, quando a indústria estiver (kWh);
operando em carga leve, ou somente d) Consumo de energia reativa – CR
com a iluminação de vigia. (kVArh);
e) Fator de carga – FC;
Para a determinação do fator de f) Fator de potência – Fp;
potência para instalações em operação,
podem ser adotados alguns métodos g) Valor faturado relativo à demanda
clássicos, apoiados na obtenção de dados reativa excedente – FDR;
referentes ao consumo e em medições: h) Valor faturado relativo à energia
reativa excedente – FER.
a) Método dos consumos médios mensais;
Estes dados deverão ser levantados
b) Método analítico; nos horários de ponta e fora de ponta para os
c) Método das medições diretas. consumidores da Tarifa Horo-sazonal e
durante o período de faturamento para os
consumidores da Tarifa Convencional ao
7.2.1 Levantamento de dados longo do ciclo de operação da carga da
instalação (diário, semanal, mensal ou
É necessário que o levantamento de anual).
dados seja o mais criterioso possível, a fim
de que o estudo de melhoria do fator de
7.2.1.2 Dados a serem obtidos junto ao
potência atinja o melhor resultado. Deverá
consumidor
ser obtido o maior número de informações
sobre a instalação elétrica do consumidor, de Os seguintes dados devem ser obtidos
forma a se obter condições de apresentação junto ao consumidor:

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 216


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a) Horário de funcionamento da instalações em operação, este é um dos


instalação; métodos mais simples. Consiste em tabular
os consumos de energia ativa (kWh) e
b) Previsão de expansão futura
reativa (kVArh) medidos e fornecidos na
(principalmente se for a curto
conta emitida pela concessionária de
prazo);
energia.
c) Consumo e preço de energia sob
Para melhor eficácia nos resultados a
outras formas (combustível, gás,
serem obtidos, é conveniente que sejam
etc);
computadas as contas de energia
d) Possibilidade de substituição de correspondentes a um período mínimo igual
algum equipamento não movido à ou superior a seis meses.
eletricidade, por seu equivalente
É importante salientar que, em
elétrico;
indústrias que apresentem sazonalidade de
e) Ramo de atividade. produção, é necessário aumentar o período
do estudo, por exemplo, para 12 meses. Com
7.2.1.3 Levantamento de cargas os resultados obtidos pela média aritmética
dos valores tabulados, emprega-se a
Para o levantamento das cargas da expressão (7.1).
instalação em operação, analogamente ao
que foi apresentado para as instalações em
EXEMPLO 7.4 Determinar o fator de potência médio da
projeto, algumas características elétricas são instalação industrial cujos consumos mensais foram
de fundamental importância. Estas organizados segundo a tabela 7.7.
características a serem levantadas variam,
dependendo do tipo de carga, conforme
Tabela 7.7 Consumos médios mensais do exemplo 7.4.
apresentado na tabela 7.1.
Consumos
É importante verificar a possibilidade de Mês
kWh kVArh
diversificação dos horários de funcionamento Julho 18.560 18.650
das cargas, principalmente quando o FC da Agosto 21.070 20.400
instalação for muito baixo. Setembro 16.520 14.230
Outubro 18.310 17.770
Novembro 16.580 16.900
Dezembro 19.480 18.560
7.2.2 Medições Soma 110.520 106.510
Média 18.420 17.752
Deverão ser implementadas medições
de tensão, corrente e potência para Solução:
orientação no desenvolvimento do estudo.
Estas medições podem ser feitas por
medidores eletrônicos portáteis, instalados Aplicando-se a expressão (7.1), tem-se:
provisoriamente apenas para coleta de dados
para um estudo específico ou utilizando-se FP =
18.420
= 0,72
dos medidores fixos da concessionária, 18.420 2 + 17.752 2
através da memória de massa (no caso dos
consumidores da Tarifa Horo-sazonal).

7.2.3 Método dos consumos médios


mensais

Entre todos os métodos para


determinação do fator de potência em

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 217


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7.2.4 Método analítico

A mesma metodologia apresentada na seção


7.1.3.2 para estimativa do fator de potência
para instalações em fase de projeto pode ser
aplicado para as instalações em operação.

7.2.5 Método das medições diretas

Este método consiste em se obter os


dados relativos às demandas ativa (kW) e
reativa (kVAr) através de medições feitas por
aparelhos eletrônicos ou microprocessados,
onde pode ser visualizado por meio de Figura 7.3 Analisador de qualidade de energia
gráficos as oscilações de maior importância (divulgação: Fluke).
(figuras 7.4 e 7.5).
Os analisadores de energia também
Estes medidores podem ser portáteis podem ser portáteis ou fixos. Estes
(instalados provisoriamente pelo próprio medidores, em conjunto com controladores,
consumidor) ou fixos (como os instalados permitem o gerenciamento energético da
compulsoriamente pelas concessionárias nos instalação, em alguns casos, inclusive, com
grandes consumidores industriais, cujos monitoramento remoto pela internet.
dados armazenados são chamados de
“memória de massa”). Em ambos os casos,
os dados são armazenados e posteriormente EXEMPLO 7.5 Determinar o fator de potência da
transferidos para um microcomputador, que instalação industrial para os horários de ponta (máxima
através de software específico, fornecerá os demanda) e de carga leve (mínima demanda),
valores horários de demanda e energia ativa conforme as medições apresentadas nas figuras 7.4 e
7.5.
e reativa consumidos, ou seja, gráficos de
variação ao longo do dia (curva de carga da
instalação). Curva de demanda ativa [kW] e reativa [kVAr]

Alguns medidores eletrônicos mais 7000


Demanda [kW, kVAr]

avançados medem todos os parâmetros do 6000


5000

sistema de alimentação em conformidade 4000


3000
kW
kVAr
com a norma IEC 61000-4-30, como tensão e 2000

corrente de valor eficaz verdadeiro (True 1000


0

RMS), freqüência, potência (ativa, reativa e 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Tempo [horas]
aparente), consumo de energia, fator de
potência, desequilíbrios e oscilações, Figura 7.4 Curva de carga diária (demanda ativa e
registros de harmônicas e distorções reativa).
harmônicas entre outras variações
transitórias. Fator de potência horário

1,05
Estes equipamentos são os chamados 1,00
Fator de potência

“analisadores de qualidade de energia”. 0,95


Fp
Vários tipos de gráficos são gerados por 0,90
0,85
Fp 0,92

estes equipamentos, facilitando amplamente 0,80

a análise da instalação elétrica. 0,75


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Tempo [horas]

Figura 7.5 Curva do fator de potência diário.

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 218


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Solução: Para a demanda máxima:

A demanda máxima ocorre as 18:00h (6.400 kW ⎡ ⎛ 3.350 ⎞⎤


e 3.350 kVAr) e a mínima as 4:00h (1.650 kW e 260
Fp = cos ⎢arctg ⎜ ⎟⎥ = 0,89
⎣ ⎝ 6.400 ⎠⎦
kVAr).
O cálculo do fator de potência pode ser obtido Para a demanda mínima:
diretamente pelo gráfico da figura 7.5 ou aplicando-se
diretamente a expressão abaixo, a qual permite
calcular o valor instantâneo do fator de potência. ⎡ ⎛ 260 ⎞⎤
Fp = cos ⎢arctg ⎜ ⎟⎥ = 0,99
Temos que: ⎣ ⎝ 1.650 ⎠⎦

⎡ ⎛ Q ⎞⎤
Fp = cos ϕ = cos ⎢arctg ⎜ ⎟⎥
⎣ ⎝ P ⎠⎦

CAPÍTULO 7 – PROJETO DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA 219


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Capítulo
Gerenciamento
energético VIII

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 220


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8 Gerenciamento Energético

Sumário do capítulo
8.1 CONTROLE DE DEMANDA, CONSUMO E FATOR DE POTÊNCIA
8.1.1 A medição feita pela concessionária
8.1.2 Os controladores de demanda
8.2 GERENCIAMENTO DE ENERGIA
8.2.1 Sistema típico de gerenciamento energético
8.2.2 Monitoração energética remota (via internet)
8.3 CONTROLE AUTOMÁTICO DE BANCO DE CAPACITORES
8.3.1 Controle automático de tensão
8.3.2 Controle automático de potência reativa capacitiva

Nos dias atuais, a gestão da energia 8.1 Controle de demanda, consumo e


elétrica vem se tornando uma necessidade fator de potência
para as indústrias interessadas em reduzir os
custos.
O controle de demanda, consumo e
Em um mercado altamente competitivo, fator de potência não é um “luxo” a ser
onde o aumento da produtividade é, na aplicado a uma instalação elétrica. Na maior
grande maioria dos casos, sinônimo de parte das vezes, é uma necessidade.
sobrevivência, os consumidores industriais Qualquer que seja o seu enquadramento
não estão se preocupando apenas com os tarifário dentro do Grupo A, a sua demanda
ganhos (financeiros) decorrentes da registrada (para fins de faturamento) será, a
otimização dos contratos de demanda e da cada mês, como visto, a maior demanda de
eliminação de multas por ultrapassagens de cada um dos intervalos de integração de 15
demanda e fator de potência cobrados pelas minutos ao longo do mês. Se a empresa
concessionárias, como ocorria há alguns estiver enquadrada na tarifa horo-sazonal
anos atrás. Existe também uma grande azul, terá uma demanda registrada para o
preocupação com a qualidade da energia, horário fora de ponta, e outra demanda
visando obter recursos para que se alcance registrada para o horário de ponta. Estes
um aumento de produtividade através da valores, quando elevados, podem ocasionar
diminuição de interrupções, maior vida útil pesados acréscimos à fatura de energia.
dos transformadores e demais equipamentos
instalados nas subestações e em outros Conforme apresentado no Capítulo 6, a
setores da instalação. Resolução Nº 456 da Aneel estabelece
regras para o fator de potência dos
Dentro deste quadro, surge com consumidores do Grupo A. Em linhas gerais,
destaque o gerenciamento e a conservação a medição do fator de potência é obrigatória
de energia elétrica, onde cada vez mais as e permanente e, para evitar multas, deverá
empresas têm avançado na idéia de se ser mantido acima (média horária) de 0,92
gerenciar as grandezas elétricas indutivo (durante os horários fora de ponta
setorialmente na instalação elétrica, indutivo e de ponta), e acima de 0,92
controlando o fator de potência e várias capacitivo no horário capacitivo. Para
outras grandezas em cada ponto da unidades consumidoras do Grupo B, a
instalação. medição do fator de potência é facultativa,
sendo admitida a medição transitória, desde
que por um período mínimo de 7 (sete) dias
consecutivos.

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 221


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

Como o fator de potência é medido pela Concessionária Sistema de medição Carga


concessionária de hora em hora, existe a
necessidade de se controlá-lo continua e
automaticamente, de modo a evitar multas
Medição direta
por baixo fator de potência.

Carga
8.1.1 A medição feita pela concessionária Concessionária Sistema de medição

A concessionária possui instalado, junto TC/TP


à sua entrada de energia, todos os
medidores e registradores de energia
necessários à cobrança das grandezas
Medição indireta
elétricas que o seu enquadramento tarifário
permite a ela cobrar. É obrigação da
concessionária instalar estes equipamentos, Figura 8.1 Sistemas de medição direta e indireta.
salvo condições específicas previstas na
legislação. 8.1.1.1 Medição em consumidores
As concessionárias basicamente convencionais e monômios
instalam dois tipos de sistemas de medições
Nos consumidores Convencionais e
nas instalações elétricas dos consumidores:
Monômios serão utilizados até dois
a) Medição direta: É aquela em que a medidores de energia. Um medidor para a
energia consumida passa integralmente medição da energia reativa (kVARh ou kQh)
através dos medidores do sistema de e um medidor para a medição da energia
medição. Este tipo de medição é utilizada ativa (kWh). Normalmente estes medidores
principalmente nos consumidores do Grupo são eletromecânicos. A decisão de se utilizar
B, ou seja, nos consumidores que não um medidor eletromecânico ou eletrônico é
possuem transformadores particulares e que da concessionária.
são atendidos em tensão secundaria de
Os medidores eletromecânicos que
distribuição (TSD) até 600 V e com limite de
registram o consumo de energia, integralizam
carga especificado por cada concessionária.
um valor a cada 15 minutos e são
cumulativos, ou seja, a cada 15 minutos o
b) Medição indireta: É aquela em que medidor "soma" ao registro anterior o valor
apenas parcela da energia consumida passa da energia média consumida no intervalo de
através do medidor. Neste caso a energia 15 minutos seguinte. Ao final do mês os dois
consumida é obtida multiplicando-se a medidores terão o registro do consumo
energia registrada nos medidores por uma mensal da energia ativa (em kWh) e da
constante de medição que dependerá dos energia reativa (em kVARh ou kQh). O
equipamentos auxiliares utilizados. Este tipo medidor de kWh realiza uma segunda
de medição é utilizado principalmente nos função, que é a de indicar a "maior" demanda
consumidores do grupo A, ou seja, nos (em kW) ocorrida por integralização de 15 em
consumidores que possuem transformadores 15 minutos ao longo do mês (período de
particulares e que são atendidos em tensão leitura).
primaria de distribuição (TPD) acima de 600 Observe que, nestes casos, a correção
V e com limite de carga especificado por do fator de potência não precisará ter a carga
cada concessionária. corrigida a cada período "T" de integração, já
que o dimensionamento do fator de potência
por parte da concessionária considerará a
energia consumida do mês. Desta forma, a

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 222


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correção deverá ser tal que a energia reativa consumidores THS, o fator de potência é
consumida do mês fornecida pela medido a cada intervalo de 1 hora, durante o
concessionária (QF) seja tal que promova o ciclo de faturamento (ao contrário dos
Fp a um valor igual ou maior que 0,92, ou consumidores convencionais, onde a
seja, o funcionamento dos bancos de avaliação do fator de potência é mensal).
capacitores ao longo do mês devem gerar
Assim, para estes casos, a correção do
uma energia reativa Qc suficiente a trazer o
Fp terá que ser com bancos de capacitores
QF a um valor adequado.
reguláveis (automáticos) ou carga a carga, já
Cabe ressaltar que, desta forma, a que, mesmo que pela média do mês a
correção efetuada com bancos de instalação se mostre corrigida, na realidade
capacitores fixos (sem regulação) produzirá o os períodos "T" que ela não estava de fato
Fp mensal superior ou igual a 0,92, no corrigida serão apurados pelo registrador
entanto, haverá períodos dentro do mês (nos digital e sujeitos à multa.
horários em que a empresa operar com baixa
Além da demanda, estes medidores
carga) em que o Qc produzido tornará a
eletrônicos registram várias outras grandezas
instalação capacitiva e/ou o Fp abaixo de
elétricas, tais como: consumo (kWh), fator de
0,92 embora a instalação para o período de
potência, correntes (A) e tensões (V) por
30 dias se mostre corrigida, ou seja, livre das
fase, potências ativa (kW) e reativa (kVAr)
multas.
por fase.
O correto para se ter a instalação
adequadamente corrigida é utilizar-se de
bancos reguláveis, conforme apresentado no
capítulo 4, que alteram o valor do Qc
simultaneamente com a potência ativa P da
carga, ou compensar cada carga
individualmente. Observa-se, obviamente,
que estes dois métodos encarecem o custo
da correção e não são, na verdade,
largamente utilizados em pequenas Figura 8.2 Medidores de energia eletrônicos.
instalações elétricas.
Normalmente, os medidores eletrônicos
Logo, o método tradicional sujeita a permitem a utilização de diversos canais de
instalação a eventuais multas decorrentes de comunicação, possibilitando uma maior
fiscalizações de Fp efetuadas aleatoriamente agilidade no acesso a informações, na
pela concessionária. prestação de serviços de gerenciamento de
energia, no monitoramento do consumo e no
8.1.1.2 Medição em consumidores THS controle e automação do processo de
medição. Esta integração se realiza através
Nos consumidores horo-sazonais Azul da utilização de protocolos abertos como
e/ou Verde são medidos e registrados, MODBUS e ABNT.
através de dispositivos eletrônicos, a
demanda ativa e reativa a cada intervalo 15
minutos, durante todos os dias entre as 8.1.2 Os controladores de demanda
leituras de energia. Durante a leitura, esses
dados são transferidos para um coletor de O dispositivo chamado de “Controlador
dados, e posteriormente, eles são de Demanda” é um equipamento eletrônico
descarregados no computador da que tem como função principal a análise do
concessionária que faz o faturamento de comportamento da demanda e do fator de
cada um dos clientes. Vale-se lembrar de potência (mediante o uso de software
que, para o faturamento de energia para opcional de gerenciamento) e a manutenção
destes dentro de valores limites pré-

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 223


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determinados, atuando, se necessário, sobre


alguns dos equipamentos (cargas) da
instalação e dos bancos de capacitores,
segundo as regras de faturamento vigentes e
contratos elaborados com a concessionária.
A maior parte dos Controladores de
Demanda controla também o fator de
potência e o consumo de energia ativa.
Controlar a demanda é fundamental, não só
para o consumidor diminuir seus custos com
energia elétrica, mas também para a
concessionária que necessita operar de
forma bem dimensionada evitando Figura 8.3 Exemplo de tela de monitoração de um
sistema elétrico através da aplicação de um
interrupções ou má qualidade de Controlador de Demanda.
fornecimento. Por outro lado, controlar o
consumo também é fundamental para o
consumidor diminuir seus custos com energia De fato, o medidor da concessionária
elétrica assim como manter suas metas disponibiliza não apenas as grandezas a
mensais de contratos. serem controladas, mas também vários
sinais de controle e alarmes, tais como:
De maneira geral, um controlador pode:
a) Monitorar o comportamento da a) Número de segundos até o fim do
demanda, consumo e do fator de intervalo de demanda ativa atual;
potência continuamente; b) Indicador de reposição de demanda
b) Fornecer gráficos e relatórios que (fechamento de fatura);
permitem a análise do c) Fim de intervalo de consumo reativo
comportamento da demanda, (a cada 1 hora);
consumo e do fator de potência, e a
tomada de medidas corretivas d) Indicador de tarifação capacitiva e
cabíveis. indutiva;
c) Controlar automaticamente as e) Segmento horo-sazonal (ponta, fora
cargas e os capacitores, impedindo de ponta ou reservado);
a ocorrência de multas. f) Indicador do tipo de tarifa (azul,
verde, etc).
Através desta monitoração e controle, Desta forma, o Controlador de
podem ser obtida grandes economias na Demanda deverá estar conectado a este
conta de energia elétrica. medidor para que possa receber as mesmas
informações da concessionária e, através
Para que seja possível o controle destas, realizar suas ações sobre as cargas
efetivo, o Controlador de Demanda necessita passíveis de serem controladas.
medir corretamente as grandezas elétricas.
De maneira geral, a informação (grandeza O “modus operandi” do Controlador é
elétrica) a ser controlada deverá vir do bastante simples e segue a regra geral de
medidor de energia da concessionária. qualquer tipo de sistema supervisório:
entrada de dados, análise (cálculos) e
atuação.

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 224


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Rede corporativa

Controlador

Sistema de
Supervisão

Medições secundárias

Medição da
Concessionária
Entradas/saídas Entradas digitais
analógicas (instrumentação de campo, sensores,
contatores, etc)

Saídas digitais
(controle de cargas e
capacitores/monitoração de estados)

Figura 8.4 Diagrama funcional de um sistema de supervisão utilizando um Controlador.

como da necessidade da entrada/saída de


a) Entrada de dados
algum banco de capacitores), através da
Os sinais emitidos pelo medidor elaboração dos cálculos da demanda
utilizado pela concessionária para fazer os máxima registrada, fator de potência mínimo
registros que servirão ao faturamento de ou de consumo acumulado, entre vários
energia, são os mesmos que o controlador outros. Esta verificação ocorre dentro de
utiliza para fazer cálculos e controles. Isto cada intervalo de integração.
torna o controle 100% compatível com a O objetivo principal desta supervisão é
medição. manter a demanda global da instalação (bem
como do consumo e do fator de potência),
b) Cálculos da Concessionária dentro de cada intervalo de integração,
abaixo dos limites de controle pré-
A concessionária registra a demanda estabelecidos, sem desligar inutilmente as
ativa e reativa consumida a cada 15 minutos, cargas, sem sobrecarregar os capacitores, e
o chamado “intervalo de integração” (quase sem prejudicar a produção. Estes limites de
3000 intervalos/mês). Com base nestes controle, na maioria das vezes, são os
valores, calcula o fator de potência médio da valores estabelecidos contratualmente junto
instalação em cada intervalo de uma hora, ao à concessionária com ou sem as tolerâncias
longo do mês. permitidas ou os valores estabelecidos pela
legislação em vigor (como é o caso do fator
c) Cálculos do controlador de potência).

O controlador de demanda, após o d) Atuação do controlador


recebimento dos sinais da concessionária,
supervisiona a necessidade de se retirar ou
não alguma carga elétrica da instalação (bem

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 225


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O controlador atua sobre as cargas e A instalação de um controlador pode


sobre os capacitores quando da ser realizada de várias maneiras,
ultrapassagem de algum dos limites de dependendo do ambiente industrial e do
controle pré-estabelecidos (obedecendo aos modo de operar desejado pelo usuário.
critérios definidos pelo usuário), emitindo Normalmente, as distâncias entre o
alarmes e sinais de comando, a fim de se controlador e a cabine de medição da
garantir que a demanda e o fator de potência concessionária, e entre o controlador e as
alcançados no final de cada intervalo estarão cargas é que determinam com maior
dentro do limites prefixados. Na situação precisão o tipo de instalação que será
contrária, não ocorrendo ultrapassagem de implementada. É importante observar que o
algum dos limites de controle pré- custo da instalação de um controlador de
estabelecidos, o controlador não atuará. Por demanda não está unicamente na aquisição
exemplo, quando a instalação atingir o limite deste equipamento. Deve-se levar em
de demanda programada no Controlador, consideração o custo necessário da
este irá comandar a retirada de carga do instalação elétrica propriamente dita (cabos e
sistema. Por outro lado, quando a demanda respectivos condutos elétricos para
diminuir, ele terá que repor (ou pelo menos interligação do Controlador aos quadros de
liberar para uso) de forma automática as comandos das cargas, comunicação,
cargas antes retiradas. medição, etc).
É importante salientar que existem dois A escolha das cargas a serem
tipos básicos de Controladores de Demanda: controladas pelo Controlador é uma decisão
o controlador convencional e o controlador importante e irá depender principalmente de
inteligente. A principal diferença entre ambos dois fatores: segmento de atuação da
está no início da atuação do controle. Para unidade consumidora e das restrições
um Controlador de Demanda convencional, operacionais de cada equipamento, em
esta atuação poderá ser realizada de forma virtude de determinados processos de
prematura ou intermitente dentro do intervalo produção. O segmento de atuação determina
de integração, uma vez que este tipo de o modo de produção e os tipos de
controlador atua ao menor sinal de equipamentos, ou cargas, envolvidos. Por
ultrapassagem do limite de controle. outro lado, um sistema de produção em
batelada possui mais cargas candidatas para
Por outro lado, o Controlador de
controle, enquanto que um sistema de
Demanda inteligente posterga ao máximo
produção contínuo já dificulta esta escolha.
sua atuação, dando oportunidade para a
demanda (limite de controle) cair De qualquer forma, deve-se começar
naturalmente (dentro do intervalo de sempre pelas cargas de utilidades, que são
integração), evitando, desta maneira, que se aquelas que não interferem diretamente no
retire cargas de forma prematura ou processo de produção e, portanto, podem ser
irresponsável, aguardando o momento certo desligadas em determinados instantes sem
para agir sobre a quantidade exata (nem maiores conseqüências. Caso a potência das
mais nem menos) de potência ativa. Esta cargas de utilidades não seja suficiente para
característica do Controlador Inteligente é o controle da demanda, deve-se partir para
bastante útil, pois impede que variações os equipamentos de processo. Porém, neste
momentâneas de demanda do sistema caso, devem ser levadas em consideração as
elétrico ocasionem a atuação do controlador. restrições operacionais ou do próprio
Além disso, estes controladores enxergam as processo, e, portanto haverá necessidade de
restrições de processo ou operações Controladores de Demanda inteligentes para
atreladas aos equipamentos elétricos, tratamento destas restrições, pois não se
priorizando (dinamicamente) os que deseja jamais prejudicar a produção, através
estiverem mais aptos a serem atuados e do desligamento de cargas fundamentais
ainda evitando a ultrapassagem da demanda. para a continuidade do processo produtivo.

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 226


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Uma metodologia prática para Concessionária


levantamento das cargas (potência) a serem Controlador
controladas pelo Controlador consiste em
obter a chamada demanda máxima da
instalação, que seria a Potência Total
Instalada na unidade (“Pi”) multiplicada pelo
chamado Fator de Demanda (“g”), o qual
varia conforme a atividade da empresa,
geralmente entre 0,3 e 0,6. C1 C1 C1 Controle do Fp Geral

A aplicação de um fator de demanda Controle do Fp Local


C2 C2 C2
reflete a máxima situação de potência ativa
simultaneamente energizada na instalação.
Em outras palavras, traduz o maior consumo C3 C3 C3 Rede de medições
setoriais
provável de ocorrer. A mínima carga de
controle será, portanto, esta potência de C4 C4 C4

demanda menos o valor da demanda de


controle, a qual deverá ser igual ou menor do C5 C5 C5

que a demanda de contrato mais a


tolerância. Lembre-se que existe uma
demanda fixa mínima para manter a Figura 8.5 Aplicação de um controlador para
gerenciamento do fator de potência.
instalação e algumas cargas críticas que
dificilmente poderão ser atuadas
Em função da legislação vigente, os 3
(desligadas). Se o controlador de demanda
estágios usados para controlar o fator de
for um do tipo convencional, será difícil
potência geral (1 estágio junto a cada
controlar ou mesmo selecionar as cargas
transformador) são acionados conforme o
controláveis.
comportamento da projeção do fator de
Com um Controlador de Demanda potência geral da instalação para cada
inteligente esta tarefa torna-se factível, pois o intervalo de 1 hora. Para maior clareza, estes
leque de escolha é ampliado, permitindo que estágios são os identificados na figura 8.5
cargas antes não imaginadas para controle como C1, e interligados pelas linhas
passem a ser candidatas em potencial. A pontilhadas azuis do sistema de supervisão e
princípio, não existem cargas não controle.
controláveis, pois existirá sempre um período
Os estágios usados para controle de
no qual ela poderá ser atuada sem prejuízo
fator de potência local são acionados
ou do processo ou de si própria. Cabe ao
conforme a variação instantânea do fator de
Controlador de Demanda ser capaz de
potência em cada um dos ramais,
detectar este período e atuar se preciso.
respeitando-se um tempo mínimo de
A figura 8.5 apresenta um exemplo descarga para os capacitores, e efetuando
típico da utilização de um controlador para um rodízio entre os mesmos. Eles estão
efetuar o controle setorial do fator de interligados ao sistema de controle pelas
potência em uma planta industrial. Para linhas verdes, e identificados como C2 a C5.
evitar o fluxo de energia reativa entre os
vários setores de uma instalação, o controle
8.1.2.1 Quando utilizar um Controlador de
de fator de potência deve ser feito em cada
Demanda
transformador. No exemplo, observa-se o
controle de fator de potência em uma A necessidade de utilização de um
instalação com 3 transformadores e com 5 Controlador de Demanda em uma instalação
estágios de capacitores em cada um deles. elétrica é de certa forma, bastante clara. A
primeira análise a ser feita diz respeito a

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 227


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atual metodologia de controle manual da conectá-las ao mesmo. Mesmo não havendo


demanda (caso exista alguma). Para uma multas, a unidade consumidora poderá estar
unidade consumidora na qual já se realiza de operando com baixo fator de carga, o que
alguma forma um controle manual da significa estar pagando por uma energia não
demanda, haverá uma oportunidade utilizada. Neste caso, também o uso de um
potencial para que este mesmo controle Controlador de Demanda seria justificado,
passe a ser feito de forma automática pelo pois com ele a unidade consumidora poderia
Controlador de Demanda, trazendo maior diminuir os valores contratados junto à
confiabilidade, agilidade na obtenção das concessionária de energia sem riscos de
informações e, consequentemente, multas.
segurança ao consumidor.
Desta forma, deve-se verificar se as
Independente disso, um Controlador de demandas contratadas não foram nem sub
Demanda é realmente útil para os nem super estimadas. Muitos consumidores
consumidores que devem (acima de 300 kW sujeitos constantemente a faturas elevadas
de demanda) ou possam (opcionalmente) ser por ultrapassagem dos valores contratados
enquadrados na THS - Tarifação Horo recorrem a uma atitude, de certa forma
Sazonal. De fato, como visto, na THS é confortável, que seria a elevação do valor
importante a medição, acompanhamento e contratado de demanda, principalmente no
controle da demanda, consumo e fator de período de ponta. Isto pode, de certa forma,
potência (seja este controle manual ou evitar as multas por ultrapassagem, mas não
automático), visto que existem tarifas e incorrerá numa diminuição dos custos, pelo
preços diferenciados de demanda e consumo contrário, uma vez que estes consumidores
de acordo com o horário do dia (ponta e fora continuarão pagando por aquele valor
de ponta) e períodos do ano (seco e úmido). mínimo de contrato, agora majorado.
Porém, como neste tipo de tarifação o
A forma correta de se verificar se as
sistema de medição da concessionária
demandas contratadas estão dentro da
possui interface para o consumidor (medição
realidade é através de tabelas/gráficos, as
eletrônica), torna-se bastante viável a
quais mostram os perfis diários das
utilização de um Controlador para “gerenciar”
demandas (curva de carga), pois a partir
os dados coletados.
destes poderão ser identificados os períodos
A opção para o consumidor que não é críticos que implicarão primeiro num
obrigado a enquadrar-se na THS (mas pode rearranjo das cargas indutivas e com isto
fazê-lo voluntariamente) torna-se realizar um novo contrato de demanda. É
interessante quando a unidade consumidora importante salientar que a conta (fatura) de
pode, sem problemas operacionais, controlar energia por si só não fornece os dados
(deslocar) o consumo e/ou demanda no necessários para elaborar esta análise. Uma
horário de ponta se beneficiando das tarifas vez estabelecidos os valores de contrato
mais baixas no horário fora de ponta. Neste mais adequados para as demandas (através
caso, também o controlador será muito útil. de simulações e cálculos), deve-se proceder
Caso contrário a tarifação deverá ser a ao controle das mesmas em seus respectivos
convencional, mesmo a tarifa de consumo períodos através de um Controlador de
sendo duas vezes maior que a tarifa de Demanda.
consumo fora de ponta na THS.
Para tarifação em THS, a análise da 8.2 Gerenciamento de energia
conta de energia pode identificar a existência
de multas por ultrapassagens da demanda
O conceito de gerenciamento
contratada bem como o fator de carga. Caso
energético é, como será apresentado, muito
existam multas, já se justifica a adoção de
mais amplo do que apenas um controle de
um Controlador de Demanda, bastando
demanda. Um sistema de gerenciamento de
identificar as cargas a serem controladas e

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 228


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energia disponibiliza funções para ajudar o A redução na conta se dá otimizando


consumidor a comprar energia da melhor os contratos de demanda, eliminando as
forma possível (melhor custo/benefício), e ultrapassagens de demanda e os ajustes de
que pode incluir o controle da demanda ou fator de potência, em atendimento as
não. condições contratuais estabelecidas com a
concessionária e a legislação pertinente.
O gerenciamento energético visa, entre
outros objetivos, a eficiência energética, Além da redução na conta de energia,
através da eliminação dos desperdícios, atualmente já é possível alcançar grandes
aumento da eficiência das unidades ganhos de produtividade, através de ações
consumidoras de energia, mudança nos que facilitam a manutenção e a operação das
padrões de consumo, etc. plantas industriais. Entre as principais
razões, pode-se citar:
Desta forma, o gerenciamento e a
conservação de energia elétrica vêm se
tornando fatores de grande preocupação e
importância nas industriais, por duas razões • Supervisão total do fluxo de energia
específicas: crescente rigidez nos critérios de na instalação, com grande riqueza de
faturamento e nas tarifas de energia elétrica, informações e detalhes em tempo real
e sua aplicação à quase que totalidade dos das mais variadas grandezas elétricas
processos industriais. De fato, os resultados (correntes e tensões nas três fases,
obtidos através do gerenciamento energético freqüência da rede, fator de potência
diminuem custos, no mínimo, ao evitar o instantâneo, potência ativa, potência
pagamento de multas. Além disso, os reativa, potência aparente, consumo
resultados também obtidos através de ações ativo e reativo acumulado, etc),
de eficiência energética substituem, em disponibilizadas inclusive em telas
várias situações, o aumento da capacidade gráficas representativas de todo o
de geração de um sistema. Aliado a estes sistema elétrico;
fatos, acrescenta-se ainda o aumento de
produtividade, através da diminuição de • Possibilidade de obtenção setorizada
interrupções, maior vida útil dos dos custos de energia da instalação,
transformadores, e demais equipamentos o que permite o rateio de custos entre
instalados nas subestações. áreas distintas;

Em suma, o gerenciamento energético • Ferramentas de análise financeira,


indica potenciais oportunidades para a estatística e de processos, as quais
redução de custos, basicamente através de permitem dimensionar expansão de
dois caminhos: redução da conta de energia bancos de capacitores, estimar novos
e aumento da produtividade. valores ideais para as demandas
contratadas junto à concessionária,
determinar potenciais de economia,
simular transferência ou
Gerenciamento instalação/retirada de novas
energético
máquinas, etc;

• Verificação do fator de potência de


operação dos motores de indução, os
Redução da conta Aumento da quais têm tem máxima vida útil
de energia produtividade quando operados com fator de
potência entre 0,95 e 1;
Figura 8.6 Principais vantagens do gerenciamento
energético. • Operação dos transformadores com o
máximo rendimento (transformadores

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 229


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têm máximo rendimento quanto maior e) Sobrecarga nos transformadores e


for o fator de potência, e sua cabos de energia;
eficiência é um grande trunfo contra a
f) Inexatidão das contas de energia.
obsolescência precoce de
subestações). Os “remédios” clássicos para quem faz
gestão energética são:
• Redução das paradas de produção
em virtude do desarme intempestivo • eficientização energética;
das proteções (fusíveis e disjuntores),
os quais podem atuar • otimização contratual;
desnecessariamente se a qualidade
da energia utilizada cair abaixo de • controle de demanda;
certos limites (uma combinação de
fator de potência, distorções • correção de fator de potência;
harmônicas e número de interrupções
• reenquadramento tarifário;
e transientes).
• geração no horário de ponta;
• Aumento da vida útil dos condutores
elétricos da instalação, através da • opção pelo mercado livre de energia.
redução de um fenômeno chamado
"efeito joule", que causa aquecimento
desnecessário (perdas ativas – kW) É importante observar que o melhor
em quaisquer equipamentos elétricos, “remédio” a ser utilizado depende dos
incluindo fios e cabos, à medida em resultados obtidos pela monitoração da
que cai o fator de potência. instalação elétrica. É praticamente impossível
Para o gerenciamento dos recursos se fazer gestão energética sem antes ter a
energéticos é fundamental que se disponha monitoração. Tampouco isto é inteligente ou
de informações de alta confiabilidade, econômico. A partir da correta análise dos
baseadas em dados coletados em tempo dados coletados é que se pode receitar os
real, enriquecidas por relatórios analíticos e “remédios” adequados a cada caso.
gráficos objetivos, que facultem o perfeito
acompanhamento das condições técnicas e
econômicas das instalações. 8.2.1 Sistema típico de gerenciamento
energético
A relação Custo x Benefício é
altamente positiva para os objetivos Agora talvez fique mais claro observar
econômico-financeiros das empresas em que o conceito de gerenciamento energético,
razão das perspectivas, mediatas e como já mencionado, é muito mais amplo do
imediatas, de eliminação de perdas que apenas um controle de demanda. As
motivadas, especialmente, por: figuras 8.7 e 8.8 exemplificam um sistema
a) Cultura do desperdício de energia; completo de gerenciamento de energia
elétrica para um consumidor enquadrado na
b) Penalidades por contratos de THS, com as seguintes funções disponíveis:
energia mal elaborados (ex:
demandas mal dimensionadas); a) Medição global de energia;

c) Descontrole nas medições dos b) Controle de demanda e consumo de


insumos energéticos; energia elétrica;

d) Dimensionamento inadequado de c) Controle de fator de potência;


fontes consumidoras de energia d) Qualidade de energia;
(iluminação, motores, etc);

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 230


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e) Medição setorial de energia para b) Monitor de tensão para qualidade


fins de rateio e verificação de de energia, com alta velocidade de
índices de qualidade; aquisição de sinais elétricos (130
amostras por ciclo de tensão) para
acompanhamento da energia
fornecida pela distribuidora;
c) Registrador de dados com
Controlador
HX-600 capacidade de armazenar 40
campos de medição de qualquer
tipo de grandeza em médias
integradas de 5 minutos;
d) Transdutor para medição setorial de
energia;
e) Unidade de verificação do estado
(aberto/fechado) de pontos de
contato seco que permitem o
acompanhamento da operação do
circuito elétrico, inclusive com a
Figura 8.7 Diagrama funcional de um sistema de emissão de alarmes;
gerenciamento de energia elétrica (divulgação:
Engecomp). Como apresentado nas figuras 8.7 e 8.8,
todos os equipamentos utilizados para estas
funções são interligados a um
microcomputador (ou rede corporativa de
microcomputadores) da qual é possível, a
partir do software específico, o
gerenciamento total do sistema.
Outros tipos de acessórios bastante
utilizados com os controladores estão
apresentados na tabela 8.1.

Tabela 8.1 Periféricos utilizados junto aos


controladores.

Figura 8.8 Diagrama funcional de um sistema de Periféricos Aplicação


gerenciamento de energia elétrica (divulgação: CCK
Automação). Controle de cargas, capacitores
e/ou alarmes. O equipamento
Na implantação de um sistema com Módulo de saídas atua sobre relés a partir de
estas funções, são utilizados equipamentos comandos recebidos via rede
serial RS-485.
do tipo: Para verificar o estado de chaves,
contatores e disjuntores, ou para
a) Gerenciador de Energia: integra Módulo de receber pulsos correspondentes
funções como aquisição e registro entradas ao consumo de energia, água,
em memória de informações de gás, vapor, ar comprimido e
utilidades em geral.
consumo de energia proveniente de Para converter sinais, permitir a
medidores de energia e funções de interligação de diversos
controle de demanda e consumo de Conversores de equipamentos, e facilitar a
energia elétrica e fator de potência; sinais construção de grandes
aplicações de gerenciamento de
energia.

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 231


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Medidores e Resultado do
Efetuar a medição das grandezas Ação do controlador
transdutores de algorítimo
elétricas
energia Ultrapassagem da Desligamento de cargas
Para exibir grandezas da demanda contratada
medição de energia feita pela Nível normal de utilização Repouso
concessionária (demanda e fator de demanda contratada
de potência, por exemplo), ou de Mal aproveitamento da Religamento de cargas
Displays remotos medições setoriais feitas por demanda contratada
medidores ou transdutores
eletrônicos, quando então pode
exibir tensões por fase, correntes A esta operação de
por fase, potências, etc.
desligamento/religamento de cargas
8.2.1.1 Medição Global de energia denominamos “modulação” e tem como
objetivo utilizar o máximo da Demanda
Conforme já apresentado, as Contratada pelo consumidor junto a
distribuidoras de energia utilizam um medidor distribuidora de energia.
de energia denominado medidor THS, Deve ser observado que todas as
específico para a modalidade tarifária operações de modulação de cargas ocorrem
horosazonal. Através da “saída do usuário” dentro de uma janela de tempo de 15
são disponibilizadas as informações de minutos, que é o período de tempo utilizado
consumo de energia ativa e reativa para o pela distribuidora de energia para
intervalo de 15 minutos corrente (tempo de faturamento. Em um mês, ocorrem quase
medição utilizado para faturamento) 3.000 intervalos de 15 minutos e, em nenhum
separado por posto horário (ponta e fora de destes intervalos, poderá haver
ponta indutivo e fora de ponta capacitivo). ultrapassagem da demanda contratada pois,
É nesta saída onde, através de um para faturamento, será cobrado o maior valor
isolador ótico (também chamado de tomada verificado entre todos os intervalos de 15
ótica), pode ser conectado o Controlador, o minutos do mês, tanto para o posto horário
qual dispõe de meios automáticos de de ponta como para o posto horário fora de
controle para intervir, quando da tendência ponta.
de inadequações dos valores de demanda e Para o sucesso da implantação do
fator de potência, mantendo-os nos limites controle de demanda, deve se procurar a
fixados nos contratos firmados com as seleção de cargas que:
concessionárias de energia.
a) Ao sofrerem este tipo de atuação não
Além da Saída do Usuário do medidor irão interferir no processo produtivo;
de energia da concessionária, também
deverão estar conectados ao Controlador, b) Que garantam, quando desligadas, a
cargas previamente selecionadas e que redução de consumo necessário para
possam ser comutadas (ligadas/desligadas). evitar a ultrapassagem de demanda
contratada;
A partir das informações
disponibilizadas na Saída do Usuário do O mesmo critério de controle é utilizado
medidor de energia, o Controlador estará, para o controle do consumo de energia
através de algorítimos apropriados, elétrica sendo que, para este caso, o período
projetando a Demanda de energia elétrica analisado não é de 15 minutos e sim de 30
para o final do intervalo de 15 minutos e dias.
realizando as ações de controle indicadas na
tabela 8.2. 8.2.1.2 Controle de fator de potência

Tabela 8.2 Ações do Controlador para controle da Esta função possui duas formas de
demanda. implantação:

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 232


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a) Através de controladores de fator de de potência, dividido em diversos


potência discreto (CFP), instalados estágios de bancos de capacitores;
em pontos estratégicos da
b) Dimensionamento correto dos
instalação elétrica;
diversos de estágios destes bancos
b) Através de Controladores de de capacitores para, quando
Demanda; ocorrem acionamentos, não
ocorrem variações bruscas no valor
c) Conjunta.
do fator de potência, o que poderá
Para o Controlador, este controle é, na ocasionar um número de
sua forma de operação, análogo ao controle acionamentos elevado nos bancos
de demanda, sendo que todos os de capacitores;
acionamentos são realizados sobre cargas
reativas, mais comumente, sobre bancos de 8.2.1.3 Qualidade de energia
capacitores.
Energia elétrica é um produto fornecido
Da mesma forma que no controle de
pelas distribuidoras de energia elétrica e sua
demanda, o Controlador, a partir das
qualidade é verificada através dos seguintes
informações obtidas junto a saída do usuário
parâmetros:
do medidor global de energia, estará
calculando o fator de potência global da
instalação elétrica e, com base nestes a) Continuidade de fornecimento , isto é,
cálculos, estará tomando as seguintes ações baixo índice de interrupções,
indicadas na tabela 7.4. atualmente medido pelos índices DIF
e FIC da ANEEL, estabelecido
Tabela 8.3 Ações do Controlador para controle do fator através da resolução 024/2000;
de potência.
b) Níveis de tensão , isto é, baixo índice
Resultado do de: afundamentos (SAGs), elevações
Ação do controlador
algorítimo
(SWELLs) e transientes
Fator de Potência abaixo Ligamento de bancos de
do valor permitido capacitores (perturbações), sendo que para níveis
Fator de Potência normal Repouso de tensão, existe a resolução
Fator de Potência acima Desligamento de bancos 505/2001 da ANEEL;
do valor permitido de capacitores
Para o fator de potência, a distribuidora c) Níveis de freqüência : as variações
estará observando que, entre 6:00 h e 24:00 ocorrem quando há sobrecarga no
h (posto horário indutivo fora de ponta e sistema elétrico;
indutivo ponta), a média horária do fator de d) Níveis de distorção harmônica de
potência não poderá ser inferior a 0,92 tensão (THD U), isto é, baixo índice
indutivo enquanto que, no período entre 0:00 de harmônicos, em ordens e
h e 6:00 h (posto horário capacitivo fora de percentuais, compatíveis com o
ponta), a média horária do fator de potência funcionamento normal de máquinas e
não poderá ser superior a 0,92 capacitivo. equipamentos elétricos e eletrônicos.
em caso de não cumprimento destas faixas,
o consumidor será penalizado com multas Em caso de danos nos equipamentos e
por fator de potência. máquinas elétricas causados por
inadequações nestes parâmetros, o
O sucesso do controle de fator de consumidor, desde que munido de elementos
potência depende basicamente de: probatórios, poderá interpelar judicialmente a
a) Utilização da quantidade de kVAr's concessionária de energia elétrica, através
necessários para correção do fator da caracterização da responsabilidade
objetiva por parte da mesma como

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 233


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causadora dos danos ocorridos em razão de 8.2.2 Monitoração energética remota (via
ineficiência no fornecimento de energia internet)
elétrica, sendo a distribuidora, nesses casos,
obrigada a ressarcir os prejuízos A monitoração remota de energia é o
comprovados. “estado da arte” em tecnologia de
gerenciamento energético, disponibilizando o
Conclui-se, portanto, que, como parte
acesso às informações de consumo de
da implantação de um sistema de
energia elétrica via Internet. É um sistema
gerenciamento de energia, é fundamental a
bastante interessante para os consumidores
instalação de um dispositivo de captura e
com várias instalações espalhadas pelo país
registro em memória dos eventos citados.
(fábricas ou filiais de grupos corporativos),
que utilizarão a Internet para consolidar as
8.2.1.4 Medição setorial de energia informações. Suas principais características
são:
A medição de energia é uma das
chaves do sucesso na implantação de plano a) Dispensa de investimento na
de eficiência energética através da aquisição de equipamentos ou infra-
verificação de índices energéticos. estrutura de comunicação de dados
As medições setoriais irão possibilitar a (basta o medidor eletrônico da
obtenção da relação KWh/unidade de concessionária e um ponto de
produção, onde a otimização deste índice acesso à internet);
poderá implicar muitas vezes em uma b) Dispensa a instalação de qualquer
eficientização também, no processo software no cliente, bastando ter
produtivo, permitindo um acompanhamento acesso a um navegador de Internet
total das ações a serem implementadas, e ("browser") de preferência;
ainda adoções de medidas corretivas tais
c) Normalmente, todo o
como:
armazenamento de dados é feito
ƒ Dimensionamento de motores (a pela empresa prestadora do serviço
potência de acordo com a operação) em um bureau especializado,
utilizando bancos de dados, no-
ƒ Dimensionamento de transformadores breaks e dispositivos de
e cabos elétricos; segurança/back-up;

Em alguns pontos chaves da instalação d) O acesso às informações é feito via


(ex: transformadores, motores muito grandes, Internet, 24 horas por dia, a partir
etc), poderão ser implantadas medições de de qualquer microcomputador;
energia não só quantitativas (KWh), como e) Envio dos principais eventos e
também qualitativas, onde outros parâmetros “alarmes” do sistema por e-mail,
elétricos, tais como variações de tensão, “pagers” ou celular para supervisão
corrente de partida de um motor, nível de de subestações e equipamentos
harmônicas, etc. devem ser conhecidos para (em caso de demanda alta, fator de
garantir o correto funcionamento de potência baixo, consumo acima da
determinados equipamentos. meta, ou interrupção no envio de
As medições setoriais permitem ainda a dados);
obtenção de chaves de rateio de consumo, f) Identifica potenciais de economia
atribuindo a parcela correta de consumo de por: otimização das demandas
energia para cada centro de custo. contratadas, implantação de
sistemas de controle de demanda,
correção de fator de potência,
reenquadramento tarifário,

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 234


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utilização de geradores no horário h) Estimativa de Redução de Custos


de ponta, recuperação de impostos com Otimização de Contratos de
cobrados indevidamente e migração Demanda, Correção de Fator de
para o mercado livre de energia; Potência, Reenquadramento
Tarifário, Geração de Energia no
g) Permite conferência da fatura de
Horário de Ponta, Recuperação de
energia com extrema rapidez e
Impostos pagos e Migração para o
confiabilidade;
Mercado Livre.
h) Permite a obtenção de significativas
economias na sua conta mensal de
energia elétrica.
8.3 Controle automático de banco de
capacitores

Em geral, para manter o nível de tensão


adequado às necessidades do sistema ou a
potência reativa capacitiva requerida pela
carga para manter o fator de potência acima
do valor estabelecido pela legislação, é
necessário que os bancos de capacitores
sejam manobrados. Os principais parâmetros
elétricos utilizados para a manobra de banco
de capacitores são:
Figura 8.8 Monitoração energética via internet
(divulgação: Engecomp).
a) controle automático de tensão;
De maneira geral, vários tipos de
relatórios são disponibilizados pelas b) controle automático da potência
empresas prestadoras deste tipo de serviço reativa capacitiva.
para consulta remota:

a) Gráficos e relatórios de demanda,


8.3.1 Controle automático de tensão
consumo e fator de potência (diário,
semanal, mensal ou anual); Este processo normalmente é utilizado
b) Gestão de Metas de Consumo (por em sistema de distribuição de energia
posto tarifário); elétrica pelas concessionárias, as quais
adotam a faixa de ± 5 % em relação a tensão
c) Visualização de formas de onda e
nominal como a variação aceitável da tensão
espectro de distorções harmônicas
das redes elétricas de baixa. Consta
(tensão e corrente);
basicamente do chaveamento do banco de
d) Gráficos/relatórios de energia capacitores inserindo ou retirando a energia
reativa excedente (diário e mensal); capacitiva do sistema, fazendo com que a
tensão aumente ou diminua. Nesse caso,
e) Simulação da Fatura de Energia
quando o nível de tensão do sistema
Elétrica;
ultrapassa o valor superior estabelecido
f) Simulação de Inclusão/Retirada de como limite, o controle automático de tensão
Cargas faz atuar a chave de manobra desligando o
banco de capacitores ou fração. Se o nível
g) Simulação de Inclusão/Retirada de
de tensão faz o sistema atingir um valor
Capacitores
inferior ao nível estabelecido como mínimo, o

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 235


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controle automático de tensão faz atuar da carga, reduzindo-se, desta maneira, as


mesma forma a chave de manobra perdas no sistema de distribuição.
energizando o referido banco ou fração.
Observa-se, porém, quando houver
O controle normalmente é exercido variação significativa do fator de potência,
através de um relé de tensão (ou por um mantendo-se a tensão praticamente
sistema de controle microprocessado) que é constante pela ação do regulador, utiliza-se
sensibilizado pela tensão do sistema no como parâmetro para controle dos
ponto de instalação dos capacitores. capacitores a variação da potência reativa
Dependendo do tipo do relé, os dispositivos capacitiva do sistema.
podem ser usados para monitorar valores de
corrente, tensão, fase e nível. Eles comutam
assim que a grandeza monitorada atinge o 8.3.2 Controle automático da potência
valor ajustado, retornando ao estado inicial reativa capacitiva
depois da grandeza abandonar a faixa de
histerese. Normalmente, este processo é utilizado
em sistemas industriais para controle do fator
ZL TCR
de potência. Esse controle pode ser feito
R
S
TCS
Carga
RL
utilizando-se um dos parâmetros elétricos à
T TCT Variável seguir:
N Mono e
Trifásica
TPT
TPR TPS
a) Potência capacitiva;
Filtros de Tensão e Corrente b) Corrente de carga;
G. R G. S G. T
Circuito c) Tempo.
Microcontrolador de
Disparo

CR1 ...CR8 CS1 ...CS8 CT2 ...CT8 Conforme apresenta a figura 8.9, os
Computador IHM: Teclado e Display de Cristal Líquido sistemas de controle de banco de
capacitores de inserção normalmente são
Figura 8.9 Diagrama de blocos de um sistema de constituídos dos seguintes equipamentos:
controle microprocessado de correção de tensão eficaz
e/ou fator de potência. a) Contator, chave interruptora ou
disjuntor com comando elétrico;
É importante salientar que, nos
sistemas de distribuição, onde normalmente b) Relés sensíveis à variação de
são utilizados reguladores de tensão tensão (controle por tensão),
próximos aos bancos de capacitores, a potência reativa (controle por
tensão do sistema regulada não é utilizada potëncia capacitiva) e corrente
como parâmetro para sensibilizar o controle (controle por corrente de carga);
automático para inserir ou retirar células c) Relé temporizado;
capacitivas do sistema. Quando esse for o
caso, os controles por potência capacitiva ou d) Circuito lógico no caso de manobra
corrente de carga podem ser utilizados como de banco de capacitores através de
alternativa (ver detalhes no item seguinte). dois ou mais estágios.
Normalmente é utilizada a variação da
corrente de carga para o controle do banco
de capacitores quando o regulador de tensão
mantiver uma tensão na carga praticamente
constante e se o fator de potência não sofrer
variações significativas durante o ciclo de

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 236


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8.3.2.3 Controle por tempo

Quando o ciclo de carga ao longo da


semana é conhecido e apresenta uma certa
regularidade durante este período, aplica-se
o “controle por tempo”. Desta forma, tendo o
conhecimento das horas onde uma
determinada quantidade de potência reativa
capacitiva é requerida, o controle de tempo
aciona a chave de manobra do banco
capacitivo, inserindo ou retirando unidades
Figura 8.10 Painel de controle de banco de capacitores capacitivas.
(contatores, relés, circuitos lógicos e controladores).

8.3.3 As vantagens do controle de fator


É importante salientar que o relé de potência centralizado
temporizado desempenha um papel
fundamental no controle do banco de Nos últimos anos, tem-se notado uma
capacitores, uma vez que evita um excessivo aumento significativo na quantidade de
número de operações desnecessárias do empresas que optam por fazer o controle
mesmo em função das variações transitórias centralizado de bancos de capacitores
(repentinas) das grandezas que sensibilizam através de sistemas de gerenciamento de
o referido controle. Após passado um energia, ao invés do controle tradicional, por
determinado tempo programado, caso as meio de controladores pontuais de fator de
variações destas grandezas se mantenham potência. Mas afinal, quais são as vantagens
(o que significa que não era apenas uma que o controle de fator de potência via
variação repentina), aí sim o controle irá gerenciador de energia pode proporcionar,
atuar. na maior parte das situações?
Um primeiro benefício é que o sistema
8.3.2.1 Controle por potência capacitiva estará sincronizado com a medição da
concessionária no lado da alta tensão,
Neste caso, como já apresentado, garantindo assim que tenha-se total
determinam-se, a cada hora, as confiabilidade na medição, e por
necessidades de potência reativa capacitiva conseqüência, a mesma referência na conta
da carga. O controle automático liga o de energia.
número de células capacitivas necessárias à Outro ponto a destacar nestes sistemas
manutenção do fator de potência dentro da que utilizam gerenciador de energia,
faixa de valores estabelecidos previamente. medidores setoriais e unidades remotas de
Esse tipo de controle normalmente é utilizado saída é que as informações gerenciais estão
quando o fator de potência varia de forma disponíveis a qualquer instante para o
expressiva ao longo da curva de carga. usuário, possibilitando, por exemplo,
monitorar on-line o fator de potência de cada
8.3.2.2 Controle pela corrente de carga área, identificar rapidamente possíveis
queimas de fusíveis/capacitores, além de
Quando o fator de potência é permitir o redimensionamento de capacitores
praticamente constante ao longo da curva de necessários para cada transformador no
carga, utiliza-se o controle automático caso de modificações da carga instalada da
através da corrente de carga do sistema para empresa.
correção do fator de potência.
Além disto, com o controle do fator de
potência centralizado, o gerenciador de

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 237


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energia, por estar recebendo diretamente as


informações do medidor da concessionária,
avalia continuamente a condição do fator de
potência geral da instalação. Quando este
estiver fora dos limites, o gerenciador poderá
também intervir sobre capacitores de áreas
que estejam com o fator de potência local já
devidamente corrigido, visando compensar
outras áreas que estejam com o mesmo
deficitário. Este processo garante que sobras
de capacitores em algumas áreas possam
compensar a falta em outras não tão bem Figura 8.11 Controle de fator de potência centralizado
dimensionadas. (divulgação: ACS).

Com todas estas funcionalidades e


vantagens, o custo benefício desta solução Não se pode esquecer ainda que, além
torna-se melhor do que o da correção das funções relativas ao fator de potência, o
tradicional com controladores locais de fator gerenciador de energia também incorpora
de potência. Isto justifica a opção crescente todas as funções de controle de demanda,
das empresas por esta arquitetura. associado ainda a ferramentas de softwares
para análise de qualidade e utilização de
energia elétrica, como simulação de faturas,
rateio de custos, análise de distorções
harmônicas entre outros.

CAPÍTULO 8 – GERENCIAMENTO ENERGÉTICO 238


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Capítulo
Banco de capacitores e as
sobretensões transitórias IX

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 239


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9 Bancos de capacitores e as sobretensões transitórias

Sumário do capítulo
9.1 ORIGEM DOS FENÔMENOS TRANSITÓRIOS
9.1.1 Sobretensões
9.1.1.1 Sobretensões de manobra
9.1.1.1.1 Manobras envolvendo capacitores
9.1.1.1.2 Sobretensões por descargas atmosféricas
9.1.2 Sobrecorrentes
9.1.2.1 Corrente de energização

Conforme apresentado nos capítulos sobretensões mais elevadas). Quando as


anteriores, em geral são utilizados mudanças em um sistema elétrico são
capacitores para compensação de energia decorrentes de distúrbios transitórios, a
reativa em uma instalação elétrica. Portanto, resposta do sistema ao distúrbio se
é importante tomar conhecimento do impacto manifesta, em geral, por uma elevação na
da instalação de capacitores no sistema magnitude da tensão e/ou corrente que pode
elétrico, principalmente referente aos ser várias vezes maior do que o
transientes ocasionados em virtude das correspondente valor nominal, com uma
operações de manobra (abertura e duração menor que poucos ciclos (< 50 ms).
fechamento) dos mesmos.
Geralmente, a duração de um
Os Transitórios (ou transientes) são transitório é muito pequena (da ordem de
fenômenos eletromagnéticos de pequena micro ou milisegundos), mas sua análise é de
duração e grande amplitude, oriundos de extrema importância, pois nestas
alterações súbitas nas condições circunstâncias os equipamentos elétricos são
operacionais de um sistema de energia submetidos a condições muito severas
elétrica (alteração de uma condição de (grandes solicitações de tensão e/ou
operação em regime contínuo para outra), ou corrente), as quais podem ultrapassar as
seja, alterações repentinas na tensão ou na capacidades nominais, principalmente em
corrente (em baixa ou alta tensão) em função relação a suportabilidade do isolamento aos
da variação dos parâmetros do circuito esforços a que, possivelmente, serão
(características RLC - resistivas, indutivas e submetidos.
capacitivas do sistema). Enquadram-se como
Mesmo que os sistemas operem quase
uma entre as várias categorias de fenômenos
que na totalidade do tempo em regime
responsáveis pela diminuição da “qualidade
permanente (99% do tempo), é fundamental
da energia” (ou seja, qualidade da tensão) do
que estes sistemas possam superar os
sistema elétrico, podendo-se citar ainda as
regimes transitórios (curto-circuito, rejeição
distorções harmônicas, as flutuações e
de carga, chaveamentos, descargas
variações de tensão de curta duração
atmosféricas, etc) e as condições
(interrupções, sag/swell) e de longa duração
decorrentes de sobretensões e
(sub e sobretensões), entre outras.
sobrecorrentes (condições extremas de
O sistema elétrico está sujeito a tensão e corrente) sem sofrerem danos. Daí
transitórios eletromagnéticos cada vez em a grande importância da análise dos
que ocorrem chaveamentos de natureza fenômenos transitórios no projeto e na
normal (apresentam pequenas sobretensões operação/análise de sistemas elétricos de
de até duas vezes o valor de pico da tensão potência. Para tanto, é necessário determinar
máxima) e anormal (apresentam a amplitude, a forma, a freqüência e a

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 240


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duração destes fenômenos para verificar se no sistema e os “transitórios


existe necessidade de instalação de eletromecânicos” (estudos como ressonância
equipamentos de proteção (resistores de subsíncrona e esforços no eixo do gerador –
abertura e pré-inserção, supressores de em seguida a um religamento rápido sob
surto, etc). falta).
Infelizmente, nem sempre é possível Com relação ao tempo de duração, os
construírem-se equipamentos que suportem fenômenos transitórios podem ser:
todos os esforços que podem ocorrer. Os
ƒ Temporário: duração relativamente
limites econômicos terminam por se
longa com amplitude pequena
pronunciarem antes dos limites técnicos. É
(inferior a 1,5 pu). Origem: rejeição
importante salientar que a possibilidade de
de carga, curtos-circuitos trifásicos,
falhas sempre existirão e, quando essas
fenômenos não-lineares
forem inevitáveis, devem ser confinadas de
(ressonância e ferro-ressonância).
forma a causar o menor distúrbio possível na
operação e o mínimo de danos aos ƒ Manobra: mais rápidos que os
elementos do sistema elétrico. temporários, porém com amplitude
maior (entre fases ou fase-terra até
3,5 ou 4,5 pu) – conforme figura 9.1.
9.1 Origem dos fenômenos O tempo de frente (tf) varia de 100 a
transitórios 500 μs e o tempo de cauda (tc) varia
de 2000 a 5000 μs. Origem:
Conforme já introduzido, os sistemas energização e religamento de
elétricos operam a maior parte do tempo em linhas, chaveamento de
regime permanente, mas devem ser capacitores, aplicação e
projetados para suportar as piores eliminação de falta, rejeição de
solicitações (normalmente produzidas carga, energização de
durante situações transitórias como a transformadores.
abertura/fechamento de alguma chave ou um
ƒ Atmosférica: apresentam duração
curto-circuito).
da ordem de μs e grandes
Os fenômenos transitórios têm origem amplitudes. O tempo de frente (tf)
interna (rejeição de carga) ou externa (curto- varia de 1 a 20 μs e o tempo de
circuito, descargas atmosféricas) ao sistema cauda (tc) até 50 μs (onda padrão
e manifestam-se basicamente de duas 1,2/50 μs).
maneiras:
ƒ Sobretensões;
ƒ Sobrecorrentes.
As sobrecorrentes são geradas
internamente aos sistemas elétricos. Elas
podem estar interligadas às sobretensões e 90%

seus efeitos podem ser tão danosos quanto


os das sobretensões. Por isso elas serão 50%
também abordadas neste capítulo.
10%
Outras formas de manifestação dos tf t
fenômenos transitórios, que não serão
abordadas neste texto, são as “formas de tC

ondas anormais” (geradas por elementos não


lineares, tais como conversores, Figura 9.1 Forma de onda típica de um transitório de
retificadores, etc) que produzem harmônicos manobra.

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 241


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Conforme já citado, um distúrbio Um transitório impulsivo


transitório denota um evento que é (normalmente causado por descargas
indesejável, de grande amplitude e curta atmosféricas – ver figura 9.2) pode ser
duração, sobreposto à onda normal de definido como uma alteração repentina nas
tensão e corrente. Este transitório resulta de condições de regime permanente da tensão,
uma rápida liberação de energia armazenada corrente ou ambas, caracterizando-se por
nos indutores e capacitores presentes no apresentar impulsos unidirecionais em
sistema elétrico. polaridade (positivo ou negativo) e com
freqüência bastante diferente daquela da
De fato, qualquer circuito ou
rede elétrica (normalmente centenas de
equipamento elétrico possui, em maior ou
menor quantidade, R (resistência), L vezes superior). Apresentam duração de μs e
(indutância) e C (capacitância). Estes grandes amplitudes. O tempo de frente da
parâmetros apresentam-se de forma onda varia de 1 a 20 μs e o tempo de cauda
distribuída, isto é, cada pequena parte do até 50 μs (onda padrão 1,2/50 μs). É um
circuito possui a sua parcela. fenômeno de alta freqüência e curta duração.

As indutâncias e as capacitâncias As altas frequências presentes em um


possuem a capacidade de armazenar transitório impulsivo podem excitar a
energia: L no campo magnético (½ LI2) e C frequência natural do sistema elétrico, de
no campo elétrico (½ CV2). Em regime modo que a forma de onda do transitório
permanente, a energia armazenada nas impulsivo pode vir a mudar rapidamente em
várias indutâncias e capacitâncias de um transitório oscilatório.
circuito em corrente contínua é constante, ao
passo que num circuito em corrente
alternada a energia é transferida ciclicamente
entre estes elementos. De fato, sob
condições permanentes, a energia
armazenada nos elementos L e C oscilam
entre a indutância e a capacitância na
frequência industrial. Quando há uma
mudança súbita no circuito, tal como um
chaveamento ou uma falta, a redistribuição
de energia acontece para acomodar a nova
condição do sistema (embora não ocorra
instantaneamente), comandada pelo princípio
da conservação de energia e de modo que a Figura 9.2 Transitório impulsivo de tensão de onda
padrão 1,2/50 μs.
corrente nas indutâncias e a tensão sobre as
capacitâncias não variem bruscamente.
Existem dois tipos de transitórios Um transitório oscilatório é
(sejam de tensão ou corrente): os caracterizado por uma alteração repentina
impulsivos, causados por descargas nas condições de regime permanente da
atmosféricas, e os oscilatórios, causados tensão e/ou corrente possuindo valores de
por manobras no sistema elétrico. Os termos polaridade positiva e negativa (ver figura 9.3).
impulsivos e oscilatórios refletem a forma de Estes transitórios normalmente são
onda da tensão e corrente transitória. É decorrentes de energização de linhas, corte
importante salientar que os transitórios se de corrente indutiva, eliminação de faltas,
apresentam como a categoria de pertubação chaveamento de bancos de capacitores e
responsável pela maioria dos desligamentos transformadores, etc.
não programandos, acarretando prejuízos
O conteúdo espectral de um transitório
pela danificação de equipamentos e
oscilatório pode ser dividido em oscilação de
interrupção no suprimento de energia.

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 242


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alta (0,5 – 5 MHz), média (5 – 500 kHz) e Este assunto será tratado com detalhes
baixa frequência (< 5 kHz). As faixas de no capítulo 10.
frequência de cada sub-classe de espectro
Os transitórios oscilatórios de média-
definem o tipo de pertubação a que foi
frequência podem ser causados por:
submetido o sistema de potência.
energização de capacitor "back-to-back"
Os transitórios oscilatórios de baixa (resultando em correntes transitórias de
freqüência podem ser causados por vários dezenas de kHz), chaveamento de
tipos de eventos. O mais freqüente é a disjuntores para eliminação de faltas e
energização de bancos de capacitores, o também como resposta do sistema a um
qual geralmente resulta em oscilações de transitório impulsivo.
tensão com freqüência entre 300 e 900 Hz,
Os transitórios oscilatórios de alta
com magnitude máxima por volta de 2,0 pu
freqüência são geralmente o resultado de
(usualmente entre 1,3 e 1,4 pu), e duração
uma resposta do sistema a um transitório
de até 3 ciclos.
impulsivo, podendo ser causados por
Considerando o crescente emprego de descargas atmosféricas ou por chaveamento
capacitores pelas concessionárias para a de circuitos indutivos.
manutenção dos níveis de tensão, e pelas
indústrias com vistas à correção do fator de Tabela 9.1 Categorias de distúrbios transientes.
potência, tem-se tido uma preocupação
especial no que se refere à possibilidade de Categorias
Conteúdo
Duração típica
Magnitude
típica da
se estabelecer uma condição de espectral típico
tensão
ressonância, devido às oscilações de altas 5 ns
< 50 ns ---
freqüências, entre o sistema da (subida)
1 μs
concessionária e a indústria, e assim ocorrer Impulsivos
(subida)
Entre 50 ns e 1 ms ---

uma amplificação das tensões transitórias, 0,1 ms


(subida)
> 1 ms ---
podendo atingir níveis de 3 a 4 pu. Um Baixa freqüência
0,3 a 50 ms 0-4 pu
procedimento comum para limitar a (< 5 kHz)
Média freqüência
magnitude da tensão transitória é transformar Oscilatórios 20 μs 0-8 pu
(5-500 kHz)
os bancos de capacitores em filtros Alta freqüência
(0,5-5 MHz)
5 μs 0-4 pu
harmônicos. Uma indutância em série com o
capacitor reduzirá a tensão transitória na
barra do consumidor a níveis aceitáveis. Apenas para exemplificar a formulação
matemática do problema de um “transitório”
(não é objetivo proceder à análise detalhada
das equações diferenciais e integrais que
regem a análise deste circuito elétrico – mas
sim, partir do resultado e proceder a sua
interpretação física), vamos determinar as
equações (diferenciais e integrais) que
descrevem o comportamento de um circuito
RC alimentado em tensão contínua. Como
exemplo, considerar o circuito mostrado na
figura 9.4, onde, ao se fechar a chave, um
capacitor é carregado através de um resistor.

Figura 9.3 Transitório oscilatório de tensão proveniente


de chaveamento de banco de capacitores.

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 243


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Figura 9.4 Diagrama esquemático de um circuito RC.

Figura 9.6 Representação 3D de um circuito RC com a


chave fechada e o capacitor carregado.
t

v1 (t ) = V − Ae RC
(9.3)

Onde “A” é uma constante a ser


determinada a partir das condições iniciais.
Supondo que a capacitância “C” apresente
uma tensão inicial v1(0), tem-se:

t
v1 (t ) = V − [V − v1 (0 )]e

RC
Figura 9.5 Representação 3D de um circuito RC com a (9.4)
chave aberta e o capacitor descarregado.

Graficamente, observa-se que o


Após a chave ser fechada (figura 9.6) capacitor não assume instantaneamente a
tem-se, pela Lei de Kirchhoff das tensões tensão da fonte quando a chave é fechada
(LKT), que estabelece que é nulo o somatório (figura 9.7). Nota-se, pela expressão (9.4),
das quedas e elevações de tensão ao longo que a tensão apresenta dois termos distintos:
de um caminho fechado de um circuito “V”, que é a tensão em regime permanente e
elétrico ( ∑ v = 0 ): [V – v1(0)] e-t/RC que define o transitório
ocorrido durante a transição da tensão sobre
a capacitância.
V = Ri (t ) + V1 (t ) (9.1)
A corrente em um capacitor é dada por:

dv1 (t )
i (t ) = C (9.2)
dt
Substituindo-se (9.2) em (9.1) e
resolvendo a equação diferencial, chegamos
à seguinte expressão:
Figura 9.7 Tensão v1(t) na capacitância.

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 244


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Vamos concentrar nosso estudo nos


fenômenos transientes envolvendo banco de
capacitores.

9.1.1 Sobretensões

As sobretensões podem ser definidas


como tensões transitórias, variáveis com o
tempo, cujo valor máximo é superior ao valor
de crista das tensões máximas de operação
do sistema. São causadas por condições
quase estacionárias (rejeição de carga, perda
de compensação reativa em linhas longas)
Figura 9.8 Mesmo com a chave aberta, o capacitor se ou por fenômenos de alta freqüência e curta
mantém carregado devido a força eletrostática entre as duração (descargas atmosféricas, surtos de
suas placas.
manobra). São geradas, portanto, por efeitos
externos – como no caso de descargas
atmosféricas – ou pelo próprio sistema –
como sobretensões internas causadas por
manobras de disjuntores ou curto-circuitos.

9.1.1.1 Sobretensões de Manobra

As sobretensões de manobra ocorrem


sempre que há uma mudança da topologia
do sistema. Esse evento pode ter sido
programado – ligação ou desligamento de
cargas – ou não – ocorrência ou eliminação
de faltas.
Diferentemente das sobretensões de
Figura 9.9 Descarga do capacitor com o curto-circuito origem atmosférica, as sobretensões de
de seus terminais. manobra são responsáveis por cerca de
apenas 1% dos curto-circuitos que ocorrem
nos sistemas de potência. Para o projeto do
Em estudos de transitórios, usa-se
sistema de isolamento, é necessário o pleno
como medida de tempo que se gasta para ir
conhecimento da amplitude, da forma de
de uma situação de regime permanente à
onda e do ponto de ocorrência da
outra, também em regime permanente, a
sobretensão. Esse conhecimento determina,
chamada “constante de tempo” (τ). ainda, uma escolha da classe de isolamento
Obseva-se que decorrido um tempo dos equipamentos e também da tensão de
igual à constante de tempo, já terá operação do sistema.
acontecido (1 – 1/e) da variação do valor As sobretensões de manobra possuem,
entre a condição inicial e o novo regime igualmente, um caráter probabilístico, uma
(aproximadamente 63% da variação) e faltará vez que o exato instante das operações de
ainda 1/e para se atingir o novo regime fechamento ou abertura das chaves – ou da
permanente (aproximadamente 37%). ocorrência de faltas – não pode ser
A constante de tempo do circuito determinado a priori. Desta forma, os
estudado é: τ = RC. sistemas são projetados levando-se em
conta a probabilidade de ocorrência das

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 245


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sobretensões e sua distribuição no sistema e ocorrendo uma mesma sobretensão – com


otimizando-se a relação custo/benefício. mesma amplitude e duração – no mesmo
sistema, esta pode causar efeitos diferentes
Uma sobretensão de manobra é,
para diferentes configurações.
normalmente, a conseqüência de uma cadeia
complexa de fenômenos que ocorreram,
anteriormente, no sistema. Vejam-se, como 9.1.1.1.1 Manobras envolvendo
exemplo, duas dessas situações: capacitores
• Uma disrupção – por poluição no
isolamento ou por uma descarga São chamados de transitórios normais
atmosférica – causa uma falta fase- aqueles do tipo “chaveamento simples”, tais
terra (curto-circuito). O sistema como fechamento de uma chave ou disjuntor
opera de forma a eliminar o curto – para energizar uma carga e a abertura de um
um desligamento -, seguido de um disjuntor para eliminar uma falta. Estes
religamento automático. Se o transitórios apresentam pequenas
religamento tiver sucesso, o sistema sobretensões cujo valor máximo é de duas
opera continuamente. No entanto, o vezes o valor de pico da tensão máxima –
religamento pode causar uma lembrar que isso só ocorre quando o
sobretensão de manobra e uma amortecimento relativo às perdas é
nova falta fase/terra, situação em desconsiderado. Nos transitórios anormais,
que haverá um desligamento sobretensões mais elevadas são produzidas
permanente. Neste caso, há várias devido a uma série de condições, tais como:
sobretensões de manobra causadas corte de corrente indutiva e chaveamento de
por: ocorrência da falta original, capacitâncias.
religamento automático e,
finalmente, ocorrência de novo a) Chaveamento de capacitores
curto-circuito.
O chaveamento (abertura e
• Em uma linha há um desligamento
fechamento) de capacitores é uma das
de rotina, que causa sobretensões.
manobras mais comuns do sistema elétrico.
Essa operação acarreta uma
De fato, como visto, é uma carga bastante
mudança no fluxo de potência do
usual, em virtude da sua utilização na
sistema, que, então, provoca uma
compensação reativa, com custos de
mudança na tensão de operação.
implantação e manutenção muito inferior
Essa alteração, por sua vez, pode
quando comparado a outras tecnologias
causar novos chaveamentos,
(máquinas síncronas, compesadores de VAr
devido a, por exemplo, sobrecarga,
eletrônicos, etc).
dando início a novas sobretensões.
Uma das grandes desvantagens da
Qualquer tentativa de redução desse
utilização de capacitores é que eles
tipo de sobretensão tem, portanto, de levar
produzem transitórios oscilatórios quando
em conta a seqüência global do fenômeno e
são chaveados. De fato, conforme já
não sua ocorrência isolada.
apresentado, a interrupção de correntes
A amplitude e a duração das capacitivas está sempre associada a
sobretensões de manobra dependem dos sobretensões, em alguns casos bastante
parâmetros do sistema, da sua configuração perigosas, devido à existência de grande
e das condições em que o sistema se quantidade de energia armazenada nos
encontra no momento da manobra. Para um campos elétricos das capacitâncias do
mesmo sistema, a mesma operação, sistema elétrico.
efetuada em momentos diferentes, pode
Alguns capacitores são energizados por
resultar em valores diferentes de
todo o tempo (como os bancos fixos),
sobretensão. Pode-se afirmar ainda que,

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 246


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enquanto outros são chaveados de acordo


com os níveis de cargas. Vários outros tipos
de controle são empregados para determinar
quando os capacitores serão chaveados, tais
como: tempo, temperatura, tensão, corrente
e a potência reativa - sendo comum a
combinação de duas ou mais destas funções.
Um dos sintomas mais comuns
referentes ao problema de qualidade de
energia relacionado à sobretensão devido ao
chaveamento de capacitores é que estes
problemas ocorrem sempre em um mesmo
instante todo dia.
Como já foi abordada anteriormente, de
modo resumido, a desenergização de um
banco de capacitores provoca fenômenos
transitórios de sobretensão que podem levar
o sistema a situações perigosas. É que,
estando a tensão atrasada da corrente de
90º elétricos, quando se efetua o
seccionamento do circuito, a corrente é
interrompida na sua primeira passagem por
zero, quando, neste instante, a tensão está
no seu valor máximo e a capacitância está
totalmente carregada.
No semiciclo seguinte (meio ciclo após
a interrupção da corrente), como o capacitor
mantém a tensão nos seus terminais em
razão de sua carga acumulada, a tensão
resultante entre os terminais do disjuntor
atinge o dobro da tensão de pico da rede (2 Figura 9.10 Sobretensão na desenergização do banco
p.u.), conforme pode ser observado na figura de capacitores (Fonte: [7]).
9.10.

Observe que, nas condições descritas


anteriormente, enquanto o disjuntor não
estiver totalmente aberto, pode ocorrer uma
corrente de reignição de arco, conforme
poderá ser visto na figura 9.11 (banco ligado
em estrela aterrada), em que estão
representados os vários fenômenos
transitórios. Desta forma, o disjuntor passa a
conduzir novamente através do arco formado
entre os seus contatos. O resultado é uma
nova pertubação do sistema, que pode atingir
várias vezes a tensão nominal. A cada
reignição, o capacitor recebe a carga
referente à sobretensão do sistema, fazendo
com que a tensão entre os terminais do Figura 9.11 Processo de abertura do disjuntor de um
banco de capacitores (fonte: [7]).
disjuntor cresça ainda mais.

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 247


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A figura 9.12 apresenta um diagrama predominantemente indutivo, a tensão no


unifilar típico de um alimentador com capacitor excede-se e oscila na freqüência
chaveamento de carga capacitiva. Quando a natural do sistema. No ponto de
chave é fechada, um transitório similar ao monitoramento da figura 9.12, a alteração
apresentado na figura 9.13 surge no ponto de inicial na tensão não irá completamente para
monitoramento. Neste caso em particular, o zero devido à existência da impedância entre
fechamento ocorreu próximo ao valor o ponto de monitoramento e o capacitor.
instantâneo de pico da senóide. Esta é uma Entretanto, a queda inicial e o transitório
ocorrência muito comum para muitos tipos de oscilatório subseqüente (que é o indicativo do
chaveamento devido ao fato do isolamento evento de chaveamento do capacitor) serão
através da chave dos contatos tender a se observados por alguns milisegundos.
danificar quando a tensão na chave está no
Este efeito transitório característico
valor de pico. A tensão no capacitor neste
gera uma sobretensão entre 1 e 2 p.u. (100 e
instante é zero. Como se sabe, a tensão no
200 % da tensão nominal !!!), dependendo
capacitor não pode mudar instantaneamente.
do amortecimento do sistema. No caso da
figura 9.12, o transitório observado no ponto
Subestação Impedância do de monitoramento é de 1,34 p.u. (34 %). É
alimentador importante salientar que as sobretensões
transitórias originadas por chaveamento de
capacitores estão predominantemente na
Monitoramento faixa entre 1,3 e 1,4 p.u., embora o valor
local
Capacitor
máximo teórico de 2 p.u. também já tenha
chaveado sido medido em diversas situações.

Figura 9.12 Diagrama unifilar correspondente à uma


operação de chaveamento de capacitor com a
respectiva forma de onda representada na figura 9.13. Trafo de
distribuição
Fonte
Alimentador

Subestação
Carga
a) Amplificação de tensão no capacitor na rede secundaria de distribuição
(C2) devido à energização de capacitor na rede primária (C1).
% Tensão

b) Circuito equivalente.

1
f1 =
2π L1C1
Freqüência de chaveamento
Tempo (ms)
1
Freqüência natural do circuito ressonante f2 =
Figura 9.13 Típico transitório correspondente ao 2π L2 C 2
chaveamento de carga capacitiva, com sobretensão de Amplificação de tensão ocorre para: f1 = f 2
134% da tensão nominal de pico.

Figura 9.14 Amplificação da tensão em banco de


Assim, a tensão no ponto de instalação capacitores chaveado.
do capacitor vai a zero e começa a subir para
a tensão do sistema à medida que ele vai se
carregando. Como o sistema elétrico é

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 248


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O transitório mostrado propaga pelo 9.1.1.1.2 Sobretensões por descargas


sistema de distribuição primário (capacitor C1 atmosféricas
da figura 9.14) e geralmente passa pelos
transformadores da rede secundária de
distribuição em uma taxa que depende da Além das sobretensões de manobra, os
relação de transformação do transformador. capacitores podem estar sujeitos a
Se existirem capacitores na rede secundária sobretensões por descargas atmosféricas,
deste sistema de distribuição (capacitor C2 conforme já mencionado anteriormente.
da figura 9.14), esta sobretensão poderá ser Estas descargas atingem os sistemas
amplificada caso as freqüências naturais do aéreos através de indução eletromagnética
sistema entrem em ressonância, podendo ou, em menor proporção, diretamente. Na
atingir valores da ordem de 3 a 4 p.u. prática, verificou-se que cerca de 90% destas
Embora estes transitórios de curta duração descargas são inferiores à carga de 1
da ordem de 2 p.u. do sistema primário não coulomb. Se o sistema adotado para o banco
danifiquem o isolamento dos equipamentos, é o de estrela aterrada, pode-se admitir, até
eles causam falhas de operação em uma determinada potência, que os
dispositivos de eletrônica de potência capacitores estão autoprotegidos para um
(conversores, retificadores, estabilizadores, valor considerado da tensão suportável de
no-breaks, inversores, etc). Os controladores impulso (TSI).
podem interpretar esta sobretensão como
uma situação perigosa que está por ocorrer e A potência mínima de um banco de
consequentemente, por questões de capacitores, em estrela aterrada, para que
segurança, interromper o circuito, isolando a seja considerado autoprotegido contra
carga. Estes transitórios também podem descargas atmosféricas, e dada na
prejudicar o gate (disparo) de tiristores. expressão (9.5):

A figura 9.15 mostra a corrente de fase


observada devido ao chaveamento do 2 × π × f ×U n
2

capacitor explicado anteriormente. O Qmb = (9.5)


transitório de corrente que percorre o U i − 0,8166 × U n
alimentador da figura 9.12 atinge um valor de
pico da ordem de quatro vezes a corrente de
carga em regime permanente senoidal. Onde:
Qmb =potência mínima do banco de capacitores,
em kVAr;
Un = tensão nominal entre fases do sistema, em
kV;
Ui = tensão de impulso em seu valor de crista, em
Corrente (A)

kV;
f = freqüência nominal da rede, em Hz.

EXEMPLO 9.1 Considerando-se um sistema com


tensão nominal igual a 13,8 kV e tensão de impulso de
Tempo (ms)
76 kV, determinar a potência mínima que deve ter um
banco de capacitores ligados em estrela aterrada.

Figura 9.15 Corrente em alimentador associado ao


evento de chaveamento de carga capacitiva.

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 249


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Solução: nenhuma limitação quanto ao


dimensionamento do disjuntor, que deve ser
De (9.5),
adequado para suportar a corrente de falta.
Considerando-se que não exista nenhum
2 × π × f ×Un 2 × π × 60 × 13,8 2
2
Qmb = = = 1.109kVAr outro banco de capacitores ligado ao
U i − 0,8166 × U n U i − 0,8166 × 13,8 barramento, o valor da corrente durante a
energização do banco pode ser dado pela
expressão (9.6):
Observa-se que 76 kV é aproximadamente 80% do
valor da tensão suportável de impulso referente a um
sistema de 13,8 kV, que é de 95kV. S cc
I C = 1,69 × I n × (9.6)
Qn
9.1.2 Sobrecorrentes
Onde:
São geradas internamente aos IC = corrente máxima de crista, em A;
sistemas elétricos e resultam de faltas no
sistema. Apresentam, geralmente, poucas Qn = potência nominal reativa do banco de
componentes de alta freqüência. Observe capacitores, em kVAr;
que uma falta acarreta tensões induzidas nas
Scc = potência aparente de curto-circuito trifásica
fases sãs e, geralmente, os surtos de
manobra derivados são causas de
no ponto da instalação do banco, em kVA;
sobretensões. In = corrente nominal do banco de capacitores, em
As sobrecorrentes provocadas pelos A.
bancos de capacitores podem ser analisadas A freqüência desta corrente que ocorre
sob dois aspectos básicos, que são as durante a energização do banco de
correntes resultantes da energização do capacitores pode ser calculada através da
banco e as correntes de contribuição durante expressão (9.7):
os processos de curto-circuito no sistema ou
no próprio banco. S cc
fC = f n × (9.7)
Qn
9.1.2.1 Corrente de energização
Onde:
Quando se energiza um capacitor ou
um banco, surge uma elevada corrente fC = freqüência da corrente durante a energização
transitória de alta freqüência e pequena do banco, em Hz;
constante de tempo (veja o exemplo da figura
9.15) que depende dos seguintes fatores: fn = freqüência nominal da corrente, em Hz.
a) Tensão residual dos capacitores
no momento de sua energização; É importante salientar que as
b) Valor da tensão senoidal no expressões (9.6) e (9.7) são aproximadas,
momento da ligação do banco; não sendo levado em consideração a
resistência do circuito para efeito do
c) Capacitância do circuito; amortecimento do transitório. Considera-se
d) Indutância do circuito. também que os capacitores estejam
descarregados e não haja nenhuma corrente
Observa-se que a corrente de residual.
energização de um único banco de
capacitores é inferior à corrente de curto-
circuito subtransitória, verificada nos
terminais do banco, não se constituindo em

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 250


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EXEMPLO 9.2 Calcular o valor da corrente e da 9.2.1 Resistores de pré-inserção


freqüência da corrente de energização de um banco de
capacitores ligado em triângulo, com potência nominal Resistores de abertura e pré-inserção
de 1.200 kVAr/13,8 kV, 60 Hz. A potência de curto-
circuito da barra é igual a 250 MVA. podem reduzir consideravelmente os
transientes causados pelo chaveamento de
banco de capacitores.
Solução:
O emprego de resistores de pré-
Cálculo da corrente nominal do banco de capacitores: inserção em disjuntores com a finalidade de
1.200 evitar sobretensões de manobra é conhecido
In = = 50,2 A há décadas. Disjuntores incorporando um
3 × 13,8
estágio adicional para incluir tais resistores
De (9.6), calculamos o valor da corrente de pico: são encontrados comercialmente. Merece ser
S cc 250 .000 destacado o fato de que a inclusão de tais
I C = 1,69 × I n × = 1,69 × 50,2 × = 1.224 A estágios em disjuntores mecânicos, onde
Qn 1.200
tempos de operação curtos exigem
acelerações e forças muito grande,
De (9.7), calculamos a freqüência desta corrente: aumentam as dificuldades construtivas,
S cc 250.000 elevando preços e reduzindo a
fC = f n × = 60 × = 866 Hz confiabilidade. Parece razoável supor que
Qn 1.200
seu uso em chaves estáticas seja mais fácil.
O primeiro pico de um transitório
normalmente é o que causa maiores danos.
9.2 Como minimizar os efeitos dos A idéia é inserir um resistor no circuito de
fenômenos transitórios modo a amortecer o transitório
significativamente. É uma prática antiga,
mais ainda é relativamente eficaz.
Opções para reduzir os transitórios:
O tempo de inserção do resistor é de
aproximadamente ¼ de ciclo em 60 Hz. A
• comutação em avanço (poucos eficiência do método depende do tamanho do
minutos) com o início de um turno; banco capacitivo e do nível da corrente de
curto-circuito no ponto de instalação do
• pré-inserção de uma resistência no
banco.
circuito;
• pré-inserção de bobinas: limita as Tabela 9.2 Pico de sobretensão transitória devido ao
componentes de alta frequência do chaveamento de capacitor com e sem resistor de pré-
transitório. É prática colocar os inserção.
indutores em série com os
Nível de Sem resitor de Com resitor de
capacitores, transformando o Banco
(kVAr)
curto-circuito pré-inserção pré-inserção
conjunto em um filtro de harmônicas (kA) (pu) (pu)

(resolve-se ou minimiza-se, 900 4 1,95 1,55


portanto, dois problemas de uma 900 9 1,97 1,45

vez só: o da sobretensão e o das 900 14 1,98 1,39

harmônicas; 1.200 4 1,94 1,50


1.200 9 1,97 1,40
• dispositivos de chaveamento com 1.200 14 1,98 1,34
fechamento sincronizado. 1.800 4 1,92 1,42
1.800 9 1,96 1,33
1.800 14 1,97 1,28

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 251


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A tabela 9.2 apresenta os transitórios pode reduzir muito os transitórios de


de sobretensão máximos esperados após a energização, pois, quanto mais próximo o
energização, considerando-se a presença ou instante do fechamento estive do instante da
não dos resistores de pré-inserção. tensão nula, menor será o transitório
resultante.
Atenção: os valores mostrados são os
máximos esperados; valores médios típicos
são da ordem de 1,3 a 1,4 p.u. sem os
resistores e 1,1 a 1,2 com os resistores de
pré-inserção.

9.2.2 Chaveamento com fechamento


sincronizado

O chaveamento com fechamento


sincronizado (synchronous closing breakers)
é uma prática bastante utilizada e uma
tecnologia mais nova e eficiente quando
comparada ao resistor de pré-inserção, Figura 9.16 Chaveamento com fechamento
sincronizado (synchronous closing breaker)
aproveitando-se da passagem por zero da aproveitando-se a passagem por zero da tensão
tensão (figura 9.16). Através de controles (pontos A, B, C).
eletrônicos, pode reduzir a tensão transitória
para 1,1 p.u.
A utilização de dispositivos de
chaveamento com fechamento sincronizado

CAPÍTULO 9 – BANCO DE CAPACITORES E AS SOBRETENSÕES TRANSITÓRIAS 252


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Capítulo
Compensação reativa em
redes com harmônicas X

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 253


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10 Compensação reativa em redes com harmônicas

Sumário do capítulo
10.1 O QUE SÃO HARMÔNICAS
10.1.1 Ordem, frequência e sequência das harmônicas
10.1.2 Espectro harmônico
10.2 ORIGEM DAS HARMÔNICAS
10.2.1 Classificação das cargas não-lineares
10.2.2 Exemplos de cargas geradoras de harmônicas
10.3 PROBLEMAS CAUSADOS PELAS HARMÔNICAS
10.4 DISTORÇÃO DE CORRENTE X DISTORÇÃO DE TENSÃO
10.5 QUANTIFICAÇÃO DAS HARMÔNICAS
10.5.1 A taxa de distorção harmônica
10.5.2 Fator de crista
10.6 MEDIÇÃO DE SINAIS HARMÔNICOS
10.6.1 Instrumentos convencionais de valor médio
10.5.2 Instrumentos de valor eficaz verdadeiro (TRUE RMS)
10.7 HARMÔNICOS VERSUS TRANSITÓRIOS
10.8 PERDAS DIELÉTRICAS EM CAPACITORES NA PRESENÇA DE HARMÔNICAS
10.9 FATOR DE POTÊNCIA COM HARMÔNICAS
10.9.1 Potência ativa, reativa e aparente
10.9.2 Fator de potência
10.10 NORMALIZAÇÃO PARA HARMÔNICAS
10.11 EFEITOS DA RESSONÂNCIA
10.11 PROTEÇÕES CONTRA HARMÔNICAS

Provavelmente, a energia elétrica é, na equipamento instalado e da percepção de


atualidade, a matéria-prima mais essencial suas próprias necessidades.
utilizada pelo comércio e a indústria, além, é
O termo “Qualidade da Energia” (ou a
claro, da sua total dependência por todos nós
falta dela) inclui uma gama de fenômenos
em vários aspectos, proporcionando
manifestados na tensão, corrente ou
qualidade de vida, segurança e conforto
freqüência, responsáveis por diversas
através da utilização das mais diversas
alterações prejudiciais que podem ocorrer no
tecnologias. É um “produto” incomum porque
sistema elétrico e que resultam em falha ou
deve estar disponível continuamente e não
operação indevida de equipamentos elétricos
pode ser armazenado em quantidades
dos consumidores.
importantes e significativas, motivo pelo qual
se deve ser produzida na medida em que seu Os defeitos da qualidade de energia –
uso é necessário. Por outro lado, não pode os chamados “desvios da perfeição” – podem
estar sujeita a verificação para garantir sua ser classificados basicamente em cinco
qualidade antes de ser utilizada. categorias: transitórios, distorções
harmônicas, cortes no fornecimento, sub ou
Quando falamos em qualidade de
sobretensão, afundamentos de tensão e
energia, estamos estabelecendo um “modelo
surtos.
de perfeição” para o sistema de energia
elétrica, ou seja, uma fonte de fornecimento Os equipamentos e maquinários atuais
de energia perfeita, que sempre está estão mais sensíveis às variações da
disponível, dentro das tolerâncias de tensão qualidade da energia em relação aos
e freqüência, com forma de onda senoidal utilizados no passado (figura 1). Muitos dos
pura e livre de interferências. Quanto desvio aparelhos modernos contêm controles
desta perfeição pode ser tolerado depende microprocessados e/ou unidades eletrônicas
da aplicação do usuário, do tipo do de potência, tornando-os muito sensíveis a

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 254


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

certos tipos de distúrbios, que por décadas O Termo “Qualidade da Energia


podem ter ocorrido sem causar efeitos Elétrica” está relacionado com qualquer
adversos, e atualmente, resultam em má desvio que possa ocorrer na magnitude,
operação e, sobretudo, redução da vida útil. forma de onda ou freqüência da tensão e/ou
corrente elétrica. Esta designação também
se aplica às interrupções de natureza
100 permanente ou transitória que afetam o
Tensão (% da Nominal)

desempenho da transmissão, distribuição e


80 utilização da energia elétrica.
60
Distorção harmônica é um tipo
40 específico de energia suja, que é
normalmente associada com a crescente
20
quantidade de acionamentos estáticos,
0
0.1 1 10 100 1000 fontes chaveadas e outros dispositivos
Tempo em ciclos eletrônicos nas plantas industriais, os quais
Região de Má Operação:
„ VCR’s chamamos de cargas não-lineares
„ Fornos de Microondas (retificadores, conversores, máquinas de
„ Relógios Digitais solda elétrica ou a arco, dentre outras).
Figura 10.1 Exemplo de sensibilidade de pequenas Considera-se que a energia gerada
cargas eletrodomésticas. pelas usinas é “limpa” (a forma de onda da
tensão é praticamente uma senoide perfeita,
sem distorções). Entretanto, estas distorções
A qualidade da energia tem sido alvo na forma de onda da tensão (e corrente)
de muito interesse e discussão nos últimos tendem a se acentuar quanto mais aproxima-
anos. Cada vez mais, os técnicos se das cargas. Em algumas cargas, a forma
responsáveis pelas plantas industriais têm de onda medida é bastante diferente de uma
descoberto as dificuldades causadas pelo senóide, tamanha é a distorção do sinal
problema da "energia suja". (figura 10.3).
Esta é a expressão popular usada para Nos últimos anos (principalmente a
descrever uma grande variedade de partir da década de 90), com a popularização
contaminações na corrente e na tensão da eletrônica incorporada aos equipamentos
elétrica, as quais contribuem para a “má elétricos, começaram a surgir certos
qualidade da energia” (figura 2). problemas de qualidade de energia nas
instalações, principalmente as industriais.

Desequilíbrios

Distorções
da Forma de Flicker
onda
Itens que
caracterizam uma
rede com problemas
de qualidade
Interrupções Transitórios

Variações no Variações de
valor eficaz da tensão de curta
tensão duração

Figura 10.2 Itens que caracterizam uma rede com Figura 10.3 Exemplos de perdas da qualidade da
problemas de qualidade de energia, com destaque para tensão.
as distorções da forma de onda (harmônicos).

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 255


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Disparos intempestivos de disjuntores, Muitos dizem, erroneamente, que os


misteriosos aquecimentos de causadores das harmônicas são os
transformadores, queima de condutores capacitores. Na verdade, capacitores não
neutros aparentemente bem dimensionados, geram harmônicas, e sim agravam os
graves explosões de capacitores de problemas potenciais das harmônicas. Eles
correção de fator de potência, dentre são os equipamentos mais sensíveis às
outros problemas, fizeram com que os harmônicas, e os que mais sofrem na
especialistas do setor iniciassem a busca das presença delas. Talvez por esta razão,
causas desses males. problemas de harmônicas frequentemente
não são conhecidos até que são aplicados
Outros efeitos observados são ainda o
capacitores para correção de fator de
surgimento de interferências
potência.
eletromagnéticas em redes de comunicações
e dados, surgimento de inaceitáveis tensões Neste capítulo, considerando-se todo o
entre neutro e terra em circuitos de vasto e rico universo da qualidade de
computadores e aumentos nas quedas de energia, vamos concentrar nossas atenções
tensão nos condutores elétricos. para um dos “desvios da perfeição”: as
distorções harmônicas – com ênfase no
Não demorou muito para se verificar
estudo dos efeitos/soluções nas instalações
que o principal causador dos inconvenientes
elétricas com presença de capacitores para
mencionados era o chamado efeito das
correção do fator de potência.
“harmônicas”. Estas distorções nas formas
de onda de corrente e tensão são capazes
de provocar incríveis influências no 10.1 O que são harmônicas
comportamento das redes elétricas de uso
domiciliar, comercial ou industrial. Estes
Dentre os distúrbios e a qualificação de
problemas são relativamente recentes e
um padrão de qualidade da energia, a
atingem todo o mundo.
subárea “harmônicos” encontra-se numa
A análise, o diagnóstico e as soluções posição de destaque. De fato, em se tratando
de qualidade de energia têm sido inseridos de um sistema elétrico, as tensões de
nos currículos das escolas de engenharia suprimento às instalações consumidoras
elétrica desde os anos 90. No entanto, devem, por contrato, serem perfeitamente
muitas gerações de engenheiros não senoidais (de fato, a influência da
receberam uma formação específica sobre o concessionária na qualidade da energia diz
tema, apesar de conviver com ele respeito à qualidade da tensão, que é uma
diariamente. grandeza de qualidade controlável – já para a
corrente, a qualidade não é controlável e está
A tarefa de corrigir o fator de potência
diretamente relacionada às cargas dos
em uma rede elétrica com harmônicas é mais
consumidores). No entanto, esta condição
complexa, pois harmônicas podem interagir
ideal (senóide perfeita) jamais será
com os capacitores causando fenômenos de
encontrada na prática, visto que as tensões e
ressonância.
as correntes encontram-se distorcidas.
Em uma planta industrial que contenha
Este desvio é usualmente expresso em
capacitores para correção de fator de
termos das distorções harmônicas de tensão
potência, as distorções harmônicas podem
e corrente, e normalmente causadas pela
ser amplificadas em função da interação
operação de cargas com características não-
entre os capacitores e o transformador de
lineares (variação de corrente não é
serviço. Este fenômeno é comumente
proporcional à tensão), as quais se opõem
chamado de ressonância harmônica ou
conceitualmente às lineares, usualmente
ressonância série.
“tradicionais” das instalações, tais como os
motores e sistemas de iluminação

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 256


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incandescente, onde a variação de corrente é H1 -, representando uma corrente de energia


sempre proporcional à tensão (para tensão "limpa") e 5 (representando uma harmônica
senoidal, tem-se sempre corrente senoidal). H5 ou de quinta ordem, o que significa que
sua freqüência é de 5 x 60 Hz, ou 300 Hz.).
A priori, estas correntes não-lineares
Ambos os sinais da figura 10.4 (1 e 5) são
(harmônicas) se propagam pelo sistema
formados por senóides perfeitas de
elétrico provocando distorções de tensão em
amplitudes e freqüências diferentes,
diversos pontos e ocasionando aquecimentos
chamadas de harmônicas. Com efeito, é
anormais em transformadores, banco de
possível construir o sinal “T” a partir dos
capacitores, condutores (principalmente os
valores dos sinais 1 e 5 da tabela 10.1.
neutros), motores de indução, interferências
em equipamentos eletrônicos de controle, Esta curva resultante “T” mostra bem a
comunicação, microcomputadores, etc. distorção harmônica da curva de tensão, que
deixa de ser perfeitamente senoidal na
As perturbações harmônicas,
presença de harmônicas. De fato, o sinal “T”
praticamente até há alguns anos atrás, não
é a soma ponto a ponto dos sinais H1 e H5 da
afetavam o funcionamento normal da
figura 10.4. Dessa forma, podemos dizer que
instalação e tornaram-se importantes a partir
um sinal periódico contém harmônicas
da década de 90, quando a proporção de
quando a forma de onda desse sinal não é
utilização de equipamentos eletrônicos (não-
senoidal ou, dito de outro modo, um sinal
lineares) e elétricos (usualmente lineares)
contém harmônicas quando ele é deformado
começou a se equiparar.
em relação a um sinal senoidal.
Considerando que atualmente têm
surgido cargas sensíveis a tais anomalias,
existe uma preocupação, principalmente por
parte das concessionárias de energia
elétrica, em minimizar, e se possível, eliminar
os impactos e os efeitos provocados pelas
componentes harmônicas.
Tecnicamente, uma harmônica é a
componente de uma onda periódica cuja
freqüência é um múltiplo inteiro da frequência
fundamental (no caso da energia elétrica no
Brasil, de 60 Hz), ou seja, H1 = fundamental Figura 10.4 Onda deformada e suas componentes
ou 60 Hz; H2 = 120 Hz (2 x 60 Hz), H3 = 180 harmônicas (H1 e H5).
Hz (3 x 60 Hz), etc. Dito de outra forma,
conforme descoberto pelo grande
matemático Fourier, todo sinal periódico no
Tabela 10.1 Valores para os sinais 1, 5 e T da figura
tempo é composto por uma somatória de 10.4.
senóides de frequência e amplitude variáveis.
Esta somatória de senóides compõe a Tempo “t” Sinal 1 Sinal 5 Sinal T
(sinal 1 + sinal 5)
chamada Série de Fourier. A melhor maneira (s) (A) (A) (A)
de explicar isto é com as figuras 10.4 e 10.5. 3 90 50 140
6 190 0 190
A forma de onda da tensão ou da 9 230 -50 180
corrente em um dado ponto da instalação 12 300 0 300
pode ter o aspecto do sinal “T” que está 15 310 50 360
mostrado na figura 10.4 (onda deformada). 18 300 0 300
21 230 -50 180
Observando essa situação, vemos que 24 190 0 190
o sinal “T” é a soma ponto a ponto dos sinais 27 90 50 140
1 (senoidal normal - freqüência fundamental 30 0 0 0

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 257


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Sinal T de filtros de linha (supressores de


(h1 + h3 +
h5 + h7 + transientes). Entretanto, estes filtros de linha
h9)
não reduzem ou eliminam correntes e
tensões harmônicas.
Harmônica A natureza e a magnitude das
h1 (60 Hz)
Fundamental harmônicas geradas por cargas não-lineares
dependem de cada carga especificamente,
mas algumas generalizações podem ser
Harmônica
h3 (180 Hz)
feitas. De maneira geral, a amplitude de cada
componente harmônica é a variável de maior
Harmônica
h5 (300 Hz)
interesse.
Harmônica
O grau com que harmônicas podem ser
h7 (420 Hz) toleradas em um sistema de alimentação
Harmônica depende da susceptibilidade da carga (ou da
h9 (540 Hz)
fonte de potência). Os equipamentos menos
sensíveis, geralmente, são os de
aquecimento (carga resistiva), para os quais
Figura 10.5 Onda deformada e suas componentes
harmônicas (H1, H3, H5, H7, e H9 ). a forma de onda não é relevante. Os mais
sensíveis são aqueles que, em seu projeto,
assumem a existência de uma alimentação
Comparando-se os sinais “T” das senoidal como, por exemplo, equipamentos
figuras 10.4 e 10.5, nota-se que quanto maior de comunicação e processamento de dados.
o conteúdo harmônico (no caso, o da figura No entanto, mesmo para as cargas de baixa
10.5), maior a distorção do sinal. Nota-se susceptibilidade, a presença de harmônicas
também que a magnitude da corrente (de tensão ou de corrente) podem ser
harmônica diminui com o aumento da prejudiciais, produzindo maiores esforços nos
frequência. componentes e isolantes.
Embora existam alguns poucos casos As figuras a seguir (10.6 à 10.13)
em que a distorção harmônica seja representam, passo a passo, a constituição
randômica, na grande maioria dos casos ela de um sinal distorcido constituído de
é periódica, ou seja, um múltiplo inteiro da harmônicas de ordem ímpar. Em cada figura,
frequência fundamental do sistema elétrico. está indicada a respectiva equação
Em outras palavras, a forma de onda da matemática representativa do sinal.
corrente, embora distorcida, é praticamente a
mesma ciclo após ciclo. Por este motivo, a
ciência adotou o nome “harmônico” para
definir este fenômeno da distorção do sinal,
cuja definição é, segundo o Dicionário
Aurélio, “Concernente a, ou em que há
harmonia. Regular; coerente;
proporcionado”.
H1
Harmônicas são um fenômeno
contínuo, e não devem ser confundidas com
fenômenos de curta duração que duram
apenas alguns ciclos. Transientes,
disturbações elétricas, picos de sobretensão
e subtensão não são harmônicas. Estas
perturbações no sistema podem
normalmente ser eliminadas com a aplicação Figura 10.6 Sinal senoidal – fundamental H1.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 258


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H1
H3 H1+H3+H5

H3 H5 H1

Figura 10.7 Componentes harmônicas (H1, H3). Figura 10.10 Onda deformada (H1+ H3 + H5) e suas
componentes harmônicas (H1, H3, H5).

H1
H1+H3 H1+H3+H5
H3

Figura 10.8 Onda deformada (H1 + H3) e suas Figura 10.11 Onda deformada e suas componentes
componentes harmônicas (H1, H3). harmônicas (H1 + H3 + H5).

H1+H3+H5+H7
H5

H3 H1

Figura 10.9 Componentes harmônicas (H1, H3, H5). Figura 10.12 Onda deformada e suas componentes
harmônicas (H1 + H3 + H5 + H7).

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 259


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motor girar no mesmo sentido que o da


componente fundamental, provocando uma
sobrecorrente nos seus enrolamentos que
causaria um aumento de temperatura,
reduzindo a vida útil e permitindo a
H1+H3+H5+H7+∑Hn
ocorrência de danos ao motor. Essas
harmônicas de sequência positiva provocam,
geralmente, aquecimentos indesejados em
condutores, motores, transformadores, etc.
As harmônicas de sequência negativa
fariam o motor girar em sentido contrário ao
do giro produzido pela fundamental, freando
o motor e também causando aquecimento
Figura 10.13 Onda deformada e suas componentes indesejado. Por sua vez, as harmônicas de
harmônicas (H1 + H3 + H5 + H7 + ∑Hn). sequência nula ou zero não provocam efeitos
no sentido da rotação do motor, porém
somam-se algebricamente no condutor
10.1.1 Ordem, freqüência e seqüência das neutro.
harmônicas
Isso implica que podem ocorrer
Os sinais harmônicos são classificados situações em que pelo condutor neutro pode
quanto à sua ordem, frequência e sequência, circular uma corrente de terceira ordem (veja
conforme mostra a tabela 10.2. pela tabela 10.2, que uma corrente
harmônica de ordem 3 tem sequência zero),
Em uma situação ideal, onde existisse
que é três vezes maior do que a corrente de
somente um sinal de frequência 60 Hz,
terceira ordem que percorre cada condutor
haveria apenas, como visto, a harmônica de
fase. Com isso, ocorrem aquecimentos
ordem 1 (H1). Observando-se a tabela 10.2,
excessivos do condutor neutro, destruição de
vemos que há dois tipos de harmônicas:
bancos de capacitores, etc.
ímpares e pares. As ímpares são
encontradas nas instalações elétricas em
geral (é o caso de sinais em que o semiciclo 10.1.2 Espectro harmônico
positivo e o negativo têm formas idênticas, ou
seja, o sinal é simétrico) e são as que O chamado espectro harmônico
geralmente causam problemas. permite decompor um sinal em suas
As harmônicas pares existem somente componentes harmônicas e representá-lo na
nos casos em que há assimetrias do sinal forma de um gráfico de barras, onde cada
devido à presença de componente contínua barra representa uma frequência harmônica
(é o caso de sinais em que o semiciclo com sua frequência, valor eficaz e
positivo e o negativo têm formas diferentes), defasagem.
o que normalmente indica que alguma coisa
está errada: ou com a carga ou com o
transdutor utilizado para fazer a medição -
exceção pode ser constatada para os casos Tabela 10.2 Classificação dos sinais harmônicos.
dos retificadores de meia-onda e de fornos à Ordem Frequência (Hz) Sequência
arco, quando o arco é aleatório. 1 60 +
2 120 -
A sequência pode ser positiva, negativa
3 180 0
ou nula (zero). Tomando-se como exemplo 4 240 +
um motor assíncrono trifásico alimentado por 5 300 -
quatro condutores (3F + N), as harmônicas 6 360 0
de sequência positiva tenderiam a fazer o n n x 60 +, -, 0 ...

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 260


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Entende-se por espectro de freqüências Os distribuidores de energia fiscalizam


harmônicas um gráfico ou tabela da as harmônicas de ordem 3, 5, 7, 11 e 13.
amplitude de tensão ou corrente em função Desta forma, a compensação das
das freqüências harmônicas. Geralmente tais harmônicas até a ordem 13 é imperativa,
amplitudes são apresentadas em percentuais porém uma boa compensação leva
ou em p.u. (por unidade) da amplitude da igualmente em conta as harmônicas até a
fundamental (frequência da rede). ordem 25.
O espectro harmônico é uma
representação da forma de onda no domínio
da frequência. Teoricamente, o espectro Espectro de um sinal senoidal
harmônico de um sinal deformado qualquer
chegaria ao infinito. Na prática, geralmente 120

Fundamental
100
limita-se ao número de harmônicas a serem

[%] da
80

medidas e analisadas por volta da ordem 60


40
número 40, uma vez que raramente os sinais 20
0
acima dessa ordem são significativos a ponto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

de poderem perturbar o funcionamento de Ordem da harmônica


uma instalação.
A figura 10.14 mostra o espectro Figura 10.14 Espectro harmônico de um sinal
harmônico de um sinal senoidal (como o sinal senoidal (sinal 1 da figura 10.4).
1 da figura 10.4), enquanto a figura 10.15
apresenta o espectro harmônico de uma
onda bastante distorcida (sinal T da figura Espectro de um sinal distorcido
10.4), repleta de harmônicas, sobretudo as
de ordem 3, 5, 7 e 9.
Fundamental

150
[%] da

100
A figura 10.16 exemplifica um tipo de
50
carga não linear, geradora de harmônicos, e 0
seu respectivo perfil de corrente absorvida 1 3 5 7 9 11 13
(figura 10.17) e o espectro harmônico
Ordem da harm ônica
correspondente (figura 10.18).
Além da ordem 49, as correntes
harmônicas são negligenciáveis e sua Figura 10.15 Espectro harmônico de um sinal
medição não é mais significativa. Embora as distorcido (sinal T da figura 10.4).
harmônicas de alta frequência possam
causar interferência em equipamentos
eletrônicos de baixa potência, raramente
causam danos ao sistema elétrico de
potência.
Além disso, é também muito difícil
coletar dados precisos para modelamento do
sistema elétrico nestas altas freqüências
(ressalva-se apenas uma especial atenção
para as situações onde possa haver
ressonância nestas freqüências mais
elevadas, como é o caso das causadas pelos Figura 10.16 Ponte retificadora trifásica com filtragem
transitórios de chaveamento dos conversores capacitiva.
de potência).

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 261


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Tensão da rede (V) Forma de onda da corrente 1,1


Current Waveform
Corrente de linha (A) Corrente
Current

Load
LinhaLine
de carga

Tensão
Voltage
0,0
-1,2 Angle 0,0 1,2
Ângulo

Ângulo
Angle
Voltage Waveform
Figura 10.17 Perfil da corrente absorvida pelo circuito
da figura 10.16. -1,1
Forma de onda da tensão

Figura 10.19 Característica de um carga linear, onde a


variação da corrente é proporcional à variação da
tensão.

Por exemplo, se a carga é um motor de


1/6 de cv, rendimento de 80% e fator de
potência 0,85, a tensão e corrente possuem
a forma de onda da figura 10.20.

Entretanto, o emprego cada vez mais


acentuado de equipamentos com
características não-lineares nas unidades
consumidoras (principalmente nos últimos 20
Ordem harmônica
anos), tais como retificadores, conversores,
máquinas de solda elétrica ou a arco, dentre
outros dispositivos de eletrônica de potência
(figura 10.21), causa distorções na forma de
Figura 10.18 Espectro harmônico da corrente onda da corrente ou tensão, gerando o que
absorvida pelo circuito da figura 10.16.
se chama, como já apresentado, distorções
por componentes harmônicas.

10.2 Origem das harmônicas

Até bem pouco tempo atrás, todas as


cargas eram lineares, com a corrente
acompanhando a curva senoidal da tensão
(figura 10.19).
Genericamente, são consideradas
cargas lineares aquelas constituídas por
resistências, indutâncias e capacitâncias,
Figura 10.20 Consumo de uma carga linear (motor
onde as formas de onda de tensão e corrente monofásico de 1/6 cv).
são sempre senoidais.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 262


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Figura 10.23 Circuito linear genérico e o


comportamento linear da tensão e da corrente.

Figura 10.21 Introdução do efeito de não linearidade


no circuito devido à presença de dispositivos de
eletrônica de potência (tiristores T1 e T2)

As cargas não lineares apresentam um


comportamento onde o sinal da tensão não é
mais proporcional ao sinal de corrente (figura
10.22).

Forma de onda da corrente 1


Current Waveform
Figura 10.244Circuito com carga linear do tipo RL.
Current
Corrente

LinhaLine
Load de carga

Tensão
Voltage
0
-1 0 1
Angle
Ângulo
Angle
Ângulo

-1
Forma de onda da tensão
Voltage Waveform

Figura 10.22 Característica de um carga não linear,


onde a variação da corrente não é proporcional à Figura 10.254Tensão e corrente na carga do circuito
variação da tensão. da figura 10.24.

O sistema elétrico de potência é


formado por elementos série e paralelo,
embora, na prática, o grande responsável
pelas não-linearidades sejam os elementos
ligados em paralelo (ou sejam, as cargas). As
impedâncias série do sistema elétrico de
potência (isto é, as impedâncias de curto-
circuito entre a fonte e a carga), são
notadamente lineares.

Figura 10.26 Circuito não-linear (convencional)


genérico e o comportamento não-linear da corrente.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 263


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finalmente utilizada. Essa eletrônica faz uso


de diodos, transistores e tiristores, sendo que
praticamente todos eles operam em modo de
interrupção. Isso significa que todos os
dispositivos de eletrônica de potência operam
em dois estados: estado de condução
(corresponde a um interruptor fechado) e
estado de bloqueio (corresponde a um
interruptor aberto). É exatamente este
chaveamento (hora tem corrente, hora não)
que causa a deformação do sinal de corrente
na linha e, consequentemente, da tensão na
carga.

Figura 10.27 Circuito não-linear (chaveado) genérico e


o comportamento não-linear da corrente. Tabela 10.3 Equipamentos lineares e não lineares.
Lineares Não lineares
ƒ Motores; ƒ Acionamentos em
ƒ Lâmpadas corrente contínua;
Incandescentes; ƒ Conversores/inversores
ƒ Cargas resistivas. de frequência;
ƒ Fornos de Indução;
ƒ Lâmpadas de descarga
(ex: fluorescentes);
ƒ Computadores, "no-
breaks", retificadores e
estabilizadores;
ƒ Máquinas de solda;
ƒ Fontes chaveadas.

Figura 10.284Circuito com carga não-linear.


A instalação de capacitores, por si só,
não provoca o surgimento dessas distorções
(não geram harmônicas), mas, pela interação
entre estes e as componentes harmônicas,
pode-se agravar a situação, devidos aos
efeitos de ressonância (ver seção 10.11).
Dessa forma, um bom estudo da melhoria do
fator de potência deve ser precedido de uma
verificação da possível presença de
componentes harmônicas no circuito, através
de medição e ou simulação dos níveis de
distorção pré-existentes e resultantes, bem
como eventuais medidas para sua redução.

10.2.1 Classificação das cargas não-


Figura 10.294Tensão e corrente na carga do circuito lineares
da figura 10.28.
Atualmente, as cargas não-lineares são
classificadas em três categorias de acordo
Aproximadamente 50% da energia com a natureza da deformação:
elétrica passa por um dispositivo de
eletrônica de potência antes que seja

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 264


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a) CATEGORIA 1

Nesta categoria encontram-se os


equipamentos com característica operativa
de arcos voltaicos, tais como: fornos a arco,
máquinas de solda, lâmpadas de descarga e
outros. A natureza da deformação da
corrente é oriunda da não linearidade do arco
voltaico.

b) CATEGORIA 2 Figura 10.314Circuito típico de um variador de


velocidade, muito utilizado na partida de motores.
Nesta categoria encontram-se os
equipamentos de núcleo magnético saturado,
tais como: reatores e transformadores de
núcleo saturados. A natureza da deformação
da corrente é oriunda da não linearidade do
circuito magnético.

c) CATEGORIA 3

Nesta categoria encontram-se os


equipamentos eletrônicos, tais como:
inversores, retificadores, UPS, televisores, Figura 10.324Circuito típico de uma fonte de
microondas, computadores e outros. A alimentação monofásica (muito utilizada em
natureza da deformação da corrente é equipamentos eletrônicos em geral, tais como:
oriunda da não linearidade dos componentes computadores, impressoras, aparelos de fax, televisão,
DVDs, centrais telefônicas, etc).
eletrônicos.

10.2.2 Exemplos de cargas geradoras de


harmônicas

Nas figuras a seguir são apresentadas


cargas normalmente encontradas em
instalaçães elétricas e que são importantes
fontes de correntes harmônicas.

Figura 10.334Corrente absorvida e espectro harmônico


para uma máquina de soldar típica.

Figura 10.304Circuito retificador/carregador totalmente Figura 10.344Forma de onda da corrente medida em


controlado, com indutância série. uma fonte chaveada.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 265


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DII (%) DII (%)


140 128,03 140
124,62
120 120
100
100 100
100 90,02 86,44
80 71,5
80 71,5
60 45,76
60 48,1 40
22,03
40 20 14,56 12,47
26,7
0
20 8,9 7,9 1 3 5 7 9 11 13 DHTI
2,9
Ordem harmônica - n e DHTI (%)
0
1 3 5 7 9 11 13 15 DHI I
DHT
Figura 10.39 Espectro harmônico da forma de onda da
Figura 10.35 Espectro harmônico da forma de onda da corrente da figura 10.38.
corrente da figura 10.34.

Figura 10.404Forma de onda da corrente medida em


Figura 10.364Forma de onda da corrente medida em um no-break.
um inversor de frequência.
120
DII (%) 100
120 100
100
100
78,92 80
80
65,33
60 60
40 28,47
20,44
40
20 15,3311,68 26,2 28,68
10,58 7,66 8,03 6,57
5,84 5,11 4,74
0 20
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 DHTI 5,33 8,21 4,89
3,14 2,53
Ordem harmônica - n e DHTI (%) 0
1 5 7 11 13 17 19 DHTI
Ordem harmônica - n e DHTI (%)
Figura 10.37 Espectro harmônico da forma de onda da
corrente da figura 10.36.
Figura 10.41 Espectro harmônico da forma de onda da
corrente da figura 10.40.

10.3 Problemas causados pelas


harmônicas

Altos níveis de distorção harmônica


Figura 10.384Forma de onda da corrente medida em numa instalação elétrica podem causar
uma lâmpada fluorescente compacta (9W/220V) com problemas para as redes de distribuição das
reator. concessionárias e para a própria instalação,
assim como para os equipamentos ali
instalados.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 266


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Qualquer sinal de corrente ou de no acionamento, como componentes de


tensão, cuja forma de onda não seja torque que atuam no sentido oposto ao da
senoidal, pode provocar danos na instalação fundamental, como ocorre com a 5ª, 11ª, 17ª,
elétrica em que está presente e/ou em seus etc. harmônicas. Isto significa que tanto a
componentes e aparelhos a ela conectados. quinta componente quanto a sétima induzem
uma sexta harmônica no rotor. O mesmo
Há vários efeitos provocados pelas
ocorre com outros pares de componentes.
harmônicas, sendo que alguns podem ser
notados visualmente, outros podem ser O sobreaquecimento que pode ser
ouvidos, outros são registrados por tolerado depende do tipo de rotor utilizado.
medidores de temperatura e ainda há os Rotores bobinados são mais seriamente
casos em que necessitam utilizar afetados do que os de gaiola. Os de gaiola
equipamentos especiais para detectá-los. profunda, por causa do efeito pelicular, que
conduz a condução da corrente para a
De maneira geral, o aumento de tensão
superfície do condutor em freqüências
na rede causado pela distorção harmônica
elevadas, produzem maior elevação de
acelera a fadiga dos motores e as isolações
temperatura do que os de gaiola
de fios e cabos, o que pode ocasionar
convencional.
queimas, falhas e desligamentos.
Adicionalmente, as harmônicas aumentam a O efeito cumulativo do aumento das
corrente RMS (devido a ressonância série), perdas reflete-se numa diminuição da
causando elevação nas temperaturas de eficiência e da vida útil da máquina. A
operação de diversos equipamentos e redução na eficiência é indicada na literatura
diminuição de sua vida útil. como de 5 a 10% dos valores obtidos com
uma alimentação senoidal. Este fato não se
Essas ondas de freqüência superior à
aplica a máquinas projetadas para
fundamental, causam vários danos ao
alimentação a partir de inversores, mas
sistema, conforme será apresentado. A
apenas àquelas de uso em alimentação
análise feita a seguir baseia-se no texto da
direta da rede.
recomendação IEEE-519 [27], que trata de
práticas e requisitos para o controle de Algumas componentes harmônicas, ou
harmônicas no sistema elétrico de potência. pares de componentes (por exemplo, 5ª e 7ª,
No referido texto são identificadas diversas produzindo uma resultante de 6ª harmônica)
referências específicas sobre os diferentes podem estimular oscilações mecânicas em
fenômenos abordados. sistemas turbina-gerador ou motor-carga,
devido a uma potencial excitação de
ressonâncias mecânicas. Isto pode causar
10.3.1 Motores e geradores problemas nas indústrias como, por exemplo,
na produção de fios, em que a precisão no
Aumento das perdas nos estatores e acionamento é elemento fundamental para a
rotores de máquinas rotativas, causando qualidade do produto.
superaquecimento danoso às máquinas.
O maior efeito das harmônicas em
máquinas rotativas (indução e síncrona) é o 10.3.2 Transformadores
aumento do aquecimento devido ao aumento
Também neste caso tem-se um
das perdas no ferro e no cobre. Afeta-se,
aumento nas perdas. Harmônicas na tensão
assim, sua eficiência e o torque disponível.
aumentam as perdas ferro, enquanto
Além disso, tem-se um possível aumento do
harmônicas na corrente elevam as perdas
ruído audível, quando comparado com
cobre. A elevação das perdas cobre deve-se
alimentação senoidal.
principalmente ao efeito pelicular, que implica
Outro fenômeno é a presença de numa redução da área efetivamente
harmônicas no fluxo, produzindo alterações

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 267


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condutora à medida que se eleva a da tensão e, principalmente, da corrente (ver


frequência da corrente. seção 10.9).
Normalmente as componentes
harmônicas possuem amplitude reduzida, o 10.3.5 Distorção das características de
que colabora para não tornar esses atuação de relés de proteção
aumentos de perdas excessivos. No entanto,
podem surgir situações específicas Um aumento da corrente eficaz devida
(ressonâncias, por exemplo) em que surjam a harmônicas sempre provocará um maior
componentes de alta freqüência e amplitude aquecimento dos dispositivos pelos quais
elevada. circula a corrente, podendo ocasionar uma
Além disso, o efeito das reatâncias de redução em sua vida útil e, eventualmente,
dispersão fica ampliado, uma vez que seu sua operação inadequada. Em termos dos
valor aumenta com a freqüência. relés de proteção não é possível definir
completamente as respostas devido à
Associada à dispersão existe ainda variedade de distorções possíveis e aos
outro fator de perdas que se refere às diferentes tipos de dispositivos existentes. De
correntes induzidas pelo fluxo disperso. Esta maneira geral, os relés de proteção
corrente manifesta-se nos enrolamentos, no geralmente não respondem a qualquer
núcleo, e nas peças metálicas adjacentes parâmetro identificável, tais como valores
aos enrolamentos. Estas perdas crescem eficazes da grandeza de interesse ou a
proporcionalmente ao quadrado da amplitude de sua componente fundamental.
freqüência e da corrente. O desempenho de um relé considerando
Tem-se ainda uma maior influência das uma faixa de freqüências de entrada não é
capacitâncias parasitas (entre espiras e entre uma indicação de como aquele componente
enrolamento) que podem realizar responderá a uma onda distorcida contendo
acoplamentos não desejados e, aquelas mesmas componentes espectrais.
eventualmente, produzir ressonâncias no Relés com múltiplas entradas são ainda mais
próprio dispositivo. imprevisíveis.

10.3.3 Aumento da corrente eficaz 10.3.6 Cabos de alimentação

O fluxo de harmônicas nos elementos Em razão do efeito pelicular, que


de ligação de uma rede leva a perdas restringe a secção condutora para
adicionais causadas pelo aumento do componentes de freqüência elevada, também
valor RMS da corrente, além do surgimento os cabos de alimentação têm um aumento de
de quedas de tensão harmônicas nas várias perdas devido às harmônicas de corrente.
impedâncias do circuito. Além disso, tem-se o chamado "efeito de
proximidade", o qual relaciona um aumento
No caso dos cabos há um aumento de
na resistência do condutor em função do
fadiga dos dielétricos, diminuindo sua vida
efeito dos campos magnéticos produzidos
útil e aumentando os custos de manutenção.
pelos demais condutores colocados nas
O aumento das perdas e o desgaste precoce
adjacências.
das isolações também podem afetar os
transformadores do sistema elétrico. A figura 10.42 mostra curvas que
indicam a seção transversal e o diâmetro de
condutores de cobre que devem ser
10.3.4 Fator de potência utilizados para que o efeito pelicular não seja
significativo (aumento menor que 1% na
Redução do fator de potência do sistema resistência). Note que para 3 kHz o máximo
elétrico causado pelo aumento do valor RMS diâmetro aconselhável é aproximadamente

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 268


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uma ordem de grandeza menor do que para 1% da harmônica que coincide com a
50Hz. Ou seja, para freqüências acima de 3 freqüência de ressonância do sistema (11ª).
kHz um condutor com diâmetro maior do que Observe como esta componente aparece
2,5 mm já começa a ser significativo em amplificada sobre a carga.
termos de eleito pelicular.
À medida que aumenta o comprimento
Além disso, caso os cabos sejam do cabo, a ressonância se dá em freqüência
longos e os sistemas conectados tenham mais baixa, aumentando a possibilidade de
suas ressonâncias excitadas pelas amplificar os harmônicos mais comuns do
componentes harmônicas, podem aparecer sistema.
elevadas sobretensões ao longo da linha,
podendo danificar o cabo.
Na figura 10.43 tem-se a resposta em
freqüência, para uma entrada em tensão, de
um cabo de 10 km de comprimento, com
parâmetros obtidos de um cabo trifásico 2
AWG, 6 kV. As curvas mostram o módulo da
tensão no final do cabo, ou seja, sobre a
carga (do tipo RL). Dada a característica
indutiva da carga, esta se comporta
praticamente como um circuito aberto em
freqüências elevadas. Figura 10.424Área de seção e diâmetro de fio de cobre
que deve ser usado em função da freqüência da
Quando o comprimento do cabo for corrente para que o aumento da resistência seja menor
igual a ¼ do comprimento de onda do sinal que 1%.
injetado, este "circuito aberto" no final da
linha reflete-se como um curto-circuito na
fonte. Isto se repete para todos os múltiplos
ímpares desta freqüência.
As duas curvas mostradas referem-se à
resposta em freqüência sem e com o efeito
pelicular. Nota-se que considerando este
efeito tem-se uma redução na amplitude das
ressonâncias, devido ao maior
amortecimento apresentado pelo cabo por
causa do aumento de sua resistência. Figura 10.434Resposta em freqüência de cabo trifásico
(10 km).
Na figura 10.44 tem-se o perfil do
módulo da tensão ao longo do cabo quando
o sinal de entrada apresentar-se na primeira
freqüência de ressonância. Observe que a
sobretensão na carga atinge quase 4 vezes a
tensão de entrada (já considerando a ação
do efeito pelicular). O valor máximo não
ocorre exatamente sobre a carga porque ela
não é, efetivamente, um circuito aberto nesta
freqüência de aproximadamente 2,3 kHz.
Na figura 10.45 tem-se a resposta no
tempo de uma linha de 40 km (não incluindo
o efeito pelicular), para uma entrada senoidal Figura 10.444Perfil de tensão ao longo do cabo na
(50 Hz), na qual existe uma componente de freqüência de ressonância.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 269


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suas perdas ôhmicas. O decorrente aumento


no aquecimento do dispositivo encurta a vida
útil do capacitor.

10.3.9 Vibrações e acoplamentos

As altas freqüências das harmônicas


podem provocar interferências
eletromagnéticas irradiadas ou conduzidas
que, por sua vez, provocam vibrações em
quadros elétricos, em transformadores e/ou
Figura 10.45 Resposta no tempo de cabo de acoplamentos em redes de comunicações,
transmissão a uma entrada com componente na
freqüência de ressonância. prejudicando a qualidade da conversação ou
da troca de dados e sinais em geral.

10.3.10 Aquecimentos excessivos


10.3.7 Interferências
Aquecimentos excessivos: o
Interferência em equipamentos de aquecimento é um dos efeitos mais
comunicação, aquecimento em reatores de importantes das correntes harmônicas. Pode
lâmpadas fluorescentes, interferência na estar presente em fios e cabos do sistema
operação de computadores e em elétrico, nos enrolamentos dos
equipamentos para variação de velocidade transformadores, motores, geradores, etc.
de motores, etc. Devido ao “efeito pele”, à medida que a
frequência do sinal de corrente aumenta
(harmônicas), ela tende a circular pela
10.3.8 Ressonâncias periferia do condutor, o que significa um
aumento da sua resistência elétrica e,
Aparecimento de ressonâncias consequentemente, das perdas por efeito
(excitadas pelas harmônicas) entre Joule.
capacitores para correção de fator de
potência e o restante do sistema), causam
sobretensões e sobrecorrentes que podem 10.3.11 Disparos de dispositivos de
causar sérios danos ao sistema. Um proteção
capacitor em paralelo com uma indutância
forma um circuito ressonante capaz de Os sinais harmônicos podem
amplificar os sinais de uma dada frequência. apresentar correntes com valores eficazes
Quando em uma instalação elétrica pequenos, porém com elevados valores de
instalamos um banco de capacitores, pico (alto fator de crista), o que pode fazer
estamos formando um circuito ressonante, com que alguns dispositivos de proteção
uma vez que colocamos em paralelo os termomagnéticos e diferenciais disparem.
capacitores e a instalação elétrica (que é Isso ocorre porque as correntes harmônicas
predominantemente indutiva). Assim, certas provocam um aquecimento ou um campo
harmônicas podem ser amplificadas, magnético acima daquele que haveria sem a
provocando danos principalmente aos sua presença. Em locais com grande
capacitores. concentração de dispositivos eletrônicos, é
comum haver disparos imprevistos das
As correntes de alta freqüência, que proteções, o que pode significar, em muitos
encontrarão um caminho de menor casos, a perda de grandes quantidades de
impedância pelos capacitores, elevarão as trabalho (parada de produção).

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 270


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10.3.12 Tensão elevada entre neutro-terra

A circulação de correntes harmônicas


pelo condutor neutro provoca uma queda de
tensão entre esse condutor e a terra, uma
vez que a impedância do cabo não é zero.
Em alguns equipamentos eletrônicos, a
presença de uma certa tensão entre neutro e
terra pode prejudicar a corrente operação do
mesmo.

Figura 10.46 Vida Útil de um transformador em Função


10.3.13 Aumento do erro em instrumentos da Distorção Harmônica de Corrente.
de medição de energia

Nota-se acentuado aumento do erro em


instrumentos de medição de energia, que
estão calibrados para medir ondas senoidais
puras. De fato, os aparelhos de medição e
instrumentação em geral são afetados por
harmônicas, especialmente se ocorrerem
ressonâncias que afetam a grandeza medida.
Dispositivos com discos de indução, como os
medidores de energia, são sensíveis a
componentes harmônicas, podendo
apresentar erros positivos ou negativos,
Figura 10.47 Perdas Elétricas de um motor de indução
dependendo do tipo de medidor e da em função da Distorção Harmônica de Tensão.
harmônica presente. Em geral a distorção
deve ser elevada (>20%) para produzir erro
significativo. 120
Expectativa de Vida [%]

100

80
10.3.14 Equipamentos eletrônicos 60

40
Alguns equipamentos podem ser muito 20
sensíveis a distorções na forma de onda de 0
tensão. Por exemplo, se um aparelho utiliza o 0 3 6 9 12

cruzamento com o zero (ou outros aspectos THVD (%)

da onda de tensão) para realizar alguma


Figura 10.48 Vida útil de um cabo em função da
ação, distorções na forma de onda podem
Distorção Harmônica de Tensão.
alterar, ou mesmo inviabilizar, seu
funcionamento. Caso as harmônicas
penetrem na alimentação do equipamento Em uma planta industrial que contenha
por meio de acoplamentos indutivos e capacitores para correção de fator de
capacitivos (que se tornam mais efetivos com potência, as distorções harmônicas podem
o aumento da freqüência), eles podem ser amplificadas em função da interação
também alterar o bom funcionamento do entre os capacitores e o transformador de
aparelho. serviço. Este fenômeno, que será
apresentado em detalhes mais adiante, é
comumente chamado de ressonância
harmônica.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 271


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120 • As tensões harmônicas são


elevadas porque as correntes
Expectativa de Vida [%]

100

80
harmônicas produzidas por alguma
60
carga também são elevadas para
uma determinada condição de
40
operação do sistema elétrico.
20

0
0 5 10
THID (%)
15 20 25
Como sugerido pela relação acima, há
causas e efeitos distintos para a tensão e
Figura 10.49 Vida útil de um cabo em função da para a corrente, assim como para a relação
Distorção Harmônica de Corrente. existente entre estas grandezas. Desta
forma, a aplicação do termo puro “harmônica”
é inadequado para definitivamente descrever
Muitos dizem, erroneamente, que os o problema.
causadores das harmônicas são os A figura 10.50 mostra a distorção da
capacitores. Na verdade, capacitores não tensão como resultado da corrente
geram harmônicas, e sim agravam os harmônica passando através de elementos
problemas potenciais das harmônicas. Eles lineares (impedância série da linha). Embora
são os equipamentos mais sensíveis às a tensão seja considerada uma senóide pura
harmônicas, e os que mais sofrem na na geração (barra U1), a tensão na barra U2
presença delas. Talvez por esta razão, (na carga) apresenta-se distorcida, uma vez
problemas de harmônicas frequentemente que a corrente harmônica provoca uma
não são conhecidos até que são aplicados queda de tensão sobre a impedância para
capacitores para correção de fator de cada harmônica de corrente, conforme pode
potência. ser representado pela expressão abaixo:
U 2 h = U1 − Z × I h
10.4 Distorção de corrente x distorção
de tensão
A quantidade de distorção na tensão
Frequentemente a palavra “harmônica” (barra U2) depende da impedância e da
é utilizada de maneira inadequada. Por corrente harmônica.
exemplo, é comum ouvir que um inversor de
frequência parou de funcionar por causa de Assumindo que a tensão distorcida na
harmônicos. O que isto significa? barra da carga (U2h) fique dentro de limites
Geralmente, pode significar um dos três itens aceitáveis (< 5%), a quantidade de distorção
abaixo: de corrente produzida pela carga será
geralmente constante.
• As tensões harmônicas são
elevadas (as tensões são muito Uma vez que a corrente harmônica da
distorcidas) para que o sistema de carga basicamente causa a distorção da
controle possa corretamente tensão, deve ser observado que a carga não
determinar os ângulos de disparo; tem controle sobre esta distorção da tensão.
A mesma carga instalada em dois pontos
• As correntes harmônicas são diferentes do sistema elétrico resultará em
elevadas para a capacidade dois valores diferentes de distorção de
nominal de algum equipamento do tensão, conforme apresentado pela IEEE
sistema elétrico, tal como um 519-1992 (Recommended Practices and
transformador, de forma que a Requirements for Harmonic Control in
operação deva ser feita com uma electrical Power Systems).
potência inferior à nominal;

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Queda de tensão U2 Senóide Estes indicadores são indispensáveis à


U1 + - distorcida
determinação das ações corretivas
eventuais.
Corrente
distorcida O espectro em frequência já foi
Senóide pura ( Ih )
apresentado. O fator de potência será
detalhadamente discutido na seção 10.9.

Figura 10.50 Correntes harmônicas circulando através


de uma impedância resultam em tensões harmônicas 10.5.1 A taxa de distorção harmônica
na carga.

De maneira geral, a convenção popular Comumente, as componentes


(não é regra) da aplicação do termo harmônicas são medidas na forma de
”harmônica” é a seguinte: quando referente à “distorções” e quantificadas como Distorções
carga, trata-se das harmônicas de corrente; Harmônicas Totais (identifica o efeito térmico
quando referente ao sistema elétrico, trata-se de todos os componentes harmônicos),
das harmônicas de tensão. através da média do valor RMS de todos os
harmônicos em relação a componente
fundamental, segundo as expressões (10.1)
para a tensão e (10.2) para a corrente.
A DHT (Distorção Harmônica Total) é
definida em conseqüência da necessidade de
determinar numericamente as harmônicas
presentes em um dado ponto da instalação.
São definidos, como já apresentado,
dois valores para DHT, sendo uma para a
tensão (DHTu) e outro para corrente (DHTi),
os quais indicam, respectivamente, o grau de
distorção da ondas de tensão e corrente,
quando comparadas com as senóides puras.
Por definição, em sinal que possua uma
DHT igual a zero é um sinal senoidal puro,
Figura 10.51 A circulação das correntes harmônicas no sem distorção, livre de harmônicas e,
sistema elétrico causam perturbações harmônicas na
rede. consequentemente, um sinal com um valor
de DHT elevado.
Com medições realizadas com
analisador de harmônicas, podem-se obter
10.5 Quantificação das harmônicas os valores de sobretensão e sobrecorrente,
de acordo com as expressões 10.1 e 10.2.
Existem indicadores que permitem Observe que na expressão 10.1, a
quantificar e avaliar a distorção harmônica sobretensão máxima não deve ultrapassar a
das ondas de tensão e de corrente. Estes 10% (tolerância por 8 horas contínuas a cada
são: 24 horas) e na expressão 10.2 a
sobrecorrente máxima não deve ultrapassar
• o fator de potência, a 30% continuamente.
• o fator de crista, Este indicador (DHT) é muito
• o espectro em freqüência, importante, pois através de uma só
grandeza fornece a deformação da onda
• a taxa de distorção harmônica. em tensão ou em corrente.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 273


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⎡ U 2 2 + U 3 2 + U 4 2 + ... + U 2 ⎤ In
DHTu = ⎢ h
⎥ × 100 DHIi = × 100 (10.4)
I1
⎢⎣ U1 ⎥⎦

∑U Onde:
2
h
h=2
DHTu U = × 100 (10.1) DHIu - Distorção Harmônica Individual de Tensão [%]
U1 DHIi - Distorção Harmônica Individual de Corrente [%]

⎡ I 2 2 + I 3 2 + I 4 2 + ... + I 2 ⎤ Em ambas as expressões (distorção


DHTi = ⎢ h
⎥ × 100 total ou individual), é possível verificar que,
⎢⎣ I 1 ⎥⎦
na ausência de componentes harmônicas, a
distorção harmônica (DHT ou DHI) será igual
n
a zero. Desta forma, deve-se buscar nas
∑I instalações elétricas os valores de DHT mais
2
h

DHTi = h=2
× 100 (10.2) próximos de zero possível (ver figuras 10.52
I1 e 10.53).
No Brasil, não há ainda valores
Onde: normalizados de DHTu ou DHTi nos sistemas
DHTu - Distorção Harmônica Total de Tensão [%] elétricos. Nesse caso, uma sugestão é
DHTi - Distorção Harmônica Total de Corrente [%] adotar, por exemplo, os valores máximos
h - Ordem harmônica expressos na norma IEEE 519-2 [27].
Uh - Tensão harmônica de ordem ‘h’ [V]
U1 - Tensão fundamental RMS [V]
É importante lembrar que a distorção
Ih - Corrente harmônica de ordem ‘h’ [A]
de corrente, indicada pela DHTi,é provocada
I1 - Corrente fundamental RMS [A]
pela carga, ao passo que a distorção de
tensão (DHTu) é produzida pela fonte
geradora como conseqüência da circulação
IMPORTANTE: Na literatura técnica
de correntes distorcidas pela instalação. Isso
encontram-se vários sinônimos para provoca uma espécie de “efeito cascata” uma
representar a “Distorção Harmônica Total”:
vez que, se a tensão é deformada, as
DHT (sigla em português) ou THD (sigla em
correntes nas cargas também se deformam
inglês). Usualmente, inserem-se os índices “i”
e, se as correntes se deformam, as tensões
ou “u” para indicar se a distorção é da
se deformam mais ainda e assim por diante
corrente ou da tensão, respectivamente. (lembre-se que U = Z x I).

Para expressar a distorção individual


provocada pelas componentes harmônicas
(ou índice de Distorção Harmônica
Individual), definida pela relação do valor
eficaz da componente harmônica pelo valor
eficaz da componente fundamental, utiliza-se
as expressões (10.3) e (10.4),
respectivamente, para a tensão e corrente:
Figura 10.52 Forma de onda e espectro de um sinal
praticamente senoidal (DHTu = 2,5 %).
Un
DHIu = × 100 (10.3)
U1

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 274


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I hRMS = I hmáx 2 (10.7)

onde UhRMS e IhRMS são os valores eficazes


para a harmônica de ordem “h”.
Em um ambiente senoidal, tanto a
tensão quanto a corrente possuem apenas o
componente da frequência fundamental;
Figura 10.53 Forma de onda e espectro de um sinal desta forma, os valores eficazes (RMS) da
fortemente distorcido (DHTu = 79,1 %).
tensão (URMS) e da corrente (IRMS) podem ser
escritos simplificadamente como:
De uma forma geral, qualquer
U1máx.
fenômeno periódico pode ser representado U RMS = U1RMS = (10.8)
pela série de Fourier: 2


y (t ) = Y0 + ∑ Yh 2 sin (hω1t − ϕ h ) (10.5) I RMS = I1RMS =
I1máx. (10.9)
h =1 2

Onde:
Onde: U1máx. = amplitude (valor de pico) da tensão
Y0 Componente aperiódico (contínuo), geralmente igual a
na frequência fundamental (V);
-
zero nos sistemas elétricos de distribuição
I1máx. = amplitude da corrente (valor de pico)
Yh - Valor RMS para o harmônico de ordem ‘h”
na frequência fundamental (A);
h - Ordem harmônica
Ângulo de fase para o componente harmônico de ordem
ϕh -
‘h’ quando t=0
ω1 - Frequência angular da senóide fundamental (= 2.π.f1) Para um sinal distorcido, em regime
permanente, a energia dissipada (perdas)
devido ao efeito Joule é igual à soma das
As “quantidades” harmônicas são
energias dissipadas devido à contribuição de
geralmente expressas em termos do seu
cada componente harmônico deste sinal:
valor RMS, uma vez que as perdas devido ao
efeito Joule dependem desta distorção
harmônica. Para uma grandeza puramente
RI 2 t = RI1 t + RI 2 t + ... + RI h t
2 2 2
(10.10)
senoidal, o valor RMS é igual ao valor
máximo dividido por 2, conforme
apresentado no capítulo 1 (expressões 1.5 e
Considerando a resistência R
1.6).
constante, temos que o valor eficaz (RMS) da
O cálculo do valor eficaz (RMS) de um corrente harmônica “I” é, de (10.10):
sinal, originalmente desenvolvido para
representar valores eficazes de tensão e
corrente senoidais, pode ser aplicado para o I 2 = I1 + I 2 + ... + I h
2 2 2
(10.11)
cálculo dos valores eficazes de cada
componente harmônica, uma vez que a
forma de onda de cada componente n
I RMS = I1 + I 2 + I i + I j ... + I h = ∑I (10.12)
2 2 2 2 2 2
harmônica também é uma senóide perfeita, h =1
h

valendo-se, portando, das relações:

U hRMS = U h máx 2 (10.6)

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 275


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Onde, I RMS =
1
× I 1 máx.2 + I 2 máx.2 + I i máx.2 + I j máx.2 + ... + I n máx.2
2
IRMS = valor eficaz total da corrente; 2
⎛ 1 ⎞ (10.16)

n
I RMS = ⎜ × I h máx. ⎟
I1 é o valor eficaz da componente h =1
⎝ 2 ⎠
fundamental, ou componente de 60 Hz;
I2 , I3 , ... Ih os valores eficazes das U RMS =
1
× U 1máx.2 + U 2 máx.2 + U i máx.2 + U j máx.2 + ... + U n máx.2
componentes harmônicas de ordem i , j , ... h 2
presentes na corrente de fase. ⎛ 1 ⎞
2
(10.17)

n
U RMS = h =1
⎜ × U h máx.⎟
⎝ 2 ⎠
De onde se conclui que a expressão
geral para o cálculo do valor eficaz (RMS) Onde,
para qualquer sinal periódico expresso pela U1máx. (I1máx.) é o valor de pico da componente
expressão (10.5) é dada por: fundamental, ou componente de 60 Hz;
n U2máx. (I2máx.), U3máx. (I3máx.), ..., Unmáx. (Inmáx.) os
YRMS = Y0 + Y1 + ... + Yn = ∑ Yh (10.13) valores de pico das componentes
2 2 2 2

h =0 harmônicas de ordem i , j , ... n presentes na


corrente de fase.

Resultado análogo pode ser obtido em


função dos valores instantâneos da tensão e
da corrente: n
I RMS = I1 + I 2 + I i + I j ... + I n = ∑I (10.18)
2 2 2 2 2 2
h
h =1
T
1 2
T ∫0
I RMS = i (t )dt (10.14)
n
U RMS = U 1 + U 2 + U i + U j ... + U n = ∑U (10.19)
2 2 2 2 2 2
h
h =1
T
1 2 (10.15)
T ∫0
U RMS = u (t )dt

Onde,
Em um ambiente não-senoidal, os I1 (U1) é o valor eficaz da componente
sinais distorcidos (com componentes fundamental, ou componente de 60 Hz;
harmônicas) são compostos por uma I2 (U2), I3 (U3), ... In (Un) os valores eficazes
somatória de senóides de amplitude e das componentes harmônicas de ordem i , j ,
frequência diferentes (figura 10.5). ... n presentes na corrente de fase.
O valor eficaz total do sinal distorcido
(no domínio do tempo representado pelas
expressões 10.14 e 10.15) é dado pela raiz Em condições senoidais, as
quadrada da somatória quadrática dos componentes harmônicas de tensão (Uh) e
valores eficazes de cada componente corrente (Ih) são todas nulas, permanecendo
harmônica individual, conforme regra geral apenas a tensão e corrente fundamentais (U1
apresentada na expressão 10.13 e aqui e I1, respectivamente). Assim, as expressões
apresentada pelas expressões 10.16 e 10.17, 10.18 e 10.19 são simplificadas para as
em termos de valores máximos de corrente expressões 10.8 e 10.9.
e tensão, e 10.18 e 10.19, em termos de Utilizando-se das expressões 10.18 e
valores eficazes de corrente e tensão. 10.19, quando se conhece o valor eficaz

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 276


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total, é mais prático e rápido aplicar as Solução:


expressões 10.20 e 10.21:
De (10.2),
2
⎛U ⎞ n
DHTu = ⎜⎜ RMS ⎟⎟ − 1 (10.20) ∑I h
2

⎝ U1 ⎠ DHTi = h=2
× 100
I1

⎛I ⎞
2
⎡ 2,33 2 + 0,94 2 + 0,69 2 + 0,50 2 + 0,412 + 0,33 2 ⎤
DHTi = ⎜⎜ RMS ⎟⎟ − 1 (10.21) DHTi = ⎢ ⎥ × 100
⎢ 3,63 ⎥
⎝ I1 ⎠ ⎣ ⎦

DHTi = 74,5%
Retrabalhando as expressões 10.20 e
10.21 obtêm-se as expressões a seguir,
De (10.18),
bastante utilizadas:
n
I RMS = ∑I
2 2
⎛ DHTi ⎞ h
I RMS = I1 × 1 + ⎜ ⎟ (10.22) h =1
⎝ 100 ⎠
I RMS = 3,632 + 2,332 + 0,94 2 + 0,69 2 + 0,50 2 + 0,412 + 0,332

2 I RMS = 4,53 A
⎛ DHTu ⎞
U RMS = U1 × 1 + ⎜ ⎟ (10.23)
⎝ 100 ⎠
Observe que, caso fosse levado em consideração
apenas a corrente da fundamental, o valor seria igual a
3,63 A, valor este inferior ao cálculo feito acima, onde,
De uma forma geral, as levando-se em consideração todos os harmônicos
concessionárias de energia elétrica fornecem presentes, calculou-se um valor 25 % superior para a
corrente, igual a 4,53 A (que é o real valor da corrente
uma tensão cuja forma de onda é muito que irá circular no circuito).
próxima da senoidal (DHTu < 1 %). A
A figura 10.54 mostra o sinal de corrente e o seu
conexão de uma carga não-linear à rede respectivo espectro relativo ao exemplo 10.1. Deve-se
elétrica, como por exemplo, um forno de notar que a onda em questão é bastante deformada em
indução, ocasionará a circulação de uma relação a uma senóide pura, o que pode ser verificado
corrente, que se apresentará sob uma forma pelo alto valor de DHTi obtido.
de onda não-senoidal, e, por conseguinte,
correntes harmônicas serão produzidas.

EXEMPLO 10.1 Calcular o valor eficaz da corrente e o


respectivo DHTi para um sinal de corrente que possua
as seguintes características medidas em um dado
ponto do circuito (tabela 10.4):

Tabela 10.4 Exemplo de correntes harmônicas de um


dado sinal.
Ordem Valor em Ampère (A)
ƒ h1 ƒ 3,63 Figura 10.54 Forma de onda de corrente do exemplo
ƒ h3 ƒ 2,33 10.1 e seu espectro.
ƒ h5 ƒ 0,94
ƒ h7 ƒ 0,69
ƒ h9 ƒ 0,50 Infelizmente, na prática da execução de projetos, não
ƒ h11 ƒ 0,41
ƒ h13 ƒ 0,33
temos disponíveis as componentes harmônicas da
corrente ou o DHTi do equipamento (deveriam estar
informadas nos catálogos dos equipamentos !).

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 277


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EXEMPLO 10.2 Calcular o DHT da corrente do sinal Com auxílio de um instrumento de


“T” da figura 10.4. medição, foram obtidos os valores
apresentados na tabela 10.5. Observando-se
Solução: estes valores, nota-se que, para um mesmo
valor eficaz, a corrente de pico pode ser
O sinal “T” é constituído apenas das componentes muito diferente, dependendo do grau de
fundamental e quinta harmônica. De (10.7):
deformação da onda.
a) Para h=1: No caso do exemplo, a corrente de pico
do sinal 1 é quase três vezes maior do que o
I1RMS =
I1máx 310
= = 219,2 A do sinal 2, mesmo ambas tendo o mesmo
2 2 valor eficaz. Este fato nos mostra que, nos
circuitos onda há a presença de harmônicas,
b) Para h=5:
a análise do valor eficaz da tensão ou da
corrente por si só é uma informação pouco
I 5 máx 50 significativa. Nesses casos, é muito
I 5 RMS = = = 35,4 A importante conhecermos outras variáveis,
2 2
tais como o tipo de sinal que se está
medindo, seu valor de pico e sua distorção
De (10.2), harmônica total (DHT).
n

∑I
h=2
h
2

I5
2
I5 35,4 Tabela 10.5 Valores relativos aos sinais da figura
DHTi = × 100 = × 100 = = = 16%
I1 I1 I 1 219,2 10.55.
Sinal 1 Sinal 2
Corrente de pico
7,45 2,63
IPICO (A)
10.5.2 Fator de crista Corrente eficaz
1,86 1,86
IRMS (A)
Fator de Crista
O fator de crista (FC) é definido como a (FC)
4,00 1,414
relação entre o valor de pico e o valor eficaz
(RMS) de um sinal (tensão ou corrente), ou
seja:

I PICO U
FC = ou PICO (10.24)
I RMS U RMS

Quando um sinal é perfeitamente


senoidal, essa relação é constante e igual a:

I PICO 2 × I RMS
FC = = = 2 = 1,414 (10.25)
I RMS I RMS

Para entendermos melhor o efeito do


fator de crista, vamos recorrer à observação
dos sinais de corrente indicados da figura
10.55. O sinal indicado pelo número 1
Figura 10.55 Sinais 1 e 2 com o mesmo
corresponde à corrente na entrada de um valor eficaz mas com o FC bastante diferente.
conversor de frequência monofásico e o sinal
2 refere-se ao de uma senóide pura com
valor eficaz (RMS) igual ao do sinal 1.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 278


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De fato, o conhecimento dessas outras permanente sobre a rede ou por uma


variáveis é a melhor forma de se quantificar, medição pontual.
em um dado ponto de medida considerado, o
Deve-se privilegiar os aparelhos de
conteúdo de harmônicas. A visualização
medição instalados permanente sobre a rede
desses dados por meio de um gráfico de
bem como tirar proveito de aparelhos de
barras (espectro harmônico) permite ao
medição ou de detecção integrados.
profissional a realização de ações corretivas
em relação àquelas harmônicas que mais
prejudicam a qualidade do sinal, a instalação 10.6.1 Instrumentos convencionais de
elétrica em geral e os componentes, valor médio
equipamentos e dispositivos elétricos e
eletrônicos presentes. Os instrumentos usuais de medição de
tensão e corrente (chamados “instrumentos
EXEMPLO 10.3 Calcular o fator de crista (FC) do sinal
convencionais de valor médio”, ou,
da figura 10.4. abreviadamente, “instrumentos
convencionais”), são projetados e
construídos para uma adequada leitura de
Solução:
sinais perfeitamente senoidais, os quais
Através dos resultados obtidos no exemplo 10.2 e estão ficando cada vez mais raros de serem
aplicando-se as expressões (10.22) e (10.24),
calculam-se os resultados apresentados na tabela 10.6.
encontrados nas instalações elétricas.
Estes instrumentos possuem um
Tabela 10.6 Fator de crista para o exemplo 10.2. desenho otimizado em termos de
Sinal IPICO IRMS FC Obs construção/desempenho/preço, fazendo com
1 310 219,2 1,41 Senóide que eles possam medir sinais senoidais
5 50 35,4 1,41 Senóide
T 360 222 1,62 Distorcida
corretamente com os erros típicos
associados à classe de exatidão do
equipamento.
Como exemplo dos resultados apresentados na tabela
10.6, aplicando-se as expressões 10.22 e 10.24,
Entretanto, no caso da presença de
calculam-se o valor IRMS e FC para o sinal total: componentes harmônicas na instalação, as
leituras desses aparelhos podem apresentar
2
erros grosseiros que levam o profissional a
⎛ DHTi ⎞ tirar conclusões erradas sobre o circuito
I RMS = I 1 × 1 + ⎜ ⎟ = 219,2 × 1 + 0,16 = 222 A
2

⎝ 100 ⎠ analisado. Portanto, os instrumentos


convencionais não são adequados para
I PICO 360 medição em ambientes com harmônicas.
FC = = = 1,62
I RMS 222

10.6.2 Instrumentos de valor eficaz


Observa-se que, como era de se esperar (expressão verdadeiro (“TRUE RMS”)
10.25), como os sinais 1 e 5 são senóides puras, o
fator de crista é igual a 1,41.
Comercialmente, o termo “TRUE RMS”
é utilizado para diferenciar os sistemas de
medida de instrumentos com tecnologias
diferentes. Os modelos “não TRUE RMS”
10.6 Medição de sinais harmônicos referem-se ao sistema de medida por
resposta média, basicamente calibrado para
o valor RMS da onda senoidal, como o da
Os indicadores do nível de harmônica rede elétrica sem distorção. Assim, se o sinal
podem ser medidos por aparelhos instalados medido for significantemente diferente da
onda senoidal, a leitura será incorreta. Já o

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 279


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termo “TRUE RMS” é destinado aos


instrumentos com sistema de medida por
integração ou RMS verdadeiro para qualquer
tipo de sinal, respeitando os limites de
resposta em freqüência e fator de crista do
instrumento.
Um exemplo da importância do uso de
equipamentos "TRUE RMS" é na medida de
correntes elétricas em instalações em que
exista a presença de harmônicos. Um
amperímetro alicate convencional poderá
apresentar medidas 30 a 40% menores do
que os valores reais da instalação (!!!).
Uma especificação importante no caso
dos aparelhos de valor eficaz verdadeiro é a
sua largura de banda. Ela refere-se à faixa Figura 10.56 Sinais com diferentes graus de distorção
e respecitvos valores medidos pelos instrumentos
de freqüências do sinal dentro da qual o (tabela 10.7).
medidor é capaz de realizar medidas
confiáveis. Essa largura de banda é similar a
um filtro passa-baixa. Normalmente, é
necessário um equipamento de, pelo menos, Tabela 10.7 Valores medidos pelos instrumentos
1 kHz (até a 17ª harmônica) de largura de referentes aos sinais da figura 10.50.
banda para realizar medições de formas de Sinal
onda distorcidas em ambientes comerciais e 1 2 3
industriais. Instrumento de valor eficaz
22,0 21,3 16,8
verdadeiro (A)
Como exemplo, a figura 10.56 mostra Instrumento de valor médio (A) 22,0 19,5 12,4
três sinais medidos com instrumentos de
valor eficaz verdadeiro e de valor médio, IRMS/Imédio em meio período 1,11 1,21 1,5

considerando-se ambos com a mesma Fator de Crista (FC) 1,41 1,46 1,86
classe de exatidão. Pode-se observar que à
medida que o sinal se deforma (aumenta-se Erro (%) 0 9 26

a distorção harmônica), o erro do


instrumentos de valor médio vai aumentado.
A tabela 10.8 resume, para os três tipos
A tabela 10.7 mostra uma comparação de sinais, os erros que se podem cometer
das leituras obtidas por diferentes tipos de utilizando os instrumentos de valor médio
instrumentos, convencional (não TRUE RMS) (convencionais) e de valor eficaz verdadeiro
e TRUE RMS, para os exemplos de sinais da (TRUE RMS).
figura 10.56. Note que apenas para a
senóide pura (sinal de rede elétrica sem
distorção), as leituras são coincidentes e Tabela 10.8 Comparação entre diferentes tipos de
sinais e de instrumentos.
reais. Nos demais casos, incluindo a senóide
distorcida, sempre nos deparamos com Tipo de
Senoidal Quadrada Pulsante
(sem (com (com
diferença nas leituras quando utilizarmos um onda
harmônicas) harmônicas) harmônicas)
instrumento convencional. Instrumento Medida 10% Medida até
Medida
de valor superior ao 40% inferior
correta
médio valor real ao valor real
Instrumento
de valor Medida Medida Medida
eficaz correta correta correta
verdadeiro

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 280


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com alterações do sistema, tal como o


chaveamento de banco de capacitores;
harmônicas estão associadas com a
operação contínua da carga.

10.8 Perdas dielétricas em capacitores


na presença de harmônicas
Figura 10.57 Exemplo de instrumentos de valor eficaz
verdadeiro aplicados para medição da qualidade de Conforme apresentado no capítulo 5
energia (divulgação: Fluke do Brasil). (seção 5.4.1.10), em virtude da corrente que
flui no meio dielétrico (isolante) do capacitor,
10.7 Harmônicos versus transitórios existe uma ocorrência de perdas Joule.
A presença da tensão distorcida devido
Em muitas situações, as distorções aos componentes harmônicos aumenta a
harmônicas são consideradas as perda dielétrica no capacitor, podendo esta
responsáveis por muitos distúrbios da perda ser expressa por:
instalação elétrica quando, na verdade, a
PR = ∑h=1 C × (tgδ ) × ωh × U h
∞ 2
responsabilidade tem outra origem: os efeitos (10.26)
transitórios.
Uma medição de um evento pode Onde:
mostrar um sinal distorcido com PR = perda dielétrica do capacitor [W];
componentes de alta frequência. Embora os
distúrbios transitórios contenham Tg δ = fator de perdas (= R / (1/ω C);
componentes de alta frequência, estes, ωh = 2π fh;
comparados aos harmônicos, são fenômenos
totalmente diferentes e devem ser analisados fh = frequência do harmônico de ordem “h”
de maneira diferente. [Hz];

Como já abordado, os sinais Uh = tensão eficaz para o harmônico de


transitórios exibem componentes de alta ordem “h” [V].
frequência apenas após alguma mudança
abrupta na configuração do sistema elétrico 10.9 Fator de potência com
(chaveamentos). Estas freqüências não são, harmônicas
necessariamente, componentes harmônicas;
são freqüências naturais do sistema no
momento no instante do chaveamento, não Após introduzido o conceito de
tendo nenhuma relação com a frequência “harmônica” e suas principais causas e
fundamental do sistema. conseqüências no sistema elétrico, vamos
estudar a relação existente entre as
As harmônicas, conforme apresentado, harmônicas e o fator de potência.
por definição, ocorrem em regime
permanente e são múltiplos inteiros da De maneira geral, as tradicionais
frequência fundamental. O sinal distorcido grandezas de um sistema elétrico, tais como
produzido pelas harmônicas está presente valor eficaz, potência (ativa, reativa e
continuamente, ou, pelo menos, por alguns aparente), fator de potência e sequência de
segundos. fase são definidas dentro de um contexto da
frequência fundamental em uma condição de
Por outro lado, os transitórios são sinal puramente senoidal.
normalmente atenuados em alguns ciclos.
Em suma: os transitórios estão associados Como se sabe, na presença de
componentes harmônicos, o sistema elétrico

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 281


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não opera mais em uma “condição senoidal”, 1


T

T ∫0
P= v(t ).i(t )dt (10.28)
e, infelizmente, muitas das simplificações
assumidas pelo projetista para análise na
frequência fundamental (e apresentadas nos
É importante salientar que a expressão
capítulos 1 e 2) não são mais aplicáveis.
10.28 é válida para condições senoidais e
não-senoidais. Para a condição senoidal, a
10.9.1 Potências ativa, reativa e aparente resolução da integral resume-se à expressão
familiar apresentada no capítulo 1 e aqui
Vamos recordar alguns conceitos. reproduzida:
Existem três padrões de “quantidades”
U 1 × I1
associadas à potência: P= × cos ϕ1 = U1 RMS × I1 RMS × cos ϕ1 (10.29)
2
1- Potência aparente “S” (VA –
voltampère): produto da tensão e Em termos gerais (condição senoidal e
correntes eficazes (RMS); não-senoidal), tem-se:
2- Potência ativa “P” (W - watt: índice n
médio de entrega de energia útil P = ∑ U h × I h × cos ϕ h (10.30)
(que realiza trabalho); h =1

3- Potência reativa “Q” (VAR – Onde,


voltampère-reativo): a parcela da
potência aparente que não está em Uh = Tensão harmônica eficaz de ordem ‘h’
fase com a potência ativa (está em [V]
quadratura). Ih = Corrente harmônica eficaz de ordem ‘h’
[A]
A definição da potência aparente S é h = ordem harmônica;
aplicada para ambas as condições: senoidal cosϕn = cosseno do ângulo entre a tensão e
e não-senoidal, podendo ser escrita como: corrente para cada componente harmônica
de ordem ‘h’.
S = U RMS × I RMS (10.27)
Aplicando a expressão 10.27 em 10.30,
Onde URMS e IRMS são os valores considerando-se apenas o componente da
eficazes da tensão e corrente, frequência fundamental, tem-se:
respectivamente.
P = S × cos ϕ1 (10.31)
A potência ativa P é também conhecida
por potência média, potência real ou potência Onde:
verdadeira. Conforme já apresentado, ela
representa a parcela da potência aparente ϕ1 = ângulo de fase entre a corrente e tensão
que efetivamente realiza trabalho útil, isto é, na freqüência fundamental.
converter energia elétrica em outra forma de
energia. Em termos de potência elétrica, a
potência ativa é constituída pela parte da Em condições não-senoidais, o cálculo
corrente que está em fase com a tensão. preciso da potência ativa deve incluir a
Nenhum trabalho útil é realizado pela parcela contribuição de todas as componentes
da corrente que não está em fase com a harmônicas; isto é, a soma da potência ativa
tensão. Conceitualmente, a potência ativa é de cada harmônica (expressão 10.30).
calculada pela média do produto dos valores Levando-se em consideração que a distorção
instantâneos da tensão v(t) e da corrente i(t), de tensão é geralmente muito baixa em
isto é, sistemas elétricos de potência (menor que 5

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 282


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%), a expressão 10.31 é uma boa útil. Entretanto, o conhecimento de Q1, o


aproximação, indiferentemente do nível de componente tradicional da potência reativa
distorção harmônica da corrente, visto que na freqüência fundamental, deve ser
Uh≠1=0. Esta aproximação não pode ser conhecido e aplicado para o
aplicada para o cálculo das potências dimensionamento de capacitores para a
aparente e reativa. Estas duas variáveis são compensação reativa.
bastante influenciadas pela distorção da
O conhecimento da potência reativa
corrente.
quando existe distorção harmônica tem um
A potência aparente, relacionada ao interesse em particular. De fato, não é
impacto potencial da carga na capacidade conveniente chamá-la de potência reativa.
térmica do sistema elétrico, é diretamente
O conceito do fluxo de potência reativa
proporcional ao valor eficaz da distorção de
(VAr) no sistema elétrico de potência está
corrente. Seu cálculo é direto, embora um
enraizado, gravado na mente da maioria dos
pouco mais complicado comparando-se a
projetistas. O que a maioria desconhece é
uma condição senoidal.
que este conceito só é válido para o regime
A potência reativa, conforme já permanente senoidal. Quando distorções
explicado, não realiza trabalho útil e está harmônicas estão presentes, a componente
geralmente associada aos elementos de “S” que permanece após a retirada de “P”
reativos (indutivos e capacitivos) da não é conservada – isto é, a soma em um nó
instalação. É a parcela em quadratura com a do circuito não é igual a zero, como era de se
potência ativa. Para a condição senoidal, espera (Lei das Correntes de Kirchoff). Como
analogamente ao cálculo da potência ativa, a regra geral, o fluxo de potência em um
potência reativa resume-se à expressão sistema elétrico deve respeitar a lei da
familiar apresentada no capítulo 1 e aqui conservação de energia.
reproduzida:
Isto não significa que “P” não se
U 1 × I1
conserva ou que a corrente não se conserva,
Q= × senϕ1 = U1 RMS × I1 RMS × senϕ1 (10.32) uma vez que a conservação de energia e a
2
Lei das Correntes de Kirchoff são aplicáveis
a qualquer forma de onda, senoidal ou não.
Em regime senoidal, as potências
Os componentes reativos, de fato, se somam
ativas, reativas e aparentes se relacionam
em quadratura (raiz quadrada da soma dos
conforme o “triângulo das potências”
quadrados).
apresentado na figura 1.26. Como será visto
mais adiante, em um ambiente não-senoidal, Este fato fez com fosse sugerida uma
este triângulo de potências deixa de análise com o objetivo de indicar que a
representar esta relação entre as potências. potência reativa “Q” pudesse denotar as
componentes reativas que são conservadas
Não existe ainda um consenso entre os
e que fosse introduzida uma nova
pesquisadores para a definição da potência
“quantidade” para as que não são. Esta
reativa na presença de distorção harmônica
quantidade “extra” é normalmente chamada
(ver estudo detalhado referente à potência
de Potência de Distorção (D). A sua unidade
em sistemas não-senoidais no Anexo D). De
também é o volt.ampère.reativo (VAr),
qualquer maneira, é mais importante o
embora não seja rigorosamente apropriado
conhecimento de “P” e de “S” ; “P” define a
fazer referência à esta grandeza como uma
quantidade de potência ativa que está sendo
“potência”, uma vez que ela não flui pelo
consumida para realizar trabalho útil,
sistema elétrico como toda potência o faz.
enquanto “S” define a capacidade necessária
Dentro deste conceito, a grandeza “Q”
do sistema elétrico para entregar esta
utilizada até este momento neste livro
potência ativa “P”. De fato, o conhecimento
consiste na soma dos valores reativos
do fluxo de potência reativa isoladamente no
sistema em ambiente não-senoidal não é tão

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 283


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tradicionais em cada freqüência, conforme


mostra a expressão 10.33: D

n
Q = ∑ U h × I h × senϕ h (10.33)
h =1
P
S
Onde,
Uh = Tensão harmônica eficaz de ordem ‘h’ Q
[V]
Ih = Corrente harmônica eficaz de ordem ‘h’ Figura 10.58 Relação entre as componentes da
[A] potência aparente em condições não-senoidais.

h = ordem harmônica;
senϕh = cosseno do ângulo entre a tensão e Quando há distorção harmônica na
corrente para cada componente harmônica instalação elétrica, o triângulo de potências
de ordem ‘h’. sofre uma alteração, recebendo uma terceira
dimensão provocada pela potência aparente
necessária para sustentar a distorção da
Nota: as expressões (10.27), (10.30) e (10.33), quando freqüência fundamental, conforme mostra a
aplicadas em circuitos trifásicos, devem ser figura 10.58.
multiplicadas por raiz de três.
No domínio do tempo, as definições de
potência ativa e reativa para sistemas
A potência de distorção D representa a monofásicos senoidais são as apresentadas
multiplicação cruzada entre tensão e corrente no capítulo 1, onde a potência instantânea
de componentes de freqüências diferentes, p(t) foi definida na expressão 1.33.
não produzindo nenhuma potência média
Como já é perceptível, as definições de
(para as grandezas P e Q, a multiplicação
potência mudam consideravelmente
cruzada entre as componentes harmônicas
considerando-se a presença de harmônicos.
de tensão e corrente são de componentes de
mesma freqüência). Considerando que:
Em condição não-senoidal, as relações ∞
entre S, P, Q e D são conforme a figura va (t ) = 2 .U 1 .sen (ωt ) + ∑ 2 .U m .sen (mωt ) (10.36)
10.58 e a expressão 10.34: m=2


S = P2 + Q2 + D2 (10.34) ia (t ) = 2 .I1 .sen (ωt − ϕ1 ) + ∑ 2 .I n .sen ( nωt − ϕ n ) (10.37)
n =2

Portanto, a potência de distorção D


pode ser definida, após determinar S, P e Q, A potência instantânea será,
por: multiplicando-se as expressões 10.36 e
10.37:
D = S 2 − P2 − Q2 (10.35) p (t ) = U 1 .I1 . cos(ϕ1 ).[1 − cos( 2ωt )] − U 1 .I1 .sen(ϕ1 ).sen(2ωt ) +

No vetor tridimencional apresentado na + U 1 I n ∑ {cos[(n − 1)ωt − ϕ n ] − cos[( n + 1)ωt − ϕ n ]} +


n =2
figura 10.58, P e Q contribuem com os ∞
componentes tradicionais de S, enquanto D + U m I1 ∑ {cos[(m − 1)ωt − ϕ1 ] − cos[(m + 1)ωt − ϕ1 ]}+
representa a contribuição adicional na m=2
∞ ∞
potência aparente devido aos harmônicos. + U m I n ∑∑ {cos[(m − n)ωt − ϕ n ] − cos[( m + n)ωt − ϕ n ]}
n=2 m =2

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 284


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Generalizando, temos: 10.9.2.1 Caso 1: tensão e corrente senoidais

p (t ) = P.[1 − cos( 2ωt )] − Q.sen( 2ωt ) + ∑ D (10.38) Em um sistema com formas de onda
senoidais (apenas a presença da
Onde P e Q são conforme as fundamental, ou seja, harmônicas de ordem
expressões 10.30 e 10.33, respectivamente 1), a expressão 10.40 torna-se igual ao
(salienta-se, novamente, que só produz cosseno da defasagem entre as ondas de
trabalho útil as componentes de mesma tensão e de corrente na frequência
freqüência da tensão e da corrente), e a fundamental (ϕ1). Analisando em termos das
potência de distorção D representa a componentes ativa, reativa e aparente de
multiplicação cruzada entre tensão e corrente energia, pode-se, a partir de uma descrição
de componentes de freqüências diferentes, geométrica destas componentes (triângulo de
não produzindo nenhuma potência média. potências), determinar o fator de potência
conforme definido previamente pela
expressão 2.2, ou seja:
10.9.2 Fator de potência
n

∑U h .I h . cos(ϕ h )
U 1 .I1 . cos(ϕ1 )
O fator de potência é agora “redefinido” P
FP = = h =1
=
como a relação entre a potência ativa e a S n n U 1 .I 1
potência aparente consumidas por um
∑U h =1
h
2
. ∑I
h =1
h
2

dispositivo ou equipamento,
independentemente das formas que as
ondas de tensão e corrente apresentem: FP = cos(ϕ1 ) (10.42)

1 A partir deste momento, chamamos o


P T∫ i
v (t ).ii (t ).dt
FP = = (10.39) “cosϕ” de Fator de Potência de
S U RMS .I RMS Deslocamento (FPd), o qual considera
apenas a defasagem entre a corrente e a
tensão na freqüência fundamental. Em
regime permanente senoidal o fator de
Os sinais variantes no tempo devem
potência é entendido como sendo um fator
ser periódicos e de mesma freqüência.
que representa o quanto da potência
Evoluindo a expressão 10.39, aparente é transformada em potência ativa
aplicando-se 10.18, 10.19 e 10.30, tem-se: (cobrado pela concessionária).
n Assim, vamos “transformar” a
P ∑U h .I h .cos(ϕ h ) (10.40) expressão 10.42 em:
FP = = h =1

S n n

∑U h =1
h
2
. ∑I
h =1
h
2
FPd = cos(ϕ1 ) (10.43)

Ou, em termos das taxas de distorção Nota: em termos gerais, o fator de potência de
harmônica de tensão e corrente: deslocamento é estabelecido pela relação entre a
potência ativa e a aparente definidas para cada uma
das componentes harmônicas:
n FPdh = cosϕh = Ph/Sh.
P ∑U h .I h . cos(ϕ h ) (10.41)
Geralmente, os instrumentos medem apenas o fator de
FP = = h =1

S 2 2 potência apenas da fundamental (conforme expressão


⎛ DHTu ⎞ ⎛ DHTi ⎞
U 1 × I1 × 1 + ⎜ ⎟ × 1+ ⎜ ⎟ 10.43) e o fator de potência do sinal deformado (total).
⎝ 100 ⎠ ⎝ 100 ⎠

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 285


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

A figura 10.59 mostra sinais senoidais


com defasagem nula, onde se observa que o
produto dessas senóides dá como resultado
o valor instantâneo da potência. O valor
S
médio deste produto é a potência ativa. Em
torno deste valor médio flutua o sinal da
potência instantânea. O valor de pico deste
sinal é numericamente igual à potência
aparente. Quando a defasagem é nula, o p
i
produto (potência instantânea) será sempre u
maior ou igual à zero.
Como exemplo, para um sinal senoidal Figura 10.60 Potência instantânea e média com sinais
de valores de pico de tensão igual a 200 V e senoidais (tensão e corrente) defasados de 90 graus.
de corrente igual a 100 A, obtém-se valores
eficazes de 141,4 V e 70,7 A,
respectivamente. O produto destas
grandezas (tensão e corrente eficazes)
fornece a potência aparente, igual a 10 kVA. p S
Uma situação semelhante pode ser
obtida considerando-se dois sinais senoidais
com defasagem de 90° (figura 10.60). A
potência instantânea apresenta-se com um
i
valor médio (correspondente à potência u
ativa) nulo, como era de se esperar. A
amplitude da onda de potência é
numericamente igual à potência aparente.
Figura 10.61 Potência instantânea e média com sinais
Na figura 10.61 tem-se uma situação senoidais (tensão e corrente) defasados de 45 graus.
intermediária, considerando-se dois sinais
senoidais com defasagem de 45°. Neste
caso, a potência instantânea assume valores
positivos e negativos, mas seu valor médio 10.9.2.2 Caso 2: tensão senoidal e corrente
(que corresponde à potência ativa) é positivo. distorcida
Aplicando-se a expressão 10.42, obtém-se
um fator de potência igual a 0,707 e, Quando apenas a tensão de entrada for
consequentemente, uma potência ativa igual senoidal (o que, em termos práticos, é
a 7,07 kW. bastante real, visto que a tensão gerada
pelas concessionárias praticamente não
apresenta distorção), o FP é expresso por:
p S
n

P ∑U h .I h . cos(ϕ h )
U 1 .I1 . cos(ϕ1 )
FP = = h =1
=
S n n U 1 .I RMS
∑U ∑I
2 2
h . h
h =1 h =1

i
u I1 . cos(ϕ1 ) (10.44)
FP =
I RMS

Figura 10.59 Potência instantânea e média com sinais


Neste caso, a potência ativa de entrada
senoidais (tensão e corrente) em fase. é dada pelo produto da tensão (senoidal) por

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 286


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todas as componentes harmônicas da com o conceito de Fator de Potência (FP),


corrente (não-senoidal). Este produto é nulo compreendido, erroneamente, por parcela
para todas as harmônicas exceto para a significativa dos recursos humanos da área
fundamental (observe que Uh≠1=0 para uma técnica, como o coseno do "ângulo de
tensão de entrada senoidal), devendo-se defasamento entre tensão e corrente".
ponderar tal produto pelo cosseno da
O "Fator de Potência de Deslocamento
defasagem entre a tensão e a primeira
(FPd)" somente será numericamente igual ao
harmônica de corrente.
"Fator de Potência (FP)" se as formas de
Desta forma, conforme apresentado, o onda de tensão e corrente forem
fator de potência é expresso como a relação perfeitamente senoidais, sem distorção
entre o valor RMS da componente harmônica alguma, ou seja, somente para
fundamental da corrente e a corrente RMS cargas totalmente lineares. Esta é uma
de entrada, multiplicado pelo cosseno da questão hipotética impossível e inexistente
defasagem entre a tensão e a primeira nos sistemas elétricos em geral atuais.
harmônica de corrente (fundamental).
Em todos os setores industrial,
Definindo a variável “μ” como o “fator comercial e residencial, significativo volume
de distorção de corrente”, uma relação entre de cargas elétricas não lineares leva o
a corrente fundamental (I1) e a eficaz total do sistema a conviver com formas de onda de
sinal distorcido (IRMS), temos, de 10.44: corrente distorcidas, com significativas taxas
de distorção harmônica.
FP = μ . cos(ϕ1 ) (10.45)

Relação entre o THDi e o Fator de Distorção de Corrente


onde μ = I1 / IRMS (10.46)
Fator de distorção de

1,1

1
corrente

0,9

A expressão (10.46) pode também ser 0,8

expressa em termos da taxa de distorção 0,7


1 11 21 31 41 51 61 71 81 91
harmônica (DHT): THDi

1 (10.47) Figura 10.62 Relação entre o DHTi e o Fator de


μ=
⎛ DHT ⎞
2
Distorção de Corrente (μ).
1+ ⎜ ⎟
⎝ 100 ⎠

A figura 10.62 ilustra a relação entre a


taxa de distorção de corrente (μ) e o DHTi.
O Fator de Potência Real ou
simplesmente Fator de Potência (FP) leva
em consideração a defasagem entre a
corrente e a tensão, os ângulos de
defasagem de cada harmônica e a Potência
Reativa para produzi-las. Seu valor é sempre
menor que o fator de potência de
deslocamento (FPd) sendo que a correção de
reativos deverá ser feita sempre pelo fator de
potência real.
Figura 10.63 Forma de onda com diferença
Introduzido o conceito de "Fator de significativa entre o fator de potência (FP = 0,70) e o
Potência de Deslocamento (FPd)", cuidado fator de deslocamento (cosϕ = 0,87).

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 287


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Esta distorção harmônica pode resultar Aliás, esta prática, além de ineficiente
em significativa energia reativa em circulação em termos energéticos, poderá resultar em
pelo sistema elétrico, e, consequentemente o outros diversos problemas após sua
fator de potência será reduzido. Portanto, instalação, por exemplo: ressonâncias
Fator de Potência (o real!) tem apenas uma poderão ocorrer, resultando em elevação dos
definição, e, sempre que houver distorção níveis de tensão, além de outros problemas
harmônica na corrente e até mesmo na operacionais.
tensão, jamais será igual ao "Fator de
Apenas para citar um exemplo mais
Potência de Deslocamento (FPd)", conforme
quantitativo, um inversor de frequência tem
exemplifica a figura 10.63.
um FPd próximo a unidade, embora o FP seja
Por outro lado, há de se lembrar ainda da ordem de 0,5. Isto significa que um
que, caso existam harmônicas de mesma capacitor instalado para correção do fator de
ordem tanto na tensão quanto na corrente, potência será pouco eficaz, visto que Q1
haverá ainda potência ativa consumida (potência reativa na frequência fundamental)
proveniente destes harmônicos, mesmo em é próxima de zero.
cargas puramente resistivas, quando as
Por outro lado, apesar da necessidade
mesmas forem alimentadas por estas
de instalação de "filtros ativos" para corrigir
tensões e correntes distorcidas.
eficientemente tais problemas, está também
Circuitos que apresentam valores de provado que a "correção ativa" do fator de
FP e FPd muito diferentes entre si possuem potência no próprio equipamento
forte quantidade de harmônicas tanto de eletroeletrônico reduz as perdas totais e
corrente quanto de tensão. Por outro lado, percentuais no sistema, além de aumentar a
circuitos que apresentam valores de FP e economia em termos financeiros, ao longo da
FPd muito próximos entre si indicam pequena vida útil destes equipamentos, quando
quantidade de harmônicas tanto de corrente comparado, por exemplo, com correções na
quanto de tensão. central de cargas, no secundário, ou no
primário dos transformadores de alimentação
Quanto à correção do fator de potência,
ou distribuição. Portanto, não é sem razão
uma vez que o conceito está de maneira
que as normas IECs exigem correções
geral mal entendido, infelizmente o "conceito
individuais nos mais diversos equipamentos
nacional" de correção do fator de potência é
eletroeletrônicos.
a instalação de banco de capacitores,
comutados ou não. Em suma, fica a mensagem: a
compensação reativa em redes com
Entretanto, estes bancos de
harmônicas deve ser feita através de uma
capacitores, também denominados de
solução conjunta de filtros para eliminação
"compensadores de fator de potência",
das harmônicas e da instalação de bancos
somente corrigem o ângulo de deslocamento
de capacitores para a melhoria do fator de
entre as fundamentais de tensão e corrente
potência de deslocamento.
do sistema, ou seja, existindo elevado
conteúdo harmônico na corrente este sistema
não é eficaz. Por quê? Porque Fator de
EXEMPLO 10.4 Em uma instalação industrial 380 V,
Potência não é Fator de Deslocamento! foram realizadas medições e obtidos os resultados
Consequentemente, os reativos devidos às apresentados na tabela 10.9. Determine o fator de
harmônicas continuarão presentes, exigindo potência real da instalação, considerando-se que a
maiores valores eficazes de corrente do demanda aparente é igual a 530 kVA e a demanda
ativa igual a 424 kW.
sistema. PORTANTO, NÃO ADIANTA FICAR
AUMENTANDO A POTÊNCIA DO BANCO
DE CAPACITORES PORQUE O FATOR DE
POTÊNCIA NÃO VAI DIMINUIR
PROPORCIONALMENTE.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 288


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Tabela 10.9 Exemplo de correntes harmônicas de um de 60 e 180 Hz (fundamental e terceira harmônica,


dado sinal. respectivamente).
Ordem Valor em Ampère (A)
ƒ h3 ƒ 95
ƒ h5 ƒ 62
ƒ h7 ƒ 16

Solução:

De (10.42), temos que o fator de potência de Figura 10.64 Circuito elétrico considerando-se apenas
deslocamento é igual à: a frequência fundamental 60 Hz (sem harmônicas).

P 424
FPd = = = 0,80
S 530

De (1.46),

530kVA
I = I1 = = 805 A
3 × 0,38kV

De (10.2):

∑I
2
n

DHTi = 2
× 100
I1

⎡ 95 2 + 62 2 + 16 2 ⎤ Figura 10.65 Circuito elétrico considerando-se, além da


DHTi = ⎢ ⎥ × 100 = 14,2% frequência fundamental 60 Hz, a terceira harmônica..
⎣⎢ 805 ⎥⎦

Solução:
De (10.8),
Para simplificar os cálculos, consideraremos que a
n resistência R é pouco afetada pela frequência (serão
I RMS = ∑I desprezados os efeitos de “proximidade” e “pele”).
2
h
h =1 Observe que, para um mesmo valor de L, tem-se que
XL3 = 3XL1, uma vez que 180 Hz é igual a 3 x 60 Hz.
I RMS = 805 2 + 95 2 + 62 2 + 16 2 = 813 A
Considerando-se a situação da figura 10.64 (sem
harmônicas):
Logo, o fator de potência real vale, de (10.45) e (10.47):

cos(ϕ1 ) 0,8
R = 1Ω
FP = = = 0,74
2 2 X L1 = 1Ω
⎛ DHT ⎞ ⎛ 14,2 ⎞
1+ ⎜ ⎟ 1+ ⎜ ⎟
P1 = R × I1 = 1 × 11,2 2 = 125W
2
⎝ 100 ⎠ ⎝ 100 ⎠
Q1 = X L1 × I1 = 1 × 11,2 2 = 125VAr
2

Q1 125
EXEMPLO 10.5 Para os circuitos mostrados nas Tgϕ1 = = =1
figuras 10.64 e 10.65, calcule a queda de tensão, o P1 125
fator de potência de deslocamento e o fator de potência FPd 1 = cos ϕ1 = 0,71
total, considerando-se a presença da componente de
terceira harmônica. “R” representa a resistência total do
circuito desde a fonte até a carga (igual a 1 Ω),
enquanto XL1 (igual a 1 Ω) e XL3 representam as
reatâncias indutivas totais do circuito nas frequências Considerando-se a situação da figura 10.65
(fundamental + terceira harmônica):

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 289


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a) Fundamental Estudo da queda de tensão, considerando-se a


situação da figura 10.65 (fundamental + terceira
R = 1Ω harmônica):
X L1 = 1Ω
a) Fundamental
P1 = R × I1 = 1 × 10 2 = 100W
2

Q1 = X L1 × I1 = 1 × 10 2 = 100VAr Z1 = R 2 + X L1 = 12 + 12 = 1,4Ω
2 2

Q1 100 U 1 = 1,4 × 10 = 14V


Tgϕ1 = = =1
P1 100
FPd 1 = cos ϕ1 = 0,71 b) Terceira harmônica

Z 3 = R 2 + X L 3 = 12 + 32 = 3,2Ω
2

b) Terceira harmônica U 3 = 3,2 × 5 = 16V

R = 1Ω U Total = 14 2 + 16 2 = 21V
X L 3 = 3Ω
Observa-se que a queda de tensão aumentou de 16 V
P3 = R × I 3 = 1 × 5 2 = 25W
2
(considerando-se apenas a componente fundamental)
para 21 V (considerando-se a componente de terceira
Q3 = X L 3 × I 3 = 3 × 5 2 = 75VAr
2
harmônica).
Q3 75
Tgϕ 3 = = =3
P3 25
EXEMPLO 10.6 Considere a seguinte distorção
FPd 3 = cos ϕ 3 = 0,32 harmônica da corrente de entrada (não há distorção de
tensão) em um acionamento a velocidade variável de
PTotal = P1 + P3 = 100 + 25 = 125W 650 HP, 480 V, 60 Hz, cuja amplitude da corrente
fundamental é 600 A.
QTotal = Q1 + Q3 = 100 + 75 = 175VAr
Ordem do
1º 5º 7º 11º 13º
P PTotal 125 harmônico
FP = Total = = = 0,58 Amplitude
STotal P 2Total + Q 2Total 1252 + 1752 (%)
100 39,7 18,9 6,8 3,8
Fase
-8 -2 -118 -173 2
(graus)
Observa-se que o fator de potência real reduziu-se de
0,71 (considerando-se apenas a componente
fundamental) para 0,58 (considerando-se a
componente de terceira harmônica). Nota-se também Calcule:
que o fator de potência de deslocamento foi calculado
para cada uma das componentes harmônicas (FPd1 e 1- O valor eficaz da corrente de entrada;
FPd3). 2- THD da corrente de entrada;
3- Fator de distorção;
Resultado similar é obtido diretamente pela aplicação
4- Fator de deslocamento;
da expressão (10.44):
5- Fator de potência real;
I1 . cos(ϕ1 ) 10 × 0,71 6- Potência ativa, reativa, de distorção e aparente,
FP = = = 0,62 considerando a existência apenas de harmônicos de
I RMS 10 2 + 5 2 corrente.

Solução:
Estudo da queda de tensão, considerando-se a
situação da figura 10.64 (sem harmônicas): Inicialmente, vamos converter as amplitudes dos
harmônicos de valores percentuais da corrente
fundamental para valores em ampères, conforme
Z1 = R 2 + X L1 = 12 + 12 = 1,4Ω
2
tabela abaixo:
U1 = 1,4 ×11,2 = 16V

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 290


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Ordem do
1º 5º 7º 11º 13º
De (10.33):
harmônico
600 x 600 x 600 x 600 x 600 x n
Amplitude 100% 39,7% 18,9% 6,8% 3,8% Q = 3 × ∑ U h × I h × senϕ h
(A) = = = = = h =1
600 238,2 113,4 40,8 22,8
Q = 3 × U 1 × I1 × senϕ1
Q = 3 × 480V × 600 × sen(8)
1- Cálculo do valor eficaz da corrente de entrada, de Q = 3 × 480V × 600 × 0,1392 = 69,4kVAr
(10.8):

n
I RMS = ∑I De (10.27), considerando-se o sistema trifásico:
2
h
h =1

S = 3 × U RMS × I RMS
I RMS = 600 2 + 238,2 2 + 113,4 2 + 40,8 2 + 22,8 2 = 657,1A
S = 3 × 480 × 657,1 = 546,3kVA
2- Cálculo do DHT da corrente de entrada, de (10.2):
De (10.35):
n

∑ In
2

DHTi = 2
× 100 D = S 2 − P2 − Q2
I1

⎡ 238,2 2 + 113,4 2 + 40,8 2 + 22,8 2 ⎤ D= (546,3.10 ) − (493,99.10 ) − (69,44.10 )


3 2 3 2 3 2

DHTi = ⎢ ⎥ × 100 = 44,7%


⎢⎣ 600 ⎥⎦
D = 222,7

3- Cálculo do Fator de Distorção, de (10.46):


10.10 Normalização para harmônicas

I1 600
μ= = = 0,9131 Conforme foi visto anteriormente, as
I RMS 657,1 componentes harmônicas da corrente
também contribuem para o aumento da
corrente eficaz, de modo que elevam a
4- Cálculo do Fator de Deslocamento, de (10.43); potência aparente sem produzir potência
FPd = cos(ϕ1 ) = cos( −8) = 0,9903 ativa (supondo a tensão senoidal). Assim,
uma correta medição do FP deve levar em
conta a distorção da corrente, e não apenas
5- Cálculo do Fator de Potência Real, de (10.44): a componente reativa (na freqüência
fundamental).
I1 × cos(ϕ1 ) 600 × 0,9903
FP = = = 0,9042 Não existe, até o presente momento,
I RMS 657,1
normalização específica ABNT
estabelecendo limites para as taxas de
6- De (10.30), considerando-se a existência apenas de distorção harmônica, seja para sistemas
harmônicos de corrente: elétricos ou equipamentos. Utiliza-se, como
referência, algumas normas estrangeiras
n
(IEEE) e internacionais (IEC), conforme
P = 3 × ∑ U h × I h × cos ϕ h
h =1
apresentadas na tabela 10.10.
P = 3 × U 1 × I1 × cos ϕ1
P = 3 × 480 × 600 × 0,9903 = 493,9kW

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 291


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Tabela 10.10 Normalização estrangeira e internacional 10.10.2 Limites da Norma IEC 61000-3-6
sobre harmônicas.
Sub-área de Tabela 10.11 Limites da Norma IEC 61000-3-6.
Norma Abrangência
abrangências Harmônicos Harmônicos
IEC 61000-3-6 Sistema elétrico de Estabelece os Harmônicos
ímpares não ímpares
potência das níveis de pares
concessionárias. planejamento para múltiplos de 3 múltiplos de 3
V h% V h% V h%
os sistemas das h AT- h AT- h AT-
MT MT MT
concessionárias e EHV EHV EHV
as etapas que 5 5 2 3 4 2 2 1,6 1,5
7 4 2 9 1,2 1 4 1 1
devem ser
11 3 1,5 15 0,3 0,3 6 0,5 0,5
consideradas para 13 2,5 1,5 21 0,2 0,2 8 0,4 0,4
limitar as injeções 17 1,6 1 >21 0,2 0,2 10 0,4 0,4
dos harmônicos 19 1,2 1 ≥12 0,2 0,2
dos consumidores, 23 1,2 0,7
25 1,2 0,7
assegurando a 0,2+ 0,2+
Compatibilidade >25 0,5 x 0,5 x
Eletromagnética 25/h 25/h
Nota: DHT é igual a 6,5 para sistemas MT e de 3% para AT. “h” é a ordem
IEC 61000-2-2 Sistema de baixa São estabelecidos harmônica.
tensão de os níveis de
distribuição das compatibilidade
concessionárias. dos distúrbios
conduzidos no
ponto de
acoplamento 10.10.3 Limites da Norma IEC 61000-2-2
comum (PAC) dos
sistemas de Tabela 10.12 Limites da Norma IEC 61000-2-2.
distribuição das
concessionárias. Harmônicos Harmônicos
IEC 61000-3-2 Equipamentos. Dispositivos de
Harmônicos
ímpares não ímpares
corrente de entrada pares
múltiplos de 3 múltiplos de 3
≤ 16 A / fase em
h V h% h V h% h V h%
redes de 220 a
415V. 5 6 3 5 2 2
7 5 9 1,5 4 1
IEC 61000-3-4 Equipamentos. Dispositivos de 11 3,5 15 0,3 6 0,5
corrente de entrada 13 3 21 0,2 8 0,5
> 16 A / fase. 17 2 >21 0,2 10 0,5
19 1,5 ≥12 0,2
IEEE 519 Sistemas das Estabelece alguns
23 1,5
concessionarias e critérios técnicos 25 1,5
dos consumidores para avaliações >25 0,2+0,5 x 25/h
em qualquer nível dos harmônicos, os Nota: DHT(%) é igual a 8. “h” é a ordem harmônica.
de tensão. limites máximos
das correntes
harmônicas
injetáveis nos 10.10.4 Limites da norma IEEE 519-2
sistemas e os
níveis máximos
das tensões Esta recomendação (não é uma norma)
harmônicas produzida pelo IEEE [27] descreve os
permitidas para principais fenômenos causadores de
estes sistemas.
distorção harmônica, indica métodos de
medição e limites de distorção. Seu enfoque
10.10.1 Limites da norma IEC 61000-3-2 é diverso daquele da IEC, uma vez que os
limites estabelecidos referem-se aos valores
Tabela 10.13 Limites da Norma IEC 61000-3-2. medidos no Ponto de Acoplamento Comum
Harmônica “h” Limite (mA/W) Limite (A) (PAC), e não em cada equipamento
3 3,4 2,30 individual. A filosofia é que não interessa ao
5 1,9 1,14 sistema o que ocorre dentro de uma
7 1,0 0,77
instalação, mas sim o que ela reflete para o
exterior, ou seja, para os outros
9 0,5 0,40
consumidores conectados à mesma
11 0,35 0,33 alimentação.
≥ 13 3,85/h 0,15 x 15/h

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 292


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Os limites diferem de acordo com o Para os limites de tensão (tabela


nível de tensão e com o nível de curto- 10.17), os valores mais severos são para as
circuito do PAC. Obviamente, quanto maior tensões menores (nível de distribuição).
for a corrente de curto-circuito (Icc) em Estabelece-se um limite individual por
relação à corrente de carga, maiores são as componente e um limite para a distorção
distorções de corrente admissíveis, uma vez harmônica total.
que elas distorcerão em menor intensidade a
tensão no PAC. À medida que se eleva o
nível de tensão, menores são os limites
aceitáveis. Tabela 10.15 IEEE 519-2: Limites de Distorção da
Corrente para Sistemas de Sub-distribuição (69001V a
A grandeza TDD (Total Demand
161kV).
Distortion) é definida como a distorção
harmônica da corrente, em % da máxima Ordem da harmônica individual (harmônicas ímpares)
11 ≤ h < 17 17 ≤ h < 23 23 ≤ h < 35 35 ≤ h
demanda da corrente de carga demanda de ISC/IB < 11 TDD

15 ou 30 minutos. Isto significa que a < 20 1


2 1 0,75 0,3 0,15 2,5

medição da TDD deve ser feita no pico de Entre


20 e 50
3.5 1,75 1,25 0,5 0,25 4
consumo. Entre
50 e 5 2,25 2 0,75 0,35 6
Harmônicas pares são limitadas a 25% 100
Entre
dos valores acima. Distorções de corrente 100 e 6 2,75 2,5 1 0,5 7,5
que resultem em nível CC não são 1000

admissíveis. > 1000 7.5 3,5 3 1,25 0,7 10

As tabelas 10.14 a 10.16 apresentam


as recomendações IEEE referentes aos
limites de distorção de corrente. Tabela 10.16 IEEE 519-2: Limites de distorção de
corrente para sistemas de alta tensão (>161kV) e
sistemas de geração e co-geração isolados.
Tabela 10.14 IEEE 519-2: limites de distorção de
Ordem da harmônica individual (harmônicas ímpares)
corrente para sistemas de distribuição em geral (120 V
11 ≤ h < 17 17 ≤ h < 23 23 ≤ h < 35 35 ≤ h
até 69 kV). ISC/IB < 11 THD

1
< 20 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5
Máxima distorção de corrente harmônica em % IB
Ordem da harmônica individual (harmônicas ímpares) Entre
3 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75
20 e 50
ISC/IB < 11 11 ≤ h < 17 17 ≤ h < 23 23 ≤ h < 35 35 ≤ h TDD
Entre
50 e 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5
< 201 4,0 2 1,5 0,6 0,3 5
100
Entre Entre
7,0 3,5 2,5 1 0,5 8
20 e 50 100 e 3 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75
Entre 1000
50 e 10,0 4,5 4,0 1,5 0,7 12
> 1000 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5
100
Entre
100 e 12,0 5,5 5,0 2,0 1,0 15
1000
> 1000 15,0 7,0 6,0 2,5 1,44 20
Notas: Tabela 10.17 IEEE 519-2: Limites de distorção de
tensão.
1- Todo equipamento de geração está limitado a esses valores de
distorção de corrente independentemente da relação ISC/IB;
Distorção
2- As harmônicas pares são limitadas a 25% do limite das THD
individual
harmônicas ímpares indicadas acima;
3- Onde: 69 kV e abaixo 3% 5%
69.001 V até
a. ISC = máxima corrente de curto-circuito no ponto considerado; 1,5% 2,5%
b. IB = máxima corrente de projeto na frequência fundamental (também chamada
161kV
de corrente de carga IL) no ponto considerado.
Acima de 161 kV 1% 1,5%

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 293


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10.11 Efeitos da ressonância

Ressonância é o fenômeno físico em


que se registra a transferência de energia de
Transformador
um sistema oscilante para outro, quando a
(Indutor) Ressonância
freqüência do primeiro coincide com uma das
série
freqüências próprias do segundo.
Este fenômeno tem aplicações
importantes em todas as áreas da ciência, Cargas não
sempre que há a possibilidade de troca de lineares que Ressonância Capacitor
energia entre sistemas oscilantes. produzem paralela
harmônicas
Quando um bipolo contendo
resistências, indutâncias e capacitores é Figura 10.66 Diagrama Série-paralelo representando
ligado a uma fonte de C.A., pode surgir, a as ressonâncias.
uma determinada frequência, o fenômeno
designado por ressonância. Em condições de
ressonância tal bipolo torna-se puramente
ôhmico nos seus efeitos, ficando a corrente
de entrada do bipolo em fase com a tensão
entre os seus terminais. Para que tal efeito
aconteça a impedância equivalente vista dos
terminais do bipolo terá que ser real, isto é, a Figura 10.67 Circuitos ressonantes série (a) e paralelo
reatância terá que ser nula, ou seja, as (b).
reatâncias indutiva e capacitiva devem
anular-se mutuamente.
Quando se tem harmônicas presentes
Eletricamente falando, trata-se de uma na rede elétrica acima dos valores pré-
condição em um circuito de corrente estabelecidos anteriormente, corre-se o risco
alternada na qual as reatâncias indutiva e que ocorra ressonância série entre o trafo e o
capacitiva são iguais e se cancelam, capacitor (ou banco de capacitores) ou
ocasionando sobrecorrentes e sobretensões, ressonância paralela entre os mesmos e as
as quais são responsáveis pela possibilidade cargas (motores, etc). Nesta situação, usa-se
de queima dos capacitores. indutores anti-harmônicas em série com os
Considerando o caso mais simples de capacitores, os quais evitam a ressonância
uma associação RLC, podemos falar em dois do(s) capacitores(es) com todo o espectro de
tipos de ressonância conforme o indutor e o harmônicas que possa ser gerado.
capacitor estejam ligados em série ou em O fenômeno da ressonância série ou
paralelo (figura 10.66). paralela também pode ocorrer em
O que leva à condição de ressonância instalações livres de harmônicas e com fator
entre os elementos capacitivos e indutivos de potência unitário. Nesta condição, a
são as frequências existentes, seja a impedância capacitiva, submetendo a
fundamental/natural de oscilação ou, para instalação elétrica aos efeitos danosos da
agravar a situação, as frequências ressonância.
harmônicas. Observe que cada componente Observe que o maior problema aqui é a
harmônica é uma “provável candidata” a possibilidade de ocorrência de ressonâncias
tornar o circuito ressonante. Quanto maior a (excitadas pelas harmônicas), podendo
quantidade de frequências harmônicas, maior produzir níveis excessivos de corrente e/ou
a possibilidade da ocorrência deste de tensão. Além disso, como a reatância
fenômeno. capacitiva diminui com a freqüência, tem-se

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 294


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um aumento nas correntes relativas às


harmônicas presentes na tensão.
As correntes de alta freqüência, que
encontrarão um caminho de menor
impedância pelos capacitores, elevarão as
suas perdas ôhmicas. O decorrente aumento
no aquecimento do dispositivo encurta a vida
útil do capacitor.
A figura 10.68 mostra um exemplo de
correção do fator de potência de uma carga e
que leva à ocorrência de ressonância no
Figura 10.69 Formas de onda relativas aos circuitos da
sistema. Na figura 10.69 são mostradas as figura 10.68: (a) - superior; (b) - intermediário; (c) –
figuras relativas à tensão e às correntes da inferior.
fonte nos diferentes circuitos.
Considere o circuito (a), no qual é
alimentada uma carga do tipo RL, 10.11.1 Circuitos ressonantes série e
apresentando um baixo fator de potência. No paralelo: conceitos básicos em
circuito (b), é inserido um capacitor que redes lineares
corrige o fator de potência, como se observa
pela forma da corrente mostrada na figura
10.11.1.1 Ressonância série
10.69 (intermediária).
Suponhamos que o sistema de A Ressonância Série (também
alimentação possua uma reatância indutiva, chamada de ressonância de baixa
a qual interage com o capacitor e produz impedância) é a condição na qual a
uma ressonância série (que conduz a um impedância de um circuito em série contendo
curto-circuito na frequência de sintonia). resistência, indutância e capacitância é igual
Caso a tensão de alimentação possua uma à resistência do circuito, e a tensão elétrica
componente nesta freqüência, esta no mesmo está em fase com a corrente
harmônica será amplificada. Isto é observado elétrica. Quando isso ocorre, as reatâncias
na figura 10.69 (inferior), considerando a se cancelam entre si (X = 0) e a impedância
presença de uma componente de tensão de do circuito se torna igual à resistência, a qual
5a harmônica, com 3% de amplitude. é um valor muito pequeno, o que conduz
Observe a notável amplificação na corrente, praticamente a um curto-circuito na
o que poderia produzir importantes efeitos frequência de ressonância. Ocorre entre o
sobre o sistema. transformador de força e os capacitores (ou
banco de capacitores) ligados num mesmo
barramento.
A ressonância série é a responsável
por sobrecorrentes que danificam os
capacitores e os demais componentes do
Figura 10.68 Circuitos equivalentes (a), (b) e (c) para circuito.
análise de ressonância da linha com capacitor de
A Figura 10.70 mostra um Circuito RLC
correção do fator de potência.
em Série, onde R é uma Resistência, L um
Indutor e C um Capacitor.
O fasor da corrente no circuito é dado
pelo quociente:

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 295


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.
. sua parte real (da sua resistência). Para um
V dado valor da tensão aplicada ao bipolo a
I= (10.48)
Z corrente será máxima à frequência de
ressonância.
A Impedância total Z deste circuito,
Para esta frequência (fr) verifica-se a
para qualquer frequência da tensão da fonte
igualdade abaixo, a qual implica uma
de alimentação, é determinada por:
diferença de fase nula entre os fasores da
⎛ 1 ⎞ tensão e da corrente no circuito:
Z = R + j ( X L − X C ) = R + j ⎜ ωL − ⎟
⎝ ωC ⎠
Z = R + j( X L − X C ) = R (10.51)
⎛ 1 ⎞ (10.49)
Z = R + j ⎜⎜ 2πfL − ⎟
⎝ 2πfC ⎟⎠

onde R é a Resistência, XL = 2πfL e XC = 1 /


(2πfC) são, respectivamente, as reatâncias
do indutor e do capacitor, medidas em Ohms.

Figura 10.71 Quando a Reatância total de um circuito


RLC em Série é Zero, o circuito é equivalente a um
circuito resistivo puro.

Na condição de ressonância série, a


tensão na resistência é igual à tensão total
aplicada à impedância. As tensões no indutor
Figura 10.70 O Circuito RLC em Série. e no capacitor são constantemente opostas
de tal modo que a tensão entre os pontos M
e B da figura 10.72 é constantemente nula
A corrente no circuito é máxima (os pontos M e B estão em curto circuito).
quando, para uma determinada capacitância Por tal fato, este caso de ressonância é
do capacitor variável C, o valor de XL é igual também designado por “ressonância de
a XC. Os dois desvios de fases causados tensões”.
pelo capacitor e pelo indutor são mutuamente
opostos, pelo que a reatância total do circuito
torna-se zero:
X L = XC

1 1 1 (10.50)
ωL − = 0 → ωr = → fr =
ωC LC 2π LC Figura 10.72 Condição de ressonância série: a tensão
na resistência é igual à tensão total aplicada à
impedância.

O circuito pode ser tratado como um


circuito resistivo puro, Figura 10.71. Nessa Observe que, quaisquer que sejam os
altura, o circuito está em ressonância e a valores de L e C, haverá sempre uma
frequência na qual ocorre é designada por frequência para a qual surge o fenômeno de
Frequência de Ressonância (fr). Assim, a ressonância. A questão é: esta frequência
impedância atinge na ressonância série o está presente no sinal ou não?
seu valor mínimo possível, igual ao valor da

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 296


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Tabela 10.18 Propriedades da ressonância série.


Tabela-resumo
1- A corrente está em fase com a tensão.
2- A impedância assume o seu valor mínimo (Z = R).
3- O valor eficaz da corrente assume o seu valor
máximo = V/R
4- A tensão na resistência torna-se igual à tensão
aplicada.
5- As tensões no indutor e no capacitor são, em
qualquer instante, iguais mas de sentidos contrários, Figura 10.73 No estado de Ressonância, toda a
anulando-se mutuamente. energia da fonte de alimentação é fornecida à
resistência.
6- A Ressonância série é responsável por
sobrecorrentes que danificam os capacitores e
os demais componentes do circuito.
7- Condição de ressonância:
10.11.1.2 Ressonância paralela

⎛ 1 ⎞ A Ressonância Paralela (também


Z = R + j ⎜ ωL − ⎟ chamada de ressonância de alta impedância)
⎝ ωC ⎠
1 1 baseia-se na troca de energia entre um
ωL − = 0 → ωr = indutor e um capacitor ligados em paralelo
ωC LC
com uma fonte de tensão. Na condição de
ressonância paralela a corrente de linha é
nula porque a soma vetorial das correntes no
O capacitor e o indutor são circuito "tanque" é zero. A tensão e a
componentes reativos. Diferentemente da impedância resultante assumem valores
Resistência, podem armazenar Energia, muito elevados.
respectivamente, na forma de um Campo Considere-se o circuito RLC-paralelo
Elétrico e de um Campo Magnético, representado na Figura 10.74, aos terminais
devolvendo-a ao circuito sempre que do qual se admite aplicada uma fonte de
necessário. corrente senoidal Is.
No estado de ressonância, figura 10.73,
a Energia absorvida pelo indutor é a mesma
que a Energia libertada pelo capacitor, no
intervalo t1 a t2. Uma situação oposta ocorre
no intervalo t2 a t3. Assim, toda a Energia
proveniente da fonte de alimentação é
transferida para a resistência, e a corrente no Figura 10.74 Circuito RLC-paralelo ressonante.
circuito é máxima. Observa-se, portanto, que
na ressonância, o capacitor e o indutor
trocam entre si as energias acumuladas, e Se considerarmos uma associação
não com a fonte. RLC paralelo, será mais simples trabalhar
com admitâncias (matematicamente igual ao
A tabela 10.18 apresenta um resumo inverso da impedância). Para que haja
das condições de ressonância série em ressonância, a impedância equivalente terá
redes lineares. que ser real e, portanto, a admitância
equivalente (o seu inverso) também terá que
ser real:

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 297


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Y=
1
+
1
+ jωC
aberto. Por tal fato, este caso de ressonância
R jωL é também designado por “ressonância de
correntes”.
1 ⎛ 1 ⎞ 1 (10.52) A tabela 10.19 apresenta um resumo
Y= + j ⎜ ωC − ⎟ = G + jB =
R ⎝ ω L ⎠ Z das condições de ressonância paralela em
redes lineares.
onde as variáveis G e B são,
respectivamente, a Condutância (inverso da
resistência) e a Susceptância (inverso da Tabela 10.19 Propriedades da ressonância paralela.
reatância), expressas em ohms. Então, para Tabela-resumo
que ocorra ressonância, é condição 1- A corrente está em fase com a tensão.
necessária e suficiente que: 2- A impedância assume o seu valor máximo (Z = R).
1 3- O valor eficaz da corrente assume o seu valor
B = 0 ⇒ ωC = mínimo = V/R
ωL
4- A corrente na resistência torna-se igual a corrente
total.
j ⎛ 1 ⎞ (10.53) 5- As correntes no indutor e no capacitor são, em
Y = G + jωC − = G + j ⎜ ωC − ⎟
ωL ⎝ ωL ⎠ qualquer instante, iguais mas de sentidos contrários,
anulando-se mutuamente.
6- Ressonância paralela é responsável por
sobretensões que danificam os capacitores
A frequência para a qual existe (degradação do isolamento das unidades
capacitivas) e os demais componentes do
ressonância paralelo é a mesma que a da circuito.
ressonância série:
7- Condição de ressonância:
1 1 1 (10.54)
ωL − = 0 → ωr = → fr =
ωC LC 2π LC Y=
1
+
1
+ jω C =
1
R jωL Z
Para a frequência fr, temos que: 1 1
− + ωC = 0 → ω r =
ωL LC
1 (10.55)
Y =G= ⇒Z=R
R

10.11.2 Circuitos ressonantes série e


paralelo em redes não-lineares
ou seja, a admitância atinge na
ressonância paralelo o seu valor mínimo De maneira geral, os conceitos e
possível, igual ao valor da sua parte real, ou procedimentos clássicos válidos para
seja, da sua condutância. Isto é equivalente a sistemas lineares podem levar a resultados
dizer que a impedância atinge na opostos ao buscado quando aplicados a
ressonância paralelo o seu valor máximo sistemas não-lineares. Problemas como
possível, igual ao valor da resistência. Para ressonância série ou paralela na rede
um dado valor da tensão aplicada ao bipolo a excitada pelas harmônicas serão eminentes.
corrente será mínima à frequência de Estes riscos serão tanto maiores quanto
ressonância. maior for o “peso” das cargas não lineares
A corrente na resistência é igual à em relação as lineares e quanto mais
corrente total que alimenta o bipolo. As próximo o capacitor estiver destas cargas.
correntes no indutor e no capacitor são Assim, somente devem ser utilizados
constantemente opostas de tal forma que capacitores para correção do fator de
tudo se passa como se a resistência potência quando as correntes consumidas
estivesse em paralelo com um circuito pelas cargas não lineares representarem no

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 298


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máximo 20% da corrente total de demanda. indutiva, a freqüência de ressonância pode


Neste caso, os capacitores corrigem ser calculada por:
APENAS o Fator de Potência de
Deslocamento, ou seja, somente das cargas ⎛ Str ⎞
lineares. fr = f 0 × ⎜⎜ ⎟

(10.56)
⎝ Z × Qc ⎠
10.11.2.1 Ressonância paralela Onde:
Considerando-se a presença de cargas f0 = frequência da fundamental [Hz];
não-lineares e os conceitos apresentados fr = frequência de ressonância [Hz];
anteriormente, a ressonância paralela resulta
em uma alta impedância para a freqüência Str = potência aparente do transformador
de ressonância, sendo essa uma das [kVA];
freqüências harmônicas presentes (figura Z = impedância do transformador [Ω];
10.75). Como a maioria das fontes de
harmônicas pode ser considerada como fonte QC = potência reativa de cada estágio mais o
de corrente, isto resulta em um aumento das banco fixo [kVAr].
tensões e correntes harmônicas em cada
ramal da impedância paralela.
A frequência de ressonância deverá ser
calculada para cada estágio do banco mais a
correção do transformador. Caso esta
freqüência esteja próxima da freqüência de
alguma harmônica, ocorrerá a ressonância.
Observe que, quanto maior a distorção do
sinal, maiores as freqüências harmônicas
Figura 10.75 Ressonância paralela em ambientes não- presentes e maior a possibilidade de que
senoidais, devido à circulação de correntes ocorra a ressonância com algumas destas
harmônicas. freqüências harmônicas.
O número da harmônica (h) em relação
A ressonância paralela pode ocorrer de a fundamental f0 é dado pela expressão
várias maneiras, sendo a mais usual aquela 10.57:
onde o capacitor é conectado no mesmo
barramento da fonte de harmônicas (figura fr
10.76). Assim, a ressonância paralela h= (10.57)
f0
ocorrerá entre a impedância do sistema e o
capacitor.
Quando "h" está muito próximo dos
valores das harmônicas mais fortes
presentes no sistema e geradas pelos
equipamentos não lineares, por exemplo 3, 5,
7, 11, ..., então a ressonância aumenta
consideravelmente a distorção harmônica.
A ordem harmônica para a freqüência
Figura 10.76 Ressonância paralela. de ressonância também pode ser calculada
por:
Considerando-se, portanto, a
impedância do sistema predominantemente XC MVASC kVAtr × 100 (10.58)
h= = =
X SC MVArcap kVArcap × Z tr (%)

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 299


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Onde, O número da harmônica (h) em relação


XC = reatância do capacitor; a fundamental f0 é dado pela expressão
10.59:
XSC = reatância de curto-circuito do capacitor;
MVASC = 1 / XL (potência aparente de curto- fr
circuito do transformador, em MVA); h= (10.59)
f0
MVArcap = 1 / XC (potência reativa do
capacitor, em MVAr); A ordem harmônica para a freqüência
kVAtr = potência do trafo; de ressonância também pode ser calculada
por:
kVArcap = potência do banco de capacitores;
Ztr = impedância do trafo. ⎛ S × 100 S ⎞
2
h = ⎜⎜ tr − l 2 ⎟⎟ (10.60)
⎝ S C × Z tr (%) S C ⎠
EXEMPLO 10.6 Calcular a harmônica de ressonância
no barramento da figura 10.76, que está sendo
alimentado por um transformador de 1500 kVA, 60 Hz,
Z=6% e interligado a um capacitor de 500 kVAr. Onde,

Solução: SC = potência reativa do capacitor [VAr];


Sl = potência da carga [VA];
De (10.56):
Ztr = impedância do transformador [p.u.];
kVAtr × 100 1500 × 100 Str = potência do transformador [VA];
hr = = ≈7
kVArcap × Z tr (%) 500 × 6

De (10.57), calcula-se a frequência de ressonância:


(Str, VA)

fr
h= ⇒ f r = f 0 × h = 60 × 7 = 420 Hz
f0
Carga
(Sc, VAr) resistiva
(Sl, VA)
10.11.2.2 Ressonância série

Considerando-se a presença de cargas Figura 10.78 Ressonância série com as variáveis da


não-lineares e os conceitos apresentados expressão (10.60).
anteriormente, a ressonância série resulta
em uma baixa impedância para a freqüência
de ressonância, sendo essa uma das
freqüências harmônicas presentes (figura 10.12 Localizando fontes de harmônicas
10.77).
De maneira geral, o fluxo normal das
correntes harmônicas em um sistema elétrico
radial é da carga não linear em direção à
fonte do sistema, cuja impedância
normalmente é a menor impedância vista
pelas correntes harmônicas (figura 10.79).
Figura 10.77 Ressonância série em ambientes não-
senoidais, devido à circulação de correntes
harmônicas.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 300


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

fundamental. Observe que nenhuma fonte de


harmônicas injeta uma única frequência
harmônica em adição à fundamental. Todas
Outras cargas produzem mais de uma frequência
harmônica. Portanto, uma componente
harmônica única, grande e significativa,
Figura 10.79 Circulação de correntes harmônicas em usualmente indica condição de ressonância.
um sistema de potência.
Este fato pode ser aplicado na
determinação de problemas de ressonância
Esta tendência do fluxo das correntes harmônica em sistemas com capacitores.
harmônicas pode ser utilizada para identificar Simplesmente meça a corrente do capacitor.
fontes de harmônicas no sistema elétrico. Se for obtida uma grande componente
Utilizando um medidor de qualidade de harmônica no sinal (além da fundamental),
energia, basta medir a corrente harmônica então é porque o capacitor está participando
em cada ramal, começando do início do do circuito ressonante. Sempre meça a
circuito, rastreando as harmônicas até a corrente no capacitor primeiramente em
fonte. qualquer instalação onde se suspeite de
problemas com harmônicas.
A utilização de capacitores de potência
pode alterar este fluxo “padrão” para, pelo
menos, uma das harmônicas presentes. Por 10.13 Proteções contra harmônicas
exemplo, a instalação de um capacitor no
sistema (figura 10.80) pode desviar o fluxo de Quando, após o levantamento das
corrente para sua direção (visto que a cargas não-lineares da instalação, estas não
reatância capacitiva diminui com o aumento ultrapassarem 20% da carga total, pode-se
da frequência). Nesta situação, ao se seguir corrigir o fator de potência somente com
o fluxo das correntes harmônicas, seremos capacitores, pois é pouca a possibilidade de
deparados com o banco capacitivo ao invés haver problemas com harmônicas.
da real fonte de harmônicas. Portanto, é Entretanto, se o total de cargas não-lineares
normalmente necessário desconectar ultrapassar 20% da carga total instalada,
temporariamente o banco de capacitores até deverá ser efetuada uma medição detalhada
a localização das fontes de harmônicas. dos níveis de harmônicas. Detectando-se a
existência de harmônicas na instalação
elétrica, deve-se obedecer ao seguinte
critério:
• Limite de distorção harmônica
individual de tensão deverá ser menor
ou igual à 3%;
Figura 10.80 Circulação de correntes harmônicas entre
a carga não-linear, o sistema e o capacitor de correção • Limite de distorção harmônica de
do fator de potência. tensão (DHTu) deverá ser igual ou
menor à 5%.
É recomendável diferenciar correntes
harmônicas (devido às fontes reais das
Ultrapassando-se estes limites deverão
correntes harmônicas) das correntes
ser instalados indutores de proteção anti-
harmônicas que são exclusivamente devidas
harmônicas nos capacitores ou filtros para as
à ressonância envolvendo bancos
harmônicas significativas (conforme IEEE
capacitivos.
Std. 519 "Recommended Practices and
A corrente ressonante típica tem Requirements for Harmonic Control in
somente um harmônico dominante somado à Eletrical Power Sistems").

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 301


COMPENSAÇÃO REATIVA – UMA VISÃO DA ENGENHARIA DE PROJETOS www.vertengenharia.com.br

Nesta condição, utilize capacitores com Um conceito mais atual utiliza-se da


tensão reforçada, ou seja, capacitores com filtragem ativa da corrente de uma carga
tensão nominal 10% acima da tensão da única, ou um conjunto delas, sendo uma
rede. opção para fazer-se a correção do fator de
potência no estágio de entrada de cada
equipamento, utilizado os chamados pré-
Tabela 10.19 Proteção contra harmônicas. reguladores de fator de potência.
Indutor Anti-harmônica Filtro Anti-harmônica O objetivo da filtragem da corrente é
Protege os capacitores Elimina uma harmônica obter uma forma de onda que siga a forma
contra harmônicas e específica da rede da tensão, ou seja, que o conjunto carga +
correntes de surto, porém elétrica evitando assim
filtro represente uma carga resistiva,
as harmônicas problemas na instalação
permanecem na rede e nos equipamentos. maximizando o fator de potência, o que vale
elétrica. Caso existam dizer, minimizando a corrente eficaz
problemas com mais de absorvida da fonte, mantida a potência ativa
uma harmônica, deve- da carga.
se colocar um filtro
individual para cada A filtragem da corrente através da
uma delas. Um filtro de utilização de filtros ativos, apesar da alta
harmônicas é
essencialmente um eficiência, tem custo muito maior quando
capacitor para correção compadara com a solução clássica do uso de
de fator de potência filtros sintonizados (LC conectados em série).
combinado em série
com um reator (indutor),
chamado de filtro LC. 10.14 Fluxograma da correção do Fator de
Potência na presença de harmônicas
A solução clássica para a redução da
contaminação harmônica em sistemas A figura 10.81 representa a
elétricos é o uso de filtros sintonizados (LC metodologia a ser adotada para correção do
conectados em série) em derivação. Outra fator de potência em sistemas elétricos
possibilidade é a melhoria do comportamento industriais na presença de harmônicas.
de cada carga individualmente, também
utilizando apenas componentes passivos
(indutores e capacitores).

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 302


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INÍCIO

20% ou mais da
Medição de NÃO carga total é
Harmônica compreendida por
cargas não lineares?

Instalação de
filtros LC em
SIM derivação
localizados juntos
Limites de distorção
OU às fontes de
Estudo de harmônicas de
harmônica total de porte e,
NÃO Harmônica de faz
tensão são inferiores sintonizados em
necessário
a 5% e no espectro série na
individual é inferior a frequência
3%? harmônica
pertubadora.

SIM A probabilidade Se os capacitores produzirem ressonância


de haver para as harmônicas geradas, a sua localização
ressonância é ou parte podem ser alteradas para eliminar a
alta! ressonância, ou indutor anti-harmônica pode
ser adicionado em série para dessintonizá-los
Impedãncia na frequência pertubadora de ressonância.
da rede é
NÃO
Torna-se necessário o uso de capacitores com
baixa? tensão reforçada.

SIM
Realizar novas medições
É muito pouca a Recomenda-se o uso
probabilidade de de capacitores com
haver tensão reforçada para
FIM
ressonância. garantir maior vida útil.

Figura 10.81 - Fluxograma da correção do fator de potência em sistemas elétricos na presença de harmônicas.

CAPÍTULO 10 – COMPENSAÇÃO REATIVA EM REDES COM HARMÔNICAS 303


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Apêndice
Resolução 456/Aneel
A

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 304


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APÊNDICE A – Resolução 456/ANEEL

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL

RESOLUÇÃO N.º 456, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2000

Estabelece, de forma atualizada e consolidada,


as Condições Gerais de Fornecimento de
Energia Elétrica.

O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL, no uso de suas atribuições


regimentais, de acordo com deliberação da Diretoria, tendo em vista o disposto no Decreto n.º 24.643, de 10 de julho de 1934 – Código
de Águas, no Decreto n.º 41.019, de 26 de fevereiro de 1957 – Regulamento dos Serviços de Energia Elétrica, nas Leis n.º 8.987, de
13 de fevereiro de 1995 – Regime de Concessão e Permissão da Prestação dos Serviços Públicos, n.º 9.074, de 7 de julho de 1995 –
Normas para Outorga e Prorrogação das Concessões e Permissões de Serviços Públicos, n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990 -
Código de Defesa do Consumidor, n.º 9.427, de 26 de dezembro de 1996 – Instituição da Agência Nacional de Energia Elétrica -
ANEEL, e no Decreto n.º 2.335, de 6 de outubro de 1997 - Constituição da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL; e

Considerando a necessidade de rever, atualizar e consolidar as disposições referentes às Condições Gerais de


Fornecimento de Energia Elétrica, visando aprimorar o relacionamento entre os agentes responsáveis pela prestação do serviço
público de energia elétrica e os consumidores;

Considerando a conveniência de imprimir melhor aproveitamento ao sistema elétrico e, conseqüentemente, minimizar a


necessidade de investimentos para ampliação de sua capacidade;

Considerando a conveniência e oportunidade de consolidar e aprimorar as disposições vigentes relativas ao


fornecimento de energia elétrica, com tarifas diferenciadas para a demanda de potência e consumo de energia, conforme os períodos
do ano, os horários de utilização e a estrutura tarifária horo-sazonal;

Considerando as sugestões recebidas em função da Audiência Pública ANEEL n.º 007/98, realizada em 10 de
fevereiro de 1999, sobre as Condições de Fornecimento para Iluminação Pública; e

Considerando as sugestões recebidas dos consumidores, de organizações de defesa do consumidor, de associações


representativas dos grandes consumidores de energia elétrica, das concessionárias distribuidoras e geradoras de energia elétrica, de
organizações sindicais representativas de empregados de empresas distribuidoras de energia elétrica, bem como as sugestões
recebidas em função da Audiência Pública ANEEL n.º 007/99, realizada em 5 de novembro de 1999, resolve:

Art. 1º Estabelecer, na forma que se segue, as disposições atualizadas e consolidadas relativas às condições gerais de
fornecimento de energia elétrica a serem observadas tanto pelas concessionárias e permissionárias quanto pelos consumidores.

Parágrafo único. Estas disposições aplicam-se também aos consumidores livres, no que couber, de forma
complementar à respectiva regulamentação.

DAS DEFINIÇÕES

Art. 2º Para os fins e efeitos desta Resolução são adotadas as seguintes definições mais usuais:

I - Carga instalada: soma das potências nominais dos equipamentos elétricos instalados na unidade consumidora, em
condições de entrar em funcionamento, expressa em quilowatts (kW).
II - Concessionária ou permissionária: agente titular de concessão ou permissão federal para prestar o serviço público
de energia elétrica, referenciado, doravante, apenas pelo termo concessionária.
III - Consumidor: pessoa física ou jurídica, ou comunhão de fato ou de direito, legalmente representada, que solicitar a
concessionária o fornecimento de energia elétrica e assumir a responsabilidade pelo pagamento das faturas e pelas demais obrigações
fixadas em normas e regulamentos da ANEEL, assim vinculando-se aos contratos de fornecimento, de uso e de conexão ou de
adesão, conforme cada caso.
IV - Consumidor livre: consumidor que pode optar pela compra de energia elétrica junto a qualquer fornecedor,
conforme legislação e regulamentos específicos.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 305


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V - Contrato de adesão: instrumento contratual com cláusulas vinculadas às normas e regulamentos aprovados pela
ANEEL, não podendo o conteúdo das mesmas ser modificado pela concessionária ou consumidor, a ser aceito ou rejeitado de forma
integral.
VI - Contrato de fornecimento: instrumento contratual em que a concessionária e o consumidor responsável por
unidade consumidora do Grupo “A” ajustam as características técnicas e as condições comerciais do fornecimento de energia elétrica.
VII - Contrato de uso e de conexão: instrumento contratual em que o consumidor livre ajusta com a concessionária as
características técnicas e as condições de utilização do sistema elétrico local, conforme regulamentação específica.
VIII - Demanda: média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema elétrico pela parcela da carga
instalada em operação na unidade consumidora, durante um intervalo de tempo especificado.
IX - Demanda contratada: demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela
concessionária, no ponto de entrega, conforme valor e período de vigência fixados no contrato de fornecimento e que deverá ser
integralmente paga, seja ou não utilizada durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (kW).
X - Demanda de ultrapassagem: parcela da demanda medida que excede o valor da demanda contratada, expressa
em quilowatts (kW).
XI - Demanda faturável: valor da demanda de potência ativa, identificada de acordo com os critérios estabelecidos e
considerada para fins de faturamento, com aplicação da respectiva tarifa, expressa em quilowatts (kW).
XII - Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verificada por medição, integralizada no intervalo de 15
(quinze) minutos durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (kW).
XIII - Energia elétrica ativa: energia elétrica que pode ser convertida em outra forma de energia, expressa em
quilowatts-hora (kWh).
XIV - Energia elétrica reativa: energia elétrica que circula continuamente entre os diversos campos elétricos e
magnéticos de um sistema de corrente alternada, sem produzir trabalho, expressa em quilovolt-ampère-reativo-hora (kVArh).
XV - Estrutura tarifária: conjunto de tarifas aplicáveis às componentes de consumo de energia elétrica e/ou demanda
de potência ativas de acordo com a modalidade de fornecimento.
XVI - Estrutura tarifária convencional: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de consumo de energia elétrica
e/ou demanda de potência independentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano.
XVII - Estrutura tarifária horo-sazonal: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de
energia elétrica e de demanda de potência de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos do ano, conforme especificação
a seguir:
a) Tarifa Azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica de
acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo
com as horas de utilização do dia.
b) Tarifa Verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica de
acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de uma única tarifa de demanda de potência.
c) Horário de ponta (P): período definido pela concessionária e composto por 3 (três) horas diárias consecutivas,
exceção feita aos sábados, domingos e feriados nacionais, considerando as características do seu sistema elétrico.
d) Horário fora de ponta (F): período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e complementares
àquelas definidas no horário de ponta.
e) Período úmido (U): período de 5 (cinco) meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas
leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte.
f) Período seco (S): período de 7 (sete) meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas
leituras de maio a novembro.
XVIII - Fator de carga: razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade consumidora, ocorridas no
mesmo intervalo de tempo especificado.
XIX - Fator de demanda: razão entre a demanda máxima num intervalo de tempo especificado e a carga instalada na
unidade consumidora.
XX - Fator de potência: razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma dos quadrados das energias
elétricas ativa e reativa, consumidas num mesmo período especificado.
XXI - Fatura de energia elétrica: nota fiscal que apresenta a quantia total que deve ser paga pela prestação do serviço
público de energia elétrica, referente a um período especificado, discriminando as parcelas correspondentes.
XXII - Grupo “A”: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão igual ou superior a
2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 kV a partir de sistema subterrâneo de distribuição e faturadas neste Grupo nos
termos definidos no art. 82, caracterizado pela estruturação tarifária binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:
a) Subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 306


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b) Subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;


c) Subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;
d) Subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;
e) Subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;
f) Subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição e
faturadas neste Grupo em caráter opcional.
XXIII - Grupo “B”: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão inferior a 2,3 kV, ou,
ainda, atendidas em tensão superior a 2,3 kV e faturadas neste Grupo nos termos definidos nos arts. 79 a 81, caracterizado pela
estruturação tarifária monômia e subdividido nos seguintes subgrupos:
a) Subgrupo B1 - residencial;
b) Subgrupo B1 - residencial baixa renda;
c) Subgrupo B2 - rural;
d) Subgrupo B2 - cooperativa de eletrificação rural;
e) Subgrupo B2 - serviço público de irrigação;
f) Subgrupo B3 - demais classes;
g) Subgrupo B4 - iluminação pública.
XXIV - Iluminação Pública: serviço que tem por objetivo prover de luz, ou claridade artificial, os logradouros públicos no
período noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais, inclusive aqueles que necessitam de iluminação permanente no período
diurno.
XXV - Pedido de fornecimento: ato voluntário do interessado que solicita ser atendido pela concessionária no que tange
à prestação de serviço público de fornecimento de energia elétrica, vinculando-se às condições regulamentares dos contratos
respectivos.
XXVI - Ponto de entrega: ponto de conexão do sistema elétrico da concessionária com as instalações elétricas da
unidade consumidora, caracterizando-se como o limite de responsabilidade do fornecimento.
XXVII - Potência: quantidade de energia elétrica solicitada na unidade de tempo, expressa em quilowatts (kW).
XXVIII - Potência disponibilizada: potência que o sistema elétrico da concessionária deve dispor para atender às
instalações elétricas da unidade consumidora, segundo os critérios estabelecidos nesta Resolução e configurada nos seguintes
parâmetros:
a) unidade consumidora do Grupo “A”: a demanda contratada, expressa em quilowatts (kW);
b) unidade consumidora do Grupo “B”: a potência em kVA, resultante da multiplicação da capacidade nominal ou
regulada, de condução de corrente elétrica do equipamento de proteção geral da unidade consumidora pela tensão nominal, observado
no caso de fornecimento trifásico, o fator específico referente ao número de fases.
XXIX - Potência instalada: soma das potências nominais de equipamentos elétricos de mesma espécie instalados na
unidade consumidora e em condições de entrar em funcionamento.
XXX - Ramal de ligação: conjunto de condutores e acessórios instalados entre o ponto de derivação da rede da
concessionária e o ponto de entrega.
XXXI - Religação: procedimento efetuado pela concessionária com o objetivo de restabelecer o fornecimento à unidade
consumidora, por solicitação do mesmo consumidor responsável pelo fato que motivou a suspensão.
XXXII - Subestação: parte das instalações elétricas da unidade consumidora atendida em tensão primária de
distribuição que agrupa os equipamentos, condutores e acessórios destinados à proteção, medição, manobra e transformação de
grandezas elétricas.
XXXIII - Subestação transformadora compartilhada: subestação particular utilizada para fornecimento de energia
elétrica simultaneamente a duas ou mais unidades consumidoras.
XXXIV - Tarifa: preço da unidade de energia elétrica e/ou da demanda de potência ativas.
XXXV - Tarifa monômia: tarifa de fornecimento de energia elétrica constituída por preços aplicáveis unicamente ao
consumo de energia elétrica ativa.
XXXVI - Tarifa binômia: conjunto de tarifas de fornecimento constituído por preços aplicáveis ao consumo de energia
elétrica ativa e à demanda faturável.
XXXVII - Tarifa de ultrapassagem: tarifa aplicável sobre a diferença positiva entre a demanda medida e a contratada,
quando exceder os limites estabelecidos.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 307


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XXXVIII - Tensão secundária de distribuição: tensão disponibilizada no sistema elétrico da concessionária com valores
padronizados inferiores a 2,3 kV.
XIL - Tensão primária de distribuição: tensão disponibilizada no sistema elétrico da concessionária com valores
padronizados iguais ou superiores a 2,3 kV.
XL - Unidade consumidora: conjunto de instalações e equipamentos elétricos caracterizado pelo recebimento de
energia elétrica em um só ponto de entrega, com medição individualizada e correspondente a um único consumidor.
XLI - Valor líquido da fatura: valor em moeda corrente resultante da aplicação das respectivas tarifas de fornecimento,
sem incidência de imposto, sobre as componentes de consumo de energia elétrica ativa, de demanda de potência ativa, de uso do
sistema, de consumo de energia elétrica e demanda de potência reativas excedentes.
XLII - Valor mínimo faturável: valor referente ao custo de disponibilidade do sistema elétrico, aplicável ao faturamento
de unidades consumidoras do Grupo “B”, de acordo com os limites fixados por tipo de ligação.

DO PEDIDO DE FORNECIMENTO

Art. 3º Efetivado o pedido de fornecimento à concessionária, esta cientificará ao interessado quanto à:

I - obrigatoriedade de:
a) observância, nas instalações elétricas da unidade consumidora, das normas expedidas pelos órgãos oficiais
competentes, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT ou outra organização credenciada pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO, e das normas e padrões da concessionária, postos à disposição do
interessado;
b) instalação, pelo interessado, quando exigido pela concessionária, em locais apropriados de livre e fácil acesso, de
caixas, quadros, painéis ou cubículos destinados à instalação de medidores, transformadores de medição e outros aparelhos da
concessionária, necessários à medição de consumos de energia elétrica e demandas de potência, quando houver, e à proteção destas
instalações;
c) declaração descritiva da carga instalada na unidade consumidora;
d) celebração de contrato de fornecimento com consumidor responsável por unidade consumidora do Grupo “A”;
e) aceitação dos termos do contrato de adesão pelo consumidor responsável por unidade consumidora do Grupo “B”;
f) fornecimento de informações referentes a natureza da atividade desenvolvida na unidade consumidora, a finalidade
da utilização da energia elétrica, e a necessidade de comunicar eventuais alterações supervenientes.
II - eventual necessidade de:
a) execução de obras e/ou serviços nas redes e/ou instalação de equipamentos, da concessionária e/ou do
consumidor, conforme a tensão de fornecimento e a carga instalada a ser atendida;
b) construção, pelo interessado, em local de livre e fácil acesso, em condições adequadas de iluminação, ventilação e
segurança, de compartimento destinado, exclusivamente, à instalação de equipamentos de transformação, proteção e outros, da
concessionária e/ou do interessado, necessários ao atendimento das unidades consumidoras da edificação;
c) obtenção de autorização federal para construção de linha destinada a uso exclusivo do interessado;
d) apresentação de licença emitida por órgão responsável pela preservação do meio ambiente, quando a unidade
consumidora localizar-se em área de proteção ambiental;
e) participação financeira do interessado, na forma da legislação e regulamentos aplicáveis;
f) adoção, pelo interessado, de providências necessárias à obtenção de benefícios estipulados pela legislação;
g) apresentação dos documentos relativos à sua constituição e registro, quando pessoa jurídica;
h) apresentação da Carteira de Identidade ou, na ausência desta, de outro documento de identificação e, se houver, do
Cadastro de Pessoa Física – CPF, quando pessoa física; e
i) aprovação do projeto de extensão de rede antes do início das obras, quando houver interesse na sua execução
mediante a contratação de terceiro legalmente habilitado.

Art. 4º A concessionária poderá condicionar a ligação, religação, alterações contratuais, aumento de carga ou
contratação de fornecimentos especiais, solicitados por quem tenha quaisquer débitos no mesmo ou em outro local de sua área de
concessão, à quitação dos referidos débitos.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 308


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§ 1º A concessionária não poderá condicionar a ligação de unidade consumidora ao pagamento de débito que não seja
decorrente de fato originado pela prestação do serviço público de energia elétrica ou não autorizado pelo consumidor, no mesmo ou
em outro local de sua área de concessão, exceto nos casos de sucessão comercial.

§ 2º A concessionária não poderá condicionar a ligação de unidade consumidora ao pagamento de débito pendente em
nome de terceiros.

Art. 5º A concessionária deverá comunicar, por escrito, quando da efetivação do pedido de fornecimento ou sempre
que solicitado, as opções disponíveis para faturamento ou mudança de Grupo tarifário e prestar as informações necessárias e
adequadas a cada caso, cabendo ao consumidor formular sua opção também por escrito.

§ 1º A concessionária informará as opções de que tratam os arts. 53, 79 a 82, conforme disposto neste artigo, devendo
o consumidor apresentar pedido, por escrito, à concessionária, que se manifestará no prazo de 30 (trinta) dias, contados do
recebimento da opção.

§ 2º Exercida qualquer das opções previstas nos arts. 53, 79 a 82, deverá ser efetuada nova alteração nos critérios de
faturamento quando:

I - o consumidor o solicitar, desde que a modificação anterior tenha sido feita há mais de 12 (doze) ciclos consecutivos
e completos de faturamento; e
II - a concessionária constatar descontinuidade no atendimento dos requisitos exigíveis para a opção.

DA TENSÃO DE FORNECIMENTO

Art. 6º Competirá a concessionária estabelecer e informar ao interessado a tensão de fornecimento para a unidade
consumidora, com observância dos seguintes limites:

I - tensão secundária de distribuição: quando a carga instalada na unidade consumidora for igual ou inferior a 75 kW;
II - tensão primária de distribuição inferior a 69 kV: quando a carga instalada na unidade consumidora for superior a 75
kW e a demanda contratada ou estimada pelo interessado, para o fornecimento, for igual ou inferior a 2.500 kW; e
III - tensão primária de distribuição igual ou superior a 69 kV: quando a demanda contratada ou estimada pelo
interessado, para o fornecimento, for superior a 2.500 kW.

Parágrafo único. Quando se tratar de unidade consumidora do Grupo “A”, a informação referida no “caput” deste artigo deverá ser
efetuada por escrito.

Art. 7º A concessionária poderá estabelecer a tensão do fornecimento sem observar os limites de que trata o art. 6º,
quando a unidade consumidora incluir-se em um dos seguintes casos:

I - for atendível, em princípio, em tensão primária de distribuição, mas situar-se em prédio de múltiplas unidades
consumidoras predominantemente passíveis de inclusão no critério de fornecimento em tensão secundária de distribuição, conforme o
inciso I, art. 6º, e não oferecer condições para ser atendida nesta tensão;
II - estiver localizada em área servida por sistema subterrâneo de distribuição, ou prevista para ser atendida pelo
referido sistema de acordo com o plano já configurado no Programa de Obras da concessionária;
III - estiver localizada fora de perímetro urbano;
IV - tiver equipamento que, pelas suas características de funcionamento ou potência, possa prejudicar a qualidade do
fornecimento a outros consumidores; e
V - havendo conveniência técnica e econômica para o sistema elétrico da concessionária, não acarretar prejuízo ao
interessado.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 309


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Art. 8º O responsável por unidade consumidora atendível, a princípio, segundo os limites referidos nos incisos II e III,
art. 6º, poderá optar por tensão de fornecimento diferente daquela estabelecida pela concessionária, desde que, havendo viabilidade
técnica do sistema elétrico, assuma os investimentos adicionais necessários ao atendimento no nível de tensão pretendido.

DO PONTO DE ENTREGA

Art. 9º O ponto de entrega de energia elétrica deverá situar-se no limite da via pública com o imóvel em que se localizar
a unidade consumidora, ressalvados os seguintes casos:

I - havendo uma ou mais propriedades entre a via pública e o imóvel em que se localizar a unidade consumidora, o
ponto de entrega situar-se-á no limite da via pública com a primeira propriedade intermediária;
II - em área servida por rede aérea, havendo interesse do consumidor em ser atendido por ramal subterrâneo, o ponto
de entrega situar-se-á na conexão deste ramal com a rede aérea;
III - nos casos de prédios de múltiplas unidades, cuja transformação pertença a concessionária e esteja localizada no
interior do imóvel, o ponto de entrega situar-se-á na entrada do barramento geral;
IV - quando se tratar de linha de propriedade do consumidor, o ponto de entrega situar-se-á na estrutura inicial desta
linha;
V - havendo conveniência técnica e observados os padrões da concessionária, o ponto de entrega poderá situar-se
dentro do imóvel em que se localizar a unidade consumidora;
VI - tratando-se de condomínio horizontal, o ponto de entrega deverá situar-se no limite da via interna do condomínio
com cada fração integrante do parcelamento; e
VII - tratando-se de fornecimento destinado a sistema de iluminação pública, o ponto de entrega será, alternativamente:
a) a conexão da rede de distribuição da concessionária com as instalações elétricas de iluminação pública, quando
estas pertencerem ao Poder Público; e
b) o bulbo da lâmpada, quando as instalações destinadas à iluminação pública pertencerem à concessionária.
Parágrafo único. O ponto de entrega poderá situar-se ou não no local onde forem instalados os equipamentos para
medição do consumo de energia elétrica.

Art. 10. Até o ponto de entrega a concessionária deverá adotar todas as providências com vistas a viabilizar o
fornecimento, observadas as condições estabelecidas na legislação e regulamentos aplicáveis, bem como operar e manter o seu
sistema elétrico.

Art. 11. O interessado poderá executar as obras de extensão de rede necessárias ao fornecimento de energia elétrica,
mediante a contratação de terceiro legalmente habilitado, devendo, para tanto, aprovar o respectivo projeto junto à concessionária
antes do início das obras, pagar os eventuais custos consoante legislação e regulamentos aplicáveis, observar as normas e padrões
técnicos da concessionária com respeito aos requisitos de segurança, proteção e operação, bem como submeter-se aos critérios de
fiscalização e recebimento das instalações.

o
§ 1 No caso referido no “caput” deste artigo, a concessionária deverá participar financeiramente da obra, disponibilizar
suas normas e padrões, analisar os projetos, orientar quanto ao cumprimento das exigências obrigatórias e eventuais estabelecidas no
art. 3º, realizar a indispensável vistoria com vistas ao recebimento definitivo da obra, sua necessária incorporação aos bens e
instalações em serviço e a ligação da unidade consumidora.

o
§ 2 Os prazos para análise de projetos referentes às obras de extensão de rede, referidos no parágrafo anterior, são
os seguintes, contados da data da solicitação:

I - em tensão secundária de distribuição: 30 (trinta) dias;


II - em tensão primária de distribuição inferior a 69 kV: 45 (quarenta e cinco) dias; e
III - em tensão primária de distribuição igual ou superior a 69 kV: serão estabelecidos de comum acordo entre as
partes.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 310


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DA UNIDADE CONSUMIDORA

Art. 12. A cada consumidor corresponderá uma ou mais unidades consumidoras, no mesmo local ou em locais
diversos.

o
§ 1 O atendimento a mais de uma unidade consumidora, de um mesmo consumidor, no mesmo local, condicionar-se-á
à observância de requisitos técnicos e de segurança previstos nas normas e/ou padrões da concessionária.

o
§ 2 Poderá ser efetuado fornecimento a mais de uma unidade consumidora do Grupo “A”, por meio de subestação
transformadora compartilhada, desde que pactuados e atendidos os requisitos técnicos da concessionária e dos consumidores.

§ 3º As medições individualizadas deverão ser integralizadas para fins de faturamento quando, por necessidade
técnica, existirem vários pontos de entrega no mesmo local.

Art. 13. Em condomínios verticais e/ou horizontais, onde pessoas físicas ou jurídicas forem utilizar energia elétrica de
forma independente, cada fração caracterizada por uso individualizado constituirá uma unidade consumidora, ressalvado o disposto no
art. 14.

§ 1º As instalações para atendimento das áreas de uso comum constituirão uma unidade consumidora, que será de
responsabilidade do condomínio, da administração ou do proprietário do prédio ou conjunto de que trata este artigo, conforme o caso.

§ 2º Prédio constituído por uma só unidade consumidora, que venha a se enquadrar na condição indicada no “caput”
deste artigo, deverá ter suas instalações elétricas internas adaptadas para permitir a colocação de medição, de modo a serem
individualizadas as diversas unidades consumidoras correspondentes.

Art. 14. Prédio com predominância de estabelecimentos comerciais de serviços, varejistas e/ou atacadistas, poderá ser
considerado uma só unidade consumidora, se atendidas, cumulativamente, as seguintes condições:

I - que a propriedade de todos os compartimentos do imóvel, prédio ou o conjunto de edificações, seja de uma só
pessoa física ou jurídica e que o mesmo esteja sob a responsabilidade administrativa de organização incumbida da prestação de
serviços comuns a seus integrantes;
II - que a organização referida no inciso anterior assuma as obrigações de que trata o inciso III, art. 2º, na condição de
consumidor;
III - que a demanda contratada, para prédio ou conjunto de estabelecimentos comerciais varejistas e/ou atacadistas,
seja igual ou superior a 500 kW, e, para conjunto de estabelecimentos comerciais de serviços, seja igual ou superior a 5000 kW;
IV - que o valor da fatura relativa ao fornecimento seja rateado entre seus integrantes, sem qualquer acréscimo; e
V - que as instalações internas de utilização de energia elétrica permitam a colocação, a qualquer tempo, de
equipamentos de medição individualizados para cada compartimento do prédio ou do conjunto de edificações.

§ 1º À organização mencionada no inciso I deste artigo caberá manifestar, por escrito, a opção pelo fornecimento nas
condições previstas neste artigo.

§ 2º A organização de que trata o inciso I deste artigo não poderá interromper, suspender ou interferir na utilização de
energia elétrica por parte dos integrantes do prédio ou do conjunto de edificações.

§ 3º Qualquer compartimento do prédio, com carga instalada superior ao limite mínimo estabelecido para atendimento
em tensão primária de distribuição, poderá ser atendido diretamente pela concessionária, desde que haja pedido neste sentido e que
sejam satisfeitas as condições regulamentares e técnicas pertinentes.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 311


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Art. 15. Havendo conveniência técnica e/ou econômica, ficará facultado à concessionária atender a prédio ou conjunto
de estabelecimentos comerciais com fornecimento em tensão primária de distribuição, nos moldes do disposto no art. 14,
independentemente do valor da demanda contratada.

Art. 16. O fornecimento de energia elétrica em um só ponto, a prédio ou a conjunto de estabelecimentos comerciais
com compartimentos já ligados individualmente, dependerá, além do preenchimento dos requisitos previstos no art. 14, do
ressarcimento à concessionária de eventuais investimentos realizados, nos termos da legislação e regulamentos aplicáveis.

Art. 17. Se o consumidor utilizar na unidade consumidora, à revelia da concessionária, carga susceptível de provocar
distúrbios ou danos no sistema elétrico de distribuição ou nas instalações e/ou equipamentos elétricos de outros consumidores, é
facultado à concessionária exigir desse consumidor o cumprimento das seguintes obrigações:

I - a instalação de equipamentos corretivos na unidade consumidora, com prazos pactuados e/ou o pagamento do valor
das obras necessárias no sistema elétrico da concessionária, destinadas a correção dos efeitos desses distúrbios; e
II - o ressarcimento à concessionária de indenizações por danos acarretados a outros consumidores, que,
comprovadamente, tenham decorrido do uso da carga provocadora das irregularidades.

o
§ 1 Na hipótese do inciso I, a concessionária é obrigada a comunicar ao consumidor, por escrito, as obras que
realizará e o necessário prazo de conclusão, fornecendo, para tanto, o respectivo orçamento detalhado.

o
§ 2 No caso referido no inciso II, a concessionária é obrigada a comunicar ao consumidor, por escrito, a ocorrência
dos danos, bem como a comprovação das despesas incorridas, nos termos da legislação e regulamentos aplicáveis.

DA CLASSIFICAÇÃO E CADASTRO

Art. 18. A concessionária classificará a unidade consumidora de acordo com a atividade nela exercida, ressalvadas as
exceções previstas nesta Resolução.

§ 1º A concessionária deverá analisar todos os elementos de caracterização da unidade consumidora objetivando a


aplicação da tarifa mais vantajosa a que o consumidor tiver direito, em especial quando a finalidade informada for residencial, caso em
que a classificação será definida considerando as subclasses Residencial, Residencial Baixa Renda ou Rural Agropecuária
Residencial.

§ 2º Quando for exercida mais de uma atividade na mesma unidade consumidora, prevalecerá, para efeito de
classificação, a que corresponder à maior parcela da carga instalada, excetuada a unidade consumidora classificável como Serviço
Público, consoante o disposto no inciso VII, art. 20.

Art. 19. Nos casos em que a reclassificação da unidade consumidora implicar em alteração da tarifa aplicada, a
concessionária deverá proceder os ajustes necessários conforme as situações indicadas nos incisos I e I deste artigo, emitir
comunicado específico informando ao consumidor as alterações decorrentes e observando os prazos a seguir fixados:

I - redução da tarifa: a reclassificação deverá ser realizada imediatamente após a constatação e a comunicação até a
data da apresentação da primeira fatura corrigida; ou
II - elevação da tarifa: a comunicação deverá ser realizada, no mínimo, com 15 (quinze) dias antes da apresentação da
primeira fatura corrigida.

Art. 20. Ficam estabelecidas as seguintes classes e subclasses para efeito de aplicação de tarifas:

I – Residencial

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 312


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Fornecimento para unidade consumidora com fim residencial, ressalvado os casos previstos na alínea “a” do inciso IV,
deste artigo, devendo ser consideradas as seguintes subclasses:
a) Residencial - fornecimento para unidade consumidora com fim residencial não contemplada na alínea “b” deste
inciso, incluído o fornecimento para instalações de uso comum de prédio ou conjunto de edificações, com predominância de unidades
consumidoras residenciais; e
b) Residencial Baixa Renda - fornecimento para unidade consumidora residencial, caracterizada como “baixa renda” de
acordo com os critérios estabelecidos em regulamentos específicos.

II – Industrial

Fornecimento para unidade consumidora em que seja desenvolvida atividade industrial, inclusive o transporte de
matéria-prima, insumo ou produto resultante do seu processamento, caracterizado como atividade de suporte e sem fim econômico
próprio, desde que realizado de forma integrada fisicamente à unidade consumidora industrial, devendo ser feita distinção entre as
seguintes atividades, conforme definido no Cadastro Nacional de Atividades Econômicas - CNAE:

01 - extração de carvão mineral;


02 - extração de petróleo e serviços correlatos;
03 - extração de minerais metálicos;
04 - extração de minerais não metálicos;
05 - fabricação de produtos alimentícios e bebidas;
06 - fabricação de produtos do fumo;
07 - fabricação de produtos têxteis;
08 - confecção de artigos do vestuário e acessórios;
09 - preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados;
10 - fabricação de produtos de madeira;
11 - fabricação de celulose, papel e produtos de papel;
12 - edição, impressão e reprodução de gravações;
13 - fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool;
14 - fabricação de produtos químicos;
15 - fabricação de artigos de borracha e plástico;
16 - fabricação de produtos de minerais não-metálicos;
17 - metalurgia básica;
18 - fabricação de produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos;
19 - fabricação de máquinas e equipamentos;
20 - fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática;
21 - fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos;
22 - fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações;
23 - fabricação de instrumentos médico-hospitalares, de precisão, ópticos e para automação industrial;
24 - fabricação e montagem de veículos automotores , reboques e carrocerias;
25 - fabricação de outros equipamentos de transporte;
26 - fabricação de móveis e indústrias diversas;
27 - reciclagem de sucatas metálicas e não metálicas;
28 - construção civil;
29 - outras indústrias.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 313


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III - Comercial, Serviços e Outras Atividades

Fornecimento para unidade consumidora em que seja exercida atividade comercial ou de prestação de serviços,
ressalvado o disposto no inciso VII deste artigo, ou outra atividade não prevista nas demais classes, inclusive o fornecimento destinado
às instalações de uso comum de prédio ou conjunto de edificações com predominância de unidades consumidoras não residenciais,
devendo ser consideradas as seguintes subclasses:
a) Comercial;
b) Serviços de Transporte, exclusive tração elétrica;
c) Serviços de Comunicações e Telecomunicações; e
d) Outros Serviços e outras atividades.

IV – Rural

Fornecimento para unidade consumidora localizada em área rural, em que seja desenvolvida atividade rural, sujeita à
comprovação perante a concessionária, devendo ser consideradas as seguintes subclasses:
a) Agropecuária
Fornecimento para unidade consumidora cujo consumidor desenvolva atividade relativa à agricultura e/ou a criação,
recriação ou engorda de animais, inclusive o beneficiamento ou a conservação dos produtos agrícolas oriundos da mesma propriedade
rural, bem como a transformação de produtos destinados à utilização exclusivamente na unidade consumidora, devendo ser incluída
também nesta subclasse:
1. fornecimento para unidade consumidora com fim residencial, situada em propriedade rural na qual sejam
desenvolvidas quaisquer das atividades descritas no “caput” da alínea “a”, incluída a agricultura de subsistência;
2. fornecimento para unidade consumidora com fim residencial, sob responsabilidade de trabalhador rural; e
3. fornecimento para instalações elétricas de poços de captação de água, de uso comum, para atender propriedades
rurais com objetivo agropecuário, desde que não haja comercialização da água.
b) Cooperativa de Eletrificação Rural
Fornecimento para cooperativa de eletrificação rural que atenda aos requisitos estabelecidos na legislação e
regulamentos aplicáveis.
c) Indústria Rural
Fornecimento para unidade consumidora em que seja desenvolvido processo industrial de transformação e/ou
beneficiamento de produtos oriundos da atividade relativa à agricultura e/ou a criação, recriação ou engorda de animais, com potência
instalada em transformadores não superior a 112,5 kVA.
d) Coletividade Rural
Fornecimento para unidade consumidora caracterizada por grupamento de usuários de energia elétrica, com
predominância de carga em atividade classificável como agropecuária, que não seja cooperativa de eletrificação rural.
e) Serviço Público de Irrigação Rural
Fornecimento exclusivamente para unidade consumidora em que seja desenvolvida atividade de bombeamento d'água,
para fins de irrigação, destinada à atividade agropecuária e explorada por entidade pertencente ou vinculada à Administração Direta,
Indireta ou Fundações de Direito Público da União, dos Estados ou dos Municípios.
f) Escola Agrotécnica
Fornecimento exclusivamente para unidade consumidora em que seja desenvolvida atividade de ensino e pesquisa
direcionada à agropecuária, sem fins lucrativos, e explorada por entidade pertencente ou vinculada à Administração Direta, Indireta ou
Fundações de Direito Público da União, dos Estados ou dos Municípios.

V - Poder Público

Fornecimento para unidade consumidora onde, independentemente da atividade a ser desenvolvida, for solicitado por
pessoa jurídica de direito público que assuma as responsabilidades inerentes à condição de consumidor, com exceção dos casos
classificáveis como Serviço Público de Irrigação Rural, Escola Agrotécnica, Iluminação Pública e Serviço Público, incluído nesta classe
o fornecimento provisório, de interesse do Poder Público, e também solicitado por pessoa jurídica de direito público, destinado a
atender eventos e festejos realizados em áreas públicas, devendo ser consideradas as seguintes subclasses:

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 314


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a) Poder Público Federal;


b) Poder Público Estadual ou Distrital; e
c) Poder Público Municipal.

VI - Iluminação Pública

Fornecimento para iluminação de ruas, praças, avenidas, túneis, passagens subterrâneas, jardins, vias, estradas,
passarelas, abrigos de usuários de transportes coletivos, e outros logradouros de domínio público, de uso comum e livre acesso, de
responsabilidade de pessoa jurídica de direito público ou por esta delegada mediante concessão ou autorização, incluído o
fornecimento destinado à iluminação de monumentos, fachadas, fontes luminosas e obras de arte de valor histórico, cultural ou
ambiental, localizadas em áreas públicas e definidas por meio de legislação específica, excluído o fornecimento de energia elétrica que
tenha por objetivo qualquer forma de propaganda ou publicidade.

VII - Serviço Público

Fornecimento, exclusivamente, para motores, máquinas e cargas essenciais à operação de serviços públicos de água,
esgoto, saneamento e tração elétrica urbana e/ou ferroviária, explorados diretamente pelo Poder Público ou mediante concessão ou
autorização, devendo ser consideradas as seguintes subclasses:

a) Tração Elétrica; e
b) Água, Esgoto e Saneamento.

VIII - Consumo Próprio

Fornecimento destinado ao consumo de energia elétrica da própria concessionária, devendo ser consideradas as
seguintes subclasses:

a) Próprio

Fornecimento para escritório, oficina, almoxarifado e demais instalações da própria concessionária, diretamente ligadas
à prestação dos serviços de eletricidade, não incluídas nas subclasses seguintes.

b) Canteiro de Obras

Fornecimento para canteiro de obras da própria concessionária.

c) Interno

Fornecimento para instalações e dependências internas de usinas, subestações e demais locais diretamente ligados à
produção e transformação de energia elétrica.

Art. 21. A concessionária deverá organizar e manter atualizado cadastro relativo às unidades consumidoras, onde
conste, obrigatoriamente, quanto a cada uma delas, no mínimo, as seguintes informações:

I - identificação do consumidor:
a) nome completo;
b) número e órgão expedidor da Carteira de Identidade ou, na ausência desta, de outro documento de identificação
oficial e, quando houver, número do Cadastro de Pessoa Física – CPF; e
c) número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ.
II - número ou código de referência da unidade consumidora;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 315


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III - endereço da unidade consumidora, incluindo o nome do município;


IV - classe e subclasse, se houver, da unidade consumidora;
V - data de início do fornecimento;
VI - tensão nominal do fornecimento;
VII - potência disponibilizada e, quando for o caso, a carga instalada declarada ou prevista no projeto de instalações
elétricas;
VIII - valores de demanda de potência e consumo de energia elétrica ativa expressos em contrato, quando for o caso;
IX - informações relativas aos sistemas de medição de demandas de potência e de consumos de energia elétrica ativa
e reativa, de fator de potência e, na falta destas medições, o critério de faturamento;
X - históricos de leitura e de faturamento referentes aos últimos 60 (sessenta) ciclos consecutivos e completos,
arquivados em meio magnético, inclusive com as alíquotas referentes a impostos incidentes sobre o faturamento realizado;
XI - código referente à tarifa aplicável; e
XII - código referente ao pagamento de juros do Empréstimo Compulsório/ELETROBRÁS.

Parágrafo único. A concessionária deverá disponibilizar, no mínimo, os 13 (treze) últimos históricos referidos no inciso
X para consulta em tempo real.

DOS CONTRATOS

Art. 22. O contrato de adesão, destinado a regular as relações entre a concessionária e o responsável por unidade
consumidora do Grupo “B”, deverá ser encaminhado ao consumidor até a data de apresentação da primeira fatura.

Art. 23. O contrato de fornecimento, a ser celebrado com consumidor responsável por unidade consumidora do Grupo
“A”, deverá conter, além das cláusulas essenciais aos contratos administrativos, outras que digam respeito a:

I - identificação do ponto de entrega;


II - tensão de fornecimento;
III - demanda contratada, com respectivos cronogramas e, quando for o caso, especificada por segmento horo-sazonal;
IV - energia elétrica ativa contratada, quando for o caso;
V - condições de revisão, para mais ou para menos, da demanda contratada e/ou da energia elétrica ativa contratada,
se houver;
VI - data de início do fornecimento e prazo de vigência;
VII - horário de ponta e de fora de ponta, nos casos de fornecimento segundo a estrutura tarifária horo-sazonal;
VIII - condições de aplicação da tarifa de ultrapassagem;
IX - critérios de rescisão; e
X - metas de continuidade, com vistas a proporcionar a melhoria da qualidade dos serviços, no caso de contratos
específicos.

§ 1º Quando, para o fornecimento, a concessionária tiver que fazer investimento específico, o contrato deverá dispor
sobre as condições, formas e prazos que assegurem o ressarcimento do ônus relativo aos referidos investimentos.

§ 2º O prazo de vigência do contrato de fornecimento deverá ser estabelecido considerando as necessidades e os


requisitos das partes, observados os seguintes aspectos:

a) o prazo do contrato será de 12 (doze) meses, exceto quando houver acordo diferente entre as partes;
b) quando, para atendimento da carga instalada, houver necessidade de investimento por parte da concessionária esta
poderá estabelecer, para o primeiro contrato, um prazo de vigência de até 24 (vinte e quatro) meses; e

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 316


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c) o contrato poderá ser prorrogado automaticamente por igual período e assim sucessivamente, desde que o
consumidor não expresse manifestação em contrário, com antecedência mínima de 180 (centro e oitenta) dias em relação ao término
de cada vigência.

§ 3º Para a demanda contratada, referida no inciso III deste artigo, deverá ser observado o valor mínimo contratável de
30 kW para unidades consumidoras faturadas na estrutura tarifária convencional ou em pelo menos um dos segmentos horo-sazonais
para unidades consumidoras faturadas na estrutura tarifária horo-sazonal, excetuados os casos em que a tensão de fornecimento
tenha sido estabelecida pela concessionária nos termos do art. 7º.

§ 4º A concessionária deverá atender as solicitações de redução de demanda contratada não contempladas no art. 24,
desde que efetuadas por escrito e com antecedência mínima de 180 (cento e oitenta) dias.

Art. 24. A concessionária deverá renegociar o contrato de fornecimento, a qualquer tempo, sempre que solicitado por
consumidor que, ao implementar medidas de conservação, incremento à eficiência e ao uso racional da energia elétrica, comprováveis
pela concessionária, resultem em redução da demanda de potência e/ou de consumo de energia elétrica ativa, desde que satisfeitos os
compromissos relativos aos investimentos da concessionária, conforme previsto no § 1º do art. 23.

Parágrafo único. O consumidor deverá submeter à concessionária as medidas de conservação a serem adotadas, com
as devidas justificativas técnicas, etapas de implantação, resultados previstos, prazos, proposta para a revisão do contrato de
fornecimento e acompanhamento pela concessionária, caso em que esta informará ao consumidor, no prazo de 45 (quarenta e cinco)
dias, as condições para a revisão da demanda e/ou da energia elétrica ativa contratadas, conforme o caso.

Art. 25. Para o fornecimento destinado a Iluminação Pública deverá ser firmado contrato tendo por objeto ajustar as
condições de prestação do serviço, o qual, além das cláusulas referidas no art. 23, deve também disciplinar as seguintes condições:

I - propriedade das instalações;


II - forma e condições para prestação dos serviços de operação e manutenção, conforme o caso;
III - procedimentos para alteração de carga e atualização do cadastro;
IV - procedimentos para revisão dos consumos de energia elétrica ativa vinculados à utilização de equipamentos
automáticos de controle de carga;
V - tarifas e impostos aplicáveis;
VI - condições de faturamento, incluindo critérios para contemplar falhas no funcionamento do sistema;
VII - condições de faturamento das perdas referidas no art. 61;
VIII - condições e procedimentos para o uso de postes e da rede de distribuição; e
IX - datas de leitura dos medidores, quando houver, de apresentação e de vencimento das faturas.

DOS SERVIÇOS INICIAIS

Art. 26. A vistoria de unidade consumidora, quando de fornecimento em tensão de distribuição inferior a 69 kV, será
efetuada no prazo de 3 (três) dias úteis, contados da data do pedido de fornecimento, ressalvado os casos previstos no art. 28.

Parágrafo único. Ocorrendo reprovação das instalações de entrada de energia elétrica, a concessionária deverá
informar ao interessado, por escrito, o respectivo motivo e as providências corretivas necessárias.

Art. 27. A ligação de unidade consumidora, quando de fornecimento em tensão de distribuição inferior a 69 kV, será
efetuada de acordo com os prazos a seguir fixados:

I - 3 (três) dias úteis para unidade consumidora do Grupo “B”, localizada em área urbana;
II - 5 (cinco) dias úteis para unidade consumidora do Grupo “B”, localizada em área rural; e
III - 10 (dez) dias úteis para unidade consumidora do Grupo “A”, localizada em área urbana ou rural.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 317


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Parágrafo único. Os prazos fixados neste artigo devem ser contados a partir da data da aprovação das instalações e do
cumprimento das demais condições regulamentares pertinentes.

Art. 28. A concessionária terá o prazo de 30 (trinta) ou 45 (quarenta e cinco) dias, contados da data do pedido de
fornecimento ou de alteração de carga, respectivamente, conforme tratar-se de tensão secundária ou tensão primária de distribuição
inferior a 69 kV, para elaborar os estudos, orçamentos e projetos e informar ao interessado, por escrito, o prazo para a conclusão das
obras de distribuição destinadas ao seu atendimento, bem como a eventual necessidade de participação financeira, quando:

I - inexistir rede de distribuição em frente à unidade consumidora a ser ligada;


II - a rede necessitar de reforma e/ou ampliação; e
III - o fornecimento depender de construção de ramal subterrâneo.

Parágrafo único. Satisfeitas, pelo interessado, as condições estabelecidas na legislação e normas aplicáveis, a
concessionária terá o prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias para iniciar as obras.

Art. 29. Os prazos estabelecidos e/ou pactuados, para início e conclusão das obras a cargo da concessionária, serão
suspensos, quando:

I - o interessado não apresentar as informações sob sua responsabilidade;


II - cumpridas todas as exigências legais, não for obtida licença, autorização ou aprovação de autoridade competente;
III - não for conseguida a servidão de passagem ou via de acesso necessária à execução dos trabalhos; e
IV - em casos fortuitos e/ou de força maior.
Parágrafo único. Os prazos continuarão a fluir logo após removido o impedimento.

Art. 30. Os prazos para início e conclusão das obras, bem como para a disponibilização do fornecimento da energia,
em tensão primária de distribuição igual ou superior a 69 kV, serão estabelecidos de comum acordo pelas partes.

DO AUMENTO DE CARGA

Art. 31. O consumidor deverá submeter previamente à apreciação da concessionária o aumento da carga instalada que
exigir a elevação da potência disponibilizada, com vistas a verificação da necessidade de adequação do sistema elétrico, observados
os procedimentos fixados nos arts. 26 a 30.

Parágrafo único. Em caso de inobservância, pelo consumidor, do disposto neste artigo, a concessionária ficará
desobrigada de garantir a qualidade do serviço, podendo, inclusive, suspender o fornecimento, se o aumento de carga prejudicar o
atendimento a outras unidades consumidoras.

DA MEDIÇÃO

Art. 32. A concessionária é obrigada a instalar equipamentos de medição nas unidades consumidoras, exceto quando:

I - o fornecimento for destinado para iluminação pública, semáforos ou assemelhados, bem como iluminação de ruas
ou avenidas internas de condomínios fechados horizontais;
II - a instalação do medidor não puder ser feita em razão de dificuldade transitória, encontrada pelo consumidor,
limitada a um período máximo de 90 (noventa) dias, em que o mesmo deve providenciar as instalações de sua responsabilidade;
III - o fornecimento for provisório; e

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 318


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IV - a critério da concessionária, no caso do consumo mensal previsto da unidade consumidora do Grupo “B” ser
inferior ao respectivo valor mínimo faturável referido no art. 48;

Parágrafo único. No caso de fornecimento destinado para iluminação pública, efetuado a partir de circuito exclusivo, a
concessionária deverá instalar os respectivos equipamentos de medição quando solicitados pelo consumidor.

Art. 33. O medidor e demais equipamentos de medição serão fornecidos e instalados pela concessionária, às suas
expensas, exceto quando previsto em contrário em legislação específica.

§ 1º A concessionária poderá atender a unidade consumidora em tensão secundária de distribuição com ligação
bifásica ou trifásica, ainda que a mesma não apresente carga instalada suficiente para tanto, desde que o consumidor se
responsabilize pelo pagamento da diferença de preço do medidor, pelos demais materiais e equipamentos de medição a serem
instalados, bem como eventuais custos de adaptação da rede.

§ 2º Fica a critério da concessionária escolher os medidores e demais equipamentos de medição que julgar
necessários, bem como sua substituição ou reprogramação, quando considerada conveniente ou necessária, observados os critérios
estabelecidos na legislação metrológica aplicáveis a cada equipamento.

§ 3º A substituição de equipamentos de medição deverá ser comunicada, por meio de correspondência específica, ao
consumidor, quando da execução desse serviço, com informações referentes às leituras do medidor retirado e do instalado.

§ 4º A indisponibilidade dos equipamentos de medição não poderá ser invocada pela concessionária para negar ou
retardar a ligação e o início do fornecimento.

Art. 34. O fator de potência das instalações da unidade consumidora, para efeito de faturamento, deverá ser verificado
pela concessionária por meio de medição apropriada, observados os seguintes critérios:

I - unidade consumidora do Grupo “A”: de forma obrigatória e permanente; e


II - unidade consumidora do Grupo “B”: de forma facultativa, sendo admitida a medição transitória, desde que por um
período mínimo de 7 (sete) dias consecutivos.

Art. 35. Quando a concessionária instalar os equipamentos de medição no lado de saída dos transformadores, para
fins de faturamento com tarifas do Grupo “A”, deverá também colocar equipamentos próprios de medição das perdas de transformação
ou fazer os acréscimos de que trata o art. 58.

Art. 36. Os lacres instalados nos medidores, caixas e cubículos, somente poderão ser rompidos por representante legal
da concessionária.

Parágrafo único. Constatado o rompimento ou violação de selos e/ou lacres instalados pela concessionária, com
alterações nas características da instalação de entrada de energia originariamente aprovadas, mesmo não provocando redução no
faturamento, poderá ser cobrado o custo administrativo adicional correspondente a 10 % (dez por cento) do valor líquido da primeira
fatura emitida após a constatação da irregularidade.

Art. 37. A verificação periódica dos medidores de energia elétrica instalados na unidade consumidora deverá ser
efetuada segundo critérios estabelecidos na legislação metrológica, devendo o consumidor assegurar o livre acesso dos inspetores
credenciados aos locais em que os equipamentos estejam instalados.

Art. 38. O consumidor poderá exigir a aferição dos medidores, a qualquer tempo, sendo que as eventuais variações
não poderão exceder os limites percentuais admissíveis.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 319


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§ 1º A concessionária deverá informar, com antecedência mínima de 3 (três) dia úteis, a data fixada para a realização
da aferição, de modo a possibilitar ao consumidor o acompanhamento do serviço.

§ 2º A concessionária deverá encaminhar ao consumidor o laudo técnico da aferição, informando as variações


verificadas, os limites admissíveis, a conclusão final e esclarecendo quanto a possibilidade de solicitação de aferição junto ao órgão
metrológico oficial.

§ 3º Persistindo dúvida o consumidor poderá, no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir do recebimento da
comunicação do resultado, solicitar a aferição do medidor por órgão metrológico oficial, devendo ser observado o seguinte:

I - quando não for possível a aferição no local da unidade consumidora, a concessionária deverá acondicionar o
medidor em invólucro específico, a ser lacrado no ato de retirada, e encaminhá-lo ao órgão competente, mediante entrega de
comprovante desse procedimento ao consumidor;
II - os custos de frete e de aferição devem ser previamente informados ao consumidor; e
III - quando os limites de variação tiverem sido excedidos os custos serão assumidos pela concessionária, e, caso
contrário, pelo consumidor.

DO CALENDÁRIO

Art. 39. A concessionária deverá organizar e manter atualizado o calendário das respectivas datas fixadas para a
leitura dos medidores, apresentação e vencimento da fatura, bem como de eventual suspensão do fornecimento, o qual estará sujeito a
fiscalização da ANEEL.

Parágrafo único. Qualquer modificação das datas do calendário deverá ser previamente comunicada ao consumidor,
por escrito.

DA LEITURA E DO FATURAMENTO

Art. 40. A concessionária efetuará as leituras, bem como os faturamentos, em intervalos de aproximadamente 30
(trinta) dias, observados o mínimo de 27 (vinte e sete) e o máximo de 33 (trinta e três) dias, de acordo com o calendário respectivo.

§ 1º O faturamento inicial deverá corresponder a um período não inferior a 15 (quinze) nem superior a 47 (quarenta e
sete) dias.

§ 2º Havendo necessidade de remanejamento de rota ou reprogramação do calendário, excepcionalmente, as leituras


poderão ser realizadas em intervalos de, no mínimo, 15 (quinze) e, no máximo, 47 (quarenta e sete) dias, devendo a modificação ser
comunicada aos consumidores, por escrito, com antecedência mínima de um ciclo completo de faturamento.

§ 3º No caso de pedido de desligamento, mediante acordo entre as partes, o consumo e/ou a demanda finais poderão
ser estimados com base na média dos 3 (três) últimos faturamentos, no mínimo, e proporcionalmente ao número de dias decorridos
entre as datas de leitura e do pedido, ressalvado o disposto no art. 48.

Art. 41. As leituras e os faturamentos de unidades consumidoras do Grupo “B” poderão ser efetuados em intervalos de
até 3 (três) ciclos consecutivos, de acordo com o calendário próprio, nos seguintes casos:

I - unidades consumidoras situadas em área rural;


II - localidades com até 1000 (mil) unidades consumidoras; e
III - unidades consumidoras com consumo médio mensal de energia elétrica ativa igual ou inferior a 50 kWh (cinqüenta
quilowatts-hora).

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 320


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§ 1º Quando for adotado intervalo plurimensal de leitura, o consumidor poderá fornecer a leitura mensal dos
respectivos medidores, respeitadas as datas fixadas pela concessionária.

§ 2º A adoção de intervalo plurimensal de leitura e/ou de faturamento deverá ser precedida de divulgação aos
consumidores, objetivando permitir aos mesmos o conhecimento do processo utilizado e os objetivos pretendidos com a medida.

Art. 42. Nos casos referidos nos §§ 1º e 2º, art. 40, e nos arts. 46 e 111, o faturamento da demanda deverá ser
efetuado de forma proporcional e observados os seguintes critérios:

I - período inferior a 27 (vinte e sete) dias: a demanda faturável será proporcionalizada em relação ao número de dias
de efetivo fornecimento, tomando-se, para base de cálculo, o período de 30 (trinta) dias e com aplicação da tarifa de ultrapassagem, se
for o caso;
II - período superior a 33 (trinta e três) dias:
a) unidade consumidora faturada na estrutura tarifária convencional: utilizar o mesmo critério descrito no inciso anterior
para os primeiros 30 (trinta) dias e, para o período excedente, proporcionalizar a demanda contratada, conforme a fórmula indicada a
seguir:

DC × TD × P
FD pr = DF × TD +
30
onde:

FDpr = Faturamento proporcional da demanda;


DF = Demanda Faturável;
TD = Tarifa de Demanda;
DC = Demanda Contratada;
P = Período excedente a 30 (trinta) dias;

b) unidade consumidora faturada na estrutura tarifária horo-sazonal: utilizar a demanda faturável verificada no período
inicial de 30 (trinta) dias e, para o período excedente, proporcionalizar a demanda faturável verificada nesse período, com aplicação da
tarifa de ultrapassagem em ambos os períodos, se for o caso, conforme fórmula indicada a seguir:

DF2 × TD × P
FD pr = DF1 × TD +
30

onde:

FDpr = Faturamento proporcional da demanda;


DF1 = Demanda Faturável no período inicial;
TD = Tarifa de Demanda;
DF2 = Demanda Faturável no período excedente;
P = Período excedente a 30 (trinta) dias.

Art. 43. A concessionária poderá realizar a leitura em intervalos de até 12 (doze) ciclos consecutivos, para unidades
consumidoras do Grupo “B” localizadas em área rural, desde que haja concordância do consumidor e que sejam disponibilizados os
procedimentos necessários com vistas a efetivação da autoleitura.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 321


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Parágrafo único. A concessionária deverá realizar a leitura no terceiro ciclo, sempre que o consumidor não efetuar a
autoleitura por 2 (dois) ciclos consecutivos.

Art. 44. Ocorrendo reajuste tarifário durante o período de fornecimento, será aplicada, ao faturamento desse período, a
tarifa proporcional calculada pela seguinte fórmula:
n

∑T ×P i i
TP = i =1
n

∑Pi =1
i

onde:

TP = Tarifa Proporcional a ser aplicada ao faturamento do período;


Ti = Tarifa em vigor durante o período “i” de fornecimento;
Pi = Número de dias em que esteve em vigor a tarifa “i” de fornecimento.
n

∑P
i =1
i = número de dias de efetivo fornecimento, decorrido entre 2 (duas) datas consecutivas de leitura, observado o

calendário referido no art. 39 e, quando for o caso, as disposições constantes dos arts. 40 e 41.

Art. 45. No caso de unidades consumidoras classificadas como Residencial Baixa Renda, o faturamento deverá ser
realizado respeitando os seguintes procedimentos:

I - identificar a energia consumida no intervalo entre a leitura considerada para faturamento no mês anterior e a leitura
realizada no mês atual;
II - calcular o consumo médio diário;
III - calcular o consumo a ser faturado considerando o número de dias do mês anterior ao do faturamento em curso; e
IV - ajustar a leitura atual com base no consumo faturado.

Parágrafo único. Nos casos de faturamento inicial ou remanejamento de rota, com períodos superiores a 31 (trinta e
um) dias, o faturamento da parcela de consumo excedente ao limite de caracterização da unidade consumidora Residencial Baixa
Renda deverá ser efetuado de forma proporcionalizada de acordo com a seguinte fórmula:

3
CA e
FBR e = × ∑ B i × Ti
LBR i =1
onde:

FBRe = Faturamento do consumo de energia elétrica ativa excedente de unidade consumidora Residencial Baixa
Renda;
CAe = Consumo de energia elétrica ativa excedente ao LBR;
LBR = Limite de consumo característico da unidade consumidora Residencial Baixa Renda autorizado para a
concessionária;
Bi = Blocos de consumos faturáveis, variando da seguinte forma:
B1 = Bloco inicial correspondente a 30 kWh;
B2 = Bloco intermediário, correspondente a 70 kWh;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 322


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B3 = Bloco final correspondente à diferença entre o limite de consumo característico da unidade consumidora
Residencial Baixa Renda (LBR) e 100 kWh;
Ti = Tarifa de energia elétrica ativa referente ao Bloco “i”, com o respectivo imposto.

Art. 46. A realização da leitura e/ou do faturamento em intervalo diferente dos estabelecidos nos arts. 40 e 41,
dependerá de autorização prévia da ANEEL, excetuado quando houver concordância por escrito do consumidor.

Art. 47. O faturamento de unidade consumidora do Grupo “B” será realizado com base no consumo de energia elétrica
ativa, e, quando aplicável, no consumo de energia elétrica reativa excedente, devendo, em ambos os casos, ser observada as
disposições específicas estabelecidas nesta Resolução.

Art. 48. Os valores mínimos faturáveis, referentes ao custo de disponibilidade do sistema elétrico, aplicáveis ao
faturamento mensal de unidades consumidoras do Grupo “B”, serão os seguintes:

I - monofásico e bifásico a 2 (dois) condutores: valor em moeda corrente equivalente a 30 kWh;


II - bifásico a 3 (três) condutores: valor em moeda corrente equivalente a 50 kWh;
III - trifásico: valor em moeda corrente equivalente a 100 kWh.

§ 1º Os valores mínimos serão aplicados sempre que o consumo medido ou estimado for inferior aos referidos neste
artigo, bem como nos casos previstos nos arts. 32, 57, 70 e 71.

§ 2º Constatado, no ciclo de faturamento, consumo medido ou estimado inferior aos fixados neste artigo, a diferença
resultante não será objeto de futura compensação.

Art. 49. O faturamento de unidade consumidora do Grupo “A”, observados, no fornecimento com tarifas horo-sazonais,
os respectivos segmentos, será realizado com base nos valores identificados por meio dos critérios descritos a seguir:

I - demanda de potência ativa: um único valor, correspondente ao maior dentre os a seguir definidos:
a) a demanda contratada, exclusive no caso de unidade consumidora rural ou sazonal faturada na estrutura tarifária
convencional;
b) a demanda medida; ou
c) 10% (dez por cento) da maior demanda medida, em qualquer dos 11 (onze) ciclos completos de faturamento
anteriores, quando se tratar de unidade consumidora rural ou sazonal faturada na estrutura tarifária convencional.
II - consumo de energia elétrica ativa: um único valor, correspondente ao maior dentre os a seguir definidos:
a) energia elétrica ativa contratada, se houver; ou
b) energia elétrica ativa medida no período de faturamento.
III - consumo de energia elétrica e demanda de potência reativas excedentes: quando o fator de potência da unidade
consumidora, indutivo ou capacitivo, for inferior a 0,92 (noventa e dois centésimos), nos termos dos arts. 64 a 69.

Parágrafo único. Para fins de faturamento, na impossibilidade de avaliação do consumo na ponta e fora de ponta, esta
segmentação será efetuada proporcionalmente ao número de horas de cada segmento.

Art. 50. A Tarifa Azul será aplicada considerando a seguinte estrutura tarifária:

I - demanda de potência (kW):


a) um preço para horário de ponta (P); e
b) um preço para horário fora de ponta (F).
II - consumo de energia (kWh):

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 323


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a) um preço para horário de ponta em período úmido (PU);


b) um preço para horário fora de ponta em período úmido (FU);
c) um preço para horário de ponta em período seco (PS); e
d) um preço para horário fora de ponta em período seco (FS).

Art. 51. A Tarifa Verde será aplicada considerando a seguinte estrutura tarifária:

I - demanda de potência (kW): um preço único.


II - consumo de energia (kWh):
a) um preço para horário de ponta em período úmido (PU);
b) um preço para horário fora de ponta em período úmido (FU);
c) um preço para horário de ponta em período seco (PS); e
d) um preço para horário fora de ponta em período seco (FS)

Art. 52. A ANEEL poderá autorizar, mediante fundamentada justificativa técnica da concessionária, a adoção de
horários de ponta ou de fora de ponta e de períodos úmidos ou secos diferentes daqueles estabelecidos no inciso XVII, art. 2º, em
decorrência das características operacionais do subsistema elétrico de distribuição ou da necessidade de estimular o consumidor a
modificar o perfil de consumo e/ou demanda da unidade consumidora.

Art. 53. Os critérios de inclusão na estrutura tarifária convencional ou horo-sazonal aplicam-se às unidades
consumidoras do Grupo “A”, conforme as condições a seguir estabelecidas:

I - na estrutura tarifária convencional: para as unidades consumidoras atendidas em tensão de fornecimento inferior a
69 kV, sempre que for contratada demanda inferior a 300 kW e não tenha havido opção pela estrutura tarifária horo-sazonal nos termos
do inciso IV;
II - compulsoriamente na estrutura tarifária horo-sazonal, com aplicação da Tarifa Azul: para as unidades consumidoras
atendidas pelo sistema elétrico interligado e com tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV;
III - compulsoriamente na estrutura tarifária horo-sazonal, com aplicação da Tarifa Azul, ou Verde se houver opção do
consumidor: para as unidades consumidoras atendidas pelo sistema elétrico interligado e com tensão de fornecimento inferior a 69 kV,
quando:
a) a demanda contratada for igual ou superior a 300 kW em qualquer segmento horo-sazonal; ou,
b) a unidade consumidora faturada na estrutura tarifária convencional houver apresentado, nos últimos 11 (onze) ciclos
de faturamento, 3 (três) registros consecutivos ou 6 (seis) alternados de demandas medidas iguais ou superiores a 300 kW; e
IV - opcionalmente na estrutura tarifária horo-sazonal, com aplicação da Tarifa Azul ou Verde, conforme opção do
consumidor: para as unidades consumidoras atendidas pelo sistema elétrico interligado e com tensão de fornecimento inferior a 69 kV,
sempre que a demanda contratada for inferior a 300 kW.

Parágrafo único. O consumidor poderá optar pelo retorno à estrutura tarifária convencional, desde que seja verificado,
nos últimos 11 (onze) ciclos de faturamento, a ocorrência de 9 (nove) registros, consecutivos ou alternados, de demandas medidas
inferiores a 300 kW.

Art. 54. Verificada a ocorrência dos registros referidos na alínea “b”, inciso III, art. 53, a concessionária iniciará a
aplicação da tarifa horo-sazonal, no prazo de 3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento, devendo comunicar este
procedimento ao consumidor, por escrito, no prazo de 30 (trinta) dias após a constatação dos registros.

Art. 55. Com o propósito de permitir o ajuste da demanda a ser contratada, a concessionária deverá oferecer ao
consumidor o período de testes, com duração mínima de 3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento, durante o qual será
faturável a demanda medida, observados os respectivos segmentos horo-sazonais, quando for o caso.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 324


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Parágrafo único. A concessionária poderá dilatar o período de testes mediante solicitação fundamentada do
consumidor.

Art. 56. Sobre a parcela da demanda medida, que superar a respectiva demanda contratada, será aplicada a tarifa de
ultrapassagem, caso aquela parcela seja superior aos limites mínimos de tolerância a seguir fixados:

I - 5% (cinco por cento) para unidade consumidora atendida em tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV; e
II - 10% (dez por cento) para unidade consumidora atendida em tensão de fornecimento inferior a 69 kV.

o
§ 1 A tarifa de ultrapassagem aplicável a unidade consumidora faturada na estrutura tarifária convencional, será
correspondente a 3 (três) vezes o valor da tarifa normal de fornecimento.

o
§ 2 O procedimento descrito neste artigo deverá ser aplicado sem prejuízo do disposto no art. 31, que trata do
aumento de carga.

o
§ 3 Quando inexistir o contrato por motivo atribuível exclusivamente ao consumidor e o fornecimento não estiver sendo
efetuado no período de testes, a concessionária aplicará a tarifa de ultrapassagem sobre a totalidade da demanda medida.

Art. 57. Em caso de retirada do medidor, por período de até 30 (trinta) dias, para fins de aferição ou por motivo de
deficiência atribuível à concessionária, o faturamento relativo a esse período será efetuado com base na média aritmética dos 3 (três)
últimos faturamentos.

§ 1º Nos casos em que a unidade consumidora permanecer por mais de 30 (trinta) dias sem o equipamento de
medição, por qualquer motivo de responsabilidade exclusiva da concessionária, o faturamento deverá ser efetuado com base nos
respectivos valores mínimos faturáveis fixados no art. 48 ou no valor da demanda contratada.

§ 2º Não será aplicada a cobrança de consumo de energia elétrica e demanda de potência reativas excedentes nos
faturamentos efetuados de acordo com o previsto no parágrafo anterior.

o
§ 3 Tratando-se de unidade consumidora rural, sazonal ou localizada em área de veraneio ou turismo, a
concessionária deverá efetuar o faturamento determinando os consumos de energia elétrica e as demandas de potência, se houver,
com base em período anterior de características equivalentes.

Art. 58. No caso de que trata o art. 35, se não forem instalados os equipamentos destinados à medição das perdas de
transformação, deverão ser feitos os seguintes acréscimos aos valores medidos de demandas de potência e consumos de energia
elétrica ativas e reativas excedentes, como compensação de perdas:

I - 1% (um por cento) nos fornecimentos em tensão superior a 44 kV; e


II - 2,5% (dois e meio por cento) nos fornecimentos em tensão igual ou inferior a 44 kV.

Art. 59. Nos casos em que não existe a obrigatoriedade de instalação de equipamentos de medição, indicados nos
incisos I a III, art. 32, os valores de consumo de energia elétrica e/ou de demanda de potência ativas serão estimados, para fins de
faturamento, com base no período de utilização e na carga instalada, aplicando fatores de carga e de demanda obtidos a partir de
outras unidades consumidoras com atividades similares.

Art. 60. Para fins de faturamento de energia elétrica destinada à iluminação pública ou iluminação de vias internas de
condomínios fechados, será de 360 (trezentos e sessenta) o número de horas a ser considerado como tempo de consumo mensal,
ressalvado o caso de logradouros públicos que necessitem de iluminação permanente, em que o tempo será de 720 (setecentos e
vinte) horas.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 325


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Parágrafo único. A concessionária deverá ajustar com o consumidor o número de horas mensais para fins de
faturamento quando, por meio de estudos realizados pelas partes, for constatado um número de horas diferente do estabelecido neste
artigo.

Art. 61. No caso de unidade consumidora classificada como iluminação pública, a concessionária só poderá incluir no
faturamento a perda própria dos equipamentos auxiliares, quando a propriedade do sistema respectivo for do Poder Público.

Parágrafo único. O cálculo da energia consumida pelos equipamentos auxiliares de iluminação pública deverá ser
fixado com base em critérios das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em dados do fabricante dos
equipamentos ou em ensaios realizados em laboratórios credenciados, devendo as condições pactuadas constarem do contrato.

Art. 62. Caso sejam instalados equipamentos automáticos de controle de carga, que reduzam o consumo de energia
elétrica do sistema de iluminação pública, a concessionária deverá proceder a revisão da estimativa de consumo e considerar a
redução proporcionada por tais equipamentos.

DA SAZONALIDADE

Art. 63. A sazonalidade será reconhecida pela concessionária, para fins de faturamento, mediante solicitação do
consumidor e se constatada a ocorrência dos seguintes requisitos:

I - a energia elétrica se destinar à atividade que utilize matéria-prima advinda diretamente da agricultura, pecuária,
pesca, ou, ainda, para fins de extração de sal ou de calcário, este destinado à agricultura; e
II - for verificado, nos 12 (doze) ciclos completos de faturamento anteriores ao da análise, valor igual ou inferior a 20%
(vinte por cento) para a relação entre a soma dos 4 (quatro) menores e a soma dos 4 (quatro) maiores consumos de energia elétrica
ativa.

§ 1º Na falta de dados para a análise da mencionada relação, a sazonalidade poderá ser reconhecida provisoriamente,
mediante acordo formal, até que se disponha de valores referentes a um período de 12 (doze) ciclos consecutivos de faturamento,
após o que, não atendidas as condições para o reconhecimento da sazonalidade, o consumidor deverá efetuar o pagamento da
diferença das demandas de potência ativa devidas.

§ 2º A cada 12 (doze) ciclos consecutivos de faturamento, a partir do mês em que for reconhecida a sazonalidade, a
concessionária deverá verificar se permanecem as condições requeridas para a mesma, devendo, em caso contrário, não mais
considerar a unidade consumidora como sazonal.

§ 3º Deverá decorrer, no mínimo, outros 12 (doze) ciclos consecutivos de faturamento entre a suspensão e a nova
análise quanto a um novo reconhecimento de sazonalidade.

DO FATURAMENTO DE ENERGIA E DEMANDA REATIVAS

Art. 64. O fator de potência de referência “fr”, indutivo ou capacitivo, terá como limite mínimo permitido, para as
instalações elétricas das unidades consumidoras, o valor de fr = 0,92.

Art. 65. Para unidade consumidora faturada na estrutura tarifária horo-sazonal ou na estrutura tarifária convencional
com medição apropriada, o faturamento correspondente ao consumo de energia elétrica e à demanda de potência reativas excedentes,
será calculado de acordo com as seguintes fórmulas:

n ⎡
⎛ fr ⎞⎤
I- FER (p ) = ∑ ⎢CA t × ⎜⎜ − 1 ⎟⎟ ⎥ × TCA(p ) ,
t =1 ⎣ ⎝ ft ⎠⎦

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 326


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⎡ n ⎛ fr ⎞ ⎤
II - FDR (p ) = ⎢MAX⎜⎜ DA t × ⎟⎟ − DF(p )⎥ × TDA(p ) ,
t =1 ft ⎠
⎣ ⎝ ⎦

onde:

FER(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente ao consumo de energia reativa excedente à
quantidade permitida pelo fator de potência de referência “fr”, no período de faturamento;
CAt = consumo de energia ativa medida em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”, durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
ft = fator de potência da unidade consumidora, calculado em cada intervalo “t” de 1 (uma) hora, durante o período de
faturamento, observadas as definições dispostas nas alíneas “a” e “b”, § 1º, deste artigo;
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento em cada posto horário “p”;
FDR(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente à demanda de potência reativa excedente à
quantidade permitida pelo fator de potência de referência “fr” no período de faturamento;
DAt = demanda medida no intervalo de integralização de 1 (uma) hora “t”, durante o período de faturamento;
DF(p) = demanda faturável em cada posto horário “p” no período de faturamento;
TDA(p) = tarifa de demanda de potência ativa aplicável ao fornecimento em cada posto horário “p”;
MAX = função que identifica o valor máximo da fórmula, dentro dos parênteses correspondentes, em cada posto
horário “p”;
t = indica intervalo de 1 (uma) hora, no período de faturamento;
p = indica posto horário, ponta ou fora de ponta, para as tarifas horo-sazonais ou período de faturamento para a tarifa
convencional; e
n = número de intervalos de integralização “t”, por posto horário “p”, no período de faturamento.

§ 1º Nas fórmulas FER(p) e FDR(p) serão considerados:

a) durante o período de 6 horas consecutivas, compreendido, a critério da concessionária, entre 23 h e 30 min e 06h e
30 min, apenas os fatores de potência “ft” inferiores a 0,92 capacitivo, verificados em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”; e
b) durante o período diário complementar ao definido na alínea anterior, apenas os fatores de potência “ft” inferiores a
0,92 indutivo, verificados em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”.

§ 2º O período de 6 (seis) horas definido na alínea “a” do parágrafo anterior deverá ser informado pela concessionária
aos respectivos consumidores com antecedência mínima de 1 (um) ciclo completo de faturamento.

§ 3º Havendo montantes de energia elétrica estabelecidos em contrato, o faturamento correspondente ao consumo de


energia reativa, verificada por medição apropriada, que exceder às quantidades permitidas pelo fator de potência de referência “fr”,
será calculado de acordo com a seguinte fórmula:

⎡⎛ n CA t × fr ⎞ ⎤
FER (p ) = ⎢⎜⎜ ∑ ⎟⎟ − CF(p )⎥ × TCA(p ) ,
⎣⎝ t = 1 ft ⎠ ⎦

onde:

FER(p) = valor do faturamento, por posto horário “p”, correspondente ao consumo de energia reativa excedente à
quantidade permitida pelo fator de potência de referência “fr”, no período de faturamento;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 327


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CAt = consumo de energia ativa medida em cada intervalo de 1 (uma) hora “t”, durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
ft = fator de potência da unidade consumidora, calculado em cada intervalo “t” de 1 (uma) hora, durante o período de
faturamento, observadas as definições dispostas nas alíneas “a” e “b”, § 1º, deste artigo;
CF(p) = consumo de energia elétrica ativa faturável em cada posto horário “p” no período de faturamento; e
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento em cada posto horário “p”.

Art. 66. Para unidade consumidora faturada na estrutura tarifária convencional, enquanto não forem instalados
equipamentos de medição que permitam a aplicação das fórmulas fixadas no art. 65, a concessionária poderá realizar o faturamento
de energia e demanda de potência reativas excedentes utilizando as seguintes fórmulas:

⎛ fr ⎞
I- FER = CA × ⎜ − 1 ⎟ × TCA ,
⎝ fm ⎠
⎛ fr ⎞
II - FDR = ⎜ DM × − DF ⎟ × TDA ,
⎝ fm ⎠
onde:

FER = valor do faturamento total correspondente ao consumo de energia reativa excedente à quantidade permitida
pelo fator de potência de referência, no período de faturamento;
CA = consumo de energia ativa medida durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
fm = fator de potência indutivo médio das instalações elétricas da unidade consumidora, calculado para o período de
faturamento;
TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento;
FDR = valor do faturamento total correspondente à demanda de potência reativa excedente à quantidade permitida
pelo fator de potência de referência, no período de faturamento;
DM = demanda medida durante o período de faturamento;
DF = demanda faturável no período de faturamento; e
TDA = tarifa de demanda de potência ativa aplicável ao fornecimento.

Parágrafo único. Havendo montantes de energia elétrica estabelecidos em contrato, o faturamento correspondente ao
consumo de energia reativa, verificada por medição apropriada, que exceder às quantidades permitidas pelo fator de potência de
referência “fr”, será calculado de acordo com a seguinte fórmula:

⎛ fr ⎞
FER = ⎜ CA × − CF ⎟ × TCA ,
⎝ fm ⎠

onde,

FER = valor do faturamento total correspondente ao consumo de energia reativa excedente à quantidade permitida
pelo fator de potência de referência, no período de faturamento;
CA = consumo de energia ativa medida durante o período de faturamento;
fr = fator de potência de referência igual a 0,92;
fm = fator de potência indutivo médio das instalações elétricas da unidade consumidora, calculado para o período de
faturamento;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 328


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CF = consumo de energia elétrica ativa faturável no período de faturamento; e


TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao fornecimento.

Art. 67. Para fins de faturamento de energia e demanda de potência reativas excedentes serão considerados somente
os valores ou parcelas positivas das mesmas.

Parágrafo único. Nos faturamentos relativos a demanda de potência reativa excedente não serão aplicadas as tarifas
de ultrapassagem.

Art. 68. Para unidade consumidora do Grupo “B”, cujo fator de potência tenha sido verificado por meio de medição
transitória nos termos do inciso II, art. 34, o faturamento correspondente ao consumo de energia elétrica reativa indutiva excedente só
poderá ser realizado de acordo com os seguintes procedimentos:

I - a concessionária deverá informar ao consumidor, via correspondência específica, o valor do fator de potência
encontrado, o prazo para a respectiva correção, a possibilidade de faturamento relativo ao consumo excedente, bem como outras
orientações julgadas convenientes;
II - a partir do recebimento da correspondência, o consumidor disporá do prazo mínimo de 90 (noventa) dias para
providenciar a correção do fator de potência e comunicar à concessionária;
III - findo o prazo e não adotadas as providências, o fator de potência verificado poderá ser utilizado nos faturamentos
posteriores até que o consumidor comunique a correção do mesmo; e
IV - a partir do recebimento da comunicação do consumidor, a concessionária terá o prazo de 15 (quinze) dias para
constatar a correção e suspender o faturamento relativo ao consumo excedente.

Art. 69. A concessionária deverá conceder um período de ajustes, com duração mínima de 3 (três) ciclos consecutivos
e completos de faturamento, objetivando permitir a adequação das instalações elétricas da unidade consumidora, durante o qual o
faturamento será realizado com base no valor médio do fator de potência, conforme disposto no art. 66, quando ocorrer:

I - pedido de fornecimento novo passível de inclusão na estrutura tarifária horo-sazonal;


II - inclusão compulsória na estrutura tarifária horo-sazonal, conforme disposto no inciso III, art. 53; ou
III - solicitação de inclusão na estrutura tarifária horo-sazonal decorrente de opção de faturamento ou mudança de
Grupo tarifário.

§ 1º A concessionária poderá dilatar o período de ajustes mediante solicitação fundamentada do consumidor.

§ 2º Durante o período de ajustes referido neste artigo, a concessionária informará ao consumidor os valores dos
faturamentos que seriam efetivados e correspondentes ao consumo de energia elétrica e a demanda de potência reativas excedentes
calculados nos termos do art. 65.

DAS COMPENSAÇÕES DO FATURAMENTO

Art. 70. Ocorrendo impedimento ao acesso para leitura do medidor, os valores faturáveis de consumo de energia
elétrica ativa, de energia elétrica e de demanda de potência reativas excedentes, serão as respectivas médias aritméticas dos 3 (três)
últimos faturamentos, e para a demanda, deverá ser utilizado o valor da demanda contratada.

§ 1º Este procedimento somente poderá ser aplicado por 3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento,
devendo a concessionária comunicar ao consumidor, por escrito, a necessidade de o mesmo desimpedir o acesso aos equipamentos
de medição.

§ 2º O acerto de faturamento, referente ao período em que a leitura não foi efetuada, deverá ser realizado no segundo
ou no terceiro ciclo consecutivo, conforme o caso, devendo as parcelas referentes às demandas ativa e reativa serem objeto de ajuste
quando o equipamento de medição permitir registro para a sua quantificação.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 329


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§ 3º Após o terceiro ciclo consecutivo e enquanto perdurar o impedimento, o faturamento deverá ser efetuado com
base nos valores mínimos faturáveis referidos no art. 48 ou no valor da demanda contratada, sem possibilidade de futura compensação
quando se verificar diferença positiva entre o valor medido e o faturado.

§ 4º Tratando-se de unidade consumidora rural, sazonal ou localizada em área de veraneio ou turismo, serão aplicados
o
os procedimentos estabelecidos no § 3 , art. 57.

Art. 71. Comprovada deficiência no medidor ou demais equipamentos de medição e na impossibilidade de determinar
os montantes faturáveis por meio de avaliação técnica adequada, a concessionária adotará, como valores faturáveis de consumo de
energia elétrica e de demanda de potência ativas, de energia elétrica e de demanda de potência reativas excedentes, as respectivas
médias aritméticas dos 3 (três) últimos faturamentos.

o
§ 1 O período máximo, para fins de cobrança, não poderá ultrapassar a 1 (um) ciclo de faturamento, incluído a data da
constatação, salvo se a deficiência decorrer de ação comprovadamente atribuível ao consumidor.

o
§ 2 A partir do segundo ciclo posterior à data da constatação da deficiência, enquanto for mantido o medidor
defeituoso em operação na unidade consumidora, o faturamento será efetuado pelos valores mínimos faturáveis referidos no art. 48 ou
no valor da demanda contratada.

§ 3º Se a deficiência tiver sido provocada por aumento de carga à revelia da concessionária serão considerados, no
cálculo dos valores faturáveis, a parcela adicional da carga instalada, os fatores de carga e de demanda médios anteriores ou, na
ausência destes, aqueles obtidos a partir de outras unidades consumidoras com atividades similares.

o
§ 4 Em caso de falta ou imprecisão de dados para os cálculos poderá ser adotado como base o primeiro ciclo de
faturamento posterior à instalação do novo equipamento de medição.

o
§ 5 Tratando-se de unidade consumidora rural, sazonal ou localizada em área de veraneio ou turismo, serão aplicados
o
os procedimentos estabelecidos no § 3 , art. 57.

Art. 72. Constatada a ocorrência de qualquer procedimento irregular cuja responsabilidade não lhe seja atribuível e que
tenha provocado faturamento inferior ao correto, ou no caso de não ter havido qualquer faturamento, a concessionária adotará as
seguintes providências:

I - emitir o “Termo de Ocorrência de Irregularidade”, em formulário próprio, contemplando as informações necessárias


ao registro da irregularidade, tais como:
a) identificação completa do consumidor;
b) endereço da unidade consumidora;
c) código de identificação da unidade consumidora;
d) atividade desenvolvida;
e) tipo e tensão de fornecimento;
f) tipo de medição;
g) identificação e leitura(s) do(s) medidor(es) e demais equipamentos auxiliares de medição;
h) selos e/ou lacres encontrados e deixados;
i) descrição detalhada do tipo de irregularidade;
j) relação da carga instalada;
l) identificação e assinatura do inspetor da concessionária; e
m) outras informações julgadas necessárias;
II - solicitar os serviços de perícia técnica do órgão competente vinculado à segurança pública e/ou do órgão
metrológico oficial, este quando se fizer necessária a verificação do medidor e/ou demais equipamentos de medição;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 330


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III - implementar outros procedimentos necessários à fiel caracterização da irregularidade;


IV - proceder a revisão do faturamento com base nas diferenças entre os valores efetivamente faturados e os apurados
por meio de um dos critérios descritos nas alíneas abaixo, sem prejuízo do disposto nos arts. 73, 74 e 90:
a) aplicação do fator de correção determinado a partir da avaliação técnica do erro de medição causado pelo emprego
dos procedimentos irregulares apurados;
b) na impossibilidade do emprego do critério anterior, identificação do maior valor de consumo de energia elétrica e/ou
demanda de potência ativas e reativas excedentes, ocorridos em até 12 (doze) ciclos completos de medição normal imediatamente
anteriores ao início da irregularidade; e
c) no caso de inviabilidade de utilização de ambos os critérios, determinação dos consumos de energia elétrica e/ou
das demandas de potência ativas e reativas excedentes por meio de estimativa, com base na carga instalada no momento da
constatação da irregularidade, aplicando fatores de carga e de demanda obtidos a partir de outras unidades consumidoras com
atividades similares.

§ 1º Se a unidade consumidora tiver característica de consumo sazonal e a irregularidade não distorceu esta
característica, a utilização dos critérios de apuração dos valores básicos para efeito de revisão do faturamento deverá levar em
consideração os aspectos da sazonalidade.

§ 2º Comprovado, pela concessionária ou consumidor, na forma do art. 78 e seus parágrafos, que o início da
irregularidade ocorreu em período não atribuível ao atual responsável, a este somente serão faturadas as diferenças apuradas no
período sob responsabilidade do mesmo, sem aplicação do disposto nos arts. 73, 74 e 90, exceto nos casos de sucessão comercial.

§ 3º Cópia do termo referido no inciso I deverá ser entregue ao consumidor no ato da sua emissão, preferencialmente
mediante recibo do mesmo, ou, enviada pelo serviço postal com aviso de recebimento (AR).

§ 4º No caso referido no inciso II, quando não for possível a verificação no local da unidade consumidora, a
concessionária deverá acondicionar o medidor e/ou demais equipamentos de medição em invólucro específico, a ser lacrado no ato da
retirada, e encaminhar ao órgão responsável pela perícia.

Art. 73. Nos casos de revisão do faturamento, motivada por uma das hipóteses previstas no artigo anterior, a
concessionária poderá cobrar o custo administrativo adicional correspondente a, no máximo, 30 % (trinta por cento) do valor líquido da
fatura relativa à diferença entre os valores apurados e os efetivamente faturados.

Parágrafo único. Sem prejuízo da suspensão do fornecimento prevista no art. 90, o procedimento referido neste artigo
não poderá ser aplicado sobre os faturamentos posteriores à data da constatação da irregularidade, excetuado na hipótese de auto-
religação descrita no inciso II, art. 74.

Art. 74. Nos casos de irregularidades referidas no art. 72, se, após a suspensão do fornecimento, houver auto-religação
à revelia da concessionária, poderão ser adotados os seguintes procedimentos:

I - auto-religação com eliminação da irregularidade e sem o pagamento das diferenças: cobrar o maior valor dentre os a
seguir fixados:
a) valor equivalente ao serviço de religação de urgência; ou
b) 20 % (vinte por cento) do valor líquido da primeira fatura emitida após a constatação da auto-religação.
II - auto-religação sem eliminação da irregularidade e sem o pagamento das diferenças: além do disposto no inciso
anterior, cobrar o custo administrativo adicional correspondente a, no máximo, 30 % (trinta por cento) do valor líquido da primeira
fatura, emitida após a constatação da auto-religação, devidamente revisada nos termos do inciso IV, art. 72.

Art. 75. Para fins de revisão do faturamento nos casos de deficiência em medidor, decorrente de aumento de carga à
revelia e/ou procedimentos irregulares de que tratam o § 3o, art. 71, e art. 72, o período de duração da irregularidade deverá ser
determinado tecnicamente ou pela análise do histórico dos consumos de energia elétrica e/ou demandas de potência.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 331


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o
§ 1 No caso de deficiência em medidor, decorrente de aumento de carga à revelia, não tendo a concessionária obtido
êxito por meio dos critérios citados no “caput” deste artigo, o período máximo não poderá ultrapassar a 1 (um) ciclo de faturamento,
incluindo a data da constatação da irregularidade.

o
§ 2 No caso de procedimentos irregulares, não sendo possível à concessionária a identificação do período de duração
e, conseqüentemente, a apuração das diferenças não faturadas, caberá a mesma solicitar à autoridade competente a determinação da
materialidade e da autoria da irregularidade, nos termos da legislação aplicável.

Art. 76. Caso a concessionária tenha faturado valores incorretos ou não efetuado qualquer faturamento, por motivo de
sua responsabilidade, deverá observar os seguintes procedimentos:

I - faturamento a menor ou ausência de faturamento: não poderá efetuar cobrança complementar;


II - faturamento a maior: providenciar a devolução ao consumidor das quantias recebidas indevidamente,
correspondentes ao período faturado incorretamente, limitado ao prazo de prescrição de 5 (cinco) anos estabelecido no art. 27 da Lei
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990; e
III - a devolução deverá ser efetuada em moeda corrente até o primeiro faturamento posterior à constatação da
cobrança a maior, ou, por opção do consumidor, por meio de compensação nas faturas subseqüentes.

Art. 77. Para o cálculo das diferenças a cobrar ou a devolver, as tarifas deverão ser aplicadas de acordo com os
seguintes critérios:

I - quando houver diferença a cobrar: tarifas em vigor nos últimos 30 (trinta) dias anteriores à data da constatação,
aplicadas, de forma proporcional, ao período de vigência de cada tarifa, ressalvado o disposto no inciso III deste artigo;
II - quando houver diferença a devolver: tarifas em vigor nos últimos 30 (trinta) dias anteriores à data da devolução,
aplicadas, de forma proporcional, ao período de vigência de cada tarifa;
III - nos casos previstos no art. 72, quando houver diferença a cobrar: tarifas em vigor na data da apresentação da
fatura; e
IV - no caso de unidade consumidora Residencial Baixa Renda, a diferença a cobrar ou a devolver deve ser apurada
mês a mês e o faturamento efetuado adicionalmente ou subtrativamente aos já realizados mensalmente, no período considerado,
levando em conta a tarifa relativa a cada bloco complementar.

Art. 78. Nos casos em que houver diferença a cobrar ou a devolver, a concessionária deverá informar ao consumidor,
por escrito, quanto:

I - a irregularidade constatada;
II - a memória descritiva dos cálculos do valor apurado, referente às diferenças de consumos de energia elétrica e/ou
de demandas de potência ativas e reativas excedentes, inclusive os fatores de carga e de demanda típicos quando aplicáveis os
critérios referidos no § 3º, art. 71, e na alínea “c”, inciso IV, art. 72;
III - os elementos de apuração da irregularidade;
IV - os critérios adotados na revisão dos faturamentos;
V - o direito de recurso previsto nos §§ 1º e 3º deste artigo; e
VI - a tarifa utilizada.

§ 1º Caso haja discordância em relação à cobrança ou respectivos valores, o consumidor poderá apresentar recurso
junto a concessionária, no prazo de 10 (dez) dias a partir da comunicação.

§ 2º A concessionária deliberará no prazo de 10 (dez) dias, contados do recebimento do recurso, o qual, se indeferido,
deverá ser comunicado ao consumidor, por escrito, juntamente com a respectiva fatura, quando pertinente, a qual deverá referir-se
exclusivamente ao ajuste do faturamento, com vencimento previsto para 3 (três) dias úteis.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 332


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§ 3º Da decisão da concessionária caberá recurso à Agência Reguladora Estadual ou do Distrito Federal, conforme o
caso, ou, na ausência daquela, à ANEEL, no prazo de 10 (dez) dias, que deliberará sobre os efeitos do pedido.

o
§ 4 Constatado o descumprimento dos procedimentos estabelecidos neste artigo ou, ainda, a improcedência ou
incorreção do faturamento, a concessionária providenciará a devolução do indébito por valor igual ao dobro do que foi pago em
excesso, salvo hipótese de engano justificável.

DA MUDANÇA DE GRUPO TARIFÁRIO

Art. 79. Com relação à unidade consumidora do Grupo “A”, localizada em área de veraneio ou turismo, em que sejam
explorados serviços de hotelaria ou pousada, o consumidor poderá optar por faturamento com aplicação da tarifa do Grupo “B”
correspondente à respectiva classe, independentemente da carga instalada.

Parágrafo único. Para efeito desta Resolução, área de veraneio ou turismo será aquela oficialmente reconhecida como
estância balneária, climática ou turística.

Art. 80. Quanto à unidade consumidora do Grupo “A”, cuja potência instalada em transformadores for igual ou inferior a
112,5 kVA, o consumidor poderá optar por faturamento com aplicação da tarifa do Grupo “B” correspondente à respectiva classe.

Parágrafo único. Com referência à unidade consumidora classificada como cooperativa de eletrificação rural poderá ser
exercida a opção de que trata este artigo, quando a potência instalada em transformadores for igual ou inferior a 750 kVA.

Art. 81. Relativamente à unidade consumidora do Grupo “A”, com instalações permanentes para a prática de atividades
esportivas ou parques de exposições agropecuárias, o consumidor poderá optar por faturamento com aplicação da tarifa do Grupo “B”
correspondente à respectiva classe, desde que a potência instalada em projetores utilizados na iluminação dos locais seja igual ou
superior a 2/3 (dois terços) da carga instalada na unidade consumidora.
Art. 82. Relativamente à unidade consumidora localizada em área servida por sistema subterrâneo ou prevista para ser
atendida pelo referido sistema, de acordo com o programa de obras da concessionária, o consumidor poderá optar por faturamento
com aplicação das tarifas do Subgrupo “AS”, desde que o fornecimento seja feito em tensão secundária de distribuição e possa ser
atendido um dos seguintes requisitos:

I - verificação de consumo de energia elétrica ativa mensal igual ou superior a 30 MWh em, no mínimo, 3 (três) ciclos
completos e consecutivos nos 6 (seis) meses anteriores à opção; ou
II - celebração de contrato de fornecimento fixando demanda contratada igual ou superior a 150 kW.

DA FATURA E SEU PAGAMENTO

Art. 83. A fatura de energia elétrica deverá conter as seguintes informações:

I - obrigatoriamente:
a) nome do consumidor;
b) número de inscrição no CNPJ ou CPF quando houver;
c) código de identificação;
d) classificação da unidade consumidora;
e) endereço da unidade consumidora;
f) número dos medidores de energia elétrica ativa e reativa e respectiva constante de multiplicação da medição;
g) data das leituras anterior e atual dos medidores, bem como da próxima leitura prevista;
h) data de apresentação e de vencimento;
i) componentes relativas aos produtos e serviços prestados, discriminando as tarifas aplicadas;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 333


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j) parcela referente a impostos incidentes sobre o faturamento realizado;


l) valor total a pagar;
m) aviso de que informações sobre as condições gerais de fornecimento, tarifas, produtos, serviços prestados e
impostos se encontram à disposição dos consumidores, para consulta, nas agências da concessionária;
n) indicadores referentes à qualidade do fornecimento, de acordo com a norma específica;
o) número de telefone da Central de Teleatendimento e/ou outros meios de acesso à concessionária para solicitações
e/ou reclamações;
p) número de telefone da Central de Teleatendimento da Agência Reguladora Estadual conveniada com a ANEEL,
quando houver; e
q) número 0800 61 2010 da Central de Teleatendimento da ANEEL.
II - quando pertinente:
a) multa por atraso de pagamento e outros acréscimos moratórios individualmente discriminados;
b) parcela referente ao pagamento (créditos) de juros do empréstimo compulsório/ ELETROBRÁS;
c) indicação do respectivo desconto sobre o valor da tarifa, em moeda corrente;
d) indicação de fatura vencida, apontando no mínimo o mês/ referência e valor em reais;
e) indicação de faturamento realizado com base na média aritmética nos termos dos arts. 57, 70 e 71 e o motivo da
não realização da leitura;
f) percentual do reajuste tarifário, o número da Resolução que o autorizou e a data de início de sua vigência nas faturas
em que o reajuste incidir.
Parágrafo único. Tratando-se de unidade consumidora Residencial Baixa Renda, as componentes relativas a energia
elétrica consumida deverão apresentar a tarifa referente a cada bloco de consumo.

Art. 84. Além das informações relacionadas no artigo anterior, fica facultado à concessionária incluir na fatura outras
informações julgadas pertinentes, inclusive veiculação de propagandas comerciais, desde que não interfiram nas informações
obrigatórias, vedadas, em qualquer hipótese, mensagens político-partidárias.

Parágrafo único. Fica também facultado incluir a cobrança de outros serviços, de forma discriminada, após autorização
do consumidor.

Art. 85. A entrega da fatura deverá ser efetuada até a data fixada para sua apresentação, prioritariamente no endereço
da unidade consumidora, sendo admitidas as seguintes alternativas:

I - unidade consumidora localizada na área rural: a concessionária poderá disponibilizar a fatura em local diferente,
podendo o consumidor indicar outro endereço atendido pelo serviço postal, sem a cobrança de despesas adicionais;
II - unidade consumidora localizada na área urbana: o consumidor poderá autorizar a entrega da fatura em outro
endereço, sendo permitida a cobrança de despesas adicionais; e
III - por outro meio ajustado entre o consumidor e a concessionária.

Art. 86. Os prazos mínimos para vencimento das faturas, contados da data da respectiva apresentação, ressalvados os
casos de diferenças a cobrar ou a devolver referidos no art. 78, serão os a seguir fixados:

I - 5 (cinco) dias úteis para as unidades consumidoras dos Grupos “A” e “B”, ressalvadas as mencionadas no inciso II;
II - 10 (dez) dias úteis para as unidades consumidoras classificadas como Poder Público, Iluminação Pública, Serviço
Público e Cooperativa de Eletrificação Rural;
III - no dia útil seguinte ao da apresentação da fatura nos casos de desligamento a pedido, exceto para as unidades
consumidoras a que se refere o inciso anterior.

§ 1º Na contagem dos prazos exclui-se o dia da apresentação e inclui-se o do vencimento, os quais não poderão ser
afetados por discussões entre as partes.

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§ 2º A concessionária deverá oferecer pelo menos seis datas de vencimento da fatura, para escolha do consumidor,
com intervalo mínimo de 5 (cinco) dias entre as referidas datas.

Art. 87. A eventual segunda via da fatura será emitida por solicitação do consumidor e conterá, destacadamente, a
expressão “SEGUNDA VIA”, além de, no mínimo, o nome do consumidor, número da conta, período de consumo e valor total a pagar.
Parágrafo único. Se o consumidor solicitar, a concessionária deverá informar os demais dados que constaram na
primeira via.

Art. 88. Constatada a duplicidade no pagamento de faturas, a devolução do valor pago indevidamente deverá ser
efetuada em moeda corrente até o primeiro faturamento posterior à constatação, ou, por opção do consumidor, por meio de
compensação nas faturas subsequentes.
Parágrafo único. A concessionária deverá dispor de meios que possibilitem a constatação automática da ocorrência de
pagamentos em duplicidade.

DA MULTA

Art. 89. Na hipótese de atraso no pagamento da fatura, sem prejuízo de outros procedimentos previstos na legislação
aplicável, será cobrada multa limitada ao percentual máximo de 2 % (dois por cento) sobre o valor total da fatura em atraso, cuja
cobrança não poderá incidir sobre o valor da multa eventualmente apresentada na fatura anterior.

Parágrafo único. O mesmo percentual incidirá sobre a cobrança de outros serviços prestados, exceto quando o
contrato entre o consumidor e o prestador do serviço estipular percentual menor.

DA SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO

Art. 90. A concessionária poderá suspender o fornecimento, de imediato, quando verificar a ocorrência de qualquer das
seguintes situações:

I - utilização de procedimentos irregulares referidos no art. 72;


II - revenda ou fornecimento de energia elétrica a terceiros sem a devida autorização federal;
III - ligação clandestina ou religação à revelia; e
IV - deficiência técnica e/ou de segurança das instalações da unidade consumidora, que ofereça risco iminente de
danos a pessoas ou bens, inclusive ao funcionamento do sistema elétrico da concessionária.

Art. 91. A concessionária poderá suspender o fornecimento, após prévia comunicação formal ao consumidor, nas
seguintes situações:

I - atraso no pagamento da fatura relativa a prestação do serviço público de energia elétrica;


II - atraso no pagamento de encargos e serviços vinculados ao fornecimento de energia elétrica, prestados mediante
autorização do consumidor;
III - atraso no pagamento dos serviços cobráveis estabelecidos no art. 109;
IV - atraso no pagamento de prejuízos causados nas instalações da concessionária, cuja responsabilidade tenha sido
imputada ao consumidor, desde que vinculados à prestação do serviço público de energia elétrica;
V - descumprimento das exigências estabelecidas nos arts. 17 e 31;
VI - o consumidor deixar de cumprir exigência estabelecida com base no disposto no parágrafo único do art. 102;
VII - quando, encerrado o prazo informado pelo consumidor para o fornecimento provisório, nos termos no art. 111, não
estiver atendido o que dispõe o art. 3º, para a ligação definitiva;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 335


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VIII - impedimento ao acesso de empregados e prepostos da concessionária para fins de leitura e inspeções
necessárias.

§ 1º A comunicação deverá ser por escrito, específica e de acordo com a antecedência mínima a seguir fixada:

a) 15 (quinze) dias para os casos previstos nos incisos I, II, III, IV e V;


b) 30 (trinta) dias para os casos previstos no inciso VI; e
c) 3 (três) dias para os casos previstos nos incisos VII e VIII.

§ 2º Constatada que a suspensão do fornecimento foi indevida a concessionária fica obrigada a efetuar a religação no
prazo máximo de até 4 (quatro) horas, sem ônus para o consumidor.

Art. 92. Para os demais casos de suspensão do fornecimento, não decorrentes de procedimentos irregulares referidos
no art. 72, havendo religação à revelia da concessionária, esta poderá cobrar, a título de custo administrativo, o equivalente ao dobro
do valor permitido para a religação de urgência, a ser incluso na primeira fatura emitida após a constatação do fato.

Art. 93. Ao efetuar a suspensão do fornecimento a concessionária deverá entregar, na unidade consumidora, aviso
discriminando o motivo gerador e, quando pertinente, informações referentes a cada uma das faturas que caracterizam a
inadimplência.

Art. 94. A suspensão do fornecimento por falta de pagamento, a consumidor que preste serviço público ou essencial à
população e cuja atividade sofra prejuízo, será comunicada por escrito, de forma específica, e com antecedência de 15 (quinze) dias,
ao Poder Público local ou ao Poder Executivo Estadual, conforme fixado em lei.

Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto no “caput” deste artigo, exemplifica-se como serviço público ou
essencial o desenvolvido nas unidades consumidoras a seguir indicadas:

I - unidade operacional do serviço público de tratamento de água e esgôtos;


II - unidade operacional de processamento de gás liqüefeito de petróleo e de combustíveis;
III - unidade operacional de distribuição de gás canalizado;
IV - unidade hospitalar;
V - unidade operacional de transporte coletivo que utilize energia elétrica;
VI - unidade operacional do serviço público de tratamento de lixo;
VII - unidade operacional do serviço público de telecomunicações; e
VIII - centro de controle público de tráfego aéreo, marítimo e rodoferroviário.

DAS RESPONSABILIDADES

Art. 95. A concessionária é responsável pela prestação de serviço adequado a todos os consumidores, satisfazendo as
condições de regularidade, generalidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, modicidade das tarifas e cortesia no
atendimento, assim como prestando informações para a defesa de interesses individuais e coletivos.

Parágrafo único. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a suspensão do fornecimento efetuada nos
termos dos arts. 90 e 91 desta Resolução, tendo em vista a prevalência do interesse da coletividade.

Art. 96. As alterações das normas e/ou padrões técnicos da concessionária deverão ser comunicadas aos
consumidores, fabricantes, distribuidores, comerciantes de materiais e equipamentos padronizados, técnicos em instalações elétricas e
demais interessados, por meio de jornal de grande circulação e de outros veículos de comunicação que permitam a adequada
divulgação e orientação.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 336


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Art. 97. A concessionária deverá comunicar ao consumidor, por escrito, no prazo de 30 (trinta) dias, sobre as
providências adotadas quanto às solicitações e reclamações recebidas do mesmo.

Parágrafo único. A concessionária deverá informar o respectivo número do protocolo de registro quando da formulação
da solicitação ou reclamação.

Art. 98. A concessionária deverá dispor de estrutura de atendimento adequada às necessidades de seu mercado,
acessível a todos os consumidores da sua área de concessão que possibilite a apresentação das solicitações e reclamações, bem
como o pagamento da fatura de energia elétrica.

§ 1º A estrutura adequada é a que, além de outros aspectos vinculados à qualidade do atendimento, possibilita ao
consumidor ser atendido em todas as suas solicitações e reclamações sem que, para tanto, tenha que se deslocar do município onde
reside.

§ 2º Nos locais em que as instituições prestadoras do serviço de arrecadação das faturas de energia elétrica não
propiciarem um atendimento adequado, a concessionária deverá implantar estrutura própria para garantir a qualidade do atendimento.

§ 3º A concessionária deverá dispensar atendimento prioritário, por meio de serviços individualizados que assegurem
tratamento diferenciado e atendimento imediato, a pessoas portadoras de deficiência física, idosos com idade igual ou superior a 65
(sessenta e cinco) anos, gestantes, lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo, nos termos da Lei n.º 10.048, de 8 de
novembro de 2000.

Art. 99. A concessionária não será responsável por danos causados a pessoas ou bens, decorrentes de defeitos nas
instalações internas da unidade consumidora, da má utilização e conservação das mesmas ou do uso inadequado da energia, ainda
que tenha procedido vistoria.

Art. 100. A concessionária deverá desenvolver, em caráter permanente e de maneira adequada, campanhas com
vistas a:

I - informar ao consumidor, em particular e ao público em geral, sobre os cuidados especiais que a energia elétrica
requer na sua utilização;
II - divulgar os direitos e deveres específicos do consumidor de energia elétrica;
III - orientar sobre a utilização racional e formas de combater o desperdício de energia elétrica; e
IV - divulgar outras orientações por determinação da ANEEL.

Art. 101. Na utilização do serviço público de energia elétrica fica assegurado ao consumidor, dentre outros, o direito de
receber o ressarcimento dos danos que, porventura, lhe sejam causados em função do serviço concedido.

Art. 102. É de responsabilidade do consumidor, após o ponto de entrega, manter a adequação técnica e a segurança
das instalações internas da unidade consumidora.

Parágrafo único. As instalações internas que vierem a ficar em desacordo com as normas e/ou padrões a que se refere
a alínea “a”, inciso I, art. 3º, e que ofereçam riscos à segurança de pessoas ou bens, deverão ser reformadas ou substituídas pelo
consumidor.

Art. 103. O consumidor será responsável pelas adaptações das instalações da unidade consumidora, necessárias ao
recebimento dos equipamentos de medição, em decorrência de mudança de Grupo tarifário ou exercício de opção de faturamento.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 337


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Art. 104. O consumidor será responsável por danos causados aos equipamentos de medição ou ao sistema elétrico da
concessionária, decorrentes de qualquer procedimento irregular ou de deficiência técnica das instalações elétricas internas da unidade
consumidora.

Art. 105. O consumidor será responsável, na qualidade de depositário a título gratuito, pela custódia dos equipamentos
de medição da concessionária quando instalados no interior da unidade consumidora, ou, se por solicitação formal do consumidor, os
equipamentos forem instalados em área exterior da mesma.

Parágrafo único. Não se aplicam as disposições pertinentes ao depositário no caso de furto ou danos provocados por
terceiros, relativamente aos equipamentos de medição, exceto quando, da violação de lacres ou de danos nos equipamentos,
decorrerem registros inferiores aos corretos.

Art. 106. O consumidor será responsável pelo pagamento das diferenças resultantes da aplicação de tarifas no período
em que a unidade consumidora esteve incorretamente classificada, não tendo direito à devolução de quaisquer diferenças
eventualmente pagas a maior quando constatada, pela concessionária, a ocorrência dos seguintes fatos:

I - declaração falsa de informação referente a natureza da atividade desenvolvida na unidade consumidora ou a


finalidade real da utilização da energia elétrica; ou
II - omissão das alterações supervenientes que importarem em reclassificação.

DA RELIGAÇÃO

Art. 107. Cessado o motivo da suspensão a concessionária restabelecerá o fornecimento no prazo de até 48 horas,
após a solicitação do consumidor ou a constatação do pagamento.

Art. 108. Fica facultado à concessionária implantar procedimento de religação de urgência, caracterizado pelo prazo de
até 4 (quatro) horas entre o pedido e o atendimento, o qual, nas localidades onde for adotado, obriga a concessionária a:

I - informar ao consumidor interessado o valor e o prazo relativo à religação normal e da de urgência; e


II - prestar o serviço a qualquer consumidor que o solicitar.

DA COBRANÇA DOS SERVIÇOS

Art. 109. Os serviços cobráveis, realizados a pedido do consumidor, são os seguintes:

I - vistoria de unidade consumidora;


II - aferição de medidor;
III - verificação de nível de tensão;
IV - religação normal;
V - religação de urgência; e
VI - emissão de segunda via de fatura.

§ 1º A cobrança dos serviços previstos neste artigo é facultativa e só poderá ser feita em contrapartida de serviço
efetivamente prestado pela concessionária, dentro dos prazos estabelecidos.

§ 2º A cobrança de aferição de medidor não será devida quando os limites admissíveis tiverem sido excedidos,
conforme disposto no art. 38.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 338


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§ 3º A cobrança de verificação de nível de tensão, a pedido do consumidor, só poderá ser feita se os valores de
tensão, obtidos mediante medição apropriada, se situarem entre os limites mínimos e máximos estabelecidos em regulamentos
específicos.

§ 4º Não será cobrada a primeira vistoria realizada para atender o pedido de fornecimento ou de aumento de carga.

§ 5º A cobrança de qualquer serviço obrigará a concessionária a implantá-lo em toda a sua área de concessão, para
todos os consumidores, ressalvado o serviço de religação de urgência.

§ 6º Em qualquer dos serviços solicitados a concessionária deverá manter, por um período mínimo de 12 (doze)
meses, os registros do valor cobrado, do horário e data da solicitação e da execução dos mesmos.

§ 7º A concessionária poderá executar outros serviços não vinculados à prestação do serviço público de energia
elétrica, desde que observe as restrições constantes do contrato de concessão e que o consumidor, por sua livre escolha, opte por
contratar a concessionária para a realização dos mesmos.

Art. 110. Os valores dos serviços cobráveis serão definidos por meio de Resoluções específicas da ANEEL.

DO FORNECIMENTO PROVISÓRIO E PRECÁRIO

Art. 111. A concessionária poderá considerar como fornecimento provisório o que se destinar ao atendimento de
eventos temporários, tais como: festividades, circos, parques de diversões, exposições, obras ou similares, estando o atendimento
condicionado à disponibilidade de energia elétrica.

§ 1º Correrão por conta do consumidor as despesas com instalação e retirada de rede e ramais de caráter provisório,
bem como as relativas aos respectivos serviços de ligação e desligamento, podendo a concessionária exigir, a título de garantia, o
pagamento antecipado desses serviços e do consumo de energia elétrica e/ou da demanda de potência prevista, em até 3 (três) ciclos
completos de faturamento.

§ 2º Serão consideradas como despesas os custos dos materiais aplicados e não reaproveitáveis, bem assim os
demais custos, tais como: mão-de-obra para instalação, retirada, ligação e transporte.

Art. 112. Qualquer concessionária poderá atender, a título precário, unidades consumidoras localizadas na área de
concessão de outra, desde que as condições sejam ajustadas entre as concessionárias, por escrito, com remessa de cópia do ajuste à
ANEEL pela concessionária que efetuar o fornecimento.

DO ENCERRAMENTO DAS RELAÇÕES CONTRATUAIS

Art. 113. O encerramento da relação contratual entre a concessionária e o consumidor será efetuado segundo as
seguintes características e condições:

I - por ação do consumidor, mediante pedido de desligamento da unidade consumidora, observado o cumprimento das
obrigações previstas nos contratos de fornecimento, de uso do sistema e de adesão, conforme o caso; e
II - por ação da concessionária, quando houver pedido de fornecimento formulado por novo interessado referente a
mesma unidade consumidora.

Parágrafo único. No caso referido no inciso I a condição de unidade consumidora desativada deverá constar do
cadastro, até que seja restabelecido o fornecimento em decorrência da formulação de novo pedido de fornecimento.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 339


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DAS ESPECIFICIDADES DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Art. 114. A responsabilidade pelos serviços de elaboração de projeto, implantação, expansão, operação e manutenção
das instalações de iluminação pública é de pessoa jurídica de direito público ou por esta delegada mediante concessão ou autorização,
podendo a concessionária prestar esses serviços mediante celebração de contrato específico para tal fim, ficando o consumidor
responsável pelas despesas decorrentes.

Art. 115. Nos casos em que o Poder Público necessite acessar o sistema elétrico de distribuição, para a realização de
serviços de operação e manutenção das instalações de iluminação pública, deverão ser observados os procedimentos de rede da
concessionária local.

Art. 116. As tarifas aplicáveis aos fornecimentos de energia elétrica para iluminação pública serão estruturadas de
acordo com a localização do ponto de entrega, a saber:

I - Tarifa B4a: aplicável quando o Poder Público for o proprietário do sistema de iluminação pública; e
II - Tarifa B4b: aplicável quando o sistema de iluminação pública for de propriedade da concessionária.

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 117. Ocorrendo restrição ou insuficiência dos meios para o atendimento aos consumidores, nos termos do Decreto
n.º 93.901, de 9 de janeiro de 1987, as condições estabelecidas nesta Resolução poderão, a critério da ANEEL, ser suspensas parcial
ou integralmente, enquanto persistir a limitação.

Art. 118. A concessionária deverá manter nas agências de atendimento, em local de fácil visualização e acesso,
exemplares desta Resolução e das Normas e Padrões da mesma, para conhecimento ou consulta dos interessados.

Parágrafo único. A concessionária deverá fornecer exemplar desta Resolução, gratuitamente, quando solicitado pelo
consumidor.

Art. 119. A concessionária deverá prestar todas as informações solicitadas pelo consumidor referentes à prestação do
serviço, inclusive quanto as tarifas em vigor, o número e a data da Resolução que as houver homologado, bem como sobre os critérios
de faturamento.

Parágrafo único. A tabela com os valores dos serviços cobráveis, referidos no art. 109, deverá estar afixada nas
agências de atendimento, em local de fácil visualização, devendo a concessionária adotar, complementarmente, outras formas de
divulgação adequadas.

Art. 120. Os consumidores, individualmente, ou por meio do respectivo Conselho de Consumidores, ou, ainda, de
outras formas de participação previstas em lei, poderão, para defesa de seus interesses, solicitar informações e encaminhar sugestões,
denúncias e reclamações à concessionária, às Agências Reguladoras Estaduais ou do Distrito Federal conveniadas, ou à ANEEL,
assim como poderão ser solicitados a cooperar na fiscalização das concessionárias.

Parágrafo único. A concessionária deverá manter em todas as agências de atendimento, em local de fácil visualização
e acesso, livro próprio para possibilitar a manifestação por escrito dos consumidores, devendo, para o caso de solicitações ou
reclamações, observar o prazo de 30 (trinta) dias para resposta, conforme estabelecido no art. 97.

Art. 121. Prazos menores, se previstos nos respectivos contratos de concessão, prevalecem sobre os estabelecidos
nesta Resolução.

Art. 122. A concessionária deverá observar o princípio da isonomia em todas as decisões que lhe foram facultadas
nesta Resolução, adotando procedimento único para toda a área de concessão outorgada.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 340


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Art. 123. Para a implementação dos respectivos procedimentos, a concessionária disporá dos seguintes prazos, a
contar da data de publicação desta Resolução:

I - 60 (sessenta)dias: incluir os feriados nacionais nas exceções do horário de ponta, conforme estabelecido na alínea
“c”, inciso XVII, art. 2º;
II - 180 (cento e oitenta) dias: celebrar o contrato de fornecimento com consumidor responsável por unidade
consumidora do Grupo “A” já ligada, conforme estabelecido na alínea “d”, inciso I, art. 3º;
III - 60 (sessenta) dias: adequar os procedimentos referentes à opção de faturamento ou mudança de Grupo tarifário,
conforme estabelecido no art. 5º;
IV - 180 (cento e oitenta) dias: adequar as atividades da classe Industrial e distinguir as subclasses do Poder Público,
conforme estabelecido nos incisos II e V, art. 20;
V - 180 (cento e oitenta) dias: identificar as unidades consumidoras localizadas na área rural e não classificadas como
Rural, reclassificar, quando pertinente, nos termos do inciso IV, art. 20, e informar à ANEEL o número de unidades consumidoras
reclassificadas por subclasse;
VI - 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias: organizar e atualizar o cadastro das unidades consumidoras, conforme
disposto no art. 21;
VII - 30 (trinta) dias: encaminhar o contrato de adesão ao consumidor responsável por nova unidade consumidora do
Grupo “B”, conforme disposto no art. 22, após a publicação do teor do contrato;
VIII - 90 (noventa) dias: encaminhar o contrato de adesão ao consumidor responsável por unidade consumidora do
Grupo “B” já ligada, conforme disposto no art. 22, após a publicação do teor do contrato;
IX - 30 (trinta) dias: incluir cláusula referente às condições de aplicação da tarifa de ultrapassagem nos contratos,
conforme disposto no inciso VIII, art. 23;
X - 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias: celebrar o contrato de fornecimento com consumidor responsável por
unidade consumidora classificada como Iluminação Pública, conforme art. 25;
XI - 60 (sessenta) dias: adequar os procedimentos referentes à substituição de medidores, conforme estabelecido no §
3º do art. 33;
XII - 60 (sessenta) dias: adequar os procedimentos relativos à aferição de medidores, conforme art. 38;
XIII - 30 (trinta) dias: ajustar os intervalos entre as leituras de medidores, conforme art. 40;
XIV - 90 (noventa) dias: adequar os procedimentos referentes aos critérios de faturamento da demanda proporcional,
conforme disposto no art. 42;
XV - 180 (cento e oitenta) dias: adequar o faturamento de unidades consumidoras do Grupo “B” classificadas como
Residencial Baixa Renda, conforme estabelecido no art. 45;
XVI - 30 (trinta) dias: adequar os procedimentos referentes aos critérios de faturamento da demanda, conforme
disposto no art. 49;
XVII - 180 (cento e oitenta) dias: incluir as unidades consumidoras na estrutura tarifária horo-sazonal, conforme
estabelecido no art. 53;
XVIII - 180 (cento e oitenta) dias: celebrar o contrato de fornecimento com consumidor responsável por unidade
consumidora classificada como Cooperativa de Eletrificação Rural, quando faturável compulsoriamente na estrutura tarifária horo-
sazonal, nos termos do art. 53;
XIX - 180 (cento e oitenta) dias: adequar a aplicação da tarifa de ultrapassagem às unidades consumidoras do Grupo
“A”, conforme disposto no art. 56, devendo informar os novos critérios ao consumidor com antecedência mínima de 60 (sessenta)dias;
XX - 90 (noventa)dias: ajustar o faturamento nos casos de impedimento da leitura do medidor, conforme estabelecido
nos §§ 1º a 4º, art. 70;
XXI - 180 (cento e oitenta) dias: incluir na fatura as informações estabelecidas na alínea “b”, inciso I e alínea “c”, inciso
II, art. 83;
XXII - 30 (trinta) dias: incluir na fatura as informações estabelecidas nas alíneas “o”, “p” e “q”, inciso I e nas alíneas “d”,
“e” e “f”, inciso II, art. 83;
XXIII - 60 (sessenta) dias: ajustar os prazos para vencimento das faturas em dias úteis, conforme estabelecido nos
incisos I e II, art. 86;
XXIV - 30 (trinta) dias: oferecer pelo menos 6 (seis) datas de vencimento da fatura para escolha do consumidor, com
intervalo mínimo de 5 (cinco) dias entre as referidas datas, conforme estabelecido no § 2º, art. 86;

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 341


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XXV - 180 (cento e oitenta) dias: implantar meios de constatação automática de pagamento em duplicidade, conforme
estabelecido no parágrafo único, art. 88;
XXVI - 60 (sessenta) dias: implantar a entrega do aviso relativo ao motivo da suspensão do fornecimento, conforme
estabelecido no art. 93;
XXVII - 30 (trinta) dias: informar o número de protocolo do registro da reclamação ou solicitação, conforme parágrafo
único, art. 97;
XXVIII - 60 (sessenta) dias: implantar a manutenção dos registros relativos aos serviços cobráveis, conforme
estabelecido no § 6º, art. 109;
XXIX - 60 (sessenta) dias: implantar o cadastramento referente a condição de unidade consumidora desativada,
conforme estabelecido no parágrafo único, art. 113.

Art. 124. As omissões, dúvidas e casos não previstos nesta Resolução serão resolvidos e decididos pela ANEEL.
Art. 125. Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação, ficando revogadas as Portarias DNAEE n.º 277, de
23 de dezembro de 1985, n.º 45, de 21 de abril de 1987, n.º 33, de 11 de fevereiro de 1988, n.º 185, de 17 de outubro de 1988, n.º 193,
de 1 de novembro de 1988, n.º 158, de 17 de outubro de 1989, n.º 1.233, de 15 de outubro de 1993, n.º 1.569, de 23 de dezembro de
1993, n.º 438, de 4 de dezembro de 1996, n.º 466, de 12 de novembro de 1997 e demais disposições em contrário.

JOSÉ MÁRIO MIRANDA ABDO


Diretor-Geral

Publicado no D.O. de 30.11.2000, Seção 1, p. 35, v. 138, n. 230-E.

APÊNDICE A – RESOLUÇÃO 456/ANEEL 342


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Apêndice
Grafia das unidades e
seus símbolos B

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 343


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APÊNDICE B – Grafia das unidades e seus símbolos

(Transcrito do Quadro Geral de Unidades de Medida, conforme Decreto nº 81.621 de 03 de Maio


de 1978)

1 - Sistema Internacional de Unidades

O Sistema Internacional de Unidades compreende:

a) Sete unidades de

Tabela A.1 Unidades base.

Unidade Símbolo Grandeza


metro m comprimento
quilograma kg massa
segundo s tempo
ampère A corrente elétrica
kelvin K temperatura termodinâmica
mol mol quantidade de matéria
candela cd intensidade luminosa

b) Duas unidades suplementares:

Tabela A.2 Unidades suplementares.

Unidade Símbolo Grandeza


radiano rad ângulo plano
esterradiano sr ângulo sólido

c) Unidades derivadas, deduzidas direta ou indiretamente das unidades de base e


suplementares
d) Os múltiplos e submúltiplos decimais das unidades acima, cujos nomes são formados pelo
emprego dos prefixos SI da Tabela I.

2 - Outras Unidades

As unidades fora do SI admitidas no Quadro Geral de Unidades são de duas espécies:

a) Unidades aceitas para uso com o SI, isoladamente ou combinadas entre si e/ou com unidades
SI, sem restrição de prazo.

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 344


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3 - Prescrições Gerais

3.1 - Grafia dos nomes de unidades

3.1.1 - Quando escritos por extenso, os nomes de unidades começam por letra minúscula, mesmo
quando têm o nome de um cientista (por exemplo, ampère, kelvin, newton etc.), exceto o grau
Celsius.
3.1.2 - Na expressão do valor numérico de uma grandeza, a respectiva unidade pode ser escrita
por extenso ou representada pelo seu símbolo (por exemplo, quilovolts por milímetro ou kV/mm),
não sendo admitidas combinações de partes escritas por extenso com partes expressas por
símbolo.

3.2 - Plural dos nomes de unidades

Quando os nomes de unidades são escritos ou pronunciados por extenso, a formação do plural
obedece às seguintes regras básicas:
a) Os prefixos SI são sempre invariáveis.
b) Os nomes de unidades que recebem a letra "s" no final de cada palavra, exceto nos casos de
(c):
1. Quando são palavras simples. Por exemplo, ampères, candelas, farads, grays, joules, kelvins,
quilogramas, volts, webers etc.;
2. Quando são palavras compostas em que o elemento complementar de um nome de unidade
não é ligado a este por hífen. Por exemplo, metros quadrados, milhas marítimas, unidades
astronômicas etc;
3. Quando são termos compostos por multiplicação, em que os componentes podem variar
independentemente um do outro. Por exemplo, ampères-horas, newtons-metros, ohms-
metros, pascals-segundos, watts-horas etc;
Nota: segundo esta regra, e a menos que o nome da unidade entre no uso vulgar, o plural não
desfigura o nome que a unidade tem no singular (por exemplo, decibels, henrys, mols, pascals
etc.), não se aplicando aos nomes de unidades certas regras usuais de formação do plural de
palavras.
c) Os nomes ou partes dos nomes de unidades não recebem a letra "s" no final:
1. Quando terminam pelas letras s, x ou z. por exemplo, siemens, lux, hertz etc;
2. Quando correspondem ao denominador de unidades compostas por divisão. Por exemplo,
quilômetros por hora, lumens por watt, watts por esterradiano etc;
3. Quando, em palavras compostas, são elementos complementares de nomes de unidades e
ligados a estes por hífen ou preposição. Por exemplo, anos-luz, elétrons-volt, quilogramas-
força, unidades (unificadas) de massa atômica etc.

3.3 - Grafia dos símbolos de unidades

3.3.1 - A grafia dos símbolos de unidades obedece às seguintes regras básicas:

a) Os símbolos são invariáveis, não sendo admitido colocar, após o símbolo, seja ponto de
abreviatura, seja "s" de plural, sejam sinais, letras ou índices. Por exemplo, o símbolo do watt

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 345


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é sempre W, qualquer que seja o tipo de potência a que se refira: mecãnica, elétrica, térmica,
acústica etc.;
b) Os prefixos SI nunca são justapostos num mesmo símbolo. Por exemplo, unidades como
GWh, nm, pF etc., não devem ser substituídas por expressões em que se justaponham,
respectivamente, os prefixos mega e quilo, mili e micro, micro e micro etc;
c) Os prefixos SI podem coexistir num símbolo composto por multiplicação ou divisão. Por
exemplo, kN.cm, kΩ.mA, kV/mm, MΩ.cm, kV/μs, μW/cm2 etc.;
d) Os símbolos de uma mesma unidade podem coexistir num símbolo composto por divisão. Por
exemplo, kWh/h etc.;
e) O símbolo é escrito no mesmo alinhamento do número a que se refere, e não como expoente
ou índice. São exceções, os símbolos das unidades não SI de ângulo plano (º´´´), os
expoentes dos símbolos que têm expoente, o sinal (ângulo) do símbolo do grau Celsius e os
símbolos que têm divisão indicada por traço de fração horizontal;
f) O símbolo de uma unidade composta por multiplicação pode ser formado pela justaposição
dos símbolos componentes e que não cause ambiguidade (VA, kWh etc.), ou mediante a
colocação de um ponto entre os símbolos componentes, na base da linha ou a meia altura
(N.m ou N'm, m.s-1 ou m's-1 etc.);

g) O símbolo de uma unidade que contém divisão pode ser formado por uma qualquer da três
maneiras exemplificadas a seguir:

W (sr.m 2 )
W .sr −1 .m −2
W
sr.m 2
não devendo ser empregada esta última forma quando o símbolo, escrito em duas linhas
diferentes, puder causar confusão.

3.3.2 - Quando um símbolo com prefixo tem expoente, deve-se entender que esse expoente afeta
o conjunto prefixo-unidade, como se este conjunto estivesse entre parênteses. Por exemplo:

dm3 = 10-3m3
mm3 = 10-9m3

3.4 - Grafia dos números

As prescrições desta seção não se aplicam aos números que não representam quantidades (por
exemplo, numeração de elementos em sequência, códigos de identificação, datas, números de
telefones etc.).
3.4.1 - Para separar a parte inteira da parte decimal de um número, é empregada sempre uma
vírgula; quando o valor absoluto do número é menor do que 1, coloca-se 0 à esquerda da vírgula.
3.4.2 - Os números que representam quantias em dinheiro, ou quantidades de mercadorias, bens
ou serviços em documentos para efeitos fiscais, jurídicos e/ou comerciais, devem ser escritos com

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 346


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os algarismos separados em grupos de três, a contar da vírgula para a esquerda e para a direita,
com pontos separando esses grupos entre si.
Nos demais casos, é recomendado que os algarismos da parte inteira e os da parte decimal dos
números sejam separados em grupos de três, a contar da vírgula para a esquerda e para a direita,
com pequenos espaços entre esses grupos (por exemplo, em trabalhos de caráter técnico ou
científico), mas também admitindo que os algarismos da parte inteira e os da parte decimal sejam
escritos seguidamente (isto é, sem separação em grupos).
3.4.3 - Para exprimir números sem escrever ou pronunciar todos os seus algarismos:
a) Para os números que representam quantias em dinheiro, ou quantidades de mercadorias,
bens ou serviços, são empregados de uma maneira geral as palavras:

mil = 103 = 1 000


6
milhão = 10 = 1 000 000
9
bilhão = 10 = 1 000 000 000
trilhão = 1012 = 1 000 000 000 000

podendo ser opcionalmente empregados os prefixos SI ou os fatores decimais da Tabela de


Prefixos SI, em casos especiais (por exemplo, em cabeçalhos de tabelas);

b) Para trabalhos de caráter técnico ou científico, é recomendado o emprego dos prefixos SI ou


os fatores decimais da Tabela de Prefixos SI.

3.5 - Espaçamento entre número e símbolo

O espaçamento entre número e o símbolo da unidade correspondente deve atender a


conveniência de cada caso. Assim, por exemplo:
a) Em frases de textos correntes, é dado normalmente o espaçamento correspondente a uma ou
meia letra, mas não se deve dar espaçamento quando há possibilidade de fraude;
b) Em colunas de tabelas, é facultativo utilizar espaçamentos diversos entre os números e os
símbolos das unidades correspondentes.

3.6 - Pronúncia dos múltiplos e submúltiplos decimais das unidades

Na forma oral, os nomes dos múltiplos e submúltiplos decimais das unidades são pronunciados
por extenso, prevalecendo a sílaba tônica da unidade.

Nota: as palavras quilômetro, decímetro, centímetro e milímetro, consagradas pelo uso com o
acento tônico deslocado para o prefixo, são as únicas exceções a esta regra; assim sendo, os
outros múltiplos e submúltiplos decimais do metro devem ser pronunciados com o acento tônico
na penúltima sílaba (mé), por exemplo, megametro, micrometro (distinto de micrômetro,
instrumento de medida), nanometro etc.

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 347


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3.7 - Grandezas expressas por valores relativos

É aceitável exprimir, quando conveniente, os valores de certas grandezas em relação a um valor


determinado da mesma grandeza tomado como referência, na forma de fração ou percentagem.
Tais são, dentre outras, a massa específica, a massa atômica ou molecular, a condutividade etc.

Tabela A.3 Prefixos SI (Sistema Internacional).

Nome Símbolo Multiplicador


18
exe E 10 1 000 000 000 000 000 000
peta P 1015 1 000 000 000 000 000
tera T 1012 1 000 000 000 000
giga G 109 1 000 000 000
mega M 106 1 000 000
kilo k 103 1 000
hecto h 102 100
deca da 10 10
deci d 10-1 0,1
centi c 10-2 0,01
mili m 10-3 0,001
micro μ 10-6 0,000 001
nano n 10-9 0,000 000 001
pico p 10-12 0,000 000 000 001
femto f 10-15 0,000 000 000 000 001
atto a 10-18 0,000 000 000 000 000 001

Observações:

a) Por motivos históricos, o nome da unidade SI de massa contém um prefixo; excepcionalmente


e por convenção, os múltiplos e submúltiplos dessa unidade são formados pela adjunção de
outros prefixos SI à palavra grama e ao símbolo g.
b) Os prefixos desta Tabela podem ser também empregados com unidades que pertencem ao
SI.
c) Sobre os símbolos de unidades que têm prefixo e expoente ver 3.2.
d) As grafias "fento" e "ato" são admitidas em obras sem caráter técnico.

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 348


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3.8 - Principais unidades elétricas e magnéticas do SI

Tabela A.4 Unidades do Sistema Internacional de Unidades.

Unidades
Grandezas Observações
Nome Símbolo Definição
Capacitância de um
elemento passivo de
circuito entre cujos
terminais a tensão
elétrica varia
Capacitância farad F
uniformemente à razão
de 1 volt por segundo,
quando percorrido por
uma corrente invariável
de 1 ampère.
Carga elétrica que
atravessa em 1
Carga elétrica segundo, uma seção
(quantidade de coulomb C transversal de um
eletricidade) condutor percorrido por
uma corrente invariável
de 1 ampère.
O siemens é também
Condutância de um unidade de admitância e
elemento passivo de de susceptância em
Condutância siemens S
circuito cuja resistência elementos de circuito
elétrica é de 1 ohm. percorridos por corrente
alternada.
Condutividade de um
material homogêneo e
siemens por
Condutividade S/m isótropo cuja
metro
resistividade é de 1
ohm-metro.
Corrente elétrica
invariável que, mantida
em dois condutores
retilíneos, paralelos, de
O ampère é também
comprimento infinito e
unidade de forla
de área de seção
magnetomotriz. Nesses
transversal desprezível
Corrente casos, se houver
ampère A e situados no vácuo a 1
elétrica possibilidade de confusão,
metro de distância um
poderá ser chamado
do outro, produz entre
ampère-espira, porém sem
esses condutores uma
alterar o símbolo A.
força igual a 2 x 10-7
newton, por metro de
comprimento desses
condutores

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 349


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Unidades
Grandezas Observações
Nome Símbolo Definição
Densidade de um fluxo
de energia uniforme de
1 watt, através de uma
Densidade de watt por
2 superfície plana de 1
fluxo de metro W/m
metro quadrado de
energia quadrado
área, perpendicular à
direção de propagação
da energia.
Fluxo magnético
uniforme através de
uma superfície plana de
Fluxo área igual a 1 metro
weber Wb
magnético quadrado, perpendicular
à direção de uma
indução magnética
uniforme de 1 tesla.
Gradiente de potencial
uniforme que se verifica
em um meio
Gradiente de homogêneo e isótropo, A intensidade de campo
potencial, volt por quando é de 1 volt a elétrico pode ser também
V/m
intensidade de metro diferença de potencial expressa em newtons por
campo elétrico entre dois planos coulomb.
equipotenciais situados
a 1 metro de distância
um do outro.
Indução magnética
uniforme que produz
uma força constante de
1 newton por metro de
um condutor retilíneo
situado no vácuo e
Indução
tesla T percorrido por uma
magnética
corrente invariável de 1
ampère, sendo
perpendiculares entre si
as direções da indução
magnética, da força e
da corrente.
Indutância de um
elemento passivo de
circuito entre cujos
terminais se induz uma
tensão constante de 1
Indutância henry H
volt, quando percorrido
por uma corrente que
varia uniformemente á
razão de 1 ampère por
segundo.

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 350


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Unidades
Grandezas Observações
Nome Símbolo Definição
Intensidade de um
campo magnético
uniforme, criado por
uma corrente invariável
de 1 ampère, que
percorre um condutor
retilíneo, de
Intensidade de
ampère por comprimento infinito e
campo A/m
metro de área de seção
magnético
transversal desprezível,
em qualquer ponto de
uma superfície cilíndrica
de diretriz circular com 1
metro de circunferência
e que tem como eixo o
referido condutor.
Potência aparente de
um circuito percorrido
por uma corrente
Potência alternada senoidal com
volt-ampère VA
aparente valor eficaz de 1
ampère, sob uma
tensão elétrica com
valor eficaz de 1 volt.
Potência reativa de um
circuito percorrido por
uma corrente alternada
senoidal com valor
Potência eficaz de 1 ampère, sob
VAr VAr
reativa uma tensão com valor
eficaz de 1 volt,
defasada de π/2
radianos em relação à
corrente.
Potência desenvolvida
quando se realiza, de
Potência, fluxo
watt W maneira contínua e
de energia
uniforme, o trabalho de
1 joule em 1 segundo.
Relutância de um
elemento de circuito
magnético, no qual uma
ampère por força magnetomotriz
Relutância A/Wb
weber invariável de 1 ampère
produz um fluxo
magnético uniforme de
1 weber.

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 351


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Unidades
Grandezas Observações
Nome Símbolo Definição
Resistência elétrica de
um elemento passivo de
circuito que é percorrido O ohm é também unidade
por uma corrente de impedância e de
Resistência
ohm Ω invariável de 1 ampère, reatância em elementos de
elétrica
quando uma tensão circuito percorridos por
elétrica constante de 1 corrente alternada.
volt é aplicada aos seus
terminais.
Resistividade de um
material homogêneo e
isótropo, do qual um
cubo com 1 metro de
Resistividade ohm-metro Ω.m
aresta apresenta uma
resistência elétrica de 1
ohm entre faces
opostas.
Tensão elétrica entre os
terminais de um
Tensão
elemento passivo de
elétrica,
circuito, que dissipa a
diferença de volt V
potência de 1 watt
potencial, força
quando percorrido por
eletromotriz
uma corrente invariável
de 1 ampère.
Trabalho realizado por
Trabalho, uma força constante de
Energia, 1 newton, que desloca
joule J
Quantidade de seu ponto de aplicação
calor de 1 metro na sua
direção.

APÊNDICE B – GRAFIA DAS UNIDADES E SEUS SÍMBOLOS 352


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Apêndice
Procedimento de compra
de banco de capacitores C

APÊNDICE C – PROCEDIMENTO DE COMPRA DE BANCO DE CAPACITORES 353


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APÊNDICE C – Procedimento de compra de banco de capacitores

1. Documentos de Referência:

ƒ ABNT - NBR-5060 – Guia para Instalação e Operação de Capacitores de Potência -


Procedimento;
ƒ ABNT – NBR-5282 – Capacitores de Potência - Especificação;
ƒ ABNT - NBR-5289 - Capacitores de Potência - Método de Ensaio;
ƒ ABNT – NBR-7397 – Produto de Aço ou Ferro Fundido – Verificação do Revestimento de
Zinco – Determinação da Massa por Unidade de Área – Método de Ensaio;
ƒ ABNT – NBR-7398 - Produto de Aço ou Ferro Fundido – Verificação do Revestimento de Zinco
– Verificação da Aderência – Método de Ensaio;
ƒ ABNT – NBR-7399 - Produto de Aço ou Ferro Fundido – Verificação do Revestimento de Zinco
– Verificação da Espessura por Processo Não Destrutivo – Método de Ensaio;
ƒ ABNT – NBR-7400 - Produto de Aço ou Ferro Fundido – Verificação do Revestimento de Zinco
– Verificação da Uniformidade do Revestimento – Método de Ensaio;
ƒ ABNT - NBR-8800 - Cálculo e Execução de Estruturas de Aço – Procedimento;
ƒ ABNT - NBR-14762 – Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituídas por Perfis
Formados a Frio – Procedimento;
ƒ NEMA PUB. Nº CP-1 - Shunt Capacitors;
ƒ ANSI-C.55-1 - Shunt Power Capacitors;
ƒ Documentos de Projeto:
ƒ Especificações Técnicas;
ƒ Diagrama Unifilar;
ƒ Diagramas Trifilares;
ƒ Diagramas Esquemáticos;
ƒ Diagramas de Conexão;
ƒ Lista de Equipamentos Externos;
ƒ Desenho orientativo de arranjo físico;
ƒ Catálogo de Fabricante.

2. Especificação para Compra:

2.1. Pedido de compra

O fornecimento do banco de capacitores deverá estar estritamente de acordo com as normas


recomendadas acima, bem como os documentos referenciados de projeto. Deverão ser seguidas
principalmente as prescrições contidas nas Especificações Técnicas.

2.2. Documentação no Fornecimento

O fornecedor deverá atender aos seguintes requisitos, no tocante à documentação técnica


necessária durante o fornecimento:

APÊNDICE C – PROCEDIMENTO DE COMPRA DE BANCO DE CAPACITORES 354


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a) Antes de iniciar a fabricação do banco de capacitores, o fornecedor deverá enviar ao


comprador o conjunto de desenhos para aprovação, de acordo com os requisitos e
procedimentos específicos constantes nas Especificações Técnicas. Com os desenhos
analisados e aprovados pelo comprador, poderá ser iniciada a fabricação e montagem do
equipamento;
b) Durante o prazo de fornecimento, o fornecedor deverá enviar ao comprador um jogo dos
desenhos aprovados na forma de “certificado”, a fim de serem utilizados por ambos nos
ensaios e verificações de recebimento;
c) Juntamente com a entrega do equipamento o fornecedor deverá enviar o manual de
instruções para instalação, operação, manutenção e cuidados no manuseio;
d) Juntamente com a entrega do equipamento o fornecedor deverá enviar o conjunto de
desenhos certificados, na forma de “como fabricado”.

2.3. Principais Características

No pedido de compra do banco de capacitores deverão estar descritas as características listadas


a seguir, sendo estas definidas na Lista de Equipamentos Externos, Especificações Técnicas do
banco de capacitores e demais documentos do projeto:

ƒ Número de fases ƒ Número de estágios


ƒ Tensão nominal do banco ƒ Características das unidades capacitivas
ƒ Freqüência ƒ Acessórios
ƒ Número de unidades capacitivas ƒ Características da estrutura de elevação
ƒ Terminais e conectores ƒ Tipo de ligação entre unidades capacitivas
ƒ Dizeres e localizações das placas de ƒ Características do dispositivo de descarga
características
ƒ Características da chave separadora ƒ Características da chave de abertura
ƒ Características da chave de aterramento ƒ Tipo de intertravamento a ser utilizado
ƒ Características do transformador de ƒ Condições climáticas e de serviço
corrente
ƒ Suportabilidade frente a sobrecorrentes ƒ Suportabilidade frente a sobretensões
ƒ Nível de isolamento ƒ Perdas máximas do capacitor
ƒ Tensões de comando ƒ Altura das partes vivas
ƒ Características da fiação de comando ƒ Características do barramento
ƒ Relação de peças sobressalentes ƒ Características da localização (interno ou
externo)
ƒ Referência comercial ou similar ƒ Quantidade a encomendar

3. Verificação e Ensaio de Recebimento:

Acompanhando os desenhos para aprovação, antes do início da fabricação, o fornecedor deverá


enviar ao comprador cópia do formulário a ser utilizado durante a inspeção e ensaios de
recebimento, para aprovação e comentários. Os ensaios e verificações deverão ser realizados
conforme relação e roteiro descrito nas Especificações Técnicas e nas normas ABNT.

APÊNDICE C – PROCEDIMENTO DE COMPRA DE BANCO DE CAPACITORES 355


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3.1. Ensaios de Rotina e de Aceitação

Os ensaios de rotina e de aceitação dos capacitores deverão ser realizados seguindo as


prescrições contidas nas normas pertinentes. São os seguintes:

ƒ Ensaio de tensão aplicada (terminal e ƒ Ensaio de capacitância.


terminal; terminal e caixa).
ƒ Ensaio de determinação das perdas. ƒ Ensaio de vazamento.
ƒ Ensaio do resistor de descarga. ƒ Ensaio de resistência de isolamento.
ƒ Inspeção visual e verificação
dimensional.

3.1.1. Execução dos Ensaio de Rotina

Os ensaios de rotina deverão ser executados em toda as unidades.


Os ensaios de rotina descritos acima deverão ser realizados conforme especificados nos
itens CP-1-5.10 a CP-1-5.14 da Norma NEMA CP-1 ou na Norma da ABNT NBR-5289.
Todas as unidades que não alcançarem os requisitos da presente especificação deverão
ser rejeitadas. Se o total de unidades defeituosas for superior a 5% do lote, o mesmo será
rejeitado por inteiro.
Os ensaios relativos aos demais equipamentos componentes do banco de capacitores
deverão ser realizados de acordo com as condições estabelecidas nas respectivas
Especificações Técnicas.

3.1.2. Execução dos Ensaios de Aceitação

Os ensaios de aceitação deverão ser executados da mesma forma que os ensaios de


rotina.
A amostra para os ensaios de aceitação deverá ser de 10% do número total de unidades
adquiridas, com o mínimo de 15 unidades.
Todas as unidades deverão ser submetidas a verificação visual e dimensional. Aquelas
que não estiverem de acordo com a presente especificação deverão ser rejeitadas.

3.1.3. Condições de Ensaios

Os ensaios deverão ser executados sob as seguintes condições:

a) Capacitores novos e limpos deverão ser usados para cada ensaio;


b) A temperatura ambiente deverá ser 25 ± 5°C;
c) As tensões e correntes deverão ter forma de onda senoidal e freqüência 60Hz.

APÊNDICE C – PROCEDIMENTO DE COMPRA DE BANCO DE CAPACITORES 356


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3.2. Ensaios de Protótipo

Ensaios de protótipo são aqueles que confirmam as características específicas da unidade


capacitiva. São os seguintes:

ƒ Ensaio de resistência do dielétrico ƒ Ensaio de impulso


ƒ Ensaio de estabilidade térmica ƒ Ensaio de tensão de rádio-interferência
ƒ Ensaio de queda de tensão

Os ensaios de protótipos deverão ser executados em 5% (cinco por cento) dos capacitores
comprados.
No caso do fabricante já ter projetado e fabricado anteriormente unidades capacitivas ou
componentes do banco de capacitores com características iguais às especificadas na encomenda,
os ensaios aplicáveis ao protótipo poderão ser dispensados, se o comprador assim o desejar,
devendo, entretanto, o fabricante fornecer cópia autenticada dos resultados dos ensaios de
protótipo respectivos.
Os ensaios de protótipo deverão ser realizados como especificados nos itens CP-1-5.05 a CP-1-
5.09 da norma NEMA CP.1 e NBR-5289.
Caso as amostras submetidas aos ensaios de protótipo deixem de alcançar os requisitos
especificados, o projeto deverá ser rejeitado não se admitindo contraprova.
A eventual dispensa de qualquer ensaio pelo comprador só será válida se feita por escrito.

4. Manuseio e Armazenamento:

As unidades capacitivas, demais componentes e acessórios do banco, bem como as ferragens da


estrutura de elevação deverão ser armazenados preferencialmente em sua embalagem original e
cobertos com lona plástica.
As unidades capacitivas devem ser armazenadas em local abrigado, niveladas e protegidas contra
corrosão e danos mecânicos.
Deverá ser verificada a existência de qualquer tipo de vazamento de óleo.
A resistência de isolamento deve ser medida no recebimento, conforme a norma ABNT NBR-
5060.
Deverá ser aplicada vaselina neutra nos terminais das unidades capacitivas.
As instruções relativas ao manuseio e transporte das unidades capacitivas, contidas no Manual de
Instruções fornecido pelo fabricante do banco, deverão ser rigorosamente seguidas.

APÊNDICE C – PROCEDIMENTO DE COMPRA DE BANCO DE CAPACITORES 357


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Apêndice
Potência em sistemas
não-senoidais D

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 358


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APÊNDICE D – Potência em sistemas não-senoidais

Alexander E. Emanuel cita em seu artigo [26] que “somente a definição de potência aparente
equivalente ou efetiva, Se, sugerida por F. Buchholz e explicada por W. Goodhue assegura que
seu valor quadrático Se2 está próximo de uma relação linear com as perdas de energia dos
alimentadores para todas as possíveis condições – balanceada, desbalanceada, senoidal ou
não-senoidal”. Baseado nesta definição, Alexander faz o detalhamento para uma prática resolução
de Se, onde ele a separa em potências ativas e não-ativas e sugere separar as componentes
fundamentais dos sinais de tensão e corrente do sistema de energia (50 Hz ou 60 Hz) dos outros
componentes e juntar as potências não-ativas em uma entidade separada.
O equacionamento utilizado a seguir é composto de dois casos abordados por Alexander no
artigo citado. São eles:
- Sistemas monofásicos em situações não-senoidais;
- Sistemas trifásicos desbalanceados e operando em situações não-senoidais.

Sistema monofásico em situações não-senoidais

Dividindo-se os sinais em componentes fundamentais e componentes harmônicas, tem-se:


v(t ) = v1 (t ) + vh (t ) (1)

i (t ) = i1 (t ) + ih (t ) (2)

Onde,

v1 (t ) = 2 .V1sen(ωt − α1 ) (3)
n
vh (t ) = 2 .∑Vh sen(hωt − α h ) (4)
h =2

i1 (t ) = 2 .I1sen(ωt − β1 ) (5)
n
ih (t ) = 2 .∑ I h sen(hωt − β h ) (6)
h =2

Os correspondentes valores RMS quadráticos são:

V 2 = V1 + VH ; I 2 = I1 + I H
2 2 2 2
(7)

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 359


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onde,
n n
VH = ∑V 2 h I H = ∑ I 2h
2 2

h =2 ; h =2 (8)

A potência aparente total quadrática é dada por:

S 2 = (VI ) = V1 + VH
2
( 2 2
)(I 1
2
+ IH
2
)
S 2 = (V1 I1 ) + (V1 I H ) + (VH I1 ) + (VH I H )
2 2 2 2
ou

S 2 = S1 + S N
2 2
(9)

O primeiro termo é a potência aparente fundamental (VA):

S1 = V1I1 (10)

Nos sistemas monofásicos a potência aparente fundamental tem duas componentes, quais
sejam:

- potência fundamental (W):


P1 = V1I1 cos(θ1 ) (11)

- potência reativa fundamental (VAr)


Q1 = V1 I1sen(θ1 ) (12)

Com o fator de potência de deslocamento:


FP1 = cos(θ1 ) (13)

Onde,
θ1 = α 1 − β1

O termo SN é definido como potência aparente não-fundamental (VA) e subdivide-se em três


termos:

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 360


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S N = DI + DV + S H
2 2 2 2
(14)

Onde
DI = V1I H ; DV = VH I1 ; S H = VH I H (15)

- DI é definido como potência associada à distorção de corrente (VAd);


- DV é definido como potência associada à distorção de tensão (VAd);
- SH é definido como potência aparente harmônica (VAh).

A potência aparente harmônica pode ser dividida em três componentes:

S H = PH + QH + DH
2 2 2 2
(16)

Onde,

PH é a potência ativa harmônica (W), dada por:


n
PH = ∑Vh I h cos(θ h )
h =2 (17)

QH é a potência reativa harmônica (var), dada por:

n
QH = ∑Vh I h sen(θ h )
h =2 (18)

Onde,
θh = α h − βh (19)

DH é a potência de distorção harmônica (VAd), dada por:

DH = S H − PH − QH
2 2 2
(20)

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 361


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Todas as potências não-ativas podem ser juntadas em um único termo, a potência não-ativa
e não-fundamental (VAr), assim nomeada por Alexander:

N = S N − PH = DI + DV + QH + DH
2 2 2 2 2 2
(21)

Para o cálculo do fator de potência real, devemos somar a potência ativa fundamental (P1)
com a potência ativa harmônica (PH) para obter a potência ativa total e dividir o resultado pela
potência aparente total:
P = P1 + PH (22)

Fator de potência real:


P
FP =
S (23)

Alexander E. Emanuel destaca no artigo mencionado que “as potências que fornecerão
razoáveis informações sobre a transferência de energia e qualidade de energia para sistemas
monofásicos são: S, S1, P1, SN, N e PH.”
Os parâmetros Distorção Harmônica Total de Tensão e Corrente são calculados da seguinte
forma:

VH I
DHTV = ; DHTI = H (24)
V1 I1

Para avaliar as contribuições individualmente de cada componente harmônico para distorção


harmônica total de tensão e corrente, deve-se dividir o valor eficaz de cada componente harmônico
pelo valor eficaz componente fundamental do sinal.

Sistema trifásico desbalanceado operando em situações não-senoidais

A definição de Se tem ganhado a confiança de significante número de pesquisadores e é


baseada em um circuito equivalente balanceado que possui exatamente a mesma perda de
energia apresentada pelo circuito desequilibrado real. Esta comparação está descrita no texto do
professor Alexander E. Emanuel e, como este detalhamento foge dos objetivos desta publicação,
fica a sugestão de leitura do artigo citado para maiores esclarecimentos.
Da mesma forma que separamos as componentes fundamentais das outras componentes

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 362


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dos sinais de corrente e de tensão, faremos de forma similar para o caso trifásico genérico, isto é,
que possa analisar sistemas equilibrados ou não e sob condições senoidais ou não-senoidais.
Vejamos os equacionamentos propostos para análise do sistema em questão.

As tensões de fase são dadas por:

n
va (t ) = 2 .Va1sen(ωt ) + 2 .∑Vah sen(hωt + α h )
h =2 (25)
n
vb (t ) = 2 .Vb1sen(ωt − 120°) + 2 .∑Vbh sen(hωt + α h − 120°.h)
h =2 (26)
n
vc (t ) = 2 .Vc1sen(ωt + 120°) + 2 .∑Vch sen(hωt + α h + 120°.h) (27)
h=2

As correntes de linha são dadas por:

n
ia (t ) = 2 .I a1sen(ωt ) + 2 .∑ I ah sen(hωt + β h ) (28)
h =2
n
ib (t ) = 2 .I b1sen(ωt − 120°) + 2 .∑ I bh sen(hωt + β h − 120°.h) (29)
h=2
n
ic (t ) = 2 .I c1sen(ωt + 120°) + 2 .∑ I ch sen(hωt + β h + 120°.h) (30)
h =2

in (t ) = ia (t ) + ib (t ) + ic (t ) (31)

Estão equacionados no artigo em estudo os seguintes parâmetros trifásicos:

Tensão equivalente fundamental (Ve1) - rms:

Ve1 =
1
18
[ ( 2 2 2 2
)
3 × Va1 + Vb1 + Vc1 + Vab1 + Vbc1 + Vca1
2 2
] - Sistema trifásico com neutro (32)

Vab1 + Vbc1 + Vca1


2 2 2
Ve1 = - Sistema trifásico sem neutro (33)
9

Tensão equivalente harmônica (VeH) - rms:

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 363


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VeH =
1
18
[ (
3 × Vah + Vbh + Vch + Vabh + Vbch + Vcah
2 2 2 2 2 2
) ] - Sistema trifásico com neutro (34)

Vabh + Vbch + Vcah


2 2 2
VeH = - Sistema trifásico sem neutro (35)
9

Corrente equivalente fundamental (Ie1) - rms:

I a1 + I b1 + I c1 + I n1
2 2 2 2
I e1 = - Sistema trifásico com neutro (36)
3

I a1 + I b1 + I c1
2 2 2
I e1 = - Sistema trifásico sem neutro (37)
3

Corrente equivalente harmônica (IeH) - rms:

I ah + I bh + I ch + I nh
2 2 2 2
I eH = - Sistema trifásico com neutro (38)
3

I ah + I bh + I ch
2 2 2
I eH = - Sistema trifásico sem neutro (39)
3

Tensão equivalente (Ve) - rms:

Ve = Ve1 + VeH
2 2
(40)

Corrente equivalente (Ie) - rms:

I e = I e1 + I eH
2 2
(41)

Potência aparente trifásica equivalente, Se (VA):


Se = 3Ve I e (42)

Como no caso monofásico, esta potência aparente equivalente Se será dividida em dois
termos:

S e = S e1 + S eN
2 2 2
(43)

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 364


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Potência aparente trifásica fundamental equivalente, Se1 (VA):


S e1 = 3Ve1I e1 (44)

Potência aparente trifásica não-fundamental equivalente, SeN (VA):

S eN = DeI + DeV + S eH
2 2 2 2
(45)

Onde,
De1 = 3Ve1 I eH - Potência trifásica associada à distorção de corrente (47)

DeV = 3VeH I eI - Potência trifásica associada à distorção de tensão (48)

S eH = 3VeH I eH - Potência aparente trifásica harmônica (49)

Potência Ativa Trifásica, P (W):


P = P1 + PH (50)

onde,

P1 é a potência ativa trifásica fundamental e


PH é a potência ativa trifásica harmônica.

Para o sistema trifásico com neutro, tem-se:


P1 = Va1 I a1 cosθ a1 + Vb1 I b1 cosθ b1 + Vc1 I c1 cosθ c1 (51)

PH = Vah I ah cosθ ah + Vbh I bh cosθ bh + Vch I ch cosθ ch (52)

onde,

θ - é a diferença de fase entre a tensão de fase e a corrente de linha

Para o sistema trifásico sem neutro, tem-se:

P1 = Vac1 I a1 cosθ ac1 + Vbc1 I b1 cosθ bc1 (53)

PH = Vac1 I a1 cosθ ac1 + Vbc1 I b1 cosθ bc1 (54)

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 365


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θ - é a diferença de fase entre a tensão de linha e a corrente de linha

Potência trifásica não-ativa não-fundamental equivalente, Ne, (VAar):

N e = SeN − PH
2
(55)

Outro parâmetro trifásico destacado por Alexander é a potência aparente trifásica


fundamental de seqüência positiva, S1+. Ela é dividida em potências ativa e reativa fundamentais
de seqüência positiva.
+ + +
S1 = 3V1 I1 (56)
+ + + +
P1 = V I cos(θ1 )
1 1 (57)
+ + + +
Q1 = V I sen(θ1 )
1 1 (58)
P
FP1 + = 1+ (59)
S1+

Com a potência aparente fundamental de seqüência positiva calculada, Alexander introduz


uma potência aparente relacionada com o restante da potência aparente fundamental que contém
potência de seqüência negativa e seqüência zero. O objetivo deste cálculo é estimar o grau de
desequilíbrio de cargas lineares ou não-lineares do sistema analisado.

+
Su = S1 − ( S1 ) 2
2
(60)
Su
Grau de desequilíbrio = (61)
S1

O fator de potência equivalente trifásico é dado por:

P1 + PH
FPe = (62)
Se

As distorções harmônicas totais de tensão e corrente são dadas por:

VeH I
DHTeV = ; DHTeI = eH (63)
V1 I1

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 366


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Para avaliar as contribuições individualmente de cada componente harmônico para distorção


harmônica total de tensão e corrente, deve-se dividir o valor eficaz de cada componente harmônico
equivalente pelo valor eficaz componente fundamental equivalente do sinal.

Para um caso geral de sistema trifásico desbalanceado em condições não-senoidais,


Alexander destaca como parâmetros de energia significantes, os seguintes: Se, S1+ , P1+, SeN, Ne,
Su e PH.

APÊNDICE D – POTÊNCIA EM SISTEMAS NÃO-SENOIDAIS 367


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Apêndice
Bibliografia
E

APÊNDICE E – BIBLIOGRAFIA 368


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APÊNDICE E – Bibliografia

[1] COTRIM, Ademaro A. M. B: Instalações Elétricas. São Paulo: Prentice Hall, 4ª ed., 2003, pp.
597-610.
[2] Edminister, Joseph A.: Circuitos Elétricos. São Paulo: McGraw-Hill, 2ª ed., 1985, pp. 184-189.
[3] ENGECOMP Sprague Capacitores Ltda: Correção do Fator de Potência. Guia para o
Engenheiro de Fábrica. São Paulo.
[4] Hayt Jr, William H.; Kemmerly, Jack E.: Análise de Circuitos em Engenharia. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill, 1975, pp. 279-298.
[5] INDUCON do Brasil Capacitores S/A.. Manual Inducon - Capacitores de Potência.
[6] MAMEDE Filho, João: Instalações Elétricas Industriais. Rio de Janeiro: LTC, 4ª ed., 1995. pp.
130-174.
[7] MAMEDE Filho, João: Manual de equipamentos elétricos. Rio de Janeiro: LTC, 3ª ed., 2005.
pp. 557-647.
[8] Niskier, Júlio; Macintyre, A. J.: Instalações Elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 3ª ed., 1996, pp.
293-314.
[9] Orsini, Luiz de Queiroz: Curso de Circuitos Elétricos. Rio de Janeiro: Editora Edgard Blucher,
Edição preliminar, Vol. 2, 1991, pp. 848-903.
[10] Quadro Geral de Unidades de Medida - Decreto Nº 81.621 - 03/05/78.
[11] WEG: Manual para Correção de Fator de Potência.
[12] Catálogos de fabricantes: WEG, Siemens, Induscon, WGR.
[13] NBR 5410. Instalações Elétricas de Baixa Tensão. ABNT, 2004.
[14] NBR 5060. Guia para instalação e Operação de Capacitores de Potência - Procedimento.
ABNT.
[15] NBR 5282. Capacitores de Potência em Derivação para Sistemas de Tensão Nominal acima
de 1.000V - Especificação. ABNT.
[16] Lopes, Juarez Castrillon: Manual de tarifação da energia elétrica. Eletrobrás, 2ª ed., 2002.
[17] Gestal: www.gestal.com/home/especialista.htm#espec2
[18] CCK Automação: www.cck.com.br
[19] Engecomp: www.engecomp.com.br
[20] CEMIG: Estudo de distribuição – Melhoria do fator de potência. Belo Horizonte, Junho/97. pp.
91.
[21] IEEE Std 18TM-2002. Standard for Shunt Power Capacitors. IEEE, 2002.
[22] IEEE Std 1531TM-2003. IEEE Guide for Application and Specification of Harmonic Filters.
IEEE, 2003.
[23] Ducan, Roger C; McGranaghan, Mark F.; Santoso, Surya; Beaty, H. Wayne: Electrical Power
Systems Quality. USA: McGraw-Hill, 2ª ed., 2003. pp. 111-166.

APÊNDICE E – BIBLIOGRAFIA 369


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[24] HAFFNER, Sérgio: Sobretensões em sistemas elétricos. Notas de aula: PUC-RS,


Março/2006.
[25] Arrillaga, Jos; Watson, Neville R.: Power Systems Harmonics. USA: Wiley, 2ª ed., 2003. pp.
153-167.
[26] Emanuel, Alexander E.: Apparent Power: A Practical Approach to its Resolution. Worcester
Polytechnic Institute, Worcester, MA 01609.
[27] "IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric Power
Systems." Project IEEE-519. October 1991.
[28] "Sine-wave Distortions in Power Systems and the Impact on Protective Relaying." Report
prepared by the Power System Relaying Committee of the IEEE Power Engineering Society.
Novembro 1982.
[29] IEC 1000-3-2: "Electromagnetic Compatibility (EMC) - Part 3: Limits - Section 2: Limits for
Harmonic Current Emissions (Equipment input current < 16A per phase)". International
Electrotechnical Commision,, First edition 1995-03.
[30] Ivo Barbi e Alexandre F. de Souza, Curso de "Correção de Fator de Potência de Fontes de
Alimentação". Florianópolis, Julho de 1993.
[31] T. Key and J-S. Lai: "Costs and Benefits of Harmonic Current Reduction for Switch-Mode
Power Supplies in a Commercial Office Building". Anais do IEEE Industry Application Society
Annual Meeting - IAS'95. Orlando, USA, Outubro de 1995, pp. 1101-1108.
[32] J. Klein and M. K. Nalbant: "Power Factor Correction - Incentives. Standards and
Techniques". PCIM Magazine, June 1990, pp. 26-31.
[33] POMÍLIO, José Antenor: "Influência dos Harmônicos nas Instalações Elétricas Industriais".
Curso de extensão: Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, FEEC, Janeiro/1997.

APÊNDICE E – BIBLIOGRAFIA 370


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