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18/09/2019 O Paradoxo de Fermi: onde é que estão as outras Terras?

CIÊNCIA

O Paradoxo de Fermi: onde é que estão as outras


Terras?
por publicado em atualizado em
Tim 13 de setembro de 2014 @ 16:02 (13 de 15 de setembro de 2014 @ 18:08 (15 de
Urban setembro de 2014) setembro de 2014)

Quando você está em algum lugar propício para admirar as estrelas, e se a noite estiver
especialmente boa para vê-las, é incrível olhar para cima e se deparar com algo semelhante
à imagem acima.

Algumas pessoas ficam impressionadas pela beleza do céu, ou se deslumbram com a


vastidão do universo. No meu caso, eu passo por uma leve crise existencial, e depois ajo bem
estranhamente por meia hora. Cada um reage de um jeito diferente.

O físico Enrico Fermi também reagia diferente, e se perguntou: “cadê todo mundo?”

Os números

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18/09/2019 O Paradoxo de Fermi: onde é que estão as outras Terras?

Um céu estrelado parece imenso, mas tudo o que estamos vendo é a nossa vizinhança. Nas
melhores noites estreladas, nós podemos ver até 2.500 estrelas (mais ou menos um centésimo
de milionésimo do total de estrelas em nossa galáxia). Quase todas estão a menos de mil
anos-luz de nós (ou 1% do diâmetro da Via Láctea). Então, na verdade estamos olhando para
isto:

Nosso céu noturno é formado por uma pequena parte das estrelas próximas e mais brilhantes
dentro do círculo vermelho.

Quando somos confrontados com o assunto de estrelas e galáxias, uma questão que
atormenta a maior parte dos humanos é: “há vida inteligente lá fora?” Vamos colocar alguns
números nessa questão; se você não gosta de números, pode ler só o negrito.

Nossa galáxia tem entre 100 bilhões e 400 bilhões de estrelas; no entanto, este é quase o
mesmo número de galáxias no universo observável. Então, para cada estrela da imensa Via
Láctea, há uma galáxia inteira lá fora. No total, existem entre 10^22 e 10^24 estrelas no
universo. Isso significa que para cada grão de areia na Terra, há 10.000 estrelas no universo.

O mundo da ciência não está em total acordo sobre qual porcentagem dessas estrelas são
parecidas com o Sol (similares em tamanho, temperatura e luminosidade). As opiniões
tipicamente vão de 5% a 20%. Indo pela mais conservadora (5%) e o número mais baixo na
estimativa total de estrelas (10^22), isso nos dá 500 quintilhões, ou 500 bilhões de bilhões de
estrelas similares ao Sol.

Também há um debate sobre qual porcentagem dessas estrelas similares ao Sol poderiam ser
orbitadas por planetas similares a Terra (com condições parecidas de temperatura, que
poderiam ter água líquida e que poderia sustentar vida similar à da Terra). Alguns dizem que é
até 50%, mas vamos ficar com os conservadores 22% que apareceram em um recente estudo
no PNAS. Isso sugere que há um planeta similar à Terra, potencialmente habitável, orbitando
pelo menos 1% do total de estrelas do universo: um total de 100 bilhões de bilhões de
planetas similares à Terra.

Então existem 100 planetas parecidos com a Terra para cada grão de areia do mundo. Pense
nisso na próxima vez que for à praia.

Daqui para a frente, nós não temos outra escolha senão sermos especulativos. Vamos
imaginar que, depois de bilhões de anos de existência, 1% dos planetas parecidos com a Terra
tenham desenvolvido vida (se isso for verdade, cada grão de areia representaria um planeta
com vida). E imagine que em 1% desses planetas avance até o nível da vida inteligente, como
aconteceu na Terra. Isso significaria que teríamos 10 quatrilhões, ou 10 milhões de bilhões
de civilizações inteligentes no universo observável.

Voltando para a nossa galáxia e fazendo as mesmas contas usando a estimativa mais baixa de
estrelas na Via Láctea, estimamos que existem 1 bilhão de planetas similares à Terra, e 100
mil civilizações inteligentes na nossa galáxia. (A Equação de Drake traz um método formal
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para esse processo limitado que estamos fazendo).

A SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre, na sigla em inglês) é uma organização dedicada
a ouvir sinais de outras vidas inteligentes. Se nós estivermos certos e houver 100 mil ou mais
civilizações inteligentes na nossa galáxia, uma fração delas estaria emitindo ondas de rádio, ou
raios laser, ou qualquer coisa para realizar contato. Então os satélites da SETI deveria estar
recebendo sinais de todo tipo, certo?

Mas não está. Nunca recebeu.

Cadê todo mundo?

Tipos de civilização
E tudo fica mais estranho. Nosso Sol é relativamente jovem em relação ao universo. Há
estrelas muito mais velhas, com planetas muito mais velhos e semelhantes à Terra, o que em
teoria representaria civilizações muito mais avançadas que a nossa. Por exemplo, vamos
comparar nossa Terra de 4,54 bilhões de anos com um hipotético planeta X, com seus 8
bilhões de anos.

Se o planeta X tiver uma história similar a da Terra, vamos olhar para onde sua civilização
estaria hoje:

Hoje, o Planeta X estaria a 3,46 bilhões de anos de desenvolvimento além do que temos hoje.

A tecnologia e o conhecimento de uma civilização mil anos à nossa frente poderia ser tão
chocante quanto nosso mundo seria para uma pessoa medieval. Uma civilização um milhão de
anos à frente poderia ser tão incompreensível para nós quanto a cultura humana é para
chimpanzés. E o planeta X está a 3.4 bilhões de anos à frente de nós…

Existe algo chamado de Escala Kardashev, que nos ajuda a agrupar civilizações inteligentes
em três grandes categorias, de acordo com a quantidade de energia que usam:

uma Civilização Tipo I tem a habilidade de usar toda a energia de seu planeta. Nós não
somos exatamente uma Civilização Tipo I, mas estamos perto (Carl Sagan criou uma
fórmula para essa escala que nos coloca como uma Civilização Tipo 0,7);
uma Civilização Tipo II pode colher toda a energia de seu sistema solar. Nosso débil
cérebro Tipo I mal consegue imaginar como alguém faria isso, mas nós tentamos nosso
melhor, imaginando coisas como a Esfera de Dyson.
uma Civilização Tipo III ultrapassa fácil as outras duas, acessando poder comparável ao da
Via Láctea inteira.

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Se esse nível de avanço parece difícil de acreditar, lembre-se do planeta X e de seus 3,4
bilhões de anos de desenvolvimento além do nosso (cerca de meio milhão de vezes mais do
que o tempo que a raça humana existe). Se uma civilização no planeta X for similar à nossa e
foi capaz de sobreviver até chegar no Tipo III, é natural pensar que a essa altura eles
provavelmente já dominaram a viagem interestelar, possivelmente até mesmo colonizando a
galáxia inteira.

Como essa colonização galáctica teria acontecido? Uma hipótese: cria-se um maquinário que
pode viajar para outros planetas, passam-se uns 500 anos se auto-replicando usando os
materiais que encontrarem no novo planeta, e então enviam-se duas réplicas para fazerem a
mesma coisa.

Mesmo sem alcançar nada perto da velocidade da luz, esse processo colonizaria a galáxia
inteira em 3,75 milhões de anos, relativamente um piscar de olhos quando estamos falando de
uma escala de bilhões de anos:

Nesta evolução exponencial, a galáxia estaria completamente colonizada em 3,75 milhões de


anos. Fonte: J. Schombert, U. Oregon

Continuando a especular, se 1% da vida inteligente sobreviver tempo suficiente para se tornar


uma colonizadora de galáxias Civilização Tipo III em potencial, nossos cálculos acima sugerem
que haveriam mil Civilizações Tipo III só em nossa galáxia. Dado o poder de tal civilização, sua
presença provavelmente seria fácil de se notar. E, ainda assim, nós não vemos nada, não
ouvimos nada e não fomos visitados por ninguém.

Então cadê todo mundo?

Sejam bem-vindos ao Paradoxo de Fermi.

Ainda não há uma resposta para o Paradoxo de Fermi. O melhor que podemos fazer é
conseguir “explicações possíveis”. E se você perguntar a dez cientistas diferentes qual o
palpite deles sobre a explicação correta, você terá dez respostas diferentes. Sabe quando
humanos de antigamente discutiam se a Terra era redonda, ou se o Sol girava em torno da
Terra, ou achavam que os raios aconteciam por causa de Zeus? Por isso, hoje eles parecem
primitivos e ignorantes; no entanto, esse é mais ou menos o ponto em que estamos neste
assunto.

Ao analisar as hipóteses mais discutidas sobre o Paradoxo de Fermi, vamos dividi-las em duas
grandes categorias: as explicações que supõem que não há sinal de Civilizações Tipo II e III
porque elas não existem; e as explicações que sugerem que elas estão lá, só que não
estamos vendo ou ouvindo nada por outros motivos.

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Grupo 1 de Explicações: não há sinais de civilizações


superiores (Tipos II e III) porque elas não existem.
Aqueles que acreditam em explicações do Grupo 1 recusam qualquer teoria do tipo “existem
civilizações maiores, mas nenhuma delas fez qualquer tipo de contato conosco porque todas
_____”. O pessoal do Grupo 1 vê os números, entende que deveria haver milhares (ou
milhões) de civilizações superiores, e intui que pelo menos uma delas deveria ser a exceção à
regra. Mesmo se uma teoria abarcasse 99,99% das civilizações superiores, o 0,001% restante
se comportaria de alguma outra forma e nós perceberíamos sua existência.

Por isso, dizem as explicações do Grupo 1, não entramos em contato com civilizações
superavançadas porque porque não existem. Como a matemática sugere que existem
milhares delas só na nossa galáxia, alguma outra coisa deve estar acontecendo.

Essa “outra coisa” é o Grande Filtro.

A teoria do Grande Filtro diz que, em algum ponto entre o início da vida e a inteligência Tipo III,
há uma barreira. Há algum estágio naquele longo processo evolucionário que é improvável ou
impossível de ser atravessado pela vida. Esse estágio é chamado de O Grande Filtro.

As linhas amarelas mostram saltos evolucionários comuns de serem alcançados. A linha


vermelha é o Grande Filtro. A linha verde representa uma espécie que, passando por eventos
extraordinários, consegue ultrapassar o Grande Filtro.

Se essa teoria for real, a grande questão é: quando acontece o Grande Filtro na linha do
tempo?

Acontece que, quando o assunto é o destino da humanidade, essa questão é muito importante.
Dependendo de quando O Grande Filtro ocorre, sobram para nós três possíveis realidades:
nós somos raros; nós somos os primeiros; ou nós estamos ferrados.

1. Nós somos raros (já passamos do Grande Filtro)

Uma esperança é que já tenhamos passado do Grande Filtro. Nós conseguimos atravessá-lo,
portanto é extremamente raro que a vida alcance nosso nível de inteligência. O diagrama
abaixo mostra apenas duas espécies passando por ele; nós somos uma delas.

Esse cenário explicaria por que não existem Civilizações Tipo III… mas isso também poderia
significar que nós podemos ser uma das exceções, já que chegamos até aqui. Isso significaria
que há esperança para nós. Superficialmente, isso parece com as pessoas de meio século
atrás, sugerindo que a Terra é o centro do universo. Sugere que nós somos especiais.

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Mas se nós somos especiais, quando exatamente nos tornamos especiais? Isto é, qual passo
nós superamos, apesar de quase todo mundo ficar preso nele?

Uma possibilidade: o Grande Filtro pode estar no comecinho de tudo; pode ser incrivelmente
raro que a vida comece. Esse é um candidato porque demorou um bilhão de anos para a vida
na Terra finalmente acontecer, e porque nós tentamos exaustivamente replicar esse evento em
laboratórios e jamais conseguimos. Se este é mesmo o Grande Filtro, isso significaria que não
deve existir vida inteligente lá fora – pode simplesmente não haver vida.

Outra possibilidade: o Grande Filtro pode ser o salto de células procariontes simples para
células eucariontes complexas. Após o surgimento das procariontes, elas permaneceram
dessa forma por quase dois milhões de anos antes de darem o salto evolucionário para se
tornarem complexas e ganharem um núcleo. Se esse é o Grande Filtro, isso significaria que o
universo está repleto de células procariontes simples e quase nada além disso.

Há outras possibilidades. Alguns acham até que nosso salto evolucionário mais recente,
alcançando nossa inteligência atual, é um candidato a Grande Filtro. Ainda que o salto de vida
semi-inteligente (chimpanzés) até a vida inteligente (humanos) a princípio não pareça um
passo miraculoso, Steven Pinker rejeita a ideia de que a “escalada ascendente” da evolução
seja inevitável:

Uma vez que a evolução apenas acontece, sem ter um objetivo, ela usa a
adaptação mais útil para um certo nicho ecológico. O fato que, na Terra, até hoje
isso levou a inteligência tecnológica apenas uma vez, pode sugerir que essa
consequência da seleção natural é rara e, consequentemente, não é um
desenvolvimento infalível da evolução de uma árvore da vida.

A maioria dos saltos não se qualifica como candidatos a Grande Filtro. Qualquer Grande Filtro
possível deve ser algo que só acontece uma vez em um bilhão, onde uma ou mais anomalias
devem ocorrer para proporcionar uma enorme exceção.

Por esse motivo, algo como pular de uma vida unicelular para uma multicelular está fora de
questão como filtro, porque isso aconteceu pelo menos 46 vezes em incidentes isolados, só no
nosso planeta. Pela mesma razão, se nós encontrarmos uma célula eucarionte fossilizada em
Marte, ela iria tirar o salto “de-célula-simples-para-complexa” da lista de possíveis Grandes
Filtros (assim como qualquer outra coisa que esteja antes desse ponto na cadeia
evolucionária). Se isso aconteceu tanto na Terra quanto em Marte, claramente não é uma
anomalia.

Se nós formos mesmo raros, isso pode ser por causa de um acidente biológico, mas isso
também pode ser atribuído ao que se chama de Hipótese da Terra Rara. Ela sugere que, ainda
que existam muitos planetas similares a Terra, as condições particulares do nosso planeta o
tornam tão conveniente à vida — sejam as relacionadas a seu sistema solar, seu

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relacionamento com a Lua (uma lua tão grande é incomum para um planeta tão pequeno,
contribuindo para as condições peculiares de nosso clima e nosso oceano), ou algo sobre o
planeta em si.

2. Nós somos os primeiros

A civilização humana é representada pela linha laranja.

Para pensadores do Grupo 1, se já não tivermos passado pelo Grande Filtro, nossa única
esperança é que, do Big Bang até hoje, as condições no universo estão alcançando um nível
que permita o desenvolvimento de vida inteligente. Nesse caso, nós podemos estar a caminho
da super inteligência, mas isso ainda não aconteceu. Por acaso, nós estaríamos na hora certa
para nos tornarmos uma das primeiras civilizações super inteligentes.

Um exemplo de um fenômeno que poderia tornar isso realístico é o predomínio de explosões


de raios gama, detonações absurdamente imensas que observamos em galáxias distantes.
Levou algumas centenas de milhões de anos para que os asteróides e vulcões se acalmassem
e a vida se tornasse possível.

Da mesma forma, pode ser que o começo das existências no universo esteja cheio de eventos
cataclísmicos, como explosões de raios gama que incinerariam tudo à sua volta de tempos em
tempos, evitando que qualquer vida se desenvolva a partir de um certo estágio. Talvez
estejamos agora no meio de uma fase de transição astrobiológica, e essa seja a primeira vez
que qualquer vida tenha sido capaz de se desenvolver ininterruptamente por tanto tempo.

3. Nós estamos ferrados (o Grande Filtro está chegando)

O Grande Filtro é representado pela linha vermelha.

Se nós não somos nem raros nem pioneiros, os pensadores do Grupo 1 concluem que O
Grande Filtro deve estar no nosso futuro. Isso implicaria que a vida frequentemente evolui até
onde estamos, mas alguma coisa impede, em quase todos os casos, que a vida vá muito
adiante e alcance a inteligência avançada — e dificilmente nós seremos uma exceção.

Um possível Grande Filtro seria algum evento cataclísmico que ocorra regularmente, como as
já mencionadas explosões de raio gama. Só que ela ainda não teria ocorrido e, infelizmente, é
uma questão de tempo até que ela acabe com toda a vida na Terra. Outra candidata é a
destruição possivelmente inevitável que quase todas as civilizações inteligentes acabariam
trazendo para si mesmas, uma vez atingido certo nível de tecnologia.

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É por isso que o filósofo Nock Bostrom, da Universidade de Oxford, diz que “boa novidade é
não haver novidade“. Se descobrirem vida em Marte, mesmo que simples, isso seria
devastador, porque eliminaria diversos potenciais Grandes Filtros no passado. E se
encontrarmos fósseis de vida complexa em Marte, Bostrom diz que “seria a pior notícia já
impressa em uma primeira página de jornal”, porque significaria que o Grande Filtro está quase
que definitivamente à nossa frente, condenando toda nossa espécie de uma vez. Bostrom
acredita que, quando se trata do Paradoxo de Fermi, “o silêncio do céu noturno é ouro”.

Grupo 2 de Explicações: civilizações inteligentes dos Tipos I e II


existem, mas há razões lógicas para que não tenhamos ouvido
falar delas.
As explicações do Grupo 2 abandonam qualquer ideia de que nós somos raros, especiais ou
qualquer coisa parecida. Pelo contrário, elas acreditam no Princípio da Mediocridade: ou seja,
até que se prove o contrário, não há nada de especial ou incomum em nossa galáxia, sistema
solar, planeta ou nível de inteligência. Além disso, elas são mais cautelosas antes de assumir
que, se não há evidências de uma inteligência superior, ela não existe. Elas enfatizam o fato
de nossas buscas por sinais só alcançarem mais ou menos até 100 anos-luz de nós (0,1% da
galáxia) e só terem ocorrido há menos de uma década, o que é pouquíssimo tempo.

Pensadores do Grupo 2 têm uma ampla gama de possíveis explicações para o Paradoxo de
Fermi. A seguir, eis as nove mais discutidas:

Possibilidade 1: a vida superinteligente pode ter visitado a Terra antes de estarmos aqui.
Humanos sencientes só estão por aí há uns 50 mil anos, um piscar de olhos se comparado à
existência do universo. Se o contato ocorreu antes disso, deve ter assustado alguns patos e
só. Além disso, nossa história documentada só vai até uns 5.500 anos atrás. Por isso,
talvez tribos humanas de caçadores-coletores pode ter passado por algumas experiências
loucas com aliens, mas não tinham como contá-las para as pessoas do futuro.

Possibilidade 2: a galáxia foi colonizada, mas nós moramos em uma área despovoada.
As Américas podem ter sido colonizadas pelos europeus muito antes de qualquer um daquela
pequena tribo Inuit ao norte do Canadá ter percebido o ocorrido. Pode haver um elemento de
urbanização nas moradias estelares das espécies mais avançadas: todos os sistemas solares
de uma certa área são colonizados e estão em comunicação, mas seria pouco prático e inútil
pra qualquer um deles vir até o canto distante e aleatório em que vivemos.

Possibilidade 3: todo o conceito de colonização física é comicamente atrasado para uma


espécie mais avançada. Uma Civilização Tipo II consegue usar toda a energia de sua estrela.
Com toda essa energia, eles podem ter criado um ambiente perfeito para eles, satisfazendo
todas as suas necessidades. Eles podem ter meios hiperavançados de reduzir a necessidade
de recursos, e interesse zero em deixar sua utopia feliz para explorar um universo frio, vazio e
pouco desenvolvido.

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Uma civilização ainda mais avançada poderia ver todo o mundo físico como um lugar
horrivelmente primitivo, tendo há muito dominado sua própria biologia e feito upload de seus
cérebros para uma realidade virtual, um paraíso da vida eterna. Viver em um mundo físico de
biologia, morte, desejos e necessidades pode soar para eles da mesma forma como nos soam
as espécies primitivas vivendo no oceano escuro e gelado.

Possibilidade 4: há civilizações predatórias e assustadoras lá fora, e as formas de vida


mais inteligentes sabem que não devem transmitir sinais e divulgar sua localização.
Essa é uma ideia desagradável, mas que ajudaria explicar a falta de sinais recebidos pelos
satélites SETI. Ela também significaria que, ao transmitir nossos sinais lá pra fora, estamos
sendo novatos inocentes e descuidados. Há um debate envolvendo METI (Mensagem às
Inteligências Extraterrestes na sigla em inglês; o inverso de SETI, que só escuta).
Basicamente, deveríamos mesmo enviar mensagens para o universo? A maioria das pessoas
diz que não.

Stephen Hawking adverte: “se aliens nos visitarem, o resultado pode ser parecido com a
chegada de Colombo nas Américas, que não terminou bem para os nativos”. Mesmo Carl
Sagan, que geralmente acredita que qualquer civilização avançada o bastante para viagens
interestelares seria altruísta, não hostil, diz que a prática de METI é “profundamente
imprudente e imatura“, e recomendou que “as crianças mais novas de um cosmo estranho e
incerto deveriam ouvir em silêncio por um longo tempo, aprendendo pacientemente e tomando
notas sobre o universo, antes de gritar para uma selva desconhecida que não conseguimos
compreender”. Assustador.

Possibilidade 5: existe apenas uma única inteligência superior, uma civilização


“superpredadora” (mais ou menos como os humanos aqui na Terra) que é muito mais
avançada que todas as outras e mantém as coisas assim, exterminando qualquer
civilização que ultrapasse um certo nível de inteligência. Isso seria um saco. Poderia
funcionar se o extermínio de todas as inteligências emergentes fosse um desperdício de
recursos, já que a maioria se mata sozinha. Mas, ultrapassado um certo ponto, esses super
seres agiriam porque, para eles, uma espécie inteligente emergente se tornaria um vírus,
conforme começasse a crescer e se expandir. Essa teoria sugere que a vitória é de quem foi o
primeiro a alcançar a inteligência superior. Ninguém mais tem chance. Isso explicaria a falta de
atividade lá fora, porque o número de civilizações superinteligentes seria 1.

Possibilidade 6: há muito barulho e atividade lá fora, mas nossas tecnologias são muito
primitivas e nós estamos procurando pelas coisas erradas. É como entrar em um prédio
de escritórios, ligar um walkie-talkie (que ninguém mais usa) e, ao não ouvir nada, concluir que
o prédio está vazio. Ou talvez, como apontou Carl Sagan, pode ser que nossas mentes
trabalhem exponencialmente mais rápido ou mais lentamente do que a de qualquer outra
forma de vida lá fora. Ou seja, eles levam 12 anos pra dizer “oi” e, quando nós ouvimos essa
comunicação, isso parece apenas ruído.

Possibilidade 7: civilizações mais avançadas sabem sobre nós e estão nos observando,
mas se ocultam de nós (a “Hipótese do Zoológico”). Até onde sabemos, civilizações super
inteligentes existem em uma galáxia controlada rigidamente, e nossa Terra é tratada como

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parte de um safári amplo e protegido, e planetas como o nosso estão sob uma estrita regra de
“olhe, mas não toque”. Nós não estamos cientes deles porque, se uma espécie muito mais
inteligente quisesse nos observar, ela saberia como fazer isso sem nos deixar saber. Talvez
haja uma regra similar à “Primeira Diretriz” de Jornada nas Estrelas, que proíbe seres super
inteligentes de fazerem qualquer contato aberto com espécies inferiores como a nossa, ou de
se revelarem de qualquer forma, até que a espécie inferior alcance um certo nível de
inteligência.

Possibilidade 8: civilizações superiores existem à nossa volta, mas somos primitivos


demais para percebê-las. Michio Kaku resumiu isso assim:

Digamos que há um formigueiro no meio da floresta. Ao lado do formigueiro, estão


construindo uma super autoestrada de dez faixas. E a questão é, “as formigas
seriam capazes de entender o que é uma super autoestrada de dez faixas? Elas
seriam capazes de entender a tecnologia e as intenções dos seres construindo a
autoestrada a seu lado?”

Então não é que, usando nossa tecnologia, não sejamos capazes de receber os sinais do
planeta X. É que nós não conseguimos sequer entender o que são os seres do planeta X, ou o
que eles estão tentando fazer. É tão além de nós que mesmo se eles quisessem nos
esclarecer, seria como tentar ensinar às formigas sobre a internet.

Seguindo essa linha, essa pode ser uma resposta para “se existem tantas exuberantes
Civilizações Tipo III, por que ainda não entraram em contato conosco?”. Para responder isso,
vamos nos perguntar: quando Pizarro chegou ao Peru, ele parou um tempo em um formigueiro
e tentou se comunicar com ele? Ele foi magnânimo, tentando ajudar as formigas? Ele foi hostil
e atrasou sua missão original só para esmagar e destruir o formigueiro? Ou, para Pizarro, o
formigueiro era completa e absoluta e eternamente irrelevante? Essa pode ser a nossa
situação nesse caso.

Possibilidade 9: nós estamos completamente enganados sobre nossa realidade. Há


muitas maneiras pelas quais nós podemos estar totalmente iludidos em tudo que pensamos. O
universo pode parecer ser de um jeito e ser de outro completamente diferente, como um
holograma. Ou talvez nós sejamos os alienígenas e fomos plantados aqui como um
experimento. Há até mesmo a chance de que sejamos parte de uma simulação de computador
de algum pesquisador de outro mundo, e outras formas de vida simplesmente não foram
programadas na simulação.

Conclusão
Conforme continuamos em nossa possivelmente inútil busca por inteligência extraterrestre, eu
não tenho certeza o que queremos encontrar. Francamente, tanto faz saber se estamos
oficialmente sozinhos no universo ou se estamos oficialmente na companhia de outros, ambas

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são opções assustadoras. É um tema recorrente em todos os enredos surreais acima:


qualquer que seja a verdade, ela é de enlouquecer.

Além de seu chocante ingrediente de ficção científica, o Paradoxo de Fermi também me deixa
profundamente humilde. Não só lembra que sou microscópico e minha existência dura uns três
segundos, algo que me vem à cabeça sempre que penso sobre o universo. O Paradoxo de
Fermi traz à tona uma humildade mais mordaz, mais pessoal, do tipo que só acontece depois
de passar horas de pesquisa ouvindo os mais renomados cientistas de nossa espécie
apresentando as teorias mais insanas, mudando de ideia e contradizendo um ao outro
freneticamente. Ele nos faz lembrar que as futuras gerações olharão para nós da mesma
forma que nós olhamos para os antigos, que tinham certeza que as estrelas estavam sob o
domo do céu; no futuro, lembrarão de nós dizendo “uau, eles não tinham ideia nenhuma do
que estava acontecendo”.

E ainda temos mais outro golpe à autoestima com todo esse assunto de Civilizações Tipos II e
III. Aqui na Terra, nós somos os reis de nosso pequeno castelo, comandando os rumos do
planeta mais do que qualquer outra espécie. Nessa bolha, sem competição e sem ninguém
para nos julgar, é raro que sejamos confrontados com a ideia de sermos uma espécie inferior a
qualquer outra. Mas não somos nem uma Civilização Tipo I!

Dito isso, toda essa discussão é maravilhosa para mim. Sim, tenho minha perspectiva de que a
humanidade é uma órfã solitária em uma pequena rocha no meio de um universo solitário. Mas
as hipóteses apontam que provavelmente não somos tão espertos como pensamos. Além
disso, muito do que temos certeza pode estar errado. Tudo isso me deixa esperançoso em
conhecer e descobrir mais, nem que seja um pouquinho, porque existem muito mais coisas do
que nós temos consciência.

Este artigo foi republicado com permissão do site WaitButWhy.com. Siga-os no


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Foto inicial por Andreas Schönfeld

ciência destaques espaço paradoxo de Fermi republicado

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