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Estudo da influência da geometria da fibra de aço na tenacidade à flexão dos


compósitos de matriz de concreto.

Thesis · March 1998


Source: OAI

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2 authors:

Nelson Lucio Nunes V. Agopyan


Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô University of São Paulo
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NELSON LUCIO NUNES

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA
GEOMETRIA DA FIBRA DE AÇO NA
TENACIDADE À FLEXÃO DOS
COMPÓSITOS DE MATRIZ DE
CONCRETO

Dissertação apresentada à Escola


Politécnica da Universidade de São
Paulo para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia.

Área de Concentração:
Engenharia de Construção Civil e
Urbana

Orientador:
Prof. Dr. Vahan Agopyan

São Paulo
1998
ii

NELSON LUCIO NUNES

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA
GEOMETRIA DA FIBRA DE AÇO NA
TENACIDADE À FLEXÃO DOS
COMPÓSITOS DE MATRIZ DE
CONCRETO

Dissertação apresentada à Escola


Politécnica da Universidade de São
Paulo para obtenção do título de
Mestre em Engenharia.

São Paulo

1998
iii

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Vahan Agopyan, pela orientação e incentivo.

Ao Prof. Antonio Domingues de Figueiredo, pelo constante apoio dado, pela


contribuição técnica e pelo permanente estímulo e empenho para que este
trabalho se concretizasse.

Aos fabricantes de fibras de aço Vulkan do Brasil – Divisão Harex, Belgo


Mineira Bekaert Arames S.A. e Novocom International, pelo apoio a este
projeto de pesquisa, fornecendo o material necessário para a viabilização do
mesmo.

À Ciminas/Holdercim, pelo fornecimento de cimento e aditivos.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo


apoio financeiro na forma de bolsa de estudo e verbas para aquisição de
equipamentos.

Aos colegas e amigos da pós-graduação do PCC pelo estímulo, apoio nos


momentos difíceis e alegre convívio nestes anos de trabalho.

Aos meus pais, Nelson Nunes e Ieda Veronez Nunes e à minha irmã Gislaine,
pelo incentivo, carinho e paciência neste período difícil de elaboração da
dissertação e por tudo que fizeram por mim.

A todos os demais que, de alguma maneira, colaboraram na execução deste


trabalho.
iv

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA FIBRA DE AÇO NA


TENACIDADE À FLEXÃO DOS COMPÓSITOS DE MATRIZ DE CONCRETO

Nelson Lúcio Nunes

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS....................................................................................................................III

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................... VI

LISTA DE TABELAS.................................................................................................................... X

RESUMO .................................................................................................................................... XII

ABSTRACT................................................................................................................................ XIII

1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................2
1.1. OBJETIVO .......................................................................................................................2
1.2. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ........................................................................................2
1.3. CENTROS DE PESQUISA ..............................................................................................3
1.4. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO .........................................................................................5

2. CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO ............................................................10


2.1. DEFINIÇÃO E HISTÓRICO...........................................................................................10
2.2. APLICAÇÃO ..................................................................................................................11
2.2.1. Matriz de concreto ......................................................................................................11
2.2.2. Fibras .........................................................................................................................13
2.3. MISTURA E MOLDAGEM .............................................................................................14
2.4. RESISTÊNCIA MECÂNICA...........................................................................................20
2.4.1. Tração e flexão ..........................................................................................................20
2.4.2. Compressão................................................................................................................22
2.4.3. Solicitações dinâmicas ...............................................................................................22

3. TENACIDADE DO CONCRETO COM FIBRAS DE AÇO.......................................................26


3.1. GENERALIDADES ........................................................................................................26
3.2. TENACIDADE SOB FLEXÃO........................................................................................27
3.3. MEDIDAS EXPERIMENTAIS DE DETERMINAÇÃO DA TENACIDADE .....................31
3.3.1. Cuidados a serem observados para caracterização da tenacidade ..........................46

4. A AÇÃO DAS FIBRAS DE AÇO NA TENACIDADE DOS COMPÓSITOS ...........................54


4.1. INTERAÇÃO FIBRA-MATRIZ .......................................................................................54
4.1.1. Composição da matriz ................................................................................................54
4.1.2. Mecanismo de reforço das fibras................................................................................57
v

4.2. FATOR DE FORMA.......................................................................................................67


4.3. TEOR DE FIBRAS.........................................................................................................73
4.4. TIPO DE FIBRA.............................................................................................................75

5. PROGRAMA EXPERIMENTAL..............................................................................................79
5.1. METODOLOGIA ............................................................................................................79
5.1.1. Planejamento experimental ........................................................................................79
5.1.2. Variáveis independentes ............................................................................................82
5.1.3. Variáveis dependentes ...............................................................................................91
5.2. PROGRAMA DE ENSAIOS...........................................................................................94
5.2.1. Corpos-de-prova .........................................................................................................94
5.2.2. Mistura, moldagem e cura dos corpos-de-prova .......................................................95
5.2.3. Ensaios de compressão axial e tenacidade ...............................................................97
5.3. RESULTADOS OBTIDOS .............................................................................................97
5.3.1. Fibras de seção transversal retangular, de mesmo comprimento, mas com
diâmetros equivalentes diferentes: influência do fator de forma. .........................................97
5.3.2. Fibras de seção transversal circular de mesmo comprimento e diâmetros
equivalentes diferentes: influência do fator de forma. ........................................................122
5.3.3. Fibras de seção transversal circular com mesmo fator de forma: influência do
comprimento .......................................................................................................................135

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................152
6.1. COMENTÁRIOS ESPECÍFICOS ....................................................................................152
6.1.1. Formas de avaliação da tenacidade.........................................................................152
6.1.2. Correlação entre tenacidade à flexão e fator de forma ............................................153
6.1.3. Influência do teor de fibras na tenacidade................................................................153
6.1.4. Influência do fator de forma na tenacidade ..............................................................154
6.2. CONCLUSÃO ..................................................................................................................156
6.3. TRANSFERÊNCIA DOS RESULTADOS AO MEIO TÉCNICO ......................................157
6.4. PROPOSTAS PARA CONTINUIDADE DAS PESQUISAS ............................................158

ANEXO I - CARACTERIZAÇÃO GEOMÉTRICA DAS FIBRAS SEGUNDO A ASTM A-820 .161

ANEXO II – CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DA MATRIZ DE CONCRETO...............173

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................................175


vi

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA FIBRA DE AÇO NA


TENACIDADE À FLEXÃO DOS COMPÓSITOS DE MATRIZ DE CONCRETO

Nelson Lucio Nunes

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Propagação preferencial da fissura na interface agregado-matriz ________ 13

Figura 2.2 - Efeito do teor e fator de forma de fibras cilíndricas na trabalhabilidade do


CRFA (BENTUR e MINDESS, 1990) ____________________________________________ 16

Figura 2.3 - Efeito do tamanho do agregado na trabalhabilidade do CRFA ___________ 17

(BENTUR e MINDESS, 1990) __________________________________________________ 17

Figura 2.4 - Efeito da compactação no alinhamento das fibras _____________________ 18

(BENTUR E MINDESS, 1990) __________________________________________________ 18

Figura 2.5 - resistência à tração na compressão diametral de corpos de prova de CRFA21

(SHAABAN e GESUND, 1993) _________________________________________________ 21

Figura 3.1 - Curva de carga por deslocamento vertical média obtida para fibra de aço
com 36 mm de comprimento (FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI, 1997). ___________ 31

Figura 3.2 - Curva típica de carga por deslocamento vertical_______________________ 32

Figura 3.3 - Método da ASTM C1018 para caracterização da tenacidade. _____________ 36

Figura 3.4 - Curva carga por deslocamento vertical de compósito elasto-plástico perfeito
__________________________________________________________________________ 37

Figura 3.5 - Compósitos de mesmos índices de tenacidade e diferentes níveis de


resistência mecânica segundo o critério da ASTM C1018 (FIGUEIREDO, 1997) _______ 38

Figura 3.6 - Critério da JSCE SF4 (1984) para determinação da tenacidade ___________ 41

Figura 3.7 - Compósitos semelhantes segundo o critério da JSCE-SF4 (1984) para


determinação do fator de tenacidade (FIGUEIREDO, 1997) ________________________ 42

Figura 3.8 - Curvas carga por deslocamento vertical médias de dois compósitos com
comportamento pós-fissuração distintos mas com fatores de tenacidade praticamente
iguais (Reproduzido de TORNERI, 1997)________________________________________ 42

Figura 3.9 - Distribuição de tensões na seção transversal de um coprpo-de-prova de um


CRFA, após fissuração da matriz (ROBBINS, AUSTIN e JONES, 1996)_______________ 43

Figura 3.10 - Curvas carga por deslocamento vertical obtidas a partir de três técnicas
diferentes de medida do deslocamento vertical (BANTHIA e TROTTIER, 1995a) ______ 48

Figura 3.11 - Dispositivo “Yoke” de fixação do LVDT no corpo-de-prova_____________ 48


vii

Figura 3.12 - Influência da resistência da matriz na instabilidade pós-pico (Adaptado de


BANTHIA e TROTTIER, 1995a) ________________________________________________ 49

Figura 3.13 - Instabilidade pós-pico ____________________________________________ 50

Figura 3.14 - Curva de carga por deslocamento vertical de um compósito com grande
deformação plástica pós-fissuração ___________________________________________ 52

Figura 4.1 - Profundidade da linha neutra em prismas de CRFA. a) Matriz de 30 MPa b)


Matriz de 58 MPa. (Baseado em dados de ARMELIN e BANTHIA, 1997) ______________ 57

Figura 4.2 - Mecanismo de controle de propagação das fissuras (NUNES, TANESI e


FIGUEIREDO, 1997) _________________________________________________________ 58

Figura 4.3 - Esquema de deformações (a) e distribuição de tensões de cisalhamento


elásticas (b) ao longo da interface fibra-matriz (BENTUR e MINDESS, 1990). _________ 59

Figura 4.4 - Configuração de uma fibra parcialmente descolada e diagrama das tensões
de cisalhamento e atrito na interface fibra-matriz (BENTUR e MINDESS, 1990)________ 60

Figura 4.5 - Diagrama simplificado de força de arrancamento por escorregamento ____ 62

Figura 4.6 - Comparação entre curvas de arrancamento de fibras. a) retas e onduladas. b)


retas e com ancoragem em gancho (NAAMAN e NAJM, 1991) ______________________ 64

Figura 4.7 - Contribuição da ancoragem mecânica para o arrancamento das fibras de aço
com ganchos nas extremidades (NAAMAN e NAJM, 1991)_________________________ 65

Figura 4.8 - Conceituação do fator de forma da fibra _____________________________ 68

Figura 4.9 - Diversos tipos de fibras de aço _____________________________________ 75

Figura 5.1 - Geometria das fibras utilizadas _____________________________________ 80

Figura 5.2 – Diagrama de dosagem ____________________________________________ 87

Figura 5.3 – Curvas de Abrams obtidas com o estudo de dosagem utilizando cimento
CP V – ARI. ________________________________________________________________ 89
0
Figura 5.4 – Giro de 90 do corpo-de-prova para minimizar efeitos da segregação e
alinhamento das fibras. ______________________________________________________ 95

Figura 5.5 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F1-A ____ 101

Figura 5.6 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F1-B ____ 101

Figura 5.7 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F1-C ____ 102

Figura 5.8 – Curvas de correlação entre os índices de tenacidade (ASTM C1018) e o teor
da fibra F1-A ______________________________________________________________ 107

Figura 5.9 – Curvas de correlação entre os índices de tenacidade (ASTM C1018) e o teor
da fibra F1-B ______________________________________________________________ 107

Figura 5.10 – Curvas de correlação entre os índices de tenacidade (ASTM C1018) e o teor
da fibra F1-C ______________________________________________________________ 108
viii

Figura 5.11 – Curvas de correlação entre o índice de tenacidade I5 (ASTM C1018) e o teor
de fibras para todas as fibras estudadas. ______________________________________ 109

Figura 5.12 – Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F1-A _____________________________________________________________________ 111

Figura 5.13 – Curvas de correlação entre os valores tensão residual e o teor de fibras
F1-B _____________________________________________________________________ 112

Figura 5.14 – Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F1-C _____________________________________________________________________ 112

Figura 5.15 – Curvas de correlação entre os fatores de tenacidade e o teor de fibras para
todas as fibras da série 1 de ensaios. _________________________________________ 113

Figura 5.16 – Curvas de correlação entre a tensão residual a 0,5 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 1._____________________________________ 114

Figura 5.17 – Curvas de correlação entre a tensão residual a 3,0 mm e o teor de fibras
para todas as fibras ________________________________________________________ 114

Figura 5.18 – Correlações entre fator de tenacidade e fator de forma para as fibras F1 117

Figura 5.19 – Correlações entre o fator de tenacidade e número de fibras na seção de


ruptura para todas as fibras da série de ensaios 1. ______________________________ 119

Figura 5.20 – Correlação entre o número de fibras na seção de ruptura e o fator de forma
efetivo das fibras estudadas. ________________________________________________ 120

Figura 5.21 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-C ___ 124

Figura 5.22 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-D ___ 124

Figura 5.23 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-E ___ 125

Figura 5.24– Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F2-E _____________________________________________________________________ 128

Figura 5.25 – Curvas de correlação entre os fatores de tenacidade e o teor de fibras para
todas as fibras da série 2 de ensaios (Obs.: FF = Fator de Forma)._________________ 128

Figura 5.26– Curvas de correlação entre a tensão residual a 0,5 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 2._____________________________________ 129

Figura 5.27 – Curvas de correlação entre a tensão residual a 3,0 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 2._____________________________________ 129

Figura 5.28 – Distribuição de tensões na seção transversal de um prisma de CRFA


submetido a flexão. ________________________________________________________ 131

Figura 5.29 – Correlações entre fator de tenacidade e fator de forma para as fibras F2 132

Figura 5.30 – Correlação entre número de fibras na seção de ruptura e fator de forma das
fibras F2. _________________________________________________________________ 134

Figura 5.31 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-A ___ 137

Figura 5.32 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-B ___ 137
ix

Figura 5.33– Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F2-A (L = 30 mm) __________________________________________________________ 141

Figura 5.34– Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F2-C (L = 60 mm) __________________________________________________________ 142

Figura 5.35 - Curvas de correlação entre a tensão residual a 0,5 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 3._____________________________________ 142

Figura 5.36 - Curvas de correlação entre a tensão residual a 3,0 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 3._____________________________________ 143

Figura 5.37 – Curvas de correlação entre fator de tenacidade e comprimento para as


fibras da série de ensaios 3. _________________________________________________ 146

Figura 5.38 – Curvas de correlação entre tensão residual no deslocamento vertical


0,5 mm e comprimento da fibra para as fibras da série de ensaios 3._______________ 146

Figura 5.39 - Curvas de correlação entre tensão residual no deslocamento vertical


3,0 mm e comprimento da fibra para as fibras da série de ensaios 3 _______________ 147

Figura 5.40 – Curvas de correlação entre o fator de tenacidade e número de fibras na


seção de ruptura para todas as fibras da série de ensaios 3.______________________ 149
x

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA FIBRA DE AÇO NA


TENACIDADE À FLEXÃO DOS COMPÓSITOS DE MATRIZ DE CONCRETO

Nelson Lucio Nunes

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Métodos de ensaio para determinação da tenacidade especificados para o


concreto reforçado com fibras de aço (FIGUEIREDO, 1997 ; GOPALARATNAN e GETTU,
1995) _____________________________________________________________________ 33
Tabela 4.1 - Fatores de tenacidade obtidos para fibras de fatores de forma diferentes
para diversos teores de fibras em concreto projetado via seca (baseado em dados de
FIGUEIREDO, 1997) _________________________________________________________ 72
Tabela 4.2 - Valores médios do fator de tenacidade obtido com fibras de fatores de forma
diferentes (FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI (1997) ___________________________ 72
Tabela 5.1 - Tratamentos experimentais ________________________________________ 81
Tabela 5.2 - Série de ensaios e análise número 1_________________________________ 81
Tabela 5.3 - Série de ensaios e análise número 2_________________________________ 82
Tabela 5.4 - Série de ensaios e análise número 3_________________________________ 82
Tabela 5.5 - Série de ensaios e análise número 4_________________________________ 82
Tabela 5.6 - Definição do teor de argamassa e do teor de água _____________________ 85
Tabela 5.7 – Estudo de dosagem ______________________________________________ 86
Tabela 5.8 - Fibras de aço empregadas no estudo________________________________ 90
Tabela 5.9 – Características das fibras F1 estudadas _____________________________ 98
Tabela 5.10 – Série de ensaios 1 - resultados médios obtidos para resistência à
compressão e tração na flexão aos 28 dias de idade e No de fibras na seção de ruptura
para todas as misturas _____________________________________________________ 100
Tabela 5.11 – Série de ensaios 1 - resultados médios obtidos para tensão residual e fator
de tenacidade. ____________________________________________________________ 100
Tabela 5.12 – Série de ensaios 1 - resumo dos resultados médios dos índices de
tenacidade obtidos ________________________________________________________ 100
Tabela 5.13 – Resumo dos resultados da análise de variância para a série 1 de ensaios
_________________________________________________________________________ 105
Tabela 5.14 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para os índices de tenacidade da ASTM C1018 _______________________ 106
Tabela 5.15 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para o Fator de tenacidade da JSCE SF4 e para os valores de tensão residual
da EFNARC. ______________________________________________________________ 111
Tabela 5.16 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e fator de forma
para as fibras da série 1 de ensaios. __________________________________________ 117
Tabela 5.17 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e número de
fibras na seção de ruptura para a série 1 de ensaios. ____________________________ 118
Tabela 5.18 – Características das fibras F2 estudadas na série 2 de ensaios ________ 122
xi

Tabela 5.19 – Série de ensaios 2 - resultados médios obtidos para resistência à


compressão e tração na flexão aos 07 dias de idade e No de fibras na seção de ruptura
para todas as misturas _____________________________________________________ 123
Tabela 5.20 – Série de ensaios 2 - resultados médios obtidos para tensão residual e fator
de tenacidade. ____________________________________________________________ 123
Tabela 5.21 – Resumo dos resultados da análise de variância para a série 2 de ensaios
_________________________________________________________________________ 126
Tabela 5.22 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para o fator de tenacidade da JSCE SF4 e para os valores de tensão residual
da EFNARC, para os compósitos da série 2 de ensaios. _________________________ 127
Tabela 5.23 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e fator de forma
para as fibras da série 2 de ensaios. __________________________________________ 132
Tabela 5.24 – Características das fibras F2 estudadas na série 3 de ensaios ________ 136
Tabela 5.25 – Série de ensaios 3 - resultados médios obtidos para resistência à
compressão e tração na flexão aos 07 dias de idade e No de fibras na seção de ruptura
para todas as misturas _____________________________________________________ 136
Tabela 5.26 – Série de ensaios 3 - resultados médios obtidos para tensão residual e fator
de tenacidade. ____________________________________________________________ 136
Tabela 5.27 – Resumo dos resultados da análise de variância para a série 3 de ensaios
_________________________________________________________________________ 139
Tabela 5.28 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para os valores de tensão residual da EFNARC, para os compósitos da série
3 de ensaios.______________________________________________________________ 140
Tabela 5.29 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e comprimento
para as fibras da série 3 de ensaios. __________________________________________ 145
Tabela 5.30 – Valores obtidos para correlação entre tensão residual nos deslocamentos
de 0,5 e 3,0 mm e comprimento para as fibras da série 3 de ensaios._______________ 145
Tabela 5.31 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e número de
fibras na seção de ruptura para a série 3 de ensaios. ____________________________ 149
xii

Estudo da Influência da Geometria da Fibra de Aço na


Tenacidade à Flexão dos Compósitos de Matriz de
Concreto

Nelson Lucio Nunes

RESUMO

O desempenho do concreto reforçado com fibras de aço quanto a tenacidade à

flexão depende de, entre outros fatores, das características geométricas da

fibra. Uma das principais características geométricas da fibra é o fator de

forma, que é a relação entre o comprimento e o diâmetro da circunferência com

área equivalente à seção transversal da fibra.

Mediu-se experimentalmente a tenacidade à flexão de prismas de concreto

reforçados com onze variedades de fibras de aço com ancoragem mecânica.

Fator de forma, comprimento da fibra e teor de fibras foram correlacionados

com as medidas mais utilizadas para caracterização da tenacidade.

Com os resultados obtidos, mostrou-se o ganho de tenacidade com o aumento

do fator de forma através da diminuição do diâmetro equivalente ou aumento

do comprimento da fibra. Pode-se concluir que o diâmetro equivalente

influencia na tenacidade quando o deslocamento vertical dos prismas é

pequeno. O comprimento possui significativa influência, sobretudo nos maiores

deslocamentos. Assim, comprova-se que o fator de forma (que mostra o grau

de influência destes dois aspectos) é uma importante característica para

avaliação do desempenho das fibras ancoradas mecanicamente na tenacidade

à flexão do concreto reforçado com fibras de aço.


xiii

Study of The Influence of Steel Fiber Geometry on


Flexural Toughness of Concrete Composites

Nelson Lucio Nunes

ABSTRACT

Steel fiber reinforced concrete composites has good energy absortion, impact

resistance, apparent ductility and crack resistance. These qualities occurs due

fibers role as stress bridge across cracks. However, the flexural toughness

performing of composite depends on, among another factors, the steel fiber

geometrical characteristics. One of the main geometrical characteristics is the

aspect ratio, which is the ratio between the length of the fiber and the diameter

of the circumference which has the same area of the fiber transverse section.

Toughness of composites reinforced with eleven varieties of deformed steel

fibers was experimentally measured. Aspect ratio, fiber length and fiber content

were correlationed with the main toughness measures currentily used. It was

shown, for deformed fibers, that the influence of aspect ratio on flexural

toughness of SFRC really exists, confirming that this fiber characteristic could

not be scorned to evaluate the steel fiber performance on concrete matrix

composites.
1

1 INTRODUÇÃO
2

1. INTRODUÇÃO

1.1. OBJETIVO

O objetivo principal deste estudo é a análise da influência da geometria

das fibras de aço no comportamento pós-fissuração na flexão do concreto

reforçado com as mesmas. Serão investigados parâmetros geométricos como

o tipo de fibra (caracterizado pelas diferenças de ancoragem mecânica e seção

transversal apresentadas pelas fibras) e, principalmente, o fator de forma das

fibras. Procurar-se-á estabelecer correlações entre o fator de forma das fibras

que reforçam o concreto e os índices de tenacidade do compósito, medidos

através da curva de carga por deslocamento vertical, obtida no ensaio de

tração na flexão com deformação controlada, segundo diferentes critérios

apontados pelas normas e recomendações internacionais.

O desempenho quanto à tenacidade para cada fator de forma foi

quantificado para vários teores de fibra, o que viabiliza a execução de um

diagrama de dosagem das fibras. Com isto, torna-se possível ao projetista

dosar a fibra para o concreto, levando em conta o tipo de fibra que irá utilizar, o

fator de forma da mesma e os níveis de tenacidade que o projeto demandar.

1.2. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

O uso do concreto reforçado com fibras de aço (CRFA) vem se

ampliando, tanto no Brasil, como no exterior (BENTUR e MINDESS, 1990). No

Brasil, a utilização das fibras de aço como reforço do concreto deu-se mais

recentemente, a partir do momento em que se passou a dispor de fibras de aço

produzidas especialmente para reforço do concreto (FIGUEIREDO, 1997).


3

Atualmente, existem no Brasil três fabricantes de fibras de aço para

reforço de matrizes de concreto. Aplicações em pavimentos já vêm sendo

realizadas (SILVA, MENTONE e PITTA, 1996; PINTO e MORAES, 1996)

sendo que, nos últimos anos, mais de 2.000.000 m2 de pavimentos industriais

foram executados com CRFA1, mesmo sem a disponibilidade de normas e

referências nacionais necessárias para um controle da qualidade específico.

Outro fato que demonstra a importância que o uso das fibras vem ganhando no

Brasil, foi a realização do 3o Concurso Técnico IBRACON Prêmio Prof.

Telêmaco de Macedo Hippolyto van Langendonk, promovido pelo Instituto

Brasileiro do Concreto em 1996 (IBRACON, 1996), onde o concreto reforçado

com fibras foi o tema do concurso.

1.3. CENTROS DE PESQUISA

Quanto ao desenvolvimento de pesquisas sobre concreto reforçado com

fibras de aço no exterior, conta-se com centros como Vancouver e Laval, no

Canadá, onde já foram desenvolvidos trabalhos sobre métodos de ensaios e

caracterização da tenacidade (BANTHIA e TROTTIER, 1995a ; BANTHIA e

TROTTIER, 1995b ; MORGAN, MINDESS e CHEN, 1995), modelos para

previsão do comportamento de compósitos com fibras de aço (ARMELIN e

BANTHIA, 1997) e concreto projetado (BANTHIA, TROTTIER, BEAUPRE e

WOOD, 1994). Ainda no Canadá, destacam-se os trabalhos de C.D.

JOHNSTON, da Universidade de Calgary, em Alberta, sobre a utilização do

CRFA em pavimentação e recuperação de tabuleiros de pontes (JOHNSTON,

1
dados fornecidos por fabricantes de fibras.
4

1995). Nos Estados Unidos existem diversos centros de pesquisa com estudos

dedicados ao CRFA, com destaque para a Universidade de Michigan, onde

estudos sobre a corrosão em concretos reforçados com fibras foram

desenvolvidos (KOSA e NAAMAN, 1990). Ainda nos EUA, há a Universidade

de Northwestern, onde o pesquisador SURENDRA P. SHAH desenvolve, há

mais de vinte anos, diversos estudos e tecnologias sobre compósitos de

matrizes cimentíceas reforçados com fibras, inclusive com o desenvolvimento

de literatura específica sobre o assunto (BALAGURU e SHAH, 1992). Na

Europa, existem centros como a Universidade de Loughborough, no Reino

Unido, com estudos sobre a utilização de fibras de aço em concreto projetado

(ROBINS, AUSTIN e JONES, 1996). Além do Reino Unido, o CRFA é objeto

de estudo na Espanha, onde desenvolvem-se trabalhos sobre novas

aplicações para o CRFA (CÁNOVAS, 1997) e também trabalhos sobre

concreto de alto desempenho reforçado com fibras de aço, na Universidade


2
Politécnica da Catalunya . Ainda na Europa, vale destacar os estudos

realizados na França por ROSSI (1994) e os trabalhos de desenvolvimento e

divulgação técnica realizados pelos fabricantes de fibras de aço, como os

realizados na Alemanha e Bélgica (VANDEWALLE, 1990).

No Brasil, pouca atenção até agora foi dada para a aplicação do concreto

reforçado com fibras de aço em pavimentação (industrial e rodoviária). Os

estudos concentraram-se apenas em aplicações específicas como concreto

projetado (ARMELIN, 1992 ; FIGUEIREDO, HELENE e AGOPYAN, 1995 ;

FIGUEIREDO, 1997). Em 1996, teve início na Escola Politécnica da USP, um

grupo de estudos sobre concretos reforçados com fibras (AGOPYAN, 1997),

2
Informação cedida por Ravindra Gettu - comunicação pessoal.
5

onde os principais campos de estudo são o controle da qualidade, a dosagem e

o emprego de novos materiais. O trabalho de pesquisa aqui proposto está

inserido em um plano de trabalho deste grupo de estudos onde já foram

estudados parâmetros para controle e dosagem do concreto projetado com

fibras de aço (FIGUEIREDO, 1997) e a influência da ancoragem em gancho

das fibras de aço no comportamento pós-fissuração dos concretos reforçados

com fibras de aço (TORNERI, 1997). Em paralelo ao estudo aqui apresentado

foram realizados outros três: Um, abordando a forma de avaliação da

trabalhabilidade do concreto convencional com fibras de aço (CECCATO,

1998), outro sobre o comportamento pós-fissuração de compósitos com

matrizes de concreto de alto desempenho reforçados com fibras de açco com

alto teor de carbono (ARAKAKI, 1998), e o terceiro, sobre a utilização das

fibras de polipropileno para controle da fissuração do concreto (TANESI,

TORNERI e FIGUEIREDO, 1997).

1.4. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

A elevação da capacidade de absorção de energia (tenacidade) dos

concretos reforçados com fibras de aço com o aumento do fator de forma

(relação entre o comprimento e o diâmetro da circunferência com área

equivalente à seção transversal da fibra) destas, é fato aceito e reconhecido na

literatura sobre compósitos com matrizes cimentíceas (BENTUR e MINDESS,

1990 ; BALAGURU e SHAH, 1992). Porém, os mesmos autores, questionam a

importância do fator de forma para as fibras de aço com ancoragem (tipo de

fibra utilizado comercialmente como reforço para concreto). Justifica-se esta


6

afirmação com base no fato de que o conceito de fator de forma foi criado para

as fibras retas e lisas, que possuem mecanismos de interação com a matriz

diferente do mecanismo das fibras ancoradas (item 4.1.2.).

Por outro lado, diversos trabalhos mostraram a influência do fator de

forma das fibras ancoradas no comportamento pós-fissuração dos concretos.

Entretanto, alguns destes trabalhos (RAMAKRISHNAN, WU e HOSALLI, 1989 ;

SOROUSHIAN e BAYASI, 1991 ; BALAGURU, NARAHARI e PATEL, 1992), ou

estudavam compósitos com grandes volumes de fibra incorporados à matriz

(acima de 2 %, quantidade não usual para os compósitos empregados na

prática) ou acabavam por apresentarem limitações na sua metodologia tais

como a não observação de cuidados necessários para caracterização da

tenacidade de concretos reforçados com fibras de aço (item 3.3.1) ou até a

comparação dos fatores de forma entre fibras com diferentes aspectos

geométricos. Estes fatos acabaram por comprometer a confiabilidade dos

resultados obtidos.

A pesquisa aqui apresentada, enfoca o estudo da influência do fator de

forma na tenacidade à flexão dos concretos reforçados com fibras de aço,

utilizando-se onze variações de fibras produzidas no Brasil. Os compósitos que

são objeto deste estudo possuem baixos volumes de fibras incorporados à

matriz, compatíveis com aqueles utilizados nas obras de pavimentos

rodoviários e industriais. Com a metodologia de estudo aqui proposta procurar-

se-á evitar os equívocos e as limitações das metodologias encontradas em

trabalhos semelhantes já realizados. Com isto, almeja-se mostrar a influência

do fator de forma das fibras de aço ancoradas na tenacidade do CRFA com

uma confiabilidade maior seguindo a linha de pesquisa já feita por


7

FIGUEIREDO (1997) para dosagem da fibra de aço em concreto projetado e

por FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI (1997) para comparação de

desempenho entre duas fibras de aço com comprimentos diferentes. Ambos os

trabalhos já demostraram que não se pode desprezar a influência do fator de

forma das fibras de aço na tenacidade mesmo para as fibras que possuem

ancoragem em gancho.

1.5. CONTEÚDO DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação está dividida em 6 capítulos. No primeiro capítulo

são apresentados os objetivos, jusficativa e importância do estudo realizado e

também são citados os centros de pesquisa sobre CRFA no Brasil e exterior.

No capítulo 2 apresenta-se a definição de CRFA e o histórico da

utilização deste material bem como os conceitos relativos aos materiais

constituintes e a aplicação do CRFA encerrando então com uma breve

abordagem sobre as propriedades mecânicas deste.

O capítulo 3 trata especificamente da tenacidade sob flexão do CRFA.

Estão apresentados a definição e conceito de tenacidade, os métodos de

ensaio para a obtenção experimental da tenacidade sob flexão e os cuidados a

serem observados para a mensuração e caracterização da tenacidade.

No capítulo 4 é discutido o papel das fibras de aço no compósito relativo

a tenacidade do mesmo. É abordada a interação entre as fibras e a matriz de

concreto (onde são apresentados de uma maneira suscinta os principais

mecanismos de reforço das fibras), o conceito de fator de forma (discutindo-se

a sua influência na tenacidade) e também a influência do teor e do tipo de

geometria da fibra no desempenho do CRFA.


8

O capítulo 5 apresenta as atividades experimentais desenvolvidas para a

elaboração desta dissertação. Neste são apresentados os materiais utilizados,

a metodologia de pesquisa empregada, os resultados obtidos discutidos e

conclusões parciais sobre os resultados experimentais.

Finalmente, o capítulo 6 apresenta as considerações finais sobre a

influência da geometria da fibra de aço na tenacidade do CRFA, como os

resultados obtidos podem ser transferidos ao meio técnico e apresenta alguns

aspectos sobre o tema que demandam futuros estudos.


9

CAPÍTULO 2

CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE


AÇO
10

2. CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO

2.1. DEFINIÇÃO E HISTÓRICO

Concreto reforçado com fibras de aço é um material compósito onde a

matriz é o concreto de cimento Portland e a segunda fase consiste de fibras

de aço, as quais são elementos descontínuos, distribuídos aleatoriamente e

cujo comprimento predomina sobre sua seção transversal.

O início da utilização das fibras de aço em concreto ocorreu no início dos

anos 60 (ACI, 1982). Nesta época, apenas fibras retas eram utilizadas em

teores que variavam de 90 a 100 kg/m3 de concreto (BALAGURU e SHAH,

1992). Mais tarde, progressos como o desenvolvimento das fibras ancoradas e

das fibras coladas (RAMAKRISHNAN et al., 1981) somados a utilização de

aditivos redutores de água (que proporcionaram melhorias no desempenho do

CRFA tanto no estado fresco, quanto no estado endurecido), provocaram um

aumento significativo na aplicação deste material (BALAGURU e SHAH, 1992).

As propriedades do concreto que mais são incrementadas com a adição

das fibras são a tenacidade à flexão, fadiga e impacto, o que qualifica o

concreto reforçado com fibras de aço para diversas aplicações tais como

pavimentos rodoviários (JOHNSTON, 1984), reparos em pavimentos e

estruturas rodoviárias (JOHNSTON e CARTER, 1989 ; CHANVILLARD, AÎTCIN

e LUPIEN, 1989 ; JOHNSTON, 1995; LUPIEN et al., 1995 ; NUNES, TANESI e

FIGUEIREDO, 1997), pavimentos industriais (VANDENBERGHE e

NEMEGEER, 1985 ; TATNALL e KUITENBROWER, 1992 ; PINTO e MORAES,

1996 ; SILVA, MENTONE e PITTA, 1996), concreto projetado para


11

revestimentos de túneis NATM e contenção de taludes (ACI, 1982; ARMELIN,

1992; FIGUEIREDO, HELENE e AGOPYAN, 1995; FIGUEIREDO, 1997),

reparos em paramentos e estruturas hidráulicas em barragens (SCHRADER e

MUNCH, 1976; AGUADO, AGUILLÓ e CÁNOVAS, 1996) e estruturas militares

(CÁNOVAS, 1997), entre outras.

2.2. APLICAÇÃO

2.2.1. Matriz de concreto

A matriz do compósito constitui-se normalmente de concreto

convencional (ACI, 1993), sem restrições ou especificações com relação ao

tipo de cimento empregado.

Para que um concreto seja empregado como matriz de um compósito

com fibras de aço, deve-se ter cuidado com a trabalhabilidade deste, pois a

adição das fibras aumenta consideravelmente a coesão do concreto (ACI,

1982; BAYASI e SOROUSHIAN, 1992), uma vez que as fibras, ao possuírem

grande área superficial, tem maior contato entre si e com os outros elementos

constituintes do concreto, aumentando em muito o atrito interno do concreto e

consequentemente restringindo a fluidez e mobilidade da mistura (CECCATO,

NUNES e FIGUEIREDO, 1997). BENTUR e MINDESS (1990) recomendam

que a matriz de concreto, sozinha, deve possuir um abatimento no tronco de

cone 50 a 75 mm maior do que aquele especificado para o concreto reforçado

com fibras. O uso de misturas mais ricas com maior teor de argamassa

(mínimo de 50 %), misturas com maior quantidade de pasta para cobrir a

grande área superficial das fibras ou o uso de aditivos superplastificantes

auxiliam neste aspecto (ACI, 1982; ACI, 1993; ACI, 1988). Um outro aspecto
12

importante da matriz é com respeito ao diâmetro máximo característico do

agregado do concreto. A utilização de agregados com diâmetro muito maior

que o comprimento das fibras prejudica o desempenho pós-fissuração das

misturas (MAIDL, 1991). O agregado graúdo, nos concretos reforçados com

fibras de aço, deve ter diâmetro máximo inferior a metade do comprimento da

fibra utilizada, para evitar que o efeito de reforço da fibra de aço no compósito

seja prejudicado (CHENKUI e GUOFAN, 1995). Isto pode ocorrer quando o

agregado, por ser maior que a fibra, intercepta a fissura que propaga-se

preferencialmente ao longo da “interface” agregado-matriz do que ao longo ou

através da fibra (figura 2.1). Por esta razão, não é recomendado o uso de

agregados com diâmetro máximo superior a 19 mm (ACI, 1993), embora

alguns autores (CHENKUI e GUOFAN, 1995) mostram que o emprego de uma

fração de agregado com diâmetro máximo de até 40 mm não comprometa

tanto a performance das fibras, garantindo um bom desempenho do compósito.

Com relação ao uso de aditivos na matriz de um compósito com fibras, a

única restrição é para aditivos contendo cloretos (ACI, 1993), devido aos

problemas de corrosão decorrentes de seu uso. Incorporadores de ar podem

ser utilizados para casos onde deseja-se prevenir os efeitos de gelo e degelo

(ACI, 1993) e, como já descrito anteriormente, é plenamente recomendado o

uso de aditivos plastificantes e superplastificantes para a obtenção de matrizes

mais trabalháveis.
13

Figura 2.1 - Propagação preferencial da fissura na interface agregado-matriz

2.2.2. Fibras

As fibras de aço para reforço em compósitos de matriz cimentícea são

especificadas pela ASTM A820 (1994a), onde o tipo de material, resistência

mecânica, geometria e os requisitos de controle dessas características para

aceitação estão detalhados. As fibras adicionadas em concreto possuem

comprimentos que variam entre 25 mm e 63,5 mm. Dependendo do processo

de fabricação as fibras possuem diversas secções transversais. Fibras de

seção circular são produzidas através do corte de arames com seção

transversal de até 1 mm de diâmetro. Fibras de seção retangular são obtidas

através do corte de chapas de aço, obtendo-se fibras com seções transversais

de 0,5 mm de espessura por 0,8 até 1,8 mm de largura (BENTUR e MINDESS,

1990; ACI, 1982). Normalmente, as fibras produzidas possuem deformações


14

que podem se estender ao longo de todo o seu comprimento (fibras onduladas)

ou somente nas extremidades, através de ancoragens em gancho, cones ou

outro tipo de ancoragem especial. As deformações tem a finalidade de

melhorar o desempenho da fibra na aderência e escorregamento, através de

ancoragem mecânica (BENTUR e MINDESS, 1990 ; BANTHIA e TROTTIER,

1994 ; ACI, 1988), que é mais eficiente que os mecanismos de atrito e tensão

de cisalhamento (capítulo 4) que predominam em fibras retas e lisas (BENTUR

e MINDESS, 1990).

2.3. MISTURA E MOLDAGEM

Para o concreto reforçado com fibras de aço os equipamentos e a forma

de mistura são os mesmos utilizados para o concreto convencional. Porém,

existe uma recomendação específica para dosagem, mistura, lançamento e

amostragem de concretos reforçados com fibras de aço (ASTM C 1116, 1995).

Para qualquer método de mistura é necessário ter uma dispersão uniforme das

fibras na matriz e prevenir a segregação e embolamento das fibras durante a

mistura (ACI, 1982 ; ACI, 1993). O embolamento das fibras pode acontecer

antes das fibras serem adicionadas à mistura ou quando as fibras são

adicionadas rapidamente ao concreto em um mesmo ponto de mistura o que

provoca seu agrupamento formando “bolotas” de fibras, as quais são difíceis de

se desfazerem.
15

Os principais fatores relacionados ao embolamento da fibra são o fator

de forma, o teor e o tamanho e a proporção do agregado graúdo da matriz de

concreto. O fator de forma é um dos fatores mais importantes (ACI, 1982), pois

seu aumento intensifica a tendência de embolamento das fibras, bem como

reduz a trabalhabilidade da mistura. Um grande progresso com relação aos

problemas de embolamento das fibras foi o desenvolvimento das fibras

coladas. As fibras são coladas entre si com cola solúvel em água, formando

“pentes”. Estes “pentes”, quando adicionados ao concreto, possuem um fator

de forma aparente muito menor que aquele das fibras que os compõem.

Durante a mistura a cola é dissolvida e as fibras se separam, tornando-se

dispersas na matriz, reduzindo o risco de embolamento das (RAMAKRISHNAN

et al., 1980 ; RAMAKRISHNAN et al., 1981). Mesmo com este progresso

recomenda-se (ACI, 1982 ; ACI, 1993) que o fator de forma da fibra não seja

superior a 100 e que o teor de fibras, em volume, não ultrapasse 2 % para

evitar problemas de embolamento.

Com relação a trabalhabilidade a figura 2.2 (BENTUR e MINDESS,

1990) mostra o efeito do teor e fator de forma da fibra na trabalhabilidade dos

concretos reforçados com fibras. Nota-se que, com o aumento do volume de

fibras adicionado à mistura ou aumento do fator de forma da fibra, o fator de

compactação diminui, o que significa uma diminuição da trabalhabilidade. O

desenvolvimento das fibras ancoradas nos anos 70, propiciou o uso de fibras

mais curtas para um mesmo desempenho pós-fissuração e os problemas de

trabalhabilidade decorrentes do fator de forma foram minimizados (BALAGURU

e SHAH, 1992).
16

Figura 2.2 - Efeito do teor e fator de forma de fibras cilíndricas na trabalhabilidade do


CRFA (BENTUR e MINDESS, 1990)

Outro fator que influencia o embolamento das fibras e também a perda

de trabalhabilidade é o tamanho e teor dos agregados. Quanto maior o

tamanho dos agregados menor é a trabalhabilidade da mistura (BENTUR e

MINDESS, 1990) e também o risco de embolamento. A figura 2.3 (BENTUR e

MINDESS, 1990) mostra a influência do tamanho dos agregados na

trabalhabilidade dos concretos reforçados com fibras. Isto também confirma a

adoção do limite de 19 mm para o tamanho máximo do agregado no CRFA

(ACI, 1993), além das recomendações relativas a dosagem da matriz já

descritas no item 2.2.1.


17

Figura 2.3 - Efeito do tamanho do agregado na trabalhabilidade do CRFA


(BENTUR e MINDESS, 1990)

Outro aspecto que merece cuidado na preparação de elementos de

concreto reforçado com fibras é a sua orientação durante a moldagem. No caso

das fibras de aço estas são monofilamentos individuais discretos e distribuídos

de forma uniforme e aleatória cuja distribuição na matriz não chega a ser

completamente uniforme e nem perfeitamente aleatória (BENTUR e MINDESS,

1990). Se a razão entre o comprimento da fibra e a espessura da matriz for

grande, o arranjo das fibras será bidimensional (efeito de borda). O arranjo em

2D pode ainda ser provocado em componentes de maior espessura através da

vibração ou compactação o que, dará ao compósito um comportamento

anisotrópico. Neste caso, as fibras tendem a alinhar-se em planos ortogonais à

direção de moldagem (figura 2.4). Um agravante que pode ocorrer neste caso é

a sedimentação das fibras na parte inferior dos elementos de CRFA, devido a

utilização de matrizes mais fluídas. São por estes motivos que em


18

determinadas recomendações (JSCE, 1984a ; ASTM, 1994b) a menor

dimensão do corpo de prova para ensaio de flexão com deformação controlada

é especificada em função do tamanho da fibra. Normalmente, a menor

dimensão do corpo-de-prova deve ser aproximadamente três vezes o

comprimento da fibra (JSCE, 1984a). Uma forma de minimizar as

consequências deste problema durante o ensaio de tenacidade é girar de 90o

os corpos-de-prova que serão submetidos ao ensaio.

Figura 2.4 - Efeito da compactação no alinhamento das fibras


(BENTUR E MINDESS, 1990)
19

Quanto ao adensamento dos compósitos com fibras de aço, estes

requerem uma maior energia de compactação para mobilização da mistura e

consolidação nas formas (ACI, 1982), evitando assim, a produção de concretos

com maior volume de vazios. Entretanto, isto fica restrito para concretos com

elevados teores de fibras. Em recente trabalho experimental (CECCATO,

NUNES e FIGUEIREDO, 1997), foi observado que para os teores de fibra na

faixa de 20 a 60 kg/m3, os resultados do ensaio VeBe mostraram que a

variação do teor não afeta a facilidade de compactação do concreto. Em um

outro trabalho experimental realizado no Canadá (TROTTIER et al., 1997), foi

demonstrado que para teores de fibra de aço de até 50 kg/m3 , não houve

alteração na absorção de água e no índice de vazios permeáveis do CRFA

quando comparado com a matriz sem fibras, o que confirma a indicação

exposta acima. Assim como os concretos convencionais o CRFA necessita de

compactação porém, esta deve ser diferenciada. O ACI (1982) afirma que a

compactação do CRFA de forma interna com imersão de vibradores de agulha

é aceitável. Ainda assim, é preferível a utilização de vibração externa das

formas para evitar a segregação das fibras. A recomendação japonesa (JSCE,

1984a), segue esta linha ao recomendar o uso de vibração externa para a

confecção de corpos-de-prova prismáticos para o ensaio de tenacidade à

flexão.
20

2.4. RESISTÊNCIA MECÂNICA

2.4.1. Tração e flexão

As fibras de aço são particularmente efetivas quando submetidas a

tensões de tração na flexão, cisalhamento e impacto e sob cargas dinâmicas

(BENTUR e MINDESS, 1990). Entretanto, a adição de fibras de aço no

concreto, em teores abaixo do volume crítico (item 4.3), contribui muito pouco

para a elevação da resistência à tração direta. A resistência à tração direta do

CRFA é geralmente da mesma ordem de grandeza do que aquela para o

concreto sem reforço de fibras (ACI, 1994). Em alguns casos pode até ser

menor, como foi apresentado por ROSSI (1994), que atribui este

comportamento ao aumento dos vazios no concreto com a introdução das

fibras. Em ensaios de tração na compressão diametral com teores de fibras de

aço abaixo de 2 % (em volume) não houve aumento da resistência à tração do

concreto (BALAGURU e SHAH, 1992). Resultados obtidos em ensaios de

tração na compressão diametral por SHAABAN e GESUND (1993),

apresentados na figura 2.5, confirmam este aspecto ao mostrarem a pouca

contribuição das fibras para a resistência à tração.

Uma forma de avaliar indiretamente a resistência à tração do concreto

reforçado com fibras de aço é através da resistência à tração na flexão ou

módulo de ruptura, também chamada de resistência à flexão. BENTUR e

MINDESS (1990) chegam a afirmar que o efeito das fibras de aço na

resistência à flexão é muito maior do que na resistência à tração direta e

compressão.
21

Figura 2.5 - resistência à tração na compressão diametral de corpos de prova de CRFA


(SHAABAN e GESUND, 1993)

Entretanto, isto somente é válido para compósitos com volumes

elevados de fibras, como mostram BALAGURU e SHAH (1992), ao afirmarem

que o aumento na resistência à flexão é desprezível com a adição de fibras de

aço no concreto em teores abaixo de 90 kg/m3, valor que é raramente

empregado na prática. Isto foi confirmado em muitos trabalhos experimentais

como o de BANTHIA e TROTTIER (1995b), que mostrou que a adição de 40 kg

de fibras de aço por m3 de concreto não aumentou a resistência à tração na

flexão do CRFA.

Desta forma, adicionar fibras de aço no concreto somente para aumentar

a resistência à tração do concreto é praticamente ineficaz e inviável, uma vez

que a principal contribuição das fibras ocorre após a ruptura da


22

matriz quando o compósito apresenta maior capacidade portante e maior

capacidade de absorver energia.

2.4.2. Compressão

As fibras de aço contribuem muito pouco para a resistência à

compressão do concreto. Assim como na tração, a contribuição das fibras

ocorre após a fissuração do concreto (BENTUR e MINDESS, 1990). Com a

adição de baixos volumes de fibra de aço (0,75%), o acréscimo na resistência à

compressão é desprezível (BALAGURU e SHAH, 1992). Isto foi comprovado

em trabalhos recentes com concretos reforçados com fibras de aço com baixos

teores (TROTTIER, MORGAN e FORGERON, 1997), onde os resultados

mostram que não há contribuição das fibras para a resistência à compressão

do concreto.

2.4.3. Solicitações dinâmicas

Para a aplicação do CRFA em pavimentação, é necessário ter

conhecimento de sua capacidade de resistir à esforços dinâmicos,

especialmente fadiga. Nos casos reportados pela literatura (BENTUR e

MINDESS, 1990; BALAGURU e SHAH, 1992), o CRFA apresentou maior

resistência à fadiga e restrição a propagação de fissuras quando comparado

com o concreto convencional. Para os casos de concretos com baixos teores

de fibras, o trabalho de RAMAKRISHNAN, OBERLING e TATNALL (1987),

onde foi avaliada a resistência à fadiga na flexão de concretos reforçados com

fibras ancoradas longas em teores de 40 e 60 kg/m3, mostra que a adição de

fibras em pequenos teores, aumenta consideravelmente a resistência à fadiga


23

do concreto. Os corpos-de-prova suportaram mais de 2 x 106 ciclos de

carregamento com tensões que chegaram a 95 % da resistência à flexão

estática, enquanto corpos-de-prova de concreto sem fibras, suportaram o

mesmo número de ciclos com tensões equivalentes a 55 % da resistência à

flexão estática.

Foram realizados trabalhos em campo para avaliar a capacidade de

resistência a carregamentos dinâmicos dos concretos reforçados com fibras de

aço. Vale destacar o trabalho feito por CHANVILARD AÎTCIN e LUPIEN (1989),

que utilizaram este tipo de técnica. Neste caso foram feitos testes de campo

com o concreto reforçado com fibras de aço para avaliação de seu

desempenho como material de recuperação de pavimentos. Foi utilizada uma

quantidade de fibras de aço nos teores, em volume, de 0,28% e 0,44% (22 e 34

kg/m3). A opção pela baixa quantidade de fibras, neste caso, deveu-se a dois

motivos: não elevar o custo do material de reparo a valores inviáveis e evitar

uma interferência na trabalhabilidade do concreto, proporcionando uma boa

aplicação em obra. Paralelamente, foram feitos reparos com concreto

convencional para efeito de comparação. A espessura da camada de

recobrimento foi de 75 mm para o concreto reforçado com fibras e 100 mm

para o concreto convencional. Após treze meses de operação, com volume de

tráfego médio de trinta mil veículos por dia, foi avaliado o desempenho dos dois

materiais de recuperação. O desempenho quanto a fadiga foi determinado

através da medida do comprimento das fissuras por unidade linear de

pavimento. Os resultados mostraram um desempenho muito superior do CRFA

comparado ao do concreto convencional. O revestimento sem fibras, após oito

meses, apresentou índices de fissuração quatro a cinco vezes superiores


24

àqueles observados no concreto reforçado com fibras em um período de treze

meses, ainda que o primeiro possuísse espessura superior. Também foi

observado que em oito meses as fissuras no pavimento recuperado com CRFA

estavam estabilizadas não se propagando mais. Esta restrição à propagação

de fissuras aqui observada deve-se ao papel de ponte de transferência de

tensões desempenhado pelas fibras (Figura 4.2).

Os exemplos citados acima demostram a capacidade de resistência do

concreto reforçado com fibras de aço sob solicitações dinâmicas, sobretudo

fadiga, o que habilita a adição de fibras em pequenos teores, no concreto para

aplicação em pavimentação.
25

CAPÍTULO 3

TENACIDADE DO CONCRETO COM FIBRAS


DE AÇO
26

3. TENACIDADE DO CONCRETO COM FIBRAS DE AÇO

3.1. GENERALIDADES

Para a avaliação do desempenho de um material compósito deve-se

considerar os mecanismos envolvidos para a ruptura deste compósito. Uma

das formas de interpretar estes mecanismos é através da avaliação do gasto

energético envolvido na fratura deste compósito. AVESTON, COOPER e

KELLY (1971), baseando-se em princípios de balanço energético, mostraram

que em um compósito reforçado com fibras, as fontes de dissipação de energia

na formação de uma fratura são: a deformação elástica da fibra devido a

transferência de tensão entre a matriz fissurada e a fibra, o trabalho realizado

para o descolamento da fibra na matriz e o trabalho de arrancamento da fibra

contra a força de atrito no escorregamento fibra-matriz. Isto é válido para o

CRFA, uma vez que estas parcelas estão embutidas no trabalho total para a

fratura deste tipo de compósito (HANNANT, 1978).

O papel principal das fibras é a sua atuação como ponte de transferência

de tensões entre as partes da matriz separada pela fissura. Assim, para o caso

dos concretos reforçados com fibras curtas e distribuídas aleatoriamente na

matriz, a maior parte do trabalho total para a ruptura do compósito se dá

através da energia dissipada na ruptura da aderência entre a fibra e a matriz e

posterior arrancamento das fibras (BENTUR e MINDESS, 1990). Desta forma,

para a avaliação do desempenho das fibras como reforço do concreto, utiliza-

se a quantificação da energia total absorvida pelo compósito ou, em outras

palavras, a medida da energia total de fratura do compósito. A esta energia dá-

se o nome de tenacidade, que é a mais importante característica nos


27

compósitos reforçados com fibras de aço (BENTUR e MINDESS, 1990 ; ACI,

1994).

A definição prática da tenacidade é feita através da área sob a curva

tensão por deformação (POLAKOWSKI e RIPLING apud FIGUEIREDO, 1997),

que forneceria a absorção de energia do material por unidade de volume. Mas

isto não seria possível experimentalmente para o CRFA pois, a determinação

da tensão após a fissuração da matriz é muito difícil, ao contrário do ensaio de

tração direta do aço, onde a deformação medida ocorre na direção da tensão

principal.

Hoje em dia, a definição da tenacidade mais aceita e aplicada é aquela

que interpreta a tenacidade como a área sob a curva carga por deslocamento

vertical (ACI, 1988; BENTUR e MINDESS, 1990; BALAGURU e SHAH, 1992).

O valor desta área que representa a energia, na realidade é o trabalho

dissipado no material em função do carregamento aplicado e segundo

FIGUEIREDO (1997), possui a desvantagem básica de depender do sistema

de aplicação dos esforços e das dimensões do corpo-de-prova. Entretanto,

este tipo de avaliação da tenacidade é o mais utilizado nas principais normas e

recomendações para o CRFA (JSCE SF4, 1984b; ASTM C 1018, 1994b), com

variações apenas para o tratamento da área sob a curva carga por

deslocamento e sua posterior interpretação.

3.2. TENACIDADE SOB FLEXÃO

O reforço de fibras contribui substancialmente para o aumento da

tenacidade pós-fissuração na compressão e, sobremaneira, na tração

(BENTUR e MINDESS, 1990; BALAGURU e SHAH, 1992) onde a contribuição


28

das fibras é mais efetiva. Entretanto, a determinação da tenacidade na tração

direta envolve muitas dificuldades relativas ao esmagamento dos corpos-de-

prova nas garras de apoio, influência de eventuais excentricidades, etc. Assim,

é mais comum avaliar a tenacidade do CRFA na flexão, que é um tipo de

ensaio mais simples de se realizar (GOPALARATNAN e GETTU, 1995; ACI,

1989). Além disto, o aumento da tenacidade sob flexão é um dos motivos

principais para a adição de fibras no concreto (BALAGURU e SHAH, 1992).

Desta maneira, será abordado neste item apenas a tenacidade à flexão dos

concretos reforçados com fibras de aço, por ser esta a condição de

carregamento que o compósito é submetido na maioria das aplicações práticas

(BALAGURU e SHAH, 1992) e por ser o tipo de ensaio mais comum para

avaliar a absorção de energia pós-fissuração dos compósitos de maneira geral

(BENTUR e MINDESS, 1990).

Os fatores que influenciam a tenacidade do compósito são o teor de

fibras, a resistência da matriz e a resistência ao arrancamento das fibras, que é

o fator mais importante que governa a tenacidade do compósito (BANTHIA e

TROTTIER, 1995b). Em geral, matrizes cuja microestrutura é mais compacta e

que, conseqüentemente, possuem resistência mecânica elevada conduzem a

um comportamento mais frágil do compósito (BANTHIA e TROTTIER, 1994),

uma vez que uma parte das fibras rompe antes de seu escorregamento,

conseqüência da melhor aderência entre matriz e fibras e da maior carga

transferida a elas no momento da ruptura da matriz. Como o gasto energético

para a ruptura da fibra é menor que aquele para o arrancamento da fibra, a

tenacidade dos compósitos com matrizes de alta resistência tende a ser menor.

A resistência ao arrancamento das fibras, como será visto no capítulo 4, está


29

relacionada à geometria da fibra. Conseqüentemente, a geometria da fibra

influencia a tenacidade do compósito. O aumento no fator de forma das fibras

(item 4.2) conduz ao aumento da tenacidade do compósito (BENTUR e

MINDESS, 1990; VANDEWALLE, 1990). Além disto, deformações na fibra,

como ancoragens em gancho nas extremidades, proporcionam um aumento

significativo na capacidade de absorção de energia do compósito (BANTHIA e

TROTTIER, 1995b; SOROUSHIAN e BAYASI, 1991).

A maioria dos estudos que avaliaram a influência da adição das fibras na

tenacidade utilizavam teores elevados de fibras, os quais não são empregados

nas aplicações práticas (BANTHIA e TROTTIER, 1995b). Um exemplo recente

é o estudo de SOUROUSHIAN e BAYASI (1991), que mostra que as fibras de

aço proporcionam grande capacidade de absorção de energia pós-fissuração,

mas o teor de fibras investigado (2 % em volume) foi muito alto comparado aos

teores utilizados na prática. Para a aplicação das fibras em pavimentação e,

principalmente, em concreto projetado, os teores adicionados no concreto não

podem ser elevados em função dos problemas de trabalhabilidade,

aplicabilidade e, principalmente, custo (ACI, 1982; ACI, 1988). Para possibilitar

uma avaliação do emprego deste material nas obras faz-se necessário estudos

sobre a tenacidade dos compósitos com teores de fibras compatíveis com os

teores utilizados nos canteiros de obras.

Uma das primeiras investigações da tenacidade de concretos reforçados

com baixos teores de fibras foi a realizada por RAMAKRISHNAN et al. (1981),

na qual concretos reforçados com baixos teores de fibras de aço apresentavam

capacidade portante pós-fissuração e boa tenacidade à flexão. Recentemente,

os trabalhos que investigam os efeitos da adição das fibras de aço no concreto


30

utilizam baixos teores de fibras, não ultrapassando 1% em volume.

BALAGURU, NARAHARI e PATEL (1992) investigaram a adição de fibras de

aço em teores de até 60 kg/m3 de concreto e os resultados obtidos mostraram

que a adição de fibras nestes teores proporcionaram excelente capacidade de

absorção de energia para o concreto de resistência normal. JOHNSTON e

CARTER (1989), ao caracterizarem concretos com 60 kg de fibras de aço por

m3 de concreto para reparos de pontes no Canadá, verificaram a alta

tenacidade destes compósitos. Trabalhos mais recentes de BANTHIA e

TROTTIER (1995b) e TROTTIER et al. (1997) mostram a excelente ductilidade

pós-fissuração de concretos com fibras de aço ancoradas em gancho nos

teores de 40 e 50 kg/m3 de concreto, respectivamente. Mesmo para teores de

fibras ainda mais baixos, como 30 kg/m3, o CRFA é tenaz, apresentando

capacidade portante pós-fissuração, inclusive com a utilização de fibras mais

curtas como foi mostrado por FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI (1997)

(Figura 3.1).
31

C A R G A ( kN )

40,0

35,0

30,0

25,0
B S F 36/1.8
20,0

15,0

10,0

5,0

0,0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

D E F L E X Ã O ( mm )

Figura 3.1 - Curva de carga por deslocamento vertical média obtida para fibra de aço
com 36 mm de comprimento (FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI, 1997).

3.3. MEDIDAS EXPERIMENTAIS DE DETERMINAÇÃO DA TENACIDADE

Como já foi mencionado no item anterior, para a caracterização da

tenacidade do compósito, o ensaio mais utilizado é o ensaio de tração na

flexão com carregamento em quatro pontos e deformação controlada, prescrito

pela Japan Society of Civil Engineers (JSCE SF4, 1984b) e pela American

Society for Testing and Materials (ASTM C1018, 1994b) pois, simula melhor as

condições de solicitação e é mais simples que o ensaio de tração direta

(GOPALARATNAN e GETTU, 1995).

O ensaio de tração na flexão com deformação controlada é executado

com prismas com dimensões de (100x100x350) mm3 como é o caso da norma

americana (ASTM C1018, 1994b) ou até maiores, como prescreve a

recomendação japonesa (JSCE, 1984b) para ensaios de compósitos com fibras


32

com comprimento acima dos 40 mm, onde os CP’s devem ter dimensões de

(150x150x500) mm3. A geometria e tamanho do corpo-de-prova influenciam

nos

resultados dos ensaios de tenacidade (GOPALARATNAN e GETTU, 1995;

GOPALARATNAN et al., 1991), fato já comprovado experimentalmente por

CHEN, MINDESS e MORGAN (1994).

Se a relação entre a largura e altura do prisma for muito pequena podem

surgir elevadas tensões de cisalhamento durante o ensaio. Estas tensões, nos

casos dos prismas recomendados pela ASTM C1018 (1994b) e JSCE SF4

(1984b), são responsáveis por deformações adicionais equivalentes a 25 % da

deformação total (GOPALARATNAN e GETTU, 1995). Assim, deve-se ter

atenção com este aspecto, sobretudo na análise e interpretação dos

resultados, principalmente quando da utilização de índices de tenacidade

dependentes da geometria do corpo-de-prova como é o caso do índice da

JSCE (1984b).

Figura 3.2 - Curva típica de carga por deslocamento vertical


33

Os resultados do ensaio, representados pela curva de carga por deslocamento

vertical (figura 3.2), permitem a caracterização da tenacidade através de um ou

mais índices que são derivados desta curva. Um resumo destes índices e dos

métodos de ensaio propostos pelas recomendações e normas para

determinação da tenacidade dos concretos reforçados com fibras de aço estão

apresentados na tabela 3.1 :

Tabela 3.1 – Métodos de ensaio para determinação da tenacidade especificados para o


concreto reforçado com fibras de aço (FIGUEIREDO, 1997 ; GOPALARATNAN e GETTU,
1995)
NORMA OU FORMA DO C.P. DIMENSÕES DO PARÂMETROS MEDIDA DA
RECOMENDAÇÃO C.P. * (mm) MONITORADOS TENACIDADE
Relação entre a
energia absorvida até
múltiplos do
deslocamento vertical
b+=100 (150) Carga por na primeira fissura e a
ASTM C 1018-94 Prisma d+=100 (150) deslocamento energia absorvida até
L+= 300 (450) vertical medida no a primeira fissura
C+=350 (500) meio do vão ou nos (índices de
cutelos tenacidade)

Fatores de resistência
residual
Energia absorvida até
o deslocamento
vertical equivalente a
b+=100 (150) Carga por L/150.
JSCE SF4 Prisma d+=100 (150) deslocamento
L+= 300 (450) vertical medida no Resistência à flexão
C+=350 (500) meio do equivalente para um
vão ou nos cutelos deslocamento vertical
equivalente a L/150 ou
Fator de Tenacidade
Energia absorvida até
o deslocamento
vertical equivalente a
L/150

Norma d/b < 1,5 Carga por Relação entre a


Prisma L= 3d deslocamento energia absorvida até
Espanhola
C= 3d + 50 mm vertical medida no o deslocamento
UNE 83-510-89 meio do vão vertical equivalente a
15,5 vezes o
deslocamento vertical
na primeira fissura e a
energia absorvida até
a primeira fissura
b= 125 Carga por Resistência residual
Prisma d= 75 deslocamento para valores de
Norma
L= 450 vertical medida no deslocamento vertical
Norueguesa NB C= 550 meio do vão de 1mm a 3 mm
b= 125 Carga por Resistência residual
Prisma d= 75 deslocamento para valores de
EFNARC
L= 450 vertical medida no deslocamento vertical
C= 550 meio do vão de 0,5 mm a 4 mm.
*b=largura d=altura L=vão livre entre cutelos C=comprimento do prisma

+ Valores entre parêntesis válidos para compósitos com fibras de comprimento superior a
40 mm
34

A existência destes vários índices é resultado das diversas maneiras

pelas quais a tenacidade pode ser medida e calculada em vários métodos e

recomendações (MORGAN, MINDESS e CHEN, 1995), os quais se encontram

divididos em 3 tipos básicos:

- Índices que definem uma medida relativa da energia absorvida

- Índices que definem uma medida absoluta da energia absorvida

- Índices que caracterizam a tenacidade através de classificações

Maiores detalhes destes 3 tipos de índices são apresentados a seguir:

• Índices que definem uma medida relativa da energia absorvida

É o caso dos índices de tenacidade da ASTM (1994b) (figura 3.3). São

índices adimensionais e que indicam a energia relativa à energia absorvida na

fase elástica e são comparados aos índices de um material idealmente elasto-

plástico. Para os materiais elasto-frágeis o índice de tenacidade é igual a 1.

Também pertence a esta categoria o índice adimensional da normalização

espanhola UNE 83-510-89 (AENOR, 1989), que computa a energia absorvida

até 15,5 vezes a o deslocamento vertical na primeira fissura e é equivalente ao

índice I30 da recomendação americana.

Os Índices da ASTM C 1018 – 94 : Os índices de tenacidade da ASTM

C 1018 (1994b) são obtidos através da divisão entre a área sob a curva carga

por deslocamento vertical até um nível pré determinado de deslocamento

vertical e a área sob o trecho elástico da curva até o ponto que corresponde ao

deslocamento vertical da primeira fissura. Os pontos que marcam as


35

delimitações das áreas sob a curva são obtidos através de múltiplos da

deformação obtida até o aparecimento da primeira fissura, conforme ilustrado

na figura 3.3. Desta forma, o índice I5 é obtido através da relação entre a área

OACD e a área OAB, de maneira que o ponto D corresponde a um

deslocamento vertical equivalente a três vezes o deslocamento vertical na

primeira fissura (δ). O índice I10 corresponde a divisão entre a área OAEF e a

área OAB, onde o ponto F corresponde a um deslocamento vertical igual a

5,5 x δ. O índice I30 é obtido através da divisão entre a área OAGH e a área

OAB, sendo que o ponto H corresponde a 15,5 x δ. Finalmente, o índice I50 é

obtido através da relação entre a área OAIJ e área OAB, onde o ponto J

corresponde a um deslocamento vertical igual a 25,5 x δ.

No caso de um compósito que apresente comportamento elasto-plástico

perfeito, ou seja, que teoricamente possua uma resistência residual pós-

fissuração igual à resistência da matriz (figura 3.4), os índices de tenacidade

para este compósito apresentarão valores tais como 5 para o I5 , 10 para o I10 ,

30 para o I30 e assim por diante. Estes valores servem como um referencial da

proximidade do comportamento elasto-plástico perfeito que o material

apresenta.

Estes índices apresentam algumas desvantagens, como o fato de se basearem

na determinação da primeira fissura e sofrerem influência de problemas

relativos ao procedimento do ensaio de tração na flexão como a


36

instabilidade pós-pico e a medida de deflexões externas ao corpo-de-prova

(item 3.3.1).

Figura 3.3 - Método da ASTM C1018 para caracterização da tenacidade.

Outro problema relativo aos índices de tenacidade é o fato de que os

mesmos não são capazes de distinguirem comportamentos de materiais como

os que são apresentados na figura 3.5, onde os índices de tenacidade para os

materiais A e B seriam idênticos (GOPALARATNAN et al., 1991). Além disto,

no caso do material que apresenta a curva carga por deslocamento B na figura


37

3.5, os índices podem indicar alta tenacidade mesmo que o referido material

apresente baixa capacidade de absorção de energia pós-fissuração. A única

diferenciação entre os dois compósitos é feita através de sua resistência

mecânica.

Figura 3.4 - Curva carga por deslocamento vertical de compósito elasto-plástico perfeito
38

Deslocamento vertical

Figura 3.5 - Compósitos de mesmos índices de tenacidade e diferentes níveis de


resistência mecânica segundo o critério da ASTM C1018 (FIGUEIREDO, 1997)

As relações de tenacidade da ASTM C1018 (1994b) são calculadas a

partir dos índices de tenacidade (I5 , I10 , I30 , I50). O cálculo é feito através da

fórmula:

100
Ra,b = × (I − I ) (3.1)
b− a b a

onde,

Ra,b = relação de tenacidade entre os índices de tenacidade com referência “a”


e “b”.

Ia , Ib = Índices de tenacidade com referência “a” e “b”.


39

Desta forma, para os índices de tenacidade I5 , I10 , I30 , I50 temos as seguintes

relações de tenacidade:

100
R5,10 = × (I − I ) = 20 × (I10 − I5 ) (3.2)
10 − 5 10 5

100
R10,30 = × (I − I ) = 5 × (I30 − I10 ) (3.3)
30 − 10 30 10

100
R30,50 = × (I − I ) = 5 × (I50 − I30 ) (3.4)
50 − 30 50 30

As relações de tenacidade representam o percentual entre a capacidade

portante de um trecho do comportamento pós-fissuração compreendido entre

as deflexões dos índices Ia e Ib e a resistência do compósito na primeira

fissura. Assim, para o caso de um material elasto-plástico perfeito (figura 3.4),

as relações de tenacidade apresentarão sempre valores iguais a 100 % do

módulo de ruptura.

• Índices que definem uma medida absoluta da energia absorvida

São índices que indicam a energia absorvida por unidade de área

transversal do corpo-de-prova prismático. Compreende, entre outros, a

tenacidade calculada segundo a recomendação da JSCE (1984b) (figura 3.6).

Entretanto, este cálculo da tenacidade apresenta a limitação de ser dependente

do tamanho do corpo-de-prova (GOPALARATNAN et al., 1991; TROTTIER e

BANTHIA, 1994 ; MORGAN, MINDESS e CHEN, 1995). Isto foi minimizado

pela recomendação japonesa que prevê a utilização do Fator de Tenacidade

na Flexão (figura 3.6).


40

Os Índices da JSCE SF 4: A recomendação japonesa, embora tenha o

mesmo procedimento básico de ensaio da norma americana, possui um

conceito diferente para quantificação da tenacidade. O cálculo da tenacidade

baseado na recomendação japonesa é feito tomando-se a área sob a curva

carga por deslocamento vertical até o limite de deslocamento equivalente a

L/150, que no caso de um vão de 450 mm fornece um limite de 3 mm (área

OABC na figura 3.6). Entretanto, como já foi explanado, este cálculo é

dependente do tamanho do corpo-de-prova. Para minimizar isto, a

recomendação japonesa prescreve o Fator de Tenacidade (FT), expresso em

MPa, e que representa a resistência residual média do compósito até um

deslocamento vertical equivalente a L/150. O cálculo para o FT é o seguinte:

Tb L
FT = ⋅ (3.5)
δ tb b ⋅ h2

onde:

Tb = Área sob a curva carga por deslocamento vertical até o limite de deslocamento vertical
L/150 (L é o vão livre entre cutelos do corpo-de-prova), em Joules.
FT = Fator de Tenacidade à flexão, em MPa
δ tb = deslocamento vertical equivalente a L/150, em cm.
b = Largura do corpo-de-prova, em cm
h = Altura do corpo-de-prova, em cm
L= Vão do corpo de prova, em cm

Uma das críticas feitas aos índices da recomendação japonesa é a

apontada por MORGAN, MINDESS e CHEN (1995), que mostram que estes

índices não conseguem diferenciar compósitos cujas matrizes apresentem

módulos de elasticidade diferentes, mas com mesma capacidade de absorção

de energia. Um exemplo disto é ilustrado na figura 3.7. Os compósitos A e B


41

apesar de possuírem módulos de elasticidade distintos, apresentam o mesmo

consumo de energia.

Deslocamento vertical

Figura 3.6 - Critério da JSCE SF4 (1984) para determinação da tenacidade

FIGUEIREDO (1997), aponta um problema maior relativo ao critério

japonês, que consiste numa combinação de fatores como aumento da carga de

pico no diagrama carga por deslocamento vertical e a diminuição da energia

absorvida no trecho pós-fissuração, o que faz com que os compósitos A e C da

figura 3.7 apresentem o mesmo fator de tenacidade. Isto foi observado na

prática por TORNERI (1997), para o caso de dois compósitos reforçados com

fibras de aço, onde um foi reforçado com fibras retas e o outro reforçado com

fibras ancoradas. Utilizando o fator de tenacidade para caracterizar a

tenacidade dos dois compósitos, o mesmo não apontou diferença significativa


42

de tenacidade entre os mesmos, embora estes apresentassem tensões

residuais distintas para diversos níveis de deslocamento vertical (figura 3.8).

Deslocamento vertical

Figura 3.7 - Compósitos semelhantes segundo o critério da JSCE-SF4 (1984) para


determinação do fator de tenacidade (FIGUEIREDO, 1997)

Deslocamento vertical

Figura 3.8 - Curvas carga por deslocamento vertical médias de dois compósitos com
comportamento pós-fissuração distintos mas com fatores de tenacidade praticamente
iguais (Reproduzido de TORNERI, 1997)
43

Analisando o cálculo do fator de tenacidade apresentado na equação

(5), verifica-se que a relação entre Tb (área sob a curva carga por

deslocamento vertical) e δtb (deslocamento vertical equivalente a L/150) nada

mais é que a carga média atuante no corpo-de-prova ao longo de todo o

período de carregamento até o limite de deslocamento vertical L/150. Assim,

conclui-se que o fator de tenacidade é a tensão atuante para esta carga média

e que a fórmula para o cálculo desta tensão baseia-se na teoria clássica de

flexão, válida apenas para a fase elástica. Desta forma, percebe-se uma

limitação do índice japonês, pois o mesmo utiliza uma aproximação, uma vez

que a área selecionada para o cálculo envolve um trecho com uma distribuição

de tensões que difere bastante daquela que é característica para a fase

elástica (figura 3.9) e que depende das características do reforço de fibras

(BALAGURU e SHAH, 1992).

Figura 3.9 - Distribuição de tensões na seção transversal de um coprpo-de-prova de um


CRFA, após fissuração da matriz (ROBBINS, AUSTIN e JONES, 1996)
44

• Índices que caracterizam a tenacidade através de classificações

São índices que classificam qualitativamente os compósitos em função

da sua capacidade portante pós-fissuração. A classificação da tenacidade é

feita com base na resistência residual pós-fissuração relativa a limites de

deslocamento vertical preestabelecidos. Pertencem a esta categoria os índices

propostos pela EFNARC (European Federation of Producers and Applicators of

Specialist Products for Structures) (EFNARC, 1996) e pela Associação

Norueguesa do Concreto (NB apud GOLAPARATNAN e GETTU, 1995), que

são bastante semelhantes entre si. Entretanto, as dimensões do corpo-de-

prova utilizado no ensaio prescrito nestas duas recomendações são de

(125x75x450) mm3, dimensões diferentes daquelas prescritas para o CP das

recomendações americana (ASTM, 1994b) e japonesa (JSCE, 1984b). Este

fato representa uma desvantagem destes métodos, pois dificulta uma análise

comparativa entre dados obtidos nos vários métodos experimentais.

Uma outra forma de avaliação da tenacidade com base na resistência

residual pós-fissuração são as relações de tenacidade (R5,10 , R10,30 , R30,50) da

ASTM C1018 (1994b). São índices que representam a resistência média

mantida entre pontos de deslocamento vertical preestabelecidos relativa a

resistência na primeira fissura.

As Classes de Tenacidade da EFNARC: As classes de tenacidade propostas

pela EFNARC (1996) têm sua origem na proposta concebida pela Associação

Norueguesa do Concreto (Apud GOPALARATNAN e GETTU, 1995). Na

verdade, a proposta da EFNARC é praticamente igual a da recomendação

norueguesa, com apenas algumas modificações. As classes de tenacidade


45

estão associadas a um nível de desempenho apresentado pelo compósito após

a primeira fissura e foram concebidos visando sua utilização como uma

especificação de projeto, uma vez que os índices da ASTM C 1018 (1994)

apresentavam dificuldades para serem utilizados como especificação em

projetos de elementos de concreto reforçados com fibras (MORGAN,

MINDESS e CHEN, 1995). A tabela 3.2 apresenta as classes de tenacidade da

EFNARC.

Tabela 3.2 - Tensões residuais na flexão para as classes recomendadas pela EFNARC
(1996)

Classe de Deflexões (mm)


Tenacidade 0,50 1,00 3,00 4,00
0 Concreto projetado sem reforço
1 1,5 MPa 1,3 MPa 1,0 MPa 0,5 MPa
2 2,5 MPa 2,3 MPa 2,0 MPa 1,5 MPa
3 3,5 MPa 3,3 MPa 3,0 MPa 2,5 MPa
4 4,5 MPa 4,3 MPa 4,0 MPa 3,5 MPa

MORGAN, MINDESS e CHEN (1995) apresentam as vantagens e

desvantagens para este tipo de critério, destacando-se entre as vantagens:

i) A tensão residual, expressa em variáveis quantitativas (MPa), proporciona

um subsídio mais adequado à modelagem de projeto adotada pelos projetistas.

ii) O método possui um padrão muito simples, proporcionando uma

comparação ágil das curvas obtidas para verificação da sua conformidade.

iii) Apresentam independência em relação a determinação do ponto de primeira

fissura (item 3.3.1).

iv) O nível limite de deslocamento vertical de 0,5 mm para classificação da

tenacidade é suficientemente grande de modo que não sofre influência da

instabilidade pós-pico (item 3.3.1).


46

Dentre as desvantagens, uma das principais é que a tensão residual é

calculada segundo o modelo elástico, não refletindo o real comportamento

mecânico do material que é elasto-plástico. Isto acaba por superestimar a

tensão de tração que o compósito suporta e subestimar a tensão de

compressão (FIGUEIREDO, 1997). Outra desvantagem é o fato de que o

corpo-de-prova para o ensaio de tenacidade prescrito pela EFNARC (1996) é

completamente diferente daquele recomendado pela ASTM C 1018 (1996) e

JSCE-SF4 (1984), o que cria uma dificuldade para uma análise comparativa

entre os diversos índices de tenacidade.

Observa-se que são vários os critérios para determinação da tenacidade

do concreto reforçado com fibras de aço, pois ainda não se chegou a um

consenso, em nível internacional, com relação a melhor metodologia para

caracterização da tenacidade dos compósitos com fibras. As recomendações

apresentadas anteriormente são as mais aceitas e utilizadas em todo o mundo

e servirão de referência neste trabalho, pois seus índices podem ser

determinados para um único ensaio realizado.

3.3.1. Cuidados a serem observados para caracterização da tenacidade

A caracterização da tenacidade através dos índices derivados da área

sob a curva carga por deslocamento vertical necessita de alguns cuidados em

função da alta variabilidade dos resultados (MORGAN, MINDESS e CHEN,

1995; ARMELIN e BANTHIA, 1997), que não podem ser obtidos por pontos e

necessitam de precisão na aquisição dos dados.


47

Deve-se tomar cuidado na medida das deflexões do prisma pois, no

caso de deslocamentos verticais externos como a acomodação dos cutelos e

deformações do corpo-de-prova nos apoios sejam mensuradas, ocorrerá erro

nas medidas de deslocamento vertical na primeira fissura e,

consequentemente, erros consideráveis nos índices de tenacidade calculados

em função de múltiplos do deslocamento vertical no pico como é o caso dos

índices da ASTM C 1018 (BANTHIA e TROTTIER, 1995a; GOPALARATNAN e

GETTU, 1995). A figura 3.10 mostra as diferenças nas medidas de

deslocamento vertical da primeira fissura entre três métodos de medida do

deslocamento vertical do prisma.

Por este motivo, é necessária a utilização do dispositivo “Yoke” (figura

3.11) previsto na recomendação japonesa (JSCE, 1984b) para posicionamento

do LVDT de forma que o mesmo seja capaz de registrar as deformações no

topo do CP relativas ao eixo neutro do prisma e evitando o registro de

deformações externas. Este sistema é largamente empregado pelos

pesquisadores (CHEN, MINDESS e MORGAN, 1994; BANTHIA e TROTTIER,

1995a) para evitar incorreções.


48

Desloc. vertical

Figura 3.10 - Curvas carga por deslocamento vertical obtidas a partir de três técnicas
diferentes de medida do deslocamento vertical (BANTHIA e TROTTIER, 1995a)

Figura 3.11 - Dispositivo “Yoke” de fixação do LVDT no corpo-de-prova


49

Outro problema relativo ao ensaio é a ocorrência da instabilidade pós

pico, fato muito comum nos ensaios em compósitos de matrizes com

resistência elevada ou com baixo volume de fibras. A região de instabilidade

pós-pico representa uma “queda” do corpo-de-prova no momento de ruptura da

matriz, resultado da energia armazenada pela matriz que o reforço das fibras

não conseguiu absorver de imediato (BANTHIA e TROTTIER, 1995a). Para o

caso das matrizes de alta resistência e reforço de fibras abaixo do volume

crítico (BENTUR e MINDESS, 1990), haverá um maior pico de carga devido a

grande energia armazenada e a instabilidade irá ocorrer (figura 3.12). No caso

de compósitos com matrizes de resistência normal e teor muito baixo de fibras,

o pouco volume de fibras presente no compósito não terá capacidade de

absorção da energia, ocorrendo também a instabilidade.

Figura 3.12 - Influência da resistência da matriz na instabilidade pós-pico


(Adaptado de BANTHIA e TROTTIER, 1995a)
50

Pode ocorrer que os valores de tenacidade avaliados em pequenos

níveis de deslocamento vertical (até 0,5 mm) situam-se dentro da região de

instabilidade pós-pico. Com isto ocorre a superestimação da energia absorvida

pós-pico (figura 3.13). O problema pode ser minimizado com a utilização de

prensa com controle de deformação mecânico, como sugerem BANTHIA E

TROTTIER (1995a).

DESLOC. VERTICAL

Figura 3.13 - Instabilidade pós-pico

O terceiro cuidado a ser tomado na determinação dos índices de

tenacidade é a localização do ponto de primeira fissura (GOPALARATNAN e

GETTU, 1995; BANTHIA e TROTTIER, 1995a; MORGAN, MINDESS e CHEN,

1995), uma vez que existem muitas dificuldades para a sua determinação. A

rigor, a primeira fissura não existe, pois o que ocorre é uma progressiva

microfissuração da matriz à medida que o prisma vai sendo


51

carregado, de modo que a fissura vai se tornando cada vez mais pronunciada a

medida que a solicitação se aproxima da carga de ruptura (MORGAN,

MINDESS e CHEN, 1995). A ASTM C 1018 (1994) recomenda que o ponto de

primeira fissura é aquele no qual a curvatura cresce de modo mais intensivo e

a tangente da curva exibe uma mudança bem definida. Em outras palavras isto

significa o final do trecho de proporcionalidade elástica da curva carga por

deslocamento vertical. A recomendação da ASTM para localização da primeira

fissura é ambígua e depende muito da resolução do dispositivo de aquisição de

dados e do julgamento do operador (GOPALARATNAN et al., 1991;

GOPALARATNAN e GETTU, 1995). Erros na localização da primeira fissura

podem conduzir a grandes erros nos índices de tenacidade da ASTM

(BANTHIA e TROTTIER, 1995a). Outra desvantagem apontada por

FIGUEIREDO (1997) é que, quando se aplica rigorosamente o critério da

ASTM C1018 (1994) em condições onde o deslocamento vertical é obtido com

precisão, este aponta um nível de deslocamento vertical para a primeira fissura

em que as fibras ainda não estão sendo arrancadas pois, o corpo-de-prova

ainda não está seccionado, ou seja, avalia-se o trabalho de escorregamento da

fibra antes de a mesma estar sendo solicitada.

Outro problema relativo a localização da primeira fissura é em casos

onde o compósito apresenta uma grande deformação plástica após o trecho

elástico (figura 3.14). Neste caso, torna-se adequado aplicar a metodologia de

identificação da primeira fissura na qual traça-se uma reta paralela ao trecho

elástico do gráfico tomando por base um deslocamento vertical de 0,01 mm

(figura 3.14). Esta metodologia foi apresentada por SCHMIDT-SCHLEICHER

(Apud FIGUEIREDO, 1997) e adotada pela recomendação alemã DBV (Apud


52

GOPALARATNAN e GETTU, 1995). Esta determinação do ponto de primeira

fissura é análoga à especificação da tensão de escoamento de aços que não

possuem patamar de escoamento bem definido que é adotada no Brasil. A

vantagem desta metodologia é a facilidade para se encontrar o ponto B’ (figura

3.14) sem a necessidade de uma avaliação visual e subjetiva.

Desloc. vertical

Figura 3.14 - Curva de carga por deslocamento vertical de um compósito com grande
deformação plástica pós-fissuração

Todos os problemas e dificuldades apresentados devem, na medida do

possível, serem observados e evitados. Assim, deixa-se de cometer erros

consideráveis nas medidas de determinação da tenacidade obtendo desta

forma, resultados mais confiáveis.


53

CAPÍTULO 4

A AÇÃO DAS FIBRAS DE AÇO NA


TENACIDADE DOS COMPÓSITOS
54

4. A AÇÃO DAS FIBRAS DE AÇO NA TENACIDADE DOS


COMPÓSITOS

4.1. INTERAÇÃO FIBRA-MATRIZ

Em um compósito de matriz cimentícea reforçado com fibras, a interação

entre as fibras e a matriz é o processo fundamental que influencia o seu

desempenho. A compreensão desta interação é necessária para que se possa

estimar a contribuição das fibras para o desempenho do compósito e prever o

seu comportamento (BALAGURU e SHAH, 1992). Os principais parâmetros

que interferem na interação entre a fibra e a matriz são:

- Condição da matriz (se a mesma está ou não fissurada).

- Composição da matriz

- Geometria da fibra

- Tipo de material da fibra (se a fibra é de aço, plástica ou orgânica)

- Rigidez da fibra e as características de sua superfície.

- Volume de fibras no compósito ou teor de fibras.

4.1.1. Composição da matriz

A zona de transição fibra-matriz: A microestrutura da região de

“interface” entre a fibra e a matriz é diferente da microestrutura da pasta como

um todo, tal como a zona de transição pasta-agregado descrita por MEHTA e

MONTEIRO (1994) . As partículas de cimento se hidratam e reagem formando

partículas coloidais de C-S-H e grandes cristais de CH. Ocorre a formação de

espaços preenchidos com água ao redor das fibras devido a exsudação


55

interna e ao empacotamento ineficiente dos grãos de cimento em torno da

superfície da fibra (efeito parede). Como consequência, a relação água/cimento

nas imediações da fibra é maior e portanto, mais porosa será a matriz. Além

disto, há uma maior quantidade de cristais grandes de hidróxido de cálcio (CH),

que estão orientados perpendicularmente à superfície da fibra, criando uma

zona preferencial de fratura (BENTUR e MINDESS, 1990). Tudo isto contribui

para que a resistência da matriz na interface fibra-matriz seja menor. Esta

característica traz efeitos diversos que devem ser levados em consideração

com respeito a aderência fibra-matriz e o processo de descolamento,

importantes no mecanismo de transferência de tensões entre a fibra e a matriz.

Influência da resistência da matriz : Vários pesquisadores (JENQ e SHAH,

1986; BALAGURU, NARAHARI e PATEL, 1992; BANTHIA e TROTTIER, 1994;

ARMELIN e BANTHIA, 1997; FIGUEIREDO, 1997) já observaram a ocorrência

de menor tenacidade à flexão de compósitos de matrizes de maior resistência

quando comparados a compósitos com matrizes menos resistentes.

As matrizes de concretos de alto desempenho, graças aos efeitos físicos

e químicos proporcionados pelas adições de sílica ativa e outras pozolanas

(FIP-CEB, 1990; GOLDMAN e BENTUR, 1993; MEHTA e MONTEIRO, 1994),

possuem zona de transição fibra-matriz menos porosa e sem a presença dos

cristais de hidróxido de cálcio (CH) o que pode conferir uma maior aderência

entre a fibra e a matriz. Consequentemente, maior será a força necessária para

o arrancamento da fibra após a fissuração da matriz e maiores serão as

tensões transferidas às fibras, podendo ocorrer a ruptura da fibra antes do seu

arrancamento. Como a energia gasta para a ruptura de uma fibra é menor que
56

aquela necessária para o seu arrancamento (BENTUR e MINDESS, 1990), a

tenacidade à flexão dos compósitos de matrizes de altas resistências tende a

ser menor.

Outro aspecto relativo à maior resistência da matriz que contribui para a

fragilização do compósito é o fato de que, para o caso das fibras inclinadas em

relação à superfície da fissura, irá ocorrer flexão das fibras na matriz de alta

resistência em vez do esmagamento da matriz que normalmente ocorre em

concretos menos resistentes (ARMELIN e BANTHIA, 1997). Nestas condições,

serão desenvolvidas tensões adicionais de cisalhamento que contribuirão para

um maior escorregamento entre os sistemas cristalinos da fibra de aço e as

resistências de escoamento e ruptura da fibra serão menores (BANTHIA e

TROTTIER, 1994), o que favorece a uma maior probabilidade de ruptura da

fibra.

ARMELIN e BANTHIA (1997) também sugerem que nos compósitos de

fibras de aço com matrizes menos resistentes, a profundidade da linha neutra é

maior do que aquela para as matrizes de alta resistência (figura 4.1), o que

contribui para uma menor abertura de fissura no meio do vão. Desta maneira,

as fibras nesta fissura serão submetidas a menores tensões apresentando

então, menor possibilidade de quebra.


57

Figura 4.1 - Profundidade da linha neutra em prismas de CRFA.


a) Matriz de 30 MPa b) Matriz de 58 MPa. (Baseado em dados de ARMELIN e BANTHIA,
1997)

4.1.2. Mecanismo de reforço das fibras

Segundo HANNANT (1978), observou-se que as deformações de

ruptura das fibras são três vezes maiores que as deformações da matriz. Antes

que as fibras sejam solicitadas no seu limite de resistência a matriz já


58

estará fissurada. Após a fissuração da matriz as fibras atuam como ponte de

transferência de tensões através das fissuras (Figura 4.2), sendo então

arrancadas (BENTUR e MINDESS, 1990). Este é o principal mecanismo de

reforço das fibras no CRFA (ARMELIN e BANTHIA, 1997).

Figura 4.2 - Mecanismo de controle de propagação das fissuras (NUNES, TANESI e


FIGUEIREDO, 1997)

A transferência de tensão da matriz para a fibra ocorre por combinação

de dois mecanismos básicos: transferência elástica e transferência por atrito.

Na transferência elástica a matriz e a fibra estão aderidas entre si e possuem

compatibilidade de deformações, ou seja, não há deslocamentos relativos entre

a fibra e a matriz. Desde que a fibra e a matriz possuam módulos de

deformação distintos é desenvolvida uma tensão de cisalhamento na interface


59

fibra-matriz que distribui a carga externa entre as fibras e a matriz. A

distribuição da tensão ao longo da interface fibra-matriz não é uniforme (figura

4.3). Este mecanismo é dominante enquanto as tensões de cisalhamento na

interface fibra-matriz não superam o limite de resistência ao cisalhamento, ou

seja, não há descolamento, o que ocorre na etapa de pré-fissuração do

compósito. Até este ponto a fibra não atua como ponte de transferência de

tensões através da fissura.

Figura 4.3 - Esquema de deformações (a) e distribuição de tensões de cisalhamento


elásticas (b) ao longo da interface fibra-matriz (BENTUR e MINDESS, 1990).

Após a fissuração da matriz o mecanismo de transferência de tensões

passa gradualmente de elástico para o mecanismo por atrito. Em função das

características peculiares da zona de transição fibra-matriz (BENTUR e

MINDESS, 1990), a tensão de cisalhamento por aderência elástica supera a

resistência ao cisalhamento da interface, provocando o descolamento da fibra e

posterior escorregamento e arrancamento da mesma. Há o deslocamento


60

relativo entre a fibra e a matriz a as tensões são transferidas através do atrito

fibra-matriz. As tensões de cisalhamento por atrito desenvolvidas são

uniformemente distribuídas ao longo da interface fibra-matriz (figura 4.4). Neste

ponto a fibra atua como ponte de transferência de tensões.

Figura 4.4 - Configuração de uma fibra parcialmente descolada e diagrama das tensões
de cisalhamento e atrito na interface fibra-matriz (BENTUR e MINDESS, 1990)

O mecanismo de transferência por atrito é o predominante na etapa pós-

fissuração, onde o gasto energético para o arrancamento da fibra é muito

elevado, o que caracteriza a elevada tenacidade do compósito. Isto é válido

predominantemente para as fibras lisas e retas. Para as fibras deformadas,

com ancoragem em gancho, além da transferência por atrito a aderência entre

fibra e matriz é conseguida através da ancoragem mecânica da fibra na matriz,

mecanismo diverso dos citados anteriormente.

Os mecanismos de transferência de tensões podem ser avaliados

através dos ensaios de arrancamento de fibras, que simulam a ponte de

transferência de tensões feita pelas fibras e permitem uma avaliação da


61

contribuição das fibras na tenacidade do compósito. Ensaios de arrancamento

de fibras são utilizados como base de estudos dos mecanismos de aderência

entre a fibra e a matriz (NAAMAN et. al., 1991a; NAAMAN et.al., 1991b;

NAAMAN e NAJM, 1991; BANTHIA e TROTTIER, 1994) e como subsídio para

modelos de previsão do comportamento pós-fissuração na flexão de concretos

reforçados com fibras de aço (ROBINS, AUSTIN e JONES,1996; ARMELIN e

BANTHIA, 1997).

Entretanto, a maioria dos estudos de aderência e arrancamento de fibras

feitos recentemente, envolviam apenas fibras retas e lisas. Como já

mencionado, as fibras de aço utilizadas correntemente como reforço de

concreto possuem deformações e ancoragens em gancho nas pontas que

propiciam mecanismos de ancoragem diversos dos mecanismos de atrito e

tensão de cisalhamento característicos das fibras retas (BENTUR e MINDESS,

1990). Ainda, pouco se sabe a respeito dos mecanismos de aderência por

ancoragem mecânica das fibras de aço e, consequentemente, as geometrias

encontradas nas fibras de aço utilizadas comercialmente são puramente

“intuitivas” (BANTHIA e TROTTIER, 1994).

Estudos recentes procuraram investigar os mecanismos de ancoragem

que proporcionam melhoras significativas na aderência fibra-matriz. NAAMAN e

NAJM (1991) realizaram uma análise comparativa entre ensaios de

arrancamento feitos em fibras retas, fibras onduladas e fibras ancoradas em

gancho. Foram obtidas curvas de carga de arrancamento por escorregamento

das fibras arrancadas e posteriormente foi realizada a análise destas curvas.

Segundo BENTUR e MINDESS (1990), é muito importante, nos ensaios de

arrancamento onde são obtidas curvas de carga por escorregamento relativo à


62

matriz, analisar as curvas em si e não se ater muito a valores numéricos. Um

exemplo deste tipo de interpretação é apresentado por BARTOS (Apud

BENTUR e MINDESS, 1990) e mostrado na figura 4.5. O trecho OE da curva

força de arrancamento por escorregamento significa que a transferência de

tensões entre a fibra e a matriz é elástica. O trecho EM caracteriza o

descolamento gradual da fibra. A queda súbita da curva no trecho MF marca a

ocorrência do descolamento total da fibra. A partir do trecho F a curva decresce

gradualmente e indica a ação do mecanismo de transferência de tensões por

atrito.

Figura 4.5 - Diagrama simplificado de força de arrancamento por escorregamento


(BARTOS apud BENTUR e MINDESS, 1990)
63

Seguindo este procedimento, nota-se que as curvas obtidas por

NAAMAN e NAJM (1991) (figuras 4.6a e 4.6b) seguem um padrão semelhante

ao da figura 4.5. Para as fibras com ancoragem em gancho e posicionadas

paralelamente à direção de arrancamento, o padrão das curvas observado no

trabalho de NAAMAN E NAJM (1991) foi posteriormente identificado em

trabalho semelhante feito por BANTHIA E TROTTIER (1994).

As curvas de NAAMAN e NAJM (1991) (figuras 4.6a e 4.6b) mostram

diferenças significativas entre as fibras retas e as fibras deformadas quanto ao

mecanismo de aderência, sendo possível identificar nas curvas os trechos

relativos a contribuição da ancoragem e das deformações na transferência de

tensão fibra-matriz. Por exemplo: para o caso das fibras ancoradas em gancho

à medida em que a ancoragem da fibra vai sendo arrancada, esta vai se

deformando e tomando a forma reta causando uma mudança na inclinação da

curva a partir do ponto B (figura 4.6b). Quando a ancoragem está parcialmente

reta e o descolamento da fibra é total, a carga de arrancamento cai a partir do

ponto C. O ponto D sugere que a ancoragem já foi toda deformada e a fibra a

partir daí atua como se fosse reta, predominando o mecanismo de

transferência de tensões por atrito. O trecho BD da curva caracteriza o

mecanismo de transferência de tensões através da ancoragem mecânica.


64

Figura 4.6 - Comparação entre curvas de arrancamento de fibras.


a) retas e onduladas. b) retas e com ancoragem em gancho (NAAMAN e NAJM, 1991)
65

Os autores procuraram identificar a contribuição exclusiva do

componente mecânico da fibra na aderência fibra matriz. Para isto, eles

eliminaram o atrito entre fibra e matriz lubrificando a superfície da fibra e

submeteram esta fibra ao ensaio de arrancamento. O resultado é apresentado

na figura 4.7. Observa-se que o componente mecânico de aderência é o

responsável pelo acréscimo na carga de pico para arrancamento. Pode-se

observar nas figuras 4.6 e 4.7 o maior gasto energético para o arrancamento

da fibra proporcionado pela ancoragem.

Figura 4.7 - Contribuição da ancoragem mecânica para o arrancamento das fibras de aço
com ganchos nas extremidades (NAAMAN e NAJM, 1991)
66

Estes resultados corroboram com a afirmação de BENTUR e MINDESS

(1990) de que, com o recurso da melhora da aderência fibra-matriz através da

ancoragem mecânica, o conceito do fator de forma para avaliação do

comportamento pós-fissuração do CRFA perde a sua importância. Entretanto,

deve-se ressaltar que as grandes diferenças de comportamento entre as fibras

retas e ancoradas observadas nos diagramas da figura 4.6 não se observam

em ensaios de tenacidade à flexão. Isto foi verificado por TORNERI (1997), que

registrou diferença de desempenho entre fibras ancoradas e fibras retas mas,

esta diferença não foi tão significativa como nos ensaios de arrancamento de

NAAMAN e NAJM (1991), provavelmente devido a influências como a

plastificação do concreto na região comprimida (ARMELIN e BANTHIA, 1997) e

a inclinação das fibras, uma vez que as fibras inclinadas em relação a direção

de seu carregamento perdem eficiência quanto a absorção de energia no

arrancamento, como foi demostrado por BANTHIA e TROTTIER (1994) e por

ARMELIN e BANTHIA (1997). Deve-se lembrar que nos experimentos

realizados por NAAMAN e NAJM (1991), as fibras estavam paralelas à direção

de arrancamento. Talvez por este motivo, as fibras, neste estudo,

apresentaram diferença significativa de desempenho.

Além disto, tem-se que, para o caso de compósitos com baixos teores

de fibras no momento subsequente a ruptura da matriz, em níveis de

deslocamento vertical maiores a concentração de tensões no contato fibra-

matriz próximo a região de ancoragem é alta. Neste caso, pode ocorrer o

esmagamento da matriz em torno da ancoragem ou quebra da mesma com

consequente perda do mecanismo de ancoragem e também do mecanismo de

atrito no trecho ancorado da fibra. NAAMAN E NAJM (1991) observaram casos


67

de ruptura da ancoragem em ensaios de arrancamento de fibra, o que

provocou uma queda brusca da carga de arrancamento no diagrama carga por

escorregamento. TORNERI (1997), estudando a diferença de comportamento

pós-fissuração na flexão entre compósitos com fibras curtas retas e compósitos

com fibras curtas ancoradas, observou um menor desempenho das fibras

ancoradas em relação às fibras retas para níveis de deslocamento vertical

maiores. A autora sugere que este fato se deve à perda de aderência entre a

fibra e a matriz devido a degradação da matriz em torno da ancoragem em

função da grande concentração de tensões neste local.

Assim, em função das evidências acima, pode-se sugerir que mesmo

com os mecanismos de ancoragem mecânica das fibras de aço, ainda ocorre o

mecanismo de aderência fibra-matriz por atrito (onde o fator de forma influi no

desempenho da fibra) e este pode ser predominante em níveis de

deslocamento vertical maiores (ponto no qual o comportamento pós-fissuração

é governado principalmente pelo escorregamento da fibra) onde a ancoragem

pode perder a sua eficiência, seja por deformação da ancoragem de modo que

esta fique reta, por ruptura da ancoragem ou por ruptura da matriz em seu

entorno. Desta forma, o conceito de fator de forma para as fibras com

ancoragem não pode ser desprezado.

4.2. FATOR DE FORMA

O fator de forma ou relação de aspecto é a relação entre o comprimento

da fibra e o diâmetro da circunferência com área equivalente a seção


68

transversal (figura 4.8). É um índice capaz de indicar com apenas um número o

grau de eficiência da fibra em função de sua geometria.

Figura 4.8 - Conceituação do fator de forma da fibra

Quanto maior o fator de forma da fibra, melhor é o comportamento pós-

fissuração do compósito (BENTUR e MINDESS, 1990; BALAGURU e SHAH,

1992). Isto se deve a dois aspectos embutidos no conceito do fator de forma: o

comprimento da fibra e o número de fibras por unidade de volume do

compósito. Para um volume constante de fibras com seção transversal

constante, um aumento no fator de forma representa um aumento no

comprimento da fibra. Conforme já descrito no ítem 4.1.2, o arrancamento das

fibras é o processo que mais contribui para a tenacidade do compósito

decorrente do maior consumo energético envolvido no mecanismo de

transferência de tensões por atrito. Fazendo uma análise simplificada, quanto

maior o comprimento da fibra, maior é a sua área superficial em contato com a

matriz (comprimento multiplicado pelo perímetro da seção transversal). Como a

transferência de tensão se dá por atrito, a resistência ao arrancamento de uma

fibra é proporcional a sua área superficial interfacial. Assim, para um mesmo

volume de fibras, um comprimento maior da fibra significa uma maior área


69

interfacial e portanto, maior será a superfície de ancoragem de cada fibra e,

consequentemente, a carga necessária para o seu arrancamento será maior.

Assim, um dispêndio maior de energia será necessário para o seu

arrancamento.

Segundo BENTUR E MINDESS (1990), um parâmetro geométrico

significativo para controle do desempenho do compósito é a distância entre as

fibras. Assumindo que a distribuição das fibras na matriz é uniforme e utilizando

vários conceitos estatísticos, ROMUALDI e MANDEL (1964) calcularam o fator

de espaçamento das fibras (S), que representa a distância média entre fibras

curtas e distribuídas aleatoriamente nas três direções numa matriz, através da

seguinte expressão matemática:

1
S = 2,76 × r × (4.1)
Vf

onde r é o raio da fibra e Vf é o volume de fibras no compósito. Ainda que este

tipo de relação apresente suas limitações em relação às condições reais do

compósito (BENTUR e MINDESS, 1990), pode-se observar através da análise

desta expressão que, para um mesmo volume de fibras no compósito, quanto

menor o raio da fibra ou o seu diâmetro, o espaçamento entre as fibras é

menor. Consequentemente, maior será a quantidade linear de fibras por

unidade de volume do compósito, o que significa maior probabilidade de uma

fissura ser interceptada por uma fibra nesta unidade de volume. O aumento do

fator de forma em uma fibra com comprimento constante representa redução

no seu diâmetro o que também significa, pelo que foi exposto anteriormente,

que têm-se maior número de fibras atuando como ponte de transferência de

tensões
70

em uma unidade de volume de compósito, fato que pode significar uma

provável melhora do comportamento pós-fissuração deste compósito.

O conceito de fator de forma foi desenvolvido inicialmente para fibras

retas e lisas. Atualmente, é raro o uso deste tipo de fibra predominando o uso

de fibras deformadas com ancoragem. O artifício da ancoragem nas fibras

(item 4.1.2), proporciona maior resistência da fibra ao arrancamento sem a

necessidade de elevar o fator de forma da mesma, o que melhora a eficiência

da fibra no comportamento pós-fissuração (SOROUSHIAN e BAYASI, 1991;

BANTHIA e TROTTIER, 1994; BANTHIA e TROTTIER, 1995b). Por isto

mesmo, alguns autores (BANTHIA e TROTTIER, 1990; BALAGURU e SHAH,

1992) questionam a importância do conceito do fator de forma para as fibras

ancoradas. Entretanto, diversos trabalhos de pesquisa (RAMAKRISHNAN, WU

e HOSALLI, 1989; SOROUSHIAN e BAYASI, 1991; BALAGURU, NARAHARI e

PATEL, 1992; JOHNSTON e SKARENDAHL, 1992; FIGUEIREDO, 1997;

FIGUEIREDO, CECCATTO e TORNERI, 1997) mostram a influência do fator

de forma das fibras ancoradas na tenacidade à flexão do concreto reforçado

com fibras de aço ou concreto projetado com fibras de aço.

Alguns destes trabalhos (SOROUSHIAN e BAYASI, 1991; BALAGURU,

NARAHARI e PATEL, 1992; JOHNSTON e SKARENDAHL, 1992) mostram que

com o aumento do fator de forma das fibras utilizadas maior é a tenacidade à

flexão dos compósitos em níveis de deslocamento maiores. Entretanto, estes

trabalhos apresentaram algumas limitações na sua metodologia, o que

prejudica a confiabilidade plena dos resultados apresentados. Entre as

limitações observadas, destacam-se:


71

- Não utilização do “Yoke” , o que acarretou a medida dos deslocamentos

verticais com inclusão dos deslocamentos externos ao corpo de prova (item

3.3.1). Isto acarreta erros substanciais nas medidas de tenacidade baseadas

nos índices da ASTM C 1018 (1994), principalmente os índices I5 e I10 .

- Utilização exclusiva dos índices de tenacidade da ASTM C1018 para

determinação da tenacidade também é uma metodologia equivocada. Estes

índices não possuem sensibilidade para detectar diferenças no comportamento

pós-fissuração de compósitos em função de alterações no fator de forma (item

3.3.1). Isto foi observado por BANTHIA, TROTTIER, WOOD e BEAUPRE

(1992) que chamaram a atenção para este problema, principalmente para os

índices I5 e I10. Isto justifica o fato de os autores dos trabalhos citados terem

encontrado diferenças significativas nas tenacidades apenas em níveis de

deslocamentos verticais mais elevados.

- Os trabalhos utilizaram corpos-de-prova com dimensões incompatíveis ao

tamanho da fibra, não seguindo a recomendação de que a menor dimensão do

corpo-de-prova tenha três vezes o comprimento da fibra. Isto provoca uma

tendência ao alinhamento das fibras, prejudicando a distribuição uniforme das

fibras na matriz (item 2.3).

- A instabilidade pós-pico (item 3.3.1) não é levada em consideração,

principalmente no caso da utilização de índices como o I5 e I10 .

- Comparação do fator de forma entre fibras de diferentes tipos (ex. fibras

onduladas e fibras ancoradas em gancho).

Estes problemas foram evitados nos trabalhos de FIGUEIREDO (1997) e

FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI (1997). Em ambos os trabalhos, foi

observado o aumento da tenacidade dos concretos reforçados com fibras de


72

aço com o aumento do fator de forma. No trabalho de FIGUEIREDO (1997), o

aumento do fator de forma das fibras foi obtido através da redução do diâmetro

das mesmas, uma vez que fibras de mesmo comprimento foram comparadas.

A tabela 4.1 mostra os resultados obtidos. Nota-se que o aumento da

tenacidade foi mais evidente nos compósitos com maiores teores de fibras.

Tabela 4.1 - Fatores de tenacidade obtidos para fibras de fatores de forma diferentes
para diversos teores de fibras em concreto projetado via seca (baseado em dados de
FIGUEIREDO, 1997)

Diâmetro da Fator de Fator de tenacidade na flexão (MPa) para os teores de


fibra (mm) forma fibra de
20 kg/m3 40 kg/m3 60 kg/m3 80 kg/m3
0.65 46.2 1.5 3.3 3.9 4.7
0.50 60 1.8 3.3 4.8 6.1

Na pesquisa apresentada por FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI

(1997), foram comparadas fibras ancoradas de mesma seção transversal mas

com comprimentos diferentes. Apesar da pequena diferença entre o fator de

forma das fibras, o aumento da tenacidade foi de 57,5 %, como pode ser visto

na tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Valores médios do fator de tenacidade obtido com fibras de fatores de forma
diferentes (FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI (1997)

Comprimento da Fator de Fator de Tenacidade sem


Fibra (mm) Forma instabilidade pós-pico (MPa)
36,0 33,6 1,53
45,0 42,0 2,41

Os resultados apresentados por estes trabalhos citados, ainda que

alguns apresentem limitações na sua metodologia, mostram que mesmo para


73

fibras ancoradas, o fator de forma ainda apresenta influência significativa na

tenacidade à flexão dos concretos reforçados com fibras de aço não podendo

ser desprezado para as fibras com ancoragem mecânica como sugerem alguns

autores (BENTUR e MINDESS, 1990 ; BALAGURU e SHAH, 1992).

4.3. TEOR DE FIBRAS

A quantidade de fibras presente na matriz possui grande influência na

tenacidade a flexão dos concretos reforçados com fibras (BENTUR e

MINDESS, 1990; BALAGURU e SHAH, 1992). O aumento do consumo de

fibras adicionadas à matriz conduz a um aumento da tenacidade à flexão dos

concretos reforçados com fibras de aço, fato observado tanto para concreto

convencional (BALAGURU, NARAHARI e PATEL, 1992; BALAGURU e SHAH,

1992) e projetado (FIGUEIREDO, 1997). Entretanto, grandes volumes de fibras

incorporados à matriz podem prejudicar o comportamento pós-fissuração em

função dos problemas de compactação decorrentes da grande quantidade de

fibras presente no compósito (CECCATO, NUNES e FIGUEIREDO, 1997).

Assim, um volume excessivo de fibras pode trazer prejuízos na resistência

mecânica do compósito em vez dos benefícios em termos de tenacidade

proporcionados pela adição das fibras.

Um aspecto importante relativo a influência do teor de fibras na

tenacidade é o conceito de volume crítico de fibras, introduzido por AVESTON,

COOPER e KELLY (1971) no clássico modelo analítico para avaliação do

comportamento mecânico dos compósitos reforçados com fibras. O volume

crítico de fibras é aquele para o qual o compósito mantém uma resistência

residual pós-fissuração igual a resistência da matriz. Teoricamente, um


74

compósito com teor de fibras igual ao volume crítico incorporado à matriz teria

um comportamento elasto-plástico perfeito (figura 3.4), apresentando valores

de relações de tenacidade (ASTM C 1018, 1994b) próximos de 100.

O volume crítico de fibras é influenciado pela resistência da matriz pois,

dependendo do nível de tensões suportado pela mesma após a sua ruptura,

haverá um maior ou menor nível de carregamento das fibras, em função da

transferência de tensões da matriz para as fibras. Desta forma um concreto

mais resistente demandará maior volume de fibras incorporado para

manutenção da tenacidade. Normalmente, o volume crítico para as fibras de

aço é da ordem de 1 % (cerca de 80 kg/m3 de concreto). Até este valor, os

CRFA não apresentam aumento na sua capacidade portante (SHAH, 1991).

O modelo para comportamento do compósito à flexão apresentado por

HANNANT (1978) mostra através da equação (4.2), para fibras distribuídas

aleatoriamente na matriz em três direções, que o volume crítico de fibras

depende da resistência da matriz e do fator de forma das fibras:

σt 1
Vf (MIN) = 0,82 × × (4.2)
τ FF

Vf = Volume crítico de fibras


σt = Resistência da matriz
τ= Tensão de aderência entre fibra e matriz
FF = Fator de forma da fibra

Se a resistência da matriz aumenta, maior é o volume crítico de fibras,

ou seja, maior teor de fibras será necessário para manutenção da capacidade

portante do compósito. Um aumento no fator de forma das fibras utilizadas,

permite a utilização de um volume de fibras menor para manutenção da


75

capacidade portante do compósito. Isto foi verificado experimentalmente por

FIGUEIREDO (1997) que, ao comparar fibras de diversos fatores de forma

para concreto projetado, observou que fibras de menor fator de forma irão

demandar um teor maior adicionado à matriz para igualar o comportamento de

fibras de elevado fator de forma.

4.4. TIPO DE FIBRA.

Com o advento da deformação mecânica das fibras de aço como

mecanismo para aumento da aderência fibra-matriz, vários tipos de fibras de

aço foram desenvolvidas. A figura 4.9 mostra a grande variedade de fibras de

aço disponíveis no mercado.

Figura 4.9 - Diversos tipos de fibras de aço


76

Cada tipo de fibra possui um tipo de ancoragem diferente, o que

proporciona diversos comportamentos relativos a resistência ao arrancamento

e, consequentemente, diferentes desempenhos dos compósitos quanto a

tenacidade à flexão.

Vários estudos foram feitos para avaliação das diferenças de

desempenho pós-fissuração na flexão entre compósitos reforçados com

diferentes tipos de fibras de aço, seja para concreto projetado (BANTHIA,

TROTTIER, WOOD e BEAUPRE, 1992; BANTHIA, TROTTIER, BEAUPRE e

WOOD, 1994; FIGUEIREDO, 1997) e concreto convencional (SOROUSHIAN e

BAYASI, 1991; BALAGURU, NARAHARI e PATEL, 1992; BANTHIA e

TROTTIER, 1995b; TROTTIER MORGAN e FORGERON, 1997). Em todos os

estudos foi observado que as fibras com ancoragem em gancho nas pontas

proporcionam aos compósitos, maiores níveis de tenacidade à flexão do que as

fibras onduladas, embora em ensaios de arrancamento de fibras (NAAMAN e

NAJM, 1991) os dois tipos de fibras apresentaram comportamentos

semelhantes (figura 4.6).

SOROUSHIAN e BAYASI (1991) mostram que os efeitos das

deformações mecânicas são mais pronunciados nas fibras com maior fator de

forma. Neste mesmo estudo, foi observado que para fibras onduladas de

mesmo fator de forma, praticamente não há diferença de desempenho entre

fibras de seção transversal retangular e fibras de seção transversal circular.

Entretanto, alguns destes estudos (BANTHIA, TROTTIER, WOOD e

BEAUPRE, 1992; BANTHIA e TROTTIER, 1995b; TROTTIER MORGAN e

FORGERON, 1997) confrontaram a tenacidade de compósitos com fibras de

fatores de forma diferentes, fato que prejudica uma comparação do


77

desempenho das fibras em função apenas de seu tipo de ancoragem. A

comparação entre fibras de fatores de forma semelhantes, como feito por

SOROUSHIAN e BAYASI (1991) e BALAGURU, NARAHARI e PATEL, (1992),

é uma metodologia mais apropriada para a comparação entre fibras de tipos

diferentes.
78

CAPÍTULO 5

PROGRAMA EXPERIMENTAL
79

5. PROGRAMA EXPERIMENTAL

5.1. METODOLOGIA

Nesta dissertação, os estudos experimentais tiveram como diretriz

principal avaliar a influência da geometria da fibra de aço na tenacidade dos

compósitos com matriz de concreto de cimento Portland. Em função do exposto

no capítulo 3, foram confeccionados concretos com fibras de aço de diferentes

geometrias e em diversos teores. O traço da matriz de concreto foi mantido

constante. Os principais ensaios realizados foram o de tração na flexão com

deformação controlada (ASTM C1018-94b ; JSCE SF4, 1984b ; EFNARC,

1996) e o de resistência à compressão axial (NBR 5739/80), o qual foi utilizado

para caracterização da matriz.

5.1.1. Planejamento experimental

O estudo foi planejado de tal modo que fosse possível estudar três tipos

de fibras de aço fabricadas e distribuídas comercialmente no Brasil, com

diferentes geometrias, totalizando onze variedades de fibras de aço, as quais

foram adicionadas na matriz em três teores diferentes. O primeiro tipo, consiste

de fibras de seção retangular com ancoragem em gancho nas extremidades

(F1), o segundo, com fibras de seção circular com ancoragem em gancho nas

extremidades (F2) e o terceiro, com fibras onduladas com seção transversal no

formato de crescente (F3). Detalhes da geometria das fibras estão na figura

5.1. As fibras F1 foram analisadas com três diferentes fatores de forma, onde o

comprimento foi constante, havendo variação apenas das dimensões da seção

transversal. A fibra F2 teve cinco tipos de fibras analisadas, onde três possuem

fatores de forma iguais, com variações no comprimento e seção transversal e


80

duas com fator de forma distintos, porém com comprimento igual. A fibra F3

teve três fatores de forma analisados, variando-se o comprimento da fibra e

mantendo-se constante a dimensão da seção transversal. Detalhes de todas as

fibras utilizadas neste estudo estão no item 5.1.2.2.

F1

F2

F3

Figura 5.1 - Geometria das fibras utilizadas

A confecção e ensaio de um traço, com uma determinada variedade de

fibra adicionada em um determinado teor, constitui um tratamento

experimental. Desta maneira trinta e três tratamentos experimentais foram

realizados onde, quatro corpos-de-prova prismáticos e dois corpos-de-prova

cilíndricos foram moldados em cada tratamento totalizando cento e trinta e dois

corpos-de-prova prismáticos e sessenta e seis corpos-de-prova cilíndricos. A

tabela 5.1 resume todos os tratamentos experimentais:


81

Tabela 5.1 - Tratamentos experimentais

Fator T Fator F - Fibra de Aço

Consumo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
de fibras F1-A* F1-B* F1-C* F2-A** F2-B** F2-C** F2-D** F2-E** F3-A*** F3-B*** F3-C***

T1
20 kg/m3 de 20F1-A 20F1-B 20F1-C 20F2-A 20F2-B 20F2-C 20F2-D 20F2-E 20F3-A 20F3-B 20F3-C
concreto

T2
40 kg/m3 de 40F1-A 40F1-B 40F1-C 40F2-A 40F2-B 40F2-C 40F2-D 40F2-E 40F3-A 40F3-B 20F3-C
concreto

T3
60 kg/m3 de 60F1-A 60F1-B 60F1-C 60F2-A 60F2-B 60F2-C 60F2-D 60F2-E 60F3-A 60F3-B 60F3-C
concreto

* F1-A: Fibra F1 com fator de forma 48 e comprimento 49 mm.


F1-B: Fibra F1 com fator de forma 54 e comprimento 49 mm.
F1-C: Fibra F1 com fator de forma 65 e comprimento 49 mm.

** F2-A: Fibra F2 com comprimento 30 mm e fator de forma 60.


F2-B: Fibra F2 com comprimento 50 mm e fator de forma 60.
F2-C: Fibra F2 com comprimento 60 mm e fator de forma 60.
F2-D: Fibra F2 com comprimento 60 mm e fator de forma 80.
F2-E: Fibra F2 com comprimento 60 mm e fator de forma 100.

*** F3-A: Fibra F3 com comprimento 25 mm e fator de forma 28.


F3-B: Fibra F3 com comprimento 38 mm e fator de forma 43.
F3-C: Fibra F3 com comprimento 50 mm e fator de forma 57.

Todos os tratamentos experimentais foram divididos em quatro séries de

ensaios e análises. Em três séries os fatores analisados foram o fator de forma

e teor da fibra e na última série, o comprimento e o teor da fibra. As tabelas 5.2

a 5.5 resumem as quatro séries de ensaios que foram analisadas:

Tabela 5.2 - Série de ensaios e análise número 1

Série 1 – Fibras do mesmo tipo (retangular) e com mesmo comprimento


(49mm)
Análise : Teor x Fator de Forma
Fator T Fator FF - Fator de Forma
Teor (kg/m3) 48 54 65
20 20 F1-A 20 F1-B 20 F1-C
40 40 F1-A 40 F1-B 40 F1-C
60 60 F1-A 60 F1-B 50 F1-C
82

Tabela 5.3 - Série de ensaios e análise número 2

Série 2 – Fibras do mesmo tipo (circular) e com mesmo comprimento (60 mm)
Análise : Teor x Fator de Forma
Fator T Fator FF - Fator de Forma
3
Teor (kg/m ) 60 80 100
20 20 F2-C 20 F2-D 20 F2-E
40 40 F2-C 40 F2-D 40 F2-E
60 60 F2-C 60 F2-D 60 F2-E

Tabela 5.4 - Série de ensaios e análise número 3

Série 3 – Fibras do mesmo tipo (circular) e com mesmo fator de forma (FF=60)
Análise : Teor x Comprimento
Fator T Fator C - Comprimento (mm)
Teor (kg/m3) 30 50 60
20 20 F2-A 20 F2-B 20 F2-C
40 40 F2-A 40 F2-B 40 F2-C
60 60 F2-A 60 F2-B 50 F2-C

Tabela 5.5 - Série de ensaios e análise número 4

Série 4 - Fibras do mesmo tipo (onduladas) e com mesmo diâmetro equivalente


Análise : Teor x Fator de Forma
Fator T Fator FF - Fator de Forma
3
Teor (kg/m ) 28 43 57
20 20 F3-A 20 F3-B 20 F3-C
40 40 F3-A 40 F3-B 40 F3-C
60 60 F3-A 60 F3-B 50 F3-C

5.1.2. Variáveis independentes

5.1.2.1. Matriz de Concreto

Em cada série experimental somente uma matriz de concreto foi

utilizada. Desta forma, procurou-se manter constante as propriedades da

matriz. Uma vez que a matriz é única, evita-se a interferência dos efeitos de

sua variação no comportamento pós-fissuração dos compósitos, como já foi

explanado nos itens 2.2.1 (sobre a variação do diâmetro máximo e aditivos) e


83

4.1.1 (sobre a influência da resistência da matriz na tenacidade). Como deseja-

se avaliar apenas a influência da fibras na tenacidade do CRFA a matriz não foi

alterada dentro de uma série de ensaios para evitar a inclusão de mais uma

variável que pudesse influenciar nos resultados finais, dificultando uma

avaliação precisa do desempenho das fibras no comportamento pós-fissuração

dos compósitos.

Para a confecção da matriz de concreto foram selecionados os

seguintes materiais :

Cimento : o cimento utilizado para a confecção da matriz na série de ensaios

número 1 foi o CP-II E-32. Nas demais séries de ensaios o cimento utilizado foi

o CP V (ARI-Plus). Justifica-se o emprego dos dois cimentos pela facilidade de

encontrá-los no mercado e principalmente porque são cimentos utilizados nas

aplicações práticas dos CRFA como nas obras de pavimentos industriais, por

exemplo. No caso específico do cimento CP V, a escolha do mesmo se deu

pela rapidez com que este cimento atingiu a resistência característica desejada

para a matriz (entre 30 e 40 MPa em 7 dias). Isto proporcionou uma rapidez na

execução dos ensaios, uma vez que em 7 dias após a moldagem isto já era

possível.

Agregados: O agregado empregado neste programa experimental foi areia

lavada do rio Paraíba do Sul (Porto Perdigão Caçapava) com módulo de finura

2,35 e diâmetro máximo de 4,8 mm. O agregado graúdo utilizado foi pedrisco

com diâmetro máximo de 9,5 mm. A caracterização dos agregados encontra-se

no anexo II. Justifica-se a escolha do mesmo pelo fato de que a utilização de

agregados com diâmetro muito maior que o comprimento das fibras prejudica o
84

desempenho pós-fissuração das misturas (MAIDL, 1991) (item 2.2.1). Como o

programa experimental utilizou fibras com comprimentos entre 25 e 60 mm, a

utilização de brita 1, com dimensão máxima de 19 mm, comprometeria o

comportamento pós-fissuração das misturas com adição de fibras mais curtas,

dificultando uma comparação confiável entre os desempenhos de todas as

fibras estudadas.

Dosagem: Para a determinação das proporções dos materiais constituintes da

matriz foi executado um estudo experimental de dosagem da matriz. Este

estudo segue a metodologia apresentada por HELENE e TERZIAN (1992) para

dosagem experimental do concreto. Em uma primeira etapa deste estudo,

foram determinados o teor de argamassa (α) e a relação água/materiais secos

da matriz. De acordo com o que foi exposto no item 2.3, tem-se para a adição

de fibras de aço, a recomendação (ACI, 1993) (ACI, 1988) do uso de matrizes

mais ricas, com maior teor de argamassa que aquele para concretos

convencionais (50 %, no mínimo). Para este estudo, em função dos agregados

e cimento utilizados, o teor de argamassa de 53% proporcionou à mistura boa

coesão, sem desprendimento de agregados, com superfície compacta, sem

aparecimento de vazios o que, de acordo com HELENE e TERZIAN (1992),

caracteriza uma mistura com teor de argamassa suficiente. Com o teor de

argamassa fixado, procedeu-se o ajuste do teor de água na mistura, para

obtenção de uma trabalhabilidade mínima. A relação água/materiais secos foi

fixada em 10,4 % para um abatimento no tronco de cone (NBR 7223) de 40 ±

10 mm. Não se optou por teores maiores de água da mistura para que a

relação
85

água/cimento não fosse elevada a níveis que pudessem comprometer a

resistência potencial da mistura ainda que a trabalhabilidade fosse melhor.

Outro aspecto que limita a relação água/cimento é a segregação da

mistura pois, uma mistura com relação água/cimento muito alta facilita a

segregação (FIGUEIREDO, 1997). A tabela 5.6 resume a sequência de

tentativas para definição destes parâmetros:

Tabela 5.6 - Definição do teor de argamassa e do teor de água


Traço Teor Relação Abatimento
Tentativa Unitário de Água / mat. Relação no tronco de
no. ( 1 : a : p) Argamassa secos água / cimento cone
α (%) H (%) (mm)
1 1 : 1,45 : 2,55 49 10 0,50 -
2 1 : 1,55 : 2,45 51 10 0,50 40
3 1 : 1,65 : 2,35 53 10 0,50 25
4 1 : 1,65 : 2,35 53 10,4 0,52 40
5 1 : 1,65 : 2,35 53 10,8 0,54 50

A partir do traço piloto definido na etapa anterior foram definidos dois

outros traços, um com maior consumo de cimento e um segundo, mais pobre.

Assim, definiu-se três traços com diferentes relações água/cimento; com estes

traços foram executados ensaios de resistência à compressão axial (NBR

5739/80) na idade de 28 dias e cujos resultados foram utilizados para

montagem de um diagrama de dosagem para determinação do traço definitivo

em função da resistência à compressão desejada para a matriz. Também foi

realizado o ensaio de absorção de água, índice de vazios e massa específica

(NBR 9778). A tabela 5.7 resume as dosagens dos traços e os resultados dos

ensaios realizados. O diagrama de dosagem obtido está na figura 5.2.


86

Tabela 5.7 – Estudo de dosagem

DOSAGEM DE MATRIZ PARA CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO

TRAÇO NÚMERO CPT - 3 CPT – 4 CPT - 5


EM 1:m 1:3 1: 4 1:5
MASSA 1:a:p 1:1,12:1,88 1:1,65:2,35 1:2,18:2,82
TEOR DE ARGAMASSA % 53 53 53
3
MASSA ESPECÍFICA kg/dm 2.356 2.350 2.326
3
CONSUMO DE CIMENTO kg/m de conc. 533.56 425.65 351.18
3
CONSUMO DE ÁGUA kg/m de conc. 221.96 221.34 219.14
RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO 0.416 0.520 0.624
ABATIMENTO NO TRONCO 65 40 40
DE CONE (NBR 7223) mm
ÁGUA / MATERIAIS SECOS 10.4 10.4 10.4
RESISTÊNCIA À 49.15 41.26 26.74
COMPRESSÃO AXIAL À MPa
IDADE DE 28 DIAS
ÍNDICE DE VAZIOS % 13.84 14.14 15.16
PERMEÁVEIS
ABSORÇÃO % 6.15 6.31 6.87
3
MASSA ESPECÍFICA g/cm 2.35 2.34 2.30
87

Figura 5.2 – Diagrama de dosagem

Optou-se por uma matriz de concreto com uma resistência característica

à compressão (fck) na faixa entre 30 a 40 MPa. Este nível de resistência

mecânica, que foi utilizado recentemente em vários trabalhos experimentais

com compósitos reforçados com fibras de aço (ARMELIN e BANTHIA, 1997;

FIGUEIREDO, 1997; TROTTIER, MORGAN e FORGERON, 1997;

FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI, 1997), não é tão elevado o que previne

uma possível perda de tenacidade dos compósitos, uma vez que, matrizes de

alta resistência podem comprometer o desempenho pós-fissuração do

compósito, conforme já visto no item 4.1.1. A adoção de níveis de resistência à

compressão axial menores para a matriz de concreto corresponde à utilização

de maiores relações água/cimento. Isto representa uma matriz com maior

exsudação e,
88

consequentemente, segregação das fibras de aço distribuídas pela matriz com

maior concentração de fibras no fundo dos prismas. Uma vez que se deseja

uma distribuição uniforme das fibras de aço na matriz de concreto, isto motiva a

adoção de um limite máximo para a relação água/cimento significando também

uma limitação mínima para a resistência mecânica da matriz de concreto

(FIGUEIREDO, 1997).

Assim, com a análise do diagrama de dosagem obtido, optou-se pela

escolha de uma matriz com relação água/cimento 0,52 e consumo de cimento

de 425 kg/m3. Esta matriz já foi utilizada em outro trabalho experimental

(TORNERI, 1997), onde a matriz apresentou resistência à compressão média

de 35 MPa. Ainda neste trabalho, observou-se que as características da matriz

não interferiram na distribuição das fibras no compósito.

Em função da baixa trabalhabilidade apresentada pelas misturas no

estudo de dosagem optou-se pelo uso de aditivos superplastificantes para

correção da trabalhabilidade das várias misturas quando da adição das fibras

para não prejudicar a compactabilidade das misturas e garantir assim a

distribuição uniforme das fibras no concreto (CECCATO, NUNES e

FIGUEIREDO, 1997). O traço escolhido para a matriz possuía as seguintes

características:

- Traço em massa (cimento : areia : pedrisco): 1 : 1,65 : 2,35

- Consumo de cimento: 425 kg por m3 de concreto

- Teor de argamassa: 53 %

- Relação água/cimento: 0,52

- Relação água/materiais secos: 10,4 %


89

No estudo de dosagem apresentado acima, o cimento utilizado foi o

CP II E 32 com o qual a resistência característica desejada do concreto só foi

obtida aos vinte e oito dias. Desta maneira, os compósitos confeccionados só

poderiam ser ensaiados após este período. Entretanto, estudou-se a

possibilidade de reduzir este período para sete dias. Assim, o estudo de

dosagem foi novamente realizado, porém o cimento CP II E 32 foi substituído

pelo cimento CP V - ARI. Neste estudo o objetivo foi verificar se com este tipo

de cimento seria possível obter a resistência característica desejada em sete

dias, uma vez que havia a necessidade de executar os ensaios neste tempo.

Curvas de Abrams a um, sete e vinte e oito dias foram obtidas (figura 5.3) e

com a análise dos resultados, concluiu-se que o traço definido para a matriz

poderia ser confeccionado com o cimento CP V - ARI de tal forma que os

compósitos atingissem a resistência desejada aos sete dias sem

comprometimento da fluidez e coesão da mistura.

Curva de Abrams - ARI plus

70,00

60,00
01 dia
50,00 07 dias
28 dias
fcm (MPa)

01 dia
40,00
07 dias
28 dias
30,00

20,00

10,00

0,00
0,400 0,450 0,500 0,550 0,600 0,650
Relação a/c

Figura 5.3 – Curvas de Abrams obtidas com o estudo de dosagem utilizando cimento
CP V – ARI.
90

5.1.2.2. Fibras de Aço

As fibras utilizadas foram selecionadas em função de parâmetros

como tipo (item 4.4), dimensões e fator de forma (item 4.2). A escolha foi feita

entre os tipos fornecidos comercialmente pelos fabricantes nacionais de fibras

embora algumas delas tenham dimensões não comerciais e foram

confeccionadas especialmente para este trabalho de pesquisa. Todas as fibras

foram caracterizadas segundo a prescrição da ASTM A820 (1994a). A

caracterização geométrica das fibras encontra-se no anexo I e a tabela 5.8

apresenta as onze variedades de fibras utilizadas neste trabalho com suas

dimensões nominais e resistência à tração média obtida experimentalmente

nos ensaios de caracterização:

Tabela 5.8 - Fibras de aço empregadas no estudo


VARIAÇÕES Seção Diam. Compr.
TIPO IDENTIF. Diam. Transversal Equiv. F.F.
fym equiv. 2
(MPa) L F.F. (mm ) (mm) (mm)
Seção F1-A D1 L1 FF1 (1,8 x 0,45) 1.02 49 48
retangular F1-B 750,0 D2 L1 FF2 (1,4 x 0,45) 0.90 49 54
F-1 F1-C D3 L1 FF3 (1,0 x 0,45) 0.76 49 65
F2-A D4 L2 FF3 0.196 0.50 30 60
Seção F2-B D5 L3 FF3 0.541 0.81 50 61
Circular F2-C 1037,0 D6 L4 FF3 0.785 1.00 60 60
F2-D D7 L4 FF4 0.442 0.75 60 80
F-2 F2-E D8 L4 FF5 0.283 0.60 60 100
F3-A D8 L5 FF6 0.621 0.89 25 28
Ondulada F3-B 895,0 D8 L6 FF7 0.621 0.89 38 43
F-3 F3-C D8 L7 FF3 0.621 0.89 50 57

5.1.2.3. Teores de Fibras de Aço Utilizados

Cada tipo de fibra de aço em estudo foi adicionada na matriz de concreto

em três teores diferentes (em kg de fibra por m3 de concreto): 20, 40 e 60


91

(0,26 % , 0,52 % , 0,78 % em volume). A utilização de três consumos de fibra é

suficiente para a elaboração de uma correlação estatística entre o teor de fibras

adicionado na matriz e a tenacidade do compósito para cada tipo de fibra

estudado e também para a elaboração de análises de variância. Foram

escolhidos estes consumos porque são os consumos utilizados correntemente

em obras de pavimentos (TROTTIER, MORGAN e FORGERON, 1997;

JOHNSTON, 1995). São consumos com valores abaixo do volume crítico

(BENTUR e MINDESS, 1990) (item 4.3) mas suficientes para conferirem ao

compósito capacidade portante pós-fissuração, controle de propagação de

fissuras e tenacidade à flexão.

5.1.3. Variáveis dependentes

5.1.3.1. Índices de Tenacidade

No programa experimental a principal variável dependente obtida foi a

tenacidade do compósito. De acordo com a abordagem do item 3.3 a

tenacidade é obtida através da área sob a curva de carga por deslocamento

vertical resultante do ensaio de tração na flexão com deformação controlada

(JSCE SF4, 1984b ; ASTM C1018, 1994b). Foram obtidas com as curvas de

carga por deslocamento vertical, algumas medidas de tenacidade relativas a

três critérios prescritos pelos seguintes métodos de ensaio para avaliação de

tenacidade:

 Método da ASTM C1018 (1994b)

 Método da JSCE SF4 (1984b)

 Método da EFNARC (1996)


92

Os três métodos estão detalhados no item 3.3. Foram escolhidos estes

métodos por serem os mais utilizados e aceitos em todo o mundo, sendo

empregados como parâmetros de avaliação dos concretos reforçados com

fibras (ACI, 1989) e também pela possibilidade de serem obtidos a partir de um

mesmo ensaio realizado, levando-se em conta que para o método da EFNARC

(1996) será feita uma adaptação, uma vez que este método prescreve um

tamanho de corpo-de-prova diferente dos outros métodos (item 3.3). Recentes

pesquisas com compósitos com fibras de aço (ARMELIN e BANTHIA, 1997;

TROTTIER, MORGAN e FORGERON, 1997; FIGUEIREDO, 1997;

FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI, 1997; TORNERI, 1997) utilizaram

estes métodos, o que corrobora a escolha dos mesmos para esta dissertação.

Entretanto, como já visto no item 3.3, cada um destes três métodos têm as

suas limitações e críticas e por isto não se chegou a um consenso, fato que

motivou a utilização aqui dos três métodos em conjunto para avaliação da

tenacidade pois, cada um isoladamente, não consegue detectar de uma

maneira precisa e completa o comportamento pós-fissuração em todos os

níveis de deslocamento . Isto ficou muito evidente no trabalho realizado por

TORNERI (1997), para avaliação do ganho de tenacidade proporcionado pela

ancoragem em gancho das fibras de aço, onde o método japonês (JSCE SF4,

1984b) não apontou diferenças no comportamento pós-fissuração entre

compósitos com fibras ancoradas e compósitos com fibras sem ancoragem, o

que foi somente observado através dos índices da ASTM (ASTM C1018,

1994b) e, mais claramente, pelos índices da EFNARC (1996).


93

As variáveis dependentes que foram obtidas estão descritas abaixo.

Maiores detalhes destas variáveis e como são obtidas estão no item 3.3 no

capítulo 3 deste trabalho:

Variáveis quantitativas:

• Método da ASTM C1018 (1994):

Índices de tenacidade I5 , I10 , I30 , I50 (adimensional)

• Método da JSCE SF4 (1984):

Fator de tenacidade (FT). Unidade: N/mm2 (MPa)

• Método da EFNARC (1996), adaptado:

Tensão residual para deslocamento vertical de 0,5 mm (P0,5). Unidade: N/mm2


(MPa)
Tensão residual para deslocamento vertical de 1,0 mm ( P1,0). Unidade: N/mm2
(MPa)
Tensão residual para deslocamento vertical de 2,0 mm (P2,0). Unidade: N/mm2
(MPa)
Tensão residual para deslocamento vertical de 3,0 mm (P3,0). Unidade: N/mm2
(MPa)

5.1.3.2. Resistência Mecânica do Compósito

Paralelamente a observação da tenacidade de cada compósito, foi

observada a resistência mecânica dos mesmos através de duas variáveis

quantitativas: resistência à compressão axial (NBR 5739) e resistência à tração

na flexão ou módulo de ruptura. A resistência à compressão foi escolhida como

parâmetro de controle da matriz de concreto, uma vez que, para o baixo

volume de fibras que será utilizado, as fibras não alteram a resistência à

compressão do CRFA (item 2.4) e a resistência à tração na flexão (ou módulo

de ruptura) (NBR 12142), que aqui será considerada porque é um dos


94

parâmetros de controle para concretos utilizados em pavimentação (MEHTA e

MONTEIRO, 1994), incluído aí o concreto reforçado com fibras de aço.

5.2. PROGRAMA DE ENSAIOS

5.2.1. Corpos-de-prova

Os corpos-de-prova prismáticos utilizados no ensaio de tração na flexão

com deslocamento vertical controlado possuem dimensões de (150x150x500)

mm3 e sua moldagem foi executada em formas individuais. Justifica-se as

dimensões e forma de moldagem dos corpos-de-prova em função do efeito de

borda, que ocorre quando a menor dimensão do corpo-de-prova é muito

próxima a dimensão do comprimento da fibra, o que provoca uma tendência ao

alinhamento das fibras (item 2.3). Segundo recomendações (JSCE SF2,

1984a), a menor dimensão do corpo de prova deve ser de, aproximadamente,

três vezes o comprimento da fibra. Como o maior comprimento de fibra

utilizado foi 60 mm, foi escolhido o prisma de (150x150x500) mm3, onde sua

menor dimensão tem aproximadamente o triplo do tamanho da fibra. Um corpo

de prova com maiores dimensões inviabilizaria a execução de ensaios com os

cutelos existentes nas prensas de ensaio em geral. Ainda que ocorra o efeito

de borda, comparando prismas moldados individualmente e prismas serrados

de placas, este ocorre nas superfícies laterais dos prismas moldados e,

segundo JOHNSTON (1989), neste caso é menos importante do que o da

superfície inferior, o que ocorre tanto em corpos-de-prova serrados como em

corpos-de-prova moldados, uma vez que o efeito de borda na parte inferior

depende da profundidade das formas, sejam elas de placas ou prismas. Ainda

assim, para minimizar o efeito de borda e as consequências no ensaio de


95

tenacidade de uma possível segregação das fibras, os corpos-de-prova foram

girados de 900 antes de serem submetidos ao ensaio de tenacidade (figura

5.4).

Corpos-de-prova cilíndricos, com 150 mm de diâmetro e 300 mm de

altura, confeccionados em moldes metálicos individuais, foram utilizados para

os ensaios de resistência à compressão axial.

0
Figura 5.4 – Giro de 90 do corpo-de-prova para minimizar efeitos da segregação e
alinhamento das fibras.

5.2.2. Mistura, moldagem e cura dos corpos-de-prova

Em cada tratamento experimental, o concreto reforçado com fibras de

aço foi misturado em uma betoneira de eixo inclinado. Na ocasião da mistura,

cuidados especiais foram tomados para evitar o embolamento das fibras, como

por exemplo a adição das mesmas posteriormente a adição dos agregados e

previamente a colocação do cimento e água de amassamento e a distribuição

das fibras na mistura através de espalhamento manual. Assim a


96

obtenção de uma distribuição uniforme das fibras através da matriz de concreto

foi viabilizada.

Para os concretos das séries de ensaios 1 e 4, a trabalhabilidade foi

corrigida com o emprego de aditivo plastificante. A quantidade adicionada nas

misturas foi de 0,3 %, em relação à massa de cimento, com exceção da

mistura 60 F1-C, onde foi adicionado 0,4 %. Nos concretos das séries de

ensaios 2 e 3, a trabalhabilidade foi corrigida com aditivo superplastificante. As

quantidades adicionadas, em relação à massa de cimento, foram as seguintes:

- 0,10 % para a mistura 20 F2-A


- 0,15 % para a mistura 40 F2-A
- 0,20 % para a mistura 60 F2-A
- 0,25 % para as todas as misturas F2-B
- 0,30 % para todas as misturas F2-C , F2-D e F2-E.

Após a mistura, foi realizado o ensaio de abatimento no tronco de cone

(NBR 7223) para controle da consistência do concreto.

Para cada traço moldou-se quatro corpos de prova prismáticos cuja

compactação foi feita individualmente em mesa vibratória. Em seguida, foram

moldados os dois corpos de prova cilíndricos em quatro camadas com vinte e

cinco golpes cada para compactação. Em seguida os corpos-de-prova nos

moldes foram cobertos por uma lona plástica. Com vinte e quatro horas de

idade, os corpos-de-prova foram desmoldados e colocados em câmara úmida

a temperatura de 23 ± 1 °C e umidade relativa do ar de 95 ± 4%, ali

permanecendo até a data de ensaio.


97

5.2.3. Ensaios de compressão axial e tenacidade

Aos vinte e oito dias de idade para a série 1 de ensaios e aos sete dias

de idade para as demais séries foi executado o ensaio de resistência à

compressão axial segundo a norma NBR 5739 (Ensaio de compressão de

corpos-de-prova cilíndricos de concreto) e também a execução do ensaio de

tração na flexão com deformação controlada segundo o método prescrito pelas

recomendações JSCE SF-4 (1984) e ASTM C1018 (1994). Os ensaios foram

realizados em uma prensa servo-controlada universal Shimadzu com controle

de velocidade de deslocamento.

Os deslocamentos verticais foram medidos através de dois LVDT’s

(Linear Variation Displacement Transducer) – Transdutor de Deslocamento de

Variação Linear, posicionados em um suporte metálico fixado ao prisma

chamado “Yoke” (item 3.3). Este sistema evita o registro de deformações

externas ao prisma, conforme já visto no item 3.3. A curva carga por

deslocamento vertical foi registrada através de um registrador gráfico tipo XY,

associado à prensa de ensaio. Após a realização dos ensaios de tração na

flexão, cada corpo-de-prova prismático foi separado totalmente em duas

metades e em seguida era executada a contagem simples das fibras de aço

presentes na sua seção de ruptura.

5.3. RESULTADOS OBTIDOS

5.3.1. Fibras de seção transversal retangular, de mesmo comprimento,


mas com diâmetros equivalentes diferentes: influência do fator de forma.

Aqui, são apresentados os resultados da série de ensaios número 1 (tabela

5.2), na qual as fibras de seção transversal retangular com ancoragem em


98

gancho (fibras F1) foram analisadas. As características das fibras ensaiadas

encontram-se na tabela 5.9. As dimensões nominais das fibras são aquelas

especificadas pelos fabricantes e as dimensões efetivas são aquelas obtidas

através do ensaio de caracterização de fibras prescrito pela ASTM A820

(1994a).

Tabela 5.9 – Características das fibras F1 estudadas

CARACTERÍSTICAS FIBRAS
F1-A F1-B F1-C
Comprimento (mm) Nominal 49,00 49,00 49,00
Efetivo 49,02 49,13 49,06
Largura Nominal 1,80 1,40 1,00
Seção (mm) Efetiva 1,84 1,38 1,03
transversal Altura Nominal 0,50 0,50 0,50
(mm) Efetiva 0,45 0,44 0,45
Diâmetro Nominal 1,07 0,94 0,80
Equivalente (mm) Efetivo 1,03 0,88 0,77
Fator Nominal 45,80 51,90 61,40
de Forma (mm) Efetivo 47,90 56,20 63,70

Os resultados médios de trabalhabilidade, resistência à compressão,

resistência à tração na flexão e número de fibras na seção de ruptura estão

apresentados na tabela 5.10.

As curvas de carga por deslocamento vertical obtidas estão

apresentadas nas figuras 5.5 a 5.7. As curvas apresentadas nas figuras não

são curvas médias, mas somente exemplos com finalidade ilustrativa.

A partir das curvas de carga por deslocamento vertical foram extraídas todas

as medidas de tenacidade. Deve-se ressaltar que, para os casos onde ocorreu

a instabilidade pós-pico (item 3.3.1), a energia sobrestimada (figura 3.13) não

foi considerada para os cálculos de tenacidade (BANTHIA e TROTTIER,

1995a; FIGUEIREDO, CECCATO e TORNERI, 1997). Na tabela 5.11 estão


99

apresentados os valores de tensão residual para vários níveis de deslocamento

vertical obtidos segundo o critério da EFNARC (1996) adaptado para este

trabalho experimental (item 3.3). Também encontram-se na tabela 5.11 os

valores obtidos para os fatores de tenacidade, obtidos segundo o critério da

recomendação japonesa JSCE SF-4 (1984b), descrita com mais detalhes no

item 3.3. deste trabalho.

Na tabela 5.12 encontram-se os valores para os índices de tenacidade,

obtidos segundo os critérios prescritos pela norma ASTM C1018 (1994b).


100

Tabela 5.10 – Série de ensaios 1 - resultados médios obtidos para resistência à


o
compressão e tração na flexão aos 28 dias de idade e N de fibras na seção de ruptura
para todas as misturas
Abatimento Resistência à Resistência Número de
Teor de no tronco compressão à tração na fibras na
Mistura Fibra fibras de cone axial flexão seção de
3
(kg/m ) (mm) (MPa) (MPa) ruptura
20 F1-A 20 100 39,19±1,15 5,59±0,22 24,8±7,4
40 F1-A F1-A 40 100 40,64±0,08 6,26±0,55 61,0±3,4
60 F1-A 60 65 40,40±0,14 6,33±0,43 96,0±22,1
20 F1-B 20 70 41,98±0,74 5,93±0,28 41,8±13,6
40 F1-B F1-B 40 85 41,33±0,33 6,06±0,34 84,8±18,8
60 F1-B 60 60 42,24±1,13 6,90±0,45 117,5±29,2
20 F1-C 20 100 44,70±4,31 5,37±0,36 43,8±10,1
40 F1-C F1-C 40 80 42,97±1,90 6,11±0,41 108,5±13,0
60 F1-C 60 60 42,00±4,12 7,35±0,81 172,3±26,3

Tabela 5.11 – Série de ensaios 1 - resultados médios obtidos para tensão residual e fator
de tenacidade.
Teor de Tensão residual (MPa) EFNARC Fator de
Fibra fibras Tenacidade
3
(kg/m ) Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento à flexão
0,5 mm 1,0 mm 2,0 mm 3,0 mm (MPa)
JSCE SF4
20 1,36±0,46 1,26±0,47 0,92±0,43 0,76±0,47 1,22±0,48
F1-A 40 3,13±0,45 2,66±0,63 1,98±0,40 1,60±0,24 2,60±0,53
60 4,17±1,29 3,59±1,15 2,35±0,73 1,80±0,59 3,23±1,00
20 2,02±0,66 1,67±0,55 1,23±0,53 0,94±0,32 1,78±0,57
F1-B 40 3,43±0,87 3,07±0,73 2,40±0,58 1,93±0,36 3,07±0,77
60 4,91±1,11 4,45±0,85 3,45±0,61 2,89±0,62 4,37±0,85
20 1,95±0,91 1,41±0,73 0,92±0,48 0,72±0,45 1,45±0,71
F1-C 40 4,57±0,38 3,61±,030 2,69±0,56 2,10±0,39 3,60±0,27
60 5,97±1,86 5,12±1,63 3,75±0,77 2,99±0,54 4,87±1,06

Tabela 5.12 – Série de ensaios 1 - resumo dos resultados médios dos índices de
tenacidade obtidos

Teor de Índices de Tenacidade (ASTM C1018)


fibras
Fibra 3 I5 I10 I30 I50
(kg/m )
20 1,6±0,3 2,4±0,7 5,4±1,9 8,0±3,1
F1-A 40 2,7±0,3 4,7±0,6 11,8±1,5 17,6±2,2
60 3,3±0,5 6,0±1,0 15,5±2,7 22,8±3,5
20 2,8±0,9 4,4±1,3 8,9±2,5 12,5±3,8
F1-B 40 3,1±0,4 5,2±0,7 12,2±1,5 18,2±2,4
60 3,2±0,3 5,7±0,6 13,9±1,9 20,7±2,6
20 2,3±0,8 3,5±1,3 7,7±3,1 10,5±4,1
F1-C 40 3,5±0,6 5,9±1,0 14,0±2,1 20,3±3,0
60 3,8±0,3 7,0±0,6 16,4±2,3 23,6±3,8
101

Fibra F1-A

60,00

50,00

40,00
Carga (kN)

20 kg/m3
30,00 40 kg/m3
60 kg/m3

20,00

10,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.5 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F1-A

Fibra F1-B

60,00

50,00

40,00
Carga (kN)

20 kg/m3
30,00 40 kg/m3
60 kg/m3

20,00

10,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.6 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F1-B
102

Fibra F1-C

60,00

45,00
Carga (kN)

20 kg/m3
30,00 40 kg/m3
60 kg/m3

15,00

0,00
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.7 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F1-C

5.3.1.1. Propriedades físicas e mecânicas

Nota-se através dos resultados do abatimento de tronco de cone

apresentados na tabela 5.10, que a consistência foi aproximadamente a

mesma para todas as misturas de mesmo teor de fibras. Observou-se também

um ligeiro aumento da consistência com o aumento do teor de fibra, fato que

concorda com as observações de BAYASI e SOROUSHIAN (1992) e

CECCATO, NUNES e FIGUEIREDO (1997). Embora a consistência das

misturas tenha aumentado com a adição de fibras, a compactabilidade das

misturas praticamente não se alterou, uma vez que as mesmas apresentaram

fluidez e boa mobilidade durante a moldagem e adensamento dos corpos-de-

prova. Este fato já foi observado experimentalmente por CECCATO, NUNES e

FIGUEIREDO (1997), que através de ensaios de VeBe, observaram que a


103

adição de fibras de aço em consumos de até 60 kg/m3 não altera a

compactabilidade dos concretos com fibras (item 2.3).

Os resultados de resistência à compressão axial e resistência à tração

na flexão, apresentados na tabela 5.10, mostram que a adição de fibras, nos

volumes empregados neste estudo, os quais são inferiores ao volume crítico

(item 4.3), não contribui para o aumento da resistência à tração e resistência à

compressão do material, fato comentado no itens 2.4.1 e 2.4.2.

5.3.1.2. TENACIDADE À FLEXÃO

Análise de Variância: A partir das curvas de carga por deslocamento

vertical obtidas no ensaio de tração na flexão com deformação controlada

(ASTM C1018, 1994b; JSCE SF-4, 1984b) foram obtidos as medidas de

tenacidade, de acordo com o exposto nos itens 3.3 e 5.1.3.1. Para cada um

dos índices de tenacidade da ASTM C1018 (1994), para os valores de tensões

residuais da EFNARC (1996) e para o fator de tenacidade da JSCE SF4

(1984), obtidos em todas as amostras, foi feita uma análise de variância

(MONTGOMERY, 1984). A análise de variância nada mais é que um teste de

hipóteses (COSTA NETO, 1978) onde a hipótese nula (Ho) é a igualdade entre

as médias populacionais correspondentes aos diversos tratamentos

experimentais. Do cálculo da análise de variância obtêm-se uma razão “R” que

segue uma distribuição do tipo F (MONTGOMERY, 1984). Se a hipótese nula

for de fato verdadeira, a razão “R” deve ficar em torno do valor unitário com

grande probabilidade. Se for falsa, a razão tenderá a crescer e quanto maior for

esta razão, maior a probabilidade de as médias entre os tratamentos

experimentais serem diferentes. Com a análise de variância, é possível


104

identificar quais os fatores que influenciam significativamente na tenacidade

dos compósitos; se é o teor de fibras adicionado, a geometria da fibra

(comprimento ou fator de forma) ou ambos atuando simultaneamente. A tabela

5.13 resume todos os resultados da análise de variância para a série 1 de

ensaios.

Se a razão entre o valor “R” do fator analisado (teor de fibras ou fator de

forma) e “F crítico” (que é o valor crítico de “R” para um determinado intervalo

de confiança estatística) for maior do que o valor unitário, existe a influência

deste fator na tenacidade do compósito e quanto maior o valor da razão entre

“R” e “F crítico”, mais significativa será esta influência. Assim, ao se observar a

tabela 5.13, para uma confiança estatística de 95 %, nota-se que, em quase

todas as medidas de tenacidade, o fator de forma das fibras analisadas influi na

tenacidade do compósito. Da mesma forma, os valores da razão entre Rteor e

Fcritico mostram uma grande influência do teor de fibras na tenacidade dos

compósitos estudados. Entretanto, como as relações entre e RFF e Fcritico não

são grandes, pode-se concluir que, para as fibras aqui analisadas, o fator de

forma influencia na tenacidade, mas não tão significativamente quando

comparado com a influência do teor de fibras.


105

Tabela 5.13 – Resumo dos resultados da análise de variância para a série 1 de ensaios
Fcritico Rteor / RFF /
Índice de Rteor RFF para intervalo Fcritico Fcritico
Tenacidade (1) (2) de confiança de (1)/(3) (2)/(3)
95 %
(3)
FT (JSCE) 40,2 5,5 12,0 1,6
I5 (ASTM) 16,2 4,6 4,8 1,4
I10 (ASTM) 29,6 4,6 8,8 1,4
I30 (ASTM) 40,3 2,0 12,0 0,6
I50 (ASTM) 44,2 1,2 3,35 13,2 0,4
P0,5 (EFNARC) 32,2 5,0 9,61 1,5
P1,0 (EFNARC) 34,5 3,1 10,3 0,9
P2,0 (EFNARC) 42,8 5,2 12,8 1,5
P3,0 (EFNARC) 44,8 5,6 13,4 1,7

Correspondência entre índices de tenacidade e teor de fibras: Procurou-se

estabelecer uma correspondência através do método dos mínimos quadrados

entre os índices de tenacidade da ASTM C1018 (1994b) e o teor de fibra

dosado nas misturas. Para isto, foi utilizado o seguinte modelo, adaptado do

modelo empregado por FIGUEIREDO (1997) para concreto projetado com

fibras de aço:

A
Ia = +1
(0,1×CF) - 0,5 (5.1)
B
Onde,

Ia é o índice de tenacidade com referência “a”;


A e B são Constantes; e
CF é o Consumo de fibra, em kg por metro cúbico de concreto.
106

A adoção deste modelo se justifica pelo fato de que não se tem um

ganho proporcional de tenacidade com o aumento do consumo de fibras,

conforme já observado por ARMELIN e BANTHIA (1997) para concretos

plásticos e por FIGUEIREDO (1997) para concreto projetado, ambos

reforçados com fibras de aço. Este modelo representa o caráter assintótico da

curva de tenacidade em função do consumo de fibra. Além disto, o modelo

fornece o valor unitário para consumo nulo de fibras, representando a

modelagem teórica para este caso. Na tabela 5.14 estão os valores obtidos

para as constantes “A” e “B” do modelo e os coeficientes de correlação. As

correlações podem ser observadas nas figuras 5.8 a 5.10.

Tabela 5.14 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para os índices de tenacidade da ASTM C1018
CORRELAÇÕES DO ÍNDICE DE TENACIDADE (ASTM C1018)
FIBRA CONSTANTE CONSTANTE 2
ÍNDICE r
“A” “B”
I5 15,70 98,17 0,992
F1-A I10 30,51 76,17 0,994
I30 78,14 57,34 0,996
I50 109,17 47,64 0,995
I5 2,93 1,98 0,993
F1-B I10 7,24 2,92 0,998
I30 25,39 5,20 0,999
I50 42,04 6,20 0,996
I5 8,78 14,40 0,972
F1-C I10 20,88 19,76 0,993
I30 51,31 17,38 0,988
I50 80,30 19,86 0,983
107

ÍNDICES DE TENACIDADE ASTM - FIBRA F1-A

30

25
Índice de tenacidade ASTM

20 I5
I5

15 I10
I10
I30
10
I30
I50
5 I50

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor (kg/m3)
Figura 5.8 – Curvas de correlação entre os índices de tenacidade (ASTM C1018) e o teor
da fibra F1-A

ÍNDICES DE TENACIDADE ASTM - FIBRA F1-B

30

25
Índice de tenacidade ASTM

20 I5
I5
I10
15
I10
I30
10
I30
I50
5 I50

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor (kg/m3)

Figura 5.9 – Curvas de correlação entre os índices de tenacidade (ASTM C1018) e o teor
da fibra F1-B
108

ÍNDICES DE TENACIDADE ASTM - FIBRA F1-C

30

25
Índice de tenacidade ASTM

20 I5
I5
I10
15
I10
I30
10
I30
I50
5 I50

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor (kg/m3)
Figura 5.10 – Curvas de correlação entre os índices de tenacidade (ASTM C1018) e o teor
da fibra F1-C

Observa-se através das figuras 5.8 a 5.10 que, para todas as fibras

analisadas, os índices de tenacidade obtiveram boa correlação com o teor de

fibra da mistura. Entretanto, os índices de tenacidade mostraram-se pouco

sensíveis a variação do fator de forma. Observando-se a figura 5.11, onde

apresentam-se as correlações para o índice I5 de todas as fibras estudadas,

nota-se uma diferença muito acentuada de desempenho entre a fibra F1-B e as

demais. A mesma coisa foi observada com os demais índices de tenacidade.

Isto não ocorreu com as outras medidas de tenacidade (tensão residual e fator

de tenacidade), onde o desenvolvimento do desempenho das três fibras para

os vários teores foi semelhante, como pode ser observado nas figuras 5.15 a

5.17.
109

A diferença de resposta entre os índices da ASTM e as demais medidas

de tenacidade deve-se ao fato de os índices da ASTM serem intensamente

afetados pela energia absorvida no trecho elástico e também por serem

influenciados pela instabilidade pós-pico, principalmente os índices I5 e I10

(item 3.3.1). BANTHIA, TROTTIER, WOOD e BEAUPRE (1992) e BANTHIA e

TROTTIER (1995a) já haviam alertado sobre a pouca sensibilidade dos índices

de tenacidade e suas limitações para caracterização da tenacidade. Desta

forma, a utilização dos índices de tenacidade para diferenciação do

desempenho entre os vários compósitos com diversos teores de fibras e com

fibras de diferentes fatores de forma pode não fornecer resultados confiáveis.

I5 x Teor de Fibras

4,500

4,000

3,500

3,000
F1-A
2,500
F1-A
I5

2,000 F1-B

1,500 F1-B

F1-C
1,000
F1-C
0,500

0,000
0 10 20 30 40 50 60 70

Teor (kg/m3 de concreto)


Figura 5.11 – Curvas de correlação entre o índice de tenacidade I5 (ASTM C1018) e o teor
de fibras para todas as fibras estudadas.
110

Uma modelagem semelhante, utilizando-se dos métodos dos mínimos

quadrados, foi feita para correlacionar o fator de tenacidade (JSCE SF4,

1984b) e também os valores de tensão residual para diversos níveis de

deslocamento vertical (EFNARC, 1996) com o teor de fibras incorporado à

matriz. O modelo foi o mesmo utilizado por FIGUEIREDO (1997), para

correlacionar o fator de tenacidade com o consumo de fibras em concreto

projetado:

A A
FT = (0,1× CF) -0,5
PD = (0,1×CF) -0,5 (5.2)
B B
onde,

FT é o Fator de tenacidade obtido segundo o método JSCE SF4 (MPa);

PD é a Tensão residual para o deslocamento “D” milímetros (MPa);

A e B são Constantes; e

CF é o Consumo de fibra, em kg por metro cúbico de concreto.

A tabela 5.15 mostra os resultados das constantes e o coeficiente de

correlação obtidos com os modelos apresentados acima. Nas figuras 5.12 a

5.15 estão as curvas de correlação obtidas para as fibras estudadas.


111

Tabela 5.15 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para o Fator de tenacidade da JSCE SF4 e para os valores de tensão residual
da EFNARC.
CORRELAÇÕES
FIBRA CONSTANTE CONSTANTE 2
ÍNDICE r
“A” “B”
P0,5 20,14 44,51 0,997
P1,0 15,26 33,82 0,999
F1-A P2,0 9,26 25,37 0,983
P3,0 6,55 20,20 0,969
FT 13,01 27,80 0,992
P0,5 15,45 18,20 0,988
F1-B P1,0 16,07 25,07 0,994
P2,0 13,62 30,36 0,997
P3,0 12,81 40,84 0,997
FT 14,04 18,95 0,991
P0,5 29,21 45,00 0,995
F1-C P1,0 30,90 77,71 0,998
P2,0 27,61 119,45 0,994
P3,0 22,31 125,55 0,996
FT 26,90 61,01 0,996

FIBRA F1-A : Tensão residual x Teor de fibras


Tensão (MPa)
4,5

3,5
Desloc. 0,5 mm

3 Desloc. 0,5 mm

Desloc. 1,0 mm
2,5
Desloc. 1,0 mm

2 Desloc. 2,0 mm

Desloc. 2,0 mm
1,5
Desloc. 3,0 mm

1 Desloc. 3,0 mm

0,5

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Fibras (kg/m3)

Figura 5.12 – Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F1-A
112

FIBRA F1-B : Tensão residual x Teor de fibras


Tensão (MPa)
6

5
Desloc. 0,5 mm

4 Desloc. 0,5 mm

Desloc. 1,0 mm

Desloc. 1,0 mm
3
Desloc. 2,0 mm

Desloc. 2,0 mm
2
Desloc. 3,0 mm

Desloc. 3,0 mm
1

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Fibras (kg/m3)

Figura 5.13 – Curvas de correlação entre os valores tensão residual e o teor de fibras
F1-B

FIBRA F1-C : Tensão residual x Teor de fibras


Tensão (MPa)
7

Desloc. 0,5 mm
5
Desloc. 0,5 mm

Desloc. 1,0 mm
4
Desloc. 1,0 mm

Desloc. 2,0 mm
3
Desloc. 2,0 mm

2 Desloc. 3,0 mm

Desloc. 3,0 mm

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Fibras (kg/m3)

Figura 5.14 – Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F1-C
113

Fator de Tenacidade x Teor de fibras

6,000

5,000

4,000
FT (MPa)

F1-A
3,000
F1-A
F1-B
2,000
F1-B
F1-C
1,000
F1-C

0,000
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor (kg fibras/metro cúbico)

Figura 5.15 – Curvas de correlação entre os fatores de tenacidade e o teor de fibras para
todas as fibras da série 1 de ensaios.

Na figura 5.16 apresentam-se as curvas de correlação entre a tensão

residual no deslocamento de 0,5 mm e o teor de fibras para todas as fibras. A

figura 5.17 mostra a correlação entre a tensão residual no deslocamento de 3,0

mm e o teor de fibras.
114

Tensão residual na deflexão de 0,5 mm x Teor de fibras

7,000

6,000

5,000
Tensão (MPa)

4,000
F1-A
F1-A
3,000
F1-B

2,000 F1-B
F1-C
1,000 F1-C

0,000
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor (kg fibras/metro cúbico)

Figura 5.16 – Curvas de correlação entre a tensão residual a 0,5 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 1.

Tensão residual na deflexão de 3,0 mm x Teor de fibras

4,000

3,000
Tensão (MPa)

F1-A
2,000
F1-A
F1-B
F1-B
1,000
F1-C
F1-C

0,000
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor (kg fibras/metro cúbico)

Figura 5.17 – Curvas de correlação entre a tensão residual a 3,0 mm e o teor de fibras
para todas as fibras
115

Tanto o fator de tenacidade quanto os valores de tensão residual

apresentaram excelente correlação com o teor de fibras. Nota-se que as curvas

de correlação entre a tensão residual e o teor de fibras apresentadas nas

figuras 5.12 a 5.14 mostram bem a diferença de capacidade portante para os

diversos níveis de deslocamento vertical. Desta forma, estas curvas podem

viabilizar a elaboração de um diagrama de dosagem onde pode-se, para um

determinado tipo de fibra, determinar o teor de fibra adicionado no compósito

para a obtenção de uma determinada capacidade portante para um certo nível

de deslocamento vertical.

Observando-se as figuras 5.15 a 5.17, percebe-se que, para o consumo

de 20 kg de fibras por m3 de concreto, quase não há diferença de

desempenho entre as três fibras estudadas. A diferença de comportamento

entre as três fibras fica mais caracterizada em consumos maiores. Em

consumos muito baixos de fibras, onde o número de fibras distribuídas pela

matriz é pequeno, a alteração do fator de forma através da mudança do

diâmetro equivalente (caso das fibras aqui estudadas), não proporcionará um

aumento significativo de tenacidade.

Este pequeno ganho de tenacidade ocorre pelo fato de que, com um

volume pequeno de fibras na matriz, ao se alterar o diâmetro equivalente, a

alteração do número de fibras presentes em determinado volume de matriz

(item 4.2) não será significativa, o que será mostrado no item 5.3.1.3. Dado o

caráter estocástico da distribuição das fibras na matriz (ARMELIN e BANTHIA,

1997), isto significa uma alteração mínima no número de fibras que podem

interceptar a fissura e, consequentemente, mínima será a alteração na

capacidade portante pós-fissuração do compósito com volumes muito


116

pequenos de fibras. Entretanto, com volumes maiores de fibras na matriz, a

mudança do diâmetro equivalente da fibra já proporciona uma certa influência

na tenacidade do compósito, como já foi verificado através da análise de

variância apresentada anteriormente.

Correspondência entre Fator de Tenacidade e Fator de Forma: Foi feita

uma correlação exponencial entre o fator de tenacidade (JSCE SF4, 1984b) e o

fator de forma das fibras estudadas, para que se pudesse avaliar

quantitativamente o ganho de tenacidade com o aumento do fator de forma. A

correlação baseou-se no seguinte modelo:

A
FT = -0,5
B10×FF (5.3)

Onde,

FT é o Fator de tenacidade obtido segundo o método JSCE SF4 (MPa);

A e B são Constantes; e

FF é o Fator de forma da fibra.

A tabela 5.16 mostra as constantes e correlações obtidas para as fibras

de seção transversal retangular e comprimento nominal de 49 mm (fibras F1).

A figura 5.18 mostra os pontos experimentais e as curvas do modelo

exponencial obtidas para as fibras F1.


117

Tabela 5.16 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e fator de forma
para as fibras da série 1 de ensaios.
Teor de Fibras Correlação entre fator de tenacidade (JSCE)
3
(kg/m ) e Fator de Forma
2
A B r
20 5.92 2.82 0.283
40 29.11 5.34 0.995
60 74.85 8.69 0.968

Fibra F1
Fator de tenacidade x Fator de Forma
6,00

5,00

4,00
FT (MPa)

20 kg/m3 mod. Expon.


3,00 40 kg/m3 mod. Expon.
60 kg/m3 mod. Expon.
20 kg/m3 experimental
40 kg/m3 experimental
2,00 60 kg/m3 experimental

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Fator de forma

Figura 5.18 – Correlações entre fator de tenacidade e fator de forma para as fibras F1

Observando a figura 5.18 e os coeficientes de correlação na tabela 5.16,

confirma-se o fato, já exposto e explicado, de que o aumento do fator de forma

através da diminuição do diâmetro equivalente da fibra conduz a um

insignificante ganho de tenacidade para os casos onde o consumo de fibras é

pequeno. O ganho de tenacidade é mais significativo para os casos onde o

consumo de fibras é maior que 40 kg/m3.

Correspondência entre número de fibras presentes na seção de ruptura e

a tenacidade: Procurou-se estabelecer uma correlação entre o número de


118

fibras presentes na seção de ruptura e a tenacidade dos compósitos. Para isto,

foi feita uma correlação exponencial utilizando o modelo apresentado por

FIGUEIREDO (1997) para correlação entre o fator de tenacidade (JSCE SF4,

1984b) e o número de fibras na seção de ruptura:

A
FT = - 0,5
B10× NF (5.4)

Onde,

FT é o Fator de tenacidade obtido segundo o método JSCE SF4 (MPa);

A e B são Constantes; e

NF é o Número de fibras na seção de ruptura do compósito.

Adotou-se o modelo exponencial por este ter apresentado melhor

aderência que o modelo linear (FIGUEIREDO 1997) e pelo fato, já comentado,

de que não há um ganho proporcional de tenacidade com o aumento da

quantidade de fibras no compósito. Fato este, devido a uma maior deformação

plástica da região comprimida na seção transversal do prisma (ARMELIN e

BANTHIA, 1997). Na tabela 5.17 estão os valores das constantes e correlações

obtidas. A figura 5.19 mostra as curvas de correlação obtidas.

Tabela 5.17 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e número de
fibras na seção de ruptura para a série 1 de ensaios.
Fibra Correlação entre fator de tenacidade (JSCE) e número de fibras na
seção de ruptura
2
A B r
F1-A 9,10 2,71 0,998
F1-B 14,83 3,99 0,979
F1-C 16,93 5,07 0,999
119

Número de fibras x Fator de tenacidade

6,00

5,00
Fator de tenacidade (MPa)

4,00
F1-A EXPONENCIAL
F1-B EXPONENCIAL
F1-C EXPONENCIAL
3,00
F1-A EXPERIMENTAL
F1-B EXPERIMENTAL
F1-C EXPERIMENTAL
2,00

1,00

0,00
0 50 100 150 200 250
Número de fibras na seção de ruptura

Figura 5.19 – Correlações entre o fator de tenacidade e número de fibras na seção de


ruptura para todas as fibras da série de ensaios 1.

Observa-se através dos coeficientes de correlação apresentados na

tabela 5.17 que o modelo aderiu muito bem aos dados experimentais.

Dado que as três fibras em estudo possuem o mesmo comprimento,

nota-se através da figura 5.19 que a fibra F1-C alcança níveis de tenacidade

maiores do que as demais fibras justamente pelo fato de ter um maior número

de fibras presentes na seção de ruptura, uma vez que esta possui o maior fator

de forma .

5.3.1.3. Distribuição das fibras

De acordo com o exposto no item 4.2, em compósitos com volume de

fibras constante, o aumento do fator de forma em fibras de mesmo

comprimento, significa um aumento da quantidade de fibras por unidade de

volume de compósito. Como as fibras neste grupo de análise experimental


120

possuem o mesmo comprimento, procurou-se fazer uma correlação, para cada

teor de fibras adicionado, entre o número de fibras presentes na seção de

ruptura e o fator de forma das fibras estudadas. O fator de forma considerado

nesta análise foi o efetivo, obtido através da caracterização das fibras (ASTM A

820, 1994a). A correlação pode ser observada através do gráfico da figura

5.20.

Fator de forma x Número de fibras

200
20 kg/m3
180 experimental
Número de fibras na seção de ruptura

40 kg/m3
160
experimental

140 60 kg/m3
experimental
120 60 kg/m3
mod.linear
100 y = 4,76x - 138,08 40 kg/m3 mod.
80
R2 = 0,928 linear

20 kg/m3 mod.
60 y = 2,98x - 82,33 linear
R2 = 0,999
40
y = 1,21x - 30,81
20 R2 = 0,847
0
40,00 45,00 50,00 55,00 60,00 65,00
Fator de forma

Figura 5.20 – Correlação entre o número de fibras na seção de ruptura e o fator de forma
efetivo das fibras estudadas.

Observa-se na figura 5.20 um aumento do número de fibras presentes

na seção de ruptura com o aumento do fator de forma. Este aumento fica mais

expressivo para os teores de fibra de 40 e 60 kg/m3 . Este resultado comprova,

para este caso, que o aumento do fator de forma das fibras analisadas

significou um maior número de fibras por unidade de volume do compósito,

sobretudo para os teores de fibra mais altos. Esta maior concentração de fibras

provavelmente conduzirá a uma maior probabilidade de uma fissura ser


121

interceptada por uma fibra o que irá resultar em um aumento da tenacidade do

compósito e isto fica confirmado ao reportarmos as correlações e análises

apresentadas anteriormente, que mostram um aumento da tenacidade com o

aumento do fator de forma da fibra.

5.3.1.4. CONCLUSÕES PARCIAIS

Considerando todo o conjunto de análises e correspondências aqui

realizadas, pode-se concluir:

• Os índices de tenacidade da ASTM C1018 não se apresentaram adequados

para avaliar a diferença de tenacidade entre as fibras estudadas em função

do que foi exposto nos itens 3.3.1 e 5.3.1.2.

• Para fibras de seção transversal retangular e mesmo comprimento, houve

um aumento da tenacidade à flexão com o aumento do fator de forma,

principalmente para os casos onde o consumo de fibra é maior. Isto ocorre

devido ao maior número de fibras presentes por unidade de volume do

compósito, como pôde ser observado através do maior número de fibras

presentes na seção de ruptura nos compósitos com fibras de maior fator de

forma.

• Percebe-se, através da análise de variância, que a influência da alteração

do fator de forma na tenacidade é menos significativa que a influência da

alteração do teor de fibras adicionado à matriz.


122

5.3.2. Fibras de seção transversal circular de mesmo comprimento e


diâmetros equivalentes diferentes: influência do fator de forma.

Neste item, são apresentados os resultados da série de ensaios número

2 (Tabela 5.3), onde foram estudadas fibras cilíndricas de comprimento nominal

de 60 mm, com diferentes diâmetros da seção transversal. A tabela 5.18

apresenta as características geométricas das fibras, obtidas através da

caracterização prescrita pela ASTM A820 (1994a).

Tabela 5.18 – Características das fibras F2 estudadas na série 2 de ensaios


Fibras
Características
F2-C F2-D F2-E
Nominal 60,00 60,00 60,00
Comprimento (mm)
Efetivo 60,24 58,55 60,43
Nominal 1,00 0,75 0,60
Diâmetro (mm)
Efetivo 1,01 0,77 0,61
Nominal 60,0 80,0 100,0
Fator de Forma
Efetivo 59,6 76,3 99,4

Os resultados médios de trabalhabilidade, resistência à compressão,

resistência à tração na flexão e número de fibras na seção de ruptura

apresentam-se na tabela 5.19.

As curvas de carga por deslocamento vertical obtidas estão

apresentadas nas figuras 5.21 a 5.23. As curvas apresentadas nas figuras não

são curvas médias mas, alguns exemplos com finalidade ilustrativa.

Os resultados dos ensaios de tenacidade foram calculados descontando

a instabilidade pós-pico. Os valores de tensão residual para vários níveis de

deslocamento obtidos segundo o critério da EFNARC (1996), adaptado para

este trabalho experimental (item 3.3), e os valores obtidos para os fatores de

tenacidade, obtidos segundo o critério da recomendação japonesa JSCE SF-4

(1984b), estão apresentados na tabela 5.20 .


123

Tabela 5.19 – Série de ensaios 2 - resultados médios obtidos para resistência à


compressão e tração na flexão aos 07 dias de idade e No de fibras na seção de ruptura
para todas as misturas
Abatimento Resistência à Resistência Número de
Teor de no tronco compressão à Tração na fibras na
Mistura Fibra fibras de cone axial flexão seção de
(kg/m3) (mm) (MPa) (MPa) ruptura
20 F2-C 20 75 43,09±1,60 6,44±0,57 47,5±8,6
40 F2-C F2-C 40 40 43,01±0,32 6,31±0,34 76,3±20,4
60 F2-C 60 35 46,29±1,07 7,41±0,59 124,8±17,7
20 F2-D 20 40 40,51±0,46 5,64±0,29 66,3±4,1
40 F2-D F2-D 40 35 43,53±0,74 5,77±0,22 128,8±13,2
60 F2-D 60 40 40,42±0,38 6,17±0,76 211,7±19,6
20 F2-E 20 55 37,06±1,62 4,97±0,44 102,5±13,6
40 F2-E F2-E 40 45 42,78±0,72 6,14±0,67 206,0±25,5
60 F2-E 60 25 40,40±0,00 5,60±0,60 259,3±31,2

Tabela 5.20 – Série de ensaios 2 - resultados médios obtidos para tensão residual e fator
de tenacidade.
Tensão residual (MPa) EFNARC Fator de
Teor de Tenacidade
fibras à flexão
Fibra 3 deslocamento deslocamento deslocamento deslocamento
(MPa)
(kg/m ) 0,5 mm 1,0 mm 2,0 mm 3,0 mm JSCE SF4
20 2,63±0,78 2,79±0,47 2,64±0,43 2,37±0,75 2,71±0,73
F2-C 40 3,56±1,27 3,84±1,43 3,66±1,22 3,34±1,02 3,73±1,24
60 6,14±0,95 6,21±1,11 5,98±1,10 5,58±1,19 6,03±1,00
20 1,95±0,30 2,03±0,33 2,25±0,28 2,14±0,25 2,17±0,32
F2-D 40 3,37±0,41 3,79±0,46 4,05±0,47 3,94±0,61 3,83±0,50
60 4,61±0,53 5,40±0,67 5,68±0,78 5,54±0,88 5,42±0,68
20 2,76±0,81 2,95±0,74 2,84±0,54 2,61±0,36 2,80±0,59
F2-E 40 6,12±0,96 6,10±0,57 5,84±0,47 5,25±0,71 5,76±0,42
60 6,08±0,88 6,25±0,97 6,18±1,09 5,25±0,81 5,96±0,92
124

Fibra F2-C

70,00

60,00

50,00
Carga (kN)

40,00
60 kg/m3
40 kg/m3
30,00 20 kg/m3

20,00

10,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.21 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-C

Fibra F2-D

60,00

50,00

40,00
Carga (kN)

20 kg/m3
30,00 40 kg/m3
60 kg/m3

20,00

10,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.22 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-D
125

Fibra F2-E

60,00

50,00

40,00
Carga (kN)

60 kg/m3
30,00 40 kg/m3
20 kg/m3

20,00

10,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.23 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-E

5.3.2.1. Propriedades físicas e mecânicas

Analisando a tabela 5.19, observa-se que não houve alteração na

resistência à compressão axial e módulo de ruptura com a adição de fibras,

confirmando a tendência observada na série 1 de ensaios, apresentada

anteriormente, ratificando o fato de que a adição de fibras em quantidades

abaixo do volume crítico não altera a resistência mecânica do compósito.

Quanto aos dados de trabalhabilidade, observa-se que a consistência para

todas as misturas foi praticamente constante. Apesar de os valores de

consistência no abatimento do tronco de cone serem baixos não houve

problemas de compactação da matriz, o que foi confirmado pelos resultados de

resistência à compressão que não variou com o aumento do volume de fibras

adicionado a matriz. Isto confirma novamente as observações de CECCATO,

NUNES e FIGUEIREDO (1997), já comentadas anteriormente.


126

5.3.2.2. Tenacidade à Flexão

Análise de Variância: Seguindo a mesma metodologia de análise apresentada

na série 1 de ensaios (Item 5.4.1.2), foi feita a análise de variância para avaliar

se o fator de forma e consumo das fibras tinham influência significativa na

tenacidade à flexão dos compósitos estudados na série de ensaios número 2.

A tabela 5.21 apresenta os resultados da análise de variância.

Tabela 5.21 – Resumo dos resultados da análise de variância para a série 2 de ensaios
Fcritico Rteor / RFF /
Índice de Rteor RFF para intervalo de Fcritico Fcritico
Tenacidade (1) (2)
confiança de 99% (1)/(3) (2)/(3)
(3)
FT (JSCE) 54,6 5,7 9,9 1,04
P0,5 (EFNARC) 45,5 12,6 8,3 2,30
P1,0 (EFNARC) 48,2 8,0 5,49 8,8 1,46
P2,0 (EFNARC) 51,4 5,0 9,4 0,91
P3,0 (EFNARC) 46,9 2,1 8,5 0,38

Observando os resultados da relação entre RFF e Fcritico da análise de

variância das tensões residuais na tabela 5.21, nota-se, com uma confiança

estatística de 99 %, que há uma pequena influência do fator de forma na

tenacidade à flexão dos compósitos, principalmente para os deslocamentos

verticais menores. Para os maiores deslocamentos (acima de 2,0 mm), o fator

de forma não influencia. Quanto a influência do teor de fibras na tenacidade, os

valores da relação entre Rteor e Fcrítico mostram que esta é bastante significativa,

como já havia sido observado na série 1 de ensaios.

Correspondência entre tensão residual, fator de tenacidade e teor de

fibras: As correspondências entre fator de tenacidade (JSCE SF4, 1984b) e

teor de fibras, tensão residual (EFNARC, 1996) e teor de fibras foram feitas

utilizando o modelo de FIGUEIREDO (1997), já apresentado no item 5.4.1.2 . A


127

tabela 5.22 mostra os resultados das constantes e os coeficientes de

correlação obtidos com os modelos. A título de ilustraçao, as curvas de

correlação obtidas para a fibra F2-E são mostradas na figura 5.24 . Nas figuras

5.25 a 5.27 estão as curvas de correlação FT x Teor e PD x Teor obtidas para

as fibras F2.

Tabela 5.22 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para o fator de tenacidade da JSCE SF4 e para os valores de tensão residual
da EFNARC, para os compósitos da série 2 de ensaios.

CORRELAÇÕES PARA FT (JSCE SF4) E PD (EFNARC)


FIBRA
2
ÍNDICE CONSTANTE “A” CONSTANTE “B” r
P0,5 15,65 13,48 0,860
P1,0 15,44 11,99 0.892
F2-C P2,0 15,17 12,67 0.892
P3,0 14,80 14,29 0,893
FT 14,98 11,98 0,892
P0,5 14,39 17,13 0,996
P1,0 19,71 25,30 0,992
F2-D P2,0 19,25 21,15 0,996
P3,0 19,60 23,28 0,997
FT 17,99 20,31 0,994
P0,5 21,68 17,21 0,905
P1,0 20,41 14,56 0,926
F2-E P2,0 20,57 15,67 0,944
P3,0 16,05 12,29 0,910
FT 19,45 14,70 0,932
128

FIBRA F2-E (FF = 100) : Tensão residual x Teor de fibras

8,00

7,00

6,00

desloc. 0,5 mm
Tensão (MPa)

5,00
desloc. 0,5 mm

4,00 desloc. 1,0 mm

desloc. 1,0 mm
3,00
desloc. 2,0 mm

desloc. 2,0 mm
2,00
desloc. 3,0 mm

1,00 desloc. 3,0 mm

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Fibras (kg/m3)

Figura 5.24– Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F2-E

Fibras de mesmo comprimento (L=60 mm)


Fator de Tenacidade x Teor de fibras
7,000

6,000

5,000

FF 60 mod. Expon.
FT (MPa)

4,000 FF 60 experimental
FF 80 mod. Expon.
FF 80 experimental
3,000
FF 100 mod. Expon.
FF 100 experimental
2,000

1,000

0,000
0 10 20 30 40 50 60 70

Teor (kg fibras/metro cúbico)

Figura 5.25 – Curvas de correlação entre os fatores de tenacidade e o teor de fibras para
todas as fibras da série 2 de ensaios (Obs.: FF = Fator de Forma).
129

Fibras de mesmo comprimento (L = 60 mm)


Tensão residual para deflexão de 0,5 mm x Teor de fibras
8,00

7,00

6,00
Tensão (MPa)

5,00 F2-C EXPERIM.


F2-C MODELO
4,00 F2-D EXPERIM.
F2-D MODELO
F2-E EXPERIM.
3,00
F2-E MODELO

2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70

Teor de fibras (kg/m3)

Figura 5.26– Curvas de correlação entre a tensão residual a 0,5 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 2.

Fibras de mesmo comprimento (L=60 mm)


Tensão residual para deflexão de 3,0 mm x Teor de fibras
8,00

7,00

6,00
Tensão (MPa)

5,00 F2-C EXPERIM.


F2-C MODELO
4,00 F2-D EXPERIM.
F2-D MODELO
F2-E EXPERIM.
3,00
F2-E MODELO

2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70

Teor de fibras (kg/m3)

Figura 5.27 – Curvas de correlação entre a tensão residual a 3,0 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 2.
130

A análise de todas as curvas apresentadas nas figuras 5.24 a 5.27 , bem

como os coeficientes de correlação da tabela 5.22 , confirma o aumento da

tenacidade à flexão com a elevação da quantidade de fibras adicionadas a

matriz, fato comprovado pela boa correlação do fator de tenacidade e tensão

residual com o teor de fibras adicionado.

É interessante notar na figura 5.24 que as curvas geradas pelo modelo

indicam uma tendência da fibra F2-E proporcionar, para qualquer volume de

fibras adicionado, um mesmo nível de capacidade portante para o compósito

em todos os níveis de deslocamento até 2,0 mm. Verifica-se isto através da

superposição das curvas tensão residual por teor para os deslocamentos

verticais de 0,5 , 1,0 e 2,0 mm. Para deslocamentos verticais maiores, como

3,0 mm, a capacidade portante diminui. A mesma tendência foi verificada para

as outras duas fibras, F2-C e F2-D, de mesmo comprimento. A observação dos

exemplos das curvas de carga por deslocamento vertical nas figuras 5.21 a

5.23 confirmam este fato, que pode ser explicado pelo grande comprimento das

três fibras (60 mm), que proporciona uma ancoragem suficiente para que, até o

deslocamento de 2,0 mm, as fibras consigam transferir as tensões através das

fissuras, sem diminuição de sua carga de arrancamento “F” e

consequentemente mantendo constante o momento resistente da seção do

prisma (figura 5.28) e a capacidade portante do mesmo.


131

Figura 5.28 – Distribuição de tensões na seção transversal de um prisma de CRFA


submetido a flexão.

As curvas geradas pelos modelos apresentadas nas figuras 5.26 e 5.27

mostram uma ligeira diferença de desempenho quanto a tenacidade entre as

três fibras para o deslocamento de 0,5 mm, sobretudo para os compósitos com

maior quantidade de fibras. Esta diferença desaparece no deslocamento de 3,0

mm. Isto confirma os resultados da análise de variância observados na tabela

5.21. Dado que as fibras são longas e diferem apenas no seu diâmetro, estes

resultados sugerem que, durante o carregamento nos níveis de deslocamento

vertical menores, onde as fissuras estão se formando e propagando, a

distribuição das fibras pode ser o principal fator que governa o desempenho

dos compósitos. Já em grandes níveis de deslocamento vertical, onde ocorre a

abertura das fissuras e arrancamento das fibras, a distribuição das fibras pode

deixar de influir e o comprimento da fibra é que pode influenciar no

desempenho das fibras, independente do fator de forma. Isto pode explicar o

fato de as três fibras aqui estudadas apresentarem mesmo desempenho a 3,0

mm de deslocamento, uma vez que as mesmas são longas e possuem mesmo

comprimento.
132

Correspondência entre fator de tenacidade e fator de forma: Para as fibras

da série 2 de ensaios, foi feita uma correlação exponencial entre o fator de

tenacidade (JSCE SF4, 1984b) e o fator de forma das fibras, seguindo o

mesmo modelo utilizado para a série 1 (item 5.3.1.2). As constantes e

coeficientes de correlação estão na tabela 5.23. A figura 5.29 mostra as curvas

de correlação e dados experimentais para os teores de 20 e 60 kg/m3 .

Tabela 5.23 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e fator de forma
para as fibras da série 2 de ensaios.
Teor de Fibras Correlação entre fator de tenacidade (JSCE)
3
(kg/m ) e Fator de Forma
2
A B r
20 2,92 1,13 0,052
60 5,69 1,02 0,002

Fator de tenacidade x Fator de forma

8,00

7,00

6,00 20 kg/m3 mod.


Expon.

60 kg/m3 mod.
5,00 Expon.
FT (MPa)

20 kg/m3
experimental
4,00
60 kg/m3
experimental
3,00

2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Fator de forma

Figura 5.29 – Correlações entre fator de tenacidade e fator de forma para as fibras F2
133

O modelo mostra uma tendência de que, para as fibras longas de

mesmo comprimento, não há aumento do fator de tenacidade com o aumento

do fator de forma. Isto confirma o resultado da análise de variância para os

resultados do fator de tenacidade (tabela 5.21).

A princípio, estes resultados vão de encontro às afirmações de BENTUR

e MINDESS (1990) de que o fator de forma para as fibras ancoradas tem

pouca significância para a tenacidade do CRFA. Entretanto, os resultados

obtidos com os modelos exponenciais e análise de variância para os valores de

tensão residual da EFNARC (1996), mostram que o fator de forma apresenta

influência na tenacidade a flexão apenas para os níveis de deslocamento

vertical menores. Isto ocorre porque, com o aumento do fator de forma, há um

número maior de fibras por unidade de volume que podem interceptar as

fissuras que estão se formando, como pode ser visualizado através da figura

5.30 que mostra a correlação entre o fator de forma e o número de fibras

presentes na seção de ruptura dos compósitos.

Para os maiores níveis de deslocamento vertical, não há influência do

fator de forma na tenacidade. Isto ocorre provavelmente porque as fibras

possuem o mesmo comprimento, que deve ser o fator que influencia na

tenacidade para os maiores níveis de deslocamento vertical, como será visto

nos itens 5.4.3 e 5.4.4.


134

FIBRA F2 - Fator de forma x número de fibras

300
Número de fibras na seção de ruptura

250

200 20
40
60
150
y = 3,298x - 60,076 Linear (60)
2
R = 0,9341 Linear (40)
100 Linear (20)
y = 3,2639x - 118,97
2
R = 0,9997
50
y = 1,3933x - 37,184
2
R = 0,9923

0
40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00
Fator de forma

Figura 5.30 – Correlação entre número de fibras na seção de ruptura e fator de forma das
fibras F2.

5.3.2.3. CONCLUSÕES PARCIAIS

Da análise dos resultados aqui apresentados pode-se concluir que para

as fibras aqui analisadas, com seção transversal circular, longas e de mesmo

comprimento, o fator de forma influi na tenacidade apenas nos menores níveis

de deslocamento vertical. Para níveis de deslocamento maiores, o fator de

forma não influencia na tenacidade. Isto ocorre provavelmente porque a

distribuição das fibras é o fator que interfere na tenacidade à flexão para os

pequenos deslocamentos verticais do prisma, quando as fissuras ainda estão

se formando e ainda podem ter sua propagação interceptada pelas fibras.

Quando os deslocamentos verticais são maiores, as fissuras já possuem

grande abertura e as fibras estão sendo arrancadas, processo no qual o

comprimento da fibra é o fator mais importante, sobretudo para as fibras mais


135

longas. Como neste caso as fibras possuem mesmo comprimento, a

tenacidade dos compósitos analisados não se altera, para qualquer fator de

forma aqui utilizado. De qualquer maneira, o fator de forma ainda possui a sua

importância, uma vez que este influencia na tenacidade dos compósitos nos

níveis iniciais de deslocamento, onde é importante o desempenho da fibra,

sobretudo para estabilização do processo de propagação de fissuras, fato

fundamental para a durabilidade do compósito, como afirmam NUNES,

TANESI e FIGUEIREDO (1997), quando relatam o uso do CRFA para reparos

em estruturas de concreto.

5.3.3. Fibras de seção transversal circular com mesmo fator de forma:


influência do comprimento

Aqui são apresentados os resultados experimentais da série de ensaios

3 (Tabela 5.4). Nesta série, foram estudadas fibras cilíndricas com fator de

forma igual a 60 e diferentes comprimentos. Foram estudadas as fibras F2-A e

F2-B, além da fibra F2-C, já estudada na série 2 de ensaios. A tabela 5.24

apresenta as características geométricas das fibras analisadas, obtidas através

do ensaio de caracterização de fibras (ASTM A820, 1994a). Os resultados

médios de trabalhabilidade, resistência à compressão, resistência à tração na

flexão e número de fibras na seção de ruptura apresentam-se na tabela 5.25 e

a tabela 5.26 mostra os resultados obtidos para o fator de tenacidade (JSCE

SF4, 1984b) e tensões residuais para os vários níveis de deslocamento vertical

(EFNARC, 1996). As curvas de carga por deslocamento vertical obtidas para

as fibras F2-A e F2-B estão apresentadas nas figuras 5.31 e 5.32

respectivamente. As curvas das fibras F2-C já foram apresentadas na figura


136

5.21. As curvas apresentadas nas figuras não são curvas médias, mas alguns

exemplos com finalidade ilustrativa.

Tabela 5.24 – Características das fibras F2 estudadas na série 3 de ensaios


Fibras
Características
F2-A F2-B F2-C
Nominal 30,00 50,00 60,00
Comprimento (mm)
Efetivo 28,59 52,21 60,24
Nominal 0,50 0,81 1,00
Diâmetro (mm)
Efetivo 0,51 0,81 1,01
Nominal 60,0 61,7 60,0
Fator de Forma
Efetivo 55,9 64,4 59,6

Tabela 5.25 – Série de ensaios 3 - resultados médios obtidos para resistência à


compressão e tração na flexão aos 07 dias de idade e No de fibras na seção de ruptura
para todas as misturas
Abatimento Resistência à Resistência Número de
Teor de
no tronco compressão à Tração na fibras na
Mistura Fibra fibras
3 de cone axial flexão seção de
(kg/m )
(mm) (MPa) (MPa) ruptura
20 F2-A 20 45 40,80±2,32 5,49±0,71 97,5±13,5
40 F2-A F2-A 40 35 42,12±2,22 5,89±0,30 185,0±18,2
60 F2-A 60 20 43,80±0,57 6,50±0,40 345,5±12,0
20 F2-B 20 40 48,02±1,56 6,40±0,86 53,5±6,6
40 F2-B F2-B 40 35 40,97±1,20 6,39±0,29 107,5±15,1
60 F2-B 60 30 44,28±0,72 6,28±0,39 196,3±29,1
20 F2-C 20 75 43,09±1,60 6,44±0,57 47,5±8,6
40 F2-C F2-C 40 40 43,01±0,32 6,31±0,34 76,3±20,4
60 F2-C 60 35 46,29±1,07 7,41±0,59 124,8±17,7

Tabela 5.26 – Série de ensaios 3 - resultados médios obtidos para tensão residual e fator
de tenacidade.
Tensão residual (MPa) EFNARC Fator de
Teor de Tenacidade
Fibra fibras Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento à flexão
3
(kg/m ) 0,5 mm 1,0 mm 2,0 mm 3,0 mm (MPa)
JSCE SF4
20 2,04±0,30 1,97±0,29 1,72±0,30 1,44±0,19 1,88±0,26
F2-A 40 3,26±0,70 3,08±0,58 2,42±0,58 1,99±0,50 2,76±0,52
60 6,05±0,49 5,94±0,38 4,65±0,21 3,83±0,34 5,12±0,16
20 2,07±0,44 2,00±0,44 1,88±0,58 1,77±0,59 1,98±0,52
F2-B 40 4,07±0,47 4,16±0,51 3,79±0,39 3,45±0,28 3,93±0,45
60 5,96±0,51 6,24±0,38 5,57±0,21 4,96±0,14 5,58±0,25
20 2,63±0,78 2,79±0,47 2,64±0,43 2,37±0,75 2,71±0,73
F2-C 40 3,56±1,27 3,84±1,43 3,66±1,22 3,34±1,02 3,73±1,24
60 6,14±0,95 6,21±1,11 5,98±1,10 5,58±1,19 6,03±1,00
137

Fibra F2-A

60,00

50,00

40,00
Carga (kN)

60 kg/m3
30,00 40 kg/m3
20 kg/m3

20,00

10,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.31 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-A

Fibra F2-B

60,00

50,00

40,00
Carga (kN)

60 kg/m3
30,00 40 kg/m3
20 kg/m3

20,00

10,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Deslocamento vertical (mm)

Figura 5.32 – Curvas de carga por deslocamento vertical obtidas com a fibra F2-B
138

5.3.3.1. Propriedades físicas e mecânicas

Os resultados da tabela 5.25 mostram que para todas as fibras

estudadas tanto a resistência à compressão axial quanto o módulo de ruptura

foram praticamente os mesmos em todas as misturas. Estes resultados

mostram que não há influência da adição das fibras nestas variáveis,

comprovando os resultados esperados e os resultados obtidos nas demais

séries de ensaios.

Quanto a trabalhabilidade dos compósitos, todas as misturas

apresentaram alta consistência no abatimento do tronco de cone. Apesar da

alta consistência, nenhuma mistura apresentou problemas de compactação e

trabalhabilidade durante a mistura e moldagem, confirmando a tendência de

boa compactabilidade de todas as misturas ensaiadas nas outras séries de

ensaios.

5.3.3.2. Tenacidade à Flexão

Análise de variância: Os resultados obtidos na série de ensaios

número 3 foram submetidos a análise de variância para verificação da

influência do comprimento das fibras na tenacidade à flexão dos compósitos,

uma vez que as três fibras analisadas possuiam o mesmo fator de forma. A

tabela 5.27 mostra os resultados obtidos. A análise foi feita seguindo a mesma

metodologia utilizada nas séries anteriores.


139

Tabela 5.27 – Resumo dos resultados da análise de variância para a série 3 de ensaios
Fcritico Rteor / Rcomp. /
Índice de Rteor Rcomp. para intervalo de Fcritico Fcritico
Tenacidade (1) (2)
confiança de 99% (1)/(3) (2)/(3)
(3)
FT (JSCE) 80,18 5,72 14,60 1,04
P0,5 (EFNARC) 88,01 0,71 16,03 0,13
P1,0 (EFNARC) 83,82 2,28 5,49 15,27 0,42
P2,0 (EFNARC) 69,74 8,79 12,70 1,60
P3,0 (EFNARC) 61,73 13,44 11,24 2,45

Os resultados da análise de variância apresentados na tabela 5.27

mostram que com intervalo de confiança de 99 % é possível afirmar que o

comprimento das fibras é bem menos influente no fator de tenacidade à flexão

do que o teor de fibras. Entretanto, a análise de variância aponta diferença

entre as médias do fator de tenacidade para os três compósitos analisados.

Este fato, aliado aos resultados do fator de tenacidade apresentados na tabela

5.26 pode indicar que ocorre um ligeiro aumento do fator de tenacidade com o

aumento do comprimento da fibra.

Para os resultados de tensão residual, a análise de variância

mostra com 99 % de confiança estatística que apenas nos deslocamentos

verticais de 2,0 e 3,0 mm houve diferença significativa entre as médias dos três

compósitos estudados. Para os deslocamentos verticais iniciais, não há

diferença entre as médias. Estes resultados estão de acordo com a hipótese,

levantada com base nos resultados da série 2, de que o comprimento da fibra é

o fator que mais influência na tenacidade à flexão dos compósitos para os

maiores deslocamentos verticais do prisma, apresentada no item 5.3.2.2.


140

Correspondência entre tensão residual e teor de fibras: Assim, como nas

séries de ensaios 1 e 2, foram elaboradas correspondências entre os

resultados de tensão residual obtidos e teor de fibras utilizando o modelo

exponencial elaborado por FIGUEIREDO (1997) com base no método dos

mínimos quadrados:

A
PD = (0,1×CF) -0,5
B (5.5)

Onde:

PD é a Tensão residual para o deslocamento “D” milímetros (MPa);

A e B são Constantes; e

CF é o Consumo de fibra por metro cúbico de concreto.

A tabela 5.28 apresenta os valores das constantes e coeficientes de

correlação obtidos com o modelo:

Tabela 5.28 – Resultados obtidos para as correlações pelo método dos mínimos
quadrados para os valores de tensão residual da EFNARC, para os compósitos da série
3 de ensaios.
CORRELAÇÕES PARA PD (EFNARC)
FIBRA CONSTANTE CONSTANTE 2
ÍNDICE r
“A” “B”
P0,5 21,42 30,09 0,914
F2-A P1,0 20,97 30,93 0,896
P2,0 13,82 20,97 0,845
P3,0 11,07 19,73 0,840
P0,5 24,17 32,83 0,997
P1,0 28,27 43,00 0,997
F2-B
P2,0 23,59 36,28 0,997
P3,0 19,53 30,23 0,997
P0,5 15,65 13,48 0,860
P1,0 15,44 11,99 0.892
F2-C
P2,0 15,17 12,67 0.892
P3,0 14,80 14,29 0,893
141

As curvas de correlação obtidas para as fibras F2-A e F2-C são

apresentadas respectivamente nas figuras 5.33 e 5.34. As curvas de tensão

residual por teor de fibras para os deslocamentos de 0,5 mm a 3,0 mm estão

ilustradas nas figuras 5.35 e 5.36 respectivamente.

FIBRA F2-A : Tensão residual x Teor de fibras

6,00

5,00

4,00 desloc. 0,5 mm


Tensão (MPa)

desloc. 0,5 mm

3,00 desloc. 1,0 mm

desloc. 1,0 mm

desloc. 2,0 mm
2,00
desloc. 2,0 mm

desloc. 3,0 mm
1,00
desloc. 3,0 mm

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Fibras (kg/m3)

Figura 5.33– Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F2-A (L = 30 mm)
142

FIBRA F2-C : Tensão residual x Teor de fibras

7,00

6,00

5,00
desloc. 0,5 mm
Tensão (MPa)

4,00 desloc. 0,5 mm

desloc. 1,0 mm

3,00 desloc. 1,0 mm

desloc. 2,0 mm
2,00 desloc. 2,0 mm

desloc. 3,0 mm
1,00
desloc. 3,0 mm

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de Fibras (kg/m3)

Figura 5.34– Curvas de correlação entre os valores de tensão residual e o teor de fibras
F2-C (L = 60 mm)

Tensão residual para deslocamento vertical de 0,5 mm x Teor de fibras

8,00

7,00

6,00
Tensão (MPa)

5,00 F2-A EXPERIM.


F2-A MODELO
4,00 F2-B EXPERIM.
F2-B MODELO
F2-C EXPERIM.
3,00
F2-C MODELO

2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de fibras (kg/m3)

Figura 5.35 - Curvas de correlação entre a tensão residual a 0,5 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 3.
143

Tensão residual para deslocamento vertical de 3,0 mm x Teor de fibras

8,00

7,00

6,00
Tensão (MPa)

5,00 F2-A EXPERIM.


F2-A MODELO
4,00 F2-B EXPERIM.
F2-B MODELO
F2-C EXPERIM.
3,00
F2-C MODELO

2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de fibras (kg/m3)

Figura 5.36 - Curvas de correlação entre a tensão residual a 3,0 mm e o teor de fibras
para todas as fibras da série de ensaios 3.

Analisando os dados da tabela 5.28 percebe-se que o modelo apresenta

boa correlação entre os valores de tensão residual obtidos e o teor de fibras.

Observando as curvas geradas pelo modelo na figura 5.33 , nota-se que a fibra

F2-A, cujo comprimento nominal é 30 mm, possui a mesma capacidade

portante nos deslocamentos de 0,5 e 1,0 mm para todos os teores de fibras. A

capacidade portante diminui para o deslocamento de 2,0 mm e fica ainda

menor no deslocamento de 3,0 mm. Na figura 5.34 observa-se através das

curvas do modelo que a fibra F2-C que possui o dobro do comprimento da

fibra F2-A, apresenta mesma capacidade portante nos deslocamentos de 0,5 ,

1,0 e 2,0 mm em todos os teores de fibras adicionados, sendo um pouco menor

no deslocamento de 3,0 mm. Estes resultados indicam que as fibras mais

longas conseguem manter sua capacidade portante até maiores níveis de

deslocamento vertical do que as fibras mais curtas, resultado já esperado em


144

função do fato de que as fibras curtas não possuem comprimento de

ancoragem suficiente de tal maneira que possam manter a capacidade portante

por muito tempo. Desta forma, explica-se porque os valores de tenacidade até

o deslocamento de 3,0 mm das fibras de 30 mm geralmente são menores do

que as demais fibras, como pôde ser comprovado pelos resultados do fator de

tenacidade já apresentados na tabela 5.26 .

Comparando as curvas das figuras 5.35 e 5.36, observa-se que os

modelos gerados indicam que praticamente não há diferença de desempenho

entre as 3 fibras no deslocamento de 0,5 mm, para todos os teores de fibras.

Entretanto, para o deslocamento vertical de 3,0 mm., nota-se a diferença de

desempenho entre as fibras, sobretudo entre a fibra F2-A e F2-C. Estes dados

indicam que o comprimento é o fator que influencia na tenacidade nos maiores

níveis de deslocamento vertical, confirmando as hipóteses formuladas com

base nos resultados da análise de variância.

Correspondência entre fator de tenacidade, tensão residual e

comprimento das fibras: Para que se pudesse avaliar detalhadamente a

influência do comprimento das fibras na tenacidade dos compósitos, foi

elaborada uma correspondência entre os resultados do fator de tenacidade e

comprimento e os resultados de tensão residual e comprimento das fibras para

os deslocamentos de 0,5 e 3,0 mm. Foram utilizados os seguintes modelos

exponenciais, utilizando o método dos mínimos quadrados:


145

A A
PD = 10 × L-0,5
FT = 10× L-0,5
B B (5.6)

Onde:

PD é a tensão residual para o deslocamento “D” milímetros (MPa);

FT é o fator de tenacidade à flexão (JSCE SF4), em Mpa;

A e B são Constantes; e

L é o comprimento da fibra.

As tabelas 5.29 e 5.30 apresentam as constantes e coeficientes de

correlação obtidos e as figuras 5.37 a 5.39 mostram as curvas de correlação

obtidas com os modelos.

Tabela 5.29 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e comprimento
para as fibras da série 3 de ensaios.
Correlação entre fator de tenacidade (JSCE)
Teor de Fibras
3 e comprimento das fibras
(kg/m ) 2
A B r
20 4,38 1,60 0,560
40 8,21 1,78 0,930
60 8,12 1,28 0,915

Tabela 5.30 – Valores obtidos para correlação entre tensão residual nos deslocamentos
de 0,5 e 3,0 mm e comprimento para as fibras da série 3 de ensaios.
Tensão Teor de Correlação entre tensão residual (EFNARC) e comprimento
Residual Fibras
3 2
(MPa) (kg/m ) A B r
20 3,54 1,36 0,443
P0,5 40 5,28 1,28 0,489
60 6,11 1,01 0,022
20 5,38 2,05 0,796
P3,0 40 12,31 2,63 0,958
60 11,91 1,84 0,975
146

FIBRAS DE MESMO FATOR DE FORMA (FF = 60)


Fator de tenacidade x comprimento da fibra

7,00

6,00

5,00
20 kg/m3 mod. Expon.
40 kg/m3 mod. Expon.
FT (MPa)

4,00
60 kg/m3 mod. Expon.
20 kg/m3 experimental
3,00
40 kg/m3 experimental
60 kg/m3 experimental
2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Comprimento (mm)

Figura 5.37 – Curvas de correlação entre fator de tenacidade e comprimento para as


fibras da série de ensaios 3.

FIBRAS DE MESMO FATOR DE FORMA (FF = 60)


Tensão residual no deslocamento vertical 0,5 mm x comprimento da fibra

7,00

6,00

5,00
P0,5 (MPa)

4,00 20 kg/m3 mod. Expon.


40 kg/m3 mod. Expon.
60 kg/m3 mod. Expon.
3,00 20 kg/m3 experimental
40 kg/m3 experimental
60 kg/m3 experimental
2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Comprimento (mm)

Figura 5.38 – Curvas de correlação entre tensão residual no deslocamento vertical


0,5 mm e comprimento da fibra para as fibras da série de ensaios 3.
147

FIBRAS DE MESMO FATOR DE FORMA (FF = 60)


Tensão residual para deslocamento vertical 3,0 mm x comprimento da fibra
7,00

6,00

5,00
P3,0 (MPa)

4,00 20 kg/m3 mod. Expon.


40 kg/m3 mod. Expon.
60 kg/m3 mod. Expon.
3,00
20 kg/m3 experimental
40 kg/m3 experimental
60 kg/m3 experimental
2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Comprimento (mm)

Figura 5.39 - Curvas de correlação entre tensão residual no deslocamento vertical


3,0 mm e comprimento da fibra para as fibras da série de ensaios 3

Analisando os coeficientes de correlação da tabela 5.29 e as curvas

geradas pelos modelos na figura 5.37, nota-se uma tendência de ligeiro

aumento do fator de tenacidade com o aumento do comprimento das fibras.

Esta tendência é menor para os teores mais baixos de fibras e confirma os

resultados obtidos com a análise de variância.

Observando os coeficientes da tabela 5.30 e as curvas de correlação

das figuras 5.38 e 5.39 nota-se que não há aumento da tensão residual com a

elevação do comprimento da fibra no deslocamento de 0,5 mm para o teor de

60 kg/m3. Para os demais teores, o aumento da tensão residual com a

elevação do comprimento da fibra é pouco significante, como mostram os

baixos coeficientes de correlação obtidos. Para o deslocamento de 3,0 mm a

influência do comprimento da fibra na capacidade portante dos compósitos é

bastante significativa, sobretudo para os maiores teores de fibra, para os quais


148

os coeficientes de correlação são bastante elevados. Estes resultados

comprovam que o comprimento da fibra é o fator mais importante que governa

a capacidade portante das fibras nos maiores níveis de deslocamento vertical,

concordando com os demais resultados obtidos neste trabalho.

Correspondência entre fator de tenacidade e número de fibras na seção

de ruptura: Para avaliar a influência da distribuição das fibras, foi elaborada

uma correspondência entre os resultados do fator de tenacidade e o número de

fibras presentes na seção de ruptura. Foi utilizado o mesmo modelo

exponencial utilizado em uma análise similar para a série 1 de ensaios (item

5.4.1.2):

A
FT = -0,5
B10× NF (5.7)

onde:

FT é o Fator de Tenacidade a flexão (JSCE SF4), em Mpa;

A e B são Constantes; e

NF é o Número de fibras na seção de ruptura.

A tabela 5.31 apresenta as constantes e coeficientes de correlação

obtidos com o modelo e a figura 5.40 mostra as curvas obtidas com o modelo:
149

Tabela 5.31 – Valores obtidos para correlação entre fator de tenacidade e número de
fibras na seção de ruptura para a série 3 de ensaios.
Correlação entre fator de tenacidade (JSCE) e número de fibras na
Fibra seção de ruptura
2
A B r
F2-A 14,37 7,87 0,947
F2-B 17,77 4,94 0,997
F2-C 20,64 4,15 0,970

Fator de tenacidade x número de fibras

7,00

6,00
Fator de tenacidade (MPa)

5,00

F2-A EXPONENCIAL
4,00
F2-A EXPERIMENTAL
F2-B EXPONENCIAL

3,00 F2-B EXPERIMENTAL


F2-C EXPONENCIAL
F2-C EXPERIMENTAL
2,00

1,00

0,00
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Número de fibras na seção de ruptura

Figura 5.40 – Curvas de correlação entre o fator de tenacidade e número de fibras na


seção de ruptura para todas as fibras da série de ensaios 3.

Observando a tabela 5.31 nota-se a boa aderência entre o modelo e os

resultados experimentais. Analisando a figura 5.40, é possível observar que,

com um mesmo número de fibras na seção de ruptura, as fibras F2-C (longas,

com comprimento de 60 mm) proporcionam um maior fator de tenacidade do

que as fibras F2-A (fibras curtas, com comprimento de 30 mm), o que pode

indicar que a diferença de desempenho entre as fibras não é devido a


150

distribuição das fibras. Isto comprova, neste caso, que o comprimento das

fibras é o fator que influencia na diferença de desempenho entre os compósitos

estudados, uma vez que está relacionado com a resistência individual ao

arrancamento da fibra.

5.3.3.3. CONCLUSÕES PARCIAIS

Com a análise dos resultados obtidos nesta série de ensaios foi possível

obter as seguintes conclusões:

- Ainda que possuam o mesmo fator de forma, as fibras cilíndricas estudadas

nesta série de ensaios, proporcionam aos compósitos diferentes níveis de

capacidade portante. Entretanto isto ocorre apenas nos maiores níveis de

deslocamento. Para os deslocamentos iniciais, não há diferença de

desempenho entre as fibras estudadas, como mostram as análises de

variância e os modelos exponenciais apresentados. A diferença de

capacidade portante entre as fibras estudadas deve-se principalmente a

diferença de comprimento entre as mesmas.

- Os resultados confirmam o fato de que, nos maiores níveis de

deslocamento vertical, onde o principal gasto energético é para o

arrancamento das fibras, o comprimento das fibras é o principal fator que

influencia na tenacidade dos compósitos.


151

CAPÍTULO 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS
152

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo, neste capítulo é: reunir e sistematizar todas as conclusões

parciais obtidas no capítulo 5, em função dos objetivos descritos no capítulo 1

desta dissertação. Também será abordado como os resultados obtidos podem

ser transferidos ao meio técnico e finalmente serão apresentadas sugestões

para a continuidade dos estudos.

6.1. COMENTÁRIOS ESPECÍFICOS

6.1.1. Formas de avaliação da tenacidade

Os índices da ASTM C1018 (1994) podem não ser adequados para

avaliar as diferenças de tenacidade entre diferentes tipos de fibras em função

do fator de forma. Tais índices não são sensíveis a variações do fator de forma

em função dos mesmos serem afetados pela energia absorvida no trecho

elástico da curva de carga por deslocamento vertical e também, por serem

influenciados pela instabilidade pós-pico, concordando com BANTHIA,

TROTTIER, WOOD e BEAUPRE (1992), BANTHIA e TROTTIER (1995a) e

FIGUEIREDO (1997), que alertam sobre a pouca sensibilidade dos índices da

ASTM e suas limitações para caracterização da tenacidade.

A utilização das tensões residuais para determinados níveis de

deslocamentos verticais, baseado no método adaptado da EFNARC (1996) foi

bastante útil no sentido de mostrar que o fator de forma influencia na

tenacidade dos compósitos através de duas maneiras: distribuição das fibras

(sobretudo nos deslocamentos iniciais) e comprimento das fibras (para os

maiores deslocamentos), uma vez que em alguns casos o fator de tenacidade


153

(JSCE SF4, 1984) não foi capaz de detectar este fato. Um exemplo disto foi

para o caso da série de ensaios 2 com fibras de mesmo comprimento, onde a

influência do fator de forma na tenacidade foi detectada apenas nos

deslocamentos verticais iniciais dos prismas ensaiados. Neste caso a análise

baseada apenas no fator de tenacidade não foi capaz de detectar a influência

da distribuição das fibras na tenacidade dos compósitos.

Portanto, o método da EFNARC permite uma análise mais precisa do

comportamento do CRFA em função de variáveis como a geometria ou tipo de

fibra.

6.1.2. Correlação entre tenacidade à flexão e fator de forma

Através dos modelos exponenciais utilizados inicialmente por

FIGUEIREDO (1997) para concreto projetado com fibras de aço e adaptados

para este trabalho, foi possível correlacionar o fator de tenacidade à flexão com

o fator de forma das fibras de aço. Desta maneira, mostrou-se que com estes

modelos pode-se quantificar o ganho de desempenho quanto a tenacidade em

função do fator de forma para vários teores de um determinado tipo de fibra

adicionado à matriz.

6.1.3. Influência do teor de fibras na tenacidade

Foi verificado com grande confiança estatística, para todas as fibras

analisadas neste estudo, a influência muito significativa do teor adicionado na

matriz na tenacidade do CRFA. Foi constatado o aumento da tenacidade do

CRFA com a elevação do teor de fibras adicionado na matriz, fato que

concorda com o que já é aceito e reconhecido na literatura sobre compósitos


154

reforçados com fibras (BALAGURU e SHAH, 1992; BENTUR e MINDESS,

1990; HANNANT, 1978).

6.1.4. Influência do fator de forma na tenacidade

Influência da alteração do fator de forma em função da modificação

do diâmetro equivalente: Nos compósitos reforçados com fibras de seção

retangular de mesmo comprimento com teores de fibra abaixo do volume

crítico, ocorreu um aumento da tenacidade à flexão com o aumento do fator de

forma da fibra, principalmente para os casos onde o consumo de fibras é maior.

Já os compósitos com fibras de seção transversal circular com mesmo

comprimento apresentaram aumento da tenacidade com o aumento do fator de

forma apenas nos menores níveis de deslocamento vertical do prisma. Foi

também observado para os dois tipos de fibra um aumento do número de fibras

presentes na seção de ruptura com o aumento do fator de forma. Estas três

observações conduzem para a proposição de que, para os compósitos

reforçados com fibras de mesmo comprimento onde o fator de forma é alterado

apenas pela modificação do diâmetro equivalente da fibra, o aumento da

tenacidade à flexão se deve ao aumento do número de fibras presentes por

unidade de volume do compósito. Porém, esta influência da distribuição das

fibras na tenacidade ocorre somente nos primeiros níveis de deslocamento

pois, neste ponto, as fissuras ainda estão se formando e podem ter sua

propagação interrompida pelas fibras.

Assim, se o número de fibras por unidade de volume for elevado, maior

a probabilidade de uma fissura ser interceptada por uma fibra o que pode

aumentar a tenacidade do compósito. Porém, para volumes de fibras abaixo do


155

valor crítico, a alteração do diâmetro equivalente não conduzirá a mudanças

significativas do número de fibras presentes em uma unidade volumétrica da

matriz, pelo caráter estocástico da distribuição das mesmas na matriz

(ARMELIN e BANTHIA, 1997). Por isto, este tipo de influência da geometria da

fibra é menos significativo do que a influência do comprimento da fibra ou do

teor adicionado à matriz.

Influência da alteração do fator de forma em função da modificação

do comprimento da fibra: Nos compósitos reforçados com fibras de aço

cilíndricas de mesmo comprimento, não houve aumento da tenacidade à flexão

com o aumento do fator de forma da fibra nos grandes deslocamentos verticais.

Para o mesmo tipo de fibra com mesmo fator de forma e comprimentos

diferentes, houve aumento da tenacidade com o aumento do comprimento da

fibra nos maiores deslocamentos verticais. No caso das fibras onduladas, com

mesmo diâmetro equivalente, houve significativo aumento da tenacidade à

flexão com o aumento do fator de forma. Estes resultados mostram que nos

grandes deslocamentos verticais onde as fissuras possuem grande abertura e

as fibras estão sendo arrancadas, a alteração do fator de forma em função da

mudança do comprimento da fibra influencia mais significativamente na

tenacidade do CRFA do que os outros parâmetros.

A elevação da tenacidade com o aumento do comprimento da fibra

ocorre devido ao aumento do comprimento de ancoragem, o que exige um

consumo de energia maior para o arrancamento da mesma, além disto, em

grandes níveis de deslocamento vertical as fibras já perderam sua ancoragem

mecânica. Tal fato ocorre devido a retificação da ancoragem, ruptura da fibra


156

na ancoragem ou ruptura total da matriz na região de ancoragem. Assim, neste

ponto o mecanismo de aderência entre a fibra e a matriz é apenas por atrito e o

comprimento de ancoragem passa a ser importante no desempenho do

compósito. Desta forma, a alteração do fator de forma em função da mudança

no comprimento da fibra possui influência significativa na tenacidade à flexão

dos compósitos.

6.2. CONCLUSÃO

Com base nas considerações anteriores pode-se concluir:

• O método de avaliação da tenacidade da EFNARC (1996) foi aquele que

proporcionou a melhor avaliação do comportamento pós-fissuração do

concreto reforçado com fibras pois, permitiu a identificação de diferenças de

desempenho entre os compósitos que outros métodos não conseguiram

detectar.

• Deve-se destacar a importância da metodologia de estudo, aqui

empregada, que aplicando os cuidados necessários para o ensaio de

tenacidade e utilizando ferramentas de análise como, modelos empíricos e

análise de variância, permitiu uma avaliação mais confiável da influência da

geometria da fibra na tenacidade à flexão do concreto com fibras de aço.

• O conceito do fator de forma é importante para a avaliação do

comportamento pós-fissuração do concreto reforçado com fibras de aço

pois, indica a influência da distribuição e do comprimento das mesmas na

tenacidade à flexão do compósito.


157

6.3. TRANSFERÊNCIA DOS RESULTADOS AO MEIO TÉCNICO

Os resultados experimentais obtidos e apresentados neste trabalho

servirão como subsídio, aos fabricantes de fibras de aço, para avaliação do

desempenho das fibras utilizadas comercialmente nas construções com CRFA

e também no trabalho de pesquisa e desenvolvimento de novos tipos de fibras

de aço para reforço de concreto.

As correlações elaboradas entre tenacidade e teor de fibras e as

correlações entre os resultados do fator de tenacidade e fator de forma,

viabilizam a execução de diagramas de dosagem das fibras. Com estes

diagramas os projetistas podem dosar a fibra que irão utilizar levando em conta

suas características geométricas e os níveis de tenacidade que o projeto possa

exigir. Entretanto, deve-se ressaltar que os resultados aqui obtidos apresentam

algumas limitações, em função da restrição das matrizes utilizadas, nos níveis

de resistência mecânica estabelecidos. Não seria prudente extrapolar

livremente estes resultados para outras matrizes com resistência mecânica

muito diferentes devido as implicações decorrentes da influência da resistência

da matriz na tenacidade à flexão dos compósitos reforçados com fibras de aço .

Tratando-se da contribuição deste trabalho ao meio acadêmico vale

destacar a metodologia de ensaio experimental e a análise dos resultados

empregados, que permitiram mostrar a influência do fator de forma na

tenacidade com confiabilidade. Trabalhos de outros pesquisadores

(RAMAKRISHNAN, WU e HOSALLI, 1989; SOROUSHIAN e BAYASI, 1991;

BALAGURU, NARAHARI e PATEL, 1992) mostraram esta influência mas, com

limitações na metodologia e nos cuidados com o ensaio de tenacidade à flexão

que comprometeram a confiabilidade dos resultados apresentados. Com a


158

metodologia experimental aqui empregada, conseguiu-se mostrar a influência

dos parâmetros geométricos da fibra de aço na tenacidade à flexão do CRFA

com grande confiança estatística. Assim, entende-se que a metodologia e os

resultados aqui apresentados possam contribuir para a pesquisa do CRFA no

Brasil e motivem a realização de novos trabalhos sobre o assunto.

6.4. PROPOSTAS PARA CONTINUIDADE DAS PESQUISAS

Para o aprofundamento do estudo deste tema podem ser apontados

vários trabalhos de pesquisa. Um deles seria a realização de novos estudos

sobre o comportamento das fibras ancoradas durante seu arrancamento da

matriz seguindo uma metodologia semelhante a utilizada neste trabalho, com o

estudo simultâneo de vários tipos de fibras, com diferentes tipos de ancoragem

mecânica e diferentes comprimentos de ancoragem por atrito.

Outra linha de pesquisa necessária na área dos compósitos de matriz de

concreto reforçados com fibras de aço são os estudos de durabilidade do

material que possam avaliar e, se possível, quantificar o ganho de durabilidade

do concreto com a adição de fibras de aço. Pesquisas sobre o tempo de vida

útil do CRFA em meios agressivos também são necessárias para avaliar a

durabilidade do material frente a ação de agentes agressivos. Assim, pode-se

ampliar as possibilidades de utilização do material como, por exemplo, em

tubulação de esgotos.
159

ANEXOS
160

ANEXO I

CARACTERIZAÇÃO GEOMÉTRICA DAS


FIBRAS SEGUNDO A ASTM A820
161

ANEXO I - CARACTERIZAÇÃO GEOMÉTRICA DAS FIBRAS


SEGUNDO A ASTM A-820
ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F1-A TIPO / ESPEC. : BSF 49 / 1,8


GEOMETRIA : seção retangular ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 49 t (mm) : 0,45 w (mm) : 1,80 d eq(mm) : 1,020 F.F. : 48,0

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 49,00 0,53 1,93 0,00 1,141 42,9 1 0 1
2 49,04 0,46 1,84 0,00 1,038 47,2 1 1 1
3 48,86 0,45 1,88 0,00 1,038 47,1 1 1 1
4 48,97 0,46 1,85 0,00 1,041 47,0 1 1 1
5 49,07 0,43 1,83 0,00 1,001 49,0 1 1 1
6 49,19 0,46 1,88 0,00 1,049 46,9 1 1 1
7 48,90 0,49 1,87 0,00 1,080 45,3 1 1 1
8 49,39 0,44 1,85 0,00 1,018 48,5 1 1 1
9 49,18 0,45 1,55 0,00 0,942 52,2 1 1 1
10 48,58 0,44 1,84 0,00 1,015 47,8 1 1 1
11 48,97 0,44 1,88 0,00 1,026 47,7 1 1 1
12 48,89 0,45 1,84 0,00 1,027 47,6 1 1 1
13 49,18 0,43 1,89 0,00 1,017 48,3 1 1 1
14 48,87 0,43 1,88 0,00 1,015 48,2 1 1 1
15 49,02 0,44 1,84 0,00 1,015 48,3 1 1 1
16 48,92 0,43 1,82 0,00 0,998 49,0 1 1 1
17 49,15 0,46 1,70 0,00 0,998 49,3 1 1 1
18 49,04 0,44 1,88 0,00 1,026 47,8 1 1 1
19 48,95 0,44 1,86 0,00 1,021 48,0 1 1 1
20 49,13 0,42 1,88 0,00 1,003 49,0 1 1 1
média 49,02 0,45 1,84 0,00 1,026 47,9 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,17 0,02 0,08 0,00 0,038 1,8 100,00 95,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
162

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F1-B TIPO / ESPEC. : BSF 49 / 1,4


GEOMETRIA : seção retangular ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 49 t (mm) : 0,45 w (mm) : 1,40 d eq(mm) : 0,900 F.F. : 54,4

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 48,02 0,39 1,36 0,00 0,822 58,4 1 1 1
2 49,23 0,38 1,34 0,00 0,805 61,1 1 0 1
3 49,31 0,45 1,38 0,00 0,889 55,5 1 1 1
4 49,20 0,44 1,38 0,00 0,879 56,0 1 1 1
5 49,22 0,44 1,40 0,00 0,886 55,6 1 1 1
6 49,21 0,44 1,38 0,00 0,879 56,0 1 1 1
7 48,99 0,44 1,42 0,00 0,892 54,9 1 1 1
8 49,29 0,45 1,40 0,00 0,896 55,0 1 1 1
9 49,25 0,44 1,40 0,00 0,886 55,6 1 1 1
10 49,30 0,44 1,40 0,00 0,886 55,7 1 1 1
11 49,10 0,43 1,34 0,00 0,857 57,3 1 1 1
12 48,78 0,44 1,37 0,00 0,876 55,7 1 1 1
13 49,34 0,45 1,37 0,00 0,886 55,7 1 1 1
14 49,16 0,44 1,39 0,00 0,882 55,7 1 1 1
15 48,96 0,43 1,39 0,00 0,872 56,1 1 1 1
16 49,27 0,45 1,32 0,00 0,870 56,7 1 1 1
17 49,22 0,44 1,38 0,00 0,879 56,0 1 1 1
18 49,25 0,44 1,40 0,00 0,886 55,6 1 1 1
19 49,30 0,45 1,40 0,00 0,896 55,0 1 1 1
20 49,24 0,44 1,37 0,00 0,876 56,2 1 1 1
média 49,13 0,44 1,38 0,00 0,875 56,2 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,30 0,02 0,02 0,00 0,023 1,4 100,00 95,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
163

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F1-C TIPO / ESPEC. : BSF 49 / 1,0


GEOMETRIA : seção retangular ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 49 t (mm) : 0,45 w (mm) : 1,00 d eq(mm) : 0,760 F.F. : 64,5

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 49,13 0,48 1,08 0,00 0,812 60,5 1 1 1
2 48,96 0,46 1,01 0,00 0,769 63,7 1 1 1
3 49,06 0,44 1,01 0,00 0,752 65,2 1 1 1
4 49,14 0,46 1,03 0,00 0,777 63,3 1 1 1
5 49,18 0,46 1,06 0,00 0,788 62,4 1 1 1
6 48,91 0,45 0,97 0,00 0,745 65,6 1 1 1
7 49,11 0,47 1,10 0,00 0,811 60,5 1 1 1
8 49,05 0,43 0,98 0,00 0,732 67,0 1 1 1
9 49,15 0,46 1,13 0,00 0,814 60,4 1 1 1
10 49,04 0,45 1,01 0,00 0,761 64,5 1 1 1
11 49,09 0,49 1,14 0,00 0,843 58,2 1 0 1
12 49,09 0,44 1,00 0,00 0,748 65,6 1 1 1
13 49,13 0,45 1,01 0,00 0,761 64,6 1 1 1
14 49,28 0,43 1,05 0,00 0,758 65,0 1 1 1
15 48,90 0,44 0,97 0,00 0,737 66,3 1 1 1
16 49,20 0,45 1,11 0,00 0,797 61,7 1 1 1
17 48,92 0,44 0,97 0,00 0,737 66,4 1 1 1
18 49,02 0,44 1,02 0,00 0,756 64,8 1 1 1
19 49,02 0,45 1,02 0,00 0,764 64,1 1 1 1
20 48,85 0,44 0,98 0,00 0,741 65,9 1 1 1
média 49,06 0,45 1,03 0,00 0,770 63,8 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,11 0,02 0,05 0,00 0,031 2,4 100,00 95,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
164

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F2-A TIPO / ESPEC. : ZP 30/0,5


GEOMETRIA : seção cilíndrica ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 30 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 0,500 F.F. : 60,0

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 28,65 0,50 0,500 57,3 1 1 1
2 28,40 0,55 0,550 51,6 1 1 1
3 28,30 0,50 0,500 56,6 1 1 1
4 28,40 0,50 0,500 56,8 1 1 1
5 28,85 0,50 0,500 57,7 1 1 1
6 28,70 0,50 0,500 57,4 1 1 1
7 28,75 0,55 0,550 52,3 1 1 1
8 28,65 0,50 0,500 57,3 1 1 1
9 28,45 0,50 0,500 56,9 1 1 1
10 28,60 0,50 0,500 57,2 1 1 1
11 28,50 0,50 0,500 57,0 1 1 1
12 28,65 0,50 0,500 57,3 1 1 1
13 28,70 0,55 0,550 52,2 1 1 1
14 28,60 0,55 0,550 52,0 1 1 1
15 28,70 0,50 0,500 57,4 1 1 1
16 28,60 0,50 0,500 57,2 1 1 1
17 28,60 0,55 0,550 52,0 1 1 1
18 28,55 0,50 0,500 57,1 1 1 1
19 28,60 0,50 0,500 57,2 1 1 1
20 28,60 0,50 0,500 57,2 1 1 1
média 28,59 - - 0,51 0,513 55,9 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,13 - - 0,02 0,022 2,3 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
165

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F2-B TIPO / ESPEC. : ZL 50/0,81


GEOMETRIA : seção cilíndrica ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 50 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 0,810 F.F. : 61,7

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 50,35 0,81 0,805 62,5 1 1 1
2 52,90 0,81 0,805 65,7 1 1 1
3 51,10 0,81 0,805 63,5 1 1 1
4 52,90 0,81 0,805 65,7 1 1 1
5 51,35 0,83 0,830 61,9 1 1 1
6 53,50 0,81 0,810 66,0 1 1 1
7 51,30 0,81 0,810 63,3 1 1 1
8 52,80 0,81 0,805 65,6 1 1 1
9 52,20 0,80 0,800 65,3 1 1 1
10 51,40 0,81 0,810 63,5 1 1 1
11 53,10 0,82 0,820 64,8 1 1 1
12 52,15 0,81 0,805 64,8 1 1 1
13 52,90 0,81 0,810 65,3 1 1 1
14 52,55 0,81 0,810 64,9 1 1 1
15 53,40 0,82 0,820 65,1 1 1 1
16 50,30 0,81 0,805 62,5 1 1 1
17 51,65 0,81 0,810 63,8 1 1 1
18 53,80 0,82 0,820 65,6 1 1 1
19 52,00 0,81 0,810 64,2 1 1 1
20 52,50 0,81 0,810 64,8 1 1 1
média 52,21 - - 0,81 0,810 64,4 % OK % OK % OK
des. Padr. 1,01 - - 0,01 0,007 1,2 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
166

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA F2-C TIPO / ESPEC. : ZC 60/1,0


GEOMETRIA : seção cilíndrica ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 60 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 1,000 F.F. : 60,0

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 60,40 1,05 1,050 57,5 1 1 1
2 60,20 1,00 1,000 60,2 1 1 1
3 60,00 1,00 1,000 60,0 1 1 1
4 60,45 0,99 0,990 61,1 1 1 1
5 60,10 1,05 1,050 57,2 1 1 1
6 60,15 1,01 1,010 59,6 1 1 1
7 60,15 0,99 0,990 60,8 1 1 1
8 60,40 0,99 0,990 61,0 1 1 1
9 60,35 1,02 1,020 59,2 1 1 1
10 60,40 1,00 1,000 60,4 1 1 1
11 60,35 1,00 1,000 60,4 1 1 1
12 60,40 1,03 1,030 58,6 1 1 1
13 60,35 1,03 1,030 58,6 1 1 1
14 60,40 1,00 1,000 60,4 1 1 1
15 60,40 1,01 1,010 59,8 1 1 1
16 60,00 0,99 0,990 60,6 1 1 1
17 60,10 1,05 1,050 57,2 1 1 1
18 60,10 0,99 0,990 60,7 1 1 1
19 60,00 1,00 1,000 60,0 1 1 1
20 60,00 1,01 1,010 59,4 1 1 1
média 60,24 - - 1,01 1,011 59,6 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,17 - - 0,02 0,021 1,2 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
167

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F2-D TIPO / ESPEC. : RC 80/60


GEOMETRIA : seção cilíndrica ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 60 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 0,750 F.F. : 80,0

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 58,55 0,77 0,770 76,0 1 1 1
2 58,60 0,76 0,760 77,1 1 1 1
3 58,45 0,77 0,770 75,9 1 1 1
4 58,55 0,78 0,780 75,1 1 1 1
5 58,60 0,78 0,780 75,1 1 1 1
6 58,35 0,77 0,770 75,8 1 1 1
7 58,40 0,76 0,760 76,8 1 1 1
8 58,50 0,78 0,780 75,0 1 1 1
9 58,55 0,76 0,760 77,0 1 1 1
10 58,60 0,76 0,760 77,1 1 1 1
11 58,50 0,77 0,770 76,0 1 1 1
12 58,55 0,76 0,760 77,0 1 1 1
13 58,55 0,76 0,760 77,0 1 1 1
14 58,45 0,76 0,760 76,9 1 1 1
15 58,55 0,76 0,760 77,0 1 1 1
16 58,70 0,76 0,760 77,2 1 1 1
17 58,60 0,77 0,770 76,1 1 1 1
18 58,65 0,78 0,780 75,2 1 1 1
19 58,65 0,78 0,780 75,2 1 1 1
20 58,60 0,76 0,760 77,1 1 1 1
média 58,55 - - 0,77 0,768 76,3 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,09 - - 0,01 0,009 0,8 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
168

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F2-E TIPO / ESPEC. : ZC 60/0,60


GEOMETRIA : seção cilíndrica ANCORAGEM (S/N) : sim

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 60 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 0,600 F.F. : 100,0

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 60,20 0,61 0,610 98,7 1 1 1
2 60,20 0,60 0,600 100,3 1 1 1
3 60,40 0,62 0,620 97,4 1 1 1
4 60,15 0,61 0,610 98,6 1 1 1
5 60,50 0,61 0,610 99,2 1 1 1
6 60,50 0,61 0,610 99,2 1 1 1
7 60,55 0,60 0,600 100,9 1 1 1
8 60,60 0,61 0,610 99,3 1 1 1
9 60,45 0,61 0,610 99,1 1 1 1
10 60,60 0,60 0,600 101,0 1 1 1
11 60,50 0,61 0,610 99,2 1 1 1
12 60,35 0,60 0,600 100,6 1 1 1
13 60,20 0,61 0,610 98,7 1 1 1
14 60,50 0,61 0,610 99,2 1 1 1
15 60,55 0,62 0,620 97,7 1 1 1
16 60,40 0,60 0,600 100,7 1 1 1
17 60,55 0,61 0,610 99,3 1 1 1
18 60,55 0,61 0,610 99,3 1 1 1
19 60,10 0,60 0,600 100,2 1 1 1
20 60,65 0,61 0,610 99,4 1 1 1
média 60,43 - - 0,61 0,608 99,4 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,17 - - 0,01 0,006 1,0 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra dentro das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
169

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F3-A TIPO / ESPEC. : 1"


GEOMETRIA : ondulada - seção semilunar ANCORAGEM (S/N) : sim (ondulações)

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 25,4 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 0,889 F.F. : 28,6

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d eq nom. d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
(mm) 10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 24,20 0,55 2,40 0,89 0,889 27,2 1 1 1
2 25,00 0,55 2,25 0,89 0,889 28,1 1 1 1
3 23,70 0,60 2,25 0,89 0,889 26,7 1 1 1
4 24,60 0,55 2,35 0,89 0,889 27,7 1 1 1
5 25,60 0,55 2,35 0,89 0,889 28,8 1 1 1
6 25,40 0,55 2,35 0,89 0,889 28,6 1 1 1
7 25,60 0,55 2,35 0,89 0,889 28,8 1 1 1
8 25,60 0,50 2,35 0,89 0,889 28,8 1 1 1
9 25,20 0,45 2,00 0,89 0,889 28,3 1 1 1
10 25,50 0,50 2,30 0,89 0,889 28,7 1 1 1
11 24,90 0,55 2,20 0,89 0,889 28,0 1 1 1
12 24,90 0,55 2,30 0,89 0,889 28,0 1 1 1
13 24,55 0,50 2,35 0,89 0,889 27,6 1 1 1
14 24,50 0,55 2,20 0,89 0,889 27,6 1 1 1
15 25,50 0,50 2,25 0,89 0,889 28,7 1 1 1
16 25,55 0,50 2,25 0,89 0,889 28,7 1 1 1
17 25,60 0,50 2,35 0,89 0,889 28,8 1 1 1
18 25,55 0,55 2,20 0,89 0,889 28,7 1 1 1
19 24,60 0,50 2,30 0,89 0,889 27,7 1 1 1
20 24,95 0,55 2,35 0,89 0,889 28,1 1 1 1
média 25,05 0,53 2,29 0,89 0,889 28,2 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,55 0,03 0,09 0,00 0,000 0,6 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra fora das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
170

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F3-B TIPO / ESPEC. : 1,5"


GEOMETRIA : ondulada - seção semilunar ANCORAGEM (S/N) : sim (ondulações)

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 38 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 0,889 F.F. : 42,7

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d eq nom. d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
(mm) 10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 38,60 0,55 2,40 0,89 0,889 43,4 1 1 1
2 38,30 0,55 2,25 0,89 0,889 43,1 1 1 1
3 38,30 0,60 2,25 0,89 0,889 43,1 1 1 1
4 39,30 0,55 2,35 0,89 0,889 44,2 1 1 1
5 37,70 0,55 2,35 0,89 0,889 42,4 1 1 1
6 39,25 0,55 2,35 0,89 0,889 44,2 1 1 1
7 39,20 0,55 2,35 0,89 0,889 44,1 1 1 1
8 36,70 0,50 2,35 0,89 0,889 41,3 1 1 1
9 39,80 0,45 2,00 0,89 0,889 44,8 1 1 1
10 39,60 0,50 2,30 0,89 0,889 44,5 1 1 1
11 40,10 0,55 2,20 0,89 0,889 45,1 1 1 1
12 39,70 0,55 2,30 0,89 0,889 44,7 1 1 1
13 36,40 0,50 2,35 0,89 0,889 40,9 1 1 1
14 37,40 0,55 2,20 0,89 0,889 42,1 1 1 1
15 38,00 0,50 2,25 0,89 0,889 42,7 1 1 1
16 39,65 0,50 2,25 0,89 0,889 44,6 1 1 1
17 38,55 0,50 2,35 0,89 0,889 43,4 1 1 1
18 37,85 0,55 2,20 0,89 0,889 42,6 1 1 1
19 37,00 0,50 2,30 0,89 0,889 41,6 1 1 1
20 39,85 0,55 2,35 0,89 0,889 44,8 1 1 1
média 38,56 0,53 2,29 0,89 0,889 43,4 % OK % OK % OK
des. Padr. 1,13 0,03 0,09 0,00 0,000 1,3 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra fora das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
171

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO - ASTM A 820

FIBRA: F3-C TIPO / ESPEC. : 2"


GEOMETRIA : ondulada - seção semilunar ANCORAGEM (S/N) : sim (ondulações)

Dimensões especificadas
Ln (mm) : 50,8 t (mm) : - w (mm) : - d eq(mm) : 0,889 F.F. : 57,1

Valores apresentados pelas amostras Verif. espec. ( 1 = ok , 0 = ñ ok )


Amostra Ln (mm) t (mm) w (mm) d (mm) d eq (mm) F. F. Ln ok? d eq ok? F.F. ok?
10 % esp. 10 % esp. 15 % esp.
1 50,25 0,55 2,40 0,89 0,889 56,5 1 1 1
2 49,90 0,55 2,25 0,89 0,889 56,1 1 1 1
3 49,90 0,60 2,25 0,89 0,889 56,1 1 1 1
4 49,90 0,55 2,35 0,89 0,889 56,1 1 1 1
5 49,55 0,55 2,35 0,89 0,889 55,7 1 1 1
6 50,15 0,55 2,35 0,89 0,889 56,4 1 1 1
7 50,00 0,55 2,35 0,89 0,889 56,2 1 1 1
8 51,85 0,50 2,35 0,89 0,889 58,3 1 1 1
9 49,80 0,45 2,00 0,89 0,889 56,0 1 1 1
10 50,00 0,50 2,30 0,89 0,889 56,2 1 1 1
11 50,50 0,55 2,20 0,89 0,889 56,8 1 1 1
12 50,10 0,55 2,30 0,89 0,889 56,4 1 1 1
13 50,35 0,50 2,35 0,89 0,889 56,6 1 1 1
14 50,00 0,55 2,20 0,89 0,889 56,2 1 1 1
15 50,45 0,50 2,25 0,89 0,889 56,7 1 1 1
16 49,90 0,50 2,25 0,89 0,889 56,1 1 1 1
17 50,10 0,50 2,35 0,89 0,889 56,4 1 1 1
18 50,20 0,55 2,20 0,89 0,889 56,5 1 1 1
19 49,75 0,50 2,30 0,89 0,889 56,0 1 1 1
20 49,70 0,55 2,35 0,89 0,889 55,9 1 1 1
média 50,12 0,53 2,29 0,89 0,889 56,4 % OK % OK % OK
des. Padr. 0,48 0,03 0,09 0,00 0,000 0,5 100,00 100,00 100,00
OBS: Fibra fora das características prescritas pela ASTM A 820 Resultado : APR APR APR
172

ANEXO II

MATERIAIS DA MATRIZ DE CONCRETO


173

ANEXO II – CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DA MATRIZ


DE CONCRETO

CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO

ENSAIOS CP II E CP V ARI
32 PLUS
# 200 (%) 3,4 0,1
Blaine NBR
7224 363,5 462,0
(m2/kg)
a/c para
consistência 28,0 28,1
normal (%)
Tempo de
Físicos pega (min.) início 167 123

NBR 11581 fim 235 182


Resistência à 1 dia 13,7 18,0
Compressão 3 dias 26,6 42,2
(MPa)
NBR 7215 7 dias 33,0 46,6
28 dias 42,7 55,7
CO2 (%) 4,78 2,03
PF 500o C (%) 0,45 -
Químicos PF 1000o C 4,97 2,73
NBR 5743 (%)
R.Insolúvel 0,55 0,41
NBR 5744 (%)
SO3 (%) 1,97 2,71
MgO (%) 1,54 0,60
174

CARACTERIZAÇÃO DA AREIA

Abertura da Peneira (mm) %Retida


Média Acumulada
4,8 1,5 1,5
2,4 3,9 5,4
1,2 8,8 14,2
0,6 27,9 42,1
0,3 33,1 75,2
0,15 21,6 96,8
< 0,15 3,3 100,1
Dimensão máxima característica da areia = 4,8 mm
Módulo de finura = 2,35
Massa específica = 2,62 g/cm3

CARACTERIZAÇÃO DO PEDRISCO

Abertura da Peneira (mm) %Retida


Média Acumulada
12,5 0,3 0,3
9,5 4,0 4,3
6,3 62,1 66,4
4,8 19,2 85,6
< 4,8 14,1 99,7
Dimensão máxima característica 9,5 mm
Módulo de finura 5,90
Massa específica 2,64 g/cm3
Absorção 1,07 %
Massa unitária 1,39 kg/dm3
175

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