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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


MESTRADO PROFISSIONAL EM CLIMATOLOGIA E APLICAÇÃO NOS PAÍSES DA
CPLP E ÁFRICA

JOSÉ RONILDO REIS FRANCESCHINI

SISTEMA DE ALERTA PARA POSSÍVEIS CHEIAS NA CIDADE DE CAUCAIA CE,


UTILIZANDO VOIP E TELEFONIA CONVENCIONAL

FORTALEZA – CEARÁ
2019
JOSE RONILDO REIS FRANCESCHINI

SISTEMA DE ALERTA PARA POSSÍVEIS CHEIAS NA CIDADE DE CAUCAIA CE,


UTILIZANDO, VOIP E TELEFONIA CONVENCIONAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado


Profissional em Climatologia e Aplicação nos Países
CPLP e África do Centro de Ciências e Tecnologia da
Universidade Estadual do Ceará, como requisito
parcial à obtenção do título de mestre em
Climatologia e Aplicação nos Países CPLP e África.
Área de Concentração: Produtos de Modelagem
Numérica da Atmosfera aplicados em Proteção e
Defesa Civil no Ceará.

Orientador: Prof. Dr. Vicente P. Silva.

FORTALEZA - CEARÁ
2019
JOSÉ RONILDO REIS FRANCESCHINI

SISTEMA DE ALERTA PARA POSSÍVEIS CHEIAS NA CIDADE DE CAUCAIA


CE, UTILIZANDO VOIP E TELEFONIA CONVENCIONAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado


Profissional em Climatologia e Aplicação nos Países
CPLP e África do Centro de Ciências e Tecnologia da
Universidade Estadual do Ceará, como requisito
parcial à obtenção do título de mestre em
Climatologia e Aplicação nos Países CPLP e África.
Área de Concentração: Produtos de Modelagem
Numérica da Atmosfera aplicados em Proteção e
Defesa Civil no Ceará.

Aprovada em: 31 de julho de 2019.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Vicente P. Silva (Orientador)

Profa. Dra. Vanessa de Almeida Dantas


Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais — INPE

Prof a. Dra. Meiry Sayuri Sakamoto


Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - FUNCEME
AGRADECIMENTOS

Ao Jesus Cristo por me amparar nos momentos difíceis, dar-me força interior para
superar as dificuldades, mostrar os caminhos nas horas incertas e me suprir em todas as
minhas necessidades.

A minha esposa Aline, em especial ao meu pequenino Benício que me deu uma nova
razão de vida, os meus filhos Antônio Gabriel, José Guilherme,

À minha família principalmente aos meus pais, Sebastião, Maria José, cujo amor é
eterno e a saudade infinita. Aos meus irmãos Pedro, Terezinha, Antônio e José Maria
pelos incentivos aos estudos desde de criança.

Aos meus colegas Victor, Patrick, Aline Castro e Pedro Catanho que contribuíram
diretamente para a concretização deste trabalho ajudando-me por todos os momentos de
atribulações; a todos os colegas e professores do Mestrado em Climatologia e
Aplicações nos Países da CPLP e África pelo convívio e aprendizado;

A Universidade Estadual do Ceará, por disponibilizar um curso de mestrado com alto


nível acadêmico, as instituições INPE, FUNCEME e à Defesa Civil de Caucaia por
acreditar nas minhas ideias e abrirem o caminho para a realização desse sonho.

Por fim faço minhas as palavras de René Descartes “Dubito, ergo cogito, ergo sum - Eu
duvido, logo penso, logo existo".
RESUMO

Ao analisarmos os registros de desastres nas últimas décadas verificamos que grande parte do que
ocorre no Brasil, está intimamente ligado à desinformação sobre as vulnerabilidades e riscos
existentes em determinadas áreas urbanas. Os centros urbanos como a cidade de Caucaia no CE,
sofrem com diversas atividades antrópicas, como ocupações clandestinas, áreas sob margens de rios e
lagoas, encostas, entre outras, elevando o risco de acidentes e também ocasionando transtornos
materiais e risco de vida, devido a possíveis acidentes que podem ocorrer, principalmente em época
de chuvas. Assim, esta pesquisa desenvolveu-se com o objetivo de propiciar à Defesa Civil da
cidade de Caucaia um sistema que possibilite automaticamente a detecção da ocorrência de possíveis
cheias em áreas de risco, utilizando a tecnologia Voz sobre IP (Voice over Internet Protocol). O
Sistema permite a emissão de SMS, e-mails e chamadas telefônicas, antecipando suas atuações e
também informando a população, em caso de possíveis cheias, para salvaguardar suas vidas. Esses
SMS classificam as possibilidades em cheias moderadas, fortes e muito fortes, possibilitando
medidas antecipadas de segurança para quem receber os avisos. No que se refere ao tipo de pesquisa
utilizada, foi empregada a pesquisa quantitativa, aplicativa, bem como pesquisa bibliográfica e
documental, como forma de fundamentar o estudo. Verificou-se que foi pertinente a construção do
sistema como forma de agregar valor aos trabalhos da Defesa Civil permitindo-lhes disseminar estes
conteúdos para criação de uma futura cultura de prevenção de cheias.

Palavras-chave: Sociedade. Desastres Naturais. Telefonia IP. Asterisk. Desenvolvimento de


Software.
ABSTRACT

When analyzing the records of disasters in the last decades we verified that much of what has been
happening in Brazil is closely linked to the disinformation about vulnerabilities and risks existing in
certain urban areas. Urban centers such as the city of Caucaia CE, suffer from various human
interventions, such as clandestine occupations, areas along riverbanks and lagoons, slopes, among
others, increasing the risk of accidents and also causing disruption to matters and sometimes against
their own lives, due to possible accidents that may occur, especially in rainy season. Thus, the work
in epigraph was developed with the objective of providing to the Civil Defense of the city of Caucaia
a system that automatically allows the detection of possible floods in areas of risk using Voice over
IP technology. The system allows the issuance of SMS, e-mails and phone calls, anticipating their
actions and also informing the population, in case of possible floods, to safeguard their lives. These
SMS classify the possibilities in moderate, strong and very strong floods, telling the right person to
take the time to take action to protect their own lives. With regard to the type of research used,
quantitative research was applied, as well as bibliographical and documentary research, as a basis for
the study in the epigraph. It was verified that it was pertinent to construct the system as a way of
adding value to the Civil Defense works, allowing them to disseminate these contents to create a
future culture of flood prevention.

Keywords: Society. Natural Disasters. Ip Telephony. Asterisk. Software Development,


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Tentativa de reduzir a erosão costeira da praia do Icaraí em


Caucaia - CE. ..................................................................................................................
27
Figura 2 – Localização da Área de Estudo. ....................................................................................
28
Figura 3 – Mapa Hidrográfico de Caucaia, com detalhes do Riacho Gavião
popularmente conhecido como Rio Picuí. ....................................................................
29
Figura 4 – Mapa com a Distribuição populacional de Caucaia segundo
distritos para o ano de 2010. .........................................................................................
31
Figura 5 – Demarcação dos 9 Setores de Áreas de Risco da Cidade de
Caucaia. ...........................................................................................................................
33
Figura 6 – Setor 1: São Miguel, frifort, parque das nações e Zizi gavião Área
na planície fluvial do rio Maranguapinho. ..................................................................
34
Figura 7 – Setor 2: Favela Da Cagece - A comunidade ocupa A Franja de
Mangue Da Planície Fluviomarinha Do Rio Ceará. ...................................................
35
Figura 8 – Setor 3: Área de mangue, sujeita a inundações periódicas, na
planície do rio Ceará. .....................................................................................................
36
Figura 9 – Setor 4: Extensa área na planície de inundação do Rio Ceará. ................................
37
Figura 10 – Setor 5: Área ocupada junto a um meandro do rio Ceará. ........................................
38
Figura 11 – Setor 6: Área ocupada na planície de inundação do rio Ceará. ................................
39
Figura 12 – Setor 7: Área situada na planície Fluviomarinha do rio Ceará. ................................
40
Figura 13 – Setor 8: Área na planície flúvio-marinha do rio Ceará. ............................................
41
Figura 14 – Setor 09: Estuário do rio Ceará. ...................................................................................
42
Figura 15 – Montagem da estrutura da Estação 230370903a - Conjunto
Metropolitano. ................................................................................................................
43
Figura 16 – Registro de Chuvas de Janeiro a abril de 2019 no Estado do CE. ............................
44
Figura 17 – Forte chuva ocorrida no dia 24 de fevereiro de 2019 provoca cheia
do Rio Ceará e deixa casas alagadas. ...........................................................................
45
Figura 18 – Transtornos causados pela chuva do dia 6 de março 2019 em
Fortaleza. ........................................................................................................................
46
Figura 19 – As cores e os limiares utilizados pelo CEMADEN para
precipitações ocorridas no dia 14 de abril de 2019 em Caucaia. ...............................
48
Figura 20 – Configuração e Instalação do Sistema Slapvoip utilizando
Software Linux. ..............................................................................................................
50
Figura 21 – Configuração das programações e encaminhamentos das
chamadas telefônicas (blocos 1 e 2). .............................................................................
52
Figura 22 – Configuração das programações e encaminhamentos das
chamadas telefônicas (bloco 1). .....................................................................................
53
Figura 23 – Configuração do Sistema do Getphone. .......................................................................
54
Figura 24 – Tela de Configuração do Cadastro de Alerta PHP. ....................................................
59
Figura 25 - Resultados dos envios.....................................................................................................
59
Figura 26 – Telas de Cadastramento Dos Usuários e Registro dos Alerta. ...................................
59
Figura 27 – Telas após o login no Slapvoip.cf ilustrando as possíveis
possibilidades das cheias. ...............................................................................................
61
Figura 28 – Reportagem do Metroplenews com cheias de Caucaia em 14 abril
2019. .................................................................................................................................
62
Figura 29 - Registros das ocorrências no Banco de Dados SQL do Slapvoip. 63
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Registro Chuva Extrema na Cidade do Rio de Janeiro em 8 abril de 2019. .............. 23
Tabela 2 - População Total, Urbana e Rural de Caucaia e Distritos. ........................................... 31
Tabela 3 - Localização dos Pluviômetros do CEMADEN na Cidade de Caucaia........................ 44
Tabela 4 - Datas dos Registros com precipitações dos Pluviômetros do CEMADEN. ................ 57
Tabela 5 - Cores dos Alertas e patamares dos índices de envio SMS. ........................................... 59
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Eventos naturais frequentes no Ceará.......................................................................... 26


Quadro 2 - Eventos naturais frequentes no Ceará.......................................................................... 27
Quadro 3 - Datas dos registros das ocorrências registradas pela Defesa Civil de Caucaia. ....... 58
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA Áreas de Proteção Ambiental


API ´s Interface de Programação de Aplicativos
ASTERISK Software livre utilizado em centrais telefônicas
BSD Berkeley Software Distribution
CEMADEN Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
CEPED Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil
CEPAL Comissão Econômica para América Latina
COMPDECA Comissão Municipal de Defesa Civil de Caucaia
CRED Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia de Desastres
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
GETFHONE Servidor de configuração serviços Telefônicos de interface para API´s
GIEAS Fórum de Engenharia, Tecnologia, Ciências Aplicadas
GIRD Gestão Integrada de Risco de Desastres
GLP Licença Pública Geral
HTTP Protocolo de Transferência de Hipertexto
IETF Internet Engineering Task Force - Força Tarefa de Engenharia na Internet
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
ONU Organização das Nações Unidas
PABX Central Telefônica Automática Publica Comutada
PHP Processador de Linguagem de Hipertexto
PSTN Rede Pública de Telefonia Comutada
PWA Progressão Web para Aplicativos
SEDEC Secretaria Nacional de Defesa Civil
SIBICS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
SIP Protocolo de Sessão Inicial
SLAPVOIP Sistema Leitura Automática de Pluviômetros sobre Voz IP
SMTP Protocolo de Transferência de Correio Simples
SMS Serviço de Mensagens Curtas
SQL Linguagem de Consulta Estruturada
SREX Sinergia entre o ordenamento do território e Exergia
UBUNTU Software de Distribuição Linux
UFSC Universidade Federal de São Carlos
VOIP Voz Sobre IP
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................
15
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................................
18
2.1 GERAL ............................................................................................................... 18
2.2 ESPECÍFICOS .....................................................................................................................................
18
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................................
19
3.1 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E INCREMENTO DOS DESASTRES ...........................................
21
3.2 ALGUNS TIPOS DE DESASTRES NATURAIS MAIS COMUNS NO
ESTADO DO CEARÁ.........................................................................................................................
25
4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 29
4.1 ÁREAS DE RISCO DE CAUCAIA.................................................................... 29
4.2 CARACTERÍSTICAS SÓCIOS ECONÔMICAS E GEOGRÁFICAS DE
CAUCAIA. ...........................................................................................................................................
29
4.2.1 Descrição dos nove setores das áreas de risco do Município de Caucaia ......................................
34
4.2.2 Desenvolvimento do método ..............................................................................................................
47
4.2.3 Desenvolvimento e Programação do Sistema Slapvoip...................................................................
48
4.2.4 Configurações Do Sistema Getphone – Cérebro da Operação ......................................................
54
4.2.5 Procedimento Configurações de Cadastro Usuários e dos Registros dos
Alertas.... .............................................................................................................................................
55
5 RESULTADOS ...................................................................................................................................
57
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................................................
64
7 SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DESTE TRABALHO ...................................................
65
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................
66
1 INTRODUÇÃO

A humanidade tem contribuído para agravar quadros de vulnerabilidades, com origem


desde o início das primeiras aglomerações humanas, e devido principalmente ao forte crescimento
das cidades, aliado a falta de um ordenamento territorial. Muitas famílias ocupam as áreas como
vertentes inclinadas, solos instáveis, planícies de inundação, entre outros ambientes impróprios
para uso residencial. Muitas vezes atribuindo as alterações do ambiente às ações de terceiros, não
se percebendo enquanto agente envolvido no processo. Nessas condições esses eventos tornam-se
um desastre natural e encontram a vulnerabilidade instalada com as pessoas residindo em áreas
inadequadas (MARANDOLA JR, 2004).
O homem vem intensificando alterações no meio ambiente a fim de moldar o meio físico
às suas necessidades e usos. Tais alterações provocam perturbações no equilíbrio dos sistemas
naturais que, em função das características intrínsecas do território, da interação e magnitude dos
eventos, agravados pelas mudanças climáticas, resultam em situações de vulnerabilidade que
podem provocar desastres (RELATÓRIO ANUAL BANCO MUNDIAL, 2012).
No Brasil, a ocorrência e a intensidade dos desastres naturais dependem mais do grau de
vulnerabilidade das comunidades afetadas, do que da magnitude dos eventos adversos. Os eventos
extremos ocorridos nos últimos cinco anos geraram recordes de impactos sobre a população,
desabrigando milhares e levando à óbito centenas, mobilizando diversos segmentos sociais,
acadêmicos e dos governos e são crescentes também o número e a intensidade dos desastres
provocados, especialmente, por inundações e deslizamentos, ocasionando impactantes perdas de
bens e vidas humanas (UFSC, 2013).
Ao analisar os registros de desastres nas últimas décadas, verificamos que muito do que
vem ocorrendo no Brasil e no Ceará, está intimamente ligado à desinformação sobre as
vulnerabilidades e riscos existentes em determinas áreas urbanas.
Segundo o Patrono da Defesa Civil Nacional, (CASTRO, 2010), a ciência tem um papel
fundamental na construção de elementos que possam ajudar as ações da Defesa Civil no combate
dessas vulnerabilidades:

A relevância cientifica é tamanha que, com base nas notificações feitas à Secretaria
Nacional de Defesa Civil (SEDEC) e as ocorrências atendidas diariamente pelos agentes
municipais de Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros em todo o país, foi possível a
construção do primeiro Atlas Brasileiro de Desastres, que pôde proporcionar subsídios
essenciais sobre as cidades Brasileiras com maior índice de vulnerabilidade buscando
direcionar as suas ações para ajudar a população.

De acordo com o IBGE, no Nordeste 185.749 cearenses vivem em áreas de risco. Esse
número corresponde a 2,2% da população do Estado. No Ceará existem 316 áreas de risco
identificadas pela pesquisa "População em áreas de risco no Brasil". De acordo com este
levantamento, 1.327 domicílios cearenses estão erguidos em áreas suscetíveis a desastres naturais
como inundações, enxurradas, deslizamentos e desabamentos, fazendo do Ceará o nono estado
brasileiro com maior número de moradores nesta situação. Já na região nordeste, o território
cearense fica em terceiro, mas bem distante dos dois primeiros colocados: Bahia com 1.375.788 e
Pernambuco com 829.058 (IBGE, 2010).
Em relação ao número de áreas de risco, o Estado fica em quarto lugar no Nordeste.
Pernambuco, que lidera esse ranking, tem quase sete vezes mais pontos nessa situação: são 2.147.
Em seguida, a Bahia aparece com 1.835, e Alagoas com 503. A região concentra 5.471 áreas de
risco, que equivale a 19,7% de todas as 27.660 identificadas pelo levantamento em todo o País.
No Ceará, foram monitoradas 39 cidades, dentre as quais Fortaleza lidera, concentrando
55,3% das pessoas vivendo em situação de risco no Estado. São 102.836 pessoas nesta capital,
distribuídas em 89 áreas, correspondendo a 4,2% dos habitantes do município. Com o resultado, a
Capital é a 12ª cidade brasileira com maior população em domicílios vulneráveis. Das 39 cidades
do Ceará estudadas, destacamos Caucaia, na Região Metropolitana, que aparece na pesquisa com
16.463 pessoas expostas, em 4.436 domicílios, (população 325441) que corresponde a 5,1 % da
população. Em terceiro lugar vem a cidade de Sobral, no Norte do Estado, onde 10.494 pessoas
vivem em 2.716 moradias de risco, (população de 188233) corresponde 5,6%.
Dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE, a Cidade de
Caucaia situa-se na bacia hidrográfica metropolitana de Fortaleza, CE, e seus rios de maior aporte
são Ceará, Cauípe e Anil. Encontram-se no contexto da bacia hidrográfica do município lagoas e
açudes, com destaque para os açudes Sítios Novos e Cauípe. É um dos municípios cearenses mais
ricos em lagoas permanentes (IPECE, 2008; 2010).
A maioria dos rios de Caucaia, entretanto, caracteriza-se por serem temporários, como por
exemplo, o Rio Gavião, conhecido como Riacho Picuí.
O Plano de Contingência realizado em 2010 pela Prefeitura Municipal de Caucaia, através
de sua Comissão de Defesa Civil Municipal - COMPDECA, revelou que neste bairro (que leva o
nome do mesmo rio) existem 1.400 famílias que vivem em área de risco às suas margens. Estas
são atingidas no período de chuvas por cheias, alagamentos, causando danos diversos as suas
residências e doenças provenientes das baixas condições sanitárias do local.
No plano citado acima, consta que a população, não só desse bairro, mas todos os bairros,
sofrem vários transtornos com relação a esses incidentes que causam prejuízo a todos que vivem
nessas áreas.
A região de Caucaia, nos períodos de chuva, é constantemente atingida por cheias e
enchentes. Muitas famílias perdem bens materiais e as vezes existem até acidentes fatais em
decorrências desses fatores. O pouco que esta população, em área de risco, consegue obter através
de seus esforços, perdem-se elevando ainda mais o nível de vulnerabilidade social.
Para tentar amenizar esses problemas e contribuir para uma melhora na vida social dessa
população, foi pertinente através deste estudo e levantamentos, desenvolver um sistema de alerta
para possíveis cheias na cidade de Caucaia, utilizando Voz sobre IP e telefonia convencional
chamado Slapvoip (Sistema de Leitura Automática de Possíveis Cheias sobre IP).
O Slapvoip é um sistema fácil de operar em comparação aos outros analisados durante o
levantamento do trabalho. Por exemplo, em relação a sua instalação pode-se usar um celular
simples, com ou sem o sistema Android, visto que as chamadas e envios de SMS são feitas mesmo
sem o funcionamento da Internet através da Rede Convencional de Telefonia Pública- PSTN. Isto
apresenta uma vantagem considerável em relação a outros sistemas, como o do CEMADEN, que
por se tratar de um sistema complexo, impõe a necessidade do uso da internet para se ter acesso às
informações. Outra vantagem é que o cadastro no sistema pode ser feito apenas acessando o link
slapvoip.cf, sem precisar baixar qualquer software de auxilio ou mesmo registro de licenças para o
seu uso, já que se trata de uma distribuição Linux aberta.
Na realidade, o Slapvoip poderá auxiliar e salvaguardar vidas da população que vive em
áreas de risco, em casos de possíveis cheias, e contribuir para uma futura cultura de prevenção de
desastres, ajudando a diminuir os transtornos causados por essas situações.
2 OBJETIVOS

2.1 GERAIS

Propiciar à Defesa Civil da cidade de Caucaia no Estado CE, um sistema que possibilite a
detecção, em tempo real da ocorrência de possíveis cheias em áreas de risco.

2.2 ESPECÍFICOS

Criar um sistema automático de informações padronizadas de mensagens de possíveis


cheias, para a Defesa Civil de Caucaia, utilizando a tecnologia Voz sobre IP;

Desenvolver um sistema de monitoramento de alerta de possíveis cheias, utilizando


software Linux Asterisk;

Gerar chamadas telefônicas, mensagens SMS e mensagens via e-mail com informações de
alertas de cheias para a Defesa Civil;

Utilizar as informações disponíveis no Banco de Dados SQL para elaboração no futuro de


relatórios online;

Automatizar o cadastramento dessas informações.

Tornar operacional o modelo de previsão de possíveis cheias para a Defesa Civil.


3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O planeta Terra é composto por um complexo sistema, onde se encontram: atmosfera,


litosfera, hidrosfera e biosfera. A sinergia existente entre eles equivale justamente a combinação
dos elementos naturais do nosso planeta, bem como à maneira com que eles interagem entre si.
Dentro desta sinergia e do dinamismo existente entre eles, surge o homem, que através da
modificação do ambiente, com o intuito de melhorar os espaços para atender aos seus anseios, cria
em determinadas situações, vulnerabilidades que podem se converter em desastres (LOVELOCK,
2010).
Com um sistema dinâmico, o nosso planeta está em constante modificação pela ocorrência
dos fenômenos naturais. Parte destes fenômenos têm origem na dinâmica interna da Terra, como a
movimentação de placas tectônicas que geram atividades vulcânicas, terremotos e tsunamis.
Outros são de origem externa como as atividades solares e tem como causa principal a dinâmica
atmosférica, que pode causar furacões, tempestades, ressacas, vendavais, secas, inundações,
estiagem, entre outros. As intervenções humanas, como a exploração dos recursos naturais, o uso e
a ocupação dos espaços naturais, também geram impactos. Parte deles pode ser absorvida, ou seja,
os impactos ocorrem sem esgotar os recursos naturais; entretanto, outros são tão intensos que
acabam desencadeando um desequilíbrio ambiental, e a resposta da natureza a essas intervenções
tem a necessidade de atingir um novo equilíbrio, que se manifesta por meio de fenômenos naturais
de origem externa. Entre os principais fenômenos naturais que podem ser induzidos ou
potencializados pelo ser humano estão cheias, inundações, enchentes, erosão, deslizamentos de
solo, erosão marinha, entre outros que contribuem para a ocorrência de eventos desastrosos
(AMARAL; GUTJAHR, 2011).

Ao longo das décadas, especialistas vem buscando compreender os fenômenos


desencadeadores de desastres e, desta compreensão, surgiram algumas definições ou conceitos
sobre os desastres.

Estes variam em tempo e espaço, conforme as vulnerabilidades existentes ou criadas por


ações antrópicas indevidas, como o processo de urbanização, uso inadequado de recursos hídricos,
entre outros. Ao longo das últimas três décadas, estas vulnerabilidades tem sido campo de estudo
para especialistas. A variação espacial destas ocorrencias é um aspecto fundamental dos riscos
naturais e de fenômenos extremos, que têm sido um tema fecundo para seus estudos
(ALEXANDER, 2004).
Castro e Calheiros (2007) definem que “Os desastres naturais ocorrem quando provocados
por fenômenos e desequilíbrios da natureza. Nesses casos, são provocados por fatores de origem
externa, que atuam independentemente das ações humanas”. Já Tominaga e Amaral (2009),
afirmam “Quando os fenômenos naturais atingem áreas ou regiões habitadas pelo homem
causando-lhe danos, passam a se chamar desastres naturais”.

Os autores Amaral e Gutjahr (2011) destacam “denominam-se de desastre natural a


ocorrência de um fenômeno natural que modifica a superfície terrestre e atinge áreas ou regiões
habitadas, causando danos materiais e humanos” e “no Brasil, as condições climáticas fazem com
que a Região Centro Oeste seja uma das mais afetadas por incêndios florestais”. Para os mesmos
autores, na região Nordeste o desastre natural que mais atinge a população é a seca, e a região Sul
é a área mais sujeita a vendavais e granizos, por ser a mais afetada pelas frentes frias. Na região
Sudeste, principalmente pelas condições de relevo, os desastres naturais, como cheias e
inundações, ocorrem nas áreas com alta declividade.

De acordo com o Quarto Relatório do IPCC - AR4 (IPCC, 2007), o aquecimento global
causará aumento de eventos extremos com a intensificação das chuvas, elevação do nível do mar e
extensão dos períodos de secas, gerando desastres.

Chuvas torrenciais e inundações estão se tornando mais comuns, e os danos causados por
tempestades e ciclones tropicais aumentaram; isto pode ser lido no recente relatório sobre eventos
extremos do IPCC–SREX (IPCC, 2001), que apresenta um resumo das mudanças observadas em
todo o mundo.

O estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 2011, cita,
particularmente sobre o Brasil, que tanto o caso de chuvas torrenciais como o de secas, sinalizam
uma baixa confiabilidade nas tendências encontradas, com grandes variações em todas as sub-
regiões. Com relação a eventos extremos e seus impactos, o Brasil vivenciou o primeiro furacão já
registrado no Sul: o furacão Catarina, ocorrido em março de 2004. No Sul e no Sudeste do Brasil,
as chuvas intensas têm sido mais frequentes nos últimos 50 anos. A produtividade agrícola será
afetada em todo o mundo, especialmente nos trópicos, ameaçando a segurança alimentar de
muitos países, podendo os desastres naturais acontecerem com maiores constâncias e afetando a
população em geral (segundo esse mesmo estudo).

A International Strategy for Disaster Reduction (ISDR, 2009), descreve que o desastre
seria uma interrupção no funcionamento de uma comunidade ou sociedade que ocasiona uma
grande quantidade de mortes ou iguais perdas e impactos materiais, econômicos e ambientais que
excedam a capacidade da comunidade ou da sociedade afetada para enfrentar a situação mediante
o uso de seus próprios recursos.

Para Maskrey (1993), entender os chamados desastres naturais, a fim de podermos preveni-
los e nos recuperarmos depois que se foram produzidos, é necessário desprender-se de uma série
de interpretações equivocadas, que turvam nossas mentes e nos impedem de atuar corretamente.
Este esclarece ainda o fato de que a grande maioria dos pesquisadores descreve os desastres
naturais erroneamente.

No Brasil, das várias interpretações possíveis sobre aquilo que toma a denominação de
desastres, há que se ter em conta uma em particular; qual seja, a de que aquilo que é reconhecido no
meio institucional de defesa civil como desastre é, antes de tudo, o fenômeno de constatação
pública de uma vulnerabilidade na relação do Estado com a sociedade diante o impacto de um
fator de ameaça que não se conseguiu, a contento, impedir ou minorar os danos e prejuízos. O
desastre poderá ser decorrente de fenômenos físicos naturais, cujas consequências do mesmo
dependerá da intensidade em função da magnitude dos danos e dos prejuízos provocados em um
ecossistema vulnerável aos efeitos do fenômeno físico. Ou seja, nos corpos receptores existentes
no ecossistema vulnerável, resultem em danos e/ou prejuízos mensuráveis (VALÊNCIO, 2009).

3.1 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E INCREMENTO DOS DESASTRES

Os relatórios anuais do Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia de Desastres (CRED,


2016) citam os principais fenômenos naturais que vem ao longo dos anos ocorrendo e/ou se
intensificando no Brasil. Os desastres estão relacionados a quatro tipos de eventos, climatológico,
hidrológico, meteorológico e geofísico, os quais proporcionam a ocorrência de desmoronamentos,
enchentes, enxurrada entre outros. As mudanças climáticas inserem-se nesse contexto, agravando
o quadro de vulnerabilidade da população exposta ao risco. Em termos conceituais, a condição de
risco une dois elementos: a suscetibilidade e a vulnerabilidade, que são potencializados pela
probabilidade dos eventos climáticos. Determinada população está em condição de risco quando
ocupa um terreno suscetível a desastres, dada a condição geológica-geotécnica propícia, e de
modo frágil, conforme o padrão construtivo das edificações, tornando-se, assim, vulnerável,
(MARANDOLA JR.; HOGAN, 2004).
No que diz respeito às inundações e enxurradas, é importante destacar sua relação com as
ocupações nas cidades que, em sua maioria, se deram em áreas ribeirinhas (leito maior dos rios),
principalmente nos lugares em que a frequência de enchente é baixa. Com o expressivo aumento
da superfície impermeabilizada nas cidades, provocado pelas ocupações, e sua contribuição para o
aumento da área de enchente, houve o aumento da frequência e a intensificação das inundações,
gerando desse modo, danos a essas populações. Colabora ainda com o problema, a alteração na
cobertura vegetal em áreas rurais que acarreta a modificação da dinâmica das águas na bacia e os
condicionantes do ciclo hidrológico, impactando os rios quanto à quantidade e a qualidade da água
e ainda provocando assoreamento (TUCCI et al., 1989).

Quanto aos deslizamentos, o aumento de ocorrências de desastres é, em sua maioria,


derivado da ocupação inadequada de áreas de risco geológico potencial. A ocupação de áreas
íngremes por assentamentos precários, caracterizados pela ausência de infraestrutura urbana
(principalmente sistemas de drenagem), a execução de cortes e aterros instáveis (sem estruturas de
contenção de taludes), os depósitos de lixo nas encostas e a fragilidade das construções,
potencializam a fragilidade natural dos terrenos, o que resulta em áreas de risco sujeitas a
deslizamentos, principalmente nos períodos chuvosos mais intensos e prolongados. Contudo, os
bairros legalmente implantados também estão sujeitos a desastres associados a deslizamentos, pois
o conhecimento do comportamento do meio físico ainda não foi adequadamente incorporado aos
planos diretores, leis de uso e ocupação do solo ou ao processo de licenciamento dos novos
parcelamentos do solo. Assim, não é incomum a aprovação de loteamentos e conjuntos
habitacionais em áreas cujas condições geológicas recomendariam a utilização para atividades de
uso não permanente, como praças públicas, parques ou áreas verdes de lazer (MEDEIROS, 2010).

Nos últimos cinco anos, catástrofes de grande porte provocaram reações nos governos e na
sociedade. Em 2008, a região do Vale do Itajaí sofreu inundações e deslizamentos que
caracterizaram a pior tragédia do Estado de Santa Catarina, deixando 78 mil pessoas desalojadas
ou desabrigadas e causando 135 mortes. Em 2010, a cheia do Rio Mundaú atingiu 97 municípios
nos Estados de Pernambuco e de Alagoas, desabrigou ou desalojou mais de 150 mil habitantes e
provocou a morte de 47 pessoas. No ano seguinte, os deslizamentos e enxurradas ocorridos na
Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro provocaram o maior desastre do país em número de
mortes, foram 900, além de 350 pessoas desaparecidas (UFSC, 2011).

Essas tragédias, notadamente aquelas das Regiões Serranas, foram marcos para as
iniciativas de reestruturação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, percebido até então
como inadequado para atender as demandas da intensificação dos desastres naturais no país.
Em todos esses casos, entende-se que os eventos climáticos severos – como por exemplo,
as chuvas que precipitaram em 24 horas o esperado para todo o mês abril de 2019, no caso do Rio
de Janeiro e o de Caucaia no CE, acentuaram a fragilidade de condição de moradia dos habitantes
instalados em regiões já suscetíveis a deslizamentos, inundações ou enxurradas, seja pela
característica do solo por natureza, seja pelas modificações nele ocorridas ao longo do tempo em
decorrência da urbanização.

Os desastres ocorridos no país evidenciam um indesejado, mas realista, risco/ameaça para


o Brasil, em especial para os tratos populacionais vulneráveis. Os fenômenos físicos naturais
causadores de desastres são dinâmicos e com grandiosos impactos para a sociedade como, mais
uma vez, o ocorrido no dia 8 de abril de 2019 no Rio de Janeiro mencionado acima e que, mais
precisamente em 4 horas, choveu mais que o dobro da média para todo o mês de abril, causando
desastres e 4 mortes pela cidade, conforme tabela 1 (ALERTA RIO, 2019).

Tabela 1 - Registro Chuva Extrema na Cidade do Rio de Janeiro em 8 abril de 2019.

Fonte: Adaptado de Alerta Rio, 2019.

Estudos da Organização das Nações Unidas (2009), calcularam as perdas e danos dessas
catástrofes, por meio de metodologia construída pela Comissão Econômica para a América Latina
- CEPAL, considerando os impactos diretos e indiretos sobre a infraestrutura, setores sociais,
setores produtivos e meio-ambiente locais. Somados (2008 a 2012), os danos e perdas dos
desastres em Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro, chegam a R$ 15 bilhões.
Em 2012, outra natureza de desastre, derivada agora da escassez de água, teve severidade
acentuada. As secas e estiagens do ano 2012 no Semiárido foram as piores dos últimos 30 anos e
levaram mais de 50% dos municípios nordestinos a decretarem situação de emergência. A seca não
é por si só um desastre natural, pois está relacionada a uma característica geoambiental da região,
podendo ser consequência também do manejo inadequado de corpos hídricos (COSTA, 2013).

Embora a grande maioria da população desconheça a gestão integrada de risco de desastres


(GIRD), fica evidente no cerne das ações de proteção e defesa civil que dentre estes óbices, há
outros intrinsecamente ligados a outras questões socioeconômicas e culturais que contribuem para
o agravamento deste trato populacional em situações de desastres. As intervenções humanas,
como a exploração dos recursos naturais, o uso e a ocupação dos espaços naturais, também geram
impactos. A resposta da natureza à estas intervenções decorrem da necessidade de que um novo
equilíbrio seja atingido, e se manifesta por meio de fenômenos naturais de origem externa,
deixando muitas vezes a população em estado de vulnerabilidade (BARCELOS; OLIVEIRA,
2010).

Segundo Trajber, Olivato e Marchezine (2017)

O risco de perda de vidas e danos materiais em desastres socioambientais está


aumentando no planeta. A cada ano mais de 226 milhões de pessoas são afetadas por
desastres. Com o crescimento populacional, o intenso processo de urbanização e o
grande impacto das mudanças climáticas, há mais pessoas vivendo em áreas de risco
e expostas aos perigos de eventos extremos. De acordo com a Estratégia Internacional
das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR), mulheres e crianças são
14 vezes mais propensas que homens a morrerem durante um desastre.

De fato, esta população de mulheres e crianças é considerada vulnerável em diversas


literaturas. Além desta, inclui-se os idosos e pessoas com dificuldades de mobilidade entre outros.
O que segundo o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED) da UFSC,
cuja publicação de 2013 intitulada Proteção aos direitos humanos das pessoas afetadas por
desastres, nos esclarece:

Os grupos mais vulneráveis, como crianças, jovens, mulheres, pessoas com


deficiência, idosos, especialmente os mais desfavoráveis economicamente,
apresentam maior dificuldade para enfrentar os desastres, nas diferentes dimensões
da vida em que são impactados (FURTADO; SILVA, 2014).

A prevenção aos desastres naturais possui intrínseca sinergia com o tratamento


disponibilizado ao meio ambiente, já que é nele que estão inseridos os espaços geográficos, no
qual ao longo da história o homem busca “controlar” o ambiente à sua volta e explorar os recursos
naturais de maneira mais rápida do que a própria natureza. Esta prevenção é capaz de repor os
recursos naturais levando-os a uma pseudo-concepção de que a natureza é uma fonte inesgotável
de recursos, que podem ser explorados sem preocupações quanto à sua disponibilidade em médio
e longo prazos (CASTRO; CALHEIROS, 2007).

As metodologias de exploração da natureza, primordialmente após a revolução industrial


no século XVII, tem agravado sobremaneira a degradação ambiental. Esta, por conseguinte
permitiu que o mau uso do ambiente tenha proporcionado ao longo das décadas o surgimento de
fenômenos físicos naturais desencadeadores de desastres com magnitude e intensidade cada vez
mais acentuados (TOMINAGA; AMARAL, 2009).

3.2 ALGUNS TIPOS DE DESASTRES NATURAIS MAIS COMUNS NO ESTADO DO


CEARÁ

Para o CEPED da UFSC, dentre os desastres naturais ocorridos no Estado do Ceará ao


longo de 21 anos (1991 a 2012), destaca-se a ocorrência de estiagens e secas, inundações
graduais e bruscas, movimento de massas e vendaval, sendo que alguns desses eventos naturais
adversos são bastante recorrentes.

O mesmo estudo apresenta que estes fenômenos somaram 1.644 registros oficiais, relativos
a desastres naturais no Ceará. Porém sazonalmente, ocorrem no território cearense tremores de
terra, chuvas de granizo, erosão marinha, movimentos de massa, ciclones e queda de raios. Foram
afetadas 8.356.464 pessoas e, além disso, foram registradas 32 mortes, 55.021 enfermos, 48
gravemente feridos, 1.737 levemente feridos, 21 desaparecidos, 16.669 deslocados, 68.819
desabrigados e 173.057 desalojados.

Tais fenômenos foram responsáveis por grande parte das situações de emergência e estados
de calamidade decretados no Estado. Estes fenômenos físicos naturais, que desencadeiam os
desastres comuns ao Estado, passam a se configurar na população cearense, na medida em que há
muitos registros confirmados e caracterizados como desastres naturais.

Castro (2003), definiu alguns dos fenômenos acima, como por exemplo deslizamentos,
citando que “são caracterizados por movimentos gravitacionais de massa que ocorrem de forma
rápida e cuja superfície de ruptura é nitidamente definida por limites laterais e profundos, bem
caracterizados’’; enchentes, afirmando que “Caracterizam-se pela forma como as águas elevam-se
de forma paulatina e previsível, mantendo-se em situação de cheia durante algum tempo e a seguir,
escoando gradualmente”; e enxurradas que “São provocadas por chuvas intensas e concentradas
em regiões de relevo acidentado, caracterizando-se por produzirem súbitas e violentas elevações
dos caudais, os quais escoam de forma rápida e intensa. Nessas condições, ocorre um desequilíbrio
entre quem contém (leito do rio) e o que está contido (volume caudal), provocando
transbordamento e, por conseguinte o desastre (enxurrada)”.

O mesmo autor elaborou para o Estado do Ceará um manual (SEDEC/MI), mais detalhado,
onde estão relacionadas as características dos eventos naturais mais frequentes conforme também
descrito no quadro 1.

Quadro 1 - Eventos naturais frequentes no Ceará.


(continua)
Eventos Caracterização
Estiagem Resultam da redução das precipitações pluviométricas, do atraso dos
períodos chuvosos ou da ausência de chuvas previstas para uma
determinada temporada.
Seca Do ponto de vista meteorológico, a seca é uma estiagem prolongada,
caracterizada por provocar uma redução sustentada das reservas hídricas
existentes.
Enxurrada/ inundação São provocadas por chuvas intensas e concentradas, em regiões de relevo
brusca acidentado, caracterizando-se por produzirem súbitas e violentas
elevações dos caudais, os quais escoam-se de forma rápida e intensa.
Nessas condições, ocorre um desequilíbrio entre o continente (leito do
rio) e o conteúdo (volume caudal), provocando transbordamento.
Enchente/cheias As águas elevam-se de forma paulatina e previsível; mantêm-se em
inundação situação de cheia durante algum tempo e, a seguir, escoam-se
gradual gradualmente.
Alagamento As águas são acumuladas no leito das ruas e nos perímetros urbanos por
fortes precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de
drenagem deficientes.
Vendaval São perturbações marcantes no estado normal da atmosfera.
Deslocamento violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão
para outra de baixa pressão. Também chamados de ventos muito duros,
correspondem ao número 10 da Escala de Beaufort, compreendendo
ventos cujas velocidades variam entre 88,0 a 102,0 km/h.
Terremoto São vibrações do terreno que provocam oscilações verticais e
horizontais na superfície da Terra, geralmente ocasionadas por rupturas
e movimentação das rochas no interior da crosta terrestre.
Quadro 2 - Eventos naturais frequentes no Ceará.
(conclusão)
Erosão Marinha São o resultado do movimento das águas oceânicas que atuam sobre
as bordas litorâneas, modelando o relevo de forma destrutiva. Esse
movimento das águas pode, também, modelar o relevo de forma
construtiva, resultando em acumulação marinha e,
consequentemente, dando origem a praias, restingas, recifes e
tômbulos.
Deslizamento Fenômenos provocados pelo escorregamento de materiais sólidos,
como solos, rochas, vegetação e/ou material de construção ao longo
de terrenos inclinados, denominados de encostas, pendentes ou
escarpas. Caracterizado ainda por movimentos gravitacionais de
massa que ocorrem de forma rápida e cuja superfície de ruptura é
nitidamente definida por limites laterais e
profundos, bem caracterizados.
Fonte: Adaptado de Castro, 2003.

Dentre os eventos desastrosos que ocorrem no estado do Ceará, decorrentes das alterações
climáticas, e que por sua vez influenciam as correntes marítimas, pode-se citar a orla da praia de
Icaraí no município cearense de Caucaia, que vem sendo gradativamente afetada pelo fenômeno
físico natural denominado como erosão marinha (GIEAS). Este fenômeno vem causando prejuízos
econômicos significativos, principalmente, para os moradores e comerciantes da região conforme
pode ser verificado na Figura 1. Ainda assim, outros municípios cearenses tais como Icapuí-Ce,
Cascavel-Ce e Camocim-Ce, também apresentam o mesmo tipo de fenômeno.

Em relação à praia do Icaraí-Ce, Façanha et al (2017), afirma que “A praia do Icaraí sofre
atualmente um intenso processo de erosão, associado à falta de organização do desenvolvimento
das atividades antrópicas, como urbanização acelerada e desordenada, indústrias e turismo não
sustentáveis”.

Segundo Viana (2015) a erosão costeira ocorre sempre que o mar avança sobre a terra,
como resultado da ação do vento, da agitação das marés, em condições de fraca disponibilidade de
sedimentos. As inúmeras intervenções na orla de Fortaleza aceleraram o processo natural de
erosão das praias de Caucaia.
Figura 1 - Tentativa de reduzir a erosão costeira da praia do Icaraí em Caucaia - CE.

Fonte: Façanha et al, 2017.


4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIOS ECONÔMICAS E GEOGRÁFICAS DE CAUCAIA.

O município de Caucaia (Figura 2), que integra a Região Metropolitana de Fortaleza


(RMF), compreende uma área de 1.227,9 Km2, equivalente a 0,83% da superfície estadual, e
possuir um contingente populacional de 325.441 habitantes e densidade demográfica de 265,04
hab./km2 (IBGE, 2010).

Figura 2 - Localização da Área de Estudo.

Fonte: Medeiros et al, 2012.

O acesso ao município de Caucaia é feito principalmente pelas rodovias BR-020 e CE-085,


além de estradas secundárias. Caucaia está distante 16 km rodoviários de Fortaleza, estando as
duas cidades interligadas através da ponte José Martins Rodrigues, sobre o rio Ceará, que liga a
Avenida Leste-Oeste à rodovia estadual CE-225, interligada com a BR-222 (MORAIS, 2010).

Em relação aos aspectos ambientais, a estrutura geológica do município foi estudada por
Souza (1988), Souza e colaboradores (1995), e apresenta dois conjuntos bem distintos: Coberturas
sedimentares de idade Tércio-Quartenária e litologias do embasamento cristalino pré-cambriano.

Nesse contexto, geologicamente, o município de Caucaia pode ser caracterizado pela


ocorrência de coberturas sedimentares cenozóicas sobrepostas a terrenos cristalinos pré-
cambrianos. As coberturas sedimentares são representadas pela formação Barreiras, coberturas
coluviais-eluviais, depósitos eólicos (paleodunas e dunas móveis), depósitos flúvio-aluvionares e
depósitos flúvio-marinhos. Em termos de relevo, Caucaia é marcado por altitudes médias a baixas
geralmente inferiores a 1.000 metros. O município é caracterizado pelos tabuleiros pré-litorâneos,
depressão sertaneja englobando serras e campos de inselbergs, planícies fluviais, planícies flúvio-
marinhas e campos de dunas, móveis ou fixas (SOUZA, 2000).

O clima na área de estudo é o tropical quente semiárido brando, ocorrendo também os


climas tropical quente sub-úmido e tropical quente úmido. O período chuvoso é identificado entre
os meses de janeiro a maio, com uma temperatura média anual variando de 26ºC a 28ºC,
possuindo uma precipitação pluviométrica média anual de 1.243,2 mm (IPECE/FUNCEME,
2019).

Caucaia situa-se na bacia hidrográfica Metropolitana e seus rios de maior porte são o
Ceará, Cauipe e Anil. Encontram-se no contexto da bacia hidrográfica do município lagoas e
açudes, com destaque para os açudes Sítios Novos e Cauipe. Na figura 3 é ilustrado a bacia
hidrográfica de Caucaia.

Figura 3 - Mapa Hidrográfico de Caucaia, com detalhes do Riacho Gavião popularmente


conhecido como Rio Picuí.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto aos aspectos socioeconômicos, a população de Caucaia correspondia a 325.441


habitantes em 2010, sendo a segunda maior cidade cearense em termos de contingente
populacional, atrás apenas da capital, Fortaleza (2.452.185 hab.). O município alcançou um
crescimento relativo de 29,93% na última década, onde registrava 250.479 habitantes no ano 2000,
segundo dados dos censos demográficos do IBGE (IBGE, 2010).

A Tabela 2 exibe a distribuição populacional de Caucaia em 2010 com os seus oito


distritos. Verifica-se que 50,84% da população vivem no distrito sede, sendo os distritos de Jurema
(39,72%) e Catuana (2,79%), os outros com maiores contingentes populacionais.

Tabela 2 - População Total, Urbana e Rural de Caucaia e Distritos.

Distritos Total Urbana Rural


N.º % N.º % (linha) N.º % (linha)
(coluna)
Município de 325.441 100.00 290.220 89.18 35.221 10.82
Caucaia
Bom Principio 3.257 1.00 1.196 36.72 2.061 63.28
Catuana 9.092 2.79 1.878 20.66 7.214 79.34
Caucaia 165.459 50,84 149.896 90.59 15.563 9.41
Guararu 4.278 1.31 918 21.46 3.360 78.54
Jurema 129.276 39.72 129.276 100.00 - -
Mirambé 5.076 1.56 2.609 51.40 2.467 48.60
Sítios Novos 5.990 1.84 4.270 71.29 1.720 28.71
Tucunduba 3.013 0.93 177 5.87 2.836 94.13
Fonte: Censo Demográfico do IBGE, 2010.

Dessa forma, verifica-se que o contingente populacional de Caucaia tem crescido com
maiores taxas nas áreas urbanas, existindo a necessidade de aprofundar as discussões e reflexões
no estudo do espaço urbano, servindo de orientação e subsídio para os investimentos na área de
infraestrutura e nos diversos setores que compõem a gestão municipal.

A Figura 4 apresenta a distribuição geográfica da população de Caucaia de acordo com os


seus limites distritais, constatando-se um maior adensamento nos distritos localizados próximos a
sede municipal.
Figura 4 - Mapa com a Distribuição populacional de Caucaia segundo distritos para o ano
de 2010.

Fonte: Censo Demográfico do IBGE, 2010.

A população do município tem uma distribuição equivalente segundo gênero, com uma
proporção de 49,04% de homens e 50,96% de mulheres. Cerca de 27,28% da população tem
menos de 14 anos de idade, 70,48% possuí entre 15 e 64 anos e 2,24% tem mais de 64 anos de
idade, de acordo com dados do IBGE (2010). O grau de urbanização de Caucaia é de
aproximadamente 89,18%, correspondendo a um total de 290.220 moradores residindo em áreas
urbanas do município. A taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais de idade
situou-se num patamar de 12,89% no ano 2010, resultado melhor do que o verificado para o
Estado (18,8%). A renda per capita média da população de Caucaia registrou o valor de R$ 405,51
em 2010, sendo a 8ª maior do Ceará.
Um total de 82,48% dos domicílios são atendidos pelo serviço de coleta de lixo, sendo de
81,64% o percentual de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água. Já a proporção
de domicílios com existência de energia elétrica alcançou a marca de 99,41%, caminhando assim
para a universalização deste serviço. Em contra partida, apenas 39,35% dos domicílios estão
ligados à rede geral de esgoto. Assim, conclui-se que a taxa de cobertura de esgotamento sanitário
ainda é baixa, necessitando de mais políticas de expansão da rede de coleta de esgotos no
município no intuito de aumentar o percentual de cobertura. Caucaia está dentro dos padrões de
uma cidade que vem crescendo desordenadamente com áreas de risco cada vez mais suscetíveis a
desastres e sua geografia é constantemente agredida pela ocupação, seus rios e lagoas a cada dia
mais assoreados, trazendo inúmeros problemas sócios ambientais a sua população (MEDEIROS,
2012).

4.2 ÁREAS DE RISCO DE CAUCAIA

De acordo com a divisão e classificação do Serviço Geológico do Brasil e Companhia de


Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM, o município de Caucaia possui 17 áreas de risco que
estão agrupadas em nove setores conforme figura 5. Em maio de 2012 foi realizado uma ação
emergencial para reconhecimento de áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massas e
inundações no Município de Caucaia (CPRM, 2012). Áreas de risco são áreas consideradas
impróprias ao assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturais (chuvas, ventos, etc.) ou
decorrentes da ação do homem (aterramento, etc.), conforme listada a seguir e visto na figura 5.
1. Setor - (São Miguel, Frifort, Parque Das Nações E Zizi Gavião),
2. Setor - (Favela Da Cagece);
3. Setor - (Ponte Do Rio Ceará);
4. Setor - (Conjunto Metropolitano);
5. Setor - (Açude);
6. Setor - (Parque São Gerardo e Parque Soledade);
7. Setor - (Tapapuãzinho, Vila Nova, Curva Do Ilva, Vila Mosquito E Parque
Ipiranga);
8. Setor - (Guaie);
9. Setor - (Parque Leblon).
Figura 5 - Demarcação dos 9 Setores de Áreas de Risco da Cidade de Caucaia.

Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

4.2.1 Descrição dos nove setores das áreas de risco do Município de Caucaia
Setor 01 - Localização: Bairros São Miguel e Parque das Nações/Rua do Canal

Área na planície fluvial do rio Maranguapinho, mais especificamente num braço do rio,
compreendendo as porções ribeirinhas dos Bairros São Miguel e Parque das Nações, onde a
ocupação é feita por moradias precárias, situadas muito próximo à calha fluvial, que sofrem
frequentemente com os processos de enchente e inundação (Figura 6, quadro 1 e 2).
O rio encontra-se bastante assoreado, com grande quantidade de lixo e entulho, potencializando os
efeitos das inundações (Figura 6, quadro 3). As casas exibem marcas d'água com cerca de 1 metro
de altura. Não há saneamento básico e o esgoto fica exposto a céu aberto pelas ruas e vielas da
área, e o local apresenta muito lixo acumulado (Figura 6, quadro 4). Durante as fortes chuvas que
ocorreram no mês de março 2012, o rio adquiriu muita energia e destruiu a passarela que une as
duas comunidades (Figura 6, quadro 5).
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 200.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox. 800.
Figura 6 - Setor 1: São Miguel, frifort, parque das nações e Zizi gavião Área na planície
fluvial do rio Maranguapinho.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 02 - Localização: Bairro Tabapuá / Favela da CAGECE


A comunidade do Bairro Tabapuá / Favela da CAGECE, ocupa a franja de mangue da
planície Fluviomarinha do rio Ceará, próximo à desembocadura do rio Maranguapinho. É uma
área sujeita a enchentes e inundações, influenciadas pelas marés e precipitações pluviométricas.
Segundo moradores, durante as fortes chuvas deste ano (2019), a subida do nível do rio atingiu
todas as casas da rua Um-K (Figura 7, quadros 1 e 2). Ainda, segundo eles, a execução de uma
obra de alargamento do canal de um braço do rio Maranguapinho, intensificou a ocorrência de
inundações na área. Observou-se grande quantidade de lixo acumulado nas ruas (Figura 7, quadro
3) e nos cursos d’água, potencializando os processos de assoreamento, e consequentemente, de
inundação. Não há sistemas de coleta de esgoto e de águas pluviais. Junto à área existe uma
estação de tratamento de esgoto (lagoas de decantação), com potencial risco de transbordamento,
que deve ser monitorada de forma eficaz.
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 40.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox. 160.
Figura 7 - Setor 2: Favela Da Cagece - A comunidade ocupa A Franja de Mangue Da
Planície Fluvio-marinha Do Rio Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 03- Localização: Rua das Princesas e Área Indígena dos Tapebas
Esta é uma área de mangue, sujeita a inundações periódicas na planície flúvio-marinha do
rio Ceará. A subida do nível do rio é influenciada diretamente pelas marés cheias que associadas
aos períodos chuvosos, provocam as inundações na área. A ocupação ocorre nos dois lados do rio:
Rua das Princesas, pela margem direita, e Área Indígena dos Tapebas, pela margem esquerda
(Figura 8, quadros1 e 2). O nível d’água chega a atingir 1,5 m de altura nas casas da Rua das
Princesas, causando inúmeros problemas para seus moradores que em várias ocasiões, precisam
ser removidos para abrigos. As moradias são, em grande parte, de padrão muito precário,
constituídas de madeira e taipa (Figura 8, quadros 3 e 4). Em um trecho da margem ocupada pelos
índios Tapebas, existe um muro que, de acordo com a CPRM, protege as casas contra as enchentes
do rio (Figura 8, quadro 5).
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 80.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox. 320.
Figura 8 - Setor 3: Área de mangue, sujeita a inundações periódicas, na planície do rio
Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 04 - Localização: Bairro Conjunto Metropolitano/Rua Padre Cícero


Esta é uma extensa área na planície de inundação do Rio Ceará, que compreende uma
região plana e rebaixada. Ali existe uma densa ocupação feita por moradias precárias que sofrem
frequentemente com os processos de alagamento (por deficiência de sistema de drenagem) e
enchentes/inundações do rio e seus afluentes (Figura 9, quadro 1 e 2). Parte do bairro está
assentada sobre uma lagoa aterrada. Sobre a área foi observado que passa um córrego afluente do
Rio Ceará, que se encontra em estado avançado de assoreamento, causado pelo grande acúmulo de
sedimentos e lixo (Figura 9, quadro 3), intensificando os efeitos das enchentes e inundações.
Algumas casas localizam-se muito próximas a esse canal, apresentando trincas e algumas partes já
parcialmente destruídas, correndo risco alto de desabamento (Figura 9, quadros 4 e 5). Em um
distrito à montante, existe um açude (Bom Princípio) que quando sangra, potencializa o processo
de inundação na área.
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 470.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox.1980.
Figura 9 - Setor 4: Extensa área na planície de inundação do Rio Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 05 - Localização: Bairro Açude / Rua N. S. dos Prazeres


Esta área localiza-se adjacente a um meandro do rio Ceará, e está sujeita a
enchentes/inundações que atingem as casas localizadas na rua N. S. dos Prazeres (Figura 10,
quadros 1, 2 e 3). O assoreamento observado nesse trecho do rio, principalmente pelo acúmulo de
lixo, potencializa o processo.
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 20.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox. 80.
Figura 10 - Setor 5: Área ocupada junto a um meandro do rio Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 06 - Localização: Bairro Parque São Gerardo


Esta área delimita a planície de inundação do rio Ceará (Figura 11, quadro 1). Nos
períodos chuvosos, as casas são atingidas pela subida do nível do rio, que também sofre influência
das marés. A ocupação avançou sobre área de mangue, que já se encontra bastante
descaracterizado pelos aterros, despejo de esgoto, lixo e entulho (Figura 11, quadro 2 e 3).
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 120.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox.480.
Figura 11 - Setor 6: Área ocupada na planície de inundação do rio Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 07 - Localização: Bairros Curva do Silva e Tabapuãzinho/Rua Uga Uga


Esta área situa-se na planície flúvio-marinha do rio Ceará, e é ocupada por moradias muito
precárias, em grande parte de madeira e taipa (Figura 12, quadros 1 e 2). Esta ocupação avançou
sobre o manguezal e as casas sofrem frequentemente com os efeitos das inundações do rio, com
maior intensidade durante a combinação de marés cheias (principalmente as de sizígia) com
períodos de precipitações elevadas. Não há saneamento básico e o esgoto fica exposto a céu
aberto pelas ruas e vielas da comunidade. Ali existe também muito lixo acumulado (Figura 12,
quadro 3).
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 100.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox.400.
Figura 12 - Setor 7: Área situada na planície Fluviomarinha do rio Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 08 - Localização: Bairro Iparana/Comunidade Guaié/Rua Manoel Branco


Esta área situa-se na planície flúvio-marinha do rio Ceará, lateral a um de seus afluentes, e
também sofre a influência direta dos efeitos das marés. A ocupação irregular avança sobre o
manguezal (Figura 13, quadro 1) e, quando a maré sobe, a água alcança as moradias (em grande
parte de baixo padrão construtivo, constituídas de madeira e taipa) (Figura 13, quadros 2 e 3). Nos
períodos chuvosos as inundações na área são intensificadas. Não há saneamento básico e os
esgotos e lixo são lançados diretamente no mangue e nas ruas da comunidade (Figura 13, quadros
4 e 5). A área faz parte da Área de Proteção Ambiental -APA do Estuário do Rio Ceará, onde esse
tipo de ocupação não deveria ocorrer.
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox. 50.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox. 200.
Figura 13 - Setor 8: Área na planície flúvio-marinha do rio Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

Setor 09 - Localização: Bairro Parque Leblon/ Rua Antônio Gonçalves


Esta área corresponde ao Estuário do rio Ceará, que é caracterizado pela presença do
ecossistema de mangue. O mangue nesta região encontra-se bastante degradado pela ocupação
irregular (Figura 14, quadro 1). Como consequência das marês, esta área é diariamente inundada,
atingindo as moradias (na maior parte de baixo padrão construtivo, constituídas de madeira e
taipa) (Figura 14, quadros 2 e 3). Nos períodos chuvosos os impactos das inundações são
significativamente ampliados. O assoreamento é um problema que vem se agravando na
desembocadura do rio Ceará, principalmente depois da construção da ponte que une Fortaleza a
Caucaia. Observa-se durante a maré baixa, o aumento da formação de bancos de areia junto aos
pilares da ponte (Figura 14, quadro 4). Não há saneamento básico, e o esgoto corre a céu aberto
pelas ruas e vielas da comunidade (Figura 14, quadro 5). A área analisada faz parte da APA do
Estuário do Rio Ceará, onde esse tipo de ocupação não deveria ocorrer.
a) Quantidade de imóveis em risco: Aprox.150.
b) Quantidade de pessoas em risco: Aprox.600.
Figura 14 - Setor 09: Estuário do rio Ceará.

Delimitação do setor de risco:


Sentido da drenagem:
Fonte: Adaptado de CPRM, 2012.

A descrição das áreas de risco apresentadas acima, foi feita pelo Serviço Geológico do
Brasil e CPRM. Esta apresenta um índice de vulnerabilidades crescentes nesses bairros, o que vem
causando sérios danos à população e seus bens, principalmente no período de chuvas.
As cheias e inundações, que ocorrem de forma sazonal, e os efeitos danosos delas
decorrentes, persistirão até que a própria população e os órgãos governamentais tomem as devidas
providências preventivas e deem as respostas adequadas para às áreas tidas como de risco, como
classificadas pelos órgãos citados acima.
No intuito de ajudar a população a combater e diminuir os problemas relativos às cheias e
enchentes, foi proposto o desenvolvimento, através de um software Linux Ubuntu, do dispositivo
Slapvoip. Este dispositivo tem como função principal enviar aos responsáveis, mensagens de
alerta, quando da possibilidade das ocorrências relativas a estas vulnerabilidades. Além disto, o
sistema também permitirá introduzir ações sócio educativas para criar uma cultura de segurança
pública, que contribua para a redução desses desastres. Para o desenvolvimento do projeto foram
utilizados os dados de precipitação coletado pelos pluviômetros automáticos do CEMADEN e
pluviômetros convencionais da FUNCEME existentes na Cidade de Caucaia, conforme Tabela 3.
O pluviômetro do bairro Conjunto Metropolitano é apresentado como exemplo de sua montagem
estrutural (Figura 15).
Os dados das precipitações do mês de abril de 2015, dos meses de março de 2017 até maio
de 2017 e dos meses de fevereiro a abril de 2018 forma utilizados para avaliar a relação
precipitação x ocorrência dos desastres. Dados de 2019 foram utilizados para testar o sistema da
Defesa Civil de Caucaia conforme os registros apresentados pela mesma.

Tabela 3 - Localização dos Pluviômetros dos pluviômetros automáticos do CEMADEN na


Cidade de Caucaia.

Caucaia 230370901a Ce Tabapuãnzinho -38,62 -3,741


Caucaia 230370902a Ce Parque São Geraldo -38,639 -3,74
Caucaia 230370903a Ce Conjunto Metropolitano -38,661 -3,759
-
Caucaia 230370903h Ce Caucaia -3,7411
38,6314
Caucaia 230370904a Ce Parque leblon -38,671 -3,743
Caucaia 230370905a Ce Padre Julio Maria II -38,594 -3,696
Caucaia 230370906a Ce Conjunto São Miguel -38,603 -3,749
Fonte: CEMADEN, 2019.

Figura 15 - Montagem da estrutura da Estação 230370903a - Conjunto Metropolitano.

Fonte: Defesa Civil de Caucaia, 2019.

Segundo dados coletados pela FUNCEME, para os meses de janeiro a abril de 2019, as
precipitações das chuvas registradas no Estado do CE foram intensas, tendo alcançado valores
superiores aos de anos anteriores. Na capital (Fortaleza) os registros referentes aos três primeiros
meses do ano, atingiram valores maiores que o dobro dos valores esperados para a média histórica
de chuvas, para aquele período. Em abril, choveu mais de 60% do esperado para o mês inteiro em
apenas seis dias, conforme figura 16.

Figura 16 - Registro de Chuvas de Janeiro a abril de 2019 no Estado do CE.

Fonte: FUNCEME, 2019.

Durante o mesmo período citado acima, observou-se a ocorrência de alguns incidentes na


região de Caucaia, como por exemplo, o do dia 24 de fevereiro de 2019. Neste dia, a FUNCEME
registrou uma precipitação com aproximadamente 109 mm/h de intensidade. Além dos registros
feitos pela imprensa escrita, falada e televisada, a Defesa Civil de Caucaia também registrou
vários pontos com alagamentos, como o do conjunto metropolitano. A reportagem do Jornal o
Povo do mesmo dia, evidenciou os incidentes ocasionados pelas chuvas naquela região, com o
seguinte titulo: “cerca de 50 famílias da Comunidade dos Tapebas, tiveram as casas invadidas
pela água devido à cheia do Rio Ceará, que a forte chuva provocou alta do rio e a inundação de
residências e ruas” (Figura 17).
Figura 17 - Forte chuva ocorrida no dia 24 de fevereiro de 2019 provoca cheia do Rio Ceará
e deixa casas alagadas.

Fonte: Jornal o Povo, 2019.

Uma outra reportagem do dia 7 de março 2019, do Diário do Nordeste, informou que
Caucaia e Amontada também sentiram os efeitos das chuvas. Os dados de precipitação acumulada
registrados pela FUNCEME daquelas últimas 24 horas, foram 80.6 e 77 mm respectivamente. O
balanço parcial das 10h20 daquele dia, apontou também que choveu em pelo menos 86 municípios
do Estado. Os dados corresponderam às chuvas ocorridas entre as 7h do dia 6 de março e as 7
horas do dia 7 de março. A previsão de tempo feita pela FUNCEME foi de céu nublado com
possibilidades de chuva em todas as regiões do Estado do Ceará, durante a tarde e noite do mesmo
dia. Outros municípios que apresentaram chuvas com mais de 45 milímetros no Ceará foram: São
Gonçalo do Amarante (74 mm), Paracuru (69.4 mm), Maracanaú (55 mm) e Pentecoste (45 mm).
Em Fortaleza, a chuva que alagou ruas durante a manhã de quarta (dia 6 de março), acumulou 30.2
milímetros. Neste dia 7 de março de 2019, o diário do nordeste trouxe um a lista com as 10
maiores chuvas registradas pela FUNCEME, por posto, conforme apresentado abaixo.

1- Caucaia (Posto Caucaia): 80,6 mm;


2- Amontada (Posto Icaraí de Amontada): 77 mm;
3- Caucaia (Posto Sítios Novos): 75 mm;
4- São Gonçalo do Amarante (Posto Croatá): 74 mm;
5- São Gonçalo do Amarante (Posto Sede): 72 mm;
6- Paracuru (Posto Paracuru): 69,4 mm;
7- São Gonçalo do Amarante (Posto Santo Amaro): 58,2 mm;
8- Maracanaú (Posto Maracanaú): 55 mm;
9- São Gonçalo do Amarante (Posto São Gonçalo do Amarante): 49 mm;
10- Pentecoste (Posto Casa de Pedra): 45 mm;

Figura 18 - Transtornos causados pela chuva do dia 6 de março 2019 em Fortaleza.

Fonte: O diário do Nordeste, 2019.

4.2.2 Desenvolvimento do método

Os exemplos e registros acima nos evidenciam que Caucaia sofre constantemente com
cheias e inundações. Sua localização, relevo e ocupação desordenada agravam esse contexto.
Considerando todos os transtornos a que os habitantes desta região estão sujeitos, seria de grande
valia a existência de um sistema que permitisse a obtenção de informações relativas a possíveis
ocorrências de eventos de vulnerabilidade.

O método consiste na comparação entre a ocorrência de cheias e as respectivas


precipitações. Espera-se que, baseado na quantidade de chuva precipitada em um passado recente,
seja possível indicar a não ocorrência ou ocorrência de cheias, que possam ser classificadas em
fracas, moderadas ou fortes. Para isto, faz-se necessário a obtenção dos dados de precipitação e os
registros das ocorrências de cheias disponíveis nos arquivos da instituição que seja responsável
por estes registros. Neste caso é importante a construção de uma tabela que possibilite a
comparação entre as duas variáveis chuva e intensidade de cheia e sua classificação. Desta forma,
a ocorrência de um determinado volume de precipitação estará relacionada à possibilidade de
determinada intensidade de cheia.
4.2.3 Desenvolvimento e Programação do Sistema Slapvoip

No Brasil existe um sistema de informações geográficas (SIG) utilizado pela Defesa Civil
de Marabá, onde há a possibilidade de envio SMS, mas ainda não o fazem, pois, este sistema não
está configurado a um servidor PABX/VOIP.

Já o CEMADEN utiliza complexos cálculos para seus sistemas de alertas, por exemplo
através de gráficos e cores, mas não enviam SMS ou chamadas telefônicas. Isto também, segundo
o CEMADEN, por não estar configurado a um servidor PABX/VOIP, e sim um sistema
convencional de telefonia.
O CEMADEN utiliza as cores dos alertas, conforme Figura 24, e estas não estão apenas
ligados a valores de precipitação. Por se tratar de um sistema mais avançado e com recursos, elas
dependem, por um lado, da probabilidade da ocorrência do fenômeno e, por outro, do potencial
impacto à população, que esse fenômeno (inundação, deslizamento de terra, etc) pode acarretar.
Esse potencial impacto pode ser estimado como função do número de áreas de risco, do
número de pessoas morando nestas áreas, e de suas características de densidade demográfica,
distribuição de idade, nível de escolaridade e renda, tipos de moradia, etc.
O CEMADEN utiliza um sistema de cores que serve para classificar a intensidade do
fenômeno em questão. A cor amarela é utilizada quando o fenômeno a ser alertado apresenta
pouca probabilidade de ocorrência (menos de 50%) e seu potencial impacto é pequeno.
A cor laranja significa que a chance de o fenômeno alertado ocorrer é de, no mínimo, 50%,
e que seu impacto na população pode ser significativo. Nesses casos, o CEMADEN recomenda
que a Defesa Civil vá até os locais indicados, e faça uma vistoria para decidir sobre a possibilidade
de evacuação.
Finalmente, a cor vermelha é utilizada para os casos mais graves, quando o fenômeno é
altamente provável (mais de 80%), e o potencial impacto seja muito elevado, como por exemplo, a
possibilidade de deslizamentos de terra em cidades densamente povoadas (CEMADEN, 2019). A
figura 19 mostra uma situação particular onde houve um caso de inundação severa. Nesta figura
pode ser observada a sequência de evolução do sistema com a apresentação das diversas cores.
Figura 19 - As cores e os limiares utilizados pelo CEMADEN para precipitações ocorridas
no dia 14 de abril de 2019 em Caucaia.

Fonte: CEMADEN, 2019.

No exemplo exposto acima a telefonia IP/Voip, com envio de SMS, não é utilizada.
Inclusive não foi encontrado na pesquisa bibliografia qualquer outro sistema que a utilizasse.
Considerando que o sistema VOIP utiliza o protocolo SIP (protocolo inteiramente voltado a
serviços) que oferecem recursos para a melhoria da mobilidade e produtividade de usuários, como
a Defesa Civil, optou-se por desenvolver um sistema, baseado nesta tecnologia, que além de
classificar os patamares de cores, está preparado para enviar e-mails e gerar futuros relatórios
através de seu banco de dados e completar ligações automáticas PSTN (mesmo sem a necessidade
de estar conectada à internet), diferenciando-o assim daqueles existentes no mercado.
Essa tecnologia pode ser desenvolvida em hardwares de pouca funcionalidade e baixa
velocidade de processamento, como aqueles considerados obsoletos e normalmente descartados,
quando se pretende obter tecnologias mais recentes na solução dos problemas cotidianos. Uma
outra forma de desenvolvimento foi a utilização da “cloud computing”, normalmente conhecida
por “nuvem”, que permite a diminuição dos custos do projeto, evitando a necessidade de aquisição
de equipamentos e proporcionando uma economia no resultado final do mesmo.
Desta forma, optou-se por utilizar o sistema baseado na tecnologia VOIP, alocando no
servidor de nuvem da empresa Digital Ocean, que foi contratada para este objetivo.
Algumas principais vantagens desse sistema são, utilização do sistema de Voz Sobre IP na
distribuição Ubuntu Asterisk, que é um software VoIP (Voz sobre Internet Protocol) opensource
de Licença Pública Geral – GPL, e transformação de um simples computador em um poderoso e
completo PABX (Private Branch eXchange) criado pela Digium Inc.
O sistema é de fácil instalação e econômico para projetar. Ele é composto pelas
características descritas abaixo, onde para sua configuração e instalação é utilizado comandos
Linux para construir o PABX Voip Asterisk. Na figura 20 é mostrado um breve histórico dos
comandos e alguns detalhes como horário e tipo de linguagem de programação. O sistema foi
nomeado como Slapvoip – Sistema Leitura Automática de Possíveis cheias, sobre IP.
1 - Análise de requisitos;
2 - Configurações do servidor;
3 - Modelagem e criação do banco de dados;
4 - Web services – APIS de serviços e integração com sistema do CEMADEN;
5 - Modelagem e criação do banco de dados;
6 - Logo do sistema;
7 - Layout do PWA conforme cores da logo;
8 - Monitoramentos do sistema;
9 - Cadastros do usuário;
10 - Formulários de cadastro de informações do alerta;
Figura 20 - Configuração e Instalação do Sistema Slapvoip utilizando Software Linux.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A linguagem de programação do servidor Asterisk pode ser executado em plataformas


UNIX-Like, tal como Linux e sistemas Berkeley Software Distribution – BSD. A mesma
linguagem é também projetada para facilitar a adição de qualquer componente de telefonia, seja
hardware ou software, permitindo que os usuários da rede modelem seus sistemas telefônicos da
forma que preferir (ANDRADE, 2005).
O servidor Asterisk está no meio de uma grande revolução, pois ele está tratando de uma
área da tecnologia que esteve parada no tempo que é a indústria de Sistemas de Ramais Privados
(PBX/VOIP).
Existe uma lista com orientações básicas que devem ser observadas na construção do
Asterisk. Como um dos itens desta lista, está a possibilidade da utilização de equipamentos,
muitas vezes sucateados, que podem servir para montagem do servidor Asterisk, como por
exemplo o descrito abaixo (mínimo necessário):
a) Sistemas com não mais do que canais é recomendado no mínimo um computador
de 400Mhz x86 com 256 MB de memória RAM.
b) Para sistemas com até 10 canais é recomendado no mínimo um computador de
1GHz x86 com 512 MB de memória RAM.
c) Ambientes com até 15 canais, neste tipo de ambiente o mínimo recomendável é um
computador com 3GHz x86 e 1 GB de memória RAM. Já para ambientes grandes com mais de 15
canais é altamente recomendável o uso de CPUs duplas e possivelmente múltiplos servidores em
arquitetura distribuída.
No sistema Slapvoip utilizamos um servidor PABX /Asterisk da internet, um serviço de
operadora Voip, e um serviço de SMS, todos com baixo custo mensal que visam minimizar os
custos de produção do sistema, quando comparados com aqueles que existiriam, caso os
equipamentos descritos acima fossem adquiridos.
Dentro do Servidor Asterisk foi utilizada a comunicação SIP, que é o padrão para
comunicação de voz e vídeo em tempo real. O SIP (Protocolo de Iniciação de Sessão) foi criado
pela IETF e publicado como RFC 3261. O SIP é um protocolo de Internet para comunicações ao
vivo, usado para definir e desmembrar chamadas de vídeo e voz. É um protocolo de sinalização
usado para criar, modificar e terminar sessões com um ou mais participantes em uma rede IP.
Uma sessão pode ser uma chamada telefônica direta de duas vias ou pode ser uma sessão
de conferência multimídia com várias pessoas participando. O SIP tornou possível uma gama de
serviços que pareciam inimagináveis poucos anos atrás: conferências pela Internet, telefonia IP,
mensagem instantânea, comunicação de voz e vídeo, colaboração de dados, jogos online,
compartilhamento de aplicativos e muito mais.
Para o encaminhamento das chamadas foi usado o protocolo SIP, que está para as
comunicações em tempo real assim como o HTTP está para a rede e o SMTP está para os e-mails.
Ele está sendo a alavanca principal na aceleração da revolução telefônica IP. Com a telefonia SIP
surgiu uma alternativa viável ao PBX tradicional.
Outro arquivo de configuração é o extensions.conf, que é seguramente o mais importante
para colocar a central PABX deste projeto para funcionar. É nele que se define tudo o que está
relacionado com o plano de discagem. Qualquer número digitado através de uma extensão será
processado e, dentro deste arquivo, será dividido em três blocos de configuração, vistos nas
Figuras 21 e 22.
1. A chave [general] onde se configuram alguns parâmetros gerais;
2. A chave [global] onde se define as variáveis globais utilizadas por nossa central;
3. E a última parte, onde estão todas as configurações do plano de discagem;
Figura 21 - Configuração das programações e encaminhamentos das chamadas telefônicas
(blocos 1 e 2).

Fonte: Elaborado pelo autor.


Figura 22 - Configuração das programações e encaminhamentos das chamadas telefônicas
(bloco 1).

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2.4 Configurações Do Sistema Getphone – Cérebro da Operação

O getphone é uma rotina, baseada em shell script, que é responsável por quase todo o
funcionamento do backend do Slapvoip; pode-se dizer que ele é o cérebro da operação. O
getphone se conecta através de uma web service na aplicação web do Slapvoip, consultando todos
os usuários cadastrados. Através dessa consulta, o getphone trata os valores e faz as varreduras nas
listas de usuários.
O sistema apresenta duas opções de alerta. Uma via SMS e a outra via ligação telefônica.
Quando a opção de alerta for SMS, o getphone se conecta com os API´s da Vero Soluções
e envia um SMS para o usuário.
Quando a opção de alerta for ligação, o getphone se conecta com o Asterisk e realiza uma
chamada telefônica através de uma conta VOIP da Netwave Telecom, que possui conexão PSTN.
Após o envio da mensagem SMS e chamada de voz, o sistema volta a realizar um outro
script de confirmação de leitura por parte dos usuários. Este conecta-se com o servidor webservice
do slapvoip e registrando no banco de dados SQL na qual a ação foi executada com informações
de datas, ID do usuário, horário, tipo de alarme. Assim o getphone automatiza os serviços de
telefonia para usuários na camada front-end do seu software, com os API´s disponibilizados pelo
banco de dados da FUNCEME. É nesses API´s que se encontram os dados dos índices
pluviométricos coletados pelos pluviômetros do CEMADEN.
Desta forma o getphone automatiza os serviços de telefonia para usuários na camada front-
end do seu software API´s (Figura 23).

Figura 23 - Configuração do Sistema do Getphone.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2.5 Procedimento Configurações de Cadastro Usuários e dos Registros dos Alertas

Na criação de aplicações web abertas e gratuitas, o conjunto de aplicações mais usado é o


LAMP, um acrônimo para Linux, Apache, MySQL e Perl/PHP/Python. Nesse conjunto de
aplicações, inclui-se, respectivamente, um sistema operacional, um servidor web, um sistema
gerenciador de banco de dados e uma linguagem de programação. Assim, o MySQL é um dos
componentes centrais da maioria das aplicações públicas da Internet, conforme a Figura 24.
Para o desenvolvimento das telas com as cores dos alarmes, utilizou-se o software PHP
(Hypertext Preprocessor), que é uma linguagem de programação amplamente utilizada por
desenvolvedores ao redor de todo o mundo, para a construção de uma série de aplicações, a
exemplo de websites dinâmicos, pois permite a interação com o usuário por meio de links,
formulários e parâmetros de URL.
Figura 24 - Tela de Configuração do Cadastro de Alerta PHP.

Fonte: Elaborada pelo autor.


5 RESULTADOS

O projeto foi dividido em duas fases. Na primeira o sistema foi programado para
identificar as mensagens de alarme, a partir de qualquer chuva precipitada. Este foi desenvolvido
utilizando-se duas telas de cores. Uma de cor cinza, onde estava escrito “sem alarmes”, e a outra
de cor laranja, onde estava escrito “Alarmes”. Aqui, também, foi especificado que os envios das
mensagens de SMS e chamadas telefônicas, seriam enviadas com qualquer precipitação de chuvas,
conforme foi apresentado por ocasião do exame de qualificação deste trabalho.
Na segunda fase, os dados de chuva coletados pelos pluviômetros do CEMADEN, e os
registros de cheias dos arquivos da Defesa Civil da Cidade de Caucaia, foram obtidos. A tabela 4
apresenta os valores de precipitação ocorridos nas várias estações pluviométricas localizadas na
circunvizinhança da região em estudos, nas datas concomitantes com os eventos registrados pela
Defesa Civil (quadro 3). Desta forma, iniciou-se o desenvolvimento do sistema através das
programações do servidor PABX/ Asterisk, descrito no capítulo anterior. Observa-se na tabela 4, o
registro de valores de zero precipitação para o mês de maio de 2017, na estação conjunto
metropolitano (CEMADEN), e para os meses de maio de 2017, fevereiro, março e abril de 2018,
na estação do parque Leblon (CEMADEN). Estes valores de zero precipitação provavelmente
foram registrados devido a problemas com os próprios pluviômetros, que não estariam
funcionando, ou dos observadores que não teriam feito os registros. A disponibilidade da série de
dados de precipitação coletada através do pluviômetro da Estação Caucaia da FUNCEME,
possibilitou uma confrontação com os dados do CEMADEN, o que proporcionou uma maior
confiabilidade nos resultados a serem apresentados. Esta confrontação mostrou que, das estações
do CEMADEN, a do Parque São Geraldo é a que apresenta a serie mais completa e,
consequentemente, foi a escolhida como referência para este estudo.
Tabela 4 - Datas dos Registros com precipitações dos Pluviômetros do CEMADEN.

Fonte: Defesa Civil, 2019.


Quadro 3 - Datas dos registros das ocorrências registradas pela Defesa Civil de Caucaia.

Fonte: Defesa Civil, 2019.


Com os resultados das análises acima, e com registros encontrados, os níveis das possíveis
cheias foram classificados em quatro categorias que são: Ausência de Cheia, Cheia Moderada,
Cheia Forte, e Cheia Muito Forte. Essas categorias correspondem respectivamente as cores de tela
cinza, amarelo, laranja e vermelho. Este sistema de cores é relativo e depende do grau de
dificuldade encontrado pelo corpo técnico da Defesa Civil, em realizar suas tarefas de auxílio às
populações afetadas.
Devido a limitada quantidade de casos de cheias registradas e consequentemente
disponíveis, a classificação dos limiares, assim como os níveis de intensidade das cheias, foi feita
de maneira subjetiva. Espera-se que, com o desenvolvimento de uma nova cultura e com o
aumento do registro de casos, além do auxílio da expertise dos membros da Defesa Civil, os
limites de precipitação e descrição da intensidade das cheias possam ser mais apropriadamente
feitos.
Uma vez que o usuário já esteja cadastrado e logado no sistema, caso ocorra um evento
significativo, receberá um SMS. Neste SMS ele poderá tomar ciência dos detalhes desta
ocorrência, tais como a quantidade de chuva precipitada e a intensidade da provável cheia
associada (figura 25). Caso esteja interessado, o usuário pode registrar e disponibilizar essa
ocorrência no banco de dados do SQL. O registro dessas ocorrências é suficientemente fácil e
detalhado para que, em um futuro próximo, seja possível um estudo mais detalhado da dinâmica
envolvida nos processos das cheias daquela região e sua utilização na direção de um eventual
ajuste e refinamento próprio.
Figura 25 - Resultados dos envios.

Fonte: Elaborada pelo autor.

A intensidade da cheia corrente é apresentada como função dos resultados da classificação


dos limiares de precipitação que são apresentados na tabela 5 abaixo.

Tabela 5 - Cores dos Alertas e patamares dos índices de envio SMS.

Cores Modalidade mm
sem cheias 0 a 1,1
cheia moderada 1,2 a 15
cheia forte 15,1 a 30
cheia muito forte 30,1 em diante

Fonte: Elaborada pelo autor.


Uma vez definidos os limiares de cores e precipitação, o programa foi compilado. Após a
compilação, os registros dos usuários (figura 26), puderam ser feitos. Para logar no sistema,
através do link Slapvoip.cf, ele é solicitado a preencher um pequeno formulário com seus dados.
Feito isto, estará capacitado a registrar que está ciente do recebimento da mensagem lhe enviada
via SMS (Figura 26), e visualizar através de uma das cores descritas anteriormente, qual a
intensidade desta possível cheia (Figura 27).

Figura 26 - Telas de Cadastramento Dos Usuários e Registro dos Alerta.

Fonte: Elaborada pelo autor.


Figura 27 - Telas após o login no Slapvoip.cf ilustrando as possíveis possibilidades das
cheias.

Fonte: Elaborada pelo autor.

No dia 14 abril de 2019, aconteceu um caso de significante relevância, que foi registrado.
Este, que foi responsável pela ocorrência de fortes chuvas na cidade de Caucaia, foi utilizado para
os testes e coletas e das evidencias finais dos procedimentos do Slapvoip, que se mostrou em
perfeito funcionamento.
Um outro exemplo deste bom funcionamento, pode ser visto através da reportagem do
jornal Metropolenews de Caucaia (Figura 28). Neste dia o jornal apresentou uma cheia, que
inundou vários bairros daquela cidade. Essa cheia não foi registrada por parte da Defesa Civil,
mas o Slapvoip, em funcionamento no momento, como esperado, registrou as mensagens SMS
com as informações adequadas (Figura 25).

Figura 28 - Reportagem do Metroplenews com cheias de Caucaia em 14 abril 2019.

Fonte: Jornal Metrópole News, 2019.

Visando continuar os testes, o sistema permaneceu ligado no mês de abril. Este foi um mês
onde a quantidade de precipitação, naquela região, foi acima da média (60%), como citado
anteriormente. Um caso que foi considerado digno de registro foi o do dia 20-04-2019. Neste dia a
reportagem do jornal o povo informou que, entre a noite de sexta-feira do dia 19 e a manhã do dia
20 de abril, a região metropolitana registrou 111.4 milímetros de chuva. Para esta precipitação, o
Slapvoip emitiu, às 8h27 do mesmo dia, um SMS com os incrementos e os decrementos relativos
a essa chuva, avisando sobre as possíveis cheias em Caucaia. Este fato pode ser visto na Figura 25
acima.
É importante observar que todos os registros enviados via SMS, inclusive o registro de
visualização do parte do usuário, são automaticamente incluídos no Banco de dados do Slapvoip, e
ficam disponíveis para consulta no endereço IP http://204.48.18.215/alertas/getall (Figura 29).
Figura 29 - Registros das ocorrências no Banco de Dados SQL do Slapvoip.

Fonte: Elaborada pelo autor.


6 CONCLUSÕES

Verificou-se que a utilização da tecnologia VOIP pode facilmente ser feita com a
vantagem de, com os avanços dos sistemas computacionais, ser muito rápida e de baixo custo, o
que reflete na economia com operadoras e seus cartéis.
A simplicidade do Slapvoip permite a utilização de sistemas computacionais simples, que
atualmente poderiam ser considerados como obsoletos.
O sistema em questão (Slapvoip), envia para o usuário (Defesa Civil e outros cadastrados),
em tempo real, as informações (via SMS) sobre as ocorrências das possíveis cheias.
Tendo sido classificadas as informações em um padrão de cores, conforme os índices
pluviométricos estabelecidos, o sistema faz o seu envio, dentro dos limiares sugeridos pelo estudo.
O sistema gera as chamadas telefônicas que são registradas no banco de dados SQL do
Slapvoip.
Este é um sistema que pode ser aperfeiçoado utilizando as informações por ele mesmo
geradas.
Sendo usada adequadamente, o sistema constitui-se de uma ferramenta capaz de ajudar os
governos, com suas Defesas Civis, a obter mais eficiência nos seus planos e ações sócio
educativas, junto à população que vive em áreas de vulnerabilidade.
O sistema é uma ferramenta útil para a população que vive em áreas de risco, sofrendo
com cheias e inundações, pois possibilita a aceleração nas ações dos organismos governamentais
responsáveis por sua mitigação.
7 SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DESTE TRABALHO

O sistema é fundamentado nas novas tecnologias que utilizam VOIP, softwares livres,
internet, e pode ser aperfeiçoado através a automatização dos seus serviços, geração de relatórios e
tabelas, a partir do banco de dados.
Além de SMS, o sistema permite o envio de e-mails que informem, de maneira mais
detalhada, as ocorrências relativas as possíveis cheias. Seria interessante implementar esta
facilidade.
Os resultados obtidos com este sistema podem ser robustecidos através da consideração
dos dados provenientes de mais de um pluviômetro (ao invés de um só como é atualmente).
É de grande importância para o trabalho dos órgãos responsáveis pela mitigação dos
efeitos deste tipo de evento, sua descrição e registro. Assim, sugere-se a inclusão de um
dispositivo, no próprio aplicativo, que permita ao usuário a inclusão das informações básicas e
detalhadas do evento.
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