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TRABALHISTA
6 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1996. v.I, p.484.
Processual do Trabalho é a especialidade da doutrina jurídica, composta de regras e
fundamentos exclusivos para o desempenho do direito do trabalho e que concentra
a atuação das partes, juízes e seus auxiliares, no processo individual e coletivo do
trabalho. Carlos Henrique Bezerra Leite, em rico pensamento, instrui que:
Conceituamos o direito processual do trabalho como ramo da ciência
jurídica, constituído por um sistema de princípios, regras e
instituições próprias, que tem por intuito promover a pacificação justa
dos embates derivados dos vínculos jurídicos protegidos pelo direito
material do trabalho e regular o funcionamento dos órgãos que
compõem a Justiça do Trabalho 7.
Seu propósito é, também, característico, porquanto que descansa na
execução dos direitos fundamentais da sociedade, individuais, coletivos e divulgados
dos trabalhadores e no progresso da pacificação das dissidências resultantes dos
vínculos de trabalho, com ênfase para as provenientes da relação de emprego. Para
tal, a disposição jurídica do Brasil pressupõe uma Justiça especializada, constituída
por tribunais e juízes também conhecedores em processos trabalhistas e
qualificados para sentenciar as ações derivadas da relação trabalhista.
Outro desígnio do direito processual do trabalho fundamenta-se na
concepção de uma estrutura entendida disposta à normatização do sistema dos
distintos órgãos que integram a Justiça do Trabalho, tendo em vista a legítima
operacionalização dos intentos jurídico, social, ético e político dessa área
especializada do Judiciário brasileiro.8
7 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Ação civil pública. São Paulo: Ltr, 2001.
8LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho.16. ed., São Paulo:
Saraiva, 2018. p. 130.
9 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 8ª Edição, São Paulo,
10 Nesse sentido dispõe o artigo 126 do CPC, “in verbis”: O juiz não se exime de sentenciar ou
despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. “O julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as
normas legais, não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de
direito”.
12Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se
faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Nessa linha de raciocínio, o princípio da efetividade traduz o próprio êxito da
execução trabalhista, que somente é atingido com a materialização da obrigação
fundada no título executivo, entregando-se o bem da vida ao credor.13
13 PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho, 4ª edição, São Paulo: Saraiva, 2017, p. 907.
14 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.552.
O grande objetivo da execução trabalhista é a satisfação do direito do
credor. Logo, todos os atos processuais praticados no bojo da execução trabalhista
devem ter por escopo a realização prática de atos concretos e satisfativos do direito
do credor.15.
A execução se faz em função da necessidade da satisfação do crédito
trabalhista, ou seja, é feita no interesse do credor (artigo 612 do CPC). Esse
interesse deverá orientar e determinar a interpretação e aplicação das leis
processuais trabalhistas. Assim, na hipótese de conflito de normas trabalhistas que
regem a execução, o juiz deverá aplicar a norma mais favorável ao exequente.
Com efeito, assim dispõe o art. 797 do CPC/2015: “Art. 797. Ressalvado o
caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a
execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de
preferência sobre os bens penhorados”. Por fim, a atuação interpretativa do juiz do
trabalho na execução deverá se pautar sempre pela ideia da satisfação do direito do
credor trabalhista. Por consequência, caso haja um conflito de normas trabalhistas
que regem a execução, o magistrado deverá utilizar a mais favorável ao exequente.
15 PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho, 4ª edição, São Paulo: Saraiva, 2017, p. 912.
16 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.552.
“Art. 627.O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da
coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for
reclamada do poder de terceiro adquirente”.
“Art.633. Se, no prazo fixado o devedor não satisfazer a obrigação, é licito ao
credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do
devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.
17 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.552.
1.4.6 Princípio da Responsabilidade pelas Despesas Processuais:
18 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.553.
19 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.551.
Aduz que somente serão atingidos os bens do devedor até a satisfação do
direito do credor. Assim, quando parte do patrimônio do executado for suficiente
para essa satisfação, não haverá a necessidade de constrição e expropriação da
totalidade dos bens do credor. O princípio da limitação expropriatória impede a
alienação total do patrimônio devedor, quando parte dos bens for bastante para
atender a satisfação do direito do credor. 20
Nesse contexto, os arts. 659 e 692, parágrafo único, ambos do CPC e o art.
883 da CLT estabelecem:
“Art. 659 [com redação dada pela Lei 11.382/2006]. A penhora deverá incidir
em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, juros,
custas e honorários advocatícios”.
“Art 692 do CPC - Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão,
ofereça preço vil”.
20 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.551.
21 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho.12.ed., Bahia: Jus Podivim, 2015,
p.554.
CAPÍTULO 2 - CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
22THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 67.
23 LORGA, Camila. Conceito de execução civil e seus princípios informadores, 2010. Disponível em:
< https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2192987/conceito-de-execucao-civil-e-seus-principios-
informadores-camila-lorga-ferreira-de-mello> Acesso em: 02 de novembro de 2018
inerte com sua obrigação. 24 À vista disso, apresentaremos os principais princípios
aplicados ao processo de execução.
25THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 67.
26 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 148.
27THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 213.
Dessa forma temos que nos casos de uma sentença reconhecer o direito de
receber coisa ou quantia não é necessário a instauração do processo de execução,
em razão da realização do direito ser dada na própria relação jurídica que foi
proferida a sentença condenatória, sendo cabível o cumprimento de sentença que
será de competência do juízo originário.28
Por outro lado, no caso da existência de um título executivo extrajudicial, o
processo cabível será o de execução, tendo em vista que o autor conseguirá
promover os atos de realização material de seu crédito sem passar pelo
acertamento judicial, não dependendo de sentença para conseguir expropriar os
bens do devedor necessários para a satisfação de seu crédito.29
Sendo assim, embora atualmente haja um sistema processual unitário para
a cognição e a execução, levando em consideração a propositura do cumprimento
de sentença nos mesmos autos do processo de conhecimento, a execução ainda é
considerada um meio autônomo30, tendo em vista que em razão da celeridade é
possível que o pedido de cumprimento de sentença seja feito nos mesmos autos do
processo de conhecimento, porém em caso de execução de título extrajudicial, a
ação será ajuizada de forma autônoma, e de igual modo, na defesa, que é
denominada embargos à execução, também será desenvolvido um processo
autônomo em dependência com a execução principal.
2.2 Princípio da nulla executio sine titulo e da execução sem título permitida
28THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 220.
29THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 68.
30THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 219.
sendo esse documento decorrente de um processo de conhecimento ou que a lei
tenha atribuído força, sendo a prova mínima e suficiente de que o exequente deve
se valer para a instauração dos atos executivos.31
Para Humberto Theodoro Júnior, a existência do título executivo seria uma
condição da ação, tendo a função de autorizar, definir o fim e de fixar os limites da
execução32. Nesse sentido, o processo de execução não pode ser instaurado sem
prévia certeza do direito do credor, diagnosticando a parte legítima para o
cumprimento da obrigação e o valor em que deve ser adimplido.
Em contraponto, Araken de Assis ressalta os casos em que é concebível a
antecipação sumária do efeito executivo, como no caso de uma decisão
interlocutória que fixa alimentos. Nesse caso não se trata de uma dívida certa, tendo
em vista que ainda não exauriu os meios de discutir a proporção da dívida, se
tratando de um título provisório que só será definitivo após o trânsito em julgado.33
Dessa forma, no que pese o título executivo ser requisito para a tutela
executiva, há casos em que a execução pode ser baseada em uma tutela de
emergência, na qual o título não é certo ou em um alto grau de certeza decorrente
de um fato em que o réu não pode se opor.
Nesse sentido, Araken de Assis conclui que obedecidos ao conteúdo e aos
efeitos do art. 803, I, o título não é “condição” da demanda executória. Tampouco
representa o fato constitutivo da ação. É pressuposto do processo válido, no sentido
de que se exige prova pré-constituída do crédito, tanto que a ausência dessa prova
gera a invalidade prevista no art. 803, I,34 de modo que nos casos em que não haja
um título executivo ou decisão com força executiva, a inicial será considerada inepta.
31DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia: JusPodivm,
2017, p. 86.
32THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 255.
33 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 151.
34 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 151.
2.3 Princípio da tipicidade e da atipicidade das medidas executivas.
36DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 100.
impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
Já no entendimento do STJ é possível a penhora de cartões de
créditos, porém, é requisito o esgotamento das demais medidas coercitivas,
vejamos:
Processual civil. Agravo regimental no recurso especial. Execução fiscal.
Penhora de valores de créditos futuros, resultantes de vendas efetuadas por
cartão de crédito e débito. Faturamento da empresa. Medida excepcional.
Súmula 83/stj. Matéria fático-probatória. Súmula 7/stj. Precedentes.
Questões tratadas apenas no voto vencido. Prequestionamento não
configurado. Súmula 320/stj. Agravo regimental improvido.
[..]
II. No caso, a controvérsia foi decidida, nas instâncias ordinárias, com base
no conjunto fático-probatório dos autos e em consonância, ainda, com a
orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de
que a penhora das vendas efetuadas por meio de cartão de crédito e de
débito implica, na realidade, em verdadeira penhora sobre o
faturamento da empresa, que deve obedecer maior rigor, devendo ser
determinada apenas se frustradas todas as tentativas de localização de
bens
[..]
AgRg no AREsp 385525 – MG Rel. Min. Assusete Magalhães, j.
19.03.2015, p.26.03.2015, 2ª T
Dessa forma, essas cláusulas gerais autorizam a utilização de meios de
execução indiretos para a satisfação do crédito, sendo o órgão julgador chamado a
interferir mais ativamente na construção do ordenamento jurídico, a partir do caso
concreto.37
37DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 102.
Vale ressaltar que a aplicação desse princípio não visa limitar o direito do
credor, não permitindo a interpretação de que o valor da execução deva ser reduzido
ou parcelado para que o executado possa adimplir com sua obrigação.38
A aplicação do princípio visa alcançar um resultado de um meio menos
gravoso, no caso em que tenha vários meios considerados igualmente eficazes,
visando impedir uma execução desnecessariamente onerosa ou abusiva,
protegendo a boa-fé dos atos executórios.39 Dessa forma, a aplicação do princípio
pode ser ex officio ou por manifestação da parte. Nesse caso o devedor deverá
impugnar a onerosidade excessiva indicando outro meio igualmente eficaz, sob pena
de manutenção dos atos executivos já determinados, conforme disposto no artigo
805, parágrafo único, do CPC.
38DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 80.
39DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 80.
40 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 151.
princípio é fruto de uma grande evolução histórica, sendo que no período romano a
execução poderia ser pessoal e a pessoa poderia pagar com sua vida ou com a de
seus familiares, com o objetivo de adimplir com a obrigação.41
A evolução com relação a responsabilidade patrimonial foi tamanha que
atualmente, mesmo nos casos em que o devedor é considerado inadimplente por
não conseguir arcar com a dívida, existem bens protegidos pelo Estado, visando
resguardar a integridade do executado, como nos casos de bem de família.
41DIDIER, Fredie Júnior. Curso de Direito Processual Civil: Execução, 7ª edição. Bahia:
JusPodivm, 2017, p. 69.
42THEODORO, Humberto Júnior. Curso de Direito Processual Civil, 50ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. P. 233.
infungíveis o requerente poderá solicitar ao juiz que seja fixado prazo para cumpri-la,
sob pena de conversão em perdas e danos.43
Nos casos da obrigação de não fazer o exequente irá requerer que o
executado desfaça o ato que estava obrigado por título a se omitir, devendo arcar
com as custas do desfazimento de seus atos, sendo que no caso de o desfazimento
não ser possível a obrigação será revertida em perdas e danos.44
Já quando o devedor está obrigado a pagar quantia certa, ele será intimado
para que realize o pagamento no prazo de 15 dias, sob pena de acréscimo de juros
de mora e correção monetária. O artigo 916 do CPC prevê o parcelamento da
dívida, devendo o devedor realizar o pagamento de 30% do valor da execução
acrescido de custas e honorários, parcelando o restante em até 6 vezes.
Para impor a ordem jurídica, o Estado utiliza de coação e meios de sub-
rogação. No primeiro caso, temos as sanções de caráter intimidativo e de força
indireta, como a multa. No segundo caso temos o estado atuando como “Substituto
do devedor” atuando sem ou contra a vontade deste dar satisfação ao credor com o
objetivo de quitar a obrigação.
Dessa forma, o Estado pode penhorar os bens do devedor para satisfazer a
dívida, bem como apreender a coisa devida e entregar ao credor, como no caso da
execução por coisa certa.
Nesse sentido a doutrina divide as espécies de execução em Direta e
Indireta, sendo que na execução indireta a coerção é de forma pessoal e
patrimonial, enquanto na execução direta a coerção se da por desapossamento,
transformação ou expropriação (Desconto, adjudicação, alienação pública ou
particular e usufruto)45.
45 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 194.
Nesse sentido, a execução imprópria, como inscrições ou averbações em
registros públicos, não seria uma execução propriamente dita, tendo em vista que
seriam apenas a publicidade dos atos judiciais.
Para Theodoro Junior, sem a agressão direta sobre o patrimônio do devedor
não se pode falar em execução forçada, sendo esta “a intromissão coercitiva na
esfera jurídica do devedor com o fim de obter um resultado real ou jurídico a cuja
produção esteja ele obrigado ou pelo qual responda”, dessa forma iremos
aprofundar a respeito do estudo da execução direta.
46 FREIRE, Bruno Uma breve Teoria Geral da Execução. 2016. Disponível em: < http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=15734 > acesso em 22 de setembro de
2018.
47 ASSIS, Araken. Manual da Execução: 19ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 202.