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Antropologia
Prof. MSc. Jean Segata
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[...] violence is a product of nature, as it were a raw material, the use of which is in
no way problematical, unless force is misused for unjust ends. If, according to the
theory of state of natural law, people give up all their violence for the sake of the
state, this is done on the assumption that the individual, before the conclusion of this
rational contract, has de jure the right to use at will the violence that is de facto at
his disposal (BENJAMIN, 1978, 278).
Tal tese, segundo o autor, havia sido refutada pelo darwinismo que supunha que a
violência era parte daquilo que garantiria às espécies mais fortes a sobrevivência, logo, ao
invés de chegar a uma assunção de indivíduos, chegar-se-ia a alguma disputa onde o mais
forte (mais violento) sobreviveria.
De todo modo, a tese do Direito Natural esta posta diametralmente em oposição a
tese do Direito Positivo, que compreende a violência como produto da história, para o qual os
fins justificam os meios e os meios justificados são usados para justificar os fins. Nas palavras
de Benjamin (1978): “natural laws attempts, by the justness of the ends, to ‘justify’ the means,
positive law to ‘guarantee’ the justness of the ends through the justification of the means”
(BENJAMIN, 1978, p. 285). Neste caso se tem um conflito irreconciliável entre o direito
positivo e o direito natural, uma vez que se justificam os fins com uma mão e os meios por
outra.
A questão central da discussão está na justificação de certos meios que constituem
violência, ou uma distinção entre a violência sancionada e a violência não-sancionada, uma
vez que nem o Direito Natural e nem o Direito Positivo dão uma clara distinção entre os meios
que distinguem uma violência legítima de uma violência ilegítima. Segundo Benjamin (1978)
o desentendimento no Direito Natural para esta distinção repousa entre o que justifica e o que
não justifica os fins, o que pode ser enfaticamente rejeitada, uma vez que a percepção que o
direito positivo tem de uma violência de origem unicamente histórica mostra que sob certas
condições históricas a violência é declarada, ou não-legal. Desde o reconhecimento de uma
violência legal é mais tangível a deliberação da submissão para os fins, que pode ser baseada
na presença ou na ausência de um reconhecimento desses fins. Tais fins também podem ter
seu reconhecimento como fins naturais ou fins legais. Assim as diferentes funções da
violência dependeriam se elas serviriam a fins naturais ou legais, e os fins legais ficam
claramente justificados pelas condições europeias atuais.
De toda a forma, pode concluir a partir do texto resenhado que atualmente todos
os fins naturais de pessoas singulares chocam com os fins jurídicos e esses são perseguidos.
Assim, é sempre interessante que nós acadêmicos e cidadãos olhemos para a violência de
modo crítico, para não transformá-la em uma entidade autônoma, que responda por si mesma,
sem que se pense nas ações dos sujeitos que a praticam. A violência não é algo da ordem das
substâncias ou qualidades, que tem forma e precisa ser combatida; antes sim, é da ordem das
ações; logo, precisamos focar nossa atenção em quem são os sujeitos que cometem violências,
com seus fins e seus meios.
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. “Critique of Violence”. In: ______. Reflections: essays, aphorisms,
autobiographical writings. New York: A Harvest/HBJ Book, 1978, pp. 277-300.