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FACULDADE DE LETRAS
RIO DE JANEIRO
SETEMBRO DE 2014
O ENUNCIADOR E O ENUNCIATÁRIO NA REVISTA MEGAZINE: UMA ABORDAGEM
SEMIÓTICA
Rio de Janeiro
Setembro de 2014
SANTOS, Juliana Oliveira dos.
V, 208f.
Examinada por:
______________________________________________________________________
Prof. ª Dra. Regina Souza Gomes (presidente)
______________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Renata Ciampone Mancini (UFF)
______________________________________________________________________
Prof. ª Dra. Eliete Figueira Batista da Silveira (UFRJ)
______________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Silvia Maria de Sousa - UFF (Suplente)
______________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Lucia Helena Martins Gouvêa - UFRJ (Suplente)
Rio de Janeiro
Setembro de 2014
AGRADECIMENTOS
A minha família, por me apoiar e incentivar sempre, em especial a minha mãe (in
memoriam), que despertou em mim o gosto pelas letras e para quem eu dedico esta
dissertação.
Ao meu amor, pelo apoio incondicional nos momentos em que faltava inspiração e
sobrava desespero e pela ajuda incansável em vários momentos da elaboração deste trabalho.
Aos amigos de trabalho, pelo apoio diário e por entenderem as minhas ausências e
atrasos durante os estudos do mestrado.
RESUMO
Introdução ............................................................................................................................... 10
Sabe-se que a mídia em geral está intimamente relacionada com o modo como as
pessoas têm acesso aos fatos do mundo. O jornal e outros meios de comunicação atuam como
mediadores entre o sujeito e o mundo, transmitindo a realidade dos fatos sob uma
determinada ótica. Tal discurso concebe essa realidade apresentada no jornal “como sendo a
realidade feita dos fatos” ou um simples relato dos acontecimentos tal qual eles acontecem
(BUCCI, 2003, p. 9). O uso de algumas construções lexicais em detrimento de outras, bem
como a escolha das matérias publicadas, provocam a aceitação ou não do leitor a respeito do
que o enunciador diz. Sendo assim, este último formula seu discurso de modo a aproximar o
leitor do que está sendo dito. Mais do que supostamente apresentar as notícias de forma neutra
e imparcial, o discurso jornalístico seleciona e organiza o conteúdo transmitido de acordo com
um ponto de vista social e politicamente determinado.
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exemplo, concede-se maior atenção a certos acontecimentos que anteriormente não ocupavam
muito espaço no jornal, este provavelmente buscou ajustar-se aos novos interesses e
demandas de seu público, numa relação que vai além da busca pela transmissão de valores,
“estabelecendo-se um regime no qual não mais a junção, mas a união tem lugar” (GOMES,
2013, p. 502). É preciso, portanto, considerar outras formas de interação intersubjetiva
existentes, ainda que a manipulação seja predominante no discurso jornalístico, entendendo a
inexistência de fronteiras rígidas entre elas, mas sim uma inter-relação em que se vai de uma a
outra.
Com base no contexto apresentado, este trabalho procura identificar como é construída
a imagem do jovem presente na revista digital Megazine, ou seja, o ator da enunciação que
recobre o actante sintático para o qual o jornal se dirige, o enunciatário. A revista é um
suplemento online do jornal O Globo, notadamente conhecido como “jornalismo de
referência” e voltado para um público cultural e economicamente favorecido. O corpus
selecionado para análise obedeceu a um critério cronológico e se constitui, principalmente, de
um total de 40 notícias publicadas nessa revista entre fevereiro e maio de 2012. Pela própria
natureza do objeto de análise, que tem como importantes características a atualização e a
dinamicidade, outras publicações mais recentes foram acrescentadas posteriormente ao
corpus, de modo a dar conta dos objetivos traçados nesta dissertação.
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que a versão digital apresentou mudanças, estando “mais voltada para o universo cultural teen
de uma forma crítica e inteligente” (O Globo online, Blog Amanhã no Globo, 28/05/2010).
A pesquisa será feita com base na teoria semiótica de linha francesa, que permite fazer
uma reconstrução do sentido observado no texto, percebendo de que forma esse sentido vai
sendo construído ao longo do discurso. Por meio da metodologia proposta pela semiótica para
a abordagem do texto, percebemos o quanto algumas construções discursivas se revelam
carregadas de caráter persuasivo.
Por meio do estudo dos recursos argumentativos utilizados, bem como temas e figuras
presentes no discurso do narrador e nas falas dos jovens projetadas no texto, busca-se
identificar como é construída a imagem do jovem de hoje na revista. Como resultado da
análise, imagina-se encontrar uma utilização estratégica dos discursos direto e indireto, dando
voz aos interlocutores, a fim de dar maior credibilidade ao discurso e um amplo uso de
construções de caráter manipulador, entre outros recursos argumentativos, como, por
exemplo, expressões de natureza avaliativa e uma seleção temática e figurativa que aponta
para determinada imagem do jovem pressuposto na revista, propagando certas ideologias.
Espera-se encontrar também projeções enunciativas tanto de primeiro quanto de segundo
grau, bem como outras escolhas linguístico-discursivas que inscrevem no texto um sujeito
pouco perspicaz, imaturo, cheio de dúvidas e anseios mostrados no discurso como típicos da
idade, vendo a revista como detentora de um saber que ele almeja.
Este trabalho tem, portanto, como objetivos principais: (a) identificar as projeções
enunciativas de pessoa, tempo e espaço, observando suas recorrências; (b) identificar as
relações estabelecidas entre enunciador e enunciatário, bem como outros recursos
argumentativos usados pelo enunciador e quais efeitos de sentido eles geram no discurso; (c)
analisar os procedimentos de tematização e figurativização, observando sua importância na
construção de ideologias no discurso; (d) apreender as formas de relações passionais entre
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sujeitos e entre sujeitos e objetos, bem como suas modulações afetivas, tanto na enunciação
quanto no enunciado; (e) por meio dos procedimentos acima elencados, apreender a imagem
construída do jovem na revista escolhida, seu modo de vida e principais interesses,
ressaltando o caráter manipulador do discurso e afastando a ideia de neutralidade, o que
possibilita uma leitura menos “ingênua”.
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1 – SEMIÓTICA FRANCESA E O ESTUDO DO TEXTO
No presente estudo, utilizaremos a teoria semiótica de linha francesa, uma teoria que,
tendo o texto como seu objeto de estudo, lança um olhar sobre ele, procurando descrever sua
significação e de que forma ela se dá. Assim, a preocupação passa a ser não só identificar o
que o texto diz, mas de que forma o faz, ou seja, é o estudo da estrutura interna que permite a
apreensão do sentido. Para nos atermos à teoria em questão, também conhecida como teoria
semiótica greimasiana, partiremos primeiramente de um de seus princípios, o da imanência,
que postula que os fatores sócio-históricos encontram-se presentes dentro do texto. Desta
forma, uma análise interna do texto dá conta de sua significação, pois parte-se da ideia de que
o produtor do discurso deixa nele marcas que permitem chegar ao contexto em que o texto
está inserido. Segundo Barros (2009), o conceito de exterioridade em Semiótica não é adotado
da mesma forma como o concebem outras teorias, como algo que está fora do texto, “mas não
deixa de examinar, sob outro prisma e com outros nomes, aquilo que, em outros quadros
teóricos, é denominado exterioridade” (BARROS, 2009, p.351-352). Portanto, para a
semiótica, o estudo das relações entre os sujeitos e o contexto de produção do discurso se
encontram dentro do texto, justificando uma análise imanente, ou seja, da estrutura interna do
texto.
Fantasia Realidade
S1 S2
Não-realidade Não-fantasia
Não-S2 não-S1
relação de contrariedade
relação de contradição
relação de complementaridade
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A relação entre os termos do quadrado se dá de forma que a negação de cada termo
pressupõe a afirmação do outro, somente podendo passar de um termo a seu contrário por
meio dessa operação de negação. Sendo assim, como afirma Fontanille (2008, p. 66), “o
percurso que leva de um contrário a outro, de a1 a a2 passa, primeiro, pelo contraditório não-
a1”, como vemos no esquema abaixo (entendendo que “a” corresponde a “S”):
a. S1 → não-S1 → S2
b. S2 → não-S2 → S1
O nível fundamental apresenta, portanto, uma análise das oposições que organizam o
sentido geral do texto.
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Na sintaxe narrativa, há uma relação estabelecida entre dois actantes: sujeito e objeto-
valor. O primeiro se relaciona com o objeto de diversas formas ao longo do discurso. Essa
relação entre os actantes é que define os dois tipos de enunciado elementar, a saber, enunciado
de estado e enunciado de fazer. No primeiro, temos uma relação de junção (disjunção ou
conjunção) entre o sujeito e o objeto-valor, enquanto no segundo acontecem as
transformações que alteram a relação de junção, ou seja, a passagem de um estado a outro. Na
reportagem já citada acima, “Adolescentes se transformam para ficarem parecidas com
Barbies” (MEGAZINE, O Globo, 30/03/12), temos um estado inicial de disjunção com o
objeto-valor fantasia (concretizado pela semelhança com bonecas) seguido de uma
transformação para um estado de conjunção com este objeto, a partir do fazer realizado pelo
sujeito.
Uma vez que os textos são narrativas complexas compostas por uma variedade de
enunciados de estado e de fazer, esses obedecem a um plano hierárquico de organização. O
modo como os enunciados de estado e de fazer se articulam é o que define o programa
narrativo, que é um enunciado de fazer regendo um enunciado de estado. Nele, há a relação
entre os sujeitos e entre eles e o objeto-valor, percebendo que para que um sujeito adquira um
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objeto-valor, outro sujeito foi dele privado ou dele renunciou. Assim, os objetos estão sempre
em movimento na narrativa, circulando entre os sujeitos.
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ideia de criar um curso para o público feminino com o intuito de aumentar sua autoestima nos
relacionamentos sexuais. Observemos o trecho abaixo, também retirado do corpus em análise:
A performance é a fase em que o sujeito opera uma transformação, por estar munido
de um saber e poder fazer, mudando o estado inicial da narrativa. Para ilustrar isso,
recorremos novamente ao texto “Mulheres criam curso chamado ‘Bitch!’ sobre sexualidade
feminina” (MEGAZINE, O Globo, 08/03/12), presente no corpus. A partir dos valores
recebidos na fase da competência, o sujeito mulher é agora um sujeito do fazer, que opera
uma transformação e não se vê mais como mocinha, mas passa a aceitar seu poder sexual, se
sentindo segura e poderosa.
É importante salientar que nem sempre essas quatro fases da narrativa encontram-se
explícitas no texto. Muitas vezes, pode aparecer somente a performance, por exemplo,
estando as demais pressupostas, a depender da narrativa.
A semântica narrativa trata dos valores investidos nos objetos, estudando a relação do
sujeito com esses valores. Tal relação pode ser, como vimos, de conjunção ou disjunção,
alternando de um estado a outro ao longo da narrativa. Os valores apresentam natureza modal
ou descritiva. Os primeiros são responsáveis por modalizar ou modificar a relação entre o
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sujeito e os objetos, compreendendo quatro modalidades previstas na semiótica: querer,
dever, poder e saber. Os segundos dizem respeito aos valores investidos nos objetos
desejados pelo sujeito (como a riqueza, a fama, o conforto). Para que o sujeito obtenha um
valor descritivo como a riqueza, por exemplo, é preciso que ele esteja modalizado por um
querer-fazer ou um dever-fazer, ou seja, tenha as motivações para a ação, e de um saber-fazer
e um poder-fazer, ou seja, alcance uma competência, algo que ele adquire ao longo da
narrativa, por meio de sua relação com outros sujeitos. Sendo assim, o sujeito da narrativa (S¹)
é investido de valores modais para que, a partir de então, dotado de competência, persiga seu
objeto de valor, como vemos no esquema abaixo:
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Passemos agora ao estudo da estrutura discursiva, última etapa do percurso gerativo e,
também a mais concreta e próxima da manifestação textual. O nível discursivo apresenta uma
semântica mais enriquecida, com a concretização das formas abstratas apresentadas nos níveis
anteriores, sendo o que mais se aproxima da manifestação textual. Em razão disso, o presente
trabalho terá foco neste nível, por apresentar as relações entre sujeitos discursivos, efeitos de
sentido criados e asserção de determinações ideológicas.
Todo discurso pressupõe um sujeito que fala e outro para quem o texto se dirige. Na
enunciação, há a instauração de dois actantes pressupostos, ou seja, os participantes da cena
enunciativa, a saber, o eu e o tu, que, no nível discursivo, são chamados de enunciador e
enunciatário. Segundo Fiorin (2008, p.137), tanto um quanto o outro dão origem ao sujeito da
enunciação, de forma que “o primeiro produz o enunciado e o segundo é levado em
consideração pelo eu na construção desse enunciado”. O eu projeta uma imagem do tu,
assumindo que este se identifique com o discurso, aceitando-o como sendo verdadeiro.
Assim, o enunciador, como uma das instâncias pressupostas ao ato de enunciar, sempre
produz seu discurso levando em conta o enunciatário a quem se dirige.
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enunciação-enunciada, ou seja, atores instalados no enunciado, responsáveis pelo eu e tu
explícitos na narrativa. Da mesma forma, temos também as figuras do interlocutor e do
interlocutário, sujeitos delegados pelo narrador que simulam um diálogo em discurso direto
dos actantes do enunciado. Os diferentes níveis dos actantes do enunciado e da enunciação
serão retomados de forma detalhada mais adiante.
O efeito de sentido de verdade discursiva é alcançado por vários meios, entre eles os
mecanismos de projeção enunciativa, as debreagens no discurso. Esses mecanismos produzem
dois efeitos de sentido: a proximidade e o distanciamento da enunciação. O primeiro produz
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um discurso em primeira pessoa, com tempo e espaço relativos ao momento e lugar da
enunciação. Denominado de debreagem enunciativa, o mecanismo projeta um discurso
carregado de marcas subjetivas, em que a presença do sujeito enunciador é facilmente
apreendida. Tal recurso é claramente uma estratégia de aproximar enunciador e enunciatário,
uma vez que ao trazer o eu para dentro do discurso, o enunciatário percebe os fatos
enunciados sob a ótica de quem os viveu, os testemunhou ou os conheceu. Um exemplo de
debreagem enunciativa encontra-se na reportagem “Adivinhe qual é o filme e ganhe um
brinde”, publicada em 24/04/12 e retirada do corpus:
Essa semana temos uma coluna interativa! Como boa parte da humanidade, estou
viciado no aplicativo de iPhone Draw Something e queria escrever algo sobre ele
por aqui. Mas aí eu pensei: para que escrever se eu posso... desenhar? (MEGAZINE,
O Globo, 24/04/2012; grifo nosso).
Outro recurso bastante utilizado pelos meios de comunicação de massa é, como vimos,
a delegação de voz em discurso direto a outro sujeito, chamado interlocutor. A projeção da
voz de terceiros é usada tanto para que o narrador se exima da responsabilidade discursiva
quanto para sustentar seu ponto de vista. Esse recurso é usado pelo narrador para dar
credibilidade ao discurso, garantindo a confiança do leitor. Em geral, o enunciador delega voz
a alguém que seja notadamente um especialista no assunto abordado. Sendo assim, o leitor
terá alguma garantia acerca do que é apresentado no texto, visto que o enunciador se baseia na
experiência de alguém que conhece o tema. O exemplo a seguir, retirado do texto “Skate Park
da Lagoa promete ser o point do verão carioca” (MEGAZINE, O Globo, 20/02/12), ilustra
bem essa questão, pois o interlocutor é apresentado como alguém que tem influência no
universo retratado no texto (professor de skate da Lagoa), colocando-se como autoridade no
assunto:
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Para Márcio Paiva, professor de skate da Lagoa, essas novas pistas permitirão a
formação de uma nova geração de skatistas no Rio:
— Com o street parque e o novo bowl, a Lagoa passará a ser a melhor área para a
prática do skate da cidade. Este é um momento para ser comemorado tanto por quem
já pratica como pelas novas gerações que já ensaiam as primeiras manobras — disse
Márcio (grifo nosso).
Segundo Barros (2008, p.59), “quando, no interior do texto, cede-se a palavra aos
interlocutores, em discurso direto, cria-se a ilusão de situação ‘real’ de diálogo, pois não se
trata de ‘dizer o que ele disse’, mas de repetir ‘tais quais’ suas palavras”. Portanto,
percebemos mais uma vez que, para a teoria aqui abordada, mais importante do que o ser
verdadeiro é o parecer verdadeiro, uma vez que o primeiro fato não pode ser comprovado por
meio do texto. Já o segundo participa do contrato entre os atores da enunciação, em que se
busca a interpretação do relato como sendo verdadeiro, já que “um discurso será verdadeiro
quando for interpretado como verdadeiro” (BARROS, 2008, p.64). O fundamental é criar a
ilusão de verdade, não importando se a realidade confere com a que é dita no discurso.
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1.1 - O lugar da enunciação na atividade discursiva
Conforme foi visto, a enunciação, como ato de dizer, pressupõe alguém que fala e
aquele para quem se fala, respectivamente, o eu e o tu. O eu é instaurado no momento da
enunciação e corresponde a um tu, pois sempre dirige seu discurso a alguém. Tanto o eu
quanto o tu são os actantes da enunciação, “elementos abstratos que recebem investimentos
semânticos para manifestarem-se como atores da enunciação” (FIORIN, 2008, p.153). Desta
forma, a projeção do eu e do tu representa a actorialização do discurso, os actantes da
enunciação.
Mais uma vez, convém relembrar que o eu e o tu assumem papéis no interior da cena
enunciativa, não sendo figuras do mundo real, mas imagens que aparecem projetadas no texto,
pertencendo exclusivamente a ele.
A enunciação, como “ato de dizer”, apresenta caráter individual, pois é ditada por um
sujeito que diz eu (mesmo que de forma implícita) e, portanto, deixa sua subjetividade no
discurso. Da mesma forma, podemos também identificar um caráter social no discurso, uma
vez que este leva em conta o dizer do grupo social ao qual o enunciador pertence. Fiorin
(2003, p.42) afirma que, inconscientemente, o sujeito reproduz aquilo que seu grupo social
diz, justificando a pluralidade do discurso. A natureza do discurso não é neutra, mas carrega
traços da fala do outro.
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jornalístico, em que o produtor do discurso é visto pelo leitor como alguém que tem o saber e
o poder fazer, sendo competente para realizar sua função de noticiar os fatos do mundo.
O conhecimento do público para o qual se vai falar é fator determinante para a escolha
das notícias e o modo como elas serão abordadas. Para que o discurso tenha eficácia, o tu tem
que ser considerado pelo enunciador, ou seja, este último precisa ter em mente para que tipo
de audiência ele se dirige. Consultando Fiorin (2004, p.71), entendemos que “é diferente falar
para um auditório de leigos ou de especialistas, para um adulto ou uma criança”. Assim, para
se aproximar ao máximo de seu auditório, é preciso que o orador conheça o que desperta seu
interesse, criando uma imagem de seu enunciatário, a fim de que seja possível comunicar-se
com ele, tornando sua argumentação eficaz. O enunciador, portanto, “realiza uma eficaz
triagem e organização da realidade na qual o enunciatário se insere”, apresentando os
conteúdos de forma clara e envolvente para este último (HERNANDES, 2005, p.89).
Esse conhecimento do público leitor é o que define o pathos, sendo este, segundo Fiorin
(2008. p.154), “a disposição do sujeito para ser isto ou aquilo”, ou seja, a imagem que o
enunciador tem do enunciatário, a forma como ele enxerga este último.
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Ouça nova música com Justin Bieber, ‘Live my life’ (MEGAZINE, O Globo,
24/02/2012).
Skate Park da Lagoa promete ser o point do verão carioca (MEGAZINE, O Globo,
20/02/2012).
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tanto, o enunciador instaura projeções actanciais, temporais e espaciais enunciativas no
enunciado, criando efeito de sentido de subjetividade e colocando-se como autoridade da
enunciação. Ao apresentar o discurso em primeira pessoa, o enunciador se mostra no discurso,
assumindo a responsabilidade pelo que é dito.
Estava de férias e voltei na sexta-feira de carnaval (eu sou tão deslocado em relação
ao feriado que nem sei quais dias da semana são apelidados de “alguma-feira-de-
carnaval”, mas espero que sexta seja um deles para isso fazer sentido). Enfim, não
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tive tempo de comprar os mantimentos com antecedência e saí para buscar as
compras na madrugada em algum mercado 24 horas. Dei de cara com a cidade mais
linda do mundo devastada, imunda e com um cheiro de dar ânsia de vômito. O Rio
de Janeiro parecia ter sido vítima de um apocalipse zumbi. E eu não sei o que
aconteceu ali mais cedo, mas se alguém me dissesse que um folião bêbado deu a
ideia pra multidão de todos urinarem juntos, ao mesmo tempo, na rua, unindo os
“raios do xixi”, tentando conjurar o Capitão Planeta, soaria como uma história bem
plausível (Os motivos de Matheus Souza para fugir do carnaval carioca,
MEGAZINE, O Globo, 22/02/2012).
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semiótica de percurso figurativo. Da mesma forma, a um encadeamento de temas damos o
nome de percurso temático, visto que um texto pode comportar uma variedade de temas.
Para ilustrar esses procedimentos semióticos e a forma como estes constroem a figura
do ethos discursivo, emprestando-lhe um caráter, um corpo, retomamos o texto “Os motivos
de Matheus Souza para fugir do carnaval carioca” (MEGAZINE, O Globo, 22/02/2012), já
citado no exemplo dado mais acima:
No exemplo acima, o enunciador pontua seu discurso com figuras que permitem a
construção de uma imagem negativa das pessoas no carnaval. O encadeamento de figuras
como “beijando um outro cara que ela nem lembra o nome”, “vestido de mulher” e “vomitar”,
formam um percurso figurativo que desconstrói o romantismo de um encontro amoroso. Esse
exemplo permite identificar certas manifestações ideológicas presentes no discurso de
Megazine, como a ideia de que o carnaval é uma festa que vai de encontro a visões de mundo
mais conservadoras sobre relacionamentos, já que incentiva a propagação de relações efusivas
e inconsistentes. A partir dessa perspectiva negativa, o enunciador apresenta seu ponto de
vista sobre o carnaval, procurando fazer com que o enunciatário partilhe da mesma opinião ao
reconhecer os valores disfóricos mostrados, além das reações afetivas de repulsão
desencadeadas pelos temas e figuras escolhidos.
Percebemos, portanto, que o estudo tanto dos aspectos sintáticos com o uso de
projeções enunciativas e recursos argumentativos quanto dos aspectos semânticos com a
cobertura temático-figurativa do discurso, permite perceber um modo próprio de dizer e
retratar o mundo, emprestando ao ethos um tom, um caráter, ou seja, ajuda a identificar sua
imagem construída no discurso. Atrelado a isso, identifica-se, também, a ideia que o
enunciador faz sobre seu público, a imagem que ele tem do pathos, ou seja, o que o afeta, o
que desperta seu interesse, o que o move.
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A partir da apresentação dos principais postulados que norteiam a teoria semiótica,
tendo como foco o nível discursivo, procurou-se mostrar de que forma enunciador e
enunciatário se relacionam no discurso e os modos pelos quais se pode chegar ao simulacro
desses actantes da enunciação. No próximo capítulo, serão estudados como se constroem os
aparentes efeitos de objetividade do discurso jornalístico de referência, no qual se encontra o
suplemento Megazine, objeto de estudo de nosso trabalho. Como o suplemento em questão é
veiculado por meio de suportes digitais, faremos também uma breve apresentação das
características desse tipo de jornalismo.
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2 – A LINGUAGEM NO JORNAL
Todo veículo midiático tem como objetivo, mais do que informar, ser um mediador
entre o leitor e os fatos do mundo, possibilitando que este entre em contato com os saberes
difundidos pelo jornal, que separa “o que é dizível e o que é indizível”, ou seja, o que pode ou
não vir a ser noticiado (BUCCI, 2003, p. 12). O autor nos lembra que o discurso midiático,
em especial o jornalístico, é responsável por reforçar determinados valores em detrimento de
outros ao ordenar certos fatos do mundo, transmitindo-os de forma que o público assuma o
ponto de vista apresentado pelo jornal como a “realidade feita dos fatos” (BUCCI, 2003, p. 9).
Entretanto, a difusão desse recorte de realidade pela mídia está condicionada a certa
constância na escrita, que Discini (2003) aponta como o estilo do veículo de comunicação,
isto é, sua identidade. Essa noção de estilo prevê um modo próprio de ver e relatar os fatos de
acordo com uma perspectiva que se repete continuamente, revelando uma personalidade. Para
além das notícias, importa o modo como estas são abordadas, a realidade mostrada, sempre
desejando uma identificação do leitor com essa característica peculiar de cada jornal e uma
fidelidade a ele. Como afirma Landowski (1992, p.119), “o jornal, objeto de comunicação,
solicita de cada indivíduo a compulsão inversa, exigindo a repetição, favorecendo o hábito ou
a rotina, ou, ao menos disforicamente, uma certa constância – como se, uma vez que alguém
elegeu seu jornal, permanecer fiel a ele fosse, em suma, permanecer fiel a si mesmo”.
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assuntos despertam seu interesse. Isso implica dizer que esse leitor-ideal é personagem
fundamental na escolha da construção discursiva, pois, como nos lembra ainda Fiorin (2008,
p.154), o enunciatário é um desdobramento do sujeito da enunciação, também um produtor do
discurso, “na medida em que determina as escolhas linguísticas do enunciador”. Longe de ser
passivo, ele contribui para a construção do significado, uma vez que “interpreta, avalia,
compartilha ou rejeita significações” (FIORIN, 2008, p. 154).
A teoria semiótica apresenta-se, então, como ferramenta que possibilita lançar outro
olhar para o discurso jornalístico, revelando o que está escondido nas escolhas argumentativas
do jornal enquanto instituição “pensada como marca para que possa assumir e ter identidades
administradas” (HERNANDES, 2005, p. 58). A base teórica de linha francesa desmistifica a
ideia de que os fatos se sucedem por si mesmos, “independentemente da presença ou do olhar
do observador” (BUCCI, 2003, p. 11), havendo um compromisso com a busca pela verdade e
um retrato fiel da realidade.
Com base no que foi dito, procuramos elaborar um panorama de como essas ideias
encontram-se intrínsecas no discurso jornalístico de referência, no qual se insere o jornal O
Globo, veículo de comunicação que comporta o caderno Megazine, objeto de análise desta
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pesquisa. Em seguida, apresentamos uma breve exposição acerca do jornalismo na Internet, o
que, a nosso ver, se justifica por ser o caderno em questão um suplemento publicado na
versão digital do jornal O Globo. Por fim, trataremos da abordagem do público jovem pela
mídia, buscando retratar como o jornal enxerga esse tipo de leitor, suas características e
preferências.
Como vemos, mesmo que a presença do sujeito esteja camuflada no discurso, ela pode
ser detectada pela análise dos procedimentos de projeção enunciativa e os recursos
argumentativos utilizados para construir o efeito de objetividade. O sujeito-leitor tem, então, a
impressão de que os fatos são narrados de forma neutra, sendo um retrato fiel da realidade.
Tal modo de relatar os fatos “se direciona pelo desejo e pelo dever de parecer, o mais
possível, asséptica de subjetividade” (DISCINI, 2003, p.157).
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figura pública ou do meio artístico e pode vir a causar certa comoção no público em geral,
possivelmente será noticiado em jornais de referência. Como afirma Mendes (2001, p.393
apud LOPES, 2010, p.9), tal aparição depende do grau de importância da notícia e de sua
relevância no âmbito do social, ou seja, “a maioria dos atos da vida cotidiana de cada um só é
noticiável em determinadas condições, aquelas em que passam a revestir interesse geral”.
Como já se sabe, esses recursos empregados pelo enunciador do jornal são estratégias
para atingir o ideal de imparcialidade perseguido pela imprensa, não passando de
procedimentos para simular uma aparente neutralidade na forma de transmitir os conteúdos. O
discurso jornalístico, portanto, nada mais é do que um fazer crer, procurando convencer o
enunciatário a partilhar das crenças difundidas. Desta forma, o ato de comunicar, que
aparentemente se descreve como um fazer saber “é, sobretudo, e primeiramente, um fazer
crer” (GOMES, 2009, p.205).
Tal visão mercadológica do jornal delimita as notícias a serem publicadas, assim como
sua abordagem. Segundo Lage (2006, p. 39), o trabalho jornalístico encontra-se subordinado a
uma pauta programada “a partir de fatos geradores de interesse, encarados de certa
perspectiva editorial”, impondo de que forma as informações serão divulgadas, o que pode vir
a conduzir a forma como concebemos a verdade no discurso. O jornal, como instituição que
se propõe a atender às demandas da população por informação e serviços, assenta seu discurso
sobre determinados valores ideológicos que estão de acordo com os interesses da classe
dominante. Esse sistema de valores, a partir de interesses políticos e sociais, avalia o que é ou
não importante saber, interferindo na elaboração da pauta jornalística. Segundo Silva (2010,
p.41), “a elaboração da pauta ocorre com base naquilo que se publica em outros jornais, o que
redunda na homogeneização dos discursos veiculados”. Desta maneira, só é notícia o que é
relevante para o jornal, o que reforça determinadas “verdades” que circulam na mídia.
O papel assumido pelo jornal e seu leitor, enquanto actantes da enunciação, sustenta as
expectativas da indústria midiática: o jornal, com seu fazer persuasivo, realiza a performance
de tornar o discurso atraente para seu público, enquanto este último, por meio de um fazer
interpretativo, valida a performance do enunciador, querendo estar sempre em contato com
aquele discurso.
A confiança do leitor deriva das escolhas feitas pelo jornal, criando a ilusão de que
este se subordina a seu público, uma vez que seus interesses determinam quais fatos devem se
tornar notícias. De fato, como vemos em Fiorin (2008, p.153), o enunciatário, por ser também
um co-enunciador do discurso, precisa ser considerado no momento de produção do mesmo.
No entanto, o papel ativo do público na elaboração dos periódicos deriva da crença de que o
jornal é um veículo de comunicação que fala em nome da “opinião pública”, o que simula que
as necessidades e interesses do enunciatário, como sujeito social, encontram-se aí inseridos.
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A preocupação em transmitir discursos com foco em questões de interesse público e,
portanto, que atinjam esferas de maior amplitude, como questões de cunho político e social, é
uma prática jornalística que interfere diretamente no ethos do enunciador, ajudando a
construir a identidade do jornal. Tal discurso é, então, pontuado por escolhas gramaticais que
revelam um ethos polido, que se preocupa em usar uma linguagem mais formal.
43
2.2 – O jornalismo nos meios digitais
Sendo assim, o jornalismo contemporâneo conta com o suporte da Internet para sua
propagação, inaugurando um novo veículo de comunicação. Os meios digitais vêm
conquistando um público a cada dia maior, interessado em manter-se informado de forma
rápida e dinâmica. Tal perspectiva atual acarretou uma revolução na divulgação das notícias,
que agora saem do papel, passando a figurar também no meio eletrônico. Essa transgressão do
papel para o suporte digital representa um aumento na velocidade das informações veiculadas,
exigindo que as notícias sejam constantemente atualizadas (muitas vezes de minuto a minuto),
para que seu público usufrua das informações em tempo real.
O jornalismo que invade as redes virtuais nasce como um meio para atrair um novo
tipo de público, que se encontra cada vez mais imerso no universo virtual. A inovação e a
criatividade são aliadas com as quais o enunciador conta para atender aos interesses desse
público cada vez mais exigente. Esse público não pode e não quer mais esperar para ter acesso
às informações na versão impressa do jornal, visto que tem pressa em saber e entende que
quando a notícia chega impressa em suas mãos outras atualizações do mesmo fato já foram
feitas e novos detalhes já foram descobertos. Configura-se, aí, uma urgência pelo novo, já
que, diferentemente da versão impressa, que apresenta as notícias de forma mais densa e
detalhada, na rede virtual, rapidez é sinônimo de competência e “o valor da notícia também se
44
relaciona com o fato de a novidade estar rapidamente disponível para consumo”
(HERNANDES, 2005, p. 293).
Entretanto, importa agora ressaltar duas questões: uma sobre a rapidez e outra sobre a
dinamicidade presentes no discurso da Internet, em que se vai facilmente de uma página a
outra. Considerando a organização do texto online, a variedade de links presentes nas páginas
obriga o usuário a percorrer um caminho pré-delimitado para chegar à página a que se tem
interesse. Desta forma, o enunciador-jornal seleciona e sugere ao leitor o acesso a algumas
páginas que estão relacionadas à matéria, e, mesmo que o usuário não as leia, ele precisa
passar por elas para chegar ao que lhe interessa. Já na versão impressa do jornal essa
obrigatoriedade não existe, uma vez que o leitor pode ir diretamente para a notícia desejada,
sem a necessidade de passar por outras páginas, tal qual acontece na mídia eletrônica. Com
relação à segunda questão levantada, entendemos que, apesar da dinamicidade presente nesse
45
tipo de discurso, os links presentes nas páginas do jornal, de certa forma, limitam as
possibilidades do usuário, que tem acesso somente às páginas que lhe são oferecidas. Apesar
de poder acessar o site de outras empresas jornalísticas, bem como de qualquer outra página
da rede, há recursos que direcionam a atenção do usuário, apresentando uma forma centrípeta
que delimita suas possibilidades e o dirige para os conteúdos pré-estabelecidos pelo jornal.
Outra diferença em relação ao jornal impresso é que a versão online permite utilizar
uma série de recursos multimidiáticos, tais como, uso de vídeos, áudio, animações, entre
outras estratégias que possibilitam a transmissão de informações de forma mais dinâmica se
comparada às versões de papel. Este fenômeno, de acordo com Silva (2010, p.55), apresenta
um diferencial, pois “estimula uma variedade maior de percepções sensoriais que a simples
mídia, atraindo, portanto, mais os leitores”.
46
intersubjetiva1. Tal atitude prevê um sujeito-manipulador que não mais “se mantém em uma
posição hierarquicamente superior, mas sim um manipulador mais próximo do destinatário,
pois essa aproximação seria necessária para se poder observar os pontos sensíveis” (BUENO
et. al., 2010, p. 26).
1
Landowski propõe quatro regimes de interação entre os sujeitos da cena comunicativa, a saber: programação,
manipulação, ajustamento e assentimento. Enquanto os dois primeiros apresentam interações mais estáveis e
previsíveis, com maior regularidade, o ajustamento e o assentimento são processos mais irregulares e
inexperados. Para uma explicação mais detalhada sobre esses regimes, ver Landowski (2005).
47
manifestação temporal no discurso jornalístico digital aumenta o interesse do enunciatário, ao
mesmo tempo em que cria “efeito de sentido de representação do próprio pulsar da vida
cotidiana e da inserção do internauta nesse movimento incessante”.
O jornalismo online, como vimos, vem ganhando cada vez mais espaço no mundo
digital e conquistando um novo perfil de leitores. As facilidades do mundo moderno, em que
as informações estão à disposição do usuário, bastando apenas que este dê um toque no
mouse, são, sem dúvida, uma fascinante ferramenta que o internauta tem ao seu dispor.
48
revistas, pois esses veículos de comunicação não eram direcionados a esse grupo, mas se
dirigiam a todos os indivíduos em geral. Entretanto, o autor aponta que
nos últimos anos os consultores que vivem de criar tendências decidiram que os
jornais e revistas perdiam leitores porque não conseguiam falar com os jovens. E
dentro desta lógica os veículos impressos decidiram aproximar-se do público jovem
através de cadernos com linguagem e assuntos jovens. Com isso acreditam que estão
preparando novas gerações de leitores acostumados a manusear jornais e revistas.
Não sabemos o que o público jovem pensa sobre Collor de Mello e José Sarney, mas
sabemos o que os garotos e as garotas pensam sobre o rap, hip-hop, sexo, drogas e
malhação (DINES apud DINIZ, 2009).
A autora afirma ainda ser a adolescência uma fase em que o sujeito encontra-se em
processo de formação de sua identidade, que é “moldada a partir do ambiente em que se vive,
conforme o contexto familiar e as experiências individuais”. Isso implica dizer que o
adolescente constrói sua identidade a partir da interação social que possui, o que inclui os
meios de comunicação aos quais tem acesso, com cujas “formações imaginárias” este sujeito
se identifica (QUEIROZ, 2012, p. 23).
O jornal, assim como a mídia em geral, ao produzir discursos para esse tipo de
público, primeiramente idealiza uma imagem desse leitor jovem, escolhendo recursos
linguísticos e discursivos de forma que o sujeito reconheça esse discurso como “parte de sua
identidade” (GOUVEIA, 2009, p. 18). Ao retratar certas crenças presentes na sociedade, o
jornal as reforça, fazendo com que o sujeito leitor acredite e se identifique com elas. Por
exemplo, quando o discurso da mídia dissemina o pensamento de que o amor deve ser um
ideal a ser buscado pelo adolescente, uma vez que apresenta matérias encorajando e
auxiliando esse sujeito a conquistar o indivíduo do sexo oposto por quem tem interesse, o
leitor jovem se identificará com esse ponto de vista, acreditando que este objeto-valor é
buscado pelos jovens em geral, passando a apresentar um comportamento esperado pela
49
mídia: o da busca por esse objeto-valor. Há, portanto, um interesse e uma busca por
padronizar o pensamento dos jovens, com o intuito de garantir a adesão necessária ao veículo
de comunicação. Nos meios digitais fica mais fácil verificar a aceitação do público, pois este
tipo de mídia oferece, frequentemente, ferramentas para que o leitor apresente sua opinião,
interferindo mais diretamente na seleção e condução das matérias.
50
Apesar de o uso de gírias e construções linguísticas “marginais” serem condenadas no
discurso jornalístico em geral, no jornalismo especializado para o público adolescente, essa
linguagem é vista como uma estratégia de aproximação entre os sujeitos destinador e
destinatário. Desta forma, a exigência em adotar uma linguagem acessível a todos os grupos
sociais é abandonada quando o discurso é destinado a um público específico, passando-se,
então, a moldar a linguagem de modo a aproximar-se desse leitor. Ainda segundo Gonçalves
(2009, p. 16), ao utilizar um tipo específico de linguagem, como é o caso da gíria,
a mídia acaba por construir um discurso baseado nas características culturais dos
usuários linguísticos o que resulta nas representações destes no campo midiático.
Não exatamente a representação real, mas representação do olhar da mídia, que tem
por finalidade a imposição de representações do próprio público alvo, facilitando sua
ação persuasiva e influenciadora (GONÇALVES, 2009, p. 16).
Associado à busca por uma língua em comum entre destinador e destinatário, procura-
se também retratar assuntos que venham a despertar o interesse do leitor, apresentando um
recorte da realidade que mostra como o sujeito jovem é representado no jornal, seu universo,
atitudes e desejos. Em geral, os temas abordados relacionam-se com a fase de descobertas e
incertezas socialmente construídas como sendo típicas da adolescência, oferecendo ao jovem
um suporte sobre a vida amorosa e sexual, questões sobre a aparência, dicas de
entretenimento, moda e comportamento, entre outros assuntos que o jornal acredita serem de
interesse do sujeito jovem por ele pressuposto.
No entanto, Queiroz nos lembra que, diferente das revistas voltadas para adolescentes,
os cadernos jovens presentes em jornais passaram, pouco a pouco, a tratar de assuntos sobre
cidadania e políticas públicas e sociais. Tal atitude, segundo a autora, se deve ao fato de que a
mídia voltada para esse tipo de público precisa considerar que “a população juvenil apresenta
diferentes perfis, estilos e identidades”, enxergando o jovem como membro de uma
coletividade e não um ser individual (QUEIROZ, 2012, p. 17).
51
abordar assuntos mais particulares e voltados para a temática cultural, como moda,
entretenimento, comportamento e vestibular.
52
3 – AS PROJEÇÕES DA ENUNCIAÇÃO E A INTERAÇÃO ENUNCIATIVA
EM MEGAZINE
Como vimos no primeiro capítulo deste trabalho, é no nível discursivo que podemos
ver, de forma concreta, as marcas da enunciação presentes no enunciado, permitindo
apreender os valores sob os quais o texto se assenta. A sintaxe discursiva, com o estudo das
projeções enunciativas, compreende que as diferentes formas de projetar a enunciação no
enunciado criam inúmeros efeitos de sentido e direcionam a interpretação do sujeito leitor.
Assim, não é indiferente produzir um discurso em 1° ou 3° pessoa, a depender do sentido que
se procura criar e da imagem que o enunciador deseja construir de si mesmo e do
enunciatário. Como nos diz Barros (2008, p.54), “estudar as projeções da enunciação é, por
conseguinte, verificar quais são os procedimentos utilizados para constituir o discurso e quais
os efeitos de sentido fabricados pelos mecanismos escolhidos”.
Neste capítulo, iremos analisar as escolhas de pessoa, tempo e espaço feitas pelo
produtor do discurso e de que forma esses procedimentos enunciativos (juntamente com
outros recursos que serão vistos em capítulos posteriores, como a escolha dos valores
ideológicos decorrentes da seleção de temas e figuras, os efeitos passionais que as escolhas do
enunciador provocam no discurso, dentre outros) nos ajudam a chegar até a imagem
construída do pathos, ou seja, do enunciatário jovem da revista Megazine. Com base no
corpus já mencionado no primeiro capítulo deste trabalho, será estudado como a projeção de
diferentes vozes no discurso, bem como o uso de outras estratégias argumentativas, auxiliam
na criação de efeitos de sentido de realidade e de aproximação entre os sujeitos da
enunciação.
Como o objetivo de todo discurso é ser aceito pelo enunciatário, a fim de levá-lo a crer
no que está sendo veiculado, o sujeito responsável pela enunciação faz uma série de escolhas,
projetando seu discurso de diferentes maneiras, que ora simulam certa aproximação ora certo
distanciamento do destinador em relação ao discurso.
53
Essas escolhas operadas pelo sujeito responsável pela cena enunciativa instauram no
discurso as categorias de pessoa, tempo e espaço, por meio de dois procedimentos chamados
debreagem e embreagem. Segundo Fiorin (2008, p. 25), a debreagem “é a colocação fora da
instância da enunciação da pessoa, do espaço e do tempo do enunciado”, enquanto na
embreagem o efeito é inverso, ou seja, há um retorno à enunciação ao neutralizarem-se as
categorias de pessoa, tempo e/ou espaço. A debreagem, assim como a embreagem, divide-se
em dois tipos: enunciativa e enunciva. Na debreagem enunciativa, as marcas da enunciação
encontram-se presentes no enunciado ao instalar um eu-aqui-agora, enquanto na enunciva, a
instalação de um ele-alhures-então oculta os actantes e instaura um tempo e espaço diferentes
em relação ao momento da enunciação.
Por sua vez, no mecanismo da embreagem, como foi dito acima, suspendem-se “as
oposições de pessoa, de tempo ou de espaço” (FIORIN, 2002, p. 52). No caso da embreagem
actancial, por exemplo, neutraliza-se a categoria de pessoa ao empregar “ele” no lugar de
“eu”, obtendo-se, assim, um “efeito de identificação entre sujeito do enunciado e sujeito da
enunciação” (FIORIN, 1996, p. 48). A reportagem “Bailarino de Bieber revela que o astro não
era um bom dançarino” (MEGAZINE, 28/03/2012), em que um integrante da equipe de
bailarinos de Justin Bieber é entrevistado para falar sobre o cantor, apresenta um exemplo de
embreagem actancial, ao empregar o uso da terceira pessoa, conforme constatamos abaixo:
As aulas acontecerão dentro dos próximos quatro dias, apenas para fãs que
compraram ingressos (ainda há entradas para os encontros de Taubaté e Campinas),
mas a Megazine bateu um papo por e-mail com o dançarino, que já trabalhou
também com Ricky Martin, Taylor Swift e na turnê de shows de “Glee” (Bailarino
de Bieber revela que o astro não era um bom dançarino, MEGAZINE, O Globo,
28/03/2012; grifo nosso).
54
Observemos, agora, como esses diferentes procedimentos são utilizados na revista em
estudo, criando efeitos de sentido variados:
Sexta-feira (4) estreia o filme “Anjos da Lei”, a melhor comédia jovem produzida
pelo cinema americano desde “Superbad”. Como não estou vendo muita divulgação
por aí e desconfio que as críticas convencionais possam não ser tão carinhosas com
o longa (um dos motivos que afundou o ótimo “Missão madrinha de casamento” nas
bilheterias brasileiras), estou aqui para fazer a minha parte (Dez motivos para
assistir a comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 02/05/2012; grifo nosso).
2
Apesar de a revista apresentar, em sua maioria, um discurso com o uso da debreagem enunciva, o que cria a
ilusão de objetividade, veremos posteriormente que o efeito de sentido criado é um pouco diferente do que
percebemos no discurso jornalístico em geral.
55
Autora da série literária mais famosa entre crianças e adolescentes, a inglesa JK
Rowling anunciou, nesta quinta-feira (23), que lançará seu primeiro livro para
adultos.
A criadora do bruxinho Harry Potter fechou o contrato com a editora ‘Little,
Brown’, que também publica a série ‘Crepúsculo’ na Inglaterra. Os fãs
crescidinhos da saga mágica terão de se contentar com apenas estas informações
por enquanto, pois o título da obra, a data de lançamento e o tema ainda não foram
revelados (Escritora JK Rowling lançará novo livro, desta vez, para adultos,
MEGAZINE, O Globo, 23/02/2012; grifo nosso).
1° nível enunciativo
Enunciador Enunciatário
(pressuposto)
2° nível enunciativo – 1° grau
Narrador Narratário
(manifestado no enunciado)
3° nível enunciativo – 2° grau
Interlocutor Interlocutário
(manifestado no enunciado)
A partir do esquema mostrado acima, vemos que o “eu” interlocutor que fala em
discurso direto na debreagem de 2° grau subordina-se ao “eu” narrador da debreagem de 1°
grau. Este, por sua vez, também encontra-se dependente do “eu” enunciador pressuposto no
enunciado. Sobre essa hierarquia entre as vozes discursivas, é preciso, também, que se faça
56
uma distinção entre as figuras do narrador e do observador, trazendo à tona a ideia não só de
quem fala, mas de quem observa.
Muita gente achou estranho o novo clipe de Katy Perry, mas, de início, ninguém
falou nada. Uma semana depois do lançamento, no entanto, já se espalham pela web
vaias para o vídeo de ‘Part of me’, que, convenhamos, parece uma peça de
propaganda militar.
[...]
A crítica mais pesada veio da escritora Naomi Wolf, autora de “O mito da beleza”
(1991). No Facebook, ela criticou muito o clipe e levantou a hipótese de Katy ter
recebido dinheiro da Marinha dos EUA para fazê-lo. Naomi escreveu: “É uma peça
de propaganda para os fuzileiros navais. Queria muito saber se ela foi paga. É uma
vergonha”, e acrescentou: “Proponho um boicote a essa cantora de quem eu
realmente gostava” (Clipe de Katy Perry é rotulado de propaganda militar,
MEGAZINE, O Globo, 28/03/2012).
Na reportagem, o narrador fala das crescentes críticas ao novo clipe da cantora Katy
Perry, que está sendo acusada de promover as forças armadas americanas. Após apresentar o
3
No presente trabalho, adotaremos a perspectiva teórica de Fiorin (1996), entendendo que a diferença entre
narrador e observador é basicamente de função, uma vez que aquele pode estar implícito ou explícito no
discurso-enunciado.
57
assunto e sua opinião sobre o fato por meio da expressão “convenhamos”, presente no
primeiro trecho, o narrador delega voz a terceiros que se posicionam contra a cantora, em
discurso direto, funcionando como argumento para sustentar o ponto de vista do narrador. O
uso desse recurso simula uma transcrição da fala do interlocutor, tal qual foi dita, reforçando
o efeito de veracidade. Essa busca pela adesão do público em discurso direto é muito comum
no texto jornalístico em geral, já que este procura persuadir o enunciatário a crer nos valores
que estão sendo transmitidos, conforme nos lembra Gomes (2008a, p.55) ao afirmar que “O
texto jornalístico emprega constantemente citações como procedimentos para instaurar os
efeitos de imparcialidade e realidade, característicos desse tipo de discurso”.
A fama da pista fez com que o skatista Rodrigo Ferreira, 14 anos, saísse do
município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para arriscar algumas
manobras na Zona Sul.
— Já é o terceiro dia seguido que venho. A pista é pequena, mas todos os obstáculos
foram bem distribuídos. As cantoneiras ficaram bem largas e a iluminação de led
ajuda a andar à noite. Se não fosse o custo da passagem, viria todos os dias — conta
58
(Skate Park da Lagoa promete ser o novo point do verão carioca, MEGAZINE, O
Globo, 20/02/2012).
A inglesa Venus Palermo, de 15 anos, é outra que arrasta milhares de fãs que
desejam se parecer com bonecas vivas. Com o apelido de Venus Angelic, ela morou
por algum tempo no Japão e, influenciada pela estética dos animes, resolveu postar
seus tutoriais de dança, maquiagem e até nail art na web, ao voltar para a Inglaterra.
[...]
Segundo o jornal britânico “Daily Mail”, a mãe de Venus aprova a escolha da filha.
“Ela acha fofo que eu use roupas bonitinhas”, comenta a garota. “Acho que nunca
vou parar. Acredito que vou amadurecer o meu estilo e apenas continuar fazendo o
que eu amo”, completa ela (Adolescentes se transformam para ficarem parecidas
com Barbies, MEGAZINE, O Globo, 30/03/2012).
Embora nem sempre esses interlocutores delegados pelo narrador sejam jovens, assim
como nos exemplos acima, de alguma forma eles estão relacionados ao universo ao qual o
enunciador acredita que o enunciatário jovem pertença (ou deva pertencer), colaborando para
garantir a aceitação dos valores veiculados e a veracidade dos fatos. Como, geralmente, as
reportagens publicadas se referem a assuntos mostrados na revista como sendo do interesse
desse tipo de público, como a vida pública e privada dos principais ídolos teen, bem como
jogos eletrônicos, literatura e festivais musicais também voltados para adolescentes, o
narrador delega voz a interlocutores que estejam inseridos nesse meio e que sejam vistos
como autoridades competentes, como vemos nos fragmentos a seguir:
59
O presidente dos estúdios Marvel, Kevin Feige, disse à rede de TV Bloomberg que a
empresa fará mais dois filmes de super-heróis, dentro dos próximos cinco anos, fora
os que já estão previstos.
[...]
“Queremos fazer dois filmes por ano. ‘Os Vingadores’ é o nosso único filme deste
ano, mas em uma semana e meia nós vamos começar a filmar ‘Homem de Ferro 3’.
Até o fim do verão (inverno, aqui no Brasil) estaremos trabalhando no próximo
filme do Thor e, no início do ano que vem, no novo do Capitão América”, contou
Kevin (Marvel anuncia dois novos filmes de super-heróis, MEGAZINE, O Globo,
15/05/2012).
Semanas após Rihanna afirmar, numa entrevista, que adoraria interpretar Whitney
Houston no cinema, o pai da popstar de 24 anos disse ao jornal britânico “The Sun”
que espera não ver sua filha tomando o mesmo caminho da veterana.
[...]
“Ela (Rihanna) admirava Whitney por causa de seu alance, sua voz, sua aparência,
sua personalidade... tudo. Ela amava Whitney tanto que ficaria honrada de
interpretá-la num filme”, disse Ronald Fenty, de 58 anos (Pai de Rihanna: ‘Espero
que ela não siga caminho de Whitney’, MEGAZINE, O Globo, 24/04/2012).
A projeção da fala do outro pode ocorrer também por meio de entrevistas, em discurso
direto, e também ajuda a construir o simulacro do jovem retratado na revista, como
constatamos nos trechos de reportagens do corpus mostrados abaixo:
Na conversa, Nick contou que Bieber é como um irmão para ele e que o astro, na
intimidade, é super brincalhão.
[...]
O GLOBO: Você pode ser sincero... Bieber é um bom dançarino?
NICK BAGA: No começo, não era. Mas ele melhorou muito ao longo dos anos!
Como é trabalhar com Justin? Ele é brincalhão, como ouvimos dizer?
NICK: Ele é um ótimo garoto. Definitivamente, é muito brincalhão... Conheço ele
desde o início de sua carreira, então é como se ele fosse meu irmão mais novo
(Bailarino de Bieber revela que o astro não era um bom dançarino, MEGAZINE, O
Globo, 28/03/2012).
O mesmo procedimento pode ser visto nos exemplos abaixo, também presentes no
corpus. No entanto, nestes casos o foco da entrevista não é a vida pública ou privada dos
ídolos, mas, respectivamente, o lançamento de um dos jogos mais esperados e a adaptação
cinematográfica de um livro:
Para explicar e ilustrar um pouco o fenômeno, passei o dia correndo atrás dos meus
amigos mais nerds do tempo de colégio que eram viciados em “Diablo II” e fiz
algumas perguntas sobre suas expectativas. Entrevistei algumas namoradas deles
também.
[...]
Eu: Como você pretende conciliar a “vida adulta” com o lançamento do jogo?
Amigo 3: Olha, admito que, na primeira semana, vou largar de barriga tudo
completamente: trabalho, família, namorada. Estou esperando esse jogo há dez anos,
então estou nem aí para o resto do mundo (Por que o videogame ‘Diablo III’ é o
mais esperado da década?, MEGAZINE, O Globo, 16/05/2012).
Como vimos, a escolha pela debreagem enunciativa ou enunciva, bem como o uso de
debreagens internas com a projeção da fala do outro dentro do discurso de um narrador, cria
diferentes efeitos de sentido no discurso e responde também pela imagem do enunciatário que
a revista deseja construir. Ao lançar mão desses diferentes mecanismos, o enunciador busca
direcionar a interpretação do enunciatário para determinado ponto de vista, o que também
contribui para criar efeito de sentido de aproximação entre destinador e destinatário. Segundo
Gomes (2008a, p. 55), essas escolhas apresentam uma
intencionalidade subjacente, revelando sempre uma busca pela adesão ao que foi
dito e aos valores comunicados. Observando-as, depreendemos, na análise da
sintaxe discursiva, os procedimentos de persuasão utilizados pelo destinador para
fazer o destinatário crer nos valores disseminados no discurso.
Para ilustrar o que foi dito acima, observemos, agora, alguns exemplos extraídos do
corpus:
As fotos clicadas pelo fotógrafo Tony Kelly contam com muito sangue falso e o
talento de Bieber como ator (Justin Bieber ‘leva soco’ e aparece sangrando em
capa de revista, MEGAZINE, O Globo, 19/03/2012; grifo nosso).
A restrição foi estabelecida pela MPAA, entidade responsável por fazer essa
classificação nos EUA. O problema é que o principal público alvo do filme é
justamente este que só poderia vê-lo na companhia dos pais (Documentário sobre
bullying estreia sem classificação etária, MEGAZINE, O Globo, 27/03/2012; grifo
nosso).
Detalhe para o vocalista Alex Turner ajeitando o penteado, com um topete meio
James Dean, antes de ficar diante de milhares de pessoas e tocar “R U Mine”, faixa
do último disco do quarteto, o ótimo “Suck it and See” (Artic Monkeys divulgam
vídeo de show no México. Falta pouco!, MEGAZINE, O Globo, 30/03/2012; grifo
nosso).
Nas duas pistas da College Rock Party só tocam hits dos artistas que mudaram a
história do rock.
[...]
Três grandes cineastas estão sendo homenageados com mostras retrospectivas: o
CCBB exibe filmes do sueco Ingmar Bergman, a Caixa Cultural elege o americano
Orson Welles e o Instituto Moreira Salles está com o italiano Fellini (Festa Bootie
Rio comemora dois anos de ‘mashups’, MEGAZINE, O Globo, 10/05/2012; grifo
nosso).
A parte mais chata de sair para a night é ter que chamar um táxi para voltar para
casa.
[...]
64
Mas graças a alguns aplicativos que estão sendo desenvolvidos para celulares, a
saga promete ficar bem mais simples (Aplicativos para celulares ajudam a chamar
táxi, MEGAZINE, O Globo, 29/05/2012; grifo nosso).
Foi então que uma pequena obra-prima chamada “Ventura” foi lançada e mudou as
regras do jogo. Não satisfeitos em apenas gravar um ótimo álbum, Marcelo Camelo,
Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba levantaram o estandarte do
“Cara estranho” (Matheus Souza: ‘Devo minha vida sexual ao Los Hermanos’,
MEGAZINE, O Globo, 30/05/2012; grifo nosso).
Nos trechos acima, podemos regatar a figura da instância produtora do discurso por
meio dos termos em destaque, que demonstram sua avaliação sobre o assunto. Essa forma de
posicionar-se no discurso a partir de determinada escolha vocabular deixa entrever o
julgamento e apreciação do destinador. Apesar de estar em terceira pessoa, o discurso
apresenta marcas de subjetividade que transmitem certos valores, buscando conduzir o
destinatário para determinado ponto de vista. Por meio de um contrato de veridicção
estabelecido entre enunciador e enunciatário, este deixa-se manipular por aquele, passando a
crer ser verdadeiro o que é dito, envolvido por um contato bem próximo.
Para se ter uma noção do sucesso da franquia, as bilheterias de seus dois filmes,
somadas, ultrapassam a marca de US$ 1 bilhão, transformando esses longas nas
comédias mais bem-sucedidas da história do cinema. E é claro que os atores por trás
delas pegam carona no sucesso (Protagonista de ‘Se beber não case’ quer terceiro
filme da série, MEGAZINE, O Globo, 23/02/2012; grifo nosso).
Claro que na vida real ele não precisa enfrentar ETs invasores, como o oficial da
marinha americana Stone Hopper, mas a vida nos mares é comum tanto ao ator
quanto a seu papel (Ator Alexander Skarsgard serve à marinha no cinema e na vida
real, MEGAZINE, O Globo, 11/05/2012; grifo nosso).
65
“Jogos Vorazes” é, sem dúvida, o maior responsável pelo boom do filão dos
romances distópicos, histórias que se passam em futuros sombrios, onde o Estado
regula a vida e a morte (‘Jogos Vorazes’: jovens atores buscam afirmação na saga,
MEGAZINE, O Globo, 20/03/2012; grifo nosso).
“Friend zone” é, provavelmente, a palavra mais temida de todos os jovens que não
nasceram com o porte físico do Cauã Reymond.
[...]
É a “zona da amizade” da qual a maioria nunca sairá (Um ensaio sobre a temida
‘friend zone’, MEGAZINE, O Globo, 08/05/2012; grifo nosso).
Apesar de ainda não anunciados oficialmente, já foram cogitados filmes sobre Hulk
e Homem-Formiga. Os personagens Viúva Negra e Gavião Arqueiro também já
foram cogitados como estrelas de seus próprios filmes. É bastante provável que
duas destas propostas sejam as novidades às quais o presidente da Marvel se refere
(Marvel anuncia dois novos filmes de super-heróis, MEGAZINE, O Globo,
15/05/2012; grifo nosso).
Era uma vez o “mundo antes de 2003”: as rádios e os corações das meninas estavam
tomados por “canções” sobre skatistas rebeldes de Santos que afirmavam dizer tudo
o que elas gostavam de escutar, e que este era o provável motivo pelo qual elas iam
procurá-los (Matheus Souza: ‘Devo minha vida sexual ao Los Hermanos’,
MEGAZINE, O Globo, 30/05/2012; grifo nosso).
Meninas pelo mundo afora estão se esforçando para ficarem parecidas com bonecas
Barbie. Suas armas são maquiagem, perucas, lentes de contato e talvez um pouco de
Photoshop (Adolescentes se transformam para ficarem parecidas com Barbies,
MEGAZINE, O Globo, 30/03/2012; grifo nosso).
A partir dos elementos grifados nos fragmentos acima, é possível perceber que o
enunciador toma os enunciados como certos (no caso dos três primeiros e do advérbio de
negação “nunca”, presente no 4° exemplo) ou prováveis (4° e 5° e 6° exemplos),
modalizando-os, respectivamente, por um crer ser e não crer não ser. Considerando o quinto
exemplo, o advérbio de intensidade “bastante” modifica o termo subsequente (“provável”),
intensificando-o e assumindo uma quase certeza de que os fatos anunciados aconteçam. Já
com relação ao último trecho, o advérbio “talvez”, que geralmente exprime dúvida, é usado
nesse enunciado como uma possibilidade de que as meninas realmente usem a ferramenta
Photoshop para alterar suas fotos e ficarem ainda mais parecidas com as bonecas.
66
filmes de super-heróis”, que acredite na grande probabilidade de que os próximos filmes da
Marvel sejam sobre alguns dos heróis citados no texto.
Para ser capa da edição especial do 10° aniversário da revista americana “Complex”,
o astro pop Justin Bieber teve que “apanhar”. Calma, biebers, foi tudo de
mentirinha (Justin Bieber ‘leva soco’ e aparece sangrando em capa de revista,
MEGAZINE, O Globo, 19/03/2012; grifo nosso).
O filme é extremamente bobo e não se leva a sério, como uma boa comédia jovem
deve ser. Mas, ao mesmo tempo, é inteligente e bem pensado. Não se limita ao
clássico “nerds versus atletas”, indo bem mais fundo na análise de tribos e
ambientação social dentro do colégio. Afinal, uma vez que os nerds chegaram ao
poder, queridinhos na cultura pop, como ficam as coisas? (Dez motivos para
assistir à comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 02/05/2012; grifo nosso).
67
tipo de linguagem. Vejamos abaixo, exemplos de como esses recursos são usados na
Megazine:
Conselho de um deles: “Cara, você tem que fazer como eu. Tava apaixonadão por
uma garota. Ela me deu um toco. Aí eu me apaixonei por outra” (Um ensaio sobre a
temida ‘friend zone’, MEGAZINE, O Globo, 8/5/2012; grifo nosso).
Quando eu fiquei mais velha, e via as pessoas comendo todas essas coisas
maravilhosas, pensei: "Por que eu nunca comi aqui antes?" - diz Kaley, para, em
seguida, fazer uma careta ao responder uma pergunta sobre seu corpão.
[...]
Apesar de ser uma estranha no universo nerd, como a própria Penny, Kaley tem
noção do gigantesco impacto que o programa causou na vida de muitos Sheldons e
Leonards espalhados pelo mundo (Musa dos ners, Kaley Cuoco, a Penny de ‘The
Big Bang Theory’, admite sentir desconforto com ‘calor humano’ dos fãs,
MEGAZINE, O Globo, 26/04/2011; grifo nosso).
“Depois de sua morte, como você espera que as pessoas se lembrem de você?"
Como um cara que mudou a vida de pessoas através dos seus textos. Tipo: “pô,
lembra daquela coluna do Matheus sobre o Yahoo! Respostas? Antológica! Aquele
rapaz sabia mexer com nossos sentimentos! Sempre comentando aspectos
importantíssimos da nossa sociedade. Revolucionário” (Matheus Souza responde
perguntas do ‘Yahoo! Respostas’, MEGAZINE, O Globo, 17/04/2012; grifo nosso).
Nos exemplos selecionados, as formas em destaque são usadas para enfatizar o que
está sendo enunciado, apresentando as diferentes intenções do produtor do discurso. No
primeiro exemplo, o vocábulo “apaixonadão” enfatiza a intensidade do sentimento vivenciado
pelo actante do enunciado. Fato semelhante ocorre no segundo exemplo, em que o termo
“corpão” é usado no aumentativo a fim de chamar a atenção do destinatário para os atributos
físicos da atriz, enfatizando a opinião do narrador acerca da forma física da moça, o que
supostamente não seria conseguido ao usar o substantivo no grau normal (corpo). Ainda nesse
exemplo, a forma “gigantesco” modifica o vocábulo “impacto”, apresentando o ponto de vista
do narrador do texto, que busca dar ênfase à proporção da mudança que o programa causou na
vida de pessoas que se identificam com os personagens retratados na trama. Já no terceiro
caso, o narrador procura demonstrar a dificuldade que foi conseguir o papel de protagonista
do filme “Jogos Vorazes”, uma vez que havia muitas atrizes interessadas no papel. Por outro
lado, no último fragmento, o adjetivo “importantíssimo” revela a construção de um discurso
irônico, demonstrando que o narrador, de fato, quer dizer o oposto do que diz. Essa ironia fica
evidente no discurso do narrador quando este, no início do texto, afirma que irá responder a
perguntas “bizarras” do site Yahoo! Respostas, conduzindo a forma como o narratário deve ler
o texto.
68
O uso de construções típicas da fala, marcando uma oralidade no discurso, também é
outro recurso que deixa entrever a presença do sujeito responsável pela autoria do discurso,
além do uso de gírias. Os termos grifados abaixo simulam um diálogo com o leitor, como se o
narrador buscasse aproximar o narratário do discurso, a partir do tom informal empregado.
Como resultado, o enunciador deseja construir o simulacro de um pathos que se identifica
com um discurso mais despojado, em que a ilusão criada é de familiaridade com o discurso da
revista e não de distanciamento, característica comum nos veículos jornalísticos. Observemos,
abaixo, como o recurso em questão aparece na revista:
Quando Kaley Cuoco, a Penny da série "The Big Bang Theory", cruzou a tenda
onde os jornalistas almoçavam na sede da Universal Studios, em Los Angeles, dez
entre dez caras queriam que ela fosse a garota da casa ao lado. Pois é, mas nem todo
mundo tem a sorte de nascer Sheldon Cooper ou Leonard Hofstadter e topar com a
moça ao sair de casa (Musa dos nerds, Kaley Cuoco, a Penny de ‘The Big Bang
Theory’, admite sentir desconforto com ‘calor humano’ dos fãs, MEGAZINE, O
Globo, 26/04/2011; grifo nosso).
Bom, é isso. Até a próxima semana e fiquem com o trailer de “Anjos da Lei” (Dez
motivos para assistir à comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 02/05/2012;
grifo nosso).
O outro é o Channing Tatum. Ele é bonitão, né? Se você for menina, vai curtir. Se
você for um rapaz, diga para sua namorada ou para a garota que você quer
conquistar que o filme é com o ator de “Ela dança, eu danço” (Dez motivos para
assistir à comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 02/05/2012; grifo nosso).
A presença do “eu” enunciador e sua relação com o “tu” enunciatário pode também ser
percebida ao espalhar perguntas no discurso, convocando a participação deste último ao
dirigir-se diretamente a ele. Essa forma de construir o discurso, com o uso de perguntas
retóricas, “por meio das quais a enunciação seduz o enunciatário a inferir respostas”,
pressupõe um sujeito que estabelece a presença de outro, para quem aquele fala, gerando,
assim, um efeito de cumplicidade, como se um diálogo fosse travado entre eles (DISCINI,
2003, p. 163). Segundo Ramos (2006, p. 73-74), o uso de perguntas retóricas cria
o simulacro de diálogo com um narrador que se deixa ver com mais propriedade no
texto. O narrador, actante da narrativa, cria um efeito de maior aproximação com o
narratário: não diz eu, mas simula uma enunciação enunciada, ao dizer tu.
69
Por meio desse recurso, o sujeito enunciador busca persuadir e direcionar a
interpretação do enunciatário, ao mesmo tempo em que cria efeito de sentido de proximidade
deste com relação ao discurso, uma vez que “o enunciador já traz nas perguntas retóricas a
presença da voz do enunciatário, o qual, não à toa, fica fortalecido no papel de co-enunciador”
(DISCINI, 2005, p. 410). Sendo assim, as perguntas retóricas marcam a relação intersubjetiva
existente nos textos, orientando o enunciatário a interpretar as perguntas da forma esperada
pelo enunciador, compactuando com o ponto de vista por este defendido. Feito isso, constrói-
se o simulacro do pathos do enunciatário como “aquele que é e sabe que é o legítimo
participante da cena enunciativa” (DISCINI, 2005, p. 340). Essa interação entre os sujeitos do
enunciado pode ser vista nos três últimos exemplos citados mais acima, em que o narrador
orienta, de forma implícita, o narratário para uma dada resposta. Outros exemplos desse
recurso podem ser vistos nos fragmentos abaixo, também extraídos do corpus:
Eu tenho medo das próteses no bumbum da Valeska Popozuda e tento, sempre que
posso, estar em uma cidade diferente da qual ela esteja. Lembram do filme “A
Experiência”, na qual um alienzinho sai da barriga de uma mulher grávida? Eu
sempre acho que existem dois monstrinhos dentro dela tentando sair (Os motivos de
Matheus Souza para fugir do carnaval carioca, MEGAZINE, O Globo, 22/02/2012;
grifo nosso).
Quem diria que um sacerdote da Igreja Católica iria dar dicas de como
conseguir um(a) namorado(a)? (Padre bomba no YouTube com 10 dicas para
arrumar namorada(o), MEGAZINE, O Globo, 14/03/2012; grifo nosso).
Quem nunca digitou algo no Google e recebeu como resultado um link para o
Yahoo! Respostas? (Matheus Souza responde perguntas do ‘Yahoo! Respostas,
MEGAZINE, O Globo, 17/04/2012; grifo nosso).
O filme é extremamente bobo e não se leva a sério, como uma boa comédia jovem
deve ser. Mas, ao mesmo tempo, é inteligente e bem pensado. Não se limita ao
clássico “nerds versus atletas”, indo bem mais fundo na análise de tribos e
ambientação social dentro do colégio. Afinal, uma vez que os nerds chegaram ao
poder, queridinhos na cultura pop, como ficam as coisas? (Dez motivos para
assistir à comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 02/05/2012; grifo nosso).
70
A fim de perceber, de forma mais clara, como são construídas as estratégias de
persuasão no discurso, seja por meio de debreagens internas, de expressões de caráter
subjetivo ou de quaisquer outros mecanismos, como aqueles citados acima, a reportagem
intitulada “Ouça nova música com Justin Bieber, Live my life”, (MEGAZINE, 24/02/2012),
que fala sobre a nova música de Justin Bieber, que será lançada no mês seguinte, serve como
boa ilustração.
Para reforçar sua opinião e persuadir o enunciatário a crer nos valores comunicados no
discurso, ou seja, na qualidade musical de Justin Bieber, o enunciador também recorre à
projeção da fala de terceiros em discurso direto. Conforme foi visto, esse jogo de vozes no
texto contribui para criar o efeito de que o enunciador está apenas transmitindo o que o outro
falou e, portanto, a verdade. Isso pode ser constatado no trecho a seguir, retirado da mesma
reportagem, que mostra um enunciatário modalizado por um dever-fazer, ao mesmo tempo
em que é configurado como um sujeito impaciente e ansioso, características que ajudam a
traçar a identidade do leitor ideal:
Nesse texto, também podemos observar, como mostra o fragmento abaixo, um modo
de ser apaixonado do sujeito enunciatário, retratando-o como um fã ansioso à espera do novo
71
trabalho de seu ídolo4. Nesse trecho, o advérbio de negação e o uso do “mas” indicam a
existência de uma crença de que os fãs vão esperar muito para ouvir as outras faixas. A fala
do narrador busca atenuar essa expectativa e ansiedade que marcam a imagem do jovem
destinatário, fã do cantor, conforme observamos abaixo:
Diante do que foi exposto até aqui, pudemos perceber que tanto o uso de debreagens
quanto as escolhas linguísticas de natureza avaliativa deixam traços da enunciação no
enunciado, permitindo resgatar a figura do “eu pressuposto” (FIORIN, 2008, p. 138),
responsável pela autoria do discurso. A combinação dessas estratégias argumentativas é
comum no discurso da revista e ajudam na criação de diferentes efeitos de sentido no texto,
bem como a marcar o ponto de vista do enunciador.
4
O estudo das construções de caráter passional e os efeitos que elas causam no enunciatário, ajudando a
construir sua identidade discursiva, serão estudados de forma detalhada no quinto capítulo.
72
enunciatário pode reconhecer as marcas da veridicção que, como um dispositivo veridictório,
permeiam o discurso”. Essas marcas presentes no enunciado revestem o texto de um sistema
de valores e precisam ser reconhecidas pelo enunciatário e comparadas com seus
conhecimentos e convicções para que o contrato se estabeleça. Feito isso, o enunciatário
passará a crer na “verdade” transmitida pelo jornal, identificando-se com o recorte de
realidade mostrado. Segundo Fiorin (2004, p. 27),
A impossibilidade de relatar um fato sem que se tome um ponto de vista e uma certa
orientação discursiva, perceptível pela própria escolha e ordenação das ações e
vozes dos envolvidos nos fatos (o que faz, aliás, com que as narrativas sejam
coerentes) evidencia as tensões entre a exigência de objetividade característica dos
gêneros notícia e reportagem e a necessária presença do sujeito da enunciação no
enunciado, própria de qualquer discurso, mesmo que esteja dissimulada ou atenuada.
5
Sobre isso, ver Discini (2003) que apresenta um estudo detalhado das características das imprensas séria e
popular.
73
Embora, como foi dito, 80% do corpus apresente uma projeção enunciva com o uso da
terceira pessoa, o enunciador demonstra um maior envolvimento com o enunciatário,
aparentando conhecê-lo tanto a ponto de prever suas possíveis atitudes e reações, conforme
vemos nos exemplos abaixo:
Para ser capa da edição especial do 10º aniversário da revista americana “Complex”,
o astro pop Justin Bieber teve que “apanhar”. Calma, biebers, foi tudo de
mentirinha (Justin Bieber ‘leva soco’ e aparece sangrando em capa de revista,
MEGAZINE, 19/03/2012; grifo nosso).
É baseado num seriado antigo estrelado por um tal de Johnny Depp em início de
carreira. E antes que você pense “droga, lá vem mais um reboot enlatado de
Hollywood”, saiba que o próprio filme faz piada sobre isso (Dez motivos para
assistir à comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, 02/05/2012; grifo nosso).
6
Essa possível reação do narratário é percebida implicitamente no discurso pela indagação do narrador na
sentença entre parênteses.
74
crença de que a comédia ‘Anjos da Lei’ seja um “reboot enlatado de Hollywood”. Desta
forma, o narrador intervém no discurso de forma a conduzir a interpretação do narratário.
Um outro amigo chegou na roda com crepes de chocolate para a galera, reconheceu
o nome do tal Thiago (que na hora foi chamado pelo nome real e não pelo
fictício, de forma a ser possível a identificação, obviamente) e entrou no assunto
(Um ensaio sobre a temida ‘friend zone’, MEGAZINE, O Globo, 08/05/2012; grifo
nosso).
75
Fato semelhante ocorre no trecho abaixo, em que o narrador, de forma ainda mais
irreverente, se nega a explicar ao narratário o significado das expressões usadas pelo
interlocutor, alegando que “o Google está aí para isso”. Ao afirmar que para sabê-las o
narratário deve consultar o site, o narrador pressupõe que o primeiro possa desconhecer o
significado. Tal construção discursiva produz determinados efeitos de sentido ao texto,
contribuindo para criar a imagem de um narratário pouco perspicaz ou desconhecedor do
universo temático das matérias, acostumado a esse tipo de interferência do narrador. Contudo,
o narratário não se ofende com essa forma de dizer do narrador, mas dela ri, encarando-a de
forma bem-humorada, como se fosse uma brincadeira, dado o tom amistoso e gaiato que o
narrador assume.
A identidade do ethos da revista também pode ser construída, dentre outros recursos,
por meio do nível de formalidade linguística empregado, uma vez que, segundo Barros (2001,
p. 107), para que a argumentação dê certo é preciso considerar três condições básicas: “a
língua comum a enunciador e enunciatário, o fato de manterem relações sociais, o desejo do
enunciador de entrar em comunicação e, em resposta, a atenção e o interesse do enunciatário”.
Ao contrário da linguagem empregada nas outras seções do jornal, em Megazine não há
preocupação em adotar um padrão formal escrito da língua. O uso de uma linguagem
coloquial, permeando o texto com gírias e expressões típicas da fala adolescente, é um retrato
do perfil de leitor a quem a revista se dirige, ajudando a construir o simulacro de um
enunciador jovem e descolado (DISCINI, 2003, p. 130). Essa busca pela adesão ao discurso
por meio de estratégias de aproximação entre os sujeitos, como um menor cuidado com um
padrão formal escrito, procura fazer com que o enunciatário enxergue o enunciador como
alguém que o entende porque compartilha dos mesmos hábitos linguísticos que ele, o que
pode ser visto nas expressões grifadas nos exemplos abaixo:
O mais engraçado dessa história, como foi publicado na coluna Gente Boa, do
jornal O GLOBO de hoje, são os “presentes” para quem colaborar com a vaquinha.
[...]
Se alguma pessoa ou empresa fortalecer com R$ 5 mil ou R$ 10 mil, a galera da
Maneh organiza um mini-baile funk na casa ou no escritório dos mecenas (Favelas
do Leme criam projeto de crowdfunding para fazer baile funk, MEGAZINE, O
Globo, 18/04/2012; grifo nosso).
Todo marmanjo já sonhou com aquela vizinha gata que bate na sua porta numa
noite pedindo uma xícara de açúcar. [...] Pois é, mas nem todo mundo tem a sorte de
nascer Sheldon Cooper ou Leonard Hofstadter e topar com a moça ao sair de casa
(Musa dor nerds, Kaley Cuoco, a Penny de ‘The Big Bang Theory’, admite sentir
desconforto com ‘calor humano’ dos fãs, MEGAZINE, O Globo, 26/04/2011; grifo
nosso).
Edição de aniversário rola nesta sexta-feira (11). Veja mais dicas de programação
na coluna ‘Qual é?’ (Festa Bootie Rio comemora dois anos de ‘mashups’,
MEGAZINE, O Globo, 10/05/2012; grifo nosso).
Essa hierarquia entre os sujeitos é o que pauta o discurso jornalístico, visto que o
objetivo desse tipo de texto é a delegação de um saber, ou seja, o enunciador assume a
posição de detentor de um saber, alguém que tem competência para o dizer e transfere o saber
77
para o enunciatário. Essa competência o coloca em uma posição inegavelmente superior ao
enunciatário, embora, na revista, essa superioridade seja dissimulada no discurso por meio
dos diversos recursos já mostrados.
78
4 – A CONSTRUÇÃO IDEOLÓGICA DA JUVENTUDE RETRATADA EM
MEGAZINE
O nível discursivo, por ser o mais concreto dentre os três patamares do percurso
gerativo, opera também com os aspectos semânticos do discurso, responsáveis por inscrever
uma orientação ideológica ao texto. O objetivo do presente capítulo é apontar como é
construído o simulacro do jovem no suplemento Megazine por meio de uma análise da
semântica discursiva, com a reunião de temas e figuras subjacentes ao discurso.
79
(MEGAZINE, O Globo, 22/02/2012), em que o narrador aponta uma série de argumentos para
desconstruir uma possível visão positiva que o narratário tenha dessa festa.
Dei de cara com a cidade mais linda do mundo devastada, imunda e com um
cheiro de dar ânsia de vômito. O Rio de Janeiro parecia ter sido vítima de um
apocalipse zumbi. E eu não sei o que aconteceu ali mais cedo, mas se alguém me
dissesse que um folião bêbado deu a ideia pra multidão de todos urinarem juntos,
ao mesmo tempo, na rua, unindo os “raios do xixi”, tentando conjurar o Capitão
Planeta, soaria como uma história bem plausível (grifo nosso).
Partindo do princípio abordado por Fiorin (2002, p. 70) de que todo texto é uma rede
que se constitui como um todo de sentido, para chegarmos aos temas presentes em
determinado texto, não podemos analisar as figuras de forma isolada. Somente em conjunto
elas estabelecem relações entre si e permitem a manutenção semântica do discurso, chegando
ao tema subjacente. A esse encadeamento de figuras damos o nome de “percurso figurativo”.
Da mesma forma, um encadeamento de temas no discurso recebe o nome de “percurso
temático” (FIORIN, 2002, p. 70).
Convém ressaltar que, embora todo texto figurativo envolva necessariamente um tema
a ele subjacente, nem todo texto temático é composto de percursos figurativos completos.
Ainda segundo Barros (2008, p. 71), entendemos que, nesse caso, o que temos são figuras
80
esparsas, em que a coerência do discurso é garantida pela recorrência temática, como num
discurso científico, por exemplo. No caso de textos predominantemente figurativos, é por
meio das figuras que chegamos ao(s) tema(s) encontrado(s) nos textos.
Por isso, a cada formação ideológica corresponde uma formação discursiva, que é
um conjunto de temas e de figuras que materializa uma dada visão de mundo. Essa
formação discursiva é ensinada a cada um dos membros de uma sociedade ao longo
do processo de aprendizagem linguística. É com essa formação discursiva
assimilada que o homem constrói seus discursos, que ele reage linguisticamente aos
acontecimentos. Por isso, o discurso é mais o lugar da reprodução que o da criação.
Assim como uma formação ideológica impõe o que pensar, uma formação
discursiva determina o que dizer (FIORIN, 2007a, p. 32).
Neste capítulo, iremos analisar de forma mais detalhada a semântica discursiva, que,
assim como as projeções enunciativas da sintaxe discursiva vistas no capítulo anterior,
também colabora para imprimir um teor argumentativo ao texto e construir o simulacro do
jovem ao qual o jornal se dirige. Serão estudados como os procedimentos temático-figurativos
ajudam na identificação das imagens do ethos e do pathos, especialmente este último, objeto
de nossa análise, disseminando valores e crenças que ancoram o posicionamento do sujeito
responsável pela enunciação em relação a seu discurso.
A semântica discursiva, com o estudo dos temas e figuras recorrentes nos textos,
possibilita observar tanto a construção da figura do ethos produtor do discurso quanto a do
pathos do destinatário. No discurso da revista Megazine, voltada para um público jovem, a
análise temático-figurativa permite perceber quais os temas selecionados no discurso e de que
forma eles se relacionam e ajudam a criar o simulacro desse jovem retratado no texto. A
concretização desses temas por meio de figuras tem por finalidade não só a construção de
efeitos de sentido de verdade e realidade, tão importantes no discurso jornalístico, mas
também a de apresentar uma orientação ideológica assumida pelo sujeito da enunciação,
apontando como o enunciatário jovem enxerga os temas abordados. Da mesma forma, o
estudo dos temas e figuras ajuda a identificar os papéis temáticos e figurativos atribuídos pela
enunciação ao ator jovem a que se destina o suplemento, bem como a perceber seu modo de
vida, seu corpo e características.
Na busca por essa inserção social, o sujeito constrói sua identidade a partir da
interação com o meio social no qual vive, procurando sempre ser aceito. Os autores afirmam
ainda, que, nos variados contatos sociais que esses jovens têm, eles passam a ter acesso “a
diferentes modos de ser, a diferentes modos de viver, a diferentes modelos sociais que
terminam interferindo nos processos identitários” (DAYRELL; GOMES, 2009, p. 11). Nesse
aspecto, essas diferentes identidades e “modelos sociais” encontram-se materializadas nos
discursos da mídia, que desenvolve importante papel, uma vez que seleciona e apresenta
modelos de comportamento segundo uma determinada ótica, procurando direcionar o modo
de pensar dos leitores e, ao mesmo tempo, legitimar suas convicções. Sobre isso, Oliveira
(2009, p. 7) nos lembra que
Desta forma, na busca por conquistar o leitor jovem e fazê-lo partilhar de certos
valores, orientando seu modo de pensar, o discurso de Megazine, a partir da escolha dos temas
e sua cobertura figurativa, apresenta um recorte da realidade do que, porventura, seria atraente
para o leitor dessa faixa etária. A revista apresenta o simulacro de um leitor que se identifica
com os “modelos sociais” mostrados na revista, voltando sua atenção para assuntos como, por
exemplo, a vida pública e particular de seus ídolos (DAYRELL; GOMES, 2009, p. 11). Nessa
relação de troca entre os sujeitos da enunciação (enunciador-revista e enunciatário-leitor),
“constrói-se e reforça-se, assim, um determinado saber, querer-saber, que se fundem num
querer-ser, tudo partilhado, previsto e previsível, nesse enunciado único, que se pode
depreender de muitos exemplares de um mesmo jornal” (DISCINI, 2003, p. 119).
83
O tema do divertimento é bastante recorrente na revista, aparecendo, muitas vezes,
relacionado a figuras como festas e jogos eletrônicos, mostrando por que tipo de atividades o
enunciatário da revista Megazine costuma se interessar. O enunciador, pressuposto no
enunciado pela figura do narrador, apresenta dicas sobre os principais eventos e locais na
cidade para esses jovens frequentarem, bem como as novidades no universo dos jogos
eletrônicos, delineando, assim, um perfil do enunciatário da revista. Observemos abaixo, por
meio da análise de alguns fragmentos retirados do corpus, como esse tema é concretizado na
revista:
Ontem, dia 15 de maio, foi lançado um dos jogos mais esperados de todos os
tempos: Diablo III (Por que o videogame ‘Diablo III’ é o mais esperado da
década?, MEGAZINE, O Globo, 16/05/2012; grifo nosso).
Quem está contando os dias para o show dos Artic Monkeys no Lollapalooza
Brasil vai ver esse vídeo 300 vezes até o dia 8 de abril, quando a banda toca no
evento em São Paulo (Artic Monkeys divulgam vídeo de show no México. Falta
pouco!, MEGAZINE, O Globo, 30/03/2012; grifo nosso).
Aqui em São Paulo vai ter um show legal num lugar legal. O show é do Howler,
uma dessas bandas do tipo que é lançada como ‘os novos Strokes’. E o local é o
Beco 203, um desses lugares paulistas alternativas bacanas meio casa de
show/meio boate que fazem falta no Rio (Os motivos de Matheus Souza para fugir
do carnaval carioca, MEGAZINE, O Globo, 22/02/2012; grifo nosso).
Os termos destacados nos trechos acima são figuras que concretizam o tema do
divertimento, mostrando que tipo de entretenimento desperta o interesse do enunciatário.
Esses exemplos nos mostram que não é qualquer atividade que a revista oferece a esse jovem,
mas especialmente aquela relacionada a eventos em casas de show e bens de consumo como
jogos eletrônicos. Da mesma forma, esses tipos de atividades nos fazem perceber que nem
todo público tem acesso a elas, mas especialmente aquele com condições econômicas mais
favoráveis, já que usufruir dessas formas de diversão mostradas nos exemplos exige sempre
algum custo financeiro (comprar os jogos, pagar para entrar nos eventos e casas de show,
etc.). Tal fato pode ser observado na análise dos seguintes trechos retirados do corpus:
Para comemorar esses dois anos de ode ao mashup, a Bootie canta parabéns para ela
mesma nesta sexta-feira (11), na Fosfobox, a partir das 23h. R$ 30, se mandar o
nome para bootierio@gmail.com e entrar até 1h.
[...]
84
Sexta-feira rola a festa de hip hop LUV, no Vidigal (Avenida Presidente João
Goulart 275). Tem que colocar o nome no mural do evento para pagar R$ 25, até
1h.
[...]
O duo meio americano, meio canadense Chromeo vai transformar o Circo Voador
em pista de dança, sábado. O show começa às 23h e, depois, tem festa 7 Day
Weekend. R$ 95 para quem confirmar presença aqui.
[...]
Sábado tem festa no Teatro Odisseia, às 22h. Quem for de camisa preta paga R$ 20
a noite toda (Festa Bootie Rio comemora dois anos de ‘mashups’, MEGAZINE, O
Globo, 10/05/2012; grifos nossos).
Quando Kaley Cuoco, a Penny da série "The Big Bang Theory", cruzou a tenda
onde os jornalistas almoçavam na sede da Universal Studios, em Los Angeles, dez
entre dez caras queriam que ela fosse a garota da casa ao lado.
[...]
Na série, exibida pela Warner Channel, Kaley faz o estilo da gostosa meio
burrinha que trabalha na lanchonete, enquanto tenta a carreira de atriz (Musa dos
nerds, Kaley Cuoco, a Penny de ‘The Big Bang Theory’, admite sentir desconforto
com ‘calor humano’ dos fãs, MEGAZINE, O Globo, 26/04/2011; grifo nosso).
Nos quatro primeiros exemplos os termos grafados deixam claro que para ter acesso às
festas e shows o sujeito precisa pagar determinada quantia em dinheiro, respectivamente,
R$30, R$25, R$95 e R$20. Já no último exemplo, ao informar que a série da qual a
personagem presente na reportagem participa passa na Warner Channel, um canal pago, o
narrador nos mostra que essa opção de entretenimento é destinada a um público restrito, ou
seja, aquele que pode pagar pela assinatura de canais fechados.
Para celebrar o Dia das Mães, Maria Rita faz um show gratuito, com 25 músicas
que fizeram sucesso na voz de sua mãe, Elis Regina, domingo, às 16h, perto do
Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo (Festa Bootie Rio comemora
dois anos de ‘mashups’, MEGAZINE, O Globo, 10/05/2012; grifo nosso).
85
está implícita, pois a pista de skate foi construída pela Prefeitura na quadrinha poliesportiva
da Lagoa, um dos lugares de lazer gratuito na cidade.
Sexta-feira (4) estreia o filme “Anjos da Lei”, a melhor comédia jovem produzida
pelo cinema americano desde “Superbad” (Dez motivos para assistir à comédia
‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 02/05/2012; grifo nosso).
86
se encontra sempre conectado. Muitas vezes esse tema encontra-se relacionado ao do
divertimento, visto que esse enunciatário também se utiliza dos meios digitais em seus
momentos de lazer, seja para se divertir com jogos eletrônicos ou para assistir shows, vídeos e
seriados online. É nesse mundo moderno e digital que o sujeito discursivo transita, um meio
que para ele é natural e faz parte de seu cotidiano, estando presente em várias situações de sua
vida, como pode ser observado nos exemplos abaixo:
Quem está contando os dias para o show dos Arctic Monkeys no Lollapalooza Brasil
vai ver esse vídeo 300 vezes até o dia 8 de abril, quando a banda toca no evento em
São Paulo. Os garotos de Sheffield, na Inglaterra, publicaram no YouTube um
trecho de seu show na Cidade do México, que rolou nesta quarta-feira (Arctic
Monkeys divulgam vídeo de show no México. Falta pouco!, MEGAZINE, O Globo,
30/03/2012; grifo nosso).
Essa semana temos uma coluna interativa! Como boa parte da humanidade, estou
viciado no aplicativo de iPhone Draw Something e queria escrever algo sobre ele
por aqui (Adivinhe qual é o filme e ganhe um brinde, MEGAZINE, O Globo,
24/04/2012; grifo nosso).
A parte mais chata de sair para a night é ter que chamar um táxi para voltar para
casa.
[...]
Mas graças a alguns aplicativos que estão sendo desenvolvidos para celulares, a
saga promete ficar bem mais simples.
Fazendo o download do recém-lançado “Taxi Aqui”, disponível gratuitamente para
iPhone e sistema Android, o sistema procura pelo táxi mais próximo e,
automaticamente, envia o pedido para os taxistas disponíveis que possuem cadastro
na ferramenta (Aplicativos para celulares ajudam a chamar taxi, MEGAZINE, O
Globo, 29/05/2012; grifo nosso).
87
A moda dos hologramas pegou de jeito a cultura pop. O cantor americano Usher
será acompanhado de dançarinos digitais, em forma de hologramas, no show que
fará em Londres, nos estádio Hammersmith Apollo, no dia 11 de junho.
Só que os bailarinos não serão reproduções de pessoas reais, mas criados como
“avatares” pelos fãs que estarão em casa, assistindo ao show pelo computador,
no site YouTube, que transmitirá o evento ao vivo (Usher se apresentará ao lado
de hologramas de dançarinos, MEGAZINE, O Globo, 31/05/2012; grifo nosso).
“Friend zone” é, provavelmente, a palavra mais temida de todos os jovens que não
nasceram com o porte físico do Cauã Reymond.
[...]
Dez dicas para você saber se foi “friendzonado” pela garota (ou rapaz) que você
gosta (Um ensaio sobre a temida ‘friend zone’, MEGAZINE, O Globo, 08/05/2012;
grifo nosso).
O mesmo acontece no trecho abaixo, cujo texto fala sobre um jovem nerd que se sentia
inseguro com relação ao sexo oposto, só passando a ter sucesso em suas conquistas amorosas
a partir das músicas da banda Los Hermanos. O termo grifado nesse fragmento reflete a
perspectiva do sujeito em relação a seu futuro, visto que, por não ser um “skatista rebelde”,
mas sim um “jovem sensível”, teria poucas chances de conseguir conquistar “os corações das
meninas”, como vemos abaixo:
88
Era uma vez o “mundo antes de 2003”: as rádios e os corações das meninas estavam
tomados por “canções” sobre skatistas rebeldes de Santos que afirmavam dizer tudo
o que elas gostavam de escutar, e que este era o provável motivo pelo qual elas iam
procurá-los.
O futuro parecia cinzento para qualquer jovem sensível cuja mãe não deixava usar
tênis “Reef” desamarrado e que não curtia a ideia de andar com as calças caindo
(Matheus Souza: ‘Devo minha vida sexual ao Los Hermanos’, MEGAZINE, O
Globo, 30/05/2012; grifo nosso).
Ela te chama por um apelido que não remete, de nenhuma forma, a algo atraente
sexualmente. Exemplo: na adolescência fui apaixonado por uma moça que me
chamava de “Smurf”.
[...]
Na hora de se despedir, o desespero dela de que você tente beijá-la é tão grande que
ela move não apenas o rosto, mas também o tronco e o quadril para os lados, de
forma a garantir que nada além de bochechas sejam atingidas.
[...]
Você escreve um texto se declarando e ela manda uma resposta dizendo o quanto
você é incrível.
[...]
No Facebook, ela frequentemente te marca em fotos nas quais você está feio.
[...]
Você abre a porta do carro para ela e ouve: “Nossa, que cavalheiro”. Isso, na
verdade, costuma significar: “Nossa, como você é fofinho, é uma peninha que eu
prefira caras mais capazes de me atropelar do que de abrir a porta para mim” (Um
ensaio sobre a temida ‘friend zone’, MEGAZINE, O Globo, 08/05/2012).
Da mesma forma, o enunciador também apresenta reportagens com dicas para que
esse enunciatário inseguro consiga iniciar um relacionamento amoroso. Tal fato pressupõe
que o enunciador acredite que esse sujeito tenha problemas no campo afetivo, como visto nos
trechos abaixo, retirados da matéria “Padre bomba no YouTube com 10 dicas para arrumar
namorado(a)”, em que um padre lista 10 conselhos para ajudar a conseguir um
relacionamento:
Porque se você vai para certo tipo de lugar, certas danceterias, certas raves, se você
está pensando em encontrar alguém que quer compromisso, você tá n’água. Não
procure alguém fiel num lugar que incentiva a infidelidade.
[...]
O jeito como você veste está dizendo para os homens o que você quer e quem você
é.
[...]
Se você quer ter alguém, procure arrumar casais para sair com você. Geralmente,
quem sai com casais tem a chance de ser apresentado a alguém que também esteja
sozinho.
[...]
89
Tenha foco. Não saia atirando para todos os lados.
[...]
Não seja nem vergonhoso demais nem atacado demais, que você assusta. Se você é
muito prafrentex, os outros vão dizer que esse aí não tem relacionamento sólido não.
É muito fogo de palha (Padre bomba no YouTube com 10 dicas para arrumar
namorada(o), MEGAZINE, O Globo, 14/03/2012).
Continuei com o tema na cabeça e levei a discussão para os amigos no lanche pós-
futebol de quarta. Conselho de um deles: “Cara, você tem que fazer como eu. Tava
apaixonadão por uma garota. Ela me deu um toco. Aí me apaixonei por outra”.
Putz! Então era simples assim o tempo todo? (Um ensaio sobre a temida ‘friend
zone’, MEGAZINE, O Globo, 8/05/2012; grifo nosso).
Meu texto de hoje parece ter sido escrito pelo “Matheus de 13 anos”. Fiquei
nostálgico depois de ter ido a uma reunião de amigos de adolescência. E, bom,
“friend zone” era meu estilo de vida assumido (Um ensaio sobre a temida ‘friend
zone’, MEGAZINE, O Globo, 8/05/2012; grifo nosso).
90
Percebi que 90% das garotas com as quais me relacionei eram fãs do grupo. Ou seja,
eu basicamente devo a minha vida sexual ao Los Hermanos.
[...]
Se antes desse CD os ‘desajeitados’, os ‘excluídos’, os que ‘não se encaixavam’,
ficavam dentro de seus quartos jogando seus jogos de videogame, lendo seus livros e
ouvindo Radiohead, alheios ao mundo lá fora, depois dele, a porta do quarto foi
aberta.
[...]
A partir desse novo pátio de socialização, ‘Annas Julias’ viraram ‘Morenas’ que
sabiam apreciar ‘caras sentimentais’ que diziam coisas bacanas para elas (Matheus
Souza: ‘Devo minha vida sexual ao Los Hermanos’, MEGAZINE, O Globo,
30/05/2012; grifo nosso).
Nos trechos marcados nos enunciados, o narrador expõe fatos de sua vida particular,
mostrando comportamentos que ele já vivenciou e que, possivelmente, são os mesmos que o
enunciatário da revista vive agora, como, por exemplo, ser a friend zone “um estilo de vida
assumido”. Ao afirmar, como no segundo fragmento, que deve sua vida sexual ao grupo Los
Hermanos, uma vez que a banda ajudou “caras sentimentais” e românticos a fazerem sucesso
com as garotas, o narrador se coloca nesse papel, alegando que antes do sucesso da banda,
esses garotos eram conhecidos como “desajeitados” ou “excluídos”. A partir da imagem desse
narrador, constrói-se a imagem do narratário, mostrando que, assim como o primeiro, este
pode também fazer parte dos “excluídos” e dos “que não se encaixavam”, contando com o
sucesso da banda para ajudar em suas conquistas afetivas.
Importa, nesse momento, lembrar que o enunciatário do jornal é composto por uma
totalidade que engloba indivíduos com perfis parecidos, identificando-se com o recorte da
realidade mostrado, mas que possuem interesses variados. Não se pode afirmar, portanto, que
todos esses indivíduos abordados pelo jornal identificam-se com tudo o que é transmitido no
discurso, mas apenas uma parcela deles. Na reportagem que serviu de exemplo acima,
“Matheus Souza: ‘Devo minha vida sexual ao Los Hermanos’” (MEGAZINE, O Globo,
30/05/2012), o enunciador da revista apresenta um actante coletivo, dirigindo-se tanto ao nerd
sensível que não sabe lidar com as garotas, quanto ao rebelde descolado que consegue
conquistá-las. Dessa forma, ao apresentar o sucesso afetivo dos descolados, o enunciador
procura ampliar a visão desse nerd, visto pressuposamente no texto como um estranho.
A batalha para conseguir a construção da nova pista foi longa, desgastante, mas os
skatistas locais da ‘quadrinha’ nunca desistiram (Skate Park da Lagoa promete ser
o point do verão carioca, MEGAZINE, O Globo, 20/02/2012; grifo nosso).
As alunas Vanessa de Souza e Priscilla Prudêncio dizem que, por serem vistas como
rivais mais fracas, as meninas se esforçam para detonar os barbados, sem se
importar com o tamanho da espada que eles usam no World of Warcraft (Mulheres
ganham espaço no mundo machista dos videogames, MEGAZINE, O Globo,
16/04/2012; grifo nosso).
Para ser capa da edição especial do 10º aniversário da revista americana “Complex”,
o astro pop Justin Bieber teve que “apanhar”.
[...]
O cantor canadense topou fazer algumas fotos num ringue de boxe, como se fosse
um lutador e estivesse levando socos para valer.
[...]
Dá para conferir tudo no vídeo que traz o making of do ensaio (Justin Bieber ‘leva
soco’ e aparece sangrando em capa de revista, MEGAZINE, O Globo, 19/03/2012).
As aulas acontecerão dentro dos próximos quatro dias, apenas para fãs que
compraram ingressos (ainda há entradas para os encontros de Taubaté e Campinas),
mas a Megazine bateu um papo por e-mail com o dançarino, que já trabalhou
também com Ricky Martin, Taylor Swift e na turnê de shows de “Glee”. Na
conversa, Nick contou que Bieber é como um irmão para ele e que o astro, na
intimidade, é super brincalhão (Dançarino de Bieber revela que o astro não era um
bom dançarino, MEGAZINE, O Globo, 28/03/2012).
“Ela (Rihanna) admirava Whitney por causa de seu alcance, sua voz, sua aparência,
sua personalidade... tudo. Ela amava Whitney tanto que ficaria honrada de
interpretá-la num filme”, disse Ronald Fenty, de 58 anos. “Só espero que ela seja
esperta o bastante para não seguir o mesmo caminho” (Pai de Rihanna: ‘Espero que
ela não siga caminho de Whitney’, MEGAZINE, O Globo, 24/04/2012).
O astro Justin Bieber ainda não deixou no passado aquela controvérsia iniciada
quando a americana Mariah Yeater espalhou por aí que estava grávida do cantor,
sendo desmentida semanas depois. No sábado, Bieber publicou um tweet irônico
endereçado a ela e, nesta terça, durante uma coletiva de imprensa, ele disse que
escreveu uma música sobre toda a polêmica (Justin Bieber escreve música sobre
garota que disse estar grávida dele, MEGAZINE, O Globo, 24/04/2012).
Quando tinha 19 anos, Alexander foi servir à marinha da Suécia, seu país, por opção
própria.
- Quis me alistar pelo desafio. Eu cresci em Estocolmo, numa familia boêmia de
artistas, então tinha um lado meu rebelde que queria ver como era essa outra vida -
conta o ator de 35 anos, numa entrevista à imprensa internacional, em Los Angeles.
[...]
Ambos precisam lutar contra os ETs, mas enquanto Alex faz o tipo irresponsável,
Stone banca o irmão superprotetor. Na vida real, o ator Alexander Skarsgard conta
que também é assim.
- Sou o mais velho de sete irmãos. Definitivamente tento tomar conta de todos eles.
Essa é a parte mais difícil de morar em Los Angeles: deixá-los em Estocolmo -
comenta o louro fortão, mas de coração mole (Ator Alexandre Skarsgard serve à
marinha no cinema e na vida real, MEGAZINE, O Globo, 11/05/2012).
93
O enunciador, ao criar a imagem do público para o qual se dirige como sendo curioso,
seleciona assuntos que venham ao encontro dessa característica do enunciatário, procurando
suprir essa necessidade (informações sobre a vida de seus ídolos). Além dos trechos
selecionados acima, outro exemplo disso pode ser visto na reportagem “Musa dos nerds,
Kaley Cuoco, a Penny de ‘The Big Bang Theory’, admite sentir desconforto com ‘calor
humano’ dos fãs” (MEGAZINE, 26/04/2011), em que o narrador apresenta fatos sobre a vida
íntima da atriz de um famoso seriado americano:
Ela conta que chegou a ficar assustada com o “calor humano” dos fãs da série.
Motivo pelo qual Kaley evita lugares públicos e nunca está na capa das revistas de
fofoca.
[...]
A atriz leva uma vida quase reclusa em sua casa, na Califórnia. Ela é o avesso da
geração junk food, televisão e videogame que aparece na série. Apaixonada por
cavalos, Kaley vive ainda com cachorros que acolhe na rua (atualmente, são dois na
sua "fazenda" particular). Criada pelas "pessoas mais saudáveis do mundo", como
ela mesma define os pais, a atriz só descobriu os prazeres do refrigerante e do
chocolate na adolescência.
[...]
- Kaley é muito engraçada. Toda vez que entrava no estúdio, deixava todo mundo às
gargalhadas. Ela é carismática e, quando a gente ia gravar, rolava uma energia boa -
conta Marsden, conhecido pelo papel de Ciclope na franquia "X-Men".
[...]
- Eu tenho necessidade de descansar após o trabalho, porque você começa a se
estressar com todas as pequenas coisas. Estar na frente das câmeras durante tanto
tempo é uma batalha constante, que pode ser frustrante às vezes. É muito difícil
levar a vida assim (Musa dos nerds, Kaley Cuoco, a Penny de ‘The Big Bang
Theory’, admite sentir desconforto com ‘calor humano’ dos fãs, MEGAZINE, O
Globo, 26/04/2011).
Esse simulacro do enunciatário curioso pode ser visto nos exemplos mostrados acima,
em que, ao apresentar fatos corriqueiros da vida particular de um ídolo, como temperamento,
hábitos, costumes e personalidade, o enunciador dirige-se a um enunciatário que deseja entrar
em contato com esse saber. Esse tipo de construção discursiva cria a ilusão de participação da
vida do ídolo, de compartilhar de sua intimidade, de cumplicidade e aproximação. Assim, a
temática da curiosidade é, na revista, apresentada basicamente pelo desejo de um saber sobre
a vida do outro, não sendo esse outro qualquer um, mas o seu ídolo, o sujeito com o qual o
enunciatário da revista se identifica. Tal tema não é abordado sob outras perspectivas, como,
por exemplo, curiosidades de natureza científica, política e/ou social, cuja ausência no
94
discurso colabora para a identificação do perfil de um enunciatário pouco crítico e, até certo
ponto, alienado7.
7
É preciso ressaltar que, na revista, a ausência de temas de natureza política e social que aqui se fala, refere-se a
conteúdos que não são de âmbito local e de interesse da faixa etária jovem. Sendo assim, projeta-se a imagem de
um enunciatário alienado para assuntos que não são particulares, mas de interesse geral da sociedade.
95
Com o intuito de prender a atenção do narratário, o narrador seleciona e responde a
algumas perguntas de forma bem-humorada, atentando para o fato de serem banais. Nos
exemplos vistos acima, o narrador acredita na inutilidade dos tópicos debatidos no site (o que
pode ser comprovado pela forma como ele classifica tanto as perguntas quanto as respostas
dadas por internautas: “bizarras”), tanto que muitas de suas respostas apresentam um tom
zombeteiro, como nos trechos “estava pensando em dirigir um filme da Xuxa para me
reerguer” e “comentando aspectos importantíssimos da nossa sociedade”. A partir de então,
busca-se fazer com que o leitor se identifique com esse tipo de discurso e, assim como o
narrador, creia na futilidade dos assuntos abordados no site, rindo do estereótipo do sujeito
responsável pelas perguntas feitas. Essa construção discursiva, pautada no humor, que zomba
dos assuntos debatidos no site, ajuda na criação do pathos de um enunciatário que, apesar de
compactuar com o ponto de vista do enunciador, se interessa e se diverte com esses
conteúdos.
96
No momento em que diversas manifestações populares tomaram as ruas das principais
cidades do país, protestando contra medidas políticas e a corrupção no Brasil, em meados de
2013, as reportagens sobre o tema em Megazine, assumiram uma feição particular, integrada
ao modo de ser do caderno.
A ação, mobilizada por indivíduos de diversas classes sociais e faixas etárias, contou
com a participação ativa de jovens estudantes que, assim como na época do movimento das
“diretas já”, foram às ruas em busca de políticas públicas mais favoráveis à população em
geral. O movimento se espalhou pelo país, alcançando, inclusive, repercussão mundial ao ser
noticiado e ganhar o apoio da mídia internacional.
Foram encontradas seis reportagens que tratam do tema, sendo cinco sobre músicas e
clipes lançados no momento das manifestações e que falam sobre o assunto e uma em que
uma famosa cantora concede entrevista na qual, dentre outras questões, fala sobre seu apoio
às manifestações. Observemos, abaixo, os títulos das matérias citadas:
Coletivo Indius cria música com dois locais ícones de protestos (MEGAZINE, O
Globo, 01/07/2013).
Nova música dos mcs Fox e Mãe critica a corrupção no país (MEGAZINE, O Globo,
08/07/2013).
Sandy: ‘Estou mais segura com a carreira e como mulher’ (MEGAZINE, O Globo,
15/07/2013).
Novo álbum da Cone Crew Diretoria terá três músicas de protesto (MEGAZINE, O
Globo, 17/10/2013).
Já nos títulos, vemos que o tema dos protestos é abordado na revista de forma indireta,
sendo um pano de fundo do assunto principal (divulgação de clipes e músicas e a vida de
ídolos adolescentes). Portanto, entendemos que sua abordagem é revestida de temáticas que
fazem parte do universo do enunciatário que aqui se quer retratar (tema do entretenimento),
mostrando esse sujeito como um ser isento de senso crítico e pouco atuante com relação aos
problemas que afetam diretamente a sociedade.
97
Outra importante característica do suplemento jovem a ser ressaltada é de que forma
alguns elementos podem levar à figurativização do corpo do adolescente construído no
discurso de Megazine. Figuras como as destacadas nos trechos abaixo, todos eles extraídos do
corpus, ajudam a construir a imagem de um enunciatário que não tem um corpo atlético e em
forma, mas que demonstra preocupação com relação a isso, seja buscando um “corpo
malhado” ou uma “pele perfeita” por meio de “maquiagem” ou de “removedores de pelo
faciais”:
O programa ainda inclui nomes como Vic Ceridono, editora de beleza Vogue, que
falará sobre “A sedução através da estética”, e o jornalista Nelson Motta, que
ensinará sobre o poder das mulheres na música, na aula “Deusas e sereias”.
- A ideia é chamar mulheres poderosas para que possam discutir de forma profunda.
Quisemos trazer nomes de peso. A Vic é uma referência na maquiagem (Mulheres
criam curso chamado ‘Bitch!’ sobre sexualidade feminina, MEGAZINE, O Globo,
8/03/2012; grifo nosso).
Tem gente que não pode ver um rostinho bonito e um corpo malhado que faz
miséria (Padre bomba no YouTube com 10 dicas para arrumar namorada(o),
MEGAZINE, O Globo, 14/03/2012; grifo nosso).
Meninas pelo mundo afora estão se esforçando para ficarem parecidas com bonecas
Barbie. Suas armas são maquiagem, perucas, lentes de contato e talvez um pouco
de Photoshop.
[...]
Olhos grandes, pele perfeita e cabelos lisos, iguais aos das bonecas, são
imprescindíveis para fazer sucesso como uma web celebridade (Adolescentes se
transformam para ficarem parecidas com Barbies, MEGAZINE, O Globo,
30/03/2012, grifo nosso).
“Olá, gostaria de saber em que lojas aqui em Salvador posso encontrar removedor
de pelos faciais?” (Matheus Souza responde perguntas do ‘Yahoo! Respostas’,
MEGAZINE, O Globo, 17/04/2012; grifo nosso).
Todo marmanjo já sonhou com aquela vizinha gata que bate na sua porta numa
noite pedindo uma xícara de açúcar.
[...]
Na série, exibida pela Warner Channel, Kaley faz o estilo da gostosa meio burrinha
que trabalha na lanchonete, enquanto tenta a carreira de atriz.
[...]
Quando eu fiquei mais velha, e via as pessoas comendo todas essas coisas
maravilhosas, pensei: "Por que eu nunca comi aqui antes?" - diz Kaley, para, em
seguida, fazer uma careta ao responder uma pergunta sobre seu corpão (Musa dos
nerds, Kaley Cuoco, a Penny de ‘The Big Bang Theory’, admite sentir desconforto
com ‘calor humano’ dos fãs, MEGAZINE, O Globo, 26/04/2011; grifo nosso).
Agora, a ideia é que “garotas comuns” sejam o alvo, tipo aquela vizinha gata ou a
beldade da faculdade (Pietra Príncipe: ‘Disseram que eu estava leiloando meu
corpo’, MEGAZINE, O Globo, 4/05/2012; grifo nosso).
“Friend zone” é, provavelmente, a palavra mais temida de todos os jovens que não
nasceram com o porte físico do Cauã Reymond (Um ensaio sobre a temida ‘friend
zone’, MEGAZINE, O Globo, 8/05/2012; grifo nosso).
98
Assim como alguns elementos figurativizam o corpo do jovem retratado na revista,
algumas atividades são também responsáveis por atribuir papéis temáticos a esse sujeito, que,
segundo Fiorin (2004, p. 24), correspondem à imagem do pathos do enunciatário. Desta
forma, os diversos papéis atribuídos aos actantes do enunciado são, no discurso,
“figurativizados de forma a cumprir ações e apresentar comportamentos reconhecíveis e
esperados, com alguns dos quais não raramente o próprio leitor se identifica” (GOMES, 2013,
p. 4). O caderno jovem, assim como os demais suplementos voltados para um público
específico, procura atingir uma parcela mais ampla de leitores, não se dirigindo apenas ao
nerd, ao descolado, à mulher poderosa ou à menininha, mas abarcando uma pluralidade de
actantes que possuem certos comportamentos e interesses em comum. No discurso de
Megazine, podemos identificar diversos papéis temáticos, como o skatista, o dançarino, o
nerd, o gamer, entre outros, atividades como o skate e a dança (que concretizam o papel
temático do skatista, do dançarino, etc.), com as quais o ator da enunciação se identifica,
ajudando a construir suas características e modo de vida, conforme concluímos nos exemplos
abaixo:
Na coluna dessa semana, trago para vocês uma entrevista com a bela Pietra Príncipe.
Musa nerd viciada em jogos do Mario e famosa por ser uma das apresentadoras do
programa “Papo Calcinha”, a moça foi eleita para a estreia do site “Nake It”, que
busca a realização de ensaios sensuais através de crowdfunding (Pietra Príncipe
conta sobre seus hábitos nerds a colunista, MEGAZINE, O Globo, 20/03/2012; grifo
nosso).
Só que com uma diferença: ela é amiga da turma de geninhos que mora em frente.
Vai com eles para o bar, come comida chinesa e ainda aguenta ouvir piadas
incompreensíveis para quem não tem doutorado. Tudo isso tornou Penny a musa
dos nerds, disputando lugar entre bonecos e DVDs de "Star Wars" (Musa dos nerds,
Kaley Cuoco, a Penny de ‘The Big Bang Theory’, admite sentir desconforto com
‘calor humano’ dos fãs, MEGAZINE, O Globo, 26/04/2011; grifo nosso).
99
O duo meio americano, meio canadense Chromeo vai transformar o Circo Voador
em pista de dança, sábado (Festa Bootie Rio comemora dois anos de ‘mashups’,
MEGAZINE, O Globo, 10/05/2012; grifo nosso).
Ontem, dia 15 de maio, foi lançado um dos jogos mais esperados de todos os
tempos: “Diablo III”.
[...]
Alguns jovens passam a noite em bar batendo papo, outros em redes sociais, outros
em festas. A gente passava a noite em lan house comendo Twix, matando os
mesmos “bosses” a noite inteira (Por que o videogame ‘Diablo III’ é o mais
esperado da década?, MEGAZINE, O Globo, 16/05/2012; grifo nosso).
Pretendeu-se mostrar aqui de que forma a projeção temática do discurso voltado para
adolescentes contribui para a construção de simulacros desse sujeito, que, na revista Megazine
é visto como um indivíduo, muitas vezes, inexperiente e pouco crítico, reconhecendo na
figura do enunciador alguém que partilha de seus interesses e conhece seus principais anseios
e dúvidas. A recorrência de temas que tratam de relacionamentos, comportamento,
entretenimento, culto aos ídolos, entre outros, e a forma como tais temas são figurativizados,
configuram o universo de um enunciatário pouco engajado politicamente, já que seus
interesses parecem estar muito mais voltados para a vida pública e privada de seus ídolos, os
shows e eventos de suas bandas musicais favoritas, os lançamentos de jogos eletrônicos,
dentre outros assuntos aqui tratados que permeiam o mundo do jovem que se deseja construir.
Atrelado a isso, ao optar por não priorizar temas relacionados aos estudos e à carreira
profissional, mostrando que os interesses do enunciatário se relacionam basicamente à vida de
seus ídolos, a festas e jogos eletrônicos, ao cinema e as dificuldades de se relacionar com o
sexo oposto, o enunciador constrói o pathos de um leitor pouco preocupado com as
responsabilidades da vida adulta. Ao mesmo tempo, esse leitor também não quer mais ser
tratado como criança, embora ainda não tenha formado sua identidade adulta e comporte-se,
muitas vezes, como alguém que aceita o tom professoral ou aconselhador do discurso e as
dicas e sugestões do enunciador, conforme foi visto, por exemplo, na análise do tema dos
relacionamentos amorosos.
101
Da mesma maneira que ajuda na construção de simulacros dos sujeitos sociais
retratados no texto, o discurso pode também contribuir para reforçar ou reduzir certos
preconceitos sociais, como, por exemplo, o sexismo, como mostrado nos exemplos abaixo,
extraídos de uma reportagem presente no corpus:
Videogame sempre foi “coisa de menino”, mas, agora, os garotos que se cuidem,
porque o cordão do mulheril aumenta à base de tiros e explosões.
[...]
Não se trata de feminismo chatola ou coisa parecida. As garotas só querem acabar
com essa discriminação boba e sem sentido.
[...]
É um sonho dessas meninas ver mais games com heroínas virtuais. Elas reclamam
que as protagonistas femininas são quase sempre idealizadas pelos machos, com
peitões, decotes e curvas sensuais, como as modelos nos comerciais de carro e
cerveja (Mulheres ganham espaço no mundo machista dos videogames,
MEGAZINE, O Globo, 16/04/2012; grifo nosso).
102
piranha. As mulheres que já se inscreveram são jovens, pós-feministas e de
cabeça aberta.
[...]
O Nelson Motta se relacionou ao longo da vida com mulheres muito poderosas,
com personalidades muito fortes, e tem uma visão masculina de quem esteve ao
lado delas. Não precisamos de uma igualdade ilusória em relação ao homem.
Acho uma delícia ser diferente (Mulheres criam curso chamado ‘Bitch!’ sobre
sexualidade feminina, MEGAZINE, O Globo, 8/03/2012; grifo nosso).
Nesses fragmentos, o enunciador mostra que as mulheres que falam abertamente sobre
sexo são vistas de forma negativa pela sociedade, sendo chamadas, segundo a revista, de
“piranhas”. A partir das figuras grifadas nos enunciados acima, o enunciador busca
desconstruir a visão conservadora que a sociedade em geral tem dessas mulheres, defendendo
a ideia de que ser sensual não significa ser vulgar. O enunciador, então, dirige-se a essas
mulheres como “jovens, pós-feministas e de cabeça aberta”, instaurando no texto um
enunciatário que partilha desse mesmo ponto de vista, sendo, assim como essas mulheres, um
sujeito moderno e de “cabeça aberta”.
103
mostra-se um enunciatário mais preocupado em conquistar o sexo oposto do que em manter o
relacionamento.
Como vimos, a revista, assim como a mídia jornalística em geral, projeta no discurso
um universo de crenças e valores segundo um ponto de vista, ou seja, atrelado a determinadas
visões de mundo defendidas pelo enunciador. Ao criar e reforçar no discurso imagens de um
enunciatário pouco engajado nos assuntos de cunho político e/ou social que não sejam de
interesse particular, mas que atinjam uma esfera global, por exemplo, constroem-se no texto
estereótipos de um jovem, de certa forma, com pouco ou nenhum senso crítico no que tange
aos problemas que afetam a sociedade como um todo.8 Uma vez que seus interesses são
mostrados na revista como sendo basicamente o cotidiano de seus ídolos, shows e eventos de
suas bandas favoritas, novidades nos jogos eletrônicos e relacionamentos amorosos e/ou
sexuais (questões mais particulares e individualistas), esse enunciatário jovem criado no
discurso é um sujeito pouco envolvido com questões que afetem uma parcela maior da
sociedade, ou seja, que apresentem uma perspectiva globalizante. Portanto, a ausência de
questões que suscitam um enunciatário engajado e pró-ativo politicamente é relacionada, em
Megazine, apenas a assuntos que não afetam diretamente o seu cotidiano.
8
Relembramos aqui que, apesar da existência de reportagens que tratam de questões com conotação política,
como, por exemplo, o preconceito com relação ao comportamento social homem/mulher, tal questão é voltada ao
comportamento e ao universo de temas do divertimento e dos relacionamentos sexuais, como nas duas últimas
reportagens citadas acima.
104
5 – A CONSTRUÇÃO DE UM SUJEITO QUE SENTE: UM OLHAR SOBRE
AS PAIXÕES
Como a narrativa se pauta na transformação dos sujeitos com a busca por objetos aos
quais é atribuído um valor, esse valor investido, ou seja, se ele é ou não desejável, se
relaciona diretamente ao ser do sujeito, sendo responsável por criar determinados efeitos de
sentido ao discurso. As paixões, isto é, os “estados de alma” experimentados pelo sujeito são
justamente esses efeitos de sentido provocados pela relação modal do sujeito com os objetos e
outros sujeitos. Sendo assim, se um objeto é atrativo para o sujeito e este não pode ou não
sabe como adquiri-lo, temos um ser modalizado pelo querer, mas não pelo poder ou saber-
fazer. A organização dessas modalidades explica diferentes impressões afetivas no sujeito de
estado. A dimensão afetiva opera uma mudança, em que o sujeito de estado passa a ganhar
mais atenção, uma vez que as modalidades factivas, ou seja, do sujeito de fazer, “associam-se
sobretudo à ação, à performance e que, por isso, não permitem um estudo mais cuidadoso dos
estados de alma do sujeito” (CALBUCCI, 2009, p. 72).
O estudo das paixões, portanto, passou a dar maior importância às flutuações afetivas
do sujeito de estado, o que, anteriormente, não era focalizado, já que a atenção permanecia
voltada para os enunciados do fazer. Segundo Bertrand (2003, p. 367),
Neste capítulo, iremos nos debruçar sobre as dimensões patêmicas no discurso, que,
juntamente com a sintaxe e a semântica discursivas, contribuem para a construção de
determinado simulacro do jovem retratado em Megazine. A partir dos percursos passionais
105
construídos no texto, criam-se efeitos de sentido distintos, que permitem relacionar esses
estados de alma com o fazer persuasivo do enunciador e o fazer interpretativo do enunciatário.
Desta forma, podemos identificar um enunciatário engajado, alienado, impaciente, curioso,
entre outros, a depender da forma como o discurso é conduzido e dos diferentes modos de
dizer produzidos pelo enunciador.
Fiorin (2007b, p. 10) nos mostra que as paixões sempre estão presentes nos textos, ao
reconhecer que há sempre “um componente patêmico a perpassar todas as relações e
atividades humanas”. A partir da concepção de que os efeitos passionais resultam da
organização de estruturas modais, o estudo das paixões considerou, primeiramente, a questão
da modalização do ser, entendendo que a combinação de determinadas modalidades imprime
ao sujeito certas experiências afetivas que, se recorrentes, podem corresponder à sua formação
identitária, considerando que esta pode ser alterada no decorrer da narrativa. Sobre essa
questão, Fontanille (2008, p. 177) afirma que
106
Desta forma, o estudo das paixões encontra-se relacionado às relações entre os
actantes e aos percursos narrativos estabelecidos, determinando, como nos exemplos de
paixões citadas acima, o sujeito que quer e pode ser e o objeto por ele desejado (no caso da
felicidade) e o sujeito que quer, mas sabe não poder-ser, bem como o sujeito que provocou
nele o sentimento vivenciado (no caso da frustração). As modalidades, portanto, permitem
perceber o que motiva o sujeito a praticar ou não determinadas ações e como ele é afetado por
elas e pelas ações de outros sujeitos da narrativa, questões que provocam sensações diversas
nesse sujeito.
Barros (2001, p. 62), afirma haver três modos de definir a existência do sujeito da
narrativa: existência semiótica, semântica e modal. A primeira se assenta na relação entre
sujeito e objeto, entendendo a narrativa como o lugar onde os valores circulam. A segunda se
baseia na relação entre o sujeito e o valor, compreendendo a comunicação que se estabelece
entre os sujeitos. Já na última, na existência modal, o sujeito é definido a partir da
modalização do ser, assumindo estados patêmicos que o afetam e modificam ao longo da
narrativa, podendo ser eufóricos, como o sentimento de alegria e de amor ou disfóricos, como
a raiva e a decepção. Desta forma, esses estados patêmicos, isto é, as vivências passionais do
sujeito, se relacionam com sua existência modal, em que este sujeito “segue um percurso,
entendido como uma sucessão de estados passionais, tenso-disfóricos ou relaxados eufóricos”
(BARROS, 2001, p. 62).
Para ilustrar as paixões vivenciadas pelo sujeito da narrativa causadas tanto pelas
relações entre os sujeitos quanto pela relação sujeito-objeto, tomemos como exemplo dois
trechos de reportagens presentes no corpus:
O astro Justin Bieber ainda não deixou no passado aquela controvérsia iniciada
quando a americana Mariah Yeater espalhou por aí que estava grávida do cantor,
sendo desmentida semanas depois. No sábado, Bieber publicou um tweet irônico
endereçado a ela e, nesta terça, durante uma coletiva de imprensa, ele disse que
escreveu uma música sobre toda a polêmica.
‘É uma música sobre toda aquela situação com aquela garota que disse estar
esperando meu filho, a Maria Yeater’, disse Bieber, antes de acrescentar: ‘É sobre
tudo o que passei’, disse ele, sem deixar claro se a faixa vai estar em seu novo
álbum, “Believe”, que será divulgado no dia 19 de junho (Justin Bieber escreve
música sobre garota que disse estar grávida dele, MEGAZINE, O Globo,
24/04/2012).
107
aberta (Mulheres criam curso chamado ‘Bitch!’ sobre sexualidade feminina,
MEGAZINE, O Globo, 8/3/2012).
as modalidades passam a ser vistas sob a perspectiva das valências tensivas, de tal
modo que elas podem intensificar-se ou amainar-se quanto às subdimensões do
andamento e da tonicidade, expandir-se ou retrair-se quanto às subdimensões da
108
temporalidade e da espacialidade, o que caracterizaria a euforia e a disforia, a tensão
ou o relaxamento (CALBUCCI, 2009, p. 74).
Para tanto, leva-se em conta a tensão entre duas grandezas: intensidade e extensidade.
A primeira, como afirma Fontanille (2008, p.206), “é uma variável que aparece no momento
da avaliação e que participa da modalização enunciativa: ela depende da apreciação do sujeito
da enunciação”. Sendo assim, o modo como o discurso é construído, as escolhas linguísticas
do sujeito imprimem certa intensidade ao discurso, criando efeitos de sentido variados ao
texto. Ao afirmar que determinado acontecimento foi uma “tragédia” ou uma “catástrofe”, por
exemplo, o enunciador aciona uma intensidade afetiva no discurso, acompanhada de uma
manifestação passional. Percebemos, neste caso, uma intencionalidade enunciativa, que, ao
optar pelo uso de expressões que denotem intensidade, causa impacto na leitura, provocando
manifestações passionais no enunciatário (SANTOS, 2014, p. 143).
A inclusão das categorias aspectuais nos estudos tensivos sobre os efeitos passionais
vivenciados pelo sujeito implica a existência de um observador social responsável por
instaurar um julgamento moral ao discurso, um ponto de vista sobre o enunciado. Fontanille e
Zilberberg (2001, p. 299) afirmam que a configuração passional, para que seja reconhecida
dentro de uma dada cultura, precisa ser identificada e concretizada no discurso por um
“observador culturalmente competente”, que determina como as paixões se expressam de
forma diferente em culturas distintas. Os autores argumentam, ainda, que
109
Esse actante observador, como sujeito cognitivo delegado pelo enunciador, instaura no
discurso um ponto de vista sobre a cena enunciativa, caracterizando as coordenadas de pessoa,
tempo e espaço, sem, no entanto, considerar como ponto de referência o momento da
enunciação, mas colocando-se em qualquer ponto do contínuo enunciativo. Desta forma, “o
tempo pode ser apreendido em sua duração, o espaço em sua trajetória e o sujeito em seu
processo gradual de transformação” (GOMES, 2011, s.n.).
Convém, agora, ressaltar que as paixões se dividem em dois tipos, de acordo com a
complexidade do percurso: paixões simples e complexas. As paixões simples, também
conhecidas como “paixões de objetos”, se definem por um único arranjo modal decorrente da
modalização pelo querer-ser, não necessitando de percursos modais anteriores, como é o caso
da ambição (BARROS, 2001, p. 62).
110
Meninas pelo mundo afora estão se esforçando para ficarem parecidas com bonecas
Barbie. Suas armas são maquiagem, perucas, lentes de contato e talvez um pouco de
Photoshop. Garotas como a americana Dakota Rose, conhecida na internet como
Kota Koti, ou a inglesa Venus Palermo, de 15 anos, estão se tornando febre no
YouTube com seus vídeos nos quais ensinam suas “fãs” a se maquiarem e se
vestirem como bonecas (Adolescentes se transformam para ficarem parecidas com
Barbies, MEGAZINE, O Globo, 30/03/2012).
No primeiro exemplo temos um sujeito que, movido por um querer-ser parecido com
bonecas Barbie, deseja entrar em conjunção com o objeto de valor status. Para tanto, ele se
utiliza de recursos como maquiagem, perucas e lentes de contato, artifícios que determinam
um poder-ser, permitindo a realização de seu desejo e o fazendo vivenciar uma sensação
eufórica de satisfação e bem-estar. No segundo trecho, a partir da afirmação presente na
primeira sentença (“publicar um livro é um sonho para muitos jovens”), também podemos
identificar um sujeito persistente modalizado por um querer-ser e um poder-ser, em que o
objeto-valor é o reconhecimento advindo da publicação de suas criações literárias. Desta
forma, a publicação do livro produz no sujeito um sentimento de satisfação e contentamento,
já que realizou seu sonho e obteve o reconhecimento desejado, apesar dos obstáculos
enfrentados.
Da mesma forma que a satisfação, a injustiça é também uma paixão simples definida
por um único arranjo modal, como vemos em outra matéria presente no corpus, em que o
actante do enunciado figurativizado pelas meninas que jogam videogame sofre com os
comentários machistas dos garotos, sentindo-se injustiçado. Esse sujeito é modalizado por um
querer não ser, uma vez que não deseja mais sofrer preconceito por gostar de jogos
eletrônicos e luta para acabar com essa “discriminação boba e sem sentido”, conforme
observamos no trecho abaixo:
111
Já as paixões complexas podem ser encontradas nos fragmentos abaixo, que
exemplificam as paixões da decepção, indignação e vingança:
Falando em urina, flagrei uma menina pela qual era apaixonado na segunda série, a
garotinha mais fofinha e bonitinha da sala, agora com vinte e poucos anos, agachada
entre dois carros com a calcinha numa mão, uma cerveja na outra, se aliviando. Foi
um choque. Ela era um símbolo de inocência, pureza e ternura guardado em algum
canto da minha memória de infância. Foi uma sensação parecida com a de descobrir
o que significavam as letras do É o Tchan e aquelas mensagens subliminares dos
desenhos da Disney (Os motivos de Matheus Souza para fugir do carnaval carioca,
MEGAZINE, O Globo, 22/02/2012; grifo nosso).
A crítica mais pesada veio da escritora Naomi Wolf, autora de “O mito da beleza”
(1991). No Facebook, ela criticou muito o clipe e levantou a hipótese de Katy ter
recebido dinheiro da Marinha dos EUA para fazê-lo. Naomi escreveu: “É uma peça
de propaganda para os fuzileiros navais. Queria muito saber se ela foi paga. É uma
vergonha”, e acrescentou: “Proponho um boicote a essa cantora de quem eu
realmente gostava” (Clipe de Katy Perry é rotulado de ‘propaganda militar’,
MEGAZINE, O Globo, 28/03/2012; grifo nosso).
Como o objeto de estudo do presente capítulo são os estados de alma vivenciados pelo
sujeito discursivo, torna-se importante, nesse momento, atentar para a questão da diferença
entre emoção e paixão. Estudos de diversos semioticistas, entre eles, Fontanille, Zilberberg
(2001) e Fiorin (2007b), nos mostram que, apesar de ocuparem o mesmo lugar teórico, visto
serem fases de um mesmo esquema afetivo, esses termos se diferem em alguns pontos.
113
Fontanille e Zilberberg (2001, p. 300) propõem um esquema afetivo que comporta
quatro fases que vão da emoção ao sentimento, sendo que cada uma dessas fases se constitui
de uma dimensão modal e outra fórica. Quanto a essas dimensões, os autores nos lembram
que:
As modalidades implicadas se referem tanto à existência (modalidades existenciais)
quanto à competência (querer, dever, saber, poder e crer);
E que a foria conjuga essencialmente a intensidade e a extensidade, com seus efeitos
induzidos por projeção no espaço e no tempo, os efeitos de tempo e de ritmo
(FONTANILLE, ZILBERBERG, 2001, p. 300).
114
No discurso do jornal, é bastante comum que o enunciador se utilize de certas
estratégias enunciativas de direcionamento afetivo, a fim de que o enunciatário se identifique
com as sensações vivenciadas pelos actantes do enunciado, passando a também experimentá-
las. Segundo nos lembra Gomes (2008, s.n), o sujeito leitor “deve apresentar certa
disponibilidade sensível, uma abertura para corresponder às evocações traçadas pela
orientação afetiva do texto e para compartilhar as paixões”. Desta forma, ao projetar no
enunciado um actante que luta contra uma injustiça sofrida, por exemplo, o enunciador deseja
que o enunciatário compreenda e se identifique com o drama sofrido por esse sujeito do
enunciado. A autora nos lembra, ainda, que “o enunciador, ao adotar uma perspectiva, uma
orientação afetiva, solicita, mesmo que sutilmente, uma reação emotiva do enunciatário ou a
adoção de uma identidade passional, envolvendo-o e mobilizando-o a aceitar determinados
valores” (GOMES, 2008c, s.n.). Observemos o exemplo abaixo, extraído do corpus:
A batalha para conseguir a construção da nova pista foi longa, desgastante, mas os
skatistas locais da "quadrinha" nunca desistiram (Skate Park da Lagoa promete ser
o point do verão carioca, MEGAZINE, O Globo, 20/02/2012, grifo nosso).
Nesse exemplo, a expressão grifada “batalha” remete a todo o percurso vivido pelo
actante do enunciado para conseguir seu objeto-valor, mostrando o quanto essa obtenção foi
difícil. Durante esse percurso o sujeito é modalizado por um crer e um querer-ser, ao ser
tomado por sentimentos de coragem e persistência que lhe dão ânimo para prosseguir lutando
pela construção de uma nova pista de skate, apesar das dificuldades enfrentadas e do longo
tempo de espera. A paixão da persistência pode ser identificada pela expressão “nunca
desistiram” e modalizada por um querer-ser e um crer-poder-ser intensos e durativos, que
permanecem inalterados diante dos limites e dos obstáculos, correspondentes a um não-poder-
ser, marcando um contraste no enunciado que desperta sentimentos no sujeito, pois, apesar
das dificuldades que se opunham à concretização do desejo, o sujeito persistiu.
O astro Justin Bieber ainda não deixou no passado aquela controvérsia iniciada
quando a americana Mariah Yeater espalhou por aí que estava grávida do cantor,
sendo desmentida semanas depois.
[...]
“É uma música sobre toda aquela situação com aquela garota que disse estar
esperando meu filho, a Mariah Yeater”, disse Bieber, antes de acrescentar: “É sobre
tudo o que passei” (Justin Bieber escreve música sobre garota que disse estar
grávida dele, MEGAZINE, O Globo, 24/04/2012; grifo nosso).
115
Ao longo do discurso, o jornal mostra seu apoio ao cantor ao dirigir-se a ele por meio
de expressões como “astro” e “artista” e apresenta somente o seu ponto de vista sobre o
ocorrido. Aliado a isso, no título da reportagem, a expressão “garota que disse estar grávida
dele” deixa claro que o enunciador não acredita na versão apresentada por Mariah, já que
atribui ao seu dizer a responsabilidade sobre essa versão, sem assumir a verdade do dito,
justificando a paixão de ressentimento do “astro” e alinhando-se a ela. Situação semelhante
ocorre neste último exemplo, abaixo transcrito:
O futuro parecia cinzento para qualquer jovem sensível cuja mãe não deixava usar
tênis “Reef” desamarrado e que não curtia a ideia de andar com as calças caindo.
[...]
Se antes desse CD os “desajeitados”, os “excluídos”, os que “não se
encaixavam”, ficavam dentro de seus quartos jogando seus jogos de videogame,
lendo seus livros e ouvindo Radiohead, alheios ao mundo lá fora, depois dele, a
porta do quarto foi aberta. Uma identidade foi criada. Uma bandeira tinha sido
levantada. Era OK ser estranho. Muita gente era também! E todos podiam se
encontrar e se unir na catarse coletiva que eram os shows da banda. (Matheus Souza:
‘Devo minha vida sexual ao Los Hermanos, MEGAZINE, O Globo, 30/05/2012;
grifo nosso).
116
um enunciatário que sofre com as paixões da curiosidade e da ansiedade, modalmente
definidas, respectivamente, por um querer-saber aliado a um não-poder-não-saber e um
querer-ser aliado a um saber-poder-ser. Essas duas paixões, em que a primeira é
sobredeterminada pela segunda, são marcadas por um forte grau de intensidade, já que o
sujeito afetado por elas possui um desejo exagerado de entrar em conjunção com seu objeto
de valor. No caso da paixão da curiosidade, segundo Fiorin (2007, p. 13), há, além de um
“clímax de intensidade”, um certo grau de extensidade marcado por um “desejo irrefreável de
saber tudo”.
Sobre essa paixão, Hernandes (2005, p. 62) nos lembra que é muito comum que o
discurso jornalístico desencadeie a curiosidade, visto que ao buscar no jornal a supressão da
falta do valor a que almeja, o saber sobre um dado assunto, o sujeito passa de um estado de
insatisfação para um de satisfação. Segundo o autor “a passagem do não-saber para o saber dá
prazer ao sujeito, é uma de suas recompensas” e, portanto, é uma estratégia para cativar a
atenção e a confiança do enunciatário no veículo de informação (HERNANDES, 2005, p. 63).
Observemos, abaixo, como essa paixão aparece no corpus em estudo:
As aulas acontecerão dentro dos próximos quatro dias, apenas para fãs que
compraram ingressos (ainda há entradas para os encontros de Taubaté e Campinas),
mas a Megazine bateu um papo por e-mail com o dançarino, que já trabalhou
também com Ricky Martin, Taylor Swift e na turnê de shows de “Glee” (Bailarino
de Bieber revela que o astro não era um bom dançarino, MEGAZINE, O Globo,
28/03/2012; grifo nosso).
Nos exemplos descritos acima, podemos entrever a imagem um sujeito curioso que
deseja entrar em conjunção com um saber, mas que não quer esperar muito para isso. Nessa
paixão, identificada nos trechos “terão de se contentar com apenas estas informações” e “mas
a Megazine bateu um papo por e-mail com o dançarino”, temos um sujeito que deseja entrar
em conjunção com um valor cognitivo, informações sobre o próximo livro de JK Rowling e
sobre o ídolo adolescente Justin Bieber.
117
Já a paixão da ansiedade, presente nos trechos em destaque nos exemplos abaixo,
sugere um enunciatário ansioso e que vive um estado de espera caracterizado por uma
intensidade alta, pois sabe que a conjunção com o valor desejado é incerta. No caso do trecho
“mas os fãs de Bieber não vão precisar esperar muito”, o narrador sabe que os fãs sentem que
terão de esperar bastante para ouvir o cd completo do ídolo, procurando, então, minimizar
esse estado de espera pelo uso do advérbio de negação, conforme vemos abaixo:
Segundo o ator Bradley Cooper, a sequência de “Se beber, não case - parte 3” seria
ambientada em Los Angeles e o diretor Todd Phillips, o mesmo que comandou os
sucessos anteriores, já estaria trabalhando no roteiro. Bradley revelou esses detalhes
numa entrevista ao programa de TV britânico “The Graham Norton Show”, em
dezembro, mas é melhor os fãs da série ainda não se animarem, pois, como Ed
afirma, o martelo ainda não foi batido (Protagonista de ‘Se beber não case’ quer
terceiro filme da série, MEGAZINE, O Globo, 23/02/2012; grifo nosso).
Quem está contando os dias para o show dos Arctic Monkeys no Lollapalooza
Brasil vai ver esse vídeo 300 vezes até o dia 8 de abril, quando a banda toca no
evento em São Paulo (Arctic Monkeys divulgam vídeo de show no México. Falta
pouco!, MEGAZINE, O Globo, 30/03/2012; grifo nosso).
Ontem, dia 15 de maio, foi lançado um dos jogos mais esperados de todos os
tempos: “Diablo III” (Por que o videogame ‘Diablo III’ é o mais esperado da
década?, MEGAZINE, O Globo, 14/05/2012; grifo nosso).
Mas, por enquanto, os fãs de quadrinhos terão que esperar pelo anúncio oficial
(Marvel anuncia dois novos filmes de super-heróis, MEGAZINE, O Globo,
15/05/2012; grifo nosso).
Essa paixão, como vimos nos exemplos acima descritos, permite a construção do
simulacro de um enunciatário jovem impaciente, marcando uma aceleração no discurso, já
que o sujeito deseja sempre antecipar a conjunção com os valores de busca, pois tem
dificuldades para esperar. Esse sujeito vive um estado afetivo intenso de espera marcado por
uma disjunção com o objeto desejado, ou seja, um estado de falta, e considera que o tempo é
mais longo do que ele desejaria. No discurso da revista adolescente, podemos identificar que a
ansiedade sofrida pelo sujeito encontra-se relacionada a atividades de entretenimento, como
música, jogos, literatura e cinema, bem como a um saber sobre a vida de seus ídolos.
No texto, por meio da mediação do narrador dando dicas sobre como diferenciar
amizade e amor, o narratário sai de um estado de insatisfação para um de satisfação, já que
agora ele sabe distinguir esses dois sentimentos. O jornal se mostra, portanto, como um
intermediário quem tem a função de orientar e explicar a esse jovem as características de cada
um, fazendo-o vivenciar sensações eufóricas advindas da conjunção com um saber.
O uso de uma linguagem mais intimista, com expressões que visam reduzir a distância
entre enunciador e enunciatário, simulando, pois, uma proximidade entre esses sujeitos, é
também uma estratégia discursiva que ajuda a construir a imagem de um enunciatário
modalizado por um saber-ser, vivenciando sentimentos eufóricos de acolhimento, de
intimidade. Em Megazine, o uso desse recurso é bastante frequente, uma vez que, muitas
vezes, o enunciatário é “chamado a participar” do discurso dando sua opinião sobre o assunto
ou partilhando do ponto de vista apresentado pelo enunciador.
É baseado num seriado antigo estrelado por um tal de Johnny Depp em início de
carreira. E antes que você pense “droga, lá vem mais um reboot enlatado de
Hollywood”, saiba que o próprio filme faz piada sobre isso.
[...]
Bom, mudando completamente de assunto, aqui vai o gabarito do desafio de
desenhos estilo “Draw Something” da semana passada (Dez motivos para assistir à
comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 2/5/2012; grifo nosso).
119
Os termos grifados nos exemplos acima simulam uma cumplicidade e proximidade
entre os sujeitos da enunciação, estabelecendo no discurso um tom mais intimista, dando a
ideia de uma conversa informal e despreocupada. Com relação ao primeiro fragmento e ao
primeiro trecho destacado no segundo, o enunciador, respectivamente, convida o enunciatário
a pensar sobre o assunto que está sendo tratado, levando-o a refletir sobre seu ponto de vista e
sugere tanta proximidade com este sujeito que é capaz de intuir qual seria seu possível
raciocínio a respeito do que está sendo dito.
O mesmo acontece nos demais exemplos grifados abaixo, que também revelam o
simulacro de um enunciador que busca levar o enunciatário a participar da cena enunciativa
(como na sentença “essa semana temos uma coluna interativa!”), ora compartilhando do ponto
de vista mostrado (como na expressão “convenhamos”), ora estabelecendo um vínculo de
confiança com esse sujeito (por meio do termo “prometo”). Esses recursos linguísticos,
amplamente usados no discurso do suplemento jovem, ajudam na construção de efeitos de
sentido de acolhimento e aproximação do enunciatário ao discurso, como se ele fosse visto e
considerado de forma individualizada pelo enunciador, com quem há a ilusão de estar
“batendo um papo”.
Muita gente achou estranho o novo clipe de Katy Perry, mas, de início, ninguém
falou nada. Uma semana depois do lançamento, no entanto, já se espalham pela web
vaias para o vídeo de “Part of me”, que, convenhamos, parece uma peça de
propaganda militar (Clipe de Katy Perry é rotulado de propaganda militar,
MEGAZINE, O Globo, 28/03/2012; grifo nosso).
Essa semana temos uma coluna interativa! Como boa parte da humanidade, estou
viciado no aplicativo de iPhone Draw Something e queria escrever algo sobre ele
por aqui.
[...]
Não sei ainda qual será o brinde e não deve ser nada incrível, mas pensarei em algo
simpático, prometo (Adivinhe qual é o filme e ganhe um brinde, MEGAZINE, O
Globo, 24/04/2012; grifo nosso).
Aliado a isso, o uso de perguntas retóricas, que, como foi visto no terceiro capítulo
deste trabalho, gera um efeito de aproximação entre enunciador e enunciatário ao convocar a
participação deste último, como se um diálogo fosse travado entre eles, desperta, também,
sentimentos eufóricos de acolhimento no enunciatário. Este sujeito, ao ser instigado pelo
enunciador a participar da cena enunciativa (mesmo que essas perguntas não esperem uma
resposta do enunciatário), se sente acolhido, uma vez que sua presença é inferida pelas
perguntas, como vemos nos fragmentos abaixo:
120
O que você pensaria sobre um curso chamado “Bitch!”? (Mulheres criam curso
chamado ‘Bitch!’ sobre sexualidade feminina, MEGAZINE, O Globo, 8/3/2012).
Quem diria que um sacerdote da Igreja Católica iria dar dicas de como conseguir
um(a) namorado(a)? (Padre bomba no YouTube com 10 dicas para arrumar
namorado(a), MEGAZINE, O Globo, 14/03/2012).
O outro é o Channing Tatum. Ele é bonitão, né? (Dez motivos para assistir à
comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 2/5/2012).
Mas aí eu pensei: para que escrever se eu posso... desenhar? (Adivinhe qual é o filme
e ganhe um brinde, MEGAZINE, O Globo, 24/04/2012).
Dá para dizer que o gênero saiu do SoundCloud, né? (Festa Bootie Rio comemora
dois anos de ‘mashups’, MEGAZINE, O Globo, 10/05/2012).
O que escrever de um grupo sobre o qual, seja por fãs ou “haters”, tudo já deve ter
sido escrito? (Matheus Souza: ‘Devo minha vida sexual ao Los Hermanos’,
MEGAZINE, O Globo, 30/05/2012).
Essa semana temos uma coluna interativa! Como boa parte da humanidade, estou
viciado no aplicativo de iPhone Draw Something e queria escrever algo sobre ele
por aqui (Adivinhe qual é o filme e ganhe um brinde, MEGAZINE, O Globo,
24/04/2012; grifo nosso).
121
Se antes desse CD os “desajeitados”, os “excluídos”, os que “não se encaixavam”,
ficavam dentro de seus quartos jogando seus jogos de videogame, lendo seus livros e
ouvindo Radiohead, alheios ao mundo lá fora, depois dele, a porta do quarto foi
aberta. Uma identidade foi criada. Uma bandeira tinha sido levantada. Era OK ser
estranho. Muita gente era também! (Matheus Souza: ‘Devo minha vida sexual ao
Los Hermanos’, MEGAZINE, O Globo, 30/05/2012; grifo nosso).
Assim como Hernandes, Gomes (2008c, s.n.) afirma que, além da construção de
percursos afetivos no discurso que marcam a identidade do sujeito da narrativa, o enunciador
utiliza-se também de “procedimentos enunciativos que instauram uma orientação afetiva no
discurso, fazendo transparecer um tom passional no relato jornalístico”. Embora, muitas
vezes, o uso desses procedimentos esteja marcado no enunciado de forma sutil, eles são
importantes para identificar o tom passional da narrativa, por meio de um modo próprio de
dizer que procura fazer com que o enunciatário se identifique com o discurso. A projeção de
122
vozes no discurso é um exemplo de recurso utilizado para imprimir uma orientação passional
ao texto, uma vez que a distribuição das vozes no discurso causa determinadas impressões
afetivas no enunciatário. Sendo assim, se alguns actantes do enunciado têm mais espaço do
que outros, há um desequilíbrio na narrativa, o que repercute diretamente na leitura do
discurso pelo enunciatário.
A restrição foi estabelecida pela MPAA, entidade responsável por fazer essa
classificação nos EUA. O problema é que o principal público alvo do filme é
justamente este que só poderia vê-lo na companhia dos pais (grifo nosso).
Para justificar e sustentar seu ponto de vista, o enunciador opta por retratar o
julgamento do diretor do filme em discurso direto, o que contribui para “conservar os assentos
passionais” do discurso (GOMES, 2008c, s.n.), como observamos no trecho abaixo.
Ao mesmo tempo, não dar voz a sujeitos que se posicionam contra a exibição do
filme, mas apresentar sua opinião de forma indireta, por meio do dizer do narrador, também
contribui para atenuar os efeitos de sentido passionais, sustentando a opinião do enunciador:
123
personalidade pública conhecida mundialmente e que possui muitos fãs entre os jovens,
público alvo do discurso de Megazine.
A projeção de vozes no discurso é, como vimos nos exemplos acima, responsável por
atenuar ou reforçar o caráter patêmico do discurso, provocando no enunciatário uma
sensibilização em relação ao que está sendo dito. Conforme ressalta Gomes (2008c, s.n.), esse
recurso permite perceber o ponto de vista assumido pelo enunciador, “construindo uma
orientação passional e um posicionamento do interior da situação narrada”. Outros exemplos
extraídos do corpus também permitem perceber de que forma a distribuição de vozes no
discurso contribui para reforçar a perspectiva assumida pela enunciação:
124
Para o estudante de jornalismo Brunno Maceno, de 17 anos, e colega de Susan no
fã-site, o livro passa uma mensagem muito mais profunda do que “Harry Potter” e
“Crepúsculo”.
- Não é só romance, anjo, vampiro, o livro tem uma mensagem muito mais
profunda. Fala sobre desperdício de comida, fome, tirania, exploração, tem um lado
mais humano que chama muito mais atenção. A autora descreve uma sociedade que
pode ser a nossa daqui a alguns anos, é um alerta (‘Jogos Vorazes’: jovens atores
buscam afirmação na saga, MEGAZINE, O Globo, 20/03/2012).
A inglesa Venus Palermo, de 15 anos, é outra que arrasta milhares de fãs que
desejam se parecer com bonecas vivas.
[...]
Segundo o jornal britânico “Daily Mail”, a mãe de Venus aprova a escolha da filha.
“Ela acha fofo que eu use roupas bonitinhas”, comenta a garota. “Acho que nunca
vou parar. Acredito que vou amadurecer o meu estilo e apenas continuar fazendo o
que eu amo”, completa ela (Adolescentes se transformam para ficarem parecidas
com Barbies, MEGAZINE, O Globo, 30/03/2012).
Nesse contexto, entendemos que o uso desse recurso no discurso jornalístico possui
forte grau de afetividade, criando determinados efeitos de sentido ao texto que marcam o tom
emocional, afetivo do discurso. Da mesma forma, essas expressões caracterizam as intenções
do enunciador, a relação que ele procura estabelecer com o enunciatário e as sensações que
ele deseja despertar nesse sujeito. Observemos, nos exemplos abaixo, todos retirados do
corpus, como esse recurso produz efeitos de sentido variados no discurso:
Falando em urina, flagrei uma menina pela qual era apaixonado na segunda série, a
garotinha mais fofinha e bonitinha da sala, agora com vinte e poucos anos,
125
agachada entre dois carros com a calcinha numa mão, uma cerveja na outra, se
aliviando (Os motivos de Matheus Souza para fugir do carnaval carioca,
MEGAZINE, O Globo, 22/02/2012; grifo nosso).
Para ser capa da edição especial do 10º aniversário da revista americana “Complex”,
o astro pop Justin Bieber teve que “apanhar”. Calma, biebers, foi tudo de
mentirinha (Justin Bieber ‘leva soco’ e aparece sangrando em capa de revista,
MEGAZINE, O Globo, 19/03/2012; grifo nosso).
Segundo o jornal britânico “Daily Mail”, a mãe de Venus aprova a escolha da filha.
“Ela acha fofo que eu use roupas bonitinhas”, comenta a garota (Adolescentes se
transformam para ficarem parecidas com Barbies, MEGAZINE, O Globo,
30/03/2012; grifo nosso).
Afinal, uma vez que os nerds chegaram ao poder, queridinhos na cultura pop, como
ficam as coisas?
[...]
Um dos protagonistas é o Jonah Hill, o gordinho engraçado de ‘Superbad’, que
recentemente foi indicado ao Oscar por ‘Moneyball’ (Dez motivos para assistir à
comédia ‘Anjos da Lei’, MEGAZINE, O Globo, 02/05/2012; grifo nosso).
Nos exemplos acima, ao optar por usar os termos grifados no diminutivo, o enunciador
desperta no enunciatário sensações de afeição e aproximação do discurso, marcando a paixão
do acolhimento, da satisfação. No caso das expressões “garotinha mais fofinha e bonitinha da
sala”, “bruxinho”, “menina fofinha”, “roupas bonitinhas” e “gordinho”, o enunciador procura
fazer com que o enunciatário seja tomado por sentimentos de afeto com relação aos actantes
descritos no enunciado. As expressões “fãs crescidinhos” e “queridinhos” simulam um tom
amistoso que provoca uma sensação de proximidade do enunciatário com o discurso. Já o
termo “mentirinha”, procura atenuar a preocupação do enunciatário com o possível soco que
seu ídolo levou, gerando a paixão da tranquilidade.
127
CONCLUSÃO
128
A tematização e a figurativização são também importantes recursos que ajudam a
traçar a imagem do enunciatário da revista, mostrando seus principais interesses,
características e modos de ser. As temáticas abordadas, bem como a forma como estas são
figurativizadas, revelando, por exemplo, o culto ao corpo, fazem com que se tenha
determinada imagem do jovem retratado em Megazine. Pudemos perceber, por exemplo, um
enunciatário que embora possa não ter um físico atlético e escultural, preocupa-se com isso e
almeja atingir esse objetivo.
Ainda com relação à temática amorosa, é curioso observar que os exemplos do corpus
circunscrevem o enunciatário tematicamente, mostrando diferentes abordagens para o público
masculino e feminino. Pudemos perceber que, no que se refere ao público masculino, a
abordagem do tema revela um pathos inseguro e pouco confiante, não conjunto com o saber
se relacionar com o sexo oposto. Para tanto, esse sujeito conta com a figura do enunciador-
jornal como um intermediário que orienta e aponta comportamentos a serem adotados por
esse jovem, explicando-lhe, por exemplo, o que fazer para obter sucesso em relacionamentos
amorosos ou como diferenciar sentimentos de amizade e amor. Por outro lado, o público
feminino da revista é tipicamente visto como aquele que sempre espera pela iniciativa do
homem, preocupando-se em se tornar atraente e desejada por este por meio de maquiagem e
outros truques de beleza.
9
A descrição do jornal O Globo para o suplemento Megazine encontra-se na introdução deste trabalho.
129
Também é interessante lembrar que, como mostram alguns exemplos do corpus,
apesar de apresentar uma roupagem moderna, com assuntos que tratam sobre bullying e
sexismo, pode-se também identificar, no discurso da revista, uma visão de mundo mais
tradicional e conservadora em relação aos valores familiares e aos papéis sociais do homem e
da mulher. Embora o corpus não apresente muitas matérias sobre bases para uma constituição
familiar, já que constrói o simulacro de um jovem que vive relacionamentos pouco
consistentes, em que a conquista é mais importante do que a estabilidade afetiva, tal ideal
conservador pode ser identificado no discurso. Uma prova disso é que a revista considera
relacionamentos afetivos exclusivamente heterossexuais, ignorando a diversidade de relações
existentes na sociedade moderna na qual vivemos.
130
leitor pouco engajado e mais individualista. Dessa forma, a seleção temática de Megazine
reforça e dissemina a ideia de que o público da faixa etária contemplada pela revista, em
geral, não costuma se interessar por assuntos mais sérios do ponto de vista da sociedade como
um todo, possuindo interesses mais restritos ao seu cotidiano. Essa visão mostrada em
Megazine restringe o perfil dos jovens em geral, ignorando que, na maioria das vezes, esse
sujeito tenha interesses mais amplos e um posicionamento mais crítico e reflexivo.
132
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DINIS, L. O que os jovens têm para ler. Observatório da Imprensa, ano 17, n. 789, ed. 549,
agosto de 2009.
DISCINI, N. O estilo nos textos: história em quadrinhos, mídia, literatura. São Paulo:
Contexto, 2003.
133
______. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2007a.
FONTANILLE, J.; ZILBERBERG, C. Tensão e significação. Trad. Ivã Carlos Lopes, Luiz
Tatit e Waldir Beividas. São Paulo: Discurso Editorial: Humanitas/FFLCH/USP, 2001.
FONTANILLE, J. Semiótica do discurso. Trad. Jean Cristtus Portela. São Paulo: Contexto,
2008.
GOMES, R. S.; MANCINI, R. Textos midiáticos: uma introdução à semiótica discursiva. In:
Atas do IX FELIN. Rio de Janeiro: UERJ, 2007, p. 1-15.
______. Paixões e argumentação na mídia impressa. In: EMEDIATO, W.; MACHADO, I. L.;
MELLO, R. (orgs.). Anais do III Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso: emoções,
ethos e argumentação. Belo Horizonte: UFMG, 2008c.
HERNANDES, N. Semiótica dos jornais: análise do Jornal Nacional, Folha de São Paulo,
Jornal da CBN, Portal UOL, Revista Veja. São Paulo: USP/Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, 2005. Tese de Doutorado em Linguística.
134
______. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 6. ed.; Rio de
Janeiro: Record, 2006.
______. Da interação: entre Comunicação e Semiótica. In: PRIMO, Alex et al. (orgs).
Comunicação e interações. Livro da COMPÓS 2008. Porto Alegre: Sulina, 2008.
SILVA, F. M da. Blogosfera: um estudo dos blogueiros a partir dos blogs mais acessados do
país. In: Estudos Semióticos. Volume 6, número 1, São Paulo, junho de 2010, p. 54-64.
135
ANEXOS
Texto 1:
Musa dos nerds, Kaley Cuoco, a Penny de 'The Big Bang Theory',
admite sentir desconforto com 'calor humano' dos fãs
Leonardo Cazes
LOS ANGELES (EUA) - Todo marmanjo já sonhou com aquela vizinha gata que bate na sua
porta numa noite pedindo uma xícara de açúcar. Quando Kaley Cuoco, a Penny da série "The
Big Bang Theory", cruzou a tenda onde os jornalistas almoçavam na sede da Universal
Studios, em Los Angeles, dez entre dez caras queriam que ela fosse a garota da casa ao lado.
Pois é, mas nem todo mundo tem a sorte de nascer Sheldon Cooper ou Leonard Hofstadter e
topar com a moça ao sair de casa.
Na série, exibida pela Warner Channel, Kaley faz o estilo da gostosa meio burrinha que
trabalha na lanchonete, enquanto tenta a carreira de atriz. Só que com uma diferença: ela é
amiga da turma de geninhos que mora em frente. Vai com eles para o bar, come comida
chinesa e ainda aguenta ouvir piadas incompreensíveis para quem não tem doutorado. Tudo
isso tornou Penny a musa dos nerds, disputando lugar entre bonecos e DVDs de "Star Wars".
Ela conta que chegou a ficar assustada com o "calor humano" dos fãs da série. Motivo pelo
qual Kaley evita lugares públicos e nunca está na capa das revistas de fofoca.
- Eu fico longe dos paparazzi porque eu não vou a lugar nenhum, mas realmente lamento isso.
O interessante de estar na TV é que você entra na casa das pessoas uma vez por semana, e
elas sentem como se conhecessem você de verdade. Mas as experiências que eu tive no
passado, das pessoas tocarem em você, falarem como se fossem suas amigas, foram bem
loucas. Eu entendo o lado delas, mas eu nunca me senti confortável com isso - admite.
A atriz leva uma vida quase reclusa em sua casa, na Califórnia. Ela é o avesso da geração junk
food, televisão e videogame que aparece na série. Apaixonada por cavalos, Kaley vive ainda
com cachorros que acolhe na rua (atualmente, são dois na sua "fazenda" particular). Criada
pelas "pessoas mais saudáveis do mundo", como ela mesma define os pais, a atriz só
descobriu os prazeres do refrigerante e do chocolate na adolescência.
- Nunca vi meu pai tomar um refrigerante nem comer sobremesa. Isso me deixa louca!
Quando eu era criança achava normal, porque para mim sempre tinha sido assim. Quando eu
fiquei mais velha, e via as pessoas comendo todas essas coisas maravilhosas, pensei: "Por que
eu nunca comi aqui antes?" - diz Kaley, para, em seguida, fazer uma careta ao responder uma
pergunta sobre seu corpão. - Isso é porque eu não como nada gostoso (risos). Tirando os 17
tipos diferentes de bala que estavam no trailer aí fora.
Assim como Penny no seriado, a atriz esbanja simpatia. Que o diga James Marsden, que
contracenou com a moça em "HOP - Rebeldes sem Páscoa", que estreou na última quinta.
- Kaley é muito engraçada. Toda vez que entrava no estúdio, deixava todo mundo às
gargalhadas. Ela é carismática e, quando a gente ia gravar, rolava uma energia boa - conta
Marsden, conhecido pelo papel de Ciclope na franquia "X-Men".
O papel em "HOP" é uma das suas poucas aparições fora de "The Big Bang Theory". Com
temporadas garantidas até 2013 pela emissora americana CBS, ela evita se queixar, mas
lamenta a rotina puxada de gravações durante quase o ano todo.
- Eu tenho necessidade de descansar após o trabalho, porque você começa a se estressar com
todas as pequenas coisas. Estar na frente das câmeras durante tanto tempo é uma batalha
constante, que pode ser frustrante às vezes. É muito difícil levar a vida assim. Agora eu
entendo porque tantas garotas que passaram por isso enlouqueceram.
Apesar de ser uma estranha no universo nerd, como a própria Penny, Kaley tem noção do
gigantesco impacto que o programa causou na vida de muitos Sheldons e Leonards
espalhados pelo mundo. E dá como exemplo a participação do grupo na Comic Con, em San
Diego, o maior evento do gênero do mundo. Ano passado, o elenco falou para um auditório
lotado de 10 mil pessoas. Para a atriz, o público do seriado (que ela prefere chamar de
"geeks") "é diferente".
- Há uma identificação enorme com o programa. Se você pegar a situação deles quando o
programa começou e comparar com agora, é completamente diferente. Hoje eles têm uma
voz, estão mais incluídos. A série e a própria Penny têm muito a ver com isso. Quando eles
veem alguém como ela sendo amiga deles, é inspirador - afirma.O repórter viajou a convite
da Universal Studios
Texto 2:
Rodrigo Ferreira faz uma manobra na recém-reformada pista de skate da Lagoa Rodrigo de
Freitas Jorge William / Agência O Globo
RIO - A previsão era de demolição da pista improvisada de street skate, feita na quadrinha
poliesportiva às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. Mas a turma da calça larga, camiseta,
boné e tênis surrado nos pés - estilo urbano dos skatistas - conseguiu a construção da Skate
Park da Lagoa. Inaugurada no inicio deste mês, o local já é o novo point do verão carioca.
— Na segunda-feira, cheguei na pista às duas horas da madrugada e estava cheia. Fui embora
às cinco horas da manhã e ainda ficou gente andando. Aqui é o melhor pico de skate da cidade
— disse André Lisboa, 21 anos.
A fama da pista fez com que o skatista Rodrigo Ferreira, 14 anos, saísse do município de
Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para arriscar algumas manobras na Zona Sul.
— Já é o terceiro dia seguido que venho. A pista é pequena, mas todos os obstáculos foram
bem distribuídos. As cantoneiras ficaram bem largas e a iluminação de led ajuda a andar à
noite. Se não fosse o custo da passagem, viria todos os dias — conta.
A pista tem 290 metros quadrados, um piso especial de alta resistência feito de granilite,
polimento e aplicação de resina. Além disso, o circuito foi feito com obstáculos que simulam
situações de rua, como escadas e bancos.
A batalha para conseguir a construção da nova pista foi longa, desgastante, mas os skatistas
locais da "quadrinha" nunca desistiram. Tudo começou como uma arena improvisada, onde
eram utilizados caixotes de madeira como obstáculos. Ao longo dos anos foi se transformando
em um ponto para encontros e tradicionais sessions, já com obstáculos de concreto, mas ainda
improvisados.
Com o projeto de revitalização da Lagoa, a prefeitura iria demolir a "quadrinha", mas depois
de alguns abaixo-assinados e várias reuniões atendeu o pedido da União Skate Rio (USR) de
construir uma pista de street skate.
— Foi tudo um trabalho de parceria. A Nike SB, um dos patrocinadores do projeto, entrou em
contato com os skatistas locais para desenvolver uma planta que atendesse as nossas
necessidades. Se olhar bem, tem todos os obstáculos de antes, só que melhorados. A ideia foi
usar as paredes inclinadas para dar gás e aproveitar melhor o espaço — explica Rennê Nunes,
um dos membros da USR.
Já o bowl, que fica ao lado da Skate Park da Lagoa, está em reforma. Segundo a prefeitura, a
previsão de entrega é logo depois do Carnaval.
Para Márcio Paiva, professor de skate da Lagoa, essas novas pistas permitirão a formação de
uma nova geração de skatistas no Rio:
— Com o street parque e o novo bowl, a Lagoa passará a ser a melhor área para a prática do
skate da cidade. Este é um momento para ser comemorado tanto por quem já pratica como
pelas novas gerações que já ensaiam as primeiras manobras — disse Márcio.
Para quem quer se divertir fazendo altas manobras (ou apenas assistindo), listamos
algumas pista de skate.
- Praça do Ó, na Barra
Texto 3:
O colunista, que sempre se tranca em casa com mantimentos, partiu para São
Paulo em 2012
Matheus Souza
RIO - Todos os anos eu fujo do carnaval. Geralmente, basta comprar uma boa quantidade de
mantimentos, me trancar em casa e brincar de “eu e meu pequeno abrigo nuclear”. Dessa vez,
porém, isso não foi o suficiente. Tive que ser radical e fugir para São Paulo. Aqui vão os
motivos:
1 – Estava de férias e voltei na sexta-feira de carnaval (eu sou tão deslocado em relação ao
feriado que nem sei quais dias da semana são apelidados de “alguma-feira-de-carnaval”, mas
espero que sexta seja um deles para isso fazer sentido). Enfim, não tive tempo de comprar os
mantimentos com antecedência e saí para buscar as compras na madrugada em algum
mercado 24 horas. Dei de cara com a cidade mais linda do mundo devastada, imunda e com
um cheiro de dar ânsia de vômito. O Rio de Janeiro parecia ter sido vítima de um apocalipse
zumbi. E eu não sei o que aconteceu ali mais cedo, mas se alguém me dissesse que um folião
bêbado deu a ideia pra multidão de todos urinarem juntos, ao mesmo tempo, na rua, unindo os
“raios do xixi”, tentando conjurar o Capitão Planeta, soaria como uma história bem plausível.
2 – Falando em urina, flagrei uma menina pela qual era apaixonado na segunda série, a
garotinha mais fofinha e bonitinha da sala, agora com vinte e poucos anos, agachada entre
dois carros com a calcinha numa mão, uma cerveja na outra, se aliviando. Foi um choque. Ela
era um símbolo de inocência, pureza e ternura guardado em algum canto da minha memória
de infância. Foi uma sensação parecida com a de descobrir o que significavam as letras do É o
Tchan e aquelas mensagens subliminares dos desenhos da Disney.
3 – Fui encontrar uns amigos para jantar e tive que passar no meio de um bloco. Esbarrei num
cara que estava tão bêbado que achou que eu era uma mulher e falou pra mim: “que isso
novinha, que isso”.
4 – Eu tenho medo das próteses no bumbum da Valeska Popozuda e tento, sempre que posso,
estar em uma cidade diferente da qual ela esteja. Lembram do filme “A Experiência”, na qual
um alienzinho sai da barriga de uma mulher grávida? Eu sempre acho que existem dois
monstrinhos dentro dela tentando sair. Só isso pra explicar as fotos que saíram no Ego ontem.
5 – Uma das minhas maiores diversões em carnaval era fazer piadas sobre os desfiles, as
“musas bizarras” e tal. Só que esse ano as madrinhas de bateria atingiram um nível de
malhação tão surreal que eu morro de medo de uma delas ler algo no meu Twitter e vir
correndo atrás de mim tomar satisfação. Eu me sinto mais seguro fazendo piada sobre o
Anderson Silva do que sobre a Gracyanne.
6 – Aqui em São Paulo vai ter um show legal num lugar legal. O show é do Howler, uma
dessas bandas do tipo que é lançada como “os novos Strokes”. Recomendo “I Told You
Once” para conhecer os caras. E o local é o Beco 203, um desses lugares paulistas alternativas
bacanas meio casa de show/meio boate que fazem falta no Rio.
“Foi lindo! A mamãe tava beijando um outro cara que ela nem lembra o nome e eu tava
vestido de mulher e tinha acabado de vomitar sem querer no pé do seu tio Antônio, que ficou
boladão. Aí o cara largou sua mãe pra perguntar pra um amigo se ele tinha camisinha pra
emprestar, eu fui lá e mandei um “que isso novinha” pra ela, ela achou que eu era o outro cara
e acabou me pegando sem nem perceber que eu era eu”.
Se bobear foi assim que o Ted conheceu a mulher dele em “How I Met Your Mother” e é por
isso que ele enrola tanto pra dizer a verdade.
Texto 4:
LOS ANGELES - Muito tem sido especulado sobre a possibilidade de um terceiro filme da
série de comédias “Se beber, não case” ser rodado, mas, até agora, não há uma confirmação
oficial. Apesar disso, o ator Ed Helms, que interpreta Stu, um dos três protagonistas do longa,
confessa que, se depender dele, a continuação da saga vai sair do papel:
- Adoraria fazer “Se beber, não case - parte 3”. Não há melhor forma de passar seis meses da
minha vida do que trabalhando ao lado de Bradley Cooper e Zach Galifianakis [seus
companheiros de cena na franquia] e tentando fazê-los rir - diz Ed Helms, em entrevista ao
Globo, em Los Angeles, onde estava para divulgar a animação “O Lorax - em busca da trúfula
perdida”, na qual dubla um dos personagens.
É fácil entender o desejo que o ator tem de viver mais uma vez o dentista Stu. Graças a esse
papel ele conquistou a fama e muitos milhões de dólares. Para se ter uma noção do sucesso da
franquia, as bilheterias de seus dois filmes, somadas, ultrapassam a marca de US$ 1 bilhão,
transformando esses longas nas comédias mais bem-sucedidas da história do cinema. E é
claro que os atores por trás delas pegam carona no sucesso. Sites internacionais noticiaram,
em janeiro, que os três protagonistas estariam pedindo US$ 15 milhões, cada um, para
atuarem no terceiro filme. Apesar de ter uma conta recheada hoje em dia, Ed Helms jura que
não é do tipo gastador.
- Uma das minhas maiores extravagâncias foi comprar um banjo caríssimo, em Londres,
quando fui promover o primeiro “Se beber, não case” lá. Eu sou aficionado por instrumentos
musicais, então esse foi o prêmio que eu mesmo me dei por ter participado do filme - conta o
comediante.
Segundo o ator Bradley Cooper, a sequência de “Se beber, não case - parte 3” seria
ambientada em Los Angeles e o diretor Todd Phillips, o mesmo que comandou os sucessos
anteriores, já estaria trabalhando no roteiro. Bradley revelou esses detalhes numa entrevista ao
programa de TV britânico “The Graham Norton Show”, em dezembro, mas é melhor os fãs da
série ainda não se animarem, pois, como Ed afirma, o martelo ainda não foi batido:
- Ainda não houve um comunicado oficial, apesar de existir a possibilidade. Há muita vontade
de fazer o filme, mas também há muitas variáveis que precisam se encaixar.
Texto 5:
‘Meu próximo livro será muito diferente de Harry Potter’, anuncia autora
O Globo
RIO - Autora da série literária mais famosa entre crianças e adolescentes, a inglesa JK
Rowling anunciou, nesta quinta-feira (23), que lançará seu primeiro livro para adultos.
A criadora do bruxinho Harry Potter fechou o contrato com a editora “Little, Brown”, que
também publica a série “Crepúsculo” na Inglaterra. Os fãs crescidinhos da saga mágica terão
de se contentar com apenas estas informações por enquanto, pois o título da obra, a data de
lançamento e o tema ainda não foram revelados.
- Embora eu tenha curtido escrever a série “Harry Potter”, meu próximo livro será muito
diferente dela. A liberdade para explorar um novo território é um presente que o sucesso de
Harry me deu - comentou JK Rowling num comunicado à imprensa.
Texto 6:
Astro pop canta em faixa do grupo Far East Movement e anuncia que seu
próximo single sairá em março
O Globo
RIO - A gravadora Cherrytree Records lançou, nesta quinta-feira (23), a canção “Live my
life”, da banda americana Far East Movement (aquela do hit “Like a G6”), que conta com
vocais do ídolo teen Justin Bieber. A faixa para lá de dançante, que pode ser ouvida acima,
entrará no próximo CD do grupo, “Dirty bass”, com previsão de lançamento ainda neste
semestre. A música também ganhou um remix feito pela banda LMFAO e foi produzida por
RedOne, o mesmo compositor que ajudou Lady Gaga a criar seus maiores sucessos: “Poker
face”, “Bad romance”, entre outros.
- Conhecemos Justin no Billboard Awards, quando Snoop Dogg nos apresentou a ele. O
garoto é muito talentoso, está crescendo e todos veem isso - comentou um dos integrantes do
Far East Movement, esta semana, numa entrevista a um programa de rádio alemão. - Nós
queríamos fazer algo diferente para esse primeiro single, então chamamos o produtor RedOne
e dissemos: ‘queremos uma música que preencha o espaço entre a plateia mais nova e o
pessoal que frequenta a as boates’.
Apesar de já estar disponível para audição na internet, “Live my life” só será lançada
oficialmente na terça-feira (28), na loja virtual iTunes. Mas os fãs de Bieber não vão precisar
esperar muito para ouvir a voz do cantor canadense em outras faixas. Recentemente o astro
avisou que o primeiro single de seu próximo CD, “Believe”, será divulgado em março. O
novo trabalho inédito de Bieber, que sucederá o álbum “My world 2.0”, de 2010, contará com
colaborações de grandes nomes da música pop, como Pharrell Williams, Drake, Lil Wayne,
Timbaland e Will.I.Am.
Texto 7:
Lauro Neto
RIO - O que você pensaria sobre um curso chamado “Bitch!”? O nome polêmico, cuja
tradução literal é “cadela” ou “prostituta”, é acompanhado do subtítulo “O poder da mulher”.
A ideia partiu da cabeça de seis mulheres, com os objetivos de aumentar a autoestima
feminina através da aceitação do seu poder, debater o fator subversivo da beleza, quebrar o
estigma de “mocinha” e dar dicas sobre sexo abertamente. Coordenado pela filósofa e
escritora Carol Teixeira, o programa terá oito aulas temáticas, nas noites de sexta-feira de
abril a junho, em Porto Alegre. Deve chegar a São Paulo e Rio no segundo semestre.
- “Bitch” é um nome irônico, surgiu para ser transgressor. Sugere algo que não é de fato.
Quando veem uma mulher poderosa, a primeira ideia é chamá-la de piranha. O principal mote
do curso é aceitação, pela mulher, do seu poder sexual. Para a mulher, é importante se sentir
segura na cama, mas isso não quer dizer que ela seja piranha. As mulheres que já se
inscreveram são jovens, pós-feministas e de cabeça aberta. Vai ser tipo uma festa, um
encontrinho de amigas, como um banheiro feminino, um pré-night com cerveja liberada -
explica Carol, que faz Mestrado em Filosofia na PUC-SP e é colunista da revista “VIP”.
Só mulheres com mais de 18 anos poderão participar. Carol dará a aula de abertura sobre “O
poder da mulher” junto com Marcia Tiburi, professora doutora em filosofia pela UFRGS. Na
sequência, virão as aulas temáticas “Anti-mocinha”, com a blogueira Clara Averbuck;
“Quebrando os tabus do sexo”, com Carol e a apresentadora do programa “Papo Calcinha”
Pietra Príncipe; e “Dinâmica da conquista”, com o Casal Sem Vergonha. O programa ainda
inclui nomes como Vic Ceridono, editora de beleza Vogue, que falará sobre “A sedução
através da estética”, e o jornalista Nelson Motta, que ensinará sobre o poder das mulheres na
música, na aula “Deusas e sereias”.
- A ideia é chamar mulheres poderosas para que possam discutir de forma profunda.
Quisemos trazer nomes de peso. A Vic é uma referência na maquiagem. O Nelson Motta se
relacionou ao longo da vida com mulheres muito poderosas, com personalidades muito fortes,
e tem uma visão masculina de quem esteve ao lado delas. Não precisamos de um igualdade
ilusória em relação ao homem. Acho uma delícia ser diferente. Meu papo com a Pietra sobre
os tabus sexuais vai ser superpolêmico - promete Carol.
- A ideia causou tanta polêmica que, em dois dias, já tivemos metade das vagas preenchidas.
Mas levaremos o curso para São Paulo no segundo semestre e provavelmente para o Rio de
Janeiro depois - diz Mari Achutti, diretora de whatever (multidisciplinar) da Perestroika.
Texto 8:
Vídeo recomenda não sair com pessoas encalhadas e tomar cuidado com
modo de se vestir
O Globo
RIO - Quem diria que um sacerdote da Igreja Católica iria dar dicas de como conseguir um(a)
namorado(a)? Pois o padre Chrystian Shankar, de Divinópolis, interior de Minas Gerais, está
bombando no YouTube com o vídeo “10 conselhos para quem deseja arrumar alguém”, com
quase 500 mil acessos em pouco mais de um mês. Com um linguajar descolado, por vezes
fazendo uso de gírias, ele se dirige a uma plateia de fiéis, arrancando risos e aplausos. Veja o
vídeo na íntegra acima e confira abaixo a lista dos 10 mandamentos (em negrito), com as falas
mais curiosas do padre:
“Porque, se você vai para certo tipo de lugar, certas danceterias, certas raves, se você está
pensando em encontrar alguém que quer compromisso, você tá n’água. Não procure alguém
fiel num lugar que incentiva a infidelidade. Tem gente que não pode ver um rostinho bonito e
um corpo malhado que faz miséria. Tem muito relacionamento que naquela noite quente você
fala: ‘achei uma joia’. Vai passando o tempo e era uma bijuteria das brabas”.
“Já fui militar do tiro de guerra. Entre os atiradores, eles sabiam claramente quais eram as
periguetes, quais podiam chegar fácil que tinha fácil, e eles sabiam quais eram aquelas que
eram para namorar”.
“O jeito como você veste está dizendo para os homens o que você quer e quem você é. A
mulher já é sedutora por natureza. Não há nada mais desejável do que uma mulher bem
vestida, mostrando o necessário e deixando aquele quê de ‘eu queria mais!’. Hoje em dia, a
mulher só não tá pelada porque é atentado ao pudor. Nem chega, ela já chegou. Nem pede, ela
já tá dando”.
“Não estou falando para você abandonar quem está encalhado. Tem lugar que você sai, que
você vê a turminha das encalhadas (aplausos). Ali, meu filho, homem não chega não. Se você
quer ter alguém, procure arrumar casais para sair com você. Geralmente, quem sai com casais
tem a chance de ser apresentado a alguém que também esteja sozinho”.
“Não existe: ‘ah, eu vou dar uma saidinha com meu ex’. Se você vai sair com seu ex, é para
namorar. Não fica nessa de manutenção mensal que não leva a lugar nenhum. Afaste de
namorado e namorada pilantra. Quando ele termina chegando o carnaval e ele quer voltar
depois do carnaval. E tem gente que aceita. Então, meu filho, vá se danar pra lá. Se você
aceita um tipo desse, você tá merecendo é chifre mesmo”.
“Quem quer alguém e não tá arrumando ninguém, o que cair na rede é peixe”.
“Não seja nem vergonhoso demais nem atacado demais, que você assusta. Se você é muito
prafrentex, os outros vão dizer que esse aí não tem relacionamento sólido não. É muito fogo
de palha”.
Texto 9:
As fotos do astro para a revista ‘Complex’ contam com muito sangue falso e o
talento de ator do garoto
O Globo
RIO - Para ser capa da edição especial do 10º aniversário da revista americana “Complex”, o
astro pop Justin Bieber teve que “apanhar”. Calma, biebers, foi tudo de mentirinha. O cantor
canadense topou fazer algumas fotos num ringue de boxe, como se fosse um lutador e
estivesse levando socos para valer. As fotos clicadas pelo fotógrafo Tony Kelly contam com
muito sangue falso e o talento de Bieber como ator. O ídolo, que acabou de completar 18
anos, até levou alguns socos de verdade durante a sessão de fotos. Dá para conferir tudo no
vídeo que traz o making of do ensaio.
Na reportagem de capa, o editor da publicação, Joe La Puma, relata uma viagem que fez ao
lado de Bieber, da França para Miami. A revista chega às bancas dos Estados Unidos no dia 3
de abril.
Texto 10:
A gata também revela quais homens gostaria de ver nu: Clive Owen, Jon
Favreau, Seth Rogen, entre outros
Matheus Souza
Na coluna dessa semana, trago para vocês uma entrevista com a bela Pietra Príncipe. Musa
nerd viciada em jogos do Mario e famosa por ser uma das apresentadoras do programa “Papo
Calcinha”, a moça foi eleita para a estreia do site “Nake It”, que busca a realização de ensaios
sensuais através de crowdfunding.
PIETRA: Pronto.
MATHEUS: Cite cinco celebridades que você pagaria para ver nuas.
PIETRA: Clive Owen, Jon Favreau, Seth Rogen, o cara do Limp Bizkit (não me julgue) e o
Jude Law.
MATHEUS: Uma seguidora minha no Twitter está colaborando na entrevista com uma
pergunta: “ouvi dizer que ela gosta de nerds. Se ela namora um, quero saber se eles jogam
videogame juntos e se ela tem um jogo favorito”.
PIETRA: Então, nosso namoro é meio shakespeareano. Ele é Sonysta e eu Nintendista, mas
estamos chegando num acordo justo, no qual jogamos sempre o que eu quero: Mario.
PIETRA: Mario 3 de SNES e Galaxy do Wii. Meu namorado agora está jogando Batman
Arkham City sozinho, mas ele roubou buscando macete no Google e nós brigamos. Não acho
justo.
MATHEUS: Tem alguém que você não pagaria nem 50 centavos para ver nu?
PIETRA: Ninguém. Eu gosto de ficar imaginando sempre todo mundo nu. TODO MUNDO.
Ah, azul esverdeado ou preto?
MATHEUS: Hã?
PIETRA: O esmalte...
MATHEUS: Azul esverdeado. O que seu ensaio vai ter de diferente dos que vemos por aí nas
bancas?
PIETRA: Tesão, cara de natureza viva e não de natureza morta. Partes íntimas sem
sombreamento. E o mínimo de Photoshop possível. Queremos homenagear o Milo Manara no
ensaio. E, se me homenagearem também, missão cumprida.
PIETRA: Fruittella.
MATHEUS: Se você fosse a Princesa Peach, quem você preferiria que te salvasse? O Mario
ou o Luigi?
PIETRA: O Mario! Gosto de bigode. Mas os dois têm, né? Talvez eu goste mais de
protagonistas. Acho que sou meio interesseira, né?
MATHEUS: Quem te conquistaria mais fácil? O Mario te dando uma estrelinha brilhante de
presente ou o Jude Law com uma Fruittella?
PIETRA: O Jude Law! Como “eu sou” o Mario de vez em quando dentro do jogo, seria
estranho.
PIETRA: Ryu. O Ken tem um cabelo amarelo horrendo e sobrancelha preta. Isso é um erro
fatal.
MATHEUS: Qual a roupa alternativa do Mario que você acha mais sensual?
MATHEUS: Qual foi o evento nerd mais bacana do qual você participou?
PIETRA: Mayra Dias Gomes (arejada e feliz); Ellen Roche (cafonamente linda); Tabalipa na
Lapa (bagaceira linda); Kelly Key (igualmente cafona, mas dá muita vontade de morder);
Bárbara Evans (peitos épicos).
Para encerrar, Pietra fez uma promessa: assim que o valor arrecadado para seu ensaio chegar a
100 mil reais, ela fará uma série de fotos vestida como sua personagem favorita do jogo Street
Fighter, Cammy, e postará em seu Twitter.
Texto 11:
Leonardo Cazes
RIO - Eles são 24 adolescentes, 12 meninos e 12 meninas, enviados todos anos para se matarem em
uma arena, com transmissão ao vivo para toda a população de Panem, a América do Norte em um
futuro pós-apocalíptico. Esta terra é dividida na Capital, que a tudo comanda, e os seus 12 distritos. A
dúzia de pares de tributos, como são chamados os lutadores, representam os seus estados e só um
sobreviverá ao final. Estão abertos os “Jogos Vorazes”.
É com esta história que mistura luta pela sobrevivência e controle social à la Big Brother que
a escritora americana Suzanne Collins arrebanhou uma legião de fãs por todo mundo e vendeu
30 milhões de livros no mundo (80 mil só no Brasil). Na sexta-feira, a adaptação
cinematrográfica de “Jogos Vorazes” ganha as telas dos cinemas com direção de Gary Ross e
a promessa de se tornar um blockbuster do tamanho de “Harry Potter” e “Crepúsculo”.
O enredo da trilogia (publicada no Brasil pela Editora Rocco), que segue com “Em Chamas” e
“A Esperança”, foge da fórmula vampiro-bruxo-lobisomen-anjo que virou moda na literatura
para adolescente. Nenhum personagem possui poderes sobrenaturais. Tudo o que fazem
aprenderam na vida, por necessidade. Se Katniss Everdeen (interpretada por Jennifer
Lawrence), a protagonista oriunda do paupérrimo Distrito 12, atira flechas com destreza é
porque precisava alimentar a família após a morte do pai, em uma explosão numa mina de
carvão. O realismo da história se tornou seu maior trunfo para conquistar os fãs.
- Eu sempre gostei muito de “Crepúsculo” e lia muitos fã-sites sobre as notícias. Num deles,
tinha uma lista de livros recomendados e aí apareceu “Jogos Vorazes”. Só tinha o primeiro
lançado no Brasil, mas fiquei fascinada. Ultimamente, só se falava de vampiro, lobo, bruxa,
mas a história era completamente diferente, poderia acontecer no mundo em que a gente vive.
O livro te passa mais verdade e isso me encantou muito - conta Susan Galdino, de 23 anos,
que estuda Arquitetura e é uma das autoras do fã-site JogosVorazes.net.
Nessa história pós-magia, a Panem imaginária tem muito de real. A metáfora pode ser
adaptada para diferentes situações: mundo desenvolvido contra países explorados, opressores
contra oprimidos. Em “Jogos Vorazes”, a Capital comanda com mão de ferro os distritos. A
situação de cada um varia, desde os mais desenvolvidos até os mais pobres. Nesse contexto
onde a comida é racionada e viagens entre as regiões não são permitidas, a gincana sangrenta
anual transforma a barbárie em um espetáculo a ser degustado pela massa e possui um duplo
significado: mostra o poder da Capital sobre os distritos e funciona como um aviso sobre o
que acontecerá caso alguém resolva se insurgir.
No desenrolar da história, todos os personagens são obrigados a fazer duras escolhas. Katniss
começa sua saga de heroína a se voluntariar a lutar (e provavelmente morrer) no lugar de sua
irmã mais nova, que tinha sido a sorteada na Colheita, como é chamada a seleção dos tributos.
Ela deixa para trás seu melhor amigo, Gale (Liam Hemsworth), e se vê formando uma dupla
com Peeta (Josh Hutcherson) no torneio. Durante a luta, a menina de 16 anos se verá obrigada
a matar, fazer alianças, e tentar de tudo para não ser morta. O que não é uma tarefa fácil
quando há outros 23 competidores dispostos a caçá-la.
“Jogos Vorazes” é, sem dúvida, o maior responsável pelo boom do filão dos romances
distópicos, histórias que se passam em futuros sombrios, onde o Estado regula a vida e a
morte. Para o estudante de jornalismo Brunno Maceno, de 17 anos, e colega de Susan no fã-
site, o livro passa uma mensagem muito mais profunda do que “Harry Potter” e “Crepúsculo”.
- Não é só romance, anjo, vampiro, o livro tem uma mensagem muito mais profunda. Fala
sobre desperdício de comida, fome, tirania, exploração, tem um lado mais humano que chama
muito mais atenção. A autora descreve uma sociedade que pode ser a nossa daqui a alguns
anos, é um alerta.
Texto 12:
Leonardo Cazes
RIO - Abigail Breslin, a menina fofinha de “Pequena Miss Sunshine”, queria o papel. Chloe
Moretz, que quebrou tudo em “Kick Ass”, chegou a declarar que morreria para viver Katniss
Everdeen, a protagonista de “Jogos Vorazes”, no cinema. Mas após diversos testes, inclusive
um realizado sob o nome de um filme fictício no sul da Califórnia, foi Jennifer Lawrence a
escolhida para viver a heróina da saga de Suzanne Collins. A escalação foi cercada de muitos
boatos e teve ainda Josh Hutcherson como Peeta Mellark, o garoto do Distrito 12 que irá para
o torneio com Katniss, e Liam Hemsworth no papel de Gale Hawthorne, o melhor amigo da
protagonista.
Os produtores de “Jogos Vorazes” apostaram em uma fórmula que deu certo com dois
blockbusters adolescentes anteriores, “Harry Potter” e “Crepúsculo”. Nos dois casos, os atores
principais eram pouco conhecidos do grande público e só tinham aparecido em papeis
secundários. Afinal, Daniel Radcliffe, Emma Watson, Robert Pattinson e Kristen Stewart não
eram ninguém antes de entrarem nas franquias. A expectativa é que o mesmo aconteça com o
trio de “Jogos Vorazes”. Apenas Jennifer Lawrence já obteve destaque com sua ótima atuação
em “Inverno da Alma”, mas mesmo assim tratava-se de uma obra off-Hollywood. Em “X-
Men: Primeira Classe”, ela fez o papel da Mística.
Já Liam Hemsworth é mais conhecido como namorado da estrela teen Miley Cyrus e irmão de
Chris Hemsworth, protagonista de “Thor”, do que pelos seus trabalhos. O ator coleciona
participações em seriados e estará em “Os Mercenários 2”, a ser lançado este ano, com
Sylvester Stallone, Bruce Willis, Jason Statham e Chuck Norris. Já Josh Hutcherson possui
um currículo mais sólido, que inclui “Minhas mães e meu pai”, além de outros filmes de ação
como “Viagem ao Centro da Terra”.
O time de atores de “Jogos Vorazes” será completado pelo veterano Donald Sutherland no
papel do Presidente Snow, que comanda o torneio sangrento, e Lenny Kravitz como Cinna, o
estilista responsável pelas roupas que serão usadas por Katniss e Peeta em todas as cerimônias
antes de entrarem na arena. A recepção aos nomes até agora foi bastante positiva. Um
exemplo foi o sucesso da excursão de Jennifer, Josh e Liam para promover o filme e que
arrastou uma verdadeira multidão de fãs nos Estados Unidos.
Texto 13:
O Globo
RIO - Sensação na internet, o adolescente americano Keenan Cahill postou esta semana em
seu canal do YouTube um vídeo no qual dança e faz sincronia labial com o sucesso “Ai se eu
te pego”, do Michel Teló. A página de Keenan até ganhou um enorme banner do cantor
brasileiro para promover o novo vídeo. O vídeo, que foi postado na segunda-feira (19), já
recebeu mais de 50 mil visitas.
O garoto de 17 anos, que sofre com uma rara doença genética (a síndrome de Maroteaux-
Lamy, um tipo de nanismo), faz sucesso na web com suas performances empolgadas de hits
de Katy Perry, Rihanna, Britney Spears e David Guetta, só para citar alguns. O rapper 50
Cent, o cantor Sean Kingston e os astros do seriado “Glee”, entre outros artistas, já fizeram
participações especiais nas gravações de Keenan. O vídeo com 50 Cent, por exemplo,
ultrapassou a marca de 45 milhões de visualizações.
Texto 14:
Marina Cohen
RIO - Publicar um livro é um sonho para muitos jovens, e a estudante de administração Laura
Tardin prova que o desejo não precisa ficar só na imaginação. Aos 20 anos, a carioca publica
seu primeiro livro, “Estación Callao”, que conta sua experiência como estudante de
intercâmbio em Buenos Aires, na Argentina.
- É uma mistura de diário com guia de viagem, tipo “Comer, rezar, amar”, sabe? - conta
Laura, que demorou apenas dois meses para escrever o livro. - Já que eu vivi tudo aquilo,
achei fácil passar para o papel.
Como escreve desde os 10 anos, Laura já tinha pensando diversas vezes em publicar suas
criações, mas, só agora, teve disposição para encarar o mercado editorial.
Foi em seus últimos dias em Buenos Aires, em janeiro de 2011, que Laura teve a ideia para o
livro e começou a anotar os programas que tinha feito, os lugares que havia visitado e suas
impressões sobre a aventura de morar por um mês num país desconhecido.
- Achei que poderia ser útil para outros jovens que têm vontade de fazer intercâmbio ou morar
fora por um tempo. Eu falo um pouco sobre como era a escola, as pessoas que encontrei, as
barreiras da língua e sobre os hábitos e costumes dos argentinos em comparação com o Brasil
- descreve.
O capítulo favorito da estudante é aquele em que fala sobre a descoberta do tango. A dança,
que começou a praticar na Argentina, se tornou uma das maiores paixões de sua vida.
- Já tinha interesse por essa dança, mas nunca tinha tentado. Bastou uma aula para eu me
apaixonar e passar a dançar todo dia, numa academia próxima à escola.
"Estación Callao" (R$ 24,90; 170 páginas) tem noite de autógrafos nesta segunda-feira (26),
às 19h, na Livraria Argumento, no Leblon. Laura estará disponível para bater um papo com
quem quiser aparecer e também fará uma apresentação de tango para os convidados.
Texto 15:
Filme sobre violência dentro de escolas chega aos cinemas dos EUA, gerando
polêmica
O Globo
A restrição foi estabelecida pela MPAA, entidade responsável por fazer essa classificação nos
EUA. O problema é que o principal público alvo do filme é justamente este que só poderia vê-
lo na companhia dos pais. Os produtores insistiram pela censura de 13 anos, mas não
conseguiram convencer a MPAA, que tomou sua decisão devido ao vocabulário de baixo
nível.
“Mas a pequena quantidade de vocabulário reponsável por essa restrição está no filme porque
é real. É isso o que as vítimas de bullying enfrentam. Eu sei que as crianças vão querer
assistir. E os cinemas devem decidir se permitirão a entrada”, comentou o diretor Lee Hirsch.
A decisão de distribuir o filme sem a classificação pode prejudicar a bilheteria. A maioria dos
cinemas, principalmente as salas de grandes redes, só vai exibi-lo de acordo com a avaliação
da MPAA.
Quase 500 mil pessoas assinaram uma petição pedindo a liberação do filme junto à MPAA. O
abaixo-assinado foi iniciado pela adolescente Katy Butler, estudante do ensino médio de uma
escola em Michigan, nos EUA, e vítima de bullying. Até astros como Justin Bieber se
posicionaram a favor de afrouxar a restrição do longa, que vem gerando comentários pelo
mundo todo desde que foi exibido pela primeira vez, no Festival de Tribeca, em Nova York.
Texto 16:
O Globo
RIO - O mais novo fenômeno da internet ganhou uma versão funkeira. O grupo
Avassaladores injetou o tamborzão em sua “releitura” da música “Para nossa alegria”, que já
acumula dezenas de milhões de visualizações em diferentes vídeos postados no YouTube.
Os Avassaladores fizeram sucesso na internet ano passado, com o clipe da música “Sou foda”,
que transformou o cantor Vitinho numa celebridade do mundo virtual. Agora, Vitinho
aumenta a lista das paródias de “Para nossa alegria”, que, protagonizado pelo trio Jefferson,
Mara e Suelen, virou um hit pouco tempo depois de postado, dia 15 de março.
Texto 17:
Críticos sugerem que vídeo de ‘Part of me’ foi feito a pedido das forças
armadas americanas
RIO - Muita gente achou estranho o novo clipe de Katy Perry, mas, de início, ninguém falou
nada. Uma semana depois do lançamento, no entanto, já se espalham pela web vaias para o
vídeo de “Part of me”, que, convenhamos, parece uma peça de propaganda militar. Nesta
superprodução, a cantora, logo depois de terminar com o namorado, torna-se uma fuzileira
naval e encontra, nas forças armadas, uma nova razão para viver.
A crítica mais pesada veio da escritora Naomi Wolf, autora de “O mito da beleza” (1991). No
Facebook, ela criticou muito o clipe e levantou a hipótese de Katy ter recebido dinheiro da
Marinha dos EUA para fazê-lo. Naomi escreveu: “É uma peça de propaganda para os
fuzileiros navais. Queria muito saber se ela foi paga. É uma vergonha”, e acrescentou:
“Proponho um boicote a essa cantora de quem eu realmente gostava”.
Diversos blogs e sites também acham que “Part of me” não passa de um video promocional
para recrutar novos soldados. O clipe mostra Katy flagrando o namorado com outra garota.
Em seguida, ela entra no banheiro de um posto de gasolina e vê um adesivo dizendo “As
mulheres são criadas como iguais. Mas algumas se tornam fuzileiras navais”. É a deixa para
ela cortar os cabelos bem curtos, jogar fora o celular e vestir a farda.
O vídeo foi todo rodado dentro de uma base militar. Nas cenas de treinamento e batalha, os
figurantes são soldados de verdade. “Sou eu e os soldados. Por três dias. eu fui um aprendiz
de fuzileiro. É muito difícil. Posso dizer o quanto meu respeito por essas pessoas aumentou?
Essa música é uma afirmação de força, então queria usar o caminho mais forte que pudesse no
clipe”, disse Kate à MTV, sem se referir às críticas.
Texto 18:
Nick Baga, que está no Brasil para se encontrar com fãs, conta como é
conviver com o cantor
Marina Cohen
NICK BAGA: No começo, não era. Mas ele melhorou muito ao longo dos anos!
NICK: Ele é um ótimo garoto. Definitivamente, é muito brincalhão... Conheço ele desde o
início de sua carreira, então é como se ele fosse meu irmão mais novo.
Você tem contato com fãs de Bieber do mundo todo. Qual foi a coisa mais louca que você
já viu uma belieber fazer?
NICK: As beliebers são sempre muito loucas, mas tenho que confessar que o pior é quando os
fãs cercam o ônibus da turnê e começam a sacudir e a bater no ônibus, como se quisessem
fazê-lo tombar. Bom, vocês querem conhecer o Justin e não machucá-lo, certo?
NICK: Comecei a trabalhar com Justin por indicação de um amigo meu, que trabalhava com
ele desde o início de sua carreira. Esse amigo precisou sair e me chamou para substitui-lo. Foi
assim que o emprego caiu no meu colo!
Texto 19:
Garotas como Kota Koti e Venus Angelic viram celebridades da web com
vídeos de maquiagem
O Globo
RIO - Meninas pelo mundo afora estão se esforçando para ficarem parecidas com bonecas
Barbie. Suas armas são maquiagem, perucas, lentes de contato e talvez um pouco de
Photoshop. Garotas como a americana Dakota Rose, conhecida na internet como Kota Koti,
ou a inglesa Venus Palermo, de 15 anos, estão se tornando febre no YouTube com seus vídeos
nos quais ensinam suas “fãs” a se maquiarem e se vestirem como bonecas.
Com olhos enormes e lábios volumosos, Dakota Rose é a mais famosa delas. A garota
começou a postar vídeos em seu canal no YouTube em novembro do ano passado e alguns
deles já ultrapassam dois milhões de acessos. Nos clipes, Dakota não fala nada, apenas mostra
como se pentear ou se maquiar, enquanto legendas aparecem na tela para guiar os
espectadores. Pouco se sabe sobre a vida pessoal dela. Na internet, as únicas informações que
circulam é de que ela teria entre 16 e 18 anos, viveria na Florida, Estados Unidos, e seria a
irmã mais nova de outra celebridade da web, Kiki Kannibal.
É claro que as chamadas “Barbies reais” fazem o maior sucesso no Japão, onde a cultura dos
animes (desenhos animados japoneses) é forte. Olhos grandes, pele perfeita e cabelos lisos,
iguais aos das bonecas, são imprescindíveis para fazer sucesso como uma web celebridade.
A inglesa Venus Palermo, de 15 anos, é outra que arrasta milhares de fãs que desejam se
parecer com bonecas vivas. Com o apelido de Venus Angelic, ela morou por algum tempo no
Japão e, influenciada pela estética dos animes, resolveu postar seus tutoriais de dança,
maquiagem e até nail art na web, ao voltar para a Inglaterra. Já são 80 clipes, que ela
disponibiliza online desde 2010. Sua página no Facebook tem mais de 13 mil fãs.
Segundo o jornal britânico “Daily Mail”, a mãe de Venus aprova a escolha da filha. “Ela acha
fofo que eu use roupas bonitinhas”, comenta a garota. “Acho que nunca vou parar. Acredito
que vou amadurecer o meu estilo e apenas continuar fazendo o que eu amo”, completa ela.
Apesar de terem milhares de fãs, essas meninas também são muito criticadas por
“promoverem um tipo de beleza irreal”. Outras pessoas também acreditam que elas
“sexualizam as crianças”, e nuitos protestos têm sido feitos na internet contra as Barbies da
vida real.
Texto 20:
O Globo
RIO - Quem está contando os dias para o show dos Arctic Monkeys no Lollapalooza Brasil
vai ver esse vídeo 300 vezes até o dia 8 de abril, quando a banda toca no evento em São
Paulo. Os garotos de Sheffield, na Inglaterra, publicaram no Youtube um trecho de seu show
na Cidade do México, que rolou nesta quarta-feira.
A gravação é um plano-sequencia do momento em que o grupo volta para o bis. Começa com
a banda nos bastidores, segundos antes de retornar ao palco. Detalhe para o vocalista Alex
Turner ajeitando o penteado, com um topete meio James Dean, antes de ficar diante de
milhares de pessoas e tocar “R U Mine”, faixa do último disco do quarteto, o ótimo “Suck it
and See”.
Impressionante o quanto os caras mudaram desde a sua primeira e única vinda ao Brasil, em
2007. Na época, eles haviam acabado de divulgar o segundo CD. Eram meninos de 21 anos.
Hoje, estão maduros, tanto em seu comportamento quanto no som que fazem. O rock dos
últimos dois álbums é mais classudo e essas faixas dominam o setlist do show. Mas bombas
como “When the sun goes down” e “Fluorescent adolescent” estão no repertório também.
Veja, abaixo, a lista de músicas que foram tocadas no México.
“Teddy Picker”
“Crying Lightning”
“Library Pictures”
“Brianstorm”
“Brick by Brick”
“Evil Twin”
“Pretty Visitors”
“Do Me a Favour”
BIS!
“R U Mine?”
“Fluorescent Adolescent “
“505”
Texto 21:
Leonardo Cazes
RIO - Um vídeo com mais de 350 mil cliques no YouTube mostra várias meninas disparando
frases tipo: “Eu sou uma gamer, mas não quero ser protegida. Nem vou tirar a camisa para
você ver. Não me julgue pelo meu avatar, mas pela minha capacidade de jogar bem. Eu sei
que o mundo está cheio de idiotas, mas você não precisa ser um deles. Não seja sexista.”
Protesto criado por jogadoras, o vídeo “Gamer girl manifesto” deixa claro que, apesar de
apoiado em tecnologias avançadas, o universo dos joysticks ainda é extremamente machista.
Videogame sempre foi “coisa de menino”, mas, agora, os garotos que se cuidem, porque o
cordão do mulheril aumenta à base de tiros e explosões. Um estudo da fabricante Sony, feito
em 2011 com mil jogadores de PlayStation em Porto Alegre, São Paulo e Recife, mostrou que
30% deles são... elas. E estimativas na web dão conta de que um em cada cinco fãs de World
of Warcraft, sucesso entre os games de MMPORG (RPG online), com dez milhões de
assinantes, são mulheres.
Há um sem-número de sites de autoafirmação de meninas gamers. O tal vídeomanifesto foi
produzido nos Estados Unidos, mas, por aqui, a mulherada também não tem vida fácil.
Estudante de Letras na PUC-Rio, Isabel Ferreira, de 24 anos, encara diariamente comentários
desagradáveis de marmanjos.
- Quando jogamos contra eles online, ouvimos muita besteira. Dizem que, se uma menina está
no computador sexta-feira à noite é porque deve ser baranga e sem namorado - conta ela. -
Mas não ligo para isso, e continuo ganhando deles.
- Os meninos acham que a gente não entende de game, então as garotas se aplicam para
ganhar deles. Nossa competitividade é maior, e eles ficam furiosos quando perdem para
mulheres - diz Vanessa.
Não se trata de feminismo chatola ou coisa parecida. As garotas só querem acabar com essa
discriminação boba e sem sentido. Karen Almeida, de 23 anos, é a criadora do blog “Girl on
nerd rage”. Ela guarda as mensagens que recebe quando joga online e já reuniu um verdadeiro
baú do machismo:
- A maioria dos caras tem mente fechada. Ouvi um garoto dizer que eu deveria largar o
joystick e tirar a minha roupa.
É um sonho dessas meninas ver mais games com heroínas virtuais. Elas reclamam que as
protagonistas femininas são quase sempre idealizadas pelos machos, com peitões, decotes e
curvas sensuais, como as modelos nos comerciais de carro e cerveja. Um exemplo desse
estereótipo é Lara Croft, heroína do jogo Tomb Raider que foi interpretada no cinema pela
atriz Angelina Jolie.
- Hoje, vários games permitem ao jogador customizar desde o sexo até a vestimenta do
personagem. Lara Croft foi criada nos anos 90 para ser uma versão feminina do Indiana
Jones, mas os anúncios veiculados só mostravam a heroína em poses sensuais, numa visão
totalmente masculina - critica Protasio.
Texto 22:
‘Qual ser do bosque encantado você gostaria de ter como amigo’ faz parte da
lista
Matheus Souza
Quem nunca digitou algo no Google e recebeu como resultado um link para o Yahoo!
Respostas? Difícil saber, ao entrar e explorar o site, o que são mais bizarras, as perguntas ou
as respostas. Na coluna dessa semana resolvi responder as dúvidas mais recentes que
apareceram por lá:
Homens são bobos. E gostam de ser bobos. E mulheres mais novas tendem a aturar esse fato
mais facilmente. Dia desses, tentei dar em cima de uma mulher mais velha dizendo: “que isso,
balzaquianinha, que isso!”. Não deu em nada, obviamente.
“Minha tv esta com ecran azul e com o texto LOCK oque faxo..?”
Amigo, eu não faço a menor ideia de como te ajudar. E nem de qual idioma você está
utilizando.
“Olá, gostaria de saber em que lojas aqui em Salvador posso encontrar removedor de
pelos faciais?”
Não sou de Salvador, mas inventaram um negócio chamado “compras online”. Acredito que
já tenha chegado na sua cidade. Achei um link útil para você numa outra invenção recente, o
Google: http://lista.mercadolivre.com.br/saude-beleza/Removedor-de-Pelos-Faciais
“Eu queria baixar este tom de SMS. É um que tem no modelo Nokia, aqueles que são
tijolões, UHHSASH... O toque de SMS de um sapo ou perereca, sei lá. Ele faz um ruído
mais ou menos assim: RUÉBE, RUÉBE, RUÉBE... RUÉBE! SE ALGUÉM
CONSEGUIR ENCONTRAR, ME DIGA O SITE QUE DEVO BAIXAR!”
Amigo, fiz o meu melhor. Digitei “RUÉBE+LYRICS” no Google, mas não apareceu nada.
Porém, aqui está a sua causa, divulgada no site do maior jornal do país. Espero que alguma
alma caridosa tenha a resposta para o seu drama, e sua agonia tenha fim.
“Resaltasambart”.
#Plutafaltadesacanagem dizerem que Plutão não é planeta. Deveriam me demitir depois desse
trocadilho...
“Quais desses seres do bosque encantado vocês gostariam de ter como amigos e por quê?
-Gnomos
-Duendes
-Fadas cintilantes
-Coelhinhos peludos
-Libélulas falantes”
Acredito que ser amigo de um duende poderia me aproximar da Xuxa de alguma forma. Esse
ano lanço meu segundo filme e “segundos filmes” são sempre um fracasso. Estava pensando
em dirigir um filme da Xuxa para me reerguer.
Fernanda?
23 anos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
“Depois de sua morte, como você espera que as pessoas se lembrem de você?"
Como um cara que mudou a vida de pessoas através dos seus textos. Tipo: “pô, lembra
daquela coluna do Matheus sobre o Yahoo! Respostas? Antológica! Aquele rapaz sabia mexer
com nossos sentimentos! Sempre comentando aspectos importantíssimos da nossa sociedade.
Revolucionário”. Mas também me contentaria em ser lembrado como “uma figura”. Eu
sempre quis ser o cara que é “uma figura”.
“Existe alguma letra de música que você gostaria que substituísse o Hino Nacional
Brasileiro?”
Texto 23:
Publicado em 18/04/2012
O mais engraçado dessa história, como foi publicado na coluna Gente Boa, do jornal O
GLOBO de hoje, são os “presentes” para quem colaborar com a vaquinha. Quem doar R$ 5,
recebe um e-mail com uma foto do pôr-do-sol visto da favela. Quem pagar R$ 10, vai ter seu
nome escrito num painel do baile (se o projeto der certo). R$ 450 vale um tour pelas
comunidades, e por aí vai. Mas o melhor prêmio, claro, está reservado para quem pagar as
maiores cotas. Se alguma pessoa ou empresa fortalecer com R$ 5 mil ou R$ 10 mil, a galera
da Maneh organiza um mini-baile funk na casa ou no escritório do mecenas.
- A gente vai lá e monta um baile com o maior prazer - garante Dudu. - Os moradores sentem
muita falta dos bailes. Queremos nos divertir em paz na favela.
Texto 24:
Matheus Souza
Essa semana temos uma coluna interativa! Como boa parte da humanidade, estou viciado no
aplicativo de iPhone Draw Something e queria escrever algo sobre ele por aqui. Mas aí eu
pensei: para que escrever se eu posso... desenhar?
Então, no melhor estilo Draw Something, me utilizando do bom e velho Paint e dos meus
terríveis dotes artísticos, desenhei dez filmes. O primeiro leitor que adivinhar quais são os
longas retratados na galeria de fotos ao lado e mandar todas as respostas corretas para
omatheussouza@gmail.com ganha algum brinde. Não sei ainda qual será o brinde e não
deve ser nada incrível, mas pensarei em algo simpático, prometo.
Texto 25:
Ronald Fenty diz a jornal que sua filha amava a cantora morta no início do
ano
Publicado em 24/04/2012
O Globo
“Ela (Rihanna) admirava Whitney por causa de seu alance, sua voz, sua aparência, sua
personalidade... tudo. Ela amava Whitney tanto que ficaria honrada de interpretá-la num
filme”, disse Ronald Fenty, de 58 anos. “Só espero que ela seja esperta o bastante para não
seguir o mesmo caminho”.
Segundo autoridades policiais de Los Angeles, a causa da morte de Whitney foi acidental,
mas seu corpo, encontrado numa suíte de hotel, tinha traços de cocaína. Os problemas da
cantora com as drogas eram crônicos. Rihanna, por sua vez, tem uma vida agitada, regada de
festas intensas. Esta semana, ela foi muito criticada devido a uma foto em que aparece nos
ombros de um segurança manuseando algo que parece um pó branco sobre a cabeça dele.
“Sou louca e não finjo ser nada diferente disso”, escreveu ela no Twitter, respondendo a
críticas no microblog.
Texto 26:
Justin Bieber escreve música sobre garota que disse estar grávida
dele
Cantor mandou um tweet irônico para Mariah Yeater: ‘você nunca vai
conseguir isso’
Publicado em 24/04/2012
O Globo
Justin Bieber segura Selena Gomez no colo durante gravações de ‘Boyfriend’
RIO - O astro Justin Bieber ainda não deixou no passado aquela controvérsia iniciada quando
a americana Mariah Yeater espalhou por aí que estava grávida do cantor, sendo desmentida
semanas depois. No sábado, Bieber publicou um tweet irônico endereçado a ela e, nesta terça,
durante uma coletiva de imprensa, ele disse que escreveu uma música sobre toda a polêmica.
“É uma música sobre toda aquela situação com aquela agora que disse estar esperando meu
filho, a Maria Yeater”, disse Bieber, antes de acrescentar: “É sobre tudo o que passei”, disse
ele, sem deixar claro se a faixa vai estar em seu novo álbum, “Believe”, que será divulgado no
dia 19 de junho.
No sábado, o artista canadense de 18 anos postou o seguinte tweet: “Querida mariah yeeter...a
gente nunca se conheceu...então, de coração eu só queria dizer...” e aí veio um link do
YouTube em que o personagem Borat, do comediante Sacha Baron Cohen, afirma: “você
nunca vai conseguir isso”.
Neste fim de semana, Bieber recebeu a visita da namorada, Selena Gomez, no set de
gravações do clipe de “Boyfriend”. Os dois trocaram chamegos e beijos na frente das
câmeras, para alegria dos paparazzi.
Texto 27:
Matheus Souza enumera os trunfos do novo filme de Jonah Hill, que estreia
sexta-feira
Matheus Souza
Sexta-feira (4) estreia o filme “Anjos da Lei”, a melhor comédia jovem produzida pelo
cinema americano desde “Superbad”. Como não estou vendo muita divulgação por aí e
desconfio que as críticas convencionais possam não ser tão carinhosas com o longa (um dos
motivos que afundou o ótimo “Missão madrinha de casamento” nas bilheterias brasileiras),
estou aqui para fazer a minha parte.
1 - O filme é extremamente bobo e não se leva a sério, como uma boa comédia jovem deve
ser. Mas, ao mesmo tempo, é inteligente e bem pensado. Não se limita ao clássico “nerds
versus atletas”, indo bem mais fundo na análise de tribos e ambientação social dentro do
colégio. Afinal, uma vez que os nerds chegaram ao poder, queridinhos na cultura pop, como
ficam as coisas?
2 - É baseado num seriado antigo estrelado por um um tal de Johnny Depp em início de
carreira. E antes que você pense “droga, lá vem mais um reboot enlatado de Hollywood”,
saiba que o próprio filme faz piada sobre isso. Ou seja, no mínimo, tinha alguém pensando
com bom senso enquanto escrevia o roteiro. Isso já é lucro hoje em dia.
3 - Falando em roteiro, quem escreveu o filme foi o mesmo roteirista de “Scott Pilgrim contra
o mundo”.
4 - A dupla de diretores foi responsável pela divertida animação “Tá chovendo hambúrguer”,
além de ter sido produtora e roteirista de alguns episódios da série “How I met your mother”.
6 - O outro é o Channing Tatum. Ele é bonitão, né? Se você for menina, vai curtir. Se você for
um rapaz, diga para sua namorada ou para a garota que você quer conquistar que o filme é
com o ator de “Ela dança, eu danço”.
7 - O Jonah Hill está relativamente magro no filme. E se veste de Peter Pan. Enquanto isso, o
Channing Tatum se revela um cara engraçado. Um bom partido esse rapaz.
9 - O irmão do James Franco atua no filme e é assustadoramente parecido com ele. Não sei se
esse é o melhor argumento do mundo, mas é algo curioso.
10 - Se você é do tipo que reclama da falta de originalidade das comédias brasileiras, vale a
pena batalhar por um filme desses fazer sucesso por aqui. É o único jeito de estimular a
produção desse tipo de comédia, na qual o foco não é repetir uma piada que já foi contada em
outro filme e já deu certo, mas, sim, pensar em algo novo.
Bom, mudando completamente de assunto, aqui vai o gabarito do desafio de desenhos estilo
“Draw Something” da semana passada:
2 - “Juno”
3 - “Fúria de Titãs 2”
4 - “O âncora”
5 - “Apenas o fim”
6 - “Rocky Balboa”
7 - “O poderoso chefão”
A parte triste é que foram mais de 100 e-mails enviados e ninguém acertou 100%. Muita
gente caiu na armadilha de chutar o filme errado da saga “Crepúsculo”, de pensar que era o
primeiro “Fúria de Titãs” ou de simplesmente não conseguir interpretar o meu raciocínio
sobre o meu próprio filme. Justo. Mas aqui vai uma singela homenagem para Bernardo
Abreu, o primeiro a ter acertado 9 de 10 filmes.
(nesse momento estou batendo palmas sozinho para você no meio da sala do meu
apartamento, Bernardo)
Bom, é isso. Até a próxima semana e fiquem com o trailer de “Anjos da Lei”.
Texto 28:
Crowdfunding para ela fazer ensaio nu fracassa, mas a Musa dos Nerds fica
feliz com repercussão
Marina Cohen
RIO - Ainda não será desta vez que Pietra Príncipe vai tirar a roupa em público. A
apresentadora do programa “Papo calcinha”, do Multishow, aceitou participar do “Nake it”,
um projeto de crowdfunding para viabilizar ensaios nus. A meta dos organizadores era reunir
R$ 300 mil em doações para Pietra tirar a roupa, mas, nesta sexta-feira (4), encerrou-se o
prazo de 60 dias para a arrecadação do dinheiro. Foram angariados R$ 85 mil, ou seja, menos
de um terço do valor total. A beldade, contudo, garante que não ficou triste com o resultado.
- Foi uma exposição positiva. Muita gente veio comentar comigo sobre o projeto, mas é claro
que também rolaram críticas. Muitas mulheres acharam horrível e me disseram que eu estava
leiloando meu corpo - diz Pietra, considerada a Musa dos Nerds.
Quem comemorou mesmo o fracasso da primeira empreitada do “Nake it” foi o namorado de
Pietra, o humorista Henrique Fedorowicz.
- Essa foi a maior dificuldade. Ele não queria que eu aparecesse nua em revista, site, ou
qualquer outro lugar. Dizia que só ele poderia me ver sem roupa. Mas eu estava decidida.
Pietra não descarta a possibilidade de posar nua numa outra ocasião. Porém, diz que será
preciso “se apaixonar pelo projeto”.
- Não vou fazer um ensaio nu só pelo dinheiro. Preciso encontrar uma ideia bacana ou um
fotógrafo muito legal. Meu foco não é mostrar meu corpo, e, sim, o conteúdo - afirma a
apresentadora, que está agitando mais dois programas a serem comandados por ela no canal
Multishow.
Todas as pessoas que contribuíram com o ensaio de Pietra vão receber a quantia de volta. Os
organizadores do site “Nake it” prometem que o projeto continuará ativo, mas com um
esquema diferente. Pietra foi apenas o lançamento. Agora, a ideia é que “garotas comuns”
sejam o alvo, tipo aquela vizinha gata ou a beldade da faculdade.
O site está a procura de mais meninas e até mesmo meninos que desejem participar do
projeto. Se você acha que tem potencial para ser alvo do crowfunding, mande um e-mail para
modelos@nakeit.com. Também é possível indicar musas e musos para serem clicados num
futuro próximo.
Texto 29:
Matheus Souza dá dez dicas para você saber se foi ‘friendzonado’ por quem
você gosta
Matheus Souza
“Friend zone” é, provavelmente, a palavra mais temida de todos os jovens que não nasceram
com o porte físico do Cauã Reymond. Consiste basicamente na arte humana de transformar
em “apenas amiga” uma pessoa que é apaixonada por você, sem o menor remorso. É a “zona
da amizade” da qual a maioria nunca sairá.
Dez dicas para você saber se foi “friendzonado” pela garota (ou rapaz) que você gosta:
1 - Vocês marcaram de ir ao cinema sozinhos e ela twittou: “Indo ao cinema com o querido
amigo @insiraseunomeaqui”.
4 - Na hora de se despedir, o desespero dela de que você tente beijá-la é tão grande que ela
move não apenas o rosto, mas também o tronco e o quadril para os lados, de forma a garantir
que nada além de bochechas sejam atingidas.
5 - Vocês entram na sala de cinema e o lugar marcado envolve dois assentos cujo encosto do
braço está levantado. Ela o abaixa como se fosse uma atitude tão natural quanto respirar.
6 - Você escreve um texto se declarando e ela manda uma resposta dizendo o quanto você é
incrível.
8 - No Facebook, ela frequentemente te marca em fotos nas quais você está feio.
9 - Vocês conversam sobre o assunto “friend zone” e a opinião dela é de que se trata de algo
impossível de reverter.
10 - Você abre a porta do carro para ela e ouve: “Nossa, que cavalheiro”. Isso, na verdade,
costuma significar: “Nossa, como você é fofinho, é uma peninha que eu prefira caras mais
capazes de me atropelar do que de abrir a porta para mim”.
No último fim de semana, me peguei conversando com uma menina interessante sobre o
tema, ela disse algo do tipo:
- Eu tenho vários amigos legais, inteligentes, que são fofos comigo, mas eu não consigo ficar
com eles. Não tem clima. E eu ainda não esqueci o Thiago (nome fictício).
Um outro amigo chegou na roda com crepes de chocolate para a galera, reconheceu o nome
do tal Thiago (que na hora foi chamado pelo nome real e não pelo fictício, de forma a ser
possível a identificação, obviamente) e entrou no assunto:
E nessa hora eu entendi o sucesso estrondoso de “Anna Julia”, o hino da “friend zone”.
Meu texto de hoje parece ter sido escrito pelo “Matheus de 13 anos”. Fiquei nostálgico depois
de ter ido a uma reunião de amigos de adolescência. E, bom, “friend zone” era meu estilo de
vida assumido.
Naquela época, eu tinha um plano maquiavélico de juntar todos os “friendzonados” do mundo
numa tática de parar de dar atenção para nossas paixonites ao mesmo tempo como protesto.
Uma amiga minha dizia que esse plano era babaquice. Hoje, eu penso que justamente o fato
de ser uma babaquice poderia ter feito ele funcionar.
Continuei com o tema na cabeça e levei a discussão para os amigos no lanche pós-futebol de
quarta. Conselho de um deles: “Cara, você tem que fazer como eu. Tava apaixonadão por uma
garota. Ela me deu um toco. Aí me apaixonei por outra”.
Texto 30:
Irmãos de ‘Para Nossa Alegria’ lançam clipe para o Dia das Mães
O Globo
RIO - Jefferson Barbosa e a irmã Suellen estão dando um jeito de aproveitar mais um
pouquinho a fama que o webhit “Para Nossa Alegria” lhes trouxe. Os dois lançaram no último
domingo (6) um novo clipe, bem mais produzido, em homenagem ao Dia das Mães. O vídeo,
que se chama “Dia especial”, mostra a família Barbosa em várias cenas engraçadas do dia a
dia.
A dupla Para Nossa Alegria já está com o contrato assinado para o lançamento de seu
primeiro CD, “Para crianças e adultos bem humorados”, pela gravadora Salluz Productions. O
álbum está previsto para sair até início de junho, segundo o site da empresa, e as músicas
terão um humor bem inocente. “O grande público pode esperar um trabalho muito divertido
com canções que irão alegrar os ouvintes de todas as idades e classes sociais”, diz um texto no
site da Salluz.
Texto 31:
RIO - Muito carioca só sabe o que é um mashup (colagem de uma música na outra) graças à
festa Bootie Rio. O evento, que está completando dois anos de atividade, ajudou a popularizar
as misturas musicais colocando DJs gringos e brasileiros especializados no assunto para agitar
a pista com mashups a noite inteira. Os brasileiros Faroff, Lucio K, João Brasil e André Paste
passaram a ter uma praça fixa onde mostrar suas criações e os cariocas ganharam uma nova
festa. “Depois de tanto incentivo à producão, o mashup acabou abocanhando alguns espaços
na TV, nos programas ‘Big Brother’, ‘Profissão Repórter’ e ‘Fantástico’. Ele foi até parar na
trilha sonora do réveillon de Copa, feita pelo João Brasil por dois anos consecutivos. Dá para
dizer que o gênero saiu do SoundCloud, né?”, comenta Fabiano Moreira, produtor da Bootie
Rio. Para comemorar esses dois anos de ode ao mashup, a Bootie canta parabéns para ela
mesma nesta sexta-feira (11), na Fosfobox, a partir das 23h. R$ 30, se mandar o nome para
bootierio@gmail.com e entrar até 1h.
HIP HOP
Sexta-feira rola a festa de hip hop LUV, no Vidigal (Avenida Presidente João Goulart 275).
Tem que colocar o nome no mural do evento para pagar R$ 25, até 1h.
CHROMEO
O duo meio americano, meio canadense Chromeo vai transformar o Circo Voador em pista de
dança, sábado. O show começa às 23h e, depois, tem festa 7 Day Weekend. R$ 95 para quem
confirmar presença aqui.
SÓ ROCK
Nas duas pistas da College Rock Party só tocam hits dos artistas e bandas que mudaram a
história do rock. Sábado tem festa no Teatro Odisseia, às 22h. Quem for de camisa preta paga
R$ 20 a noite toda.
LEVE A MAMÃE
Para celebrar o Dia das Mães, Maria Rita faz um show gratuito, com 25 músicas que fizeram
sucesso na voz de sua mãe, Elis Regina, domingo, às 16h, perto do Monumento aos
Pracinhas, no Aterro do Flamengo.
FOTOGRAFIA
A exposição World Press Photo traz as melhores imagens publicadas na imprensa mundial em
2011. As 170 fotos estão expostas na Caixa Cultural (Avenida Almirante Barroso 25), de
terça-feira a domingo, das 10h às 21h.
TRIO PODEROSO
Três grandes cineastas estão sendo homenageados com mostras retrospectivas: o CCBB exibe
filmes do sueco Ingmar Bergman, a Caixa Cultural elege o americano Orson Welles e o
Instituto Moreira Salles está com o italiano Fellini.
NERVOSO
A banda Nervoso e os Calmentes se apresenta na Casa da Matriz (isso mesmo, a boate voltou
a receber shows!), terça-feira (15). O barulho começa às 21h. R$ 10, com nome no mural do
evento.
Texto 32:
Marina Cohen
LOS ANGELES - O galã Alexander Skarsgard - o vampiro Eric do seriado “True Blood” -
tem muito em comum com o personagem que interpreta no filme de ação “Battleship - A
batalha dos mares”, que estreia nesta sexta-feira (11) nos cinemas brasileiros. Claro que na
vida real ele não precisa enfrentar ETs invasores, como o oficial da marinha americana Stone
Hopper, mas a vida nos mares é comum tanto ao ator quanto a seu papel. Quando tinha 19
anos, Alexander foi servir à marinha da Suécia, seu país, por opção própria.
- Quis me alistar pelo desafio. Eu cresci em Estocolmo, numa familia boêmia de artistas,
então tinha um lado meu rebelde que queria ver como era essa outra vida - conta o ator de 35
anos, numa entrevista à imprensa internacional, em Los Angeles.
Alexander, cujo pai, Stellan Skarsgard, é um ator famoso na Suécia, se empenhou para valer
no treino militar e conquistou a patente de sargento. É claro que a rotina que viveu no quartel
serviu de base para interpretar o oficial de “Battleship”.
- Usei para compor o personagem o que aprendi sobre a personalidade dos marinheiros, sobre
liderança e a relação entre oficiais e soldados. Mas, bem, eu interpreto um comandante de
navio no filme e não era isso que eu fazia na marinha sueca - brinca Alexander, com um
sorriso tímido.
A superprodução de Hollywood traz também o début da cantora pop Rihanna como atriz,
interpretando uma tenente especilista em armas. Inspirado no jogo Batalha Naval, o longa-
metragem cheio de efeitos especiais mostra a saga de uma esquadra que precisa guerrear
contra uma nave alienígena para impedir que a ameaça extraterrestre cumpra seu objetivo. Na
trama, Alexander vive o irmão mais velho do protagonista, o tenente Alex Hopper,
interpretado por Taylor Kitsch (de “John Carter”). Ambos precisam lutar contra os ETs, mas
enquanto Alex faz o tipo irresponsável, Stone banca o irmão superprotetor. Na vida real, o
ator Alexander Skarsgard conta que também é assim.
- Sou o mais velho de sete irmãos. Definitivamente tento tomar conta de todos eles. Essa é a
parte mais difícil de morar em Los Angeles: deixá-los em Estocolmo - comenta o louro fortão,
mas de coração mole.
Texto 33:
Marina Cohen
RIO - Quando a trapezista Maria Julia Sales, de 27 anos, contou para sua família que estava
largando a faculdade de fisioterapia para estudar na Escola Nacional do Circo, a reação não
foi nada animadora. Ninguém via futuro nesse caminho. Sua colega Natasha Jascalevich, de
18 anos, passou pela mesma situação, quando começou a fazer contorcionismo um projeto
social em Búzios, na Região dos Lagos.
- Muita gente não leva a sério a nossa carreira. Nem o pessoal da minha idade entende quando
digo que quero ser artista de circo. Eles perguntam: “mas que profissão você quer seguir de
verdade?” - conta Natasha, também aluna da instituição administrada pela Funarte.
Fundada em maio de 1982, a única escola do Brasil mantida pelo Ministério da Cultura
(MinC) avançou em vários aspectos ao longo de seus 30 anos, fazendo malabarismo para
driblar o preconceito de parte da sociedade e as transformações na paisagem do circo. Por um
lado, o número de lonas vêm caindo muito, o que tira um pouco da aura de romantismo ao
redor da atividade. Mas diversos grupos de teatro ou dança abriram espaço a profissionais
com linguagem de picadeiro. Hoje, a escola tem cerca de 90 alunos, muitos deles bolsistas de
diferentes estados, de olho num mercado de trabalho variado.
- O circo de lona tradicional vem perdendo cada vez mais espaço. Mas a cultura circense
passou a influenciar as artes cênicas em geral. Os artistas têm muitas possibilidades de
trabalho em espetáculos de dança, de teatro etc. O circo está na moda. Tem aparecido até na
novela das 9 (a personagem Débora, de Natália Dill, em “Avenida Brasil”, da Rede Globo, é
artista de circo) - destaca o coordenador de circo da Funarte, Marcos Teixeira.
A própria escola cuidou de formar boa parte dos profissionais que, hoje, dá emprego a
iniciantes. O ator Marcos Frota e o palhaço Topetão estudaram na instituição antes de
começarem, respectivamente, o Marcos Frota Circo Show, onde trabalha Maria Julia, e o
Circo do Topetão, raros exemplos de lonas em plena atividade no Rio. Também passou por lá
a turma que, em 1986, fundou a Intrépida Trupe, grupo que combina a linguagem circense ao
teatro e à dança.
Mas nem só de palcos e picadeiros vivem esses artistas. Desde 2010, a escola vem recebendo,
por ano, cerca de 30 alunos de várias partes do país, graças a um edital que concede bolsas
para financiar despesas desses estudantes ao longo de um curso básico de dez meses. Vários
deles complementam sua renda com números especialmente criados para sinais de trânsito.
Em questão de segundos, malabaristas, cuspidores de fogo ou palhaços mostram um pouco do
que sabem antes de “passar o chapéu”. Os alunos reconhecem que muita gente critica essa
realidade, mas, segundo o coordenador da escola, Zezo Oliveira, a prática deveria ser mais
respeitada.
- O sinal de trânsito é um espaço para o artista circense. Certa vez, um de nossos alunos
comprou um livro de R$ 25 com 25 moedas de R$ 1, que ele conseguiu no sinal. Não tem
nada a ver com os menores de idade pedindo dinheiro - diz Zezo.
O paulista Davi Hora e a uruguaia Fernanda Carratú pagam o aluguel com o dinheiro que
ganham nos sinal vermelho. Davi tira, em média R$ 130 por dia, mas tem amigos que
conseguem até R$ 450 em quatro horas.
- Conheço pessoas que até trabalham no picadeiro, mas preferem se apresentar na rua. Você
faz seu horário e tem uma experiência muito legal, de contato direto com o público - destaca o
artista de 26 anos.
Davi mora num pensionato na Tijuca, não muito longe do terreno onde funciona,
temporariamente, a Escola de Circo, na Leopoldina. Em 2009, a instituição precisou fazer
contorcionismo e deixar sua sede na Praça da Bandeira para abrir espaço aos trabalhos da
Linha 1A do metrô. Mas alunos e professores devem voltar a seu local de origem até o fim do
ano, assim que terminarem as obras de construção das novas instalações, no endereço antigo.
Só então, a direção da escola deve organizar os eventos para festejar os 30 anos formando
acrobatas, equilibristas, malabaristas e outros profissionais.
Da escola na Avenida Radial Oeste, já saíram artistas até para o Cirque du Soleil, uma trupe
cujo prestígio internacional é capaz de alterar a visão do grande público a respeito do circo.
Mesmo assim, ainda falta muito até um aluno da instituição dizer que pretende ser
profissional circense sem levantar surpresa.
- Isso vem da forma como são vistos os artistas em geral. Boa parte da sociedade também não
leva a sério alguém que decide estudar dança ou teatro - comenta Dani Lima, que estudou na
escola de 1984 a 1986, foi uma das fundadoras da Intrépida Trupe e, desde 1997, coordena
uma companhia de dança com seu nome, cuja linguagem está distante do picadeiro.
Quando a Escola Nacional de Circo foi fundada, em 1982, o universo dos picadeiros ainda era
dominado por famílias tradicionais que vinham de uma época de muito prestígio desfrutado
pela arte circense. Com a redução do número desses espaços nas últimas décadas, um novo
circo surgiu, liderado por profissionais de visão empreendedora como Renato Ferreira, mais
conhecido como palhaço Topetão. Ex-morador de Vigário Geral, ele se formou na instituição
da Praça da Bandeira em 1990 e, hoje, dá emprego a muitos alunos da escola onde estudou.
- Essa escola é mãe do circo moderno no Brasil. Ou seja, do circo feito por pessoas que são
apaixonadas pela arte, não por imposição de famílias tradicionais - comenta Renato.
Hoje, o profissionalismo se tornou essencial numa trupe. Vários fatores contribuíram para a
redução do número de lonas. Os artistas listam, entre eles, a burocracia cada vez mais
exigente para se montar uma lona, principalmente numa metrópole. Recentemente, a
proibição de animais nos picadeiros também obrigou os profissionais a criar alternativas de
entretenimento em seus espetáculos.
Texto 34:
O Globo
Publicado: 15/05/12 - 13h16
Hulk, Gavião Arqueiro, Homem de Ferro, Nick Fury, Viúva Negra, Capitão América e Thor
em imagem de ‘Os Vingadores’ Divulgação
RIO - O presidente dos estúdios Marvel, Kevin Feige, disse à rede de TV Bloomberg que a
empresa fará mais dois filmes de super-heróis, dentro dos próximos cinco anos, fora os que já
estão previstos: “Thor 2”, “Capitão América 2” e “Homem de Ferro 3”. O executivo, porém,
não revelou quais serão os protagonistas dos novos longa-metragens.
“Queremos fazer dois filmes por ano. ‘Os Vingadores’ é o nosso único filme deste ano, mas
em uma semana e meia nós vamos começar a filmar ‘Homem de Ferro 3’. Até o fim do verão
(inverno, aqui no Brasil) estaremos trabalhando no próximo filme do Thor e, no início do ano
que vem, no novo do Capitão América. Esses são os três que anunciamos até agora, mas
temos dois além destes, que ainda não anunciamos, nos quais já estamos trabalhando”, contou
Kevin em entrevista ao canal americano.
Apesar de ainda não anunciados oficialmente, já foram cogitados filmes sobre Hulk e
Homem-Formiga. Os personagens Viúva Negra e Gavião Arqueiro também já foram
cogitados como estrelas de seus próprios filmes. É bastante provável que duas destas
propostas sejam as novidades às quais o presidente da Marvel se refere. Mas, por enquanto, os
fãs de quadrinhos terão que esperar pelo anúncio oficial.
Texto 35:
Matheus Souza
Ontem, dia 15 de maio, foi lançado um dos jogos mais esperados de todos os tempos: “Diablo
III”. O game, que ficou doze anos em produção, tomou conta dos “trending topics” do Twitter
ao redor do mundo e virou tema de uma série de posts no site de humor “9GAG”. Para
explicar e ilustrar um pouco o fenômeno, passei o dia correndo atrás dos meus amigos mais
nerds do tempo de colégio que eram viciados em “Diablo II” e fiz algumas perguntas sobre
suas expectativas. Entrevistei algumas namoradas deles também.
Amigo 1: É um jogo de ação “hack n’ slash”, de vista isométrica, que mantém a mesma
jogabilidade desde o “Diablo I”, mas com diferenças de mecânica. Tem uma guerra perpétua
entre o Céu e o Inferno. São os cinco anjos, contra três “prime evils” e quatro “lesser evils”.
Os três “prime evils” são Diablo, Baal e Mephisto. Já os “lesser” são Andariel, Duriel,
Asmodan e Bilail. Os anjos são Tyrael, Auriel, Imperius, Iterael e Malthael. E cada um tem
seu exército.
*Nota do colunista: Eu poderia explicar o que é “hack n’ slash” ou “vista isométrica”, mas
estou com preguiça e o Google está aí para isso, né?
Amigo 2: Eu joguei muito com meus principais amigos. E é até um pouco triste ver que
muitos deles não vão jogar o “Diablo III” por causa da vida real. A gente cresce, né? Alguns
trabalham, não dá mais para largar a vida para ficar jogando.
Amigo 3: Foi o primeiro MMORPG (massively multiplayer online role-playing game) que eu
joguei de verdade. Aliás, eu e toda uma geração. E tem o lado da Lore, a história do jogo, que
você se envolve muito com ela.
Amigo 1: Alguns jovens passam a noite em bar batendo papo, outros em sociais, outros em
festas. A gente passava a noite em lan house comendo Twix, matando os mesmos “bosses” a
noite inteira. Foi uma época divertida, rendeu boas memórias.
Amigo 1: É um jogo bem expansivo e diversificado. Ao mesmo tempo em que tem poucas
classes para criação do personagem, cada uma é muito “customizável”, o que gera uma
jogabilidade única para cada jogador.
Eu: Como você pretende conciliar a “vida adulta” com o lançamento do jogo?
Amigo 3: Olha, admito que, na primeira semana, vou largar de barriga tudo completamente:
trabalho, família, namorada. Estou esperando esse jogo há dez anos, então estou nem aí para o
resto do mundo.
Eu: O seu namorado era viciado em “Diablo II”. Nos tempos de colégio, já inventou
várias vezes que a mãe estava doente para não ir ao cinema comigo. Ele pretende jogar
“Diablo III”?
Namorada do amigo 1: Aham. Ele acabou de comprar uns 5kg de Doritos para aguentar a
semana inteira sem sair de casa.
Namorada do amigo 1: O jeito é torcer para o Doritos acabar logo para ele me ligar pedindo
para comprar mais.
*Nota do colunista 2: Caso o namorado dessa moça resolva telefonar para a Domino’s ao
invés de ligar para ela, o relacionamento vai ficar por um fio. Se você está solteiro e em busca
de uma mulher com tolerância para nerds, ela já me autorizou a enviar seu perfil do Facebook
para os interessados que me mandem e-mails.
Texto 36:
O Globo
RIO - Os Móveis Coloniais de Acaju voltaram a se mexer. A banda brasiliense, que andou
meio sumida do radar, lançou nesta terça-feira o clipe de “Vejo em teu olhar”, primeira
música inédita desde o álbum “C_mpl_te”, de 2009.
Texto 37:
O passageiro pode fazer o pedido pelo celular e o sistema aciona o carro mais
próximo
O Globo
RIO - A parte mais chata de sair para a night é ter que chamar um táxi para voltar para casa. É
preciso sair da boate para telefonar para os pontos, que costumam demorar muito tempo para
atender os pedidos de madrugada. Mas graças a alguns aplicativos que estão sendo
desenvolvidos para celulares, a saga promete ficar bem mais simples.
Já o “Taximov” funciona de maneira um pouco diferente. Ele é mais complexo, porém mais
seguro. O cliente deve solicitar uma corrida pelo callcenter do aplicativo (11-4148-6623) ou
pelo site. Então o computador central escolhe o táxi livre mais próximo e envia ao cliente uma
mensagem informando as características do carro (placa, marca, modelo) e o tempo estimado
até que o taxista chegue ao local. Basta então o cliente aceitar a corrida e esperar. Por
enquanto, o serviço só atende à região metropolitana e ao litoral de São Paulo, mas o objetivo
é que o “Taximov” esteja funcionando em todas as cidades-sedes da Copa do Mundo até
2014.
Com a mesma afunção, o “Resolveaí” promete ser um grande hit. Ele já está funcionando em
Brasília e no Rio de Janeiro, onde mais de 4 mil táxis já foram cadastrados. As inscrições são
feitas apenas por cooperativas, o que torna o serviço bem mais seguro. Por enquanto, só é
possível pedir o táxi pelo site, mas um aplicativo para celular já está em fase de testes.
Texto 38:
Autora do livro diz que está feliz com a escolha de Hailee Steinfeld para viver
protagonista
Publicado: 29/05/12 - 13h24
RIO - “Deslembrança”, da autora americana Cat Patrick, é um livro que já chega ao Brasil
com um carimbo de “hit literário” estampado na capa (o carimbo é imaginário, ok?). Isso
porque, além de seus direitos terem sido vendidos para 13 países, o thriller será adaptado para
o cinema pela Paramount Pictures, com Hailee Steinfeld - que concorreu ao Oscar de Melhor
Atriz Coadjuvante em 2011 por “Bravura Indômita” - interpretando a protagonista London.
A história de “Deslembrança” (editora Intrínseca) é intrigante: a garota London, de 16 anos,
não tem recordações do passado, ela só se “lembra” do que ainda vai acontecer. Todo dia, às
4h33, suas recordações do que aconteceu durante o dia se apagam e só lhe restam as previsões
para o futuro. Mas tudo isso se torna ainda mais angustiante quando a menina conhece Luke,
um garoto do qual ela realmente não queria esquecer. Para completar, London começa a ter
uma “lembrança” de um enterro, mas não consegue descobrir de quem é o funeral que lhe
aguarda.
CAT PATRICK: Eu lia basicamente o que a escola impunha, mas eu gostava. Ray Bradbury
era um dos meus atores favoritos, e “Fahrenheit 451” foi o livro que acendeu minha paixão
pelos livros distópicos para jovens.
CAT: Sim, foi bem difícil. Eu tinha que anotar tudo e também fiz uma linha do tempo
bastante detalhada dos eventos que iam acontecendo na vida da London. Bom, eu estava
dormindo pouquíssimas horas por noite, porque precisava cuidar dos meus dois bebês recém-
nascidos, então acho que escrever sobre um personagem que esquece as coisas faz sentido
quando você esquece de você mesma.
CAT: Estou super feliz! Hailee Steinfeld será London e eu não poderia pensar numa atriz
melhor para interpretá-la. Quando eu estava escrevendo o livro, imaginei ele como um filme,
então espero que o projeto aconteça logo!
CAT: Apenas que há produtores tocando o projeto e um roteirista, que já está trabalhando no
roteiro.
CAT: Sem querer revelar muito sobre a história, uma das minhas cenas favoritas do livro é a
do cemitério. Estou ansiosa para ver como ela vai ficar no cinema.
Você já está escrevendo seu próximo livro, “The originals”. Como ele será?
CAT: Ele é sobre três clones que vivem como uma pessoa para evitar seus passados. Eles
dividem os dias em três turnos: um vai à escola de manhã, o outro à tarde e o último assiste a
aulas à noite e tem um trabalho noturno. É um livro sobre pessoas que tentam se encontrar,
quando você se sente apenas como mais um na multidão. Tem romance e mistério.
Texto 39:
Segundo colunista, jovens sensíveis não faziam tanto sucesso entre garotas
antes da banda
Matheus Souza
Show da banda Los Hermanos, na Fundição Progresso, na última quinta-feira (24) Rafael
Andrade / Agência O Globo
No caminho para o show do Los Hermanos, na última sexta-feira, fiquei matutando sobre que
enfoque dar para a banda aqui na coluna. O que escrever de um grupo sobre o qual, seja por
fãs ou “haters”, tudo já deve ter sido escrito? Desabafei a questão num grupo de amigos do
Facebook e recebi um SMS de uma moça, casinho antigo, dizendo: “Fui no show ontem e
lembrei de você”.
Então me toquei de que uma das coisas que nos uniu, no passado, foi a paixão pela banda. E
ela não havia sido o primeiro caso com esse perfil. Percebi que 90% das garotas com as quais
me relacionei eram fãs do grupo. Ou seja, eu basicamente devo a minha vida sexual ao Los
Hermanos.
Era uma vez o “mundo antes de 2003”: as rádios e os corações das meninas estavam tomados
por “canções” sobre skatistas rebeldes de Santos que afirmavam dizer tudo o que elas
gostavam de escutar, e que este era o provável motivo pelo qual elas iam procurá-los.
O futuro parecia cinzento para qualquer jovem sensível cuja mãe não deixava usar tênis
“Reef” desamarrado e que não curtia a ideia de andar com as calças caindo. Além de ser uma
prática incômoda e trabalhosa, cuecas são artigos pessoais. Principalmente as Zorbas que as
avós gostavam de dar nos Natais.
Foi então que uma pequena obra-prima chamada “Ventura” foi lançada e mudou as regras do
jogo. Não satisfeitos em apenas gravar um ótimo álbum, Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante,
Bruno Medina e Rodrigo Barba levantaram o estandarte do “Cara estranho”. De uma hora
para outra, a população de barba sexualmente ativa quadruplicou.
A partir desse novo pátio de socialização, “Annas Julias” viraram “Morenas” que sabiam
apreciar “caras sentimentais” que diziam coisas bacanas para elas. E eles também conheceram
moças do tipo que não costumavam procurar os skatistas descolados, afinal, o que eles diziam
não era exatamente o que elas gostavam de escutar.
Ironicamente, estava indo para o show de sexta-feira solteiro e segurando vela para um casal
de amigos. Tentei então me utilizar do evento de retorno para chamar atenção das moças da
Fundição Progresso através de citações do grupo. Uma vez que elas já fizeram parte de tantos
amores passados, por que não acreditar no seu potencial para criar futuros?
Cena um:
Mulher 1: Hã?
Cena dois:
Cena três:
Uma das meninas que se juntou ao meu grupo estava querendo descer do segundo para o
primeiro andar na pausa para o bis.
Eu: Olha, só de te ver eu penso em trocar a minha TV de LED e o meu Playstation 3 num
jeito de te levar a qualquer lugar que você queira.
Obviamente nenhuma das minhas tentativas de transformar letras em cantadas infames gerou
frutos positivos. Mas o show foi ótimo. E acho que é isso que importa afinal, antes de toda
essa minha viagem, né?
De qualquer jeito, no próximo sábado vou ao show novamente. Quem quiser contribuir, pode
mandar mais “cantadas hermaníacas” para omatheussouza@gmail.com. Se alguma funcionar,
aviso por aqui.
Texto 40:
Bailarinos digitais serão criados pelos fãs que estarão em casa, assistindo ao
show
Publicado: 31/05/12 - 13h10
O cantor americano Usher Divulgação
RIO - A moda dos hologramas pegou de jeito a cultura pop. O cantor americano Usher será
acompanhado de dançarinos digitais, em forma de hologramas, no show que fará em Londres,
nos estádio Hammersmith Apollo, no dia 11 de junho.
Só que os bailarinos não serão reproduções de pessoas reais, mas criados como “avatares”
pelos fãs que estarão em casa, asssitindo ao show pelo computador, no site YouTube, que
transmitirá o evento ao vivo. “As pessoas poderão criar, literalmente, seu próprio avatar e
fazer com que ele dance junto com Usher no palco”, explicou ao jornal “The New York
Timers” o diretor do show, Hamish Hamilton, que já trabalhou com Madonna e U2.
Os dançarinos digitais, criados pela empresa canadense Moment Factory, aparecerão quando
o astro cantar a música “Scream”. “Já sabemos que os princípios funcionam, agora, estamos
garantindo que os personagens sejam criados de uma maneira bastante interativa e real. Há
pessoas do mundo inteiro, em seus programas de computador, tentando encontrar uma forma
de fazer isso, nesse exato momento”, disse o diretor.
Texto 41:
Evelyn Soares
Publicado: 26/06/13 - 14h42
RIO - “Aqui, a bunda vale mais que a mente”: esta frase poderia ser mais um dos cartazes de
manifestações que enchem as ruas do país, mas é uma das (muitas) críticas do funk de MC
Garden - o nome artístico de Lucas Rocha da Silva. O rapaz de 19 anos conquistou o
Facebook - e quem não gostava do gênero - com rimas maldizendo as mazelas que os
brasileiros sofrem, ao mesmo tempo que os protestos começaram a efervescer.
- Sempre fiz funk consciente, e resolvi abordar vários temas de uma vez só. Escrevi a letra
antes das manifestações começarem, e o clipe estava sendo finalizado quando rolaram as
primeiras passeatas - conta o morador de Americanópolis, bairro da Zona Sul de São Paulo.
A inspiração, segundo Silva, veio de sua visão de mundo e “de tudo que os brasileiros
vivenciam todos os dias”. Em “Isso é Brasil”, ele solta o verbo sobre a falta de investimentos
em saúde e educação, os problemas nos transportes públicos, e até a alienação dos cidadãos
pela internet e outras mídias. O funk começa abordando do deputado federal Marco Feliciano
(PSC-SP) e das igrejas evangélicas, e o clipe mixa imagens do MC na rua do bairro, em casa e
de um famoso vídeo do pastor.
- Critiquei o que muita gente tem vontade de falar e poucos têm coragem de dizer. Incomoda
muita gente ver a exploração das igrejas com os fiéis, suas atitudes contra os gays, entre
outras - diz o MC, que não acredita em Deus “da forma convencional” .
De outra forma, o funk também aponta a violência da polícia. Na cena, DJ Vinicius Boladão
põe a mão na boca de MC Garden e sussurra: “shhhh! É melhor nem tocar nesse assunto!
Porque daqui a pouco vão excluir esse vídeo, e se eu falar muito vão me excluir junto”. E é
esse abuso de poder, mostrado de forma velada, que mais revolta Silva.
A música se popularizou na rede social por ser tão plural quanto os pedidos expressos em
gritos e cartazes nas manifestações. O vídeo, no ar no YouTube desde o dia 19 de junho (dia
que protestos tomaram as ruas de dezenas de cidades), acumula mais de 330 mil
visualizações. Silva esteve nos últimos três protestos, e também sofreu com o gás
lacrimogêneo lançado pela polícia. Para ele, os protestos seguiam um caminho bom e precisa
voltar a ter foco:
- O protesto estava na linha do bem, mas sempre tem um ou outro oportunista para roubar,
depredar. Também vi gente que não sabia pelo que lutar, como se estivesse em uma micareta.
O povo tem força e poder, e estava usando bem, mas começou a perder o foco. Não adianta só
ir para ruas. Tem que lutar com consciência
Texto 42:
Evelyn Soares
RIO - O momento importante pelo qual passa o Brasil inspira músicos a criarem suas canções
a respeito das manifestações. Os protestos ecoaram na política e também no mundo das artes,
e uma das canções produzidas foi “Da Candelária à Consolação” - cuja produção foi coletiva,
assim como os protestos. Oito integrantes do coletivo Indius cantaram e quatro tocaram a
música composta pelo jornalista e músico Aruan Lotar (cujo nome, em dialeto indígena,
significa “pacificador”). O título remete aos locais chave das manifestações no Rio e em São
Paulo.
- A música foi composta de 12 de junho até o dia 16, enquanto aumentava a truculência
policial nos protestos em São Paulo. No próprio domingo, gravamos como pudemos. Alguns
fizeram em casa e mandaram, e, com o Bipe Balbino, juntei todos os trechos - contou o artista
de 29 anos.
Até a sonoridade tem relação com os protestos, segundo Lotar. Nos versos, mais calmos, cada
um evidencia seu canto. No refrão, com a marcação de marchinha de carnaval, as vozes se
unem para encenar “um coletivo gritando uma ordem, algo que esteja as incomodando”. Ao
fim, o grupo usou o áudio da passeata de 20 de junho de Brasília, lembrada pelo brado
“amanhã vai ser maior”.
- A gente focou nas manifestações, mostrou a truculência policial. Quisemos mostrar essa
mobilização bonita porque, independente dos atos de vandalismo, a questão central é mostrar
que tem alguma coisa errada no país. A música acentua que os dois lados tiveram condutas
erradas, mas não quisemos sentenciar, e sim trazer um panorama do que ocorreu. Também
fazemos ligações entre os versos e as imagens como, por exemplo, no trecho que fala dos
coliseus - explicou.
Lotar também foi às ruas nas duas grandes passeatas do Rio, e percebeu que as manifestações
“despertaram um sentimento real de cidadania, que estava adormecido”. Na última, no dia 20
de julho, não esteve no meio do furacão porque saiu meia hora antes da confusão começar.
Ele conta, porém, que alguns amigos não tiveram a mesma sorte, e sofreram com as bombas
de gás lacrimogêneo dentro de bares na Lapa. Apesar da situação ruim, ele acredita que
resulte algo bom para o país.
- Tenho uma visão otimista. As manifestações perderam o fôlego, estão menores, mas mais
focados e ganhando inteligência. O movimento está dando certo, e dá para ver pela resposta
das autoridades. A população só ganhou, e conseguiu assustar de verdade a classe política -
disse.
Texto 43:
Evelyn Soares
RIO — Os mcs Fox e Mãe não poderiam ter escolhido melhor timing para lançar o segundo
clipe da carreira da dupla, o da música “Pra cima de moi”. O vídeo da canção que critica os
altos salários dos políticos e a corrupção no Brasil saiu, justamente, na semana em que as
manifestações contra o aumento do preço das tarifas de ônibus se espalharam país. Mas, para
os rappers, não foi uma mera coincidência.
— Realmente é um ótimo momento para o clipe sair. Mas acho que foi um mix de sorte com
precisão. (risos) Esse sentimento de revolta já está no ar há algum tempo. Por acaso,
acertamos na veia a semana da revolução, mas essa música é atual desde mil novecentos e
bisavó matando aula — diz o músico Rodrigo Raposo, que atende pelo nome de artístico Fox.
Até então, com 14 anos de parceria musical, Fox e Mc Mãe tinham apenas um clipe gravado.
O vídeo de “Pra cima de moi” nasceu para promover o novo CD da dupla, “Piratão de
inverno”, que sairá em breve. O filme foi rodado em dois dias em diferentes cenários do Rio
(da praia aos muros grafitados) e editado em duas semanas pelo próprio Fox. Tudo “a custo
zero”, como reforçam os produtores da Prexeca Records. Já a letra da canção, composta há
meses, chega a ser premonitória:
Fox conta que, assim como no caso dos protestos das últimas semanas, a indignação com o
serviço público foi o que mais estimulou os dois compositores a escreverem o rap.
— Um país que tem umas das maiores cargas tributárias do mundo não pode ter essa
esculhambação nas áreas de educação, saúde e serviços públicos, para início de conversa. A
corrupção lambe os recursos, a impunidade revolta o povo e faz carinho na cabeça dos
safados. E isso é só a ponta do iceberg — solta o verbo mc Fox.
O músico, morador de São Conrado, diz que é a favor das manifestações, se forem pacíficas.
— As manifestações são ótimas, desde que não haja violência. Grandes conquistas se deram
dessa forma, vide Gandhi, Martin Luther King etc. Se conseguirmos nos unir pacificamente e
reivindicar o justo, o cenário vai começar a melhorar — afirma, otimista.
Texto 44:
O Globo
Publicado: 11/07/13 - 16h29
RIO - O coletivo carioca Cone Crew Diretoria lançou nesta quinta-feira o clipe da música “Pronto pra
tomar o poder”, com participação de Marcelo Yuka e repleto de cenas gravadas durante as
manifestações que ganharam as ruas de todo o Brasil no mês de junho. A letra faz críticas a
problemas como corrupção na política, falta de educação no país e violência policial. O vídeo mostra
os integrantes do grupo de rappers participando dos protestos, assim como Yuka, que aparece de
lenço no rosto e se protegendo de bombas de gás lacrimogêneo.
“Eu tenho força, fé na vitória/Tô pronto pra tomar o poder/Tô pronto pra escrever uma nova
história/ Se não tô pronto pra morrer”, diz o refrão da música. Versos como “Não tenho dom
de perdoar patifaria” e “Direitos humanos, necessidade básica, educação e justiça na prática”
aparecem por toda a letra. Considerados o “Planet Hemp da nova geração”, o coletivo não
deixa de fazer referência à maconha (“Relaxo e dou mais um trago”).
Ao longo de todo o clipe, cenas de pessoas levantando cartazes e gritando palavras de ordem
nas ruas se misturam a imagens de confronto entre policiais e manifestantes. Os membros do
grupo também aparecem, envolvidos na mobilização e cantando alguns versos do rap. Rostos
de políticos como José Dirceu, José Sarney e Eduardo Paes também estão lá. No final, Yuka
aparece cantando um trecho. “Eu já vi muita coisa, você não acreditou/ O teto do Planalto
balançou/ Quem sempre bateu recuou”
Texto 45:
‘Hoje fica tudo na minha mão. Mas tenho maturidade para administrar’, diz a
artista sobre sua carreira
Popstar acompanha protestos pelas ruas do país: ‘Vou apoiar enquanto tiver
certeza de que não é movimento partidário’
Marina Cohen
Publicado: 15/07/13 - 8h00
Cantora Sandy passa por boa fase na vida pessoal e na carreira Divulgação
- Alô?
- É sim.
Não deu para segurar o susto com a simplicidade da frase - e da moça do outro lado da linha.
Popstar na infância e na adolescência, hoje, a cantora Sandy se mostra longe do estereótipo da
celebridade cheia de “não-me-toques”. Nada de assessores mediando a entrevista. A própria
artista liga para a jornalista e conversa enquanto toma um café.
- Cuido de tudo que envolve minha carreira. Da parte musical e da empresarial, das
composições à divulgação... É trabalhoso, sou mais estressada do que antes, mas me amarro -
diz a cantora, fazendo uma comparação com a época em que dividia as responsabilidades com
a outra metade da dupla Sandy&Junior, seu irmão - Hoje, fica tudo na minha mão. Mas tenho
maturidade para administrar isso.
Apesar de ter mais responsabilidades, Sandy garante que tem levado uma vida menos corrida
desde que abraçou a carreira solo, em 2007. Hoje, sobra mais tempo para malhar, lutar boxe
(paixão que adotou há seis anos), cozinhar e ficar em casa, em Campinas, com o marido, o
músico Lucas Lima, assistindo a filmes e séries de TV. Sandy é adepta, e com orgulho, do
estilo low-profile.
- Sou muito reservada e adoro viver em uma cidade afastada dos grandes centros. Minha vida
social se resume a programas sociais e gastronômicos. (risos) Depois de ter a vida tão exposta
na adolescência, encontrei meu jeito de sobreviver nesse meio.
Para Sandy, não foi fácil encontrar a tranquilidade após o fim de 17 anos de parceria com
Junior. Tanto que a fase de angústia e questionamentos apareceu nas letras melancólicas do
primeiro CD solo, "Manuscrito", de 2010. Porém, no mês passado, a compositora lançou
"Sim", um trabalho cheio de melodias e versos alegres, como os da faixa-título do disco: "Eu
vi a vida se abrir pra mim/ Quando eu disse sim".
- É o momento que estou vivendo. Estou mais pra cima, mais otimista e mais segura com a
carreira e como mulher - garante ela, citando o marido como peça fundamental: - Descobri
um novo parceiro para me ajudar nessa caminhada, o Lucas. Temos trabalhado juntos e a
convivência como casal só melhora. Com certeza essa confiança maior em mim mesma vem
também da felicidade no casamento.
O bom momento na vida pessoal não deixa a estrela alienada das passeatas que têm
esquentado o clima no Brasil inteiro desde o mês passado. No Twitter, @SandyLeah mostrou
um apoio discreto aos manifestantes, e, ao falar sobre o assunto por telefone, faz questão de
redobrar a cautela.
- É muito importante o que está acontecendo no nosso país. Vou apoiar enquanto tiver certeza
que esse não é um movimento partidário, mas social, vindo da população - observa Sandy. -
Fico, sim, indignada com algumas coisas que estão acontecendo no nosso país e acho que a
corrupção é um dos maiores problemas que enfrentamos. Se conseguirmos que seja usada
mais transparência no Congresso e nos governos federal e estadual, já será meio caminho
andado para um país mais justo.
Texto 46:
Neste sábado, grupo de rap carioca faz show de encerramento da turnê atual, na
Fundição Progresso, na Lapa
RIO - Depois de mais de 200 shows, a Cone Crew Diretoria encerra a turnê de seu segundo
disco, “Com os neurônios evoluindo”, com a “sensação de dever cumprido”, segundo o
beatmaker Papatinho. A despedida vai acontecer este sábado, no bairro onde tudo começou
para a banda: a Lapa. Mais especificamente, na Fundição Progresso.
O bonde carioca será o anfitrião da festa #RapRj, que ainda receberá os cantores Flora Matos,
Rael, Haikaiss, Marechal e a banda Start, de Stephan Peixoto, filho de Marcelo D2.
Os fãs do grupo mal se aguentam de ansiedade pelo lançamento do próximo trabalho, “Bonde
da Madrugada (Parte I)”. A data de lançamento ainda não foi cravada, mas Papatinho diz que
o disco será liberado ainda este ano. A arte da capa foi criada pelo designer e grafiteiro
Mottilaa.
- Tenho ido ao estúdio diariamente e posso garantir que sai ainda em 2013 - conta o músico,
numa entrevista por e-mail.
Como as ideias fervilham nas cabeças dos seis integrantes, eles decidiram dividir o álbum em
duas partes, cada uma com 11 faixas. A primeira metade do projeto contará com as já
lançadas “Chefe de quadrilha”, “Pra minha mãe” e “Pronto pra tomar o poder”, entre outras.
- O CD vai ter quatro faixas bem para cima e debochadas, duas para o público feminino, duas
calmas e três de protesto. Este formato deve se repetir também na “Parte II” - define o
produtor.
Ou seja, além de “Pronto pra tomar o poder”, que tem participação de Marcelo Yuka e um
clipe gravado em meio a uma manifestação, no Rio, haverá mais duas canções dedicadas aos
protestos, que também foram tema da apresentação do sexteto no Prêmio Multishow, em
setembro. Uma dessas inéditas se chamará “Reflexo”.
O teaser do terceiro disco da Cone Crew mostra só um pedacinho da faixa “To de volta no
twist”, mas o beatmaker do grupo adianta o que pessoal vai ouvir em breve:
- Essa música é bem debochada e para cima. Tem rimas que só poderiam ser escritas por
integrantes da Cone Crew mesmo. (risos) Um verso mais maluco que o outro, e o beat é bem
empolgante. Boto fé que esse som vai virar um hit - aposta ele. - Queria fazer a continuação
do curta “Chefe de quadrilha” com o videoclipe dela.
Os vídeos são tão esperados pelos fãs quanto as novas músicas. Foi, aliás, depois do
lançamento do primeiro clipe, “Chama os mulekes” - com participação de Mr. Catra, Tico
Santa Cruz e D2 - que a carreira do grupo alavancou. O curta, com mais de 10 minutos e 10
milhões de visualizações no YouTube, mostra uma reunião de “mafiosos” da indústria
fonográfica.
- Estou com muitas ideias e escrevendo roteiros para os futuros videoclipes, e estou em
contato com alguns diretores que já trabalharam junto com a gente. Os vídeos vão manter
aquela pegada de filminho que fizemos em “Chama os mulekes” e “Chefe de quadrilha” -
conta Papatinho.