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Mestrado em Ciências da Educação, área de especialização em Educação e

Desenvolvimento Comunitário

Unidade curricular: Educação para o desenvolvimento (Antónia Barreto)

Tarefa 1: Apresente como se construiu o conceito que hoje adotamos de desenvolvimento.

Aluna: Carla Gomes (1180026)

O conceito de desenvolvimento esteve durante décadas associado a uma visão de


desenvolvimento económico, contudo nos últimos anos começa a ser relacionado com o
desenvolvimento humano e social. No seu artigo " Desenvolvimento — um conceito
ultrapassado ou em renovação? Da teoria à prática e da prática à teoria” Roque Amaro,
apresenta-nos então, esse percurso.
Desde a Segunda Guerra Mundial, o conceito de desenvolvimento é cientificamente adotado e
encontra-se muito associado à Revolução Industrial. No entanto, os termos “mudança”,
“progresso”, “bem-estar” e “riqueza” apareceram antes em vários campos disciplinares.
Então, após o término da Segunda Guerra Mundial, as antigas colónias europeias iniciaram o
caminho da independência e almejavam a prosperidade, a riqueza e autonomia política, tal como
os seus ex-colonizadores. Nessa altura, promover o desenvolvimento de um país pressupunha
eliminar os seus problemas e vícios que geravam o subdesenvolvimento.
Com as Revoluções Industrial e Francesa e a Independência Americana desenvolveram-se as
sociedades industriais com alterações totais nos valores e nas condições vida. No quadro
seguinte apresentam-se as oito pequenas revoluções que deram origem às Revoluções Industrial
e Francesa, a primeira ligada à industrialização e a segunda aos valores.

Revolução Industrial Revolução Francesa

• Revolução agrícola (êxodo • Revolução Cultural e Filosófica


rural) • Revolução Religiosa
• Revolução Comercial (feiras • Revolução Científica
francas) • Revolução Política
• Revolução dos transportes e
das vias (expansão das
navegações marítima,
ferroviária e automóvel)
• Revolução tecnológica
(máquinas a vapor,
eletricidade).

A partir daqui, durante 30 anos após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento associado
às sociedades industriais revestiu-se de 11 mitos: economicismo, produtivismo, consumismo,
quantitativismo, insdustrialismo, tecnologismo, racionalismo, urbanicismo, antropocentrismo,
etnocentrismo e uniformismo. Estas eram as características, as expectativas e as receitas
impostas pela matriz civilizacional judaico-cristã e de base europeia.
Os economicistas associaram o desenvolvimento ao crescimento económico, ao aumento do
nível de vida das pessoas e, durante décadas assim foi.
Entre as décadas de 30 e 70, evocados de “Anos Dourados” nem tudo foi um “mar de rosas”
como parece à primeira vista. No esquema seguinte apresentam-se, resumidamente, os
progressos e os retrocessos que ocorreram.
• crescimento económico decorrente do aumento da produção e do consumo de
bens e serviços;
• eficiência produtiva, aumento dos níveis de produtividade média;
• diminuição das taxas de analfabetismo através da melhoria dos níveis de
Progressos escolarização;
• diminuição da taxa de mortalidade infantil e aumento da esperança média de
vida,, devido a melhores condições de saúde;
• maior conhecimento científico.

• os progressos dos anos dourados ocorreram em apenas 1/3 da população, 2/3


não beneficiaram dos seus efeitos;
• carência absoluta em muitos países do terceiro mundo (fome, doenças,
analfabetismo...);
• aparecimento de novas formas de mal-estar social, pobreza e exclusão social
(solidão, insegurança, quebra de laços comunitários, desestruturações
familiares, individualismo, stress afetivo e profissional, competição
agressiva...);
Retrocessos • degradação da natureza (sobrecarga da poluição com resíduos e poluentes,
perda de biodiversidade);
• novas doenças públicas (HIV - SIDA, hepatite);
• desumanização do trabalho, trabalhar ao ritmo de máquinas;
• excessivo afunilamento do conhecimento científico, perde-se a visão
macroscópicas da coisas;
• fundamentalismo, intolerâncias religiosas e culturais.

Afinal, os “Anos Dourados” trouxeram consigo novos “mal-estares” e mais problemas para
resolver. O famoso desenvolvimento (económico e industrial) provocou bastante impacto
negativo, nomeadamente nos níveis social e ambiental. Rapidamente os técnicos das Nações
Unidas, que de deslocavam para trabalhar e apoiar projetos de desenvolvimento no Terceiro
Mundo, perceberam que os modelos do paradigma da modernização não teriam sucesso,
propondo em opção um modelo de “Desenvolvimento Comunitário” que obedecia a três
princípios:
- “o diagnóstico das necessidades deve realizar-se com a participação das populações;
- a resposta a essas necessidades deve começar pela mobilização das capacidades da própria
comunidade;
- os problemas e as soluções devem ser abordados de forma integrada, articulando vários
conhecimentos disciplinares e sectores de intervenção”, Amaro (2003).

Quer o capitalismo liberal, quer o socialismo real decorrentes da máxima da Revolução


Francesa “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, mostraram-se incapazes de desenvolver a
fraternidade pelo meio ambiente.

Assim, no final dos anos 60, início dos anos 70 deu-se o ponto de viragem para as décadas
seguintes, no que diz respeito ao conceito de desenvolvimento, pois continuava a existir:
frustração nos planos de desenvolvimento implementados nos países subdesenvolvidos;
aparecimento de sintomas claros de “mal-estar” – revoluções estudantis; solidão dos mais
velhos; abandono dos mais novos; aumento do stress e depressões de origem laboral; aumento
das taxas de suicídio e adições, entre outros constrangimentos. Surgem então as novas formas
de pobreza dos países industrializados, nasce o conceito de exclusão social. Em 1972, numa
conferência das Nações Unidas, é assumida uma preocupação - consciência ambiental - relativa
aos malefícios que a industrialização provocou no ambiente, houve um “mal-desenvolvimento”.
Desta constatação aparece o conceito de desenvolvimento sustentável.

Segundo Roque Amaro (2003), nos últimos 30 anos, assistiu-se ao crescimento de seis novos
conceitos: Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Local, Desenvolvimento
Participativo, Desenvolvimento Humano, Desenvolvimento Social e Desenvolvimento
Integrado.

Estes novos conceitos colocam enfoque: no carácter multidimensional, vez que o foco passou da
satisfação das necessidades, para o desenvolvimento de capacidades das pessoas; nas
metodologias participativas com maior ênfase na cidadania; na nova relação com a Natureza –
interdependência sistémica; na redefinição das bases territoriais/fronteiras –
multiterritorialidade; no aparecimento dos sindicatos e na diversidade de caminhos.

Face aos problemas atuais, em 2000, na Cimeira do Milénio foi redigida a Declaração do
Milénio que pressupõe 8 objetivos:
1- Erradicar a pobreza extrema e a fome;
2- Alcançar o ensino primário universal;
3- Promover a igualdade do género e dar poder às mulheres;
4- Reduzir a mortalidade de crianças;
5 - Melhorar a saúde materna;
6- Combater o HIV/SIDA, malária e outras doenças;
7 - Assegurar a sustentabilidade ambiental;
8- Promover uma parceria mundial para o desenvolvimento.

Roque Amaro (2003) completa e acrescenta que, no séc. XXI, enfrentamos vários desafios:
- o desafio da Competitividade;
- o desafio da Coesão Social ou da Solidariedade;
- o desafio da sustentabilidade;
- o desfaio da Diversidade.

Nos últimos anos, nas várias Cimeiras, encontros e reuniões “já se definiram inclusive soluções
e compromissos, mas sem grandes resultados práticos, por falta de vontade política e de
coerência nas decisões e acções” Amaro, (2003). Eis que surge um novo desafio o da
Governância.

O conceito actual de desenvolvimento comporta seis fatores que melhor interagem com as
reformulações actuais:
- a visão integrada e da complexidade, interdisciplinaridade e trabalho em parceria;
- o conhecimento e a acção pela emoção e não apenas pela razão;
- a assunção dos conceitos de caos e desordem com a adopção de estratégicas permanentemente
flexíveis e criativas;
- a valorização da indução e da acção, no processo científico e nas interacções entre a teoria e a
prática.

Recentemente, alguns autores, devido à frustração associada ao conceito tradicional de


desenvolvimento (economicista) propõem o fim da “era do desenvolvimento” e o aparecimento
de uma nova era a do “pós-desenvolvimento”.

A renovação de paradigma da Ciência da pós-modernidade “teve como pilares decisivos a


Emoção e a Indução e a sua aceitação no “clube” restrito dos argumentos científicos”, Amaro
(2003).

Em suma, o novo conceito/paradigma de desenvolvimento terá de comportar vários parceiros


numa construção colectiva de conhecimentos e práticas a fim de cometer menos equívocos.

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