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Desenvolvimento Comunitário
A partir daqui, durante 30 anos após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento associado
às sociedades industriais revestiu-se de 11 mitos: economicismo, produtivismo, consumismo,
quantitativismo, insdustrialismo, tecnologismo, racionalismo, urbanicismo, antropocentrismo,
etnocentrismo e uniformismo. Estas eram as características, as expectativas e as receitas
impostas pela matriz civilizacional judaico-cristã e de base europeia.
Os economicistas associaram o desenvolvimento ao crescimento económico, ao aumento do
nível de vida das pessoas e, durante décadas assim foi.
Entre as décadas de 30 e 70, evocados de “Anos Dourados” nem tudo foi um “mar de rosas”
como parece à primeira vista. No esquema seguinte apresentam-se, resumidamente, os
progressos e os retrocessos que ocorreram.
• crescimento económico decorrente do aumento da produção e do consumo de
bens e serviços;
• eficiência produtiva, aumento dos níveis de produtividade média;
• diminuição das taxas de analfabetismo através da melhoria dos níveis de
Progressos escolarização;
• diminuição da taxa de mortalidade infantil e aumento da esperança média de
vida,, devido a melhores condições de saúde;
• maior conhecimento científico.
Afinal, os “Anos Dourados” trouxeram consigo novos “mal-estares” e mais problemas para
resolver. O famoso desenvolvimento (económico e industrial) provocou bastante impacto
negativo, nomeadamente nos níveis social e ambiental. Rapidamente os técnicos das Nações
Unidas, que de deslocavam para trabalhar e apoiar projetos de desenvolvimento no Terceiro
Mundo, perceberam que os modelos do paradigma da modernização não teriam sucesso,
propondo em opção um modelo de “Desenvolvimento Comunitário” que obedecia a três
princípios:
- “o diagnóstico das necessidades deve realizar-se com a participação das populações;
- a resposta a essas necessidades deve começar pela mobilização das capacidades da própria
comunidade;
- os problemas e as soluções devem ser abordados de forma integrada, articulando vários
conhecimentos disciplinares e sectores de intervenção”, Amaro (2003).
Assim, no final dos anos 60, início dos anos 70 deu-se o ponto de viragem para as décadas
seguintes, no que diz respeito ao conceito de desenvolvimento, pois continuava a existir:
frustração nos planos de desenvolvimento implementados nos países subdesenvolvidos;
aparecimento de sintomas claros de “mal-estar” – revoluções estudantis; solidão dos mais
velhos; abandono dos mais novos; aumento do stress e depressões de origem laboral; aumento
das taxas de suicídio e adições, entre outros constrangimentos. Surgem então as novas formas
de pobreza dos países industrializados, nasce o conceito de exclusão social. Em 1972, numa
conferência das Nações Unidas, é assumida uma preocupação - consciência ambiental - relativa
aos malefícios que a industrialização provocou no ambiente, houve um “mal-desenvolvimento”.
Desta constatação aparece o conceito de desenvolvimento sustentável.
Segundo Roque Amaro (2003), nos últimos 30 anos, assistiu-se ao crescimento de seis novos
conceitos: Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Local, Desenvolvimento
Participativo, Desenvolvimento Humano, Desenvolvimento Social e Desenvolvimento
Integrado.
Estes novos conceitos colocam enfoque: no carácter multidimensional, vez que o foco passou da
satisfação das necessidades, para o desenvolvimento de capacidades das pessoas; nas
metodologias participativas com maior ênfase na cidadania; na nova relação com a Natureza –
interdependência sistémica; na redefinição das bases territoriais/fronteiras –
multiterritorialidade; no aparecimento dos sindicatos e na diversidade de caminhos.
Face aos problemas atuais, em 2000, na Cimeira do Milénio foi redigida a Declaração do
Milénio que pressupõe 8 objetivos:
1- Erradicar a pobreza extrema e a fome;
2- Alcançar o ensino primário universal;
3- Promover a igualdade do género e dar poder às mulheres;
4- Reduzir a mortalidade de crianças;
5 - Melhorar a saúde materna;
6- Combater o HIV/SIDA, malária e outras doenças;
7 - Assegurar a sustentabilidade ambiental;
8- Promover uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Roque Amaro (2003) completa e acrescenta que, no séc. XXI, enfrentamos vários desafios:
- o desafio da Competitividade;
- o desafio da Coesão Social ou da Solidariedade;
- o desafio da sustentabilidade;
- o desfaio da Diversidade.
Nos últimos anos, nas várias Cimeiras, encontros e reuniões “já se definiram inclusive soluções
e compromissos, mas sem grandes resultados práticos, por falta de vontade política e de
coerência nas decisões e acções” Amaro, (2003). Eis que surge um novo desafio o da
Governância.
O conceito actual de desenvolvimento comporta seis fatores que melhor interagem com as
reformulações actuais:
- a visão integrada e da complexidade, interdisciplinaridade e trabalho em parceria;
- o conhecimento e a acção pela emoção e não apenas pela razão;
- a assunção dos conceitos de caos e desordem com a adopção de estratégicas permanentemente
flexíveis e criativas;
- a valorização da indução e da acção, no processo científico e nas interacções entre a teoria e a
prática.