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I N S T R U M E N TA Ç Ã O

NUCLEAR
RELATÓRIO AULA PRÁTICA

ESPECTROMETRIA GAMA

ALUNA: MICHELE MARIA DA SILVA


PROFESSOR: CLAUDIO C.CONTI

2005
SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO 3

CAPÍTULO 1 - Detectores utilizando materiais semicondutores 4

1.1 - Formação de pulsos em materiais semicondutores 4

1.1.1 - Classificação dos materiais cristalinos 4

1.1.2 - Bandas de energia 4

1.1.3 - Pares elétron-buracos 5

1.2 - Coleta de cargas em semicondutores 6

CAPÍTULO 2 - Detectores de Ge (Li) e HPGe 9

CAPÍTULO 3 – Blindagem dos Detectores de Ge 12

CAPÍTULO 4 – Espectroscopia gama 13

4.1 - Geometrias de contagem 13

4.2 – Volume ativo do detector 14

4.3 - Descrição do sistema de espectroscopia gama 15

CAPÍTULO 5 – MATERIAIS E MÉTODOS 18

CAPÍTULO 6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 19

CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES 26

CAPÍTULO 8 - BIBLIOGRAFIA 28

2
INTRODUÇÃO

O laboratório de radiometria do Serviço de Análises Ambientais localizado no


Instituto de Radioproteção e Dosimetria está equipado para executar análises por
espectrometria gama e alfa e também medidas de alfa e beta total de amostras
relacionadas à monitoração ambiental. As atividades principais do laboratório
compreendem a análise de amostras minerais como solo e água; amostras de alimento
como leite e vegetais; amostras de produtos industrializados como extrato de carne e
fumo; análise de amostras para atividades de pesquisa e de fiscalização de instalações
nucleares.
Possuindo 4 detectores HPGe com eficiências relativas de 20%, 25%GMX,
30%GMX e 40%GMX para análise por espectrometria gama para análise dos
radionuclídeos emissores de radiação gama, está capacitado para realizar a análise
qualitativa e quantitativa de mais de 1000 amostras de nível de radiação ambiental
(longo tempo de contagem) por ano.
Possui ainda, módulo contendo oito detectores barreira de superfície para
espectrometria alfa para análise dos radionuclídeos emissores de radiação alfa, como
urânio e tório por exemplo.
Todos os sistemas de medidas são computadorizados sendo todas as etapas da
análise realizadas automaticamente.
Este relatório irá abordar especificamente a técnica de detecção por
espectrometria gama em detectores HPGe, com eficiências relativas de 25 e 40%
quando comparados com detectores de Iodeto de Sódio – NaI(Tl). Serão apresentados,
além da teoria sobre os detectores semicondutores, os equipamentos que formam o
sistema de medição, assim como os resultados obtidos na prática realizada.

3
1 - DETECTORES UTILIZANDO MATERIAIS SEMICONDUTORES

1.1 - Formação de pulsos em materiais semicondutores

1.1.1 - Classificação dos materiais cristalinos:

Os sólidos são divididos, quanto a sua condutividade elétrica, em três categorias:


condutores isolantes e semicondutores como está descrito na figura 1.

poliestireno

σ [ 1/Ω m]
polietileno
concreto
(seco)
grafite
NaCl SiO2 mica
porcelana Mn Fe
Si dopado Ag
madeira Cu
borracha vidro
quartzo seca Ge
GaAs Si

10 -20 10 -18 10 -16 10 -14 10 -12 10 -10 10 -8 10 -6 10 -4 10 -2 10 0 102 10 4 10 6 10 8

isolantes semicondutores
condutores

Figura 1- Condutividade elétrica dos sólidos

1.1.2 - Bandas de energia:

A probabilidade, por unidade de tempo, de passagem de elétrons da banda de


valência para a banda de condução devido à energia térmica cedida ao sólido é dada por
uma equação, na qual a intensidade do fluxo de elétrons que ocorre ao se aplicar um
campo elétrico a um sólido é uma função da faixa de energia proibida ou gap de energia
e da temperatura do sólido.
Quando os átomos não estão isolados, mas estão juntos em um material sólido,
as forças de interação entre os mesmos são significativas. Isso provoca uma alteração
nos níveis de energia acima da valência. Podem existir níveis de energia não permitidos,
logo acima da valência.

4
Para que um material conduza eletricidade, é necessário que os elétrons de
valência, sob ação de um potencial elétrico aplicado, saltem do nível de valência para
um nível ou banda de condução.
Conforme a figura 1, em um material condutor a banda de condução é
parcialmente ocupada por elétrons e estes, para se movimentarem não necessitam de
grande incremento de energia e isto resulta numa alta condutividade.
Já um material isolante tem uma larga banda proibida entre a valência e
condução. A energia do gap entre as bandas de valência e condução é da ordem de 5eV
ou mais, sendo sua condutividade praticamente nula em qualquer temperatura.
Os semicondutores possuem bandas proibidas com larguras intermediárias.
Nesses materiais a energia do gap é da ordem de 1eV ou menos, fazendo com que a
baixas temperaturas, sua condutividade seja muito pequena. Sua condução será melhor
que os isolantes, porém, pior que os condutores.

Figura 2 – Bandas de energia

1.1.3 - Pares elétron-buracos:

Outro fator de importância para a utilização de semicondutores como detectores de


radiação nuclear é a alta mobilidade de pares elétron-buracos (buracos são equivalentes,
nos sólidos, aos íons positivos nos gases). A velocidade de deslocamento de ambos é,
para baixos valores de campo elétrico, proporcional ao valor do campo. À medida que
este é aumentado chega-se a um valor de saturação de 107cm/s, o que implica em um
tempo de coleta de cargas bastante rápido e que torna os semicondutores detectores de
alta velocidade de resposta, com a vantagem de possuir velocidade de deslocamento de
buracos da mesma ordem de grandeza que dos elétrons, ao contrário dos detectores a

5
gás. O grande número de pares criados propicia duas vantagens aos detectores
semicondutores sob o ponto de vista de resolução levando uma melhor relação sinal-
ruído: a diminuição da flutuação estatística e a diminuição da influência do ruído
eletrônico.
Da mesma forma que o aumento da temperatura, a interação da radiação nuclear
com um semicondutor também é capaz de ceder energia aos elétrons produzindo pares
elétron-buracos que acarretam um fluxo de corrente elétrica através do semicondutor e,
a única dificuldade a ser transposta é a coleta apropriada dessas cargas para se obter
informações sobre a radiação.

1.2 - Coleta de cargas em semicondutores:

A utilização de contatos ôhmicos nas extremidades do semicondutor para


a coleta de cargas não é conveniente uma vez que permitiriam a passagem dos dois tipos
de cargas por ambos os contatos, ou seja, a coleta do elétron ou buraco por um dos
eletrodos implicaria na entrada, pelo outro eletrodo, de uma carga igual à coletada,
mantendo desta forma o equilíbrio de cargas no semicondutor. Além disso, existe
sempre, mesmo a baixa temperatura, uma pequena corrente de fuga no semicondutor
que influencia na resposta do mesmo.
Para solucionar este problema, utiliza-se de uma junção p-n. Um semicondutor
do tipo p é conseguido com a adição de impurezas receptoras, com falta de um elétron
em relação aos átomos do semicondutor, aumentando-se, desta forma, a concentração
das cargas positivas (buracos) no semicondutor. Da mesma forma, o semicondutor do
tipo n é obtido através da adição de materiais com excesso de um elétron.
A capacidade de um átomo se combinar com outros depende do número de
elétrons de valência. A combinação só é possível quando este é menor que 8. Elementos
com 8 elétrons de valência não se combinam. São estáveis e inertes.
Considerando como exemplo o silício, que é o semicondutor mais usado e tem 4
elétrons de valência, podemos observar que no estado puro, cada par de elétrons de
átomos distintos formam a chamada ligação covalente, de forma que cada átomo fique
no estado mais estável, isto é, com 8 elétrons na camada externa. O resultado é uma
estrutura cristalina homogênea conforme a figura 3.

6
Figura 3 – Estrutura cristalina do silício

Esta estrutura, na realidade, é tridimensional. Está assim mostrada por uma


questão de simplicidade. Até agora, nada de novo. O material continua um
semicondutor. Entretanto, quando impurezas são adicionadas, as propriedades elétricas
são radicalmente modificadas. Se um elemento como o fósforo, que tem 5 elétrons de
valência, for adicionado e alguns átomos deste substituírem o silício na estrutura
cristalina, 4 dos 5 elétrons irão se comportar como se fossem os de valência do silício e
o excedente será liberado para o nível de condução (Fig 4).

Figura 4 – Semicondutor tipo n

O cristal irá conduzir e, devido à carga negativa dos portadores (elétrons), é


denominado semicondutor tipo n. Nota-se que o material continua eletricamente neutro,
pois os átomos têm o mesmo número de prótons e elétrons. Apenas a distribuição de
cargas muda, de forma a permitir a condução.
Observamos agora a situação inversa conforme a figura 5. Uma impureza com 3
elétrons de valência (boro, por exemplo) é adicionada. Alguns átomos de silício irão
transferir um elétron de valência para completar a falta no átomo da impureza, criando
um buraco positivamente carregado no nível de valência e o cristal será um
semicondutor tipo p, devido à carga positiva dos portadores (buracos).

Figura 5 – Semicondutor tipo p

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Em aplicações práticas a junção p-n é feita através da adição de um excesso de
impurezas doadoras a uma região de um semicondutor do tipo p ou de impurezas
receptoras a uma região de um semicondutor do tipo n. O processo de injetar impurezas
no semicondutor é chamado dopagem.
Como existe uma diferença de concentração de portadores de ambos os lados da
junção, inicialmente haverá uma difusão de elétrons livres do lado N indo para o lado P
e ao mesmo tempo buracos se difundirão do lado P para o lado N. A conseqüência disso
é que do lado N aparecerão íons positivos não neutralizados e do lado P íons negativos
não neutralizados dando origem a uma região que não possui cargas livres, e que é
chamada de região de depleção.
Essa distribuição de cargas cria uma barreira a qual se oporá à difusão de mais
portadores majoritários, buracos no lado P e elétrons livres no lado N. Essa corrente é
representada por V na figura 6. Caso algum portador minoritário (aqueles gerados pela
temperatura), elétron livre do lado P ou buraco do lado N, se aproxime desta região,
será acelerado pelo campo nela existente e passará para a outra região. Esse fluxo é
representado na figura 6 por V1. Na figura 6, após o equilíbrio, a soma das correntes
através da junção é zero.(V= V1) .

V1
Figura 6 – Junção p-n

Quando for aplicada uma tensão, com a polaridade indicada na figura 7, a


largura da região de depleção aumentará, aumentado a altura da barreira de potencial
dificultando mais ainda a passagem dos portadores majoritários de um lado da junção
para o outro. A única corrente existente é a corrente devido aos portadores minoritários

8
os quais dependem unicamente da temperatura, desta forma esta corrente também
chamada de corrente reversa de saturação V2.

V2

Figura 7 – Junção p-n polarizada inversamente

Na região de depleção, que é o volume ativo do detector, as cargas formadas


pela interação com a radiação são coletadas de maneira rápida e eficiente por um pré-
amplificador sensível à carga.

2 - DETECTORES DE GE (LI) E HPGE:

Os detectores de germânio dopado com lítio – Ge (Li) – foram


amplamente utilizados devido a sua resolução na espectroscopia gama, mas têm sido
rapidamente substituídos, principalmente em decorrência das dificuldades operacionais,
exigindo que sejam mantidos em refrigeração à temperatura do nitrogênio líquido
(77ºK), mesmo quando não estão em funcionamento para evitar danos na estrutura do
cristal de germânio devido à migração de lítio através do mesmo. A barra de cobre 1 ,
que atua como condutor térmico transferindo a temperatura do nitrogênio líquido ao
detector deve ser encapsulada. Há uma camada de vácuo entre o encapsulamento 2 e o
cobre para minimizar perda de calor quando o nível de nitrogênio diminui (Figura 2).

9
2

Figura 8 – Encapsulamento da barra de Cu no vaso de N2 líquido

Os detectores de germânio de alta pureza - HPGe - também chamados de


germânio hiperpuros ou de germânio intríseco têm sido os substitutos preferidos, pois só
necessitam de refrigeração quando estão em operação e podem manter-se na
temperatura ambiente pelo período de muitos dias sem danos ou alterações em suas
condições. Os detectores de germânio para espectrometria gama são construídos
geralmente na geometria cilíndrica ou coaxial, permitindo se obter volumes maiores
necessários para a espectrometria gama.
Os detectores de germânio constituem um dos tipos mais utilizados em
laboratórios, para a medida de emissores gama com baixa atividade e para identificação
de radioisótopos presentes em materiais, em uma grande faixa de energia (alguns KeV a
10 MeV).

Figura 9 – Detector HPGe acoplado a um vaso de nitrogênio líquido

O que caracteriza um detector ser 25% ou 40% é a comparação à eficiência de


um detector de referência (NaI) com tamanho de cristal 3x3 polegadas, para uma fonte
de Co na energia de 1332 Kev medidas a 25 cm de distância do centro do cristal. O

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detector de germânio 25% tem 25% da eficiência de um detector de NaI tamanho de
cristal 3x3 polegadas, para uma fonte de Co na energia de 1332 Kev medidas a 25 cm
de distância do centro do cristal e assim por diante.
O sistema de coleta de cargas para um detector de Ge (Li) utiliza uma junção p-
i-n. O processo consiste em partindo-se de um semicondutor de germânio do tipo p,
difundir-se um excesso de lítio, que é uma impureza doadora, em uma superfície do
semicondutor, O processo de difusão, sob valores apropriados de campo elétrico e
temperatura, produz em determinada região um balanço das cargas positivas originais e
das negativas dos átomos de lítio que a tornam uma região intríseca. A superfície com
excesso de lítio permanece como uma camada tipo n e a parte de semicondutor em que a
difusão não ocorreu permanece do tipo p, formando-se então uma junção do tipo p-i-n.

Figura 8 – Configuração básica de uma junção p-i-n

Nos detectores de germânio de alta pureza (HPGe), a junção p-i-n é conseguida


com a introdução de lítio em uma extremidade para formar somente a camada n
(≈600µm), a região intríseca é o próprio germânio puro e a camada p é obtida através de
técnicas de implantação de íons (≈ 0,3 µm). Como, mesmo em material de alta pureza,
não se consegue criar uma região perfeitamente intríseca, os cristais de germânio são
normalmente do tipo p apesar da baixa concentração destas cargas. Por isso a junção
conseguida com este material é denominada p + - p - n +, onde o símbolo “+” indica
regiões altamente dopadas.
Nas camadas mortas, correspondentes as camadas da junção P-N, não há
detecção de radiação e dependendo da geometria do detector têm-se regiões intrínsecas
de tamanhos diferentes (valores de até 750 cm3 para geometrias co-axiais).

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3 - BLINDAGEM DOS DETECTORES DE GE:

No laboratório de Radiometria onde ocorreu a aula prática, são feitas análises de


amostras contendo radionuclídeos com valores de atividades a níveis ambientais, ou
seja, com baixa atividade. O detector está contido em um castelo de chumbo de forma a
atenuar a influência da radiação de fundo sobre as taxas de contagens. O chumbo
utilizado como blindagem, geralmente é proveniente de cascos de navio que foram
afundados. Devido ao tempo e à manipulação deste metal pesado, o material radioativo
contido nele irá decair e pouco influenciará nas taxas de contagem das amostras.
Questionou-se o motivo do revestimento na parte interior do castelo de chumbo
na aula prática e a conclusão chegada foi a seguinte: o castelo de chumbo é revestido
com placas de cobre com uma espessura de 2mm de modo a atenuar a energia recebida
pelo chumbo através da interação dos seus elétrons com a radiação da fonte. Se a
radiação interagisse somente com o chumbo (Z=82) haveria a produção de raio-X
característico de 80KeV, através do fenômeno de fluorescência, que influenciaria a
espectroscopia. Como a radiação interage primeiramente com o cobre (Z=29), a
produção de raio-X característico terá uma energia de 8KeV não influenciando na
leitura do detector, pois esta energia está localizada na faixa correspondente a ruído.

Figura 9 - Blindagem (castelo de chumbo)

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4 - ESPECTROSCOPIA GAMA:

4.1 - Geometrias de contagem:

Para realizar a metodologia de medida devemos planejar a geometria de


contagem. Uma vez definida a geometria de contagem, esta deverá ser mantida
juntamente com o posicionamento da amostra no detector. O laboratório de Radiometria
trabalha com amostras de vários tipos e devido a esta variedade de amostras definiu-se
uma série de geometrias específicas ao laboratório, que a princípio atende grande parte
das necessidades (quase 99%).
As fontes puntiformes e/ou soluções radioativas seladas são fixadas com auxílio
de suportes de cloreto de polivinila (pvc), definidas em geometrias de contagem
gradualmente distanciadas do topo do detector.

Geometrias de contagem utilizadas no laboratório de Radiometria:

Potes: 1cm, 2cm, 3cm e pote cheio.


Frascos: 1000ml e 250ml.
Marinelli: 3500ml
Filtros: 5cm (diâmetro)

Figura 10 - Geometrias de contagem utilizadas no laboratório de Radiometria

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4.2 - Volume ativo do detector:

O volume ativo do detector HPGe, é o cristal de germânio hiper puro que pode
ter dois revestimentos para fazer contato elétrico: o co-axial e o planar. O revestimento
observado em aula foi o co-axial, que tem o seu campo elétrico na forma de um cilindro.

Figura 11 - Revestimento co-axial juntamente com o cristal de Ge

O cristal co-axial trabalha tanto com raios gama quanto com raios-X (GMX).
Essa versatilidade deve-se a presença de uma janela de berílio que oferece uma
resistência, ou seja, uma blindagem, bem menor que o alumínio. Se por alguma
eventualidade houver o rompimento dessa janela, ocorrerá a perda do vácuo e
conseqüentemente a perda do detector. Normalmente os detectores GMX vêm com uma
proteção de plástico. Esse plástico distancia mais a fonte/amostra do detector
diminuindo assim a sua eficiência. Para aumentar a eficiência tira-se o plástico e mede-
se diretamente sobre o detector. Ao aproximarmos muito uma fonte do detector poderá
ocorrer efeito soma que é a detecção simultânea de dois ou mais fótons originários de
uma desintegração nuclear simples e que resulta somente em um pulso observado.

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4.3 - Descrição do sistema de espectroscopia gama:

Conversor
Memória
ADC

Fonte de
Alta Tensão

Micro
Pré- Placa
DETECTOR Amplificador Amplificador ACE Impressora

Fonte de
Radiação

Figura 12: Diagrama de blocos para o sistema de espectroscopia gama com detector de
germânio.
Ao ocorrer à interação da radiação com a matéria produz-se certo número de
elétrons no cristal e estes são coletados pelo pré-amplificador (figura 11), que é
responsável pelo resultado final do que sai do detector, porém não faz nenhuma
conformação de pulso. Para a coleta do sinal, os sistemas de medição necessitam
normalmente de uma fonte de alta-tensão, cuja faixa de operação irá variar em função
do tipo de sistema que está sendo utilizado.

Figura 13 – Detector conectado ao pré-amplificador

O sistema de cabeamento possui um inibidor de alta tensão que atua como


controlador da temperatura. Quando o nitrogênio acaba, a temperatura do cristal
aumenta. Se o inibidor “perceber” que a temperatura do cristal está subindo, a rede

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desliga a alta tensão. Não se deve confiar totalmente no inibidor, pois se ele estiver com
algum defeito e não fizer o controle da temperatura, o detector será danificado.
Os pulsos gerados, além de serem muito pequenos, têm uma proporção de razão
de pulso /ruído um pouco alta. Se você deixar o pré-amplificador ficar muito longe do
detector, o pulso gerado se perderia nesse caminho. Possui um tempo de coleta de pulso
muito longo para garantir que todos os pulsos serão coletados. O pulso tem uma subida
grande e alta e depois vem caindo gradativamente.
Através de um cabo, conecta-se o pré-amplificador ao amplificador. O
amplificador faz o tratamento do sinal, através de uma conformação de pulso. Ele pega
o pulso de cauda muito longa e a encurta evitando a sobreposição de um pico na cauda
do outro pico.
Esse empilhamento de pulsos acontece quando há a ocorrência de dois pulsos
próximos no tempo e sucessivos, mas originários de decaimentos separados, de forma
que se contribuem mutuamente no espectro em altura e forma. O sistema processa as
duas entradas normalmente como um único pulso composto, onde é armazenado em um
canal no espectro, diferente daqueles em que os pulsos componentes deveriam ser
depositados. O empilhamento varia com a largura de pulso do amplificador e é função
do quadrado das taxas de contagens.
Saindo do amplificador, o pulso vai para o conversor analógico digital (ADC),
que é responsável por traduzir a altura de pulso em um número. Esse número vai
corresponder ao canal que essa altura de pulso equivaleria, ou seja, ao chegar um pulso
com uma determinada energia, o ADC converterá o mesmo para o respectivo canal
adicionando uma contagem para o determinado canal.
Através do osciloscópio tem-se a capacidade de congelar o pulso (ou pico) de
maior intensidade.
Então, essa informação vai para o analisador de altura de pulso – MCA que
registra e armazena pulsos de acordo com as suas alturas. Consiste de três funções
distintas: um ADC para realizar as medições de amplitude de pulso; registros de
memória (um para cada canal no espectro) para computar o número de pulsos que
possuem amplitudes dentro de um dado incremento de voltagem; e uma parte relativa à
entrada e saída que permite transferir as informações do espectro para um outro
equipamento como impressora, computador, osciloscópio ou disquetes.

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Figura 14 - Visualização de um espectro de 226Ra obtido através de um Detector de Ge
coaxial.

O fator principal quando se faz espectrometria é a energia da radiação incidente,


pois essa energia está relacionada com a altura do pulso.
A eficiência do fotopico é a razão entre o número de contagens na área líquida
do fotopico e o número de fótons, na mesma energia, emitidos pela fonte a uma dada
distância fonte-detector.

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5 - MATERIAIS E MÉTODOS:

Fontes radioativas utilizadas:

Am-241
Co-60
Cs-137

Equipamentos:

Detector HP-Ge 25% (modelo GMX2520) e 40% (modelo GMX4019) marca


Canberra.
Suporte para blindagem
Vaso para Nitrogênio Líquido
Fonte de alta tensão
Cabeamento
Pré-amplificador
Amplificador
Osciloscópio
Conversor ADC
Multicanal
Microcomputador
Impressora

Geometria de utilizada:

Pote (1cm)

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6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Construção da Curva de Calibração do detector de Ge-40%

Primeiramente foram fornecidas três fontes (Cs-137, Co-60 e Am-241) que


seriam utilizadas como padrões. Através do site da internet
(http://www.nndc.bnl.gov/nudat2/dec_seach.jps), encontraram-se suas as energias e
probabilidades de emissão gama que estão descritas na tabela 1.

Radionuclídeo Energia % emissão


Cs-137 661,657 0,851
Am-241 59,5412 35,9
Co-60 1173,22 0,9985
Co-60 1332,49 0,9998

Tabela 1 – Dados de energia e probabilidade de emissão gama.

Foram colocadas as três fontes no detector HPGe 40% para que fossem gerados
os dados de canal (tabela 2) e energia necessários para a construção da curva de
calibração (gráfico 1). Selecionou-se a energia mais intensa para medição do padrão e
do radionuclídeo a ser calibrado na região de interesse do espectro.

Radionuclídeo Canal Energia


Cs-137 2626 661,657
Am-241 234 59,5412
Co-60 4655 1173,22
Co-60 5288 1332,49

Tabela 2 - Dados para a construção da curva de calibração

1400

1200
y = 0,2519x + 0,4648
1000 R2 = 1
Energia (KeV)

800
600

400

200

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Canal

Gráfico 1 - Curva de calibração

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Determinação da resolução do Detector HPGe 25 e 40%:

A resolução do detector é definida como a capacidade do detector de separar


picos de energias bem próximas. Normalmente é expressa pela largura tomada na
metade da amplitude do pico fotoelétrico (r = fwhm = full width half máximum) para
determinada energia do fóton detectado.
Através do espectro do 60Co, foi determinada a altura máxima em contagem com
o objetivo de determinar o valor de contagem referente à meia altura. Na figura 10,
pode-se observar que ao determinar esse valor, podemos determinar o valor de FWHM
através da diferença entre os limites de fronteira do pico, ou seja, FWHM = y1-y2.

Figura 10 - Relação entre contagem e canal ou contagem e energia.

Através da interpolação dos valores à esquerda pela equação 1 podemos obter o limite
esquerdo y2. Da mesma forma, obtemos y1 pela equação 2.

x3 − x4 y −x Equação 1 x2 − x1 y −x Equação 2
= 2 4 = 1 1
C3 − C 4 h 1 − C 4 C2 − C1 h1 − C1
2 2

O detector de germânio 40%, por não estar calibrado forneceu valores de


contagem e de canal. Através da equação da curva de calibração construída (canal
versus energia), encontra-se os valores de energia correspondentes.
O detector de germânio 25% já está calibrado, logo as interpolações fornecem a
resolução diretamente.

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Foram fornecidos, para fins de comparação com os resultados experimentais, os valores
de resolução provenientes do certificado de calibração para os detectores de germânio
25% e 40%.

Detector FWHM (KeV) Energia (KeV)


Ge 40% 1,83 1332
Ge 25% 1,69 1332

Tabela 3 – Valores fornecidos pelo certificado de calibração

Detector Ge 40% Detector Ge 25%


Canal = X1 = 5296 Energia= X1 = 1334
Canal = X2 = 5295 Energia = X2 = 1333,8
Canal = X3 = 5270 Energia = X3 = 1331,1
Canal = X4 = 5280 Energia = X4 = 1331,3
Contagem = C1 = 934 Contagem = C1 = 2624
Contagem = C2 = 1093
Contagem = C2 = 3602
Contagem = C3 = 829
Contagem = C3 = 3591
Contagem = C4 = 976
Contagem = C4 = 2884
Contagem = H = 1927
Contagem = H1/2 = Contagem = H = 6376
963,5
Contagem = H1/2 = 3188
Contagem = y1 = 5295,814465
Contagem = y2 = Energia = y1 = 1333,884663
5279,14966
y 1 – y2 = 16,66480554 Energia = y2 = 1331,214003
FWHM (KeV) = 4,662605967 FWHM (KeV) = y1 – y2 = 2,670659748

Tabelas 4 e 5 – Resultados de resolução obtidos experimentalmente.

Determinação da curva de calibração para o cálculo da eficiência do


detector de Germânio:

Construiu-se uma curva de calibração da eficiência de detecção de modo a


calibrar a eficiência do fotopico através de fontes padrões, contendo os radionuclídeos
88 137 203
Y, Cs e Hg, que irão fornecer uma faixa de energia. Estas fontes padrões devem
estar acondicionadas em recipientes iguais aos que contém as amostras. A geometria
utilizada para os cálculos de eficiência foi o pote de 1cm. A eficiência do fotopico é
obtida pela razão entre o número de contagens na área líquida do fotopico e o número
de fótons, na mesma energia, emitidos pela fonte padrão a uma dada distância fonte-
detector.

21
Para cada fonte padrão, deve-se se obter o espectro gama, e determinar o pico
com maior intensidade, neste pico deve-se saber qual é a sua energia de emissão. Logo,
pode-se determinar a eficiência correspondente a cada energia de emissão.
Os dados de atividade foram fornecidos pelo professor e os valores de tempo de
meia-vida, energia e porcentagem de emissão foram obtidos através do site da Internet
(http://www.nndc.bnl.gov/nudat2/dec_seach.jps).
Como houve um intervalo de tempo até o padrão ser lido, fez-se necessário a
correção de decaimento.

Radionuclídeo Atividade(Bq) - 07/01/2005 t 1/2 (dias) Energia (KeV) % emissão (i)


Cs-137 764,64 10964,6 661,6570 0,851
Y-88 1258,43 106,65 898,0420 0,973
Y-88 1258,43 106,65 1836,0630 0,992
Hg-203 283,72 46,612 279,1967 0,8146

Tabela 6 – Dados fornecidos para o cálculo da eficiência.

A eficiência foi calculada através da equação:

S
ε=
T .i. A.κ
ln 2
Onde: κ = e − λt e λ=
t1 / 2
κ = exp(-λt) e λ= ln(2)
S = área do fotopico (contagem)
T = tempo de contagem (dias)
i = porcentagem de emissão
A = atividade da amostra em uma determinada data X (Bq)
κ = correção de decaimento
λ = constante de decaimento
t = tempo de contagem da data X até a data que a amostra foi lida.
t1/2 = tempo de meia-vida

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T (s) Área (S) Incerteza(%) cps λ t κ ε
60.000 1110438 0,11 18,5073 6,32E-05 6 0,999620771 0,028452552
60.000 1355510 0,1 22,59183333 0,006499 6 0,96175492 0,019184265
60.000 793986 0,12 13,2331 0,006499 6 0,96175492 0,011021899
60.000 739629 0,15 12,32715 0,014871 6 0,914641181 0,058314636

Tabela 7 – Valores obtidos para a eficiência do detector

Esta eficiência calculada deverá ser correlacionada com a energia do fotopico


determinada anteriormente. O gráfico gerado terá um comportamento logarítmico,
porém como foi utilizado o Microsoft Excel que não plota gráficos com escala log-log,
linearizou-se o mesmo através da correlação entre o log da eficiência e o log da energia.

Radionuclídeo Área Energia (KeV) Eficiência Log Energia Log Eficiência


Cs-137 1110438 661,6570 0,028452552 2,8206 -1,54587878
Y-88 1355510 898,0420 0,019184265 2,9533 -1,717054844
Y-88 793986 1836,0630 0,011021899 3,2639 -1,957743557
Hg-203 739629 279,1967 0,058314636 2,4459 -1,234222428

Tabela 8 – Valores obtidos para construção da curva de eficiência do detector.

Curva de eficiência

-1,2
Log Eficiência

-1,4
y = -0,8956x + 0,9574
R2 = 0,9947
-1,6

-1,8

-2
Log Energia (KeV)

Gráfico 2 – Curva de Calibração para o cálculo da eficiência do detector

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Cálculo da atividade dos radionuclídeos (K-40, Co-60 e Cs-137), contidos de
uma determinada amostra acondicionada em uma geometria de pote de 1cm:

Após calibração do detector através de uma fonte padrão de mesma natureza e


na mesma geometria que as amostras a serem analisadas, as amostras foram contadas no
detector por um tempo de 60.000 segundos. Esta etapa não foi realizada na aula prática.
Foram fornecidos os valores da área do fotopico após 60.000 segundos.
Radionuclídeo Energia (KeV) Área (contagens) Incerteza (%) % emissão (i) T (s)
K-40 1460,7 730 5,09 0,1067 60.000
Co-60 1173,22 2118 3,00 0,9985 60.000
Co-60 1332,49 2370 2,39 0,9998 60.000
Cs-137 661,6570 2203 3,33 0,8510 60.000

Tabela 9 – Valores fornecidos param o cálculo da eficiência e atividade da amostra

Então, através da curva de calibração de eficiência feita anteriormente,


determinou-se as eficiências dos radionuclídeos contidos nas amostras com atividade
desconhecida, com a equação da curva obtida descrita abaixo:

Eficiência = exp{[-0,8956*log (energia)]+ 0,9574}

Através dos valores de energia fornecidos, encontraram-se as eficiências


correspondentes.

Radionuclídeo Energia (KeV) ε


K-40 1460,7 0,153096557
Co-60 1173,22 0,166718924
Co-60 1332,49 0,158665609
Cs-137 661,6570 0,208320119

Tabela 10 – Valores de eficiência obtidos através da curva de calibração

Como conhecemos os radionuclídeos contidos nas amostras, podemos obter


informações sobre ele, tal como valor de energia para a maior porcentagem de emissão
gama. Após a contagem, através da visualização do espectro obtido, podemos encontrar
os fotopicos de maior porcentagem de emissão com a energia respectiva. Então,
determinou-se a área de contagem do fotopico encontrado.

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Através da equação abaixo calculou-se a atividade da amostra.

S
A=
T ×i ×ε

Radionuclídeo % emissão (i) T (s) Área (contagens) ε A (Bq) Incerteza (Bq)


K-40 0,1067 60.000 730 0,153096557 0,744804 0,00519322
Co-60 0,9985 60.000 2118 0,166718924 0,212052 0,000300357
Co-60 0,9998 60.000 2370 0,158665609 0,249001 0,000251102
Cs-137 0,8510 60.000 2203 0,208320119 0,207111 0,000313063

Tabela 11 – Valores de atividade obtidos para os radionuclídeos contidos na amostra

25
7 - CONCLUSÕES:

Construção da Curva de Calibração do detector de HPGe-40%

Através da curva de calibração observa-se claramente a proporcionalidade entre


a energia liberada pela radiação incidente e a amplitude do sinal elétrico coletado,
determinando-se assim, um valor que transforma um número medido em uma grandeza
física desejada (em geral, altura de pulso em energia de fóton, ou contagens por
segundos em taxa de emissão). Como a curva forneceu um coeficiente de correlação
máximo, ou seja, possui um alto grau de confiabilidade torna-se evidente que a sua
construção foi bastante satisfatória.

Determinação da resolução do Detector de Germânio-25 e 40%:

A energia excedente dos nucleons de um radionuclídeo, para que estes retornem


ao estado fundamental, é emitida sob a forma de radiação gama. A energia da radiação
gama é bem definida e proporcional à sua freqüência. O pico de maior intensidade
energética corresponde a maior freqüência da radiação e tem como resultado, um canal
com maior contagem. Porém, a energia será lida pelo detector numa faixa de canais
devido à variação do número de elétrons coletados.
Através dos resultados obtidos pode-se observar que a resolução do detector de
Ge 25% (FWHM=2,67) foi melhor que a resolução do detector de Ge 40%
(FWHM=4,66). Esta conclusão deve-se ao fato de que quanto mais estreita for a faixa
de canais, ou seja, quanto menor for a variação do número de elétrons coletados, melhor
será a resolução do detector.
Ao compararmos os valores de resolução encontrados experimentalmente com
os valores de resolução fornecidos pelo certificado de calibração conclui-se que desde a
calibração, o detector HPGe 40% apresentou um valor maior de resolução, ou seja, uma
eficiência menor em relação ao HPGe25% . Foi informado pelo professor que a causa
disto foi dano ocorrido no cristal de Ge devido à rachadura na parede do galão de
nitrogênio líquido. Com o uso, o detector HPGe 40% diminui ainda mais a sua
eficiência, ou seja apresenta valores de resolução é ainda maiores.

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Determinação da curva de calibração para o cálculo da eficiência do
detector de Germânio:

Através da curva de calibração para o cálculo da eficiência do detector observa-


se que quanto maior a energia maior é a eficiência de detecção. Isto ocorre porque
quanto maior for o valor da energia de emissão dos fótons, menor será a probabilidade
de interação com o meio e mais rápida será a detecção desses fótons de maior energia.

Cálculo da atividade dos radionuclídeos (K-40, Co-60 e Cs-137), contidos de


uma determinada amostra acondicionada em uma geometria de pote de 1cm:

Através da construção de uma curva de calibração padrão de eficiência,


consegue-se determinar com facilidade a eficiência e a atividade de amostra de
atividade desconhecida desde que a fonte padrão de calibração apresente a mesma
natureza e esteja acondicionada na mesma geometria de contagem.

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8 - BIBLIOGRAFIA:

Conti, F.C. Apostila de Instrumentação Nuclear

Conti, C.C. Apostila de Instrumentação Nuclear

Tauhata, L.; Salati I.P.A.; Prinzio R Di.; Prinzio M.A. R.R. Di. Radioproteção e
Dosimetria: Fundamentos – 5ª revisão – Agosto de 2003 – Rio de Janeiro – IRD/CNEN

Site: http://www.nndc.bnl.gov/nudat2/dec_seach.jps

Site: http://myspace.eng.br/eng/semic/semic1.asp

Site: http://www.ird.gov.br

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