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o PROCESSO DE INSERÇÃO EM PSICOLOGIA COMUNITÁRIA:

ultrapassando o nível dos papéis*


Rogério da Costa Araújo-

RESUMO

O ertigo parte do pressuposto de que o conceito de Comunidade é o marco teórico de referência do


processo de inserção em Psicologia Comunitária. ProblematÍza o referido processo em duas dimensões princi-
pais: uma, epistemologice, onde se discute a questão da apreensão da realidade comunitária e a relação saber
científico X saber popular; outra, metodológica, em que se aprecia a multidisciplinaridade que permeie a com-
preensão e a prática do processo de inserção bem como as vias de acesso à comunidade - a !nstÍtucional e a
Municipal. Afirma, em conclusão, que o processo de inserção tem como objetivos primordiais tomar opsicólogo
comunitário significativo para a comunidade, ultrapassando, desse modo, a simples representação de papéis,
além de deixar entrever; no seu decorrer; a trilha da intervenção a ser adotada para o desenvolvimento da
comunidade e dos sujeitos comunitários.

Palavras chave: Psicologia Comunitária, processo de inserção, epistemologie, metodologia.

ABSTRACT

This erticle is besed on tbe concept ofCommunity as a theoreticel landmark ofreference to the insertion
process in Commuriity Psychology.!t approaches tbe process in two mein dimensions: en epistemologica.l one,
in which the metter of community reality eprehension and the reletion between scientitic and popular knowledges
are discussed; and a methodologíca.l one, ín which both thernukidisciplineruy. which underlies tbe comprehension
and the process cfinsertion, and tbe eccess routes to community -lnstltutionsl and Minicipal- are studied. As a
conclusion, the srticle stetes thet the paramount purposes of the insertion process are to meke the community
psychologist significative to the community, surpessing, therefore, the simple representetion of roles, and to
ellow, during its course, the perception ofthe path to the Íntervention to be adopted for the development ofthe
community and of the community subjects.

Key \%.n:fs: Community Psychology, iasertion process, epistemology. methodology.

o Trabalho, em suas reflexões iniciais, apresentado durante o 11Simpósio de Psicologia Comunitária, promovido e realizado pelo
Núcleo de Psicologia Comunitária - No/COM - UFC, de 07 a 11 de outubro de 1996, em Fortaleza, Ceará.
o. Graduado em psicologia pela UFC, colaborador do No/COM - UFC, membro do Instituto de Estudos, Pesquisas e Promoção do
Desenvolvimento Humano e Social - Instituto ParticipAção.

Revista de Psicologia, Fortaleza, V.13(1/2) V.14(1/2) p.89 - p.96, jan/dez 1995/96 89


Introdução ção estende-se às etapas subsequentes, especialmente
no momento de ampliação, acontecendo concomitante
Podemos iniciar esta problematização afirmando, a elas. De outra forma, um processo de inserção inici-
por um lado, que a investigação científica que se dá no almente inviesado dificilmente permitirá alcançar re-
processo de inserção encaminha-se no sentido de apre- sultados satisfatórios, podendo gerar desgastes de di,
ender a vida cotidiana da Comunidade. Em outros ter, versas naturezas e permanência do quadro de apatia e
mos, falar de vida comunitária, essência do conceito de dominação na comunidade. É justamente por isto que
Comunidade, é o mesmo que falar de vida cotidiana da se torna extremamente relevante problernatizá-lo
Comunidade. A Psicologia Comunitária, especificando epistemológica e metodologicamente.
um pouco mais, está interessada na experiência subjeti-
va que os moradores têm da vida cotidiana do lugar / Problematização Epistemológica: apreensão
comunidade onde moram e ao qual se sentem mais ou da realidade
menos pertinentes. Esta afirmação tem implicações prá-
ticas: I. Não podemos conhecer o cotidiano da cornu- Na dimensão episternológica, apresenta-se-nos
nidade se não participarmos deste cotidiano. 2. Não inicialmente a questão da apreensão da realidade da
podemos compreender a vida cotidiana comunitária so-
vida comunitária. Como é possível ao psicólogo co-
mente pelas vias formais, mas pela con-vivência com o
munitário apreender uma realidade psicossocial a qual
povo do lugar / comunidade, com especial atenção aos
não pertence, uma "realidade sua por empréstimo",
processos interativos e comunicativos. I 3. Não pode,
mos reduzir a vida comunitária à vida dos grupos como diria Paulo Freire? Em outras palavras, como
institucionalizados. A lógica que perpassa a vida comu- caracterizar satisfatoriamente o lugar / comunidade
nitária, a ser captada no processo de inserção, acontece onde vai atuar?
em todos os espaços, não só nos grupais. No entanto, Por um lado é necessário compreender que a co-
os grupos são um importantíssimo espaço de manejo e munidade reflete a sociedade onde está inseri da com
intervenção na vida comunitária. uma dinâmica prôpris. Representa, por isto mesmo,
Portanto, o conceito de Comunidade é marco um processo social práprio, um modo de ser peculiar,
teórico de referência do processo de inserção em Psi- em suma, um arranjo particular do cotidiano. (GÓIS,
cologia Comunitária. A Comunidade, em suas nuances 1994. Grifos nossos). Por outro lado, a realidade, en-
fundamentais, é o contexto primordial a ser transitado quanto objeto cognoscível, requer um esforço de
pelo psicólogo que se insere satisfatoriamente. desvelamento por parte do sujeito cognoscente. Re-
Por outro lado, a abordagem da Psicologia Co- quer também que tal esforço aconteça junto com ou'
munitária enquanto atividade comunitária, modo de tros sujeitos, visto que a elaboração crítica do mundo é
inserção e ação na comunidade, apresenta-se em cin- um processo intersubjetivo. (FREIRE, 1979) Toda a
co etapas básicas: 1. Escolha e entrada na com unida' complexidade da análise do processo de inserção, no
de; 2. Diagnóstico-Ação: 3. Auto-sustentação: 4. Con- que diz respeito à questão levantada, advém justarnen-
tinuidade e ampliação; e 5. Desligamento Progressivo. te destes dois aspectos. Sendo o psicólogo comunitário
Situado propriamente na primeira etapa do trabalho um estrangeiro, e portanto, um "exilado", como apre-
do psicólogo comunitário, o processo de inserção exerce ender os nexos fundamentais do lugar / comunidade
influência sobre todas as etapas posteriores da sua atu- codificados culturalmente que lhe permitam atuar com
ação, sendo o marco de uma nova relação geradora profundidade, sensibilidade e efetividade ?
de autonomia, consciência de si e do mundo e cons- Podemos relacionar as reflexões acerca da expe-
trução de identidades comunitárias. (Cf. GÓIS, 1994) riência do exílio desenvolvidas por Paulo Freire ao tema
Além disso, podemos afirmar que o processo de inser- de nossas reflexõesê, o que nos levará a dois caminhos:

I Com efeito, a vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pré-cien ca e quase-cientificamente pelos homens e
subjetivamente dotada de sentido e coerência. A objetivação ordenada dos objetos dos diversos e:nclaves desta realidade acontece
por meio da linguagem, no curso de interações e comunicações, que são con . - 'pria existência dos homens comuns.
A este respeito confira: BERGER E LUCKMANN A Construção Social da Realidade: Tr.ua.do de Sociologia do Conhecimento.
Petrópolis: Vozes, 1983.
2 "Todo exilado é confrontado com um dilema. Sua realidade imediata é U::lla f1ea3=:e e empréstimo e ele tem que se incorporar
a esta realidade sob pena de ficar historicamente esquizofrênico. de CCXlr]:xr.at à nova realidade até um limite que
não faça com que olvide definitivamente a sua realidade anteri rz!zes perde a identidade." (FREIRE et a/ii
VIVendo e aprendendo: experiências do Idac em educação hsãense. 1987, loa ed., p. 10.).

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no primeiro, o psicólogo comunitário nega suas ori- subjetivação do mundo e objetivação do ser, e a TE
gens, suas diferenças e estabelece uma relação de "ade- das Representações Sociais, bem como elementos
rência" com a nova realidade. Neste caso, torna-se Sociologia do Conhecimento.
inviável sua "ad-miração" da realidade. Ao invés de A importância de analisar esta questão também
inserir-se, há um processo de imersão que prejudica o por este ângulo (o dos moradores) deve-se ao concein
desvelamento da realidade e sua apreciação crítica. de realidade concreta segundo o entende ldac". En o-
Além disso, a nova roupagem cultural que tenta vestir ba tanto a noção de realidade objetiva como a percep-
jamais atingirá a pretensa autenticidade que busca. Per~ ção desta realidade por quem nele vive. É na es-
derá sua caracterização enquanto cientista. No segun- consideração deste fato conceptual que se baseia :>

do caminho, o profissional não se permite um rnergu- parte do fracasso das ações sociais realizadas s
lho profundo na nova realidade, sobretudo nas suas instituições sociais seja pelo poder público. Oriemara-se
facetas estranhas ao seu mundo e, com isto, perrnane- apenas pelos dados da realidade objetiva, coníundmcc-
ce na superficialidade. Como muito bem observa RIOS a com a realidade concreta. Aqui, pelo contrári
(1987), a comunidade, enquanto objeto a ser conheci- ressa-nos uma aproximação profunda da realidade c:or.•..
do, possui infinitos aspectos que nenhuma pesquisa ereta da comunidade.
conseguirá jamais exaurir. Representa, sob esta ótica, É exatamente a teoria da Atividade (LEO
inesgotável fonte de investigação. O caminho da in- 1978) que interliga a cooperação e o diálogo,
serção deve buscar a tênue trilha entre as duas propos- a consciência, a transformação do mundo o
tas apresentadas acima: não deve mergulhar nos dera- do mundo subjetivo dando-se num único processo.
lhes infinitosda vida comunitária, esquecendo de ater-se convivência que acontece no processo de inserção
aos nexos fundamentais que lhe permitirão ter uma possível conhecer as principais atividades com
imagem ativa da sua área de trabalho nem evitar um rias, compreendidas em termos de ações instrurn
contato íntimo e profundo com tal realidade a ponto e processos comunicativos. Em cada atividade
de permanecer na superficialidade. Sem a imagem clara nitária entra em jogo uma configuração de forças
da comunidade em seu espírito, dificilmente nenhum ais e subjetivas, que se distribui em tarefas di . -
profissional realizará um trabalho profundo. (cada uma com sua complexidade e sua exigência
Este é o ângulo do profissional. Num outro ân- tecnológica), posições específicas de poder e relações
guio, o processo de inserção deve investigar como as particulares acontecendo entre os atores sociais, que
pessoas do lugar percebem sua realidade, isto é, como refletem o modo de vida mais geral da comunidade.
se dá a apreensão da realidade pelos próprios morado- Cada um desses aspectos colabora (ou dificulta) com
res.' Portanto, não se trata apenas de perceber as es- uma força própria para o processo de construção da
truturas e organizações sociais que constituem a co~ identidade comunitária e pessoal em determinado sen-
munidade, mas como as pessoas estão nela inseridas, tido. O contato com as pessoas, durante o processo de
como estão se construindo e em que direção esta cons- inserção, traz à tona também o sistema de representa-
trução aponta, se na direção da emergência do sujeito ções sociais", que, alimentado pelas relações face à
frente a uma realidade construída pelos homens ou da face da vida cotidiana, integra e ordena elementos ide-
submissão resignada a uma realidade compacta e imu- ológicos, cognitivos, valorativos, informativos e
tável, alheia à ação humana. Neste ponto podemos en- imagéticos numa visão de mundo total, coerente e co-
xertar reflexões advindas de duas importantes teorias do esa, orientadora de atitudes concretas frente aos diver ~
quadro conceptual da Psicologia Comunitária: a Teoria sos aspectos da vida interpessoal e social. BERGER e
da Atividade, com especial ênfase nos processos de LUCKMANN (1983) contribuem de forma crucial para

J Devemos notar que os dois ângulos aqui analisados dizem respeito a uma única questão filosófica, qual seja: como é possível
apreender o real 7 Porém, enveredar por este caminho foge dos objetivos aqui perseguidos.
4 Instituto de Ação Cultural (do qual participam Paulo Freire, Rosiska Darcy de Oliveira, Miguel Darcy de Oliveira, Claudius Ceccon)
é um centro de pesquisa e intervenção pedagógica criado em 1970 em Genebra, Suíça, por um grupo de brasileiros que os
caminhos do exílio levaram a se reencontrar. Cf.: FRElRE et a1ii5a1io e Identidade: A trsietáris: de dez anos do Idac IN: FRElRE et
alii Op. cito
5 Cf.: BOMFIM, Z. A. C. &- ALMEIDA, S. F. C. Representação Social: conceitueçêo, dimensões e fúnções. IN: Revista de Psicolo-
gia, 9 (I/2), 10 (I/2), jan/dez, 1991/2.

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a compreensão da sociedade como uma realidade ao de representações) que captem as leis dos fenômenos
mesmo tempo objetiva e subjetiva, reconhecida no pro- e a estrutura real das coisas, o que se dá num processo
cesso dialético que comporta três momentos essenci- dialético de união entre sujeito e objeto, onde os ho-
ais: exteriorização, objetivação e interiorização. Volta, mens se sabem produzindo a realidade humano-soei-
remos a este autor ainda neste texto. ai. Desse modo gesta-se um novo saber, para além dos
aspectos pseudoconcretos do saber popular e I ou do
Problematização Epistemológica: saber saber científico.
científico x saber popular A perspectiva a ser adotada quanto a esta ques-
tão, portanto, é a da relação integrativa entre saber
Um outro aspecto que entra em jogo no preces- popular e saber científico, onde há um enriquecirnen-
so de inserção, ainda na dimensão epistemolôgica, é a to mútuo e constante de ambos, tendo a realidade ccn-
da relação entre saber científico e saber popular. Que ereta como mediadora. Ao deparar-se com identifica,
atitudes e posturas adotar frente ao povo quando este ções mitificadas por parte da comunidade, o profissional
deposita no profissional uma expectativa mitologizada não deve, de início, agir apressadamente, desqualifi-
de ser ele representante legítimo do Saber-Iodo-Pede- cando a relação, sob pena de cair no descrédito. Deve
roso? Que fazer o profissional ao deparar-se com co- compreender que a comunidade está reproduzindo um
nhecimentos populares gestados no ventre de tradi- padrão viciado produzido ao longo de anos de colo,
ções religiosas, por exemplo? nialismo cultural e dominação. Antes, porém, partindo
Há dois caminhos antagonicamente distintos e de um momento de diferenciação e diretividade, deve
ingênuos, que devemos evitar ao lidar com esta ques- agir pedagogicamente com as pessoas, valorizando-as
tão. No primeiro, o cientista assume o mito do saber no seu conhecimento do cotidiano, para, em cima de
absoluto e estabelece uma relação essencialmente fatos concretos e simples, facilitar uma nova compre'
desqualificadora do saber popular. Desrespeita a cultu- ensão do saber e imprimir na relação um clima
ra e as práticas populares em nome da superioridade integrativo e de valorização mútua das especificidades
do conhecimento e da técnica acadêmicos. Esmaga a dos saberes diversos necessários à vida social. Isto pa-
possibilidade de qualquer construção de identidades rece muito simples. Porém, a prática tem mostrado
comunitárias com base na autonomia e no auto-reco- inúmeras dificuldades que requerem sensibilidade e
nhecimento dos cidadãos enquanto produtores sociais preparo profissional para atingir um efeito transforma,
de saber. Gera dependência e uma mentalidade resig- dor e construtivo. Reconhecer-se enquanto sujeito
nada e salvacionista frente ao saber técnicc-científico. cognoscente, capaz de conhecer o mundo e nele atuar,
No segundo, o cientista envolve o povo numa áurea é uma expressão importante de poder pessoal, rei e,
mistificada de sabedoria intocável. Esquece a dirnen- vante para a construção da identidade, com autono-
são reprodutiva e, portanto, ideologizada do saber po- mia frente ao mundo e frente a si mesmo. Cornpreen-
pular. Intimida-se frente a possibilidade de introduzir der a relação da consciência com as condições
novas reflexões sobre problemas crônicos e práticas sócio-históricas em que se vive é pressuposto para re-
tradicionais ou mesmo novos temas de reflexões, ca- pensar conteúdos ideológicos limitadores da expressão
pazes de gerar apropriações qualitativamente distintas do humano e construir-se como sujeito da realidade.
da realidade comunitária. Omite-se diante do desafio Recobrar a dimensão da aprendizagem significativa
de colocar a consciência dos moradores da cornunida- decorrente da prática coletiva da construção dos so-
de em trânsito, rumo à apreciação crítica do mundo. nhos sociais é uma dimensão avançada deste processo.
Não contribui para a desmitificação da absolutização
do saber e da ignorância ("Eu sei tudo. Você não sabe Problematização Epistemológica: conclusão
nada."), um dos mitos de que se nutre toda prática
dominadora (FREIRE, 1979). Karel KOSIK (1976) já Portan '. em afirmar que a noção básica,
tão bem considerou que o conhecimento se realiza em termos e;>1~'
~::lc"':'Sgi·,cos, que orienta o processo de
como separação de fenômeno e essência, os quais no inserção unitária é a de que oco'
mundo da pseudoconcreticidade aparecem como ca- nhecimen a relação entre os sujeitos
tegorias indistintas, isto é, os produtos do homem ga- ~:'>.~S1. anais ou moradores, ten-
nham existência autônoma (fetiche) e o próprio ho- • =:'~'-A::: :::::x:;:!~á._a.corno objeto mediador desta
mem se reduz ao nível da práxis utilitária. Destruir esta esza relação (os sujeitos e o
pseudoconcreticidade é construir conceitos (ao invés dadamente apreendi,

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dos se forem tomados dicotomicamente, como reali- manhã, tarde e noite; homens e mulheres; dias da se-
dades mutuamente excludentes." mana e fins de semana; velhos, adultos, jovens e crian-
ças; grupos formais e informais; atividades produtivas,
Problematização Metodológica: multidisci- artísticas, religiosas, festivas; e assim por diante. Cada
plinaridade um destes recortes nos mostrará determinadas facetas
do cotidiano da comunidade que não devem ser toma-
das isoladamente.
Na dimensão metodológica, o processo de in-
serção necessariamente aproxima a Psicologia Cornu- RIOS (1987) apresenta várias orientações meto-
nitária de disciplinas como a Etnografia, a Antropolo- dológicas para caracterizar a comunidade investigan-
gia, a Sociologia e a História Oral. Não podemos deixar do suas principais funções e estruturas, quais sejam, a
de incluir neste rol a Observação- Participante, a Fes- estrutura econômica, o espaço geográfico, a popula-
quisa-Farticipanre e a Pesquisa-Ação, ção e seus problemas, a divisão da propriedade, a es-
Todas estas disciplinas afogarão a PsicologiaCo- trutura de classe e os níveis de vida, as instituições
munitária num mar de indeterminações quanto à sua básicas, a recreação e expressão estética, os meios e
identidade científica se não tivermos clareza da articu- conteúdo da comunicação, as crenças e práticas relari-
lação entre as diversas estratégias metodológicas e seu vas à saúde física e mental (especialmente em traba-
corpo teórico, especialmente o problema conceptual a lhos sanitários).
que as diversas estratégias tentam responder. Sem isso A Etnografia, a partir das monografias de
poderemos mergulhar num ecletismo incoerente e in- MALINOWSKI, avançou na compreensão de que a
consistente do ponto de vista do rigor científico ou observação participante é um recurso metodológico
mesmo num tecnicismo com roupagem moderna e boa importante no esforço dirigido para captar toda a ri-
aparência, porém superficial e espontaneísta. Desse queza de significados da vida social. 7
modo parece-nos relevante, antes de mais nada, for- A observação participante, que tende a se trans-
mu\ar tal problema. formar em participação observante," representa um pas-
so importante na ultrapassagem do limite formal entre
Problematização Metodológica: estratégias sujeito e objeto imposto às metodologias de inspiração
de investigação cartesiana.
Além disso, mesmo a participação observante,
O processo de inserção ocorre numa via de mão mais diretamente relacionada ao processo de inserção,
dupla. Por um lado, há uma investigação científica. tende a avançar para pesqoise-psrticipente e pesquise-
Por outro, uma interação humana. ação 9, no decorrer do processo de intervenção. Ou
Com o intuito de conhecê-lo. podemos cate- seja, o processo de inserção não se dá gratuitamente.
gorizar o cotidiano da comunidade em vários termos: Visa à intervenção prática.

6 A adoção de determinados postulados epistemológicos, por um lado, apresenta implicações políticas, como o atestam as discussões
acerca do mito da neutralidade científica. Por outro lado, embora ainda inexploradas, comporta implicações a nível da subjetivida-
de do cientista. Com efeito, determinados paradigmas epistemológicos protegem o cientista de situações cuja complexidade exigi-
riam dele uma habilidade para lidar com conflitos de diversas naturezas e uma disponibilidade para correr riscos, pondo à prova
seus valores e pré-conceitos,
7 "O fúndamento dessa técnica [observação participante} reside num processo de 'scultureçio' do observador que consiste na
assimilação das categorias inconscientes que ordenam o universo cultural a ser investigado. Através- deste processo, o investigador
apreende uma 'totshdede integrada' de significados. "{DURHAM, E. R. Vrda e Obra de Malinowski IN: MALINOWSKI, Cole-
ção Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1984, p. XII).
8 Na observação participante a ênfase assenta-se na observação, sendo a participação apenas condição necessária a que a mesma
ocorra. Na participação observante, tendência predominante na pesquisa antropológica de populações urbanas (sociedades con-
temporâneas), a ênfase recaí sobre participação e reveste-se de especial importância os aspectos subjetivos do pesquisador - a
experiência, os sentimentos, os conflitos íntimos, a identificação com a população estudada são amplamente descritos e analisados.
Confira: DURHAM, E. R. A pesquisa antropológica com populações urbanas: problemss e perspectivas lN: CARDOSO, R. C. L.
(Org.) A Aventura Antropológica: Teoria e Pesquisa - Rio de Janeiro: Paz e Terra, J 986.
9 Sobre Pesquisa Participante e Pesquisa-ação, cf.: BRANDÃO, C. R. Repensando a pesquisa participante - São Paulo: Brasiliense,
1984.

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A partir dos conhecimentos em História Oral 10, solutamente importante realizar uma escuta autêntica
podemos indicar a investigação de biografias de mo- e facilitadora da expressão da identidade nestes mo-
radores da Comunidade como um recurso meto- mentos. A pergunta in erna de relevância para o tema
dológico relevante ao conhecimento do modo de vida aqui abordado é a seguinte: o que esta vida me diz da
do lugar / comunidade. De fato, o modo de vida não é vida desta comunidade 7
algo alheio aos indivíduos concretos. Além disso, no No avançar do processo do trabalho comunitá-
interior da unidade dialética constituída pela formação rio, o conhecimento biográfico dos moradores, em el-
social e pela formação individual, as diversas formas gum momento, pode ser valioso para a compreensão
históricas de individualidade espalhadas no espaço so- de diversos nexos e tramas de relações que permeiam
cial comunitário só se constituem como sistema nas a vida comunitária em questão.
vidas individuais. Ou seja, é nas vidas individuais que
Desta forma, estam os especificando a utilização
se experimentam a coerência ou a incoerência, a via-
deste recurso pela Psicologia Comunitária, articulan-
bilidade ou a inviabilidade humana da própria forma-
do-c a sua estrutura con ceptu ai, tarefa extremamente
ção social. (Cf.: SEVE, Lucien A Personalidade em
necessária. Sem isto, as histórias de vida aparecerão
Gestaçã.oIN: SILVEIRA, P. e DORAY, B. (Org.). Ele~
apenas como um monte de fragmentos desconexos,
mentos para uma Teoria Marxista da Subjetividade
incoerentes e ambíguos ou representarão um convite
~São Paulo: Vértice, Ed. Revista dos Tribunais, 1989)
sedutor à confusão teórica e ética entre Psicologia Co-
Em outros termos, o sistema de valores, as re-
munitária e Psicologia Clínica.
presentações sociais, o nível de consciência, as ideolo-
gias, os sonhos coletivos e pessoais, a visão de futuro, Por outro lado, podemos dizer que a interação
os conhecimentos e experiências, os laços de solidarie- humana que ocorre no processo de inserção mobiliza
dade, as frustreções, os mitos acerca da realidade, tudo toda a identidade do psicólogo comunitário. A inser-
isto se faz presente nos indivíduos a nível de caráter ção torna-se inviável se não há uma abertura para
(REICH, 1979) e vem à tona num discurso revestido vivenciar, para interagir, para se relacionar, para ouvir,
de dramaticidade, colorações emocionais e conteúdos para dialogar, para se comunicar, para estabelecer vín-
existenciais, tanto mais o psicólogo comunitário saiba culos saudáveis, numa palavra, para fazer-se presen-
como abordar estas questões, num clima de respeito, ça. Ao mesmo tempo, atitudes distanciadoras ou que
abertura e confiança. Num encontro com as pessoas provoquem estranheza por serem pertinentes a outro
da comunidade, onde se possa realizar uma apresenta- contexto cultural devem ser evitadas. A confiança, ne-
ção dos participantes um pouco mais cuidadosa e cessária para o trabalho, brota da relação, sobretudo
demorada, cada nova pessoa, ao se apresentar aos de- quando há autenticidade e respeito mútuo. A ansieda-
mais, traz um aspecto novo de qual é o modo de vida de em querer saber não deve nunca jamais invadir os
daquele lugar / comunidade. O grupo, a partir do rela- moradores com perguntas inadequadas!' nem
to biográfico dos participantes, funciona como transformá-lcs em fichário de consulta. As situações de
sinalizador do modo de vida mais geral e dos próximos informalidade e as visitas domiciliares representam um
passos do processo de inserção. O acesso às biografias valioso terreno para a emergência de um clima arnisto-
pode acontecer fora do contexto grupal, num mornen- so e colaborativo. Numa palavra: a pessoa deve preva-
to mesmo inesperado e informal. Em todo caso, é ab- lecer sobre o cargo, a função, a coisa. 12

10 Com efeito, esta disciplina tem utilizado o relato de histórias de vida com o objetivo de reconstruir a história de instituições e
apresentar uma interpretação histórica alternativa a que é estabelecida oficialmente, de forma hegernônica. Dialogando com as
pessoas, sem categorias conceiniais prontas, os historiadores têm acesso a informações a que dificilmente teriam pela vias formais,
o que os leva a relativizar pressupostos conceituais e a fazer emergir outras dimensões dos fatos históricos. A este respeito confira:
DEBERT.G. G. Problemas relativos à utílízação da. história. de vídz e 'ria. onlll : CARDOSO, R. C. L (Org.) op. cíe.
11 MO pesquisador, embora perpétuo indiscreto, deve, no entan ,saber e seu inquérito tem de parar, onde a pergunta direta tem
de ser substituída por simples indução. Sobretudo, tem de SUl· a ta que não deve fazer.~ (RIOS, 1987, p. 85)
12 O enfoque dado aqui não deve obscurecer a impo • consulta às fOntesoficiaís de infOrmação acerca da Cornuni-
dade, tais como agência do IBGE, Prefeitura. cartórios, sa>::erdlc:= e registro da paróquia, coletorias, delegacias de polícia, agências
de bancos, centro de saúde ou unidade SAMária. e, postos agropecuários / EMATER, agente da estação de
ferro, companhia de transporte fluvial, rodcw·' • , e caminhões. Cf.: RIOS, José Arthur Educação dos Grupos
São Paulo: EPU, 1987.

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Processo de inserção: vias de acesso à ra, seja através de uma entidade de alcance muni .
Comunidade (um Conselho Municipal ou Federação de Associa,
ções, como exemplos). É sabido que os Municípios,
A Comunidade, enquanto conceito e enquanto ao lado das ONG' s, estão se tomando cada vez mais
espaço psicossocial concreto, é o campo de atuação relevantes para a vida política nacional (ou mundial 7).
sui generisda Psicologia Comunitária, e, portanto, des- Haja vista o contraditório e vacilante, porém irreversível,
tino final do processo de inserção. processo de municipalização.
No entanto, pode-se ter várias vias de acesso ~ O processo de inserção na vida municipal ad-
portas de entrada, a ela. Vejamos as duas principais: a mite também algumas considerações imprescindíveis:
via institucional'? e a via municipal. I . Em vez de uma comunidade, são várias, com graus
A primeira via refere-se aqui a instituições, go- de articulação, aproximação, distanciamento, colabo-
vemamentais ou nâo-governarnentais, que atuam no ração, rivalidade, indiferença, conhecimento e inter-
âmbito social localizadas dentro ou fora do espaço ge- câmbio variáveis entre si. Isto requer um poder de
ográfico da comunidade. É o caso, por exemplo, de mobilidade e um esforço de articulação maior por parte
uma ONG que quer realizar determinado projeto do psicólogo comunitário; 2. Como acertadamente
numa comunidade específica e solocita a assessoria do assinala RIOS (1987), as formas de associação entre
psicólogo comunitário. as pessoas deixam de ser especificamente radicadas num
Neste caso, é preciso atinar para três aspectos território comum, podendo se dar independentemente
centrais: I. O psicólogo comunitário deve situar-se deste, seja por atividade ou classe comum, seja por
numa posição de onde possa visualizar e intervir no uma afinidade qualquer. Ganham evidência, com isso,
corpo do projeto como um todo; 2. A comunidade as categorias sociais (professores, estudantes, artistas,
deve ser o parâmetro avaliativo fundamental de onde artesâos, comerciantes, aposentados, etc) do Municí~
devem emergir as críticas e modificações necessárias pio, cada uma delas com um nível de consciência e
ao andamento do projeto, inclusive no que diz respei- organização, bem como um certo poder de pressão e
to à necessidade ou não de sua implernentação, em interferência potencial ou real na vida municipal. Em
função da opção da comunidade; 3. A inserção do psi- função disso, surgem também entidades representati-
cólogo na comunidade e da comunidade, facilitada por vas que dificilmente se fazem presentes numa cornuni-
ele, no processo condutor da realização do projeto, deve dade. Entram em cena, com maior evidência, os ato,
levar ao gerenciamento autônomo do mesmo pela cc- res do Movimento Social. Portanto, a complexidade
munidade (ação-participante). aumenta. Isto se reflete no processo de inserção e re-
Portanto, é inviável teórica e praticamente fazer quer instrumentos de intervenção que atendam a esta
Psicologia Comunitária em instituições que não têm a complexidade crescente. Tanto quanto seja possível, a
Comunidade como referência de suas ações correre- atuação deve contar com parcerias nas diversas institui,
tas, seja pelo limite do alcance de suas ações, seja pela ções não-governamentais, bem como no poder público.
postura ensimesmada, seja pelo seu isolamento de ou-
tras instituições ou por não' conseguir se desvencilhar Processo de inserção: conclusões
do paternalisrno!". Pensar nesta possibilidade é con-
fundir Psicologia Comunitária com Psicologia Orga- A atuaçâo em Psicologia Comunitária tem como
nizacional ou com Psicologia dos Grupos, disciplinas objetivo maior, numa palavra, facilitar a construção da
de suma 'importância para aque\a, que al'iás as UúY1Za 'iàenúàaàe humana, posta como metamcrfcse e ex-
pressão singular da vida social e comunitária.
como parceiras em muitos momentos, mas cada uma
delas com um modus opersndus específico. CIAMPA (1987) destaca três importantes aspec-
A outra importante via de acesso às cornunida- tos da produção da identidade: I. Aspecto Represen-
des é a via municipal, seja por intermédio da Prefeitu- tecionel, isto é, cada indivíduo, por ser continente do

IJ O leiror interessado em enriquecer esta discussão pode consultar NASC1UITI, Jacyara C. R. A /nstíl1Jição como via de acesso à
Comunidade lN: CAMPOS, R. H. de F. (Org.) Psicologia Social Comunitária: Da solidariedade à autonomia - Petrópolis:
Vozes, 1996.
11 Mesmo no caso de uma inserção direta na comunidade, tal inserção suporte da inserção inicial.

Ia, or.aJeza. V.13(1/2) V.14(1/2) p.89 - p.96. jan/dez 1995/96 95


desenvolvimento filogenético, da humanidade enquanto 2. BERGER. P. e L CKMANN, T A Construção
totalidade, e por estar submetido a diversas determina- Social da Realídade- Rio de Janeiro: Vozes, 1983.
ções, aparece perante o outro sempre representando a
si mesmo; 2. Aspecto Operetivo, ou seja, para mover- 3. BOMFIM, Z. A C. s- ALMEIDA, S. F. C. Repre-
se no mundo cotidiano, represento papéis ~rituais so- sentação Soda/: conceítuação, dimensões e fUnções.
ciais; 3. Aspecto Constitutivo, isto é, re~apresento~me IN: Revista de Psicologia, 9 (1/2), 10 (1/2), jan/dez,
num processo contínuo de identificação do que tenho 1991/2.
sido perante o mundo. Neste último aspecto está a
4. BRANDÃO, c. R. Repensando a pesquisa pertici-
chave do processo de metamorfose da identidade, ou,
pante- São Paulo: Brasiliense, 1984.
da ideruidede-meternortose.
Sendo assim, enquanto estiver compreendendo 5. CAMPOS, R. H. de F. (org.) Psicologia Social Co-
o processo de inserção apenas e tão somente como munitáría: Da solidariedade à autonomia
representação de papéis (aspecto operativo) ~ que ao Petrópolis: Vozes, 1996.
me identificar me determina e, por isso, me nega na-
quilo que seu-sem-estar-sendo. o psicólogo comunitá- 6. CARDOSO, R. C. L. (Org.) A Aventura Antropo-
rio estará ainda re-produzindo o ststus quo social. Ao lógica: Teoria e Pesquisa - Rio de Janeiro: paz e
fazer -se presença perante o outro ~apresentar -se como Terra, 1986.
estar-sendo, como dando-se ~ imediatamente o outro 7. CIAMPA, A C. Estória do Severino e História da
é mobilizado, no processo interativo, a trilhar o rnes-
Severina - São Paulo: Brasiliense, 1987.
mo caminho.
Este processo torna o psicólogo comunitário 8. FREIRE, P. et alii \.1vendo e aprendendo: experiên-
significativo para o outro. Com efeito, sem se tor- cias do ldec em educação popular - São Paulo:
nar significativo - corolário do processo de inser- Brasiliense, 1987, lQa. ed.
ção - não é possível intervir nos processos decor-
rentes da socialização primária I 5 e a facilitação da 9. FREIRE, P. Pedagogia do 'Oprimido - Rio de Ja~
construção da identidade do sujeito comunitário neiro: Paz e Terra, 1979.
esbarrará em obstáculos intransponíveis. 10. GÓIS, C. W L. Noções de Psicologia Comunité-
Ademais, um processo de insersão profUndo ria- Fortaleza: Ed. Viver, 1994, 2a ed.
deixa entrever ao longo do processo a trilha clara da
intervenção a ser adotada. Ou seja, deixa nítidos os 11. KOSIK, K. Dislétic« do Concreto- Rio de elanei-
pontos cruciais a serem tocados com o objetivo de ro: Paz e Terra, 1976.
alavancar o processo de desenvolvimento da vida 12. LEONTIEV, A Desenvolvimento do Psiquismo
comunitária.
- Lisboa: Horizonte Universitário, 1978.
Com base no que foi exposto, podemos qualificar
de profundo, crítico e gerador de crescimento tanto no 13. MALINOWSKL B. MalinolNSkí(Coleção Os Pen-
psicólogo comunitário como nas pessoas ao seu redor, o sadores) - São Paulo: Abril Cultural, 1984. 14.
processo de inserção que ultrapassar o nível dos papéis.
14. REICH, W. Análise do Caráter- Lisboa: Publi-
cações D. Ouixote, 1979.
Referências Bibliográfica
15. RIOS, J. A Educação dos Grupos- São Paulo:
I. BERGER, P. Como ser um membro da sociedade E. P. U., 1987.
IN: FORACCHL M. A&- MARTINS, J. S. 50' 16. SEVE, L. A Personalidade em Gestação IN:
ciologíae Sociedade: Leituras de introdução à Socio- SILVEIRA, P. &- DORAY, B. (Org.). Elementos
logia - Rio de Janeiro, LTC ~ Livros Técnicos e para uma Teoria Marxista da Subjetividade -
Científicos Ed. S. A, 1977. São Paulo: Vértice, Ed Revistados Tribunais, 1989.

15 A socialização primária é o processo por meio do qual a criança se transforma te da sociedade. Com efeito,
a criança é socializada não só para um mundo específico, mas também para detJ=s-..a.:::a c.::Nii:::u.;Mide, que se harmonize com os
ideais e necessidades dessa sociedade. É neste processo que o mundo pode ser. e • apresentado como imutável, como
natural, como absoluto, como alheio à produção humana, o que se coni ~ e negadoras do valor e do
poder das pessoas, geradoras de caráter oprimido (GÓIS, 1995), aspeaos ituiçâodo sujeito sôcio-histôri-
co. Sobre socialização confira: BERGER, P. Como ser um membro , M. A. MARTINS, J. S.
ê-

Sociologia e Sociedade: Leituras de introdução à Sociologia. . e Científicos Ed. S. A., 1977.

96 Revista de Psicologia. Fortaleza, .,',• .>, .C~I'L.I

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