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SIMPÓSIO: Tópicos fundamentais para a formação e o desenvolvimento

docente para professores dos cursos da área da saúde


Capítulo VII

Apr endiza
prendiza
endizaggem baseada em equipes:
da teoria à prática
Team-based learning: from theory to practice

Valdes Roberto Bollela1, Maria Helena Senger2, Francis S. V. Tourinho3, Eliana Amaral4

RESUMO:
Professores que desejam utilizar a aprendizagem baseada em equipes (ABE) do inglês team-based
learning (TBL) precisam compreender os princípios fundamentais envolvidos na aplicação desta estraté-
gia educacional e a seqüência de eventos necessária para sua implantação efetiva. O objetivo deste
artigo é auxiliar o leitor na compreensão do potencial desta estratégia educacional, incluindo sua capaci-
dade de promover a aprendizagem significativa. Existem quatro princípios fundamentais para o uso efi-
caz do TBL, que serão descritos, assim como o passo-a-passo para quem deseja organizar um curso
inteiro ou algumas atividades (aulas), utilizando a aprendizagem baseada em equipes. Ao final, apresen-
tamos os principais atrativos e os desafios para aqueles que desejam incorporar o TBL à sua prática de
ensino/aprendizagem.

Palavras-chave: Aprendizagem Baseada em Equipes; Métodos Educacionais; Educação Médica;


Educação nas Profissões da Saúde.

Mais uma sigla ou apenas um modismo? Nos- tudantes. Procurava criar oportunidades e obter os
sa proposta é direcionar os leitores para uma reflexão benefícios do trabalho em pequenos grupos de apren-
fundamentada a respeito da Aprendizagem Baseada dizagem, de modo que se possa formar equipes de 5 a
em Equipes(ABE) ou Team-based learning (TBL), 7 estudantes, que trabalharão no mesmo espaço físi-
instigando-os a experimentar o método. co (sala de aula).1 Pode ser usado para grupos com
mais de 100 estudantes e turmas menores, com até 25
O que é a a pr
apr endiza
prendiza gem
endizag alunos Em 2001, o governo norte-americano decidiu
financiar educadores das ciências da saúde para que
baseada em equipes?
incorporassem novas estratégias de ensino e o TBL
É uma estratégia instrucional desenvolvida para foi escolhido para ser disseminado. Como resultado,
cursos de administração nos anos 1970, por Larry várias escolas de diferentes áreas tiveram professo-
Michaelsen, direcionada para grandes classes de es- res treinados, especialmente as escolas médicas.2

1. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - FMRP-USP Correspondencia:


2. Pontificia Universidade Católica de São Paulo – Sorocaba Valdes Roberto Bollela. Hospital das Clínicas daFMRP-USP.
(PUC-SP) Avenida Bandeirantes 3900. Monte Alegre. Ribeirao Preto –SP.
3. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) CEP: 14049-900
4. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Artigo recebido em 22/05/2014
Aprovado para publicação em 19/06/2014

Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3): 293-300


Bollela VR, Senger MH, Tourinho FSV, Amaral E. Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):293-300
Aprendizagem baseada em equipes: da teoria à prática. http://revista.fmrp.usp.br/

O TBL tem particularidades (descritas ao lon- Como or


orgganizar uma a ti
ati vidade
tividade
go deste texto) que o diferenciam de outras estratégi- utilizando o TBL?
as para ensino em pequenos grupos, incluindo o PBL
(problem-based learning ou aprendizagem baseada A primeira ação deve ser a formação das equi-
em problemas). O TBL pode substituir ou comple- pes. Os grupos formados são compostos por cinco a
mentar um curso desenhado a partir de aulas exposi- sete estudantes. Devem ser constituídos de modo a
tivas, ou mesmo aplicando outras metodologias.2 Não permitir que realizem a tarefa atribuída, buscando
requer múltiplas salas especialmente preparadas para minimizar as barreiras à coesão do grupo, incluindo
o trabalho em pequenos grupos, nem vários docentes diversidade na sua composição e oferecendo os re-
atuando concomitantemente. Além disso, propõe-se cursos necessários. São fatores dificultadores à coe-
a induzir os estudantes à preparação prévia (estudo) são do grupo: vínculos afetivos entre componentes
para as atividades em classe. O instrutor deve ser um (irmãos, namorados, amigos muito próximos), expertise
especialista nos tópicos a serem desenvolvidos, mas diferenciada de alguns membros (tenderão a se iso-
não há necessidade que domine o processo de traba- lar), entre outros. Assim, os professores devem mes-
lho em grupo. Os estudantes não precisam ter instru- clar os alunos de forma aleatória e equilibrada, bus-
ções específicas para trabalho em grupo, já que eles cando a maior diversidade possível e jamais delegan-
aprendem sobre trabalho colaborativo na medida em do aos estudantes a tarefa de formação dos grupos5.
que as sessões acontecem. O desenvolvimento da metodologia cria opor-
Tem sua fundamentação teórica baseada no tunidades para o estudante adquirir e aplicar conhe-
construtivismo, em que o professor se torna um faci- cimento através de uma sequência de atividades que
litador para a aprendizagem em um ambiente despido incluem etapas prévias ao encontro com o professor e
de autoritarismo e que privilegia a igualdade. As ex- aquelas por ele acompanhadas. As etapas são assim
periências e os conhecimentos prévios dos alunos de- denominadas (Figura 1):
vem ser evocados na busca da aprendizagem signifi- 1. Preparação individual (pré-classe);
cativa. Neste sentido, a resolução de problemas é par- 2. Avaliação da garantia de preparo (readiness
te importante neste processo. Além disso, a vivência assurance test) conhecido pela sigla em inglês RAT,
da aprendizagem e a consciência de seu processo que deve ser realizado de maneira individual
(metacognição) são privilegiadas. Outra importante (iRAT)e depois em grupos (gRAT). O termo
característica do construtivismo é a aprendizagem “readiness assurance” se traduzido literalmente se-
baseada no diálogo e na interação entre os alunos, o ria “garantia de prontidão”, entretanto optamos por
que contempla as habilidades de comunicação e tra- traduzi-lo como “Garantia de Preparo”, mantendo
balho colaborativo em equipes, que será necessária o sentido de que nesta etapa, as atividades desen-
ao futuro profissional e responde às diretrizes curri- volvidas buscam checar e garantir que o estudante
culares nacionais brasileiras.3 Finalmente, o TBL per- está preparado e pronto para resolver testes indivi-
mite a reflexão do aluno na e sobre a prática, o que dualmente, para contribuir com a sua equipe e apli-
leva às mudanças de raciocínios prévios.4 car os conhecimentos na etapa seguinte do TBL;

Duração → 50 a 90 minutos 50 a 90 minutos

1. Preparação 2. Garantia de preparo 3. Aplicação de conceitos

Pré-Classe Na Classe Na Classe (com aplicação das 4 características*)

• Estudo individual • 2.1 Teste individual • Testes múltipla escolha


• Entrevista • 2.2 Teste em equipe • Questões verdadeiro ou falso
• Conferência
• 2.3 Apelação
• Filmes • Casos clínicos: diagnósticos, exames, terapêutica
• Experimentos, etc. • 2.4 Feedback do professor

Figura 1: Etapas do TBL e sua duração aproximada.


*Problema significativo, mesmo problema, escolha específica, relatos simultâneos

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3. Aplicação dos conhecimentos (conceitos) adquiri- Etapa 2. Garantia de Preparo5


dos por meio da resolução de situações problema 2.1. O mecanismo básico que garante a responsabili-
(casos-clínicos, por exemplo) nas equipes; deve dade individual pela preparação pré-classe é o pro-
ocupar a maior parte da carga horária. cesso denominado: “Readiness Assurance” e que
aqui chamamos de Garantia do Preparo. O pri-
Etapa 1. Preparação individual pré-classe5 meiro passo no processo é um teste de garantia
do preparo individual (individual readiness
Os estudantes devem ser responsáveis por se assurance test – iRAT), respondido sem consulta
prepararem individualmente para o trabalho em gru- a qualquer material bibliográfico ou didático.
po (leituras prévias ou outras atividades definidas pelo Consiste de 10 a 20 questões de múltipla escolha,
professor com antecedência, tais como assistir à rea- contemplando os conceitos mais relevantes das
lização de um experimento, a uma conferência, a um leituras ou das atividades indicadas previamente.
filme, realizar entrevista, entre outras). Individualmente, assinalam suas respostas em
A preparação da atividade individual pré-clas- uma folha de respostas (Figura 2) que permite
se é uma etapa crítica. Se os alunos individualmente que os estudantes “apostem” na resposta certa,
não completam as tarefas pré-classe, eles não serão ou em mais de uma resposta se estiverem em dú-
capazes de contribuir para o desempenho de sua equi- vida. Por exemplo: se na questão 1 (com 4 alter-
pe. A falta desta preparação dificulta o desenvolvi- nativas e valendo 4 pontos), o indíviduo estiver
mento de coesão do grupo e resulta em ressentimento em dúvida entre a alternativa “a” e a alternativa
dos alunos que se prepararam, pois estes percebem a “c”, ele pode apostar 2 pontos em cada uma. Pode
sobrecarga causada pelos seus colegas menos dispos- utilizar diversas combinações, pontuando mais se
tos e/ou menos capazes. escolher apenas a alternativa correta.

Figura 2: Proposta de Folha de Resposta para a etapa de garantia do preparo individual (iRAT)e em grupos (gRAT).

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2.2. Na próxima etapa, os grupos são reunidos em de pontos (quatro, se este for o número de alter-
classe de acordo com o que ficou definido pelo nativas existentes para cada teste) e estes pontos
professor, para resolver o mesmo conjunto de tes- decrescem se mais tentativas forem realizadas até
tes, também sem consulta (garantia do preparo zero se todas as alternativas forem reveladas an-
em grupo – group readiness assurance test – tes de encontrar a resposta correta.
gRAT). Os alunos devem discutir os testes e cada Nestas duas fases (iRAT e gRAT) é possível utili-
membro defende e argumenta as razões para sua zar clickers (sistemas de resposta eletrônicas)
escolha até o grupo decidir qual é a melhor res- para registrar a escolha, o que facilita o levanta-
posta. Como resultado, os alunos percebem que mento das respostas pelo professor e ainda gera
são explicitamente responsáveis perante seus gráficos para projeção posterior, quando dos seus
pares, não só no preparo pré-classe, mas também comentários e feedback aos estudantes.
por ter que explicar e fundamentar suas respos-
tas, exercitando suas habilidades de comunica- 2.3. A seguir, abre-se a possibilidade das equipes re-
ção, argumentação e convencimento. correrem (apelação), no caso de não concorda-
Ainda nesta fase, quando o grupo decide por uma rem com a resposta indicada como correta. Todo
resposta, deve utilizar o instrumento entregue pelo apelo deve ser feito acompanhado de argumenta-
professor para que os alunos recebam o feedback ção, sugestão de melhoria e com consulta a fon-
imediato de qual é a resposta certa. Deve haver tes bibliográficas pertinentes. É necessário cum-
um mecanismo para que os grupos saibam qual a prir alguns requisitos para a apelação: ser feita
resposta correta, o mais rapidamente possível, por escrito, por toda a equipe, em formulários
pois isso auxilia o grupo no processo de decisão que podem ser criados especificamente para esta
e garante o feedback imediato. Pode-se utilizar finalidade e encaminhada ao professor com as
uma cartela contendo as alternativas cobertas ou referências e evidências que dão suporte à argu-
por etiquetas a serem retiradas ou por material a mentação da equipe. A equipe deve também pro-
ser raspado (Figura 3). A pontuação individual e por o novo formato e a resposta correta da ques-
a do grupo são, então, assinaladas. A individual tão. As equipes que tiverem seus apelos acata-
corresponde aos pontos que foram direcionados dos, ganham pontos e o professor tanto pode fa-
à alternativa correta e a do grupo depende do nú- zer seu julgamento naquele momento ou então
mero de etiquetas retiradas ou de “raspadinhas” realizar a devolutiva no próximo encontro. Aqui
realizadas: se o grupo acertou na primeira tenta- encontra-se mais uma possibilidade para coesão
tiva (primeira resposta “aberta”) recebe o total da equipe e para seu exercício de aprendizagem.

Figura 3: Cartão de feedback imediato com raspadinha (a esquerda), e cartão de feedback imediato feito com folha impressa
(“estrela” = resposta correta) e cobertas com adesivos circulares (a direita).

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2.4. Após, o professor pode proferir os seus comentá- todas as outras equipes. Nunca deve-se pedir para
rios sobre cada teste ou realizar uma miniconfe- que as equipes produzam respostas escritas em lon-
rência em que os temas mais relevantes e incluí- gos documentos.
dos na avaliação anterior são abordados, em es- d. Relatos simultâneos (Simultaneous report): é ide-
pecial aqueles que sejam mais necessários, ob- al que as respostas sejam mostradas simultaneamen-
servando-se as discussões em cada grupo. O pro- te, de modo a inibir que alguns grupos manifestem
fessor, buscando clarear conceitos fundamentais, sua resposta a partir da argumentação de outras
oferece feedback a todos simultaneamente. Ao equipes. Assim, cada equipe se compromete com
final desta etapa, os estudantes devem estar con- uma resposta e deve ser capaz de defendê-la em
fiantes a respeito dos conceitos fundamentais e caso de divergência com outras equipes. Idealmente,
poderão aplicá-los para resolver problemas mais diferentes equipes devem escolher diferentes res-
complexos que serão oferecidos na etapa de apli- postas, o que justificará a argumentação desejada
cação do conhecimento, que se segue numa ati- nesta etapa, realizada entre as equipes. Caso todas
vidade de TBL. optem pela resposta correta, o professor pode esti-
Etapa 3. Aplicação de conceitos5 mular o debate perguntando porque as demais al-
ternativas estão erradas.
É uma etapa fundamental que ocorre na classe.
O professor deve proporcionar aos estudantes, reuni- Como é a avaliação dos estudantes no TBL?
dos em suas equipes, a oportunidade de aplicar co- Os alunos são avaliados pelo seu desempenho
nhecimentos para resolver questões apresentadas na individual e também pelo resultado do trabalho em
forma de cenários/problemas relevantes e presentes grupo, além de se submeterem à avaliação entre os
na prática profissional diária. Os estudantes devem pares, o que incrementa a responsabilização. Os mem-
ser desafiados a fazerem interpretação, inferências, bros têm a oportunidade de avaliar as contribuições
análises ou síntese. Para avaliar a qualidade das res- individuais para o desempenho da equipe. A avalia-
postas, podem ser utilizadas questões no formato de ção pelos pares é essencial, pois os componentes da
testes de múltipla escolha, verdadeiro ou falso ou equipe são, normalmente, os únicos que têm infor-
questões abertas curtas. O fundamental é que todas mações suficientes para avaliar com precisão a con-
as equipes estejam preparadas para argumentar sobre tribuição do outro. É uma característica importante
a escolha que fizeram. do TBL, pode assumir caráter formativo e/ou somativo
A terceira etapa deve ser a mais longa e poderá e reforça a construção da aprendizagem, além da res-
ser repetida até que se contemple os objetivos de ponsabilização individual.
aprendizagem de acordo com o planejamento reali- Outra estratégia de que o TBL faz uso é a
zado pelo professor e o tempo disponível para o cur- pactuação entre professor e estudantes da pondera-
so. Conclui-se, assim, um módulo ou unidade educa- ção das diversas fontes de dados para avaliação: re-
cional em TBL. sultado do teste individual, em grupo e da avaliação
A etapa de aplicação do conhecimento deve ser interpares. O professor pode oferecer faixas percen-
estruturada seguindo alguns preceitos. Os quatro prin- tuais desta ponderação, mínima e máxima e aí os alu-
cípios básicos para elaborar esta fase são conhecidos nos debatem entre si, contribuindo para a responsabi-
em inglês como os 4 S’s: lização e o envolvimento na metodologia2.
a. Problema significativo (Significant): estudantes
resolvem problemas reais, contendo situações con- Como é o preparo de um módulo em TBL?
textualizadas com as quais têm grande chance de Quando se modifica a estratégia pedagógica de
se depararem quando forem para os cenários de uma aula expositiva, centrada no professor, para uma
prática do curso. atividade do tipo TBL, centrada no estudante, três
b. Mesmo Problema (Same): cada equipe deve re- mudanças são necessárias:
ceber o mesmo problema e ao mesmo tempo para 1. Os objetivos primários do curso devem ser amplia-
estimular o futuro debate. dos, passando de uma tentativa de trabalhar ape-
c. Escolha específica (Specific): cada equipe deve nas os conceitos-chave de um tópico para objeti-
buscar uma resposta curta e facilmente visível por vos que incluam a compreensão sobre “COMO”

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estes conceitos devem ser aplicados em situações/ Um dos pontos centrais do TBL é derivado do
problemas reais; grau de coesão que pode ser desenvolvido por cada
2. O papel e funções do professor também mudam estudante dentro das equipes, ou pequenos grupos de
pois ao invés de ser alguém que oferece informa- aprendizagem. Em outras palavras, a eficácia da apren-
ção e conceitos, ele deverá ser aquele que contex- dizagem baseada no trabalho em equipes como uma
tualiza o aprendizado e maneja o processo educa- estratégia instrucional se deve ao fato de que existe
cional como um todo, agindo mais como facilita- um forte estímulo para que os membros dos grupos
dor da aprendizagem; alcancem tais níveis de coesão, o que resulta em mai-
or motivação e aprendizado e na transformação des-
3. Finalmente, é necessária uma mudança no papel e
tes grupos em equipes.6,8
função dos estudantes, que agora saem da posição
A colaboração dos estudantes é um aspecto crí-
de receptores passivos da informação para a con-
tico para implementar com sucesso a aprendizagem
dição de responsáveis pela aquisição do conheci-
baseada em equipe. Na verdade, a maioria dos “pro-
mento e membros integrantes de uma equipe que
blemas” relatados com grupos de aprendizagem (par-
trabalha de forma colaborativa para compreender
ticipantes disfuncionais, conflitos entre membros, etc)
como aplicar o conteúdo na solução de problemas
são resultado direto de um desenvolvimento inapro-
realísticos e contextualizados.
priado da própria equipe. O aspecto fundamental da
Ainda, uma atividade inicial de treinamento concepção de trabalhos de equipe eficaz é reconhe-
usando o TBL com os alunos deve ser preparada para cer que o sucesso depende de uma boa interação en-
a primeira aproximação dos estudantes com a meto- tre seus componentes. A intervenção do professor-fa-
dologia. cilitador deve ser adiada, permitindo que o o prório
grupo busque a solução de seus problemas. Outro fa-
Por que experimentar esta tor importante para garantir a responsabilização e a
ferramenta educacional? coesão diz respeito ao papel do facilitador. Especial-
O cumprimento sequencial das etapas do TBL mente na etapa de aplicação de conceitos, ele deve
é catalisador da formação de ricas equipes de apren- desenvolver questões ou testes que exijam das equi-
dizagem. E o trabalho em equipe é exigência das Di- pes uma resposta (“um produto”) que possa ser facil-
retrizes Curriculares Nacionais, bem como do mun- mente observada e comparada entre as equipes e com
do atual, interdependente, demandando uma educa- possibilidade de incluir a perspectiva do especialista.
ção profissional transformadora6. Para que as equi- Por estas razões, a aplicação de apenas algu-
pes tenham alto desempenho, sejam coesas e eficien- mas etapas do TBL é alvo de críticas de seus criado-
tes, a implantação do TBL exige o respeito aos seus res9. Embora customizações sejam inevitáveis, é ne-
quatro princípios essenciais: cessário ter no horizonte a clareza de que, com isto,
1. os grupos devem ser heterogôneos, devidamente nem todos os benéficos atributos da metodologia se-
formados (por cinco a sete membros), com compo- rão alcançados. Consideramos que não se deve modi-
sição mantida por longos períodos (todas as unida- ficar ou excluir qualquer das etapas previstas para uma
des ou módulos do curso); sessão completa de TBL.
2. os estudantes devem ser responsabilizados pelo tra- Apesar de se indicado para cursos inteiros, nem
balho individual e em grupo; sempre isso é factível. Nos cursos da área médica e
3. as tarefas realizadas pelo grupo devem promover das profissões da saúde, as disciplinas costumam ser
aprendizagem e desenvolvimento de da equipe; de responsabilidade de um grupo de professores, nem
4. estudantes devem receber feedback frequente e sempre motivados para modificar sua forma de ensi-
oportuno. nar simultaneamente. Isso não deve ser um impedi-
mento para aqueles que desejam experimentar e pra-
Quanto maior e mais efetiva a interação entre ticar esta estratégia de ensino.
os membros da equipe, mais disposta e capaz estará a Existem inúmeras experiências acumuladas
equipe para enfrentar os desafios propostos. Os estu- com o uso do TBL em cursos da graduação e pós-
dos mostram que 98% das vezes, o desempenho da graduação, utilizado de maneira parcial (elaborado
equipe vai superar o desempenho do seu melhor mem- para temas específicos de um curso) com intuito prin-
bro da equipe isoladamente.7 cipal de ganhar experiência com esta técnica educa-

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cional, ou completa, com maior ou menor profundi- uma aprendizagem mais ativa nos cursos de profis-
dade, para expor estudantes e sensibilizar professo- sões da saúde, mesmo dentro de estruturas curricula-
res para o uso do TBL, com aparente bom impacto res menos atualizadas.
sobre os estudantes 10,11,12
Assim, sugerimos que, mesmo quando não exis- PRINCIPAIS PONTOS DE INTERESSE:
tam condições para mudar todo um curso, que se pos- • TBL é uma estratégia educacional para grandes grupos
sa experimentar a estratégia em algumas das aulas ou que, a partir da coordenação do professor, possibilita a
sessões. interação e colaboração no trabalho em pequenos gru-
pos (centrada no estudante).
Conclusão
Conclusão • Os estudantes são responsáveis pelo preparo (estudo) an-
tes da aula, e em colaborar com os membros de sua equi-
O TBL é uma estrégia pedagógica embasada pe para resolver problemas autênticos e tomar decisões
em princípios centrais da aprendizagem de adultos, em sala de aula.
com valorização da responsabilidade individual dos • Apenas um instrutor especialista é necessário para toda
estudantes perante as suas equipes de trabalho e tam- a turma.
bém com um componente motivacional para o estudo • Os alunos aprendem a trabalhar em equipe sem precisar
que é a aplicação dos conhecimentos adquiridos na de instrução adicional, nem facilitadores especialistas em
solução de questões relevantes no contexto da práti- processos de grupo.
ca profissional. • Ter clareza sobre os resultados esperados ao término do
curso e deixar isso claro para os estudantes é fundamen-
tal para que compreendam o que eles devem ser capazes
Mensa
Mensaggens ffinais
inais de fazer.
A utilização da estratégia de forma isolada, em • Seguir as recomendações técnicas para uma atividade
uma atividade, ou em todo o curso deve contribuir usando o TBL é fundamental para garantir seu potencial
para um movimento em direção à reflexão e ação para transformador desta prática de ensino e aprendizagem.

ABSTRACT:
Those faculty who want to use Team-based learning in their classes need to understand the basic princi-
ples behind this educational strategy and the required steps that should be followed to achieve an effec-
tive implementation. The aim of this article is offer a comprehensive view on TBL’s potential as an educa-
tional tool, including the expected outcome of students’ meaningful learning and developmental teamwork.
The four principles and a step-by-step process to design and deliver a TBL will be described in details, if
one wants to use it for a whole discipline or only for isolated insertions within a course. At the end, it will be
expected that the reader understand the main strengthens and weaknesses and could able to do an
informed decision making about incorporating TBL or not in their teaching practices.

Keywords:Team-based Learning; Educational Methods; Medical Education; Health Professions Education.

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