Vous êtes sur la page 1sur 18

FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO ENSINO MÉDIO: CONTRIBUIÇÕES DO LIVRO


DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA

CURITIBA/PR
2015
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
CIRO NASCIMENTO GOMES

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO ENSINO MÉDIO: CONTRIBUIÇÕES DO LIVRO


DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA

Trabalho entregue à Faculdade de Educação São


Braz, como requisito legal para convalidação de
competências, para obtenção de certificado de
Especialização Lato Sensu, do curso de Metodologia
do Ensino de Filosofia e Sociologia, conforme Norma
Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da LDB
9394/96.
Orientador (A):

CURITIBA/PR
2015
FOLHA DE APROVAÇÃO

CIRO NASCIMENTO GOMES

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO ENSINO MÉDIO: CONTRIBUIÇÕES DO LIVRO


DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA

Trabalho entregue à Faculdade de Educação São


Braz, como requisito legal para convalidação de
competências, para obtenção de certificado de
Especialização Lato Sensu, do curso de Metodologia
do Ensino de Filosofia e Sociologia, conforme Norma
Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da LDB
9394/96.

Orientador (A):

Aprovado(a) em: _____/_____/_______

Examinadores:

Prof. (Esp/Me/Dr.) ____________________________________________________


Instituição: ___________________________ Assinatura: _____________________

Prof. (Esp/Me/Dr.) ____________________________________________________


Instituição: ___________________________ Assinatura: _____________________

Prof. (Esp/Me/Dr.) ____________________________________________________


Instituição: ___________________________ Assinatura: _____________________
Olá,
Eumechamo Romário eireiorientá-
losnodesenvolvimentodesse TCC!
Buscareideformaclaraapontaroselementosqueprecisamser revistos para enriquecer
essa produçãoeaarticulação das ideias apresentadas.Lembrem-se sempre que as
indicações buscam, portanto, contemplar elementos fundamentais em um trabalho
acadêmico que são obrigatórios (normas ABNT, sustentação teórica, etc). Qualquer
dúvida, vocês podem me contatar pelo e-mail: romario@saobraz.edu.br
Paraotimizaracorreção,seguealegendadasindicaçõesrealizadas:
Palavra: Palavras destacadas em verde – será preciso rever a ortografia
(palavras grafadas erradas).
Trechos: Trechos destacados em azul – releiam o trecho em questão e
reescrevam. Esses destaques indicam que o texto está confuso ou com
erros de concordância.
Trechos: Trechos destacados em amarelo – contemplem as indicações
realizadas em vermelho ao lado do destaque.
Nomes\Nomes: Nomes destacados em rosa\cinza – Verificação de referências.
Todas as citações são marcadas em rosa no texto, e devem constar
nas referências do seu trabalho. Referências que não foram citadas
(cinza) devem ser excluídas.

Peço que NÃOretiremasmarcações! Apenas realizem os ajustes e deixem comigo a


padronização final, ok?

Desejo-lhes um excelente trabalho!


Atenciosamente,
ProfºRomário
RESUMO desenvolver mais o resumo, o limite de aceitação é de 150 a 300
palavras.

A adolescência é a fase da vida que define a identidade social das pessoas e o tempo em
que são feitas as primeiras reflexões sobre classe, gênero e raça. Considerando-se a escola uma
instituição fundamental para o debate desses conceitos, e pensando-se na temática étnico-racial, fez-
se a presente pesquisa junto aos estudantes do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual
Padre Chagas, na cidade de Guarapuava (PR), com o objetivo de investigar as abordagens do livro
didático de sociologia e o posicionamento dos jovens sobre as questões étnico-raciais. Analisa-se
nesse estudo o tratamento dado às questões étnico-raciais no livro didático intitulado Sociologia para
o ensino médio, de autoria de Nelson Dacio Tomazi, com 464 páginas, impresso em São Paulo, pela
Editora Saraiva, em 2013, em sua terceira edição. Nesse estudo são contemplados eixos temáticos
que proporcionam a interdisciplinaridade com outras disciplinas da área das ciências humanas e
sociais, tais como: trabalho; estrutura social e desigualdades; poder, política e Estado; cultura e
ideologia; cidadania e movimentos sociais. A temática escolhida proporciona a abertura de caminhos
entre a sociologia e disciplinas afins com prioridade para o encaminhamento de debates com a
história, a filosofia, a geografia, a literatura, a economia e as artes de modo geral. O objetivo geral
desse artigo é possibilitar e ampliar o debate sobre as relações étnico-raciais no ambiente escolar,
considerando-se que a adolescência é justamente o momento em que pode ocorrer a separação, a
distinção e a consolidação do preconceito étnico-racial. As evidências da pesquisa aplicada sugerem
que há racismo no ambiente escolar entre os estudantes do ensino médio, principalmente nas
relações entre os jovens.

Palavras-chave: Adolescência. Discriminação. Escola. Identidade. Sociologia.


1. INTRODUÇÃO
Estabelecer um objeto mais fundamentado do que mostrar que o
racismo é percebido, estruturar uma proposta com iniciativa de
conscientização e combate ao racismo ou atividade com os alunos para
exercitar este conceito.
“A escola se torna um lugar de imposição de princípios de dominação e ao
mesmo tempo um espaço de luta política contra todas as formas de dominação”.
Pierre Bourdieu(Mencionar onde você encontrou este trecho de Bourdieu, apud
Autor, ano, p.)
A pesquisa parte do pressuposto que o conceito de raça precisa ser revisitado
porque não há raça superior ou inferior, branca ou negra, mas sim a raça humana, e
qualquer outro conceito faz parte de uma construção social que favoreceu a
ideologia branca dominante desenvolvida na Europa a partir do século XIX.
Esse pensamento endereça-se contra todo e qualquer tipo de preconceito
étnico-racial e tendo em mente as aulas de sociologia no ensino médio, pensou-se
em apresentar um trabalho mostrando as evidências de racismo presentes no
ambiente escolar.
Nesse sentido, num primeiro momento a pesquisa promove um breve debate
teórico sobre as relações étnico-raciais e a necessidade de debater sua
problemática ainda na fase da adolescência. Em seguida passa-se a uma análise do
conteúdo do livro didático de sociologia e finalmente para os gráficos da pesquisa
aplicada com as impressões dos estudantes sobre as relações étnico-raciais no
ambiente escolar.

2. REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

“Na “branquidade”, nos deixamos enganar, pelos jogos de espelhos, nos


quais sempre aparecemos maiores e melhores do que realmente somos”. Edith
Piza, 2005.
O embasamento teórico proposto apóia-se em autores que entendem a
questão racial como uma elaboração social sobre a qual se sustenta aconstrução do
preconceitoe da discriminação racial. José Antonio Marçal e Silvia Maria Amorin
Lima, ao dissertar sobre a educação escolar das relações étnico-raciais chamam
atenção para esse processo constitutivo do conceito de raça:

Torna-se importante esclarecer que não existe raça indígena, assim como
não há raça branca, negra ou superior. O que há é uma representação
social de raça que foi adotada estrategicamente emcertos momentos
históricos. (MARÇAL E LIMA, 2005, p.18)

Para os autores essa “apropriação ideológica racial aconteceu nas relações


de podercom o principal objetivo de instaurar e fortalecer a dominação” (2005,
p.18).Nesse processo histórico os grupos sociais dominantes promoveram a
disseminação da ideologia dos brancos, e tendo como justificativa a sua preconizada
“superioridade” sobre os demais, se fizeram donos das gentes e das terras da
América indígena e da África negra.
A ideia da supremacia branca sustentou estudos antropológicos e históricos,
com visão eurocêntrica. Essa teoria racista foi defendida politicamente e
intelectualmente nos estudos realizados durante o século XIX em toda a Europa com
uma ideologia baseada no etnocentrismo, ou seja, a propagação das ideias de
“superioridade racial” dos povos brancos europeus, fator esse que resultou na
colonização de países da África e da Ásia.
O colonialismo e a dominação favoreceram ainda mais o preconceito e a
discriminação racial. Em um país com um histórico como o do Brasil, tornou-se a
partir da Constituição Cidadã de 1988, uma responsabilidade social o debate sobre o
tema. Tais reflexões foram aprofundadas com as leis nº 10.139 de 9/11/2003, nº
11.645 de 10/03/2008 e nº 9.394 de 20/11/1996 que tornaram obrigatório o ensino
de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena na educação básica.
(BRASIL, 1988, 1996, 2003, 2008)
Com essas resoluções a inclusão das relações étnico-raciais entre os
estudantes do ensino médio tornou-se obrigatória, o que para Edith Piza, estudiosa
do assunto junto ao público adolescente é fundamental porque é nessa fase da vida
que ocorre o afastamento entre jovens brancos e negros.

De todos os ciclos da vida, a adolescência é tida como aquele em que se


definem muitos dos traços de nossa identidade social. (...) Parece ser neste
curto e intensivo ciclo que nos deparamos mais fortemente com as noções
de classe, gênero e raça. (PIZA, 2005, p.1)

Ela fez uma pesquisa sobre as relações raciais com pessoas de sua
convivência e percebeu que na infância há uma relação amistosa entre brancos e
negros: brincam juntos, fazem passeios e planos para o futuro. Apassagem para a
adolescência e a juventude assinala que há um afastamento porque ”desenvolvem-
se nos jovens brancos “os valores da branquidade, suposta superioridade,
neutralidade racial e esquecimento do outro” (é a mesma autora? Verificar o uso do
ibidem (IBIDEM, 2005, p.?). Segundo ela é partir da adolescência que passa-se a
ignorar a presença do outro:

Há uma privação de percepção do outro. Não se trata aqui de não ver o


outro. È de não percebê-lo através de todos os sentidos, e, portanto não
integrá-lo ao universo no qual se vive. Assim, pode-se silenciar sobre sua
existência. (PIZA, 2005,p.2)

Dessa forma, pode-se dizer que “a adolescência é o momento em que os


jovens negros se descobrem discriminados pelos colegas brancos” que definem as
teorias da”branquidade” como uma “geografia social de raça”: Desse modo, na
percepção dos adolescentes,ser branco é algo como:

(...) um espaço populado, mais social do que natural, por onde pessoas
brancas circulam, passeiam, vivem enfim, de onde pessoas brancas vêem
as outras e a si mesmas. Para preservar esse lugar social os jovens
brancos definem como seus locais como escolas particulares, clubes,
shopping centers, cinemas, etc.Um espaço onde os diferentes não têm
acesso. (PIZA, 2005,p.2) (Autor, Ano, p.?)

Nesse cenário, considera-se a escola um espaço prioritário de reprodução da


identidade racial branca o de favorecimento dopreconceito através de atitudese de
ações discriminatórias. Isso ocorre porque oadolescente se apropria dos valores da
“branquidade” e os defende porque eles funcionam “quase como uma imposição das
instituições sociais que ele freqüenta” (2005, p.?).
Em outras palavras, o sociólogo Zygmuntd Bauman, compreende essa
construção social preconceituosa como uma herança repassada aos jovens que
“certamente não é o produto da sua geração”, mas que inevitavelmente separa uns
dos outros:

(...) essa separação implica acima de tudo em uma separação territorial, no


direito a um “espaço defensável” separado, espaço que precisa de defesa e
é digno de defesa principalmente por ser separado – isto é, porque foi
cercado de postos de fronteira que permitem a entrada apenas de pessoas
“da mesma” identidade e impedem o acesso a quaisquer outros. (BAUMAN,
2001,p.136)

Nesse sentido, além de não fazer nada para aproximar o outro, são feitos
“esforços para manter a distancia do outro, o diferente, o estranho” (é o
mesmoautor? Verificar o uso do ibidem (IBIDEM, 2001, p.38), como se ao permitir
que o outro, no caso o negro, entrasse em espaços dos quais os bracnos haviam se
adonado, seus “proprietários” corressem não utilizar primeira pessoa no seu
trabalho, mantenha a impessoalidade; o risco de sofrer o que o autor chama da
“uma invasão de corpos estranhos” (IBIDEM, 2001, p.38).
Diante dessas evidências, o sociólogo francês Pierre Bourdieu explica que “a
escola se torna um lugar de imposição de princípios de dominação e ao mesmo
tempo um espaço de luta política contra todas as formas de dominação”
(BOURDIEU, 2003,p.11). Ele entende o preconceito racial como uma das mais
arbitrárias formas de discriminação social:

Essa relação social considerada ordinária oferece tambémuma ocasião única


de aprender a lógica da dominação, exercida em nome de um principio
simbólico conhecido e reconhecido tanto pelo dominante quanto pelo
dominado (...) dos quais o mais eficiente simbolicamente é essa propriedade
corporal inteiramente arbitrária e não predicativa que é a cor da pele.
(BOURDIEU,2003, p.8)

Para o pedagogo Paulo Freire, o ser humano deve se entender como


presença social “que intervém, que transforma, que fala do que faz, mas também do
que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decida, que rompe” (FREIRE,
2014, p.20). Essa ruptura com idéias preconcebidas estende-se para o campo das
relações humanas e defende a luta contra um sistema que “insisteem convencer-nos
de que nada podemos contra a realidade social que,de histórica e cultural, passou a
ser ou a virar quase natural” (é o mesmo autor? Verificar o uso do ibidem (IBIDEM,
2014, p.21).
Sobre a emergência da transformação das relações étnico-raciais e o papel
da escola, Freire sugere que os estudantes devem estudar de forma comprometida,
colocando-se no mundo e atuando nele para mudar a realidade social:

Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem
ver a impossibilidade de estudar por estudar. De estudar
descomprometidamente, como se misteriosamente, de repente, nada
tivéssemos que ver com o mundo, um lá fora e distante mundo, alheado de
nós e nós dele. (FREIRE, 2014, p.75)

A partir dessas ponderações realizou-se a análise do livro didático e uma


pesquisa quantitativa com os estudantes do 3º ano do ensino médio para investigar
seu posicionamento diante das relações étnico-raciais na escola.
3. ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA

Os livros didáticos, apesar das críticas ao seu uso, são tidos como recursos
fundamentais para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Ao
escrever sobre o assunto, Stella Maris Bortoni-Ricardo, condena a falta de leitura de
livros didáticos tanto pelos estudantes quanto pelos professores e explica que a
importância dessa ferramenta fez com que em 1985 fosse criado pelo Ministério da
Educação (MEC),o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Segundo ela, os
docentes devem lançar mão desse recurso e incentivar leituras de textos em sala de
aula, individualmente ou em grupo (BORTONI-RICARDO, 2008, p.613).
O livro didático de sociologia foiincluído no PNLDno ano de 2012. Nesse
estudo, propõe-se a realizar a análise do livro didático de Sociologia para o ensino
médio, utilizado pelosestudantes do ensino médio do Colégio Estadual Padre
Chagas
Analisa-se nesse estudo o tratamento dado às questões étnico-raciais no livro
didático Sociologia para o ensino médio, de Nelson Dacio Tomazi, com 464 páginas,
foi impresso em São Paulo, pela Editora Saraiva, em 2013, em sua terceira edição.O
livro é dividido em sete unidades, a saber:

I. A sociedade dos indivíduos, subdividida em três capítulos: O indivíduo, a


história e a sociedade; o processo de socialização; as relações entre
indivíduo e sociedade. (p.14-43);
II. Trabalho e sociedade, com três capítulos que abordam: O trabalho nas
diferentes sociedades, o trabalho na sociedade moderna capitalista e a
questão do trabalho no Brasil. (p.44 – p.87);
III. A estrutura social e as desigualdades, também com três capítulos: Estrutura
social e estratificação, a sociedade capitalista e as classes sociais e as
desigualdades sociais no Brasil. (p.88 – 127);
IV. Poder, política e Estado, com quatro capítulos: O Estado moderno, o poder e
o Estado, poder, política e Estado no Brasil e a democracia no Brasil. (p.128 –
181);
V. Direitos, cidadania e movimentos sociais, com quatro subdivisões: Direitos e
cidadania, os movimentos sociais, direitos e cidadania no Brasil e os
movimentos sociais no Brasil. (p.182- 241);
VI. Cultura e ideologia, com três capítulos: dois conceitos e suas definições,
mesclando cultura e ideologia, cultura e industria cultural no Brasil. (p.242 –
283);
VII. Mudança social, também com três capítulos: Mudança social e sociologia,
mudança e revolução e a mudança social no Brasil. (p.284 - 361).

Dessas sete unidades, três delas abordam a questão étnico-racial em seu


corpo de textos. A primeira deles é a unidade dois, trabalho e sociedade, em que o
autor faz referencia ao trabalho escravo e a passagem do regime de escravidão para
o trabalho assalariado, de forma bastante sucinta. Mesmo quando trata
especificamente da escravidão no Brasil dedica ao assunto duas páginas (p.71-72)
com ênfase para a produção de cana-de-açúcar, aresistência dos nativos e a
necessidade de mão-de-obra africana.
Segundo o autor “o trabalho escravo predominou no Brasil por mais de 350
anos”mesmo diante da resistência dos africanos. Sua longa trajetória deixou um
estigma econômico, social e cultural na história do país:

O escravo de origem africana lutou contra sua situação e participou


ativamente do processo de desestruturação do escravismo no Brasil. (...) As
marcas desse passado de escravidão continuam presentes em vários
aspectos da sociedade brasileira, seja na concepção de trabalho, seja na
relação entre negros e brancos. (TOMAZI, 2013, p.72)

É na unidade três (p.,90), que trata da estrutura social e as desigualdades que


o autor dedicará maior tempo ao tema dessa pesquisa, entendendo a exclusão racial
como algo particular da sociedade capitalista e das classes sociais, na qual “as
questões que envolvem propriedade, renda, consumo, educação formal, poder e
conhecimento, (...) definem a forma como as diferentes classes se relacionam entre
si” (é o mesmo autor? Verificar o uso do ibidem( IBIDEM, 2013, p.100).
Ao aprofundar o debate sobre exclusão e pobreza, Tomazi cita um autor do
século XIX, Joaquim Nabuco, que na obra O abolicionismo, propunha uma reflexão
crítica sobre a escravidão no Brasil:

(...) Quem pode dizer que a raça negra não tem o direito de protestar perante
o mundo e perante a história contra o procedimento do Brasil? (...) Tudo o
que significa luta do homem com a natureza, conquista do solo para a
habitação e cultura, estradas e edifícios, canaviais e cafézais, a casa do
senhor e a senzala, igrejas e escolas, alfândegas e correios, telégrafos e
caminhos de ferro, , academias e hospitais, tudo, absolutamente tudo que
existe no país como resultado do trabalho manual, como emprego de capital,
como acumulação de riqueza, não passa de uma doação gratuita da raça que
trabalha à que faz trabalhar. (NABUCO, apud TOMAZI, 2013, p. 113)

Diante dessas ponderações, o autor apela contra o preconceito e a


discriminação étnico-raciais e afirma que a as desigualdades sociais no Brasil só
podem ser compreendidas em sua dimensão histórica e cultural.
A questão é reportada para a unidade cinco (p.182), que estuda temas
relativos aos direitos, cidadania e movimentos sociais, com textos que refazem a
caminhada pelos direitos humanos desde a Revolução Francesa de 1789 aos dias
atuais. Sobre a problemática da pesquisa, no que diz respeito aos movimentos
sociais contemporâneos, o autor sugere que “o moderno movimento político dos
negros no Brasildesenvolveu-se a partir dos anos 1930” com a fundação da Frente
Negra Brasileira (FNB). “As bases de seu programa eram a defesa da integração do
negro na sociedade nacional e de classes e o combate à discriminação racial, à qual
se atribuía a pobreza da população afro descendente” (2013, p.225).
A partir da FNB surgiram outras entidades representativas dos movimentos
negros nas décadas de 1960 e de 1970. Tomazi cita o Movimento Negro Unificado
(MNU), fundado em 1978, a partir do qualoutras organizações priorizaram a luta
contra a discriminação racial, a inclusão social e a defesa de políticas públicas
especificas para os afrodescendentes:

Hoje, o movimento negro, com uma diversidade enorme de organizações,


defende, entre outras medidas, o desenvolvimento de políticas de
reconhecimento de diferenças raciais e culturais, de combate à discriminação,
de afirmação dos direitos civis e de ações afirmativas ou
compensatórias.(TOMAZI, 2013, p.126)

Na unidade seis (p.242),sobre cultura e ideologia, o assunto volta a ser


abordado no livro didático com ênfase para a contribuição dos povos africanos para
a formação do Brasil e do povo brasileiro. Para exemplificar, Tomazi menciona a
produção musical com ênfase para o lundu, a modinha, o choro, o maxixe, o samba,
o baião, o pagode, o reggae e o axé (2013, p.268).Com críticas à indústria cultural e
a sociedade de consumo o autor defende maior visibilidade para os movimentos
negros priorizando os elementos culturais que valorizem a sua etnia e promovam
sua inserção social e econômica.
3.1. ESTUDO DAS IMAGENS

O livro tem 362 imagens, incluindo fotografias, pinturas, charges, mapas,


sugestões de livros e filmes. 47 dessas imagens reproduzem cenas exibindo
pessoas negras como protagonistas ou coadjuvantes (páginas 10, 12, 22, 39, 46,
100, 104, 106, 107, 110, 112, 120, 123, 139, 148, 189, 195, 220, 221, 225, 239, 245,
251, 261, 268, 269, 272, 273, 281, 286, 312, 323, 332 e 357). Isso significa que 13%
das imagens do livro didático oferecem visibilidade ao debate étnico-racial.
As imagens foram utilizadas com vistas a contemplar todos os eixos temáticos
propostos pela edição com vistas a articulação de caminhos de interdisciplinaridade
com outras disciplinas da área das ciências humanas e sociais com ênfase para a
história, a filosofia, a geografia, a literatura, a economia e as artes de modo geral. Os
temas que concentram as imagens com teor étnico-racial podem ser encontrados
nos seguintes eicos: trabalho e sociedade; estrutura social e desigualdades; poder,
política e Estado; cultura e ideologia; cidadania e movimentos sociais; mudança
social e revolução.
A forma como as imagens foram distribuídas ao longo da obra promove a
reflexão sobre as questões étnico-raciais e a abertura de caminhos entre a
sociologia e outros campos de conhecimento, o que atende a exigência de
conteúdos interdisciplinares e transdisciplinares que possam servir como referencia
para o debate sobre assuntos relacionados ao preconceito e a discriminação étnico-
racial no ambiente escolar.
O que você tem a dizer sobre essa quantidade de 13% das imagens, você
acha muito inferior ao que deveria ser esperado? Outros temas dentro da sociologia
também precisam de imagens para os seus conteúdos, não? Fale um pouco a
respeito, lembre-se de manter a impessoalidade (Prof. Romário : foram
ascrentados dois parágrafos em atendimento a sua solicitação)

4. PESQUISA APLICADA COM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

“Parece brincadeira, mas é preconceito. ” Frase de aluna não identificada na


pesquisa
Durante o mês de julho do ano de 2015, realizou-se uma pesquisa
quantitativa e também qualitativa, pois propunha questões objetivas e abertas sobre
as relações étnico-raciais na escola, junto aos alunos de duas turmas de 3º ano do
Colégio Estadual Padre Chagas, na cidade de Guarapuava (PR).
Ao todo foram aplicados 67 questionários (modelo em “anexos”) para
estudantes com idade entre 16 e 18 anos, todos formandos no ensino médio.
Perguntados sobre “qual cor você se define”, as respostas foram: branco, 53;
pardo, 11 e preto, 3. Os estudantes negros representam uma minoria expressiva,
apenas 5% da comunidade pesquisada.
Na segunda questão, 62 entrevistados responderam que sim e apenas 5
assinalaram que não. É relevante a confirmação da prática de racismo no ambiente
escolar entre os estudantes do ensino médio. 93% concordam que essa prática tem
visibilidade nas relações do cotidiano escolar.
Na terceira questão 53 estudantes marcaram que sim e 14 afirmaram que não
presenciaram nenhum tipo de discriminação racial na escola. O percentual de 79%
de entrevistados que afirmam ter presenciado alguma atitude de racismo na escola é
um indicativo da necessidade de trabalhar essa temática com maior profundidade
com os jovens do ensino médio.
O questionário indica que as atitudes de preconceito e racismo partem:
Colegas da escola – 58 respostas afirmativas o que representa 83% da
responsabilidade pela prática de racismo no ambiente escolar. A pesquisa
demonstrou ainda que os professores com 13% de sinalizações e os funcionários
com 4% também estão implicados no debate sobre as relações étnico-raciais.
Entre as atitudes identificadas pelos estudantes nas questões abertas estão
apenas as atitudes tomadas pelos colegas da escola entre elas: “ excluíram do
grupo por causa da cor,jogaram a pasta escolar no vaso sanitário, chamaram o
colega de macaco e fizeram imitações do animal, chamaram de galo de macumba,
extrato de petróleo, preto, pixaim”, ações essas que são identificadas na pesquisa
como grosseria, “zoação” ou brincadeira de mau gosto. Como escreveu alguém:
“parece brincadeira, mas é preconceito”.
Apareceu também o uso de frases e ditos pejorativos tais como: “isso é coisa
de preto, só podia ser preto mesmo”, entre outras que demonstram a existência de
preconceito no âmbito das relações étnico-raciais no ambiente escolar. Isso se
reflete no seguintedesabafo: “os colegas insultam o aluno por ser negro, não precisa
falar nem fazer nada para os insultos começarem.”
84% dos jovens pesquisados afirmam que as aulas de sociologia contribuem
para ampliar o debate e as reflexões sobre a prática de racismo na escola. O índice
de 16% de respostas negativas sugere que é preciso ampliar os estudos desse tema
durante as aulas de sociologia.
GRÁFICOS 1 A 5: Dados que representam as respostas dos participantes da entrevista quanto a:
1) A cor dos entrevistados; 2) há racismo na escola?; 3) Você já presenciou algum tipo de
discriminação?; 4) De quem partiu a atitude?; 5) As aulas de sociologia contribuem para ampliar o
debate sobre o racismo?

Cor De quem partiu a atitude?


Branco Pardo Negro Colegas Professores Funcionários
5% 4%

16% 13%

79% 83%

Racismo na escola Presenciou ato de


discriminação na escola?
Sim Não
Sim Não
7%

21%

93% 79%

As aulas de sociologia contribuem para ampliar o


debate sobre o racismo?
Sim Não

16%

84%
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teórica permitiu compreender que a adolescência é o período em


que são lançadas as bases da identidade social dos indivíduos e que justamente por
isso torna-se um período imprescindível para a o debate da temática sobre as
relações étnico-raciais.
A análise sobre otratamento dado às questões étnico-raciais no livro didático
Sociologia para o ensino médio, de Nelson DacioTomazi, com 464 páginas,
impresso em São Paulo, pela Editora Saraiva, em 2013, em sua terceira edição,
possibilitou abordagens sobre cultura e ideologia,com ênfase para a contribuição
dos povos africanos para a formação do Brasil e do povo brasileiro. Trata também
de questões relativas aos direitos humanos, movimentos sociais e desigualdades
sociais. No que diz respeito ao uso de imagens a contribuição do livro didático é
expressiva para despertar o interesse dos jovens e reflexões sobre as relações
étnico-raciais.
O estudo quantitativo realizado por meio de questionário aplicado durante o
mês de julho do ano de 2015, propôs questões objetivas e abertas sobre as relações
étnico-raciais no ambiente escolar , junto aos alunos de duas turmas de 3º ano do
Colégio Estadual Padre Chagas, na cidade de Guarapuava (PR), permitiu observar
que os estudantes confirmam a existência de racismo no ambiente escolar, afirmam
ter presenciado práticas racistas dos colegas,em alguns casos até mesmo de
professores e mais raramente dos funcionários da escola.
Os estudantes com idade entre 16 e 18 anos, todos eles formandos no ensino
médio, expressaram a necessidade de realização de atividades escolares sobre a
temática étnico-racial como forma de promover a interação e a intervenção social a
partir do ambiente escolar. Ampliar esse debate na escola é permitir aos jovens do
ensino médio o acesso aos pressupostos da cidadania, bem como dos direitos
humanos e sociais.
REFERÊNCIAS ok

BAUMAN, Zygmuntd. Modernidade liquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. A leitura de livros didáticos: uma situação


negligenciada. Revista Linguagem em (Dis)curso,2008, vol.8, nª3,p.613-
640.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ld/v8n3/10.pdf. Acessado em 16 de
junho de 2015.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília - Senado


Federal, Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Leis de Diretrizes e Bases - Lei nº


9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação
Nacional. Brasília: MEC, 1996

BRASIL. Lei nº 10.639. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que


estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-
Brasileira", e dá outras providências, de 9 de janeiro de 2003. Brasília. 2003.

BRASIL.Lei nº 11.645.Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada


pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”., de 1 de
março de 2008. Brasília. 2008.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

MARÇAL, José Antonio e LIMA, Silvia Maria Amorin. Educação escolar das
relações étnico-raciais: historia e cultura afro-brasileira e indígena no Brasil. São
Paulo: Editora Saberes, 2005. Disponível em:
http://saobraz.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544302095/pages/5.
Acessado em 22 de julho de 2015.

PIZA, Edith. Adolescência e racismo: uma breve reflexão. Simpósio Internacional


do adolescente, maio, 2005. Disponível em
:http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000100022&s
cript=sci_arttext. Acessado em 22 de julho de 2015

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013
– 464p.

Vous aimerez peut-être aussi