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CURITIBA/PR
2015
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
CIRO NASCIMENTO GOMES
CURITIBA/PR
2015
FOLHA DE APROVAÇÃO
Orientador (A):
Examinadores:
A adolescência é a fase da vida que define a identidade social das pessoas e o tempo em
que são feitas as primeiras reflexões sobre classe, gênero e raça. Considerando-se a escola uma
instituição fundamental para o debate desses conceitos, e pensando-se na temática étnico-racial, fez-
se a presente pesquisa junto aos estudantes do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual
Padre Chagas, na cidade de Guarapuava (PR), com o objetivo de investigar as abordagens do livro
didático de sociologia e o posicionamento dos jovens sobre as questões étnico-raciais. Analisa-se
nesse estudo o tratamento dado às questões étnico-raciais no livro didático intitulado Sociologia para
o ensino médio, de autoria de Nelson Dacio Tomazi, com 464 páginas, impresso em São Paulo, pela
Editora Saraiva, em 2013, em sua terceira edição. Nesse estudo são contemplados eixos temáticos
que proporcionam a interdisciplinaridade com outras disciplinas da área das ciências humanas e
sociais, tais como: trabalho; estrutura social e desigualdades; poder, política e Estado; cultura e
ideologia; cidadania e movimentos sociais. A temática escolhida proporciona a abertura de caminhos
entre a sociologia e disciplinas afins com prioridade para o encaminhamento de debates com a
história, a filosofia, a geografia, a literatura, a economia e as artes de modo geral. O objetivo geral
desse artigo é possibilitar e ampliar o debate sobre as relações étnico-raciais no ambiente escolar,
considerando-se que a adolescência é justamente o momento em que pode ocorrer a separação, a
distinção e a consolidação do preconceito étnico-racial. As evidências da pesquisa aplicada sugerem
que há racismo no ambiente escolar entre os estudantes do ensino médio, principalmente nas
relações entre os jovens.
Torna-se importante esclarecer que não existe raça indígena, assim como
não há raça branca, negra ou superior. O que há é uma representação
social de raça que foi adotada estrategicamente emcertos momentos
históricos. (MARÇAL E LIMA, 2005, p.18)
Ela fez uma pesquisa sobre as relações raciais com pessoas de sua
convivência e percebeu que na infância há uma relação amistosa entre brancos e
negros: brincam juntos, fazem passeios e planos para o futuro. Apassagem para a
adolescência e a juventude assinala que há um afastamento porque ”desenvolvem-
se nos jovens brancos “os valores da branquidade, suposta superioridade,
neutralidade racial e esquecimento do outro” (é a mesma autora? Verificar o uso do
ibidem (IBIDEM, 2005, p.?). Segundo ela é partir da adolescência que passa-se a
ignorar a presença do outro:
(...) um espaço populado, mais social do que natural, por onde pessoas
brancas circulam, passeiam, vivem enfim, de onde pessoas brancas vêem
as outras e a si mesmas. Para preservar esse lugar social os jovens
brancos definem como seus locais como escolas particulares, clubes,
shopping centers, cinemas, etc.Um espaço onde os diferentes não têm
acesso. (PIZA, 2005,p.2) (Autor, Ano, p.?)
Nesse sentido, além de não fazer nada para aproximar o outro, são feitos
“esforços para manter a distancia do outro, o diferente, o estranho” (é o
mesmoautor? Verificar o uso do ibidem (IBIDEM, 2001, p.38), como se ao permitir
que o outro, no caso o negro, entrasse em espaços dos quais os bracnos haviam se
adonado, seus “proprietários” corressem não utilizar primeira pessoa no seu
trabalho, mantenha a impessoalidade; o risco de sofrer o que o autor chama da
“uma invasão de corpos estranhos” (IBIDEM, 2001, p.38).
Diante dessas evidências, o sociólogo francês Pierre Bourdieu explica que “a
escola se torna um lugar de imposição de princípios de dominação e ao mesmo
tempo um espaço de luta política contra todas as formas de dominação”
(BOURDIEU, 2003,p.11). Ele entende o preconceito racial como uma das mais
arbitrárias formas de discriminação social:
Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem
ver a impossibilidade de estudar por estudar. De estudar
descomprometidamente, como se misteriosamente, de repente, nada
tivéssemos que ver com o mundo, um lá fora e distante mundo, alheado de
nós e nós dele. (FREIRE, 2014, p.75)
Os livros didáticos, apesar das críticas ao seu uso, são tidos como recursos
fundamentais para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Ao
escrever sobre o assunto, Stella Maris Bortoni-Ricardo, condena a falta de leitura de
livros didáticos tanto pelos estudantes quanto pelos professores e explica que a
importância dessa ferramenta fez com que em 1985 fosse criado pelo Ministério da
Educação (MEC),o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Segundo ela, os
docentes devem lançar mão desse recurso e incentivar leituras de textos em sala de
aula, individualmente ou em grupo (BORTONI-RICARDO, 2008, p.613).
O livro didático de sociologia foiincluído no PNLDno ano de 2012. Nesse
estudo, propõe-se a realizar a análise do livro didático de Sociologia para o ensino
médio, utilizado pelosestudantes do ensino médio do Colégio Estadual Padre
Chagas
Analisa-se nesse estudo o tratamento dado às questões étnico-raciais no livro
didático Sociologia para o ensino médio, de Nelson Dacio Tomazi, com 464 páginas,
foi impresso em São Paulo, pela Editora Saraiva, em 2013, em sua terceira edição.O
livro é dividido em sete unidades, a saber:
(...) Quem pode dizer que a raça negra não tem o direito de protestar perante
o mundo e perante a história contra o procedimento do Brasil? (...) Tudo o
que significa luta do homem com a natureza, conquista do solo para a
habitação e cultura, estradas e edifícios, canaviais e cafézais, a casa do
senhor e a senzala, igrejas e escolas, alfândegas e correios, telégrafos e
caminhos de ferro, , academias e hospitais, tudo, absolutamente tudo que
existe no país como resultado do trabalho manual, como emprego de capital,
como acumulação de riqueza, não passa de uma doação gratuita da raça que
trabalha à que faz trabalhar. (NABUCO, apud TOMAZI, 2013, p. 113)
16% 13%
79% 83%
21%
93% 79%
16%
84%
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
MARÇAL, José Antonio e LIMA, Silvia Maria Amorin. Educação escolar das
relações étnico-raciais: historia e cultura afro-brasileira e indígena no Brasil. São
Paulo: Editora Saberes, 2005. Disponível em:
http://saobraz.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544302095/pages/5.
Acessado em 22 de julho de 2015.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013
– 464p.