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CURSO DE ODONTOLOGIA
GIOVANA XAVIER
CURITIBA
2019
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CURSO DE ODONTOLOGIA
GIOVANA XAVIER
CURITIBA
2019
RESUMO
In some situations, artificial communication channels between the pulp chamber and the periodontal
tissues are created, making the periradicular tissues susceptible to contamination, leading to the
formation of lesions and even tooth loss if the diagnosis and treatment of these defects are not well
conducted . These communications are called endodontic perforations, and their etiology is usually
associated with poorly conducted maneuvers and / or lack of knowledge and lack of skill of the
operator. The perforations were classified by numerous authors, the most common of which are
localization-based classifications, which may be supra, infra or normo-osseous. As for its sealing,
many non-specific materials were used, with the most recent being the indication of bioceramic
materials, such as MTA, Biodentine®, EndoSequence® and BioAggregate®, which have as main
characteristics their biocompatibility, low infiltration index promoting adequate sealing, besides the
capacity to induce tissue neoformation, crucial requirements for their choice. Objective: To address
the context in which perforations usually occur, as well as the most common forms of treatments
and materials used to seal these defects, with emphasis on the most recent. Final considerations:
Once the perforations occur, it is necessary to seal them with a suitable material, always paying
attention to the conditions in which they present themselves and seeking to intervene as early as
possible in order to obtain a good prognosis of the case.
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BioAggregate® e EndoSequence® (LANTZ E PERSSON, 1965; BIGGS; BENENATI; SABALA,
1998; KEISER; JOHNSON; TIPTON, 2000; RAFTER, 2002; IMURA et al., 1998; DAOUDI;
SAUNDERS, 2002; TANOMARU FILHO; FALEIROS; TANOMARU, 2002; RAFTER et al.,
2002; JUAREZ BROON et al., 2006; BALTO, 2004).
Assim sendo, o objetivo deste trabalho é, através de revisão de literatura, ressaltar aspectos
importantes relativos às perfurações, bem como os diversos tipos de materiais adotados para tratar o
defeito.
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REVISÃO DE LITERATURA
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é extenso e não selado imediatamente. A proximidade com o sulco gengival parece interferir no
prognóstico porque pode ocorrer uma migração do epitélio gengival em direção a perfuração com
consequente formação de bolsa periodontal, diferente daquelas distantes do sulco que possuem
melhor prognóstico por estarem circundadas por osso saudável (ALHADAINY, 1994; JEW et al.,
1982). Para Fuss e Trope (1996), o prognóstico é determinado pela predisposição ou presença de
infecção bacteriana no local da perfuração, o que geralmente se relaciona com o tempo decorrido
desde a perfuração até seu selamento, além de fatores como tamanho da perfuração e sua
localização no dente e em relação ao osso. Alguns autores relatam que a utilização de um material
não irritante, que sele a perfuração, limitará a inflamação do tecido de suporte. Já para outros, o
tamanho da perfuração e o tamanho do dente teriam significado clínico na predição de sucesso ou
falha do reparo da mesma (HIMEL; BRADY; WEIR, 1985).
O tratamento geralmente varia conforme a localização, tempo de exposição à contaminação
e tamanho do defeito. Sendo indicado, sempre que possível, o tratamento conservador via câmara
pulpar de modo a minimizar defeitos ósseos e problemas periodontais decorrentes de cirurgias, bem
como a exposição do paciente a um tratamento mais invasivo (ALHADAINY, 1994).
O tratamento não cirúrgico descrito por Nicholls (1962) baseia-se na descontaminação e
selamento da perfuração via câmara pulpar. Em relação ao terço médio e cervical, se a perfuração
for visível e com adequado acesso, recomenda-se a limpeza da região e em seguida o selamento
com IRM ou amálgama. No caso de perfurações contaminadas, utiliza-se medicação antisséptica
com hidróxido de cálcio entre as sessões. Já se tratando do terço apical, assim como a ocorrência de
falsos trajetos, o mesmo recomenda o selamento com guta percha e cimento endodôntico.
Já Frank (1973), recomenda o tratamento baseado na utilização de um material que possa
exercer o papel de uma barreira mineralizada, como o hidróxido de cálcio. Técnica esta que é
considerada muito útil nos casos de reabsorções perfurantes, perfurações apicais nas quais o
extravasamento de material é previsto, além de impossibilidade de acesso cirúrgico. No entanto,
existem dificuldades para assegurar a previsibilidade do tempo para formação da barreira ou a
qualidade da mesma.
Para Alhadainy (1996), essas perfurações podem ser reparadas de maneira não cirúrgica por
preenchimento convencional, técnica ortodôntica-endodôntica, como canal adicional, por
estimulação de calcificação ou apicificação da extremidade radicular. As perfurações do assoalho
da câmara pulpar podem ser preenchidas através da própria câmara pulpar, sendo que a maior
dificuldade com este método de reparo é a extrusão do material de preenchimento no espaço
periodontal. No entanto, a extrusão do material de reparo pode ser controlada pelo uso de matrizes,
como folha de índio, hidróxido de cálcio, discos de teflon, hidroxiapatita ou gesso de paris. A
abordagem cirúrgica é geralmente limitada aos defeitos que não são passíveis de outras
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modalidades de tratamento em decorrência principalmente da falta de visibilidade, dificuldade no
controle de hemorragia ou falha no tratamento conservador. Ressalta ainda, que grandes perfurações
na área de furca podem ser tratadas por bicuspidização, hemisecção ou amputação da raiz. As
perfurações cirurgicamente inacessíveis da porção média ou reabsorções internas ou externas
podem ser tratadas por rearranjo intencional, enquanto as perfurações apicais podem ser tratadas por
apicectomia.
Dessa forma, o tratamento apontado como mais coerente pela literatura para casos de lesões
supra-ósseas é a utilização de técnicas da dentística restauradora quando o defeito for supra-
gengival, e de tracionamento ortodôntico ou aumento de coroa clínica em casos de lesões
subgengivais. Já nos casos de perfurações infra-ósseas, muitos autores ressaltam os passos de
controle microbiano e vedamento da perfuração com material adequado, assim, a utilização prévia
de hidróxido de cálcio como substância bactericida e, após isto, o selamento definitivo com MTA
parece ser uma das técnicas mais aceitas e com melhores resultados atualmente, como demonstrado
nas figuras 1, 2, 3 e 4 (ALHADAINY, 1996; KEISER; JOHNSON; TIPTON, 2000; TANOMARU
FILHO; FALEIROS; TANOMARU, 2002; NASCIMENTO; MOURA; NETTO, 2009; HEGDE;
VARGHESE; MALHOTRA, 2017; ESTRELA et al., 2018).
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Figura 2 – Limpeza da região de perfuração.
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Figura 4 – Segunda etapa do tratamento da perfuração.
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Resultados positivos no selamento de perfurações de furca foram encontrados com a
utilização de EndoSequence® quando comparado ao MTA, além de resistência a compressão
semelhante (JEEVANI et al., 2014; WANG, 2015).
Ao comparar este material com o MTA, alguns autores observaram que o EndoSequence®
apresentou citotoxicidade mínima, concluindo não haver diferenças quanto a este quesito entre os
dois materiais, além de atividade antimicrobiana e antifúngica comparável a do MTA (DAMAS et
al., 2011; MA et al.,2011; CIASCA et al., 2012).
Ressalta-se ainda que sua porosidade é influenciada pelo pH do ambiente assim como o
MTA, podendo desta forma diminuir sua microdureza (WANG, 2015).
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3. AVALIAÇÃO DA BIOCOMPATIBILIDADE E CAPACIDADE DE SELAMENTO
DOS MATERIAIS
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QUADRO 1 – MATERIAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE PERFURAÇÕES
Material Propriedades a serem Modelo Amostra Tipo de teste Conclusões Estudo
avaliadas de (n) utilizado
Estudo
- ProRoot-MTA e - Biocompatibilidade - In - 48 -Análise - A maioria dos espécimes não Holland et al., 2001
Sealapex Vivo dentes histológica apresentou inflamação, além disso,
houve deposição de cemento sobre o
MTA
- ProRoot-MTA e - Selamento - In - 51 - Modelo de - Todos os materiais tiveram bons Weldon et al., 2002
Super-EBA Vitro dentes filtração de resultados no selamento das
fluídos perfurações
submetidos a uma
pressão de 20cm
H2O
- ProRoot-MTA e - Selamento - In - 46 - Infiltração de - As reparações feitas com MTA Daoudi; Saunders, 2002
Cimento Vitro dentes corante (tinta da vazaram significativamente menos que
ionômero de vidro índia) aquelas reparadas com vitrebond (p <
modificado por 0,001)
resina composta
- ProRoot-MTA - Selamento - In - 40 - Modelo - A diferença entre os dois materiais Ferris; Baumgartner, 2004
(Cinza e branco) Vitro dentes anaeróbio de não foi estatisticamente significativa (p
infiltração = 0,6787)
bacteriana
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secundário de pressão secundário, como One-Up. (Continuação)
SuperEBA ou fisiológica Bond ou Super-EBA. No entanto, com
One- Up Bond o passar do tempo, o selamento com
MTA sozinho ou com One-Up Bond
melhorou em comparação ao feito
somente com One-Up Bond ou com
selo de Super-EBA
- ProRoot-MTA e - Biocompatibilidade - In - - Cultivo celular - Os dois materiais apresentaram de Deus et al., 2005
Cimento de Vitro respostas semelhantes, sendo sua
Portland citotoxicidade evidente nas primeiras
horas, a qual diminuía gradualmente
com o tempo
- ProRoot- MTA - Selamento - In - 36 - Vazamento - Os dois materiais apresentaram de Deus et al., 2006
e Cimento de Vitro dentes bacteriano capacidade similar de selamento
Portland
- ProRoot-MTA, - Biocompatibilidade - In - 25 - Análise - De acordo com o estudo, os materiais Juárez Broon, 2006
MTA-Angelus e Vivo dentes histológica testados estimulam em algum grau a
Cimento Portland nova formação de cemento nos locais
branco (WPC) de perfuração em dentes de cães
- ProRoot-MTA - Biocompatibilidade - In - - Cultivo celular - Todos os materiais apresentaram Damas et al., 2011
MTA-Angelus, Vitro efeitos semelhantes
EndoSequence
Paste e Putty
- iRoot BP e - Biocompatibilidade - In - 36 - Cultivo celular - iRoot e MTA foram biocompatíveis e de Deus et al., 2012
ProRoot-MTA Vitro dentes não induziram efeito citotóxico crítico
(Continua)
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(Continuação)
- MTA, - Biocompatibilidade - In - - Cultivo celular MTA, EndoSequence e Ultra Blend Hirchman, 2012
Endosequence, Vitro Plus apresentaram resultados
Dycal e Ultra semelhantes, sendo que apenas o
Blend Plus Dycal demonstrou citotoxicidade
significativa quando comparado ao
grupo controle
- Biodentine, - Biocompatibilidade - In - - Cultivo celular - Biodentine causou efeito semelhante Zhou et al., 2013
ProRoot-MTA e Vitro ao MTA
CIV
- ProRoot-MTA e - Biocompatibilidade - In - - Cultivo celular - Os materiais apresentaram respostas Perard et al., 2013
Biodentine Vitro semelhantes nas linhagens testadas,
sendo ambos indicados para o uso
recomendado pelo fabricante
- ProRoot-MTA, - Biocompatibilidade - In - - Cultivo celular Os três materiais apresentaram efeitos Lee et al., 2014
Biodentine E Vitro na diferenciação de osteoblastos em
BioAggregate células tronco mesenquimais sugerindo
seu uso para preenchimento radicular
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- Biodentine,
ProRoot-MTA E - Biocompatibilidade - In -15 ratos -Análise Biodentine foi considerado Mori et al., 2014
Óxido de Zinco E Vivo histológica biocompatível
Eugenol
FONTE: Adaptado de MEIRELLES COGO et al., 2009.
Através da comparação por meio de um grupo de estudos, como demonstrado no quadro 1, é possível perceber vantagens dos materiais específicos em detrimento
dos materiais inespecíficos de reparo de perfuração, como demonstrado por Daoudi e Saunders (2002).
Sendo ainda possível perceber pontuações positivas em relação ao Biodentine quando sua biocompatibilidade foi comparada com a do MTA (padrão ouro para o
selamento), como apontado por alguns estudos conduzidos no ano de 2013, assim como na comparação da capacidade de selamento do EndoSequence e MTA
conduzido por Damas e colaboradores no ano de 2011, demonstrando a relevância do desenvolvimento de tais matérias (ZHOU et al., 2013; PERARD et al., 2013;
NOWICKA et al., 2013).
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CONSIDERÇÕES FINAIS
Dentro das limitações desta revisão de literatura, é possível chegar as seguintes conclusões:
Muitos fatores interferem no prognóstico, sendo que o mais contornável é relativo ao
tempo. Sendo assim, quanto mais rápido a perfuração for diagnosticada e tratada,
melhores são as chances de não ocorrer contaminação e do tecido responder
positivamente ao tratamento.
As perfurações de furca e região cervical são as de pior prognóstico devido a sua
proximidade com o epitélio gengival, o qual poderá migrar apicalmente levando a
formação de bolsa periodontal, tornando o tratamento ainda mais difícil e incômodo.
Muitos materiais foram relatados para a finalidade de selamento do defeito, sendo
mais recente a indicação de materiais biocerâmicos na maioria dos casos de
perfurações radiculares devido as suas propriedades biológicas e físicas.
Apesar da importância dos estudos que reproduzem biológica e fisicamente a ação
dos materiais utilizados para esta finalidade, é imprescindível que o operador tenha
conhecimentos adequados acerca da morfologia interna dos canais radiculares, bem
como de maneiras pelas quais poderá prevenir o acontecimento desta complicação,
seja durante a abertura, exploração, preparo ou obturação dos canais, já que a maior
parte delas apresenta etiologia iatrogênica.
Por fim, ressalta-se que a utilização do material biocerâmico constitui apenas uma
das etapas do tratamento, sendo as outras consideradas tão importantes quanto a de
vedamento.
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