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ASPECTOS NEGATIVOS DO
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO POLICIAL MILITAR:
UM ESTUDO SOBRE CASOS DE ADOECIMENTO NO BATALHÃO DE
CHOQUE NO ESTADO DO PARÁ
MARITUBA-PA
2019
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ASPECTOS NEGATIVOS DO
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO POLICIAL MILITAR:
UM ESTUDO SOBRE CASOS DE ADOECIMENTO NO BATALHÃO DE
CHOQUE NO ESTADO DO PARÁ
MARITUBA-PA
2019
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ASPECTOS NEGATIVOS DO
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO POLICIAL MILITAR:
UM ESTUDO SOBRE CASOS DE ADOECIMENTO NO BATALHÃO DE
CHOQUE NO ESTADO DO PARÁ
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Banca Examinadora
Orientador: _________________________________
Examinador(a):_______________________________
Examinador(a): ________________________________
Nota: ___________________
MARITUBA-PA
2019
5
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
(Buda)
(Buda)
8
RESUMO
Esta trabalho tem por o objetivo promover uma investigação das condições de precariedade
que policiais militares enfrentam ao trabalhar no Batalhão de Polícia de Choque da Polícia
Militar do Estado do Pará, com intuito de identificar os fatores que influenciam de maneira
negativa sobre o meio laboral ao qual estão submetidos. A remuneração, a carga horaria
excessiva e a ergonomia inadequada geram fatores de insatisfação e sofrimento policial
militar em relação ao seu desempenho profissional. A remuneração considerada insuficiente
gera um sentimento de subvalorização, e impele o policial a procurar outras formas de
complementar a renda familiar gerando com isso uma carga horaria de trabalho excessiva.
A ergonomia do serviço policial militar é outro fator gerador de sofrimento policial militar
no serviço, principalmente no que tange as dificuldades do exercício da função diante da
necessidade de utilização de equipamento e armamento especial menos letal, o que obriga o
policial militar a suportar grande desconforto físico. A carga horaria de trabalho não regulada
em lei somada as extensas horas de trabalho que extrapolam em muito a de servidores civis
do Estado e dos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho. Por fim
ressaltamos que os três fatores envolvidos na precarização do meio ambiente do trabalho, do
policial militar do Batalhão de Choque do Estado envolve resoluções administrativas
possíveis e que devem ser implementadas de forma equalizar os desvios verificados ou pelo
menos minimizar seus efeitos no ambiente laboral. levando-se em conta a adequação das
situações enfrentadas pelos homens que compõem a unidade incumbida se executar as ações
em terceiro esforço de policiamento em grave quebra da ordem publica.
Palavras-chave: Meio ambiente – Condições de trabalho - Clima organizacional –
Remuneração – Carga horaria- Ergonomia.
ABSTRACT
The objective of this work is to promote an investigation into the precarious conditions that
military police officers face when working in the Military Police Shock Police Battalion of
the State of Pará, in order to identify the factors that influence in a negative way the work
environment to which are submitted. Compensation, excessive overtime and inadequate
ergonomics generate factors of military police dissatisfaction and suffering in relation to
their professional performance. The remuneration considered insufficient generates a feeling
of undervaluation, and impels the police to look for other ways of complementing the family
income, generating with it an excessive work load. The ergonomics of the military police
service is another factor causing military police suffering in the service, especially as regards
the difficulties of the exercise of the function in view of the need to use less lethal equipment
and special weapons, which forces the military police to endure great discomfort physicist.
The working hours not regulated by law plus the long hours of work that go far beyond that
of civil servants of the State and workers governed by the Consolidation of Labor Laws.
Finally, we emphasize that the three factors involved in the precariousness of the work
environment of the State Shock Battalion military police officer involve possible
administrative resolutions that must be implemented in order to equalize the observed
deviations or at least minimize their effects on the work environment. taking into account
the adequacy of the situations faced by the men who make up the unit entrusted if they
execute the actions in third effort of policing in grave breach of the public order.
Keywords: Environment - Working conditions - Organizational climate -
Compensation - Time load - Ergonomics.
9
SUMÁRIO
1 Introdução 10
2 Revisão da literatura 14
2.1 O meio ambiente do trabalho 14
2.2 Condições do trabalho policial militar 15
2.3 A definição de policial militar 18
2.4 A precariedade e precarização do meio ambiente do trabalho 20
2.5 O histórico da precariedade do trabalho 21
3 Metodologia 24
4 O Batalhão de polícia de choque e o policiamento no Estado do Pará 25
4.1 Índices de qualidade de vida e saúde do policial militar 27
4.2 Fatores para a precarização do meio ambiente do trabalho policial militar 31
4.3 A remuneração, o complemento de renda e a redução da vida. 32
5 O Batalhão de Polícia de Choque e a jornada de trabalho 35
6 Conclusão 45
Referencias 48
10
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como escopo as condições de empregabilidade do Batalhão
de Choque da Policia Militar do Pará na condição de 3º esforço1 de policiamento e de que
forma essa unidade tem seu trabalho ordinário e extraordinário executado precariamente em
relação as condições de trabalho com foco na identificação do sofrimento policial na saúde
desses trabalhadores, bem como na sua jornada de trabalho e outros fatores decorrentes do
seu exercício policial.
Nesse sentido a pesquisa visa demonstrar os pontos decisivos que contribuem para
a decadência da saúde do policial miliar em decorrência das condições inadequadas de
desenvolvimento do seu trabalho
O conceito do trabalho policial militar será abordado com base nas definições do
labor em geral. Tal como é desenvolvido em corporações privadas ou em entes públicos nos
quais o meio ambiente de trabalho, a precariedade de condições e o animus do colaborador
tem máxima importância na própria execução do esforço em sua função.
Neste diapasão abordamos a influência negativa da estrutura administrativa e
operacional que envolve os executores do serviço no que tange a utilização de fardamento,
equipamento e armamento especializado, e a própria tipologia das doenças contraídas é outro
ponto importante para uma análise mais solida do que o exercício laboral interfere na sua
própria saúde.
E de grande importância que se possa analisar as condições de trabalho dos policias
do Batalhão de Choque e suas condições do meio ambiente do trabalho a qual estão inseridos.
1
DIRETRIZ GERAL DE EMPREGO OPERACIONAL DA POLÍCIA MILITAR DO PARÁ Nº 001/2014
DGOp/PMPA, p.40; https://www.pm.pa.gov.br/sites/default/files/files/pdf/diretriz_geral_para_emprego_operacional.pdf
acesso em 20 mar 2019
11
onde o contato com o cidadão se dá de forma mais ampla e próxima firmando com isso um
relacionamento de confiança mutua. O 2º esforço é executado por unidades de recobrimento
tático do Comando de Missões Especiais e de Comandos de Policiamento Regional em
suporte ao efetivo de 1º esforço de policiamento. Todavia o emprego operacional do Choque,
3º esforço, se da toda vez que a quebra da ordem publica ocorra em nível máximo. Não
havendo outra forma para que tranquilidade publica seja restabelecida nos casos de
interdição de vias públicas ou casos de desordem de grupos de baderneiros. A grave
perturbação da ordem que extrapola as condições táticas e operacionais do segundo esforço,
o efetivo do Batalhão de Polícia de Choque é acionado para restabelecimento do equilíbrio
social.
Durante o emprego operacional do 3º esforço o policial militar do choque e
obrigado a empreender um esforço físico diferente daquele policial integrante do 1º esforço,
em virtude de sua atividade especializada o policial de choque deve “utilizar meios de defesa
e ofensivos únicos e perigosos como equipamentos pesados de proteção individual com
resistência balística e contra choques mecânicos, bem como as tecnologias de baixa
letalidade que compreendem os agressivos químicos (gás lacrimogênio e spray de pimenta),
explosivos (granadas com ou sem agressivo químico) e munições de impactos controlados
(borracha) (Silva, 2016)”. Isso proporciona estresse, desconforto e consequente sofrimento
policial o que precariza o meio ambiente de trabalho desse agente de segurança pública.
Os fundamentos da sociedade atual brasileira alicerçada na democracia e no Estado
de direito assegura, ao menos formalmente, o livre exercício da manifestação, do
pensamento e ainda prevê diversas garantias fundamentais. A adoção de tratados e
convenções internacionais pelo Brasil, além das medidas propostas pela Organização
mundial do trabalho (OIT) e a Organização mundial da saúde (OMS) tem contribuído para
a melhora no quadro relacionado ao tratamento jurídico conferido a problemática do meio
ambiente do trabalho no Brasil, verifica-se ainda uma legislação difusa e esparsa nessa área,
fato que, muitas vezes dificulta a sua aplicabilidade. Todavia a própria constituição brasileira
já confirma a saúde, higiene e segurança como direito fundamental e a incentiva a necessária
amplitude desse conceito. A pronta resposta do sistema protetivo constitucional e jurídico as
degradações e desrespeitos ao meio ambiente do trabalho já demostram a sua importância
como direito fundamental inalienável ao cidadão trabalhador restando este, regularmente
empregado ou não, fazer jus ao direito fundamental preceituado que não pode se afastar da
coletividade e ser proteção à apenas uma classe de empregado do mercado formal. Neste
12
e a cultura organizacional dos policiais militares do Estado do Pará e sua implicação nas
condições da precariedade do trabalho com reflexo no Batalhão de Polícia de Choque, b)
Definir o conceito de precariedade e precarização do trabalho e sua aplicação ao agente
público policial militar e c) Demonstrar as condições de meio ambiente do trabalho a que
estão submetidos os policiais militares no Batalhão de polícia de Choque do Estado do Pará.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
Segundo Padilha (2011), é o local onde o indivíduo exerce sua profissão, passando
grande parte de sua vida produtiva e dali retirando seu sustento pelo exercício de sua
atividade laborativa, esse conceito se expande para atingir a proteção à saúde do trabalhador
bem como sua segurança, inclusive contra a degradação e poluição gerada nesse local.
Para Silva (2008), a palavra trabalho tem sua etimologia de origem latina e deriva
da palavra tripalium, que significava a junção de três paus que eram utilizados para punir
equinos que não se deixavam ser ferrados pelo ferreiro, assim, infere-se que se origina o
trabalho de uma noção de punição ou mesmo tortura já que o termo tripaliare (ou trabalhar)
significava torturar com o tripalium. Outros autores defendem a origem na palavra latina
trabaculum, a qual teria quase o mesmo significado punitivo. E, há ainda autores que
apontam o significa da palavra labor na Europa como provindo etimologicamente do latim
e do inglês labor, do grego ponos, do alemão arbeit – significando dor e esforço e também
são usadas para indicar as dores do parto.
Já para Silva (2003) o meio ambiente do trabalho significa todo um complexo de
direitos tutelados subjetivos e privados, e, ainda, o direito à saúde e à integridade física dos
trabalhadores e de quem frequenta todo um complexo de bens móveis de uma empresa e da
sociedade. Para Mancuso (2002) o meio ambiente do trabalho corresponde ao habitat
laboral, ou seja, todos os pormenores que o circundam e o influenciam, referindo-se ainda
ao local de onde provém seu sustento e sobrevivência, tudo isso em equilíbrio com o
ecossistema.
O direito ao saudável meio ambiente do trabalho tornou-se tão importante que foi
alçado à condição de direito fundamental, contido como previsão cogente na lei maior
brasileira, dessa forma, está positivado no artigo 200, inciso VIII, disciplinando o Sistema
Único de Saúde, afirmando que se deve colaborar com o meio ambiente, nele compreendido
o do trabalho (BRASIL, 1988)
15
seja, sem a companhia de outro policial, e durante sua escola de formação aprendem técnicas
voltadas para sua atividade profissional e não para quando não estão em atividade, conforme
os gráficos 01 e 02.
A possibilidade do ataque que o policial militar pode sofrer tem relação com a sua
condição periférica e sócio econômica decorrente da defasagem da margem de remuneração
a qual está submetido. As condições do meio ambiente a que esta submetido são fruto de
fatores variados que incluem sua própria origem e meio de formação social. Morar na
periferia por conta dos baixos salários aumenta as possibilidades do sinistro uma vez que o
próprio lazer e exercido dentro de locais de risco, é claro que essa visão generalista guarda
suas exceções. Todavia a grande maioria esta vinculada a relações construídas ao longo de
uma vida social.
17
não se diferencia ontologicamente de nenhum outro agente público, pois, todos pertencem
ao Estado burocrático (WEBER, 1982).
A graduação das praças inicia com soldado, como já bem externado alhures, e
continua na seguinte hierarquia crescente: cabo, 3º sargento, 2º sargento, 1º sargento e
subtenente.
A carreira dos oficiais, em regra inicia no posto de 2º Tenente seguindo-se em 1º
Tenente, Capitão, Major, Tenente Coronel e Coronel2. A Polícia Militar paraense possui
cerca de dezesseis mil integrantes, destes apenas mil e quinhentos são oficiais, os quais
dentro da instituição se comportam como uma aristocracia, uma vez que em suas rotinas
externam uma superioridade e entendem que suas atitudes e atos sempre estão corretos,
partindo da premissa que os controlados (praças da instituição) estão sempre trabalhando de
forma incorreta ou inadequada, assemelhando-se às instituições totais (GOFFMAN, 2001).
2
Último posto da corporação policia militar em todo Brasil, em razão do Decreto-lei nº 667/69 que foi
recepcionado pela constituição de 1988 e continua em vigor (BRASIL, 1969).
21
3
Welfare State foi o termo encontrado para se definir o Estado de bem-estar social, Estado-providência ou Estado social
que é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado como agente da promoção (protetor e defensor)
social e organizador da economia.
22
execução do serviço, que norteado por uma sociedade burguesa não oferecia condições
suficientes para o exercício do trabalho, a falta de condições jurídicas e sociais para o bom
desempenho da função gerava um desacordo interno ao trabalhador influenciando na sua
produção individual e na sua própria força de trabalho. Historicamente a burguesia sempre
teve acesso ao poder político e ao capital, utilizando isso como forma de opressão e para a
precarização das condições do meio
Segundo Silva, 2016 outro ponto fulcral se situa no surgimento da tentativa de
aplicar na prática a construção do termo “flexibilização do trabalho”. O Estado
administração ou político modifica-se de interventor na sua formatação de bem estar social,
em tese, defensor das classes oprimidas para uma roupagem sócio metabólica estranhada, e
passa a determinar, já sob a ótica neoliberal, uma precarização mais aguda e proeminente
sob o termo semanticamente mais leve e degustável da flexibilização.
Vemos então que uma nova pratica empresarial que começa a se consolidar no
mercado de trabalho, o Dumping Social, que tem suas origens na área empresarial baseada
em concorrência desleal e que utiliza formas de subjugar a concorrência com praticas ilegais
pelas empresas, tais como o uso de preços muito abaixo do custo do serviço ou do produto
comercializado, com a finalidade precípua de eliminar a concorrência.
Dumping Social passa a ser verificado quando as corporações se distanciam dos
objetivos de cumprir as normas já estabelecidas nas áreas trabalhistas, de medicina e
segurança do trabalho e pela ofensa a direitos individuais e trabalhistas adquirido. Ocorre
que o aumento do lucro passa a ser o objetivo a partir da redução de direitos anteriores
adquiridos pelos trabalhadores. Ocorre que Empresas e empresários que cumprem
regiamente suas obrigações ficam a margem dessas práticas estabelecidas por outras
empresas, uma vez que eles cumprem a função social do empreendimento. Assim, como
houve essa renovação das formas de prestar os serviços e dos prestadores, a legislação rígida
acabou tendo que se adequar a essas mudanças para dar espaço a essas novas relações. Ou
seja, passou-se a uma flexibilização das normas existentes para que outros conceitos fossem
também abarcados pela ótica trabalhista. Dessa maneira a reforma trabalhista de 2017
regulariza algumas práticas que compõem uma situação de Dumping relativizando práticas
anteriormente tidas como lesivas ao trabalhador. Nota-se, então, que tanto o dumping social
quanto as demais formas de precarização das relações de trabalho não são consideradas
formas legais de flexibilização dos direitos, uma vez que não visam preservar qualquer
garantia do trabalhador, mas tão somente reduzi-las a ponto de prejudicar, tudo em nome de
23
um interesse próprio. Quantum debeatur” pode ser mensurado de maneira objetiva com base
nos seguintes critérios: quantidade de trabalhadores cujos direitos trabalhistas foram
violados, porte econômico da empresa e reincidência em caso de condenação anterior.
Segundo Ferreira; Rodrigues (2014) autorizar empresas a flexibilizarem ou
desrespeitarem direitos trabalhistas alcançados por meio de muita luta ao longo dos anos é
um retrocesso jurídico e social, pois se traduz em incentivar injustiças e práticas
incompatíveis com a ideologia de Estado social e democrático de direito, que defende a
observância obrigatória dos direitos sociais, visando melhorar a qualidade de vida dos
cidadãos e concretizar o direito à igualdade.
Visando à obtenção de lucros e a eliminação da concorrência de modo mais rápido,
muitas empresas e indústrias optam por transferir suas linhas de produção para países com
baixo custo de mão de obra e cujos direitos trabalhistas são ínfimos, permitindo uma alta
produtividade a troco de desprezível gasto para o desenvolvimento. A referida transferência
é vista muitas vezes em países asiáticos, subdesenvolvidos, onde há grande oferta de mão de
obra que não possui especialização, o que faz com que se submetam a péssimas condições
de trabalho, pois como não possuem especialização em nenhuma área, o que resta é
conseguir os empregos ofertados a trabalhadores sem estudo, razão pela qual são contratados
a baixos preços. Com isso, entende-se pela necessidade de conscientização de trabalhadores
sobre seus direitos, para que não sejam iludidos com falsas promessas nem aceitem
supressão de direitos básicos que decorrem da relação. Outrossim, também é necessária uma
maior atuação das empresas, para que em parceria ajudem no combate a essa precarização,
evitando condutas desleais de outras indústrias. Além disso, há que se promover uma maior
fiscalização das relações às quais se submetem os empregados, pois muitas vezes só aceitam
as condições impostas por receio de perderem o emprego, sua principal fonte de subsistência.
Com o advento da intensificação da globalização observou-se o recrudescimento de
um processo de cooperação complexa do capital, impulsionando na atualidade o
entendimento de que a precarização seria apenas um fator residual do procedimento toyotista
vigorosamente empregado (CASTELLS, 2000).
24
3 METODOLOGIA
4
Foi retirado do site: <http://www.pm.pa.gov.br/sites/default/files/files/diretriz_geral_para_emprego_operacional.pdf>. O acesso
ocorreu em: 25 de julho de 2014.
26
Pedrada 40,16
Impropério 18,85
Líquido Inflamável 15,57
Agressão Sofrida
Tiro 11,48
Tapa 4,92
Soco 4,10
Facada 1,64
Nenhuma agressão 1,64
Agressão verbal 0,82
Outros 0,82
Percentual
Fonte: Pesquisa de campo. (Silva, 2016)
Dor na Coluna 25
Fadiga 18,75
Doenças Contraídas no
Lesões Musculares 15
Dor na Cabeça 15
Trabalho
Dengue 4,375
Perda de Audição 2,5
Estresse Grave 2,5
Dermatite Alérgica 1,875
Hipertensão Arterial 1,875
Nunca sofreu 2,5
0 5 10 15 20 25
Percentual
Observamos no dia a dia das unidades que o uso do álcool aparece das formas mais
variadas e disfarçadas como a preparação de aniversários individuais ou coletivos, e
também nos locais campestres das associações. Fora as situações ocorridas como uso de
30
bebida alcoólica nos momentos de folga, não sendo necessário uma data comemorativa,
porem o simples momento de fuga dos problemas já se justifica para o uso da substância
alcoólica.
Figura 3: Percentual de militares estaduais do batalhão de Polícia de Choque, no período de 5 a 8 de Janeiro de
2016, por tipo de substância química.
Por fim verificamos que a angustia com o ambiente de trabalho se reflete muito nas
características pessoais de cada individuo o que pode acarretar em uma acentuação de
características depressivas que podem resultar em pensamentos suicidas, tais fatores se
refletem conforme gráfico abaixo em um percentual alto dentro do universo do efetivo que
compõem o Batalhão de Choque da PMPA, o percentual em numero absoluto chega a 30
homens o que é exatamente a fração de um pelotão do Batalhão, o que nos parece um número
muito alto e que deveria acender o sinal de alerta da gestão da instituição.
Observamos que problemas familiares e a falta de um regramento financeiro são
fatores desencadeadores desse tipo de ação, a potencialização desses fatos por uso de álcool
e drogas geram um quadro nocivo a saúde do policial militar em geral. Em caso especifico
o policial de choque tem uma disciplina muito mais elevada que o policial de unidade de
área. A forma de tropa aquartelada confina o homem a várias horas de expectativa de
empenho operacional, mantendo um ambiente tencionado que pode resultar em emprego
operacional ou não ao término do serviço.
Em virtude da escala de serviço sobrecarregada, o que acarreta vários períodos de
ausência, o que também são causados pelos horários de execução de serviços extras que
complementam o orçamento familiar. Dessa forma a estrutura familiar pode se desagregar
levando a instabilidade emocional o que prejudica o serviço do policial e as suas relações
profissionais, desencadeando o pensamento suicida como única resposta possível para seus
31
problemas.
Na mesma direção temos o caos financeiro que influencia na relação pessoal e
social trazendo instabilidade a família, somado a isso a cobrança do meio social onde o
policial está inserido, que vai cobrar determinadas posturas que so acarretam mais estresse
ao policial em seu próprio meio de trabalho. Dessa forma a figura nos mostra que em
números absolutos o percentual de 13,46% representa um total de quase 30 policias que já
pensaram em tirar a própria vida. É um número preocupante.
Figura 4: Percentual de Militares Estaduais do Batalhão de Polícia de Choque, no Período de 5 a 8 de janeiro
de 2016, por Pensamento de Suicídio.
É fato que a questão salarial que envolve o serviço público é de todo um dos fatores
que mais geram insatisfação, entretanto o reflexo da baixa remuneração dentro do serviço
policial militar alcança índices extremos, uma vez que, na atividade policial enfrenta riscos
estremados o que leva o policial militar a questionar de forma mais intensa o valor da sua
própria remuneração. Vamos entender que ao arriscar a própria vida o policial questiona
qual o valor necessário, ou melhor o justo valor que desse risco decorre. Quanto vale a vida
do policial?
Para Kovács (1992, p.14) nenhum ser humano esta livre do medo da morte, e todos
os medos que temos estão, de alguma forma, relacionados a ele. Neste sentido o policial
militar tem por atividade o confronto diário onde essa possibilidade acarreta uma serie de
questionamentos em relação a forma de como isso ocorre na vida do policial militar, sujeito
que diante do seu exercício profissional recebe a incumbência de proteger e até matar se for
o caso durante o seu mister.
Dessa forma a figura a baixo demonstra a percepção do policial quanto a sua
remuneração percebida e se está adequada com sua margem de ideal de ganhos baseada em
critérios pessoais ao se levar em conta a própria percepção do risco a qual está sujeito.
Demonstra uma percepção coerente dentro do posicionamento econômico
financeiro da classe policial onde a faixa salarial considerada ideal pela maioria dos
entrevistados esta dentro da margem aceitável para trabalhadores que desenvolvem trabalho
especializado no mercado de trabalho no Brasil. Chama atenção a faixa percentual em que
os valores extremos, que transparece um conflito de baixa auto estima profissional com a
mesma taxa percentual para aqueles que supervalorizam o trabalho pessoal.
Isso demonstra que a faixa salarial reflete a própria imagem que o policial tem de
sua posição dentro da sua força de trabalho no mercado, demonstrando que no mesmo
percentual policiais militares se vem sub-remunerados, e que assim deve ser, como também
se supervalorizavam, em função de sua profissão pois assim interpretam sua própria posição
de importância na sociedade.
33
70,00 60,37
60,00
Percentual
50,00
40,00
30,00 24,53
20,00
10,00 7,55 7,55
0,00
3a5 6a8 9 a 11 12 a 13
Remuneração Ideal (em salários mínimos)
Fonte: Pesquisa de campo. (Silva, 2016)
Observamos ainda que a maior parte dos policias se considera mal remunerado e
com expectativa de perceber uma faixa maior de remuneração salarial. Idealizada entre seis
a oito salários mínimos, a faixa salarial pretendida poderia proporcionar uma maior
dignidade a vida do policial. Desse pensamento compartilham a maior parte dos
entrevistados. Observamos que apesar dos riscos da profissão o valor pretendido fica dentro
de uma faixa salarial comum aos cargos de nível técnico com experiência de mercado.
Outra questão envolve a reificação, durante vários anos modelos industriais como
fordismo e o taylorismo geraram ideias de produção em massa. Mas contemporaneamente a
introdução do Toyotismo, forma de geração de produtos que utiliza a terceirização de mão-
de-obra, fez com que determinadas empresas ou equipes montem somente parte, do todo, de
um produto. Na fabricação de um automóvel Toyota determinada empresa cuida somente do
estofamento, outra empresa terceirizada somente do sistema de freios e pastilhas e uma
terceira somente do câmbio de transmissão. Dessa forma cada equipe só sabe da sua devida
especificação. Não tendo dimensão do valor do produto que está contribuindo. A Toyota tem
um produto formado por vários subprodutos.
Assim o policial militar está sendo condicionado a manter a utilização da sua força
de trabalho na execução única do serviço diário, não tomando consciência da sua própria
importância no todo o serviço prestado a uma comunidade fazendo com que ele não perceba
a própria importância enquanto agente de segurança pública, como mantenedor da paz social
naquela comunidade.
34
A tabela abaixo demonstra que para complementa a sua renda o policial militar
vende sua força de trabalho e seu conhecimento técnico em varias opções de trabalho, onde
se sobressai a venda de conhecimento técnico em ações de segurança, técnicas operacionais
que adquiridas com a profissão após admissão por concurso publico e que ficam disponíveis
como conhecimento e técnica pessoais o que possibilita a sua negociação a terceiros em prol
de remuneração que contribua na sua renda pessoal e familiar. A tabela demonstrativa mostra
a relação quantitativa dos entrevistados.
Essa falta de identificação com a própria objetividade da sua mão-de-obra, faz com
que o policial militar emprega seus conhecimentos de forma mercantil, buscando com isso
o complemento da renda que, conscientemente, sabe estar defasado para seus próprios
padrões. Assim vemos que a situação do trabalho extra informal entre parênteses bico é uma
forma recorrente de complementação de renda. Entretanto a busca da complementação de
renda aumenta o risco de segurança pessoal do policial o que reflete na instabilidade
emocional e social. Dessa forma ainda que o serviço seja clandestino o policial se arriscar
tentando aumentar seus ganhos.
Dessa forma a busca de serviço complementar, não amparado por lei e clandestino,
gera no emocional do policial militar, na sua psiquê, a sensação de estar por fora dos fatos,
uma vez que o ciclo donoso que envolve a jornada operacional policial, mais a carga horária
de serviço clandestino e a falta de descanso necessário ao retorno ao serviço operacional
geram uma estafa que aumenta a precarização do próprio meio ambiente do trabalho do
policial.
35
tabela 2: Número de atestados médicos e porcentagens apresentados por policias militares do batalhão de
polícia de choque nos anos de 2012 a 2015.
Ano e Porcentagem
Meses
2012 % 2013 % 2014 % 2015 %
Janeiro 21 14,41 23 17,04 17 16,93 20 14,08
Fevereiro 8 5,08 7 5,18 6 6,45 9 6,34
Março 9 9,32 9 6,67 11 7,26 12 8,45
Abril 7 11,02 9 6,67 13 5,65 11 7,75
Maio 11 7,63 13 9,63 9 8,87 14 9,86
Junho 7 2,54 9 6,67 3 5,65 5 3,52
Julho 11 6,78 9 6,67 8 8,87 11 7,75
Agosto 12 9,32 11 8,15 11 9,68 12 8,45
Setembro 10 8,47 13 9,63 10 8,06 13 9,15
Outubro 18 14,41 23 17,04 17 14,52 22 15,49
Novembro 6 6,78 7 5,18 8 4,83 9 6,34
Dezembro 4 4,24 2 1,47 5 3,23 4 2,82
Total 124 100 135 100 118 100 142 100
Fonte: Pesquisa de campo. (Silva, 2016)
alcançados para a prestação de um serviço de maior qualidade visando atender o cliente final
que é a população.
O atendimento de demandas muito variadas é uma rotina no dia a dia da corporação,
uma vez que, a polícia militar por ser administrativa gerencia na maior parte das suas
atividades conflitos sociais e em menor nível os conflitos criminais. Temos como exemplo
brigas onde existe violência doméstica que são em sua maioria geradas após o
desentendimento entre parentes consanguíneos ou afins. Por conta desses fatores a agressão
ocorre entre pessoas da mesma familiar ou entre esses e pessoas próximas como vizinhos.
Outro fator que precariza o meio ambiente de trabalho policial militar, a relação
com a própria disponibilidade temporal, uma vez que o policial é submetido em relação ao
estado a uma discricionariedade danosa. Missões são determinadas em qualquer parte do
território estadual e podem acontecer a qualquer momento independentemente de aviso
prévio, com isso o policial mesmo na sua folga deverá ser acionado pelo seu comandante
utilizando qualquer um dos meios disponíveis na atualidade, ou seja, através de telefone
celular pessoal aplicativos de mensagem e-mails e etc...
Diante desses fatores observa-se que a remuneração ainda que injusta é
complementada com o sacrifício do próprio policial, mediante seu próprio esforço físico,
ocasionando uma sobrecarga de serviços contribuindo para que o meio ambiente de trabalho
deste policial fique fragilizado, fadigado.
A sobrecarga de trabalho, já analisada anteriormente, trás uma consequência ímpar
na transformação da visão do caráter empreendedor de alguns policiais. As corporações de
marketing multinível tem aparecido como uma das opções a complementação de renda
familiar, entretanto como todo empreendimento essas ações devem ser cercadas de cuidados
uma vez que podem ser fator gerador de dissabores financeiros e sócio familiar. Em alguns
casos o empreendimento não é bem gerenciado e pode acarretar situações tensas de prejuízo
e desentendimento interno da família e de relações societárias. O que deveria ser uma
solução pode acabar se tornando fonte de novos prejuízos.
Dessa forma a busca de remuneração é sempre um fator tencionado na vida do
policial militar.
Verificamos que o bico também pode gerar dissabores trabalhistas não apenas para
os tomadores de serviço, mas também para aqueles que agem como coordenadores e chefes
de equipe desses serviços clandestinos. Tanto no âmbito administrativos quanto no criminal,
podendo ser responsabilizados por atos e ações que agridam a normatização do legal do pais.
37
Sentimento Percentual
Honra 20,52
Tristeza 11,11
Angústia 9,4
Esgotamento Físico 8,55
Prazer 8,55
Boa Autoestima 7,68
Felicidade 5,13
Esgotamento Emocional 5,13
Baixa estima 5,13
Alegria 3,42
Realização 3,42
Irritado 3,42
Otimista 2,56
Deprimido 1,71
Infelicidade 1,71
Isolado 1,71
Orgulho 0,85
Total 100
a) Horários flexíveis são aqueles que permitem aos policiais de um serviço gerir
os seus tempos de trabalho, escolhendo as horas de entrada e de saída. Isso
ocorre no policiamento Ordinário em Destacamentos policiais militares.
Todavia essa modalidade segue regras fixas, uma vez que a flexibilidade não
pode afetar o regular e eficaz funcionamento dos serviços, especialmente no que
respeita às relações com o público; também não deve ter duração inferior a
quatro horas, para cada um dos períodos fixos pela manha e a tarde.
b) Horários defasados são aqueles que, embora mantendo inalterado o período
normal de trabalho diário, permitem estabelecer, serviço a serviço, ou para
40
74
80,00
70,00
60,00
Percentual
50,00
40,00
30,00 24
20,00
10,00 2
0,00
Insuficiente Adequada Excessiva
Avaliação da carga horária
Fonte: Pesquisa de campo. (Silva, 2016)
A não previsão de carga horária para a execução do labor policial militar caracteriza
diafanamente a precariedade do trabalho desses agentes públicos, sua utilização fica ao
alvedrio da discricionariedade do gestor público militar, suas horas extenuantes, por vezes
sem controle e sem a devida remuneração apresentam semelhança com a definição de
trabalho escravo contemporâneo, assim, infere-se que a submissão a jornadas exaustivas e
sem sua devida remuneração são características do trabalho escravo (CONFORTI, 2014).
Para Minayo, Assis e Oliveira (2011) essa longa jornada de trabalho dos policiais
militares e o excesso de permanência no serviço são fatores que contribuem para o maior
desgaste físico e mental, diferenciando das demais categorias profissionais e da população
em geral, principalmente em relação aos estudos sobre saúde ocupacional. E dentre o efetivo
policial, esses autores apontam que o policial operacional está muito mais suscetível aos
riscos e agravos laborais, contudo, ainda não há uma atenção por parte da corporação para
os cuidados de saúde e psíquicos necessários a esses indivíduos.
A Tabela 3 permite também uma análise do ambiente de trabalho policial, do local
onde suas atividades são cotidianamente desenvolvidas. Conforme descrito, as atividades
catalogadas são: reforço de policiamento, revista em casas penais, mandado judicial e praça
desportiva, no entanto, não contabiliza as atividades internas no Batalhão como os
treinamentos, que não são considerados na estatística oficial da unidade.
Já Souza e Reis, (2012) ao analisarem os efeitos da cultura policial militar do Pará
e suas repercussões físicas apontam que a rotina de trabalho desenvolvida em ambiente de
conflitos e violências favorece que estes indivíduos desenvolvam condutas também baseadas
na prática de violência, agressões e morte, o que gera em seu corpo um estado de fadiga,
42
A ergonomia, para Vasconcelos (2007), pode ser conceituada como uma relação
entre o trabalhador humano e seu labor envolvendo todo equipamento e meio ambiente, com
fim de melhorar o seu bem estar ao considerar necessária uma somatória multidisciplinar de
conhecimentos de psicologia, anatomia e fisiologia. Destarte, tenciona diminuir o sofrimento
do trabalhador ao exercer sua atividade. A etimologia de ergonomia advém do termo grego
ergo (que significa trabalho) e nomos (que significa regras, leis naturais).
Os policiais do Batalhão de Choque no exercício de suas atividades laborais
utilizam a estrutura física da unidade quando não estão desenvolvendo operações,
permanecendo na situação de pronto emprego nas 30 (trinta) horas consecutivas de labor.
Nessa estrutura se inclui as condições de alojamento, auditório, refeitório, sanitárias e
elétricas. Tem-se ainda o uso frequente dos equipamentos de proteção individual (EPI) que
agrega sofrimento decorrente de seu peso e desconforto.
Por essas hipóteses, e ainda no intuito de mensurar a qualidade dos equipamentos de
proteção individual foi questionado aos policiais de choque pesquisados quanto ao conforto
e ainda acerca da avaliação da estrutura do seu local de trabalho. A Figura 8 apresenta o
percentual de militares estaduais do Batalhão de Polícia de Choque, no período de 5 a 8 de
janeiro de 2016, por avaliação da qualidade do EPI. Nela verifica-se que a maior parte dos
militares avalia como regular, com 32,69%, seguido dos que avaliaram como bom, com
28,85%. Assim, somando os percentuais de avaliação positiva (bom, ótimo e excelente) e
43
comparando com as avaliações negativas (insuficiente e regular), verifica-se que cada grupo
de variáveis apresenta a soma de 50%.
40
32,69
28,85
Percentual
30
20 17,31 15,38
10 5,77
0
Insuficiente Regular Bom Ótimo Excelente
Nível de Satisfação
6 CONCLUSÃO
Na introdução formulamos a hipótese da pesquisa baseada na inexistência de
regulamentação legal de carga horária de trabalho policial militar o que diferencia de
maneira negativa as outras categorias de trabalhadores da administração pública, ou mesmo
da iniciativa privada que possuem sua carga horária regulada por lei e pela própria
Constituição Federal.
Dessa forma foi verificada que tal diferenciação entre as categorias gera um
aumento na angustia experimentada pelos policiais militares diante da carga horaria
extenuante o que é um dos fatores em que o meio ambiente de trabalho policial militar se
deteriora, essa diferença demonstra que realmente a falta de um controle rígido, inclusive
sem base legal, sem lei estadual que regulamente tal situação. Entretanto segundo a
constituição aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX
e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV. O estabelecido no art 7º inciso XIII -
duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho; não e levado em consideração mesmo em que pese a policia militar ser
força auxiliar e reserva do exercito
Neste caso especifico o Decreto 667/69 regulamenta a Policia Militar como foça
auxiliar e dessa forma vincula diretamente os preceitos dos militares aos preceitos da força
estadual; isso devendo ser regulamentado por força de lei. Feita essa consideração faremos
a sugestão sobre possíveis melhores escalas de serviço.
O período de folga deve ser, teoricamente, mais dilatado quanto mais estressante
seja a atividade durante o período de trabalho, o que faz pensar em ciclos de 1:3, 1:4, 1:5 e
até 1:6, que podem ser praticados nas escalas de serviço dependendo da possibilidade do
efetivo.
Em relação a melhoria das condições de trabalho outras considerações acerca da
instituição ou alteração de escalas devem levar em conta demais fatores, como a
possibilidade da Guarnição de serviço que sai de serviço ter de adotar providências
complementares, bem como o tempo disponível para isso; a necessidade do policial ter
46
garantido o tempo para seu convívio social, sendo isso mais sensível nas escalas de 24 horas,
quando o policial tem um dia para se restabelecer do plantão e os outros dias para se dedicar
à família, estudos e outras atividades; a necessidade de intervalo para uma ou mais refeições
durante o serviço; a adequação da carga efetiva de trabalho com a carga legal; a adequação
da carga para estudantes, de quem seja responsável por dependentes deficientes ou da carga
reduzida por restrição médica; a redução do desgaste por trabalho noturno, ou alternância de
períodos diurno e noturno, refletindo na diminuição de faltas e licenças por motivo de saúde;
a necessidade de escalas diversas, conforme a especificidade dos serviços prestados pelas
unidades, em comparação com a desejada uniformidade, a fim de não gerar disputas por
inclusão em determinadas escalas privilegiadas; a justaposição de horários de escalas de
órgãos diversos, mas que deveriam trabalhar em conjunto; a dilatação do período de
atendimento à população, bem como a disponibilidade de atendimento em horários diversos
do horário comercial; a necessidade de compatibilizar os horários dos profissionais que têm
o direito constitucional de acumular cargos, visando a evitar absenteísmo e exonerações
constantes.
Nas escalas mistas, que mesclam atividades de plantão e expediente, por exemplo,
é interessante notar a quantidade de dias trabalhados, seja no total, seja apenas em relação
ao expediente. Tal diferença tem especial relevância naqueles órgãos em que precisa haver
um plantão, mas o volume maior de trabalho ocorre no expediente.
A adoção de escalas mistas em situação de escassez de efetivo parte de algumas
premissas: 1) garantir o efetivo cumprimento da carga horária pelos profissionais; 2) reduzir
a jornada de serviço para um período mais curto e menos estressante; 3) reduzir o efetivo do
plantão, visando ao melhor aproveitamento do pessoal; 4) proporcionar o uso mais racional
dos equipamentos e insumos; 5) coibir a atividade paralela (‘bico’) durante a folga; 6)
resolver a necessidade de horário especial para os estudantes e outros casos; e 7) aumentar a
autoestima dos servidores, com reflexo no moral e desempenho. Essas premissas implicam
problemas observados pelos gestores, que demandam sistemas de gestão ou de controle, nem
sempre aplicados com sucesso.
As escalas podem ser divididas em escalas mensal, diária e de férias, dividindo-as
em três turnos de trabalho (manhã, tarde e noite). Ressaltamos na escala, os domingos e
feriados; anotando folgas que o policial esteja devendo; evitando deixar folgas de um mês
para o outro, pois o acúmulo de folgas dificulta a elaboração das escalas; verificando o dia
da última folga do mês anterior, para que não haja período maior do que sete dias seguidos
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sem folga; cuidar para que o retorno do policial de férias ocorra em dia útil; consultar a
escala anterior para verificar o último plantão noturno em que o funcionário compareceu ao
trabalho no mês.
A execução gerencial deve buscar várias formas de adequar o meio ambiente de
trabalho do policial militar com o objetivo de atenuar as características objetivas do serviço
executado, levando em consideração a dignidade da pessoa humana como sujeito de direito
fundamentais, onde o meio de ambiente laboral está inserido como direito protegido
constitucionalmente. Foram identificadas as condições que dificultam o meio ambiente do
trabalho a que estão submetidos os policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque do
Estado do Pará.
Juntamente com a falta de regulamentação legal da carga horaria de serviço, um
dos fatores que contribuem para a precariedade do meio ambiente do trabalho é a
remuneração do policial militar, esta situação causa o descontentamento da força publica
militar com os salários, e dessa forma, a desmotivação atinge o meio ambiente do trabalho
a partir da procura da complementação da renda através do exercício de outras ocupações e
serviços. Isso acrescenta uma carga horaria extenuante que prejudica a saúde física e mental
do policial militar.
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http://www.sisgeenco.com.br/sistema/sbsnorte/sbsnorte2012/ARQUIVOS/GT6-82-60-
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50
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