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Índice

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2

1.1. Objectivos .......................................................................................................... 2

1.1.1. Geral ........................................................................................................... 2

1.1.2. Específicos .................................................................................................. 2

2. METODOLOGIA ..................................................................................................... 3

2.1. Metodologia ....................................................................................................... 3

2.2. Tipo de pesquisa .................................................................................................... 3

CAPÍTULO I - HISTÓRIA CONSTITUCIONAL DE MOÇAMBIQUE ....................... 4

1.1. Constituição de 1975 ......................................................................................... 4

1.1.1. Poder Constituinte na formação da Constituição da República Popular de


Moçambique de 1975 ................................................................................................ 5

1.1.2. A Guerra Civil em Moçambique (1976-1992) ........................................... 6

2. Constituição de 1990 ............................................................................................. 7

2.1.1. Principais mudanças na constituição de 1990 ............................................ 7

2.1.2. Principais Revisões das constituições de 1975 e 1990 ............................... 8

2.2. Análise comparativa das Constituições de 1975 e 1990 .................................... 9

3. Constituição de 2004 ............................................................................................. 9

3.1. Análise comparativa das Constituições de 1990 e 2004 .................................. 11

4. A Comparação entre as constituições de 1975, 1990 e 2004 .............................. 12

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 15

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 16


1. INTRODUÇÃO
Iniciado esse desfile académico, o grupo supracitado fala em prol da História
constitucional de Moçambique. Trazer desde já algum conhecimento basilar é fulcral:

O Estado é uma pessoa colectiva, que tem como suporte um estatuto. É esse estatuto que
criará seus órgãos e representará a sua garantia funcional. O estatuto é a forma mais
soberana e única da colectividade cabalmente manifestar sua existência, e comummente
designa-se por Constituição.

A luta pela libertação foi intensa, mas Moçambique alcançou a tão almejada
independência no dia 25 de Junho de 1975 por via armada. Assim, foi criada a primeira
constituição formal em nosso território, a entidade que exerceu o poder constituinte
formal foi a FRELIMO.

Esgotar o assunto referente a evolução histórica da constituição Moçambique é


logicamente impossível, contudo, não descansamos até que o bom estivesse melhor e o
melhor estivesse ainda melhor.

1.1. Objectivos
O seguinte trabalho foi elaborado considerando os seguintes objectivos:

1.1.1. Geral

 Falar da forma como a constituição evoluiu na história de Moçambique.

1.1.2. Específicos

 Analisar as garantias da constituição em geral;


 Caracter o sistema de controlo da constitucionalidade na constituição de 2004;
 Compreender os processos da fiscalização da inconstitucionalidade e ilegalidade.

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2. METODOLOGIA
Neste capítulo iremos descrever as opções metodológicas adoptadas para a concretização
do trabalho desenvolvido. No dizer de Quivy e Campenhoudt, “Importa, acima de tudo,
que o investigador seja capaz de conhecer e de pôr em prática um dispositivo para a
elucidação do real, isto é, no seu sentido mais lato, um método de trabalho. Este nunca
se apresentará como uma simples soma de técnicas que se trataria de aplicar tal e qual
se apresentam, mas sim como um percurso global do espírito que exige ser reinventado
para cada trabalho”
2.1. Metodologia
A postura metodológica adoptada na realização deste trabalho, como forma de garantir a
confiabilidade das informações apresentadas, para estruturação desse trabalho são eles:
cientifico investigatório e Dedutivo.

2.2. Tipo de pesquisa


O presente trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica, que permitiu buscar informação
dos documentos públicos e reconhecidos na internet, também informações advindas de
manuais contendo a informação a respeito do tema.

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CAPÍTULO I - HISTÓRIA CONSTITUCIONAL DE MOÇAMBIQUE
Em 25 de Junho de 1975, Moçambique alcançava a independência e entrava em
simultâneo em vigor a primeira constituição do país.

Nesta altura, a competência para proceder a revisão constitucional fora atribuída ao


Comité Central da Frelimo até a criação da Assembleia com poderes constituintes, que
ocorreu em 1978. Considerando a importância da constituição como a “lei-mãe” do
Estado moçambicano, e daí a necessidade do seu conhecimento pelos cidadãos, de
seguida é feita uma breve menção sobre a evolução constitucional de Moçambique.\

O país viveu, como os demais, o que pode ser considerado evolução Constitucional, pois
as coisas foram mudando, o país foi desenvolvendo e vendo a necessidade de rever a
Constituição e assim sendo, a mesma conheceu três momentos principais, sendo:

 A Constituição de 1975
 A constituição de 1990
 A constituição de 2004

1.1. Constituição de 1975


Esta constituição é a chave para compreender toda a história da Constituição e um
elemento crucial para a análise do conteúdo das Constituições que vieram a ser
promulgadas depois desta.

Nos momentos que se seguiram à independência, o Estado moçambicano optou por uma
linha de orientação socialista, ou seja, democracia socialista. Assim sendo, Moçambique
tenta implementar uma concepção socialista de poder, de Estado e de direito. Neste
contexto CRPM dispunha no artigo 2 o seguinte:

“A República Popular de Moçambique é um Estado de democracia em que todas as


camadas patrióticas se engajam na construção de uma nova sociedade, livre de
exploração de homem pelo homem”

Este modelo foi adoptado de modelo de Ex-URSS, que é também do tipo ocidental. Desde
a sua independência de Portugal, em 1975, Moçambique teve três constituições (1975,
1990 e 2004). Em termos cronológicos, a Constituição de 1975 estabeleceu um regime
mono partidário que confirmava o papel destacado do Executivo. Um dos objectivos

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fundamentais desta Constituição era a eliminação das estruturas de opressão e exploração
coloniais e a luta contínua contra o colonialismo e o imperialismo, foi instalado na
República Popular de Moçambique (RPM) o regime político socialista e uma economia
marcadamente intervencionista, onde o Estado procurava evitar a acumulação do poderio
económico e garantir uma melhor redistribuição da riqueza, (Ganso, 2006).

O sistema político era caracterizado pela existência de um partido único e a FRELIMO


assumia o papel de dirigente. Eram abundantes as fórmulas ideológicas - proclamatórias
e de apelo das massas, compressão acentuada das liberdades públicas em moldes
autoritários, recusa de separação de poderes a nível da organização política e o primado
formal da Assembleia Popular Nacional.

1.1.1. Poder Constituinte na formação da Constituição da República Popular de


Moçambique de 1975
A entidade que exerceu o poder constituinte formal foi a FRELIMO (Frente de libertação
de Moçambique) que se definia "como uma organização política constituída por
Moçambicanos sem distinção de sexo, origem étnica, crença religiosa ou lugar de
domicílio" em nome do povo.

O poder constituinte Fornal, precede logicamente o Poder constituinte Material, medida


em que uma vez estabelecida uma nova Ideia de Direito, exercido o poder constituinte,
de decretação da constitui segue-se a formalização que se traduz ou culmina no acto de
decretação da constituição formal ou acto constituinte.

A FRELIMO em 1975, exerceu quer o poder constituinte material quer o poder


constituinte formal na qualidade de único e legitimo representante do povo moçambicano.

Constituição de 1975, em um raro exercício do poder constituinte surge logo


imediatamente, conexa com a constituição Material, ainda assim não foi possível garantir
a entrada em funcionamento de todos os órgãos nela instituídos tornando necessário
elaborar uma organização provisória de alguns órgãos do estado até a entrada em
funcionamento destes órgãos por ela instituídos.

Segundo o Professor Jorge Miranda, a feitura da constituição formal definitiva pode dar-
se de diferentes modos, em razão de circunstancialismos históricos inelutáveis e de
factores jurídico-políticos dependentes da forma de Estado, da legitimidade do poder e da
participação da comunidade politica.

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Em 1975, o acto constituinte competiu a um único órgão, o Comité Central da FRELIMO,
como acima já foi referido, na qualidade de único e legitimo representante do Povo
Moçambicano.

1.1.2. A Guerra Civil em Moçambique (1976-1992)


A guerra entre o Governo da Frelimo e o grupo rebelde da RENAMO (Resistência
Nacional Moçambicana) começou em 1976, pouco depois da independência, e terminou
em 1992 ano que foi assinado o Acordo Geral de Paz (AGP) em Roma, pelo então
Presidente da República de Moçambique Joaquim Chissano e pelo presidente da
RENAMO Afonso Dhlakama, sob a mediação da Comunidade de Santo Egídio, uma
organização da igreja católica com o apoio do governo italiano

Causas da Guerra

Do ponto de vista político, durante o processo de Luta Armada de Libertação Nacional


até aos finais dos anos 80, período do colapso da URSS, o governo da FRELIMO contou
com o apoio dos países socialistas como é o caso da China e Cuba, daí ter optado pela
estratégia socialista logo após a independência, não só, conforme sustenta (Cau, 2011:31)
citado por Jafar (2014:14;15), o socialismo era contra o colonialismo e outras formas de
exploração e descriminação, desta feita acreditava-se que era o caminho certo para vencer
o subdesenvolvimento.

Segundo Máximo Dias em entrevista a Soico Televisão (STV), “depois da independência


implantou-se em Moçambique o Monopartidariíssimo e a ideologia marxista-leninista.
Por conta disso muitos moçambicanos que compunham a FRELIMO ficaram
descontentes dada a ditadura, limitação de vários direitos, dentre eles a liberdade de
expressão e a liberdade ideológica.”

A RENAMO queria que Moçambique saísse do sistema monopartidário para o


multipartidarismo, passasse a ser um Estado de Direito Democrático que respeitasse as
liberdades fundamentais dos cidadãos, adoptar o sufrágio universal (eleições regulares)
como meio de eleger os seus dirigentes. (De Renzio e Hanlon, 2007:5).

As mudanças que resultaram da Guerra

Depois de 16 anos de conflito, ocorreu a mudança do sistema socialista (economia


centralizada) e aderiu-se a economia do mercado subscrevendo às imposições neoliberais
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do Washington Consensus, Moçambique também aceitou ONG’s e investidores
ocidentais, tivemos a mudança da democracia popular para a Democracia de justiça social
e o multipartidarismo. Com todas essas transformações no sistema nacional, houve a
necessidade de uma revisão constitucional, a revisão de 1990, que muda o numa do país
de República popular de Moçambique para República de Moçambique.

2. Constituição de 1990
A revisão constitucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito profundas em
praticamente todos os campos da vida do País. Estas mudanças que já começavam a
manifestar-se na sociedade, principalmente na área económica, a partir de 1984,
encontram a sua concretização formal com a nova Constituição aprovada.
Resumidamente, podemos citar alguns aspectos mais marcantes. A constituição de 1990
veio a introduzir o Estado de direito democrático, que se funda na separação de poderes,
pluralismo político, liberdade de expressão e respeito pelos direitos fundamentais. Ou
seja, com esta constituição de 1990, Moçambique pela primeira vez introduz o sistema
multipartidário, onde nas vésperas das primeiras eleições gerais multipartidários haviam
sido legalizados 18 partidos políticos. (MAZULA, 2000).

A Constituição de 1990 foi elaborada no contexto das negociações de paz que


culminaram com a assinatura do Acordo Geral de Paz, e marcou uma ruptura radical com
o passado, consagrando a transição de uma economia centralizada para liberalização da
economia, e subsequente início da extinção das empresas estatais, dando início a um
verdadeiro exercício democrático consagrado no sufrágio universal, da liberdade de
expressão, da liberdade de reunião e de associação e, fundamentalmente, ocorre a
passagem de um sistema mono partidário para a democracia multipartidária, e tendo o
cidadão como figura central relativamente ao Estado. (Adelson Rafael, in Jornal O país:
quinta feira, 26 de Agosto de 2010).

Nesta constituição, a administração é composta por um presidente, primeiro-ministro e


do conselho de ministros, (como actual). E o sistema judiciário é composto por um
Tribunal Supremo e provinciais, distritos e de tribunais municipais.

2.1.1. Principais mudanças na constituição de 1990


De forma resumida, vêm descriminadas, abaixo, algumas das mudanças que a
Constituição da República trouxe, aquando da sua promulgação, ora vejamos:

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 Introdução de um sistema multipartidário na arena política, deixando o partido
Frelimo de ter um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na
conquista da independência;
 Inserção de regras básicas da democracia representativa e da democracia
participativa e o reconhecimento do papel dos partidos políticos;
 Na área económica, o Estado abandona a sua anterior função basicamente
intervencionista e gestora, para dar lugar a uma função mais reguladora e
controladora (previsão de mecanismos da economia de mercado e pluralismo de
sectores de propriedade);
 Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu âmbito e
mecanismos de responsabilização;
 Várias mudanças ocorreram nos órgãos do Estado, passam a estar melhor
definidas as funções e competências de cada órgão, a forma como são eleitos ou
nomeados;
 Preocupação com a garantia da constitucionalidade e da legalidade e consequente
criação do Conselho Constitucional; entre outras.

2.1.2. Principais Revisões das constituições de 1975 e 1990


A Constituição de 1975 sofreu seis alterações pontuais, designadamente: em 1976, em
1977, em 1978, em 1982, em 1984 e em 1986. Destas, merece algum realce a alteração
de 1978 que incidiu maioritariamente sobre os órgãos do Estado (sua organização,
competências, entre outros), retirou o poder de modificar a Constituição do Comité
Central da FRELIMO e retirou a competência legislativa do Conselho de Ministro (uma
vez criada a Assembleia Popular que teria estas competências) e a de 1986 que fora
motivada pela institucionalização das funções do Presidente da Assembleia Popular e de
Primeiro-Ministro, criados pela 5ª Sessão do Comité Central do Partido FRELIMO.

A CRM de 1990 sofreu três alterações pontuais, designadamente: duas em 1992 e uma
em 1996. Destas merece especial realce a alteração de 1996 que surge da necessidade de
se introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local no texto da Constituição,
verificando-se desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos locais
com competências e poderes de decisão próprios, entre outras (superação do princípio da
unidade do poder).

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2.2. Análise comparativa das Constituições de 1975 e 1990
Na primeira, vamos desde já deixar claro que emanava o sistema socialista e a segunda
beneficia do sistema económico socialista. Mas um dos pontos mais evidentes na
comparação dessas duas constituições é o facto de a de 1975 é supraestadual, ou seja, a
FRELIMO se auto-intitula de forma desajuizada, acima do estado. Na segunda, a
FRELIMO ganha consciência e volta para o seu lugar por excelência, Partido Político.

A questão da democracia é um dos pratos fortes na constituição de 1990 e a introdução


do multipartidarismo.

3. Constituição de 2004
A nova CRM começa por inovar positivamente logo no aspecto formal, dando nova
ordem de sequência aos assuntos tratados e tratando em cada artigo um assunto concreto
e antecedido de um título que facilita a sua localização (o que não acontecia nas
Constituições anteriores). Foi aprovada no dia 16 de Novembro de 2004. Não se verifica
com esta nova Constituição uma ruptura com o regime da CRM de 1990, mas sim,
disposições que procuram reforçar e solidificar o regime de Estado de Direito e
democrático trazido em 1990, através de melhores especificações e aprofundamentos em
disposições já existentes e também pela criação de novas figuras, princípios e direitos e
elevação de alguns institutos e princípios já existentes na legislação ordinária à categoria
constitucional. Um aspecto muito importante de distinção desta constituição das
anteriores é o “consenso” na sua aprovação, uma vez que ela surge da discussão não só
dos cidadãos, como também da Assembleia da República representada por diferentes
partidos políticos (o que não se verificou nas anteriores).

A constituição da República de Moçambique (CRM) de 2004 vem reafirmar, desenvolver


e aprofundar os princípios fundamentais do Estado Moçambicano, isto é, consagrar o
carácter soberano do Estado de direito democrático, baseado no pluralismo de expressões,
organizações partidárias, respeito pelos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.

“O terceiro texto constitucional moçambicano. O texto constitucional ora em vigor possui


306 artigos, divididos em 17 títulos, (a CRM de 1990 tinha 7 títulos e 212 artigos no
total), com uma estrutura que trata, sucessivamente, dos princípios fundamentais, dos

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direitos fundamentais, da organização económica, da organização do poder político, e da
garantia da Constituição.” (Adelson Rafael, in Jornal O país: quinta feira, 26 de Agosto
de 2010).

Quanto ao aspecto substancial, verificamos o reforço das directrizes já fixadas para o


Estado moçambicano, como acima se mencionou. De forma meramente exemplificativa,
pode-se citar alguns pontos que ajudam a entender tal afirmação, como sejam:

 Logo no capítulo I do título primeiro referente aos princípios fundamentais,


podemos destacar para além do maior ênfase dado a descrição do Estado
moçambicano como de justiça social, democrático, entre outros aspectos de um
Estado de Direito, a referência constitucional sobre o reconhecimento do
pluralismo jurídico, o incentivo no uso das línguas veiculares da nossa sociedade,
entre outros;
 No âmbito da nacionalidade, destaca-se o facto de o homem estrangeiro poder
adquirir nacionalidade moçambicana pelo casamento (antes só permitido para a
mulher estrangeira);
 Os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos para além de serem reforçados,
ganham maior abrangência. Pode-se citar exemplo de alguns direitos/deveres
antes sem tratamento constitucional: direitos dos portadores de deficiência, os
deveres para com o semelhante e para com a comunidade, os direitos da criança,
as restrições no uso da informática, o direito de acção popular, o direito dos
consumidores;
 Para além do pluralismo jurídico, a importância da autoridade tradicional na
sociedade moçambicana passa a ter reconhecimento constitucional. Pode-se ainda
mencionar a terceira idade, os portadores de deficiência, o ambiente e a qualidade
de vida como novos temas tratados pela constituição;
 O capítulo VI do título IV que se dedica ao tratamento do sistema financeiro e
fiscal em Moçambique comporta um tema que antes não tinha tratamento
constitucional;
 É criado um novo órgão político, o Conselho de Estado e um novo órgão de
representação democrática, as Assembleias Provinciais. As garantias dos cidadãos
 Relativamente a actuação da Administração Pública são reforçadas com a criação
do Provedor da Justiça. Surge igualmente o Conselho Superior da Magistratura
Judicial Administrativa. A Administração Pública e os princípios que norteiam a
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sua actuação também passam a gozar de tratamento constitucional, assim como a
Polícia de Moçambique e o Ministério Público;
 O tratamento dado às disposições relativas aos tribunais no título IX da CRM é
mais pormenorizado. Merece destaque o tratamento mais aprofundado que é
dispensado às disposições relativas ao Tribunal Administrativo (na CRM de 1990
ocupava apenas 2 artigos);
 No título XV é tratado com cuidado as garantias constitucionais em caso de estado
de sítio e estado de emergência. A revisão constitucional encontra agora limites
tanto matérias quanto temporais, procurando-se com as primeiras salvaguardar as
linhas bases que definem o Estado moçambicano, como por exemplo: a forma
republicana do Estado o sistema eleitoral e o tipo de sufrágio eleitoral, o
pluralismo político, os direitos, liberdades e garantias fundamentais. A restrição
temporal é de 5 anos após a última revisão (salvo deliberação extraordinária de ¾
da Assembleia da República), procurando-se com isto os aspectos positivos
trazidos com a estabilidade e solidificação dos princípios e instituições criadas.

Esta constituição, veio a sofrer uma revisão pontual, aprovada pela Lei 1/2018 de 12 de
Junho, que aconteceu mediante a necessidade de ajustá-la ao processo de consolidação da
reforma democrática do Estado, ao aprofundamento da democracia participativa e a
garantia da paz, reiterando o respeito aos valores e princípios da soberania e da unidade
do Estado, ao abrindo do disposto na alínea a), do número 2, do artigo 179 e verificados
os pressupostos dos artigos 291 e 293, todos da Constituição da República. De referir que
nesta revisão pontual da CRM, foram alterados os artigos 8,135, 137, 138, 139, 159, 160,
166, 195, 204, 226, 244, 250, 275, 292 e o Título XII, que correspondem ao Novo Pacote
Eleitoral e veio para regular questões eleitorais que se encontram decorrendo no país.

3.1. Análise comparativa das Constituições de 1990 e 2004


Como foi anteriormente referenciado, a CRM, sofreu sérias modificações ao longo dos
anos, e foi cada vez, se ajustando à realidade e às necessidades de cada época. É pretensão
deste trabalho mostrar com um pouco de detalhes como e quais foram os pontos que se
foram abrangidos pelas revisões constitucionais e sem fugir do nosso foco que são as
Constituições de 1990 e 2004, importa fazer, sempre, menção daquela que foi a primeira
de todas, neste caso, a Constituição da República de Moçambique de 1974 pela simples
razão de ela ser a base de evolução das posteriores e ser um bom ponto de partida para
analisarmos a Constituição de 1990 e vermos em que ela evoluiu e quais temas foram

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objectos de revisão. Confiramos a seguir uma tabela discriminatória e comparativa das
constituições de 1990 e 2004.

4. A Comparação entre as constituições de 1975, 1990 e 2004


Indicador CRPM (1975-1990) CRM (1990-2004) CRM (2004)
Regime político Democracia Popular Democrático de Democrático de
(art.2) Justiça Social (art. 1) Justiça Social (art.
1)
Sistema polílitco Partido único e Multipartidarismo Multipartidarismo
socialista (art. 1,2,3) (art. 30,31,118) (art.138, 148)
Objectivos Combater a opressão Os objectivos estão Os objectivos
colonial e do homem expostos nas alíneas estão nas alíneas
pelo homem (art.1,2) a), b), c), d), e), f), g), a), b), c), d), e), f),
h)do art. 6 g), h), i), j), do art.
11
Separação de Não previa separação Separação de poderes Separação de
poderes de poderes poderes no art. 134

Organização Economia Capitalismo (art. 41, Capitalismo


económica centralizada nº 1e2) (alíneas a até g do
art. 97)
Poder legislativo Cabia ao comité A Assembleia da A Assembleia da
Central da Frelimo República é o mais República é o mais
(art. 70) alto órgão legislativo alto órgão
(art.133) legislativo (art.
169

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Conselho Não previa um Previa um Conselho Prevê no (art. 241)
Constitucional Conselho Constitucional (art.
Constitucional 180)

Composição do Não previa a sua Não previa a sua Prevê a sua


Conselho composição composição composição (art.
Constitucional 242)
Competências do Não previa as Previa as Prevê as
Conselho competências competências em competências e
Constitucional partes actualizou as
anteriores (art.
244, nº 2, alíneas
b,f g, h)
Nacionalidade Não previa Apenas para a Prevê para ambos
adquirida mulher (art. 21) (art. 26)
Direitos e Previa numa Previa no título II Prevê no título III,
Deveres perspectiva holística capítulos II e III capítulo I e III do
de grupo desde o (art. 66 até (art.35 até 55)
95)
Pluralismo Não previa Não previa Prevê no (art. 4)
jurídico

Sistema Não previa Não previa Prevê no Título IV


financeiro cap. I e II (art. 96
até 125)
P. Não previa Previa de modo não Prevê ( art. 249 até
Administração claro 253)
Pública

Polícia Não previa Não previa Prevê (art. 254, nº


1,2,3)
Provedor de Não previa Não previa Prevê (art. 256 até
Justiça 261)

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Conselho Não previa Previa (art. 172) Prevê no (art. 220)
Superior de
Magistratura
Judicial
Autarquias Centralismo (art.56) Não previa Prevê (art. 272, nº
Locais 1,2)
Garantia dos Visa a colectividade Previa (art. 96, 97) Prevê nos (art.
direitos 35,60)
indivíduos

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5. CONCLUSÃO
Como epílogo, podemos constatar que: no que diz respeito a CRPM de 1975, um dos
objectivos fundamentais a eliminação das estruturas de opressão e exploração coloniais e
a luta contínua contra o colonialismo e o imperialismo, foi instalado na República Popular
de Moçambique (RPM) o regime político socialista e uma economia marcadamente
intervencionista, onde o Estado procurava evitar a acumulação do poderio económico e
garantir uma melhor redistribuição da riqueza.

A revisão constitucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito profundas em


praticamente todos os campos da vida do País. Estas mudanças que já começavam a
manifestar-se na sociedade, principalmente na área económica, a partir de 1984,
encontram a sua concretização formal com a nova Constituição aprovada.

Não se verifica com esta Constituição uma ruptura com o regime da CRM de 1990, mas
sim, disposições que procuram reforçar e solidificar o regime de Estado de Direito e
democrático trazido em 1990, através de melhores especificações e aprofundamentos em
disposições já existentes e também pela criação de novas figuras, princípios e direitos e
elevação de alguns institutos e princípios já existentes na legislação ordinária à categoria
constitucional.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAHAMSSON, Hans e NILSSON Anders, (1994), Moçambique em transição-um
estudo da historia de desenvolvimento durante o período 1974-1992 1ª ed. CEGRAF,
Maputo

CHICAVA, Augusto. Democracia e valores no contexto moçambicano: uma reflexão


crítica.

MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Tomos I, II, II e IV, Coimbra


Editora, Coimbra, 1997.

HUNGUANA, Teodato. Constituição de 1975 à Constituição de 2004: O Poder como


factor determinante na evolução das instituições postado por Moçambique Terra
Queimada Constituição da República Popular de Moçambique de 1975;

Legislação consultada

Constituição da República Popular de Moçambique de 1975.

Constituição da República de Moçambique de 1990.

Constituição da República de Moçambique de 2004.

Artigos e sites de internet consultados

SAL & CALDEIRA. Advogados e Consultores LDA, Evolução Constitucional na


República de Moçambique.

https://www.passeidireto.com/arquivo/11116973/historia-da-evolucao-
constitucionaldocx/3 Acesso: 3 de setembro de 2019 às 16:15

http://chicava.blogspot.com/2012/02/normal-0-21-false-false-false-af-x-none.html
Acesso: 3 de setembro de 2019 às 16:15

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