Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
TRABALHO PRÁTICO:
2
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................7
2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................9
2.1 A Gestão do Conhecimento..............................................................................................9
2.2 O processo de criação do Conhecimento........................................................................12
2.3 A Gestão do Conhecimento como recurso estratégico...................................................14
3. METODOLOGIA...............................................................................................................16
3.1 Tipo de pesquisa..............................................................................................................16
3.2 Natureza da Pesquisa......................................................................................................21
3.3 Questões norteadoras da Pesquisa .................................................................................21
3.4 Procedimentos Metodológicos........................................................................................21
3.5 Técnicas multivariadas de análise utilizadas.................................................................22
3.6 O curso de Pós-graduação em Administração de Sistemas de Informação....................23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................24
4.1 Dados demográficos da população estudada .................................................................25
4.2 A Gestão do Conhecimento nas empresas sob a perspectiva dos respondentes.............27
4.2.1 Análise geral............................................................................................................27
4.2.2 Análise Fatorial........................................................................................................28
4.2.3 Análise de Conglomerados (Cluster).......................................................................33
4.2.4 Análise Discriminante..............................................................................................38
4.3 As dimensões da Gestão do Conhecimento....................................................................41
4.3.1 Fatores estratégicos e o papel da alta administração................................................41
4.3.2 Cultura e valores organizacionais............................................................................42
4.3.3 Estrutura organizacional..........................................................................................44
4.3.4 Administração de Recursos Humanos.....................................................................45
4.3.5 Sistemas de Informação...........................................................................................45
4.3.6 Mensuração de resultados........................................................................................47
4.3.7 Aprendizado com o ambiente..................................................................................48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................48
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................50
ÍNDICE DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
Há algum tempo as organizações vêm sofrendo uma grande mudança na forma de gerir
recursos materiais, pessoas e, principalmente informações. Isto se deve à crescente evolução
de tecnologias para gerenciamento de informação, ao ambiente empresarial mais dinâmico,
aberto e competitivo, às novas formas de organização das empresas – abertas com atuação em
rede – e ao constante processo de globalização.
Neste contexto, o conhecimento é cada vez mais reconhecido como um dos mais
importantes recursos das empresas, tornando possíveis ações inteligentes, inovações e
capacidade de continuamente criar produtos e serviços excelentes em termos de
complexidade, flexibilidade e criatividade. Entende-se, portanto, que o sucesso nos negócios
depende da qualidade do conhecimento que cada indivíduo ou organização aplica nos seus
produtos, processos produtivos, serviços e atividades administrativas.
A Gestão do Conhecimento emerge, então, como um novo recurso estratégico,
consistindo, em grande parte, de técnicas e práticas administrativas já existentes, tendo,
porém, o conhecimento como foco central.
Contudo, há uma dificuldade na abordagem da questão da Gestão do Conhecimento,
haja vista a sua natureza multidisciplinar, abrangendo diferentes áreas da organização
(administração geral, qualidade, recursos humanos, engenharia de produção, pesquisa e
desenvolvimento, informática, etc.) e com diferentes ciências (economia, psicologia,
sociologia, administração).
Neste sentido, como afirma Terra (2001), diversos tipos de organização tem se dedicado
a pensar sobre como gerir o conhecimento, segundo várias perspectivas: gestão de pessoas,
modelagem temática, tecnologia da informação, organização do trabalho, gestão da inovação
e outras. Diante disso, este autor propôs um modelo de Gestão do Conhecimento, composto
por sete dimensões de práticas empresariais, cujo conteúdo pretende abarcar todas as
atividades que devem ser desempenhadas para que haja uma efetiva Gestão do Conhecimento
na organização. Em seu modelo, o autor busca considerar toda a complexidade e
multidimensionalidade que caracteriza o conceito, através de uma análise profunda da relação
entre ambiente econômico e social, evolução tecnológica, lógica organizacional e concepções
sobre a natureza humana.
Considerando ser este um trabalho rico e completo, o presente estudo se propõe a
utilizar o modelo proposto por Terra (2001) para analisar o perfil de diversas empresas no que
se refere à execução das atividades que compõem a Gestão do Conhecimento, tendo como
perspectiva a dos funcionários que nelas trabalham.
Partindo do pressuposto de que os indivíduos têm percepções diferentes sobre os
diversos aspectos e atividades da organização, de acordo com os cargos que ocupam e com o
tempo em que trabalham na empresa, este trabalho também visa evidenciar se essas
características contribuem para uma percepção positiva ou negativa
Os funcionários entrevistados foram escolhidos por uma amostragem não-probabilística
por conveniência, consistindo de alunos do curso de Pós-graduação Lato Sensu de
Administração de Sistemas de informação. Sendo este um curso focado na gestão de recursos
de informação e, conseqüentemente, de conhecimento, abrange um público-alvo geralmente
advindo de diversos setores da economia, sendo das mais diversas idades, cargos e regiões do
país.
Como contribuição, este trabalho pode servir para alertar os gestores das organizações
acerca da importância da gestão do conhecimento e, incitá-los a fazer uma auto-avaliação de
como está sendo conduzida essa prática dentro da empresa pela qual ele é responsável. Para
que esta tarefa seja ainda mais direcionada, as sete dimensões propostas por Terra (2001) e
aqui apresentadas devem ser observadas para que se avalie se a Gestão do Conhecimento na
organização está sendo realmente cumprida.
A técnica de coleta de dados utilizada foi o questionário estruturado desenvolvido por
Terra (2001) que foi aplicado em outubro de 2005 pelo professor da disciplina de Gestão do
Conhecimento e Inovação, do referido curso. Foram realizadas técnicas estatísticas para a
análise dos dados, constituindo uma pesquisa puramente quantitativa.
Os resultados mostram que a maioria das organizações busca gerir o conhecimento de
forma eficaz, realizando grande parte as atividades que fazem parte dessa prática, porém, não
conseguem manter de forma eficiente todas as dimensões que a compõem, necessitando de
grandes ajustes em diversas ações empreendidas.
O trabalho está estruturado da seguinte forma: o Capítulo 2 traz os constructos teóricos
que deram base para a realização deste estudo, a saber, o conceito de Gestão do
Conhecimento, bem como a forma de criação do conhecimento e como este pode ser utilizado
de forma estratégica pela organização. Além disso, são apresentadas as sete dimensões
propostas por Terra (2001) e que serviram de molde para esta pesquisa.
O Capítulo 3 aborda os materiais e métodos utilizados durante o processo de pesquisa,
bem como conceitua o tipo de pesquisa e as técnicas de análise utilizadas. O Capítulo 4
mostra os resultados encontrados pela aplicação das técnicas multivariadas e a interpretação
da pesquisadora diante desses resultados. Por fim, no Capítulo 4 são tecidas algumas
considerações finais sobre a pesquisa, bem como direcionamentos futuros.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A Gestão do Conhecimento
Dessa forma, conforme Filho (2000), cabe ressaltar que conhecimento não é dado nem
informação, mas está relacionado com ambos. “Podemos pensar em informação como sendo
dado que faz sentido, que faz diferença. Mas o conhecimento seria então um conjunto
formado por experiências, valores, informação com contexto e criatividade aplicada”.
Adentrando ao campo organizacional, o conhecimento pode ser classificado em dois
tipos, segundo Tarapanoff (2001): explícito e tácito. O primeiro é o conhecimento que pode
ser articulado na linguagem formal, sobretudo em afirmações gramaticais, expressões
matemáticas, especificações, manuais e assim por diante. É o conhecimento que pode ser
transmitido, formal e facilmente, entre os indivíduos. O segundo tipo, o conhecimento tácito,
é difícil de ser articulado na linguagem formal, diz respeito ao conhecimento pessoal,
incorporado à experiência individual e envolve fatores intangíveis como, por exemplo,
crenças pessoais, perspectivas e sistemas de valor. A dimensão cognitiva do conhecimento
tácito reflete nossa imagem da realidade (o que é) e nossa visão do futuro (o que deveria ser).
Apesar de não poderem ser articulados muito facilmente, esses modelos implícitos moldam a
forma com que percebemos o mundo à nossa volta (TARAPANOFF, 2001).
Na medida em que o conhecimento – tanto o tácito quanto o explícito – torna-se um
ativo central, produtivo e estratégico, o sucesso da organização depende cada vez mais da sua
habilidade em coletar, produzir, manter e distribuir conhecimento. Entra, então, o papel da
Gestão do Conhecimento, que, segundo Laudon e Laudon (1999), é o processo de ativa e
sistematicamente gerenciar e alavancar o armazenamento de conhecimento numa
organização.
Beckman (1999) acrescenta que a Gestão do Conhecimento é a formalização das
experiências, conhecimentos e saberes, individuais e coletivos, de forma que se tornem
acessíveis para a organização, e esta possa criar novas competências, alcançar desempenho
superior, estimular a inovação e criar valor para seus clientes.
A Gestão do Conhecimento pode ser vista, então, como o conjunto de atividades que
busca desenvolver e controlar todo tipo de conhecimento em uma organização, visando à
utilização na consecução de seus objetivos.
Parrini (2002) afirma que a Gestão do Conhecimento serve como instrumento para
adaptação, sobrevivência e competência organizacional em face de crescentes mudanças
ambientais descontínuas. De acordo com o autor, a GC engloba processos organizacionais que
buscam a combinação sinérgica de dados e capacidade de processamento das tecnologias da
informação, além da capacidade criativa e inovativa dos seres humanos.
Em outras palavras, a Gestão do Conhecimento é um conjunto de processos, apoiados
por ferramentas de Tecnologia da Informação, voltados a capturar, organizar, armazenar,
proteger e, sobretudo, compartilhar o conhecimento das pessoas. Este conjunto de atividades
deve ter como principal meta o apoio ao processo decisório em todos os níveis. Para isso, é
preciso estabelecer políticas, procedimentos e tecnologias que sejam capazes de coletar,
distribuir e utilizar efetivamente o conhecimento, bem como representar fator de mudança no
comportamento organizacional (TARAPANOFF, 2001).
Contudo, Terra (2001, p. 230) sugere que,
"para que o conhecimento produza vantagem competitiva
sustentável, as empresas precisam gerenciá-lo de forma pró-
ativa, tornando-o independente de qualquer funcionário. Isso só
acontece, de fato, no momento em que as organizações são
capazes de capturá-lo mediante seus sistemas, processos,
produtos, regras e cultura".
Nessa mesma linha de pensamento, Davenport & Prusak (1998 apud Pirolla, 2002)
afirmam que no novo contexto de negócios, as atividades baseadas no conhecimento, como o
desenvolvimento de novos processos e produtos, estão se tornando primordiais para as
empresas. As corporações estão se diferenciando umas das outras pelo tanto pelo que
produzem, mas pelo que sabem. Dessa forma, em um mercado cada vez mais competitivo o
sucesso nos negócios depende basicamente da qualidade do conhecimento que cada
organização aplica nos seus processos coorporativos/empresariais. Neste contexto, o desafio
de utilizar o conhecimento residente na empresa com o objetivo de criar vantagens
competitivas torna-se crucial.
De acordo com Zambalde e Alves (2004), a Gestão do Conhecimento se aplica a
qualquer empresa, e não somente àquelas de base tecnológica ou grandes corporações. Trata-
se de uma visão estratégica dos empresários, que muitas vezes pode representar o sucesso ou
o fracasso dos negócios. Por outro lado, ocorre o pensamento de que gerir o conhecimento é
muito complicado, exigindo grandes investimentos em informática e telecomunicações, em
pessoal especializado, entre outros. Isto também não é verdade, existem processos fáceis e
simples de serem implementados.
Contudo, a gestão do conhecimento no ambiente empresarial tem tido diferentes focos
na literatura (TERRA, 2001): i) como aprendizado individual e organizacional (cultura
organizacional); ii) relações entre as pessoas, diferentes áreas da empresa; iii)
desenvolvimento de competências individuais e organizacionais; iv) mapeamento, codificação
e compartilhamento do conhecimento organizacional; v) conectividade interpessoal; vi)
alavancagem dos avanços na informática e em telecomunicações; vii) mensuração do capital
intelectual na empresa.
O fato é que cada empresa é única, e as formas de atuar devem atender ao seu perfil
(ZAMBALDE e ALVES, 2004). Contudo, Terra (2001) identificou sete dimensões da prática
gerencial que devem ser observadas na gestão do conhecimento em qualquer organização: (1)
fatores estratégicos e o papel da alta administração na definição de áreas prioritárias de ação;
(2) a cultura e os valores organizacionais; (3) estrutura organizacional (organização e
processos de trabalho); (4) políticas e práticas de administração de recursos humanos
associadas à educação e desenvolvimento humano; (5) uso de sistemas de informação e
comunicação; (6) formas e modelos de mensuração de resultados; (7) formas de aprendizado
com o ambiente.
Serão essas as dimensões consideradas na análise dos dados desta pesquisa e serão
detalhadas junto aos resultados. Para possibilitar uma explicação rápida e sucinta, essas
dimensões podem ser resumidas em três. Na dimensão estratégica, encontra-se o papel da
alta administração na definição dos campos de conhecimento, no qual os empregados da
organização devem focalizar seus esforços de aprendizado. Na dimensão organizacional,
encontram-se a necessidade de desenvolvimento de uma cultura para a aprendizagem e
experimentação, o estabelecimento de novas estruturas e práticas que superem os limites da
estrutura burocrática e a adoção de práticas e políticas de recursos humanos que estimulem a
criação, conversão, uso do conhecimento. Por fim, na dimensão infra-estrutura, encontra-se
a necessidade de sistemas de informação que facilitem os processos do conhecimento e a
importância da mensuração dos resultados. Além disso, o modelo salienta a constante troca de
conhecimento com os atores do ambiente externo: fornecedores, clientes, parceiros,
concorrência, universidades e governo.
3. METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa puramente quantitativa, baseada
em análises estatísticas das respostas de um questionário.
A seleção dos sujeitos constitui uma amostra não-probabilística por conveniência, e se
refere a todos os alunos da primeira turma de 2005 do curso de Pós-graduação Lato Sensu do
curso de Administração de Sistemas de Informação. O curso possui turmas bastante
heterogêneas, o que possibilitou a abrangência de diversos cargos e funções, tempo de serviço
e gênero.
Malhotra (2006) define a técnica de amostragem não-probabilística como aquela que
não utiliza seleção aleatória, sendo o pesquisador responsável por decidir quais elementos
serão incluídos na amostra. Mattar (1997) confirma essa definição, dizendo que a amostragem
não-probabilística é aquela em que a seleção dos elementos da população para compor a
amostra depende, ao menos em parte, do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no
campo. Segundo ele, não há nenhuma chance conhecida de que um elemento qualquer da
população venha a fazer parte da amostra.
O tipo de amostragem não probabilística utilizado – por conveniência – constitui o
menos rigoroso de todos os tipos de amostragem, de acordo com Malhotra (2006), por isto
mesmo é destituída de qualquer rigor estatístico. A seleção das unidades amostrais é deixada
em grande parte a cargo do entrevistador, que seleciona os elementos a que tem acesso,
admitindo que estes possam representar um universo. Geralmente "os entrevistados são
escolhidos porque se encontram no lugar exato no momento certo" (MALHOTRA, 2006, p.
326).
A estratégia metodológica adotada foi a abordagem quantitativa, onde o principal
instrumento utilizado na coleta das informações foi o questionário. Foi utilizado um
questionário estruturado desenvolvido por Terra (2001). Este autor construiu o questionário a
partir de estudos sobre os aspectos mais representativos da GC nas organizações, o que
justifica a escolha deste instrumento nesta pesquisa, visto que ele já foi validado por seu
desenvolvedor. Ademais, o autor empreendeu um trabalho adicional, no sentido de se detectar
as medidas que mais se ajustavam aos construtos, na tentativa de minimizar a imprecisão e
redundância.
O questionário foi aplicado pelo professor da disciplina de Gestão do Conhecimento e
Inovação, do curso citado anteriormente, em outubro de 2005. O preenchimento dos
questionários foi tido como parte das exigências da disciplina, tornando-o, assim, obrigatório,
obtendo, portanto, 100% de respostas.
A pesquisa de campo teve como base, então, o modelo conceitual desenvolvido por
Terra (2001), já tratado no referencial teórico e que se constitui de 39 características
empresariais que representam uma efetiva Gestão do Conhecimento (Figura 1).
1
As informações deste tópico foram extraídas do guia didático do curso e do site www.asi.ufla.br.
• Especializar profissionais graduados, para que sejam capazes de utilizar, de forma
crítica e criativa, novas tecnologias como ferramentas de suporte à administração
das organizações;
• Capacitar recursos humanos de forma a atender às atuais exigências de
qualificação do mercado de trabalho;
• Disseminar os conceitos de Administração de Sistemas de Informação,
especialmente aqueles relacionados à:
o identificação e detalhamento das necessidades de informações e sistemas;
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Dados demográficos da população estudada
Houve um predomínio de profissionais atuantes como analistas de sistemas (30,7%) e
professores (26%). Por ser um curso voltado para a administração de sistemas de informação,
é esperado que um maior número de alunos seja atuante nessa área. Já o predomínio de
profissionais da educação justifica-se pela própria natureza do curso – pós-graduação –, já que
essa área exige um maior nível de escolaridade. A Figura 2 ilustra a distribuição dos
respondentes por cargo ocupado.
Cargo na empresa
60
1 – Analista de Sistemas
50
2 – Analista de Suporte
3 – Auxiliar Administrativo
40
4 – Professor
5 – Analista de negócios
30
6 – Gerente de TI
n
u
q
y
cF
re
7 – Analista de vendas
20 8 – Escrituário
9 – Administrador de rede
10 10 – Auxiliar de escritório
Mean = 4,42 11 – outros
Std. Dev. = 3,592
0 N = 165
0 2 4 6 8 10 12
Cargo na empresa
Figura 2 – Distribuição dos respondentes por cargo ocupado na empresa
Como se pode perceber pelo gráfico da figura acima, o campo "outros" teve também um
número significativo de respostas, demonstrando a diversidade de funções exercidas pelas
pessoas que se inserem no curso.
Além disso, pode-se relatar outras características que tiveram predominância, de acordo
com a análise. No que se refere ao sexo dos respondentes, 70% são do sexo masculino, contra
apenas 30% do sexo feminino. Em relação ao tempo de serviço, 75% dos respondentes
trabalha entre 1 e 5 anos na empresa, como mostra o gráfico da Figura 3.
80
1 – menos de 1 ano
2 – de 1 a 5 anos
60
3 – de 5 a 10 anos
4 – mais de 10 anos
40
n
u
q
y
cF
re
20
Mean = 2,55
Std. Dev. = 0,953
0 N = 162
0 1 2 3 4 5
Tempo em que trabalha na empresa
Figura 3 – Distribuição dos respondentes por tempo em que trabalham na empresa
No que se refere ao ramo de atividade das empresas nas quais os respondentes
trabalham, obteve-se bastante diversidade, porém, com predomínio da área de Educação
(Universidades, Escolas técnicas, Faculdades particulares, etc.), seguida por Instituições
Públicas, e, em terceiro lugar, as empresas de informática (fabricante de softwares, prestadora
de serviços, etc.), como mostra o gráfico da Figura 4.
40
1 - Informática
2 - Financeiro
3 - Instituição Pública
4 - Agro-indústria
30
5 - Mineração
6 - Comércio em geral
7 - Educação
20
8 - Judiciário
9 - Elétricidade
n
u
q
y
cF
re
10 - Indústria
11 - Saúde
10
12 - Aviação
13 - Imobiliário
Mean = 4,6
Std. Dev. = 3,109
0 N = 151
0 2 4 6 8 10 12 14
Ramo de atividade da empresa
Figura 4 – Distribuição dos respondentes por área da empresa em que atuam
A evolução dos salários está associada principalmente à Existem esquemas de pagamentos associados ao
aquisição de competências desempenho da equipe
60
100
50
80
40
60
30
F
n
u
q
y
c
e
r
n
u
q
y
cF
re
40
20
10 20
Mean = 2,33
0 Std. Dev. = 1,182 Mean = 1,97
0 1 2 3 4 5 6 N = 166 0 Std. Dev. = 1,208
0 1 2 3 4 5 6 N = 166
A evolução dos salários está associada
principalmente à aquisição de competências Existem esquemas de pagamentos
associados ao desempenho da equipe
100
120
80 100
80
60
60
n
u
q
y
cF
re
40
n
u
q
y
cF
re
40
20
20
Nesta etapa da análise, procedeu-se à análise fatorial, buscando delinear os fatores que
mais representam práticas de gestão do conhecimento nas organizações nas quais trabalham
os respondentes, agrupando as variáveis de acordo com sua correlação.
Na aplicação da análise fatorial, utilizou-se o método de rotação Varimax para diminuir
a dimensão das variáveis originais, bem como verificar o grau de correlação entre as variáveis
independentes; o teste KMO, para verificar a medida de correlação da matriz como um todo;
o teste de Bartlett para verificar a esfericidade da matriz; e a medida de adequacidade
amostral. Apresentamos a seguir as estatísticas finais e os fatores extraídos com suas
respectivas cargas fatoriais. Também, os resultados dos testes de KMO e Bartlett
demonstrando a adequação da análise fatorial.
O teste de KMO apresentou-se significativo, a 0,741, sendo próximo de 1 e, portanto,
evidenciando que existe pouca influência de outras variáveis. O mesmo ocorreu para o teste
de Bartlett, que apresentou significância zero (alta significância), evidenciando há correlação
entre as variáveis.
Verificou-se, também, que todas as variáveis apresentam significância quanto à MSA
(medida de adequacidade amostral), considerando-se um valor acima de 0,5 para cada
correlação. Segundo Hair Jr. et al. (2005), o MSA tem que ser superior a 0,5.
A Tabela abaixo mostra a variância total explicada por cada fator, que corresponde ao
Eigenvalue (autovalor). De acordo com Antonialli (2007), se o Eigenvalue for menor do que
1,0 (um) o percentual que o fator agrega à explicação é muito baixo, por isso, normalmente é
desconsiderado. Se a diferença entre ele e o próximo fator tiver uma diferença muito grande,
então ele pode ser incluído. Como se pode ver na Tabela abaixo, 11 fatores possuem
autovalores acima de 1, sendo, portanto, considerados nessa análise.
De acordo com Antonialli (2007), quanto maior o número do fator (ou componente
extraído) pela análise fatorial, menor é seu peso e importância na análise, dessa forma,
percebe-se pela tabela acima que o primeiro fator é altamente significativo em relação aos
demais.
Uma vez que os índices acima analisados apresentaram uma amostra adequada para se
proceder à análise fatorial, esta foi elaborada com os seguintes parâmetros: autovalor = 1,
método de extração Varimax, carga fatorial acima de 0,411. Como afirmado acima, foram
extraídos onze fatores, os quais apresentaram explicação total (explicação conjunta) de
63,88% dos casos.
As variáveis foram, assim, agrupadas nos onze fatores, de acordo com a matriz
rotacionada de cargas fatoriais, mostrada abaixo.
Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.
a Rotation converged in 75 iterations.
A análise dos resultados indica que, na solução com três clusters, o cluster 1 incorporou
os clusters 1 e 2 na análise com dois clusters, enquanto o cluster 3 permaneceu com os
mesmos componentes, porém, passou a ser chamado cluster 2, por só existirem dois clusters
nessa solução, o que poderia trazer também a interpretação de que o cluster 3 tornou-se
cluster 2.
O dendograma ilustrado na Figura 6 permite a visualização do processo de agrupamento
e a identificação dos casos que estão sendo agrupados em cada cluster.
De acordo com os histogramas fornecidos pela tabulação cruzada entre os clusters
gerados e cada variável demográfica, pôde-se observar alguns elementos que permitem
caracterizar os agrupamentos.
Na solução para dois clusters, o cluster 1 caracteriza-se por discordar ou concordar
parcialmente com a maioria das afirmações (pontuações 2 e 3). Assim, pode ser denominado
necessitado por perceber a ausência das práticas de Gestão do Conhecimento na organização
e, conseqüentemente, a necessidade de se desenvolverem tais práticas. Já o cluster 2 dá níveis
de concordância mais altos, podendo ser denominado atuante, dado que reconhece o
exercício da GC em sua organização e, portanto, participa dela direta ou indiretamente. A
exceção ocorreu com as variáveis S1, S2, C5, O6, P9 e P12, que obtiveram predominância de
respostas discordantes, destacando que apesar de exercerem grande parte das práticas de
Gestão do Conhecimento, as organizações ainda falham na comunicação, na liberdade para
tomada de decisão e nas recompensas salariais.
A Tabela 12 mostra as respostas predominantes para a solução de dois clusters.
Figura 6 – Dendograma da análise de
Tabela 12 – Predominância de respostas para a solução com dois clusters
Variável Respostas predominantes no Cluster 1 Respostas predominantes no Cluster 2
E1 3e4 4e5
E2 2e3 3e4
E3 3e4 4e5
S1 2e3 2e3
S2 2e3 2e3
S3 2e3 4e5
C1 3e4 4e5
C2 3e4 3e4
C3 3e4 3, 4 e 5
C4 3e4 3e4
C5 2e3 2e3
C6 2e3 3e5
C7 3e4 5e6
C8 3e4 3e5
C9 3e4 4e5
C10 3e4 3e4
O1 2e3 3e4
O2 2e3 3e4
O3 3 5
O4 1e2 4
O5 3 4e5
O6 1e2 1e2
P1 3e4 4e5
P2 2e3 4e5
P3 2e3 3e4
P4 4 4
P5 2e3 4e5
P6 3 3, 4 e 5
P7 3e4 4e5
P8 2e3 3, 4 e 5
P9 1e2 2e3
P10 1 4
P11 1 5
P12 1 1
M1 3e4 5
M2 3 5
A1 3 4
A2 3e4 4e5
A3 3 4
A4 2e3 3e4
Na solução para três clusters, o cluster 1 manteve-se com baixos índices para a maioria
dos critérios, permanecendo com a maioria dos respondentes que discordaram ou discordaram
totalmente com a maioria das afirmativas. Dessa forma, o cluster 1 também será denominado
necessitado. A exceção, neste caso, foi a variável C10 que obteve concordância pela maioria
do grupo, demonstrando que as empresas não são rigorosas em relação à descontração
ocasional dos funcionários (tolerância a piadas e humor).
O cluster 2 demonstrou uma predominância de índices intermediários (concordo
parcialmente e concordo), sendo denominado, portanto, de satisfatório, por encontrarem um
nível satisfatório de exercício das práticas de gestão do conhecimento nas organizações. A
exceção ocorreu para as variáveis P9, P10, P11 e P12 que correspondem às questões salariais,
como participação nos lucros e gratificações.
O cluster 3, como falado anteriormente, possui os mesmos componentes do cluster 2 na
análise com 2 agrupamentos. Dessa feita, denomina-se atuante, salvo as exceções que se
referem às variáveis C5, O2, O6, P9 e P10, destacadas na Tabela 13.
Deve ser lembrado que não existe nenhum critério preestabelecido que ofereça algum
subsídio na decisão de quantos clusters extrair. Na tentativa de sustentar a decisão tomada,
considerando-se o dendograma apresentado (Figura 6), optou-se pela aplicação da análise
discriminante (a seguir), com objetivo de verificar a fidelidade dos resultados obtidos na
análise de cluster.
Nessa análise, também é gerada uma tabela que contabiliza a quantidade de indivíduos
em cada grupo antes e depois da classificação pela discriminante, e o percentual de casos
classificados corretamente. Observando a tabela abaixo, percebe-se que existem 132 membros
no cluster 1; desses, 115 foram classificados como tendo comportamento típico dos
componentes do cluster 1, e 17 foram classificados como tendo comportamento típico do
cluster 2. De forma análoga, o cluster 2 é composto por 29 respondentes, sendo que destes, 27
foram classificados como tendo comportamento do próprio cluster e apenas 2 tendem as suas
respostas para as do cluster 1. A função discriminante classificou corretamente 87,1% dos
casos do cluster 1 e 93,1% dos casos do cluster 2, sendo 88,2% o conjunto total dos casos.
A cultura organizacional, segundo Terra (2001), pode ser entendida pelas normas e
valores que ajudam a interpretar eventos e avaliar o que é apropriado e inapropriado, sendo
importante como qualquer outro aspecto dentro da empresa e, portanto, não deve ser relegado
a segundo plano. Deve-se explorar as características culturais associadas a organizações
criativas, estimulando a implementação de novas idéias, o uso eficiente do recurso tempo e a
utilização dos espaços de trabalho de forma a estimular o aprendizado.
A opinião dos funcionários sobre as práticas de GC associadas à cultura organizacional
reflete a inadequação das mesmas, visto que a maior parte das respostas à maioria das
questões foi "concordo parcialmente", como pode ser visto na Tabela 21, abaixo.
Tabela 21 - Predomínio das respostas para a dimensão cultural
A missão e os
valores da
empresa são As Reconhece-se Novas idéias
promovidos, de Há um pessoas que o tempo são
forma elevado não Existe uma As pessoas é um recurso valorizadas. Há grande
consciente, sentimento de estão Estimula-se a grande buscam importante Há permissão As realizações tolerância
através de confiança focadas experimentação. honestidade uma para o para discutir importantes para
atossimbólicos e entre empresa no curto Há liberdade para intelectual otimização processo de idéias são piadas e
ações. e funcionários prazo tentar e falhar na empresa. conjunta inovação "bobas" comemoradas. humor.
N Valid 166 166 166 166 166 166 165 166 165 166
Missing 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0
Mean 3,41 3,25 3,18 2,90 2,79 2,58 3,38 3,14 3,59 3,53
Median 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 4,00 4,00
Mode 4 3 3 3 3 3 4 3 4 3
Std.
1,027 ,943 1,046 1,082 1,111 ,961 ,996 1,078 ,999 ,970
Deviation
Variance 1,055 ,890 1,094 1,171 1,234 ,923 ,992 1,163 ,999 ,942
Kurtosis -,332 -,163 -,504 -,711 -,603 -,168 -,201 -,634 -,522 -,072
Std. Error
,375 ,375 ,375 ,375 ,375 ,375 ,376 ,375 ,376 ,375
of Kurtosis
Sum 566 539 528 481 463 429 557 521 593 586
4.3.3 Estrutura organizacional
De acordo com Terra (2001), as políticas de recursos humanos nas organizações têm
sofrido modificações nos últimos tempos devido ao reconhecimento da importância do
aprendizado, conhecimento e criatividade para a competitividade das empresas. As tendências
em relação à gestão do aprendizado, segundo este autor, estão relacionadas ao recrutamento,
treinamento e sistemas de recompensas, visto que os trabalhadores querem desenvolvimento
pessoal e financeiro.
Esta talvez seja a dimensão que mais merece atenção, haja vista a predominância de
respostas muito negativas (discordo e discordo totalmente) em muitas questões, e outra
grande parte de respostas pouco satisfatórias (concordo parcialmente).
A Tabela 23 mostra a distribuição das respostas mais freqüentes a todas as questões
relacionadas à política de recursos humanos.
tics
Nessa sexta dimensão da Gestão do Conhecimento, Terra (2001) chama a atenção para a
dificuldade em se medir o valor dos ativos intangíveis, como é o caso do conhecimento. Para
tanto, propõe uma série de questões cujas respostas dão um direcionamento para a
mensuração do capital intelectual e dos sistemas contábeis vigentes. Contudo, salienta que
mais importante que isso são os esforços para ampliar as perspectivas de avaliação de projetos
e de resultados da atividade empresarial.
A maioria dos respondentes desta pesquisa consideram insatisfatório o gerenciamento
de resultados em sua organização, como mostra a Tabela 25, abaixo.
De acordo com Terra (2001), "a necessidade de aprendizagem deve e está sendo, cada
vez mais, estendida para além das fronteiras da empresa, ou seja, clientes, fornecedores,
outras empresas (clientes ou não), institutos de pesquisa, universidades, etc." (p.195).
Contudo, o aprendizado com o ambiente representa um grande desafio para as organizações,
pois envolve alianças estratégicas, cooperação empresarial e cooperação universidade-
empresa.
O aprendizado com o ambiente foi a única dimensão que obteve maioria de respostas
satisfatórias à maior parte de suas questões. Isso demonstra, talvez, a crescente tendência de
atuação em redes organizacionais e os crescentes incentivos à atuação conjunta universidade-
empresa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAIR JR, J.F.; ANDERSON, R.E.; TATHAN, R.L.; BLACK, W.C. Multivariate data
analysis: with readings. 4 ed. New Jersey: Prentice Hall, 1995. 745p.
TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São PAULO, Atlas. 1992.