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Inspiração
O Poder do Amor
Élder Deibert L. Stapley
nsinam as Escrituras que nosso ente para uma vida alegre e fe liz é a “ Esta noite fiquei deitada sem con
COMITE DE SUPERVISÃO
PARA DIVERTIR 25 J. Thomas Fyans, Diretor-Gerente de Comunicações In
ternas; John E. Carr, D iretor de D istribuição e Tradução;
DE UM AMIGO PARA OUTRO 26 Doyle L. Green, D iretor de Revistas da Igreja; Daniel H.
Ludlow, D iretor de M ateriais de Instrução.
Hartman Rector Jr.
EDITOR
ESTER, A ADORÁVEL RAINHA 28 Larry H ille r
Mary Ellen Jolly
EDITOR RESPONSÁVEL
O siris G. Cabral
ESCONDE-ESCONDE 30
REDATOR
SEJA UM VITORIOSO 31 W ilson R. Gomes
Jon M. Taylor
A LIAHONA — Edição brasileira do "The Unified Magazine" d ’A Igreja
PERGUNTAS E RESPOSTAS 36 de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, acha-se registrada
sob o número 93 do livro B, n.° 1, de M atrículas de Oficinas Impres
soras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto n.° 4857 de
9-11-1930. “ The Unified Magazine” é publicado, sob outros títulos,
O PÉ DE GROSELHA 40 também em alemão, chinês, coreano, dinamarquês, espanhol, finlan
dês, francês, holandês, inglês, italiano, japonês, norueguês, samoano,
Hugh B. Brown suéco, taitiano e tonganês. Composta pela Linotipadora Godoy Ltda.,
R. Abolição, 263. Impressa pela Editora Gráfica Lopes, R. Francisco
da Silva Prado, 172, São Paulo, SP. Devido à orientação seguida por
A'PARÁBOLA DO GANSO BRAVO 42 esta revista, reservamo-nos o direito de publicar somente os artigos
solicitados pela redação. Não obstante, serão bem-vindas todas as
Michael D. Palmer colaborações para apreciação da redação e da equipe internacional
do “ The Unified Magazine". Colaborações espontâneas e matéria
dos correspondentes estarão sujeitas a adaptações editoriais.
REPORTAGEM DE BELFAST 44 SUBSCRIÇÕES: Toda a correspondência sobre assinaturas deverá
ser endereçada ao Departamento de Assinaturas, Caixa Postal 19079
Herbert F. M urray São Paulo, SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: Cr$ 15,00;
para o exterior, simples: US$ 3,00; aérea: USS 7,00. Preço do
exemplar avulso em nossa agência: Cr$ 1,50; exemplar atrasado:
Cr$ 1,80. As mudanças de endereço devem ser comunicadas indi
HUMOR MÓRMON 47 cando-se o antigo e o novo endereço.
Julho de 1973 3
Damos Gracas *
A Ti, Ó Deus
Amado
Spencer W. Kimball
Presidente do Conselho dos Doze
enhum palco teatral jamais de gente. Assim o Profeta Joseph dente Lee não foi eleito por meio de
N
cia como
ofereceu atos de tão absor
vente interesse e importân
as cenas históricas da
Smith a princípio presidia um gru
po m uito pequeno, mas que na épo
ca de seu m artírio já aumentara pa
com itês e convenções com todos os
seus habituais conflitos, críticas e
votos de homens, mas que foi cha
Igreja nestes últim os dias. O cená ra m uitos milhares. mado por Deus e depois apoiado pe
rio foi mudando de Nova York para Quando Brigham Young tornou-se lo povo.
Ohio, para M issouri, para Illinois e presidente havia aproximadamente A Igreja conheceu três presiden
Utah. As condições se alteraram e 40.000 membros. Em 1877, o novo tes diferentes em três anos. Um edi
mudaram os protagonistas dos diver presidente, John Taylor, presidia so torial do Deseret News comentou a
sos papéis. Hoje é apoiado mais um bre 145.000. W ilford W oodruff tinha respeito:
grande líder. Que grande p rivilégio sob sua responsabilidade cerca de “ Em muitas organizações uma mu
temos nós, os aqui presentes, de 192.000 membros em 1887. Quando dança tão rápida da cúpula diretiva
poder tom ar parte em tão importan Lorenzo Snow assumiu a presidên provocaria facilm ente perturbadoras
te evento! Nesta mudança de lide cia em 1898, havia uns 253.000 mem alterações de direção com o conse
rança da Igreja é importante que os bros, e no tempo de Joseph F. Smith qüente senso de hesitação e incer
quoruns do Sacerdócio e a assem eram perto de 280.000. O Presidente teza.
bléia dos santos tenham a oportuni Heber J. Grant presidia quase meio “ Dentro da Igreja, pelo contrário,
dade de exprim ir sua gratidão, de m ilhão; George A lb e rt Smith, um o sentim ento durante esse período
hipotecar seu apoio e confiança, e milhão; e quando David O. McKay se histórico tem sido de estabilidade e
de reafirm ar seus convênios. tornou presidente em 1951, os mem claro propósito, de constância em
O chamado do Presidente Harold bros somavam mais de 1.100.000. meio à mudança.” (Deseret News,
B. Lee segue padrão idêntico ao dos Quando Joseph Fielding Smith to 8 de julho de 1972, p. A-6)
outros presidentes há m uitos, mui mou as rédeas do governo da Igre O padrão divino não perm ite erros,
tos anos. Ele retém as mesmas cha ja, havia 2.800.000 membros; e ago nem conflitos, nem ambições, nem
ves, possui a mesma autoridade, re ra que o Presidente Harold B. Lee m otivos egocêntricos. O Senhor re-
presenta a mesma igreja, apenas assume a presidência, os membros servou-se o d ireito de chamar os lí
m uito maior. são aproximadamente 3.200.000, nú deres que irão p residir a sua igre
Quando foi organizada em 1830, a mero que aumenta rapidamente. ja. É um estudo de grande interesse
Igreja compunha-se de um punhado É confortante saber que o Presi e importância.
4 A LIAHONA
Harold B. Lee tornou-se presiden Para nós, o fato sign ificativo é que perm itirem , todos eles ordenados à
te da Igreja a 7 de julho de 1972, desde 6 de abril de 1830, há cento e liderança à medida que avançam se
porém já fora ordenado apóstolo a quarenta e dois anos, jamais houve gundo sua antigüidade.
10 de abril de 1941, e indubitavel um m inuto sequer em que a Igreja Desde Joseph Smith existiram uns
mente havia sido preordenado para estivesse sem liderança divina. Ne oitenta apóstolos assim investidos,
essas responsabilidades num passa nhum dos presidentes falecidos le embora somente onze tenham ocupa
do longínquo, mui longínquo, exata vou as chaves e autoridades para o do o lugar de presidente da Igreja,
mente como seus predecessores. Há mundo espiritual retirando-as da devido à intervenção da m orte; e
mais de um século o Profeta Joseph Igreja na terra. visto como a morte de seus servos
Smith declarava: No instante em que o espírito fica a c rité rio e controle do Senhor,
“ Todo homem que tem um chama abandonou o corpo do Presidente ele perm ite chegar ao prim eiro lu
do para m inistrar aos habitantes da Joseph Fielding Smith no dia 2 de gar apenas aquele destinado a assu
terra foi ordenado a esse mesmo julho, o Presidente Harold B. Lee, m ir a liderança. Vida e morte to r
propósito no Grande Conselho dos como presidente dos doze apóstolos, nam-se os fatores determ inantes.
céus antes que existisse o m undo.” assumiu legitim am ente o comando e Cada novo apóstolo, por sua vez, é
(Joseph Fielding Smith, comp., Tea- tornou-se o verdadeiro e reconhecido escolhido pelo Senhor e revelado ao
chings of the Prophet Joseph Smith, líder visto te r sido preordenado, co profeta, então em exercício, pelo
edição 1940, p. 365). mo disse Joseph Smith. qual é ordenado.
A questão de antigüidade é básica
Disse um dos prim eiros apóstolos, O Presidente George Q. Cannon
no prim eiro quorum da Igreja. Isto é
referindo-se a Joseph Smith: fala da preordenação:
entendido perfeitam ente por todos
“ Essa autoridade não lhe foi con “ É notável o fato de que Joseph
os apóstolos, e todos os membros
ferida quando viu prim eiram ente os Smith possuía dons antes de ser or
bem instruídos da Igreja estão fa
anjos e recebeu alguns dos dons . . . denado. Ele era vidente pois tradu
miliarizados com esse perfeito pro
isso requeria a imposição de mãos ziu antes de ser ordenado; era pro
grama sucessório.
por alguém que possuísse a autori feta, pois predisse grande número
Joseph Smith conferiu aos doze
dade do Santo Sacerdócio.” de coisas antes de ser o rd en ad o.. . ;
apóstolos todas as chaves e autori
No tempo oportuno ele recebeu era revelador, pois Deus concedeu-
dades e poder que ele próprio pos
essa autoridade sob as mãos dos úl lhe revelações antes da organização
suía e que havia recebido do Se
tim os detentores das chaves sobre a da Igreja. Ele, portanto, era um pro
nhor. Deu-lhes todo “ endowm ent",
terra. O apóstolo prossegue: feta, vidente e revelador antes de
todo lavamento e unção, e adminis-
ser ordenado na carne.” (Gospel
“ Quando Je s u s . . . levou seus três trou-lhes as ordenanças seladoras.
Truth, p. 253)
discípulos para o monte, ele foi Hoje temos a oportunidade, como
transfigurado diante deles, e Moisés Em 7 de julho de 1972 o Quorum tiveram-na os filho s de Israel, de re
e Elias vieram m inistrar-lhes; naque dos Doze tinha todos esses dons. E novar o convênio e apoiar um novo
la ocasião Pedro foi ordenado a de o Presidente Harold B. Lee os pos profeta. Disse o Senhor a Josué, e
te r as chaves daquela dispensação. suía e também as chaves e a pleni isto se aplica igualmente ao Presi
Ele possuía as chaves em conjunto tude do Sacerdócio desde 10 de dente Lee:
com seus irmãos Tiago e João. abril de 1941, ratificados pelo Quo “ Nenhum se susterá diante de ti,
“ Nos tempos modernos eles vie rum dos Doze Apóstolos a 7 de ju todos os dias da tua vida: como fui
ram e, conjuntamente, impuseram as lho deste ano. com Moisés, assim serei contigo:
mãos sobre a cabeça de Joseph Nosso Senhor tomou todas as pro não te deixarei nem te desampara
(Smith) e a de O liver (Cow dery), vidências para as mudanças. A tua l re i.” (Josué 1:5)
ordenando-os à autoridade que eles mente há catorze apóstolos que de “ Então disse o povo . . . ao Senhor
próprios possuíam, isto é, a do apos- tém em suspensão essas chaves, os serviremos.
tolado.” (George Q. Cannon, Gospel doze mais os dois conselheiros do “ Servirem os ao Senhor nosso
Truth [Z io n ’s Book Store, 1957], vol. presidente, para serem postas em Deus, e obedeceremos à sua voz.
1, pp. 253-54) uso se e quando as circunstâncias o “ Assim fez Josué concerto naque
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le dia com o povo." (Josué 24:21, dócio são apenas homens m ortais: quer outro homem na posição de
24-25) são homens falíveis . . . (Ninguém o presidente da Igreja vos desencami-
Seja este, então, nosso convênio sabe m elhor do que eles próprios.) nhe. Não é do programa. Não é da
hoje. Nenhum ser humano que alguma vez vontade de Deus. Se eu o tentasse,
Disse um dos líderes antigos: "Eu pisou esta terra foi livre de pecado, o Senhor me removeria do meu lu
olho para nosso presidente — sem exceto o Filho de D e u s . . . ” gar, e o mesmo faria com qualquer
pre vigio o capitão do navio com es Isto é verdade em relação a todos outro homem que procurasse des
pecial interesse, quando no oceano os irmãos, tenho certeza. viar os filhos dos homens dos orá
rodeado por icebergs ou quando em “ Não obstante, Deus elegeu esses culos de Deus e do dever d e l e s . . . ”
meio a fo rte torm enta . . . sempre v i homens. Ele os escolheu ... mas ele (The Discourses of Wilford Woodruff
giava seus olhos e comportamento os selecionou e conferiu-lhes a auto [B ockcraft, 1969] pp. 212-13)
imaginando . . . que poderia te r uma ridade do Santo Sacerdócio, e eles Isto deve dar-nos profunda segu
boa idéia do perigo ficando atento tornaram-se seus representantes na rança.
a ele. Tenho passado por torm entas terra. Ele os coloca como pastores Um outro líder escreveu: "Os ho
nas quais todos os a bordo, exceto sobre o rebanho de C risto, e como mens não obtêm lugar nesta Igreja
os élderes, esperavam so sso b ra r. . . ” vigias sobre as muralhas de Sião. porque o querem. Se fosse sabido
(Gospel Truth, p. 271) E os tem como estritam ente respon que um homem ambiciona determ i
Agora temos o privilégio de apoiar sáveis . . . pela autoridade que lhes nado ofício na Igreja, este fato em
o Presidente Lee. conferiu, e no dia do Senhor Jesus si seria a sua derrota porque seu
Uma regra importante que prova C risto eles terão que levantar-se pa desejo não lhe seria concedido. É
velm ente conheceis foi-nos dada pe ra ser julgados quanto à maneira este o caso dos oficiais desta Igre
lo Profeta Joseph Sm ith: “ Vou dar- em que exercerem essa autoridade. ja . . . (Eles) são responsáveis pe
vos uma das chaves dos m istérios Se o fizeram impropriamente e de rante Deus. Deus (os) escolheu e
do Reino. É um princípio eterno que maneira contrária aos interesses de nomeou, e a ele cabe co rrigi-(los)
existe com Deus desde toda a eter sua obra e à salvação de seu povo, se errarem .” (George Q. Cannon, no
nidade. O homem que se levanta pa ai deles no dia do Senhor Jesus! Deseret Weekly, 21 de maio de 1898,
ra condenar outros, encontrando fa Ele há de julgá-los . . . ” (Gospel p. 708)
lhas na Igreja, dizendo que estão an Truth, p. 276) Que o Senhor abençoe nosso no
dando errado enquanto ele próprio Esse mesmo apóstolo nos escla vo presidente e seus conselheiros,
está certo, sabei então com certeza rece que a autoridade para julgar e e os apóie plenamente. Possamos
que esse homem está no caminho condenar é dada pelo Senhor somen nós, o povo, dar apoio total ao Pre
direto para a apostasia; e se não se te aos conselhos regularmente cons sidente Harold B. Lee, o qual eu sei
arrepender, ele irá apostarar tão cer tituídos da Igreja, e não aos homens ser o profeta do Senhor aqui na te r
to como Deus v iv e .” (Teachings of em geral: "... e os que erguem ra. Presto testemunho de que Deus,
the Prophet Joseph Smith, pp. 156-57) suas vozes . . . contra a autoridade cuja voz foi ouvida no Rio Jordão, en
O Presidente Cannon adverte no do Santo Sacerdócio . . . descerão pa tre os nefitas, no bosque em Nova
vamente: “ Se algum de vós se entre ra o inferno, a menos que se arre York, é o nosso Pai Celestial; e
gou ao espírito de murmuração e de pendam.” (Ibid) aquele a quem aludiu ao dizer: “ Este
críticas, e perm itiu que sua língua Foi o Presidente W ilford W oodruff é o meu Filho amado, em que me
veiculasse pensamentos e palavras quem, nos últim os anos de vida, fez comprazo,” é nosso Salvador, o Se
maldosos e em desacordo com o es este pronunciamento: “ Rogo ao meu nhor Jesus C risto, o cabeça da Igre
pírito do Evangelho . . . deveis arre- Pai Celestial que derrame sobre mim ja. Presto testemunho também de
pender-vos de todo o coração e su- o seu espírito, como seu servo, para que o Presidente Lee é um profeta
jeitar-vos na mais profunda humilda que em minha avançada idade e du de Deus, e que se o seguirmos, fa
de e im plorar a Deus perdão por rante os poucos dias que me restam remos grandes avanços no reino.
esse pecado — pois é um pecado ex na carne, eu seja guiado por sua Presto-vos este testemunho com to
trem amente grave. inspiração. A Israel eu digo, o Se do fe rvo r e sinceridade, e em nome
“ Os homens portadores do Sacer nhor jamais perm itirá que eu ou qual de Jesus C risto. Amém.
6 A LIAHONA
Os Santos
Em Segurança
Habitam
Boyd K. Packer, do Conselho dos Doze
pós a reunião matutina de dos santos e da fam ília de Deus.” vovô e vovó — voltam a enfrentar
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mesmo a m aioria tenha mais É interessante como coisas tão Através desse canal do ensino fa
atrativos. básicas são menosprezadas. Por m iliar do Sacerdócio pode flu ir uma
Tempos atrás vis ite i certo lar de exemplo, temos dentro de nós deter força sustentadora até os lim ites
pois da reunião sacramental. A mãe minado suprim ento de sangue para dos recursos terrenos da Igreja. Mas
indagou do filho adolescente como d is trib u ir elementos n utritivos aos isto não é tudo; por esse canal pode
fora o dia. O rapaz, franco e resolu tecidos orgânicos, recolher o mate flu ir um poder espiritual redentor
to como costumam ser os jovens, rial residual e portador de defesas que atinge os lim ites do próprio
respondeu: contra doenças e infecções. O san céu.
— Ótimo, com exceção da reunião gue é mantido em circulação pelo Por meio do ensino fam iliar foram
sacramental. incessante e seguro bombeamento evitadas tragédias, almas decaden
A mãe inquiriu a respeito da reu do coração. Ele é vital para a vida. tes puderam ser reerguidas, necessi
nião sacramental e obteve como Não obstante, um corte no dedo dades m ateriais foram preenchidas,
resposta: geralmente merece mais atenção e mágoas foram amenizadas. Enfermos
— Bem, quando nos livrarm os de maior cuidado. Ninguém se importa foram curados através da ministra-
ouvir sumos conselheiros falando m uito com o pulsar do coração até ção. Embora prosseguindo sem alar
sobre o ensino fa m iliar e o plano que surja uma ameaça de que possa de, esse trabalho é inspirado pelo
do bem-estar do Sacerdócio, será falhar ou parar. Só então a gente dá Deus Todo-poderoso e é fundamen
um grande dia! atenção. tal para o sustento espiritual deste
A mãe, humilhada, atalhou: povo.
Por mais estranho que seja, ao en
— Ora, David, o Élder Packer aqui Os líderes da Igreja despendem
sino fa m iliar é dado tão pouco valor
é o encarregado de um desses pro m uito esforço para que funcione o
que a m aioria dos membros quase
gramas para a Igreja toda. ensino fa m iliar do Sacerdócio. Em
não lhe dá atenção, participando de
— Sei disso, — retrucou o rapaz. bora tido como certo e garantido,
le rotineiram ente, às vezes até com
— Por que então não faz algo a sempre se tomam providências para
certo enfado. Todavia, é por meio
respeito? sua continuidade, e sempre se toma
dele que os membros da Igreja re
Meu rapaz, eu estou, agora mes rão. Seus princípios jamais mudaram,
cebem proteção e vigilante cuidado
mo, fazendo tudo que posso a res nem com as alterações da socieda
não existente em outra parte qual
peito do caso. Quero explicar-lhe de nem com as diversas adições na
quer.
uma coisa. Talvez você ache que os programação da Igreja. Sem ele a
dois programas — que são intim a Imaginemos um homem convidan Igreja poderia facilm ente deixar de
mente relacionados — podem ser do seu companheiro, geralm ente um ser a Igreja. E volto a dizer, ainda
m uito mais interessantes. Mas, inte rapaz ainda adolescente, a passar que algumas atividades possam pa
ressantes ou não, eles são vitais pa uma noite visitando o lar de cinco recer mais sugestivas, nenhuma é
ra a nossa segurança. ou seis fam ílias. Eles chegam tra mais importante.
A propósito, meu jovem, você po zendo incentivo, para averiguar as Sou grato pelos muitos programas
de alistar-m e com o tal sumo conse necessidades espirituais, e interes- de atividade que temos. Eles são um
lheiro que fala dos programas bási sando-se pelo bem-estar da fam ília, condimento, um tempero ou uma so
cos do Sacerdócio. E a nós dois jun de modo que todos saibam que exis bremesa. Tornam a vida mais inte
te o seu treinador que fala de disci te alguém a quem podem recorrer ressante, principalm ente para nossos
plina e treinam ento, e o professor de em momentos de necessidade. jovens. Sou todo a favor deles e não
música que insiste em horas de exer Se surge uma doença, é possível gostaria de vê-los negligenciados,
cício para uns poucos m inutos de fornecer ajuda. As crianças são cui nem conseguiríeis persuadir-me a
execução em público. A liste conosco dadas, visitas providenciadas. Aqui dispensá-los.
os seus pais que insistem em que se encontram os m estres fam iliares Reconheço que uma igreja com en
você aprenda a trabalhar e a dar do Sacerdócio com as professoras sino fa m iliar somente pode parecer,
atenção às coisas fundamentais da visitantes da Sociedade de Socorro. para uma pessoa jovem, quase tão
vida. M uitas vezes o problema não é enfadonha como uma refeição sem
Repito, pode haver coisas muito doença, mas um adolescente com tem peros ou sobremesa. Contudo,
mais atraentes, mas não existe ne suas dificuldades, ou uma criança sinto certa preocupação quando nos
nhuma mais importante. que não vai indo como deveria. sos líderes locais se concentram in
8 A LIAHONA
teiram ente em programas de ativida do Sacerdócio. Não desobrigueis os andar e então deixávamos nossa
de negligenciando o ensino fam iliar m estres fam iliares tentando realizar mensagem enquanto ela continuava
do Sacerdócio. o trabalho deles por outro meio. de cama.
Aos nossos bispos eu digo que Podeis inventar centenas deles na Eventualmente descobrimos que
querer sustentar os jovens tão so tentativa de fortalecer vossos jovens, ela apreciava sorvete de limão. Fre
mente com programas de atividade porém mais cedo ou mais tarde se qüentemente parávamos numa sor-
seria o mesmo que tentar fazer um reis obrigados a voltar à maneira do veteria antes de fazer essa visita.
atleta às custas de uma dieta de Senhor. Pelo fato de conhecermos sua pre
barras de chocolate e refrigerantes. Recordo o que diz certo trecho das dileção, éramos duplamente bem-
Eles podem sentir-se atraídos por Escrituras: vindos naquela casa.
eles, porém não lhes servirá de nu “ Quem sou eu, diz o Senhor, para Certa vez meu companheiro sênior
triente. Nenhum empenho para re prom eter e não cumprir? não pôde ir por m otivos que não
dim ir vossos jovens pode ser mais “ Eu mando e os homens não obe mais recordo. Então fui sozinho e
produtivo do que o tempo e a aten decem; revogo e eles não recebem segui o ritual de antes comprar um
ção dedicados ao ensino fam iliar do a bênção. pacote de sorvete de limão.
Sacerdócio. Porque o objetivo do en “ Depois dizem em seus corações: Encontrei-a de cama. Ela expres
sino fa m iliar do Sacerdócio é forta Esta não é a obra do Senhor, pois sou grande preocupação por um dos
lecer o lar, e como diria o adoles suas promessas não se têm cum pri netos que no dia seguinte devia sub-
cente, e ele geralmente sabe: “ É ali do. Mas ai desses, pois embaixo os meter-se a séria intervenção cirú rgi
que está a coisa." Não compreendeis espera a sua recompensa, e não em ca. Perguntou se eu não queria
que conservando essa linha de comu cima." (D&C 58:31-33) ajoelhar-me ao lado de sua cama pa
nicação vital com o lar, não apenas A vós, m estres fam iliares — vós ra oferecer uma oração em favor do
estais fortalecendo o lar mas as a ti que fazeis as visitas rotineiras, não bem-estar da criança.
vidades se tornam m uito melhores e poucas vezes consideradas maçan- Depois da prece, pensando no
mais gostosas? tes — não encareis levianamente es meu casamento iminente, presumo,
Existem m uitos meios de estim u sa designação nem como mera ro ti ela disse:
lar nossa juventude. Somos bastante na. Toda hora gasta, todo passo da — Esta noite eu é que vou ensi
inventivos e aparentemente capazes do, toda porta em que bateis, todo ná-lo, — dizendo que ia contar-me
de descobrir meios excitantes. Mais lar que saudais, todo incentivo que uma coisa que eu nunca devia es
cedo ou mais tarde seremos compe ofereceis, é uma dupla bênção. quecer. Então começou a lição da
lidos a fazê-lo à maneira do Senhor. É uma verdade interessante que qual me lembro sempre, a narração
Lembro-me do caso de um caça os m estres fam iliares muitas vezes de um incidente da sua própria vida.
dor de peles que juntara modesta aprendem no decorrer das visitas a Uns poucos anos depois de casar-
fortuna apanhando raposas. Decidiu uma fam ília. De fato, freqüentem en me no tem plo com um excelente ra
ir para o sul no inverno e deixou te é duvidoso quem colhe mais be paz, quando ambos se concentravam
suas linhas de armadilhas aos cui nefícios, mesmo em momentos de nos afazeres de sua nova vida e em
dados de um jovem e bem treinado sacrifício e serviço prestados por criar os filhos, certo dia chegou uma
assistente. Ensinou-lhe cuidadosa um mestre fa m ilia r — se a fam ília carta da “ Caixa B” . (Naqueles tem
mente como armar os laços e onde a quem serve ou ele próprio. pos uma carta da “ Caixa B" da C i
colocar a isca. Lembro-me de uma lição muito dade de Lago Salgado era invariavel
Quando voltou na primavera, en significativa aprendida como mestre mente um chamado para missão.)
controu m uito poucas peles para fam iliar. Para grande surpresa deles esta-
seu desapontamento. Pouco antes de casar-me fui de vam sendo chamados como família
— Você fez exatamente como eu signado com um companheiro mais para um dos continentes mais remo
ensinei? — perguntou ao moço. velho a se rvir como m estre fam iliar tos do mundo a fim de ajudar a abrir
— Oh, não, — respondeu este. de uma senhora idosa. Sendo semi- o país para o trabalho missionário.
— Descobri um jeito m uito melhor. inválida não podia sair de casa e m ui Depois de ali servirem bem e fie l
A vós, bispos e líderes de quorum, tas vezes quando batíamos à suá por mente durante vários anos, eles vol
recomendo insistentem ente que deis ta ela respondia pedindo que entrás taram para casa reencetando a ta
a devida atenção ao ensino fam iliar semos. Era quando não conseguia refa de criar a fam ília.
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Então a frágil senhora focalizou que um casal pode conviver sem que nas aquele indicado para onde o mi
determinada manhã de segunda-fei- haja entre eles palavras amargas. n istério importa mais. Apenas um
ra em que houve irritação e alguma Tenho muitas vezes meditado nas servo do Senhor!
desavença, seguida de palavras mor- visitas àquele lar, sobre o tempo É por causa de vós, os mestres
dentes entre marido e m ulher. In gasto e os poucos centavos empre fam iliares do Sacerdócio, que um
teressante notar que ela não conse gados em sorvete de limão. Aquela verso do hino diz com razão:
guia lembrar-se de como tudo come irmãzinha há m uito se foi para além "Debaixo de seu olhar vigilante,
çou ou sobre o que fora. do véu, o mesmo acontecendo com Os santos em segurança habitam.
— Mas, — prosseguiu ela, — se meu companheiro sênior. Porém, a A mão que a natureza inteira sus-
ja como for, não consegui reprim ir poderosa experiência daquele ensino [te n ta ,]
o impulso de segui-lo até o portão fam iliar, da lição recebida pelo mes Aos filhos seus, amparo dará.”
e, enquanto ele seguia seu caminho tre fam iliar ainda persiste em mim, Presto testemunho de que Jesus
para o trabalho, grita r aquela últim a e tenho tido ocasião de passar a é o C risto, de que esta é a sua igre
e mordaz observação. mensagem dela a jovens casais dian ja e seu reino. Somos os portadores
te do altar m atrim onial e ao acon do Sacerdócio e da autoridade por
Depois, com as lágrimas a correr,
selhar pessoas por este mundo afora. ele delegados. Somos presididos por
ela falou do acidente ocorrido naque
um profeta o qual, como homem que
le dia e que vitim ou o marido. Existe como que um gênio e spiri
é, não consegue abarcar o mundo,
— Há cinqüenta anos vivo no in tual no ensino fa m iliar do Sacerdó
estendendo-se a todo ramo, toda mis
ferno, — soluçou, — por saber que cio. Todo portador do Sacerdócio que
são, toda estaca. Todavia, delegando
as derradeiras palavras que ele ou se empenha nessa designação pode
de sua autoridade e das chaves que
viu de meus lábios foram aquela acabar regiamente recompensado.
detém, ele pode não só alcançar as
observação mordaz. Indagados sobre suas designações estacas e alas e ramos, como esten-
Era esta a mensagem para o seu na Igreja tenho ouvido homens res der-se a cada lar, a cada indivíduo, e
jovem mestre fam iliar, oferecida ponder: “ Sou apenas um m estre fa abençoá-los e ampará-los, para que
com a admoestação de nunca esque- m ilia r.” os santos possam habitar em segu
cê-la. Ela tem sido de grande provei Apenas um mestre fam iliar. Ape rança. Em nome de Jesus Cristo,
to para mim. Desde então aprendi nas o guardião de um rebanho. Ape Amém.
10 A LIAHONA
" . . . quando te converteres, confir Não sei de onde surgiu a maravi
ma teus irm ãos.” (Lucas 22:32) Eu lhosa colega simpatizante, a “ fada"
oro para que o bom bispo, o mestre de solidariedade que sabia como es
fam iliar, a congregação da ala para a quecer-se de si servindo os outros,
qual foram designados meu amigo alguém que sabia seguir a admoes-
Guy e seus fam iliares, fortaleçam tação do Salvador de fortalecer os
estes irmãos. amigos. Com a exuberância da ju
Permitiram-me contar uma expe ventude a garotinha gritou:
riência pessoal. Confirm ar ou forta — Olá, Kellie, como vai você?
lecer nosso irmão penso eu, adquire — M uito bem.
mais sentido quando pensamos em — Em que sala você vai ficar? —
nos solidarizar e nos m ostrar amis E depois: — Formidável. Eu estive
tosos com nossa fam ília. Tempos nessa sala no ano passado. Vem co
atrás quando minha filha mais nova migo, eu vou levar você até lá.
viu-se diante da contingêngia de fre Presidente Paul H. Dunn E antes de saber como, Kellie ha
Do Primeiro Conselho dos Setenta
qüentar uma nova escola, ela aguar via largado a minha perna e se afas
dava essa experiência com grande tara uns dez passos quando perce
todos nós experimentamos ao nos
espectativa e emoção, porém tam beu o que acontecera. Jamais hei
encontrarmos em situação social no
bém com as costum eiras apreensões de esquecer sua expressão e a lição
va e diferente.
e preocupação. Como pais, tentamos que me deu ao olhar para trás di
Ela sabia qual seria a minha res
tornar-lhe a experiência significativa zendo:
posta e concordou em que eu a le
e positiva, passando várias horas — Ó, papai, pode ir agora; eu não
vasse até a escola. Chegando dian
procurando prepará-la mentalmente preciso mais de você.
te da escola ouvimos o sinal. Em
para a mudança.
seus olhos começaram a surgir lá Graças a Deus pela gente miúda
Finalmente chegou o dia tão an grimas. Desci do carro disposto a bem como pela gente grande que sa
siosamente aguardado. Planejamos ajudá-la. Depois de andarmos uns be como fazer amizade e solidari-
uma noite especial para dar-lhe con três metros ela agarrou-se à minha zar-se.
forto e orientação espiritual. Mais perna e olhando para mim como só M ilhares de pessoas ingressam na
tarde, ao preparar-se para deitar, ela uma criança olha para o pai, falou Igreja todos os meses. Oro que te
era toda expectativa quanto ao dia filosoficam ente: nhamos o espírito necessário para
seguinte. Na dita manhã apareceu
— Papai, se você me ama de ver seguir o conselho do Senhor e forta-
para o desjejum ainda de camisola
dade, se você me ama de verdade — lecer-mos a nossos irmãos. Oro para
dizendo:
não me mande entrar ali. que um excelente bispo e um mara
— Papai, penso que seria melhor Então respondi-lhe: vilhoso mestre fa m iliar e outros
eu não ir à escola hoje. — Querida, você talvez não con membros estejam cuidando de meu
— Por quê? siga compreendê-lo ainda, mas é amigo Guy Davis.
— Eu acho que vou fica r doente. justam ente por causa do amor que Eu te s tific o a divindade desta igre
Todos já sabem o que ela tentava lhe tenho que vou levá-la lá dentro. ja. Ela é real. Apóio o Presidente
dizer-nos, não é? Eu não sei como E assim fiz. Quando passamos pe Lee como profeta, vidente e revela
enfrentar a nova situação, papai. Se la porta ela agarrou-se à outra perna dor. Sei que ele foi chamado e orde
rá que farei amigos? A professora e não largou mais. M uitos alunos nado por Deus. Sei que Deus vive e
irá gostar de mim? Será que me en passaram por nós e se foram, e f i que Jesus é o C risto, do que presto
quadrarei no grupo social? Eles vão nalmente aconteceu o pequeno m ila testemunho em nome de Jesus C ris
me aceitar? Eis as preocupações que gre que tudo mudou. to. Amém.
Julho de 1973 11
Uma Noite de Vinhetas
Históricas
inhetas — peças literárias para representação, Estas pequenas peças perstam-se não só para lei
12 A LIAHONA
Os esboços são adaptáveis para praticam ente qual SUSANNA:
quer situação. Os ouvintes podem ser encorajados a Meu pai e irmãos eram totalm ente contrários a que
fazer coro nos hinos requeridos na apresentação. minha irmã se batizasse na Igreja dos Santos dos Ú lti
Se preferem fica r de pé, sentados, participar ou mos Dias. Mas ela se batizou na prim eira oportunidade
ouvir; se escolhem apenas uma das peças ou apresen que encontrou. Por volta de dezembro de 1832 apareceu
tam todas; se são encenadas em fam ília ou como entre na nossa vizinhança um élder da Igreja, o qual visitou
tenim ento para um grupo maior, ou se querem lê-las só nossa casa a convite de minha irmã.
para si — é só escolher. Seja qual fo r o caso, estas
vinhetas podem ser uma fonte de inspiração para todos SR. TYLER
— leitores e ouvintes. Enquanto estive ausente de casa minha filha deu ouvi
dos a alguns de vocês pregadores mórmons. E agora
* Estas historietas inspiradoras foram coletadas e preparadas por: ela quer ser batizada, mesmo depois de saber que nunca
Dr. Harold Oaks, Judith Piquet, Kristen Addoms, Tom Bay, W alt mais poderá botar os pés nesta casa, se o fizer. Vou
Berry, Everett Balck, Cristy Clark, Pamela Gorman, Calleen Jean dizer-lhe uma coisa — seja quem fo r que a batizar irá
Trvine, Rebecca Rowland e Lee Russel.
fazê-lo com risco de vida, pois eu e meus filhos esta
remos lá com nossas armas!
MISSIONÁRIO:
Sr. Tyler, nós não vamos batizar sua filha contra a sua
vontade. Se a nossa doutrina é verdadeira, do que da
mos testemunho, o pecado de im pedir que ela a abrace
será sobre a cabeça do senhor, não sobre a nossa nem
a dela.
SUSANNA:
Estas palavras compungiram seu coração e ele começou
a pensar que possivelm ente os mórmons estivessem
certos e ele errado. Assim , pois, decidiu aconselhar
sua filha a respeito do assunto e depois perm itir que
ela exercesse seu livre arbítrio. Assim , ficaria eximido
de qualquer responsabilidade.
SR. TYLER
Você pode decidir por si mesma, Jane. Suponho que po
derá ser a melhor religião do mundo se o que esses
rapazes dizem fo r verdade; mas se não for, ela é a
pior. Esses rapazes sabem se ela é verdadeira ou falsa,
eu não. Pense bem antes de tom ar uma decisão.
JANE;
SUSANNA:
E assim papai acomodou minha irmã, os élderes mór
mons e mais alguns de nós num trenó puxado a boi
Personagens: para irmos até o Lago Erie, distante uns três quilôm etros.
Susana Tyler Chegando lá, os homens abriram um buraco na camada
Sr. Tyler de gelo de quase um metro de grossura que recobria
Missionário o lago para Jane poder ser batizada em Igreja de Jesus
Jane Tyler C risto.
Julho de 1973 13
enquanto outros dois agarravam os cavalos pelo freio.
Então chegou outro índio querendo me tira r de cima
da carroça. Aí comecei a fica r com medo e também
zangada, e pedi que Pai Tanner me deixasse descer e
sair em busca de socorro. Mas ele respondeu:
— Pobre criança. É m uito tarde para isso.
O rosto dele estava branco como papel! Os índios
estavam agora roubando-lhe o relógio e o lenço, en
quanto continuavam tentando me tira r do carro.
Comecei a apelar mudamente ao meu Pai Celestial.
Enquanto eu orava e me defendia lutando, o Espírito
do Todo-poderoso veio sobre mim fazendo com que me
erguesse com grande poder e falasse aos índios em
seu próprio idioma. Eles largaram os cavalos e a car
roça, e ficaram parados na minha frente enquanto eu
lhes falava pelo poder de Deus. Abaixaram a cabeça
e responderam “ sim " de maneira a que eu soubesse
o que queriam dizer. Pai Tanner e a garotinha olhavam
estáticos em mudo assombro.
Compreendi a nossa situação. Eles pretendiam ma
14 A LIAHDNA
OUVINTES:
Cantam as duas prim eiras estrofes do hino 57, “ Talvez
Não Seja ao A lto M a r” ,
RICHARD:
Em abril de 1886 fui para a conferência no Grande Lago
Salgado — foram quinze dias de carroção. A li reuni-me
com os santos no Tabernáculo de Deus, e ouvi meu
nome sendo chamado por Heber C. Kimball.
HEBER:
Richard Benson — missão na Grã-Bretanha.
BISPO:
Mais tarde, Richard teve uma breve conversa com o
Irmão Heber.
HEBER:
Irmão Benson, quando lhe seria mais conveniente partir?
RICHARD:
Bem, Irmão Kimball, preciso ir para casa e conversar
com Phoebe.
HEBER:
Mas isso, Richard, levaria um mês!
HEBER:
Personagens: Conversar sobre o quê?
Bispo
Richard Benson RICHARD:
H eber C. K im ball Bem, sobre as colheitas, a aração e o plantio, além da
Phoebe Benson reserva de lenha para o próxim o inverno e o inverno
seguinte, para Phoebe e as crianças.
BISPO:
Richard Benson nasceu em W rightington, Inglaterra, no HEBER:
ano de 1816 e faleceu em Center Creek em 1895. Não o Eu conheço a Phoebe, Richard. Ela saberá arranjar-se
lamentem, ele encontrou merecido repouso. sem você. Vou pedir ao seu bispo que dê suas des
Ele foi batizado na Inglaterra por Heber C. Kimball pedidas e cuide de sua fam ília. A caravana para Missouri
que o mandou em missão para New Castle, oo Tyne parte depois de amanhã. Deus o abençoe, Élder Benson.
(Inglaterra). A li Richard batizou quarenta e sete pes Quando voltar, traga alguns m ineiros e construtores de
soas, inclusive Phoebe. Mais tarde, já em Nauvoo, ele moinhos e pedreiros, homens capazes e fié is que nos
cumpriu outro chamado na Inglaterra. Dessa vez, casou- ajudem a construir Sião.
se com Phoebe, trazendo-a para o Grande Lago Salgado.
Porém, mal acabavam de instalar-se quando o Irmão RICHARD:
Brigham os incumbiu de estabelecerem o núcleo de Por que eu parti — sem mesmo me voltar para dizer
Center Creek — outros quatrocentos quilôm etros além, um adeus a Phoebe? Porque eu, também, conhecia
em pleno s e rtã o ... Phoebe. Para ela, Heber C. Kimball, que me batizou,
Eu conheci o Irmão Benson. Tinha um grande amor ainda é um servo de Deus. E quando o Irmão Kimball
ao Senhor e ia para onde fosse chamado. diz a um homem: “ V á ” , ele vai.
Julho de 1973 15
BISPO:
Phoebe Forrester, esposa de Richard Benson, nascida
em 1820, faleceu em 1904.
PHOEBE:
Como me senti quando o bispo chegou à minha porta
e disse —
BISPO:
Seu marido, Phoebe, seu marido está neste momento
cruzando as planícies — para uma missão na Inglaterra.
PHOEBE:
Eu fiquei ali parada fe ito estátua de sal. Dois anos.
Estará longe por vinte e quatro meses; setecentos e
vinte dias; dezessete mil quinhentas e vinte horas. Foi
embora. Mas por que não voltou pelo menos para me
dizer?
BISPO:
Dizer o que, Irmã Benson?
PHOEBE:
Olhei para as crianças que nos observavam com olhares
confusos. Eu sei o que meu marido me diria e sei tam
bém da minha resposta. Ambos sabemos que a gente
tem que ir quando o Senhor chama. Ainda assim, ao
menos poderia te r voltado para casa!
Não, partindo agora — ele estará de volta quatro Companhia
semanas mais cedo. Sempre diziam que eu era capaz
de tira r o melhor partido de qualquer situação. E é
isto que tive que fazer, dia após dia, por longos dois
anos. Às vezes não me restava nem um níquel na bolsa,
de
e todo o trabalho ficava para mim, dentro e fora de
casa, além de cuidar das crianças e discipliná-las. E
quando caíam doentes com crupe, cólera ou varíola, era
sempre eu que devia atendê-los durante a noite, sem
Carrinho-de-mão
pre eu.
Mas, não sei como os níqueis sempre rendiam mais,
a lenha não queimava tão depressa, o trigo dim inuia
mais devagar. E fomo-nos arrumando enquanto arran
cávamos as setecentas e vinte páginas da folhinha ao Personagens:
som dos cento e vinte e seis milhões, cento e quarenta 1 .° Narrador
e quatro mil tiquetaques do relógio sobre a lareira. E Brigham Young
então, finalm ente vimos o chefe da fam ília parado à E lizabeth Taií
porta. Nós conhecemos a alegria reservada para aqueles Jane
que vão para onde o Senhor os mandar. 2 .° Narrador
Sarah
Polly
OUVINTES: M ãe de Polly
Cantam as duas estrofes finais de “ Talvez Não Seja ao G aroto dos Chislett
A lto M ar". William Tait
16 A LIAHONA
1.0 NARRADOR: Chegando à Am érica, vi-me incluída na quarta
Ir para Sião era o objetivo da m aioria dos novos con companhia de carrinhos-de-mão, chamada companhia
versos. Porém, a viagem até a sede da Igreja na Cidade W illie .1
de Lago Salgado implicava numa extensa jornada por
terra além de outro tanto por mar para aqueles que pro JANE:
cediam da Europa. O problema de fazer os membros Cheguei a Nova York, proveniente da Inglaterra, em
chegarem à estaca central de Sião no menor tempo pos companhia de meus pais, John e A lice O llorton, e mais
sível e da forma menos dificultosa foi resolvido de duas irmãs. Seguimos de trem até lowa onde estavam-
várias maneiras. Em 1853 o Presidente Brigham Young se reunindo santos para form ar uma companhia de car
sugeriu o emprego de carrinhos-de-mão para os santos rinhos-de-mão. Eu tinha então quinze anos, sendo a filha
cruzarem as planícies. do meio. Fomos designados para a companhia M artin2,
o quinto grupo de santos a p artir para o Vale do Lago
BRIGHAM YOUNG: Salgado no ano de 1856.
A partir do Rio M issouri as fam ílias podem chegar a
este lugar em menos tempo e com menos fadiga usando 1.» NARRADOR:
carrocinhas e carrinhos de mão e trazendo algumas Das cinco companhias de carrinhos-de-mão formadas em
vacas, um pouco de farinha e nada de desnecessário 1856, três chegaram ao Vale do Lago Salgado sem maio
do que seguindo as grandes caravanas com seus lerdos res problemas. As duas últim as, as companhia W illie e
rebanhos. Elas poderão chegar aqui em menos tempo, M artins, sofreram diversos atrasos que mais tarde exi
ou tempo igual, e com despesa menor, além de poder giram um preço muito, muito elevado.
partir mais cedo escapando às doenças que anualmente
vitim am tão grande número de irmãos. Precisarão de 2.» NARRADOR:
mantimentos para apenas noventa dias a contar da par A companhia liderada por Edward M artin era composta
tida do M issouri. Uma carrocinha, ou duas, se a fam ília de 576 homens, mulheres e crianças, 141 carrinhos, 7
fo r numerosa, pode transportar tudo que a fam ília neces carroções, trin ta bois e 50 cabeças de gado. Os carros-
sita na travessia das planícies. de-mão tinham a mesma largura dos carroções para que
as rodas pudessem seguir a trilh a marcada pelos carro
1.» NARRADOR: ções precedentes. Todos eles tinham na frente uma
E assim eles se reuniram e prepararam carrocinhas pu barra transversal de modo que pudessem ser puxados
xadas a mão para a caminhada de aproximadamente mil por diversas pessoas ao mesmo tempo. Outros ajuda
e novecentos quilôm etros até Utah. Eram pessoas das vam empurrando. A prim eira parte da viagem foi bem.
mais diversas experiências que se reuniam para a jo r
nada que transcenderia tudo que já lhes acontecera na JANE:
vida. A gente costumava cantar enquanto caminhava. Nin
guém diria que estávamos vindo de lowa C ity, uma longa
ELIZABETH: e árdua jornada de 440 a 480 Km, a não ser por nossas
Eu me chamo Elizabeth Xavier Tait. Nasci na cidade de roupas empoeiradas e rostos queimados de sol. Uma
Bombaim, na índia, em 1833, de fam ília abastada e aris das canções entoadas durante a marcha intitulava-se
tocrata. Fui educada nas melhores escolas da índia, “ Uns Têm que Puxar, Outros Têm que Empurrar.”
tendo term inado meus estudos aos catorze anos de ida
de. Minha fam ília não via com bons olhos o fato de 1.» NARRADOR:
eu ter-me batizado na Igreja. Imploraram-me que abando O segundo ponto de parada para esses grupos era Flo-
nasse meu marido, W illiam , e a Igreja, ficando com eles rence, no Nebraska. Mais tarde John Taylor escreveu
na índia. Mas, depois que meu filhin ho foi subitamente que “ as companhias W illie e M artin se demoraram aqui
vitim ado pela cólera, convenci-me de que não devia aten mais tempo que o previsto porque os carros-de-mão eram
der ao pedido de meus fam iliares e amigos. Meu marido im próprios para a jornada através das planícies; alguns
seguiu para Sião antes do que eu porque minha saúde precisavam de novos eixos e todos tiveram que receber
era por demais precária para poder acompanhá-lo na uma peça de fe rro aparafusada para im pedir que as rodas
ocasião. desgastassem a madeira."
Ao partir, fui deserdada por minha fam ília. Durante
minha viagem para a Inglaterra tive que enfrentar uma JANE:
de minhas mais duras provações. Minha garotinha ainda A companhia M artin partiu para Sião no dia 24 de agosto.
bebê, a últim a de minhas crianças, adoeceu e faleceu M uitos dos colonos ao longo do caminho faziam troça
sem que eu nada pudesse fazer. de nós vendo-nos puxando os carrinhos, mas nós não
Julho de 1973 17
ligamos. O tempo estava ótim o e a estrada excelente; AUDIÊNCIA:
e embora eu estivesse doente e todos à noite se mos Canta: Vinde ó Santos” , hino n.° 8.
travam exaustos, achávamos que era um modo glorioso
de chegar a Sião. 2.° NARRADOR
O hino “ Vinde, ó Santos" era um legado dos pioneiros
SARAH: de há uma década atrás aos milhares e milhares que
Ouvi a respeito do Evangelho prim eiro na Inglaterra e, iriam segui-los para o Oeste. Ele tornou-se a herança
sabendo ser ele verdadeiro, sabia que tinha que estar comum em qualquer idioma. Com as últim as palavras
com os santos. Encontrei John em lowa C ity quando a todos se recolhiam aos abrigos; e quando morriam na
companhia de carrinhos-de-mão estava sendo formada. noite os derradeiros ecos do toque de silêncio, os emi-
Era uma pessoa tão maravilhosa e igualmente um con grandes dormiam como o deserto.
verso da Inglaterra. A longa caminhada através de lowa
e Nebraska deu-nos chance de nos conhecermos bastante ELIZABEH:
bem e decidim os casar quando chegássemos a Sião. O outono chegou cedo com uma noite de. geada. Na
encosta das montanhas os choupos se vestiam de dou
JANE:
rado, e a mancha rubra dos carvalhos prenunciavam a
Nós apresentávamos um colorido espetáculo com a longa
aproximação do inverno. Lá bem além nas planícies do
fila de veículos empurrados ou puxados por homens e Wyoming, a companhia M artin seguia esperançosamente
mulheres movendo-se sinuosamente entre alguns espar
pelas margens do Rio Platte.
sos carroções de suprim entos e pequenos magotes de
gado leiteiro.
POLLY:
Entramos para a Igreja em Brighton, Condado de Sus-
ELIZABETH:
sex, Inglaterra, quando eu tinha cerca de treze anos.
M uitos dos carros eram esmeradamente pintados ao
Meus pais estavam determinados a se unirem aos san
gosto de seus respectivos proprietários, apresentando
tos em Sião, e por isso meu pai vendeu tudo o que tinha
aqui e ali inscrição tais como “ A verdade há de preva
e viajamos até lowa C ity, onde compramos duas juntas
lecer", “ Expresso de Sião” , “ Sacrifício traz bênçãos" e
de bois, um par de vacas, um carroção e uma tenda.
“ Mórmons alegres” . Estrofes da marcha “ Alguns Têm
Fomos designados a seguir com a companhia de carri
que Puxar, Outros Têm que Empurrar" ajudavam a aliviar
nhos-de-mão de M artin como carro de suprimentos. Nós
a monotonia da rotina diária.
conseguíamos vencer de vinte e cinco a quarenta quilô
2.» NARRADOR: metros por dia até chegarmos ao Rio Platte. Grandes
Disciplina auto-imposta e um e strito regulamento para blocos de gelo desciam pela correnteza. Fazia um frio
acampar facilitavam o progresso, perm itindo vencer dia intenso. Na manhã seguinte havia catorze m ortos. Vol
riamente de dezenove a vinte e quatro quilôm etros. tamos para o acampamento, oramos e cantamos: “ Vinde
Homens, mulheres e crianças, sem exceção, seguiam ó santos, sem medo ou te m o r.” Naquela noite admirei-
em frente caminhando pacientemente. Somente os me por ouvir mamãe chorar. Na manhã seguinte nasceu
exaustos e doentes recebiam o conforto de viajar nos minha irmãzinha. Era o dia 23 de setembro. Demos-lhe
carroções de suprimentos. o nome de Edith. Ela viveu só seis semanas; fo i sepul
tada na últim a travessia do Sweetwater.
SARAH:
A noite trazia descanso e recreação. Depois do jantar 1.° NARRADOR:
as fogueiras individuais das fam ílias reduziam-se a bra A manhã de outubro encontrou os migrantes do acam
sas enquanto se elevava a grande fogueira central como pamento na periferia de Fort Laramie em profundo de
um aviso de reunião geral. Os jovens cantavam e se sapontamento. As provisões de m antimentos e roupas
divertiam com jogos improvisados, e todo mundo parti de que dependiam não tinham chegado. Os escassos
cipava dos divertim entos noturnos até a hora de re sete quilos e pouco perm itidos a cada membro davam
colher. pouco conforto numa manhã tão fria.
18 A LIAHONA
Iheres achegavam um pouco mais seus xales, baixavam JANE:
ainda mais a cabeça e continuavam com passos pesados. Eram os homens que m orriam. Eles não tinham doença
alguma, mas estavam totalm ente enregelados. Alguns
2.» NARRADOR: deles que pela manhã ajudavam a cavar sepulturas, eram
Uma rajada de vento trouxe consigo um súbito turbilho- por sua vez enterrados antes do cair da noite.
nar de neve. Seu maior tem or tornava-se realidade.
Hora após hora a neve traiçoeira continuava a empilhar ELIZABETH:
sua mortal armadilha. Sapatos rotos expunham os péus Os sapatos deles estavam tão gastos que acabavam
desprotegidos ao seu frio e umidade. Mal dispunham de caindo-lhes dos pés; então eles os amarravam com pe
um agasalho para su bstitu ir as roupas molhadas e géli daços de saco de aniagem ou tiras de lona e trapos.
das. Porém, o pior de tudo, mesmo reduzindo as rações Apesar disso tinham os pés tão rachados, pisados e fe
ao mínimo possível, restavam-lhe suprim entos para só ridos que deixavam marcas de sangue pela neve.
mais uns poucos dias.
2.° NARRADOR:
GAROTO DOS CHISLETT: A fome era intensa. Para ajudar a sustentar a vida, os
Quando as provisões começaram a escassear, uma ma santos passaram a fazer sopa das tiras de couro cru
nada de búfalos passou por perto e os homens da nossa com que se amarravam os raios das rodas dos carroções.
companhia conseguiram abater dois deles. Que festão
tivemos naquela noite! JANE:
Minha fam ília ganhou um pedaço daquela carne de Houve ocasiões em que m orriam seis, oito ou dez numa
búfalo e guardou-a no carro para o domingo seguinte. única noite. Todas as manhãs os mortos eram enterra
Eu andava tão esfomeado e o cheiro da carne era tão dos às margens da trilh a. Certa noite morreram dezoito.
tentador que não resisti. Eu tinha um pequeno canivete A terra estava tão congelada e a neve tão alta que ca
e com ele cortava um pedacinho ou dois duas vezes por varam apenas uma cova maior para enterrar todos
dia enquanto empurrava o carro. Eu esperava receber juntos.
uma boa surra. Quando papai pegou a carne, perguntou-
me se eu tinha cortado um pedaço dela. Respondi que SARAH:
sim que estava com tanta fome que não consegui evitá- Meu noivo pegou pneumonia nas planícies de Wyoming,
lo. Papai então apenas se virou para o outro lado enxu falecendo antes de nos podermos casar. Dei aos irmãos
gando uma lágrima dos olhos. meu longo xale de franjas para que embrulhassem seu
corpo. Não podia suportar a idéia de sabê-lo enterrado
2.» NARRADOR:
sem nada para protegê-lo da terra.
A companhia M artin foi apanhada pelas nevascas mais
precoces da história dos pioneiros. A neve continuava
1.» NARRADOR:
a amontoar-se com as seguidas nevascas. A despeito
Era época de conferência na Cidade de Lago Salgado.
de pés congelados e dedos ulcerados pelo frio , os ho
Brigham Young subiu ao púlpito e dirigiu-se aos santos.
mens matinham acesas as minguadas fogueiras em torno
das quais se encolhiam as mães com suas crianças
BRIGHAM YOUNG:
febris.
Meu assunto é o seguinte: Hoje, 5 de outubro de 1856,
JANE: m uitos de nossos irmãos e irmãs estão lá fora nas pla
Eu me perdi na neve, ficando com os pés e pernas enre- nícies com carrinhos-de-mão, provavelmente a uns 1.125
gelados. Os homens esfregaram-me com punhados de Km deste lugar. Temos que mandar-lhes socorro. O
neve e colocaram meus pés num balde com água. As texto será, como fazê-los chegar aqui. É esta a salva
dores foram terríveis. Quando chegamos a Devils Gate ção que procuro agora, salvar os nossos irmãos. Não
o frio era intenso. A li deixamos m uitas de nossas coisas. quero mandar juntas de bois, quero bons cavalos e
Quando fui dorm ir naquela noite, meu irmão James esta mulas. Eles existem no T erritório e precisamos deles;
va perfeitam ente bem. De manhã, encontramo-lo morto. e também doze toneladas de farinha de trigo e quarenta
bons carroceiros.
ELIZABETH:
As rações diárias foram diminuídas mais uma vez com ELIZABETH:
a oração de que logo receberíamos auxílio. Porém, em Brados de alegria fendiam o ar; homens fortes chora
lugar de socorro veio a morte — prim eiro um, depois vam abertamente deixando as lágrimas rolarem livre
outro, e mais outros. A vida se esvaía tão mansamente mente pelas faces vincadas queimadas de sol, e as crian
como se apaga a chama do candieiro ao term inar o óleo. ças punham-se a dançar de alegria.
Julho de 1973 19
WILLIAM TAIT: velha faleceram antes de sermos socorridos perto da
Eu sabia que Elizabeth fazia parte da companhia e, ao ponte sobre o Rio Platte. No dia em que chegamos ao
aproximar-se a data prevista para a chegada de minha Vale do Lago Salgado minha irmã menor também morreu
mulher, comecei a fica r alegre e ao mesmo tempo an de frio . Sou a única sobrevivente da fam ília O llorton. 0
sioso com a iminente reunião. Minha ansiedade trans- resto dela nunca chegou a ver Sião. Mas eu sei que a
formou-se quase que em pânico quando o inverno da separação é apenas temporária. Essa separação é um
quele ano chegou excepcionalmente cedo e intenso. preço bastante alto pelo Evangelho, porém vale a pena
Ofereci-me como voluntário do grupo de socorro a fim pois Deus vive e esta igreja é verdadeira.
de poder ir ao encontro de minha querida esposa. Não
posso descrever os tem ores e ansiedade sentidos du POLLY:
rante a jornada. Chegaríamos em tempo? Ela estaria Meus pés ficaram congelados; igualmente os de meu
viva? irmão e minha irmã. Não havia nada além de neve e
A 31 de outubro já haviam partido duzentos e cin- mais neve por toda parte, e o vento cortante de Wyoming.
coenta parelhas. No dia 20 de outubro, o prim eiro carro Não conseguíamos fincar as pequenas estacas para pren
de suprim ento alcançou a companhia W illie. der a tenda. Não sabíamos o que seria de nós. Então,
uma noite, chegou um homem ao acampamento avisando
1.0 NARRADOR: que Brigham Young enviara homens e cavalos para aju
Os outros carroceiros prosseguiram em busca da com dar-nos. Pusemo-nos a cantar, alguns dançavam e outros
panhia M artin. Diversos dias ainda separavam estas ví choravam.
timas do tão premente socorro, fazendo com que o nú Minha mãe nunca se recuperou. Ela morreu entre
mero de vítim as fosse maior. Quando afinal a caravana as Little e as Big Mountains de Utah. Tinha então qua
de socorro conseguiu atravessar as barreiras da neve, renta e três anos. Éramos dos últim os a chegar na
pôde prestar um socorro apenas parcial. Cidade de Lago Salgado, às nove horas da noite de 11
Quando em 30 de novembro chegaram os prim eiros de dezembro de 1856. Três dos quatro sobreviventes
sobreviventes na Cidade de Lago Salgado, não se medi sofriam de congelamento. Mamãe estava morta no car-
ram esforços para assistí-los e confortá-los em Sião. A roção. Quando Brigham Young chegou na manhã seguin
notícia da chegada veio durante os serviços dom inicais te e viu nossas condições, os pés congelados e a mãe
m atutinos. Brigham Young imediatamente dispensou a morta, lágrimas rolaram-lhe pelas faces.
congregação com uma declaração clássica dos verdadei O médico amputou os dedos dos meus pés enquanto
ros princípios da fé cristã. minhas irmãs vestiam mamãe para ser enterrada. Quan
do meus pés estavam pensados, fomos carregados para
BRIGHAM YOUNG: junto de mamãe, para um últim o adeus. Naquela mes
Quando chegarem, não quero ver essas pessoas sim ma tarde ela foi sepultada.
plesmente alojadas em suas casas. Quero que sejam Tenho pensado muitas vezes nas palavras de ma
distribuídas entre as fam ílias desta cidade que tenham mãe antes de deixarmos a inglaterra.
moradas boas e confortáveis; e desejo que as irmãs
aqui presentes diante de mim, e todas as outras que MÃE DE POLLY:
puderem e souberem, as atendam e cuidam delas, e lhes Polly, quero ir para Sião enquanto meus filhos são pe
adm inistrem alimentação e medicamentos com prudên quenos para que sejam criados no Evangelho de Cristo,
cia. A reunião da tarde será omitida, pois desejo que pois eu sei que esta é a igreja verdadeira.
as irmãs dirijam -se para casa e preparem algum a li
mento para os que acabam de chegar, e os banhem e 1.» NARRADOR:
atendam. Orar é m uito bom, mas quando, como agora, A companhia de carrinhos-de-mão de Edward M artin par
se fazem necessários batatas assadas e pudim e leite, tiu de lowa C ity no dia 28 de julho de 1856 com qui
a oração não serviria para substituí-los. Cada dever no nhentas e setenta e seis pessoas. Depois de quatro
seu próprio momento e lugar. meses e cento e trin ta e cinco m ortes, chegou ao Vale
do Lago Salgado em 30 de novembro de 1856. Tudo
2.» NARRADOR: bem. Tudo bem.
Depois, dando o exemplo, o presidente da Igreja deu
instruções ao bispo presidente que todo e qualquer im i
grante que não encontrasse acomodações fosse mandado
para a sua casa.
1. 500 pessoas. Partiu — 15 de julho de 1856. Chegou — 9 de no
vembro de 1856.
JANE: 2. 576 pessoas. Partiu — 20-30 de julho de 1856. Chegou — 30 de
Meus pais, John e A lice O llorton, e minha irmã mais novembro de 1856.
20 A LIAHONA
Diretrizes e Programas
As diretrizes e os programas da Igreja são instituídos
para auxiliar os membros a viver harmoniosamente dentro
das normas de conduta da Igreja. Muitas dessas diretrizes
oficiais são transmitidas aos líderes do Sacerdócio e das
auxiliares por meio do “Boletim do Sacerdócio" (BS), do
qual foram citados a maioria dos itens a seguir. Ocasio
nalmente são incluídos itens de interesse geral de outras
fontes.
O
que promovam tais conceitos.
são convidados freqüente
“ Os líderes da Igreja são adverti
mente a participar de con responsabilidade dos mem
E
dos a não patrocinar ou autorizar pro
ferências, passeios e outras ativida bros da Igreja determinar
jetos de levantamento de fundos que
des patrocinados por grupos não- seus antepassados diretos
envolvam distribuição de literatura
SUD (E s c o te iro s ..., escolas e gru (prog e n ito re s), com pletar as unida
política o u . . . outras atividades que
pos cívicos nacionais e locais) A des fam iliares desses antepassados
exponham a Igreja a acusações de
participação’ dos jovens pode ser de diretos, e subm eter à Sociedade Ge
tendência partidária." — BS.
grande valor m issionário se estive nealógica os dados genealógicos co
rem adequadamente preparados. Eles lhidos a fim de que sejam processa
precisam ser informados de que nos dos para o trabalho de ordenanças
grupos não-SUD deixarão de prevale no tem plo. O trabalho tem plário pode
cer m uitos dos padrões a que estão ser solicitado para pessoas que se
afeito s.” Os pais deveriam "aconse jam parentes colaterais dos membros
lhar os jovens que vão participar de
Deve-se Evitar da Igreja, mas isto é apenas um pri
atividades não patrocinadas pela vilégio e não uma área de respon
Igreja a fortalecerem sua determ ina
Demonstrações sabilidade.
ção de manter os padrões da Igre de Hipnose e
ja .” — BS. “ A linha de responsabilidade pode
Estudos Similares ser mudada caso tenha havido um
selamento especial envolvendo de
term inado indivíduo enquanto ainda
São Encorajados
H
á notícias de resultados infe em vida. O selamento especial pode
lizes a respeito de pessoas te r resultado de casamento m últi
os Cursos de envolvidas em demonstra plo ( i . é. , segundas ou subseqüen
Estudo Prescritos ções de hipnose em grupo ou cursos
tes núpcias), um divórcio ou adoção.
populares de controle m e n ta l... Os Os problemas quanto à modificação
líderes devem advertir aos membros em linhas de responsabilidade de
s membros da Igreja devem da Igreja contra a participação em vem ser expostos à Sociedade Ge
O "e vita r p e rm itir que qual tais atividades. Certamente não de
quer organização da Igreja vem ser patrocinadas ou encorajadas
seja utilizada por indivíduos ou por
gru líderes da Igreja." — BS.
nealógica, a qual recebeu instruções
da Primeira Presidência sobre como
resolver tais situações.” — BS.
Julho de 1973 21
preender quem somos na realidade;
De Nossos e para re fle tir a respeito de nossa
origem e propósito divinos.
Encontros A alma só é devidamente nutrida
se estabelecermos o hábito de fa
zer isto regularmente. Por isso te
Com Deus mos que fazer essa “ pausa” espiri
tual regularm ente, todos os dias.
L H o Stobbe
Encontrar um lugar para tal encon
tro diário com o próprio eu, um can
tinho confortável, solitário, é essen
cial. Esse santuário, esse retiro de
ossa alma é a combinação de todo alvoroço poderia ser nosso pró
Julho de 1973
— Tem certeza? — indagou An
dré.
— Veja você mesmo, — respon
deu o irmão passando-lhe os papéis.
— Este é do Juca. E aqui do Zé. E do
Pedro.
Manuseando os papéis, André
acabou sujando os dedos com tinta
preta.
Subitamente Toninho e s t a c o u
olhando para o irmão.
— Espere aí, — disse ao irmão-
zinho enquanto tirava a almofada de
carimbo. — Talvez eu tenha esquecido
um amiguinho!
Imediatamente pegou a mão do
teu que contaria a todos o segredo irmão e colocou o polegar dele na
assim que o solucionasse. almofada de tinta, apertando-o depois
De volta em casa, Toninho espa bem abaixo da impressão do cartão.
lhou os papéis com impressões sobre André apenas sorria.
a mesa e pôs-se a examinar um por um Toninho nem precisou da lente de
com sua lente de aumento. aumento para ver que o m istério esta
— Posso ficar vendo? — pergun va solucionado! Quem diria que o
tou André. irmãozinho era um de seus melhores
— Olhe quanto quiser mas não amigos!
me amole, pois tenho que me con
centrar!
Porém, por mais que examinasse
as linhas pretas das impressões, não
encontrava nenhum que combinasse
com a assinatura do cartão!
Quem poderia ser? admirava-se
ele.
— Você acha que a impressão do
polegar foi uma boa idéia? — André
perguntou.
— E se foi boa! E sabe que mais?
Ela mostra que quem mandou este car
tão se interessa pelas mesmas coisas
que eu. Por isso é que imaginei ser
alguém especial. Mas, investiguei as
impressões de todos meus amigos,
porém não é de nenhum deles, — re
trucou Toninho cerrando as sobran
celhas.
24 A LIAHONA
Para Divertir
Quebra-cabeça de Pontinhos
Unindo os pontinhos você *
verá a figura de um cão peludo ^
de grande utilidade — o cão de 2-»
trenó esquimó. ,
De Um
Amigo Para
Outro
26 A LIAHONA
Certo dia eu ia passando pela área em Quando entrei na sala todos os meus am i
que descarregavam frutas frescas. Uma caixa gos viram a laranja. Frutas frescas eram coisa
de laranjas estava um pouco avariada e uma bastante escassa a bordo e podia apostar que
bela e grande laranja caiu de dentro dela e veio estavam com água na boca por provar a fruta
rolando em minha direção. Apanhei-a e co n ti suculenta. Fingindo não estar notando nada,
nuei meu cam inho para a sala dos pilotos onde descasquei a laranja, parti-a ao meio e depois
alguns de meus com panheiros de esquadrão contei os gomos. Havia exatam ente o suficien
estavam lendo a correspondência que acaba te para dar a cada um dois gomos, e assim d iv i
vam de receber do navio de suprim entos. di minha laranja equitativam ente entre os seis
amigos, os quais se m ostraram m uito gratos.
Pouco depois alguém entrou gritando:
— Hei, uma caixa in teira de laranjas caiu
no convés espalhando-se por toda a parte!
Meus amigos sairam correndo.
Não demorou estavam de volta, cada um
trazendo orgulhoso uma laranja. Depois de as
descascarem, cada um deles deu-me quatro go
mos em troca dos dois que lhes havia dado.
Acabei com gomos suficientes para form ar
duas laranjas.
Ao agradecer-lhes tive a oportunidade de
aprender um princípio do Evangelho m uito
sim ples.
Eu não havia repartido minha laranja es
perando ser recom pensado. Porém, é im possí
vel fazer-se alguma coisa boa ou generosa para
alguém sem ser recompensado de alguma fo r
ma pelo que fizem os. Diz a Bíblia: “ Lança o
teu pão sobre as águas, porque depois de m ui
tas dias o acharás." (Ecles. 11:1) Às vezes
não é preciso esperar “ m uitas d ia s ” — somos
recom pensados im ediatam ente.
O Senhor falou: “ Quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irm ãos, a mim o fizes
te s .” (M ateus 25:40) O Senhor ama a todos
nós, e se deleita em ver seus filh o s demons
trarem amor e bondade e carinho um pelo outro.
“ Todo o céu pode-se abrir, com amor no lar."
(HINOS, N.° 126)
Julho de 1973 27
A Adorável Rainha
Mary Ellen Jolly
32 A LIAHONA
d. Freqüentar fielm ente as reuniões da Igreja e O Senhor prefaciou o mandamento referente ao dia
(para os membros) servir diligentem ente no cumprim en do Sábado, na nossa dispensação, com estas palavras:
to das designações e chamadas da Igreja. “ E para que te conserves limpo das manchas do mun
e. Arrepender-se e guardar os mandamentos. d o . . . ” (D&C 59:9) Este é, senvdúvida, um de nossos
O testemunho coloca todas as coisas em sua devida objetivos e nos auxiliará grandemente em evitar que a
perspectiva e nos motiva a combater o bom combate tentação tome pé em nossa vida. O dia do Sábado re
contra as forças do maligno. Quando adquirimos fé no presenta uma oportunidade para escapar ao mundo tem
Senhor Jesus C risto, temos a mais poderosa das defe poral e provar das coisas do mundo espiritual no qual
sas. Um testemunho fo rte não é toda a resposta — vivem os também. Um dia em cada sete foi considerado,
continuaremos a ser tentados — mas ajuda em muito. pelo Senhor, a proporção adequada para recarregar nos
sas baterias espirituais.
3. Jejuar e orar.
5. Dar a si mesmo uma pausa em ambiente favorável.
Talvez a mais repetida e citada das instruções escri-
turísticas para se lidar com as forças do mal seja: “ Ora
Hoje em dia os problemas ambientais estão mere
sempre para que não caias em tentação e percas a tua
cendo muita atenção. Porém, a principal ênfase recai
recompensa.” (D&C 31:12) O Salvador considerou esta
nas condições físicas, como o ar que respiramos e a
instrução tão importante que chegou a repetí-la duas
água que consumimos. A atenção para com o ambiente
vezes num mesmo sermão pouco após sua aparição aos
infinitam ente mais importante para nós é uma questão
nefitas no continente americano. (III Néfi 18:15,18)
mais individual, fa m iliar e da Igreja. Não podemos dar-
O tipo de oração que nos dá força não é a prece
nos ao luxo de baixarmos nossas defesas simplesmente
rotineira dita quase que impensadamente. Para ser acei
porque nossa preocupação carece do apoio financeiro e
ta, a oração precisa ser sincera e seguida de ação. Como
legal da sociedade.
observou Thomas Secker: “ Orar contra as tentações e
Tempos atrás, um jovem de que éramos o mestre
depois atirar-se às ocasiões é m eter os dedos no fogo
fam iliar, trabalhava como garçon de bar e ignorou a su
e pedir que não sejam queimados."
gestão de que seu trabalho poderia afastá-lo da Igreja.
O Senhor requer que abramos totalm ente o coração
Ele começou a fa lta r às reuniões. Quando se discutiu
ao orar, expondo nossos problemas ao Pai Celestial.
o empenho dos membros da Igreja em derrotar um proje
É-nos dito que nosso advogado, Jesus C risto, “ conhece
to de lei que liberava a venda de bebidas alcooólicas
as fraquesas dos homens e sabe como socorrer aos
em Utah, ele colocou-se do lado dos que desejavam
tentados” , (D&C 62:1) Alma insistiu com o filho , Hela-
maiores facilidades de distribuição. Fora envolvido numa
mã, que ensinasse o povo “ a resistirem a todas as ten
rede bastante mundana da qual era d ifíc il escapar.
tações do demônio, com sua fé no Senhor Jesus C risto."
É m uito im portante escolher companhias que nos
(Alma 37:33)
elevem em lugar de nos rebaixarem. Isto talvez exija
A pessoa que tem fé em Jesus C risto, que ora d ili
até mesmo mudar de emprego, encontrar novas amiza
gentemente e se esforça para guardar os mandamentos,
des ou dar outros passos drásticos se a situação o
está em condição de usufruir a companhia constante do
exigir. Será realm ente necessário um sacrifício assim?
Espírito Santo. Assim pode receber inspirações e avisos,
Quem sabe seria m elhor perguntar: Serei realmente
ajudando-o a evitar situações das quais lhe seria d ifíc il
suficientem ente forte, seja qual fo r o momento, para
safar-se. Aprenderá a reconhecer a sensação sinistra, o
conservar-me fie l aos meus princípios estando sob cons
embotamento dos sentim entos mais nobres que acom
tantes influências contrárias? Às vezes não nos resta
panham o contem plar ou brincar com o pecado. Somos
escolha. Mas, por que não fazer opções enquanto nos
mandados repetidamente a orar pelo Espírito. Disto
é possível? A m aioria de nós havia de pre ferir ar puro
resultará paz na alma e um discernim ento mais aguçado
ao contaminado, se tivéssem os escolha.
entre o bem e o mal.
4. Ser ativo na Igreja e santificar o dia do Sábado 6. Utilizar a mente como o tipo certo de depósito.
O comparecimento às reuniões da Igreja assegurará Pesquisas recentes parecem indicar que a mente se
que sejamos lembrados freqüentem ente do caminho a mantém sempre ativa, em grau variável, até mesmo du
seguir para nos preservarmos do pecado e progredirm os rante o sono. Ela necessita de direção. A mente, de
em direção à exaltação eterna. certa forma, é semelhante ao aparelho digestivo. Nosso
Além da mera presença, servir em cargos da Igreja, corpo é beneficiado pela ingestão de alimentos sadios
por mais humildes que sejam, provê uma oportunidade mas adversamente afetado pelas substâncias nocivas.
para se te r a satisfação de auxiliar a salvação de outros. Néfi nos instrui a nos banquetearmos com as palavras
A alegria resultante do servir diligente pode tornar a de C risto. (Ver II Néfi 32:3) E haveria acompanhamento
sedução do pecado comparativamente m uito menor. melhor para tal fe stim do que a virtude? “ Que a virtude
Julho de 1973 33
adorne os teus pensamentos incessantem ente." (D&C o desejo pode voltar-se para qualquer direção. Todavia,
121:45) freqüentemente esquecemo-nos das tentações que ele
O homem que lê regularmente as Escrituras e ou vam, enquanto somos mais que indulgentes com as ten
tras publicações oficiais da Igreja, terá uma reserva de tações do ma l . . .
vitrude para influenciar seus pensamentos ao enfrentar “ Realmente, a maior de todas as nossas oportuni
as situações diuturnas. E mesmo das horas da noite dades é fornecida pelas atuais e excitantes tentações
você poderá tira r vantagem, basta seguir este simples positivas. E, já que nos mostramos tão propensos à
procedimento: Ler as Escrituras ou outro m aterial de’ tentação, bem que poderíamos dar mais atenção às
leitura inspiradora antes de dorm ir. Depois, ao ajoe- emocionantes tentações para a cultura, para a fe lic i
Ihar-se em coração antes de deitar, peça ao Senhor que dade, para a honra, para sermos iguais a Deus. As ten
influencie para o bem seus pensamentos e sonhos en tações positivas são m uito, m uito mais agradáveis e
quanto dorme. Existe uma extraordinária diferença entre m uito mais proveitosas que as tentações negativas.
o que terá na mente ao acordar na manhã seguinte, Precisamos tira r maior proveito dessa desafiadora ten
depois de assim proceder, e o que ocupará seu pensa tação de sermos amigos de Deus." (Improvement Era,
mento após te r assistido “ show s" e film e s de televisão Junho de 1970, p. 45)
até altas horas. Certa ocasião estive numa reunião de testemunhos
Como poderá o depósito mental de alguém d irigi-lo de ex-viciados em drogas. Umas das coisas que todos
para a justiça se é alimentado com film es e literatura eles pareciam te r em comum e que contribuirá para o
duvidosos? Se a pessoa nutre pensamentos vingativos problema deles era uma intensa necessidade do que eu
ou cobiça a propriedade alheia? Experimentar drogas e chamaria de “ experiência exaltadora". Agora prestavam
deixar-se levar por certas práticas da nova moralidade testemunho de uma nova experincia que oferecia um
produzem, indubitavelmente, seus próprios depósitos “ clím ase” m uito mais satisfatório do que as conhecidas
mentais. O namorador incorrigível, igualmente, cuja antes. Talvez todos nós devamos examinar os “ clím ax”
cabeça parece estar sempre girando, necessita de um em que fixamos nossa atenção.
pouco de introspecção.
Néfi, falando do sonho a respeito da árvore da vida 8. Tentar o amor como preventivo contra o mal.
que tanto ele como o pai tiveram , diz o seguinte a res
peito da reação do pai diante do rio, símbolo da imun- Amar a Deus e o homem é o maior de todos os
dície: “ .. .sua mente estava tão preocupada com outras mandamentos. Ele encerra todos os demais. C risto re-
coisas que não viu a imundície da água.” (I Néfi i 15:27) feriu-se à Regra de Ouro como “ a lei e os p rofetas” .
Que grande lição para todos nós! Estivessem nossas Se a entendêssemos perfeitam ente e a puséssemos em
mentes igualmente “ tão preocupadas" com as coisas de prática, conseguríamos cum prir todos os requisitos do
Deus e as coisas boas que o mundo tem a oferecer e Evangelho.
seriamos imunes ao pecado. Em seu livro Try Giving Yourself Away (Tente Dar-
se aos Outros. N. do T.), David Dunn discute a emoção
7. Edificar sobre experiências valiosas e memoráveis. que a pessoa pode descobrir em simples atos de bon
dade. Dar verdadeiram ente de si mesmo exige certa
Certa escola em Lincoln, Nebraska, nos Estados concentração e esforço. Mas qualquer um pode fazê-lo,
Unidos, ostenta uma maravilhosa inscrição: “ Encha sua e as recompensas valem a energia criativa e emocional
vida com coisas belas enquanto tem juventude e saúde despendida. Exemplos:
e v ig o r.” Que incentivo m elhor para fazer o bem do — Ajudar um recém-chegado a adaptar-se em sua
que um repertório de coisas boas no passado? Todos vizinhança ou grupo.
nós temos necessidade de novas experiências, uns mais, — Dar atenção a uma pessoa a quem falte a habi
outros menos. Se preenchermos a vida com uma varie lidade para chamar a atenção de outros.
dade suficiente de interesses e metas absorventes e — Cum primentar alguém por um serviço que es
nos m antivermos ocupados com atividades devidamente teja prestando, de preferência alguém que não costume
equilibradas (não excluindo tempo para estudar, orar, ver seus esforços reconhecidos.
m editar), encontraremos pouco tempo para indulgências — Prestar colaboração voluntária em favor de pes
inconvenientes. soas defeituosas ou retardadas em sua comunidade.
As possibilidades são inúmeras e podem manter a
Diz o Élder Sterling W. Sill: imaginação de qualquer um suficientem ente ocupada
para que não reste espaço para divertim entos insalubres.
“ Nossa época se faz notar pelo crescente número, A asserção: “ . . . porque a caridade cobrirá a mul
variedade e intensidade das tentações. Quase tudo que tidão de pecados” mereceu uma tradução mais inspi
lemos, ouvimos ou pensamos provavelmente contém rada de Joseph Smith: “ . . . porque a caridade previne
alguma tentação fu rtiva para fazer-nos tropeçar. O di uma m ultidão de pecados” . (I Pedro 4:8. Versão Inspi
cionário, porém, diz que tentar é suscitar um desejo, e rada.) Aqueles que cultivam relacionamentos fundamen
34 A LIAHONA
tados em amor e respeito são, sem dúvida, menos pro sabilidade. É raro alguém apreciar a sabedoria dos con
pensos a se aproveitar do próximo e a cair em tenta selhos paternos até que ele próprio se torne pai. Rela
ções que conduzam a atos que iriam fe rir outros. cionando esse mandamento com nosso assunto, sem
A caridade aqui mencionada é o term o usado nas dúvida seria sábio ouvir cuidadosamente as instruções
Escrituras definido como “ perfeito amor" ou “ puro amor de nossos pais, particularm ente com respeito ao namoro
de C risto ". Moroni diz que é obtido orando ao Pai “ com e outras decisões que afetem nossa conduta e m orali
toda a energia de vossos c o ra ç õ e s ..." (M or. 7:48). dade pessoal.
A oração, portanto, é a chave para se obter o tipo de Seria sábio mantermo-nos sempre achegados aos
amor que nos colocará acima da inclinação para o mal. líderes do Sacerdócio que presidem sobre nós. Outros
que também nos podemos ser de grande valia são os
9. Aprender a romper o síndrome da tentação. professores do seminário e das organizações auxiliares.
Quando ameaçados por tentações maiores, é particular
Mas o que fazer quando diante de uma situação mente ú til aconselhar-se com o bispo. Ele é o juiz de
tentadora concreta, ou quando se vê levado por seus signado do Senhor em Israel, e poderá sugerir como
desejos na direção errada? Tudo o que foi dito será de enfrentar m elhor as tentações. Sendo o representante
proveito, mas este ponto exige algo de mais imediato. do Senhor, suas instruções devem ser seguidas.
Talvez a term o derivativo consiga descrever o processo Outro recurso m uito raramente usado é a autori
que pode ajudar-nos consideravelmente. O derivativo dade do próprio pai para nos abençoar em momentos de
pode ser qualquer coisa que nos distraia ou afaste da necessidade. Caso o seu pai não se sinta digno ou
tentação, desviando nossa atenção para coisas mais careça de fé para impor as mãos sobre sua cabeça e
positivas. dar-lhe uma bênção contra as tentações que o perse
O Élder Boyd K. Packer, do Conselho dos Doze, guem, você poderá recorrer aos m estres fam iliares, ao
certa vez recomendou que os jovens escolhessem um bispo, ou ao patriarca da estaca.
dos hinos sagrados da Igreja, a fim de ser cantarolado E, talvez, o mais importante de tudo é a estrita
ou a letra recordada mentalmente quando diante de uma obediência às palavras dos profetas vivos — o presi
tentação. Visto que só se pode pensar um pensamento dente da Igreja e todas as Autoridades Gerais — nas
de cada vez, essa técnica provou ser m uito ú til para instruções dadas na conferência geral e outras oportu
afastar a tentação quando esta acena. nidades. Obediência ao conselho deles trará felicidade
O importante é que escolhamos um derivativo que e fortaleza espiritual.
absorva nossa inteira atenção, alguma coisa que nos
desvie totalm ente da tentação. Algumas pessoas têm Conclusão
passatempos emocionantes ou se envolvem em ativida
des desportivas. Certamente será d ifíc il pensar em É nosso fado sermos imersos na tentação em grau
coisas inconvenientes enquanto se está remando ou na sem precedentes. Os meios de comunicação de massa
dando ou empenhado em fazer uma cesta no basquete. criaram o problema de enfrentar a tentação para os
Naturalmente um dos mais poderosos derivativos santos do século vinte. E muitos gostariam que seguís
é o jejum , particularm ente quando acompanhado de semos a crença de Oscar W ilde3 de que “ a única ma
orações. neira de livrar-se da tentação é submeter-se a e la ” .
Uma expressão m uito usada pelos entendidos em Como santos dos últim os dias sabemos que essa filo
segurança de tráfego é “ d irig ir na defensiva” , deixando sofia frustra ria o próprio propósito pelo qual aqui es
im plícito que os outros carros na estrada são uma tamos. Sabemos que, a menos que enfrentemos as ten
ameaça potencial e que se deve prever eventuais situa tações, não podemos controlar nossa vida. E este é o
ções de perigo. Deixar para reagir até que se apresente nosso desafio até que consigamos superar o mundo e
um perigo real pode ser tarde demais. O mesmo se dá alcançar o estado descrito pelo Profeta Joseph Smith:
com a tentação. Desde que decidamos agir d ireito e " . . . quanto mais o homem se aproxima da perfei
depois roguemos pela constante influência e sussurros ção, tanto mais clara a sua visão e maiores seus gozos,
do Espírito Santo, poderemos prever situações que ha até que tenha superado os males desta vida e perdido
veriam de nos tentar penosamente. Então podemos nos todo e qualquer desejo de pecar.” (Teachings of the
antecipar e estar preparados. É durante os momentos Prophet Joseph Smith, p. 51)
de maior força que deveríamos preparar o plano de ação
para a hora da tentação.
Julho de 1973 35
Perguntas
e
Respostas
Élder Bruce R. McConkie
Membro do Conselho dos Doze.
36 A LIAHONA
Ouviu cair prim eiro um sapato, depois o outro. Ouviu-o abandonamos o mundo. Espera-se que o superemos.
reclinar-se na cama e depois dizer apenas isto: “ Ó, Se Pela linguagem do Livro de Mórmon, que nos despoje
nhor, abençoa Heber; ele está tão cansado." mos do homem natural, tornando-nos santos pela ex-
Há certas coisas bastante sérias e próprias que piação de C risto, o Senhor. (Mosíah 3:19) Pois bem,
poderiam ser ditas a respeito do assunto, e talvez pos se nós, todos nós, vivessemos de acordo com nosso
samos tira r delas algumas conclusões e esclarecimen potencial, elevando-nos aos padrões que deveríamos
tos de aplicação benéfica para todos nós. É um assunto alcançar, então nenhum de nós seria humano no sen
do qual o povo muitas vezes faz conceitos errôneos. tido mundano ou carnal. Ainda assim, seriamos huma
Muita gente, durante o tempo de Joseph Smtih, tinha nos no sentido de sermos m ortais e tudo o mais a isto
em mente a mesma pergunta. Conta ele: “ Esta manhã relacionado.
fui apresentado a um homem do Leste. Depois de ou Sob o títu lo “ Autoridades G erais” , em meu livro
v ir meu nome, ele comentou que via em mim apenas Mormon Doctrine, escrevi: “ Certas Autoridades Gerais
um homem, indicando com estas palavras que supusera têm poderes para uma coisa, e algumas para outra. To
que uma pessoa a quem o Senhor se digna revelar sua das estão sujeitas à estrita disciplina sempre imposta
vontade, devia ser algo mais que um sim ples homem. pelo Senhor aos seus santos e àqueles que os presi
Ele parecia esquecido das palavras saídas dos lábios dem. As posições que ocupam são altas e exaltadas,
de Tiago, de que Elias era homem sujeito às mesmas porém, os indivíduos que ocupam tais ofícios são ho
paixões que nós, e no entanto tinha tanta força com mens humildes como os demais irmãos da Igreja. Os
Deus que este, em resposta às suas preces, cerrou os membros da Igreja são tão qualificados e bem treinados
céus para que não houvesse chuvas durante três anos que existem m uitos irmãos que poderiam — se cha
e meio; e depois, atendendo mais uma vez suas ora mados, apoiados e designados — servir eficientem ente
ções, os céus deram chuva, e a terra produziu frutos. em quase todo e qualquer e qualquer cargo importante
Na verdade, é tanta a ignorância e trevas desta geração, na Igreja” . (Mormon Doctrine [B ookcraft, 1966], p. 309)
que consideram incrível que um homem possa comu No mesmo livro, sob o títu lo “ Profetas" encontra
nicar-se com seu C riador." (Teachings of the Prophet mos ainda o seguinte: “ Apesar de toda sua inspiração
Joseph Smith, p. 89) e grandeza, os profetas são ainda homens m ortais com
Eis a visão do mundo em geral: “ Se é que existe as mesmas im perfeições comuns à humanidade em ge
um profeta, deve ser alguém tão enobrecido e exaltado ral. Têm suas opiniões e preconceitos, e muitas vezes
que já não é um homem como os demais." Eles pen são deixados a resolver seus problemas sozinhos, sem
sam, quem sabe, em João Batista alimentando-se de inspiração. Joseph Smith relata que “ conversou com
gafanhotos e mel no deserto, ou alguém como Enoque, um irmão e uma irmã de Michigan que achavam que “ um
de quem se dizia: “ Um homem selvagem veio entre profeta é sempre p ro fe ta ” ; mas eu expliquei-lhes que
nós.” (Moisés 6:38) um profeta é profeta somente quando está agindo como
Na Igreja de hoje existe um conceito um tanto se tal.” (Ibid., p. 608)
melhante. A gente se lembra da dignidade e glória e Assim sendo, as opiniões e pontos de vista, mes
grandesa do ofício, e então algo desse sentim ento trans mo de um profeta, podem conter erros, a não ser que
borda sendo transferido para a pessoa que ocupa esse sejam inspirados pelo Espírito. Escrituras ou pronuncia
ofício. mentos inspirados devem ser aceitos como tal. Esse é
Talvez haja um meio de dar melhor perspectiva a o nosso problema. Paulo foi um dos maiores profetas-
essa questão. Em lugar de perguntar: “ São humanas teólogos de todos os tempos, mas tinha algumas opi
as Autoridades Gerais?", indagarei: “ O seu bispo é hu niões que não estavam em perfeito acordo com o pen
mano? Qual seria a resposta? Ou se eu dissesse: "Os samento do Senhor, e chegou mesmo a incluir algumas
m issionários são humanos?", a resposta seria sim ou delas em suas epístolas. Mas, sendo sábio e discreto,
não? Isto depende inteiram ente do que estamos falan ele as identificava como tal, dizendo: “ Isto é o que eu
do. Eles, sem dúvida, são humanos no sentido de que penso.” Depois, tendo term inado de expô-las, dizia:
todos eles compartilham com todos nós qualquer fra “ Agora, eis o que pensa o Senhor.” Os pontos de vista
queza e defeito e dificuldade comum à raça humana. de Paulo, as suas opiniões, não eram tão perfeitas quan
Mas por outro lado, as Autoridades Gerais e os bispos to poderiam te r sido.
e os m issionários — e isto se estende e inclui todo e Os profetas são homens, e quando agem pelo Es
qualquer membro da Igreja — não deve ser humano no p írito de inspiração, o que falam é a voz de Deus; ain
sentido de mundano ou carnal. Nenhum de nós deveria da assim, continuam sendo m ortais, possuindo, com
ser “ humano” , se por isto se entende viver como os todo direito, suas próprias opiniões. Em virtude de sua
homens profanos. grande sabedoria e discernim ento, os pontos de vista
Ao entrarmos para a Igreja, costumamos dizer que desses homens são os melhores que um homem pode
Julho de 1973 37
ter, mas a não ser que sejam inspirados, a não ser que determinado homem seja ordenado a um ofício diferente
estejam em conformidade com as revelações, estão su no Sacerdócio de Melquisedeque. Depois de entrevis
jeitos a erros na mesma base que os pontos de vista tados e aprovados, eles então são ordenados por quem
dos demais membros da Igreja. possua autoridade para o que muitos consideram um
Não temos que fica r em dúvida se as Autoridades ofício mais elevado do Sacerdócio.
Gerais estão ou não falando pelo Espírito de inspiração Na verdade, não se trata de um avançamento no
— podemos sabê-lo com certeza. Quero lembrar-lhes sentido de que tal pessoa está sendo passada de um
uma das famosas declarações de Joseph Smith a res ofício menos importante para outro de importância
peito: “ O Senhor não revelará coisa alguma a Joseph maior. Seria mais correto dizer que ele está recebendo
que não revelar aos Doze ou ao menor e menos impor um novo chamado ou ordenação no Sacerdócio, com
tante membro da Igreja tão logo seja capaz de supor novas e diferentes responsabilidades. No que concerne
tá-lo." (Ver Teachings of the Prophet Joseph Smith, ao Senhor, todo ofício do Sacerdócio é de importância
p. 149) igual perante os outros. A maneira pela qual cumprimos
Isto é perfeito. É a mesma doutrina pregada por o chamado é imensamente mais importante do que o
Paulo quando diz: “ . . . todos podereis p ro fetiza r” e ofício em si.
“ procurai, com zelo, p ro fe tiza r” . (I Cor. 14:31,39) Toda A esse respeito diz o Presidente Joseph F. Smith:
a congregação da Igreja, o corpo inteiro da Igreja de “ Nenhum ofício dá autoridade ao Sacerdócio e nem
veria receber revelação. Ela não é reservada a uns pou lhe aumenta o poder. Todos os ofícios na Igreja derivam
cos eleitos, aos missionários ou aos bispos. Nós de seu poder, virtude e autoridade do Sacerdócio. Se nos
veríamos receber revelações. Todos nós deveríamos ser sos irmãos compreendessem esse princípio, e o tives
como os apóstolos e profetas. sem firm em ente estabelecido em suas mentes, haveria
menos equívoco quanto às funções da autoridade na
Igreja. Hoje a pergunta é: Qual o maior — o sumo-sa
cerdote ou setenta; o setenta ou o sumo-sacerdote?
Afirm o-lhes que nenhum deles é maior e nenhum é
menor. Seus chamados os levam para campos diversos,
entretanto, são do mesmo Sacerdócio. Se fosse neces
sário. .. e não restasse nenhum homem na terra que
possuisse o Sacerdócio de Melquisedeque, com exceção
de um élder — esse élder, através da inspiração do
“De que maneira Espírito de Deus e da direção do Todo-Poderoso, pode
ria e deveria organizar a Igreja de Jesus C risto em
toda sua perfeição, porque é portador do Sacerdócio de
38 A LIAHONA
for, eu farei arder dentro de ti o teu peito; hás de
“Penso ter sentir assim, que é c e rto .” (D&C 9:7-8).
M uita gente espera que o Senhor lhes dê respostas
para seus problemas simplesm ente por terem pergun
encontrado a tado. O Senhor quer que ponderemos o assunto e o
pesquisemos um pouco mentalmente. Assim será mais
provável que cheguemos a uma conclusão por nós mes
pessoa certa mos, após o que o Senhor nos faz arder o peito se a
conclusão fo r acertada. O mesmo princípio é válido,
estejamos procurando um cônjuge ou tomando outra de
Como posso certo para mim, mas a coisa saiu errada. Nosso casa
mento fracassou. Por quê?” Talvez porque damos por
certo que no casamento o essencial é o cônjuge certo
e nada mais, e não fazemos esforço algum para que o
ter certeza?” casamento seja um sucesso.
Perguntei a um marido desiludido se alguma vez
dissera à sua m ulher que a amava.
— Certamente que sim, — respondeu-me.
Então indaguei:
— E quando foi a últim a vez que lhe disse isto?
— Quando nos casamos. Mas ela sabe que a amo.
— Talvez ela saiba, mas pode fica r duvidosa se não
lhe fo r repetido diariamente.
Talvez a frase mais abusada seja: “ Então casaram-se
e viveram felizes para sem pre.” Seria bem mais correto
dizer: “ Então casaram-se e puseram mãos à obra para
fazer seu casamento funcionar, e foram fe lize s.”
Dê uma chance ao Senhor. Em lugar de pedir-lhe
que diga se ele ou ela é o cônjuge certo para você, rogue
que o ajude a tom ar a decisão. Depois estude seu com
panheiro, comparando seus gostos, aversões, atributos,
pontos fo rtes e pontos fracos com os seus. Tome algum
tempo para observar e ver se acha que conseguem viver
juntos, trabalhar juntos, passar juntos por horas felizes
bem como horas de tristeza.
Decida se ele é o tipo de pai do qual se poderá
orgulhar. E os filhos, poderão orgulhar-se dele também?
Será realmente o chefe sacerdotal da família, indicando
Permita-me responder a pergunta em duas partes: o caminho e conduzindo seus filhos e você para o reino
1. Como sabemos, O liver Cowdery desejava tra celestial?
duzir exatamente como Joseph Smith vinha fazendo, e E ela, será uma boa esposa e mãe, apoiando você no
o Senhor deu-lhe permissão para fazê-lo. Imagine só justo empenho de ser o chefe sacerdotal da família?
o desapontamento dele quando descobriu, após te r re Lembre-se de que o casamento apenas abre a porta
cebido “ perm issão" para traduzir, que era incapaz de que leva à escada sem fim da vida em comum. Mas, ao
fazê-lo. galgarem juntos essa escada, descobrirão que se tornam
A resposta que o Senhor lhe deu é encontrada na mais fortes e os degraus cada vez mais fáceis de vencer,
seção 9 de Doutrina e Convênios. “ Eis que não com- porque o amor recíproco se intensifica dando-lhes um
preendeste; tu supuseste que eu to daria, quando não incrível vigor.
fizeste outra coisa senão pedir. Lindsay R. C urtis, M. D.
“ Mas, eis que eu te digo, deves ponderar em tua Sumo-conselheiro
mente; depois me deves perguntar se é correto e, se Estaca Weber State College
Julho de 1973 39
Este mês a Liahona tem o prazer de apresentar o primeiro de uma irás dizer-me: "Obrigado, Sr. Jardi
nova série de artigos a serem publicados nesta revista: Histórias das neiro, por me amares o bastante pa
Autoridades Gerais. No decorrer dos anos nossas Autoridades Gerais vêm ra me aparar, por te importares co
contando histórias que têm tocado o coração dos ouvintes e influído em migo o bastante para me magoar.
sua conduta. Muitos desses comovedores exemplos são experiências pró Obrigado, Sr. Jardineiro.”
prias ou de seus amigos e conhecidos. Todas elas continuam soando tão Passou-se o tempo, anos que fo
autênticas como quando contadas pela vez primeira. É com a permissão ram, e vi-me na Inglaterra, coman
e bênção de seus autores que publicamos essas “Histórias das Autori dando uma unidade da cavalaria do
dades Gerais”. Exército Canadense. Eu havia feito
progressos um tanto rápidos no que
concerne a promoções, ocupando o
posto de oficial superior no Exército
ocês certamente às vezes che trem idade de cada um dos pequenos
O Pé de Groselha
Hugh B. Brown, do Conselho dos Doze
42 A UAHONA
— Bem, pensei em . . . ora, vou es
cutar. Você sabe o que quero dizer,
apurar o ouvido, — acrescentou o
jovem ganso, sentindo-se mais e
mais vexado a cada palavra.
— Mas isso é notável. Juro que não
fazia idéia de que alguém acreditas
se realmente em tal coisa. Recente
mente li num jornal o caso de alguns vozes mais do que vocês. Ele tinha foram-se aguçando mais e mais até
velhos “ m atutos” que afirmavam que que encontrar o rumo sul todos os que mesmo um nevoeiro cerrado não
a navegação norte-sul, há m uito já anos; nenhum de vocês por aqui vai era problema.
um fenômeno comprovadamente con a parte alguma. Além disso, é pre E enquanto escutava compreendeu
dicionado, era realizada por um pro ciso escutar, apurar o ouvido. por que o pai fora tão sumário na
cesso intuitivo. Mas suas assevera- — Pois bem, — comentou o ami explicação: As coisas que percebia
ções baseavam-se tão só em certas go, — acho que você vai voar por aí agora não eram “ vozes” nem tampou
premissa altamente subjetivas e com meio às cegas sem seu velho pai. co “ sensações"; era algo muito mais
pletamente especulativas, assim co Eu pensaria duas vezes antes de me convincente e certo do que vozes ou
mo esse seu “ escutar". Foi curioso aventurar numa viagem dessas sem sentim entos jamais poderiam pode
e ao mesmo tempo lamentável. Es ser capaz de enxergar mais longe riam ser. O máximo que podia real
tranho, jamais pensei encontrar al do que você. O vôo é orientado pela mente dizer a respeito era que se
guém que acreditasse realmente nu visão e não por algo tão nebuloso tratava de dons, que eram bons e que
ma asneira dessas. como as tais “ vozes” . tinham seu propósito.
— Pois eu estou certo de que fun — M uito obrigado pelo aviso, — Quando voltou na primavera se
ciona. Meu pai disse-me que basta a respondeu o jovem ganso um tanto guinte, soube que seu amigo desa
gente escutar atentamente para . . . quanto desanimado. Ele pensou duas parecera m isteriosamente por volta
— Ouvir vozes, suponho? Vamos vezes, e na segunda vez que pensou do Natal. A partir daquele ano o jo
imaginar apenas por um instante que ouviu algo. Era débil mas ainda as vem ganso foi aprendendo a voar
de fato existe algo como essas vo sim perceptível. E num repente de seguindo um rumo cada vez mais
zes. Por que seu pai haveria de ser esperança, levantou vôo. O simples reto e preciso, até que finalmente
o único a poder ouvi-las? Ninguém fato de sair do chão já fê-lo sentir-se se podia igualar ao pai.
mais, por aqui, já ouviu tais vozes. melhor. MORAL: Quando não consegues en
Por que ele as ouviria e nós não? A princípio não conseguia ouvir xergar m uito longe, apurar o ouvido
— Quem sabe ele precisava das grande coisa, porém seus ouvidos é a segunda melhor coisa.
Julho de 1973 43
Reportagem de Belfast
Herbert F. Murray
que acontece à obra do Se tém apesar dos perigos nas ruas.
44 A UAHONA
podemos esperar e realmente rece
bemos sua proteção,” afirm a o Ir
mão S heils.” Essa atitude tem-nos
garantido sucesso no fortalecim ento
dos santos e conquista de novos
membros."
“ A Igreja se beneficia com a s i
tuação de muitas m aneiras,” relata
Andrew Renfrew, presidente do Dis
trito I do U ls te r.” Pessoas desiludi
das com sua igreja devido ao que
pregam, estão-se voltando para a
nossa em busca da verdade e real
mente a encontram. Agora, os mem
bros da Igreja são mais respeitados
do que nunca devido à sua incomum
posição de neutralidade, sendo por
tanto acessíveis a ambos os lados
para auxílio e conselhos.
“ Viver atualmente em Belfast e
te r a atenção do mundo focalizada
sobre sí afeta as pessoas de dife
rentes maneiras, “ acrescentou o
Presidente Renfew. Há gente que se
deleita com tal notoriedade enquan
to que outros se sentem um tanto
quanto embaraçados vendo seus
problemas locais divulgados no mun
do inteiro. O povo de Belfast prefe
riria viver em paz, cuidando de seus
afazeres normais sem perigos ou
problemas, mas a situação existe e
eles precisam enfrentá-la fazendo
tudo o que podem para remediar as
condições.
Os protestantes realizam marcha pela Rua “ É preciso dar grande crédito aos
Springfield enquanto tropas britânicas procu
homens de negócio, funcionários de
ram manter a ordem.
e scritó rio e com erciários que man
tém o coração de Belfast pulsando
diariamente com seu compareci-
dita grande parte do sucesso dos m is nando coisa do passado, à medida mento ao trabalho a despeito da pos
sionários ao fato de seguirem os prin que os membros crescem no Evan sibilidade de que seu edifício possa
cípios das Regras de Fé, particular gelho. ser escolhido como alvo de uma
mente da décima prim eira e décima “ Os santos dos últim os dias da bomba. É justam ente esse espírito
segunda: “ Pretendemos o privilégio qui são tão envolvidos em proble indôm ito que sustentará Belfast e
de adorar a Deus, Todo-poderoso, de mas de trânsito, revistas e re s tri toda a Irlanda do Norte através des
acordo com os ditames da nossa ções impostas pelo governo para tes tempos difíceis.
consciência e concedemos a todos os proteger os cidadãos contra as ati “ No geral, os membros da Igreja
homens o mesmo privilégio, deixan vidades terroristas, como o resto da ostentam o mesmo ânimo, e pro
do-os adorar como, onde ou o que comunidade.” curam ‘ ir levando’ a despeito dos
quiserem .” e “ Cremos na submissão Enquanto a política da presidência problemas que são obrigados a en
aos reis, presidentes, governadores da missão é encorajar os ramos e frentar diariamente. Sabem que o
e magistrados, como também na obe d istrito s a realizarem todas as reu trabalho do Senhor tem que prosse
diência, honra e manutenção da niões dentro do horário previsto, a guir, ainda mais agora que o adver
le i.” comunidade em geral expressa a sário intensificou sua atuação. O
“ Estas têm sido as linhas de con mesma determinação ostentando 'os sentim ento entre os membros e lí
duta para todos os santos,” diz o dizeres “ Funcionando Norm almente" deres da Igreja aqui é que se tiv e
Irmão Sheils. “ Com raras exceções, nas chapas de compensado ou pa rem fé no Senhor e guardarem os
os membros da Igreja daqui são to pelão com que substituem as v itr i mandamentos e tomarem todas as
dos conversos. A velha tradição de nas estilhaçadas. precauções possíveis, eles serão
julgar uma pessoa unicamente por “ Com o pressuposto de que esta abençoados em suas atividades para
suas crenças religiosas vai-se to r mos cuidando da obra do Senhor, que no devido tempo haja paz."
46 A LIAHONA
Recentemente, numa de suas reu Dois rapazes discutiam seus
Humor niões fam iliares, uma fam ília esco
lheu como tema a história de Adão
fe ito s no ensino fam iliar.
— Eu sempre faço minhas
Mórmon e Eva, e o pai explicou como a mu
lher foi fe ita da costela do homem. visita s no prim eiro dia do mês,
Depois de servidos os habituais re- — jactou-se um.
frescos, um dos garotinhos sentiu — Isso não é nada, — re tru
uma leve indisposição estomacal e, cou o outro. — As minhas, fa
lembrando-se da lição da noite, falou:
— Papai, acho que vou te r uma
ço-as sempre um dia antes!
mulher. Elaine H ulterstrom
Um de meus irmãos pergun C urt Bench La Mirada, C alifórnia.
tou a papai quanto tempo os Tallahassee, Flórida
missionários costumam ficar Numa conferência de estaca,
num lugar. uma jovem mãe sentara-se na
— Até que acabe o jantar, — prim eira fila de bancos com
fez-se ouvir a voz de meu seu garotinho de cinco anos,
irmãozinho. que não dava sossêgo. Depois
Oshawa, Ontário, Canadá. de esgotar sua paciência, já
Janet Clark quase no final da reunião, ela
finalm ente levantou-se, pegou
o garoto e encaminhou-se para
Um líder do Escotismo conta o se
a saída com olhar decidido. O
guinte: Ao inspecionar o equipamen
to dos garotos durante um acampa menino sabia o que estava para
mento d istrita l, encontrei um guarda- acontecer e justam ente quando
chuva entre os pertences de um de chegavam na porta, ele virou-se
les. Mal conseguindo acreditar no e gritou:
que via, perguntei-lhe por que tinha
— Socorro, bispo, socorro!
um guarda-chuva entre seu equipa
mento. Olhando para mim, indagou Kendy C urtis
com voz embaraçada: Kim berley, Idaho
— O senhor alguma vez já teve
mãe?
Brad Moore
Payson, Utah Um domingo, poucos minutos an
tes de começar a Escola Dominical,
lembrei-me de que estava designada
Dois missionários estavam senta para um pensamento de dois minu
dos à mesa do jantar esperando pela tos e meio. Peguei apressadamente
sobremesa. Quando chegou a vez de um número do Friend e fui corren
se servirem , restavam somente dois do para a capela. Eu não estava mui
pedaços de torta no prato. O com to preocupada pois conseguia ler
panheiro sênior tirou o pedaço maior, qualquer coisa à prim eira vista sem
e passou o prato para o companheiro Minha irmãzinha despejou leite no que se notasse que não houvera pre
júnior. copo até que derramou — e conti paração. Escolhi uma página com bo
— Você acha d ireito o que fez? — nuou despejando enquanto não es- nita ilustração e minutos depois es
indagou este. — Se tivesse sido eu vasiou a leiteira. Quando mamãe per tava diante da congregação. Não de
o prim eiro a servir, teria escolhido guntou o que ela estava fazendo, morou e todo mundo deixou-se
o pedaço menor. respondeu: envolver pela tocante história. Mas
— Então por que reclama? — per — Bem, achei que se conseguisse justam ente quando cheguei no ponto
guntou o outro. — Não deu no mes despejar bem depressa, conseguiria culm inante, meus olhos deram com
mo? que coubesse tudo. umas palavrinhas inesperadas no fim
Lynn Greenwood — Judy Spackman da coluna — “ Continua no próximo
Provo, Utah Trenton, Utah. núm ero.”