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Mensagem

de
Inspiração

O Poder do Amor
Élder Deibert L. Stapley

nsinam as Escrituras que nosso ente para uma vida alegre e fe liz é a “ Esta noite fiquei deitada sem con­

E Deus é um Deus de amor. É

a maior coisa que Deus nos


pode dar e a maior que nós podemos
palavra amor.
Se o amor tem o, profundo e com­
passivo praticado e recomendado por
Jesus predominasse em todos os co­
seguir dorm ir, o que é incomum pois
costumo adormecer fácilm ente. Que­
ro deixar esta mensagem para vo­
cês, meus filh o s ... Se vocês me
dar a ele. A verdadeira medida de rações, realizar-se-iam os mais su­ a m a m ... guardem os mandamentos
amar a Deus é amá-lo sem medida. blimes e gloriosos ideais da socieda­ de Deus; façam-no por mim, se não
Seu amor por nós manifestou-se ao de humana, faltando pouco para este por si mesmos, pois que desejo tê-
mandar seu Filho Unigênito ao mun­ mundo ser um reino dos céus. O los junto a mim na glória que seu
do a fim de que pudéssemos viver amor é realmente o céu sobre a pai e eu alcançarmos.
através dele. (Vide I João 4:9) terra, pois que o céu não seria céu “ Eu os e x o rto ... não se afastem
O amor reinante entre o Pai Eter­ sem ele. do Evangelho se eu não estiver aqui
no e seu Filho Unigênito tem exis­ O Apóstolo Paulo chama o amor para cuidar de vocês nesta vida. Não
tido em certo grau entre outros pais de vínculo da perfeição e paz. É o tenham ciúmes um do outro, pois
e filhos. Não devemos achar que um velho, o novo e o grande mandamen­ amei-os a todos igualmente. Tenho
amor assim esteja acima de nossa to, porque o amor é o cumprimento tentado ser imparcial pára com to ­
capacidade de receber ou dar. Po­ da lei. dos v o c ê s ... Não se reprovem mú-
demos não ser capazes de igualar o O amor começa no lar, com pais tu a m e n te ... Não procurem os pra-
perfeito amor que nos demonstra o compatíveis dedicando afeição e cui­ zeres mundanos. Estejam alertas aos
Salvador, pois que C risto é o epíto- dado carinhoso aos filhos, tratando- poderes de Satanás e seus anjos,
me dessa qualidade divina, mas é os com bondade e compreensão, bus­ pois o poder deles é grande e não
uma meta que todos nós deveríamos cando seu amor e confiança; e, tam ­ deve ser esquecido.
buscar com empenho. bém, demonstrando preocupação pelo “ Lembrem-se sempre de que amo
A mais importante necessidade do bem-estar e felicidade deles. a todos. Vocês são os filhos espiri­
mundo de hoje para rem ediar seus de­ O Apóstolo Paulo deu-nos este sá­ tuais de Deus. Papai e eu fomos en­
satinos e problemas é o homem vol­ bio conselho: “ Mas se alguém não carregados de ser seus pais nesta
tar-se novamente para Deus em amor tem cuidado dos seus, e principal­ vida m ortal, por isso vivam de modo
e obediência à sua vontade. Sem esse mente dos da sua fam ília, negou a a que possamos voltar a ser uma
amor, o mundo continuará em cres­ fé, e é pior do que o in fie l.” (I Tim. fam ília por todas as eternidades.”
cente tum ulto até ver-se mergulhado 5:8) Que Deus conceda a nós, pais, o
em maldade e pecado, quando então Gostaria de com partilhar convosco amor, a sabedoria e o bom senso
os julgam entos de Deus cairão so­ parte do testemunho da Irmã Davi- para planejar efetivamente para o
bre os iníquos da terra. A cura para dina Bailey, uma mãe devotada, com cuidado, bem-estar e felicidade de
todos os males e injustiças, os cui­ vistas ao cuidado, bem-estar, orien­ nossos filhos. Que possamos ajudá-
dados, os pesares e os crim es da hu­ tação e felicidade de seus filho s no los a viver retamente, a amar a ver­
manidade resume-se numa única pa­ futuro. Foi escrito dezesseis anos dade e a fazer o bem.
lavra — amor. antes de sua morte ocorrida em ju­ Que Deus vos abençoe para que
O amor, se usado em seu legítim o lho de 1970 e é um maravilhoso tr i­ sigais os sábios conselhos de pais
contexto, manterá os povos do mundo buto materno de quem realmente amantes e exemplares e vivais jun­
unidos em entendimento e paz. Hoje amava os filhos. tos em entendimento, armonia e paz.
em dia, o mais espezinhado ingredi­
Neste Mês
MENSAGEM DE INSPIRAÇÃO 2
Élder D elbert L. Stapley Publicação Mensal d'A Igreja de Jesus C risto
dos Santos dos Últim os Dias

DAMOS GRAÇAS A TI, O DEUS AMADO 4


Spencer W. Kim ball
A PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
OS SANTOS EM SEGURANÇA HABITAM 7 Harold B. Lee
N. Eldon Tanner
Boyd K. Packer
Marion G. Romney

CONFIRMA TEUS IRMÃOS 10 CONSELHO DOS DOZE


Paul H. Dunn Spencer W. Kimball
Ezra Taft Benson
Mark E. Petersen
UMA NOITE DE VINHETAS HISTÓRICAS 12 D elbert L. Stapley
LeGrand Richards
DIRETRIZES E PROGRAMAS 21 Hugh B. Brown
Howard W. Hunter
Gordon B. Hinckley
DE NOSSOS ENCONTROS COM DEUS 22
Thomas S. Monson
L. H. O. Stobbe Boyd K. Packer
Marvin J. Ashton
O MISTÉRIO DA IMPRESSÃO DIGITAL 23 Bruce R. McConkie

COMITE DE SUPERVISÃO
PARA DIVERTIR 25 J. Thomas Fyans, Diretor-Gerente de Comunicações In­
ternas; John E. Carr, D iretor de D istribuição e Tradução;
DE UM AMIGO PARA OUTRO 26 Doyle L. Green, D iretor de Revistas da Igreja; Daniel H.
Ludlow, D iretor de M ateriais de Instrução.
Hartman Rector Jr.
EDITOR
ESTER, A ADORÁVEL RAINHA 28 Larry H ille r
Mary Ellen Jolly
EDITOR RESPONSÁVEL
O siris G. Cabral
ESCONDE-ESCONDE 30
REDATOR
SEJA UM VITORIOSO 31 W ilson R. Gomes
Jon M. Taylor
A LIAHONA — Edição brasileira do "The Unified Magazine" d ’A Igreja
PERGUNTAS E RESPOSTAS 36 de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, acha-se registrada
sob o número 93 do livro B, n.° 1, de M atrículas de Oficinas Impres­
soras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto n.° 4857 de
9-11-1930. “ The Unified Magazine” é publicado, sob outros títulos,
O PÉ DE GROSELHA 40 também em alemão, chinês, coreano, dinamarquês, espanhol, finlan­
dês, francês, holandês, inglês, italiano, japonês, norueguês, samoano,
Hugh B. Brown suéco, taitiano e tonganês. Composta pela Linotipadora Godoy Ltda.,
R. Abolição, 263. Impressa pela Editora Gráfica Lopes, R. Francisco
da Silva Prado, 172, São Paulo, SP. Devido à orientação seguida por
A'PARÁBOLA DO GANSO BRAVO 42 esta revista, reservamo-nos o direito de publicar somente os artigos
solicitados pela redação. Não obstante, serão bem-vindas todas as
Michael D. Palmer colaborações para apreciação da redação e da equipe internacional
do “ The Unified Magazine". Colaborações espontâneas e matéria
dos correspondentes estarão sujeitas a adaptações editoriais.
REPORTAGEM DE BELFAST 44 SUBSCRIÇÕES: Toda a correspondência sobre assinaturas deverá
ser endereçada ao Departamento de Assinaturas, Caixa Postal 19079
Herbert F. M urray São Paulo, SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: Cr$ 15,00;
para o exterior, simples: US$ 3,00; aérea: USS 7,00. Preço do
exemplar avulso em nossa agência: Cr$ 1,50; exemplar atrasado:
Cr$ 1,80. As mudanças de endereço devem ser comunicadas indi­
HUMOR MÓRMON 47 cando-se o antigo e o novo endereço.

Julho de 1973 3
Damos Gracas *

A Ti, Ó Deus
Amado
Spencer W. Kimball
Presidente do Conselho dos Doze

O privilégio de apoiar os líderes da Igreja

enhum palco teatral jamais de gente. Assim o Profeta Joseph dente Lee não foi eleito por meio de

N
cia como
ofereceu atos de tão absor­
vente interesse e importân­
as cenas históricas da
Smith a princípio presidia um gru­
po m uito pequeno, mas que na épo­
ca de seu m artírio já aumentara pa­
com itês e convenções com todos os
seus habituais conflitos, críticas e
votos de homens, mas que foi cha­
Igreja nestes últim os dias. O cená­ ra m uitos milhares. mado por Deus e depois apoiado pe­
rio foi mudando de Nova York para Quando Brigham Young tornou-se lo povo.
Ohio, para M issouri, para Illinois e presidente havia aproximadamente A Igreja conheceu três presiden­
Utah. As condições se alteraram e 40.000 membros. Em 1877, o novo tes diferentes em três anos. Um edi­
mudaram os protagonistas dos diver­ presidente, John Taylor, presidia so­ torial do Deseret News comentou a
sos papéis. Hoje é apoiado mais um bre 145.000. W ilford W oodruff tinha respeito:
grande líder. Que grande p rivilégio sob sua responsabilidade cerca de “ Em muitas organizações uma mu­
temos nós, os aqui presentes, de 192.000 membros em 1887. Quando dança tão rápida da cúpula diretiva
poder tom ar parte em tão importan­ Lorenzo Snow assumiu a presidên­ provocaria facilm ente perturbadoras
te evento! Nesta mudança de lide­ cia em 1898, havia uns 253.000 mem­ alterações de direção com o conse­
rança da Igreja é importante que os bros, e no tempo de Joseph F. Smith qüente senso de hesitação e incer­
quoruns do Sacerdócio e a assem­ eram perto de 280.000. O Presidente teza.
bléia dos santos tenham a oportuni­ Heber J. Grant presidia quase meio “ Dentro da Igreja, pelo contrário,
dade de exprim ir sua gratidão, de m ilhão; George A lb e rt Smith, um o sentim ento durante esse período
hipotecar seu apoio e confiança, e milhão; e quando David O. McKay se histórico tem sido de estabilidade e
de reafirm ar seus convênios. tornou presidente em 1951, os mem­ claro propósito, de constância em
O chamado do Presidente Harold bros somavam mais de 1.100.000. meio à mudança.” (Deseret News,
B. Lee segue padrão idêntico ao dos Quando Joseph Fielding Smith to ­ 8 de julho de 1972, p. A-6)
outros presidentes há m uitos, mui­ mou as rédeas do governo da Igre­ O padrão divino não perm ite erros,
tos anos. Ele retém as mesmas cha­ ja, havia 2.800.000 membros; e ago­ nem conflitos, nem ambições, nem
ves, possui a mesma autoridade, re­ ra que o Presidente Harold B. Lee m otivos egocêntricos. O Senhor re-
presenta a mesma igreja, apenas assume a presidência, os membros servou-se o d ireito de chamar os lí­
m uito maior. são aproximadamente 3.200.000, nú­ deres que irão p residir a sua igre­
Quando foi organizada em 1830, a mero que aumenta rapidamente. ja. É um estudo de grande interesse
Igreja compunha-se de um punhado É confortante saber que o Presi­ e importância.

4 A LIAHONA
Harold B. Lee tornou-se presiden­ Para nós, o fato sign ificativo é que perm itirem , todos eles ordenados à
te da Igreja a 7 de julho de 1972, desde 6 de abril de 1830, há cento e liderança à medida que avançam se­
porém já fora ordenado apóstolo a quarenta e dois anos, jamais houve gundo sua antigüidade.
10 de abril de 1941, e indubitavel­ um m inuto sequer em que a Igreja Desde Joseph Smith existiram uns
mente havia sido preordenado para estivesse sem liderança divina. Ne­ oitenta apóstolos assim investidos,
essas responsabilidades num passa­ nhum dos presidentes falecidos le­ embora somente onze tenham ocupa­
do longínquo, mui longínquo, exata­ vou as chaves e autoridades para o do o lugar de presidente da Igreja,
mente como seus predecessores. Há mundo espiritual retirando-as da devido à intervenção da m orte; e
mais de um século o Profeta Joseph Igreja na terra. visto como a morte de seus servos
Smith declarava: No instante em que o espírito fica a c rité rio e controle do Senhor,
“ Todo homem que tem um chama­ abandonou o corpo do Presidente ele perm ite chegar ao prim eiro lu­
do para m inistrar aos habitantes da Joseph Fielding Smith no dia 2 de gar apenas aquele destinado a assu­
terra foi ordenado a esse mesmo julho, o Presidente Harold B. Lee, m ir a liderança. Vida e morte to r­
propósito no Grande Conselho dos como presidente dos doze apóstolos, nam-se os fatores determ inantes.
céus antes que existisse o m undo.” assumiu legitim am ente o comando e Cada novo apóstolo, por sua vez, é
(Joseph Fielding Smith, comp., Tea- tornou-se o verdadeiro e reconhecido escolhido pelo Senhor e revelado ao
chings of the Prophet Joseph Smith, líder visto te r sido preordenado, co­ profeta, então em exercício, pelo
edição 1940, p. 365). mo disse Joseph Smith. qual é ordenado.
A questão de antigüidade é básica
Disse um dos prim eiros apóstolos, O Presidente George Q. Cannon
no prim eiro quorum da Igreja. Isto é
referindo-se a Joseph Smith: fala da preordenação:
entendido perfeitam ente por todos
“ Essa autoridade não lhe foi con­ “ É notável o fato de que Joseph
os apóstolos, e todos os membros
ferida quando viu prim eiram ente os Smith possuía dons antes de ser or­
bem instruídos da Igreja estão fa­
anjos e recebeu alguns dos dons . . . denado. Ele era vidente pois tradu­
miliarizados com esse perfeito pro­
isso requeria a imposição de mãos ziu antes de ser ordenado; era pro­
grama sucessório.
por alguém que possuísse a autori­ feta, pois predisse grande número
Joseph Smith conferiu aos doze
dade do Santo Sacerdócio.” de coisas antes de ser o rd en ad o.. . ;
apóstolos todas as chaves e autori­
No tempo oportuno ele recebeu era revelador, pois Deus concedeu-
dades e poder que ele próprio pos­
essa autoridade sob as mãos dos úl­ lhe revelações antes da organização
suía e que havia recebido do Se­
tim os detentores das chaves sobre a da Igreja. Ele, portanto, era um pro­
nhor. Deu-lhes todo “ endowm ent",
terra. O apóstolo prossegue: feta, vidente e revelador antes de
todo lavamento e unção, e adminis-
ser ordenado na carne.” (Gospel
“ Quando Je s u s . . . levou seus três trou-lhes as ordenanças seladoras.
Truth, p. 253)
discípulos para o monte, ele foi Hoje temos a oportunidade, como
transfigurado diante deles, e Moisés Em 7 de julho de 1972 o Quorum tiveram-na os filho s de Israel, de re­
e Elias vieram m inistrar-lhes; naque­ dos Doze tinha todos esses dons. E novar o convênio e apoiar um novo
la ocasião Pedro foi ordenado a de­ o Presidente Harold B. Lee os pos­ profeta. Disse o Senhor a Josué, e
te r as chaves daquela dispensação. suía e também as chaves e a pleni­ isto se aplica igualmente ao Presi­
Ele possuía as chaves em conjunto tude do Sacerdócio desde 10 de dente Lee:
com seus irmãos Tiago e João. abril de 1941, ratificados pelo Quo­ “ Nenhum se susterá diante de ti,
“ Nos tempos modernos eles vie­ rum dos Doze Apóstolos a 7 de ju ­ todos os dias da tua vida: como fui
ram e, conjuntamente, impuseram as lho deste ano. com Moisés, assim serei contigo:
mãos sobre a cabeça de Joseph Nosso Senhor tomou todas as pro­ não te deixarei nem te desampara­
(Smith) e a de O liver (Cow dery), vidências para as mudanças. A tua l­ re i.” (Josué 1:5)
ordenando-os à autoridade que eles mente há catorze apóstolos que de­ “ Então disse o povo . . . ao Senhor
próprios possuíam, isto é, a do apos- tém em suspensão essas chaves, os serviremos.
tolado.” (George Q. Cannon, Gospel doze mais os dois conselheiros do “ Servirem os ao Senhor nosso
Truth [Z io n ’s Book Store, 1957], vol. presidente, para serem postas em Deus, e obedeceremos à sua voz.
1, pp. 253-54) uso se e quando as circunstâncias o “ Assim fez Josué concerto naque­

Julho de 1973 5
le dia com o povo." (Josué 24:21, dócio são apenas homens m ortais: quer outro homem na posição de
24-25) são homens falíveis . . . (Ninguém o presidente da Igreja vos desencami-
Seja este, então, nosso convênio sabe m elhor do que eles próprios.) nhe. Não é do programa. Não é da
hoje. Nenhum ser humano que alguma vez vontade de Deus. Se eu o tentasse,
Disse um dos líderes antigos: "Eu pisou esta terra foi livre de pecado, o Senhor me removeria do meu lu­
olho para nosso presidente — sem­ exceto o Filho de D e u s . . . ” gar, e o mesmo faria com qualquer
pre vigio o capitão do navio com es­ Isto é verdade em relação a todos outro homem que procurasse des­
pecial interesse, quando no oceano os irmãos, tenho certeza. viar os filhos dos homens dos orá­
rodeado por icebergs ou quando em “ Não obstante, Deus elegeu esses culos de Deus e do dever d e l e s . . . ”
meio a fo rte torm enta . . . sempre v i­ homens. Ele os escolheu ... mas ele (The Discourses of Wilford Woodruff
giava seus olhos e comportamento os selecionou e conferiu-lhes a auto­ [B ockcraft, 1969] pp. 212-13)
imaginando . . . que poderia te r uma ridade do Santo Sacerdócio, e eles Isto deve dar-nos profunda segu­
boa idéia do perigo ficando atento tornaram-se seus representantes na rança.
a ele. Tenho passado por torm entas terra. Ele os coloca como pastores Um outro líder escreveu: "Os ho­
nas quais todos os a bordo, exceto sobre o rebanho de C risto, e como mens não obtêm lugar nesta Igreja
os élderes, esperavam so sso b ra r. . . ” vigias sobre as muralhas de Sião. porque o querem. Se fosse sabido
(Gospel Truth, p. 271) E os tem como estritam ente respon­ que um homem ambiciona determ i­
Agora temos o privilégio de apoiar sáveis . . . pela autoridade que lhes nado ofício na Igreja, este fato em
o Presidente Lee. conferiu, e no dia do Senhor Jesus si seria a sua derrota porque seu
Uma regra importante que prova­ C risto eles terão que levantar-se pa­ desejo não lhe seria concedido. É
velm ente conheceis foi-nos dada pe­ ra ser julgados quanto à maneira este o caso dos oficiais desta Igre­
lo Profeta Joseph Sm ith: “ Vou dar- em que exercerem essa autoridade. ja . . . (Eles) são responsáveis pe­
vos uma das chaves dos m istérios Se o fizeram impropriamente e de rante Deus. Deus (os) escolheu e
do Reino. É um princípio eterno que maneira contrária aos interesses de nomeou, e a ele cabe co rrigi-(los)
existe com Deus desde toda a eter­ sua obra e à salvação de seu povo, se errarem .” (George Q. Cannon, no
nidade. O homem que se levanta pa­ ai deles no dia do Senhor Jesus! Deseret Weekly, 21 de maio de 1898,
ra condenar outros, encontrando fa­ Ele há de julgá-los . . . ” (Gospel p. 708)
lhas na Igreja, dizendo que estão an­ Truth, p. 276) Que o Senhor abençoe nosso no­
dando errado enquanto ele próprio Esse mesmo apóstolo nos escla­ vo presidente e seus conselheiros,
está certo, sabei então com certeza rece que a autoridade para julgar e e os apóie plenamente. Possamos
que esse homem está no caminho condenar é dada pelo Senhor somen­ nós, o povo, dar apoio total ao Pre­
direto para a apostasia; e se não se te aos conselhos regularmente cons­ sidente Harold B. Lee, o qual eu sei
arrepender, ele irá apostarar tão cer­ tituídos da Igreja, e não aos homens ser o profeta do Senhor aqui na te r­
to como Deus v iv e .” (Teachings of em geral: "... e os que erguem ra. Presto testemunho de que Deus,
the Prophet Joseph Smith, pp. 156-57) suas vozes . . . contra a autoridade cuja voz foi ouvida no Rio Jordão, en­
O Presidente Cannon adverte no­ do Santo Sacerdócio . . . descerão pa­ tre os nefitas, no bosque em Nova
vamente: “ Se algum de vós se entre­ ra o inferno, a menos que se arre­ York, é o nosso Pai Celestial; e
gou ao espírito de murmuração e de pendam.” (Ibid) aquele a quem aludiu ao dizer: “ Este
críticas, e perm itiu que sua língua Foi o Presidente W ilford W oodruff é o meu Filho amado, em que me
veiculasse pensamentos e palavras quem, nos últim os anos de vida, fez comprazo,” é nosso Salvador, o Se­
maldosos e em desacordo com o es­ este pronunciamento: “ Rogo ao meu nhor Jesus C risto, o cabeça da Igre­
pírito do Evangelho . . . deveis arre- Pai Celestial que derrame sobre mim ja. Presto testemunho também de
pender-vos de todo o coração e su- o seu espírito, como seu servo, para que o Presidente Lee é um profeta
jeitar-vos na mais profunda humilda­ que em minha avançada idade e du­ de Deus, e que se o seguirmos, fa­
de e im plorar a Deus perdão por rante os poucos dias que me restam remos grandes avanços no reino.
esse pecado — pois é um pecado ex­ na carne, eu seja guiado por sua Presto-vos este testemunho com to ­
trem amente grave. inspiração. A Israel eu digo, o Se­ do fe rvo r e sinceridade, e em nome
“ Os homens portadores do Sacer­ nhor jamais perm itirá que eu ou qual­ de Jesus C risto. Amém.

6 A LIAHONA
Os Santos
Em Segurança
Habitam
Boyd K. Packer, do Conselho dos Doze

Não há na Igreja atividade mais importante que o ensino familiar

pós a reunião matutina de dos santos e da fam ília de Deus.” vovô e vovó — voltam a enfrentar

A ontem e a desta manhã com


o Presidente Lee, penso que
podeis imaginar a nossa experiência
(Ef. 2:19)
Ser concidadão dos santos tem um
grande significado. Todos podem re­
a vida juntos como quando recém-
casados. Este é o curso normal, es­
perado e desejável, porquanto o ca­
quando, como os Irmãos, vamos ao ceber essa cidadania através da or­ minho do Senhor é um círculo eter­
templo para nos assentar em ditoso denança do batismo, se quiserem — no. Eles jamais são deixados sós.
conselho com ele. se quiserem arrepender-se e se pre­ Os filh o s aprendem a venerar os
Foi numa dessas reuniões há pou­ parar. Então, como membros da Igre­ pais, porém às vezes vivem muito
co tempo atrás que me veio a inspi­ ja de Jesus C risto dos Santos dos longe. Seja como for, a igreja esten­
ração para o assunto que abordo ho­ Últim os Dias nunca mais precisam de sobre eles seu cuidado vigilante.
je. Naquela reunião cantamos como estar sós. Depois, quando um deles se vai,
abertura o hino “ How Gentle God’s
O indivíduo é tido como filh o ou a viúva idosa não fica solitária; pois
Command’s (Quão brandos os man­
filha de Deus. Os membros da fam í­ a organização da Igreja mais uma
damentos de Deus. Hino não vertido
lia são ensinados a darem apoio uns vez lhe estende seu vigilante cui­
para o português. N. do T.) Mais ta r­
aos outros. Em fam ílias assim se dado para satisfazer suas necessida­
de, em uma oração, o Presidente Lee
cumpre parte do enunciado: Os des — espirituais, e temporais tam­
incluiu esta frase do hino: “ Debaixo
santos em segurança habitam. De­ bém, se fo r preciso — a fim de que
do seu olhar vigilante, os santos em
pois a estrutura fa m iliar se encaixa ela possa habitar em segurança.
segurança habitam .” Então, reveren­
maravilhosamente no cenário da or­ O processo é sim ples. Dois por­
temente deu graças ao Onipotente
ganização da Igreja. tadores do Sacerdócio são chamados
pela segurança e proteção de seus
Os rapazes e moças que vivem pelo presidente do seu quorum e de­
santos, rogando na mesma prece que
ionge do círculo fa m iliar não ficam signados pelo bispo a v is ita r regu­
continuasse a cuidar deles vigilan te ­
abandonados, pois continuam mere­ larmente a casa dos membros, sob
mente.
cendo o cuidado vigilante. Quando o títu lo de m estres fam iliares do Sa­
Senti-me tomado de profunda gra­
se casam, recomeça mais uma vez o cerdócio. Eles são os guardiães do
tidão por haver, neste mundo carac­
ciclo. indivíduo e da fam ília.
terizado por agitações e até mesmo
violência, um povo que se preocupa Alguns talvez não se casem, po­ Quando decidi falar do ensino fa­
pelos outros. rém nunca ficam sós. m iliar do Sacerdócio, dei-me conta
Dizia Paulo aos santos de Eféso: Quando os filh o s deixam o lar pa­ claramente de que na Igreja existem
“ Assim que já não sois estrangeiros, terno para iniciar a própria fam ília, atividades mais excitantes e algu­
nem forasteiros, mas concidadãos pai e mãe — agora chamados de mas mais interessantes. Talvez até

Julho de 1973 7
mesmo a m aioria tenha mais É interessante como coisas tão Através desse canal do ensino fa­
atrativos. básicas são menosprezadas. Por m iliar do Sacerdócio pode flu ir uma
Tempos atrás vis ite i certo lar de­ exemplo, temos dentro de nós deter­ força sustentadora até os lim ites
pois da reunião sacramental. A mãe minado suprim ento de sangue para dos recursos terrenos da Igreja. Mas
indagou do filho adolescente como d is trib u ir elementos n utritivos aos isto não é tudo; por esse canal pode
fora o dia. O rapaz, franco e resolu­ tecidos orgânicos, recolher o mate­ flu ir um poder espiritual redentor
to como costumam ser os jovens, rial residual e portador de defesas que atinge os lim ites do próprio
respondeu: contra doenças e infecções. O san­ céu.
— Ótimo, com exceção da reunião gue é mantido em circulação pelo Por meio do ensino fam iliar foram
sacramental. incessante e seguro bombeamento evitadas tragédias, almas decaden­
A mãe inquiriu a respeito da reu­ do coração. Ele é vital para a vida. tes puderam ser reerguidas, necessi­
nião sacramental e obteve como Não obstante, um corte no dedo dades m ateriais foram preenchidas,
resposta: geralmente merece mais atenção e mágoas foram amenizadas. Enfermos
— Bem, quando nos livrarm os de maior cuidado. Ninguém se importa foram curados através da ministra-
ouvir sumos conselheiros falando m uito com o pulsar do coração até ção. Embora prosseguindo sem alar­
sobre o ensino fa m iliar e o plano que surja uma ameaça de que possa de, esse trabalho é inspirado pelo
do bem-estar do Sacerdócio, será falhar ou parar. Só então a gente dá Deus Todo-poderoso e é fundamen­
um grande dia! atenção. tal para o sustento espiritual deste
A mãe, humilhada, atalhou: povo.
Por mais estranho que seja, ao en­
— Ora, David, o Élder Packer aqui Os líderes da Igreja despendem
sino fa m iliar é dado tão pouco valor
é o encarregado de um desses pro­ m uito esforço para que funcione o
que a m aioria dos membros quase
gramas para a Igreja toda. ensino fa m iliar do Sacerdócio. Em­
não lhe dá atenção, participando de­
— Sei disso, — retrucou o rapaz. bora tido como certo e garantido,
le rotineiram ente, às vezes até com
— Por que então não faz algo a sempre se tomam providências para
certo enfado. Todavia, é por meio
respeito? sua continuidade, e sempre se toma­
dele que os membros da Igreja re­
Meu rapaz, eu estou, agora mes­ rão. Seus princípios jamais mudaram,
cebem proteção e vigilante cuidado
mo, fazendo tudo que posso a res­ nem com as alterações da socieda­
não existente em outra parte qual­
peito do caso. Quero explicar-lhe de nem com as diversas adições na
quer.
uma coisa. Talvez você ache que os programação da Igreja. Sem ele a
dois programas — que são intim a­ Imaginemos um homem convidan­ Igreja poderia facilm ente deixar de
mente relacionados — podem ser do seu companheiro, geralm ente um ser a Igreja. E volto a dizer, ainda
m uito mais interessantes. Mas, inte­ rapaz ainda adolescente, a passar que algumas atividades possam pa­
ressantes ou não, eles são vitais pa­ uma noite visitando o lar de cinco recer mais sugestivas, nenhuma é
ra a nossa segurança. ou seis fam ílias. Eles chegam tra ­ mais importante.
A propósito, meu jovem, você po­ zendo incentivo, para averiguar as Sou grato pelos muitos programas
de alistar-m e com o tal sumo conse­ necessidades espirituais, e interes- de atividade que temos. Eles são um
lheiro que fala dos programas bási­ sando-se pelo bem-estar da fam ília, condimento, um tempero ou uma so­
cos do Sacerdócio. E a nós dois jun­ de modo que todos saibam que exis­ bremesa. Tornam a vida mais inte­
te o seu treinador que fala de disci­ te alguém a quem podem recorrer ressante, principalm ente para nossos
plina e treinam ento, e o professor de em momentos de necessidade. jovens. Sou todo a favor deles e não
música que insiste em horas de exer­ Se surge uma doença, é possível gostaria de vê-los negligenciados,
cício para uns poucos m inutos de fornecer ajuda. As crianças são cui­ nem conseguiríeis persuadir-me a
execução em público. A liste conosco dadas, visitas providenciadas. Aqui dispensá-los.
os seus pais que insistem em que se encontram os m estres fam iliares Reconheço que uma igreja com en­
você aprenda a trabalhar e a dar do Sacerdócio com as professoras sino fa m iliar somente pode parecer,
atenção às coisas fundamentais da visitantes da Sociedade de Socorro. para uma pessoa jovem, quase tão
vida. M uitas vezes o problema não é enfadonha como uma refeição sem
Repito, pode haver coisas muito doença, mas um adolescente com tem peros ou sobremesa. Contudo,
mais atraentes, mas não existe ne­ suas dificuldades, ou uma criança sinto certa preocupação quando nos­
nhuma mais importante. que não vai indo como deveria. sos líderes locais se concentram in­

8 A LIAHONA
teiram ente em programas de ativida­ do Sacerdócio. Não desobrigueis os andar e então deixávamos nossa
de negligenciando o ensino fam iliar m estres fam iliares tentando realizar mensagem enquanto ela continuava
do Sacerdócio. o trabalho deles por outro meio. de cama.
Aos nossos bispos eu digo que Podeis inventar centenas deles na Eventualmente descobrimos que
querer sustentar os jovens tão so­ tentativa de fortalecer vossos jovens, ela apreciava sorvete de limão. Fre­
mente com programas de atividade porém mais cedo ou mais tarde se­ qüentemente parávamos numa sor-
seria o mesmo que tentar fazer um reis obrigados a voltar à maneira do veteria antes de fazer essa visita.
atleta às custas de uma dieta de Senhor. Pelo fato de conhecermos sua pre­
barras de chocolate e refrigerantes. Recordo o que diz certo trecho das dileção, éramos duplamente bem-
Eles podem sentir-se atraídos por Escrituras: vindos naquela casa.
eles, porém não lhes servirá de nu­ “ Quem sou eu, diz o Senhor, para Certa vez meu companheiro sênior
triente. Nenhum empenho para re­ prom eter e não cumprir? não pôde ir por m otivos que não
dim ir vossos jovens pode ser mais “ Eu mando e os homens não obe­ mais recordo. Então fui sozinho e
produtivo do que o tempo e a aten­ decem; revogo e eles não recebem segui o ritual de antes comprar um
ção dedicados ao ensino fam iliar do a bênção. pacote de sorvete de limão.
Sacerdócio. Porque o objetivo do en­ “ Depois dizem em seus corações: Encontrei-a de cama. Ela expres­
sino fa m iliar do Sacerdócio é forta­ Esta não é a obra do Senhor, pois sou grande preocupação por um dos
lecer o lar, e como diria o adoles­ suas promessas não se têm cum pri­ netos que no dia seguinte devia sub-
cente, e ele geralmente sabe: “ É ali do. Mas ai desses, pois embaixo os meter-se a séria intervenção cirú rgi­
que está a coisa." Não compreendeis espera a sua recompensa, e não em ca. Perguntou se eu não queria
que conservando essa linha de comu­ cima." (D&C 58:31-33) ajoelhar-me ao lado de sua cama pa­
nicação vital com o lar, não apenas A vós, m estres fam iliares — vós ra oferecer uma oração em favor do
estais fortalecendo o lar mas as a ti­ que fazeis as visitas rotineiras, não bem-estar da criança.
vidades se tornam m uito melhores e poucas vezes consideradas maçan- Depois da prece, pensando no
mais gostosas? tes — não encareis levianamente es­ meu casamento iminente, presumo,
Existem m uitos meios de estim u­ sa designação nem como mera ro ti­ ela disse:
lar nossa juventude. Somos bastante na. Toda hora gasta, todo passo da­ — Esta noite eu é que vou ensi­
inventivos e aparentemente capazes do, toda porta em que bateis, todo ná-lo, — dizendo que ia contar-me
de descobrir meios excitantes. Mais lar que saudais, todo incentivo que uma coisa que eu nunca devia es­
cedo ou mais tarde seremos compe­ ofereceis, é uma dupla bênção. quecer. Então começou a lição da
lidos a fazê-lo à maneira do Senhor. É uma verdade interessante que qual me lembro sempre, a narração
Lembro-me do caso de um caça­ os m estres fam iliares muitas vezes de um incidente da sua própria vida.
dor de peles que juntara modesta aprendem no decorrer das visitas a Uns poucos anos depois de casar-
fortuna apanhando raposas. Decidiu uma fam ília. De fato, freqüentem en­ me no tem plo com um excelente ra­
ir para o sul no inverno e deixou te é duvidoso quem colhe mais be­ paz, quando ambos se concentravam
suas linhas de armadilhas aos cui­ nefícios, mesmo em momentos de nos afazeres de sua nova vida e em
dados de um jovem e bem treinado sacrifício e serviço prestados por criar os filhos, certo dia chegou uma
assistente. Ensinou-lhe cuidadosa­ um mestre fa m ilia r — se a fam ília carta da “ Caixa B” . (Naqueles tem ­
mente como armar os laços e onde a quem serve ou ele próprio. pos uma carta da “ Caixa B" da C i­
colocar a isca. Lembro-me de uma lição muito dade de Lago Salgado era invariavel­
Quando voltou na primavera, en­ significativa aprendida como mestre mente um chamado para missão.)
controu m uito poucas peles para fam iliar. Para grande surpresa deles esta-
seu desapontamento. Pouco antes de casar-me fui de­ vam sendo chamados como família
— Você fez exatamente como eu signado com um companheiro mais para um dos continentes mais remo­
ensinei? — perguntou ao moço. velho a se rvir como m estre fam iliar tos do mundo a fim de ajudar a abrir
— Oh, não, — respondeu este. de uma senhora idosa. Sendo semi- o país para o trabalho missionário.
— Descobri um jeito m uito melhor. inválida não podia sair de casa e m ui­ Depois de ali servirem bem e fie l­
A vós, bispos e líderes de quorum, tas vezes quando batíamos à suá por­ mente durante vários anos, eles vol­
recomendo insistentem ente que deis ta ela respondia pedindo que entrás­ taram para casa reencetando a ta­
a devida atenção ao ensino fam iliar semos. Era quando não conseguia refa de criar a fam ília.

Julho de 1973 9
Então a frágil senhora focalizou que um casal pode conviver sem que nas aquele indicado para onde o mi­
determinada manhã de segunda-fei- haja entre eles palavras amargas. n istério importa mais. Apenas um
ra em que houve irritação e alguma Tenho muitas vezes meditado nas servo do Senhor!
desavença, seguida de palavras mor- visitas àquele lar, sobre o tempo É por causa de vós, os mestres
dentes entre marido e m ulher. In­ gasto e os poucos centavos empre­ fam iliares do Sacerdócio, que um
teressante notar que ela não conse­ gados em sorvete de limão. Aquela verso do hino diz com razão:
guia lembrar-se de como tudo come­ irmãzinha há m uito se foi para além "Debaixo de seu olhar vigilante,
çou ou sobre o que fora. do véu, o mesmo acontecendo com Os santos em segurança habitam.
— Mas, — prosseguiu ela, — se­ meu companheiro sênior. Porém, a A mão que a natureza inteira sus-
ja como for, não consegui reprim ir poderosa experiência daquele ensino [te n ta ,]
o impulso de segui-lo até o portão fam iliar, da lição recebida pelo mes­ Aos filhos seus, amparo dará.”
e, enquanto ele seguia seu caminho tre fam iliar ainda persiste em mim, Presto testemunho de que Jesus
para o trabalho, grita r aquela últim a e tenho tido ocasião de passar a é o C risto, de que esta é a sua igre­
e mordaz observação. mensagem dela a jovens casais dian­ ja e seu reino. Somos os portadores
te do altar m atrim onial e ao acon­ do Sacerdócio e da autoridade por
Depois, com as lágrimas a correr,
selhar pessoas por este mundo afora. ele delegados. Somos presididos por
ela falou do acidente ocorrido naque­
um profeta o qual, como homem que
le dia e que vitim ou o marido. Existe como que um gênio e spiri­
é, não consegue abarcar o mundo,
— Há cinqüenta anos vivo no in­ tual no ensino fa m iliar do Sacerdó­
estendendo-se a todo ramo, toda mis­
ferno, — soluçou, — por saber que cio. Todo portador do Sacerdócio que
são, toda estaca. Todavia, delegando
as derradeiras palavras que ele ou­ se empenha nessa designação pode
de sua autoridade e das chaves que
viu de meus lábios foram aquela acabar regiamente recompensado.
detém, ele pode não só alcançar as
observação mordaz. Indagados sobre suas designações estacas e alas e ramos, como esten-
Era esta a mensagem para o seu na Igreja tenho ouvido homens res­ der-se a cada lar, a cada indivíduo, e
jovem mestre fam iliar, oferecida ponder: “ Sou apenas um m estre fa ­ abençoá-los e ampará-los, para que
com a admoestação de nunca esque- m ilia r.” os santos possam habitar em segu­
cê-la. Ela tem sido de grande provei­ Apenas um mestre fam iliar. Ape­ rança. Em nome de Jesus Cristo,
to para mim. Desde então aprendi nas o guardião de um rebanho. Ape­ Amém.

Confirma Teus Irmãos


Pres. Paul H. Dunn

A obrigação dos Santos na integração de membros novos


parecendo aos nefitas, o Se­ Há exatamente vinte e três anos intelecto, tornar-se como uma crian­

A nhor falou: “ E novamente


vos digo que vos deveis ar­
repender, e ser batizados em meu
eu ingressava como aluno na Facul­
dade Chapman na C alifórnia M eridio­
nal, onde vim a fica r sob a influên­
cinha ao entrar nas águas do batis­
mo filiando-se à Igreja.
Presenciando o batismo de meu
nome e tornar-vos como uma crian­ cia do Dr. Guy M. Davys, filósofo, amigo, lembrei-me de outra passa­
cinha, ou de nenhuma form a pode- educador e m estre. Depois de vinte gem das Escrituras. O Senhor ad­
reis herdar o reino de Deus.” (III e três anos, sexta-feira passada fez moestando Pedro, seu principal após­
Néfi 11:38). Esta foi sua verdadeira exatamente três semanas, eu vi esse tolo, deu-lhe esta sim ples instrução
advertência. homem magnífico, de tão brilhante e conselho, segundo Lucas registra:

10 A LIAHONA
" . . . quando te converteres, confir Não sei de onde surgiu a maravi­
ma teus irm ãos.” (Lucas 22:32) Eu lhosa colega simpatizante, a “ fada"
oro para que o bom bispo, o mestre de solidariedade que sabia como es­
fam iliar, a congregação da ala para a quecer-se de si servindo os outros,
qual foram designados meu amigo alguém que sabia seguir a admoes-
Guy e seus fam iliares, fortaleçam tação do Salvador de fortalecer os
estes irmãos. amigos. Com a exuberância da ju ­
Permitiram-me contar uma expe­ ventude a garotinha gritou:
riência pessoal. Confirm ar ou forta — Olá, Kellie, como vai você?
lecer nosso irmão penso eu, adquire — M uito bem.
mais sentido quando pensamos em — Em que sala você vai ficar? —
nos solidarizar e nos m ostrar amis­ E depois: — Formidável. Eu estive
tosos com nossa fam ília. Tempos nessa sala no ano passado. Vem co­
atrás quando minha filha mais nova migo, eu vou levar você até lá.
viu-se diante da contingêngia de fre ­ Presidente Paul H. Dunn E antes de saber como, Kellie ha­
Do Primeiro Conselho dos Setenta
qüentar uma nova escola, ela aguar­ via largado a minha perna e se afas­
dava essa experiência com grande tara uns dez passos quando perce­
todos nós experimentamos ao nos
espectativa e emoção, porém tam­ beu o que acontecera. Jamais hei
encontrarmos em situação social no­
bém com as costum eiras apreensões de esquecer sua expressão e a lição
va e diferente.
e preocupação. Como pais, tentamos que me deu ao olhar para trás di­
Ela sabia qual seria a minha res­
tornar-lhe a experiência significativa zendo:
posta e concordou em que eu a le­
e positiva, passando várias horas — Ó, papai, pode ir agora; eu não
vasse até a escola. Chegando dian­
procurando prepará-la mentalmente preciso mais de você.
te da escola ouvimos o sinal. Em
para a mudança.
seus olhos começaram a surgir lá­ Graças a Deus pela gente miúda
Finalmente chegou o dia tão an­ grimas. Desci do carro disposto a bem como pela gente grande que sa­
siosamente aguardado. Planejamos ajudá-la. Depois de andarmos uns be como fazer amizade e solidari-
uma noite especial para dar-lhe con­ três metros ela agarrou-se à minha zar-se.
forto e orientação espiritual. Mais perna e olhando para mim como só M ilhares de pessoas ingressam na
tarde, ao preparar-se para deitar, ela uma criança olha para o pai, falou Igreja todos os meses. Oro que te ­
era toda expectativa quanto ao dia filosoficam ente: nhamos o espírito necessário para
seguinte. Na dita manhã apareceu
— Papai, se você me ama de ver­ seguir o conselho do Senhor e forta-
para o desjejum ainda de camisola
dade, se você me ama de verdade — lecer-mos a nossos irmãos. Oro para
dizendo:
não me mande entrar ali. que um excelente bispo e um mara­
— Papai, penso que seria melhor Então respondi-lhe: vilhoso mestre fa m iliar e outros
eu não ir à escola hoje. — Querida, você talvez não con­ membros estejam cuidando de meu
— Por quê? siga compreendê-lo ainda, mas é amigo Guy Davis.
— Eu acho que vou fica r doente. justam ente por causa do amor que Eu te s tific o a divindade desta igre­
Todos já sabem o que ela tentava lhe tenho que vou levá-la lá dentro. ja. Ela é real. Apóio o Presidente
dizer-nos, não é? Eu não sei como E assim fiz. Quando passamos pe­ Lee como profeta, vidente e revela­
enfrentar a nova situação, papai. Se­ la porta ela agarrou-se à outra perna dor. Sei que ele foi chamado e orde­
rá que farei amigos? A professora e não largou mais. M uitos alunos nado por Deus. Sei que Deus vive e
irá gostar de mim? Será que me en­ passaram por nós e se foram, e f i­ que Jesus é o C risto, do que presto
quadrarei no grupo social? Eles vão nalmente aconteceu o pequeno m ila­ testemunho em nome de Jesus C ris­
me aceitar? Eis as preocupações que gre que tudo mudou. to. Amém.

Julho de 1973 11
Uma Noite de Vinhetas
Históricas
inhetas — peças literárias para representação, Estas pequenas peças perstam-se não só para lei­

V escritas por autores SUD — são uma parte dra­


mática essencial do Festival de A rte Mórmon da
Universidade Brigham Young, realizado todos os anos.
Este mês a Liahona apresenta uma seleção desses
tura como também podem ser representadas em reu­
niões de fam ília e nas classes e atividades da Igreja.
Tais representações são relativam ente fáceis de realizar.
Os participantes precisam simplesm ente ve rifica r suas
breves esboços literários do festival de 1972, uma se­ partes com antecedência a fim de se fam iliarizarem com
leção baseada em histórias dos pioneiros santos dos as “ falas" que deverão ler. Talvez seja possível realizar
últim os dias. * As vinhetas incluem excertos de cartas, um ou dois ensaios.
anotações, diários e discursos de conferências de pio­
neiros, bem como relatos fictício s de incidentes histó­ Num ambiente inform al como num grupo fam iliar,
ricos. Cada peça fornece cálidos vislum bres da vida os leitores talvez prefiram não fica r separados dos ouvin­
dos santos que abriram caminho para o Oeste; cada uma tes, lendo suas partes sentados junto com os demais
delas sugere meios de como aplicar princípios do Evan­ fam iliares. Em classe, os leitores podem sentar-se ou
gelho em nossa vida de hoje. fica r de pé diante da audiência, ou dentro de um círculo
Achamos que nossos leitores irão sentir um vínculo formado pelos ouvintes.
de confraternização com os santos cujas histórias são
contadas nestas páginas. A prim eira pessoa em seu Para reuniões maiores pode-se usar o palco e e fei­
país ou cidade ou bairro ou círculo de amigos a entrar tos luminosos, como por exemplo num salão cultural.
para a Igreja é, ela própria, uma espécie de pioneiro Os participantes podem vestir-se todos de preto ou em
que mostra aos outros um caminho novo, melhor. Às trajes vivam ente coloridos. Ou então poderiam impro­
vezes ela também sofre escárnio, é ridicularizada e visar indumentária da época, dando assim um sabor e
mesmo perseguida. ambiente especial ao número.

12 A LIAHONA
Os esboços são adaptáveis para praticam ente qual­ SUSANNA:
quer situação. Os ouvintes podem ser encorajados a Meu pai e irmãos eram totalm ente contrários a que
fazer coro nos hinos requeridos na apresentação. minha irmã se batizasse na Igreja dos Santos dos Ú lti­
Se preferem fica r de pé, sentados, participar ou mos Dias. Mas ela se batizou na prim eira oportunidade
ouvir; se escolhem apenas uma das peças ou apresen­ que encontrou. Por volta de dezembro de 1832 apareceu
tam todas; se são encenadas em fam ília ou como entre­ na nossa vizinhança um élder da Igreja, o qual visitou
tenim ento para um grupo maior, ou se querem lê-las só nossa casa a convite de minha irmã.
para si — é só escolher. Seja qual fo r o caso, estas
vinhetas podem ser uma fonte de inspiração para todos SR. TYLER
— leitores e ouvintes. Enquanto estive ausente de casa minha filha deu ouvi­
dos a alguns de vocês pregadores mórmons. E agora
* Estas historietas inspiradoras foram coletadas e preparadas por: ela quer ser batizada, mesmo depois de saber que nunca
Dr. Harold Oaks, Judith Piquet, Kristen Addoms, Tom Bay, W alt mais poderá botar os pés nesta casa, se o fizer. Vou
Berry, Everett Balck, Cristy Clark, Pamela Gorman, Calleen Jean dizer-lhe uma coisa — seja quem fo r que a batizar irá
Trvine, Rebecca Rowland e Lee Russel.
fazê-lo com risco de vida, pois eu e meus filhos esta­
remos lá com nossas armas!

MISSIONÁRIO:
Sr. Tyler, nós não vamos batizar sua filha contra a sua
vontade. Se a nossa doutrina é verdadeira, do que da­
mos testemunho, o pecado de im pedir que ela a abrace
será sobre a cabeça do senhor, não sobre a nossa nem
a dela.

SUSANNA:
Estas palavras compungiram seu coração e ele começou
a pensar que possivelm ente os mórmons estivessem
certos e ele errado. Assim , pois, decidiu aconselhar
sua filha a respeito do assunto e depois perm itir que
ela exercesse seu livre arbítrio. Assim , ficaria eximido
de qualquer responsabilidade.

SR. TYLER
Você pode decidir por si mesma, Jane. Suponho que po­
derá ser a melhor religião do mundo se o que esses
rapazes dizem fo r verdade; mas se não for, ela é a
pior. Esses rapazes sabem se ela é verdadeira ou falsa,
eu não. Pense bem antes de tom ar uma decisão.

JANE;

O Gelo Eu pensei no caso durante m uito tempo e com muito


jejum , estudo e oração. Eu sinto, pai, que é meu dever
batizar-me o mais cedo possível.

SUSANNA:
E assim papai acomodou minha irmã, os élderes mór­
mons e mais alguns de nós num trenó puxado a boi
Personagens: para irmos até o Lago Erie, distante uns três quilôm etros.
Susana Tyler Chegando lá, os homens abriram um buraco na camada
Sr. Tyler de gelo de quase um metro de grossura que recobria
Missionário o lago para Jane poder ser batizada em Igreja de Jesus
Jane Tyler C risto.

Julho de 1973 13
enquanto outros dois agarravam os cavalos pelo freio.
Então chegou outro índio querendo me tira r de cima
da carroça. Aí comecei a fica r com medo e também
zangada, e pedi que Pai Tanner me deixasse descer e
sair em busca de socorro. Mas ele respondeu:
— Pobre criança. É m uito tarde para isso.
O rosto dele estava branco como papel! Os índios
estavam agora roubando-lhe o relógio e o lenço, en­
quanto continuavam tentando me tira r do carro.
Comecei a apelar mudamente ao meu Pai Celestial.
Enquanto eu orava e me defendia lutando, o Espírito
do Todo-poderoso veio sobre mim fazendo com que me
erguesse com grande poder e falasse aos índios em
seu próprio idioma. Eles largaram os cavalos e a car­
roça, e ficaram parados na minha frente enquanto eu
lhes falava pelo poder de Deus. Abaixaram a cabeça
e responderam “ sim " de maneira a que eu soubesse
o que queriam dizer. Pai Tanner e a garotinha olhavam
estáticos em mudo assombro.
Compreendi a nossa situação. Eles pretendiam ma­

Excertos das ta r Pai Tanner, queimar a carroça e levar a nós, mu­


lheres, como prisioneiras.
mente.
Isto foi-me mostrado clara­
Quanto term inei de falar eles trocaram um

Memórias de aperto de mão com todos nós devolvendo tudo que


haviam roubado de Pai Tanner; este deixou que ficassem
com o lenço. Nesse momento chegaram as outras duas
mulheres e partimos depressa para casa.

Jane Grover O Senhor me concedeu a interpretação de parte do


que dissera, como segue “ Presumo que vocês, guer­
reiros índios, pensam em nos matar. Então não sabem
que o Grande Espírito está vigiando vocês e sabe tudo
JANE GROVER: que se passa em seus corações? Viemos aqui para
colher alguns dos frutos de nosso Pai, não viemos para
Certa manhã achamos de ir colher groselhas. Pai Tan- feri-los. E se vocês nos fizerem mal, ou tocarem nem
ner arreou uma parelha de cavalos a uma carroça leve que seja num cabelo nosso, serão lançados ao chão
e pusemo-nos a caminho — ele, sua netinha, duas irmãs pelo Grande Espírito e não terão força para respirar
de nome Lyman e eu. Chegando lá nas matas, disse­ um fôlego sequer. Nós fomos expulsos de nossos lares
mos ao ancião que fosse descansar numa cabana en­ assim como vocês. Viemos para cá para ajudá-los e não
quanto íamos colher as groselhas. para prejudicá-los. Somos o povo do Senhor e vocês
Não demorou, a garotinha e eu nos tínhamos afas­ têm que deixar de matar e fazer maldades. O Senhor
tado dos demais. Subitamente ouvimos gritos e, vol- está desgostoso com isso e se continuarem assim ele
tando-nos pudemos ver alguns índios aproximando-se não os fará prosperar. Vocês acham que toda esta terra,
aos gritos e berros enquanto outros mais vinham che­ estas matas, a água e os cavalos são seus. Mas vocês
gando. Quando estávamos já na carroça com Pai Tan- não são donos de nada nesta terra, nem mesmo do ar
ner prontos para partir, quatro índios seguraram o carro que respiram. Tudo pertence ao Grande Espírito."

14 A LIAHDNA
OUVINTES:
Cantam as duas prim eiras estrofes do hino 57, “ Talvez
Não Seja ao A lto M a r” ,

RICHARD:
Em abril de 1886 fui para a conferência no Grande Lago
Salgado — foram quinze dias de carroção. A li reuni-me
com os santos no Tabernáculo de Deus, e ouvi meu
nome sendo chamado por Heber C. Kimball.

HEBER:
Richard Benson — missão na Grã-Bretanha.

BISPO:
Mais tarde, Richard teve uma breve conversa com o
Irmão Heber.

HEBER:
Irmão Benson, quando lhe seria mais conveniente partir?

RICHARD:
Bem, Irmão Kimball, preciso ir para casa e conversar
com Phoebe.

HEBER:
Mas isso, Richard, levaria um mês!

Richard Benson RICHARD:


M a s . ..

HEBER:
Personagens: Conversar sobre o quê?
Bispo
Richard Benson RICHARD:
H eber C. K im ball Bem, sobre as colheitas, a aração e o plantio, além da
Phoebe Benson reserva de lenha para o próxim o inverno e o inverno
seguinte, para Phoebe e as crianças.
BISPO:
Richard Benson nasceu em W rightington, Inglaterra, no HEBER:
ano de 1816 e faleceu em Center Creek em 1895. Não o Eu conheço a Phoebe, Richard. Ela saberá arranjar-se
lamentem, ele encontrou merecido repouso. sem você. Vou pedir ao seu bispo que dê suas des­
Ele foi batizado na Inglaterra por Heber C. Kimball pedidas e cuide de sua fam ília. A caravana para Missouri
que o mandou em missão para New Castle, oo Tyne parte depois de amanhã. Deus o abençoe, Élder Benson.
(Inglaterra). A li Richard batizou quarenta e sete pes­ Quando voltar, traga alguns m ineiros e construtores de
soas, inclusive Phoebe. Mais tarde, já em Nauvoo, ele moinhos e pedreiros, homens capazes e fié is que nos
cumpriu outro chamado na Inglaterra. Dessa vez, casou- ajudem a construir Sião.
se com Phoebe, trazendo-a para o Grande Lago Salgado.
Porém, mal acabavam de instalar-se quando o Irmão RICHARD:
Brigham os incumbiu de estabelecerem o núcleo de Por que eu parti — sem mesmo me voltar para dizer
Center Creek — outros quatrocentos quilôm etros além, um adeus a Phoebe? Porque eu, também, conhecia
em pleno s e rtã o ... Phoebe. Para ela, Heber C. Kimball, que me batizou,
Eu conheci o Irmão Benson. Tinha um grande amor ainda é um servo de Deus. E quando o Irmão Kimball
ao Senhor e ia para onde fosse chamado. diz a um homem: “ V á ” , ele vai.

Julho de 1973 15
BISPO:
Phoebe Forrester, esposa de Richard Benson, nascida
em 1820, faleceu em 1904.

PHOEBE:
Como me senti quando o bispo chegou à minha porta
e disse —

BISPO:
Seu marido, Phoebe, seu marido está neste momento
cruzando as planícies — para uma missão na Inglaterra.

PHOEBE:
Eu fiquei ali parada fe ito estátua de sal. Dois anos.
Estará longe por vinte e quatro meses; setecentos e
vinte dias; dezessete mil quinhentas e vinte horas. Foi
embora. Mas por que não voltou pelo menos para me
dizer?

BISPO:
Dizer o que, Irmã Benson?

PHOEBE:
Olhei para as crianças que nos observavam com olhares
confusos. Eu sei o que meu marido me diria e sei tam ­
bém da minha resposta. Ambos sabemos que a gente
tem que ir quando o Senhor chama. Ainda assim, ao
menos poderia te r voltado para casa!
Não, partindo agora — ele estará de volta quatro Companhia
semanas mais cedo. Sempre diziam que eu era capaz
de tira r o melhor partido de qualquer situação. E é
isto que tive que fazer, dia após dia, por longos dois
anos. Às vezes não me restava nem um níquel na bolsa,
de
e todo o trabalho ficava para mim, dentro e fora de
casa, além de cuidar das crianças e discipliná-las. E
quando caíam doentes com crupe, cólera ou varíola, era
sempre eu que devia atendê-los durante a noite, sem­
Carrinho-de-mão
pre eu.
Mas, não sei como os níqueis sempre rendiam mais,
a lenha não queimava tão depressa, o trigo dim inuia
mais devagar. E fomo-nos arrumando enquanto arran­
cávamos as setecentas e vinte páginas da folhinha ao Personagens:
som dos cento e vinte e seis milhões, cento e quarenta 1 .° Narrador
e quatro mil tiquetaques do relógio sobre a lareira. E Brigham Young
então, finalm ente vimos o chefe da fam ília parado à E lizabeth Taií
porta. Nós conhecemos a alegria reservada para aqueles Jane
que vão para onde o Senhor os mandar. 2 .° Narrador
Sarah
Polly
OUVINTES: M ãe de Polly
Cantam as duas estrofes finais de “ Talvez Não Seja ao G aroto dos Chislett
A lto M ar". William Tait

16 A LIAHONA
1.0 NARRADOR: Chegando à Am érica, vi-me incluída na quarta
Ir para Sião era o objetivo da m aioria dos novos con­ companhia de carrinhos-de-mão, chamada companhia
versos. Porém, a viagem até a sede da Igreja na Cidade W illie .1
de Lago Salgado implicava numa extensa jornada por
terra além de outro tanto por mar para aqueles que pro­ JANE:
cediam da Europa. O problema de fazer os membros Cheguei a Nova York, proveniente da Inglaterra, em
chegarem à estaca central de Sião no menor tempo pos­ companhia de meus pais, John e A lice O llorton, e mais
sível e da forma menos dificultosa foi resolvido de duas irmãs. Seguimos de trem até lowa onde estavam-
várias maneiras. Em 1853 o Presidente Brigham Young se reunindo santos para form ar uma companhia de car­
sugeriu o emprego de carrinhos-de-mão para os santos rinhos-de-mão. Eu tinha então quinze anos, sendo a filha
cruzarem as planícies. do meio. Fomos designados para a companhia M artin2,
o quinto grupo de santos a p artir para o Vale do Lago
BRIGHAM YOUNG: Salgado no ano de 1856.
A partir do Rio M issouri as fam ílias podem chegar a
este lugar em menos tempo e com menos fadiga usando 1.» NARRADOR:
carrocinhas e carrinhos de mão e trazendo algumas Das cinco companhias de carrinhos-de-mão formadas em
vacas, um pouco de farinha e nada de desnecessário 1856, três chegaram ao Vale do Lago Salgado sem maio­
do que seguindo as grandes caravanas com seus lerdos res problemas. As duas últim as, as companhia W illie e
rebanhos. Elas poderão chegar aqui em menos tempo, M artins, sofreram diversos atrasos que mais tarde exi­
ou tempo igual, e com despesa menor, além de poder giram um preço muito, muito elevado.
partir mais cedo escapando às doenças que anualmente
vitim am tão grande número de irmãos. Precisarão de 2.» NARRADOR:
mantimentos para apenas noventa dias a contar da par­ A companhia liderada por Edward M artin era composta
tida do M issouri. Uma carrocinha, ou duas, se a fam ília de 576 homens, mulheres e crianças, 141 carrinhos, 7
fo r numerosa, pode transportar tudo que a fam ília neces­ carroções, trin ta bois e 50 cabeças de gado. Os carros-
sita na travessia das planícies. de-mão tinham a mesma largura dos carroções para que
as rodas pudessem seguir a trilh a marcada pelos carro­
1.» NARRADOR: ções precedentes. Todos eles tinham na frente uma
E assim eles se reuniram e prepararam carrocinhas pu­ barra transversal de modo que pudessem ser puxados
xadas a mão para a caminhada de aproximadamente mil por diversas pessoas ao mesmo tempo. Outros ajuda­
e novecentos quilôm etros até Utah. Eram pessoas das vam empurrando. A prim eira parte da viagem foi bem.
mais diversas experiências que se reuniam para a jo r­
nada que transcenderia tudo que já lhes acontecera na JANE:
vida. A gente costumava cantar enquanto caminhava. Nin­
guém diria que estávamos vindo de lowa C ity, uma longa
ELIZABETH: e árdua jornada de 440 a 480 Km, a não ser por nossas
Eu me chamo Elizabeth Xavier Tait. Nasci na cidade de roupas empoeiradas e rostos queimados de sol. Uma
Bombaim, na índia, em 1833, de fam ília abastada e aris­ das canções entoadas durante a marcha intitulava-se
tocrata. Fui educada nas melhores escolas da índia, “ Uns Têm que Puxar, Outros Têm que Empurrar.”
tendo term inado meus estudos aos catorze anos de ida­
de. Minha fam ília não via com bons olhos o fato de 1.» NARRADOR:
eu ter-me batizado na Igreja. Imploraram-me que abando­ O segundo ponto de parada para esses grupos era Flo-
nasse meu marido, W illiam , e a Igreja, ficando com eles rence, no Nebraska. Mais tarde John Taylor escreveu
na índia. Mas, depois que meu filhin ho foi subitamente que “ as companhias W illie e M artin se demoraram aqui
vitim ado pela cólera, convenci-me de que não devia aten­ mais tempo que o previsto porque os carros-de-mão eram
der ao pedido de meus fam iliares e amigos. Meu marido im próprios para a jornada através das planícies; alguns
seguiu para Sião antes do que eu porque minha saúde precisavam de novos eixos e todos tiveram que receber
era por demais precária para poder acompanhá-lo na uma peça de fe rro aparafusada para im pedir que as rodas
ocasião. desgastassem a madeira."
Ao partir, fui deserdada por minha fam ília. Durante
minha viagem para a Inglaterra tive que enfrentar uma JANE:
de minhas mais duras provações. Minha garotinha ainda A companhia M artin partiu para Sião no dia 24 de agosto.
bebê, a últim a de minhas crianças, adoeceu e faleceu M uitos dos colonos ao longo do caminho faziam troça
sem que eu nada pudesse fazer. de nós vendo-nos puxando os carrinhos, mas nós não

Julho de 1973 17
ligamos. O tempo estava ótim o e a estrada excelente; AUDIÊNCIA:
e embora eu estivesse doente e todos à noite se mos­ Canta: Vinde ó Santos” , hino n.° 8.
travam exaustos, achávamos que era um modo glorioso
de chegar a Sião. 2.° NARRADOR
O hino “ Vinde, ó Santos" era um legado dos pioneiros
SARAH: de há uma década atrás aos milhares e milhares que
Ouvi a respeito do Evangelho prim eiro na Inglaterra e, iriam segui-los para o Oeste. Ele tornou-se a herança
sabendo ser ele verdadeiro, sabia que tinha que estar comum em qualquer idioma. Com as últim as palavras
com os santos. Encontrei John em lowa C ity quando a todos se recolhiam aos abrigos; e quando morriam na
companhia de carrinhos-de-mão estava sendo formada. noite os derradeiros ecos do toque de silêncio, os emi-
Era uma pessoa tão maravilhosa e igualmente um con­ grandes dormiam como o deserto.
verso da Inglaterra. A longa caminhada através de lowa
e Nebraska deu-nos chance de nos conhecermos bastante ELIZABEH:
bem e decidim os casar quando chegássemos a Sião. O outono chegou cedo com uma noite de. geada. Na
encosta das montanhas os choupos se vestiam de dou­
JANE:
rado, e a mancha rubra dos carvalhos prenunciavam a
Nós apresentávamos um colorido espetáculo com a longa
aproximação do inverno. Lá bem além nas planícies do
fila de veículos empurrados ou puxados por homens e Wyoming, a companhia M artin seguia esperançosamente
mulheres movendo-se sinuosamente entre alguns espar­
pelas margens do Rio Platte.
sos carroções de suprim entos e pequenos magotes de
gado leiteiro.
POLLY:
Entramos para a Igreja em Brighton, Condado de Sus-
ELIZABETH:
sex, Inglaterra, quando eu tinha cerca de treze anos.
M uitos dos carros eram esmeradamente pintados ao
Meus pais estavam determinados a se unirem aos san­
gosto de seus respectivos proprietários, apresentando
tos em Sião, e por isso meu pai vendeu tudo o que tinha
aqui e ali inscrição tais como “ A verdade há de preva­
e viajamos até lowa C ity, onde compramos duas juntas
lecer", “ Expresso de Sião” , “ Sacrifício traz bênçãos" e
de bois, um par de vacas, um carroção e uma tenda.
“ Mórmons alegres” . Estrofes da marcha “ Alguns Têm
Fomos designados a seguir com a companhia de carri­
que Puxar, Outros Têm que Empurrar" ajudavam a aliviar
nhos-de-mão de M artin como carro de suprimentos. Nós
a monotonia da rotina diária.
conseguíamos vencer de vinte e cinco a quarenta quilô­
2.» NARRADOR: metros por dia até chegarmos ao Rio Platte. Grandes
Disciplina auto-imposta e um e strito regulamento para blocos de gelo desciam pela correnteza. Fazia um frio
acampar facilitavam o progresso, perm itindo vencer dia­ intenso. Na manhã seguinte havia catorze m ortos. Vol­
riamente de dezenove a vinte e quatro quilôm etros. tamos para o acampamento, oramos e cantamos: “ Vinde
Homens, mulheres e crianças, sem exceção, seguiam ó santos, sem medo ou te m o r.” Naquela noite admirei-
em frente caminhando pacientemente. Somente os me por ouvir mamãe chorar. Na manhã seguinte nasceu
exaustos e doentes recebiam o conforto de viajar nos minha irmãzinha. Era o dia 23 de setembro. Demos-lhe
carroções de suprimentos. o nome de Edith. Ela viveu só seis semanas; fo i sepul­
tada na últim a travessia do Sweetwater.
SARAH:
A noite trazia descanso e recreação. Depois do jantar 1.° NARRADOR:
as fogueiras individuais das fam ílias reduziam-se a bra­ A manhã de outubro encontrou os migrantes do acam­
sas enquanto se elevava a grande fogueira central como pamento na periferia de Fort Laramie em profundo de­
um aviso de reunião geral. Os jovens cantavam e se sapontamento. As provisões de m antimentos e roupas
divertiam com jogos improvisados, e todo mundo parti­ de que dependiam não tinham chegado. Os escassos
cipava dos divertim entos noturnos até a hora de re­ sete quilos e pouco perm itidos a cada membro davam
colher. pouco conforto numa manhã tão fria.

1.» NARRADOR: JANE:


Ao fechar-se o círculo em torno do fogo, ia-se fazendo Dia após dia continuavam avançando penosamente. Os
silêncio. Então elevava-se por sobre o bruxoleio das homens, mais fortes, lançavam vez por outra olhares
últim as chamas, o doce som das vozes reunidas can­ ansiodos às companheiras. As crianças instintivam ente
tando as estrofes que encorajaram milhares a prosse­ procuravam andar mais perto atrás dos pais. Uma chuva
guir quando o entusiasmo desfalecia. de folha caía sobre a fila em movimento e então as mu-

18 A LIAHONA
Iheres achegavam um pouco mais seus xales, baixavam JANE:
ainda mais a cabeça e continuavam com passos pesados. Eram os homens que m orriam. Eles não tinham doença
alguma, mas estavam totalm ente enregelados. Alguns
2.» NARRADOR: deles que pela manhã ajudavam a cavar sepulturas, eram
Uma rajada de vento trouxe consigo um súbito turbilho- por sua vez enterrados antes do cair da noite.
nar de neve. Seu maior tem or tornava-se realidade.
Hora após hora a neve traiçoeira continuava a empilhar ELIZABETH:
sua mortal armadilha. Sapatos rotos expunham os péus Os sapatos deles estavam tão gastos que acabavam
desprotegidos ao seu frio e umidade. Mal dispunham de caindo-lhes dos pés; então eles os amarravam com pe­
um agasalho para su bstitu ir as roupas molhadas e géli­ daços de saco de aniagem ou tiras de lona e trapos.
das. Porém, o pior de tudo, mesmo reduzindo as rações Apesar disso tinham os pés tão rachados, pisados e fe­
ao mínimo possível, restavam-lhe suprim entos para só ridos que deixavam marcas de sangue pela neve.
mais uns poucos dias.
2.° NARRADOR:
GAROTO DOS CHISLETT: A fome era intensa. Para ajudar a sustentar a vida, os
Quando as provisões começaram a escassear, uma ma­ santos passaram a fazer sopa das tiras de couro cru
nada de búfalos passou por perto e os homens da nossa com que se amarravam os raios das rodas dos carroções.
companhia conseguiram abater dois deles. Que festão
tivemos naquela noite! JANE:
Minha fam ília ganhou um pedaço daquela carne de Houve ocasiões em que m orriam seis, oito ou dez numa
búfalo e guardou-a no carro para o domingo seguinte. única noite. Todas as manhãs os mortos eram enterra­
Eu andava tão esfomeado e o cheiro da carne era tão dos às margens da trilh a. Certa noite morreram dezoito.
tentador que não resisti. Eu tinha um pequeno canivete A terra estava tão congelada e a neve tão alta que ca­
e com ele cortava um pedacinho ou dois duas vezes por varam apenas uma cova maior para enterrar todos
dia enquanto empurrava o carro. Eu esperava receber juntos.
uma boa surra. Quando papai pegou a carne, perguntou-
me se eu tinha cortado um pedaço dela. Respondi que SARAH:
sim que estava com tanta fome que não consegui evitá- Meu noivo pegou pneumonia nas planícies de Wyoming,
lo. Papai então apenas se virou para o outro lado enxu­ falecendo antes de nos podermos casar. Dei aos irmãos
gando uma lágrima dos olhos. meu longo xale de franjas para que embrulhassem seu
corpo. Não podia suportar a idéia de sabê-lo enterrado
2.» NARRADOR:
sem nada para protegê-lo da terra.
A companhia M artin foi apanhada pelas nevascas mais
precoces da história dos pioneiros. A neve continuava
1.» NARRADOR:
a amontoar-se com as seguidas nevascas. A despeito
Era época de conferência na Cidade de Lago Salgado.
de pés congelados e dedos ulcerados pelo frio , os ho­
Brigham Young subiu ao púlpito e dirigiu-se aos santos.
mens matinham acesas as minguadas fogueiras em torno
das quais se encolhiam as mães com suas crianças
BRIGHAM YOUNG:
febris.
Meu assunto é o seguinte: Hoje, 5 de outubro de 1856,
JANE: m uitos de nossos irmãos e irmãs estão lá fora nas pla­
Eu me perdi na neve, ficando com os pés e pernas enre- nícies com carrinhos-de-mão, provavelmente a uns 1.125
gelados. Os homens esfregaram-me com punhados de Km deste lugar. Temos que mandar-lhes socorro. O
neve e colocaram meus pés num balde com água. As texto será, como fazê-los chegar aqui. É esta a salva­
dores foram terríveis. Quando chegamos a Devils Gate ção que procuro agora, salvar os nossos irmãos. Não
o frio era intenso. A li deixamos m uitas de nossas coisas. quero mandar juntas de bois, quero bons cavalos e
Quando fui dorm ir naquela noite, meu irmão James esta­ mulas. Eles existem no T erritório e precisamos deles;
va perfeitam ente bem. De manhã, encontramo-lo morto. e também doze toneladas de farinha de trigo e quarenta
bons carroceiros.
ELIZABETH:
As rações diárias foram diminuídas mais uma vez com ELIZABETH:
a oração de que logo receberíamos auxílio. Porém, em Brados de alegria fendiam o ar; homens fortes chora­
lugar de socorro veio a morte — prim eiro um, depois vam abertamente deixando as lágrimas rolarem livre­
outro, e mais outros. A vida se esvaía tão mansamente mente pelas faces vincadas queimadas de sol, e as crian­
como se apaga a chama do candieiro ao term inar o óleo. ças punham-se a dançar de alegria.

Julho de 1973 19
WILLIAM TAIT: velha faleceram antes de sermos socorridos perto da
Eu sabia que Elizabeth fazia parte da companhia e, ao ponte sobre o Rio Platte. No dia em que chegamos ao
aproximar-se a data prevista para a chegada de minha Vale do Lago Salgado minha irmã menor também morreu
mulher, comecei a fica r alegre e ao mesmo tempo an­ de frio . Sou a única sobrevivente da fam ília O llorton. 0
sioso com a iminente reunião. Minha ansiedade trans- resto dela nunca chegou a ver Sião. Mas eu sei que a
formou-se quase que em pânico quando o inverno da­ separação é apenas temporária. Essa separação é um
quele ano chegou excepcionalmente cedo e intenso. preço bastante alto pelo Evangelho, porém vale a pena
Ofereci-me como voluntário do grupo de socorro a fim pois Deus vive e esta igreja é verdadeira.
de poder ir ao encontro de minha querida esposa. Não
posso descrever os tem ores e ansiedade sentidos du­ POLLY:
rante a jornada. Chegaríamos em tempo? Ela estaria Meus pés ficaram congelados; igualmente os de meu
viva? irmão e minha irmã. Não havia nada além de neve e
A 31 de outubro já haviam partido duzentos e cin- mais neve por toda parte, e o vento cortante de Wyoming.
coenta parelhas. No dia 20 de outubro, o prim eiro carro Não conseguíamos fincar as pequenas estacas para pren­
de suprim ento alcançou a companhia W illie. der a tenda. Não sabíamos o que seria de nós. Então,
uma noite, chegou um homem ao acampamento avisando
1.0 NARRADOR: que Brigham Young enviara homens e cavalos para aju­
Os outros carroceiros prosseguiram em busca da com­ dar-nos. Pusemo-nos a cantar, alguns dançavam e outros
panhia M artin. Diversos dias ainda separavam estas ví­ choravam.
timas do tão premente socorro, fazendo com que o nú­ Minha mãe nunca se recuperou. Ela morreu entre
mero de vítim as fosse maior. Quando afinal a caravana as Little e as Big Mountains de Utah. Tinha então qua­
de socorro conseguiu atravessar as barreiras da neve, renta e três anos. Éramos dos últim os a chegar na
pôde prestar um socorro apenas parcial. Cidade de Lago Salgado, às nove horas da noite de 11
Quando em 30 de novembro chegaram os prim eiros de dezembro de 1856. Três dos quatro sobreviventes
sobreviventes na Cidade de Lago Salgado, não se medi­ sofriam de congelamento. Mamãe estava morta no car-
ram esforços para assistí-los e confortá-los em Sião. A roção. Quando Brigham Young chegou na manhã seguin­
notícia da chegada veio durante os serviços dom inicais te e viu nossas condições, os pés congelados e a mãe
m atutinos. Brigham Young imediatamente dispensou a morta, lágrimas rolaram-lhe pelas faces.
congregação com uma declaração clássica dos verdadei­ O médico amputou os dedos dos meus pés enquanto
ros princípios da fé cristã. minhas irmãs vestiam mamãe para ser enterrada. Quan­
do meus pés estavam pensados, fomos carregados para
BRIGHAM YOUNG: junto de mamãe, para um últim o adeus. Naquela mes­
Quando chegarem, não quero ver essas pessoas sim ­ ma tarde ela foi sepultada.
plesmente alojadas em suas casas. Quero que sejam Tenho pensado muitas vezes nas palavras de ma­
distribuídas entre as fam ílias desta cidade que tenham mãe antes de deixarmos a inglaterra.
moradas boas e confortáveis; e desejo que as irmãs
aqui presentes diante de mim, e todas as outras que MÃE DE POLLY:
puderem e souberem, as atendam e cuidam delas, e lhes Polly, quero ir para Sião enquanto meus filhos são pe­
adm inistrem alimentação e medicamentos com prudên­ quenos para que sejam criados no Evangelho de Cristo,
cia. A reunião da tarde será omitida, pois desejo que pois eu sei que esta é a igreja verdadeira.
as irmãs dirijam -se para casa e preparem algum a li­
mento para os que acabam de chegar, e os banhem e 1.» NARRADOR:
atendam. Orar é m uito bom, mas quando, como agora, A companhia de carrinhos-de-mão de Edward M artin par­
se fazem necessários batatas assadas e pudim e leite, tiu de lowa C ity no dia 28 de julho de 1856 com qui­
a oração não serviria para substituí-los. Cada dever no nhentas e setenta e seis pessoas. Depois de quatro
seu próprio momento e lugar. meses e cento e trin ta e cinco m ortes, chegou ao Vale
do Lago Salgado em 30 de novembro de 1856. Tudo
2.» NARRADOR: bem. Tudo bem.
Depois, dando o exemplo, o presidente da Igreja deu
instruções ao bispo presidente que todo e qualquer im i­
grante que não encontrasse acomodações fosse mandado
para a sua casa.
1. 500 pessoas. Partiu — 15 de julho de 1856. Chegou — 9 de no­
vembro de 1856.
JANE: 2. 576 pessoas. Partiu — 20-30 de julho de 1856. Chegou — 30 de
Meus pais, John e A lice O llorton, e minha irmã mais novembro de 1856.

20 A LIAHONA
Diretrizes e Programas
As diretrizes e os programas da Igreja são instituídos
para auxiliar os membros a viver harmoniosamente dentro
das normas de conduta da Igreja. Muitas dessas diretrizes
oficiais são transmitidas aos líderes do Sacerdócio e das
auxiliares por meio do “Boletim do Sacerdócio" (BS), do
qual foram citados a maioria dos itens a seguir. Ocasio­
nalmente são incluídos itens de interesse geral de outras
fontes.

pos para promover conceitos p o líti­


Os Membros cos, sociais ou filo só fico s não incor­
Linhas de
Jovens Devem porados nos cursos prescritos publi­
Responsabilidade
Manter os Padrões cados e distribuídos pela Igreja. Os
líderes não devem p e rm itir que indi­
da Igreja víduos ou grupos usem as reuniões
na Obra
ou organizações da Igreja para incen­
Genealógica
tiva r o estudo de livros ou folhetos
s membros jovens da Igreja

O
que promovam tais conceitos.
são convidados freqüente­
“ Os líderes da Igreja são adverti­
mente a participar de con­ responsabilidade dos mem­

E
dos a não patrocinar ou autorizar pro­
ferências, passeios e outras ativida­ bros da Igreja determinar
jetos de levantamento de fundos que
des patrocinados por grupos não- seus antepassados diretos
envolvam distribuição de literatura
SUD (E s c o te iro s ..., escolas e gru­ (prog e n ito re s), com pletar as unida­
política o u . . . outras atividades que
pos cívicos nacionais e locais) A des fam iliares desses antepassados
exponham a Igreja a acusações de
participação’ dos jovens pode ser de diretos, e subm eter à Sociedade Ge­
tendência partidária." — BS.
grande valor m issionário se estive­ nealógica os dados genealógicos co­
rem adequadamente preparados. Eles lhidos a fim de que sejam processa­
precisam ser informados de que nos dos para o trabalho de ordenanças
grupos não-SUD deixarão de prevale­ no tem plo. O trabalho tem plário pode
cer m uitos dos padrões a que estão ser solicitado para pessoas que se­
afeito s.” Os pais deveriam "aconse­ jam parentes colaterais dos membros
lhar os jovens que vão participar de
Deve-se Evitar da Igreja, mas isto é apenas um pri­
atividades não patrocinadas pela vilégio e não uma área de respon­
Igreja a fortalecerem sua determ ina­
Demonstrações sabilidade.
ção de manter os padrões da Igre­ de Hipnose e
ja .” — BS. “ A linha de responsabilidade pode
Estudos Similares ser mudada caso tenha havido um
selamento especial envolvendo de­
term inado indivíduo enquanto ainda
São Encorajados

H
á notícias de resultados infe­ em vida. O selamento especial pode
lizes a respeito de pessoas te r resultado de casamento m últi­
os Cursos de envolvidas em demonstra­ plo ( i . é. , segundas ou subseqüen­
Estudo Prescritos ções de hipnose em grupo ou cursos
tes núpcias), um divórcio ou adoção.
populares de controle m e n ta l... Os Os problemas quanto à modificação
líderes devem advertir aos membros em linhas de responsabilidade de­
s membros da Igreja devem da Igreja contra a participação em vem ser expostos à Sociedade Ge­

O "e vita r p e rm itir que qual­ tais atividades. Certamente não de­
quer organização da Igreja vem ser patrocinadas ou encorajadas
seja utilizada por indivíduos ou por
gru­ líderes da Igreja." — BS.
nealógica, a qual recebeu instruções
da Primeira Presidência sobre como
resolver tais situações.” — BS.

Julho de 1973 21
preender quem somos na realidade;
De Nossos e para re fle tir a respeito de nossa
origem e propósito divinos.
Encontros A alma só é devidamente nutrida
se estabelecermos o hábito de fa­
zer isto regularmente. Por isso te ­
Com Deus mos que fazer essa “ pausa” espiri­
tual regularm ente, todos os dias.
L H o Stobbe
Encontrar um lugar para tal encon­
tro diário com o próprio eu, um can­
tinho confortável, solitário, é essen­
cial. Esse santuário, esse retiro de
ossa alma é a combinação de todo alvoroço poderia ser nosso pró­

N um espírito divino com um

corpo humano — ambos ne­


cessitados de nutrição adequada e
prio lar, ou talvez um parque pró­
ximo ou outro cantinho das cerca­
nias. Algumas pessoas encontram a
quietude desejada indo orar num
escolher um lugar certo como tam ­
bém a hora costumeira.
específica. O corpo mortal precisa bosque. Sem dúvida, todos nós de­ O mais persistente anelo de toda
de sustento várias vezes ao dia, e sejamos isolamento total. Porém, te ­ a humanidade é o pão — espiritual
também o espírito requer freqüente mos que descobrir um lugar ao qual e m aterial. Mas ainda cabe única-
alimentação espiritual. possamos recorrer regularmente. mente ao indivíduo buscar sua pró­
Não há meio m elhor para revita­ Encontrar tempo é a segunda ques­ pria salvação.
lizar nossa alma (espírito e corpo), tão importante. Talvez seja preciso Quais são os vossos planos para
nosso eu interior, do que freqüentes levantar mais cedo do que habitual­ esses encontros regulares com Deus?
e regulares períodos de contempla­ mente, ou reservar um tempinho Uma coisa posso afirmar-vos por
ção e meditação. É através desses logo após o térm ino do trabalho no uma longa vida de experiência: Se
períodos regulares de reflexão pro­ qual não atenderemos ninguém a nutrirm os a nossa alma, tudo o mais
vada sobre o que temos lido, sen­ não ser o próprio eu. cuidará de si mesmo.
tido, orado ou estudado que todas Interessante é notar que várias das
as experiências da vida são digeri­ chamadas religiões maiores do mun­
das como nutrientes para a alma. do parecem concordes em que o nas­
Uma boa prática é retirar-se, dia­ cer e o pôr do sol são momentos
riamente, da rotina cotidiana para ideais para se comungar com Deus.
renovar os convênios com nosso Aparentemente, nesses momentos as
Criador; para dar à mente e ao es­
glórias da natureza encontram-se em
p írito uma chance de comungar com seu maior esplendor e mais próximas
Deus; para re fle tir sobre as comple­ de nós. É m uito importante não só
xas glórias da natureza; para com­
.... .... -v. • , ^ ... -v. ......v...,, . : .......
— Correspondência particular, --
respondeu. -- Nada que possa interes­
O Mistério da sar a você.
A única maneira de eu resolver
Impressão Digital este mistério é tirar a impressão digi­
tal do polegar de todos os suspeitos,
pensou consigo mesmo.
Toninho precisou de apenas al­
guns minutos para fazer uma lista de
amiguinhos que poderiam ter assina­
do o cartão da maneira tão estranha.
— Aonde você vai? — quis saber
André quando viu Toninho descendo
as escadas a toda, com seu estojo
debaixo do braço.
— Tratar de um negócio impor­
tante, — respondeu o irmão maior.
Este era seu prim eiro caso real e esta­
va ansioso por resolvê-lo. Toninho de­
cidiu começar pelo amigo Juca.
Todo mundo adora m istérios e
assim Toninho não teve trabalho algum
para fazer os amiguinhos tirarem a
impressão digital do polegar. Prome-

oninho rasgou o envelope e reti­


T rou o cartãozinho. Nele via-se a
figura de um garotinho vestido de
Sherlock Holmes, o famoso detetive,
e uma breve mensagem:
“Aqui vai uma pista: Sou seu ami­
go.” Mas, em lugar de assinatura, ape­
nas a impressão digital do polegar!
Toninho pensou um pouco. Fosse
lá quem fosse o remetente daquele
cartão, ele sabia do meu estojo de in­
vestigação criminal, decidiu.
Tirando a lente de aumento do es­
tojo, examinou a impressão do polegar
no cartão.
— O que é isso? — perguntou
André, o irmãozinho de Toninho.
Toninho guardou a lente. Às ve­
zes gostaria que André não amolasse
tanto.

Julho de 1973
— Tem certeza? — indagou An­
dré.
— Veja você mesmo, — respon­
deu o irmão passando-lhe os papéis.
— Este é do Juca. E aqui do Zé. E do
Pedro.
Manuseando os papéis, André
acabou sujando os dedos com tinta
preta.
Subitamente Toninho e s t a c o u
olhando para o irmão.
— Espere aí, — disse ao irmão-
zinho enquanto tirava a almofada de
carimbo. — Talvez eu tenha esquecido
um amiguinho!
Imediatamente pegou a mão do
teu que contaria a todos o segredo irmão e colocou o polegar dele na
assim que o solucionasse. almofada de tinta, apertando-o depois
De volta em casa, Toninho espa­ bem abaixo da impressão do cartão.
lhou os papéis com impressões sobre André apenas sorria.
a mesa e pôs-se a examinar um por um Toninho nem precisou da lente de
com sua lente de aumento. aumento para ver que o m istério esta­
— Posso ficar vendo? — pergun­ va solucionado! Quem diria que o
tou André. irmãozinho era um de seus melhores
— Olhe quanto quiser mas não amigos!
me amole, pois tenho que me con­
centrar!
Porém, por mais que examinasse
as linhas pretas das impressões, não
encontrava nenhum que combinasse
com a assinatura do cartão!
Quem poderia ser? admirava-se
ele.
— Você acha que a impressão do
polegar foi uma boa idéia? — André
perguntou.
— E se foi boa! E sabe que mais?
Ela mostra que quem mandou este car­
tão se interessa pelas mesmas coisas
que eu. Por isso é que imaginei ser
alguém especial. Mas, investiguei as
impressões de todos meus amigos,
porém não é de nenhum deles, — re­
trucou Toninho cerrando as sobran­
celhas.

24 A LIAHONA
Para Divertir

Quebra-cabeça de Pontinhos
Unindo os pontinhos você *
verá a figura de um cão peludo ^
de grande utilidade — o cão de 2-»
trenó esquimó. ,
De Um
Amigo Para
Outro

nos atrás servi como aviador naval a

A bordo de um grande porta-aviões, o USS


Philippine Sea, o qual costum ava fic a r
no mar por uns trin ta dias de cada vez.
Os suprim entos necessários eram-nos tra ­
zidos por outros navios. Esses navios carguei­
ros emparelhavam com o porta-aviões e, en­
quanto ambos continuavam em marcha, tran s­
feriam -nos, por meio de cabos, m antim entos,
correspondência, peças de reposição e outros
suprim entos. Às vezes acontecia que a emba­
lagem se rompia despejando o conteúdo pelo
convés do hangar do porta-aviões.

26 A LIAHONA
Certo dia eu ia passando pela área em Quando entrei na sala todos os meus am i­
que descarregavam frutas frescas. Uma caixa gos viram a laranja. Frutas frescas eram coisa
de laranjas estava um pouco avariada e uma bastante escassa a bordo e podia apostar que
bela e grande laranja caiu de dentro dela e veio estavam com água na boca por provar a fruta
rolando em minha direção. Apanhei-a e co n ti­ suculenta. Fingindo não estar notando nada,
nuei meu cam inho para a sala dos pilotos onde descasquei a laranja, parti-a ao meio e depois
alguns de meus com panheiros de esquadrão contei os gomos. Havia exatam ente o suficien­
estavam lendo a correspondência que acaba­ te para dar a cada um dois gomos, e assim d iv i­
vam de receber do navio de suprim entos. di minha laranja equitativam ente entre os seis
amigos, os quais se m ostraram m uito gratos.
Pouco depois alguém entrou gritando:
— Hei, uma caixa in teira de laranjas caiu
no convés espalhando-se por toda a parte!
Meus amigos sairam correndo.
Não demorou estavam de volta, cada um
trazendo orgulhoso uma laranja. Depois de as
descascarem, cada um deles deu-me quatro go­
mos em troca dos dois que lhes havia dado.
Acabei com gomos suficientes para form ar
duas laranjas.
Ao agradecer-lhes tive a oportunidade de
aprender um princípio do Evangelho m uito
sim ples.
Eu não havia repartido minha laranja es­
perando ser recom pensado. Porém, é im possí­
vel fazer-se alguma coisa boa ou generosa para
alguém sem ser recompensado de alguma fo r­
ma pelo que fizem os. Diz a Bíblia: “ Lança o
teu pão sobre as águas, porque depois de m ui­
tas dias o acharás." (Ecles. 11:1) Às vezes
não é preciso esperar “ m uitas d ia s ” — somos
recom pensados im ediatam ente.
O Senhor falou: “ Quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irm ãos, a mim o fizes­
te s .” (M ateus 25:40) O Senhor ama a todos
nós, e se deleita em ver seus filh o s demons­
trarem amor e bondade e carinho um pelo outro.
“ Todo o céu pode-se abrir, com amor no lar."
(HINOS, N.° 126)

Julho de 1973 27
A Adorável Rainha
Mary Ellen Jolly

ssuero, rei da Pérsia e Média, planejava

A escolher uma nova rainha. As mais lindas


entre todas as virgens que viviam no país
deviam preparar se a fim de com parecerem
diante do rei.
Entre as mais form osas estava a bela
moça Ester, sobrinha de Mardoqueu, um exila­
do judeu que vivia no país naquela época.-M ar­
doqueu aconselhou Ester a não revelar a nin­
guém que era aparentada com ele, nem que era
filh a de judeus. E Ester seguiu os conselhos
do tio, que a tom ara por filh a desde a m orte
de seus pais.
Ao ver Ester, Assuero encantou-se a tal
ponto que im ediatam ente a escolheu para ser
sua rainha.
Um dia Hamã, o p rim eiro entre os prín­
cipes do reino, passou por Mardoqueu junto à
porta do palácio. Mardoqueu não se inclinou
diante de Hamã, como era costum e, porque a
lei dos judeus não lhe perm itia. Hamã, homem Quando Mardoqueu soube dessa grave
orgulhoso e soberbo, enfureceu-se quando ameaça, pediu a Ester que intercedesse junto
Mardoqueu lhe negou a mesura. Disse ao rei ao rei para que mudasse seu decreto e salvasse
que os judeus obedeciam som ente suas pró­ os judeus. A ninguém, nem mesmo à rainha,
prias leis e que não eram súditos leais do rei. era perm itido apresentar-se diante do rei sem
A ssim Hamã obteve a perm issão real para des­ ser convidado. Quem assim fizesse podia ser
tru ir Mardoqueu e seu povo. condenado à m orte a não ser que o rei lhe es­
tendesse seu cetro. rei e de Hamã em um banquete.
Ester, a rainha, pediu a Mardoqueu que ele Durante o banquete Ester revelou ser do
e todos os judeus jejuassem e orassem com povo judeu, e rogou pela própria vida e a vida
ela a fim de que fosse bem sucedida. Ao apre- dos seus. Desta form a, e outras mais, tornou-
sentar-se diante de Assuero, o rei não se irou, se patente a maldade de Hamã que acabou en­
mas sim disse-lhe que podia pedir o que qui­ contrando o mesmo destino que havia planejado
sesse. Ester, então, so licito u a presença do para os leais súditos judeus do reino.
Esconde — Esconde
Neste quadro estão escondidos: Um joga­
dor de “ baseball", um sapo pulando de um
balde, um calhambeque, um coelhinho, uma
bicicleta, um polvo, três ovelhas e um pássaro
voando. Quem consegue encontrá-los?
Seja
Um
Vitorioso
John M. Taylor

brindo qualquer coletânea de citações, você en­

A contrará numerosos ditos referentes à tolice de


ceder às tentações, mas pouca orientação espe­
cífica de como evitar tais ciladas. Entretanto, há certos
passos que podemos dar para reforçar nossa resistência
às tentações.
Os princípios que seguem aplicam-se à tentação em
geral — fazer experiências com drogas, entregar-se à
índole indomável, com eter atos imorais, ser glutão.

1. Reconhecer a fonte e gravidade da tentação.

Somos ensinados que Satanás é o autor do mal,


porém não devemos estar tão certos de que seja res­
ponsável por todas as tentações. Tiago observa: “ .. .ca­
da um é tentado, quando atraído e engodada por sua
própria concupiscência.” (Tiago 1:14)
Henry Ward Beecher1 deixa esta distinção bem clara
quando diz: “ As tentações de fora implicam desejos de
dentro; o homem não deveria dizer. ‘Quão fortem ente o
demônio te nta ’, mas sim : “ Quão fortem ente sou ten­
tado.”
Pecado e corrupção nem sempre nos são apresen­
tados de form a óbvia. Tampouco são apresentados da
mesma forma a todo indivíduo. É bastante provável que
as tentações nos atinjam em nossos pontos mais vulne­
ráveis e que freqüentem ente terem os dificuldade em
d istin gu ir entre o certo e o errado. Susannah Wesley,
mãe de John W esley,2 deu ao filho alguns conselhos
para saber julgar entre o bem e mal:
“ Queres julgar se um prazer é lícito ou não? Então
usa esta regra: Tudo que enfraquecer tua razão, preju­
dicar a sensibilidade da tua consciência, obscurecer tua
visão de Deus, dim inuir-te a sede de coisas espirituais,
ou aumentar a autoridade do teu corpo sobre a mente,
é um acoisa má para ti. Por esta prova podes descobrir
o mal, por mais sutil ou plausível que se apresente a
tentação.”
Encha sua
vida com
coisas belas
enquanto tem
juventude,
saúde e vigor.

2. Edificar o testemunho próprio

Quantas vezes já pôde observar o entusiasmo pelo


Evangelho das pessoas recém-convertidas? Freqüente­
mente elas expressam abertamente sua repulsa por tudo
que é mau. Infelizm ente, tal entusiasmo entre os con­
versos pode desvanecer-se, e é também possível ser-se
criado na Igreja sem jamais v ir a senti-lo. A chave pa-
Uma pessoa pode fazer m uito para e dificar seu tes­
temunho, embora a maioria das sugestões caiba dentro
dos cinco passos principais:
a. Aprender os princípios fundamentais do Evange­
lho restaurado, incluindo a verdadeira natureza de Deus.
b. Ler o Livro de Mórmon.
c. Orar humildemente para reconhecer a veracidade
do Livro de Mórmon e da restauração do Evangelho de
Jesus C risto através de Joseph Smith.

32 A LIAHONA
d. Freqüentar fielm ente as reuniões da Igreja e O Senhor prefaciou o mandamento referente ao dia
(para os membros) servir diligentem ente no cumprim en­ do Sábado, na nossa dispensação, com estas palavras:
to das designações e chamadas da Igreja. “ E para que te conserves limpo das manchas do mun­
e. Arrepender-se e guardar os mandamentos. d o . . . ” (D&C 59:9) Este é, senvdúvida, um de nossos
O testemunho coloca todas as coisas em sua devida objetivos e nos auxiliará grandemente em evitar que a
perspectiva e nos motiva a combater o bom combate tentação tome pé em nossa vida. O dia do Sábado re­
contra as forças do maligno. Quando adquirimos fé no presenta uma oportunidade para escapar ao mundo tem ­
Senhor Jesus C risto, temos a mais poderosa das defe­ poral e provar das coisas do mundo espiritual no qual
sas. Um testemunho fo rte não é toda a resposta — vivem os também. Um dia em cada sete foi considerado,
continuaremos a ser tentados — mas ajuda em muito. pelo Senhor, a proporção adequada para recarregar nos­
sas baterias espirituais.
3. Jejuar e orar.
5. Dar a si mesmo uma pausa em ambiente favorável.
Talvez a mais repetida e citada das instruções escri-
turísticas para se lidar com as forças do mal seja: “ Ora
Hoje em dia os problemas ambientais estão mere­
sempre para que não caias em tentação e percas a tua
cendo muita atenção. Porém, a principal ênfase recai
recompensa.” (D&C 31:12) O Salvador considerou esta
nas condições físicas, como o ar que respiramos e a
instrução tão importante que chegou a repetí-la duas
água que consumimos. A atenção para com o ambiente
vezes num mesmo sermão pouco após sua aparição aos
infinitam ente mais importante para nós é uma questão
nefitas no continente americano. (III Néfi 18:15,18)
mais individual, fa m iliar e da Igreja. Não podemos dar-
O tipo de oração que nos dá força não é a prece
nos ao luxo de baixarmos nossas defesas simplesmente
rotineira dita quase que impensadamente. Para ser acei­
porque nossa preocupação carece do apoio financeiro e
ta, a oração precisa ser sincera e seguida de ação. Como
legal da sociedade.
observou Thomas Secker: “ Orar contra as tentações e
Tempos atrás, um jovem de que éramos o mestre
depois atirar-se às ocasiões é m eter os dedos no fogo
fam iliar, trabalhava como garçon de bar e ignorou a su­
e pedir que não sejam queimados."
gestão de que seu trabalho poderia afastá-lo da Igreja.
O Senhor requer que abramos totalm ente o coração
Ele começou a fa lta r às reuniões. Quando se discutiu
ao orar, expondo nossos problemas ao Pai Celestial.
o empenho dos membros da Igreja em derrotar um proje­
É-nos dito que nosso advogado, Jesus C risto, “ conhece
to de lei que liberava a venda de bebidas alcooólicas
as fraquesas dos homens e sabe como socorrer aos
em Utah, ele colocou-se do lado dos que desejavam
tentados” , (D&C 62:1) Alma insistiu com o filho , Hela-
maiores facilidades de distribuição. Fora envolvido numa
mã, que ensinasse o povo “ a resistirem a todas as ten­
rede bastante mundana da qual era d ifíc il escapar.
tações do demônio, com sua fé no Senhor Jesus C risto."
É m uito im portante escolher companhias que nos
(Alma 37:33)
elevem em lugar de nos rebaixarem. Isto talvez exija
A pessoa que tem fé em Jesus C risto, que ora d ili­
até mesmo mudar de emprego, encontrar novas amiza­
gentemente e se esforça para guardar os mandamentos,
des ou dar outros passos drásticos se a situação o
está em condição de usufruir a companhia constante do
exigir. Será realm ente necessário um sacrifício assim?
Espírito Santo. Assim pode receber inspirações e avisos,
Quem sabe seria m elhor perguntar: Serei realmente
ajudando-o a evitar situações das quais lhe seria d ifíc il
suficientem ente forte, seja qual fo r o momento, para
safar-se. Aprenderá a reconhecer a sensação sinistra, o
conservar-me fie l aos meus princípios estando sob cons­
embotamento dos sentim entos mais nobres que acom­
tantes influências contrárias? Às vezes não nos resta
panham o contem plar ou brincar com o pecado. Somos
escolha. Mas, por que não fazer opções enquanto nos
mandados repetidamente a orar pelo Espírito. Disto
é possível? A m aioria de nós havia de pre ferir ar puro
resultará paz na alma e um discernim ento mais aguçado
ao contaminado, se tivéssem os escolha.
entre o bem e o mal.

4. Ser ativo na Igreja e santificar o dia do Sábado 6. Utilizar a mente como o tipo certo de depósito.

O comparecimento às reuniões da Igreja assegurará Pesquisas recentes parecem indicar que a mente se
que sejamos lembrados freqüentem ente do caminho a mantém sempre ativa, em grau variável, até mesmo du­
seguir para nos preservarmos do pecado e progredirm os rante o sono. Ela necessita de direção. A mente, de
em direção à exaltação eterna. certa forma, é semelhante ao aparelho digestivo. Nosso
Além da mera presença, servir em cargos da Igreja, corpo é beneficiado pela ingestão de alimentos sadios
por mais humildes que sejam, provê uma oportunidade mas adversamente afetado pelas substâncias nocivas.
para se te r a satisfação de auxiliar a salvação de outros. Néfi nos instrui a nos banquetearmos com as palavras
A alegria resultante do servir diligente pode tornar a de C risto. (Ver II Néfi 32:3) E haveria acompanhamento
sedução do pecado comparativamente m uito menor. melhor para tal fe stim do que a virtude? “ Que a virtude

Julho de 1973 33
adorne os teus pensamentos incessantem ente." (D&C o desejo pode voltar-se para qualquer direção. Todavia,
121:45) freqüentemente esquecemo-nos das tentações que ele­
O homem que lê regularmente as Escrituras e ou­ vam, enquanto somos mais que indulgentes com as ten­
tras publicações oficiais da Igreja, terá uma reserva de tações do ma l . . .
vitrude para influenciar seus pensamentos ao enfrentar “ Realmente, a maior de todas as nossas oportuni­
as situações diuturnas. E mesmo das horas da noite dades é fornecida pelas atuais e excitantes tentações
você poderá tira r vantagem, basta seguir este simples positivas. E, já que nos mostramos tão propensos à
procedimento: Ler as Escrituras ou outro m aterial de’ tentação, bem que poderíamos dar mais atenção às
leitura inspiradora antes de dorm ir. Depois, ao ajoe- emocionantes tentações para a cultura, para a fe lic i­
Ihar-se em coração antes de deitar, peça ao Senhor que dade, para a honra, para sermos iguais a Deus. As ten­
influencie para o bem seus pensamentos e sonhos en­ tações positivas são m uito, m uito mais agradáveis e
quanto dorme. Existe uma extraordinária diferença entre m uito mais proveitosas que as tentações negativas.
o que terá na mente ao acordar na manhã seguinte, Precisamos tira r maior proveito dessa desafiadora ten­
depois de assim proceder, e o que ocupará seu pensa­ tação de sermos amigos de Deus." (Improvement Era,
mento após te r assistido “ show s" e film e s de televisão Junho de 1970, p. 45)
até altas horas. Certa ocasião estive numa reunião de testemunhos
Como poderá o depósito mental de alguém d irigi-lo de ex-viciados em drogas. Umas das coisas que todos
para a justiça se é alimentado com film es e literatura eles pareciam te r em comum e que contribuirá para o
duvidosos? Se a pessoa nutre pensamentos vingativos problema deles era uma intensa necessidade do que eu
ou cobiça a propriedade alheia? Experimentar drogas e chamaria de “ experiência exaltadora". Agora prestavam
deixar-se levar por certas práticas da nova moralidade testemunho de uma nova experincia que oferecia um
produzem, indubitavelmente, seus próprios depósitos “ clím ase” m uito mais satisfatório do que as conhecidas
mentais. O namorador incorrigível, igualmente, cuja antes. Talvez todos nós devamos examinar os “ clím ax”
cabeça parece estar sempre girando, necessita de um em que fixamos nossa atenção.
pouco de introspecção.
Néfi, falando do sonho a respeito da árvore da vida 8. Tentar o amor como preventivo contra o mal.
que tanto ele como o pai tiveram , diz o seguinte a res­
peito da reação do pai diante do rio, símbolo da imun- Amar a Deus e o homem é o maior de todos os
dície: “ .. .sua mente estava tão preocupada com outras mandamentos. Ele encerra todos os demais. C risto re-
coisas que não viu a imundície da água.” (I Néfi i 15:27) feriu-se à Regra de Ouro como “ a lei e os p rofetas” .
Que grande lição para todos nós! Estivessem nossas Se a entendêssemos perfeitam ente e a puséssemos em
mentes igualmente “ tão preocupadas" com as coisas de prática, conseguríamos cum prir todos os requisitos do
Deus e as coisas boas que o mundo tem a oferecer e Evangelho.
seriamos imunes ao pecado. Em seu livro Try Giving Yourself Away (Tente Dar-
se aos Outros. N. do T.), David Dunn discute a emoção
7. Edificar sobre experiências valiosas e memoráveis. que a pessoa pode descobrir em simples atos de bon­
dade. Dar verdadeiram ente de si mesmo exige certa
Certa escola em Lincoln, Nebraska, nos Estados concentração e esforço. Mas qualquer um pode fazê-lo,
Unidos, ostenta uma maravilhosa inscrição: “ Encha sua e as recompensas valem a energia criativa e emocional
vida com coisas belas enquanto tem juventude e saúde despendida. Exemplos:
e v ig o r.” Que incentivo m elhor para fazer o bem do — Ajudar um recém-chegado a adaptar-se em sua
que um repertório de coisas boas no passado? Todos vizinhança ou grupo.
nós temos necessidade de novas experiências, uns mais, — Dar atenção a uma pessoa a quem falte a habi­
outros menos. Se preenchermos a vida com uma varie­ lidade para chamar a atenção de outros.
dade suficiente de interesses e metas absorventes e — Cum primentar alguém por um serviço que es­
nos m antivermos ocupados com atividades devidamente teja prestando, de preferência alguém que não costume
equilibradas (não excluindo tempo para estudar, orar, ver seus esforços reconhecidos.
m editar), encontraremos pouco tempo para indulgências — Prestar colaboração voluntária em favor de pes­
inconvenientes. soas defeituosas ou retardadas em sua comunidade.
As possibilidades são inúmeras e podem manter a
Diz o Élder Sterling W. Sill: imaginação de qualquer um suficientem ente ocupada
para que não reste espaço para divertim entos insalubres.
“ Nossa época se faz notar pelo crescente número, A asserção: “ . . . porque a caridade cobrirá a mul­
variedade e intensidade das tentações. Quase tudo que tidão de pecados” mereceu uma tradução mais inspi­
lemos, ouvimos ou pensamos provavelmente contém rada de Joseph Smith: “ . . . porque a caridade previne
alguma tentação fu rtiva para fazer-nos tropeçar. O di­ uma m ultidão de pecados” . (I Pedro 4:8. Versão Inspi­
cionário, porém, diz que tentar é suscitar um desejo, e rada.) Aqueles que cultivam relacionamentos fundamen­

34 A LIAHONA
tados em amor e respeito são, sem dúvida, menos pro­ sabilidade. É raro alguém apreciar a sabedoria dos con­
pensos a se aproveitar do próximo e a cair em tenta­ selhos paternos até que ele próprio se torne pai. Rela­
ções que conduzam a atos que iriam fe rir outros. cionando esse mandamento com nosso assunto, sem
A caridade aqui mencionada é o term o usado nas dúvida seria sábio ouvir cuidadosamente as instruções
Escrituras definido como “ perfeito amor" ou “ puro amor de nossos pais, particularm ente com respeito ao namoro
de C risto ". Moroni diz que é obtido orando ao Pai “ com e outras decisões que afetem nossa conduta e m orali­
toda a energia de vossos c o ra ç õ e s ..." (M or. 7:48). dade pessoal.
A oração, portanto, é a chave para se obter o tipo de Seria sábio mantermo-nos sempre achegados aos
amor que nos colocará acima da inclinação para o mal. líderes do Sacerdócio que presidem sobre nós. Outros
que também nos podemos ser de grande valia são os
9. Aprender a romper o síndrome da tentação. professores do seminário e das organizações auxiliares.
Quando ameaçados por tentações maiores, é particular­
Mas o que fazer quando diante de uma situação mente ú til aconselhar-se com o bispo. Ele é o juiz de­
tentadora concreta, ou quando se vê levado por seus signado do Senhor em Israel, e poderá sugerir como
desejos na direção errada? Tudo o que foi dito será de enfrentar m elhor as tentações. Sendo o representante
proveito, mas este ponto exige algo de mais imediato. do Senhor, suas instruções devem ser seguidas.
Talvez a term o derivativo consiga descrever o processo Outro recurso m uito raramente usado é a autori­
que pode ajudar-nos consideravelmente. O derivativo dade do próprio pai para nos abençoar em momentos de
pode ser qualquer coisa que nos distraia ou afaste da necessidade. Caso o seu pai não se sinta digno ou
tentação, desviando nossa atenção para coisas mais careça de fé para impor as mãos sobre sua cabeça e
positivas. dar-lhe uma bênção contra as tentações que o perse­
O Élder Boyd K. Packer, do Conselho dos Doze, guem, você poderá recorrer aos m estres fam iliares, ao
certa vez recomendou que os jovens escolhessem um bispo, ou ao patriarca da estaca.
dos hinos sagrados da Igreja, a fim de ser cantarolado E, talvez, o mais importante de tudo é a estrita
ou a letra recordada mentalmente quando diante de uma obediência às palavras dos profetas vivos — o presi­
tentação. Visto que só se pode pensar um pensamento dente da Igreja e todas as Autoridades Gerais — nas
de cada vez, essa técnica provou ser m uito ú til para instruções dadas na conferência geral e outras oportu­
afastar a tentação quando esta acena. nidades. Obediência ao conselho deles trará felicidade
O importante é que escolhamos um derivativo que e fortaleza espiritual.
absorva nossa inteira atenção, alguma coisa que nos
desvie totalm ente da tentação. Algumas pessoas têm Conclusão
passatempos emocionantes ou se envolvem em ativida­
des desportivas. Certamente será d ifíc il pensar em É nosso fado sermos imersos na tentação em grau
coisas inconvenientes enquanto se está remando ou na­ sem precedentes. Os meios de comunicação de massa
dando ou empenhado em fazer uma cesta no basquete. criaram o problema de enfrentar a tentação para os
Naturalmente um dos mais poderosos derivativos santos do século vinte. E muitos gostariam que seguís­
é o jejum , particularm ente quando acompanhado de semos a crença de Oscar W ilde3 de que “ a única ma­
orações. neira de livrar-se da tentação é submeter-se a e la ” .
Uma expressão m uito usada pelos entendidos em Como santos dos últim os dias sabemos que essa filo ­
segurança de tráfego é “ d irig ir na defensiva” , deixando sofia frustra ria o próprio propósito pelo qual aqui es­
im plícito que os outros carros na estrada são uma tamos. Sabemos que, a menos que enfrentemos as ten­
ameaça potencial e que se deve prever eventuais situa­ tações, não podemos controlar nossa vida. E este é o
ções de perigo. Deixar para reagir até que se apresente nosso desafio até que consigamos superar o mundo e
um perigo real pode ser tarde demais. O mesmo se dá alcançar o estado descrito pelo Profeta Joseph Smith:
com a tentação. Desde que decidamos agir d ireito e " . . . quanto mais o homem se aproxima da perfei­
depois roguemos pela constante influência e sussurros ção, tanto mais clara a sua visão e maiores seus gozos,
do Espírito Santo, poderemos prever situações que ha­ até que tenha superado os males desta vida e perdido
veriam de nos tentar penosamente. Então podemos nos todo e qualquer desejo de pecar.” (Teachings of the
antecipar e estar preparados. É durante os momentos Prophet Joseph Smith, p. 51)
de maior força que deveríamos preparar o plano de ação
para a hora da tentação.

10. Seguir os líderes escolhidos pelo Senhor.


1. Beecher, Henry Ward (1813-1887) — Clérigo e editor protestante
Começamos por nossos pais. O quinto mandamento norte-americano.
2. Wesley, John (1703-1719) — Clérigo britânico, fundador da seita
é honrar pai e mãe, sendo particularm ente aplicável metodista.
enquanto se vive com eles e se está sob sua respon­ 3. Wilde, Oscar (1854-1900) — Escritor britânico.

Julho de 1973 35
Perguntas
e
Respostas
Élder Bruce R. McConkie
Membro do Conselho dos Doze.

“São humanas Suponho que esta questão existe em muitas men­


tes, e assim tem sido desde o princípio. Ela surge, no
curso natural das coisas, pelo alto respeito que temos
aos cargos que esses irmãos são chamados a ocupar.
as Autoridades Relembro um incidente dos prim órdios da Igreja,
dos tempos de perseguição e dificuldades. Heber C.
Kimball, membro então do Conselho dos Doze, certa vez

Gerais ?” viu-se obrigado, pelas circunstâncias, a s o licita r hospe­


dagem na casa de um membro, uma viúva. Esta ofere­
ceu-lhe o que tinha — pão e leite — e arrumou-lhe um
quarto com cama. Quando ele se recolheu, ela pensou:
“ Eis minha oportunidade. Gostaria de saber o que um
apóstolo diz quando ora ao Senhor.” (Na verdade, a
mesma velha questão: ela se aproximou pé ante pé para
escutar. Ouviu o Irmão Kimball sentar-se na cama.

36 A LIAHONA
Ouviu cair prim eiro um sapato, depois o outro. Ouviu-o abandonamos o mundo. Espera-se que o superemos.
reclinar-se na cama e depois dizer apenas isto: “ Ó, Se­ Pela linguagem do Livro de Mórmon, que nos despoje­
nhor, abençoa Heber; ele está tão cansado." mos do homem natural, tornando-nos santos pela ex-
Há certas coisas bastante sérias e próprias que piação de C risto, o Senhor. (Mosíah 3:19) Pois bem,
poderiam ser ditas a respeito do assunto, e talvez pos­ se nós, todos nós, vivessemos de acordo com nosso
samos tira r delas algumas conclusões e esclarecimen­ potencial, elevando-nos aos padrões que deveríamos
tos de aplicação benéfica para todos nós. É um assunto alcançar, então nenhum de nós seria humano no sen­
do qual o povo muitas vezes faz conceitos errôneos. tido mundano ou carnal. Ainda assim, seriamos huma­
Muita gente, durante o tempo de Joseph Smtih, tinha nos no sentido de sermos m ortais e tudo o mais a isto
em mente a mesma pergunta. Conta ele: “ Esta manhã relacionado.
fui apresentado a um homem do Leste. Depois de ou­ Sob o títu lo “ Autoridades G erais” , em meu livro
v ir meu nome, ele comentou que via em mim apenas Mormon Doctrine, escrevi: “ Certas Autoridades Gerais
um homem, indicando com estas palavras que supusera têm poderes para uma coisa, e algumas para outra. To­
que uma pessoa a quem o Senhor se digna revelar sua das estão sujeitas à estrita disciplina sempre imposta
vontade, devia ser algo mais que um sim ples homem. pelo Senhor aos seus santos e àqueles que os presi­
Ele parecia esquecido das palavras saídas dos lábios dem. As posições que ocupam são altas e exaltadas,
de Tiago, de que Elias era homem sujeito às mesmas porém, os indivíduos que ocupam tais ofícios são ho­
paixões que nós, e no entanto tinha tanta força com mens humildes como os demais irmãos da Igreja. Os
Deus que este, em resposta às suas preces, cerrou os membros da Igreja são tão qualificados e bem treinados
céus para que não houvesse chuvas durante três anos que existem m uitos irmãos que poderiam — se cha­
e meio; e depois, atendendo mais uma vez suas ora­ mados, apoiados e designados — servir eficientem ente
ções, os céus deram chuva, e a terra produziu frutos. em quase todo e qualquer e qualquer cargo importante
Na verdade, é tanta a ignorância e trevas desta geração, na Igreja” . (Mormon Doctrine [B ookcraft, 1966], p. 309)
que consideram incrível que um homem possa comu­ No mesmo livro, sob o títu lo “ Profetas" encontra­
nicar-se com seu C riador." (Teachings of the Prophet mos ainda o seguinte: “ Apesar de toda sua inspiração
Joseph Smith, p. 89) e grandeza, os profetas são ainda homens m ortais com
Eis a visão do mundo em geral: “ Se é que existe as mesmas im perfeições comuns à humanidade em ge­
um profeta, deve ser alguém tão enobrecido e exaltado ral. Têm suas opiniões e preconceitos, e muitas vezes
que já não é um homem como os demais." Eles pen­ são deixados a resolver seus problemas sozinhos, sem
sam, quem sabe, em João Batista alimentando-se de inspiração. Joseph Smith relata que “ conversou com
gafanhotos e mel no deserto, ou alguém como Enoque, um irmão e uma irmã de Michigan que achavam que “ um
de quem se dizia: “ Um homem selvagem veio entre profeta é sempre p ro fe ta ” ; mas eu expliquei-lhes que
nós.” (Moisés 6:38) um profeta é profeta somente quando está agindo como
Na Igreja de hoje existe um conceito um tanto se­ tal.” (Ibid., p. 608)
melhante. A gente se lembra da dignidade e glória e Assim sendo, as opiniões e pontos de vista, mes­
grandesa do ofício, e então algo desse sentim ento trans­ mo de um profeta, podem conter erros, a não ser que
borda sendo transferido para a pessoa que ocupa esse sejam inspirados pelo Espírito. Escrituras ou pronuncia­
ofício. mentos inspirados devem ser aceitos como tal. Esse é
Talvez haja um meio de dar melhor perspectiva a o nosso problema. Paulo foi um dos maiores profetas-
essa questão. Em lugar de perguntar: “ São humanas teólogos de todos os tempos, mas tinha algumas opi­
as Autoridades Gerais?", indagarei: “ O seu bispo é hu­ niões que não estavam em perfeito acordo com o pen­
mano? Qual seria a resposta? Ou se eu dissesse: "Os samento do Senhor, e chegou mesmo a incluir algumas
m issionários são humanos?", a resposta seria sim ou delas em suas epístolas. Mas, sendo sábio e discreto,
não? Isto depende inteiram ente do que estamos falan­ ele as identificava como tal, dizendo: “ Isto é o que eu
do. Eles, sem dúvida, são humanos no sentido de que penso.” Depois, tendo term inado de expô-las, dizia:
todos eles compartilham com todos nós qualquer fra­ “ Agora, eis o que pensa o Senhor.” Os pontos de vista
queza e defeito e dificuldade comum à raça humana. de Paulo, as suas opiniões, não eram tão perfeitas quan­
Mas por outro lado, as Autoridades Gerais e os bispos to poderiam te r sido.
e os m issionários — e isto se estende e inclui todo e Os profetas são homens, e quando agem pelo Es­
qualquer membro da Igreja — não deve ser humano no p írito de inspiração, o que falam é a voz de Deus; ain­
sentido de mundano ou carnal. Nenhum de nós deveria da assim, continuam sendo m ortais, possuindo, com
ser “ humano” , se por isto se entende viver como os todo direito, suas próprias opiniões. Em virtude de sua
homens profanos. grande sabedoria e discernim ento, os pontos de vista
Ao entrarmos para a Igreja, costumamos dizer que desses homens são os melhores que um homem pode

Julho de 1973 37
ter, mas a não ser que sejam inspirados, a não ser que determinado homem seja ordenado a um ofício diferente
estejam em conformidade com as revelações, estão su­ no Sacerdócio de Melquisedeque. Depois de entrevis­
jeitos a erros na mesma base que os pontos de vista tados e aprovados, eles então são ordenados por quem
dos demais membros da Igreja. possua autoridade para o que muitos consideram um
Não temos que fica r em dúvida se as Autoridades ofício mais elevado do Sacerdócio.
Gerais estão ou não falando pelo Espírito de inspiração Na verdade, não se trata de um avançamento no
— podemos sabê-lo com certeza. Quero lembrar-lhes sentido de que tal pessoa está sendo passada de um
uma das famosas declarações de Joseph Smith a res­ ofício menos importante para outro de importância
peito: “ O Senhor não revelará coisa alguma a Joseph maior. Seria mais correto dizer que ele está recebendo
que não revelar aos Doze ou ao menor e menos impor­ um novo chamado ou ordenação no Sacerdócio, com
tante membro da Igreja tão logo seja capaz de supor­ novas e diferentes responsabilidades. No que concerne
tá-lo." (Ver Teachings of the Prophet Joseph Smith, ao Senhor, todo ofício do Sacerdócio é de importância
p. 149) igual perante os outros. A maneira pela qual cumprimos
Isto é perfeito. É a mesma doutrina pregada por o chamado é imensamente mais importante do que o
Paulo quando diz: “ . . . todos podereis p ro fetiza r” e ofício em si.
“ procurai, com zelo, p ro fe tiza r” . (I Cor. 14:31,39) Toda A esse respeito diz o Presidente Joseph F. Smith:
a congregação da Igreja, o corpo inteiro da Igreja de­ “ Nenhum ofício dá autoridade ao Sacerdócio e nem
veria receber revelação. Ela não é reservada a uns pou­ lhe aumenta o poder. Todos os ofícios na Igreja derivam
cos eleitos, aos missionários ou aos bispos. Nós de­ seu poder, virtude e autoridade do Sacerdócio. Se nos­
veríamos receber revelações. Todos nós deveríamos ser sos irmãos compreendessem esse princípio, e o tives­
como os apóstolos e profetas. sem firm em ente estabelecido em suas mentes, haveria
menos equívoco quanto às funções da autoridade na
Igreja. Hoje a pergunta é: Qual o maior — o sumo-sa­
cerdote ou setenta; o setenta ou o sumo-sacerdote?
Afirm o-lhes que nenhum deles é maior e nenhum é
menor. Seus chamados os levam para campos diversos,
entretanto, são do mesmo Sacerdócio. Se fosse neces­
sário. .. e não restasse nenhum homem na terra que
possuisse o Sacerdócio de Melquisedeque, com exceção
de um élder — esse élder, através da inspiração do
“De que maneira Espírito de Deus e da direção do Todo-Poderoso, pode­
ria e deveria organizar a Igreja de Jesus C risto em
toda sua perfeição, porque é portador do Sacerdócio de

se avança no Melquisedeque. Mas a casa do Senhor é uma casa de


ordem, e enquanto outros oficiais permanecerem na
Igreja, devemos observar a ordem do Sacerdócio, e rea­
lizar as ordenanças e ordenações estritam ente de acor­

Sacerdócio?” do com essa órdem, assim como foi estabelecida na


Igreja através da instrum entalidade do Profeta Joseph
Smith e seus sucessores." (A Doutrina do Evangelho,
vol. 1, p. 111)
A declaração “ enquanto outros oficiais permanece­
rem na Igreja” significa que cada ofício do Sacerdócio
tem suas próprias funções específicas. Por conseguinte,
ninguém é promovido ou avançado no sentido de que
um ofício seja maior ou menor que outro. A pessoa
está apenas juntado preceito sobre preceito à medida
A questão proposta pode parecer sim ples e ele­ que cresce no conhecimento do Evangelho, e ganha
mentar. M uitos responderiam que, sendo digno, o ho­ poder espiritual ao m agnificar os chamados correspon­
mem com o correr dos anos vai sendo avançado de um dentes recebidos com o novo ofício no Sacerdócio. Os
ofício para outro, passando de élder a setenta e depois ofícios sacerdotais são, em suma apêndices do Sacer­
a sumo-sacerdote. Realmente ouvimos homens sendo dócio de Melquisedeque em si. (D&C 84:29-30)
“ avançados” quando a pessoa encarregada de conduzir J. Anderson
a reunião solicita a aprovação da congregação para que Estaca East M illcreek

38 A LIAHONA
for, eu farei arder dentro de ti o teu peito; hás de
“Penso ter sentir assim, que é c e rto .” (D&C 9:7-8).
M uita gente espera que o Senhor lhes dê respostas
para seus problemas simplesm ente por terem pergun­
encontrado a tado. O Senhor quer que ponderemos o assunto e o
pesquisemos um pouco mentalmente. Assim será mais
provável que cheguemos a uma conclusão por nós mes­

pessoa certa mos, após o que o Senhor nos faz arder o peito se a
conclusão fo r acertada. O mesmo princípio é válido,
estejamos procurando um cônjuge ou tomando outra de­

com quem casar. cisão qualquer.


2. De alguns tenho ouvido: “ Sim, eu orei e recebi
a resposta de que este seria o companheiro conjugal

Como posso certo para mim, mas a coisa saiu errada. Nosso casa­
mento fracassou. Por quê?” Talvez porque damos por
certo que no casamento o essencial é o cônjuge certo
e nada mais, e não fazemos esforço algum para que o
ter certeza?” casamento seja um sucesso.
Perguntei a um marido desiludido se alguma vez
dissera à sua m ulher que a amava.
— Certamente que sim, — respondeu-me.
Então indaguei:
— E quando foi a últim a vez que lhe disse isto?
— Quando nos casamos. Mas ela sabe que a amo.
— Talvez ela saiba, mas pode fica r duvidosa se não
lhe fo r repetido diariamente.
Talvez a frase mais abusada seja: “ Então casaram-se
e viveram felizes para sem pre.” Seria bem mais correto
dizer: “ Então casaram-se e puseram mãos à obra para
fazer seu casamento funcionar, e foram fe lize s.”
Dê uma chance ao Senhor. Em lugar de pedir-lhe
que diga se ele ou ela é o cônjuge certo para você, rogue
que o ajude a tom ar a decisão. Depois estude seu com­
panheiro, comparando seus gostos, aversões, atributos,
pontos fo rtes e pontos fracos com os seus. Tome algum
tempo para observar e ver se acha que conseguem viver
juntos, trabalhar juntos, passar juntos por horas felizes
bem como horas de tristeza.
Decida se ele é o tipo de pai do qual se poderá
orgulhar. E os filhos, poderão orgulhar-se dele também?
Será realmente o chefe sacerdotal da família, indicando
Permita-me responder a pergunta em duas partes: o caminho e conduzindo seus filhos e você para o reino
1. Como sabemos, O liver Cowdery desejava tra ­celestial?
duzir exatamente como Joseph Smith vinha fazendo, e E ela, será uma boa esposa e mãe, apoiando você no
o Senhor deu-lhe permissão para fazê-lo. Imagine só justo empenho de ser o chefe sacerdotal da família?
o desapontamento dele quando descobriu, após te r re­ Lembre-se de que o casamento apenas abre a porta
cebido “ perm issão" para traduzir, que era incapaz de que leva à escada sem fim da vida em comum. Mas, ao
fazê-lo. galgarem juntos essa escada, descobrirão que se tornam
A resposta que o Senhor lhe deu é encontrada na mais fortes e os degraus cada vez mais fáceis de vencer,
seção 9 de Doutrina e Convênios. “ Eis que não com- porque o amor recíproco se intensifica dando-lhes um
preendeste; tu supuseste que eu to daria, quando não incrível vigor.
fizeste outra coisa senão pedir. Lindsay R. C urtis, M. D.
“ Mas, eis que eu te digo, deves ponderar em tua Sumo-conselheiro
mente; depois me deves perguntar se é correto e, se Estaca Weber State College

Julho de 1973 39
Este mês a Liahona tem o prazer de apresentar o primeiro de uma irás dizer-me: "Obrigado, Sr. Jardi­
nova série de artigos a serem publicados nesta revista: Histórias das neiro, por me amares o bastante pa­
Autoridades Gerais. No decorrer dos anos nossas Autoridades Gerais vêm ra me aparar, por te importares co­
contando histórias que têm tocado o coração dos ouvintes e influído em migo o bastante para me magoar.
sua conduta. Muitos desses comovedores exemplos são experiências pró­ Obrigado, Sr. Jardineiro.”
prias ou de seus amigos e conhecidos. Todas elas continuam soando tão Passou-se o tempo, anos que fo ­
autênticas como quando contadas pela vez primeira. É com a permissão ram, e vi-me na Inglaterra, coman­
e bênção de seus autores que publicamos essas “Histórias das Autori­ dando uma unidade da cavalaria do
dades Gerais”. Exército Canadense. Eu havia feito
progressos um tanto rápidos no que
concerne a promoções, ocupando o
posto de oficial superior no Exército
ocês certamente às vezes che­ trem idade de cada um dos pequenos

V gam a imaginar se nosso Se­


nhor realmente sabe o que
deve fazer com vocês. Vocês, às ve­
zes, imaginam saber melhor do que
tocos o que parecia ser uma lágrima,
dando a impressão de que o pé de
groselha estava chorando. Sendo en­
tão um tanto sim plório (o que até
Anglo-Canadense. E tinha orgulho de
meu posto. E surgiu a oportunidade
de ser promovido a general. Havia
passado por todos os exames. Tinha
a antigüidade necessária. Havia ape­
ele o que deviam fazer e o que deve­ hoje não consigo vencer totalm ente)
nas uma pessoa entre mim e aquilo
riam ser. Estou imaginando se devo fiquei olhando, sorrindo e disse:
que há dez anos vinha almejado con­
contar-lhes uma história que já con­ — Por que choras?
seguir, o posto de general no Exér­
tei repetidamente na Igreja. É uma Vocês compreendem, imaginei que
cito Britânico. Enchi-me de orgulho.
história mais velha que vocês, um o pé de groselha sabia falar e me
E o tal sujeito foi m orto, e recebi um
pedaço de minha própria vida, que dizia:
telegrama de Londres dizendo: “ Apre-
tenho contado em muitas estacas e — Como pudeste fazer isto comi­
sente-se em meu e scritório amanhã
missões. Relaciona-se com um inci­ go? Eu estava indo tão bem! Já tinha
de manhã às 10:00” , assinado pelo
dente em minha vida em que Deus alcançado quase o tamanho de uma
General Turner, comandante de to ­
me mostrou que ele sabe melhor. árvore que dá sombra e das fru te i­
das as tropas canadenses. Chamei o
Eu vivia então no Canadá, onde ras do lado de lá da cerca, e agora
ordenança, meu criado pessoal. Man­
comprara uma fazenda, propriedade veja como fiquei. Todas as plantas
dei que polisse meus botões, esco­
bastante arruinada. Saindo uma ma­ do jardim vão-me olhar de cima, por­
vasse bem o chapéu e as botas, e
nhã, reparei num pé de groselha. O que não alcancei o que deveria ser.
fizesse com que eu parecesse um
arbusto crescera tanto que tinha Como pudeste fazer isso comigo?
general, pois era isso mesmo que eu
agora quase dois metros de altura, Pensei que fosses o jardineiro daqui.
ia ser. Ele fez o m elhor que pôde,
cheio de ramos lenhosos, sem flo r e Foi o que pensei ouvir o pé de gro­
com o que tinha à mão, e lá fui eu
muito menos groselhas. Eu vivera selha falar, e imaginei-o tão fo rte ­
para Londres. Entrei no e scritório do
numa fazenda de frutas em Lago Sal­ mente que respondi:
general andando garbosamente, fiz
gado antes de irmos para o Canadá, — Olha, meu pequeno arbusto de
uma continência elegante, e ele cor­
e sabia o que fazer com aquele pé groselha, sou o jardineiro daqui, e
respondeu com o tipo de continên­
de groselha. Assim , pegando um te ­ sei o que quero que sejas. Não ten-
cia geralmente usado pelos oficiais
sourão de podar, pus-me a trabalhar, cionei que fosses uma árvore fru tífe ­
superiores — uma espécie de “ Saia
cortando e podando e aparando até ra ou uma árvore de sombra. Quero
do caminho, v e rm e !” Depois de man­
que não restou senão uma pequena que sejas um pé de groselha, e al­
dar que me sentasse, disse:
moita de tocos. O dia vinha justam en­ gum dia, meu pequeno arbusto, quan­
te despontando e pensei ver na ex­ do estiveres carregado de frutos,

O Pé de Groselha
Hugh B. Brown, do Conselho dos Doze

“Como pudeste fazer isso comigo?


Eu estava indo tão bem!”
— Sinto m uito não poder dar-lhe zes mórmons entrar para o Exército, Aonde mandares ire i.”
a recomendação. O senhor tem di­ para depois escapares sorrateira­ (Hinos, n? 57)
reito ao posto. Passou em todos os mente para casa.” Eu sabia m uito Quando me levantei era um ho­
exames. Tem a necessária antigüida­ bem o que teria que enfrentar e, che­ mem humilde. E agora, passados
de, e tem sido um bom oficial, mas gando à minha barraca, estava tão quase cinqüenta anos, ergo meu
não posso indicá-lo. Deve retornar amargurado que joguei o quepe e o olhar e digo:
ao Canadá para trabalhar como o fi­ cinturão no catre. Levantei as mãos — Obrigado, Sr. Jardineiro, por
cial de treinam ento e de transportes. sacudindo os punhos fechados para me amares o bastante para me apa­
O posto de general ficará para outra os icéus, clamando: rar, por te importares o bastante co­
pessoa. — Como pudeste fazer isso comi­ migo para me magoar.
go, meu Deus? Tenho fe ito tudo ao Agora percebo que foi bom eu não
Tudo aquilo pelo que eu ansiara e
meu alcance para estar à altura. Não ser promovido a general naquela
orara durante dez anos, subitamen­
deixei de fazer o que podia te r fe ito ocasião, porque tornando-me oficial
te me escapava das mãos.
ou o que devia ser fe ito. Como pu­ comandante de todo o Canadá oci­
Então dirigiu-se à sala contígua pa­ deste fazer isso comigo? dental, com um belo salário vitalício,
ra atender o telefone, e eu aprovei­ Eu estava amargo como fel. um lugar para morar e uma pensão
tei-me do p rivilégio de soldado para Então ouvi uma voz e pude reco­ quando já não prestasse mais para
dar uma olhada no que havia sobre nhecer o tom dessa voz. Era a m i­ servir, eu teria criado minhas seis
a mesa. A li estava minha folha de nha própria voz, e a voz falava: “ Eu filhas e dois filhos em alojamentos
histórico pessoal, e pude ver escri­ sou o jardineiro aqui, e sei o que m ilitares. Eles sem dúvida ter-se-iam
to, na parte de baixo, em grossas quero que sejas.” Minha alma ficou casado fora da Igreja e eu não teria
letras de imprensa: “ ESTE HOMEM livre da amargura, e caí de joelhos conseguido nada. Eu também não rea­
É MÓRMON.” Nós não éramos mui­ junto ao catre para pedir perdão por lizei grande coisa assim mesmo, po­
to benquistos naqueles dias. Assim minha ingratidão e minha revolta. rém me saí melhor do que teria fe i­
que vi aquilo, soube por que me fo ­ Enquanto estava ali ajoelhado, algu­ to se o Senhor me perm itisse seguir
ra negada a indicação. Eu já ocupava mas vozes puseram-se a cantar na o caminho que eu queria.
o mais alto posto entre todos os barraca ao lado. Um grupo de rapa­ Quis contar-lhes esse caso tão ba­
mórmons no Exército Britânico. En­ zes mórmons se reunia ali todas as tido porque m uitos de vocês terão
tão o general voltou e disse: noites de terça-feira. Geralmente eu que enfrentar experiências muito di­
— Isso é tudo, Brown. também estava lá. Sentados no chão fíceis de suportar: desapontamento,
Tornei a prestar continência, mas fazíamos nossa reunião da AM M . sofrim ento, aflição, derrota. Vocês
não com igual garbo. Fiz a continên­ Ajoelhado ali, orando por perdão, ou­ serão testados e provados para ve­
cia de despedida e saí. Fui para a vi as vozes cantarem: rific a r qual o seu estofo. Quero ape­
estação e tomei o trem de volta para “ Talvez não seja ao alto mar, nas que saibam que, se não conse­
minha cidade, distante cento e no­ Que C risto me vá mandar; guirem o que pensam que deveriam
venta e poucos quilôm etros, o cora­ Talvez não haja co nflito s lá, conseguir, lembrem-se: “ Deus é o
ção partido, a alma cheia de amar­ Nem trevas eu vá encontrar. jardineiro aqui. Ele sabe o que quer
gura. E cada giro das rodas nos t r i­ Mas quando o C risto me chamar que vocês sejam." Submetam-se à
lhos parecia dizer: "És um fracasso. À sendas que não trilh e i, vontade dele. Sejam dignos das bên­
Chegando em casa serás chamado de Eu proclamarei, com amor: çãos dele, e receberão essas bên­
covarde. Fizeste todos aqueles rapa­ [ ‘Ó Senhor,] çãos.”
A Parábola do
Ganso Bravo
Michael D. Palmer

ra uma vez um jovem ganso e, portanto, tinha fe ito jus à glória

E que todos os anos voava pa­


ra o sul em companhia do
velho pai. A viagem era longa; a
princípio o jovem ganso se divertia
de sua espécie.
Sentindo-se um tanto só com a
m orte do pai, o jovem ganso come­
çou a procurar novos amigos. E co­ rar que não é um dos nossos, po­
olhando a paisagem e depois, punha- mo era um sujeito vistoso para sua dendo assim fica r de papo cheio o
se a voar em círculos em torno do idade — começando justam ente a ano inteiro sem mexer uma pena.
pai que, embora estivesse perdendo ostentar a plumagem de macho adul­ Ninguém notará a diferença.
velocidade de vôo, no final tirava a to — antes de se dar conta era o — É uma oferta realmenta tenta­
diferença pela notável precisão com favorito do sofisticado bando de gan­ dora, — respondeu o jovem ganso,
que mantinha o rumo certo. Mas no sos da fazenda. Suas asas longas, procurando não dar a perceber que
todo, o jovem ganso bem que aprecia­ vigorosas, ainda que de nunciadoras também pensava assim. — Mas eu
va essas viagens. de sua origem pouco “ refinada” , al­ me sentiria perdido sem minhas
Um ano, logo que term inaram a voroçavam o coraçãozinho sob as asas.
exaustiva viagem de volta para o níveas penas de uma porção de gan­ — Ora, pode ser que estranhe um
norte e o velho cuidava de suas asas sinhas. O verão foi cheio de novas pouquinho a princípio, mas logo nem
doloridas, este decidiu que estava experiências; chegou até mesmo a se lembrará mais como era antes.
na hora de dar ao filh o algumas ins­ aprender as danças mais em voga no Para falar a verdade, acho as asas
truções finais com respeito àqueles momento. curtas mais práticas.
vôos m igratórios. Como era sujeito Acordando mais tarde certa ma­ — Pode s e r , . . . mas ainda assim
de poucas plavras, chamou o filh o e nhã, após a “ escapada” da noite an­ continuo achando que devo ir.
então disse-lhe apenas: te rio r com outros gansos jovens, per­ — Mas p'ra que essa pressa? Ora
— O Sul é mais seguro no inver­ cebeu que as prim eiras folhas mu­ vamos, pode falar francamente. Qual
no. Todo ano, assim que começarem davam de cor. é o verdadeiro motivo? — insistia o
a cair as prim eiras folhas, tome o "P artirei amanhã", pensou consigo, amigo. — Aposto que tem uma linda
rumo sul. com a cabeça latejando levemente. gansinha esperando por você lá na­
— Mas como poderei achar o ca­ Mas, recordando a últim a admoesta- quelas bandas.
minho? — indagou o jovem ganso, ção do pai, resolveu partir naquele O jovem ganso sentiu-se tentado
dando-se conta pela prim eira vez de mesmo dia. Ao cuidar dos últim os a dar uma sim ples piscadela como
que nunca prestara muita atenção preparativos para a viagem, acordou meio mais fácil de se livrar do ami­
ao rumo que costumavam seguir. acidentalm ente um dos gansos do­ go. Mas em vez disso falou pouco
— Você tem que escutar, — fa­ m ésticos que dormia ao lado dele. hesitante:
lou o velho que prim eiro parecia que­ — Hei, aonde vai? — perguntou o — O Sul é mais seguro no inverno.
rer continuar mas depois ficou ca­ ganso. — Você bem que poderia arranjar
lado. — Para o Sul, — respondeu o jo ­ um pretexto melhor que tal chavão,
A prim eira reação do jovem ganso vem ganso. — rebateu o amigo com ar de con­
foi perguntar ao pai o que devia es­ — Isto parece fica r m uito, m uito descendência. — Isso é pura supers­
cutar e que sons, exatamente iria longe. Você não está falando sério, tição. Creia-me, prefiro me arriscar
ouvir. Porém, o modo sério e sole­ está? por aqui do que cruzar o Golfo do
ne com que o velho falara, o fez — Claro que estou. Vou-me embo­ México num furacão. A propósito,
hesitar. E antes de se refazer e po­ ra ainda hoje. você acha mesmo que sabe encon­
der perguntar, o velho ganso quieta­ — Mas por que você vai querer trar o caminho?
mente morreu. A morte do velho gan­ fazer uma coisa dessas? Uma por­ — Lógico!, — retrucou o jovem
so foi m uito lamentada, embora a ção de nós vive aqui o ano inteiro ganso, procurando parecer confiante.
precisão de seu vôo atestasse o fato e até agora se deu m uito bem. Ora, — E que sistema de navegação o
de que havia aprendido devidamen­ basta aparar um pouquinho essas senhor pensa empregar? — zombou
te tudo o que um ganso deve saber suas asas para ninguém mais repa­ o amigo.

42 A UAHONA
— Bem, pensei em . . . ora, vou es­
cutar. Você sabe o que quero dizer,
apurar o ouvido, — acrescentou o
jovem ganso, sentindo-se mais e
mais vexado a cada palavra.
— Mas isso é notável. Juro que não
fazia idéia de que alguém acreditas­
se realmente em tal coisa. Recente­
mente li num jornal o caso de alguns vozes mais do que vocês. Ele tinha foram-se aguçando mais e mais até
velhos “ m atutos” que afirmavam que que encontrar o rumo sul todos os que mesmo um nevoeiro cerrado não
a navegação norte-sul, há m uito já anos; nenhum de vocês por aqui vai era problema.
um fenômeno comprovadamente con­ a parte alguma. Além disso, é pre­ E enquanto escutava compreendeu
dicionado, era realizada por um pro­ ciso escutar, apurar o ouvido. por que o pai fora tão sumário na
cesso intuitivo. Mas suas assevera- — Pois bem, — comentou o ami­ explicação: As coisas que percebia
ções baseavam-se tão só em certas go, — acho que você vai voar por aí agora não eram “ vozes” nem tampou­
premissa altamente subjetivas e com­ meio às cegas sem seu velho pai. co “ sensações"; era algo muito mais
pletamente especulativas, assim co­ Eu pensaria duas vezes antes de me convincente e certo do que vozes ou
mo esse seu “ escutar". Foi curioso aventurar numa viagem dessas sem sentim entos jamais poderiam pode­
e ao mesmo tempo lamentável. Es­ ser capaz de enxergar mais longe riam ser. O máximo que podia real­
tranho, jamais pensei encontrar al­ do que você. O vôo é orientado pela mente dizer a respeito era que se
guém que acreditasse realmente nu­ visão e não por algo tão nebuloso tratava de dons, que eram bons e que
ma asneira dessas. como as tais “ vozes” . tinham seu propósito.
— Pois eu estou certo de que fun­ — M uito obrigado pelo aviso, — Quando voltou na primavera se­
ciona. Meu pai disse-me que basta a respondeu o jovem ganso um tanto guinte, soube que seu amigo desa­
gente escutar atentamente para . . . quanto desanimado. Ele pensou duas parecera m isteriosamente por volta
— Ouvir vozes, suponho? Vamos vezes, e na segunda vez que pensou do Natal. A partir daquele ano o jo­
imaginar apenas por um instante que ouviu algo. Era débil mas ainda as­ vem ganso foi aprendendo a voar
de fato existe algo como essas vo­ sim perceptível. E num repente de seguindo um rumo cada vez mais
zes. Por que seu pai haveria de ser esperança, levantou vôo. O simples reto e preciso, até que finalmente
o único a poder ouvi-las? Ninguém fato de sair do chão já fê-lo sentir-se se podia igualar ao pai.
mais, por aqui, já ouviu tais vozes. melhor. MORAL: Quando não consegues en­
Por que ele as ouviria e nós não? A princípio não conseguia ouvir xergar m uito longe, apurar o ouvido
— Quem sabe ele precisava das grande coisa, porém seus ouvidos é a segunda melhor coisa.

Julho de 1973 43
Reportagem de Belfast
Herbert F. Murray

que acontece à obra do Se­ tém apesar dos perigos nas ruas.

O nhor num campo de batalha


no qual há centenas de anos
Há ocasiões em que o pipocar de
armas de fogo e os estrondos de
vêm-se defrontando duas facções re­ bombas explosivas são tão intensos
ligiosas de princípios rígidos porém que a presidência da missão pensou
contrárias, ambas ditas cristãs? em cancelar algumas reuniões, po­
Quanto de progresso espiritual pode- rém depois de jejuar e orar a respei­
se esperar durante o paroxismo das to, eles chegaram à conclusão de
violentas hostilidades da Irlanda do que o Senhor quer que o seu traba­
Norte? lho prossiga, não importa o perigo.
Cleyde J. Summerhays, presidente Até mesmo os serviços batismais
da Missão Irlandesa, comentando re­ continuam a ser realizados semanal­
centemente a sublevação do U lster e mente em três das capelas, e mais
como esta tem afetado os santos outras se necessário.
dos últim os dias de lá, disse que “ o “ Nossas reuniões têm sido das
trabalho m issionário vem prosseguin­ mais tocantes e espirituais por cau­
do e progredindo de um modo que sa da lealdade e fidelidade dos san­
faz duvidar que haja qualquer pro­ tos irlandenses” , informa o Presiden­
blema social. Quando percebem in­ te Summerhays:
dícios de perigo em áreas problemá­
ticas, os élderes se afastam delas. “ A Irlanda é um dos mais belos
Os élderes são representantes fo r­ lugares do m undo” , acrescenta ele,
“ É maravilhosa de se olhar, é mara­
tes, corajosos e maravilhosos do
Senhor.” vilhosa para se viver. Proporciona
O Presidente Summerhays conta alegria e felicidade a todo aquele
que muita gente sente-se segura que a vê como realmente é. Há algu­
mas pessoas, todavia, que se deixam
quando os m issionários os visitam
em casa. Consta que certas casas desalentar com a continuidade dos
distúrbios e começam a duvidar de
foram poupadas de serem crim inosa­
mente incendiadas por causa da pre­ que a Irlanda possa oferecer-lhes
uma boa oportunidade, a eles e aos
sença dos élderes mórmons.
filhos. Alguns abandonaram a Irlan­
O transporte urbano é um proble­
ma sério em Belfast. O serviço de da e suas belezas, sua grandeza e
cordialidade, esperando encontrar es­
ônibus funciona esporadicamente, os
veículos estão sujeitos a assaltos, o tas mesmas coisas no distante Ca­
próprio sistema viário muitas vezes nadá, Nova Zelândia, Austrália, Esta­
está próximo do colapso total. M ui­ dos Unidos e outra parte qualquer.
Alto: Confronto popular na Rua tos membros arrostam as barricadas M uitos já estão retornando; com o
Springfield em Belfast. Acima: Jo­ e atravessam a cidade a pé para po­ tempo outros mais voltarão.”
vens envolvidos em lutas de rua.
Página oposta: Manifestantes sendo
der freqüentar suas reuniões. Por Dermot Sheils, prim eiro conselhei­
bloqueados por tropas britânicas. isso a freqüência na Igreja se man­ ro na presidência da missão, cre-

44 A UAHONA
podemos esperar e realmente rece­
bemos sua proteção,” afirm a o Ir­
mão S heils.” Essa atitude tem-nos
garantido sucesso no fortalecim ento
dos santos e conquista de novos
membros."
“ A Igreja se beneficia com a s i­
tuação de muitas m aneiras,” relata
Andrew Renfrew, presidente do Dis­
trito I do U ls te r.” Pessoas desiludi­
das com sua igreja devido ao que
pregam, estão-se voltando para a
nossa em busca da verdade e real­
mente a encontram. Agora, os mem­
bros da Igreja são mais respeitados
do que nunca devido à sua incomum
posição de neutralidade, sendo por­
tanto acessíveis a ambos os lados
para auxílio e conselhos.
“ Viver atualmente em Belfast e
te r a atenção do mundo focalizada
sobre sí afeta as pessoas de dife­
rentes maneiras, “ acrescentou o
Presidente Renfew. Há gente que se
deleita com tal notoriedade enquan­
to que outros se sentem um tanto
quanto embaraçados vendo seus
problemas locais divulgados no mun­
do inteiro. O povo de Belfast prefe­
riria viver em paz, cuidando de seus
afazeres normais sem perigos ou
problemas, mas a situação existe e
eles precisam enfrentá-la fazendo
tudo o que podem para remediar as
condições.
Os protestantes realizam marcha pela Rua “ É preciso dar grande crédito aos
Springfield enquanto tropas britânicas procu­
homens de negócio, funcionários de
ram manter a ordem.
e scritó rio e com erciários que man­
tém o coração de Belfast pulsando
diariamente com seu compareci-
dita grande parte do sucesso dos m is­ nando coisa do passado, à medida mento ao trabalho a despeito da pos­
sionários ao fato de seguirem os prin­ que os membros crescem no Evan­ sibilidade de que seu edifício possa
cípios das Regras de Fé, particular­ gelho. ser escolhido como alvo de uma
mente da décima prim eira e décima “ Os santos dos últim os dias da­ bomba. É justam ente esse espírito
segunda: “ Pretendemos o privilégio qui são tão envolvidos em proble­ indôm ito que sustentará Belfast e
de adorar a Deus, Todo-poderoso, de mas de trânsito, revistas e re s tri­ toda a Irlanda do Norte através des­
acordo com os ditames da nossa ções impostas pelo governo para tes tempos difíceis.
consciência e concedemos a todos os proteger os cidadãos contra as ati­ “ No geral, os membros da Igreja
homens o mesmo privilégio, deixan­ vidades terroristas, como o resto da ostentam o mesmo ânimo, e pro­
do-os adorar como, onde ou o que comunidade.” curam ‘ ir levando’ a despeito dos
quiserem .” e “ Cremos na submissão Enquanto a política da presidência problemas que são obrigados a en­
aos reis, presidentes, governadores da missão é encorajar os ramos e frentar diariamente. Sabem que o
e magistrados, como também na obe­ d istrito s a realizarem todas as reu­ trabalho do Senhor tem que prosse­
diência, honra e manutenção da niões dentro do horário previsto, a guir, ainda mais agora que o adver­
le i.” comunidade em geral expressa a sário intensificou sua atuação. O
“ Estas têm sido as linhas de con­ mesma determinação ostentando 'os sentim ento entre os membros e lí­
duta para todos os santos,” diz o dizeres “ Funcionando Norm almente" deres da Igreja aqui é que se tiv e ­
Irmão Sheils. “ Com raras exceções, nas chapas de compensado ou pa­ rem fé no Senhor e guardarem os
os membros da Igreja daqui são to­ pelão com que substituem as v itr i­ mandamentos e tomarem todas as
dos conversos. A velha tradição de nas estilhaçadas. precauções possíveis, eles serão
julgar uma pessoa unicamente por “ Com o pressuposto de que esta­ abençoados em suas atividades para
suas crenças religiosas vai-se to r­ mos cuidando da obra do Senhor, que no devido tempo haja paz."

46 A LIAHONA
Recentemente, numa de suas reu­ Dois rapazes discutiam seus
Humor niões fam iliares, uma fam ília esco­
lheu como tema a história de Adão
fe ito s no ensino fam iliar.
— Eu sempre faço minhas
Mórmon e Eva, e o pai explicou como a mu­
lher foi fe ita da costela do homem. visita s no prim eiro dia do mês,
Depois de servidos os habituais re- — jactou-se um.
frescos, um dos garotinhos sentiu — Isso não é nada, — re tru ­
uma leve indisposição estomacal e, cou o outro. — As minhas, fa­
lembrando-se da lição da noite, falou:
— Papai, acho que vou te r uma
ço-as sempre um dia antes!
mulher. Elaine H ulterstrom
Um de meus irmãos pergun­ C urt Bench La Mirada, C alifórnia.
tou a papai quanto tempo os Tallahassee, Flórida
missionários costumam ficar Numa conferência de estaca,
num lugar. uma jovem mãe sentara-se na
— Até que acabe o jantar, — prim eira fila de bancos com
fez-se ouvir a voz de meu seu garotinho de cinco anos,
irmãozinho. que não dava sossêgo. Depois
Oshawa, Ontário, Canadá. de esgotar sua paciência, já
Janet Clark quase no final da reunião, ela
finalm ente levantou-se, pegou
o garoto e encaminhou-se para
Um líder do Escotismo conta o se­
a saída com olhar decidido. O
guinte: Ao inspecionar o equipamen­
to dos garotos durante um acampa­ menino sabia o que estava para
mento d istrita l, encontrei um guarda- acontecer e justam ente quando
chuva entre os pertences de um de­ chegavam na porta, ele virou-se
les. Mal conseguindo acreditar no e gritou:
que via, perguntei-lhe por que tinha
— Socorro, bispo, socorro!
um guarda-chuva entre seu equipa­
mento. Olhando para mim, indagou Kendy C urtis
com voz embaraçada: Kim berley, Idaho
— O senhor alguma vez já teve
mãe?
Brad Moore
Payson, Utah Um domingo, poucos minutos an­
tes de começar a Escola Dominical,
lembrei-me de que estava designada
Dois missionários estavam senta­ para um pensamento de dois minu­
dos à mesa do jantar esperando pela tos e meio. Peguei apressadamente
sobremesa. Quando chegou a vez de um número do Friend e fui corren­
se servirem , restavam somente dois do para a capela. Eu não estava mui­
pedaços de torta no prato. O com­ to preocupada pois conseguia ler
panheiro sênior tirou o pedaço maior, qualquer coisa à prim eira vista sem
e passou o prato para o companheiro Minha irmãzinha despejou leite no que se notasse que não houvera pre­
júnior. copo até que derramou — e conti­ paração. Escolhi uma página com bo­
— Você acha d ireito o que fez? — nuou despejando enquanto não es- nita ilustração e minutos depois es­
indagou este. — Se tivesse sido eu vasiou a leiteira. Quando mamãe per­ tava diante da congregação. Não de­
o prim eiro a servir, teria escolhido guntou o que ela estava fazendo, morou e todo mundo deixou-se
o pedaço menor. respondeu: envolver pela tocante história. Mas
— Então por que reclama? — per­ — Bem, achei que se conseguisse justam ente quando cheguei no ponto
guntou o outro. — Não deu no mes­ despejar bem depressa, conseguiria culm inante, meus olhos deram com
mo? que coubesse tudo. umas palavrinhas inesperadas no fim
Lynn Greenwood — Judy Spackman da coluna — “ Continua no próximo
Provo, Utah Trenton, Utah. núm ero.”

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