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MATERIAIS PARA FERRAMENTAS 5.1 - Introdugao. Para a selegao criteriosa do material da ferramenta, uma série de fatores deve ser ponderada, dentre os quais podem ser mencionados os seguintes: = Material a ser usinado - a dureza ¢ 0 tipo de cavaco formado so duas das caracteristicas do material da pega que devem ser levadas em conta na escolha do material da ferramenta; ® Processo de usinagem - alguns tipos de processos que utilizam ferramentas rotativas de pequeno didmetro ou mesmo processos de tomeamento em que pega tem didmetro pequeno, ainda utilizam materiais de ferramentas mais antigos (como o ago répido), devido as allas rotagées necessiias para se conseguir as velocidades de corte compativeis com materiais mais nobres de ferramentas; *" Condigdo da maquina operairiz (poténcia, gama de velocidades, estado de conservagio, etc...) - méquinas-ferramentas antigas, com folgas, baixa Poténcia e rotagdo exigem materiais de ferramentas mais tenazes e que no requeiram alta velocidade de corte; = Forma e dimensdes da ferramenta - ferramentas de forma no padro- nizadas, muitas vezes so feitas de ago répido ou de um tipo de metal duro que possa ser soldado ao cabo (metal duro que suporte choques térmicos). Ferramentas rotativas de pequeno didmetro so geralmente feitas de ago ripido devido ao fato de necessitarem de rotagdes muito altas para conseguirem velocidades de corte compativeis com um material de ferramenta mais nobre; = Custo do material da ferramenta - alguns materiais de ferramenta, apesar de conseguirem maior vida da ferramenta e/ou maior producio, muitas vezes nfo apresentam uma relagao custo/beneficio razoavel; 1 Condigdes de usinagem - condig&es de usinagem tipicas de acabamento {alta velocidade de corte, baixos avango e profundidade de usinagem, em pegas que ja sofreram uma operagiio anterior de usinagem e,portanto, nfo apresentam excentricidade, casca endurecida, ete.) exigem ferramentas ais resistentes ao desgaste. Em operagdes de desbaste (baixa veloci- dade de corte, altos avango e profundidade de usinagem, com pegas que apresentam camada endurecida, excentricidade, etc..)a ferramenta deve apresentar maior tenacidade, em detrimento da resisténcia oa desgaste; = Condigdes da operagdo - se 0 corte for do tipo interrompido e/ou 0 sistema méquina-ferramenta-dispositivo de fixagio-pega for pouco rigido, cexige-se uma ferramenta mais tenaz. Qualquer que seja o material para ferramenta em consideragdo, & ne- cessério que ele apresente uma série de requisitos de menor ou maior impor~ tancia, dependendo dos diversos fatores citados acima. Quatro das principais caracteristicas sfio: 2) dureza a quente - dependendo do tipo de operagzo, a temperatura da ferramenta pode ultrapassar 1000°C. Ent, cada vez mais se procura materials de ferramentas que possam atingir esta temperatura com dureza sufictente para suportar as tensdes do corte; b) resisténcia ao desgaste- significa principalmente resisténcia ao desgas- te por abrasio, isto é, resisténcia ao atrto. Esta propriedade esté muito Tigada a dureza a quente do material; «)tenacidade -que representa a quantidade de energia necessiria para romper ‘material. Uma ferramenta tenaz resiste bem aos choques inerentes do proceso; 4) estabilidade quimica - para evitar 0 desgaste por difusdio que, como ‘ono capitulo 6, é bastante importante em altas velocidades de corte. vai servi Pat teristicas como temperabilidade, tamanho de gro, etc. Uma outra propriedade o caso de agos para ferramentas, pode-se acrescentar outras carac- importante é a resisténcia aos choques térmicos (prineipalmente em processos com corte interrompido, como o fresamento). Nao existe uma classificagaio geral de materiais para ferramentas. Entre- tanto, com base nos seus caracteristicos quimicos, eles podem ser agrupados da seguinte maneira: = agos répidos; = agos ripidos com cobertura; = metal duro; 1 metal duro com cobertura; 1 material cerimico; = nitreto de boro cibico; = diamante. (Os materiais citados acima estiio em ordem crescente de dureza a quente ¢ resisténcia ao desgaste por abraso, Em geral, quando se aumenta a dureza a quente e a resisténcia ao desgaste por abrasio, cai a tenacidade do material. ‘Uma discusstio pormenorizada destas caracteristicas para cada um dos materiais para ferramentas sera levada a cabo a seguir. Existem outros trés tipos de materiais para ferramentas que sii a liga fundi- da (estelita), 0 ago carbono (com ou sem liga) ¢ 0 coronite, mas que praticamente niio so utilizados no ambiente industrial (tem importancia somente hist6rica e/ ou em aplicagdes muito especificas) e, por isso, nfo serdo descritos neste livro, 5.2 - Descrigdo dos Materiais para Ferramentas Acos Réipidos ago répido é um ago ferramenta de alta liga de tungsténio, molibdénio, cromo, vanidio, cobalto ¢ niébio, assim designado pois quando do seu desen- volvimento, em 1905, era o material de ferramenta que suportava as maiores velocidades de corte. um material tenaz, de elevada resisténcia ao desgaste e elevada dureza a quente (se comparado com os agos carbono usados para ferramentas), po- dendo ser utilizados até temperaturas de corte da ordem de 600" C. A estrutura 78 Tecnologia de usinagem Gos Maret tes etalogréfica do ago répido no estado temperado ¢ martensitica bisica com carbonetos encrustrados. A estrutura bésiea confere ao material a sua dureza a quente, a qual & tanto maior quanto mais elementos de liga so dissolvidos durante o tratamento térmico e permanecem dissolvidos depois. O tipo ¢ 0 rnimero de carbonetos duros que se formam so responsdveis pela resistencia ‘abrasto. A tenacidade do ago rapido depende dos elementos de liga e do grau de dissolubilidade destes. Em geral os agos rapidos resistentes 4 abrasio sto pouco tenazes e vice-versa, Outra propriedade do ago rapido é sua alta dureza em temperatura ambiente. ‘Além dos agos répidos produzicios pela tecnologia convencional de fabrica- 0 de agos, tém-se também aqueles fabricados por metalurgia do po (HSS-PM). Este tipo de ago possuiparticulas de carbonetos mais fins ¢ dispersio mais uni- forme na matriz. O tamanho dos carbonetos do HSS-PM é da ordem de 1 a3 um, enquanto no ago répido convencional, esses valores sto da ordem de 3.2 16 um. ‘As principais caracteristicas do PM HSS sto: is Facilidade de usinagem e alta retificabilidade; = Melhor resposta ao tratamento térmico; ‘= Maior resisténcia ao revenimento; = Excelente capacidade dimensional apés beneficiamento; 1 Elevada tenacidade em durezas elevadas; » Alta resisténcia ao desgaste; = Methor resposta ao recobrimento com TiN. 0s tipos convencionais de agos rapidos esto representados na tabela 5.1. Em prinefpio, ha duas categorias de agos répidos: a categoria “T” que compreende os tipos predominantemente ao tungsténio e a categoria “M” que compreende os tipos predominantemente ao molibdénio. Estas categorias, por sua vez, sio divididas em duas subcategorias contendo ambas cobalto. Tem- “se pois 05 tipos a0 W, indicados nas classificagdes AISI ¢ SAE com a letra “T°, 08 tipos W-Co ainda indicados naquelas classificagdes com a letra “T”, 05 tipos ao Mo ¢ ao Mo-Co, ambos indicados nas classificagoes AISI e SAE com a letra “M”. Como se pode verificar na tabela 5.1, todos os tipos de ago rapido contém ainda cromo e vanadio, Tabela 5.1 - Composicdo ¢ Caracteristicas dos Agos Rapidos (Chiaverini, 1981) Tipo Classi- Resis- | Dureza] %\% % | % | % | % | % | Tena de | ficagao téncia ao] a eal lisaet ica |ee cr | v | W |Mo| Co |eidade | ecoacte | quente T_[o7 {os | o25 [40 [10 [igo| - | - 72 [oss] 0,3 | 0.25 [4.0 | 2,0 [io] - | - mereil ied Aow| 13] 1.0 [0.3 | 0,25 [4.0 [3,0 [18,0] - | - alee Tr [os [03 | 0.25 | 40 [2,0 [140] - | - To [1.203 10,258| 40 [4,0 [180] - | - T4_0,75| 03 | 0.25 [40 | 10 [18,0] - | 5.0 ‘Ao [ots_108 [03] 0.25] 40 [20 [18.0] - [80] ,,..,) Muito | Exce- wo[ 16 Los tos} o25 | 40] 15 [200[- [12,0] °) boa | lente Ts [08 [03 | 025 | 4,0 | 2.0 | 14.0] - | 5.0 Mi_[08[03| 0.25 [40] 1,0 | 15 [80] - Ao (M2 loss [03 [025 [40 | 20 60 [5,0 | = nae nti fe [ws _[1.0 [0.3 [0.25 [40 [2.75] 60 [50] - Baixa | “ee | boa M4 [13103] 0.25 [4.0 | 40 [5.5 [45 | - io [085] 03 [0,25 | 4,0] 20 | - [80] - M6_| 0,8 [0,3 | 0.25 [4.0 | 1,5 | 4,0 15.0] 12.0 ‘Ao [M30 [085/03 | 02 [40 |1,25| 2,0 [8.0 | 5.0 rete Mo [M34 _[0.85[ 03 | 0.25 | 4,0 [2.0 | 2.0 [8.0[ 80 | Baixal “40. | tente Co [M35 [0.85] 0,3 | 0.25 | 4,0 | 2,0 | 60 {5.0 | 5.0 M36 [085/033 | 0.25 | 4.0 | 2,0 | 60 [5.0] 8.0 4) Efeito dos elementos de liga nos agos rdpidos ‘= Carbono - como nos agos carbono, atua no sentido de aumentar a dureza e a temperabilidade do material. Também possibilita a formacao de carbonetos, que so particulas duras resistentes ao desgaste, Como se vé na tabela 5.1, 08 agos répidos podem ser considerados como de alto teor de carbono. = Tungsténio ¢ Molibdénio - O tungsténio est sempre presente nos agos ripidos. O molibdénio € introduzido como seu substituto, gerando a outra classe de agos rapidos. Ambos formam carbonetos responsdveis pela elevada resisténcia ao desgaste ¢ dureza a quente destes agos. Como 0 molibdénio tem um peso atémico menor que o do tungsténio (cerca da metade), ao ser adicionado na mesma porcen- tagem em peso, produzira o dobro de dtomos para ligar-se a0 carbono do ago, Nestas condigdes, usa-se 1% de molibdénio para substituir 1,6 a 2,0% de tungsténio. ia 1 Vanddio ¢ Nidbio - A cada 1% de vanddio acrescentado precisa-se aumentar o teor de carbono em 0,25% para a formago de carbonetos. O carbo- neto de vanddio € o carboneto mais duro encontrado noa agos rapidos. Os agos com alto teor de carbono e vanadio so os que possuem melhor resistencia a0 desgaste. O vanddio tem sido substituido pelo niébio, que tem caracteristicas semelhantes e, no Brasil, é mais barato. = Cromo - juntamente com o carbono ¢ o principal responsavel pela alta temperabilidade dos agos répidos. = Cobalto - aumenta a dureza a quente elevando, em consequéncia, a eficiéncia do corte quando este é tal que temperaturas elevadas sio alcangadas. Devido a esta caracteristica, agos rpidos ao cobalto so recomendados para cortes em desbaste pesado e para a usinagem de materiais que apresentam cavacos curtos como o ferro fundido, em que a temperatura se eleva bastante devido a impossibilidade de utilizagao de fluido de corte. ) Agos rdpidos com cobertura | Para diversas ferramentas de usinagem tais como brocas, machos, alargadores. brochas, cortadores de dentes de engrenagens e alguns tipos de fresas, a aplicagao de materiais mais resistentes ao desgaste que o ago rapido como 0 metal duro ou material cerdmico é muito restrita, devido & forma ¢ dimenstio destas ferramentas e as condigdes das operagdes de usinagem que as empregam. Assim, o desenvolvimento destas ferramentas tem cami- nhado no sentido da melhoria das condigdes do proprio ago rapido, através, principalmente, da aplicagdo de uma camada de cobertura de um material mais resistente a0 desgaste como 0 nitreto de titanio (TiN), o carbonitreto de titfnio (TICN), o nitreto de titénio-aluminio (TiNAL) ¢ 0 nitreto de cromo- -aluminio (AICrN). Tal camada possui as seguintes caracteristicas: = Alta dureza, de 2300 a 3300 HV; = Redugio sensivel do caldeamento a frio (evita a formagao da aresta postiga de corte); = Baixo coeficiente de atrito; ® Alta estabilidade quimica; = Espessura de 1 a4 pm. A aplicagao em escala industrial de revestimentos de nitreto de titdinio (TiN) em ferramentas de usinagem comegou na década de 60 quando, através do proceso CVD (deposigao quimica a vapor), comegou-se a revestir ferra- mentas de metais duros. Tal revestimento ndo péde na época ser aplicado a0 ago rapido, pois este processo de revestimento é realizado em temperaturas da ordem de 100°C, acima da temperatura de revenimento dos aos. Por volta de 1980 foi desenvolvido o proceso PVD (deposigao fisica a vapor) que é realizado em temperaturas na faixa de 450 a 500°C, temperatura esta que no prejudica o tratamento térmico jé realizado nos agos répidos. O PVD é realizado em uma camara de alto vacuo com a presenga de um gis inerte, o argonio. ‘A presenga da camada de revestimento faz com que 0 corte acontega com esforgos menores, devido ao seu baixo coeficiente de atrito. Devido a0 fato desta camada possuir alta dureza (tanto a frio, quanto a quente) ¢ também ao pequeno atrito, os desgastes siio menores, principalmente 0 desgaste na superficie de folga da ferramenta. Existe uma menor tendéncia 4 formagao da aresta postiga de corte, porque, como foi visto, uma das ca- racteristicas desta camada é a redugao do caldeamento a frio. Nas mesmas condigées de corte ento, a ferramenta revestida tem uma vida bem maior que a nfo revestida. Além disto, mesmo depois de reafiada, a ferramenta revestida ainda é ligeiramente mais eficiente que uma nao revestida, pois com a afiagdo, a ferramenta perde a camada de revestimento somente em sua superficie de saida (ou de folga, dependendo da afiagao), mantendo a ‘camada na outra superficie. A figura 5.1 mostra duas curvas de profundidade total usinada duran- te uma vida de brocas de ago rapido versus velocidade de corte e avango, ‘mostrando a melhoria que o revestimento de TiN provoca no desempenho da ferramenta. A tabela 5.2 mostra que este revestimento também é eficiente quando aplicado em fresas. oa waa) Prundae vaam) wm te a ‘Wate dco in) ngs ama) Figura 5.1 — Influéneia da cobertura na vida da broca de ago-rapido (Rauscher, 1990) ‘Tabela 5.2 - Comparagio da vida de fresas revestidas e niio revestidas Lefebvre et all, 1990) Fevameata | Tempo decorte | Comprimento | Indice de durasio (ain) usinado (mm) de vida 44 [v=37 [v.=44 | vi=57 [vat [¥=57 rwinin mimin r/min Niorevestida | 62 | 32 | soso | s760 | 1 1 TiN), 1365 | 833 | 19110 | 15030 | 22 | 26 TWN) ios |_97_| 1570 | 17470 | us | 3 iN), 120 | 915 | 16800 | 16470 | 19 | 29 Crtério de fm devia da ferramenta: V_ = 0,2 mm. “Material da pega: ago 30NCD8 com nivel de ressténcia de 900 N/mm. F légico que uma ferramenta revestida é mais cara que uma néio reves- tida. Mas quando se leva em conta que a vida da ferramenta é maior e que 0 tempo de corte é menor devido is maiores velocidades de corte ¢ avango que ela possibilita, tem-se que o tempo para a usinagem total de uma pega pode diminuir bastante, néo s6 pela diminuigao do tempo de corte, mas também pela diminuigao do néimero de paradas da maquina para a troca de ferramen- tas. Assim, muitas vezes a utilizagdo de uma ferramenta revestida se ju economicamente, principalmente quando as méquinas que realizam a usina- gem sfo caras, como € 0 caso de centros de usinagem a controle numérico que perfazem boa parte dos processos atuais que utilizam ferramentas de Ago Rapido. Também quando a ferramenta é cara, tanto no que diz.respeito a sua produgiio, quanto a sua afiagdo (como é o caso dos cortadores de dentes de engrenagens ¢ das brochas), o custo do recobrimento com TiN, relativamente no € tio alto e, assim, a maioria destas ferramentas ¢ utilizada com cobertura. ‘Um outro ponto de interesse na utilizagio de brocas revestidas com TiN & a qualdidade obtida no furo. Em ensaios realizados por Rauscher (1990) constatou-se que apés 0 500 furo usinado por uma broca nao revestida, a ru- gosidade do furo era R,= 27 ym e R, = 10 pm, enquanto uma broca revestida obteve R= 8 um e R,=4 jum, Esta mesma broca conseguiu uma rugosidade superficial do 300" furo de R, = 13 um e Ra=6 um. Devido a formagao diferente do cavaco e & utilizagio de maiores avangos ce velocidades de corte, existe a necessidade de modificagao da geometria da fer- ramenta quando a cobertura é aplicada em brocas, a fim de que 0 maior volume de cavaco formado possa ser removido sem danos para a pega ou ferramenta. Assim, geometrias jé foram desenvolvidas que incorporam um maior angulo de hélice (ou de saida) da broca e uma nova geometria dos canais da broca que facilitam esta remogiio. Além disso, estas brocas possuem aresta principal de corte convexa, angulo de ponta de 130” (ao invés dos 118° da geometria convencional) ¢ aresta transversal de corte afinada pela afiagdo em cruz. Este tipo de broca resulta em menores esforgos de corte e maior vida da ferramenta. Pode-se dizer que, atualmente, a grande maioria das ferramentas mais caras de aco répido, como brochas e cortadores de dentes de engrenagens sio recobertas com TiN ¢ outros tipos de ferramentas, como brocas helicoidais & fresas de ago rapido também apresentam uma percentagem relevante recobertas. ‘Além das camadas ja citadas, em alguns casos também sao utilizadas, sobre as coberturas duras, coberturas moles que visam principalmente reduzit o coeficiente de atrito das superficies da ferramenta. Os tipos mais comum de cobertura mole é 0 MoS /Ti conhecida como MoST™ (patente da empresa Teer Coatings Ltd.) e a camada de WC/C. Maiores detalhes sobre as caracteristicas destas camadas de coberturas serdio dados no item que aborda o metal duro com cobertura, jé que boa parte destas camadas também ¢ utilizada no metal duro. Metal Duro O metal duro é um produto da metalurgia do pé feito de particulas duras, finamente divididas de carbonetos de metais refratarios, sinterizados com um ‘ou mais metais do grupo do ferro (ferro, niquel ou cobalto) formando um corpo de alta durezae resisténcia & compressiio. As particulas duras so carbonetos de tungsténio, usualmente em combinagiio com outros carbonetos, como carbone tos de titénio, tantalo e nidbio. Nos metais duros mais usuais o tamanho destas particulas varia entre 1 a 10 jum e ocupam de 60 a 95% do volume do material. O metal aglomerante é, na grande maioria das vezes, 0 cobalto. A uti- lizagGo do metal duro é feita, na maioria das vezes, na forma de pastilhas fixadas mecanicamente (intercambiaveis) sobre um porta-ferramentas de ago. ‘Atualmente ja existe um néimero grande de ferramentas rotativas de pequeno didmetro feitas de metal duro, devido as altas rotagdes do eixo-Arvore ja exis tentes nas maquinas ferramentas mais modemas, que possibilitam a utilizagao de velocidades de corte compativeis com o metal duro, mesmo com ferramentas de pequeno didmetro. Como ja se viu no inicio deste capitulo, a dureza em altas temperaturas ea tenacidade (ow capacidade de resisténcia ao choque), sao propriedades que se exigem de qualquer material utilizado em ferramentas de usinagem ¢ que encontram um compromisso bastante bom no metal duro, isto é, pode-se ter metais duros de elevada tenacidade, como também pode-se conseguir metais duros com alta resisténcia ao desgaste ou dureza a quente. Outras caracteris- ticas que so normalmente controladas, pois afetam a capacidade de corte do metal duro, so a porosidade e a microestrutura. Porém, atualmente 0 metal duro recoberto (que sera descrito no item b) tem ocupado grande parte do mercado do metal duro sem cobertura, o qual tem sido utilizado somente para ausinagem do aluminio e para operagées especiais. ‘A figura 5.2 apresenta a variago da dureza em fungo da temperatura, ‘mostrando duas curvas para metal duro com teores diferentes de cobalto ¢ uma terceira relativa a0 ago répido como padrio de comparagiio. Vé-se que, a me- dida que a quantidade de cobalto diminui e, portanto, aumenta a poreentagem de carbonetos, a dureza a quente aumenta, Vé-se também que ferramentas de metal duro podem atingir temperaturas bem maiores que as do ago ripido, ‘mantendo dureza ainda adequada para a usinagem. Assim, utilizando-se 0 metal duro, pode-se remover maior volume de cavaco por minuto, o que o torna um material de ferramenta capaz de produzir mais rapidamente que 0 ago rapido. 2000 —+>— - Dureza Viokers (katimm?) 9 250 500 ‘Temperatura (°C) Figura 5.2 - lnflugncia da porcentagem de cobato eda temperatura na dureza do metal duro ‘Atabela 5.3 apresenta a composigtio quimica ¢ algumas caracteristicas correspondentes a diversas classes de metal duro. Pode-se ver nesta tabela que a medida que a quantidade de TiC + TaC sobe, a densidade cai e a dureza au- menta. Quando se introduz TaC (com ou sem nidbio), melhoraa tenacidade em relagdo as composigbes isentas deste carboneto. A substituigo de TiC pelo TaC aparentemente nao traz vantagens apreciiveis sob o ponto de vista de melhora da capacidade de corte, Entretanto é certo que 0 aumento simultaneo dos dois, carbonetos produz melhores resultados na usinagem, provavelmente devido & dureza a quente dessas composigdes. Vé-se também nesta tabela que A medida que 0 volume de cobalto cresce (e, com isso, diminui o volume de carbonetos) a tenacidade (medida pela resisténcia a ruptura transversal) aumenta. ‘Atualmente, j4 so produzidos metais duros com particulas com cerca de 0,1 jum de didmetro, o que melhora varias das caracteristicas desejaveis, a um material para ferramenta, Estes metais duros com micro griios podem ser classificados de acordo como tamanho do grio de sua estrutura como: fino (0,8 a 1,3 um), submicrométrico (0,5 2 0,8 pm), ultra-fino (0,2 a 0,5 um) e nanométrico (menor que 0,2 um). Devido ao maior fator de empa- cotamento que grfios muito pequenos propiciam, 4 medida que se diminui 6 tamanho de gro do metal duro aumenta-se a dureza, resisténcia ao des- gaste ¢ tenacidade do material. Como exemplo, pode-se citar que um metal duro com grio fino e teor de cobalto de 6% tem dureza Vickers da ordem de 1600 HV,,, enquanto os metais duros submicromeétrico e ultrafino tem dureza da ordem de 1800 e 2050 HV,,, respectivamente. Exemplo similar pode ser dado com relagiio & tenacidade. Um metal duro com grao fino ¢ 6% de cobalto tem resisténcia A ruptura transversal (propriedade que estima a tenacidade de um material) na casa de 2150 N/mm2, enquanto que os metais duros submicrométrico ¢ ultrafino tem esta propriedade na ‘casa de 2950 e 3450 N/mm? respectivamente. Também a condutividade térmica do metal duro diminui quando se diminui seu tamanho de grao, ‘0 que faz com que uma menor porcentagem do calor gerado no processo flua pela ferramenta, 0 que a torna adequada @ utilizagao em processos com altas velocidades de corte (Dreyer, 1999). Ferramentas de metal duro micro griio ou com graos submicrométricos so usadas quando se deseja aresta de corte bem afiada, normalmente conjugada com camada de co- bertura depositada por processo PVD (ver item b & frente). Elas também se beneficiam de uma resisténcia superior 4 cargas cic Aplicagdes tipicas sio brocas e fresas inteirigas, pastilhas para corte de canais, fresamento ¢ classes para acabamento. ‘ag € mecanicas. a) Classes e critérios de selegdo do metal duro Os diversos tipos de metal duro sfo classificados pela norma ISO em trés, grupos designados pelas letras P, M e K. Existe ainda uma subdivisio dentro dé cada um destes grupos usando nimeros. Assim, existem os sub-grupos PO P50, MOI a M40 KOI a K40. O grupo P ¢ constituido de metais duros de elevado teor de TiC + TaC, que Ihes confere uma elevada dureza a quente resisténcia ao desgaste. E. indicado paraa usinagem de materiais que produzem cavacos continuos (agos ¢ materiais diteis em geral) que, por formarem uma drea de atrito bastante grande com a superficie de saida da ferramenta, desenvolvem uma alta tem- peratura de corte ¢ tendem a desgastar bastante a ferramenta (desgaste de cratera). Como sera descrito no capitulo 6, 0 metal duro desta classe, resiste mais. que as classes K e M ao mecanismo de geragio do desgaste de cratera (principalmente difusto), pois exigem temperaturas mais altas para reagirem com o ferro dos agos. Tabela 5.3 - Composigio Quimica ¢ Caracteristicas dos Metais Duros (Ferraresi, 1977) Resisténeia Designacio | % | %TIC| 4, cy | Densidade | Dureza | A ruptura iso. | we | +11 (gem) | (AY) | transversal (kgf/mm?) Pol x | « | 6 72 1800 5 PIO 3 | 36 [| 9 104 | 1600 140 P20 7% | 4 | wo | 19 1500) 150 P30 2 [8 | | 130 | 1450 170 P40 m2 [a BI 1400 180) P50 7 | 4 | 6 | 29 1300 200 mio | 4 | 10 [ 6 BL 1650 140) M20 | 82 | 10 | 8 BA 1550 160 m0 81 | io | 9 144 1450) 180 mao | 7 | 7 | 15 135 1300 200 | Kio | 2 | 2 [ 6 14a | 1650 150) x20 [1s | 23 | 6 148 1550 170 30 o | 2 [9 145 1450 190 xo | as [| - | 2 143 1300 210 © grupo K foi o primeiro tipo de metal duro a ser desenvolvido. O metal duro desta classe é composto de carbonetos de tungsténio aglomerados pelo cobalto. Esse tipo de metal duro nao é resistente ao mecanismo que gera 6 desgaste de cratera e, assim, so indicados para a usinagem de materiais frageis que formam cavacos curtos (ferros fundidos e lates) que niio atritam muito com a superficie de saida da ferramenta, pois ao sofrerem uma pequena deformagao, j4 se rompem e pulam fora da regidio de corte. O aluminio, apesar de formar cavaco continuo que forma uma area de atrito bastante grande na superficie de saida da ferramenta, nao pode ser usinado por metais duros da classe P, devido A presenga de titinio nos materiais desta classe, O aluminio reage quimicamente com 0 titénio. Assim, se a usinagem do aluminio fosse feita com metal da classe P, haveria bastante desgaste de origem quimica (di- fusio) que normalmente € o responsével pelo desgaste da superficie de saida (desgaste de cratera). Assim ligas de aluminio so usinadas por meiais duro da classe K (usando a nova denominagio da norma ISO 513:2004E — classe N, como serd visto mais a frente). O grupo M é um grupo com propriedades intermediiias, sendo destina- do a ferramentas com aplicagdes multiplas. O principal material usualmente usinado por ferramentas desta classe € 0 ago inoxidavel. ‘A tepresentagao esquematica da figura 5.3 apresenta a subdivisio dos referidos grupos citada acima, mostrando a tendéncia de variagao das caracteristicas de dureza, resisténcia ao desgaste ¢ tenacidade. Pode-se ver nesta figura que uma ferramenta P35 é mais tenaz que uma P10, mas menos resistente ao desgaste. ‘Assim, a ferramenta com metal duro P35 é recomendada para desbaste de agos (operagio onde se exige mais tenacidade) e a ferramenta com metal duro P10 é recomendada para acabamento de agos (onde se exige bastante resisténcia ao desgaste). O mesmo pode ser dito com relagiio as classes K € M. Uma ferramenta K10, por ser mais resistente ao desgaste, é recomendada para acabamento de materiais de cavacos curtos (ferro fundido) e uma ferra- menta K35, por ser mais tenaz, é recomendada para desbaste destes mesmos materiais. A operagio de desbaste remove um volume grande de cavaco em relagaio a operagdo de acabamento e nao visa obter tolerincias apertadas e nem baixa rugosidade da pega, Assim, normalmente ela ¢ realizada com avango € profundidade de usinagem grandes ¢ velocidade de corte pequena, em relagio A operagiio de acabamento. Além disso, o desbaste é feito em superficies brutas saidas de processos de fundiga0 ou forjamento, por exemplo, que possuem maiores defeitos (excentricidades, cascas duras, etc..) que uma superficie ja usinada. Assim, 0 desbaste é um corte heterogéneo, com variagio de esforgos de corte e da dureza da pega usinada. Portanto, necesita de uma ferramenta mais tenaz para sua realizago, Por outro lado, niio necessita de uma ferramenta comallta resisténcia ao desgaste, j4 que utiliza velocidade de corte baixa. Como vai ser visto no capitulo 7, a velocidade de corte é, dentre os parimetros de uusinagem aquele que maior influéncia tem nos desgastes da ferramenta, Jé.uma operagao de acabamento ¢ normalmente realizada em uma superficie j4 usinada pela operagio de desbaste. Assim, os defeitos que existiam na pega bruta, jé foram removidos pelo desbaste, gerando um corte com menores variagdes na pecae menores variagdes de esforgos de corte, o que faz com que a ferramenta no necessite de alta tenacidade. Por outro lado, como jé citado, 0 avango ea profundidade so baixos (para obter boa rugosidade na pega) ea velocidade de corte é alta, fazendo com quea ferramenta necessite de resisténcia ao desgaste para poder ter vida economicamente vidvel. Tenacidade Resistncia ao desgaste Figura 53 -Tendéncia de crescimento de caracteristicas das ‘lasses de metal duro = yf K \s % 15 a 25 Recentemente a ISO expandiu 0 nimero de classes de metal duro (nor- ma ISO 513:2004E). Foram criadas trés novas classes de metal duro nesta nova norma, Sao elas: classe N (com as sub-classes NO1 a N30), aplicdvel a materiais no ferrosos; classe S (com as sub-classes S01 a $30), aplicével 2 usinagem de super ligas e ligas de titdnio ¢ a classe H (com as sub-classes HO1 a H30), aplicavel a usinagem de material endurecido. Vé-se aqui uma diferente abordagem da ISO com relagao a classificagdo do metal duro, nao mais baseada em composigaio quimica, mas baseada na aplicago do material. Pode-se dizer, porém, que a classe N tem composigao similar & classe K, a S tem composigio similar & M ¢ a classe H tem composigdo similar a classe P. Ferramentas de metal duro so usadas com sucesso em operagdes de usinagem tais como torneamento, fresamento, mandrilamento ¢ em alguns casos furago, aplainamento e serramento. Elas podem usinar qualquer tipo de material, desde que sua dureza nao ultrapasse 45 HRe. Porém, os metais duros com micro-griios que tem, como jé citado, caracteristicas superiores aos metais duros convencionais, tem sido utilizados na usinagem de agos mais duros que esse valor, principalmente em fresamento com pequena penetrago de trabalho (a, ~ também chamada de profundidade radial de corte), em que ‘© comprimento de contato aresta de corte-pega em cada giro da ferramenta é pequeno. Nestes casos, devido ao pequeno contato, a temperatura da aresta 90 TECHONOg a de Usage de corte no cresce tanto ¢ esse tipo de metal duro pode ser usado, mesmo na usinagem de pegas duras. Por funcionar mais eficientemente em altas velocidades de corte ¢ por re- sistirem a mais altas temperaturas de corte que qualquer ago ripido, a utilizagao de ferramentas de metal duro exige maquinas com gama de velocidades maiores e também méquinas mais rigidas, a fim de que se evite a vibrago causada no pro- cesso pelas possiveis folgas da méquina-ferramenta, que causariam choques entre ferramenta e pega, os quais poderiam quebrara ferramenta com mais facilidade do que se esta fosse de ago répido, jé que este material € mais tenaz que o metal duro. Outros fatores além dos ja citados que influem na selegao do metal duro para uma determinada aplicagao so: = Severidade da operagdo de usinagem - operagdes com grandes avango ¢ profundidade de usinagem (desbaste) ou cortes interrompidos criam tenses elevadas na ferramenta, exigindo-se o emprego de classes com maior tenacidade (maior teor de Co). = Velocidade de corte - & medida que a velocidade de corte cresce na tusinagem de pegas que jé sofreram uma operagao anterior que retirou ex- centricidade, casca endurecida, etc. (operagdes de acabamento) aumenta a adequagao da utilizagio de classes com maior resisténcia ao calor ¢ & abrasdo (menos Co € mais carbonetos). = Tendéncia a vibragdo — se 0 sistema maquina-ferramenta-dispositivo de fixacdo-pega nao for bastante rigido e, assim, houver tendéncia & vi- bragdo, talvez seja necessério utilizar-se uma classe de metal duro mais tenaz do que aquele que seria usado sem a presenga da vibragdo. b) Metal duro com cobertura Ferramentas de metal duro com camadas de coberturas duras representam ‘uma grande parte das ferramentas atualmente utilizadas no mereado mundial de usinagem. ‘Afinalidade principal destas camadas € aumentar a resisténcia ao desgaste da camada superior que entra em contato com 0 cavaco ¢ com a pega, sendo que o micleo da pastilha permanece com a tenacidade earacteristica do metal duro mais simples (WC + Co). Assim, consegue-se, em muitos casos, aumentar bastante a vida da ferramenta ¢ diminuir-se os esforgos de corte. Com isto, & possivel conjugar no mesmo material, caracteristicas que ‘eram até ento inconcilidveis, quais sejam, tenacidade com resisténcia a0 desgaste e dureza a quente. Existem pastilhas com uma duas e até trés camadas de cobertura. Embora, ‘como vai ser citado ao fim deste item, outros materiais possam também ser usados para este fim, os materiais mais usados sdo 0 carboneto de titfnio (TiC), éxido de aluminio (A1,0,), nitreto de titanio (TiN) ¢ 0 carbonitreto de titdnio (TiCN). Geralmente a primeira camada, logo acima do niicleo é 0 carboneto de titanio ou o carbonitreto de titanio, que algumas vezes é a tinica camada de cober- tura. As pastilhas com duas camadas de cobertura tem, em geral, uma camada de éxido de aluminio ou de nitreto de titanio por cima da camada de TiC ou TiCN. As pastilhas com trés camadas tem, em geral, uma camada de TiN re- cobrindo uma camada intermedidria de Al,O, que, por sua vez, recobre uma camada de TiC. ou TICN que esté por cima do nételeo de metal duro. Essas camadas so aplicadas utilizando-se 0 processo CVD (deposi¢ao quimica a vapor). Por exemplo, para a deposigao de uma camada de TiC, vaporiza-se uma mistura de tetracloreto de titénio (TiCI,) € metano (CH,). Esta mistura é colocada em um forno com atmosfera protetora de hidrogenio, temperatura da ordem de 1000°C e pressdo levemente negativa, onde se en- contram as pastilhas de metal duro que receberio recobrimento. Neste ambiente, acontece uma reago quimica cujo resultado é 0 vapor de TIC que condensa sobre o metal duro formando a camada de revestimento. As outras camadas também so produzidas e depositadas em processo semelhante. 0 fato do processo CVD necessitar de altas temperaturas gera algumas tensdes na ferramenta durante seu resfriamento que podem enfraquecé-la, Por isto, novos tipos de processo CVD tem sido desenvolvidos para minimizar este problema, utilizando temperaturas intermedirias entre o CVD eo PVD. Dentre cles, os principais séio chamados CVD com média temperatura (MT-CVD, com temperaturas na faixa de 750 a 900°C) ¢ o CVD plasma assistido (PCVD ou PACVD, com temperaturas na faixa de 600 a 900°C). (Prengel et all., 1998). As principais caracteristicas de cada uma destas camadas so: = carboneto de titénio (TiC) ¢ carbonitreto de titénio (TICN) - possuem excelente resisténcia a0 desgaste por abrasdo, além de funcionarem como elemento que promove a adesiio das camadas de cobertura com o metal duro do niicleo, jé que nao se consegue uma forte adesio entre o dxido 92 Tecnologia Ge usin de aluminio (camada que normalmente esta por cima do TiC ou TICN) ‘0 substrato de metal duro, devido & diferenga entre os coeficientes de dilatago térmica destes 2 materiais. Essa diferenga geraria trincas na interface durante o resfriamento aps 0 processo de cobertura CVD, se ‘uma camada de A1203 fosse depositada diretamente sobre o metal duro, Por isso, em geral, ou uma dessas camadas (TiC ou TICN) é a Unica camada de cobertura, ou é a camada que esta por debaixo das outras camadas, A dureza da camada de TiC é da ordem 3000 HV, maior que fas durezas de todos 0s outros materiais utilizados como cobertura do metal duro. Outras caracteri portantes deste material: baixa tendéncia de soldagem com o material da pega, dificultando o desgaste por adesio e a formago de aresta postiga de corte ¢ baixo coeficiente de dilatagdo térmica. A espessura da camada é de 4 a 8 ym. O carboni- treto de titdnio (TiCN), também usado como cobertura do metal duro, tem propriedades similares ao TiC (dureza, resisténcia ao desgaste © capacidade de adestio ao micleo), a menos de seu coeficiente de atrito, que é mais baixo que o do TiC. Tanto a camada de TiC, quanto a de TICN, por conterem carbono, necessitam de uma barreira térmica para evitar 0 desgaste difusivo durante 0 processo de usinagem. Por esta azo, muilas vezes, 0 6xido de aluminio é utilizado como camada de cobertura sobre a camada de TiC ou TICN. «# 6xido de aluminio - garante a estabilidade térmica necessaria em tem- peraturas elevadas devido ao fato de ser um material ceramico refratério (baixa condutividade térmica e alta durezaa quente) também possuir alta resisténcia ao desgaste por abrasfo, além de alta resistencia & oxidagdo e-alta estabilidade quimica na presenga do Fe. Ea principal responsavel pela baixa tendéncia de formagtio de desgaste de cratera das ferramentas dde metal duro recoberto. Por outro lado apresenta pequena resisténcia a choques térmicos € mecénicos. «= nitreto de titinio - reduz 0 coeficiente de atrito entre a pastilha ¢ 0 cavaco. E quimicamente mais estivel que 0 TIC, ou seja, tem menor tendéncia a difustio com agos. A espessura de camada é entre 5 a7 wm. Acespessura total das camadas que recobrem o metal duro varia entre 2 412 um, Quando se aumenta a espessura da cobertura, a resisténcia ao des- gaste aumenta, porém a tenacidade diminui e comega aumentar a tendéncia ao lascamento das arestas. Muitos progressos tém sido feitos na area de cobertura de materiais para ferramentas, especialmente coberturas do metal duro. Como atualmente tem-se procurado muito trabalhar com corte a seco (usinagem sem fluido de corte) ¢ também utilizar-se torneamento e/ou fresamento de pegas endurecidas (que até poucos anos atrs somente eram usinadas por retificayio ou processos nao convencionais de usinagem), as exigéncias com relagao as caracteristicas térmicas, mecinicas e quimicas das ferramentas tem aumentado. Dentre os principais resultados de tais desenvolvimentos que conseguem ser utilizados nestas aplicagdes, estiio as coberturas para o metal duro (algumas também podem ser aplicadas a0 ago répido) de nitreto de titanio-aluminio (TAIN) ou nitreto de aluminio-titinio (AITIN), dependendo se houver mais aluminio ou titinio na cobertura. A estequiometria destes composts pode variar em uma larga margem, permitindo diferentes produtos com diferentes teores de ‘Tie Al para diversas aplicagdes. Tais coberturas s4o aplicadas ao metal duro utilizando-se do proceso PVD, © que propicia que se tenha coberturas mais, finas e, assim, arestas mais afiadas, o que ¢ importante quando se deseja me- Ihores acabamentos superficiais e/ou quando se usina materiais muito diteis, como 0 ago inoxidavel austenitico, As principais caracteristicas das camadas de TiAIN ou AITIN sto: = Major resisténcia a oxidagdo, 0 que permite o uso de temperaturas mais altas — quando este material oxida (principalmente o AITIN), forma ‘uma camada de AI,O, que, como jé foi visto é inerte quimicamente e, por isso, muito resistente & difustio e oxidagao. Poderia ser questio- nado: por que entio néo se utilizar dirctamente a camada de ALLO, jé citada anteriormente? Acontece que esta camada somente pode ser depositada pelo processo CVD, 0 que faz com que ela tenha que ter espessura maior que 5 yum. A camada de AITiN depositada por PVD tem espessura sempre menor que 5 Lm, 0 que propicia as vantagens jé citadas anteriormente; = Baixa condutividade térmica, o que protege aaresta de corte e aumenta a remogao de calor através do cavaco; Alta dureza a frio e a quente~ a camada de TiAIN possui dureza pré- xima 4 3300 HY, que é maior que a dureza das camadas de TiCN e TiC (ambas préximas 4 3000 HV) e também maior que a dureza da camada de TIN. A camada de AITiN pode atingir dureza ainda maior; # Alta estabilidade quimica, 0 que reduz bastante o desgaste de cratera; = Coeficiente de atrito ainda mais baixo que aqueles obtidos nas camadas de TiN ou de TICN. Estas camadas podem ser aplicadas em ferramentas multi-camadas (principalmente a TiAIN) ¢ em ferramentas com uma s6 camada de cobertura (neste caso a AITIN). Uma ferramenta com multi-camadas é aquela em que se tem varias camadas alternadas com espessura submicrométrica de mate~ riais diferentes (TiAIN e TiN, por exemplo) ou de mesmo material, mas com composigao diferente (TiAIN com diferentes porcentagens de Ti, Al e N em sua composigdo). A principal aplicagao das ferramentas multi-camadas ¢ em operagdes de fresamento, torneamento e furago em que as exigéncias sobre a ferramenta siio médias, como no caso de usinagem de ligas de Al-Ti-V e superligas a base de niquel, agos ligados e de dureza alta (mais ainda menor que 45 HR). A principal aplicagdo das ferramentas com uma s6 camada ¢ no fresamento de agos temperados (dureza acima de 45 HRe —nesse caso 0 metal duro do substrato é constituido de micro-grdos), em usinagem de alta velocidade e/ou a seco de ferro fundido e, na usinagem de algumas ligas resistentes ao calor. Uma variagiio da camada de TiAIN é a camada de nitreto de cromo aluminio (AICEN) em que se substituiu o titanio pelo cromo. A principal vantagem desta camada em relagio A camada de TiAIN é a possibilidade de se atingir temperaturas de corte maiores devido & miaor estabilidade em altas temperaturas. Existem ainda outros tipos de camadas de coberturas duras para apli- cages especificas como 0 ZrCN, CrTiAIN, TiZtCN, THHECN, ZrO, cujo detalhamento nfio se enquadra nos objetivos deste texto. ‘Um outro tipo de cobertura que comega a ser utilizada mais largamente 6 aquela chamada de cobertura lubrificante (hard/Iubricant coating). Normal- mente ela é colocada por cima de outras camadas mais duras, devido ao seu alto poder de lubrificagao, o que reduz a geragao de calor e diminui os esforgos de corte. Os principais materiais utilizados para este fim so o bissulfeto de molibdénio (MoS, ), 0 bissulfeto de molibdénio com titanio (MoS,/Ti) ¢ o car- boneto de tungsténio com carbono (WC/C), comercialmente conhecido como hardlube. Como este tipo de camada tem dureza bem menor que aquela da camada sobre a qual est depositada, ela ¢ rapidamente removida da superficie da ferramenta, nos primeiros momentos de contato com a pega € 0 cavaco. Porém, residuos desta camada lubrificante ainda permanecerdo nos sulcos de rugosidade da camada dura inferior, causando um bom efeito de lubrificagao. diamante sintético policristalino também tem sido utilizado como co- bertura de ferramentas de metal duro, para aplicagdes de usinagem de materiais nfo ferrosos e niio metilicos. A espessura da camada de diamante sintético & maior que a espessura de camada de outros materiais, mas inferior a 30 jum. Tais ferramentas t8m muito alta dureza, baixo coeficiente de atrito, alta con- dutividade térmica e baixo coeficiente de expansio térmica. Porém, como 0 carbono do diamante reage quimicamente com o Fe em temperaturas modera- das (600°C), ferramentas recobertas com este material somente so utilizadas na usinagem de nao ferrosos, como ligas de aluminio (Prengel et all, 1998). ‘Um outro desenvolvimento na drea de cobertura é o que & chamado de ‘material com gradagio funcional (do inglés “functionally graded material”). Neste material, ao invés de se ter uma camada de cobertura com composigao quimica bastante diferente do niicleo que recobre, a composig40 quimica vai mudando gradualmente em dirego ao nticleo, Como exemplo deste material tem-se uma ferramenta com camada de cobertura de espessura micrométrica de Al,O,, seguida de uma outra camada de espessura igual a 0,1 um que vai mudando sua compo- sigdo de 90% de AI,O, e 10% de metal duro préximo & camada de cobertura, até uma composigaio de 10% de AI,O, ¢ 90% de metal duro préximo ao nucleo da ferramenta, Esta variagio de composigtio quimica entre a cobertura e 0 niicleo possibilita um aumento na resisténcia & fratura e diminuigdo das tensGes residuais de origem térmica (Yoshizaki et al., 2002). Outro exemplo deste tipo de material 60 metal duro enriquecido com cobalto préximo 4 camada de cobertura com 0 propésito de aumentara tenacidade da aresta de corte (Gamarra, 2000). Também pode-se ter concentragiio de carbonitreto ciibico proximo A aresta de corte para melhorar a dureza a quente desta aresta, Ferramentas de metal duro podem também ser cobertas com uma fina camada (entre 2 ¢ 20 jum de espessura) de diamante sintético, utilizando-se 0 processo CVD. A dureza de uma cobertura de diamante é muito alta (acima de 9000 HV). Além disso, ela possui alta condutividade térmica, o que ajuda a ‘manter baixas temperatura durante o corte e faz com que uma menor porcen- tagem do calor gerado flua pela pega, o que é de fundamental importancia na usinagem do aluminio, que é 0 principal material usinado por este tipo de fer- ramenta, Possui também baixo coeficiente de atrito. Contudo, as coberturas we te ee de diamante nao so muito resilientes, o que facilita a geragao de trincas na camada durante o corte. Ferramentas com cobertura de diamante no podem ser aplicadas na usinagem de ligas ferrosas, devido a alta afinidade quimica do carbono do diamante com 0 ferro. ¢) CERMET Recebem este nome pois contém uma fase cermica e uma fase metélica. Possuem uma estrutura semelhante ao metal duro, isto é, sio feitos de particulas duras ligadas por um aglomerante. As particulas duras sfio nitreto de titanio ¢ carbonitretos complexos de titnio com diferentes proporgdes de Ta, W © algumas vezes Mo. O aglomerante pode ser 0 Ni ou 0 Co, que é 0 mais usual. Possuiem resisténcia ao desgaste, estabilidade quimica e dureza a quente inter- ‘mediirias entre 0 metal duro e o material ceramico, porém conseguem manter uma tenacidade na aresta comparavel ao metal duro. Outras propriedades dos cermets sao a alta resisténcia & oxidagdo, a formagao da aresta postiga de corte e alta resisténcia a deformagao plistica. Suas principais aplicagdes so no tomeamento ¢ fresamento leve, principalmente sem refrigeragao, de agos ‘moles (antes da témpera) e de agos inoxidaveis e no fresamento em acabamento ¢ semi-acabamento de agos para moldes e matrizes com dureza até 50 HRe. (Dreyer, 1999), (Gamarra, 2000), (Sandvik, 2001). Varias das camadas utilizadas para recobrir 0 metal duro também sio uusadas para recobrir 0 cermet, propiciando a ele os mesmos beneficios encon- trados quando do recobrimento do metal duro. d) Material cerémico O material cerémico é citado na literatura como ferramenta de usinagem desde a década de 50, quando as primeiras ferramentas foram utilizadas, mas 86 passou a ser um material com uma porcentagem nfo desprezivel do mer- cado de ferramentas de corte na década de 80, depois dos desenvolvimentos conseguidos no campo das propriedades da ceramica. O material cerdimico possui algumas propriedades que so muito interes- antes para uma ferramenta de usinagem, tais como: dureza & quente e & frio, resisténcia ao desgaste ¢ excelente estabilidade quimica (que evita a difusio, 0 que & muito importante quando se usina em altas velocidades e temperaturas). Algumas propriedades destes materiais, porém, fazem com que sua utilizagao na usinagem nfio seja tio facil, que so: baixa condutividade térmica, o que, logicamente, dificulta a transferéncia de calor e faz com que a regitio proxima do contacto cavaco-ferramenta e pega-ferramenta atinja temperaturas muito altas e, principalmente, baixa tenacidade, 0 que facilita 0 trincamento ¢ a quebra da ferramenta, Esta baixa tenacidade foi a principal razaio que fez com que 0 material cerdmico nao fizesse parte do mercado de ferramentas de corte hd mais tempo. Nos iltimos anos, grande esforgo tem sido feito no sentido de aumentar a tenacidade deste material e bons resultados tem sido obtidos. Pode-se classificar as ferramentas cermicas como segue: 1) A base de 6xido de aluminio (Al,O, - alumina) - dividem-se em ce- ramicas puras (muitas vezes chamadas de brancas, pois quando prensadas a frio apresentam esta cor -, quando prensadas a quente estas cerdmicas siio de cor cinza), ceramicas mistas ¢ alumina reforgada com “whiskers”. As cerémi- cas puras stio aquelas constituidas somente de éxidos. Podem ser a alumina totalmente pura, constituida basicamente de finos gros de Al,O, sinterizados, podendo ter também algum teor de MgO para inibir o crescimento de grao ¢ 6xido de cromo, titinio e nique! para aumentar a resisténcia mecénica, ou alumina com baixos percentuais de éxido de zircénio (ZrO,), que aumenta a tenacidade do material. As ceraimicas mistas contém além da alumina, 20.30% em volume de carboneto de titanio (TiC) e pequenas quantidades de nitreto de titénio (TiN). A alumina reforgada com “whiskers” é constituida por inclusdes de monocristais de SiC chamadas “whiskers” em uma matriz.ceramica (Al,0,). 2) A base de nitreto de silicio (Si,N,) - so cristais de Si,N, com uma fase intergranular de SiO, que sfo sinterizados na presenga da alumina (sialon) efou dxido de itrio (Y,O,) e magnésio (MgO). ‘A tabela 5.4 mostra algumas propriedades relativas dos diversos tipos de materiais cermicos comparados com o metal duro. Pode-se notar nesta tabela qu = A cerdimica pura é étima com relagdo & estabilidade quimica, mas é softivel com relacdo A tenacidade e dureza a quente ¢ péssima com rela- Gao a resisténcia ao choque térmico. Por isso, ela é utilizada somente em operagdes de acabamento (onde nfo se precisa de muita tenacidade) de pegas de ago endurecido e/ou ferro fundido, onde as temperaturas atingi- das sfio altas e a tendéncia ao desgaste por difusio ¢ grande (necessita-se de estabilidade quimica); = A cetdimica mista apresenta um compromisso um pouco melhor entre dureza a quente e estabilidade quimica que a cerémica pura (estabilidade quimica um pouco pior e dureza a quente pouco melhor). Porém a tenaci- dade é péssima. Assim, ferramentas com este material so a primeira reco- ‘mendagdo para 0 torneamento em acabamento de agos endurecidos onde se necesita tanto dureza a quente, quanto estabilidade quimica e, como este tipo de operagdo € geralmente um acabamento fino, a tenacidade niio é tio importante. Porém, tanto a cerimica mista, quanto a pura somente slo utilizadas no corte de superficies lisas, também devido a baixa tenacidade. = Os Sialons sao étimos em termos de dureza a quente (apesar de nao terem dureza em temperatura ambiente maior que 08 cerdmicos a base de alumina) e resistencia ao choque térmico ¢ bons com relagao a tenaci- dade, porém péssimos com relagdo A estabilidade quimica. Por isso, si0 principalmente utilizados na usinagem do ferro fundido (onde 0 cavaco curto formado nfo tende a causar difusdo na superficie de saida da fer- ramenta - nao é necessério que a ferramenta tenha estabilidade quimica), principalmente em operagdes de fresamento, em que se deseja resistencia a0 choque térmico e tenacidade € a estabilidade quimica nao ¢ tio im- portante devido a menor temperatura causada pelo corte interrompido. 1 Ascerdmicas reforgadas com whiskers tem todas as suas propriedades em um nivel intermediario, Uma aplicagao deste tipo de cerdmica éna usinagem de ligas de titanio e niquel resistentes 20 calor, como 0 Inconel. Também pode ser utilizada em tomeamento de superficies interrompidas de ago endurecido, {j que sua tenacidade & boa comparada com outros ceramicos ¢, portanto, suporta bem os choques tipicos da usinagem deste tipo de superficie. Tabela 5.4 - Propriedades Relativas dos Materiais Cerar com o Metal Duro (Sandvik, 1990) icos comparados ba a Testattncta: Estabilidade | Estabilidade Devido a sua fragilidade, a utilizagao do material cerfimico no pro- cesso de usinagem deve vir acompanhada de alguns cuidados para evitar quebra ou lascamento da aresta de corte. Assim, em geral, as pastilhas cermicas possuem um chanfro na regidio da aresta de corte cuja dimensio varia de 0,05 a 0,3 mm, com angulos entre 20 ¢ 30°. E importante que © Angulo do chanfro nao seja muito grande pois ele tende a aumentar os esforgos de corte. Outro cuidado a ser tomado é a usinagem de um chanfro na pega antes da operacdo com a ferramenta ceramica, a fim de que 0 primeiro contacto ferramenta-pega se dé em condigdes mais suaves. Além disso, em operagdes de desbaste as pastilhas cerdmicas costumam ser mais es- pessas que as pastilhas de metal duro, exceto as de Si3N4 que, por serem mais duteis, nao necessitam de uma maior area para resistir aos esforgos de corte ¢ aos choques. €) Diamante (Os diamantes naturais (monocristalinos) so, dentre os materiais encon- trados na natureza, os de maior dureza, Seriam étimos materiais para ferra- mentas de usinagem nao fosse o seu elevado prego. Devido a isto sio usados somente quando se deseja alta precisdio de medidas ¢ acabamento brilhante, como no caso de usinagem de espelhos e lentes, jé que sua estrutura mono- cristalina possibilita a obtengo de arestas bastante afiadas, A partir da dificuldade de se utilizar o diamante natural como ferra- menta de corte, partiu-se para a obtengo artificial do diamante. Em 1973 foi apresentada pela primeira vez uma ferramenta com uma camada de diamante sintético policristalino (sigla PCD), constituido de particulas muito finas deste material, de granulagao definida para se obter o méximo de homogeneidade e densidade. Acamada de PCD é produzida pela sinterizagaio das particulas de diaman- te com cobalto num processo de alta pressdo (6000 a 7000 MPa) ¢ temperatura (1400° 2 200°C). A camada de aproximadamente 0.5 mm de espessura ou é aplicada diretamente sobre uma pastilha de metal duro ou entio é ligada ao ‘metal duro através de brasagem. A figura 5.4 esquematiza as fases de fabrica- ‘0 de uma pastilha de PCD ou de PCBN (material que sera descrito a seguir € que tem processo de fabricagiio similar ao PCD). veo digo cow roo ness seme es nas the | ‘tong e PEOIRCON Figura 5.4 Esquema dos processos de fabricaglo de ferramentas de PCD ¢ PCBN ‘Aste conjunto de PCD e metal duro dé-se 0 nome de plaqueta. Nor- malmente 0 comprimento da camada de diamante ¢ de alguns milimetros, pouco maior que a profundidade de usinagem que seré utilizada, a fim de se ‘economizar material. Por causa da distribuigdo irregular dos gros de diaman- te, a camada de PCD ¢ anisotrépica, isto é, possui maior resisténcia em uma determinada diregao. Sua dureza é sempre menor que a do diamante natural, mesmo se a diregdo de maxima dureza for considerada. As plaquetas de PCD sfo brasadas em um inserto comum de metal duro. Dentre as propriedades do PCD, algumas so muito vantajosas no que diz. respeito sua utilizagio em ferramentas de usinagem ¢ outras limita esta utilizago. Dentre as propriedades positivas, tem-se: alto valor de condutividade térmica (de | a 5 vezes 0 valor do metal duro classe K) 0 que dificulta a for- ‘magio de pontos quentes na ferramenta, altissima dureza (cerca de 4 vezes a do metal duro classe K ¢ 3 vezes a da alumina) ¢ altissima resisténcia ao desgaste por abrasao. Sua tenacidade pode ser vista como alta (maior que a dos cerimicos baseados em nitretos e menor que a do metal duro) se considerarmos sua alta dureza, Algumas caracteristicas, porém, limitam sua utilizagao na usinagem Dentre elas estilo a anisotropia, que faz com que haja a necessidade de uma cuidadosa lapidagzio do PCD para que a diregio mais resistente coincida com aquela que esti resistindo aos esforgos de corte ¢, principalmente, o fato do diamante reagir com o ferro em temperaturas moderadas, fazendo com que ocorra um elevado desgaste da ferramenta por difusdo. ‘A composigdo quimica dos diversos PCDs encontrados no mercado praticamente nao varia, mas suas propriedades variam com 0 tamanho das particulas de diamante do material, que variam de 2 a 25 wm de diametro. A medida que 0 tamanho do grio cresce a resisténcia ao desgaste aumenta, com consequente queda da tenacidade. Além disso, ferramentas com gros maiores produzem rugosidades piores nas superficies usinadas. As ferramentas de PCD séo sinterizadas com 5 a 10% de cobalto em volume. O cobalto ¢ 0 responsavel, dentre outras propriedades, pela condutividade elétriea do PCD, que permite que a plaqueta passe pelo processo de eletroerosio indicado na figura 5.4. Devido a essas propriedades o diamante nao pode ser usado na usinagem de metais ferrosos como 0 ago ow o ferro fundido, sendo utilizado na usinagem de metais no ferrosos ¢ materiais nao metalicos, como ligas de aluminio € de cobre, plésticos abrasivos, resinas reforcadas com fibras de carbono ¢ de ‘0, cerdimicos, metais duros, madeira abrasiva, pedras naturais e concreto. ‘Sua mais larga utilizag%o na indastria manufatureira é na usinagem de ligas de aluminio-silicio, quando se deseja tolerancias apertadas timo aca- bamento superficial da pega, Este tipo de liga tem substituido outros materiais (em especial o ferro fundido) em muitas aplicagdes da industria automobilistica, com o fim de redugdo de peso do veiculo. (O aluminio puro é um material de fil usinagem, quando se pensa em ter- mos de desgaste da ferramenta e esforgos de corte e seu corte tem sido realizado de ‘maneira satisfat6ria pelo ago rapido e pelo metal duro. Quando se pensaem termos, de ligas aluminio silicio, deve-se notar que 0 silicio, que se encontra dissolvido nna matriz de aluminio da liga ¢ também disperso no material formando pontos de silicio puro, é cerea de 6 a 7 vezes mais duro que 0 aluminio. Assim, devido a estes pontos duros do material, sua usinagem se torna dificil com as ferramen- tas tradicionais, fazendo com que a velocidade de corte tenha que cair bastante. Pontos duros na pega no so problemas para o diamante dada a sua alta dureza. Outro fator que dificulta a usinagem de qualquer liga de aluminio é sua tendéncia geracao da aresta postiga de corte. Isto ndo acontece com 0 dia ‘mante, dado o fato de que o aluminio no se solda facilmente no PCD. A vida da ferramenta de PCD na usinagem das ligas Al-Si é mais do que cem vezes maior do que a vida da ferramenta de metal duro. Para que estes resultados sejam possiveis e, somado a eles, ainda se obtenha os acabamentos e tolerncias da pega desejados, alguns cuidados sto necessirios, quais sejam: # A ferramenta deve possuir arestas afiadas ¢ angulos positivos; = Devido a sua relativa fragilidade, as condigdes de usinagem deve ser estveis, miquinas, ferramentas e dispositivos de fixagao devem ser rigidos, 1 Fluido de corte deve ser usado; = Baixos avangos ¢ profundidades de usinagem com alta velocidade de corte devem ser utilizados (condigdes de acabamento); = Corte interrompido e choques devem ser evitados. OPCD tem sido usado principalmente no tormeamento e fresamento das ligas citadas acima, mas também € utilizado na furago, mandrilamento e alargamento. ‘Um grande problema para uma mais larga utilizagao do PCD na indiistria €0 seu custo. Uma ferramenta de PCD simples custa cerca de 20 a 30 vezes mais que 0 metal duro, enquanto que uma ferramenta de forma mais complexa custa de 50 a 150 vezes mais que uma ferramenta equivalente de metal duro. Porém, deve-se levar em conta outros fatores quando se pensa em custos, principalmente se se for produgo de lotes grandes. O primeito fator € a quali- dade da pega usinada que é muito boa, devido ao fato do pequeno desgaste da ferramenta, o que gera boas tolerdincias ¢ baixa rugosidade superficial. Além disto, porque a vida da ferramenta é muito maior, economiza-se 6 tempo de parada da maquina para retirada da ferramenta gasta ¢ ajustagem da nova, fazendo com que, muitas vezes, o custo por pega usinada seja menor quando se utiliza o PCD como ferramenta. Como jé citado, existem hoje no mercado ferramentas de metal duro re- vestidas com diamante policristalino (PCD) utilizando-se para isto 0 processo CVD. Aespessura da camada de revestimento € maior que de outros materiais utilizados usualmente, mas inferior a 30 um. P) Nitreto Ciibico de Boro (Borazon, CBN ou PCB) nitreto ciibico de boro é um material sintético obtido pela reagao quimica: BCI, +NH, @ BN +3HCI ‘onde 0 composto BN tem uma estrutura hexagonal com aproxi- madamente um niimero igual de étomos de boro ¢ nitrogénio arranjados alternadamente. ‘Como o carbono que pode ser transformado de uma estrutura hexagonal (gra- fite) para uma estrutura cibica (diamante), também o nitreto de boro pode passar por transformagaio similar, através de um processo com presses de 5000 a 9000 MPa e temperaturas de 1500"a 190°C, na presenga de um catalizador (geralmente o litio). Plaquetas (blanks) de CBN sao produzidas de forma andloga ds de PCD. Uma camada de 0,5 mm de espessura de particulas de nitreto de boro ciibico & sinterizada com a presenga de uma fase ligante, efetivando-se simultaneamente a fixago sobre uma base de metal duro. Estas plaquetas, como no caso do PCD, so posteriormente soldadas a um inserto intercambiavel de metal duro (Figura 5.4), O CBN é quimicamente mais estivel que o diamante, podendo, portan- to, usinar ligas ferrosas sem o problema de grande desgaste por difusdo. Sua tenacidade € similar ao material cermico baseado em nitretos e cerca de duas vezes a da alumina. Sua dureza s6 é superada pelo diamante, sendo quase duas vezes a dureza da alumina. Existem diversos tipos de CBN no mercado. Cada fabricante usa dife- rentes materiais e quantidades de aglomerantes (material de segunda fase) ¢ diferentes tamanhos ¢ distribuigao de particulas. Mas, de uma maneira geral, pode-se dividir os CBNs em duas categorias, segundo suas aplicagdes = CBNs para usinagem em desbaste (a, entre 0,5 ¢ 8 mm) ou para corte interrompido; = CBN para usinagem em acabamento (a, menor que 0,5 mm) ou para corte continuo ou com poucas interrupgdes. ‘Os CBNs para desbaste possuem maior concentragao de nitreto de boro clibico (85 a quase 100% em volume) 0 que aumenta a ligagao cristal com cristal ¢ faz sua tenacidade aumentar. Além disto, devido ao alto teor de CBN, estes materiais stio os que apresentam maior dureza dentre os CBN. Dada estas propriedades, estes CBNs sto muito eficientes quando 0 mecanismo predominante de desgaste ¢ a abrasio e/ou onde estio presentes forgas de corte muito altas ou corte interrompido, como torneamento de superficies interrompidas e fresamento de agos endurecidos (dureza entre 45 ¢ 65 HRe) ¢ também no fresamento do ferro fundido cinzento. Estas classes podem apresentar aglomerante metilico. Esses tipos de CBNs no se comportam to bem quando se necessita de algumas caracteristicas quimicas e térmicas. Por outro lado, ferramentas cera- ‘micas ndo possuem tamanha tenacidade e dureza, mas tem resisténcias quimica —_— a «¢ térmica excelentes. Os CBNs proprios para acabamento sio aqueles onde tama fase cerdmica é adicionada (40 a 65% de CBN e o restante fase cerdmica), ddetal maneira que as ferramentas resultantes possuem menor tenacidade e du- reza, mas melhor estabilidade quimica e térmica que os CBNs para desbaste, ‘combinando as propriedades das duas fases presentes (CBN e cerémica). Em operagées de acabamento os cavacos produzidos sto pequenos, de- vido aos pequenos avangos € profundidades de usinagem. A pequena massa de cavaco gerada nao é suficiente para levar embora todo 0 calor gerado pelo corte e, por isso, a ferramenta atinge altas temperaturas, © que faz com que propriedades como estabilidade térmica e quimica (para impedira difuséo que 6 incentivada pela alta temperatura) sejam imprescindiveis. ‘Embora menores, a tenacidade e dureza dos CBNs com fase cerémica adicionada ainda so suficientes para manter a integridade da aresta de corte, tomando possivel a obtencio de tolerdncias apertadas e bom acabamento super ficial a longo da vida da ferramenta,tomnando este tipo de ferramenta adequada para tomeamento de superficieslisas em acabamento de ago endurecido, ‘As ferramentas de CBN sto empregadas na usinagem de agos duros (de 45 a 65 Hre - em agos moles, que formam cavacos longos, o CBN n#o se comporta bem devido a excessiva craterizaglo), mesmo em condigdes difieis (corte interrompido, por exemplo),agos-ferramenta, agos rapido ign ferrosas resistentes a altas temperaturas a base de niquel e cobalto, metais duros ¢ reves timentos duros com altas porcentagens de carboneto de tungsténio ou Cr-Ni, aplicadas por soldagem de deposigdo ou jato de material liqueeito por chama, [Em geral, o CBN é utilizado quando o diamante policristaino nfo pode ser usado e o metal duro no possui dureza suficiente para realizar a tarefa, ou {quando a possti, a velocidade de corte deve ser muito menor do que a ser usada ‘com CBN. O CBN compete entiio com o processo de retficago (substituiga0 da retificago por torneamento, por exemplo) e, nos processos de fresamento, tormeamento e mandrilamento, com as ferramentas de material ceramic. (0 inserto de CBN 6 mais caro que o de material ceramico, mas devido a maior vida, o custo do ferramental muitas vezes & compensado nao somente pelo maior némero de pegas usinadas por aresta de corte, como também pela onsequente diminuigdo do tempo em que a miquina permanece parada para retirada da ferramenta gasta ¢ ajustagem da nova. Alguns cuidados devem ser tomados quando se utiliza ferramentas de CBN, dentre eles: is de ferramenta = Materiais faceis de serem cortados por outros materi ‘como agos no endurecidos, nao devem ser usinados com CBN; 120 sistema méquina-ferramenta-dispositivo de fixago-pega deve ser 0 mais rigido possivel; = A geometria da ferramenta deve ser negativa (normalmente g = 5° para garantir a resisténcia aos choques, com Angulo de folga c= 5-9" ¢ ‘© maior possivel ngulo lateral de posigio (no minimo 15°) para mini- mizar trincas na aresta sm Aaresta de corte deve ser chanfrada (chanfro de 0.1 mm x 20a 45") 0 que direciona os esforgos de corte para o centro da ferramenta c, assim, diminui a possiblidade de quebra da aresta; = Fluido de corte nfo deve ser utilizado ~ quando se tomeia ago endure- cido, 6 desejavel que nao se tenha fluido de corte para que a temperatura dda pega na regio de corte aumente durante o processo, fazendo com que sua resisténcia caia e o corte seja facilitado. Como a ferramenta é muito resistente a altas temperaturas, ela ndo sente esse aumento de temperatura & a diminuigdo da resisténcia da peca propicia aumento da vida da ferramenta, Referéncias [Abrio, A. M.& Aspinwall, . K., “A Utilizagdo de Ferramentas Cerimicas na Usinagem de ‘Metais”, Anais do IV Congresso de Engenharia Meciniea do Norte-Nordeste, Vol. 1. pp 243-248, 1996. [Andrade, 8. H., “Aplicagdo de Revestimentos em Brochas de Ago Rapido”, Dissertago de rmestrado, FEM/UNICAMP, 2009 Aspinwall, D. K. & Myat, G. “The Machining of Cast Aluminium Alloys", Aluminium Industry, Vo. 4(3), pp: 13-19, May 1985, Aspinwall, D. K., “Recent Developments in the Application of Polycrystalline Diamond “Tooling”, Proceedings of the 1st International Material Removal Conference, pp. 1-9, 1983 (paper MR83-201) Aspinwall, DK., Radfod, M. & Wise, M. L, H. “Machining of Hardened AISI H13 Hot Work ‘Die Stcel Using Advanced Tool Materials”, IMechE, pp. 221-225, 1991 Balzers, “Selegio de Coberturas para Usinagem’, Fotheto Inforamtivo, Sao Paulo, 1998. Buschmokle, N.,“Hard Turning with Ceramics”, Proceedings ofthe Ist International Machining ‘and Grinding Conference, pp. 981-987, 1995, (paper MR9S-216).

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